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FLUXUS
FLUXUS
DEPARTAMENTO DE ARTES
CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS
DISCIPLINA HISTÓRIA DA ARTE IV
20171014040020 – ANGÉLICA Mª GADELHA G. POMPEU
20171014040080 - DANILO MIRANDA RAMOS
20162014040056 - LEONARDO DENIPOTI CAVALCANTE
20171014040144 - LUIZA PUCCA ROCHA
INTRODUÇÃO
A partir daí, a ideia de Maciunas era executar uma turnê mundial de eventos Fluxus,
o Festum Fluxorum – série de performances em turnê pelo mundo apresentando a nova arte,
apresentando suas obras e trazendo o público à participação performática. (Home, 1999), de
1961 a 1962. Festival de Desajustes de Londres 1962. Nesses festivais, somavam-se novos
artistas, como Joseph Beuys. Além disso, soma-se as publicações que divulgavam a proposta
Fluxus.
Santos (2009) aponta que o primeiro período do movimento Fluxus se encerra em
1964, com a dissidência de alguns participantes. Haja visto alguns princípios postos por
Maciunas que envolviam eventos destrutivos, Mac Low, por exemplo, afasta-se por apontar tais
táticas como “sem princípios, antiéticas e imorais” (Home, 1999, p. 89).
Seguem-se atuações que serão melhor apresentadas no capítulo artistas e obras. Por
fim, Maciunas morre por câncer em 1978, quando alguns pontuam como o termino do Fluxus
enquanto movimento. Em tal situação é executado o “Fluxus-Funeral”, seguindo uma linha
similar a atuações da época que brincavam com os ritos tradicionais de forma bizarra.
CARACTERÍSTICAS
Maciunas fora para Nova York entre o final dos anos 50 e o início dos anos 60, onde
conhecera muitas das principais figuras dos mundos das artes, em especial John Cage,
que lhe causou um impacto duradouro. Ele sentiu também um vivo interesse por
Marcel Duchamp, os happenings de Kaprow, o novo realismo e os dadaístas de
Zurique. Tudo isso o levou a desenvolver o seu próprio conceito de um movimento
artistico neodadaista que chamou de fluxus, que significa “fluir”. Ele escreveu um
Manifesto fluxus (1963) exigindo que o mundo fosse expurgado da “náusea burguesa,
a cultura intelectual, profissional e comercial”. Prometeu que o fluxus iria “promover
a arte viva. fundir os quadros de revolucionários culturais sociais e políticos numa
frente e numa ação unidas”.
As mais fortes características do fluxus são a busca pela fusão de vida e arte,
trabalhando coisas do cotidiano como temática das obras e a diversidade de linguagens que
compõe o movimento que envolve performance, vídeo, música e etc.
Por ter fortes características de antiarte, o fluxus tende a ser comparado com o
dadaísmo e até é chamado por alguns de neodadaísmo. De fato a influência do dadaísmo é
notável pois os dois tinham pretensões de não seguir os padrões pré-estabelecidos de como se
entendia arte, como se pensava arte e como se fazia arte. O fluxus é quase um dadaísmo que
aconteceu em outra época. Assim como o dadaísmo os artistas do fluxus pensavam suas obras
não se tornando reféns de suas linguagens e técnicas. nas palavras de Santos (2009)
O movimento faz parte da tradição vanguardista antiarte inaugurada pelo Dadá, razão
pela qual George Maciunas considerava Fluxus como NeoDadá [...] . Um dos
objetivos centrais do programa fluxus era a “fusão entre a arte e a vida, ou o abandono
da arte”, o que daria ao movimento um forte caráter social. mantendo uma relação
tênue com as novas conjunturas políticas de sua época (Santos, 2009).
No que se refere às linguagens, por conta dessa ânsia de unir arte e vida, era muito
forte a performatividade nas ações dos artistas, onde eles próprios se punham como objetos de
arte. A performance é uma linguagem que é naturalmente de antiarte que não tem cânones ou
padrões ou expectativas quanto a um modo de se fazer e combina perfeitamente com as
proposições do fluxus, apesar de alguns artistas não usarem o nome performance, Joseph Beuys
por exemplo chamava suas obras de aktions, ou “ações”. Sobre performatividade e não-arte,
Cohen (2011) fala:
Wolf Vostell
Wolf Vostell nasceu em 1932. Sua família foi forçada a se mudar para Komotau,
na Tchecoslováquia, em 1939, no início da Segunda Guerra Mundial. Vostell registrou esses
tempos difíceis em tintas e aquarelas que ele fez como estudante. Em 1950, iniciou seu
aprendizado como fotolitógrafo e começou a experimentar também pintura e fotografia. Ele
frequentou aulas na École National des Beaux-Arts, e foi nessa época que o artista começou a
usar objetos do cotidiano em seu trabalho.
Vostell começou a experimentar com o vídeo em 1959, quando fez sua primeira
“dé-coll / age” eletrônica, como ele a denominou. Ele começou a trabalhar realmente com
videoarte em 1963, quando produziu seu trabalho “6 TV Dé-coll / age” em Nova York. Ele foi
o primeiro a apresentar um aparelho de televisão em uma obra de arte em uma instalação
intitulada "Ciclo da Sala Negra".
Alison Knowles
Uma das criadoras mais importantes do Fluxus foi Alison Knowles. Nascida em
Nova York, e graduada com um prêmio no Pratt Institute of Fine Arts Brooklyn. Desde 1961
realiza performances, uma atividade pela qual ela tem sido muito reconhecida. Uma de suas
primeiras foi a intