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Fator de Risco Ruído no eSocial

Da Engenharia ao Direito

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PAULO ROGÉRIO ALBUQUERQUE DE OLIVEIRA
Pós-Doutorando pela Escola Nacional de Saúde Pública — ENSP (em curso). Doutor em Ciências da Saúde
(UnB-2008). Mestre em Prevención y Protección en Riesgos Laborales (Univ. Alcalá de Henares, Espanha
— 2004). Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho (UnB-2002). Especialista em Ciências
Contábeis (FGV-2001). Graduando em Direito pela UNIP-DF (desde 2016). Graduado em Engenharia
Mecânica (UFBA-1996). Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil (Desde AFRFB-1998). Coordenador da
pós-graduação de Engenharia de Segurança do Trabalho da UNIP-DF (desde 2009). Técnico em Construção
— Petrobras (1985-1998). Autor do Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário — NTEP (incorporado no
ordenamento jurídico pela Lei n. 11.430/06). Autor: Fator Acidentário de Prevenção — FAP (Incorporado
no ordenamento jurídico pela Resolução CNPS 1.236/2004). Idealizador do Perfil Profissiográfico
Previdenciário — PPP (incorporado no ordenamento jurídico pelo Anexo XV da Instrução Normativa
INSS/DC N. 78 — de 16 de julho de 2002). Idealizador dos Eventos sobre SST no eSocial (incorporado no
ordenamento jurídico pelo Decreto n. 8.373/2014). Autor dos livros (LTr Editora): NTEP e FAP — um novo
olhar sobre a saúde do trabalhador; Exótico ao Esotérico: uma sistematização da saúde do trabalhador.

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R

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Junho, 2018

Produção Gráfica e Editoração Eletrônica: RLUX


Projeto de capa: FABIO GIGLIO
Impressão: FORMA CERTA

Versão impressa — LTr 5992.8 — ISBN 978-85-361-9634-3


Versão digital — LTr 9396.4 — ISBN 978-85-361-9722-7

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Oliveira, Paulo Rogério Albuquerque de


Fator de risco ruído no eSocial : da engenharia ao direito / Paulo Rogério
Albuquerque de Oliveira. — São Paulo : LTr, 2018.

Bibliografia.

1. Ambiente de trabalho — Ruído 2. eSocial — Sistema de Escrituração


Fiscal Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas 3. Poluição
sonora 4. Ruído — Controle 5. Ruído — Medição 6. Segurança e saúde no
trabalho I. Título.

18-14309 CDU-34:331.422

Índice para catálogo sistemático:

1. Ruído : Meio ambiente do trabalho e saúde do trabalhador : Direito do


trabalho 34:331.422

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Sumário

Prefácio ................................................................................................................. 7

Considerações iniciais ............................................................................................ 9

Antecedentes ........................................................................................................ 10

Definições físicas e matemáticas relacionadas ao ruído .......................................... 16

Métricas do ruído para fins de avaliação ambiental................................................ 28

Ruído, procedimento fiscal e previdenciário: primeiras conclusões ......................... 33

Aplicações conforme normas previdenciárias, tributárias e trabalhistas .................. 39

Adicional de insalubridade ................................................................................. 40

Critério de referência e fator de dobra .............................................................. 41

Fundamentos científicos relativos ao ruído ............................................................. 54

Ruído e os eventos de SST no eSocial ................................................................... 66

Fluxos e eventos relacionados à SST no eSocial .................................................. 68

S-1000 — Informações do Empregador/Contribuinte/Órgão Público .................. 70

S-1005 — Tabela de Estabelecimentos, Obras ou Unidades de Órgãos Públicos .. 70

S-1010 — Tabela de Rubricas ............................................................................. 71

S-1060 — Tabela de Ambientes de Trabalho ....................................................... 72

S-1065 — Tabela de Equipamentos de Proteção ................................................. 74

S-1200 — Remuneração de trabalhador vinculado ao Regime Geral de Previdência


Social ................................................................................................................. 75

S-1210 — Pagamentos de Rendimentos do Trabalho .......................................... 76

S-2200 — Cadastramento Inicial do Vínculo e Admissão/Ingresso de Trabalhador .... 78

S-2210 — Comunicação de Acidente de Trabalho ............................................... 79

S-2220 — Monitoramento da Saúde do Trabalhador .......................................... 80

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S-2230 — Afastamento Temporário .................................................................... 82

S-2240 — Condições Ambientais do Trabalho — Fatores de Risco ...................... 84

S-2245 — Treinamentos e Capacitações.............................................................. 90

S-5001 — Informações das contribuições sociais consolidadas por trabalhador ... 91

S-5011 — Informações das contribuições sociais consolidadas por contribuinte .. 93

Tira-teima: perguntas e respostas .......................................................................... 109

Barulho normativo: recomendação ........................................................................ 114

Fundamento legal: normas de regência sobre ruído............................................... 116

Parecer técnico — epi de ruído no stf: ineficácia absoluta ....................................... 118

Fator de dobra q=5: resgate histórico .................................................................... 145

O fator de troca 5: a origem .............................................................................. 146

Fator de troca (q ou ER = 3): convergência científica ......................................... 150

Aplicação prática 1 ................................................................................................ 155

Aplicação prática 2 ................................................................................................ 158

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PrEFáCio

Fator de Risco Ruído no eSocial: da Engenharia ao Direito, em pouco


tempo, tornar-se-á mais um clássico dentre os vários já publicados pelo Professor
Doutor Paulo Rogério Albuquerque de Oliveira, o mais revolucionário e proeminente
pesquisador brasileiro da segurança e saúde no trabalho dos dias atuais.
As possíveis reações físicas, fisiológicas, mentais e/ou emocionais e demais
efeitos deletérios auditivos que a exposição ocupacional ao risco ruído pode im-
pactar na saúde dos trabalhadores, na forma referenciada pelo próprio Autor, por
si só justificam a escolha da temática central dessa importante pesquisa científica.
Nesta obra, o consagrado Autor aborda com sapiência, didática e rigor técnico
que lhe são peculiares, relevantes e atuais questões acerca do risco ruído presente
no meio ambiente produtivo, correlacionando os aspectos técnico-preventivos com
os fundamentos jurídicos, especialmente os do Direito Previdenciário, Tributário e
do Trabalho.
Todavia, o livro vai muito além, ao contextualizar o risco ruído e os eventos
do eSocial, por meio de uma explanação detalhada e bem concatenada acerca do
fluxograma do eSocial, ao tempo em que explicita que os eventos expressamente
relacionados à segurança e saúde no trabalho (tabela de ambientes de trabalho;
comunicação de acidente de trabalho; monitoramento da saúde do trabalhador;
condições ambientais do trabalho; fatores de risco; aposentadoria especial;
afastamento temporário; insalubridade e periculosidade) não são exaustivos, na
medida em que outros tantos poderão ser utilizados para compor o conjunto de
evidências relacionado ao meio ambiente do trabalho e à saúde do trabalhador.
Sob a rubrica “Considerações Finais”, o Autor nos remete a vários questio-
namentos cooptados em suas concorridas aulas e múltiplas palestras proferidas
Brasil afora, respondendo-os de forma objetiva e conclusiva. Na parte final, temos
outra valiosa contribuição autoral ao defender a uniformização da legislação re-
ferente ao risco ruído ocupacional, na forma consubstanciada em uma série de
Recomendações que, certamente, deverão ser analisadas pelos gestores públicos
(trabalhistas e previdenciários) que detêm responsabilidades legais para com a
prevenção de acidentes e a promoção da saúde ocupacional e que estejam efeti-
vamente comprometidos com a verdadeira Justiça Social.
De forma bem pontual e muito simploriamente são esses os nossos prolegô-
menos, na certeza de que o privilégio de prefaciar esse valioso trabalho deve-se,
tão somente, à imensa generosidade do Professor Doutor Paulo Rogério Albuquer-
que de Oliveira, pois temos a plena convicção de que se ele assim o desejasse,
poderia delegar essa honraria a outro profissional bem mais apto e de melhor
projeção nacional.

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Doravante, aproveito a oportunidade para socializar algumas particularidades
do nobre e dileto amigo, Paulo Rogério.
De Brasília Teimosa (Recife-PE) para Brasília (Capital Federal). Esse
caminho percorrido por Paulo Rogério não foi fácil nem tampouco rápido, pois,
em conversas com Dona Maria do Socorro Albuquerque de Oliveira (sua Querida
Mãe) ela deixou patente que a história de vida de seu filho está sedimentada num
tripé: “Esforço, Estudo e Perseverança”, além do que, suas vitórias sempre foram
lastreadas pelo trio vital: “Fé, Coragem e Superação”.
Inicialmente, custou-lhe muitas pedaladas numa bicicleta velha, que aqui
e acolá quebrava, para vencer diariamente vários quilômetros no trajeto: Casa
— Escola Técnica Federal do Recife — Casa, durante todo o Curso Técnico em
Mecânica. Imediatamente após concluir este primeiro curso, obteve aprovação
num concurso público para a Estatal Petrolífera. Desde quando auferiu seu primeiro
salário, mantém a condição de generoso “arrimo de família”.
O trabalho na Petrobrás, além de prover-lhe a subsistência por um bom
tempo, propiciou-lhe os primeiros contatos com a dura realidade do mundo do
trabalho e dos infortúnios laborais. Certamente, o sofrimento dos trabalhadores
mais humildes reverberou em sua mente e, mais tarde, germinou positivamente
sob a forma de “Um novo olhar sobre a saúde do trabalhador”, além de nortear
toda sua intensa e próspera vida acadêmica e profissional.
Possivelmente, desvirtuei o prefácio, e por isso peço clemência uma vez mais;
todavia essas observações objetivam estimular os que se iniciam no estudo da
infortunística para que tenham a certeza, pelo digno exemplo de nosso prefaciado,
de ser plenamente possível vencer na vida com “Inteligência, Honestidade e Amor
ao Próximo”. Essa última tríade, meu Caro Amigo, não me foi dita por Dona Socorro,
mas representa, sinceramente: “O meu olhar sobre o Ser Humano, Paulo Rogério”.
A inconteste paternidade de Paulo Rogério sobre os dois mais inovadores
instrumentos preventivos dos últimos tempos, o Nexo Técnico Epidemiológico
Previdenciário (NTEP) e o Fator Acidentário de Prevenção (FAP), frutos de sua Tese
de Doutorado, autoriza-nos a considerá-lo um Verdadeiro Ícone e a vislumbrá-lo,
definitivamente, no Panteão da Prevenção de Acidentes e da Promoção da Saúde
Ocupacional de nosso país.
Concluindo, recordo nossas conversas em que adentramos à madrugada
buscando soluções para os graves problemas sociais do Brasil e, infelizmente, não
conseguimos, “ainda...” Que tenhamos outros encontros dialéticos.
Um forte e afetuoso abraço permeado de MUITO OBRIGADO.
Edwar Abreu Gonçalves.
Engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho.
Advogado. Psicólogo. Mestre em Ciências Sociais.
Ex-Sargento Meteorologista da Aeronáutica. Ex-Auditor Fiscal do Trabalho.
Ex-Perito da Justiça do Trabalho. Juiz Federal do Trabalho (Aposentado).
Professor de Direito Aplicado à Segurança e Saúde no Trabalho do IFRN.

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CoNSiDErAÇÕES iNiCiAiS

O presente trabalho consiste em reunir e concatenar os atuais conhecimentos


relacionados ao meio ambiente do trabalho com exposição ao fator de risco ruído,
bem como a instrumentalizar a decisão daqueles obrigados a produzir, controlar,
auditar, rastrear e transmitir informações, inclusive gerir registros oriundos do
eSocial.
Presta-se, dada a premente necessidade, ao oferecimento de aporte material
ao Manual do eSocial no tocante ao correto preenchimento do eSocial, de modo,
nos termos da lei, assegurar às empresas segurança jurídica quanto aos fatos
administrativos, contábeis e jurídicos; ao trabalhador, seus direitos; ao INSS o
devido reconhecimento do direito previdenciário; ao MTb, a fonte primária às
obrigações trabalhistas; e, à RFB a arrecadação, em especial aquela diretamente
relacionada ao ruído, qual seja o Financiamento da Aposentadoria por Condições
Especiais do Trabalho — FAE.
Ao final faz um resgate histórico da decisão do STF no tocante ao EPI
auricular, bem como uma revisão bibliográfica sobre os fatores de troca q=5 e
q=3, demonstrando o obsoletismo do primeiro e a convergência internacional do
segundo.
Este trabalho foi estruturado com intuito de unificação de entendimento que
o tema enseja, a partir de um alicerce científico (físico e matemático), técnico e
normativo, contextualizado pela legislação de regência e suas origens nas normas
de padronização internacional.

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ANTECEDENTES

Informe-se de antemão que o fator de risco ruído é de sobeja importância


à saúde, dada sua etiogenia relacionada a diversos efeitos humanos, fartamente
referenciados, em robusta bibliografia científica, da qual se destacam algumas
consequências, em especial àquele que se subordina por força do contrato de
trabalho a carga acústica ruidosa: reações físicas (aumento da pressão sanguínea,
do ritmo cardíaco e das contrações musculares); aumento da produção de adrena-
lina e outros hormônios; reações mentais e emocionais (irritabilidade, ansiedade,
impaciência, medo, insônia); reações generalizadas ao stress; e, efeitos deletérios
auditivos(1)(2)(3)(4)(5)(6).
Não por outro motivo, encontra-se forte tutela estatal legiferante sobre
essa temática, pois do ápice hierárquico até as normas referenciadas (instruções
normativas e portarias), tem-se que a exposição ao ruído ativa vários campos do
direito exatamente por sua natureza agressiva à saúde humana.
Considerando a especificidade técnica da matéria em tela, faz-se a seguir um
arrazoado para melhor situar o ruído na esfera do eSocial, e este, ao ordenamento
jurídico que o vincula aos campos normativos previdenciários, trabalhistas e
tributário. De pronto, é de bom alvitre registrar a fundamentação legal em questão
com as seguintes normas de regência:

(1) ALMEIDA, H. Influence of electric punch card machines on the human ear. Archives of Otolaryn-
gology, n. 51, p. 215-222, 1950.
(2) VIEIRA, K. G. Perda da força sofrida pelo arco do equipamento de proteção individual auricular
tipo concha de acordo com o tempo de utilização. 2003. 73p. Monografia (Curso de Especialização
em Engenharia de Segurança do Trabalho), Unesp, Bauru/SP, 2003.
(3) SOUZA, N. S. S. Hipertensão arterial entre trabalhadores de petróleo expostos a ruído. Cad. Saú-
de Pública, v. 17, n. 6, p. 1481-1488, nov./dez. 2001.
(4) ANDREN, L. et al. Effect of noise on blood pressure and ‘stress’ hormones. Clinical Science, v. 62,
p. 137-141, 1982.
(5) HARLAN, W. R. Impact of the environment on cardiovascular disease: Report of the American
Heart Association task force on environment and the cardiovascular system. Circulation, v. 63, p.
243A-246A, 1981.
(6) SANTOS, U. P. et al. Ruído: riscos e prevenção. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 1996.

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Normas de Regência ao eSocial e aos Fatos
Jurídicos Decorrentes da Subordinação ao Ruído

1. CRFB-88.
2. DECRETO-LEI N. 5.452/43 — CLT
3. Lei n. 8.036/90 — FGTS
4. Lei n. 8.212/91. Lei Custeio Previdenciário
5. Lei n. 8.213/91. Lei Benefício Previdenciário
6. Decreto n. 3.048/99 (Regulamento da Previdência Social).
a. Art. 68. § 12 (Metodologia e Procedimento da Fundacentro como norma mandatória)
b. Anexo IV — item 2.0.1 — Ruído — FAE25_6%. (Definidor do Limite de Tolerância)
7. Decreto n. 8.373/2014 — Instituiu o Sistema de Escrituação Digital das Obrigações Fiscais,
Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial)
a. Manual de Orientações do eSocial — Versão 2.2
b. Leiautes do eSocial v2.3
c. Leiautes do eSocial v2.3 — Anexo I — Tabelas
5. IN n. 971 — RFB
6. IN n. 77 — INSS. Seção V
7. NHO 01 — Fundacentro. Vinculante para efeito previdenciário/tributário. Recomendatória para
o Ministério do Trabalho
8. Portaria MTE n. 3.214/78
a. NR-15 do MTE. Anexo I

Fonte: Próprio Autor

Desse espectro normativo, se sobressaem os bens jurídicos tutelados: saúde


do trabalhador; remuneração por adicionais; meio ambiente do trabalho; sustento
quando da aposentadoria precoce por exposição intolerável e tributação correlata
pela RFB, respectivamente com naturezas jurídicas sanitárias; trabalhistas;
ambientais; previdenciárias e tributárias.
Além das repercussões difusas e coletivas moduladas pelo direito ambiental
e sanitário, que neste trabalho não serão abordadas, registre-se a importância do
fato social — submeter trabalhador a risco (ruído) —, uma vez que ele dispara três
consequências jurídicas específicas, divisíveis e individualizáveis por trabalhador,
quais sejam:
I. Direito à redução no tempo de contribuição para 25 anos, inclusive com
conversão, cujo reconhecimento se dá pelo INSS;
II. Recolhimento pela empresa à RFB de 6% da remuneração do trabalhador,
sob fiscalização do Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil — AFRFB do RFB;
III. Pagamento de adicional de remuneração, pela empresa (20% do salário
mínimo) ao trabalhador, a título de insalubridade grau médio, sob fiscalização do
AFT do MTb.

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Adiante-se que do ponto de vista jurídico-normativo, bem como do técnico-pro-
cedimental de avaliação e tolerância ao ruído, apenas o adicional de insalubridade
tem regra própria, exclusiva, que não intercepta aos regramentos do INSS e RFB,
diga-se de passagem, anacrônica e obsoleta, como mais à frente se discute.
De forma vanguardista e em sintonia com os modernos cânones científicos
comparecem os regramentos estabelecidos pela RFB e INSS. Registre-se que as meto-
dologias, procedimentos e limites de tolerância são rigorosamente os mesmos para
fins tributários e previdenciários, pois emanam de igual regulamentação (Item 2.0.1
do Anexo IV do RPS), em que pese serem originárias de fundamentações legais dis-
tintas (Custeio pela Lei n. 8.212/91 e Benefício pela Lei n. 8.213/91) que remetem à
subsunção de dupla face do fato social, constituindo uma ambivalência jurídica, pois
tal fato social dispara a um só tempo a hipótese de incidência tributária (RFB) e reco-
nhecimento ao benefício (INSS). A figura seguinte apresenta esse fragmento do RPS.
Figura 1: Item 2.0.1 do Anexo IV e § 12 do Art. 68. Fragmentos do Decreto n. 3.048/99

a) exposição a Níveis de Exposição Normalizados (NEN) 25


Limite de Tolerância 2.0.1 Ruído
superiores a 85 dB(A) Anos
RPS. Art. 68. § 12. Nas avaliações ambientais deverão ser considerados, além do
disposto no Anexo IV, a metodologia e os procedimentos de avaliação estabelecidos pela
Metodologia e Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho — Fundacentro.
Procedimento A norma NHO 01 — Norma de Higiene Ocupacional da Fundacentro. Trata da
metodologia e procedimento para fins de apuração do limite de tolerância ao ruído
contínuo ou variável.
Fonte: Anexo IV e art. 68 do RPS aprovado pelo Decreto n. 3.048/99

O custeio se dá pela tributação relativa ao Financiamento da Aposentadoria


por Condições Especiais do Trabalho — FAE, cujo fato gerador se consigna pela
remuneração paga, devida ou creditada ao trabalhador submetido a níveis de ruído
contínuo ou variável, de modo permanente, que ultrapassem o Nível de Exposição
Normalizado (NEN) de 85 dB(A), conforme dispõe item 2.0.1 do Anexo IV do RPS
(Limite de Tolerância), sendo tal avaliação apurada nos termos metodológicos e
procedimentais definidos pela NHO 01 da Fundacentro (Metodologia e Procedimento),
conforme dispõe o § 12 do art. 68 do RPS. (Metodologia e Procedimento da
Fundacentro como norma mandatória).
Enquanto o benefício correspondente (redução do tempo de contribuição por
trabalhar subordinado a condições especiais prejudiciais à saúde e à integridade
física), se dá segundo as mesmas regras acima pontuadas ao custeio, pois,
como visto, comungam dos mesmos elementos essenciais à concretude do fator
gerador. Depreendem-se assim os elementos essenciais ao FAE e, por conseguinte,
à concessão da aposentadoria, no caso dos segurados empregados, trabalhadores
avulsos e contribuintes individuais (cooperado):
i. Remuneração
ii. Pessoalidade

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iii. Subordinação jurídica
iv. Nocividade
v. Permanência
O núcleo da hipótese de incidência tributária é composto por esses cinco
requisitos cumulativos, todavia os dois últimos são destacados neste trabalho
por dizerem respeito especificamente ao objeto sob escrutínio. Mira-se então no
art. 57 da Lei n. 8.213/91, cujo detalhamento normativo está articulado no RPS e
nas instruções IN n. 971/2009 da RFB e IN n. 77/2015 do INSS. Na sequência tais
dispositivos são abordados:
Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei,
ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde
ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme
dispuser a lei.
[...]
§ 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, pe-
rante o Instituto Nacional do Seguro Social — INSS, do tempo de trabalho permanente, não
ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física, durante o período mínimo fixado.
§ 4º O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes
nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à inte-
gridade física, pelo período equivalente ao exigido para a concessão do benefício.
[...]
§ 6º O benefício previsto neste artigo será financiado com os recursos provenientes da con-
tribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas
alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a ati-
vidade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria
especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente.

Esse dispositivo legal (art. 57 da Lei n. 8.213/91) determina que a concessão


da aposentadoria especial e a consequente incidência tributária do FAE dependem
da verificação simultânea dos dois requisitos: nocividade e permanência. Em
alinhamento expresso, a RFB expediu Instrução Normativa n. 971/2009 positivando
tributariamente esses dois requisitos cumulativos.
Mais especificamente no art. 292 da IN n. 971 da RFB, percebe-se que há
uma articulação entre as IN da RFB e do INSS, esta última como complemento à
primeira(7). Assim, tem-se a dicção da RFB, via IN n. 971, que vincula expressamente
norma previdenciária à exação tributária do FAE (grifado):
Art. 292. O exercício de atividade em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integri-
dade física do trabalhador, com exposição a agentes nocivos de modo permanente, não ocasional

(7) Diga-se de passagem que a norma tributária, como campo autônomo do direito, poderia remeter
a qualquer outra ou até ela mesma delimitar os critérios da hipótese de incidência. Preferiu-se, para
assegurar eficiência normativa nacional, respaldada pela uniformização da legislação pela União
Federal, substabelecer ao INSS tais critérios.

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nem intermitente, conforme disposto no art. 57 da Lei n. 8.213, de 1991, é fato gerador de
contribuição social previdenciária adicional para custeio da aposentadoria especial.
(...)
§ 2º Não será devida a contribuição de que trata este artigo quando a adoção de medidas
de proteção coletiva ou individual neutralizarem ou reduzirem o grau de exposição do tra-
balhador a níveis legais de tolerância, de forma que afaste a concessão da aposentadoria
especial, conforme previsto nesta Instrução Normativa ou em ato que estabeleça crité-
rios a serem adotados pelo INSS, desde que a empresa comprove o gerenciamento dos
riscos e a adoção das medidas de proteção recomendadas, conforme previsto no art. 291.

Vê-se que a União Federal teve o cuidado de compatibilizar os textos infralegais


de modo a preservar a funcionalidade a cada entidade, respeitando, porém, as
respectivas competências. Destaca-se que de forma cruzada, há disposições sobre a
mesma matéria em ambas as dimensões (norma de benefício dispõe sobre custeio
e vice-versa), tendo as duas IN (RFB e INSS) qualificado a subsunção de dupla face
do fato social, constituindo uma ambivalência jurídica, pois tal fato social dispara
a um só tempo a hipótese de incidência tributária (RFB) e reconhecimento ao
benefício (INSS).
Isso se dá quando a norma da RFB faz referência à do INSS, e igualmente
o INSS especifica e detalha, via Instrução Normativa INSS/PRES n. 77, de
21.1.2015, em seu art. 278, os elementos que compõem o núcleo da hipótese de
incidência tributária das contribuições previdenciárias que financiam o benefício da
aposentadoria especial. Veja o que diz o citado dispositivo (grifado):
Art. 278. Para fins da análise de caracterização da atividade exercida em condições espe-
ciais por exposição a agente nocivo, consideram-se:
I — nocividade: situação combinada ou não de substâncias, energias e demais fatores de risco
reconhecidos, presentes no ambiente de trabalho, capazes de trazer ou ocasionar danos à
saúde ou à integridade física do trabalhador; e
II — permanência: trabalho não ocasional nem intermitente no qual a exposição do empre-
gado, do trabalhador avulso ou do contribuinte individual cooperado ao agente nocivo seja
indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço, em decorrência da su-
bordinação jurídica à qual se submete.
§ 1º Para a apuração do disposto no inciso I do caput, há que se considerar se a avaliação de
risco e do agente nocivo é:
I — apenas qualitativa, sendo a nocividade presumida e independente de mensuração, cons-
tatada pela simples presença do agente no ambiente de trabalho, conforme constante nos
Anexos 6, 13 e 14 da Norma Regulamentadora n. 15 — NR-15 do MTE, e no Anexo IV do RPS,
para os agentes iodo e níquel, a qual será comprovada mediante descrição:
a) das circunstâncias de exposição ocupacional a determinado agente nocivo ou associação de
agentes nocivos presentes no ambiente de trabalho durante toda a jornada;
b) de todas as fontes e possibilidades de liberação dos agentes mencionados na alínea “a”; e
c) dos meios de contato ou exposição dos trabalhadores, as vias de absorção, a intensidade da
exposição, a frequência e a duração do contato;
II — quantitativo, sendo a nocividade considerada pela ultrapassagem dos limites de tole-
rância ou doses, dispostos nos Anexos 1, 2, 3, 5, 8, 11 e 12 da NR-15 do MTE, por meio da

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mensuração da intensidade ou da concentração consideradas no tempo efetivo da exposição
no ambiente de trabalho.
§ 2º Quanto ao disposto no inciso II do caput deste artigo, não descaracteriza a permanência
o exercício de função de supervisão, controle ou comando em geral ou outra atividade equi-
valente, desde que seja exclusivamente em ambientes de trabalho cuja nocividade tenha sido
constatada.
A despeito dessa dicção cruzada sobre o fato social gerador, tributário e pre-
videnciário, nos campos dos respectivos direitos, remanesce a distinção do sujeito
passivo das obrigações, uma vez que a normatização previdenciária as impõe ao
segurado; enquanto a tributária, às empresas empregadoras desses mesmos segu-
rados, pelo mesmo fato. O segurado faz prova mediante apresentação do Perfil
Profissiográfico Previdenciário — PPP ao INSS; enquanto a empresa, via demonstra-
ções ambientais apresentadas, por intimação, à autoridade competente (AFRFB).
Lembrando que a permanência está definida no art. 65 do Decreto n.
3.048/99(8). Explique-se, mais amiúde, que a exposição à nocividade ambiental
somente será considerada permanente quando não houver grau de liberdade ao
trabalhador a ela dizer não. Em outras palavras, o trabalhador para cumprir as
determinações do empregador e prepostos (de produzir bens ou prestar serviços)
— aos quais se submete por subordinação jurídica — tem que se expor aos fato-
res de risco prejudiciais à saúde ensejadores da aposentadoria especial. Das duas
uma: ou descumpre ordem para não se expor e se sujeita à dispensa motivada
por insubordinação ou cumpre ordem e se sujeita peremptoriamente à exposição
agressora de sua saúde. A permanência tem a ver com inexistência de grau de
liberdade à exposição.
Serão não permanente, não ocasional ou intermitente, todas as outras situa-
ções. O legislador não as definiu, também não precisava fazê-lo, pois são integrantes
do conjunto complemento à definição que interessa, permanência, que está posta.
O trabalho prestado pelo segurado (empregado, trabalhador avulso ou cooperado
de cooperativa de trabalho ou de produção) é permanente quando a exposição aos
agentes nocivos for inafastável e intrinsecamente vinculada ao desempenho das
suas funções, independentemente do tempo e da frequência de exposição.
Importante modular que quando o trabalhador está na base da pirâmide
hierárquica fica clara e inescusável a permanência, todavia, à medida que se sobe
na pirâmide, exige-se da empresa maior cuidado na descrição da ordem de serviço,
pois há necessidade de discriminar o grau de liberdade à exposição, dentro das
possibilidades desse trabalhador se afastar da fonte geradora, no âmbito do limite
de competência.
Necessário se faz adentrar às definições físicas e matemáticas relacionadas a
ruído para na sequência apresentar aplicações pertinentes.

(8) Art. 65. Considera-se tempo de trabalho permanente aquele que é exercido de forma não ocasio-
nal nem intermitente, no qual a exposição do empregado, do trabalhador avulso ou do cooperado ao
agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço.

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DEFiNiÇÕES FÍSiCAS E mATEmáTiCAS rELACioNADAS Ao ruÍDo

Segue um extrato com algumas definições:(9)

Acústica  parte da Física que estuda as oscilações e ondas em meios elásticos (estuda o som). As ondas
sonoras são longitudinais, isto é, sua direção de propagação é paralela à de vibrações das partículas do meio
em que se propaga.
Som  sensação percebida pelo cérebro devido à chegada de uma onda sonora no ouvido. Por definição, o
som é uma variação da pressão atmosférica capaz de sensibilizar nossos ouvidos.

Fonte: Próprio Autor


Conforme gravura acima, o som está inscrito em um retângulo de frequência e pressão. O ouvido humano
responde a uma larga faixa de frequência (faixa audível ou sonora), que vai de 16 Hz a 20 kHz; por outro
lado, pode perceber intensidades que variem de 10-12 W/m2 a 102 W/m2 ou 2.10-5 Pa a 2.102 Pa. Ou seja, o
ouvido humano é capaz de ser sensibilizado entre um trilionésimo de W/m2 até uma centena de W/m2. Fora
dessas faixas de frequência e pressão, o ouvido humano é insensível (Beltrani – 1999)(9).
Velocidade de uma onda sonora  depende das propriedades elásticas e inerciais do meio. No mecanismo
da audição, as partes que compõem os ouvidos médio e interno vibram na direção em que a onda se propa-
ga, desde os tímpanos até os cílios do ouvido interno.
A vibração é movimento, oscilação, balanço de objetos, de coisas. Quando, pelo tato, se sente a oscilação de
uma corda de violão, sabe-se intuitivamente o que é uma vibração.
Há vibrações que não são detectáveis por órgãos sensoriais humanos. Na verdade, apenas uma pequena
porção das vibrações o é. Oscilação percebida  Tátil  Vibração. Oscilação percebida  Ouvido  Som.
Frequências altas são chamadas de agudas e as baixas, de graves. Período (T): tempo de duração de um
ciclo completo. Comprimento de onda (): deslocamento ou distância percorrida pela onda propagada,
referente a um ciclo.
Ruído: “misturas” de sons indistinguíveis com diferentes frequências; quando molesto, nocivo ou indesejado
é denominado barulho.
Pressão sonora  variação dinâmica na pressão atmosférica que pode ser detectada pelo ouvido humano,
expressa em Pascal – Pa (N/m2).

(9) Beltrani CHB. Dos limiares de audibilidade nas frequências de 250 a 18.000 Hz em indivíduos
expostos a ruído ocupacional [tese]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo. Departamento de
Fonoaudiologia; 1999. p. 37-42.

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O decibel (dB) é uma unidade logarítmica que indica a proporção de uma quantidade física (energia, inten-
sidade ou pressão) em relação a um nível de referência do limiar de audibilidade (10-12 W/m2 ou 2.10-5 Pa).
Uma relação em decibéis é igual a dez vezes o logaritmo de base 10 da razão entre duas quantidades de
energia. Um decibel é um décimo de um bel, uma unidade raramente usada.
Critério de Referência (CR): nível médio (85 dBA) para o qual a exposição, por um período de 8 horas, corres-
ponderá a uma dose de 100%.
Fator de Troca ou Incremento de Duplicação de Dose (q) ou ainda Exchange Rate (ER): incremento em deci-
béis que, quando adicionado a um determinado nível, implica a duplicação da dose de exposição ou a redu-
ção para a metade do tempo máximo permitido.

Parte-se de uma definição básica sobre ruído assim entendido como sensação
auditiva desagradável, decorrente de misturas de sons indistinguíveis com
diferentes frequências. Possui, portanto, dois aspectos: subjetivo (desagradável)
e objetivo (mistura com diferentes frequências). Neste trabalho, será enfocado
apenas o aspecto objetivo relativo ao fenômeno acústico, assim entendido aquele
não periódico, sem componentes harmônicas definidas, em amplo espectro de
frequências. De um modo geral, os ruídos podem ser classificados em três tipos:
I. Ruídos contínuos: são aqueles cuja variação de nível de intensidade sonora
é inferior ou igual a 3 dB. São ruídos característicos de bombas de líquidos,
motores elétricos, engrenagens etc. Exemplos: chuva, geladeiras, compressores,
ventiladores.
II. Ruídos flutuantes: são aqueles que apresentam variações superiores a
3 dB, encontrados, em geral, em trabalhos manuais de afiação de ferramentas,
soldagem, o trânsito de veículos, entre outros. São os ruídos mais comuns nos
sons diários.
III. Ruídos impulsivos ou de impacto: apresentam picos de energia acústica
com duração menor que 1 segundo para intervalos superiores a 1 segundo. São
os ruídos provenientes de explosões e impactos, típicos de britadeiras, bate-estacas
e prensas.
Com base na figura abaixo é possível visualizar graficamente o perfil sonoro.
Para fins de abordagem sobre ruído, é prudente a definição dessa tipologia tendo
na vertical a pressão sonora, expressa em decibéis (dB) ao longo do tempo:

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Figura 2: Apresentação Gráfica da Tipologia de Ruído

dB

90
80
70
60 Ruído Contínuo

Tempo

dB

90
80
70
60
Ruído Flutuante

Tempo

dB

90 Ruído Impulsivo
80
70
60

Tempo
Fonte: Fernandes (2002)(10).

O som é provocado pela percepção do sistema auditivo da variação da


pressão atmosférica ambiente. A menor variação que o aparelho auditivo humano
pode detectar é da ordem de 2 x 105 Pa, a qual denomina-se limiar de audibilidade.

(10) FERNANDES, J. C. Acústica e ruídos. 2002. Apostila do curso de graduação em Eng. Mecânica.
UNESP. 18 p. Bauru, SP.

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O limiar da dor, por outro lado, corresponde à variação da pressão em 2 x 102
Pa (200 Pa). No entanto, esta variação deve ocorrer em forma de ciclos para que
seja percebida. A frequência mínima audível é de 20 Hz, enquanto a frequência
máxima chega a 20.000 Hz. Sons cuja frequência situa-se acima de 20 kHz são
denominados ultrassons, enquanto que aqueles abaixo de 20 Hz são infrassons.
Dizer que a onda se repete em um período (T) de tempo é a mesma coisa,
em um raciocínio inverso, que afirmar que há uma frequência de acontecimentos,
ou repetições, em um período de tempo. Pode-se dizer que essa frequência de
acontecimentos é de uma vez por período, o que traz a definição de outra quantidade
importante para o estudo de ondas: a frequência (f) equivale ao inverso do período,
f = T-1. A frequência é medida em s-1, no caso específico de ondas periódicas, em
ciclos por segundo, cuja unidade é convencionada internacionalmente como Hertz
(Hz). A frequência (f), o período (T) e o comprimento de onda (λ) relacionam-se
por meio da velocidade de propagação (v), pelo produto v = f x λ.
A intensidade do som está relacionada com a amplitude que permite distinguir
um som forte de um som fraco e está relacionada com a energia transportada pela
onda que decai do próximo (forte) ao afastado da fonte (fraco). Som mais forte
tem maior amplitude e mais fraco, menor amplitude. Popularmente, é o botão do
volume que define a intensidade: o indivíduo aumenta o volume do rádio ao girar
o botão no sentido do máximo. Ao girar o volume, em verdade está modulando
a amplitude.
A figura seguinte apresenta disposição gráfica com dois sinais sonoros: forte
(alta amplitude) e fraco (baixa amplitude). A amplitude A1 mede 1,27 m, enquanto
a A2, 0,29 m.

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Figura 3: Disposição gráfica com dois (n) sinais sonoros. Forte (maior amplitude — A1) e Fraco (menor
amplitude — A2). Indicação de dois harmônicos com perfil soma dessas amplitudes

Fonte: https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/fourier

O som se propaga num meio material elástico, espalhando-se em todas


as direções, e as frentes de onda têm formato esférico. A intensidade sonora, ou
sonoridade, de uma onda esférica, num determinado ponto, é definida pela expressão:

Potência da Fonte (W)


Intensidade =
Área da Frente de onda no ponto considerado (m2)
A potência da fonte (Po) no Sistema Internacional — SI em Watt (W) e a I —
Intensidade ou intensidade sonora onda esférica (W/m2). A intensidade mínima do
som percebido pelo ouvido humano (limiar de audição) é, aproximadamente, de
10-12 W/m2 (equivalente a 2.10-5Pa). A partir de 1 W/m2, provoca-se dor, limiar da
dor (equivalente a 2.102Pa).
Tem-se o decibel como medida de equivalência de intensidade. O ouvido
humano pode perceber normalmente sons cujas intensidades variem de 10-12 W/
m2 a 102 W/m2 ou 2.10-5 Pa a 2.102 Pa. Os rangers (intervalos de máximo e mínimo)
flutuam em 1014 W/m2 e 107 Pa, obtidos pela subtração desses extremos. Ou seja,
o ouvido humano é capaz de ser sensibilizado entre um trilionésimo de W/m2 até
uma centena de W/m2.

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Na prática, tal capacidade humana inviabiliza a construção de instrumentos
que assegurem acurácia em tão longa e ampla faixa de medição. Essa restrição
construtiva de mensuração, quase impossibilidade mesmo, combinada à dificuldade
de operação e manipulação em tais ordens de grandezas, levou os cientistas a
idealizarem uma escala de equivalência. Os valores inferiores de energia audível,
10-12 W/m2 e 2 x 10-5 Pa, foram convencionados respectivamente, para fins de
comparação, como Intensidade de referência — I0 e Pressão de referência — P0.
A escala de equivalência se valeu de que o sistema auditivo humano não
escuta linearmente os sons, ou seja, sons agudos, médios e graves de mesma
intensidade (estímulo) produzem sensações distintas. Ao se plotarem os pontos
em um gráfico cartesiano (pressão — Pa versus frequência — Hz) percebe-se
que a função matemática logarítmica na base 10 é aquela que melhor se ajusta,
estabelecendo que a sensação sonora humana varia no logarítmico do estímulo.

Nasce assim a escala de equivalência de intensidade sonora intitulada Bell,


I
em homenagem ao físico inventor do telefone. Por definição o Bell = log que
I0
tem como referência o limiar de audibilidade (I0). O NS (nível sonoro ou nível
de intensidade ou intensidade auditiva) de determinado som, em Bell, que é a
relação (quantas vezes maior) está esse som (I) em relação àquele limiar. Aplica-se
1
o submúltiplo “deci” ao nível sonoro NS (dB = B) por conta do melhor ajuste
da escala. 10

I
NS (dB) = 10. log
I0

Considerando o valor de 10-12 W/m2 como aquele de Intensidade de referência


— I0, são apresentados abaixo alguns resultados de equivalência em decibel a partir
da equação acima:

I. O nível sonoro NS será (dB) para o limiar de audibilidade: I = 10-12 W/m2 , será:
NS = 10logI/Io  NS = 10log(10-12/10-12)  NS/10 = log(1)  10NS/10=1  10NS/10 = 100
 NS/10 = 0  NS=0 (dB)
Pelo processo inverso, quando NS = 0 (dB)  0 = 10log(I/10-12)  0/10 = logI/Io  0 =
logI/Io  100 = I/10-12  I = 100.10-12  I = 10-12 W/m2.
I. O nível sonoro NS (dB) para o limite da dor: I = 1 W/m2 , será:
NS=10logI/Io  NS=10log1/10-12  NS/10=log1012  10NS/10=1012  NS/10=12 Bell
NS=120 dB.
Pelo processo inverso, quando NS=120 (dB) 120=10log(I/10-12) 120/10=logI/10-12
1012 = I/10-12  I = 100  I = 1 W/m2.

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Curiosidade algébrica, para condições normais de temperatura e pressão,
há uma equivalência entra as variáveis intensidade e pressão sonora quando a
velocidade (v) for constante:
Constante
J N.m
W
I = 2 = s2 = s =P.v
m m m2

Dessa forma, quando se expressa o nível sonoro (NS) em dB ou dB (filtrado em


A ou C), expressam-se simultaneamente as duas grandezas intensidade (W/m2) e
pressão sonora (Pa), ambas representantes da exposição do trabalhador à energia
sonora. Por isso o Anexo I da NR-15 e a Tabela 1 da NHO 01 da Fundacentro(11),
mencionam a expressão Nível Sonoro.
Com base nessa conversão algébrica é possível apresentar escalas de
equivalências, conforme a figura seguinte:
Figura 4: Escalas por equivalência logarítmica Bell e dBell para audibilidade mínima (10-12 W/m2) e máxima
(102 W/m2) cuja flutuação está na ordem de grandeza de 1014 W/m2
Amplitude de Audibilidade Bell dBell
Pa W/m2

2 x 10 2 10 14 14 140
— .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. —
2 x 10 1 10 12 12 120
— .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. —
2 x 10 -1 10 10 10 100
— .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. —
2 x 10 0 10 8 8 80
— .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. —
2 x 10 -2 10 6 6 60
— .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. —
2 x 10 -3 10.. 4 .. — .. — .. — ..4 — 40..
— .. — .. — .. — .. — .. — .. — — .. — .. — .. — —
2 x 10 -4 10 2 2 20
— .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. —
P = 2 x 10 -5 I = 10 0 = 1 0 0
— ..0 — .. — .. — .. — ..0 — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. — .. —
Fonte: Próprio Autor

Pode-se determinar o nível sonoro (em dB), bastando que se conheça o valor
de sua pressão sonora P (N/m2 ou Pa). A frequência de emissão não interfere no
nível de pressão sonora (NPS), seja essa frequência de som grave, médio ou agudo,
pois o NPS está relacionado com a amplitude (volume) da pressão na equação:

(11) Fundacentro, São Paulo. NHO/01 — Avaliação da exposição ocupacional ao ruído. São Paulo,
2001. 37p.

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P2
NPS (dB) = 20. log
P02
Em que Po é a pressão sonora de referência (2.10-5 N/m2).
No campo da energia acústica e a percepção humana, observa-se que o
objetivo da avaliação da exposição é determinar a energia, frequência, magnitude
e duração da exposição dos trabalhadores ao ruído. Orientações normativas
foram elaboradas sobre o tema, tais como as normas da RFB, INSS, Fundacentro,
Ministérios da Previdência, da Saúde e do Trabalho.
É fundamental entender o comportamento do ouvido humano em relação à
energia sonora. Assim, deve ser observado que variações de pressão atmosférica
são muito lentas para serem detectadas pelo ouvido humano. Porém, se essas
variações ocorrerem mais rapidamente — no mínimo 20 vezes por segundo (20
Hz) —, elas podem ser ouvidas. O ouvido humano responde a uma larga faixa de
frequência (faixa audível), que vai de 16-20 Hz a 16-20 kHz. Fora dessa faixa, o ouvi-
do humano é insensível ao som correspondente. Estudos demonstram que o ouvido
humano não responde linearmente às diversas frequências, ou seja, para certas
faixas de frequência ele é mais ou menos sensível.
Um dos estudos mais importantes que revelaram essa não linearidade, de
grande impacto científico, foi o ensaio produzido por Fletcher e Munson (1933)(12)
que resultou nas curvas isoaudíveis. Nível de audibilidade é o NPS necessário
para que um ouvido jovem, são e médio escute um tom qualquer com a mesma
sensação (potência, força) que um de 1 kHz. A unidade de nível de audibilidade é
o fon (ou phon) equivalente ao NPS (dB) quando f = 1.000 Hz. Um som com uma
única frequência é muitas vezes denominado tom(13).
A unidade de nível de audibilidade é denominada fon. Por definição, seu
valor unitário é numericamente igual ao nível de intensidade sonora, em dB, da
frequência de referência de 1000 Hz, para um grupo de típicos ouvintes. No
trabalho de Fletcher e Munson, a determinação dos níveis de audibilidade, por
comparação com um tom de referência, foi realizada por meio dos sons ditos
estáveis que, grosso modo, são considerados distintos aos ruídos.
Com os resultados obtidos, os autores construíram as chamadas curvas
de igual audibilidade, as quais estão representadas na Figura 4. Observa-se
que as frequências compreendidas entre 800 Hz e 6000 Hz, médias e agudas,
são mais facilmente audíveis pelos seres humanos do que as baixas e as muito
altas. Ademais, vê-se que a curva de audibilidade de 0 fon, que, por sua vez,

(12) FLETCHER, H.; MUNSON, W. A. Loudness, Its Definition, Measurement and Calculation. Journal
of the Acoustical Society of America, v. 5, n. 2, p. 82-108, 1933.
(13) O gráfico com as curvas de igual audibilidade, proposto inicialmente por Fletcher e Munson
(1933), foi aprimorado ao longo dos anos. Porém, seu significado não perdeu sentido com o passar
do tempo, tal que sua forma qualitativa não foi alterada. Ressalte-se, dada a importância histórica de
um trabalho para a pesquisa e desenvolvimento.

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corresponde ao nível de intensidade de 0 dB para f = 1000 Hz, apresenta frequências
entre 1000 Hz e 6000 Hz que são audíveis em níveis de intensidade negativas, entre
-10 dB e 0 dB. Note-se que os valores negativos (de logaritmos, na base 10) não
representam problemas físicos, visto que esses valores correspondem a intensidades
necessariamente positivas. Em outras palavras, o argumento do logaritmo sempre
será bem definido.
Ao analisar a curva de 0 fon, conclui-se que para se perceber os sons graves,
entre 20 Hz e 800 Hz, e também os mais agudos, a partir de 6000 Hz, eles devem
ter um nível de intensidade relativamente maior do que os sons entre 800 Hz e
6000 Hz. Por exemplo, para que um som a uma frequência de 50 Hz seja perceptível
ao ouvido humano típico, é necessário que ele tenha um nível de intensidade
ligeiramente superior a 50 dB, cujo valor corresponde a 0 dB para a curva de 0 fon.
Ou seja, para um típico ouvinte, um som de 50 Hz a aproximadamente 50 dB soa
igualmente perceptível a um som de 1000 Hz a 0 dB, a 0 fon. Isto corresponde a
um som de intensidade quase 17 vezes maior, já que a intensidade sonora dobra
a cada 3 dB, como se verá mais adiante.
Figura 5: Curvas isofônicas — NPS (dB) x frequência (Hz) — não
linearidade nas curvas isoaudíveis a 1 kHz — fon (ou phon)

Fonte: Magalhães (2017)(14)

(14) MAGALHÃES, Diogo Amaral de; PINHO ALVES FILHO, José de. Por que é mais difícil escutar os
sons graves do que os sons médios e agudos? Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Florianópolis, v.

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O gráfico, acima, em escala logarítmica das curvas de igual audibilidade,
adaptado de Fletcher e Munson (1933) apresenta região no canto inferior
esquerdo, abaixo da curva de 0 fon, que retrata a pouca sensibilidade humana
para as frequências mais graves (20 Hz — 800 Hz), para as quais os níveis de
intensidade mínimos necessários para percepção estão bastante acima dos níveis
das frequências médias e agudas (entre 1000 Hz e 6000 Hz). Note-se, então, que
o ouvido se apresenta bastante insensível a sons graves e sensibilidade máxima
entre os 3.500 e os 4.000 Hz, perto da primeira zona de ressonância que ocorre
no ouvido externo. A segunda zona de ressonância ocorre perto dos 13 kHz.
A capacidade de distinguir a mínima alteração no tom de um som depende da
frequência, da intensidade sonora, da duração do som, da velocidade da alteração,
bem como do próprio treino auditivo do ouvinte. O ouvido humano é bastante
sensível a diferenças de frequências entre dois sons. Em sons graves, mudanças
de frequência de 1 Hz podem ser detectadas. A diferença nas frequências das
duas notas mais graves do piano é de apenas 1,6 Hz. Aos 1.000 Hz, a maior parte
das pessoas é capaz de distinguir mudanças na frequência com o valor de 3 Hz.
Aos 100 Hz, mudanças na frequência podem ser notadas a partir dos 0,3 Hz, ou
seja, o ouvido é sensível não propriamente a mudanças absolutas de frequência,
mas sim a uma razão entre a zona de frequências do som que se está a ouvir e
da mudança efetuada. As curvas isofônicas mostram algumas características da
audição humana que são importantes(15):
Existem alguns picos de sensibilidade acima de 1 kHz. Isso é devido aos efeitos
de ressonância do canal auditivo, que é um tubo de cerca de 25 mm, com um lado
aberto e outro fechado, o que resulta em um pico de ressonância por volta de 3.4
kHz e, devido à sua forma regular, um outro pico menor a 13 kHz. O efeito dessas
ressonâncias é aumentar a sensibilidade do ouvido àquelas frequências.
O segundo ponto a ser notado é que existe uma dependência de amplitude na
sensibilidade do ouvido. Isso é devido à maneira como o ouvido atua — transdutor
e interpretador do som —, e, como consequência, a frequência depende da
amplitude. Esse efeito é particularmente notável em baixas frequências, em que
quanto menor a amplitude, menos sensível é o ouvido.
O resultado desses efeitos é que a sensibilidade do ouvido é função tanto da
frequência quanto da amplitude. Portanto, dois sons de diferentes frequências,
mas de amplitudes iguais, podem soar com volumes completamente diferentes.
Por exemplo, um som a 200 Hz soará com muito menos volume que um de mesma
amplitude a 2.000 Hz. Sons de diferentes frequências, então, deverão ter amplitudes
de pressão diferentes para serem percebidos como tendo a mesma amplitude.

34, n. 1, p. 331-338, maio 2017. ISSN 2175-7941. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.


php/fisica/article/view/2175-7941.2017v34n1p331>. Acesso em: 27 jul. 2017.
(15) DURÁN, J. E. R. Biofísica: fundamentos e aplicações. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2003.

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O volume percebido de sons senoidais, como função da frequência e do
nível de pressão sonora, é dado pela escala de fons. Trata-se de um a escala de
julgamentos subjetivos baseada nos níveis de pressão sonora percebidos em um
som senoidal de 1 kHz. Então, a curva para N fonos intercepta a frequência de 1
kHz em N dB NPS, por definição. Pode-se notar que as curvas de fonos começam
a ficar mais planas em níveis mais altos de pressão sonora.
Por isso, o relativo balanço, entre as diferentes regiões de frequências (grave,
médio e agudo), é alterado sempre que se varia o nível de amplitude dos sons. Isso
é percebido quando se ouve uma gravação e se abaixa o volume do aparelho de
som, resultando na supressão de parte dos agudos e dos graves, remanescendo
um som carregado de médios, sem muito brilho ou expressão(16).
Para compensar essa peculiaridade do ouvido humano, foram introduzidos
nos medidores de nível sonoro filtros eletrônicos com a finalidade de aproximar a
resposta do instrumento à resposta do ouvido humano. São chamadas “curvas de
ponderação” (A, B, C) .
Escala de ponderação A — para simular a resposta do ouvido humano ao som
de nível de pressão baixa.
Escala de ponderação B — para simular a resposta do ouvido humano ao som
de nível de pressão média.
Escala de ponderação C — para simular a resposta do ouvido humano ao som
de nível de pressão alta, e fornece resposta aproximadamente igual em todas as
frequências.
Escala de ponderação D — para simular a resposta do apresentam aplicações
bastante limitadas e ouvido humano ao ruído de avião.
A curva de ponderação “A” é amplamente sugerida para medições
relacionadas ao ser humano dado seu perfil muito próximo às isofônicas. A curva
de ponderação “B” era sugerida para utilizações de medições de intensidade entre
os níveis de 55 a 85 dB. A curva de ponderação “C” sugerida para medições
de níveis acima de 85 dB. A curva de ponderação “D” é utilizada para ruídos
específicos de turbinas de avião de acordo com norma IEC 537.
A curva de ponderação “A”, dentre todas é a mais utilizada, inclusive
substituindo a curva “B” que caiu em desuso. Isso ocorreu devido à representação
próxima que a curva de atenuação “A” tem com as curvas isofônicas e com a
sensação subjetiva. Para ruídos contínuos e intermitentes, o Brasil, de acordo com
NHO 01 e Anexo I da NR-15, adota esse filtro “A” visando avaliar condições de
trabalho. O tipo “C” é adotado pela NHO 01, bem como Anexo II da NR-15 para
ruído de impacto, alternativamente, quando não se dispõe de medidor específico.
A ponderação A é o filtro padrão das frequências audíveis destinadas a repro-
duzir a resposta do ouvido humano ao ruído. Nas baixas e altas frequências o ouvido

(16) NUSSENSVEIG, M. Curso de física básica. São Paulo: Edgar Blücher, 2002. v. 2.

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humano não é muito sensível, mas entre 500 Hz e 6 kHz o ouvido é bem mais sensível.
A ponderação “A” é amplamente utilizada nos diversos níveis sonoros. As medições
feitas utilizando a ponderação “A” são mostradas como dB (A), para informar que os
decibéis estão ponderados em “A”. Outros exemplos são LAeq, LAmax, LA85.
Em alguns aparelhos de medição de intensidade sonora modernos utiliza-se
uma curva chamada “Z”, que segundo IEC 61672(17) substitui a antiga notação
“Linear”, em que o “Z” significa “zero” de ponderação. Tais aparelhos já não
trazem mais a opção de medição na curva “B”. A curva de ponderação “D” é mais
utilizada em medições para aviação militar.
Figura 6: Curvas de atenuação mediante circuitos de ponderação A, B, C e D
+ 20
+ 10 (D)

0
(D)
Gain dB

(B,C)
– 10
(D)
– 20
– 30 (A) (not defined)
(B)
– 40
– 50
10 100 1000 10k 100k
A — weighting (blue), B (yellow), C (red), and D — weighting (blk)

Fonte: OSHA (1983)(18)

Dessas curvas, a curva A é a que melhor se ajusta à natureza humana. Os


medidores de ruído dispõem de um computador para as velocidades de respostas,
de acordo com o tipo de ruído a ser medido. A diferença entre tais posições está
no tempo de integração do sinal ou constante de tempo.
Slow — resposta lenta — avaliação de ruídos contínuos ou intermitentes,
avaliação de fontes não estáveis. Captura de energia a cada 1000 ms.
Fast — resposta rápida — avaliação legal de ruído de impacto (com ponderação
dB (C)). Captura de energia a cada 125 ms.
Impulse — resposta de impulso — para avaliação legal de ruído de impacto
(com ponderação linear). Captura de energia a cada 35 ms.

(17) International Electrotechnical Commission, IEC 61672-1:2002, Electroacoustics – Sound level


meters – Part 1: Specifications, IEC 61672-1:2002.
(18) OSHA (1981). “Occupational Noise Exposure: Hearing Conservation Amendment.” U.S. Dept. La-
bor, Occupational Safety and Health Administration, 46 Fed. Reg. 4078-4179. OSHA (1983). “OSHA
Instruction CPL 2-2.35, Nov. 9, 1983” in Guidelines for Noise Enforcement. Occupational Safety and
Health Administration, U.S. Dept. Labor, Washington, DC.

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mÉTriCAS Do ruÍDo PArA FiNS DE AVALiAÇÃo AmBiENTAL

O nível de ruído equivalente (Level Equivalent — Leq)(19)(20) representa um nível


de ruído contínuo em dB(A), que possui o mesmo potencial de lesão auditiva que
o nível de ruído variável amostrado. A dose de ruído é uma variante do ruído equi-
valente, para o qual o tempo de medição é fixado em 8 horas. A única diferença
entre a dose de ruído e o ruído equivalente é que a dose é expressa em percenta-
gem da exposição diária tolerada. O Leq representa o nível médio de ruído durante
um determinado período de tempo, utilizando-se o incremento de duplicação de
dose “3”.
A regra do princípio da equivalência para avaliação de ruído considera que
toda vez que a energia acústica em um determinado ambiente dobra, há um
aumento de três decibéis (q=3) no nível de ruído. Por este motivo, quando se usa
a sigla Leq, subentende-se que a avaliação foi realizada utilizando-se o Incremento
de Duplicação de Dose “3”. Caso seja utilizado outro valor de incremento, não se
pode chamar o resultado de Leq, apenas de Average Level — Lavg que significa Nível
Médio.
Esse Nível Médio, expresso em Lavg representa a média do nível de ruído
durante um determinado período de tempo, utilizando-se qualquer incremento de
duplicação de dose, com exceção do “3”. O Anexo I da NR-15 não especifica qual o
incremento de duplicação de dose utilizado para o cálculo dos limites de tolerância
estabelecidos, porém, após a análise da tabela, verifica-se que toda vez que há
um aumento de 5 decibéis em determinado nível, o tempo de exposição cai pela
metade, concluindo-se, assim, que a norma trabalhista para fins de pagamento de
adicional de insalubridade adotou o incremento de duplicação de dose “5”.
Os níveis de ruído industriais e exteriores flutuam ou variam de maneira
aleatória com o tempo, e o potencial de dano à audição depende não só do
seu nível, mas também da sua duração. É raríssima situação ambiental na qual
haja nível de ruído único, o mais comum mesmo são ruídos variados ao longo do
tempo, por isso a dosimetria é imprescindível, de forma que todos os dados de
nível de pressão sonora e seus respectivos tempos possam ser analisados com o
consequente cálculo do Leq.

(19) Laeq (8 h) equivalent continuous sound for 8 hr.


(20) Curiosidade. Leq (Neq) e Lavg são referentes à mesma grandeza e consistem no nível mé-
dio ponderado sobre o período de medição, que pode ser considerado como nível de pressão
sonora contínuo, em regime permanente, que produziria a mesma dose de exposição que o ru-
ído real, flutuante, no mesmo período de tempo. Diferem quanto à formula devido ao fator de
dobra. Se q=3, chama-se Leq ou Neq; se q=5, Lavg. Se na formulação houver a constante 16,61
q 5
(= = 16.61) , ou, o numeral 5, já se sabe que se trata do q=5.
Log2 Log2
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A necessidade de se usar um dosímetro de ruído se deve à dificuldade de
serem realizados os cálculos integrais diferenciais à mão. Há que se combinar
intensidade e tempo de exposição. Os limites de tolerância para exposição a
ruído contínuo ou intermitente são representados por níveis máximos permitidos,
segundo o tempo diário de exposição ou, alternativamente, por tempos máximos
de exposição diária em função dos níveis de ruído existentes. Esses níveis serão
medidos em dB(A), resposta lenta.
Para fins de prevenção adota-se a NHO 01, inclusive por força de norma fiscal
no tocante ao Financiamento da Aposentadoria Especial — FAE(21). Assim, ao se
adotar o q=3, a fórmula do Leq se simplifica, pois se substitui a constante de 16,61
q
por 10,00, devido ao termo (0,30 = 10,00) , que assim se formula:
Log2
D x 8
Leq = 10 x log   + 85
 T 

Assim, o Leq para a dose de ruído = 200% (% lido no audiodosímetro


dividido por 100), medido durante 8 horas, com q=3 é dado por:

2 x 8
Leq = 10 x log   + 85 = 88 dB(A) . Para dose de ruído = 400%, tem-se
 8 
4 x 8
Leq = 10 x log   + 85 = 91 dB(A) . Assim por diante. Dessa forma se
 8 
montou a Tabela da NHO 01.
Esse Leq basicamente é o NE da NHO 01. Neste momento, é importante que
o leitor pesquise a NHO 01 da Fundacentro para melhor apropriar-se, todavia
adiantam-se alguns comentários que ajudarão na aplicação do conhecimento.
Verifique a figura a seguir.

(21) OLIVEIRA-ALBUQUERQUE, P. R. Do Exótico ao esotérico: uma sistematização da saúde do traba-


lhador. 1. ed. São Paulo: LTr, 2011. p. 89.

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Table 1-1. Combinations of noise exposure levels and durations that no worker
exposure shall equal or exceed

Duration, T Duration, T

Exposure Exposure
level, L (dBA) Hours Minutes Seconds level, L (dBA) Hours Minutes Seconds
80 25 24 — 106 — 3 45
81 20 10 — 107 — 2 59
82 16 — — 108 — 2 22
83 12 42 — 109 — 1 53
84 10 5 — 110 — 1 29
85 8 — — 111 — 1 11
86 6 21 — 112 — — 56
87 5 2 — 113 — — 45
88 4 — — 114 — — 35
89 3 10 — 115 — — 28
90 2 31 — 116 — — 22
91 2 — — 117 — — 18
92 1 35 — 118 — — 14
93 1 16 — 119 — — 11
94 1 — — 120 — — 9
95 — 47 37 121 — — 7
96 — 37 48 122 — — 6
97 — 30 — 123 — — 4
98 — 23 49 124 — — 3
99 — 18 59 125 — — 3
100 — 15 — 126 — — 2
101 — 11 54 127 — — 1
102 — 9 27 128 — — 1
103 — 7 30 129 — — 1
104 — 5 57 130-140 — — <1
105 — 4 43 — — — —
Fonte: ANSI/ASA S12.19-1996 (R2011)

Tomando 85 dB(A) como referência com 480 min, tem-se uma progressão
linear à razão de 3 dB. Ou seja, a cada redução à metade do tempo, gera-se um
incremento de 3 dB na intensidade. Assim, para Nível de Ruído dB(A) — 85 
Máxima Exposição Diária Permissível  480 min; 88  240 min; 91  120 min;
94 60 min; 97 30 min; 100 15 min; 103 7,5 min; 106 3,75 min; 109
1,87 min; 112 0,93 min e 115 0,46 min. A partir deste ponto é risco grave e
iminente. Fica claro o disparate entre o correto, NHO 01, e o Anexo I da NR-15 —
Anexo I, pois para mesmo nível sonoro há duas durações máximas de exposição. Por
exemplo: para 95 dB(A) o máximo é 47,62 min, porém a NR-15 eleva para 120 mim.
Em termo de dose, derruba de 1.000 % (verdadeira) para apenas 400%
(irreal). Por isso é tão importante conhecer e saber aplicar o fator de dobra, mas
principalmente determinar o escopo e vigência de cada um.
Então 3 dB é quanto se incrementa a intensidade quando se reduz à meta-
de o tempo de exposição, certo? Assim o fator de dobra (q) = 3 dB. Em outras
palavras, para dose (D) constante unitária (100%) que é o Limite de Tolerância,
verificada em cada uma das linhas da tabela, equivalem a D = 1. Considerando a
dose igual ao produto intensidade pelo tempo de exposição, (D = Intensidade x
Tempo), tem-se que para D = Constante, cai intensidade e sobe tempo de exposi-
ção na mesma proporção (e vice-versa).

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Dada a Dose = Intensidade x Tempo de Exposição, por definição, as normas
brasileiras (INSS, RFB, MTE-NR-15) definiram a dose unitária (D = 1) para situações
nas quais haja mais de uma condição acústica. Com esse requisito foi estruturada
a tabela de Limites de Tolerância
A questão é: quanto valem, em dB, os 50% da dose máxima permitida (nível
de ação NR-09)? Faz-se o raciocínio para D=1, considerando 8h constante ou 85 dB
(A) constante, tendo em vista a expressão: Dose = Intensidade x Tempo de Exposição.
Assim, com dose constante (D=cte), a intensidade dobra, enquanto o tempo
de exposição cai à metade; ou o contrário, a intensidade vai à metade enquanto o
tempo de exposição dobra. Por isso a queda de 85 — 8h para 88 — 4h da Tabela
NHO 01 da Fundacentro. Eis a prova matemática de que o Anexo I da NR-15 está
errado, cuja dobra acontece a cada 5 dB em flagrante prejuízo e agressão ao
trabalhador.
Voltando à pergunta. A questão é: quanto valem, em dB, os 50% da dose?
Logo, se a NR-09 do MTE afirma que o nível de ação é de 50% da dose, esta, em
dB, equivale a 82dB (A), pois decorre da subtração 85 dB(A) — 3 dB (A), que é
igual 82dB (A). O critério de referência que embasa os limites de exposição diária
adotados para ruído contínuo ou intermitente corresponde a uma dose de 100%
para exposição de 8 horas ao nível de 85 dB(A). O critério de avaliação considera,
além do critério de referência, o incremento de duplicação de dose (q) igual a 3 e
o nível limiar de integração igual a 80 dB(A).
A avaliação da exposição ocupacional ao ruído contínuo ou intermitente
deverá ser feita por meio da determinação da dose diária de ruído ou do nível de
exposição, parâmetros representativos da exposição diária do trabalhador. Esses
parâmetros são totalmente equivalentes, sendo possível a partir de um obter-se o
outro, mediante as expressões matemáticas que seguem:
 480 D 
NE = 10 x log  x  + 85 [dB]
 Te 100 

Te NE − 85
D= x 100 x 2 [%]
480 3

Onde: NE = nível de exposição; D = dose diária de ruído em porcentagem; TE


= tempo de duração, em minutos, da jornada diária de trabalho.
O Nível de Exposição — NE é o Nível Médio representativo da exposição
diária do trabalhador avaliado. Basicamente é a fórmula do Leq, difere apenas
no ajuste dos tempos de medição e exposição. Para fins de comparação com o
limite de exposição, deve-se determinar o Nível de Exposição Normalizado (NEN),
que corresponde ao Nível de Exposição (NE) convertido para a jornada padrão

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de 8 horas diárias. O Nível de Exposição Normalizado — NEN é determinado pela
seguinte expressão:
 Te 
NEN = NE + 10 log   [dB]
 100 

Com esse alicerce é possível doravante enfrentar amiúde o objeto desta


obra, considerando o histórico e a evolução da ciência, a aparente colisão de
parâmetros técnicos e as dessincronias normativas relacionadas aos parâmetros de
mensuração, em especial o fator de dobra na avaliação do ruído, que repercutem no
procedimento fiscal e, por conseguinte, dão guarida à constituição e manutenção
dos créditos tributários consonantes à rubrica do Financiamento da Aposentadoria
por Condições Especiais do Trabalho — FAE.

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ruÍDo, ProCEDimENTo FiSCAL E
PrEViDENCiário: PrimEirAS CoNCLuSÕES

Nesta altura é importante destacar a natureza jurídica das normas em


questão, interpretando-as sistemática e teleologicamente ante os bens jurídicos
tutelados: saúde do trabalhador; remuneração por adicionais; meio ambiente do
trabalho; manutenção do poder aquisitivo quando da aposentadoria precoce por
exposição intolerável e tributação correlata (FAE), respectivamente com naturezas
jurídicas sanitárias, trabalhistas, ambientais, previdenciárias e tributárias.
Não obstante as múltiplas ativações normativas na matéria em tela, há que
se enfatizar a soberania das imposições tributárias perante as demais, quando
se tratar de contribuição previdenciária, espécie de tributo, por força de norma
tributária, ainda que esta referencie aquelas em linha direta ou oblíqua.
Isto posto, retome-se o início desta obra para dispor, e em certa medida
adiantar as considerações finais e recomendações, que para fins de constituição
do crédito tributário não há qualquer interferência, sobreposição, dúvida e, nem
de longe, conflito normativo, nem mesmo aparente, com quaisquer normas.
Isso porque o comando acima é cristalino e direto: fato gerador se consigna
pela remuneração, paga, devida ou creditada, a trabalhador submetido a níveis
de ruído contínuo, ou variável, de modo permanente, que ultrapasse o Nível de
Exposição Normalizado (NEN) de 85 dB(A), conforme dispõe o item 2.0.1 do
Anexo IV do RPS (Limite de Tolerância), sendo tal avaliação apurada nos termos
metodológicos e procedimentais definidos pela NHO 01 da Fundacentro (Meto-
dologia e Procedimento), conforme dispõe o § 12 do art. 68 do RPS. (Metodologia
e Procedimento da Fundacentro como norma mandatória).
Essa disposição de limite de tolerância (NEN de 85 dB(A) ou dose unitária)
foi inaugurada no Brasil pelo Decreto n. 4.882, de 28 de novembro de 2003, que
alterou o Regulamento da Previdência Social. Nesta oportunidade, ao estabelecer o
“NEN”, ela automaticamente se reporta à NHO 01 da Fundacentro, uma vez que o
conceito de “Nível Exposição Normalizado” não existe além desse mandamento na
legislação pátria, indicando que a referida norma deve ser utilizada inclusive como
parâmetro de limite de exposição para ruído. Isso implica um fator de incremento
de dose igual a três (q=3) e todas as consequências inerentes a essa alteração,
impactando a legislação tributária e previdenciária, ao mesmo tempo em que força
modificação e atualização dos limites da legislação trabalhista.
A RFB está vinculada a um procedimento fiscal que neste caso independe de
normas trabalhistas, dado o comando expresso e peremptoriamente declarado

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pelo item 2.0.1 do Anexo IV do RPS (Limite de Tolerância — LT) ao determinar
que o LT é 85 dB(A), aferido em Nível de Exposição Normalizado (NEN), cuja
metodologia e procedimento devem se ater à NHO 01 da Fundacentro. Ou seja, o
Decreto n. 3.048/99 expressou, em termos materiais e procedimentais, tudo que
se necessita para formatar a matriz tributária ao enumerar todos os elementos,
intrínsecos e extrínsecos, do fato gerador.
Desta feita, não há o que se cogitar sobre conflito com norma trabalhista,
especificamente com o Anexo I da NR-15 — como se houvesse, pois conflito não
há, como se verá à frente — pelo simples fato de essa dita norma não constar da
matriz de incidência acima. Frise-se que não há interseção com a norma trabalhista
(Anexo I da NR-15).
Por pura ilação jurídica, se fosse possível aceitar o absurdo principiológico
segundo o qual havendo conflito entre normas de hierarquia distinta, sobre a
mesma matéria, uma norma de menor hierarquia (IN n. 77/15 do INSS) pudesse
sobrepor a uma superior (Decreto Regulamentador), ainda assim tal conflito não
existiria, dado que, segundo o que dispõe a IN n. 77, ter-se-ia convergência das
consequências técnicas, práticas e jurídicas, levando ao mesmo resultado. O art.
280 da IN n. 77 do INSS, dispõe:
Art. 280. A exposição ocupacional a ruído dará ensejo a caracterização de atividade exercida
em condições especiais quando os níveis de pressão sonora estiverem acima de oitenta dB (A),
noventa dB (A) ou 85 (oitenta e cinco) dB (A), conforme o caso, observado o seguinte:(...)
IV — a partir de 01 de janeiro de 2004, será efetuado o enquadramento quando o Nível de
Exposição Normalizado — NEN se situar acima de 85 (oitenta e cinco) dB (A) ou for ultrapas-
sada a dose unitária, conforme NHO 1 da Fundacentro, sendo facultado à empresa a sua
utilização a partir de 19 de novembro de 2003, data da publicação do Decreto n. 4.882, de
2003, aplicando:
a) os limites de tolerância definidos no Quadro do Anexo I da NR-15 do MTE; e
b) as metodologias e os procedimentos definidos nas NHO 01 da Fundacentro.

Depreende-se do dispositivo acima que a IN n. 77/15 se alinhou ao decreto


ao se submeter ao mesmo Limite de Tolerância (LT = NEN = 85 dB(A)), que implica
dose unitária (100%), bem como delineou metodologias e procedimentos iguais
ao decreto. Ou seja, no caput, e na alínea “b”, respeitou a hierarquia das normas;
todavia, na alínea “a” descarrilou criando o imbróglio que ora se destrincha com
essa consulta.
Isso porque a alínea “a” aponta para outro LT (aqueles do Anexo I da NR-15
do MTE), se insubordinando ao já estabelecido no caput LT = NEN = 85 dB(A).
Pode a alínea circunscrever o conteúdo e alcance do caput; jamais, desdizê-lo. Foi
exatamente isso que fez a alínea “a” do art. 280 da IN n. 77 do INSS. O caput diz
que o LT é NEN de 85 dB(A), enquanto a alínea “a” estabelece que o LT é aquele
do Anexo I da NR-15 do MTE.

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Portanto, quando duas normas de hierarquias distintas dispõem sobre a
mesma matéria, prevalece aquela de grau superior, no caso o decreto. Logo,
a alínea “a” da IN n. 77 do INSS é letra morta. O Anexo I da NR-15 do MTE
não compõe a matriz do fato gerador. É algo estranho, inócuo, impertinente,
incompatível, despiciendo e obviamente antijurídico. Não deve produzir efeitos,
muito menos comparecer nos autos. Procedimento crítico que materializa o
equívoco, potencializando-o, diz respeito ao Manual de Perícia do INSS que segue
essa alínea “a”, por motivos idênticos, exigindo fator de troca q=5 ao arrepio do
Decreto n. 3.048/99.
Controvérsia não há — ainda que se considere letra morta a alínea “a” — mas
tal cizânia é forçada por alguns segmentos da sociedade que, sabendo das benesses
financeiras e tributárias da aplicação no todo do Anexo I da NR-15, buscam fraudar
a RFB e ultrajar o direito dos trabalhadores, pois fazem vista grossa à essência do
comando da alínea “a”, que apenas vincula àquela norma o limite de tolerância,
apenas ele, devendo ser descartados a tabela, seus limites e o fator de dobra
(q=5), bem como a metodologia e procedimentos.
Em outras palavras, pinça-se do Anexo I da NR-15 apenas e tão somente os
limites de tolerância, sim, limites no plural, porque são dois: um para ruído único;
outro para ruído variado. Como o primeiro não existe na prática dos ambientes
de trabalho onde há uma miríade de fontes com infinitas combinações de pressão
e frequência, tem-se, portanto, apenas o segundo, que nos termos do Item 6 do
Anexo I da NR-15 dispõe (grifado):
Item 6. Se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois ou mais períodos de exposição a ruído
de diferentes níveis, devem ser considerados os seus efeitos combinados, de forma que, se a
soma das seguintes frações exceder a unidade, a exposição estará acima do limite de tolerância.

Em resumo, a RFB deve constituir o crédito tributário, qualquer que seja das
duas interpretações: i) aplicando NEN e metodologia e procedimentos diretamente
da NHO 01 da Fundacentro, descartando integralmente o Anexo I da NR-15, que
é o entendimento correto; ii) ou, conhecendo do Anexo I da NR-15 apenas, e
unicamente, o seu item 6, descartando tudo mais (tabela, seus limites e o fator de
dobra (q=5), bem como a metodologia e procedimentos), conquanto se reafirme
prejudicado tal entendimento pelos motivos já explanados.
Superado isso, mesmo que o Decreto n. 3.048/99 ou a IN n. 77/15 não
fizessem alusão às metodologias e aos procedimentos definidos nas NHO 01
da Fundacentro, ainda assim tais artefatos se fazem presentes à documentação
ambiental da empresa, e por conseguinte ao procedimento fiscal, dado que
estabelecer NEN como LT é por consequência direta determinar que as metodologias
e os procedimentos definidos nas NHO 01 da Fundacentro sejam adotados, pois
estes são estritamente vinculados àquele. Além disso, tecnicamente, é impossível
chegar ao NEN sem o sequenciamento das etapas descritas na NHO 01. Repita-se,
não há NEN sem cumprimento literal da NHO 01.

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Curioso, é que, apenas como exercício de raciocínio, considerando a hipótese
absurda acima, ou seja, dar vida à alínea “a” do art. 280 da IN n. 77 do INSS, ter-
se-ia igual consequência prática. Isso porque o referido Anexo I da NR-15 do MTE
no item 6 assim dispõe:
Item 6: Se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois ou mais períodos de exposição a
ruído de diferentes níveis, devem ser considerados os seus efeitos combinados, de forma que,
se a soma das seguintes frações exceder a unidade, a exposição estará acima do limite de
tolerância.

Explica-se. Há formação de um looping irracional sobre a definição de limite


de tolerância (LT) que sempre volta ao mesmo ponto: dose unitária (exceder a
unidade). A alínea “a” do art. 280 da IN n. 77 do INSS remete ao Anexo I da NR-15
do MTE, que por sua vez, no item 6, assevera peremptoriamente que o LT é a dose
unitária, repisando seu caput (art. 280), que previra o LT na dose unitária (exceder
a unidade) alternativamente ao NEN de 85 dB(A).
Dessa forma cabe ao AFRFB perscrutar e perquirir, mediante papéis de
trabalho, se há ou não concretude da hipótese de incidência segundo a hierarquia:
Lei n. 8.212/91 e Lei n. 8.213/91; Decreto n. 3.048/99 e finalmente NHO 01 da
Fundacentro. Devendo o AFRFB constituir o crédito tributário, nos termos da IN n.
971 da RFB, por arbitramento, quando verificar o não atendimento da obrigação
acessória relativa às formalidades do LTCAT, ou seu substituto, o PPRA, no tocante
ao cumprimento (check-list) do método e procedimento definidos pela NHO 01 da
Fundacentro.
Cabe aqui um facilitador à gestão ambiental das empresas, às regras de
concessão de benefício pelo INSS e à fiscalização da RFB, pois é desnecessário
checar dados sobre Equipamento de Proteção Individual — EPI, uma vez que tais
equipamentos são absolutamente ineficazes. O Supremo Tribunal Federal (STF)
concluiu dia 04/12/2014, em julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo
(ARE) 664335, com repercussão geral reconhecida, e fixou duas teses que são
aplicadas em todo o país sobre os efeitos da utilização de EPI sobre o direito à
aposentadoria especial. Destaque-se a 2ª tese, a conferir:
1ª Tese: O direito à aposentadoria Especial pressupõe a efetiva exposição do
trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que se o EPI for realmente capaz
de neutralizar a nocividade não haverá respaldo constitucional à aposentadoria
especial.
2ª Tese: Na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos
limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil
Profissiográfico Previdenciário — PPP, no sentido da eficácia do Equipamento de
Proteção Individual — EPI, não descaracteriza o tempo especial para aposentadoria.
Juizados Especiais Federais — Turma de Uniformização das decisões das turmas
recursais dos Juizados Especiais Federais — Súmula n. 9: “Aposentadoria especial.

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Equipamento de proteção individual. O uso de equipamento de proteção
individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído,
não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado.
Para complicar mais, comparece o Manual de Perícia Médica aprovado pela
Resolução n. 600 do INSS, de 10.8.2017, ao repetir o vício já apontado ao insistir
na antijurídica alínea “a” da IN n. 77 do INSS. Todavia, vai além, ao ponto de
determinar uma fórmula diferente daquela expressa pela NHO 01 apenas para
acomodar o erro do fator de troca q=5, repita-se, ao arrepio do item 2.0.1 do
Anexo IV do Decreto n. 3.048/99.

Este Manual do INSS, ainda que mencione a fórmula do NEN da NHO 01,
qual seja, NEN = NE + 10 log 
Te 
 [dB] , solenemente ignora a hierarquia das
 100 
normas e ao invés de explicá-la, a deturpa, introduzindo, de forma dissimulada,
uma constante 16,61 na fórmula cujo significado já fora explicado nesta obra.
Na prática, serve para considerar o q=5 em nova ofensa ao Decreto, conforme a
seguir se transcreve, in verbis, da página 88 daquele manual (grifado):
Como a metodologia da Fundacentro prevê para o cálculo do NE o Q=3,
caso a aferição tenha por referência Q=5, aplica-se para o cálculo do
NEN, a seguinte fórmula adaptada:
NEN = NE + 16,61 x 10 log TE/480 [ dB ]
Nesse Manual, no tocante ao ruído, há várias remissões antijurídicas ao Anexo
I da NR-15, por se confrontarem com norma de hierarquia superior indevidas e
por isso devem ser consideradas nulas. Registre-se que por esse motivo todas as
referências desse Manual ao Fator de Dobra q=5 e Nível Limiar de Integração = 80
dB(A), bem como ao Anexo I da NR-15, como um todo, devem ser desconsideradas.
Finalmente, sem qualquer sombreamento de dúvida, consagram-se os
requisitos moldadores do fato gerador da aposentadoria por condições especiais,
consubstanciados no limite de tolerância do NEN = 85 dB(A), que implica dose
unitária (100%), apresentados em PPP e apurados mediante LTCAT compatível
com as competências auditadas, segundo as metodologias e os procedimentos
definidos na NHO 01 da Fundacentro. Em outras palavras, cabe única e
exclusivamente adotar os parâmetros de medição estabelecidos pelo Decreto n.
3.048/99, instrumentalizados pela norma NHO 01 da Fundacentro, que serve ao
reconhecendo do direito pelo INSS e ao crédito tributário pela RFB, considerando
obrigatoriamente o Nível Limiar de Integração = 80 dB(A) e Incremento de
Duplicação de Dose = 3 (q=3)
As metodologias de avaliação (integradores de uso pessoal ou portados pelo
avaliador) expressas na NHO 01 dão cabo dos parâmetros a serem rigorosamente

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seguidos. Os medidores integradores, também denominados de dosímetros de
ruído, a serem utilizados na avaliação da exposição ocupacional ao ruído, devem
atender às especificações constantes da Norma ANSI S1.25-1991 ou de suas
futuras revisões, ter classificação mínima IEC Tipo 2, ou superior, bem como
estarem ajustados de forma a atender aos seguintes parâmetros:
Circuito de ponderação — “A”.
Circuito de resposta = lenta (slow) ou rápida (fast), quando especificado pelo
fabricante.
Critério de referência = 85 dB(A), que corresponde a dose de 100% para uma
exposição de 8 horas.
Nível limiar de integração = 80 dB(A).
Faixa de medição mínima = 80 a 115 dB(A).
Incremento de duplicação de dose = 3 (q=3).
Indicação da ocorrência de níveis superiores a 115 dB(A).

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APLiCAÇÕES CoNFormE NormAS
PrEViDENCiáriAS, TriBuTáriAS E TrABALHiSTAS

Para fins dos regramentos do INSS e RFB que comandam a NHO 01 da


Fundacentro como norma mandatória, a avaliação da exposição ocupacional ao
ruído contínuo ou intermitente deverá ser feita por meio da determinação da dose
diária de ruído (D) ou do nível de exposição (NE), parâmetros representativos da
exposição diária do trabalhador. Esses parâmetros são totalmente equivalentes,
sendo possível a partir de um obter-se o outro, mediante as expressões matemáticas
que seguem:
 480 D 
NE = 10 x log  x  + 85 [dB (A)]
 Te 100 

Te NE − 85
D= x 100 x 2 [%]
480 3

Onde: NE = nível de exposição; D = dose diária de ruído em porcentagem; Te


= tempo de duração, em minutos, da jornada diária de trabalho.
O Nível de Exposição — NE é o Nível Médio representativo da exposição diária
do trabalhador avaliado. Para, finalmente, se fazer o cotejamento com o limite de
tolerância da NHO 01 se deve determinar o Nível de Exposição Normalizado (NEN),
que corresponde ao Nível de Exposição (NE) convertido para a jornada padrão
de 8 horas diárias. O Nível de Exposição Normalizado — NEN é determinado pela
seguinte expressão:
 Te 
NEN = NE + 10 log   [dB (A)]
 100 
Por exemplo se o medidor integrador (audiodosímetro), especificado e
calibrado conforme norma IEC Tipo II, depois de cumprido todo o procedimento
de significância da amostragem, apresentar uma dose de 250% em um tempo de
exposição de 240 min, pode-se aplicar as fórmulas acima para dispor os seguintes
resultados:
 480 250 
i. NE = 10 log  x  + 85 → NE = 91,99 dB(A)
 240 100 
 240 
ii. NEN = NE + 10 log   → NEN = 88,97 dB(A)
 480 
Se o NEN for superior a 85 dB(A) tem-se o reconhecimento da aposentadoria
especial pelo INSS ao mesmo tempo que dispara a constituição do crédito tributário

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consonante à rubrica do Financiamento da Aposentadoria por Condições Especiais
do Trabalho — FAE. Esse reconhecimento de face dupla se dá pela empresa via
GFIP/eSocial(22) ao consignar nos campos próprios, para cada mês-competência e
por NIT, os códigos de 25 anos e alíquotas de 6%.
A empresa não declarando em GFIP/eSocial tal fato social (NEN for superior a
85 dB(A)), obriga ao AFRFB constituir crédito tributário correlato, por arbitramento,
nos termos da IN n. 971/15 da RFB.
Superado esse primeiro estofo conceitual sobre o fator ruído perante dispo-
sições do INSS e RFB, apresentam-se a seguir algumas considerações basilares ao
terceiro efeito: adicional de insalubridade regulado pelo Anexo I da NR-15 do MTb.

Adicional de insalubridade

O Anexo I da NR-15 serve, apenas, e tão somente, para pagar adicional de


insalubridade. O Anexo IV do RPS vincula norma NHO 01 da Fundacentro, logo
o Anexo I da NR-15 não se aplica à matriz tributária do FAE. Reforce-se que os
critérios para constituição do crédito tributário do FAE, bem como para concessão
de aposentadoria especial estão lá devidamente pavimentados.
Todavia, por conta da intromissão interpretativa que o Anexo I da NR-15
provoca, faz-se necessário pacificar sobre o suporte científico e a interferência
política dessa norma de compensação monetária ao risco deliberado mediante
pagamento de 20% do salário mínimo.
Pacificar a matéria quer dizer: evitar escapismos semânticos e ginásticas
hermenêuticas que suscitam teses mirabolantes nos tribunais tendentes a inviabilizar
o reconhecimento de direito pelo INSS e à sonegação fiscal, escamoteadas por
uma norma trabalhista obsoleta, anacrônica e matematicamente errada.
A Portaria n. 3.214 do MTE, no original, com 28 Normas Regulamentadoras
— NR (hoje com 36), foi publicada em 1978. Nesse bojo veio o Anexo I da NR-15(23)
que trata de ruído, conjuntamente aos demais anexos, mantendo-se intacto desde
então, em que pesem as brutais transformações tecnológicas, científicas e sociais
nesses 40 anos, notadamente a Promulgação da Constituição Federal de 1988.
Essa portaria regulamentou o Capítulo V da CLT, que passou a tratar da matéria de
forma sistêmica e ampliada, no campo do direito trabalhista, por força da recém-
-editada Lei n. 6.514 de 1977.
Dadas as condições prementes à época, a comissão (MTE e Fundacentro)
encarregada da regulamentação dessa lei teve por bem “importar” o estado da

(22) eSocial substituirá gradativamente a GFIP a partir de 2018, conforme cronograma <https://
portal.esocial.gov.br/>.
(23) <http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/05/mtb/15.htm>.

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arte estadunidense, traduzindo para o Brasil as normas da American Conference of
Governmental Industrial Hygiene — ACGIH(24) em vigor em 1976. Portanto, ainda
se aplica no Brasil de hoje uma definição de insalubridade dos EUA daquela época.

Critério de referência e fator de dobra

Nesse mister, discorre-se a seguir sobre dois pilares que sustentam o


diagnóstico e suas consequências: o ambiente do trabalho está ou não com nível
sonoro além do que se permite à saúde humana? Esses pilares são: Critério de
Referência e Fator de Dobra.
Critério de Referência (CR), conforme ISO 1999/90(25), é o corte populacional
(quantum de sacrifício) que admite que uma parcela de 50% da população exposta
a um ambiente ruidoso venha a desenvolver perda auditiva superior a:
i. 2 dB, na média, para frequências de 0,5, 1, 2 e 3 KHz respectivamente,
para 40 anos de exposição.
ii. 1,5 dB, na média, para frequências de 0,5, 1, 2 e 3 KHz respectivamente,
para 20 anos de exposição.
iii. 1 dB, na média, para frequências de 0,5, 1, 2 e 3 KHz respectivamente,
para 10 anos de exposição.
Atualmente, no Brasil, há unificação de CR e ambas as normas (Anexo I da
NR-15 e NHO 01 da Fundacentro) alinhadas à norma padrão internacional ISO
1999/90 que corresponde: a um nível médio, 85 dB(A), para o qual a exposição,
por um período de 8 horas, corresponderá a uma dose de 100%.(26)

(24) <http://www.acgih.org/>.
(25) ISO-1999/1990: The statement in the occupational exposure limit that the proposed OEL (85
dB(A)) will protect the median of the population against a noise-induced permanent threshold shift
(NIPTS) after 40 years of occupational exposure exceeding 2 dB for the average of 0.5, 1, 2, and 3 kHz.
(26) Curiosamente, houve um tempo em que a norma previdenciária (INSS) assumiu o CR de 90
dB(A) para 8h. Até 4 de março de 1997 — véspera da publicação do Decreto n. 2.172, de 5 de
março de 1997, vigoravam os Anexos I e II do Regulamento de Benefícios da Previdência Social
— RBPS, aprovado pelo Decreto n. 83.080, de 24 de janeiro de 1979. Nessa época, o limite de tole-
rância para ruído era de 80 dB(A), que pela NR-15, representa 50% da dose unitária, considerando
o fator de dobra 5 (q=5). Dessa forma o critério era de altíssima elegibilidade ao benefício, pois a
maioria dos trabalhadores expostos a ruído alcançava esse limite. Decreto n. 2.172, de 5 de março
de 1997, até 31 de dezembro de 2003. Sob a égide desse decreto o limite de tolerância para ruído
foi majorado, passando de 80 dB(A) para 90 dB (A), pela NR-15, saindo de 50% para 200% da
dose unitária, considerando o fator de dobra 5 (q=5). Dessa forma o governo implementou uma
fortíssima restrição ao acesso ao benefício. Está em vigor o Decreto n. 4.882/2003, desde de 01
janeiro de 2004 até os dias atuais. Este Decreto faz uma reestruturação conceitual, retificando as
falhas dos decretos anteriores, ao adotar o fator de dobra 3 (q=3), a metodologia e procedimentos
da NHO 01 da Fundacentro e principalmente a definição de Nível de Exposição Normalizado — NEN
com limite de tolerância considerado igual ou acima de 85 (oitenta e cinco) dB (A) ou se for ultra-

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Está no quesito Fator de Dobra cizânia e motivo de tanta polêmica: situação
esdrúxula. O Brasil convive com dois fatores: um anacrônico e obsoleto (q=5)
segundo o Anexo I da NR-15; outro, compatível com as evidências científicas mais
robustas (q=3) da NHO 01 da Fundacentro.
Para conduzir a explicação, faz-se a pergunta: por que o Anexo I da NR-15 do
MTE destoa da metodologia, procedimento e limites da NHO 01 da Fundacentro?
Qual a origem dessa controvérsia? Respostas: basicamente porque o Anexo I da
NR-15 do MTE está obsoleto e anacrônico. Carece de atualização.
Esse Anexo I representa o estado da arte existente na ciência na década de
70 do século passado, quando a edição da ACGIH serviu de base à Portaria n.
3.214/78 do MTE que aprovou as Normas Regulamentadoras — NR, e dentre elas
a NR-15(27).
Enquanto que as normas da Fundacentro, por não dependerem e nem
conterem as amarras do tripartimo, e, portanto, menos sujeitas aos interesses
empresariais, conseguem seguir uma trajetória de atualização compatível aos
avanços das ciências e necessidades sociais. A NHO 01, por exemplo, foi editada
e produz efeitos desde o ano de 2001.
Os valores dos limites de tolerância da Portaria n. 3.214/78 foram estabele-
cidos com base na ACGIH-1976, que é uma entidade internacional dedicada ao
estudo e à proposição de limites para os vários agentes ambientais, os chamados
Thresold Limit Value — TLV® (Limites de exposição). Os TLV® são níveis ou con-
centrações a que se acredita que a maioria dos trabalhadores possa estar exposta,
dia após dia, sem sofrer efeitos adversos à saúde (ACGIH, 1958)(28).
A diferença entre a definição técnica dos TLV e a definição legal dos LT é
que a lei não pode fazer distinção entre pessoas, de modo que os LT se aplicam
igualmente a todos os trabalhadores asseverando que abaixo deles todos estão
protegidos. Por outro lado, a definição técnica (TLV) não é tão rígida, permitindo
que os limites de exposição não sejam aplicados a todos os trabalhadores, graças
à variação da susceptibilidade individual, em que uma parcela poderá apresentar
até uma determinada doença em concentrações iguais ou inferiores ao LT.

passada a dose unitária. Dessa forma acabou com o erro de duplicação de dose que adotava q=5 e
transformou uma norma recomendatória em norma mandatória para fins de INSS e RFB, vinculando
os limites de tolerância, medições, procedimentos, equipamentos, certificação e metodologia à NHO 01
da Fundacentro.
(27) Artigo Técnico publicado pela Revista ABHO, ano 9, n. 21, em setembro/2010, além do enorme
valor histórico, é revelador da saga brasileira contra a chaga social representada pelos acidentes do
trabalho.
(28) Limites de Exposição (TLVs) para Substâncias Químicas e Agentes Físicos e Índices Biológicos de
Exposição (BELs). Tradução ABHO — Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais. Cincinnati,
1958. ACGIH — (American Conference of Governamental Industrial Hygiene).

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Limite de Tolerância para ruído deve ser bem compreendido. Conforme o
Anexo I da NR-15 o nível máximo permitido para 8 horas de jornada diária é de
85 dB(A), o que não significa absolutamente que o limite de exposição para
ruído seja 85 dB(A), mas, como visto, um critério de referência, quando
muito um critério de referência primário. Na verdade, o limite de tolerância
para ruído varia de acordo com o tempo de exposição.
Para entender melhor, basta analisar o dito Anexo I. O nível de pressão
sonora permitido depende do tempo de exposição, assim, para um nível de 90
dB(A) o tempo máximo permitido de exposição será de 4 horas. Como na vida
real os níveis de ruído nos locais de trabalho são múltiplos e variados o correto é
utilizar a soma das frações de dose e, por conseguinte encontrar a dose diária a
que o trabalhador está exposto. O parâmetro dose pode ser obtido por meio de
dosímetros de ruído, ou da fórmula:
C1 C2 C3 Cn
D= + + + ... +
T1 T2 T3 Tn

Nessa equação, Cn indica o tempo total que o trabalhador fica exposto a


um nível de ruído específico, e Tn indica a máxima exposição diária permissível a
este nível, segundo o Quadro do Anexo I. A dose diária não deve ultrapassar a
unidade, ou o limite de tolerância terá sido excedido.
Segundo a Tabela 7 da TLV® da ACGIH de 1976 transposta, com adaptações,
ao Anexo I da NR-15 da Portaria n. 3.214/78, a exposição diária pode ser
apresentada em decibéis ou em porcentagem, sendo que se tem como critério de
referência (CR), para a jornada de um dia de trabalho, a exposição de 8 horas a 85
dB(A), o que corresponde a uma dose de exposição de 100%. Se a dose exceder
100%, será ultrapassado o limite de exposição permitido(29).

(29) ARCURI, A. S. A.; CARDOSO, L. M. N. Limite de Tolerância? Revista Brasileira de Saúde Ocupa-
cional. 1991; p 19: 99-106

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Figura 7: Fonte primária do Anexo I da NR-15 da Portaria n. 3.214/78 (transcrição do original)

Table 7
Threshold Limit Values
Duration per day Sound Level
Hours dBA
16 80
8 85
4 90
2 95
1 100
1/2 105
1/4 110
1/8 115*
* No exposure to continuous or intermittent in excess of 115 dBA

Fonte: Tabela 7 da TLV® da ACGIH de 1976(30)

A versão brasileira dessa tabela foi adaptada ao Anexo I da NR-15 inserindo


mais linhas acima de 85 dB(A) e suprimindo todas as linhas abaixo disso. O acréscimo
de linha para intensidade sonora superior a 85 dB(A) foi dado pela fórmula:
16
T (h) = Lavg−80
2 5

Por exemplo, dada energia média de 92 dB(A), o tempo de exposição


correspondente será de 3 h, conforme cálculo abaixo:
16 16 16
T=
(h) =
92−80
T=
(h) =12
T=
(h) = 3h
5 5
22,4
2 2

Assim se preencheu o Anexo I da NR-15, versão brasileira da Tabela 7 —


TLV® da ACGIH de 1976. Diz-se adaptada porque a versão brasileira fez inserção
de linhas para intensidades acima de 85 dB(A) e supressão daquelas abaixo disso
inexistente nos originais estadunidenses. A figura a seguir apresenta a tabela
inteira aplicando a fórmula e comparando ao que está legislado.

(30) ACGIH — (American Conference of Governamental Industrial Hygiene), Documentation of the


Threshold Limit Values and Biological Exposure Indices, 1976, v. 1 : p. 01-718.

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Figura 8: Nível Sonoro e Tempo Máximo Permitido (Anexo 1, da NR-15) com q=5 e Critério de Referência
(CR) de 85 dB(A) para 8h com descarte dos tempos cujas intensidades sejam inferiores a 85 dB(A)

Nível de ruído dB(A) Tempo máximo diário permissível (Tn)


Notas
(minutos)
85 480,00 Critério de Referência
86 420,00
87 360,00
88 300,00
89 270,00
90 240,00
91 210,00
92 180,00
93 75,59
94 60,00
95 120,00
96 105,00 q=5 dB (A)
98 75,00
100 60,00
102 45,00
104 35,00
105 30,00
106 25,00
108 20,00
110 15,00
112 10,00
114 8,00
Exposição impossível por
115 7,00 exiguidade temporal
Fonte: Anexo I da NR-15 (adaptado)

Registre-se que a fórmula acima, bem como o quadro retromencionado só se


aplicam, se, e somente se, o objetivo for pagamento de adicional de insalubridade.
Nesse propósito, tais combinações são altamente nefastas ao trabalhador, pois
além de impor um equivocado q=5(31), há ainda o descarte das cargas sonoras

(31) Suter (1992) also concluded that the 3 dB(A) exchange rate was the method most firmly sup-
ported by the scientific evidence now available. Some key arguments summarized were: 1. TTS2
(TTS measured 2 minutes after exposure) is not a consistent measure of the effects of a single day’s

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entre 80 dB(A) e 85 dB(A). Ou seja, o Nível Limiar de Integração é artificialmente
erguido para 85 dB(A), deixando de fora as cargas ruidosas agressivas abaixo
disso.
Depreendem-se do Anexo I da NR-15 os seguintes parâmetros, que, como se
verá mais adiante, estão equivocados, quais sejam:
i. Nível limiar de integração = 85 dB(A)
ii. Incremento de duplicação de dose q=5
Além da estagnação do Anexo I da NR-15 às práticas e saberes da ACGIH
de 1976, conforme item acima, há um enorme agravante, pois, a importação que
foi feita em 1978, ao se publicar a Portaria n. 3.214/78, trouxe consigo vieses
introduzidos por força de compatibilização normativa, conforme se aponta a
seguir:

exposure to noise, and the NIPTS after many years may be quite different from the TTS2 produced
at the end of an 8-hour day. Research has failed to show a significant correlation between TTS and
PTS, and the relationships between TTS, PTS, and cochlear damage are equally unpredictable. 2.
Data from animal experiments support the use of the 3 dB(A) exchange rate for single exposures of
various levels within an 8-hour day. But there is increasing evidence that intermittentcy can be benefi-
cial, especially in the laboratory. However, these benefits are likely to be smaller or even nonexistent in
the industrial environment where sound levels during intermittent periods are considerably higher and
where interruptions are not evenly spaced. 3. Data from a number of field studies correspond well to
the equal-energy rule. 4. CHABA’s assumption of the equal temporary effect theory is also questionable
in that some of the CHABA-permitted intermittent exposures can produce delayed recovery patterns
even though the magnitude of the TTS was within “acceptable” limits, and chronic, incomplete recovery
will hasten the advent PTS. The CHABA criteria also assume regularly spaced noise bursts, interspersed
with periods that are sufficiently quiet to permit the necessary amount of recovery from TTS. Both of
these assumptions fail to characterize noise exposures in the manufacturing industries, although they
may have some validity for outdoor occupations, such as forestry and mining. Por tradução livre do
autor: Suter (1992) concluiu que o fator de 3 dB (A) era o método mais firmemente suportado pela
evidência científica agora disponível. Alguns dos principais argumentos resumidos foram:
1. O TTS2 (TTS medido 2 minutos após a exposição) não é uma medida consistente dos efeitos de uma
exposição de um dia ao ruído e o NIPTS, pois após muitos anos pode ser bastante diferente do TTS2
produzido no final de um dia de 8 horas. A pesquisa não mostrou correlação significativa entre TTS e
PTS, e as relações entre TTS, PTS e danos cocleares são igualmente imprevisíveis. 2. Os dados de expe-
riências com animais apoiam o uso do fator de troca a 3 dB (A) para exposições únicas de vários níveis
dentro de um dia de 8 horas. Mas há evidências crescentes de que a intermitência pode ser benéfica,
especialmente no laboratório. No entanto, esses benefícios provavelmente serão menores ou mesmo
inexistentes no ambiente industrial onde os níveis de som durante os períodos intermitentes são conside-
ravelmente maiores e onde as interrupções não estão uniformemente espaçadas. 3. Os dados de uma
série de estudos de campo correspondem bem à regra de energia igual. 4. O pressuposto de CHABA da
teoria do igual efeito temporário também é questionável em que algumas das exposições intermitentes
permitidas por CHABA podem produzir padrões de recuperação atrasados, embora a magnitude do TTS
esteja dentro dos limites “aceitáveis” e a recuperação crônica e incompleta acelerará a chegada do PTS.
Os critérios CHABA também assumem razões de ruído regularmente espaçados, intercalados com perío-
dos suficientemente silenciosos para permitir a quantidade necessária de recuperação de TTS. Ambos os
pressupostos não caracterizam a exposição ao ruído nas indústrias de manufatura, embora possam ter
alguma validade para ocupações ao ar livre, como a silvicultura e a mineração.

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i. A tabela original indicava Nível Limiar de Integração = 80 dB(A), que
correspondia a 16h de jornada (no máximo). Os técnicos(32) da Fundacentro
sinalizaram com o aceite desse limite, todavia o setor jurídico do MTE não acatou
a recepção dessas linhas da tabela argumentando que a carga horária máxima
permitida era de 8h e não faria sentido previsão de limites para tempos superiores.
Dessa forma os tempos máximos permitidos para exposição superiores a 80 dB(A)
e inferiores a 85 dB(A) foram simplesmente excluídos da importação(33).
Na versão original constava a somatória de frações de dose, conforme
fórmula apresentada no item 0 cujo método é a dosimetria. Por que então isso não
ficou expresso na Portaria? O dosímetro à época era raridade aqui no Brasil. As
empresas e a fiscalização deveriam tê-lo, todavia o próprio governo não dispunha.
Daí a simplificação para uso medidor de pressão sonora instantânea, cujo nível
de erro é altíssimo. Tanto é que a própria NHO 01 da Fundacentro o proíbe nas
situações acústicas de variação e multiplicidade altas(34).
Consequência prática do descarte dos tempos máximos permitidos para
exposição inferiores a 85 dB(A) e superiores a 80 dB(A), bem como do uso de
q=5, aparece com as horas-extras, prática muito comum. Assim, se determinar
o trabalhador 4 horas-extras a jornada de 8h, tem-se um tempo total de 12h
(T=12h), submetido, por exemplo, a uma energia média (Lavg) de 92 dB(A). Nesse
caso, obtém-se:
16
T (h) = 92−80
→ operando a álgebra de logaritmos →
2 5
  16     16  
 Log     Log   
Lavg = 5 x   T   += 80 → Lavg 5 x   12   + 80 →
 log2   log2 
   
   
 log (1,33) 
Lavg = 5 x   + 80 → 82dB(A)
 log2 

(32) Revista ABHO, ano 9, n. 21. p. 9.


(33) Essa exclusão implica resultados siginificatimente inferiores aos que seriam obtidos caso se com-
putadas as exposições a partir de 80 dB(A).
(34) Item 5.1 da NHO 01 da Fundacentro: A avaliação deve ser realizada utilizando-se medidores
integradores de uso pessoal, fixados no trabalhador. Na indisponibilidade destes equipamentos, a
Norma oferece procedimentos alternativos para outros tipos de medidores integradores ou medi-
dores de leitura instantânea, não fixados no trabalhador, que poderão ser utilizados na avaliação
de determinadas situações de exposição ocupacional. Em cada caso deverão ser seguidos os pro-
cedimentos de medição específicos estabelecidos na presente Norma. No entanto, as condições
de trabalho que apresentem dinâmica operacional complexa, como, por exemplo, a condução de
empilhadeiras, atividades de manutenção, entre outras, ou que envolvam movimentação constante
do trabalhador, não deverão ser avaliadas por esses métodos alternativos.

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Assim, para 12h de trabalho, tem-se um nível sonoro médio de Lavg = 82 dB(A).
Como essa energia está entre 85 dB(A) e 80 dB(A), deve ser descartada. Há aqui fla-
grante ofensa ao trabalhador, com agravante de inclusive dissimular o pagamento do
adicional e consigo o direito a se aposentar mais cedo. Ademais, ataca-se o princípio
constitucional da dignidade da pessoa humana, comete-se crime de sonegação fiscal
por deixar recolher FAE à RFB, bem como o direito à redução de risco.
Esse fato se agrava mesmo quando se mantém o Lavg em 85 dB(A), pois,
novamente, basta fazer hora-extra, além das 8h, para se agredir o trabalhador
sem a subsunção do adicional de insalubridade, conforme se demonstra a seguir:
16
T (min) = 85−80
= 8h
2 5

Ou seja, pela fórmula acima, qualquer quantidade de tempo extra a 85 dB(A),


depois das 8h nessa condição, ultrapassa-se a dose de 100%. A desvantagem ao
trabalhador se agrava, notadamente nesse intervalo entre 85 dB(A) e 80 dB(A),
pois, projetando-se tempos para esses níveis de energia, tem-se:
16
i. Para Lavg de 83 db(A)  T (min) = 83−80 = 10h que implica o máximo de
duas horas extras. 2 5

16
ii. Para níveis de Lavg na casa dos 80 dB(A)  T (min) = 80 −80
= 8h cujo
2 5
máximo esbarra em oito extras. Assim em diante, conforme se apresenta na
figura seguinte.
Figura 9: Carga ruidosa descartada para fins de pagamento de
horas-extras ou quando se expõe a menos de 85 dB(A)

Nível de ruído dB(A) Máxima exposição diária


80 16 horas
81 14 horas
82 12 horas
83 10 horas
84 09 horas
85 08 horas
Fonte: próprio autor

Por tudo isso, reforça-se a bifurcação necessária quanto à exegese normativa,


pois quando o objeto for pagamento de adicional de insalubridade por ruído
contínuo ou intermitente deve-se aplicar Anexo I da NR-15. Apenas para este fim.

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Para os demais propósitos (RFB; INSS; prevenção do meio ambiente do
trabalho e poluição ambiental em relação aos trabalhadores, bem como para
pesquisa e desenvolvimento científico em todas as áreas relacionadas à saúde
humana) a NHO 01 da Fundacentro é mandatória, por força do direito, quando
norma superior a vincula, tal qual o caso da RFB e INSS, assim como pela verdade
científica, dado que hoje seus procedimentos e metodologias se coadunam aos
conhecimentos vigentes, coisa de que definitivamente o Anexo I da NR-15 se
distanciou há muito.
As normas internacionais ANSI(35), NIOSH(36), ACGIH(37),inclusive de padroni-
zação, como a ISO(38), há muito deixaram claro a impertinência técnica do fator
de dobra q=5, demonstrando seu despropósito científico. O fator de dobra (q=3)
adotado pelo Brasil no âmbito previdenciário e tributário é o correto, verdadeiro.
Nesse sentido expressamente assevera a Nota do item 3.12 da ANSI_S1_25
ao reconhecer o fator de troca de 3 dB como aquele verdadeiro ou de energia real.
Por tradução livre, tem-se(39): Em geral, para fator de troca de 3 dB, que às vezes
é chamado de sistema de “energia real”, a exposição de som pode ser definida
como a integral de tempo da pressão de som instantânea elevada ao quadrado
em circuito de ponderação “A”. O tempo estimado é opcional ou não pode ser
usado.
Igualmente pelo item 3.13 da ANSI_S1_25, que faz previsão expressa quanto
ao obsoletismo do q=5, ao dizer, por tradução livre(40): Critério de Exposição

(35) ANSI S1.25: Specification for Personal Noise Dosimeters. <https://archive.org/details/gov.law.


ansi.s1.25.1991>.
(36) The NIOSH recommended exposure limit (REL) of 85 dBA for occupational noise exposure
audiometric frequency in the definition of hearing impairment. The new risk assessment reaffirms
support for the 85-dBA REL. The excess risk of developing occupational noise-induced hearing loss
(NIHL) for a 40-year lifetime exposure at the 85 dBA REL is 8%, which is considerably lower than
the 25% excess risk at the 90 dBA permissible exposure limit currently enforced by the Occupational
Safety and Health Administration (OSHA) and the Mine Safety and Health Administration (MSHA).
Tradução livre: O NIOSH recomendou o limite de exposição (REL) de 85 dBA para a frequência au-
diométrica da exposição ao ruído ocupacional na definição de deficiência auditiva. A nova avaliação
de risco reafirma o suporte para o REL de 85 dBA. O excesso de risco de desenvolver perda auditiva
induzida pelo ruído ocupacional (NIHL) para uma exposição de vida de 40 anos no REL de 85 dBA é
de 8%, o que é consideravelmente menor do que os 25% no limite de exposição admissível de 90
db, atualmente aplicado pela OSHA e a Administração da Segurança e Saúde das Minas (MSHA).
(37) ACGIH American Conference of Governmental Industrial Hygienists, USA. <http://www.acgih.org>.
(38) ISO 1999: Acoustics—Determination of Occupational Noise Exposure and Estimation of Noise-In-
duced Hearing Impairment.
(39) Nota do item 3.12 da ANSI_S1_25 (grifado): in general, for the 3 db exchange rate, which is
sometimes called the “true energy” sistem, sound exposure may be defined as the time integral
of square instantenous A-weighted sound pressure. Time averiging is optional, or may not be used.
(40) Criterion Sound Exposure. The product of the criterion duration and the mean-square sound
pressure corresponding to the criterion sound level when the 3 dB exchange rate is used. The product

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Sonora. O produto da duração do critério e média quadrática da pressão sonora
correspondente critério de nível sonoro quando o fator de troca de 3 dB é
utilizado. O produto da duração do critério e a potência de 0,6 ou 0,75 média
quadrática da pressão sonora correspondente ao critério de nível sonoro quando,
respectivamente, é utilizado o fator de troca de 5 dB ou 4 dB.
Eis a origem do fator de dobra q=5! Descobre-se então a origem do q=5
como uma conta de chegada, pois decorre da aplicação de um redutor de 40% da
energia verdadeira de exposição (q=3), ou seja, conforme item acima, divide-se o
verdadeiro fator de q=3 por 0,6, que dá o q=5.
Pontua-se então a afirmação de que o Anexo I da NR-15 é obsoleto, anacrônico
e matematicamente equivocado. Na avaliação do ruído, a explicação do erro
passa pelo correto entendimento sobre em que consiste o fator de dobra (q), ou
exchange rate (ER), que é de 3 dB e não de 5 dB. Para facilitar essa abordagem,
faz-se uso de um exemplo, conforme a seguir.
Para se calcular o incremento em dB, quando se dobra o Nível de Intensidade
Sonora — NIS (W/m2), pode-se raciocinar sobre duas máquinas idealmente iguais e
próximas, com intensidade sonora (I). Tem-se a álgebra para duas máquinas, cuja
intensidade resultante, quando ligadas, passa a ser de 2I. Considere-se a fórmula
acima:

 2 I
i. Na fórmula o numerador I = 2I  dB = 10log   , operando propriedade
I  I0 
logarítmica da multiplicação  10log   + 10log2  a primeira parcela da
 I0 
expressão exprime a intensidade de uma máquina ligada. Quando acionada
a segunda máquina, tem-se energia acrescida que corresponde à segunda
expressão (10 log2), que resulta em 3,010 dB como energia total após
acionamento de ambas as máquinas.
ii. Arredondando, tem-se que o aumento é de três decibéis (3 dB), quando se
liga a segunda máquina. Ou seja, cada aumento/redução da intensidade na
razão de 2 (Fator 2/1), tem-se uma adição ou subtração, em decibéis, na razão
de 3, daí se asseverar que o fator de duplicação é 3dB e que, portanto, o Anexo
I da NR-15 está matematicamente errado. Esse é o próprio conceito de fator de
dobra ou Incremento de Duplicação de Dose (q), pois o incremento em decibéis,
quando adicionado a um determinado nível, implica a duplicação da dose de
exposição ou a redução para a metade do tempo máximo permitido.
O quadro seguinte apresenta a evolução dos parâmetros e demonstra o quão
equivocada se encontra a norma trabalhista brasileira para fins de insalubridade

of the criterion duration and the 0,6 or 0,75 power of the mean-square sound pressure correspond-
ing to the criterion sound level when the 5 dB or 4 dB exchange rate respectively is used.

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perante demais referências(41) e até mesmo o desprestígio à produção científica
da Fundacentro, que curiosamente está vinculada ao MTE. Com destaque para
ACGIH, precursora do Anexo I da NR-15, que nas edições subsequentes reconheceu
e atualizou seus parâmetros, conforme indica a Figura 9.
Destaque-se que a Presidência da República, mediante decreto, vinculou e deu
caráter cogente às normas da Fundacentro quando se tratar de direito previdenciário
e tributário. Todavia, remanescem tais normas como recomendatórias no campo
do MTb.
Figura 10: Referências normativas e seus parâmetros para avaliação de ruído(42)(43)

NHO 01 da
ACGIH Anexo I da ACGIH OSHA RFB e
Parâmetro Fundacen-
(1976) NR-15 (1978) (2017) (2017) INSS
tro (2001)
Dose 100% Dose 100% Dose 100% Dose 100% Dose 100%
Critério de
8h por dia 85 8h por dia 85 8h por dia 85 8h por dia 85 8h por dia 85
Referência
dB(A) dB(A) dB(A) dB(A) dB(A)
Fator de
Troca q=3 5 5 3 3 5 NHO 01
(dBA)
Nível de
Limiar de 85 dB(A) 85 dB(A) 85 dB(A) 85 dB(A) 90 dB(A)
Integração

Fonte: Próprio Autor

Para se ter uma ideia prática do enorme prejuízo à saúde do trabalhador


que a manutenção desse Anexo I da NR provoca, faz-se uso a seguir do estudo
das pesquisadoras da Fundacentro — Teresa Cristina Nathan Outeiro Pinto e
Maria Cristina Esposito Silverio — que, mediante exemplificação de campo, deixa
insofismável tal assertiva(44). Têm-se cinco trabalhadores de uma usina de reciclagem
de entulho da construção civil, conforme quadro:

(41) Curiosidade. Faz-se um paralelo temático entre instituições estadunidenses e brasileiras: OSHA 
Fiscalização Vigilância Sanitária pelo SUS e Secretaria de Inspeção do MTE; NIOSH  Pesquisa pela
Fundacentro e ACGIH  Associação de Profissionais (ABHO).
(42) O INSS variou critérios no tempo, conforme a seguir: até 5 de março de 1997 — exposição for
superior a oitenta dB (A); de 6 de março de 1997, até 10 de outubro de 2001 — exposição for supe-
rior a noventa dB (A); de 11 de outubro de 2001 a 18 de novembro de 2003 — exposição for superior
a noventa dB (A); e, a partir de 01 de janeiro de 2004 — Nível de Exposição Normalizado — NEN se
situar acima de 85 (oitenta e cinco) dB (A) ou for ultrapassada a dose unitária.
(43) The TLV®s used as reference by Brazilian law, was from ACGIH ®, 1976. ACGIH ® TLV’s took
into account the working day of 40 hours / week. 1978 NR’s OEL’s had to be adjusted for 48 hours
/ week. TLV’s had to be reduced for Brazil at that time and were 22% lower than ACGIH due to this
adjustment in 1978.
(44) <http://docplayer.com.br/22762023-Titulo-analisando-os-limites-de-tolerancia-brasileiros-auto-
ras-teresa-cristina-nathan-outeiro-pinto-maria-cristina-esposito-silverio-p.html(2005)>. Acesso em: 30
jul. 2017.

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Cargo Trabalhador
Operador de botoeira A
Separador na esteira próximo ao britador B
Motorista da pá carregadeira C
Separador de material na frente da esteira D
Ajudante na separação de material E
Fonte: Teresa e Maria Cristina (2005)

A avaliação ambiental foi realizada com dosímetros de ruído que permitiam


a colocação dos dois critérios de referência: Anexo 1 da NR-15 e da NHO 01
(Fundacentro). Como os parâmetros utilizados eram diferentes, as doses de
exposição obtidas também foram diferenciadas, conforme demonstrado na Figura.

Figura 11: Resultados obtidos avaliação cinco trabalhadores de uma


usina de reciclagem de entulho da construção civil

5000
4724,23
4000
Dose (%)

3000

2000

1000
869,31
160,96
100,11 213,78 75,76
0
A B C D E
NR-15 117,17 100,11 869,31 151,74 75,76
NHO 01 246,3 213,78 4724,13 435,74 160,96
Trabalhador

Fonte: Teresa e Maria Cristina (2005)

A análise dos dados permite concluir que os cinco trabalhadores estão em


situação de risco pelo critério da NHO 01; porém o “E”, não, dada a permissividade
da NR-15, que aponta dose de 75,76%. Para os cinco trabalhadores há ativação
do tributo FAE e, portanto obrigação da empresa em recolher à RFB a quantia de
6% sobre as remunerações, tendo os mesmos direito à conversão de tempo para
especial (25 anos), nesse mês de trabalho declarado em GFIP (eSocial).
Além disso, todas as medidas de engenharia e administrativas devem ser
tomadas para mitigar esse ostensivo desequilíbrio ambiental, sob pena de se

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cometer crime doloso de expor a risco (dolo eventual), em especial contra o
trabalhador “C” que sofre um excesso de risco de 4.624,23%(45).
O disparate se acentua, quando se verifica que a empresa deixará de pagar
adicional de insalubridade ao trabalhador “E”, pois pela NR-15 a dose ficou abaixo
de 100% (75,76%), apesar da energia real, verdadeira, ser de 2,12 vezes maior
e ultrapassar em 60,96% o máximo permitido. Ou seja, ativou norma tributária e
previdenciária, isentando de alcance a trabalhista.
Detalhe marcante são as diferenças de magnitude das doses comparadas,
cujas razões entre NHO 01 (valor verdadeiro) e NR-15 (valor comprimido) mostram,
respectivamente: 2,10 para “A”; 2,13 para “B”; 5,43 para “C”; 2,87 para “d” e
2,12 para “E”.
Esse exemplo prático das pesquisadoras demonstra de forma cabal o
enorme prejuízo à verdade científica e ao direito do trabalhador, com todas as
consequências ambientais, previdenciárias, sanitárias e tributárias, sem falar é claro
do mais importante: o ultraje à dignidade da pessoa humana. Há nesse exemplo
algumas explicações que maculam a aplicação do Anexo I da NR-15:
i. Descarte das energias inferiores a 85 dB(A) e superiores a 80 dB(A), por conta da parametri-
zação de Nível de Limiar de Integração — NLI em 85 dB(A), na jornada normal.
ii. Descarte das energias inferiores a 85 dB(A) e superiores a 80 dB(A), por conta da parametri-
zação de Nível de Limiar de Integração — NLI em 85 dB(A) nas horas extras.
iii. Altíssima compressão das energias de forma artificial, meramente algébrica, via q=5, que
faz com que a energia verdadeira de 4.724,63% seja computada, falsamente, como 869,31%
no caso do trabalhador “C”. Ou seja, uma compressão descomunal de 5,43 vezes.

Tem-se então que a adoção desses dois parâmetros (NLI > 85 dB(A)
e q=5) autoriza uma fraude para muito além do direito, uma fraude científica
com repercussões catastróficas ao trabalhador. Lembrando que nos patamares
ruidosos do exemplo, o marcador não é a surdez, ainda que para ela convirja,
mas a amputação, lesão, acidente e a morte, pois os efeitos extra-auditivos do
ruído relacionados aos distúrbios e disfunções cardíacas, circulatórias, hormonais,
psíquicas, emocionais inevitavelmente a eles causam.
Por tudo até aqui exposto, o uso das fórmulas, tabelas e exemplos acima,
baseados no Anexo I da NR-15, é equivocado e não deve ser aplicado quando o
objeto investigado é a prevenção ou ainda o bem jurídico tutelado é o benefício
de aposentadoria precoce por exposição (INSS), com repercussão tributária
relacionada ao FAE (RFB) isso porque para tais situações, deve-se usar a norma
NHO 01 da Fundacentro e seus parâmetros, na íntegra.

(45) Código Penal. Perigo para a vida ou saúde de outrem. Art. 132. Expor a vida ou a saúde de
outrem a perigo direto e iminente: Pena — detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui
crime mais grave. Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da
vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços
em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais.

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FuNDAmENToS CiENTÍFiCoS rELATiVoS Ao ruÍDo

Considerando a especificidade da consulta formulada, não há outra opção


neste trabalho — para salvaguardar a correta compreensão do objeto e principal-
mente das conclusões à frente espreitadas — senão submergir nas tecnicalidades
que a matéria enseja. Por isso, faz-se a seguir um balizamento científico, com teo-
rias, definições e cálculos, para na sequência oferecer o epílogo.
O nível de ruído equivalente (Level Equivalent — Leq ou Neq) (46)(47) representa
um nível de ruído contínuo em dB(A), que possui o mesmo potencial de lesão auditi-
va que o nível de ruído variável amostrado. A dose de ruído é uma variante do ruído
equivalente, para o qual o tempo de medição é fixado em 8 horas. A única diferença
entre a dose de ruído e o ruído equivalente é que a dose é expressa em percentagem
da exposição diária tolerada(48)(49). O Leq significa o nível médio de ruído durante um
determinado período de tempo, utilizando-se o incremento de duplicação de dose
“3”. A regra do princípio da equivalência para avaliação de ruído considera que toda
vez que a energia acústica em um determinado ambiente dobra, há um aumento
de três decibéis (q=3) no nível de ruído. Por este motivo, quando se usa a sigla Leq,
subentende-se que a avaliação foi realizada utilizando-se o Incremento de Duplica-
ção de Dose “3”. Caso seja utilizado outro valor de incremento, não se pode chamar
o resultado de Leq.
A figura a seguir ajuda a visualizar, por equivalência de áreas sob as curvas,
que a energia variável ao longo do tempo pode ser representada pela área de um
retângulo cuja ordenada, para o mesmo tempo, é aquela que resulta a igualdade
de áreas.

(46) Laeq (8 h) equivalent continuous sound for 8 hr.


(47) Curiosidade. Leq (Neq) e Lavg são referentes à mesma grandeza e consistem no nível mé-
dio ponderado sobre o período de medição, que pode ser considerado como nível de pressão
sonora contínuo, em regime permanente, que produziria a mesma dose de exposição que o ru-
ído real, flutuante, no mesmo período de tempo. Diferem quanto à formula devido ao fator de
dobra. Se q=3, chama-se Leq ou Neq; se q=5, Lavg. Se na formulação houver a constante 16,61
q 5
( = = 16.61) , ou, o numeral 5, já se sabe que se trata do q=5.
Log2 Log2
(48) Laeq (8 h) — equivalent continuous sound for 8 hr.
(49) Curiosidade. Leq (Neq) e Lavg são referentes à mesma grandeza e consistem no nível médio
ponderado sobre o período de medição, que pode ser considerado como nível de pressão sonora con-
tínuo, em regime permanente, que produziria a mesma dose de exposição que o ruído real, flutuante,
no mesmo período de tempo. Diferem quanto à formula devido ao fator de dobra. Se q=3, chama-se
q 5
Leq ou Neq; se q=5, Lavg. Se na formulação houver a constante 16,61 ( = = 16.61) ou,
o numeral 5, já se sabe que se trata do q=5. Log2 Log2

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Figura 12: Nível de ruído equivalente (Level Equivalent — Leq ou Neq) representa um nível
de ruído variado como se contínuo fosse para tempo constante, em dB(A)

dBA dBA
Actual time-varying noise Average steady sound level

Leq

Same length of time

Time Time

Fonte: Occupational Noise Surveys. Work Safe BC. April 2007(50)

O gráfico da esquerda apresenta os pontos de medição das pressões


instantâneas em função do tempo. A esses pontos se ajusta uma curva que por
técnicas de regressão linear se consegue definir uma função derivável no tempo. A
área sob essa curva é apurada pela integral dessa função, cujo valor é a dose (D).
Dose, portanto, é a resultante do somatório de intensidades variáveis ao longo do
tempo, em outras palavras: D = I x T.
O gráfico da direita indica uma simplificação do da esquerda, dado que um
instrumento (audiodosímetro) com circuito integrador de pressões instantâneas já
encontrou a dose. Assim, ao invés de se trabalhar com uma área geometricamente
indefinida (ou de difícil manuseio), como o da esquerda, faz-se uso do retângulo, no
qual, dada a dose pelo audiodosímetro, que equivale ao valor da área, bem como
o valor da base, que é o mesmo da esquerda, encontra-se a altura do retângulo
exatamente no ponto no qual se verifica a mesma área. Esse ponto é o Leq(51).
Os níveis de ruído industriais e exteriores flutuam ou variam de maneira
aleatória com o tempo e o potencial de dano à audição depende não só do seu
nível, mas também da sua duração. Para o nível de ruído contínuo, torna-se fácil
avaliar o efeito, mas se ele varia com o tempo, deve-se realizar uma dosimetria
(somatória das pressões instantâneas mediante integração da função que se ajusta

(50) <https://www.worksafebc.com/en/law-policy/occupational-health-safety/searchable-ohs-regu-
lation/ohs-guidelines/guidelines-part-07#SectionNumber:G7.3-1>.
(51) O Lavg significa Nível Médio (Average Level), representa a média do nível de ruído durante um
determinado período de tempo, utilizando-se qualquer incremento de duplicação de dose, com ex-
ceção do “3”. O anexo I da NR-15 não especifica qual o incremento de duplicação de dose utilizado
para o cálculo dos limites de tolerância estabelecidos, porém, após a análise da tabela, verifica-se que
toda vez que há um aumento de 5 decibéis em determinado nível, o tempo de exposição cai pela
metade, concluindo-se, assim, que os limites da legislação brasileira foram definidos utilizando-se o
incremento de duplicação de dose “5”.

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à curva), de forma que todos os dados de nível de pressão sonora e tempo possam
ser analisados, inclusive possibilitando encontrar o Leq.
A necessidade de se usar um dosímetro de ruído se deve à dificuldade de
serem realizados os cálculos integrais diferenciais à mão. Há que se combinar
intensidade e tempo de exposição. Os limites de tolerância para exposição a
ruído contínuo ou intermitente são representados por níveis máximos permitidos,
segundo o tempo diário de exposição ou, alternativamente, por tempos máximos
de exposição diária em função dos níveis de ruído existentes. Esses níveis serão
medidos em dB(A), resposta lenta.
Há uma correlação entre a terminologia portuguesa e a inglesa, da qual se
destacam: Critério de Referência (CR): Criterion Level (CL); Incremento de Duplicação
de Dose (q): Exchange Rate (q ou ER); Limite de Exposição (LE): Threshold Limit
Value (TLV); Limite de Exposição Valor Teto (LE-VT): Threshold Limit Value-Ceiling
(TLV-C); Nível Equivalente (Neq): Equivalent Level (Leq); Nível Médio (NM): Average
Level (Lavg) e Nível Limiar de Integração (NLI): Threshold Level (TL)
Os limites de tolerância (Theresold Limit Value — TLV) referem-se às inten-
sidades representam as condições sob as quais se acredita que quase todos os
trabalhadores possam estar expostos contínua e diariamente, com possibilidade
de apresentar efeitos adversos à saúde conforme o Critério de Referência. Os
valores de TLV são calculados para um período de 8h por dia, num total de 40h
semanais, sem que isso traga danos para a sua saúde.
O TLV é uma média que permite flutuações em torno dela, desde que no
final da jornada de trabalho o valor médio tenha sido mantido. O TLV — TWA
(Time Weight Average) — é a intensidade média ponderada pelo tempo de
exposição para a jornada de 8h/dia, 40h/semana, à qual praticamente todos os
trabalhadores podem se expor, repetidamente, sem apresentar efeitos nocivos.
Representa a média ponderada do nível de pressão sonora para uma jornada de
8 horas. É importante salientar que o TWA só pode ser utilizado se o tempo de
medição for exatamente 8 horas.
Leq, Lavg ou TWA? Nem sempre eles são sinônimos. Qual é a diferença entre
Lavg e TWA? Lavg é o nível médio de som durante o tempo de execução de sua
amostra. Exemplo, para medição por 30 minutos, Lavg é o nível médio de som
durante esse período. O TWA assume sempre um tempo de execução de 8 horas.
Qual é a diferença entre Leq e o Lavg? Lavg utiliza q=5; Leq, q=3. Como
é muito frequente haver confusões e uso indevido de fórmulas em aplicações
práticas, faz-se necessário apresentar as duas abordagens que dependem da
forma pela qual se avalia o ambiente. Essas duas abordagens dependem do fator
de dobra (q).
Todas as fórmulas relacionadas ao Anexo 1 — NR-15 estão baseadas em
q=5. Enquanto pela NHO 01 em q=3. As tabelas de TLV são montadas a partir

56

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da fórmula geral (para qualquer “q”) abaixo do TWA(52), cujos parâmetros são:
exposição limite de 85 dB(A); jornada de 8h; 100% de dose. Apresentam-se a
seguir essas formulações para ruído contínuo e intermitente a partir da equação
fundamental:

q  1 t1 p(t)
(20.log2)/q

Neq = TWA =
Log2
x log 
 T
∫ t0 p2
0
dt 


Onde: TWA = ruído médio ponderado no tempo; p(t) = pressão em cada


instante t; T = tempo total da medição; Po = pressão referência (2 x 10-5 Pa) e q =
fator de dose ou dobra.
Percebe-se que quando q=3, a fórmula se reduz a:

3  1 t1 p(t)
(20.0,30)/3

Neq = TWA =
0,30
x log 
 T
∫ t0 p2
0
dt  →

 1 
(2)
t1 p(t)
Neq = TWA = 10 x log 
 T

t0 p2
0
dt 


Esta última formula é exatamente a definição de Nível Equivalente — Neq da


NHO 01. Tem-se, portanto que para q=3 o TWA = Neq, assim entendido o nível
médio baseado na equivalência de energia.
Onde: Neq = nível de pressão sonora equivalente referente ao intervalo de
integração (T = t2 — t1); p(t) = pressão sonora instantânea e p0 = pressão sonora de
referência, igual a 20 μPa.
Aplicando o Neq por integração das pressões instantâneas no tempo de
exposição (somatório de áreas infinitesimais), dada pela fórmula:
1 t1 
Neq = TWA = 10 x log 
T

t0
10(NPST /10) dt 

(52) Time-weighted average (TWA). Média ponderada no tempo (TWA): A média dos níveis de
exposição diferentes, durante um período de exposição. Para o ruído, tendo em conta um limite de
exposição de 85 dB(A) e uma taxa de câmbio de 3 dB, o TWA é calculado de acordo com a seguinte
fórmula: TWA = 10,0 x Log(D/100) + 85, onde D = dose. Equivalent continuous sound level. Nível
sonoro contínuo equivalente: 10 vezes o logaritmo na base dez da proporção de tempo-mean-square
instantânea de pressão sonora, durante um intervalo de tempo determinado T, ao quadrado da pres-
são sonora do padrão de referência. Unidade, dB; respectivas abreviações, TAV e TEQ; símbolos, LAT e
LAeqT (ANSI S1.1-1994: tempo-média nível sonoro; nível sonoro contínuo equivalente de intervalo de
tempo; intervalo de tempo equivalente contínuo ponderação a nível de pressão sonora; nível sonoro
contínuo equivalente).

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Sendo, NPSt = nível de pressão sonora no instante t em dBA e T = período de
medição em segundos. Como aplicação tem-se um exemplo de Neq calculado para
as seguintes exposições de ruído que totalizam 45 segundos:

Situação dB(A) Tempo (s)


NPS 1 90 10
NPS 2 80 20
NPS 3 85 15

 1  90 
 10 
 80 
 10 
 85  
 
Neq = 10 x log  x 10 
+ 10  
+ 10 10   = 90,81dB(A)
 3 

Ao se adotar o q=3, a fórmula do Neq se simplifica, pois se substitui a


q 3
constante de 16,61 por 10,00, devido ao termo ( = 10,00) , que assim
se formula: Log2 0,30

D x 8
Leq = 10 x log   + 85
 T 

Sendo D em %, lido no audiodosímetro, dividido por 100; e T em horas.

Resultados do Leq para medições de 8 horas:


2 x 8
i. Para dose = 200%, tem-se Leq = 10 x log   + 85 = 88 dB(A)
 
4 x 8
ii. Para dose = 400%, tem-se Leq = 10 x log   + 85 = 91 dB(A) . Assim
por diante.  8 

Dessa forma se montou a Tabela da NHO 01. Esse Leq basicamente é o


NE da NHO 01. Neste momento é importante que o leitor pesquise a NHO 01 da
Fundacentro para melhor apropriar-se, todavia adiantam-se alguns comentários
que ajudarão na aplicação do conhecimento. Verifique a figura a seguir.

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Figura 13: Combinação de nível sonoro em dB(A) e duração máxima

Table 1-1. Combinations of noise exposure levels and durations that no worker
exposure shall equal or exceed

Duration, T Duration, T

Exposure Exposure
level, L (dBA) Hours Minutes Seconds level, L (dBA) Hours Minutes Seconds
80 25 24 — 106 — 3 45
81 20 10 — 107 — 2 59
82 16 — — 108 — 2 22
83 12 42 — 109 — 1 53
84 10 5 — 110 — 1 29
85 8 — — 111 — 1 11
86 6 21 — 112 — — 56
87 5 2 — 113 — — 45
88 4 — — 114 — — 35
89 3 10 — 115 — — 28
90 2 31 — 116 — — 22
91 2 — — 117 — — 18
92 1 35 — 118 — — 14
93 1 16 — 119 — — 11
94 1 — — 120 — — 9
95 — 47 37 121 — — 7
96 — 37 48 122 — — 6
97 — 30 — 123 — — 4
98 — 23 49 124 — — 3
99 — 18 59 125 — — 3
100 — 15 — 126 — — 2
101 — 11 54 127 — — 1
102 — 9 27 128 — — 1
103 — 7 30 129 — — 1
104 — 5 57 130-140 — — <1
105 — 4 43 — — — —

Fonte: ANSI/ASA S12.19-1996 (R2011)

A NHO 01 da Fundacentro seguiu a modelagem acima da ANSI S12.19,


que adotou o q=3 e NLI = 80 dB(A), tendo a seguinte expressão como base,
considerando D (%), dose em percentual:

 D  
Neq = TWA = 85 + 10log  
 100  

Observe-se que o fator “q”, não consta da fórmula, mas foi considerado na
constante numérica 10, uma vez que a mesma é obtida da primeira parcela da
. Assim aplicando q=3, tem-se  q = 3  que
q
equação fundamental:
Log2  Log2 0,30 
resulta em 10. Assim, para situação de jornada com:
 D = 100%, tem-se: TWA = 85 + 10 x log [(100/100)]  TWA = 85 + 10 x
log 1  TWA = 85 dB (A).
 D = 1.000%, tem-se: TWA = 85 + 10 x log [(1000/100)]  TWA = 85 + 10
x log 10  TWA = 95 dB (A).

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 D = 10.000%, tem-se: TWA = 85 + 10 x log [(10000/100)]  TWA = 85 +
10 x log 100  TWA = 105 dB (A).
 D = 100.000%, tem-se: TWA = 85 + 10 x log [(100000/100)]  TWA = 85
+ 10 x log 1000  TWA = 115 dB (A).
Dessa sequência matemática é que se construiu a Tabela da NHO 01 da
Fundacentro, para cada uma das situações acústicas abaixo indicadas:
Figura 14: Nível de Ruído em dB(A) e Tempo máximo diário permitido (min) pela NHO 01 da Fundacentro
Nível de ruído Tempo máximo diário
dB(A) permissível (Tn) (minutos)
80 1.523,90
81 1.209,52
82 960,00
83 761,95
84 604,76
85 480,00
86 380,97
87 302,38
88 240,00
89 190,48
90 151,19
91 120,00
92 95,24
93 75,59
94 60,00
95 47,62
96 37,79
97 30,00
98 23,81
99 18,89
100 15,00
101 11,90
102 9,44
103 7,50
104 5,95
105 4,72
106 3,75
107 2,97
108 2,36
109 1,87
110 1,48

60

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Nível de ruído Tempo máximo diário
dB(A) permissível (Tn) (minutos)
111 1,18
112 0,93
113 0,74
114 0,59
115 0,46

Fonte: NHO 01 — Fundacentro.

Tomando 85 dB(A) como referência com 480 min, tem-se uma progressão
linear à razão de 3dB. Ou seja, a cada redução à metade do tempo, permite-se um
incremento de 3dB na intensidade. Assim, para Nível de Ruído dB(A) — 85  Máxima
Exposição Diária Permissível  480 min; 88  240 min; 91  120 min; 94  60 min;
97  30 min; 100  15 min; 103  7,5 min; 106 3,75 min; 109  1,87 min;
112  0,93 min e 115  0,46 min. A partir deste ponto é risco grave e iminente.
Então 3 dB é o quanto se incrementa a intensidade quando se reduz à
metade o tempo de exposição, certo? Assim o fator de dobra (q) = 3 dB. Em outras
palavras, para Dose (D) constante unitária (100%) que é o Limite de Tolerância,
verificada em cada uma das linhas da tabela, equivalem a D=1.
Considerando a dose igual ao produto intensidade pelo tempo de exposição,
(D=Int x Tempo), tem-se que para Dose constante, cai intensidade e sobe tempo
de exposição na mesma proporção (e vice-versa). Dada a Dose = Intensidade x
Tempo de Exposição. Por definição as normas brasileiras (INSS, RFB, MTE-NR-15)
definiram a dose unitária (D=1) para situações nas quais haja mais de uma condição
acústica. Com esse requisito foi estruturada a Tabela de Limites de Tolerância.
A questão é: quanto vale em dB os 50% da Dose máxima permitida (nível de
ação NR-09)? Faz-se o raciocínio para D=1, considerando 8h constante ou 85 dB
(A) constante, tendo vista a expressão: Dose = Intensidade x Tempo de Exposição.
Assim, com Dose constante (D=cte), a intensidade dobra, enquanto o tempo
de exposição cai à metade; ou o contrário, a intensidade vai à metade enquanto
o tempo de exposição dobra. Por isso a queda de 85 — 8h para 88 — 4h da Tabela
NHO 01 da Fundacentro. Eis a prova matemática de que o Anexo I da NR-15 está
errado, pois essa dobra acontece a cada 5 dB em flagrante prejuízo e agressão ao
trabalhador.
Voltando à pergunta. A questão é: quanto vale em dB os 50% da Dose? Logo se
a NR-09 do MTE afirma que o nível de ação é de 50% da Dose, esta, em dB, equivale
a 82 dB(A), pois decorre da subtração 85 dB(A) — 3 dB(A), que é igual 82 dB(A).
A figura seguinte apresenta a evolução das doses diárias quando se considera
o nível médio por equivalência de energia pelos critérios adotados pela NHO 01,
segundo a ANSI S12.19-1996, quais sejam:

61

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Figura 15: Evolução das doses diárias quando se considera o nível médio por equivalência de energia pelos
critérios adotados pela NHO 01 da Fundacentro, segundo a ANSI S12.19-1996
Table 1-2. Dally noise dose as an 8-hr TWA*
dBA as 8-hr dBA as 8-hr dBA as 8-hr
Dose (%) TWA Dose (%) TWA Dose (%) TWA
20 78,0 2.000 98,0 450.000 121,5
30 79,8 2.500 99,0 500.000 122,0
40 81,0 3.000 99,8 600.000 122,8
50 82,0 3.500 100,4 700.000 123,5
60 82,8 4.000 101,0 800.000 124,0
70 83,5 4.500 101,5 900.000 124,5
80 84,0 5.000 102,0 1.000.000 125,0
90 84,5 6.000 102,8 1.100.000 125,4
100 85,0 7.000 103,5 1.200.000 125,8
110 85,4 8.000 104,0 1.300.000 126,1
120 85,8 9.000 104,5 1.400.000 126,5
130 86,1 10.000 105,0 1.600.000 127,0
140 86,5 12.000 105,8 1.800.000 127,6
150 86,8 14.000 106,5 2.000.000 128,0
170 87,3 16.000 107,0 2.200.000 128,4
200 88,0 18.000 107,5 2.400.000 128,8
250 89,0 20.000 108,0 2.600.000 129,1
300 89,8 25.000 109,0 2.800.000 129,5
350 90,4 30.000 109,8 3.000.000 129,8
400 91,0 35.000 110,4 3.500.000 130,4
450 91,5 40.000 111,0 4.000.000 131,0
500 92,0 45.000 111,5 4.500.000 131,5
550 92,4 50.000 112,0 5.000.000 132,0
600 92,8 60.000 112,8 6.000.000 132,8
650 93,1 70.000 113,5 7.000.000 133,5
700 93,5 80.000 114,0 8.000.000 134,0
750 93,8 90.000 114,5 9.000.000 134,5
800 94,0 100.000 115,0 10.000.000 135,0
900 94,5 110.000 115,4 12.000.000 135,8
1.000 95,0 120.000 115,8 14.000.000 136,5
1.050 95,2 130.000 116,1 16.000.000 137,0
1.100 95,4 140.000 116,5 18.000.000 137,6
1.150 95,6 150.000 116,8 20.000.000 138,0
1.200 95,8 175.000 117,4 22.000.000 138,4
1.300 96,1 200.000 118,0 24.000.000 138,8
1.400 96,5 225.000 118,5 26.000.000 139,0
1.500 96,8 250.000 119,0 28.000.000 139,5
1.600 97,0 275.000 119,4 30.000.000 139,8
1.700 97,3 300.000 119,8 32.500.000 140,1
1.800 97,6 350.000 120,4
1.900 97,8 400.000 121,0
* TWA = 10 = Log(D/100) + 85

Fonte: ANSI/ASA S12.19-1996 (R2011)

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Pela evolução acima exposta, fica evidente o caráter excepcional de
prejudicialidade do Anexo I da NR-15, basta verificar que a carga real, verdadeira,
é bastante superior ao que esse Anexo estabelece. Fica claro mais uma vez o
disparate entre o correto (NHO 01) e o politicamente imposto (NR-15 — Anexo
I), pois para mesmo nível sonoro há duas durações máximas de exposição. Por
exemplo: para 95 dB(A) o máximo é 47,62 min, porém a NR-15 eleva para 120
mim. Em termos de dose, derruba de 1.000% (verdadeira) para apenas 400%
(irreal). Por isso é tão importante conhecer e saber aplicar o fator de dobra, mas
principalmente determinar o escopo e vigência de cada um.
Destoando da carga verdadeira, o Brasil, via Anexo I da NR-15, adotou o q=5
em 1978, e ainda mantém, para fins de adicional de insalubridade, constituindo-
-se em um caso à parte, excepcional mesmo, cuja equacionamento, derivado
da equação fundamental, sofre alguns ajustes para acomodar o q=5, conforme
abaixo:

  D 
Neq = TWA = 80 + 16,61 x log 9,6x   
  T 

Com D (%), dose em percentual; T (min) = tempo da medição em minutos; e,


9,6 é constante que considera 480 min, dividido 100, vezes 2.
Observe-se que o fator “q”, não consta da fórmula, mas foi considerado na
constante numérica 16,61, uma vez que a mesma é obtida da primeira parcela
q q 5
da equação fundamental: . Assim aplicando q=5, tem-se ( = ) que
Log2 Log2 Log2
resulta na constante 16,61. Assim, para situação de jornada:
 Com T = 8h (480 min) e D = 100%, tem-se: TWA = 80 + 16,61 x log [9,6 x
(100/480)]  TWA = 80 + 16,61 x log 2  TWA = 85 dB(A).
 Com T = 4h e D = 100%  = 80 + 16,61 x log [9,6 x (100/240)]  TWA
= 80 + 16,61 x log 4  TWA = 90 dB(A).
 Com T = 1h e D = 100%  TWA = 80 + 16,61 x log [9,6 x (100/60)] 
TWA = 80 + 16,61 x log 16  TWA = 100 dB(A).
 Com T = 7 min e D = 100%  TWA = 80 + 16,61 x log 137,28 = 80 + 35,5
 TWA = 115 dB(A).
Dessa sequência matemática é que se construiu o Anexo I da NR-15, para
cada uma das situações acústicas abaixo indicadas:

63

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Figura 16: Anexo I da NR-15 do MTb

Nível de ruído dB (A) Máxima exposição diária permissível


85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e 30 minutos
92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos
94 2 horas e 15 minutos
95 2 horas
96 1 hora e 45 minutos
98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 8 minutos
115 7 minutos

Fonte: Anexo I da NR-15/MTE

Finalmente, tem-se que a quantidade de 3 dB é o quanto se incrementa a


intensidade quando se reduz à metade o tempo de exposição, certo? Assim o
fator de dobra (q) = 3 dB. Em outras palavras, para dose (D) constante unitária
(100%) que é o Limite de Tolerância, verificada em cada uma das linhas da tabela,
equivalem a D = 1. Considerando a dose igual ao produto intensidade pelo tempo
de exposição, (D = Intensidade x Tempo), tem-se que para D = Constante, cai
intensidade e sobe tempo de exposição na mesma proporção (e vice-versa).
Dada a Dose = Intensidade x Tempo de Exposição, por definição, as normas
brasileiras (INSS, RFB, MTE-NR-15) definiram a dose unitária (D=1) para situações

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nas quais haja mais de uma condição acústica. Com esse requisito foi estruturada
a Tabela de Limites de Tolerância.
A questão é: quanto vale em dB os 50% da dose máxima permitida (nível de
ação NR-09)? Faz-se o raciocínio para D=1, considerando 8h constante ou 85 dB
(A) constante, tendo vista a expressão: Dose = Intensidade x Tempo de Exposição.
Assim, com dose constante (D=cte), a intensidade dobra, enquanto o tempo
de exposição cai à metade; ou o contrário, a intensidade vai à metade enquanto o
tempo de exposição dobra. Por isso a queda de 85 — 8h para 88 — 4h da Tabela
NHO 01 da Fundacentro. Eis a prova matemática de que o Anexo I da NR-15 está
errado, cuja dobra acontece a cada 5 dB em flagrante prejuízo e agressão ao
trabalhador.
Voltando à pergunta. A questão é: quanto valem, em dB, os 50% da dose?
Logo se a NR-09 do MTE afirma que o nível de ação é de 50% da dose, esta, em
dB, equivale a 82 dB(A), pois decorre da subtração 85 dB(A) — 3 dB(A), que é igual
82 dB(A).

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ruÍDo E oS EVENToS DE SST No ESoCiAL

Antes de adentrar às questões específicas sobre SST, a título de introdução,


é bom que se diga que o eSocial é um projeto do governo federal, instituído pelo
Decreto n. 8.373, de 11 de dezembro de 2014, que tem por objetivo desenvolver
um sistema de coleta de informações trabalhistas, previdenciárias e tributárias,
armazenando-as em um Ambiente Nacional Virtual, a fim de possibilitar aos
órgãos participantes do projeto, na medida da pertinência temática de cada um, a
utilização de tais informações para fins trabalhistas, previdenciários, fiscais e para a
apuração de tributos e da contribuição para o FGTS. O eSocial estabelece a forma
com que passam a ser prestadas as informações trabalhistas, previdenciárias,
tributárias e fiscais relativas à contratação e utilização de mão de obra onerosa,
com ou sem vínculo empregatício, e de produção rural. Portanto, não se trata
de uma nova obrigação tributária acessória, mas uma nova forma de cumprir
obrigações trabalhistas, previdenciárias e tributárias já existentes. Com isso, ele
não altera as legislações específicas de cada área, mas apenas cria uma forma
única e mais simplificada de atendê-las. São princípios do eSocial:
 dar maior efetividade à fruição dos direitos fundamentais trabalhistas e
previdenciários dos
 trabalhadores;
 racionalizar e simplificar o cumprimento de obrigações previstas na
legislação pátria de cada
 matéria;
 eliminar a redundância nas informações prestadas pelas pessoas físicas e
jurídicas obrigadas;
 aprimorar a qualidade das informações referentes às relações de trabalho,
previdenciárias e
 fiscais; e
 conferir tratamento diferenciado às microempresas — ME e empresas de
pequeno porte — EPP.
A prestação das informações pelo eSocial substituirá, na forma disciplinada
pelos órgãos ou entidades partícipes, o procedimento do envio das mesmas
informações por meio de diversas declarações, formulários, termos e documentos
relativos às relações de trabalho. As informações referentes a períodos anteriores
à implantação do eSocial devem ser enviadas pelos sistemas utilizados à época. A
recepção dos eventos pelo eSocial não significa o reconhecimento da legalidade

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dos fatos neles informados. Deve-se enxergar os eventos e tabelas do eSocial de
forma alinhada e sequenciada considerando a ordem de acontecimentos dos fatos
administrativos. Para ilustrar, faz-se um esquema conforme figura a seguir:
Figura 17: Fluxograma eSocial para SST

Fonte: Próprio Autor

De modo direto ou indireto, são definidos como eventos de Saúde e Segurança


do Trabalhador — SST os abaixo elencados:
1) S-1000 — Informações do Empregador/Contribuinte/Órgão Público
2) S-1005 — Tabela de Estabelecimentos, Obras ou Unidades de Órgãos
Públicos
3) S-1010 — Tabela de Rubricas
4) S-1060 — Tabela de Ambientes de Trabalho
5) S-1065 — Tabela de Equipamentos de Proteção
6) S-1200 — Remuneração de trabalhador vinculado ao Regime Geral de
Previdência Social
7) S-1210 — Pagamentos de Rendimentos do Trabalho
8) S-2200 — Cadastramento Inicial do Vínculo e Admissão/Ingresso de
Trabalhador
9) S-2210 — Comunicação de Acidente de Trabalho
10) S-2220 — Monitoramento da Saúde do Trabalhador

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11) S-2230 — Afastamento Temporário
12) S-2240 — Condições Ambientais do Trabalho — Fatores de Risco
13) S-2245 — Treinamentos e Capacitações
14) S-5001 — Informações das contribuições sociais consolidadas por
trabalhador
15) S-5011 — Informações das contribuições sociais consolidadas por
contribuinte
Há tabelas relacionadas à SST que servem de fonte para alimentação dos
códigos aos eventos acima, são elas:
1) Tabela 02 — Financiamento da Aposent. Especial e Redução do Tempo de
Contrib.
2) Tabela 03 — Natureza das Rubricas da Folha de Pagamento
3) Tabela 04 — Códigos e Alíquotas de FPAS/Terceiros
4) Tabela 13 — Parte do corpo atingida
5) Tabela 14 — Agente Causador do Acidente de Trabalho
6) Tabela 15 — Agente Causador / Situação Geradora de Doença Profissional
7) Tabela 16 — Situação Geradora do Acidente de Trabalho
8) Tabela 17 — Descrição da Natureza da Lesão
9) Tabela 18 — Motivos de Afastamento
10) Tabela 23 — Fatores de Riscos do Meio Ambiente do Trabalho
11) Tabela 24 — Codificação de Acidente de Trabalho
12) Tabela 27 — Procedimentos Diagnósticos
13) Tabela 28 — Atividades Periculosas, Insalubres e/ou Especiais
14) Tabela 29 — Treinamentos, Capacitações e Exercícios Simulados
15) Tabela 30 — Programas, Planos e Documentos

Fluxos e Eventos relacionados à SST no eSocial

São 15 eventos e 15 tabelas que se relacionam com SST, que direta ou


indiretamente são utilizados para compor o conjunto de evidências relacionado
ao meio ambiente do trabalho e a saúde do trabalhador. As figuras seguintes
esquematizam os fluxos e eventos relacionados à SST no eSocial

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Fator de Risco Ruido no esocial_Da engenharia ao direito.indd 68 06/06/2018 15:56:15


Figura 18: Fluxograma eSocial para SST

Fonte: Próprio Autor


Figura 19: Fluxograma e Interseções no eSocial para SST

Tabela 30 -
Tabela 29 - Programas
Treinamentos Planos e
Capacitações Documentos

Tabela 28 - Atividades
Periculosas Insalubres e
Tabela 24 -
Codificação Especiais
de Acidente
de Trabalho
S-1065 - Tabela de
Equipamentos de
Proteção

Fonte: Próprio Autor


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Explicando as funcionalidades desses fluxogramas, têm-se:

S-1000 — Informações do Empregador/Contribuinte/Órgão Público

O S-1000 é o primeiro evento que deve ser transmitido pelo empregador/


contribuinte/órgão público. Não pode ser enviado qualquer outro evento antes
deste. Aqui são fornecidas pelo empregador/contribuinte/órgão público as
informações cadastrais, alíquotas e demais dados necessários ao preenchimento e
validação dos demais eventos do eSocial, inclusive para apuração das contribuições
previdenciárias devidas ao RGPS e para a contribuição do FGTS.

S-1005 — Tabela de Estabelecimentos, Obras ou Unidades de Órgãos Públicos

O S-1005 identifica os estabelecimentos e obras de construção civil da


empresa, detalhando as informações de cada estabelecimento (matriz e filiais)
do empregador/contribuinte/órgão público. Compõe evento de de SST. Insere a
necessidade de acompanhamento do processo e gestão do FAP e exige os programas
de segurança exigidos por lei descritos pela Tabela 30 (Programas, planos e
documentos de SST), além de informações relativas ao CNAE Preponderante, Fator
Acidentário de Prevenção — FAP, alíquota GILRAT, indicativo de substituição da
contribuição patronal de obra de construção civil, dentre outras. As pessoas físicas
devem cadastrar neste evento seus “CAEPF — Cadastro de Atividade Econômica da
Pessoa Física”. As informações prestadas no evento são utilizadas na apuração das
contribuições incidentes sobre as remunerações dos trabalhadores dos referidos
estabelecimentos, obras e CAEPF. O órgão público informará as suas respectivas
unidades, individualizadas por CNPJ, como estabelecimento.
Figura 20: Fragmento leiaute do Evento S-1005 — Tabela de Estabelecimentos

18 dadosEstab inclusao G - 1-1 - - Detalhamento das informações do estabeleci-


mento, obra ou órgão público que está sendo
incluído.

19 cnaePrep dadosEstab E N 1-1 077 - Preencher com o código do CNAE conforme


tabela do Anexo V do Regulamento da Previ-
dência Social, referente a atividade econômica
preponderante do estabelecimento.
Validação: Deve ser um número existente na
tabela CNAE.

20 aliqGilrat dadosEstab G - 1-1 - - Informações de Apuração da alíquota Gilrat do


Estabelecimento

21 aliqRat aliqGilrat E N 1-1 001 - Preencher com a alíquota definida na legisla-


ção vigente para a atividade (CNAE) preponde-
rante. A divergência só é permitida se existir o
registro complementar com informações sobre
o processo administrativo/judicial que permite
a aplicação de alíquotas diferentes.

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Validação: Deve ser igual a 1, 2 ou 3. Se a
alíquota informada for diferente da
definida na legislação vigente para o CNAE
informado deverá haver informações de pro-
cesso em {procAdmJudRat}

22 fap aliqGilrat E N 0-1 005 4 Fator Acidentário de Prevenção - FAP.


Validação: Preenchimento obrigatório pela Pes-
soa Jurídica. Não preencher para Pessoa Física.
O FAP informado deve corresponder àquele
definido pelo Órgão Governamental Compe-
tente para o estabelecimento, exceto se
{ideEstab/tpInsc} = [4]. A divergência só é
permitida se houver processo informado em
{procAdmJudFap}.
Deve ser um número maior ou igual a 0,5000
e menor ou igual a 2,0000.

23 aliqRatAjust aliqGilrat E N 0-1 005 4 Alíquota do RAT após ajuste pelo FAP
Validação: Deve corresponder ao resultado da
multiplicação dos campos
{aliqRat} e {fap}.
Preenchimento obrigatório pela Pessoa Jurí-
dica.

Fonte: Anexo I da NDE n. 01/2018 — Leiautes — Versão 1.0 — 30/05/2018

S-1010 — Tabela de Rubricas

O S-1010 detalha as rubricas constantes da folha de pagamento do


empregador/órgão público. As informações consolidadas desta tabela são
utilizadas para validação dos eventos de remuneração dos trabalhadores. Permite
estabelecer correlação com Tabela 03 — Natureza das Rubricas da Folha de
Pagamento Natureza das Rubricas da Folha, especificamente para os Códigos:
1202 — Adicional por serviços em condições de insalubridade e 1203 — Adicional
por serviços em condições perigosas)
Figura 21: Fragmento leiaute do Evento S-1010 — Rubricas 1202 — Adicional por serviços em condições de
insalubridade e 1203 — Adicional por serviços em condições perigosas)

11 infoRubrica evtTabRubrica CG - 1-1 - - Identificação da operação (inclusão, alteração


ou exclusão) e das informações da rubrica.

12 inclusao infoRubrica G - 0-1 - - Inclusão de novas informações

13 ideRubrica inclusao G - 1-1 - - Informações de identificação da rubrica e


validade das informações que estão sendo
incluídas

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14 codRubr ideRubrica E C 1-1 030 - Informar o código atribuído pela empresa e
que identifica a rubrica em sua folha de pa-
gamento.
Validação: O código não pode conter a expres-
são “eSocial” nas 7 (sete) primeiras posições.

15 ideTabRubr ideRubrica E C 1-1 008 - Preencher com o identificador da tabela de


rubricas no âmbito do empregador.
Validação: O identificador não pode conter
a expressão “eSocial” nas 7 (sete) primeiras
posições.

16 iniValid ideRubrica E C 1-1 007 - Preencher com o mês e ano de início da vali-
dade das informações prestadas no evento, no
formato AAAA-MM.
Validação: Deve ser uma data válida, igual
ou posterior à data inicial de implantação do
eSocial, no formato AAAA-MM.

17 fimValid ideRubrica E C 0-1 007 - Preencher com o mês e ano de término da


validade das informações, se houver. Valida-
ção: Se informado, deve estar no formato
AAAA-MM e ser um período igual ou posterior
a {iniValid}

18 dadosRubrica inclusao G - 1-1 - - Detalhamento das informações da rubrica que


está sendo incluída

19 dscRubr dadosRubrica E C 1-1 100 - Informar a descrição (nome) da rubrica no


sistema de folha de pagamento da empresa.

20 natRubr dadosRubrica E N 1-1 004 - Informar o código de classificação da rubrica


de acordo com a Tabela 3 - Tabela de Nature-
za das Rubricas da Folha de Pagamento.
Validação: Deve ser um código existente na
Tabela 3 - Tabela de Natureza das Rubricas da
Folha de Pagamento.

21 tpRubr dadosRubrica E N 1-1 001 - Tipo de rubrica:


1 - Vencimento, provento ou pensão;
2 - Desconto;
3 - Informativa;
4 - Informativa dedutora.
Valores Válidos: 1, 2, 3, 4.

Fonte: LEIAUTES DO eSOCIAL Versão 2.4.02 Março de 2018

S-1060 — Tabela de Ambientes de Trabalho

O S-1060 é utilizado para inclusão, alteração e exclusão de registros na


tabela de Ambientes de Trabalho do empregador/contribuinte/órgão público. As
informações consolidadas desta tabela são utilizadas para validação do evento
de Condições Ambientais do Trabalho. No evento S 1060 teve na descrição do
ambiente, saiu de 999 para 8000 caracteres; e alterou as opções de criação
do local da prestação de serviços. Estabelecimento do próprio empregador;
Estabelecimento de terceiros; Prestação de serviços em instalações de terceiros

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não consideradas como lotações dos tipos 03 a 09 da Tabela 10. Devem ser
informados na tabela os ambientes de trabalho da empresa e os respectivos
fatores de risco neles existentes constantes na tabela 23 — “Fatores de Riscos do
Meio Ambiente do Trabalho”. O empregador deverá atribuir-se uma definição de
ambiente de trabalho, criando um código próprio para isso, conforme seu sistema
de gestão, por estabelecimento, considerando o grupo homogêneo de exposição
— GHE dos trabalhadores. Nesse ambiente de trabalho, cabe à empresa definir os
critérios pelos quais tais GHE são montados, avaliados, monitorados, e finalmente,
para cada código de ambiente do trabalho, lançar nos campos específicos deste
evento, os códigos dos fatores de risco reconhecidos. Neste momento, não haverá
vinculação de qualquer trabalhador, sendo uma informação geral, que será
utilizada em momento posterior. A atribuição de um código para cada ambiente
evitará a redundância das informações, evitando que seja exigida a descrição
do ambiente para cada trabalhador. Ponto chave na transição de gestão para
alinhamento das demonstrações ambientais (PPRA, PCMSO, LTCAT) ao eSocial
é a definição inteligente de uma codificação de ambiente de trabalho que seja
pensada segundo as óticas presentes na empresa (contábil, fiscal, manutenção,
logística, vendas, administração) de forma que uma vez definido, toda a empresa
o reconheça. Assim, quando se estruturar o PPRA, este deve ter código ambiental
que o mesmo do centro de custo contábil e fiscal, etc.
Figura 22. Fragmento leiaute do Evento S-1060

11 infoAmbiente evtTabAm- CG - 1-1 - - Identificação da operação (inclusão, alteração


biente ou exclusão) e das informações do ambiente

12 inclusao infoAmbiente G - 0-1 - - Inclusão de novas informações

13 ideAmbiente inclusao G - 1-1 - - Informações de identificação do ambiente de


trabalho do empregador e de validade das
informações

14 codAmb ideAmbiente E C 1-1 030 - Preencher com o código atribuído pela em-
presa ao Ambiente de Trabalho

Validação: O código atribuído não pode


conter a expressão “eSocial” nas 7 (sete)
primeiras posições.

15 iniValid ideAmbiente E C 1-1 007 - Preencher com o mês e ano de início da vali-
dade das informações prestadas no evento,
no formato AAAA-MM.
Validação: Deve ser uma data válida, igual ou
posterior à data de início da obrigatoriedade
dos eventos de Segurança e Saúde no Traba-
lho (SST) para o empregador no eSocial, no
formato AAAA-MM.

16 fimValid ideAmbiente E C 0-1 007 - Preencher com o mês e ano de término da


validade das informações, se houver.
Validação: Se informado, deve estar no
formato AAAA-MM e ser um período igual ou
posterior a {iniValid}.

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17 dadosAm- inclusao G - 1-1 - - Informações do ambiente de trabalho
biente

18 dscAmb dadosAmbiente E C 1-1 8000 - Descrição do ambiente de trabalho.

19 localAmb dadosAmbiente E N 1-1 001 - Preencher com uma das opções:


1 - Estabelecimento do próprio empregador;
2 - Estabelecimento de terceiros;
3 - Prestação de serviços em instalações de
terceiros não consideradas como lotações dos
tipos 03 a 09 da Tabela 10.
Valores Válidos: 1, 2, 3.

20 tpInsc dadosAmbiente E N 1-1 001 - Preencher com o código correspondente ao


tipo de inscrição, conforme Tabela 05.
Validação: Se {localAmb} = [1,3], deve ser
igual a [1,3,4]. Valores Válidos: 1, 2, 3, 4.

21 nrInsc dadosAmbiente E C 1-1 015 - Número de inscrição onde está localizado o


ambiente.
Validação: Deve ser compatível com o conteú-
do do campo {tpInsc}. Deve ser um identifi-
cador válido, constante das bases da RFB, e:

a)Se{localAmb}=[1],oestabelecimentodeve-
pertenceraoempregadore constar na Tabela
de Estabelecimentos(S-1005);

b)Se {localAmb} = [2], deve constar na


Tabela de Lotações Tributárias (S- 1020);
c) Se {localAmb} = [3], deve ser diferente
dos estabelecimentosinformados
na Tabela S-1005 e, se {tpInsc} = [1] e o em-
pregador for pessoa jurídica, a raiz do CNPJ
informado deve ser diferente da constante
em S-1000.

22 fatorRisco dadosAmbiente G - 1-999 - - O registro apresenta o detalhamento do(s)


fator(es) de risco(s) presente(s) no ambiente
identificado

23 codFatRis fatorRisco E C 1-1 009 - Informar o código do fator de risco, conforme


Tabela 23. Preencher com números e pontos.
Validação: Deve ser um código existente na
Tabela 23 - Fatores de Riscos do Meio Am-
biente do Trabalho.

Fonte: Anexo I da NDE n. 01/2018 — Leiautes — Versão 1.0 — 30/05/2018

S-1065 — Tabela de Equipamentos de Proteção

O S-1065 que inclui a obrigatoriedade de gerar um cód para cada


Equipamento de Proteção, podendo ser Equipamento de proteção Individual (EPI)
e /ou Equipamento de Proteção Coletiva (EPC). Não há definição de quantidade de
EPI e ou EPC para cadastros. É obrigatório descrever o equipamento de proteção
com até 999 caracteres e mencionar o CA do EPI, se a opção for EPI.

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Figura 23: Fragmento leiaute do Evento S-1065 — Tabela de Equipamentos de Proteção

11 infoEquipa- evtTabEquipa- CG - 1-1 - - Identificação da operação (inclusão, alteração


mento mento ou exclusão) e das informações do equipa-
mento de proteção

12 inclusao infoEquipa- G - 0-1 - - Inclusão de novas informações


mento

13 ideEquipa- inclusao G - 1-1 - - Informações de identificação do equipamento


mento de proteção e de validade das informações

14 codEP ideEquipa- E C 1-1 030 - Preencher com o código atribuído pela empre-
mento sa ao Equipamento de Proteção. Validação: O
código atribuído não pode conter a expressão
“eSocial” nas 7 (sete) primeiras posições.

15 iniValid ideEquipa- E C 1-1 007 - Preencher com o mês e ano de início da vali-
mento dade das informações prestadas no evento,
no formato AAAA-MM.
Validação: Deve ser uma data válida, igual ou
posterior à data de início da
obrigatoriedade dos eventos de Segurança e
Saúde no Trabalho (SST) para o empregador
no eSocial, no formato AAAA-MM.

16 fimValid ideEquipa- E C 0-1 007 - Preencher com o mês e ano de término da


mento validade das informações, se houver.
Validação: Se informado, deve estar no
formato AAAA-MM e ser um período igual ou
posterior a {iniValid}.

17 dadosEquipa- inclusao G - 1-1 - - Informações do equipamento de proteção


mento

18 tpEP dadosEquipa- E N 1-1 001 - Preencher com uma das opções:


mento
1 - Equipamento de Proteção Individual (EPI);
2 - Equipamento de Proteção Coletiva (EPC).
Valores Válidos: 1, 2.

19 dscEP dadosEquipa- E C 1-1 999 - Descrição do equipamento de proteção.


mento

20 caEPI dadosEquipa- E C 0-1 020 - Certificado de Aprovação do EPI. Validação:


mento Não preencher se {tpEP} = [2].

Fonte: Anexo I da NDE n. 01/2018 — Leiautes — Versão 1.0 — 30/05/2018

S-1200 — Remuneração de trabalhador vinculado ao Regime Geral de Previdência


Social

O S-1200 informa remuneração de cada trabalhador no mês de referência.


Este evento deve ser utilizado pelo empregador/contribuinte/órgão público para
informar a parcela remuneratória devida a todos os seus trabalhadores, estagiários
e bolsistas, exceto àqueles vinculados ao Regime Próprio de Previdência Social —
RPPS, cuja informação deve ser prestada em evento próprio (S-1202). Deve ser
transmitido até o dia 07 do mês subsequente ao mês de referência do evento. Neste

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evento se preenche o campo informação sobre financiamento da aposentadora
especial — FAE exclusivamente em relação a remuneração de trabalhador
enquadrado em uma das categorias relativas a empregado, servidor público filiado
exclusivamente ao RGPS, trabalhador avulso ou na categoria de cooperado filiado
à cooperativa de produção ou de trabalho, permitindo a identificação do grau
de exposição do trabalhador aos agentes nocivos que ensejam a cobrança da
contribuição adicional para financiamento do benefício de aposentadoria especial.
Código e Descrição: 1 — Não exposto a agente nocivo na atividade atual; 2 —
Exposição a agente nocivo — aposentadoria especial aos 15 anos de trabalho; 3
— Exposição a agente nocivo — aposentadoria especial aos 20 anos de trabalho; e,
4 — Exposição a agente nocivo — aposentadoria especial aos 25 anos de trabalho
Figura 24: Fragmento leiaute do Evento S-1200 — Remuneração de trabalhador vinculado
69 vlrPgDep detPlano E N 1-1 14 - Valor pago relativo ao plano de saúde do
dependente.

70 infoAgNocivo remunPerApur G - 0-1 - - Registro preenchido exclusivamente em


relação a remuneração de trabalhador en-
quadrado em uma das categorias relativas a
Empregado, Servidor Público, Avulso, ou na
categoria de Cooperado filiado a cooperativa
de produção [738] ou Cooperado filiado a
cooperativa de trabalho que presta serviço a
empresa [731, 734], permitindo o detalha-
mento do grau de exposição do trabalhador
aos agentes nocivos que ensejam a cobrança
da contribuição
adicional para financiamento dos benefícios
de aposentadoria especial.

Fonte: LEIAUTES DO eSOCIAL Versão 2.4.02 Março de 2018

S-1210 — Pagamentos de Rendimentos do Trabalho

Depois de enviar os eventos S-1000, S-1010 e S-1200, deve-se informar, até o


dia 07 do mês seguinte ou antes do envio do fechamento dos eventos periódicos
(evento “S-1299 — Fechamento dos Eventos Periódicos) o S-1210 com informações
prestadas relativas aos pagamentos referentes aos rendimentos do trabalho
com ou sem vínculo empregatício e o pagamento de Participação nos Lucros
ou Resultados (PLR) objeto de negociação entre a empresa e seus empregados.
Aplica-se também aos benefícios pagos por RPPS.
Figura 25: Fragmento leiaute do Evento S-1210 — Pagamentos de Rendimentos do Trabalho
23 detPgtoFl infoPgto G - 0-200 - - Detalhamento dos pagamentos efetuados,
relativos a folha de pagamento e rescisões
contratuais, apurados em S-1200, S-1202,
S-2299 e S-2399.
O somatório de cada uma das rubricas cujo
{codIncIRRF} = [31, 32, 33, 34, 35] não pode
ser negativo.

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24 perRef detPgtoFl E C 0-1 007 - Informar a competência à qual se refere a
folha de pagamento no formato AAAA-MM,
se for relativa a folha de pagamento normal
(mensal, quinzenal, etc.) ou AAAA, se for
relativa a folha de 13° salário.
Validação: Informação obrigatória se {tpPg-
to} = [1,5]. Não pode haver informação nos
demais casos.
Deve estar no formato AAAA-MM ou AAAA.

25 ideDmDev detPgtoFl E C 1-1 030 - Identificador atribuído pela fonte pagadora


para o demonstrativo de valores devidos ao
trabalhador conforme definido em S-1200,
S-1202, S-2299 ou S- 2399.
Validação: Deve ser um valor atribuído pela
fonte pagadora em S-1200, S- 1202, S-2299
ou S-2399 no campo {ideDmDev}, obedecen-
do a relação: Se {tpPgto} = [1], em S-1200;
Se {tpPgto} = [2], em S-2299; Se {tpPgto} =
[3], em S-2399;
Se {tpPgto} = [5], em S-1202.

26 indPgtoTt detPgtoFl E C 1-1 001 - Indicativo de pagamento total ou parcial.


Informar [S] se o valor que está sendo pago
é exatamente o previsto nos eventos S-1200,
S-1202, S-2299 ou S-2399 em {dmDev}.
Informar [N] se o valor que está sendo pago
é inferior ao previsto nos eventos S-1200,
S-1202, S-2299 ou S-2399 em {dmDev}.
Se for informado [N], significa que está sendo
informando um pagamento de parte do que
é devido ou então, está sendo informado um
pagamento
parcelado sendo o presente pagamento ape-
nas uma das parcelas. Valores Válidos: S, N

27 vrLiq detPgtoFl E N 1-1 14 2 Valor líquido recebido pelo trabalhador,


composto pelos vencimentos e descontos,
inclusive os descontos de IRRF e de pensão
alimentícia (se houver).
Validação: Não pode ser um valor negativo.
Se {indPgtoTt} = [S] deve corresponder à
soma dos vencimentos ({tpRubr=1}) menos a
soma dos descontos ({tpRubr=2}) das rubri-
cas informadas:
a) nos eventos S-1200, S-1202, S-2299 e
S-2399; e
b) no grupo inferior ({retPgtoTot}).
Se {indPgtoTt} = [N] deve corresponder à
soma dos vencimentos ({tpRubr=1}) menos a
soma dos descontos ({tpRubr=2}) das rubricas
informadas em {infoPgtoParc} do registro
inferior.

28 nrRecArq detPgtoFl E C 0-1 040 - Preencher com o número do recibo do arqui-


vo que contém as informações da rescisão
contratual que originou o pagamento.
Validação: Informação obrigatória se {tpP-
gto} = [2,3]. Não pode ser informado nos
demais casos.
Se {tpPgto} = [2] deve ser um recibo de
arquivo gerado no leiaute S-2299. Se
{tpPgto} = [3], deve ser um recibo de arquivo
gerado no leiaute S-2399.

Fonte: LEIAUTES DO eSOCIAL Versão 2.4.02 Março de 2018

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S-2200 — Cadastramento Inicial do Vínculo e Admissão/Ingresso de Trabalhador

O S-2200 registra a admissão de empregado ou o ingresso de servidores


estatutários, a partir da implantação do eSocial. Ele serve também para o
cadastramento inicial de todos os vínculos ativos pela empresa/órgão público, no
início da implantação, com seus dados cadastrais e contratuais atualizados. As
informações prestadas nesse evento servem de base para construção do “Registro
de Eventos Trabalhistas” — RET, que será utilizado para validação dos eventos
de folha de pagamento e demais eventos enviados posteriormente. Trata-se do
primeiro evento relativo a um determinado vínculo. Deve ser enviado também
quando o empregado é transferido de uma empresa do mesmo grupo econômico
ou em decorrência de uma sucessão, fusão ou incorporação. Há dados pessoais,
endereço, educacionais, vínculos, etnia, jornada, turno, regime, entre outros, e
pessoas com deficiência e cotas.
Figura 26: Fragmento leiaute do Evento S-2200 — Cadastramento
Inicial do Vínculo e Admissão/Ingresso de Trabalhador
83 infoDeficien- trabalhador G - 0-1 - - Pessoa com Deficiência
cia

84 defFisica infoDeficiencia E C 1-1 001 - Deficiência Física: S - Sim;


N - Não.
Valores Válidos: S, N

85 defVisual infoDeficiencia E C 1-1 001 - Deficiência visual: S - Sim;


N - Não.
Valores Válidos: S, N.

86 defAuditiva infoDeficiencia E C 1-1 001 - Deficiência auditiva: S - Sim;


N - Não.
Valores Válidos: S, N.

87 defMental infoDeficiencia E C 1-1 001 - Deficiência Mental: S - Sim;


N - Não.
Valores Válidos: S, N.

88 defIntelectual infoDeficiencia E C 1-1 001 - Deficiência Intelectual: S - Sim;


N - Não.
Valores Válidos: S, N

89 reabReadap infoDeficiencia E C 1-1 001 - Informar se o trabalhador é reabilitado (empre-


gado) ou readaptado (servidor público/militar).
Reabilitado: estando o empregado incapaci-
tado parcial ou totalmente para o trabalho,
cumpriu Programa de Reabilitação Profissional
no INSS, recebendo certificado, sendo propor-
cionado os meios indicados para participar do
mercado de trabalho. Readaptado: o servidor
está investido em cargo de atribuições e
responsabilidades compatíveis com a limitação
que tenha sofrido em sua capacidade física ou
mental verificada em inspeção médica:
S - Sim;
N - Não.
Valores Válidos: S, N.

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90 infoCota infoDeficiencia E C 1-1 001 - Informar se o trabalhador preenche cota de
pessoas com deficiência habilitadas ou de
beneficiários reabilitados.
Valores Válidos: S, N.

91 observacao infoDeficiencia E C 0-1 255 - Observação

Fonte: LEIAUTES DO eSOCIAL Versão 2.4.02 Março de 2018

S-2210 — Comunicação de Acidente de Trabalho

Comunica acidente de trabalho pelo empregador/contribuinte/órgão público


para as 21 possibilidades legais (nexos), inclusive sem sintomatologia (ainda que
não haja afastamento do trabalhador). Deve informar o empregador, a cooperativa,
o Órgão Gestor de Mão de Obra, a parte concedente de estágio, o sindicato
de trabalhadores avulsos e órgãos públicos em relação aos seus empregados e
servidores vinculados ao RGPS. No caso de servidores vinculados ao Regime Próprio
de Previdência Social — RPPS o envio da informação é facultativo. Prazo de envio:
a comunicação do acidente de trabalho deve ser comunicada até o primeiro dia
útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato. Na identificação
do vínculo deve preencher com o código da categoria do trabalhador, conforme
Tabela 01, mas existe uma validação. No grupo identificação do local do acidente
deve informar o código do ambiente de trabalho constante da Tabela S-1060
referente ao local do acidente. Existem validações importantes para o local do
acidente.
Figura 27: Fragmento leiaute do Evento S-2210 — Comunicação de Acidente de Trabalho
18 cat evtCAT G - 1-1 - - Comunicação de Acidente de Trabalho.

19 dtAcid cat E D 1-1 - - Data do Acidente.


Validação: Deve ser uma data válida, igual ou
posterior à data de admissão do trabalhador
e igual ou inferior à data atual.

20 tpAcid cat E C 1-1 006 - Tipo de Acidente de Trabalho, conforme


Tabela 24. Preencher com números e pontos.
Validação: Dever ser um código da Tabela 24
- Codificação de Acidente de Trabalho.

21 hrAcid cat E C 1-1 004 - Hora do Acidente, no formato HHMM.


Validação: Deve estar no intervalo entre
[0000] e [2359], criticando inclusive a segun-
da parte do número, que indica os minutos, e
deve ser menor ou igual a 59.

22 hrsTrabAnte- cat E C 1-1 004 - Horas trabalhadas antes da ocorrência do


sAcid acidente, no formato HHMM. Validação:
Deve estar no intervalo entre [0000] e [9959],
criticando inclusive a segunda parte do núme-
ro, que indica os minutos, e deve ser menor
ou igual a 59.

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23 tpCat cat E N 1-1 001 - Tipo de CAT, conforme opções abaixo:
1 - Inicial;
2 -Reabertura;
3 - Comunicação deÓbito. Valores Válidos: 1,
2,3.

24 indCatObito cat E C 1-1 001 - Houve Óbito? S - Sim;


N - Não.
Validação: Se o {tpCat} for igual a [3], o cam-
po deverá sempre ser preenchido com [S].

Fonte: Anexo I da NDE n. 01/2018 — Leiautes — Versão 1.0 — 30/05/2018

S-2220 — Monitoramento da Saúde do Trabalhador

O S-2220 retrata o acompanhamento da saúde do trabalhador durante o seu


contrato de trabalho, com as informações relativas ao PCMSO e aos atestados de
saúde ocupacional (ASO). I inclui informações de Identificação do Trabalhador e
do Vínculo. Solicita o detalhamento das informações do monitoramento com duas
possibilidades de exame: médico ocupacional (Tipo) e o toxicológico do motorista
profissional e nesse caso pede para detalhar. No grupo “exame” solicita o registro
que detalha as avaliações clínicas e os exames complementares realizados pelo
trabalhador em virtude do determinado nos Quadros I e II da NR7. Há validação de
um código existente, conforme Tabela 27 — Procedimentos Diagnósticos.
Figura 28: Fragmento leiaute do Evento S-2220 — Monitoramento da Saúde do Trabalhador

19 tpExame monit E N 1-1 001 - Tipo do exame, conforme opções abaixo: 0 -


Exame médico ocupacional;

1 - Exame toxicológico do motorista profissional.


Valores Válidos: 0, 1.

20 exMedOcup monit G - 0-1 - - Detalhamento das informações do exame médi-


co ocupacional

21 tpExameOcup exMedOcup E N 1-1 001 - Tipo do exame médico ocupacional, conforme


opções abaixo: 0 - Exame médico admissional;

1 - Exame médico periódico, conforme NR7 do


MTb e/ou planejamento do PCMSO;

2 - Exame médico de retorno ao trabalho; 3 -


Exame médico de mudança defunção;

4 - Exame médico de monitoração pontual, não


enquadrado nos demais casos;

9 - Exame médico demissional. Valores Válidos:


0, 1, 2, 3, 4, 9.

22 aso exMedOcup G - 1-1 - - Detalhamento das informações do Atestado de


Saúde Ocupacional (ASO)

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23 dtAso aso E D 1-1 - - Data de emissão do ASO.

Validação: Deve ser uma data válida, igual ou


posterior à data de início da obrigatoriedade
dos eventos de Segurança e Saúde no Trabalho
(SST) para o

empregador no eSocial.

24 resAso aso E N 1-1 001 - Resultado do ASO, conforme opções abaixo:


1 - Apto;

2 - Inapto.

Valores Válidos: 1, 2.

25 exame aso G - 1-99 - - Registro que detalha as avaliações clínicas e os


exames complementares porventura realizados
pelo trabalhador em virtude do determinado
nos Quadros I e II da NR7 do MTb, além de
outros solicitados pelo médico e os referentes
ao ASO. O não preenchimento sinaliza a não
realização de

avaliações clínicas e exames complementares.

26 dtExm exame E D 1-1 - - Data do exame realizado.

Validação: Deve ser uma data válida, igual ou


anterior à data do ASO informada em {dtAso}.

27 procRealizado exame E N 1-1 004 - Código do procedimento diagnóstico constante


da Tabela 27. Validação: Deve ser um código
existente na Tabela 27 - Procedimentos

Diagnósticos.

28 obsProc exame E C 0-1 999 - Observação sobre o procedimento diagnóstico


realizado.

29 ordExame exame E N 1-1 001 - Ordem do Exame: 1 - Referencial;

2 - Sequencial.

Valores Válidos: 1, 2.

30 indResult exame E N 0-1 001 - Indicação dos Resultados: 1 - Normal;

2 -Alterado;

3 -Estável;

4 -Agravamento.

Valores Válidos: 1, 2, 3, 4.

31 medico aso G - 1-1 - - Informações sobre o médico emitente do ASO

32 cpfMed medico E C 1-1 011 - Preencher com o CPF do médico emitente do


ASO. Validação: Se informado, deve ser um CPF
válido.

33 nisMed medico E C 1-1 011 - Preencher com o Número de Identificação Social


- NIS do médico emitente do ASO, o qual pode
ser o PIS, PASEP ou NIT.

Validação: Se informado, deve ser um NIS válido.

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34 nmMed medico E C 1-1 070 - Preencher com o nome do médico emitente do
ASO.

35 nrCRM medico E C 1-1 008 - Número de inscrição do médico emitente do


ASO no Conselho Regional de Medicina (CRM).

36 ufCRM medico E C 1-1 002 - Preencher com a sigla da UF de expedição do


CRM. Validação: Deve ser uma UF válida.

37 respMonit exMedOcup G - 1-1 - - Informações sobre o médico responsável/coor-


denador do PCMSO

38 cpfResp respMonit E C 1-1 011 - Preencher com o CPF do médico responsável/


coordenador do PCMSO. Validação: Deve ser um
CPF válido.

39 nmResp respMonit E C 1-1 070 - Preencher com o nome do médico responsável/


coordenador do PCMSO.

40 nrCRM respMonit E C 1-1 008 - Número de inscrição do médico responsável/


coordenador do PCMSO no CRM.

41 ufCRM respMonit E C 1-1 002 - Preencher com a sigla da UF de expedição do


CRM. Validação: Deve ser uma UF válida.

42 toxicologico monit G - 0-1 - - Detalhamento das informações do exame toxico-


lógico do motorista profissional

43 dtExame toxicologico E D 1-1 - - Data da realização do exame toxicológico.

Validação: Deve ser uma data válida, igual ou


posterior à data de início da

obrigatoriedade dos eventos de Segurança e


Saúde no Trabalho (SST) para o empregador no
eSocial.

44 cnpjLab toxicologico E C 1-1 014 - CNPJ do laboratório responsável pela realização


do exame. Validação: Deve ser um CNPJ válido.

45 codSeqExame toxicologico E C 1-1 011 - Código do exame toxicológico. Deve ser infor-
mado no formato AA999999999, sendo AA
o serial do sequencial e 999999999 o número
sequencial do exame.

Validação: Deve possuir 11 (onze) caracteres,


composto por duas letras (dois primeiros
caracteres) e nove algarismos (últimos nove
caracteres).

46 nmMed toxicologico E C 1-1 070 - Preencher com o nome do médico.

47 nrCRM toxicologico E C 1-1 008 - Número de inscrição do médico no CRM.

48 ufCRM toxicologico E C 1-1 002 - Preencher com a sigla da UF de expedição do


CRM. Validação: Deve ser uma UF válida.

Fonte: Anexo I da NDE n. 01/2018 — Leiautes — Versão 1.0 — 30/05/2018

S-2230 — Afastamento Temporário

O S-2230 informa afastamentos temporários dos empregados/servidores


e trabalhadores avulsos, por quaisquer dos motivos elencados na tabela 18 —
Motivos de Afastamento, bem como eventuais alterações e prorrogações. Caso
o empregado/servidor possua mais de um vínculo, é necessário o envio do

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Fator de Risco Ruido no esocial_Da engenharia ao direito.indd 82 06/06/2018 15:56:17


evento para cada um deles. Quem está obrigado: o empregador/contribuinte/
órgão público, toda vez que o trabalhador se afastar de suas atividades laborais
em decorrência de um dos motivos constantes na tabela 18, com indicação de
obrigatória, conforme quadro constante no item 18 das informações adicionais.

Figura 29: Fragmento leiaute do Evento S S-2230 — Afastamento Temporário


18 infoAfasta- evtAfastTemp G - 1-1 - - Informações do Evento
mento

19 iniAfasta- infoAfasta- G - 0-1 - - Informações do Afastamento Temporário - Início


mento mento

20 dtIniAfast iniAfasta- E D 1-1 - - Data de início do afastamento


mento
Validação: Deve-se obedecer às seguintes regras:
a) A data deve ser igual ou posterior a data de
admissão do vínculo ao qual se refere o evento;
b) Não pode ser superior à data atual exceto se
{codMotAfast} = [15] (férias), situação em que
pode ser até 60 dias superior à data atual;
c) É necessário que o trabalhador esteja, antes da
data de início do
afastamento, em atividade, ou seja, não pode
existir evento de afastamento anterior a {dtIniA-
fast} sem que este tenha sido encerrado.

21 codMotAfast iniAfasta- E C 1-1 002 - Preencher com o código do motivo de afastamen-


mento to temporário, conforme tabela 18.
Validação: Deve ser um código existente na ta-
bela 18.

22 infoMes- iniAfasta- E C 0-1 001 - Informar se o afastamento decorre de mesmo


moMtv mento motivo de afastamento anterior (acidente/doen-
ça - {codMotAfast} = [01, 03]) dentro de 60 dias:
N - Não;
S - Sim.
Valores Válidos: S, N.

23 tpAcidTransito iniAfasta- E N 0-1 001 - Tipo de Acidente de Trânsito:


mento
1 - Atropelamento;
2 - Colisão;
3 - Outros.
Validação: Somente pode ser preenchido se
{codMotAfast} = [01,03] Valores Válidos: 1, 2, 3.

24 observacao iniAfasta- E C 0-1 255 - Detalhar as informações sobre o afastamento do


mento trabalhador, de maneira a explicitar os motivos
do mesmo.
Validação: O preenchimento é obrigatório se
{codMotAfast} = [21]

25 infoAtestado iniAfasta- G - 0-9 - - Informações complementares relativas ao atesta-


mento do médico

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26 codCID infoAtestado E C 0-1 004 - Informar o código na tabela de Classificação In-
ternacional de Doenças - CID. Validação: Preen-
chimento obrigatório se {codMotAfast} = [01].
Deve ser preenchido com caracteres alfanuméri-
cos conforme opções constantes na tabela CID.

27 qtdDiasAfast infoAtestado E N 1-1 003 - Quantidade de dias de afastamento concedidos


pelo médico

Fonte: LEIAUTES DO eSOCIAL Versão 2.4.02 Março de 2018

S-2240 — Condições Ambientais do Trabalho — Fatores de Risco

O S-2240 é o mais importante evento em SST. Registra Informações


de Identificação do Evento; Informações de identificação do empregador;
Informações de Identificação do Trabalhador e do Vínculo; Ambiente de trabalho,
atividades desempenhadas e exposição a fatores de risco; Informações relativas
ao ambiente de trabalho; Descrição das Atividades Desempenhadas; Informação
da(s) atividade(s) periculosa(s), insalubre(s) ou especial(is) desempenhada(s);
Fator(es) de risco ao qual o trabalhador está exposto; EPI e EPC; Responsável
pelos registros ambientais; e, Observações relativas a registros ambientais.
Solicita aplicativo gerador da emissão do evento, se próprio do empregador ou
governamental. Há informação da atividade desempenhada dentre as descritas
na Tabela 28 (Insalubre, periculoso e ou condição de aposentadoria especial). Há
campo unidade de medida da intensidade ou concentração com 18 possibilidades,
bem como campo exigindo anotar se a condição é insalubridade, periculosidade,
de aposentadoria especial e qual código do EPI e ou EPC protege o trabalhador.
Em outras palavras, registra-se a vinculação de cada trabalhador aos
ambientes nos quais exercem suas atividades na empresa (códigos do evento
S-1060), de modo a individualizar por trabalhador, o fator de risco existente no
ambiente ao qual está exposto, bem como a descrição das proteções coletivas
e individuais utilizadas e sua eficácia. Assim é possível identificar e fazer as
múltiplas correspondências entre ambientes de trabalho, fatores de risco e
trabalhadores. Essas correspondências estão no plural porque são múltiplas as
possibilidades de combinação dadas pelo fluxograma de processo-produção,
seguindo os tempos e movimentos do trabalhador, pois é possível que esse
trabalhador tenha pertencimento a vários ambientes de trabalho, mais ainda,
que participe de vários GHE.
Neste evento o empregador informa se as exposições declaradas acarretam
direito aos adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou à Aposentadoria Especial
e o respectivo custeio via Financiamento da Aposentadoria Especial — FAE.
Importante verificar a possibilidade de de montagem de cenário profissiográfico
de cada trabalhador, dado o histórico das exposições a fatores de risco.

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O pagamento dos adicionais de insalubridade e periculosidade é feita no
evento “S-1210 — Pagamento de Rendimentos do Trabalho”, quando informar o
código relativo a tal parcela (conforme código criado no evento “S-1010 — Evento
de Tabela de Rubricas”), bem como a aposentadoria especial via declaração relativa
ao FAE no âmbito do S-1200 — Remuneração do Trabalhador”, quando informará
o grau de exposição, utilizando-se dos códigos previstos na tabela 2 do eSocial.
Um ambiente com fator de risco declarado (S-1060) não necessariamente
atinge a todos nele presentes, e se atingir, é possível que as intensidades, con-
centrações e doses não sejam uniformes a todos em todo o ambiente. Por isso a
necessidade dessa individualização, que de resto, e pelos mesmos motivos, alcança
as medidas de proteção coletiva e individual também por trabalhador. Objetivação,
pois este evento é utilizado para registrar as condições ambientais de trabalho do
empregado, estagiário, trabalhador avulso e cooperado de cooperativa de traba-
lho, indicando a prestação de serviços, pelo trabalhador, em ambientes descritos
no evento S-1060, bem como para informar a existência de exposição aos fatores
de risco descritos na Tabela 23 — Fatores de Risco Ambientais e atividades insalu-
bres e/ou aposentadoria especiais definidas pela Tabela 28. É utilizado também
para comunicar mudança dos ambientes em que o trabalhador exerce suas ativida-
des, bem como o encerramento de exercício das atividades do trabalhador nestes
ambientes.
Múltiplos ambientes, pois há trabalhadores que perpassam ao longo da
jornada vários ambientes. Assim é possível que um mesmo vínculo possa ser
enquadrado em mais de um ambiente previsto no evento S — 1060 (Tabela
Ambiente de Trabalho). Neste evento S-2240 todos os trabalhadores da empresa
serão vinculados a um ambiente, ao menos um, descrito no evento de tabela
S-1060, mesmo que não haja exposição a risco, hipótese em que deverá ser
informado o código 09.01.001 (Ausência de fatores de risco) da Tabela 23.
Caso a empresa forneça EPI devem ser prestadas as informações sobre
o atendimento aos requisitos das NR-06 e NR-09 do Ministério do Trabalho.
Equipamento de proteção coletiva — EPC eficaz significa a implantação de dispositivo
de proteção que, de forma coletiva, não permitirá que nenhum trabalhador, em
nenhum momento, esteja exposto, aos fatores de riscos no trabalho, a valores
acima dos limites de tolerância definidos e regulamentados.
As informações prestadas neste evento integrarão a dimensão ambiental
do Perfil Profissiográfico Previdenciário — PPP do empregado, pois que este não
possui evento próprio. De forma espalhada por outros eventos (S-1000, S-2200,
S-2220 e S-2299) há informações sobre as dimensões administrativas e biológicas,
cuja reunião desses dados completará os registros do ora substituído PPP, para
por ocasião do desligamento do trabalhador, ser compilado, impresso, assinado e
entregue ao trabalhador.

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O S-2240 há previsão de informar metodologia, procedimento, intensidade e
concentração, conforme o caso, dos fatores de risco. Tais campos dizem respeito à
aposentadoria especial e seu custeio, pois decorrem da obrigação hoje existente no
PPP. Logo são diretamente ligadas aos comandos das NHO da Fundacentro. Registre-
se que o Evento 2240 não captura informação de metodologia, procedimento,
intensidade e concentração para fins de insalubridade, simplesmente, porque no
ordenamento jurídico atual não há essa obrigação de informar.
O S-2240 concentra os fatores de risco da Tabela 23 que povoa o S-1060
(apenas) bem como as atividades periculosas, insalubres e/ou aposentadoria
especiais definidas pela Tabela 28, pois o Anexo IV do RPS prevê as duas entradas:
fator de risco (Tabela 23) e atividade (Tabela 28), esta exemplificativa. Por isso
ambas alimentam 2240.
Figura 30: Fragmento leiaute do Evento S-2240 — Condições Ambientais do Trabalho — Fatores de Risco
18 infoExpRisco evtExpRisco G - 1-1 - - Informações sobre o ambiente de trabalho,
atividades desempenhadas e exposição a fatores
de risco

19 dtIniCondicao infoExpRisco E D 1-1 - - Informar a data em que o trabalhador iniciou as


atividades no ambiente de trabalho ou a data
de início da obrigatoriedade deste evento para o
empregador no eSocial, a que for mais recente.
Validação: Deve ser uma data válida, igual ou
posterior à data de admissão do vínculo a que se
refere. Não pode ser anterior à data de início da
obrigatoriedade dos eventos de Segurança e Saúde
no Trabalho (SST) para o empregador no eSocial.

20 infoAmb infoExpRisco G - 1-99 - - Informações relativas ao ambiente de trabalho

21 codAmb infoAmb E C 1-1 030 - Informar o código do ambiente de trabalho


constante da Tabela S-1060 no qual o trabalha-
dor está desempenhando as atividades.
Validação: Deve ser um código existente na
Tabela S-1060.

22 infoAtiv infoAmb G - 1-1 - - Descrição das Atividades Desempenhadas

23 dscAtivDes infoAtiv E C 1-1 999 - Descrição das atividades, físicas ou mentais,


realizadas pelo trabalhador, por força do poder
de comando a que se submete. As atividades
deverão ser escritas com exatidão, e de forma
sucinta, com a utilização de verbos no infinitivo
impessoal. Exemplos: distribuir panfletos, operar
máquina de
envase, etc.

24 ativPericInsal infoAtiv G - 1-20 - - Informação da(s) atividade(s) periculosa(s), insa-


lubre(s) ou especial(is) desempenhada(s)

25 codAtiv ativPericInsal E C 1-1 006 - Identificar a atividade desempenhada dentre as


descritas na Tabela 28. Preencher com núme-
ros e pontos. Caso não haja correspondência,
informar o código [99.999] (Ausência de corres-
pondência).
Validação: Deve ser um código existente na
Tabela 28 - Atividades periculosas, insalubres e/
ou especiais.

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26 fatRisco infoExpRisco G - 1-999 - - Fator(es) de risco ao qual o trabalhador está
exposto

27 codFatRis fatRisco E C 1-1 009 - Informar o código do fator de risco ao qual o


trabalhador está exposto, conforme Tabela 23.
Preencher com números e pontos. Caso não
haja exposição, informar o código [09.01.001]
(Ausência de Fator de Risco). Validação: Deve
existir na Tabela S-1060 em pelo menos um
código de
ambiente informado no campo {codAmb}. Não
realizar validação se for informado o código
[09.01.001].

28 tpAval fatRisco E N 1-1 001 - Tipo de avaliação do fator de risco: 1 - Critério


quantitativo;
2 - Critério qualitativo. Valores válidos: 1, 2.

29 intConc fatRisco E N 0-1 010 002 Intensidade ou concentração da exposição do


trabalhador ao fator de risco cujo critério de
avaliação seja quantitativo.
Validação: Preenchimento obrigatório se {tpA-
val} = [1]. Não informar se
{tpAval} = [2].

30 unMed fatRisco E N 0-1 002 - Unidade de medida da intensidade ou concen-


tração:
01 - Dose diária de ruído (número adimensional);
02 - Decibel linear (dB (linear));
03 - Decibel (C)(dB(C));
04 - Decibel (A)(dB(A));
05 - Quilocaloria por hora (kcal/h); 06 - Gray(-
Gy);
07 - Sievert(Sv);
08 - Quilograma-força por centímetro quadrado
(kgf/cm2); 09 - Metro por segundo ao quadra-
do(m/s2);
10 - Metro por segundo elevado a 1,75(m/s1,75);
11 - Parte de vapor ou gás por milhão de partes
de ar contaminado (ppm); 12 - Miligrama por
metro cúbico de ar(mg/m3);
13 - Fibra por centímetro cúbico (f/cm3); 14 -
Grau centígrados (0C);
15 - Metro por segundo (m/s); 16 - Percentual
(%);
17 - Lux(lx);
18 - Unidade formadora de colônias por metro
cúbico (ufc/m3). Validação:Preenchimentoobri-
gatóriose{tpAval}=[1].Nãoinformarse
{tpAval} = [2].
Valores Válidos: 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08,
09, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16,
17, 18.

31 tecMedicao fatRisco E C 0-1 040 - Técnica utilizada para medição da intensidade


ou concentração. Validação: Preenchimento obri-
gatório se {tpAval} = [1]. Não informar se
{tpAval} = [2].

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Fator de Risco Ruido no esocial_Da engenharia ao direito.indd 87 06/06/2018 15:56:17


32 insalubridade fatRisco E C 1-1 001 - A exposição ao fator de risco/execução da
atividade configura trabalho insalubre?
S - Sim;
N - Não.
Valores Válidos: S, N.

33 periculosidade fatRisco E C 1-1 001 - A exposição ao fator de risco/execução da


atividade configura trabalho periculoso?
S - Sim;
N - Não.
Valores Válidos: S, N.

34 aposentEsp fatRisco E C 1-1 001 - A exposição ao fator de risco/execução da ativi-


dade enseja recolhimento para fins de aposenta-
doria especial?
S - Sim;
N - Não.
Valores Válidos: S, N.

35 epcEpi fatRisco G - 1-1 - - Informações relativas a Equipamentos de Prote-


ção Coletiva - EPC e Equipamentos de Proteção
Individual - EPI

36 utilizEPC epcEpi E N 1-1 001 - Utilização de EPC: 0 - Não se aplica; 1 - Não


utilizado; 2 -Utilizado.
Valores Válidos: 0, 1, 2.

37 hierUso epcEpi E N 1-1 001 - Foi observada a hierarquia das medidas de


proteção coletiva? S - Sim;
N - Não.
Valores Válidos: S, N.

38 utilizEPI epcEpi E N 1-1 001 - Utilização de EPI: 0 - Não se aplica; 1 - Não


utilizado; 2 - Utilizado.
Valores Válidos: 0, 1, 2.

39 epc epcEpi G - 0-50 - - Equipamentos de Proteção Coletiva - EPC

40 codEP epc E C 1-1 030 - Informar o código do EPC constante da Tabela


S-1065.
Validação: Deve ser um código existente na
Tabela S-1065, onde {tpEp} = [2].

41 eficEpc epc E C 0-1 001 - O EPC é eficaz na neutralização dos riscos ao


trabalhador? S - Sim;
N - Não.
Valores Válidos: S, N.

42 epi epcEpi G - 0-50 - - Equipamentos de Proteção Individual - EPI

43 codEP epc E C 1-1 030 - Informar o código do EPI constante da Tabela


S-1065.
Validação: Deve ser um código existente na
Tabela S-1065, onde {tpEp} = [1].

44 eficEpi epi E C 1-1 001 - O EPI é eficaz na neutralização dos riscos ao


trabalhador? S - Sim;
N - Não.
Valores Válidos: S, N.

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Fator de Risco Ruido no esocial_Da engenharia ao direito.indd 88 06/06/2018 15:56:17


45 medProtecao epi E C 1-1 001 - Foi tentada a implementação de medidas de
proteção coletiva, de caráter administrativo ou
de organização, optando-se pelo EPI por invia-
bilidade técnica, insuficiência ou interinidade,
ou ainda em caráter complementar ou emer-
gencial?
S - Sim;
N - Não.
Valores Válidos: S, N.

46 condFuncto epi E C 1-1 001 - Foram observadas as condições de funciona-


mento e do uso ininterrupto do EPI ao logo
do tempo, conforme especificação técnica do
fabricante nacional ou importador, ajustadas às
condições de campo?
S - Sim;
N - Não.
Valores Válidos: S, N.

47 przValid epi E C 1-1 001 - Foi observado o prazo de validade do Certificado


de Aprovação - CA do MTb no momento da
compra do EPI?
S - Sim;
N - Não.
Valores Válidos: S, N.

48 periodicTroca epi E C 1-1 001 - É observada a periodicidade de troca definida


pelo fabricante nacional ou importador e/ou
programas ambientais, comprovada mediante
recibo assinado pelo usuário em época própria?
S - Sim;
N - Não.
Valores Válidos: S, N.

49 higienizacao epi E C 1-1 001 - É observada a higienização conforme orientação


do fabricante nacional ou importador?
S - Sim;
N - Não.
Valores Válidos: S, N.

50 manutencao epi E C 1-1 001 - É observada a manutenção conforme orientação


do fabricante nacional ou importador?
S - Sim;
N - Não.
Valores Válidos: S, N.

51 respReg infoExpRisco G - 1-9 - - Informações relativas ao responsável pelos


registros ambientais

52 cpfResp respReg E C 1-1 011 - Preencher com o CPF do responsável pelos


registros ambientais. Validação: Deve ser um
CPF válido.

53 nisResp respReg E C 1-1 011 - Preencher com o Número de Identificação Social


- NIS do responsável pelos registros ambientais,
o qual pode ser o PIS, PASEP ou NIT.
Validação: Deve ser um NIS válido.

54 nmResp respReg E C 1-1 070 - Preencher com o nome do responsável pelos


registros ambientais.

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Fator de Risco Ruido no esocial_Da engenharia ao direito.indd 89 06/06/2018 15:56:17


55 ideOC respReg E N 1-1 001 - Órgão de classe ao qual o responsável pelos
registros ambientais está vinculado:
1 - Conselho Regional de Medicina(CRM);
2 -ConselhoRegionaldeEngenhariaeAgronomia(-
CREA); 9 -Outros.
Valores Válidos: 1, 2, 9.

56 dscOC respReg E C 0-1 020 - Descrição (sigla) do órgão de classe ao qual


o responsável pelos registros ambientais está
vinculado.
Validação: Preenchimento obrigatório se
{ideOC} = [9]. Não informar se
{ideOC} = [1,2].

57 nrOC respReg E C 1-1 014 - Número de Inscrição no órgão de classe.

58 ufOC respReg E C 1-1 002 - Sigla da UF do órgão de classe.

59 obs infoExpRisco G - 0-1 - - Observações relativas a registros ambientais

60 metErg obs E C 1-1 999 - Descrição da metodologia utilizada para o levan-


tamento dos riscos ergonômicos.

61 observacao obs E C 1-1 999 - Observação(ões) complementar(es) referente(s)


a registros ambientais.

Fonte: Anexo I da NDE n. 01/2018 — Leiautes — Versão 1.0 — 30/05/2018

S-2245 — Treinamentos e Capacitações

O S-2245 presta de informações referentes aos treinamentos e capacitações


específicas para trabalho. Usa-se código da Tabela 29 — Treinamentos e
Capacitações, com a data de início do treinamento/capacitação, a duração do
treinamento/capacitação, em horas e a Modalidade do treinamento/capacitação
e ainda, se é periódico, reciclagem.
Figura 31: Fragmento leiaute do Evento S-2245 — Treinamentos e Capacitações
18 treiCap evtTreiCap G - 1-1 - - Treinamentos e Capacitações Específicas para Trabalho

19 codTreiCap treiCap E C 1-1 004 - Informar o código do treinamento/capacitação, conforme Ta-


bela 29.
Validação: Deve ser um código existente na Tabela 29 — Treina-
mentos e Capacitações.

20 dtTreiCap treiCap E D 1-1 - - Informar a data de início do treinamento/capacitação ou a data


de início da obrigatoriedade deste evento para o empregador
no eSocial, a que for mais recente.
Validação: Deve ser uma data válida, igual ou posterior à data
de admissão do vínculo a que se refere. Não pode ser anterior
à data de início da obrigatoriedade dos eventos de Segurança e
Saúde no Trabalho (SST) para o empregador no eSocial.

21 durTreiCap treiCap E N 1-1 006 2 Informar a duração do treinamento/capacitação, em horas.

22 modTreiCap treiCap E N 1-1 001 - Modalidade do treinamento/capacitação, conforme opções


abaixo:
1 — Presencial;
2 — Educação a Distância (EaD);
3 — Mista.
Valores Válidos: 1, 2, 3.

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23 tpTreiCap treiCap E N 1-1 001 - Tipo de treinamento/capacitação, conforme opções abaixo:
1 — Inicial;
2 — Periódico;
3 — Reciclagem;
4 — Eventual.
5 — Outros.
Valores Válidos: 1, 2, 3, 4, 5.

24 observacao treiCap E C 0-1 999 - Observação referente ao treinamento/capacitação.

25 ideProfResp treiCap G - 1-99 - - Informações relativas ao profissional responsável pelo treina-


mento/capacitação

26 cpfProf ideProfResp E C 1-1 011 - Preencher com o CPF do profissional responsável pelo treina-
mento/capacitação.
Validação: Deve ser um CPF válido.

27 nmProf ideProfResp E C 1-1 070 - Nome do profissional responsável pelo treinamento/capacita-


ção.

28 tpProf ideProfResp E N 1-1 001 - O treinamento/capacitação foi ministrado por:


1 — Profissional empregado do declarante;
2 — Profissional sem vínculo de emprego/estatutário com o de-
clarante. Valores Válidos: 1, 2.

29 matricula ideProfResp E C 0-1 030 - Matrícula atribuída pela empresa ao responsável pelo treina-
mento/capacitação ou, no caso de servidor público, a matrícula
constante no Sistema de Administração de Recursos Humanos
do órgão.
Validação: Informação obrigatória se {tpProf} = [1]. Não preen-
cher se {tpProf} = [2]. Deve corresponder à matrícula informa-
da pelo empregador no evento S-2200 do respectivo vínculo
trabalhista.

30 formProf ideProfResp E C 1-1 255 - Formação do profissional responsável pelo treinamento/capaci-


tação (seja acadêmica, prática ou outra forma).

31 codCBO ideProfResp E C 1-1 006 - Informar a Classificação Brasileira de Ocupação — CBO referen-
te à formação do profissional responsável pelo treinamento/
capacitação.
Validação: Deve ser um código existente na tabela de CBO,
com 6 (seis) posições.

Fonte: Anexo I da NDE n. 01/2018 — Leiautes — Versão 1.0 — 30/05/2018

S-5001 — Informações das contribuições sociais consolidadas por trabalhador

O S-5001 é um retorno do ambiente nacional do eSocial para cada um


dos eventos de remuneração — S-1200 ou S-2299 ou S-2399 — transmitidos
pelo empregador. Nele constará a totalização da base de cálculo (Salário de
Contribuição) da contribuição previdenciária de cada trabalhador (CPF), e o cálculo
do valor da contribuição devida pelo segurado ao Regime Geral de Previdência
Social — RGPS. Retorna também o valor da contribuição efetivamente descontada
pelo empregador, conforme informado em rubrica específica no evento de
remuneração. Evento gerado no ambiente nacional do eSocial para cada evento de
Remuneração transmitido pelo contribuinte e recepcionado no ambiente nacional

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do eSocial após as devidas validações. O retorno ocorre na medida em que os
eventos de remuneração são transmitidos. Assim, este retorno não depende de
solicitação de fechamento de eventos periódicos. Por exemplo, totaliza-se a base
de cálculo de cada trabalhador para: código 11 — Base de cálculo da Contribuição
Previdenciária normal; combinado com código 14 — Base de cálculo da Contribuição
Previdenciária adicional para o financiamento dos benefícios de aposentadoria
especial após 25 anos de contribuição; mais o código 18 — Base de cálculo da
Contribuição Previdenciária adicional para o financiamento dos benefícios de
aposentadoria especial após 25 anos de contribuição — Exclusiva do empregador;
com, código 21 — Valor total descontado do trabalhador para recolhimento à
Previdência Social.
Figura 32: Fragmento leiaute do Evento S-5001 — Informações das contribuições sociais consolidadas por
trabalhador
29 infoBaseCS infoCategIncid G - 0-99 - - Informações sobre bases de cálculo, descontos e deduções
de contribuições sociais devidas à Previdência Social e a
Outras Entidades e Fundos.
Evento de origem (S-1200, S-2299 e S-2399).

30 ind13 infoBaseCS E N 1-1 001 - Indicativo de 13° salário:


0 — Mensal;
1 — 13° salário — {codIncCP} = [12, 14, 16, 22, 26, 32,
92, 94].
Validação: Se {indApuracao} = [2], preencher com [1].

31 tpValor infoBaseCS E N 1-1 002 - Tipo de valor que influi na apuração da contribuição de-
vida:
11 — Base de cálculo da Contribuição Previdenciária normal;
12 — Base de cálculo da Contribuição Previdenciária adicio-
nal para o financiamento dos benefícios de aposentadoria
especial após 15 anos de contribuição;
13 — Base de cálculo da Contribuição Previdenciária adicio-
nal para o financiamento dos benefícios de aposentadoria
especial após 20 anos de contribuição;
14 — Base de cálculo da Contribuição Previdenciária adicio-
nal para o financiamento dos benefícios de aposentadoria
especial após 25 anos de contribuição;
15 — Base de cálculo da contribuição previdenciária adicio-
nal normal — exclusiva do empregador;
16 — Base de cálculo da contribuição previdenciária adicio-
nal para o financiamento dos benefícios de aposentadoria
especial após 15 anos de contribuição — exclusiva do em-
pregador;
17 — Base de cálculo da contribuição previdenciária adicio-
nal para o financiamento dos benefícios de aposentadoria
especial após 20 anos de contribuição — exclusiva do em-
pregador;
18 — Base de cálculo da contribuição previdenciária adicio-
nal para o financiamento dos benefícios de aposentadoria
especial após 25 anos de contribuição — exclusiva do em-
pregador;

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19 — Base de cálculo da contribuição previdenciária exclusi-
va do empregado;
21 — Valor total descontado do trabalhador para recolhi-
mento à Previdência Social;
22 — Valor descontado do trabalhador para recolhimento
ao Sest;
23 — Valor descontado do trabalhador para recolhimento
ao Senat;
31 — Valor pago ao trabalhador a título de salário-família;
32 — Valor pago ao trabalhador a título de salário-mater-
nidade;
91 — Incidência suspensa em decorrência de decisão judi-
cial — Base de cálculo (BC) da Contribuição Previdenciária
(CP) Normal;
92 — Incid. suspensa em decorrência de decisão judicial —
BC CP Aposentadoria Especial aos 15 anos de trabalho;
93 — Incid. suspensa em decorrência de decisão judicial —
BC CP Aposentadoria Especial aos 20 anos de trabalho;
94 — Incid. suspensa em decorrência de decisão judicial —
BC CP Aposentadoria Especial aos 25 anos de trabalho;
95 — Incid. suspensa em decorrência de decisão judicial —
BC CP normal - Exclusiva do empregador.
96 — Incid. suspensa em decorrência de decisão judicial —
BC CP Aposentadoria Especial aos 15 anos de trabalho —
Exclusiva do empregador;
97 — Incid. suspensa em decorrência de decisão judicial —
BC CP Aposentadoria Especial aos 20 anos de trabalho —
Exclusiva do empregador;
98 — Incid. suspensa em decorrência de decisão judicial —
BC CP Aposentadoria Especial aos 25 anos de trabalho —
Exclusiva do empregador.
Validação: O preenchimento deve ser feito de acordo com
as instruções acima.

Fonte: LEIAUTES DO eSOCIAL Versão 2.4.02 Março de 2018

S-5011 — Informações das contribuições sociais consolidadas por contribuinte

O S-5011 é um retorno do ambiente nacional do eSocial para o evento de


Fechamento de Eventos Periódicos (S-1299), ou Solicitação de Totalização para
Pagamento em Contingência (S-1295). Objetiva mostrar ao declarante, com
base nas informações transmitidas nos eventos iniciais, de tabelas e periódicos,
o total da base de cálculo por categoria de trabalhador, por lotação tributária
e por estabelecimento. A partir dessas informações são apurados os créditos
previdenciários e os devidos a outras entidades e fundos. O retorno com sucesso do
evento S-1299 ou S-1295 (recebimento do S-5011) importa no envio dos créditos
tributários apurados para o Portal da DCTFWeb no ambiente da Receita Federal
do Brasil. São apresentadas, as seguintes informações, extraídas dos eventos
transmitidos preliminarmente ao fechamento: RAT/FAP/RAT Ajustado — Origem
S-1005: Utilizada para o cálculo da contribuição destinada ao financiamento dos

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benefícios decorrentes de acidente de trabalho. Apresentado por estabelecimento.
Totalização das bases de cálculo das contribuições da empresa. Os valores de
base de cálculo são agrupados por grupo de incidência de contribuição social.
Consolida-se a base de cálculo de todos trabalhadores, por categoria, em cada
lotação tributária e em cada estabelecimento, por exemplo: campo {Valor},
quando {tpValor} = [14,18] — Base de cálculo da Contribuição Previdenciária
adicional para o financiamento dos benefícios de aposentadoria especial após 25
anos de contribuição, do grupo {infoBaseCS} no evento S-5001 (53).
Figura 33: Fragmento leiaute do Evento S-5011 — Informações
das contribuições sociais consolidadas por contribuinte
10 infoCS evtCS G - 1-1 - - Informações relativas às Contribuições Sociais devidas à Previdên-
cia Social e a Outras Entidades e Fundos.

11 nrRecArqBase infoCS E C 0-1 040 - Preencher com o número do recibo do arquivo que deu origem ao
presente arquivo de retorno ao empregador.
Validação: Deve ser um recibo de entrega válido, corresponden-
te ao arquivo que deu origem ao presente arquivo de retorno
(S-1295 ou S-1299).

12 indExistInfo infoCS E N 1-1 001 - Indicativo de existência de valores de bases e de contribuições


sociais, conforme opções a seguir:
1 — Há informações com apuração de contribuições sociais;
2 — Há movimento porém sem apuração de contribuições sociais;
3 — Não há movimento no período informado em {perApur}.

29 infoEstab ideEstab G - 0-1 - - Informações relativas a cada estabelecimento, necessárias à apu-


ração das contribuições sociais.

30 cnaePrep infoEstab E N 1-1 007 - Preencher com o código CNAE conforme informado em S-1005.
Validação: Deve ser um número existente na tabela CNAE.

31 aliqRat infoEstab E N 1-1 001 - Preencher com a alíquota definida na legislação vigente para a ati-
vidade (CNAE) preponderante, conforme informado em S-1005.
Validação: Deve ser igual a 1, 2 ou 3.

32 fap infoEstab E N 1-1 005 4 Fator Acidentário de Prevenção - FAP. Origem: S-1005.
Validação: Deve ser um número maior ou igual a 0,5000 e menor
ou igual a 2,0000, de acordo com o estabelecido para a empresa
pelo Governamental Competente.

33 aliqRatAjust infoEstab E N 1-1 005 4 Alíquota do RAT após ajuste pelo FAP, conforme definido em
S-1005, no campo {aliqRatAjust}.
Validação: Deve corresponder ao resultado da multiplicação dos
campos
{aliqRat} e {fap}.

Fonte: LEIAUTES DO eSOCIAL Versão 2.4.02 Março de 2018

Dada essa visão geral, é importante destacar a bifurcação entre a tabela 23


e a Tabela 28 que perfazem espectro bastante amplo, haja vista sua finalidade

(53) Para melhor visualização, pede-se acompanhamento desse conteúdo simultaneamente ao Ane-
xo I do Manual de Orientação do eSocial — Leiautes. Disponível em: <https://portal.esocial.gov.br/
institucional/documentacao-tecnica>.

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de promover o monitoramento efetivo do ambiente de trabalho e da exposição a
fatores de risco. Contemplam todos os agentes nocivos arrolados no anexo IV do
Decreto n. 3.048, de 1999, e nas Normas Regulamentadoras que disciplinam o
pagamento do adicional de insalubridade e periculosidade, permitindo a perfeita
correlação entre a exposição e o direito a tais adicionais e/ou à aposentadoria
especial e o dever de seu respectivo custeio.
A título de fechamento, faz-se agora em diante alguns detalhamentos com
base nos fragmentos de leiaute do eSocial anteriormente colocados.
Os campos “IntConc”, “unMed“ e TecMedição”, respectivamente linhas 29, 30
e 31 do Evento S-2240, que descrevem a metodologia, procedimento, intensidade
e concentração e suas respetivas unidades no sistema internacional (SI), foram
criados em respeito à fundamentação legal que sustenta o PPP, especificamente
pelo Anexo XV da IN n. 77/15 do INSS. Logo são de alcance restrito aos campos
do direito previdenciário e tributário.
Igualmente as linhas 35 (epcEpi), 39 (epc) e 42 (epi) e suas respectivas
sublinhas nada dizem respeito ao adicional trabalhista de insalubridade, pois
para esses não há obrigação de informar “IntConc”, “unMed“ e TecMedição”, se
houvesse, campos específicos deveriam constar, dado que são distintos daqueles
adotados pela RFB e INSS.
Notadamente quanto ao ruído, na prática a empresa continua fazendo o
que já fazia. Faz uso de distintas metodologias e procedimentos para reconhecer
aposentadoria especial e seu custeio (INSS e RFB), nos termos definidos pela
NHO 01 da Fundacentro; bem como, aqueles para remunerar o adicional de
insalubridade (MTb), conforme Anexo I da NR-15.
A diferença reside na obrigação de informar no eSocial metodologia e
procedimento, pois apenas a RFB e INSS assim exigem e por isso o eSocial ficou
restrito à fonte NHO 01 da Fundacentro. Tudo mais continua como dantes,
pois o fato de não ser obrigada a informar no eSocial, no caso do adicional de
insalubridade, não tira da empresa a obrigação de produzir, arquivar e prestar
contas ao fisco, à justiça ou ao sindicato sobre a metodologia, procedimento,
intensidade e concentração que levaram a pagar (ou deixar de pagar) tal rubrica
trabalhista. Isso perdurará até que a União Federal elimine esse descompasso,
que se resolverá revogando o Anexo I da NR-15, substituindo-o pela NHO 01 da
Fundacentro.
No âmbito do eSocial, para todo e qualquer fator e risco, não se deve
confundir, muito menos exigir um pelo outro, ou seja, no eSocial não há parâmetros
(metodologia, procedimento, intensidade e concentração) para adicional de
insalubridade, apenas, e tão-somente, para aposentadoria especial e seu custeio.
O Evento 2240 em essência demonstra o ambiente de trabalho da perspectiva
previdenciária e trabalhista que pela sua alta especificidade e discriminação legais

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estão aptos a servir às evidências trabalhistas, mas com ela não se confunde e nem
dela se possa exigir. Isto posto, o Evento 2240 aponta e individualiza o trabalhador
que faz jus a este àquele direito, incluindo o ambiente no qual trabalha e os fatores
de risco que se subordina. Essa conclusão (declaração) de direitos é taxativa e
cumulativa ao responder às linhas 32, 33 e 34: A exposição ao fator de risco/
execução da atividade configura trabalho insalubre, periculoso ou especial?
A combinação do ambiente conhecido pelo S-2240 e a situação específica
de cada trabalhador é o que permite concluir e declarar a concretude das rubricas
trabalhistas, previdenciárias e tributárias. Essa conclusão que a empresa chega,
via homologação de envio do eSocial e consigo o S-2240 tem natureza jurídica de
lançamento tributário por declaração, bem como inverte o ônus da prova, uma vez
que se presume verdadeira, até que se prove o contrário, para fins de alimentação
do Cadastro Nacional de Informações Sociais — CNIS.
Dito de outra maneira, as informações declaradas no eSocial, além de
possibilitar a inscrição do respectivo crédito tributário diretamente na dívida ativa,
quando não quitado, servem para alimentar o CNIS, segundo determina o art. 29-A
da Lei n. 8.213/91 regulamentado pelo art.19 do Decreto 3.048/99, na redação
dada pela Lei n. 10.403/2002, cujas informações sobre vínculos e remunerações
dos segurados, são utilizadas pelo INSS para fins de cálculo do salário-de-benefício,
comprovação de filiação ao Regime Geral de Previdência Social — RGPS, tempo
de contribuição e relação de emprego. Registre-se que aposentadoria especial é
espécie do gênero aposentadoria tempo de contribuição(54)(55).
A conclusão que se chega no S-2240, combinando com demais requisitos
específicos, dá ensejo ao pagamento de insalubridade, periculosidade ou ao
recolhimento do Financiamento Aposentadoria Especial — FAE. Diz-se que houve
subsunção da norma ao caso concreto.
Portanto é possível que no ambiente haja fator de risco declarado no S-1060,
bem como que os campos “IntConc”, “unMed“ e TecMedição”, respectivamente
linhas 29, 30 e 31 do Evento S-2240, combinado com os demais sobre EPI e EPC,
descrevam metodologia, procedimento, intensidade e concentração, todavia
quando individualizado por trabalhador, não haja ativação de norma trabalhista,

(54) Art. 29-A. O INSS utilizará, para fins de cálculo do salário-de-benefício, as informações cons-
tantes no Cadastro Nacional de Informações Sociais — CNIS sobre as remunerações dos segurados.
(Incluído pela Lei n. 10.403, de 08.01.2002)
(55) Art.19. A anotação na Carteira Profissional ou na Carteira de Trabalho e Previdência Social e, a
partir de 1º de julho de 1994, os dados constantes do Cadastro Nacional de Informações Sociais —
CNIS valem para todos os efeitos como prova de filiação à Previdência Social, relação de emprego,
tempo de serviço ou de contribuição e salários-de-contribuição e, quando for o caso, relação de
emprego, podendo, em caso de dúvida, ser exigida pelo Instituto Nacional do Seguro Social a apre-
sentação dos documentos que serviram de base à anotação. (Redação dada pelo Decreto n. 4.079,
de 09.01.2002)

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previdenciária e tributária; ou, haja apenas para aposentadoria especial; ou
finalmente, haja para as três dimensões.
Esse espectro de possibilidades decorre da condição específica de cada
trabalhador, pois, por exemplo, para ruído, é possível que o S-1060 indique ruído
para determinado ambiente da empresa (código 01.01.002 pela Tabela 23)(56), no
qual o trabalhador (NIT) esteja vinculado pelo S-2040, não disparando os adicionais
ou a especial, conforme algumas explicações possíveis:
 Não ultrapassou a dose de 100% para Anexo I da NR-15, mas ultrapassa
NEN de 85 dB(A) pela NHO 01 da Fundacentro.
 Não ultrapassou o NEN de 85 dB(A) pela NHO 01 da Fundacentro, pois
EPC(57) abrandou.
 Ultrapassou a dose de 100% para Anexo I da NR-15 e o NEN de 85 dB(A)
pela NHO 01 da Fundacentro, porém não houve permanência.
 Não ultrapassou a dose de 100% para Anexo I da NR-15, mas ultrapassa
NEN de 85 dB(A) pela NHO 01 da Fundacentro, porém sem permanência.
Em resumo, há uma combinação de possibilidades com as quais a empresa
convive, e continuará convivendo com a entrada do eSocial. O que muda é a
forma de atender a obrigação de informar, que passa a ser veiculada pelo eSocial,
unicamente. Nesse sentido se apresentam algumas combinações:

(56)
Tabela 23 — Fatores de Riscos no Meio Ambiente do Trabalho
CóD. FATOR DE RISCO
FÍSICOS
01.01.001 Infrassom e sons de baixa frequência
01.01.002 Ruído contínuo ou intermitente
(57) Cabe aqui um facilitador à gestão ambiental das empresas, às regras de concessão de benefício
pelo INSS e à fiscalização da RFB, pois é desnecessário checar dados sobre Equipamento de Proteção
Individual — EPI, uma vez que tais equipamentos são absolutamente ineficazes. O Supremo Tribunal
Federal (STF) concluiu dia 04.12.2014, em julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE)
664335, com repercussão geral reconhecida, e fixou duas teses que são aplicadas em todo país so-
bre os efeitos da utilização de EPI sobre o direito à aposentadoria especial. Destaque-se a 2ª tese, a
conferir: 1ª Tese: O direito à aposentadoria Especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a
agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI for realmente capaz de neutralizar a nocividade
não haverá respaldo constitucional à aposentadoria especial.
2ª Tese: Na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a
declaração do empregador, no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário — PPP, nos sentido da
eficácia do Equipamento de Proteção Individual – EPI, não descaracteriza o tempo especial para apo-
sentadoria. Juizados Especiais Federais — Turma de Uniformização das decisões das turmas recursais
dos Juizados Especiais Federais — Súmula n. 9: “Aposentadoria especial. Equipamento de proteção
individual. O uso de equipamento de proteção individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no
caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado.

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• Sem Insalubridade e sem aposentadoria especial: o fator de risco, quando
quantitativo, não ultrapassa os limites de tolerâncias da NR-15 ou fica aquém
daqueles estabelecidos pelo Anexo IV do RPS; quando qualitativo, não consta
da NR-15 ou do Anexo IV do RPS, respectivamente.
• Com insalubridade e com aposentadoria especial: o fator de risco, quando
quantitativo, ultrapassa os limites de tolerâncias da NR-15 ou aqueles
estabelecidos pelo Anexo IV do RPS; quando qualitativo, consta da NR-15 ou
do Anexo IV do RPS, respectivamente.
• Sem insalubridade, mas com aposentadoria especial: o fator de risco,
quando quantitativo, não ultrapassa os limites de tolerâncias da NR-15 e
quando qualitativo, não consta da NR-15; todavia ativa norma tributária-
previdenciária (aposentadoria especial) quantitativa ou qualitativamente
segundo o Anexo IV do RPS.
• Com insalubridade, mas sem aposentadoria especial: o fator de risco,
quando quantitativo, não ultrapassa os limites de tolerâncias do Anexo IV
do RPS; quando qualitativo, não consta do Anexo IV do RPS. Todavia ativa
norma trabalhista, quantitativa ou qualitativamente, segundo a NR-15.
• Com insalubridade, com aposentadoria especial e com periculosidade: o
fator de risco, quando quantitativo, ultrapassa os limites de tolerâncias da
NR-15 ou aqueles estabelecidos pelo Anexo IV do RPS; quando qualitativo,
consta da NR-15 ou do Anexo IV do RPS, respectivamente. Além disso, consta
das atividades ditas periculosas conforme NR-16 do MTE(58).
Essa lista de combinações não é exaustiva, apenas exemplificativa, para
demonstrar a finalidade última do evento S-2240. Lembrando que o eSocial
foi estruturado para captar as informações relativas ao trabalhador, quaisquer
situações, ainda que discutíveis do ponto de vista jurídico. Tais situações devem
estar contempladas nas combinações possíveis. Por exemplo, discute-se a
cumulatividade de insalubridade e periculosidade, mas se há pagamento de ambos,
por qualquer motivo, o eSocial deve capturar. Outro exemplo é a penosidade,
ainda não regulamentada, mas se há pagamento, por qualquer motivo, o eSocial
deve capturar.
Cabe realçar, no caso específico de ruído, o Anexo I da NR-15 não estabelece
obrigação da empresa informar metodologia e procedimento para avaliação, ao
contrário, das normas da RFB e INSS que são peremptórias ao estabelecerem
tais metodologias e procedimentos nos termos, alcance e definições contidas na
NHO 01 da Fundacentro. Nestes termos o eSocial definiu os campos de avaliação
ambiental, em especial para ruído, aos quais há obrigação de informá-la, inclusive

(58) O TST tem sinalizado mudança de entedimento no sentindo de permitir acumulaççao de adicio-
nais, reinterpretanbdo a CLT à luz da CRFB-88. Processo N. TST-RR-21024-82.2014.5.04.0026.

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seus parâmetros. Segue-se o esquadro de preenchimento do eSocial considerando
os micros registros do S-2040:
 Quando se tratar de pagamento do adicional de insalubridade, para qualquer
fator de risco, o empregador não deve informar metodologia, procedimento,
intensidade e concentração no S-2240, apenas assinalar respostas à linha
32: A exposição ao fator de risco/execução da atividade configura trabalho
insalubre? Se sim, informar em rendimentos do trabalhador (S-1210 —
Pagamentos de Rendimentos do Trabalho).
 Quando se tratar do reconhecimento da aposentadoria especial, para
qualquer fator de risco, o empregador deve informar metodologia,
procedimento, intensidade e concentração no S-2240, bem como responder
à linha 34: A exposição ao fator de risco/execução da atividade configura
trabalho especial?
Ou seja, quanto à metodologia, procedimento, intensidade e concentração,
se há adicional de insalubridade, não há campo a preencher no S-2240 do eSocial,
mantendo-se a empresa na obrigação de manter, à disposição das autoridades
competentes, a base primária dessa informação via laudos de insalubridades e
PPRA, ou afins; se há aposentadoria especial, tais campos são preenchidos no
S-2240.
Interpreta-se que para pagar adicionais trabalhistas basta preencher os
campos do S-2240, por NIT, sem a suportação sobre metodologia, procedimento,
intensidade e concentração, pois, como dito, não há tais preenchimentos no S-2240.
Por outro lado, interpreta-se que para reconhecer aposentadoria especial basta
preencher os campos do S-2240, por NIT, com a suportação sobre metodologia,
procedimento, intensidade e concentração estruturada pelos campos “IntConc”,
“unMed“ e TecMedição”, respectivamente linhas 29, 30 e 31 do Evento S-2240.
Cotejando as linhas do S-2240, percebe-se que a alimentação decorre do
S-1060, Tabela 23 e Tabela 28). Tais artefatos têm como fonte primária o PPRA e
LTCAT que contemplam os respectivos meio ambientes do trabalho.
Destaque-se que o PPRA substitui o LTCAT, conforme preconiza o Inciso V do
art. 291 da IN n. 971 da RFB, que diz:
Art. 291. As informações prestadas em GFIP sobre a existência ou não de riscos ambientais
em níveis ou concentrações que prejudiquem a saúde ou a integridade física do trabalhador
deverão ser comprovadas perante a fiscalização da RFB mediante a apresentação dos seguin-
tes documentos:
I — PPRA, que visa à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, por meio da
antecipação, do reconhecimento, da avaliação e do consequente controle da ocorrência de
riscos ambientais, sendo sua abrangência e profundidade dependentes das características dos
riscos e das necessidades de controle, devendo ser elaborado e implementado pela empresa,
por estabelecimento, nos termos da NR-9, do MTE;

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II — Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), que é obrigatório para as atividades re-
lacionadas à mineração e substitui o PPRA para essas atividades, devendo ser elaborado e
implementado pela empresa ou pelo permissionário de lavra garimpeira, nos termos da NR-22,
do MTE;
(...)
V — LTCAT, que é a declaração pericial emitida para evidenciação técnica das condições
ambientais do trabalho, podendo ser substituído por um dos documentos dentre os
previstos nos incisos I e II, conforme disposto neste ato e na Instrução Normativa que esta-
belece critérios a serem adotados pelo INSS; (grifos)

A respeito dessa substituição do LTCAT pelo PPRA ou PGR, registre-se que


para essa substituição se consumar tais programas devem conter os elementos, e
informações básicas, objetos da IN n. 45/INSS, que diz:
 identificação do setor e da função;
 descrição da atividade;
 identificação de agente nocivo capaz de causar dano à saúde e integridade
física, arrolado na Legislação Previdenciária;
 localização das possíveis fontes geradoras;
 via e periodicidade de exposição ao agente nocivo;
 metodologia e procedimentos de avaliação do agente nocivo;
 descrição das medidas de controle existentes;
 conclusão
 assinatura e identificação do médico do trabalho ou engenheiro de
segurança responsável pelas avaliações
 data da realização da avaliação ambiental.
Quanto às 15 Tabelas relacionadas à SST, faz-se um aprofundamento e
discussão sobre a Tabela 23 — Fatores de Riscos do Meio Ambiente do Trabalho
e a Tabela 24 — Codificação de Acidente de Trabalho, pois as demais são
autoexplicativas abaixo apresentadas em fragmentos.
Figura 34: Fragmento da Tabela 23 — Fatores de Riscos do Meio Ambiente do Trabalho

Tabela 23 — Fatores de Riscos do Meio Ambiente do Trabalho

CÓD. FATOR DE RISCO

FÍSICOS

01.01.001 Infrassom e sons de baixa frequência

01.01.002 Ruído contínuo ou Intermitente

100

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01.01.003 Ruído impulsivo ou de Impacto

01.01.004 Ultrassom

01.01.005 Campos magnéticos estáticos

01.01.006 Campos magnéticos de sub-radiofrequência (30 kHz e abaixo)

01.01.007 Sub-Radiofrequência (30 kHz e abaixo) e campos eletrostáticos

01.01.008 Radiação de radiofrequência

01.01.009 Micro-ondas

01.01.010 Radiação visível e infravermelho próximo

01.01.011 Radiação ultravioleta, exceto radiação n a faixa 400 a 320 nm (Luz Negra)

01.01.012 Radiação ultravioleta na faixa 400 a 320 nm (Luz Negra)

01.01.013 LASER

01.01.014 Radiações Ionizantes

01.01.015 Vibrações Localizadas (Mão-Braço)

01.01.016 Vibração de corpo inteiro

01.01.017 Frio

01.01.018 Temperaturas anormais (calor)

01.01.019 Pressão Hiperbárica

01.01.020 Pressão Hipobárica

01.01.999 Outros

QUÍMICOS

02.01.001 Acetaldeído (aldeído acético)

02.01.002 Acetato de benzila

02.01.003 Acetato de n-butila

02.01.004 Acetato de sec-butila

02.01.005 Acetato de terc-butila

02.01.006 Acetato de 2-butoxietila

02.01.007 Sais de Cianeto

02.01.008 Acetato de etila

BIOLÓGICOS

Agentes biológicos infecciosos e infectocontagiosos (bactérias, vírus, protozoários, fungos, príons, parasitas
03.01.001
e outros)

03.01.999 Outros

ERGONÔMICOS — BIOMECÂNICOS

04.01.001 Trabalho em posturas incômodas ou pouco confortáveis por longos períodos

04.01.002 Postura sentada por longos períodos

04.01.003 Postura de pé por longos períodos

04.01.004 Frequente deslocamento a pé durante a jornada de trabalho

04.01.005 Trabalho com esforço físico intenso

04.01.006 Levantamento e transporte manual de cargas ou volumes

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04.01.007 Frequente ação de puxar/empurrar cargas ou volumes

04.01.008 Frequente execução de movimentos repetitivos

04.01.009 Manuseio de ferramentas e/ou objetos pesados por longos períodos

04.01.010 Exigência de uso frequente de força, pressão, preensão, flexão, extensão ou torção dos segmentos corporais

04.01.011 Compressão de partes do corpo por superfícies rígidas ou com quinas

04.01.012 Exigência de flexões de coluna vertebral frequentes

04.01.013 Uso frequente de pedais

04.01.014 Uso frequente de alavancas

04.01.015 Exigência de elevação frequente de membros superiores

04.01.016 Manuseio ou movimentação de cargas e volumes sem pega ou com “pega pobre”

04.01.017 Exposição à vibração de corpo inteiro

04.01.018 Exposição à vibração localizada

04.01.019 Uso frequente de escadas

04.01.020 Trabalho intensivo com teclado ou outros dispositivos de entrada de dados

04.01.999 Outros

ERGONÔMICOS — MOBILIÁRIO E EQUIPAMENTOS

04.02.001 Posto de trabalho improvisado

04.02.002 Mobiliário sem meios de regulagem de ajuste

04.02.003 Equipamentos e/ou máquinas sem meios de regulagem de ajuste ou sem condições de uso

04.02.004 Posto de trabalho não planejado/adaptado para a posição sentada

04.02.005 Assento inadequado

04.02.006 Encosto do assento inadequado ou ausente

04.02.007 Mobiliário ou equipamento sem espaço para movimentação de segmentos corporais

Trabalho com necessidade de alcançar objetos, documentos, controles ou qualquer ponto além das zonas
04.02.008
de alcance ideais para as características antropométricas do trabalhador

04.02.009 Equipamentos ou mobiliários não adaptados à antropometria do trabalhador

04.02.999 Outros

ERGONÔMICOS — ORGANIZACIONAIS

04.03.001 Trabalho realizado sem pausas pré-definidas para descanso

04.03.002 Necessidade de manter ritmos intensos de trabalho

04.03.003 Trabalho com necessidade de variação de turnos

04.03.004 Monotonia

04.03.005 Trabalho noturno

04.03.006 Insuficiência de capacitação para execução da tarefa

04.03.007 Trabalho com utilização rigorosa de metas de produção

04.03.008 Trabalho remunerado por produção

04.03.009 Cadência do trabalho imposta por um equipamento

04.03.010 Desequilíbrio entre tempo de trabalho e tempo de repouso

04.03.999 Outros

102

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ERGONÔMICOS — AMBIENTAIS

04.04.001 Condições de trabalho com níveis de pressão sonora fora dos parâmetros de conforto

04.04.002 Condições de trabalho com índice de temperatura efetiva fora dos parâmetros de conforto

04.04.003 Condições de trabalho com velocidade do ar fora dos parâmetros de conforto

04.04.004 Condições de trabalho com umidade do ar fora dos parâmetros de conforto

04.04.005 Condições de trabalho com Iluminação diurna inadequada

04.04.006 Condições de trabalho com Iluminação noturna inadequada

Presença de reflexos em telas, painéis, vidros, monitores ou qualquer superfície, que causem desconforto ou
04.04.007
prejudiquem a visualização

04.04.008 Piso escorregadio e/ou irregular

04.04.999 Outros

ERGONÔMICOS — PSICOSSOCIAIS / COGNITIVOS

04.05.001 Excesso de situações de estresse

04.05.002 Situações de sobrecarga de trabalho mental

04.05.003 Exigência de alto nível de concentração, atenção e memória

04.05.004 Trabalho em condições de difícil comunicação

04.05.005 Excesso de conflitos hierárquicos no trabalho

04.05.006 Excesso de demandas emocionais/afetivas no trabalho

04.05.007 Assédio de qualquer natureza no trabalho

Trabalho com demandas divergentes (ordens divergentes, metas incompatíveis entre si, exigência de quali-
04.05.008
dade X quantidade, entre outras)

04.05.009 Exigência de realização de múltiplas tarefas, com alta demanda cognitiva

04.05.010 Insatisfação no trabalho

04.05.011 Falta de autonomia no trabalho

04.05.999 Outros

MECÂNICOS/ACIDENTES

05.01.001 Trabalho em altura

05.01.002 Trabalho com diferença de nível

05.01.003 Iluminação diurna inadequada

05.01.004 Iluminação noturna inadequada

05.01.005 Condições ou procedimentos que possam provocar contato com eletricidade

05.01.006 Trabalho em locais com necessidade de aprimoramento do arranjo físico

05.01.007 Máquinas e equipamentos sem proteção

05.01.008 Armazenamento inadequado

05.01.009 Trabalho com ferramentas necessitando de ajustes e manutenção

05.01.010 Ferramentas inadequadas

05.01.011 Trabalho em ambientes com risco de engolfamento

05.01.012 Trabalho em ambientes com risco de afogamento

05.01.013 Trabalho em ambientes com risco de incêndio e explosão

05.01.014 Trabalho em ambientes com risco de queda de objetos

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05.01.015 Trabalho em ambientes sujeitos a intempéries

05.01.016 Trabalho em ambientes com risco de soterramento

05.01.017 Animais peçonhentos / Risco de contato e/ou ataque

05.01.018 Animais domésticos/Risco de ataque

05.01.019 Animais selvagens/Risco de ataque

05.01.020 Mobiliário com quinas vivas, rebarbas ou elementos de fixação expostos

05.01.021 Pisos de trabalho, passagens e corredores com saliências, descontinuidades ou aberturas ou escorregadios

05.01.022 Escadas e rampas inadequadas

05.01.023 Superfícies ou materiais aquecidos expostos

05.01.024 Superfícies ou materiais em baixa temperatura, expostos

05.01.025 Áreas de trânsito de pedestres sem demarcação

05.01.026 Áreas de trânsito de veículos sem demarcação

05.01.027 Áreas de movimentação de materiais sem demarcação

05.01.028 Condução de veículos de qualquer natureza em vias públicas

05.01.999 Outros

PERICULOSO

06.01.001 Exercício de trabalho em condições periculosas previstas na legislação trabalhista

ASSOCIAÇÃO DE FATORES DE RISCO

Exercício de trabalho com exposição a associação de fatores de risco previstas na legislação previdenciária
07.01.001
para fins de aposentadoria especial

OUTROS FATORES DE RISCO

08.01.001 Umidade

AUSÊNCIA DE FATORES DE RISCO

09.01.001 Ausência de Fator de Risco

Fonte: Anexo II da NDE n. 01/2018 — Tabelas — Versão 1.0 — 30/05/2018

A Tabela 23 — Fatores de Riscos do Meio Ambiente do Trabalho está


estruturada em nove tópico: 01 — Físicos; 02 — Químicos; 03 — Biológicos; 04 —
Ergonômicos; 05 — Mecânicos; 06 — Periculoso; 07 — Associação de Fatores de
Risco; 08 — Outros fatores (Umidade); e 09 — Ausência de Fator de Risco
Curiosidade histórica, foi da lavra deste autor, à época de 2003, servidor
do INSS, o expediente normativo que reuniu esses fatores de risco, tornando-
os de informação obrigatoria quando da implantação do PPP digital, conforme
mandamento da IN 99 do INSS em 2003, com redação atual dada pela IN 77/
INSS, que diz:
Art. 266. A partir de 1º de janeiro de 2004, conforme estabelecido pela Instrução Normativa
INSS/DC n. 99, de 5 de dezembro de 2003, a empresa ou equiparada à empresa deverá
preencher o formulário PPP, conforme Anexo XV, de forma individualizada para seus empre-
gados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais cooperados, que trabalhem expostos

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a agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde
ou à integridade física, ainda que não presentes os requisitos para fins de caracterização de
atividades exercidas em condições especiais, seja pela eficácia dos equipamentos de proteção,
coletivos ou individuais, seja por não se caracterizar a permanência.
§ 1º A partir da implantação do PPP em meio digital, este documento deverá ser preenchido
para todos os segurados, independentemente do ramo de atividade da empresa, da exposi-
ção a agentes nocivos e deverá abranger também informações relativas aos fatores de riscos
ergonômicos e mecânicos.
§ 2º A implantação do PPP em meio digital será gradativa e haverá período de adaptação
conforme critérios definidos pela Previdência. (grifo)

Dessa mesma redação se verifica as gênese do atual eSocial (SST), pois


também coube a este autor, desta feita como Coordenador Geral de Benefício por
Incapacidade do MPS/DPSSO, pelos idos de 2012, a criação, iniciativa, elaboração,
articulação e organização dos eventos e tabelas, bem antes do sonho eSocial se
consolidar, agora com 15 Tabelas e 15 eventos. Naquela época a luta era para incluir
na Escrituração Fiscal Digital — EFD registros relacionados à tributação sobre meio
ambiente de trabalho, especificamente as contribuições sociais incidentes sobre
a folha de pagamento com destaque àquelas relacionadas ao Seguro Acidente
do Trabalho — SAT e seus derivativos Financiamento da Aposentadoria Especial
— FAE e Fator Acidentário de Prevenção — FAP. Com esse álibi, em alinhamento
à necessidade de fomentar correta interpretação sobre documentação fiscal,
dentre elas a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
— GFIP e a Escrituração Digital Fiscal (hoje eSocial) como obrigações acessórias
iniciação nuclear à prevenção, bem como a intenção explicita de promover saúde
pública, reduzir acidentes do trabalho, reafirmar o seguro acidentário estatal
eficiente, mediante o uso do tributo que constitui efetiva alavanca argumentativa
e impositiva à melhora das condições do meio ambiente do trabalho.
Dessa forma, já em 2014, o EFD foi renomeado para eSocial, exatamente
pela inserção de registros de saude do trabalhador e meio ambiente do trabalho,
em grande medida sustentados pela obrigação de elaborar, manter e entregar ao
trabalhador o PPP, com seus campos afins de registros ambientais e monitoramento
biológico que servem para aposentadoria especial, mas também para deslinde de
auxílio-doença e elegibilidade e tratatamento, junto à Reabilitação Profissional do
INSS. Por isso a reunião desses fatores de riscos no eSocial nasceu e se justifica.
Finalmente em 2014, considerado todo esse esforço de concatenação da saúde
do trabalhador junto ao EFD, e principalmente a vontade política governamental,
é publicado o Decreto n. 8.373, de 11 de dezembro de 2014, assinado pela
Presidente Dilma Rousseff, institui o Sistema de Escrituração Digital das Obrigações
Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas — eSocial.
Feito esse resgate histórico que posiciona o leitor no cenário político,
destacam-se outros movimentos importantes, também em 2014, para saúde do
trabalhador com repercussão no eSocial:

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I. Ineficácia absoluta do EPI auricular, conforme decisão do STF, em sede do
ARE n. 664335(59), que resultou no entendimento: Na hipótese de exposição
do trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração
do empregador, no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário — PPP,
no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual — EPI, não
descaracteriza o tempo especial para aposentadoria. Juizados Especiais
Federais — Turma de Uniformização das decisões das turmas recursais
dos Juizados Especiais Federais — Súmula n. 9: “Aposentadoria especial.
Equipamento de proteção individual. O uso de equipamento de proteção
individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a
ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado. Assim, para
o Código 01.01.02 (Ruído) da Tabela 23, ainda que haja indicação no S-2240,
nunca terá eficácia o EPI auricular para efeito de isenção de adicional de
insalubridade e concessão de aposentadoria, mesmo que assim declare o PPP.
II. Fatores carcinogênicos. No Código 02 (Químicos) estão inclusos agentes
cancerígenos para humanos — Linach 1 [Grupo 1 — agentes confirmados
como carcinogênicos para humanos (tipo 2)], nos termos da Portaria
Interministerial MTE/MS/MPS n. 9, de 7 de outubro de 2014, como referência
para formulação de políticas públicas e diretiva previdenciária.
A Tabela 24 — Codificação de Acidente de Trabalho corrige erro histórico,
arraigado nas doutrinas e nos bancos escolares, e acaba com o formulário de
Comunicação de Acidente do Trabalho — CAT para emissão pelo empregador. O
erro histórico são os tres xizinhos no cabeçalho da CAT altamente reducionistas
da tipologia acidentária: Trajeto, Doença e Acidente. Tendo o eSocial extinto
esse canal para o empregador, substituido pelo S-2210, houve reativação das 21
possibilidades legais de notificação compulsória, incluindo o acidente do trabalho,
por força dos art. 19 a 21 da Lei n. 8.213/91, art 169 da CLT e do item 7.4.8.a da
NR-07.
Registre-se, por curiosidade histórica, que também foi da lavra deste autor,
à época de 2015, como servidor do MPS/DPSSO/CGMBI, a confecção dessa
Tabela 24 com a Tipologia Acidentária e Suspeição Etiogência com a discriminação
dos tipos de nexos técnicos (Lesão Aguda; por Doença Profissional; Por Doença
do Trabalho; Excepcional; Ficto-Administrativo ou aetiogênico; Concausal;
Epidemiológico Previdenciário e o negativo)(60) segundo a fundamentação legal de
cada um. Ou seja, deixa-se para trás os tres xizinhos da CAT para assumir as 21
possibilidades legais, conforme figura a seguir

(59) <http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=664335&classe=
ARE&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M>.
(60) Para melhor compreensão desses tipos de nexos, ver obra do próprio autor: OLIVEIRA-ALBU-
QUERQUE, P. R. Do exótico ao esotérico: uma sistematização da saúde do trabalhador. São Paulo:
LTr, 2011.

106

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Figura 35: Tabela 24 — Codificação de Acidente de Trabalho
Tabela 24 — Codificação de Acidente de Trabalho

CÓD. DESCRIÇÃO DE SITUAÇÃO

Lesão corporal que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o
1.0.01
trabalho, desde que não enquadrada em nenhum dos demais códigos.

Perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade
1.0.02
para o trabalho, desde que não enquadrada em nenhum dos demais códigos.

Doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a deter-
2.0.01 minada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social,
desde que não enquadrada em nenhum dos demais códigos.

Doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o
2.0.02 trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da respectiva relação elaborada pelo Ministé-
rio do Trabalho e Previdência Social, desde que não enquadrada em nenhum dos demais códigos.

2.0.03 Doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade.

Doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva quando resultante de
2.0.04
exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.

Doença profissional ou do trabalho não incluída na relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e Previdência
2.0.05 Social quando resultante das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona direta-
mente.

Doença profissional ou do trabalho enquadrada na relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e Previdência
2.0.06
Social relativa nexo técnico epidemiológico previdenciário - NTEP.

Acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a
3.0.01 morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija
atenção médica para a sua recuperação.

Acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de ato de agressão, sabota-
3.0.02
gem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho.

Acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de ofensa física intencional,
3.0.03
inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho.

Acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de ato de imprudência, de
3.0.04
negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho.

Acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de ato de pessoa privada
3.0.05
do uso da razão.

Acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de desabamento, inundação,
3.0.06
incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior.

Acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho na execução de ordem ou na
3.0.07
realização de serviço sob a autoridade da empresa.

Acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho na prestação espontânea de qual-
3.0.08
quer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito.

Acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho em viagem a serviço da empresa,
inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão de
3.0.09 obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado.

Acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho no percurso da residência para o
local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade
3.0.10 do segurado.

Acidente sofrido pelo segurado nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de
3.0.11
outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este.

Suspeita de doenças profissionais ou do trabalho produzidas pelas condições especiais de trabalho, nos termos
4.0.01
do art. 169 da CLT.

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Tabela 24 — Codificação de Acidente de Trabalho

CÓD. DESCRIÇÃO DE SITUAÇÃO

Constatação de ocorrência ou agravamento de doenças profissionais, através de exames médicos que incluam os
definidos na NR 07; ou sendo verificadas alterações que revelem qualquer tipo de disfunção de órgão ou sistema
4.0.02 biológico, através dos exames constantes dos Quadros I (apenas aqueles com interpretação SC) e II, e do item
7.4.2.3 desta NR, mesmo sem sintomatologia, caberá ao médico-coordenador ou encarregado.

Fonte: Anexo II da NDE n. 01/2018 — Tabelas — Versão 1.0 — 30/05/2018

Com esse apanhado panorâmico e contexto de fundo, faz-se mirada agora


em diante apenas à nocividade do ruído, como um dos elementos essen-
ciais do fato gerador, conferindo-lhe as definições físicas e matemáticas
que cercam a matéria.

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TirA-TEimA: PErGuNTAS E rESPoSTAS

A título de considerações finais, aproveitam-se as corriqueiras dúvidas, e


recorrentes questionamentos, com os quais este autor se deparou ao longo de
aulas e palestras proferidas, para, com base em um apanhado deles, consignar
respostas ponto a ponto, com base no corpo teórico até aqui desenvolvido.
Nesse sentido, registrem-se a seguir alguns desses questionamentos, que são
enumerados como quesitos de interlocutores reais, todavia sem identificá-los, para
lhes assegurar direito de imagem.
Quesito: Critérios de medição de ruído ocupacional.
• Interlocutor discorre: o que pergunto nada tem que ver com o fator mul-
tiplicativo de dose (3 ou 5), pois para mim sempre foi 5, tanto para a legislação
trabalhista quanto para a previdenciária. O que pergunto é: a diferença do nível
de ação, na norma trabalhista é 85 e na previdenciária é 80?
Resposta do Autor. Considerando a afirmação (1ª parte) Para mim sempre
foi 5, tanto para a legislação trabalhista quanto para previdenciária, têm-se
os seguintes comentários:
• Afirmação equivocada, pois atualmente, e desde 1º janeiro de 2004, está
em vigor o RPS (Decreto n. 3.048/99) alterado pelo Decreto n. 4.882/2003.
Este Decreto fez uma reestruturação conceitual, retificando as falhas dos
decretos anteriores, ao adotar o fator de dobra 3 (q=3), a metodologia e
procedimentos da NHO 01 da Fundacentro e principalmente a definição de
Nível de Exposição Normalizado — NEN com limite de tolerância considerado
igual ou acima de 85 (oitenta e cinco) dB (A) ou se for ultrapassada a dose
unitária. Dessa forma, acabou com o erro de duplicação de dose que adotava
q=5 e transformou uma norma recomendatória em norma mandatória para fins
de INSS e RFB, vinculando os limites de tolerância, medições, procedimentos,
equipamentos, certificação e metodologia à NHO 01 Fundacentro. Portanto
o consulente tem razão, porém até 31 de dezembro 2003.
• É bom ter em mente que a norma do INSS referida pela IN n. 971 da
RFB deve sempre ser aquela vigente, ainda que haja ultratividade, pois como
discorrem sobre interpretação, segundo Código Tributário Nacional — CTN,
tais dispositivos retroagem, conforme preceitua o art. 106 do CTN (grifado):
CAPÍTULO III
Aplicação da Legislação Tributária.
Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos
pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início, mas não esteja com-
pleta nos termos do art. 116.

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Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
I — em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de
penalidade à infração dos dispositivos interpretados;

Considerando a afirmação (2ª parte) “O que pergunto é: a diferença do


nível de ação, na norma trabalhista é 85 e na previdenciária é 80” têm-se os
seguintes comentários:
• Afirmação equivocada, pois segundo a NHO 01 o Nível de Ação é o valor
acima do qual devem ser iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a
probabilidade de que as exposições ao ruído causem prejuízos à audição do
trabalhador e evitar que o limite de exposição seja ultrapassado. A própria NHO
01 define: Para este critério considera-se como nível de ação o valor NEN igual
a 82 dB(A). Como os parâmetros corretos são aqueles definidos pela NHO 01
da Fundacentro, tem-se que o fator de dobra é 3 dB, sendo que a metade de
85 dB (A) é 82 dB(A), logo o nível de ação dispara a partir de 82 dB(A).
Quesito: Tabela Comparativa de limites, fator de dobra.
• Interlocutor discorre: mediante e-mail enviado a este autor, apresenta-se
como correta a tabela abaixo transcrita.

CRITERION LEVEL — CL THRESHOLD LEVEL EXCHANGE RATE — Q


NÍVEL BASE DO LIMIAR MÍNIMO DE FATOR DUPLICATIVO
NORMA
CRITÉRIO — (NBC) LEITURA — (LML) DE DOSE — (FDD)
Portaria n. 3.214/78 85 dB(A) 85 dB(A) 5 dB
INSS 85 dB(A) 80 dB(A) 5 dB
Fundacentro/ACGIH 85 dB(A) 80 dB(A) 3 dB

• Resposta do Autor. A tabela indica parâmetros distintos entre INSS e


Fundacentro (linhas verde e branca): isso é falso. Por força do Anexo IV do
RPS, abaixo, os requisitos para aposentadoria especial em 25 anos, por ruído
contínuo ou intermitente, seguem literalmente aqueles definidos pela
NHO 01 da Fundacentro, desde 1º janeiro de 2004, quais sejam 85 dB(A);
80 dB(A) e q=3.

a) exposição a Níveis de Exposição Normalizados (NEN) superiores


Limite de Tolerância 2.0.1 Ruído
a 85 dB(A)
RPS. Art. 68. § 12. Nas avaliações ambientais deverão ser considerados, além
do disposto no Anexo IV, a metodologia e os procedimentos de avaliação
estabelecidos pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina
Metodologia e do Trabalho — Fundacentro
Procedimento
A norma NHO 01 — Norma de Higiene Ocupacional da Fundacentro. Trata da
metodologia e procedimento para fins de apuração do limite de tolerância ao
ruído continuo ou variável.

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Ademais, o art. 280 da IN n. 77/15 do INSS que deve obediência ao comando
do Decreto (Anexo IV — item 2.0.1), ao que dispõe:
Art. 280. A exposição ocupacional a ruído dará ensejo a caracterização de atividade exercida
em condições especiais quando os níveis de pressão sonora estiverem acima de oitenta dB (A),
noventa dB (A) ou 85 (oitenta e cinco) dB (A), conforme o caso, observado o seguinte: (...)
IV — a partir de 1º de janeiro de 2004, será efetuado o enquadramento quando o Nível
de Exposição Normalizado — NEN se situar acima de 85 (oitenta e cinco) dB (A) ou
for ultrapassada a dose unitária, conforme NHO 01 da Fundacentro, sendo facultado à
empresa a sua utilização a partir de 19 de novembro de 2003, data da publicação do Decreto
n. 4.882, de 2003, aplicando:

Quesito: Limiar de Integração.


Interlocutor discorre: mediante e-mail enviado a este autor, no qual há uma
afirmação que diz respeito ao descarte que a NR-15 obriga a fazer em relação às
cargas sonoras entre 80 dB(A) e 85 dB(A).
Resposta do Autor. A NR-15 eleva o Nível limiar de Integração artificialmente
para 85 dB(A), deixando de fora as cargas ruidosas agressivas abaixo disso. Quanto
a esse tópico, têm-se os seguintes comentários.
Retome-se que a tabela original indicava Nível Limiar de Integração = 80 dB(A),
que correspondia a 16h de jornada (no máximo). Os técnicos da Fundacentro
sinalizaram com o aceite desse limite, todavia o setor jurídico do MTE não acatou
a recepção dessas linhas da tabela argumentando que a carga horária máxima
permitida era de 8h e não faria sentido previsão de limites para tempos superiores.
Dessa forma os tempos máximos permitidos para exposição superiores a 80 dB(A)
e inferiores a 85 dB(A) foram simplesmente excluídos quando da importação do
normativo estadunidense.
Esse argumento do setor jurídico já era temerário à época, agora, não mais
se sustenta, notadamente com o advento da CRFB-88, que expressamente prevê
realização de horas extras(61).
A engenharia sabe qual é a equação a partir da qual se construiu o Anexo
I da NR-15 do MTE, logo é perfeitamente factível suprir as lacunas da norma e
praticar o limiar de integração a partir de 80 dB(A). Reforce-se o exemplo ao se
determinar o trabalhador 4 horas extras a jornada de 8h, tem-se um tempo total
de 12h (T=12h), submetido, por exemplo, a uma energia média (Lavg) de 92
dB(A). Nesse caso, obtém-se:

(61) CRFB-88. Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social: XVI — remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo,
em cinquenta por cento à do normal.

111

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16
T (h) = Lavg−80
→ operando a álgebra de logaritmos →
2 5
  16     16  
 Log     Log   
Lavg = 5 x   T   += 80 → Lavg 5 x   12   + 80 →
 log2   log2 
   
   
 log (1,33) 
Lavg = 5 x   + 80 → 82 dB(A)
 log2 

Assim, para 12h de trabalho, tem-se um nível sonoro médio de Lavg =


82 dB(A). Como essa energia está entre 85 dB(A) e 80 dB(A), ela não deve ser
descartada. Deve-se usar a fórmula para suprir a lacuna da tabela do Anexo I da
NR-15.
16
Na mesma esteira, por exemplo, Lavg de 83 db(A)  T (min) = 83−80 = 10h
que implica o máximo duas horas extras. 2 5
16
Analogamente, para níveis de Lavg de 80 dB(A)  T (min) = 80 −80
= 8h
2 5
cujo máximo esbarra em oito extras. Assim em diante, conforme se apresenta na
figura seguinte.
Figura 22: Carga ruidosa descartada para fins de pagamento
de horas extras ou quando se expõe a menos de 85 dB(A)

Nível de ruído dB(A) Máxima exposição diária


80 16 horas
81 14 horas
82 12 horas
83 10 horas
84 09 horas
85 08 horas
Fonte: próprio autor

Conclui-se, portanto, que é necessário aplicar as fórmulas e suprir o intervalo


faltante no Anexo I da NR-15, entre 85 dB(A) e 80 dB(A), fazendo uso da tabela
com os valores acima. Ou seja, depreende-se que os seguintes parâmetros devem
ser operados à luz da CRFB-88 no que concerne exclusivamente ao adicional de
insalubridade:

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Nível limiar de integração = 85 dB(A)
Incremento de duplicação de dose q=5
Finalmente, no tocante ao eSocial, registre-se que os campos de SST relativos
a intensidade, concentração, metodologia, procedimento, EPI e EPC se referem
às normas previdenciárias e tributárias emanadas das normas de regência em
vigor que obrigam a empresa informar à União Federal, diferentemente da
norma trabalhista que não impõe essa obrigação informacional. Por isso todos
esses campos dizem respeito apenas à RFB e ao INSS. Toda procedimentalização
e metodologia relativa ao pagamento de adicional de insalubridade por ruído é
feita apartada e sem se comunicar com os eventos do eSocial, devendo a empresa
apenas informar, por NIT, se há ou não pagamento, para essa rubrica, declarado.

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BAruLHo NormATiVo: rEComENDAÇÃo

Considerando a necessidade de uniformização da legislação referente a


ruído, no âmbito da União Federal, por tudo aqui exposto, sugerem-se algumas
medidas que além de fazer justiça social, produzirão justiça fiscal, e, principalmente,
segurança jurídica às empresas.
Nesse sentido são sugeridas três medidas saneadoras.
Aproveitar esta obra no âmbito dos documentos técnicos pertencentes ao
acervo público do eSocial de modo a lhe conferir um suporte técnico específico
que embase as decisões relacionadas ao fator ruído.
Revogação por parte do MTE do Anexo I da NR-15, substituindo-o pela
norma NHO 01 da Fundacentro, tornando-a mandatório como já o fez a RFB e
o INSS, notadamente para avançar na pacificação, pois, como está hoje, todo
ambiente de trabalho que enseje pagamento de adicional de insalubridade por
ruído necessariamente ativará norma da RFB e INSS, todavia não o contrário, pois
é possível que pela NHO 01 se ultrapasse dose unitária (limite de tolerância), mas
não ative insalubridade trabalhista. Isso se impõe da perspectiva do direito e da
ciência, pois como visto o Anexo I da NR-15, além de obsoleto e anacrônico, está
errado.
Revogação da alínea “a” do art. 280 da IN n. 77/15 do INSS, por contrariar
abertamente o caput, ao dispor de outros limites de tolerância que não aquele
definido (NEN):
Art. 280. A exposição ocupacional a ruído dará ensejo a caracterização de atividade exercida
em condições especiais quando os níveis de pressão sonora estiverem acima de oitenta dB
(A), noventa dB (A) ou 85 (oitenta e cinco) dB (A), conforme o caso, observado o seguinte:
(...) IV — a partir de 01 de janeiro de 2004, será efetuado o enquadramento quando o Nível
de Exposição Normalizado — NEN se situar acima de 85 (oitenta e cinco) dB (A) ou for ul-
trapassada a dose unitária, conforme NHO 01 da Fundacentro, sendo facultado à empresa a
sua utilização a partir de 19 de novembro de 2003, data da publicação do Decreto n. 4.882,
de 2003, aplicando:
a) os limites de tolerância definidos no Quadro do Anexo I da NR-15 do MTE; e
b) as metodologias e os procedimentos definidos nas NHO 01 da Fundacentro.

Retificação do Manual de Perícia Médica, aprovado pela Resolução 600/17


do INSS, ao se basear na contaminada alínea “a” do art. 280 da IN n. 77/15, repete
o vício de insubordinação perante o decreto ao considerar equivocadamente NLI
de 85 dB(A) e q=5, com o agravante de aprofundá-lo, por introduzir elemento
estranho à formula do NEN da NHO 01 da Fundacentro. No bojo dessa retificação,
sugere-se considerar:

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i. Excluir do Manual de Perícia Médica toda e qualquer menção, direta ou
indireta ao Anexo I da NR-15 do MTE.
ii. Excluir do Manual de Perícia Médica toda e qualquer menção, direta ou
indireta ao fator de dobra q=5 e NLI de 85 dB(A), deixando claro que os parâmetros
corretos são: fator de dobra q=3 e NLI de 80 dB(A), nos termos da NHO 01 da
Fundacentro.
iii. Corrigir página 88 daquele manual suprimindo o termo 16,61 da fórmula
NEN = NE + 16,61 x 10 log TE/480 [dB], pois o correto é: NEN = NE x 10 log
TE/480 [dB]
iv. Fazer errata na página 88 de Manual, colocando-se um leia-se: VI — para
NHO 01 utiliza-se “9,6” onde se lê: VI — para NHO 01 utiliza-se “9,96”;

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FuNDAmENTo LEGAL: NormAS DE rEGÊNCiA SoBrE ruÍDo

A fundamentação legal em questão com as seguintes normas de regência:

Normas de Regência — Financiamento da Aposentadoria


por Condições Especiais Devido ao Ruído
1. CRFB-88. Art. 201. § 1º (tutela para aposentadoria por condições prejudiciais à saúde)
2. Lei n. 8.213/91. Arts. 57 e 58 (definição da hipótese de incidência)
3. Lei n. 8.212/91. § 3º do art. 33 (critério de arbitramento)
4. Decreto n. 3.048/99 (RPS).
a. Subseção IV — Da Aposentadoria Especial
b. Art. 68. § 12 (Metodologia e Procedimento da Fundacentro como norma mandatória)
c. Art. 233. (Arbitramento)
d. Anexo IV — Item 2.0.1 — Ruído — FAE25_6%. (Definidor do Limite de Tolerância)
5. IN n. 971 — RFB. Capítulo IX (norma comando procedimental que deve presidir as lavraturas fiscais)
6. IN n. 77 — INSS. Seção V — Aposentadoria Especial. Revogadora da IN 45.
7. NHO 01 — Fundacentro. Vinculante para efeito previdenciário/tributário. Recomendatória para
o Ministério do Trabalho
8. NR-15 do MTE. Anexo I.

Fonte: Próprio Autor

Do ápice hierárquico até as normas referenciadas (instruções normativas


e portarias), tem-se que o custeio da tutela constitucional se dá pela tributação
relativa ao Financiamento da Aposentadoria por Condições Especiais do Trabalho —
FAE, cujo fato gerador se consigna pela remuneração paga, devida ou creditada a
trabalhador submetido a níveis de ruído contínuo ou variável, de modo permanente,
que ultrapasse o Nível de Exposição Normalizado (NEN) de 85 dB(A), conforme
dispõe o item 2.0.1 do Anexo IV do RPS (Limite de Tolerância), sendo tal avaliação
apurada nos termos metodológicos e procedimentais definidos pela NHO 01 da
Fundacentro (Metodologia e Procedimento), conforme dispõe o § 12 do art. 68
do RPS. (Metodologia e Procedimento da Fundacentro como norma mandatória).
Para melhor visualização, resume-se a seguir o limite de tolerância, metodologia e
procedimento adstritos ao FAE, cuja constituição do crédito lhe subordinam:

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Aplicação Fragmentos do RPS: Anexo IV e § 12 do art. 68
a) exposição a Níveis de Exposição Normalizados (NEN) 25
Limite de Tolerância 2.0.1 Ruído
superiores a 85 dB(A) Anos
RPS. Art. 68. § 12. Nas avaliações ambientais deverão ser considerados, além
do disposto no Anexo IV, a metodologia e os procedimentos de avaliação
estabelecidos pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina
Metodologia e Procedi- do Trabalho — Fundacentro
mento
A norma NHO 01 — Norma de Higiene Ocupacional da Fundacentro. Trata da
metodologia e procedimento para fins de apuração do limite de tolerância ao
ruído continuo ou variável.

Fonte: Anexo IV e art. 68 do RPS aprovado pelo Decreto n. 3.048/99

Ratificando tudo aqui exposto, comparece o Decreto n. 93.413, de 15


de outubro de 1986, que promulga a Convenção n. 148 sobre a Proteção dos
Trabalhadores Contra os Riscos Profissionais Devidos à Contaminação do Ar, ao
Ruído e às Vibrações no Local de Trabalho (grifado).
Parte III
Medidas de Prevenção e de Proteção
Art. 8
1. A autoridade competente deverá estabelecer os critérios que permitam os riscos da ex-
posição à contaminação do ar, ao ruído e às vibrações no local de trabalho, e a fixar, quando
cabível, com base em tais critérios, os limites de exposição.
2. Ao elaborar os critérios e ao determinar os limites de exposição, a autoridade competente
deverá tomar em consideração a opinião de pessoas tecnicamente qualificadas, designadas
pelas organizações interessadas mais representativas de empregadores e de trabalhadores.
3. Os critérios e limites de exposição deverão ser fixados, completados e revisados a
intervalos regulares, de conformidade com os novos conhecimentos e dados nacionais
e internacionais, e tendo em conta, na medida do possível, qualquer aumento dos riscos
profissionais resultante da exposição simultânea a vários fatores nocivos no local de trabalho.

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PArECEr TÉCNiCo — EPi DE ruÍDo No STF:
iNEFiCáCiA ABSoLuTA

Nesta quadra da obra, faz-se um regaste dos fatos que antecederam a decisão
do STF, em sede do ARE n. 664335(62), que resultou no entendimento em duas
linhas: uma para EPI em geral; outra para os auriculares. O Recurso Extraordinário
com Agravo (ARE) 664335, com repercussão geral reconhecida fixou duas teses
que são aplicadas em todo o país sobre os efeitos da utilização de EPI sobre o
direito à aposentadoria especial, a conferir:
1ª Tese: O direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do
trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que se o EPI for realmente capaz
de neutralizar a nocividade não haverá respaldo constitucional à aposentadoria
especial.
2ª Tese: Na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos
limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil
Profissiográfico Previdenciário — PPP, no sentido da eficácia do Equipamento de
Proteção Individual — EPI, não descaracteriza o tempo especial para aposentadoria.
Juizados Especiais Federais — Turma de Uniformização das decisões das turmas
recursais dos Juizados Especiais Federais — Súmula n. 9: “Aposentadoria especial.
Equipamento de proteção individual. O uso de equipamento de proteção
individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído,
não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado.
Registre-se que na condição de convidado do amicus curiae, Instituto Brasileiro
de Direito Previdenciário — IBDP, este autor teve a oportunidade de conversar, em
audiência institucional, com dois ministros da Suprema Corte, oportunidades nas quais
logrou êxito em permitir que os juízes usassem um EPI tipo concha. Com um certo
humor no ar, dada a condição prosaica da cena, ambos se manifestaram surpresos
com a parafernália às orelhas. Nessa interlocução perguntei a um deles enquanto
usava o dispositivo: ministro, por que ainda escutas (inclusive a si mesmo) se estás a
usar um EPI? Ele não soube responder! Acrescentei então que se em ambiente tão
confortável como o gabinete do Supremo, os ruídos ainda se transmitiam, imagine
nos ambientes de trabalho? Ao final, confessou-nos o quão desagradável deve ser
a experiência de usar uma “trapizonga” dessa, todos os dias, o dia todo, e pior,
obrigado a fazê-lo sob pena de justa causa! Ao longo desse processo o IBDP fez
constar nos autos o parecer por mim emitido, em 29 de setembro de 2014, na
condição de acadêmico, cujo teor integral é a seguir transcrito.

(62) <http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=664335&classe=A-
RE&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M>.

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Parecer técnico. Ref.: ARE n. 664335 — STF. Ass.: Posicionamento quanto à
descaracterização da aposentadoria especial por uso de Equipamento de Proteção
Individual — EPI para todos os fatores de risco à saúde, com destaque ao ruído. O
presente Parecer Técnico apresenta os argumentos sobre o uso de EPIs no tocante
à concessão do benefício e financiamento da aposentadoria especial.
De pronto, tem-se que etimologicamente o vocábulo proteger representa o
nível mais raso da Saúde do Trabalhador: o bem jurídico tutelado pela Constituição
da República de 1988. Nesses termos leciona o Desembargador do Tribunal
Regional do Trabalho da 3ª Região Dr. Sebastião Geraldo de Oliveira, na obra
“Indenizações por Acidente do Trabalho ou Doença Ocupacional”. 8. ed. São
Paulo: LTr, 2014. p. 47, conforme figura abaixo:

Vocábulo Etimologia Significado


Cobrir, abrigar, defesa de um agente
Proteção Pro tegere (A frente + cobrir)
exterior.
Precaução Pre cavere (Tomar cuidado) Cuidados antecipados, acautelar-se.
Antecipar-se; preparação antecipada
Prevenção Pre ver (Ver antes)
de algo.
Promoção Pro movere (Para frente + mover) Pôr em execução; dar impulso a.

Os EPIs são projetados para mitigar apenas os efeitos sendo meramente


protetivo dadas as específicas combinações de requisitos. Serve para atenuar lesões
aos usuários decorrentes da exposição a agentes específicos durante o processo de
trabalho. A produção e a comercialização dos EPIs são autorizadas, tecnicamente,
pela emissão de Certificados de Aprovação (NR-6). Essa autorização é amparada
exclusivamente em ensaios laboratoriais relativos a agentes específicos, implicando
uma orientação ao projeto de EPIs por agente.
A legislação não requer validação do projeto dos EPIs em testes de campo que
simulariam a sua utilização em condições reais e que, facilmente, evidenciariam
deficiências provocadas por essa orientação especializada nos projetos dos EPIs.
Segundo alguns autores, existem algumas divergências entre a atenuação de
ruídos e desempenho dos protetores auditivos encontrados em laboratório e no
campo (Gerges, 1992)(63).
Berger(1993)(64) verificou em vinte estudos sobre o real nível de atenuação de
ruídos dos protetores auriculares, em que foram apresentados os níveis de redução
contidos nos rótulos, dos protetores auriculares tipo plug e concha, medidos por
testes em laboratório, e os níveis efetivamente reduzidos no ambiente real.

(63) GERGES, S. N. Y. Ruído: fundamentos e controle. Florianópolis, 1992.


(64) BERGER, E.H. The naked truth about NRR’s. E.A.RLOG20: Twentieth in a comprehensive series
of technical monographs covering topics related to hearing and hearing protection. Indianapolis,
Indiana: Cabot Safety Corporation (1993).

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Os protetores foram testados em mais de oitenta indústrias de sete países.
Em todos os testes foram verificados menores níveis reais de redução de ruído
em relação àqueles informados, com maior disparidade para os protetores tipo
plug. Para os protetores tipo plug, as reduções reais foram de 6% a 52% do valor
rotulado, enquanto que nos protetores tipo concha as amostras oscilaram entre
33% a 74%. Concluiu-se também que, mesmo assim, os protetores mais eficazes
para a proteção a 10 dB são os de tipo concha.
Existe, ainda, uma deficiência na concepção dos EPIs desde a sua fase de
projeto. Grande parte dos EPIs é projetada para proteger contra agentes isolados,
ignorando os potenciais efeitos sinérgicos.
Além das dificuldades decorrentes do emprego de metodologias de projeto
obsoletas, as indicações para uso e manutenção dos EPIs atendem a sugestões de
Serviços de Saúde e Segurança no Trabalho (SST) e a indicações em rótulos e manuais
de instrução elaborados por fabricantes diversos, sem validação das indicações em
testes de campo e sem referências para avaliação da adequação do estado do
produto. EPIs são concebidos como produtos descartáveis, mas não são encontradas
usualmente indicações de métodos de avaliação do fim da sua vida útil.(65)
Diversos problemas podem acarretar a inadequação dos EPIs a certas
condições de trabalho. Algumas das características desejáveis aos EPIs e que foram
projetadas para conferir maior segurança podem estar introduzindo dificuldades
operacionais em muitas situações de trabalho. Por exemplo, uma maior resistência
de um tecido à permeabilidade, uma maior resistência ao choque elétrico, uma
maior resistência ao calor podem estar associadas a aumento de peso, menor
conforto térmico e menos portabilidade dos EPIs. Outro aspecto importante é a
dificuldade da adequação dos EPIs às características antropométricas e ambientais
de cada localidade.
A legislação brasileira que define as atividades ou operações consideradas
insalubres é a Norma Regulamentadora n. 15 (NR-15). Porém, esta mesma NR-
15 deixa uma brecha que permite ao empregador “eliminar ou neutralizar a
insalubridade” mediante a utilização de EPI. Isso explicaria o fato de o uso de EPIs ser
a solução mais utilizada pelos empregadores para eliminar ou neutralizar os riscos
em detrimento do estabelecido pelo International Labour Office (ILO, 2001)(66).
Sabe-se que os EPIs têm a finalidade de proteção, ou seja, reduzir/ controlar e
não de evitar os riscos à saúde e à segurança dos trabalhadores. Consequentemente,

(65) MEDEIROS, E. N. Análise de aspecto do gerenciamento do design de produtos em processos


de modernização tecnológica sob o enfoque ergonômico. 286f. Tese (Doutorado em Engenharia de
Produção) — Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia, Universidade Federal do
Rio de Janeiro, 1995.
(66) ILO. International Labour Office. Guidelines on occupational safety and health management
systems, ILO-OSH 2001, Geneva. 2001.

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na maioria dos casos, a utilização de EPIs só deve ser considerada como um dos
últimos recursos de tecnologia de proteção/ controle de riscos aos trabalhadores
(ILO, 2001). As medidas de prevenção seriam aquelas que eliminam ou reduzem
os riscos e perigos, atuando na sua fonte, ou seja, evitam e/ou reduzem a geração
do risco ou do perigo. A prevenção deveria ser priorizada em relação a medidas
de proteção ou atenuação dos riscos ou dos perigos. Na maioria das situações,
“proteger” parece ser mais “econômico” do que prevenir.
A falta de estímulo para a adoção de medidas de prevenção como solução
viável para controlar situações insalubres ou perigosas estimula a utilização dos
EPIs como solução paliativa, uma vez que os EPIs, normalmente, parecem ser a
solução economicamente mais vantajosa. Um indicador dessa falta de incentivos
para medidas de prevenção é a carência de estudos sobre desenvolvimento
tecnológico de EPIs. Vale ressaltar que o estado da técnica dos EPIs está bem
distante da utilização desses equipamentos em situações reais.
Grande parte dos EPIs não seria adequada à sua utilização e/ou finalidade.
A função do EPI passa a ser de reduzir o risco ou mitigar a consequência. A
legislação brasileira não é efetivamente protetiva em relação aos EPIs quando
aceita universalmente que o uso desses produtos deve eliminar ou neutralizar a
insalubridade, assumindo que a proteção do trabalhador ao usar o EPI é eficiente.
(VEIGA, 2007)(67).
Outro aspecto que impacta diretamente na qualidade e na eficiência dos
EPIs é o econômico. Normalmente, na escolha do EPI são consideradas variáveis
financeiras, muitas vezes ignorando custos socioeconômicos (e. g. custos para
a saúde dos trabalhadores e custos de responsabilização trabalhista). A decisão
de qual EPI utilizar é bastante influenciada pelo custo deste EPI (CROCKFORD,
1999)(68).
O uso de EPIs ainda requer necessariamente treinamento. Não basta determi-
nar sua necessidade, ocasião de emprego e a indicação apropriada do equipamento
específico para cada condição, é preciso prepará-los para utilizar corretamente es-
ses equipamentos. É necessário que saibam checar os equipamentos antes do uso,
vestir corretamente para propiciar boa proteção, desvestir e higienizar os equipa-
mentos apropriadamente para evitar contaminações, além de fazer a manutenção
e guardá-los adequadamente, sob o risco de os usuários, por não utilizá-los corre-
tamente, sofrerem problemas de saúde e desacreditarem completamente desses
equipamentos, dificultando ainda mais os trabalhos de prevenção de acidentes
que possam vir a ser desenvolvidos.

(67) VEIGA, M. M. A contaminação por agrotóxicos e os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).


Rev. bras. Saúde Ocup., São Paulo, 32 (116): 57-68, 2007.
(68) CROCKFORD, C. W. Protective clothing and heat stress: introduction. Ann. Occup. Hyg., v. 43,
n. 5. p. 287-288, 1999.

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Em trabalho realizado por VEIGA, foi analisada a eficiência e a adequação dos
Equipamentos de Proteção Individuais utilizados na manipulação e na aplicação
de agrotóxicos nas agriculturas brasileira e francesa. As evidências encontradas
mostraram que os EPIs utilizados em ambos os casos, além de não protegerem
integralmente o trabalhador contra o agrotóxico, ainda agravaram os riscos e
perigos, pois se tornaram fontes de contaminação.
Além do trabalho produzido pelo Ministério da Agricultura francês (MINAG,
2006)(69), colocou-se em evidência que os equipamentos de proteção recomenda-
dos raramente eram utilizados, o que permitiu questionar a eficácia real dos meios
de proteção recomendados. Também na França, os EPIs tiveram sua eficiência
questionada. Jourdan (1989)(70), Bernon (2002)(71) e Brunet et al. (2005)(72) estuda-
ram as dificuldades ligadas à utilização dos EPIs e as restrições que são geradas
por sua utilização.
Na agricultura brasileira, especialmente em pequenas comunidades rurais,
é comum deparar-se com trabalhadores rurais sem os EPIs obrigatórios durante a
manipulação e a aplicação de agrotóxicos. Uma das principais razões para não se
utilizar EPIs reside no fato de que muitos dos EPIs utilizados na agricultura, devido
à sua inadequação, podem provocar desconforto térmico, tornando-os bastante
incômodos para uso, podendo levar, em casos extremos, ao estresse térmico do
trabalhador rural (COUTINHO et al., 1994)(73).
Oliveira e Machado Neto (2005)(74) avaliaram a segurança no trabalho
relacionada com o uso de EPIs na aplicação de agrotóxicos para a cultura da
batata. Eles constataram que o tipo de EPI utilizado influenciava diretamente na
possibilidade de exposição dos trabalhadores rurais e, ainda, que mesmo utilizando
os EPIs recomendados, os trabalhadores rurais continuavam se contaminando,
uma vez que os EPIs foram “erroneamente recomendados com base apenas na
classe toxicológica e não na exposição ocupacional que as condições de trabalho
propiciam e na sua distribuição pelo corpo do trabalhador”, ou seja, inadequados

(69) MINAG. Ministère de l’agriculture et de la pêche. Note DGFAR/SDTE/N2006-5029. Analyse et


synthèse des contrôles réalisés en 2003 et 2004 concernant le respect de la réglementation de pro-
tection de la santé, lors de l’utilisation des produits phytosanitaires au sein des entreprises agricoles,
2006.
(70) JOURDAN, M. Développement technique dans l’exploitation agricole et compétence de
l’agriculteur. 167 p. Thèse (Doctorat en Ergonomie) – Laboratoire d’Ergonomie, Conservatoire Natio-
nal des Arts & Métiers, Paris, 1989.
(71) BERNON, J. Traitement du risque phytosanitaire à la MSA de l’Hérault. In: COLLOQUE DES CTR,
CTN, CCMSA, 2002, Bagnolet. Anais..., Bagnolet, 2002.
(72) BRUNET, R. et al. Le risque et la parole: construire ensemble une prévention des risques du travail
dans l’agriculture et l’industrie. France: Octares Editions, 2005.
(73) COUTINHO, J. A. G. et al. Uso de agrotóxicos no município de Pati do Alferes: um estudo de
caso. Caderno de Geociências, n. 10, p. 23-31, 1994.
(74) OLIVEIRA, M. L.; MACHADO NETO, J. G. Segurança na aplicação de agrotóxicos em cultura de
batata em regiões montanhosas. Rev. Bras. Saúde Ocup., v. 30, n. 112, p. 15-25, 2005.

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para a situação real encontrada. Por isso, faz-se necessário avaliar a adequação
de cada tecnologia em saúde e as condições ambientais e antropométricas
encontradas em cada situação de fato.
Os EPIs são projetados, no caso de agrotóxicos, de forma a garantir proteção
contra agentes químicos externos, ou seja, para manter certas substâncias “fora”
do organismo. As mesmas propriedades físicas e químicas que fornecem aos EPIs
essa característica de proteção também os transformam, frequentemente, em
bastante desconfortáveis e/ou inadequados.
Entre os dispositivos de vestuário comumente utilizados durante o manuseio
e aplicação de agrotóxicos alguns são muito difíceis de serem descontaminados. O
chapéu, por exemplo, tradicionalmente utilizado pelo trabalhador rural, geralmente
é feito de palha, às vezes, dependendo de regionalismos, de feltro ou de couro,
todos materiais bastante absorventes.
Uma pesquisa desenvolvida com base na abordagem da ergo-toxicologia ca-
racterizou a contaminação por agrotóxicos (carbamatos) dos viticultores franceses.
Os resultados foram expressos em mg de matéria ativa depositada sobre a pele do
agricultor (após análise da gaze colocada na superfície corporal considerada). Com
o tratamento estatístico dos dados, pôde-se constatar (VEIGA, 2007):
— o fato de utilizar uniforme de proteção não evita totalmente a contaminação;
— durante a etapa de preparação, a utilização do uniforme reduz a contami-
nação;
— durante as fases de aplicação do produto e de limpeza, as pessoas que
utilizavam os uniformes de proteção eram globalmente mais contaminadas
que aquelas que não utilizavam.
Veiga (2007), em seu trabalho aqui citado, concluiu que, nos casos analisa-
dos, os EPIs não eliminaram nem neutralizaram a insalubridade, conforme estatui
a legislação, e ainda aumentaram a probabilidade de contaminação dos trabalha-
dores rurais em algumas atividades. Por tudo que foi aqui exposto, consideramos
improcedente a ideia de que a adoção de EPIs seja considerada como uma das
principais medidas para resolução dos problemas de segurança em atividades de
trabalho com agrotóxicos na agricultura, como vem sendo preconizada.
Hoje, a questão da toxicidade crônica na avaliação dos agravos à saúde
provocados pelos agrotóxicos é considerada de grande importância pela OMS.
É óbvio que toda redução de exposição que puder ser conseguida é benéfica,
mas fica evidente que apenas o uso dos EPIs não é suficiente para garantir a
segurança do trabalhador que lida com agrotóxicos, evidenciando uma vez mais a
necessidade de se investir em medidas coletivas de controle.
Dentre outros agentes nocivos à saúde, confere-se ao ruído um dos mais
presentes nos ambientes urbanos e sociais, principalmente nos locais de trabalho

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e nas atividades de lazer. As medidas de controle passam necessariamente pelo
combate das energias sonoras ao longo do fluxo: fonte-trajetória-receptor, por
óbvio a opção pelo uso isoladamente do EPI auricular (EPI) agride a lógica, pois não
se combate a causa limitando o efeito. E os efeitos são muitos, para muito além
da Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR): distúrbios hormonais, endócrinos,
cardiovasculares, de sono, desatenção, cansaço, fadiga, arritmia, hipertensão,
entre outros.
Fiorini (1994)(75) desenvolveu estudo acompanhando o monitoramento
audiométrico de 80 (oitenta) trabalhadores expostos ao ruído em uma empresa
metalúrgica de utensílios domésticos em São Paulo, durante 03 anos, de 1991 até
1993 (p. 41). O uso de protetores auditivos era obrigatório e durante toda a jornada
de trabalho, com orientações quanto ao uso e higienização constantes, além de
trocas, no máximo, semanais. Nas palavras da autora, “uso contínuo e adequado
do protetor, fiscalizado periodicamente pelo médico ou pela fonoaudióloga”,
ocorrente desde 1990 e mantido durante o período estudado (p. 39).
O estudo constatou que, “considerando o total de trabalhadores com PAIR
[Perda Auditiva Induzida pelo Ruído] em 1993, podemos destacar que o uso
regular de protetores auditivos não apresentou vantagens no aspecto preventivo.
Isso evidencia que, mesmo quando existem medidas passivas no receptor com
uso regular de protetores auditivos, em condições favoráveis de controle de
experimento, ainda assim não se verificam ganhos” (p. 78/79), sem destaque no
original.
Ressalta-se que há carência de produtos para proteção individual da audição
que obtenham design confortável, tanto fisicamente como psicologicamente, e
funcional, considerando a durabilidade em contraste com o comprometimento
eficaz do equipamento.
De acordo com Gerges (1995)(76) existem algumas dificuldades encontradas na
utilização de Equipamentos de Proteção Individuais auditivos tais como efeitos na
comunicação verbal, higiene, sinais de alarme, desconforto térmico etc. Segundo
o mesmo autor, o período de utilidade de um protetor auditivo é uma pergunta
que está sendo colocada de forma intensa por responsáveis por programas de
conservação de audição, usuários e até advogados e juízes, sem ter uma resposta
convincente.
A eficácia da atenuação dos protetores tem se mostrado como um problema
importante, pois supõe a perda de qualidade graças ao desgaste do equipamento,

(75) FIORINI, AC. Conservação auditiva: estudo sobre o monitoramento audiométrico em trabalhado-
res de uma indústria metalúrgica. Dissertação de Mestrado em Distúrbios da Comunicação. PUC- SP,
1994. 95 págs. e anexos.
(76) GERGES, S. N. Y. Exposição ocupacional ao ruído: avaliação, prevenção e controle, Cap. 5: Fon-
tes de ruído, OMS, Genebra, 1995.

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face à utilização diária que expõe o material ao calor, sujeiras oriundas do ambiente
de trabalho e lavagem diuturna.
A partir de 1989, a Organização Mundial de Saúde (OMS) passou a tratar o
ruído como problema de saúde pública. Embora a doença ocupacional por ruído
seja um problema de alta prevalência nos países industrializados, incluindo-se o
Brasil, os estudos sobre a sua história natural são escassos.
Os ruídos têm atingido altos índices de insalubridade em locais de trabalho,
o que tem levado países a publicar leis de proteção aos trabalhadores. Fernandes
(2003)(77) afirmou que embora não seja o método mais adequado de combate ao
ruído, o protetor auricular (PA) é o EPI mais usado para tentar prevenir a PAIR.
Para Araújo (2002)(78), as doenças do ouvido, como a disacusia neurossensorial,
de qualquer etiologia podem significar maior prejuízo ao paciente submetido ao
ruído e conclui que os fatores que produzem surdez precoce em trabalhadores
de metalúrgica, por causa da perda auditiva induzida pelo ruído, são o elevado
índice de ruído no ambiente da indústria e a não utilização regular dos protetores
auriculares.
Almeida (1950)(79) fez um mapeamento de risco nos escritórios da Estrada de
Ferro Sorocabana e mencionou não apenas a lesão auditiva advinda da exposição
ao ruído, mas destacou os efeitos estressantes deste agente. Vieira (2003)(80) dispõe
que de acordo com a OMS — Organização Mundial da Saúde (1995), a exposição
excessiva ao ruído pode causar muitos problemas à saúde, tais como:
• estresse auditivo sob exposições a 55 dB;
• reações físicas: aumento da pressão sanguínea, do ritmo cardíaco e
das contrações musculares; aumento da produção de adrenalina e outros
hormônios;
• reações mentais e emocionais: irritabilidade, ansiedade, medo, insônia, etc.
• reações generalizadas ao estresse.
Estudos epidemiológicos vêm avaliando a associação entre exposição ocupa-
cional a ruído e hipertensão. De acordo com Souza et al (2001)(81), a perda auditiva

(77) FERNANDES, J. C. Avaliação do reconhecimento da fala em usuários de protetores auditivos.


In: XXIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Bauru, 2003, Anais... Ouro Preto, MG, p.
153-154, 2003.
(78) ARAUJO, S. A. Perda auditiva induzida pelo ruído em trabalhadores de metalúrgica. Rev. Bras.
Otorrinolaringol, v. 68, n. 1, p. 47-52, maio 2002.
(79) ALMEIDA, H. Influence of electric punch card machines on the human ear. Archives of Otolaryn-
gology, n. 51, p. 215-222, 1950.
(80) VIEIRA, K. G. Perda da força sofrida pelo arco do equipamento de proteção individual auricular
tipo concha de acordo com o tempo de utilização. 2003. 73p. Monografia (Curso de Especialização
em Engenharia de Segurança do Trabalho), Unesp, Bauru/SP, 2003.
(81) SOUZA, N. S. S. Hipertensão arterial entre trabalhadores de petróleo expostos a ruído. Cad.
Saúde Pública, v. 17, n. 6, p.1481-1488, nov./dez. 2001.

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já era um dos efeitos mais importantes da exposição ao ruído e já era bastante
conhecida. Efeitos extra-auditivos causados pelo ruído também vêm sendo estuda-
dos. Desde a década de 70, atenção particular tem sido dada à possível associação
entre exposição ocupacional a ruído e doenças cardiovasculares, entre elas a hi-
pertensão arterial.
Várias pesquisas experimentais demonstraram que exposição elevada a ruído
por um curto período de tempo pode desencadear respostas cardiovasculares
semelhantes às que ocorrem no estresse agudo, com aumento da pressão
sanguínea, provavelmente mediado pelo aumento da resistência vascular periférica
(Andren et al., 1982(82); Harlan et al., 1981(83)).
Santos et al (1996)(84), explicaram que os valores de atenuação dos ruídos
citados pelas indústrias de protetores referem-se a valores obtidos em laboratório,
diferentes dos valores alcançados no ambiente industrial (em média 10 dB a
menos). De acordo com o mesmo autor, erros no posicionamento, tempo efetivo
de uso, manutenção e trocas inadequadas estão entre as causas mais comuns.
Na dissertação de Augusto Neto, N (2007)(85), em que foram verificados os níveis
reais de atenuação de protetores auriculares do tipo concha, utilizando microfone
sonda, todos os protetores auriculares utilizados na amostra apresentaram diferença
nos valores de atenuação em comparação com os valores apresentados em seus
Certificados de Aprovação, sempre com valores menores aos apresentados.
Nudelmann et al. (1997)(86), citado por Vieira (2003), classificaram os pro-
tetores extra-auriculares tipo concha, sendo estes formados por duas conchas
atenuadoras de ruído, colocadas em torno dos ouvidos e interligadas através de
um arco tensor. Esse tipo de protetor é inadequado para exposição contínua,
onde o pressionamento da área circum-auditiva apresenta grande desconforto.
Dessa forma, é provável que o protetor não seja utilizado durante toda a jornada.
Algumas desvantagens:
• dependendo do modelo, pode interferir com o uso de óculos e com
máscaras de soldador;
• acarretam problemas de espaço em locais pequenos ou confinados;
• muito desconfortáveis em ambientes quentes;
• pelo peso do protetor também geram desconforto.

(82) ANDREN, L. et al. Effect of noise on blood pressure and ‘stress’ hormones. Clinical Science, v.
62, p. 137-141, 1982.
(83) HARLAN, W. R. Impact of the environment on cardiovascular disease: Report of the American
Heart Association task force on environment and the cardiovascular system. Circulation, v. 63, p.
243A-246A, 1981.
(84) SANTOS, U. P. et al. Ruído: riscos e prevenção. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 1996.
(85) AUGUSTO N, N. Atenuação dos protetores auriculares do tipo concha utilizando microfone son-
da / Nelson Augusto Neto, 2007. 73 f. il. Dissertação (Mestrado) — Unesp, Bauru/SP, 2007
(86) NUDELMANN, A. A. PAIR — Perda Auditiva Induzida pelo Ruído, Porto Alegre: Bagaggem, 1997.

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Na seleção de um protetor auricular (PA), devem-se levar em conta três
fatores principais: atenuação, conforto e comunicação. De acordo com Nielsen
(2001)(87), no Brasil, a escolha desses dispositivos é feita a partir da combinação do
preço e atenuação oferecida, mas sem que se façam análises detalhadas.
Verifica-se que atualmente existe uma grande incerteza quanto ao Nível
de Redução de Ruído (NRR) dos PAs fornecidos pelos fabricantes. As normas
regulamentadoras colaboram para tal incerteza, uma vez que não apresentam
especificações quanto ao método correto para o ensaio dos protetores em
laboratórios, padronizando, dessa forma, todos os valores de NRR indicados.
Assim, à mercê de toda essa discussão, estão os trabalhadores expostos ao
ruído, que continuam a sofrer perdas auditivas, apesar de utilizarem PAs com grau
de atenuação adequada, conforme indicado pelos fabricantes e aprovados pelo
Ministério do Trabalho e Emprego(88).
Na utilização do EPI, deve-se considerar, segundo a NR-9, as normas legais e
administrativas (item 9.3.5.5) que envolvem:
— seleção adequada;
— conforto;
— uso;
— higienização;
— manutenção;
— orientação e avaliação dessas medidas adotadas sobre os EPI, garantindo-
-se as condições de proteção originalmente estabelecidas pelos fabricantes.
No entanto, o que se observa é a grande dificuldade, por parte dos
empregadores, em verificar positivamente cada um dos requisitos acima, o que
torna a eficácia do EPI uma figura de mera retórica, sem concretude prática(89).
Isso, sobretudo, em relação aos protetores auriculares, recomendados quando os
níveis de pressão sonora excederem a dose unitária (85 dBA por 8 horas; 90 dBA
por 4 horas; 100 dBA por 2 horas; até 115 dBA por 7 minutos) nos ambientes de
trabalho. Somente a distribuição dos protetores auriculares e a obrigatoriedade do
uso não são suficientes para a preservação da audição.
A título de exercício de raciocínio em um ambiente de trabalho com ruído
industrial, tem-se que o ruído, de modo mais intenso, continua a chegar ao cérebro

(87) NIELSEN, R. M. Comportamento de três protetores auriculares tipo concha, em ambientes com
ruídos em baixa frequência. 2001.
(88) CIOTE, F. A.; CIOTE, R. F. F; HABER, J. Análise da Atenuação de Ruído de Protetores Auriculares.
Exacta, São Paulo, v. 3, p. 71-77, 2005.
(89) GONÇALVES CGO, Iguti A. M. Análise de programas de preservação da audição em quatro
indústrias metalúrgicas de Piracicaba, São Paulo, Brasil. Cad Saúd Públ. 2006; 22(3):609-18.

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mesmo com tamponamento! Logo, se no limite o EPI refratasse 100% a energia
sonora proveniente do meio ambiente do trabalho, ainda assim o sistema auditivo
perceberia os ruídos.
Conclusão: a eficácia do EPI é questionável porque simplesmente não se tapa
sol com peneira, nem som com EPI auricular, por quê? Porque nem todo som é
percebido pelo pavilhão auditivo (orelha externa).
A transmissão sonora ambiental ao ser humano se dá por duas vias:
— pela via aérea (transmissão elástico-gasosa), graças à variação da pressão
atmosférica nas imediações do tímpano. A captação do som se dá pelo
pavilhão auditivo (orelha externa). Por esse mecanismo o EPI constitui um
fator de redução de ruído (resistência), daí o abafamento que sentimos ao
inserir os dedos nos ouvidos, e;
— pela via óssea (transmissão elástico-sólida), devido à vibração mecânica de
ossos, cartilagens e músculos envoltos ao aparelho auditivo (externo, interno
e médio) provenientes da energia sonora ambiental. A captação do som se dá
pelos tecidos internos que transferem movimento à endolinfa sensibilizando
a cóclea (orelhas médias e internas). Por isso, ao inserir os dedos nos
ouvidos escutamos a nós mesmos de modo “estranho”, igualmente quando
escutamos a reprodução de nossa voz gravada. Só a escutamos, nesse caso,
por conta da transmissão não aérea, por certo (óssea).
Desde 1863, os estudos de Helmholtz, sobre a análise dos sons e a teoria
da audição, explicam os mecanismos fisiológicos cocleares (parte anterior do
labirinto ou orelha interna), bem como discriminam como se dá a análise sonora
das frequências dos sons no sistema auditivo humano.
• Na restrição hipotética de que houvesse apenas o mecanismo aéreo de
audição, bem como considerando que o EPI é melhor que os próprios dedos
enfiados nas orelhas, ainda assim a eficácia do EPI é questionável, pois é
inidôneo para isolar plenamente o conduto central auditivo, pois:
• Sempre haverá fuga por causa dos imperfeitos ajustes antropométricos
entre orifício auricular (personalíssimo) e geometria do EPI (standart baseado
em médias e desvios-padrão, generalíssimo);
• Sempre haverá cera ou cerume, sujeira, pelos, oleosidade que impedirão o
ajuste perfeito entre o orifício e o EPI;
• Sempre o EPI permitirá a passagem de som, pois há ineficiência acústica
intrínseca aos materiais que o compõem (nenhum material é 100% resistivo);
• Principalmente pelo fato de o EPI ser um só para várias situações acústicas
de campo, dada a miríade de combinações entre as variáveis Nível Pressão

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Sonora (NPS) — em Pascal, Pa — e frequências (f) — em Hertz, Hz. O fabricante
define um nível de redução de ruído (NRR) — do inglês, Noise Reduction Rating
— para cada par de NPS versus frequência (P x f), consideradas constantes ao
longo da jornada. Obviamente a dinâmica acústica de campo está anos-luz
da estaticidade rotulada nas embalagens desses produtos.
Se tudo isso fosse, em tese, considerado como atendido, ainda assim re-
manesceria a estranha condição: penetrar vários EPI simultaneamente na orelha
do receptor! A cada instante chegam vários sinais (Pressão e Frequência) na ore-
lha do trabalhador e por se tratarem de sinais acústicos complexos é impossível
combater com elemento simples (EPI) especificado pelo fabricante apenas para
restrito conjunto de combinações (Pressão e Frequência).
Em outras palavras, não se combate o maior espectro de NPS x f com o menor.
Precisamente falando: isso que o EPI diz que faz é uma fraude. Isso considerando
apenas a hipótese da transmissão aérea! Se apenas para via aérea a eficácia do
EPI é questionável, imagine considerá-lo para via óssea. Como reforço à refutação
da tese de que EPI possa ser eficaz, pois se pela via aérea está provado que ele
é ineficaz, aditamos que chega a ser algo temerário prescrever EPI quando para
determinadas pressões sonoras, acima de 85 dB(A) — equivalente a 10-4 W/m2 ou
0,1 N/m2 — simplesmente a transmissão se dá pela via óssea.
A intensidade mínima do som percebido pelo ouvido humano (limiar de
audição) é, aproximadamente, de 10-12 W/m2 (equivalente a 2.10-5Pa). A partir de
1W/m2, provoca-se dor, limiar da dor (equivalente a 2.102Pa).
E nesse caso falar em EPI é considerar a possibilidade de o EPI bloquear tais
transmissões de energias à cóclea, é no mínimo desonesto intelectualmente, pois
para tal mister seria necessário interpor material isolante acústico em toda caixa
craniana mediante cirurgia óssea circunferencial (bloqueio ósseo), aliado ao tam-
ponamento forçado dos orifícios timpânicos (bloqueio aéreo). Um absurdo!
Bem, como acima sustentado, oblitera-se acintosamente qualquer razoabi-
lidade do uso de EPI como elemento de prevenção (no máximo como elemento
protetor, e mesmo assim para algumas restritíssimas e combinadas situações).
Mas, por que então a lei previdenciária o considera?
Sabe-se que a norma é ato político, que por sua vez decorre daquele que vence
a correlação de forças impondo aos demais as suas vontades. A inobservância dos
cuidados à saúde do trabalhador, aliada à inércia e parcialidade do tripartismo,
principalmente aquele que tangencia às NR do MTE respondem à pergunta acima
em detrimento dos princípios da dignidade humana, da física, da anatomia e da
fisiologia humanas.
Por isso se diz que a discussão sobre EPI é artificial. Uma vez que o natural seria
combater as causas originárias do ambiente ao invés de introduzir, literalmente, uma
fraude nas orelhas dos subordinados. Há neste mister a legalização e judicialização

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de um absurdo físico que muda o foco do debate do meio ambiente do trabalho
doentio — frequentemente com horas extras contumazes como agravante de
exposição, deliberadamente sem equipamentos de proteção coletiva (EPC) e/ou
medidas administrativas — para a vítima, sem margem de manobra ou grau de
liberdade para dizer não a isso tudo. E, se o fizer: insubordinação (justa causa)!
Mesmo sendo obrigatório aos fabricantes de EPI realizarem a avaliação dos
mesmos, comprovando, assim, sua eficiência, isso não é garantia de que o trabalha-
dor irá beneficiar-se de sua proteção, pois a colocação inadequada comprometerá
os objetivos do EPI, e no caso dos protetores auriculares, que já apresentam dife-
renças quanto à proteção, dependendo do tipo utilizado, se mal colocados, sua
eficácia é comprometida.(90)
O próprio NIOSH(91) (1996), National Institute for Occupational Safety and
Health, já enfatizava a questão da efetividade da proteção pelos EPI auriculares em
função do tempo de efetiva utilização, como mostra o gráfico abaixo. Neste, fica
evidente a significativa redução da proteção e queda do efetivo Nível de Redução
de Ruído (NRR) em função do tempo de não utilização do dispositivo individual, já
a partir dos 30 primeiros minutos.

REDUÇÃO NO NRR COMO UMA FUNÇÃO DO NÚMERO


DE MINUTOS DE NÃO USO DO EPI AURICULAR
30
25
NRR EFETIVO (dB)

NRR = 15
20
NRR = 20
15
10 NRR = 25

5 NRR = 30
0
0 30 60 90 120 150
MINUTOS

(90) RODRIGUES M.A.G, Dezan AA, Marchiori LLM. Eficácia da escolha do protetor auricular peque-
no, médio e grande em programa de conservação auditiva. Rev CEFAC. 2006; 8(4):543-7. Gonçalves
CGO, Vilela RAG, Faccin R, Bolognesi TM, Gaiotto RB. Ambiente de trabalho e a saúde do trabalha-
dor: uma proposta de controle do ruído. Interfacehs. Rev Gestão Integr Saúde Trab Meio Ambiente.
2008; 3(2):2-1
(91) NIOSH/CDC, National Institute for Occupational Safety and Health. Preventing occupational
hearing loss: a practical guide. Publication n. 96-110. p. 39. Acesso em: 17.11.13, no link <http://
www.cdc.gov/niosh/docs/96-110/>. Cincinnati, Ohio — EUA 1996.

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Ainda com relação às limitações de desempenho, além do assinalado acima,
encontramos em Rose e Cohrssen(92) (2011), que “a principal limitação de proteção
oferecida por um protetor auditivo é a forma como é ajustado e usado. Outras
limitações importantes de um protetor auditivo dependem da sua construção e
sobre as características fisiológicas e anatômicas do usuário.
Sendo assim, a energia sonora pode atingir os ouvidos internos de pessoas que
usam protetores por quatro vias diferentes: (1) passando através do osso e do tecido
em torno do protetor; (2) causando a vibração do protetor, o que por sua vez, gera
o som para dentro do canal externo do ouvido; (3) passando por vazamentos no
protetor; e (4) passando por vazamentos ao redor do protetor”.
Erroneamente, muitas empresas acreditam que o simples ato de fornecimento
dos EPIs está isentando total e irrestritamente as responsabilidades advindas
do acidente de trabalho ou doença profissional. Aliás, em caso de acidente de
trabalho, onde a empresa negligenciou ou não forneceu o EPI, esta, por meio de
seus representantes, responde civil e criminalmente pela omissão.
São observados verdadeiros absurdos de trabalhadores que usam protetores
auriculares descartáveis por várias semanas, contrariando totalmente a finalidade
para a qual foram concebidos. Existem empresas de países do primeiro mundo em
que os EPIs estão disponíveis na fábrica para que sejam trocados diariamente pelo
trabalhador. A durabilidade do EPI está diretamente ligada ao tipo de atividade e
condições ambientais a que este está sendo submetido, somente existindo, com
algumas exceções, métodos empíricos para se determinar se o EPI está imprestável.
Outro detalhe aos quais as empresas não estão atentas é que de nada
adianta fornecer o EPI cercado de todos os cuidados se o trabalhador não
recebeu treinamento para usá-lo. A eficiência do equipamento, particularmente
os protetores auriculares e máscaras, depende essencialmente do modo como são
usados, sob risco de não promoverem a atenuação especificada.
Assim, é igualmente importante que a empresa treine o trabalhador com
recursos próprios, ou por meio dos fabricantes de EPIs que já fazem este trabalho
gratuitamente, por meio de palestras ou minicursos. Mais uma vez, deve a empresa
documentar que treinou o trabalhador ao uso do EPI, seja por meio de termo na
própria ficha de entrega, seja por meio de emissão de certificado.
Bastos (2005)(93), em sua dissertação, observou a carência nos produtos de
proteção individuais auditivos confortáveis e funcionais, relacionados à durabilidade,
face ao comprometimento eficaz do equipamento. O objetivo principal do seu

(92) VERNON E. R.; BARBARA C. Patty’s Industrial Hygiene. New Jersey: Editora John Wiley & Sons,
Inc. Hoboken, Pág. 1550. 2011.
(93) BASTOS, R. S.; Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho. Faculdade de Arquitetura,
Artes e Comunicação. Reconhecimento da Perda de Eficácia de Protetor Intra-auricular. 2005.

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estudo foi reconhecer perda de eficácia diante do tempo de uso em EPI auditivo,
intra-auricular, de espuma.
Foi apurado que os equipamentos sofrem alteração de eficácia conforme o
tempo de uso, e que o desgaste do material inicia perda de confiança, principalmente
em frequências audíveis de até 100Hz, e a partir de 16 dias para pressão sonora
sofrida em 101dB à 20Hz. Para pressão sonora sofrida a partir de 107dB à 20Hz, a
perda de confiança para o uso, principalmente em frequências audíveis até 100Hz,
foi de 8 dias. Os EPIs não perdem eficácia de atenuação importante com o uso
diário em frequências a partir de 1KHz até 20KHz.
Concluiu-se que há perda de eficácia, conforme o uso diário e frequente do
EPI auditivo estudado. Os resultados confirmaram as expectativas, demonstrando
que parâmetros de função, em detrimento ao envelhecimento do EPI auricular,
face a seu uso diuturno, se mostram importantes na geração de projetos vindouros
em design direcionados à audição, para que a integridade física humana esteja
cada vez mais protegida.
Ainda em sua dissertação, Bastos (2005) apontou os efeitos do ruído à
audição e ao organismo:
Efeitos do ruído à audição:
— Trauma acústico: surdez provocada por um ruído repentino;
— Perda auditiva temporária: a audição se recupera em 24 horas;
— Perda auditiva permanente.
Efeitos do ruído sobre o organismo:
— Estreitamento dos vasos sanguíneos;
— Aumento da pressão sanguínea (hipertensão);
— Contração muscular; ansiedade e tensão;
— Alterações menstruais na mulher;
— Impotência sexual no homem;
— Zumbido.
Os ruídos conduzem o homem a problemas mentais, físicos e sociais. Há de
se buscar soluções eficazes para a sua atenuação. Melhor seria se os ruídos fossem
extintos, porém, o que mais se tem feito, para diminuir os efeitos do problema, é a
indicação de uso de equipamentos que impeçam sons indesejados de penetrar nos
ouvidos de modo brusco e desagradável. Há que estabelecer uma aproximação
séria entre o Desenho Industrial e os estudos dos problemas causados pelos ruídos,

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os próprios ruídos, os limiares humanos, e, de modo dinâmico e interdisciplinar,
desenvolver pesquisas para que este produto importante de proteção não esteja
longe das metas dos designers.
Existem diferenças quanto à colocação de protetores auriculares entre sujeitos
treinados e com experiência de uso de protetores auriculares e não treinados e
sem experiência anterior com protetores auriculares. Nos sujeitos do grupo de
trabalhadores (treinado na colocação dos protetores auriculares) a diferença
entre os limiares auditivos sem e com protetores, pelos dois métodos utilizados,
foram superiores aos do grupo 2 (estudantes, sem treinamento), o que evidencia
a necessidade de treinamento para se garantir a correta utilização dos protetores
auriculares. Tal fato ficou também evidente quando se observa que o protetor tipo
concha, que é de colocação mais simples (apenas ajustá-lo ao redor do pavilhão
auricular) teve uma atenuação melhor do que os protetores de inserção, de
colocação menos simples.(94)
Segundo consta no protocolo de perda auditiva induzida por ruído do
Ministério da Saúde (<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_
perda_auditiva.pdf>), na página 17, no subtítulo “Efeitos não auditivos da exposição
ao ruído”, a exposição ao ruído é fator de risco para o estresse. A sintomatologia
do estresse é dividida em três etapas: na primeira, chamada de reação de alarme,
observa-se aumento de pressão sanguínea, de frequência cardíaca e respiratória,
e diminuição da taxa de digestão; na segunda etapa, chamada de reação de
resistência, o corpo começa a liberar estoques de açúcar e gordura, esgotando seus
recursos, o que provoca cansaço, irritabilidade, ansiedade, problemas de memória
e surgimento de doenças agudas como gripes; na terceira etapa, a da exaustão, os
estoques de energia são esgotados, tornando o indivíduo cronicamente estressado,
observando-se, então, insônia, erros de julgamento, mudanças de personalidade,
doenças crônicas coronarianas, respiratórias, digestivas, mentais e outras.
A perda auditiva induzida pelo ruído (PAIR) relacionada ao trabalho,
diferentemente do trauma acústico, é uma diminuição gradual da acuidade
auditiva, decorrente da exposição continuada a níveis elevados de ruído. Suas
principais características(95):
— A PAIR é sempre neurossensorial, em razão do dano causado às células do
órgão de Corti.
— Uma vez instalada, a PAIR é irreversível e quase sempre similar bilateralmente.

(94) GONÇALVES, C. G. O. et. al. Avaliação da Colocação de Protetores Auriculares em Grupos Com
e Sem Treinamento. Rev. CEFAC. 2009 Abr-Jun; 11(2):345-352
(95) COMITÊ NACIONAL DE RUÍDO E CONSERVAÇÃO AUDITIVA — integrado pela Associação Na-
cional de Medicina do Trabalho (ANAMT), e pelas Sociedades Brasileiras de Acústica (SOBRAC),
Fonoaudiologia (SBF) e Otorrinolaringologia (SBOEL); citado no livro “Patologia do Trabalho” de René
Mendes. São Paulo: Atheneu, 1995.

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— Não deverá haver progressão da PAIR, uma vez cessada a exposição ao
ruído intenso.
— A instalação da PAIR é, principalmente, influenciada pelos seguintes fatores:
características físicas do ruído (tipo, espectro e nível de pressão sonora), tempo de
exposição e susceptibilidade individual.
— A PAIR não torna a orelha mais sensível a futuras exposições a ruídos
intensos. À medida que os limiares auditivos aumentam, a progressão da perda
torna-se mais lenta.
Com relação à realidade de Perdas Auditivas Ocupacionais nas indústrias
brasileiras, pode-se citar alguns trabalhos, como o de Fiorini (1994)(96). Em seu
trabalho, foi encontrada uma prevalência de 63,75% de perda auditiva ocupacional
nos trabalhadores de uma indústria metalúrgica de utensílios domésticos localizada na
cidade de São Paulo. Ainda aprofundando a discussão sobre o ruído, tempo e
níveis (intensidade) de exposição é de importância citar o estudo da Organização
Mundial da Saúde em que é avaliada a relação entre intensidade do ruído e o tempo
de duração da exposição, conforme a tabela abaixo (baseada numa exposição de
08 horas diárias):
Tabela 1. Percentagem de trabalhadores com dano auditivo após 5, 10, 15
anos de exposição a vários níveis de pressão sonora (NPS)(97)

Intensidade % de expostos com dano auditivo (anos de exposição)


dB (A) Leq(96) 5 anos 10 anos 15 anos
80 0 0 0

85 1 3 5

90 4 10 14

95 7 17 24

Fonte: Organização Mundial da Saúde(98)

Outra observação a ser enfatizada, a partir dos dados dessa tabela e estudo,
é de que entre 80 e 85 decibéis de Nível Equivalente (Leq) já existirão casos de
pessoas que sofrerão perdas auditivas causadas pelo ruído, dependendo de outros
fatores, como tempo de exposição e suscetibilidade individual, principalmente.

(96) FIORINI, A. C.: Conservação Auditiva: Estudo sobre o Monitoramento Audiométrico em Traba-
lhadores de uma Indústria Metalúrgica. (Dissertação de Mestrado em Distúrbios da Comunicação)
— PUC — SP (1994).
(97) ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Alteraciones de la audición causadas por el ruido, in
Detección precoz de enfermedades profissionales, Genebra, 1987. p. 180-5.
(98) Expressos em decibel medidos do circuito de compensação A e ponderados pelo tempo de ex-
posição às várias intensidades durante a jornada de trabalho (nível equivalente, Leq).

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Importante mencionar a questão do aumento do tempo de exposição pelas
sobrejornadas (horas extras, em geral, habituais) dos trabalhadores, seja ao ruído,
seja aos produtos químicos ototóxicos. Muitas empresas consideram a jornada
padrão de oito horas diárias, ignorando os efeitos decorrentes da exposição aos
ruídos nas horas extraordinárias. Com certeza, com o aumento da frequência e/
ou a intensidade, e/ou a duração da exposição, os limites de exposição deveriam
ser reduzidos.
Deve-se realçar que, com relação às normas legais de proteção da saúde
auditiva dos trabalhadores, conforme os níveis aceitos, estar-se-á delimitando uma
proporção maior ou menor da população obreira que terá algum nível de dano
auditivo.
Para exemplificar, e trazendo à baila uma legislação que tem sido referência
técnica para a nacional, pode-se citar que “o governo federal dos Estados Unidos
regulamentou o assunto da seguinte forma: por ocasião da aposentadoria, não
mais do que 15 % dos trabalhadores expostos a níveis elevados de pressão sonora
podem apresentar perdas auditivas maiores do que 25 dB (média das perdas nas
frequências de 500, 1.000 e 2.000 Hz)”.(99)
Kitamura (1991)(100) corroborou estudos de Astete (1980)(101) e explicou que,
dentre as características do agente importantes para o aparecimento de doença
auditiva, destacaram-se a intensidade, relacionada com o nível de pressão sonora;
o tipo de ruído, definido como contínuo, intermitente ou de impacto; a duração,
relacionada ao tempo de exposição a cada tipo de agente; e a qualidade, que diz
respeito à frequência dos sons que compõem os ruídos em determinada análise.
A perda auditiva ocorre da seguinte maneira: dentro da cóclea se encontram
as células ciliadas que transformam a vibração sonora em impulsos nervosos. As
células ciliadas, com a exposição do ruído intenso e contínuo, entram em fadiga
e perdem a sua função, causando uma perda auditiva irreversível, por não serem
regeneráveis. Entre os efeitos mais conhecidos para exposição contínua a ruído
intenso, temos:
— Perda auditiva (trauma acústico, perda auditiva temporária e permanente);
— Zumbidos (ou acufenos);
— Recrutamento (sensação de incômodo para sons de alta intensidade);
— Otalgia (para sons muito intensos, acima do limiar de desconforto);
— Deterioração da discriminação da fala.

(99) OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH ADMINISTRATION (OSHA). Occupational Noise Expo-
sure, Hearing Conservation Amendment (29 CFR 1910), Fed. Reg. 46:4078-4179, 1981. (*)
(100) KITAMURA, S. Perdas auditivas de origem ocupacional: considerações acerca da NR-7. LTr Sup.
Trab., v. 27, p. 114-711, 1991.
(101) ASTETE, M. G. W.; COLS. Riscos físicos. São Paulo: Fundacentro, 1980.

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Quanto à Deterioração da discriminação da fala, deve-se enfatizar ser um dos
marcantes efeitos do ruído sobre o organismo humano, uma vez que os portadores
de PAIR podem ter reduzida a capacidade de distinguir detalhes dos sons da fala
em condições ambientais desfavoráveis (Gonçalves, 2009).
Em revisão sobre o assunto, Okamoto e Santos (1994)(102), citam os seguintes
efeitos extra-auditivos no organismo humano produzidos pelo ruído:
— Habilidade: o ruído contínuo diminui a habilidade (aumento no número de
erros), afetando o rendimento além de, consequência provável, aumento do
número de acidentes (déficit da habilidade);
— Alterações cardiocirculatórias: ruído atuando sobre o calibre vascular
(vasoconstrição), ocorrência de hipertensão arterial leve a moderada;
— Visão: ruído provocando dilatação pupilar, com possibilidade de interferência
em trabalhos de precisão (necessidade de controle visual intenso);
— Alterações gastrintestinais: ruídos de frequências baixas (menores de 500
Hz) têm sido relacionados com o aparecimento de alterações digestivas
(gastrite e úlcera gastroduodenal), geralmente após períodos de exposição
mais longos que aqueles comumente necessários para a PAIR, porém de
menor intensidade;
— Alterações neuropsíquicas: parecem estar na base dos efeitos extra-au-
ditivos, incluída a hipertensão arterial, sendo também as mais frequentes,
envolvendo quadros de ansiedade, inquietude, desconfiança, insegurança,
pessimismo, depressão, alteração do ritmo sono-vigília, todas com maior inci-
dência naquelas pessoas há mais tempo expostas.
Carnicelli (1996) cita alguns resultados obtidos por Hétu (1994) sobre os
efeitos da PAIR para trabalhadores(103):
— Distúrbio Auditivo do Trabalhador com PAIR: redução na sensibilidade
auditiva, seletividade de frequência, discriminação de frequência, integração
temporal, resolução temporal; percepção alterada da intensidade dos sons;
zumbido;
— Incapacidade Auditiva do Trabalhador com PAIR: incapacidade em ouvir
fala, sons de alarme, ruídos domésticos; necessidade de forte intensidade
para assistir TV e ouvir rádio; dificuldades de comunicação, tais como
conversação em grupos, em locais ruidosos, no automóvel, telefone ou em
ambientes desfavoráveis;
— Desvantagens do Trabalhador em consequência da PAIR: atenção e con-
centração excessiva durante conversação, dificuldade para compreender lei-
tura orofacial;

(102) SANTOS, UP (Org.). Ruído — riscos e prevenção. São Paulo: Hucitec, 1994.
(103) CARNICELLI, M. V. F (Org). Fonoaudiologia e saúde do trabalhador. São Paulo: Lovise, 1996.

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— Estresse e ansiedade: irritação e aborrecimento causado pelo zumbido,
irritação e intolerância a lugares ruidosos, intolerância em interações sociais,
cansaço pelos efeitos do trabalho em local ruidoso e aborrecimento pela
consciência da deterioração da audição;
— Dificuldades nas relações familiares: confusões pelas dificuldades de
comunicação, confusões pelo intenso volume da televisão, intolerância para
atividades ruidosas e impaciência com relação à reação das pessoas pela sua
dificuldade auditiva;
— Isolamento: deixa de participar de encontros, grupos de conversação, fes-
tas;
— Auto-imagem negativa: sente-se mal por não compreender as pessoas,
por terem que repetir frequentemente a mensagem, sente-se estigmatizado
como surdo, velho ou incapaz.
Na mesma referência, é apresentado o trabalho de Noble (1978), com os
seguintes efeitos da PAIR para trabalhadores:
a) incapacidade auditiva:
— redução na discriminação de fala no local de trabalho,
— dificuldade na detecção de sons ambientais,
— redução da capacidade de localização.
— dificuldade de comunicação, face a face e por telefone,
— dificuldade para detectar sons domésticos e sinais de alarme;
b) desvantagem:
— tristeza e ressentimento,
— incômodo causado pelo zumbido e sua interferência na comunicação.
Santos (1994) realça que “assim como outras doenças relacionadas com o
trabalho, a perda auditiva ocupacional pode ser também classificada entre os
danos de ocorrência desnecessária, isto é, perfeitamente preveníveis. Sua simples
ocorrência já significa o resultado da falência de todo um sistema preventivo que
deveria estar colocado à disposição do trabalhador”. O mesmo autor assinala ser
a prevenção “o único tratamento efetivo e eficaz desta doença”.
Na concepção da utilização em conjunto, EPIs como óculos de proteção
e protetores auriculares são projetados para uso isolado, não integrado. As
hastes dos óculos colidem com as conchas do protetor auricular, ocasionando
que as funções de ambos os EPIs são prejudicadas. Portanto, a metodologia e
a concepção utilizadas no projeto de EPIs devem ser reavaliadas, devendo ser
estimulados estudos sobre desenvolvimento tecnológico nesses equipamentos. As

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legislações sobre o tema devem ser revistas para incluir mecanismos que incentivem
a prevenção em detrimento da proteção.
A norma não caracteriza como insalubre qualquer que seja a atividade exposta
a ruído. Abaixo, os limites de tolerância, para ruído contínuo ou intermitente,
segundo a Norma Reguladora NR-15 (1978), estão apresentados na Tabela 2.

Tabela 2

Limites de tolerância para ruído contínuo ou Máxima Exposição


intermitente NR-15 (1978). Nível de Ruído dB(A) Diária Permissível
85 8 horas
86 — 90 7 — 4 horas
91 — 100 3 horas e 30 min — 1
hora
102 — 115 45 minutos — 7minutos

Fonte: Norma Regulamentadora 15 — MTE.

A Norma Regulamentadora 15 ao estabelecer critérios para insalubridade


(vide alguns exemplos na tabela 2) corrobora com a CF88 quando a Carta Magna,
em seu art. 201 § 1º, “veda a adoção de requisitos e critérios diferenciados para
a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência
social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que
prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados
portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar”. A palavra
“insalubre” remete ao termo “prejudicial à saúde, doentio”, exatamente a
condicionante para a concessão de aposentadoria diferenciada aos beneficiários,
conforme a própria Constituição. Assim, o trabalhador que exerce sua função
acima dos limites estipulados pela NR-15 faz jus à aposentadoria diferenciada.
Nesse mesmo sentido, a Lei n. 8.213/91 dispõe acerca da aposentadoria
especial: “Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a
carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze),
20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei.” Novamente o
texto condiciona a concessão da aposentadoria especial a condições especiais que
prejudiquem a saúde ou a integridade física.
Existem diversos estudos acadêmicos que mostram e provam os efeitos
deletérios do ruído, assim como a ineficiência dos EPIs. Essa ineficiência tem
diversas variáveis, como projetos mal conduzidos, instrução de uso ao usuário,
validade do produto, entre outros. Bastos (2005) concluiu em seu trabalho que há
perda de eficácia conforme o uso do EPI auricular e que essa perda possui tempo
de utilização eficaz dos EPIs, em dias, dependente da pressão sofrida durante o
uso, sendo que:

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1) Para pressão sonora variante de 101dB à 20Hz, com picos em 120dB em
600Hz e 2KHz, e 90dB à 20KHz:
— Tempo de utilização com eficácia ideal de até 14 dias em todas as faixas de
frequências audíveis humanas;
— Para EPIs entre 16 e 27 dias de uso há perda de eficácia nas faixas de 20Hz
até 100Hz;
— Para EPIs entre 18 e 30 dias de uso há perda de eficácia nas faixas de 20Hz
até 130Hz;
2) Para pressão sonora variante de 107dB à 20Hz com picos de 124dB em
600Hz e 2KHz, e 105dB à 20KHz:
— Tempo de utilização com eficácia ideal de até 6 dias em todas as faixas de
frequências audíveis humanas;
— Para EPIs entre 8 e 18 dias de uso há perda de eficácia apenas em faixas
de 20Hz até 100Hz;
— Para EPIs entre 19 e 30 dias de uso há perda de eficácia apenas em faixas
de 20Hz até 110Hz;
3) Para pressão sonora variante de 92dB à 20Hz com picos de 102dB em
2KHz, e 87dB à 20KHz:
— Há perda de eficácia, porém sem importância para frequências de até
130Hz;
— Os EPIs de 1 dia de uso até 30 dias de uso não sofreram perdas de eficácia
suficientes que ultrapassassem 86dB;
4) Para pressão sonora variante de 126dB de 20Hz até 2KHz, e 101dB à
20KHz:
— Somente frequências acima de 1KHz sempre estiveram dentro de padrões
assegurados à audição humana;
— EPIs novos, e usados de 1 dia de uso até 30 dias de uso, estiveram em
níveis inaceitáveis de utilização em frequências de até 1KHz.
Os EPIs não perdem eficácia de atenuação importante com o uso diário em
frequências a partir de 1KHz até 20KHz.
Diante de tais conclusões, pode-se verificar que existe, sim, perda de eficácia
dos EPIs. Dessa forma, alegar que o produto utilizado anula o potencial deletério
(quando ultrapassada a dose-limite) não é aceito, pois é comprovada a perda de
eficácia do produto com o passar do tempo, uso e frequência.

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Importante mencionar a questão da interação e sinergismo entre diferentes
tipos de agentes, fatores, situações e contextos de riscos ambientais sejam explo-
rados, a exemplo da citação do NIOSH(104), que já em 1996 assinalava a interação
lesiva e potencialmente de risco de agentes químicos, em ambientes também com
ruído. As restrições para proteção contra agrotóxicos (alguns ototóxicos, por si
próprios e/ou pelos veículos solventes utilizados) reforçam as limitações de EPI
auriculares, em ambientes ruidosos e que contenham a presença de agentes quí-
micos ototóxicos. As limitações para ambos os tipos de EPI magnifica a restrição
de suas capacidades de proteção, e fortalece a indicação de que os trabalhadores
tenham direito à redução do tempo total de trabalho e acesso à aposentadoria
especial. Lembrar que a exposição isolada e única a um agente de risco ocupa-
cional/ambiental é exceção, e de regra há diversos fatores de risco presentes nos
ambientes produtivos.
O REAT (Real Ear Attenuation Threshold) é um método mundial para estimar
a atenuação em laboratório de diferentes tipos de EPI. De acordo com a NR-9, o
método é exigido para os plugs, enquanto o MIRE (outro método estimativo) é
exigido para EPIs tipo concha. Porém, o método REAT é para avaliação de níveis de
pressão sonora contínuo, intermitente ou variável, não sendo recomendado para
ruídos de impacto. Têm-se com isso situações em que as empresas adquirem EPIs
baseadas nos custos, não direcionando a compra desses materiais para a situação
específica. Assim, muitas vezes compram o equipamento com finalidade diversa
que o fabricante define. Conforme Crockford (1999) um aspecto que impacta
diretamente na qualidade e na eficiência dos EPIs é o econômico. A decisão de
qual EPI utilizar é bastante influenciada pelo custo deste EPI.
Embasado em fatos, estudos e publicações tem-se certeza de que há efeitos
deletérios sobre a saúde do trabalhador que está submetido a ruído no ambiente de
trabalho. A ciência, sim, pode fornecer verdades incontestáveis, e, por meio dela,
juízes sustentam suas decisões. Estudos e trabalhos científicos mostram diversos
casos em que há ineficiência da proteção dos EPIs e querer a não concessão da
aposentadoria diferenciada a quem está em ambiente insalubre vai de encontro
com todos esses estudos.
A Emenda Constitucional n. 20 de 1998 deu nova redação para o art. 201
da CF88, conforme transcrito a seguir: “a previdência social será organizada sob a
forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial”. De acordo com a nova
redação, independentemente do custo que as aposentadorias especiais trazem,
todos contribuem e financiam a Previdência Social.
Ademais, a aposentadoria especial será financiada com os recursos prove-
nientes da contribuição em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa

(104) NIOSH / CDC, National Institute for Occupational Safety and Health 1996. Preventing occupa-
tional hearing loss: a practical guide. Publication n. 96-110. Cincinnati, Ohio — EUA 1996.

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decorrente dos riscos ambientais do trabalho cujas alíquotas serão acrescidas de
doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado
a serviço da empresa. Esse acréscimo incide exclusivamente sobre a remuneração
do segurado sujeito às condições especiais. Assim, quem prejudica a Previdência
Social são as empresas que deixam de pagar as referidas alíquotas ao alegarem
que o fornecimento de EPI as isenta deste custo, pois, na via jurídica, a concessão
da aposentadoria especial será dada ao segurado. Ou seja, a Previdência Social
não arrecada e, mesmo assim, concede a aposentadoria.
Qualquer estudo, por menor que seja, feito por qualquer juiz sobre o assunto
em questão, irá evidenciar os efeitos prejudiciais trazidos pelos ruídos, assim como
uma vasta bibliografia sobre ineficácia do uso dos EPIs.
Apenas para demonstrar, esse parecer traz mais de 30 referências sobre o
assunto e, caso haja necessidade, pode-se buscar várias outras em diversos bancos
de dados. Então, tem-se que o assunto já é difundido e consolidado na sociedade
acadêmica. Portanto, a Turma Nacional de Uniformização (TNU), em sua Súmula
09, entende que, mesmo que elimine a insalubridade, o uso de EPI no caso de
exposição a ruído não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado, pois os
efeitos extra-auditivos são bem conhecidos e difundidos. Além do mais, a Turma de
Uniformização é composta por dez juízes federais os quais discutem e deliberam
acerca dos mais diversos assuntos.
Corrobora ainda com o entendimento da TNU, o enunciado 21 do CRPS que
dispõe: “O simples fornecimento de EPI de trabalho pelo empregador não exclui a
hipótese de exposição do trabalhador aos agentes nocivos à saúde, devendo ser
considerado todo o ambiente de trabalho”.
Acerca do assunto, o TST possui entendimento de que nem sempre o
equipamento de proteção aprovado pelo MTE tem eficácia capaz de eliminar o
risco, conforme jurisprudência transcrita:
“Não basta o simples fornecimento do aparelho de proteção aprovado pelo Ministério do Tra-
balho para isentar o empregador de pagar o adicional de insalubridade. Fosse assim o sistema
vigente, seria totalmente inócuo e dispensável o § 2º, do art. 195 da CLT. Sendo necessário o
exame pericial quando argüida a insalubridade em juízo, é porque o legislador entendeu que,
nem sempre, o equipamento de proteção aprovado pelo Ministério do Trabalho tem eficácia
capaz de eliminar dano.”(105)

Convém ressaltar, na linha das decisões do TRF/4ª Região, que a utilização de


EPI no ambiente de trabalho — ainda que o laudo técnico mencione a neutralização
dos efeitos nocivos — não possui o condão de afastar a especialidade da atividade
se a exposição ao ruído ocorreu acima dos limites de tolerância estabelecidos.(106)

(105) <http://www.legjur.com/jurisprudencia/eme/103.1674.7102.3700>.
(106) TRF4, APELREEX 2009.70.01.000490-1, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, 2010.

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A jurisprudência é firme no sentido de que o EPI fornecido pela empresa, ao
tempo que se busca a conversão, não desqualifica a atividade como especial(107).
O simples fato de o trabalhador vir a utilizar equipamentos de proteção
individual não descaracteriza a atividade como insalubre ou perigosa, uma vez que
esta proteção é obrigatória no desempenho de tais tarefas consideradas como tal e
as empresas que não os utilizam estariam agindo de forma ilegal. Logo, caso assim
fosse, não haveria mais razão para a legislação vir a conceder a Aposentadoria
Especial ou a “conversão de tempo de serviço especial em comum” uma vez que
todos tais trabalhadores estariam protegidos dos agentes agressivos à sua saúde,
no caso.
Matéria já pacificada, pelo fato de qualquer que seja o entendimento acerca
da matéria no âmbito previdenciário (INSS, PFE, MPS/CONJUR, CRPS) não resta
dúvida quanto à interpretação da eficácia do EPI ser questionável, nos termos da
Súmula n. 9 da TNU/STJ(108), reforçado pelo Enunciado n. 21/2006 do CRPS(109).
Como o INSS indefere requerimentos para conversão do tempo de con-
tribuição exposto a ruído (aposentadoria especial de 25 anos) ao arrepio dessa
jurisprudência, há aqui o princípio da deseconomia processual, isso mesmo, eco-
nomia ao contrário, pois:
 Ultraja direito do trabalhador
 Estimula sonegação fiscal
 Estimula o contencioso, no qual sabidamente, por antemão, o INSS perde,
pois o juizado especial federal está vinculado à uniformização da TNU/STJ
nessas questões previdenciárias.
 Chancela a sonegação fiscal, por parte das empresas, referente ao Finan-
ciamento da Aposentadoria Especial — FAE de 6% sobre a folha, pois o INSS
assevera peremptoriamente, com todas as letras: não há fato gerador (fato
comum à aposentadoria e à exação tributária), em que pesem a permanência
e a nocividade, uma vez o EPI não deixou ultrapassar o limite de tolerância
em todos os dias, durante todas as horas de trabalho do período requerido.
O sistema previdenciário perde duas vezes: 1) despesa administrativa proces-
sual, retrabalho, recurso de oficio, pois sempre perde na justiça e 2) desabilita, por
via indireta, ingresso das contribuições sociais afins.

(107) TRF da 2ª Região. 2ª Turma. A.C. n. 333094. Relator o Des. Federal Paulo Espírito Santo. Data
da Decisão: 24.11.2004. Publicação: DJU de 4.12.2004, p. 279
(108) Súmula n. 9 da TNU/STJ — O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda
que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de
serviço especial prestado.
(109) Enunciado 21/CRPS. Seguridade social. CRPS. Aposentadoria especial. Simples fornecimento
de equipamento de proteção individual de trabalho pelo empregador não exclui a hipótese de expo-
sição do trabalhador aos agentes nocivos à saúde. Consideração de todo o ambiente de trabalho.

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Objetiva-se com esse expediente que o MPS juntamente à PFE/INSS uniformi-
zem interpretação da matéria, alinhando-a à interpretação superior exarada pela
jurisprudência vinculante supracitada, não apenas em respeito à ordem jurídica
estabelecida ou atendimento ao princípio da eficiência administrativa, mas funda-
mentalmente por economia processual e destrancamento da cobrança tributária
do Financiamento da Aposentadoria Especial — FAE; e quando a justiça dá ganho
de causa ao trabalhador, não sentencia a empresa a pagar os valores correlatos
devidos.
Cabe ao INSS deferir as solicitações de conversão de tempo especial referente
a tempo indevidamente excluído pela falácia do EPI, bem como representar à RFB
para fins de cobrança do FAE; autuação das empresas sonegadoras por infração
por deixar de pagar tributo (obrigação principal); e, não reconhecer em GFIP tais
ocorrências (obrigação acessória). Crime de sonegação fiscal e informação falsa
em documento público.
As empresas, e não mais os trabalhadores, devem ocupar o polo passivo da
interpretação que considera EPI ineficaz, de forma que, em caso de contenda, essas
empresas teriam plenas condições de enfrentar INSS, RFB e o próprio Judiciário,
apresentando a materialidade argumentativa oriunda do sistema de gestão do
meio ambiente do trabalho.
Finalmente, cabe ao INSS, representar para fins penais os profissionais que
prescrevem tais EPI, pois se tratam de indícios de crimes tipificados como exposição
ao risco, lesão corporal quando for o caso, periclitação e contravenção penal por
deixar de cumprir norma de saúde do trabalhador.
Este Parecer Técnico usou o ruído como eixo exemplificativo, uma vez que,
de forma geral, alcança a todos os EPIs que invariavelmente não protegem o
trabalhador, e que, portanto, suscitam aposentadoria especial, pois padecem dos
mesmos vícios. O EPI só poderia ser cogitado — é esse o espírito e positivação da
lei — quando:
i. Primeiro: as medidas de proteção coletiva;
a) Quando estas não forem suficientes ou encontrarem-se em fase de estudo,
planejamento ou implantação;
b) Ou ainda em caráter complementar ou emergencial.
ii. Segundo: parte-se para as medidas de caráter administrativo ou de
organização do trabalho.
Só então se cogita o uso de EPI (precaríssimo) e mesmo assim desde que se
atendam aos seguintes requisitos:
i. For assegurada a higienização;
ii. For assegurada a troca periódica conforme situação de campo (e não con-
forme indicação de fabricante);

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iii. For assegurado uso ininterrupto durante toda a jornada;
iv. For assegurado treinamento para todas as situações de campo;
v. For assegurada a especificação adequada para cada um dos agentes
nocivos;
vi. For assegurada a especificação adequada para a variabilidade de situações
deletérias para um mesmo agente nocivo;
vii. For assegurada ao trabalhador a decisão sobre conforto e adaptabilidade
desse EPI.
Finalmente, não obstante as posições reiteradas dos magistrados (judiciais e
administrativos) que uniformizaram no sentido da ineficácia do EPI dado que a lista
de requisitos de eficácia é exaustiva (numerus clausus) e como nenhuma empresa
os demonstra de modo rastreável e idôneo, não será o subordinado dessa empresa
que o fará. Logo, jamais tais requisitos são atendidos, por isso a ineficácia do EPI
resta cabal e assertiva, qualquer que seja.
Após demonstração de diversas referências bibliográficas, de conteúdo téc-
nico-científico, de interpretação sistematizada, histórica e teleológica, ratificamos
o posicionamento de que o uso de EPI auricular não descaracteriza a concessão
de benefício, nem elide a exação referente ao financiamento da aposentadoria
especial.

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FATor DE DoBrA q=5:
rESGATE HiSTÓriCo

Como dito em capítulos anteriores, o Brasil importou da ACGIH de 1976 os


parâmetros sobre medição de ruído e ao fazê-lo trouxe consigo seus problemas,
pois ainda hoje existe conflito regulatório nos EUA. O debate se estende,
inclusive por provocação da International Safety Equipment Association (ISEA)
que propôs alterar o regulamento da OSHA 29 CFR 1910.95 sobre exposição ao
ruído ocupacional. A ISEA solicitou que a OSHA baixasse o limite de exposição
permissível (PEL)(110) de 90 dB(A) para 85 dB(A) consideradas as 8 horas (TWA) de
jornada, bem como adotasse um fator de troca de 3 dB(A), ao invés de 5 dB(A),
para cálculo da dose de ruído em função do tempo e nível de exposição.
O raciocínio para a implementação dessas mudanças está claramente
indicado em artigo científico, um documento de posição escrito para o ISEA
pela especialista em conservação auditiva amplamente respeitada, Alice Suter,
Ph.D., que participou ativamente da escrita original do regulamento de ruído
OSHA, há mais de 20 anos. Em seu artigo(111), o Dra. Suter descreve a redução
significativa na perda de audição induzida por ruído relacionada ao trabalho que
provavelmente ocorrerá com a redução desse paradigma de cálculo de PEL e da
respectiva dose de ruído, ora mais protetor que os atuais 90 dB(A) e fator de
troca de 5.
Tomando como base esse artigo da Dra. Suter, tem-se uma exposição de
motivo que justifica a redução do PEL de 90 dB(A) para 85 dB(A), bem como uma
discussão que embasa o uso do fator de troca a 3 dB em substituição ao 5 e as
implicações de fazê-lo.

(110) Nível de exposição admissível (PEL) Limite de regulação da exposição ao som. O PEL da OSHA
(Administração de Segurança e Saúde do Trabalho) é uma dose de ruído de 100% com base no nível
de exposição de som ponderado (A) de 8 horas a 90 dB com uma taxa de câmbio de 5 dB. O PEL
europeu é geralmente um nível de exposição de som ponderado (A) de 8 horas a 85 dB com um
fator de câmbio de 3 dB. Permissible exposure level (PEL) Regulatory limit of sound exposure. The
OSHA (Occupational Safety and Health Administration) PEL is a noise dose of 1.0 based on 8-hour A-
weighted sound exposure level at 90 dB with a 5 dB exchange rate. European PEL is generally 8-hour
A-weighted sound exposure level at 85 dB with a 3 dB exchange rate.
(111) Suter, A.H. (1992). “The relationship of the exchange rate to noise-induced hearing loss,” re-
port prepared under contract to the National Institute for Occupational Safety and Health, NTIS no.
PB-93-118610, Cincinnati, OH.

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O fator de troca 5: a origem

O fator de troca 5 tem origem em 1965 quando o Comitê de Audição e


Bioacústica (CHABA)(112) desenvolveu um conjunto de curvas de bandas de
frequência (oitava e terças de oitava) para prever ruídos igualmente perigosos
para bandas e tons puros para vários níveis e durações de ruído. Observou-se que
a relação entre o nível e a duração era curvilíneo, com declividade relativamente
fraca a sinais de ruído longos e moderados, conquanto mais acentuada àqueles de
nível alto de curta duração, com intercalação de períodos de silêncio (Kryter et al.,
1966)(113)(114). Conforme se apresenta a figura seguinte:

Figura 23: Contornos de risco de danos auditivos por representação


gráfica em bandas de oitavas e terços de oitavas

140 135
M AXIMU M LEVEL

130 125

ONE — THIRD OCTAVE AND NARROEWR BANDS


1/3 OCTAVE OR NARROWER
OCTAVE BANDS SOUND PRESSURE LEVEL IN DB

OCTAVE BANDS BANDS (APPROXMATE


CENTER FREQUENCIES)

SOUND PRESSURE LEVEL IN DB


150 — 300 CPS 250 CPS
120 300 — 600 CPS 500 CPS 115
600 — 1200 CPS 1000 CPS
4800 — 9600 CPS 8000 CPS
1200 — 2400 CPS 2000 CPS
2400 — 4800 CPS 4000 CPS
110 105

100 95

90 85

80 75
3 4 5 6 8 2 3 4 5 6 8 2 3 4 5 6 8
2 10 100 1000
TIME IN MINUTES

Fig. 1 Damage risk contours for one exposure per day to certain octave (left-hand ordinate) and certain one
third octave or narrower (right-hand ordinate) bands of noise. This graph can be applied to individual
band levels present in broad band noise.

Fonte: (Kryter et al., 1966), com adaptações.

(112) CHABA — Committee on Hearing, Bioacoustics, and Biomechanics for the National Academy
of Sciences (NRC) dos EUA.
(113) Kryter, K.D., Ward, W.D., Miller, J.D., and Eldredge, D.H. (1966). “Hazardous exposure to
intermittent and steady-state noise.” J Acoust Soc Am 39, 451-464.
(114) <https://books.google.com.br/books?id=uEUrAAAAYAAJ&lpg=PR5&hl=pt-BR&pg= PA1#v=
onepage&q&f=false>. Acesso em: 16 jul. 2017.

146

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140 135

ONE — THIRD OCTAVE AND NARROEWR BANDS


OCTAVE BANDS SOUND PRESSURE LEVEL IN DB

DURATION
IN MINUTES
130 1% OR 125
LESS

SOUND PRESSURE LEVEL IN DB


120 3 115

7
110 105
9
15
100 95
30
40

90 120 85
240
480

80 75
2 3 4 5 6 8 1.000 2 3 4 5 6 8 10.000
100
BAND CENTER FREQUENCY IN CPS
Fig. 2 Damage risk contours for one exposure per day to certain octave (left-hand ordinate) and certain one
third octave or narrower (right-hand ordinate) bands of noise. This graph can be applied to individual
band levels present in broad band noise.

Fonte: (Kryter et al., 1966), com adaptações.

Tais curvas demonstram o máximo de pressão sonora permitida, por bandas


de frequência e duração conhecidas, ao longo de um dia, segundo as quais o
trabalhador estaria propenso a desenvolver, ao longo de anos de exposição, perda
auditiva, rebaixamento da acuidade(115). São dois gráficos que objetivam dupla
entrada de consulta: no primeiro, entra-se com tempo de exposição para encontrar
o máximo de pressão sonora permitida diária; enquanto no segundo, tais sentidos
se invertem. Faz-se a seguir aplicação prática para ajudar na interpretação desses
artefatos gráficos epidemiológicos.
Pela primeira figura, arbitrando em 50 min o tempo máximo de exposição,
na curva 2400 e 4800 Hz (banda de oitava), encontra-se o ponto de interseção na
vertical da abscissa de 50 min. Desse ponto, olhando a ordenada à esquerda, se
percebe que a máxima pressão sonora permitida diária é de aproximadamente 89
dB. Olha-se agora a ordenada à direita, com banda de um terço de oitava, a 4.000
Hz, que indica 84 dB. A diferença entre essas bandas aponta para 5 dB.
Pela segunda figura, arbitrando 100 dB a máxima pressão sonora permitida
diária, na curva 2400 e 4800 Hz (banda de oitava), encontra-se, na horizontal de
100 dB, olhando a ordenada à esquerda, o ponto de interseção, na vertical da
abscissa que divide ao meio a banda de oitava, com uma curva não plotada de 9
min, que fica entre a curva de 7 min e 15 min, de forma que o tempo máximo de
exposição se situa em torno de 9 min. Olha-se agora a ordenada à direita, com
banda de um terço de oitava, a 4.000 Hz, que indica 95 dB. A diferença entre
essas bandas aponta para 5 dB.

(115) O critério adotado pela CHABA foi perda auditiva induzida pelo ruído em 10 anos de 10 dB
para 1000 Hz, ou abaixo; não mais que 15 dB para 2.000 Hz; ou, não mais que 20 dB para 3.000
Hz ou acima.

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Igualmente para 3.000 Hz com duração de 3 min, pela segunda figura, tem-
-se 110 dB para esquerda (oitavas) e 105 dB para direita (um terço de oitavas),
novamente com diferença de 5 dB. Constatou-se então que existia uma predi-
ção entre a quantidade de perda de audição para as várias exposições ao ruído
contínuo e intermitente com base em medições do limiar auditivo para exposi-
ções contínuas de longa duração, bem como do limiar temporário(116) (Temporary
Threshold Shift — TTS) em populações industriais. Desse estudo inaugural sobreveio
o critério CHABA (q=5) que dependia de três postulados:
• Postulado 1 — TTS — É uma medida consistente dos efeitos de um único
dia de exposição ao ruído.
• Postulado 2 — Todas as exposições que produzem um determinado TTS
serão igualmente perigosas: “teoria do igual efeito temporário”.
• Postulado 3 — Noise-induced permanent threshold shift — NIPTS(117) produzido
após muitos anos de exposição habitual, 8 horas por dia, guarda correlação com
TTS produzido em ouvidos normais por uma exposição de 8 horas. Ou seja,
há uma relação entre TTS2 (2 min) com NIPTS10 (10 anos). Em outras palavras,
o NIPTS produzido em muitos anos de exposição habitual a 8 horas diárias
é numericamente igual ao TTS a 1000 Hz produzida ao longo de 8 horas de
jornada, em um jovem de audição normal, para o mesmo padrão de ruído. E
assim por diante, para cada banda de frequência. Isso se deve à regressão linear
entre as variáveis TTS2 e NIPTS10 com declividade um e intercepto em zero.
Dois anos depois, Botsford(118) publicou uma simplificação dos critérios CHABA
para ruídos típicos do setor fabril que converteu as curvas da banda de oitava para
curvas de níveis igualmente perigosos com ponderação “A”. Este método assumiu
que haveria interrupções de igual comprimento e espaçamento ao longo do dia
do trabalho, durante o qual qualquer mudança no limiar de audibilidade dos
trabalhadores provavelmente retornaria ao normal.
Nesse mesmo ano, um Comitê Intersociedades(119)(120) publicou outro conjunto
de curvas, assumindo novamente os tempos de deslocamento uniforme, o que,
segundo os membros, poderia ser aproximado pela regra simples segundo a qual
para cada redução de metade do tempo, o nível de ruído poderia ser aumentado
em 5 dB. Nascia o fator de dobra, Exchange rate (ER) ou “q”.

(116) TTS — temporary threshold shift é o deslocamento do limiar temporário na audição que ocorre
aproximadamente 2 minutos após cessação da exposição.
(117) NIPTS — noise-induced permanent threshold shift é deslocamento de limiar permanente indu-
zido por ruído.
(118) BOTSFORD, J. H. (1967). “Simple method for identifying acceptable noise exposures.” J Acoust
Soc Am 42, 810-819.
(119) Intersociety Committee (1967). “Guidelines for noise exposure control.” Amer Ind Hyg J, Sep-
tember — October, 418-424.
(120) Guidelines for noise exposure control.” Amer Ind Hyg J, September-October, 418-424. Interso-
ciety Committee (1970).

148

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Em 1970, o Comitê revisou seus critérios substituindo as curvas por uma
tabela mostrando exposição permitida, a partir de 90 dB(A), como função da
duração e número de ocorrências por dia, novamente com fatores de troca
variáveis dependendo dos níveis de ruído e frequência de Ocorrência(121).
Para o ruído contínuo com durações inferiores a 8 horas, recomendara-se o ER
de 5. Esta simplificação para o conjunto de curvas, baseada nos postulados de CHABA,
foi duramente questionada pelo próprio governo norte estadunidense, no tocante ao
Critério de Referência (90 dB(A) com ER = 5), conforme se verifica no documento
adotado pelo Departamento de Trabalho em 1969 (Dept. Labor, 1969)(122).
O núcleo das objeções aos postulados dos critérios CHABA, notadamente
ao Critério de Referência (90 dB(A) com ER = 5) diz respeito à não validação
do pressuposto de que o TTS2 é um preditor NITPS10, conforme reconheceu a
pesquisadora, membro, (Suter, 1992)(123) que participou da escrita original do
regulamento da OSHA. Posteriormente reiterado pelos estudos de Shaw, 1985(124)
e Ward, 1980(125). De forma mais sobeja, recentemente, pela ACGIH, 2000(126).
Ou seja, sacramentou-se o obsoletismo dos postulados 1 e 3. Em seguida,
a suposição de que todas as exposições que produzem um determinado TTS2
serão igualmente perigosas provou-se errônea, caiu também o postulado 2. De
fato, descobriu-se que a alta frequência, em exposições intermitentes, produzem
a mesma quantidade de TTS como se contínuas fossem. Além disso, os tempos de
recuperação após TTS foram provados bem maiores que 2 minutos(127).
Outros pesquisadores encontraram retardo na recuperação de níveis
moderados de ruído se as exposições são de duração relativamente longa(128)(129).

(121) Intersociety Committee (1970). “Guidelines for noise exposure control.” J Occup Med 12, 276-281.
(122) Dept. Labor (1969). Bureau of Labor Standards, Occupational noise exposure. 34 Fed. Reg.
v7948-7949.
(123) SUTER, A.H. (1992). “The relationship of the exchange rate to noise-induced hearing loss,”
report prepared under contract to the National Institute for Occupational Safety and Health, NTIS
no. PB-93-118610, Cincinnati, OH.
(124) SHAW, E.A.G. (1985). “Occupational noise exposure and noise-induced hearing loss: scien-
tific issues, technical arguments and practical recommendations.” APS 707. Report prepared for the
Special Advisory Committee on the Ontario Noise Regulation. NRCC/ CNRC No. 25051. National
Research Council, Ottawa, Canada.
(125) WARD, W.D. (1980). “Noise-induced hearing loss: research since 1973.” In: Tobias, J.V., Jan-
sen, G., and Ward, W.D., eds. Proceedings of the Third International Congress on Noise as a Public
Health Problem. ASHA Reports 10. American Speech-Language Hearing Assoc., Rockville MD.
(126) ACGIH (2000). Threshold Limit Values for Chemical Substances and Physical Agents, and Bio-
logical Exposure Indices. Supplement: Noise 1-11.” American Conference of Governmental Industrial
Hygienists, Cincinnati, OH.
(127) WARD, W.D. (1970). “Temporary threshold shift and damage risk criteria for intermittent noise
exposures.” J Acoust Soc Am 48,561-574.
(128) (Mills et al., 1970).
(129) MELNICK, W. and MAVES, M. (1974). “Asymptotic threshold shift (ATS) in man from 24-hour
exposure to continuous noise.” Ann Otol, Rhinol & Laryngol 83, 820-829.

149

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Assim, TTS pode não ser permitido recuperar antes da próxima exposição,
agravando o risco de mudança de limiar permanente (PTS).
Outra suposição implícita no critério CHABA e subsequentes perdas é que
o nível sonoro durante as intermitências será baixo o suficiente para permitir
a recuperação total da TTS. No entanto, as curvas TTS foram geradas durante
exposições laboratoriais, nas quais os níveis de som durante os períodos de
silêncio guardavam pouca semelhança com as fábricas ou outros locais de trabalho
ruidosos. O nível sonoro pensado para ser o nível máximo que não produza
qualquer alteração de limiar na audiência foi denominado “silêncio efetivo”.
A pesquisa ao longo dos anos indicou que o silêncio efetivo depende da
frequência, mostrando uma gama de níveis: cerca de 65 dB para o 2000 Hz; 70
dB para as frequências entre 500 e 1000 Hz(130)(131). Um exame recente da questão
conclui que os sons a 75 dB(A) não produzem TTS, enquanto os níveis sonoros de
80 dB(A), sim. Daí esse autor postular um nível de 78 dB(A) como o limite superior
do silêncio efetivo(132).
É justo dizer que as origens e o desenvolvimento do ER de 5 dB não suportam
sua validade nos tempos atuais. Os pressupostos CHABA não foram validados. Além
disso, Botsford’s método(133) (curve), foi uma tentativa que de fato se confirmou como
uma simplificação excessiva das curvas originais mostrando taxas de câmbio variáveis
para vários tipos de exposições ao ruído, uma vez que o método Botsford assumiu
intermitências uniformemente espaçadas, independentemente do nível de ruído
coma a duração e as realidades das condições de trabalho. Finalmente, a suposição
de silêncio efetivo durante as intermitências pode ser válida para a configuração do
laboratório, mas jamais à indústria, especialmente em fábricas ou espaços fechados
onde a reflexão e a reverberação (ruído de fundo) mantêm alto o nível de ruído.

Fator de troca (q ou ER = 3): convergência científica

As origens do ER de 3 não são precisas no tempo, mas sem dúvida decorreram,


ou passaram, pelos estudos de Burns e Robinson (1970)(134), tendo se confirmado de

(130) SUTER, A. H. (1992). “The relationship of the exchange rate to noise-induced hearing loss,”
report prepared under contract to the National Institute for Occupational Safety and Health, NTIS
no. PB-93-118610, Cincinnati, OH;
(131) MILLS, J. H.; GOING, J. A. Review of environmental factors affecting hearing. Environmental
Health Perspectives. 1982;44:119-127.
(132) LAWTON, B. W. (2001). “A noise exposure threshold value for hearing conservation.” CON-
CAWE report no. 10/52. Brussels. MELNICK, W. (1974). “Human temporary threshold shift from
16-hour noise exposures.” Arch Otolaryngol 100, 180-189.
(133) BOTSFORD, J. H. (1967). “Simple method for identifying acceptable noise exposures.” J Acoust
Soc Am 42, 810-819.
(134) BURNS, W.; ROBINSON, D.W. (1970). Hearing and Noise in Industry. London: Her Majesty’s
Stationery Office.

150

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lá para cá, e sistematicamente adotado por organizações nacionais e internacionais.
Dados em animais provenientes de experiências confirmaram sua validade para
exposições únicas de vários níveis dentro de um dia de 8 horas. Há evidências, no
entanto, de que a intermitência pode ser benéfica, especialmente em laboratório.
Mas esses benefícios são susceptíveis de serem pequenos, ou inexistentes, no
ambiente industrial, onde os níveis de som durante as intermitências são mais altos
e as interrupções não estão uniformemente espaçadas. Além do estudo de Burns
e Robinson, vários outros estudos de campo produziram dados relativos à questão
da intermitência benéfica.(135)(136)(137)(138)(139)(140)(141)(142)(143)(144)

(135) BOHNE, B. A.; PEARSE, M. S. (1982). “Cochlear damage from daily exposure to lowfrequency
noise.” Unpublished manuscript. Washington University Medical School, Department of Otolaryn-
gology, St. Louis, MO. BOHNE, B. A.; YOHMAN, L.; GRUNER, M. M. (1987). “Cochlear damage
following interrupted exposure to high-frequency noise.” Hearing Res 29, 251-264. BOHNE, B. A.;
ZAHN, S. J.; BOZZAY, D. G. (1985). “Damage to the cochlea following interrupted exposure to low
frequency noise.” Ann Otol, Rhinol & Laryngol 94,122-128.
(136) WARD, W. D.; NELSON, D. A. (1971). “On the equal energy hypothesis relative to damagerisk
criteria in the chinchilla.” In: ROBINSON, D. W., ed. Occupational Hearing Loss. London and New
York: Academic Press. WARD, W. D.; TURNER, C. W.; FABRY, D. A. (1983). “The total-energy and
equal-energy principles in the chinchilla.” Poster contribution to the Fourth International Congress on
Noise as a Public Health Problem, Turin, Italy.
(137) WARD, W. D.; TURNER, C. W. (1982). “The total energy concept as a unifying approach to the
prediction of noise trauma and its application to exposure criteria.” In: HAMERNIK, R. P.; HENDER-
SON, D.; SALVI, R., eds. New Perspectives on Noise-Induced Hearing Loss. New York: Raven Press.
WARD, W. D.; TURNER, C. W.; FABRY, D. A. (1982). “Intermittence and the total energy hypothesis.”
Paper presented at the 104th meeting of the Acoustical Society of America.
(138) BOHNE, B. A.; ZAHN, S. J.; BOZZAY, D. G. (1985). “Damage to the cochlea following inter-
rupted exposure to low frequency noise.” Ann Otol, Rhinol & Laryngol 94,122-128. BOHNE, B. A.;
YOHMAN, L.; GRUNER, M. M. (1987). “Cochlear damage following interrupted exposure to high-
frequency noise.” Hearing Res 29, 251-264.
(139) CLARK,W. W.; BOHNE, B. A.; BOETTCHER, F. A. (1987). “Effect of periodic rest on hearing loss
and cochlear damage following exposure to noise.” J Acoust Soc Am 82, 1253-1264.
(140) Passchier-Vermeer, W. (1971). “Steady-state and fluctuating noise: its effect on the hearing
of people.” In: ROBINSON, D. W., ed. Occupational Hearing Loss. New York and London: Academic
Press. Passchier-Vermeer, W. (1973). “Noise-induced hearing loss from exposure to intermittent and
varying noise.” In: Proceedings of the International Congress on Noise as a Public Health Problem.
EPA Report 550/9-73-008.
(141) SHAW, E. A. G. (1985). “Occupational noise exposure and noise-induced hearing loss: scien-
tific issues, technical arguments and practical recommendations.” APS 707. Report prepared for the
Special Advisory Committee on the Ontario Noise Regulation. NRCC/ CNRC No. 25051. National
Research Council, Ottawa, Canada.
(142) HOLMGREN, G.; JOHNSSON, L.; KYLIN, B.; LINDE, O. (1971). “Noise and hearing of a popula-
tion of forest workers.” In: Robinson D.W., ed. Occupational Hearing Loss. London and New York:
Academic Press. Hutchinson, T.L. (2006). E-mail communication.
(143) JOHANSSON, B.; KYLIN, B.; REOPSTORFF, S. (1973). “Evaluation of the hearing damage risk
from intermittent noise according to the ISO recommendations.” In: Proceedings of the International
Congress on Noise as a Public Health Problem. EPA Report 550/9-73-008.
(144) INRS (1978). Institut National de Recherche et de Securite. “Etude des risques auditifs auxquels
sont soumis les salaries agricoles en exploitations forestieres et en scieries.” Compte rendu d’etude
No. 325-B. Vandoeuvre, France. Intersociety Committee (1967).

151

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A ER de 3 é tão difundida e aceita que nos dias atuais seu uso é quase
unânime. Nos EUA, a Environmental Protection Agency — EPA o adotou no início
da década de 1970 para o desenvolvimento de seus critérios de risco de danos
e a identificação de níveis seguros de ruído para prevenção de qualquer perda
auditiva. O Departamento de Defesa (DoD) endossou o ER de 3 dB(A), juntamente
com o PEL de 85 dB(A) e recomenda-o para todos os militares das três forças,
inclusive para outros ramos das forças armadas. (145)(146)
No seu documento anterior, de critérios sobre o ruído, o NIOSH considerou
várias regras para a relação entre nível de ruído e duração, especialmente no que
se refere aos ruídos intermitentes, mas não pôde fazer uma alteração no q=5(147).
Posteriormente, em seus critérios mais recentes, a documentação dessa agência
concluiu que o ER = 3 é o método mais firmemente apoiado pelas evidências
científicas(148). Nessa linha, avançou também a ACGIH que adotou o ER de 3 dB(A)
em 1994. Além de ratificar as justificativas citadas acima, a ACGIH apresenta as
seguintes razões (ACGIH, 2000)(149):
• O limite “incomum de tudo ou nada” de 115 dB(A) poderia ser eliminado
ao se estender o ER de 3 dB(A) para níveis mais altos, permitindo assim
rajadas curtas de ruído, como uma sirene que passa, o que pode exceder o
limite atual.
• O ER de 3 dB(A) é realmente mais congruente que o ER de 5 dB(A) para
exposição a durações superiores a 8 horas, assumindo o mesmo ponto de
partida (como um PEL de 85 dB(A)). Por exemplo, o nível permitido para

(145) EPA (1973). “Public health and welfare criteria for noise.” U.S. Environmental Protection Agen-
cy, EPA Report 550/9-73-002, Washington, DC. EPA (1974). “Information on levels of environmental
noise requisite to protect public health and welfare with an adequate margin of safety.” U.S. Envi-
ronmental Protection Agency, EPA Report 550/9-74-004, Washington, DC.
(146) DoD (1996). DoD Hearing Conservation Program,” Dept. Defense Instruction no. 6055.12,
April 22, 1996. DoD (2004). DoD Hearing Conservation Program,” Dept. Defense Instruction no.
6055.12, March 5, 2004.
(147) NIOSH (1976). “Survey of hearing loss in the coal mining industry.” U.S. Department of Health,
Education, and Welfare, Public Health Service, Center for Disease Control, National Institute for Oc-
cupational Safety and Health, DHEW (NIOSH) Publication n. 76-172, Cincinnati, OH.
(148) NIOSH (1976). “Survey of hearing loss in the coal mining industry.” U.S. Department of Health,
Education, and Welfare, Public Health Service, Center for Disease Control, National Institute for Oc-
cupational Safety and Health, DHEW (NIOSH) Publication No. 76-172, Cincinnati, OH. NIOSH (1982).
“Hazard evaluation and technical assistance report: Newburgh Fire Department.” U.S. Department
of Health and Human Services, Public Health Service, Centers for Disease Control, National Institute
for Occupational Safety and Health, NIOSH Report No. HETA 81-059-1045, Cincinnati, OH. NIOSH
(1998). “Criteria for a Recommended Standard: Occupational Noise Exposure; Revised Criteria.” Na-
tional Institute for Occupational Safety and Health, U.S. Dept. HHS, report DHHS (NIOSH) 98-126,
Cincinnati, OH.
(149) ACGIH (2000). Threshold Limit Values for Chemical Substances and Physical Agents, and Bio-
logical Exposure Indices. Supplement: Noise 1-11.” American Conference of Governmental Industrial
Hygienists, Cincinnati, OH.

152

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16 horas seria de 82 dB(A) em vez do 80 dB(A). O comitê concluiu que
estender a regra de 3-dB(A) para uma exposição horária de 80 dB(A) seria
razoavelmente segura.
• Os critérios CHABA originais mostraram que o benefício da intermitência
variou com as frequências, que, quanto mais altas, exigiram um ER menor
do que as frequências mais baixas para produzir quantidades iguais de TTS.
Portanto, a ACGIH determinou que o ER de 3 dB(A) é mais protetor para
frequências acima de 2000 Hz, que são de suma importância à fala e à
conversação.
• O ER de 3 dB(A) foi usado na Europa pelo menos desde a época do
ISO de 1971 (R1999 — ISO, 1971), que foi posteriormente revisado como ISO
R1999.2(ISO, 1990). O ER de 3 dB(A), frequentemente denominado “regra de igual
energia” na Europa, foi incorporado nas diretivas(150) de 1986 e 2003 emitidas pela
comunidade, que instruiu os “Estados-Membros” europeus a fazerem o mesmo.
• Além das nações europeias, a maioria das outras nações do mundo tem
adotado o ER de 3 dB(A).
A Figura seguinte apresenta os Limites de Exposição (PEL) e taxas de câmbio (ER)
permissíveis utilizados por várias nações com as respectivas datas de efetivação, quan-
do disponíveis, bem como as respectivas Notas explicativas.(151)(152)(153)(154)(153)(154)(155)(156)

(150) EC (2003). “Directive 2003/10/EC of the European Parliament and of the Council on the mini-
mum health and safety requirements regarding the exposure of workers arising from physical agents
(noise).” (Seventeenth individual Directive within the meaning of Article 16(1) of Directive 89/391/EEC).
(151) Nota (1) Cada um dos estados e territórios australianos tem sua própria legislação para o ruído,
mas todos adotam o PEL de 8 horas de 85 dBA e o ER de 3 dBA.
(152) Nota (2) Apesar da existência de um padrão nacional canadense, há variação entre os padrões
das províncias canadenses: Ontário, Quebec e Nova Brunswick usam 90 dBA com um ER de 5 dBA;
Alberta, Nova Scotia e Newfoundland usam 85 dBA com um ER de 5 dBA; e Columbia Britânica usa
85 dBA com um ER de 3 dB. A maioria exige controles de engenharia ao nível do PEL. Manitoba exige
certas práticas de conservação auditiva acima de 80 dBA, protetores auditivos, treinamento acima de
85 dBA e controles de engenharia acima de 90 dBA.
(153) Nota (3) A União Europeia (Directiva 2003/10/CE) apresenta três valores de exposição: uma
exposição valor limite de 87 dBA com nível de ação superior de 85 dBA e outro para inferior de 80
dBA, todos usando o ER de 3 dBA. A atenuação dos protetores auditivos pode ser levada em consi-
deração ao avaliar o valor limite de exposição, mas não para requisitos orientados pelos valores de
ação superiores e inferiores. O tempo de exposição do ruído dos funcionários deve exceder o valor
limite de exposição. Quando as exposições excederem o nível de ação superior, o empregador deve
implementar um programa de redução de ruído, levando em consideração a tecnologia e disponibi-
lidade de medidas de controle.
(154) Nota (4) EUA continuação: Os protetores auditivos devem estar disponíveis quando as expo-
sições excedem nível de ação no valor de 80 dBA. Os protetores auditivos devem ser utilizados por
trabalhadores cujas exposições sejam iguais ou superiores a 85 dBA. Os testes audiométricos devem
estar disponíveis para os trabalhadores cujas exposições excedam o valor de ação superior, e quando
as medições de ruído indicam um risco para a saúde, essas medidas devem estar disponíveis no valor
de ação inferior.

153

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(155)(156)(157)(158)

Figura 24: Limites de exposição e taxas de câmbio permissíveis utilizados por várias nações
PEL — para 8 Fator de Nível de Controle Nível dB(A)
Pais Notas
horas — dB(A) Dobra (q) Engenharia dB(A) para testes
Argentina, 2003 85 3 85 85
Australia, 2000 85 3 85 85 Note (1)
Brazil, 1992 85 5 85
Canada, 1991 87 3 87 84 Note (2)
Chile, 2000 85 3
China, 1985 85 3 85
Colombia, 1990 85 5
85 Note (3)
EU, 2003 87 3 85
80 Note (4)
Finland, 1982 85 3 85
France, 1990 85 3 85
Germany, 1990 85 3 90 85 Note (5)
Hungary 85 3 90
India, 1989 90 Note (6)
Israel, 1984 85 5
Italy, 1990 85 3 90 85
Mexico, 2001 85 3 90 80
Netherlands, 1987 80 3 85 Note (7)
New Zealand, 1995 85 3 85 85
Norway, 1982 85 3 80
Spain, 1989 85 3 90 80
Sweden, 1992 85 3 85 85
United Kingdom,
85 3 90 85
1989
United States, 1983 90 5 90 85 Note (8)
Uruguay, 1988 85 3 85 85
Venezuela 85 3

Fonte: December 2007, v. 25, n. 8. Job Health Highlights. Technical Information for Occupational Health and Safety Professionals.

(155) Nota (5) O padrão alemão (UVV Larm-1990) afirma que não é possível fornecer um limite
preciso para a eliminação do perigo auditivo e o risco de outras deficiências de saúde decorrentes
do ruído. Assim sendo, o empregador é obrigado a reduzir o nível de ruído o mais possível, com o
progresso técnico e disponibilidade de medidas de controle.
(156) Nota (6) Índia: Esta é uma recomendação, não um regulamento.
(157) Nota (7) A legislação de ruído dos Países Baixos exige um controle de ruído de engenharia a
85 dBA. A proteção auditiva deve ser fornecida acima de 80 dBA e os trabalhadores são obrigados
a usá-lo em níveis acima de 90 dBA.
(158) Nota (8) Estes níveis aplicam-se ao padrão de ruído OSHA, abrangendo trabalhadores na in-
dústria em geral, e em marítimo. Os serviços militares dos EUA exigem padrões mais rigorosos, com
o Departamento de Defesa aplicando o PEL de 85 dBA e a taxa de câmbio de 3 dBA. A Força Aérea,
Marinha e o Exército adotam requisitos semelhantes: o PEL de 85 dBA e ER de 3 dB.

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APLiCAÇÃo PráTiCA 1

Dado o Nível Equivalente (NE para NHO 01 e Lavg para NR-15), a partir da
dose aferida via audiodosímetro, encontra-se o tempo máximo permitido para cada
situação acústica, aplicando as fórmulas abaixo, para q=3 e q=5, respectivamente.
Para decidir qual fórmula aplicar, basta identificar nas equações abaixo aquelas
com o número 3, pois essas serão da NHO 01; e número 5, pela NR-15.
480
T (min) = Lavg−85
2 3
16
T (min) = Lavg−80
2 5
Lavg
T
D= x2 5 − 17 [%]
8
TWA −80
Tx2 5
D= x 100 [%]
960

Com essa formulação e considerando, por exemplo, um ambiente industrial


no qual há três situações acústicas ruidosas bem definidas cujos perfis de expo-
sição apresentam níveis médios de: 88,57 dB (A) para 60 minutos de tempo de
exposição diária; 92,32 dB(A), 60 min; 84,33 dB(A), 360 minutos. Dado esse ce-
nário, pede-se que:
a. Cálculo da Dose pela NHO 01.
b. Cálculo da Dose pela NR-15.
c. Cálculo do NE e NEN pela NHO 01.
d. Cálculo do Lavg NR-15.
e. Deve-se pagar o Financiamento da Aposentadoria Especial — FAE à RFB?
f. Deve-se pagar Adicional de Insalubridade?
g. Discussão.
Resposta: O primeiro passo é encontrar os tempos máximos permitidos para
cada situação acústica, considerando a troca q=3 e q=5.
480
Para q=3, aplicando a fórmula T (min) = Lavg−85
, tem-se:
2 3

155

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84,33 dB(A)  560,37 min;
88,57 dB(A)  210,39 min; e
92,32 dB(A)  88,46 min;
16
Para q=5, aplicando a fórmula T (min) = Lavg−80
, tem-se:
84,33 dB(A)  526,72 min; 2 5
88,57 dB(A)  292,62 min; e
92,32 dB(A)  173,99 min;
Faz-se necessário somar as frações de dose, compondo as três situações
acústicas, respeitando os tempos máximos permitidos, acima calculados, conforme
a fórmula:
 C1 C2 C3 Cn 
 T1 + T2 + T3 + ... + Tn  x 100 [%]
 

Para q=3, nos termos da NHO 01, aplicando os tempos de exposição pelos
tempos máximos permitidos, se encontra a dose:
360 60 60
+ + = 1,6059, que representa uma dose de 160,59%
560,37 210,39 88, 46
Para q=5, nos termos do Anexo I da NR-15, aplicando os tempos de exposição
pelos tempos máximos permitidos, se encontram duas doses:

360 60 60
+ + = 1,2334, que representa uma dose de 123,34%,
526,72 292,62 173,99
60 60
considerando a carga acústica inferior de 85 dB(A) ou + = 0,5499,
292,62 173,99
que representa uma dose de 54,99%, na hipótese altamente restritiva, uma vez que
desconsidera a carga acústica inferior a 85 dB(A).
Como visto nesta obra, o descarte das energias inferiores a 85 dB(A) não
é razoável, portanto assinalamos como valor correto, pela NR-15, a dose de
123,34%. Todavia, registre-se que ao fazer esse descarte, suprimindo a carga
relativa à primeira situação (84,33 dBA), tem-se uma dose de 54,99%.
Com essa base é possível responder a questões seguintes:
a. DNHO = 160,59%
b. DNR15 = 123,34%
NE = 10x log (480/T x Dose/100) + 85  NE = 10x log (480/480 x 160,59/100)
+85  NE = 10 x log (1,6059) + 85  NE = 2,05 + 85  NE = 87,05 dB (A). NEN
= 87,05 + 10.log (480/480)  NEN = NE = 87,05 dB (A)

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c. Lavg(NR15) = 80 + 16,61 x log (0,16 x D (%) / T (h))  considerando a Dose
de 123,34%  80 + 16,61 x log (0,16 x 123,34/8) = 86,51 dB(A). Considerando a
Dose de 54,99%  80 + 16,61 x log (0,16 x 54,99/8) = 80,59 dB(A).
d. Deve-se pagar o Financiamento da Aposentadoria Especial — FAE à RFB?
e. FAE, sim, pois de acordo com o Decreto n. 4.882 de 18 de novembro de
2003 — DOU de 19.11.2003. O art. 2º do Anexo IV do Regulamento da Previdência
Social, aprovado pelo Decreto n. 3.048 de 1999, dispõe: “2.0.1 (...) a) exposição a
Níveis de Exposição Normalizados (NEN) superiores a 85 dB(A).”, combinado com
IN n. 971/2009 da RFB, art. 279. Neste caso, temos que o NEN calculado é de
86,7 dB(A), portanto deve-se pagar o Financiamento de Aposentadoria Especial no
valor de 6% da remuneração bruta do trabalhador exposto a esse ruído para fins
de precocidade da aposentadoria na proporção de 1 para 4, ou seja de 40 dias a
para grupo de 100 dias submetido a ruídos além da dose máxima de 100% (NEN
de 85 dB(A).
f. Deve-se pagar Adicional de Insalubridade, pois para 8h de exposição a dose
(123,34%) ficou superior a unidade, que equivale a pagar 20% do salário mínimo
ao trabalhador agredido acusticamente.
g. Discussão.
Assevera-se que pelo Anexo 1 da NR-15, com aplicação reduzida pelo des-
carte das cargas inferiores a 85 dB(A) a dose (DNR15 = 54,99% e Lavg de 80,69
dB(A)] há um enorme prejuízo ao trabalhador dado o escancarado disparate de
apuração de dose para as mesmas situações acústicas. A situação acústica (84,33
dB (A)) não é capturada pois como não está listada naquele anexo 1, pressupõe-se
erroneamente que a exposição possa ir ao infinito, quando em verdade poder-se-
-ia se expor até 526,72 min. Além disso, como já visto, a NR-15, por adotar fator
de dobra (q) igual a cinco, faz com que a dose apurada de 54,99% seja reduzida
a praticamente um terço da real. Equívoco que persiste desde 1977 até os dias
atuais por conta do viés ideológico, que mesmo adotando essa conta errada, tem-
-se que se ao se ultrapassar a dose máxima, paga-se uma taxa de 20% do salário
mínimo: verdadeiro estímulo à agressão e lesão corporal. Percebe-se neste caso
(160,59% dividido por 54,99%) que a dose real, e correta, é quase três vezes
aquela fictícia, e errada, calculada pela NR-15, com aplicação reduzida. Mesmo
mitigando, ainda assim, se percebe, neste caso, (160,59% dividido por 123,34%),
que a dose real, e correta, é quase 30% superior àquela fictícia, e errada, calculada
pela NR-15, com aplicação inclusiva. Reafirma-se aqui que não há no Anexo I da
NR-15 nenhuma determinação expressa de supressão das cargas inferiores a 85
dB(A) e superiores a 80 dB(A), além do raciocínio ilógico e irracionalidade física
dessa exclusão, motivos pelos quais se deve proceder ao cálculo do somatório das
frações de dose com essas cargas, mitigando, assim, ainda que de forma residual,
o desvio promovido pela NR-15 da verdadeira situação acústica à qual se subordina
o trabalhador.

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APLiCAÇÃo PráTiCA 2

Qual é o limite de tolerância para jornada com 4 horas extras acima de 8


horas:

a) para receber de adicional de insalubridade? Considerando a seguinte fórmula


16
T (min) = Lavg−80
que embasa a NR-15, L= 5x [log(16/T)/log2] + 80, tem-se
2 5
que para 12h de trabalho: L= 5x [log(16/12)/log2] + 80. L= 82 dB(A).
b) para fazer jus a aposentadoria especial e recolher FAE_25_6%? Para 12h
de trabalho no limite de dose a 100%, considerando a seguinte fórmula que
D x 8
embasa a NHO 01, tem-se: Leq = 10 x log   + 85 = 10 x [log (100 x
8/12 x 60) + 85. L= 83,23 dB(A).  

c) Discussão. Percebe-se que a variável “hora extra” é decisiva para o equilíbrio


do meio ambiente do trabalho, podendo, quando existir, sem qualquer
mudança ambiental, tudo mais constante, tornar o ambiente insalubre e
ensejar pagamento de adicional e recolhimento de FAE_25_6%. Para isso
basta, na execução das horas extras, atingir 82 dB(A) para o período de 12h
ou 83,23 dB(A) para se determinar os respectivos pagamentos. Outra forma
de enxergar este exercício é usá-lo como chave fim-de-curso, ou seja, as horas
extras seriam limitadas pelo NE ou Lavg ambiental.

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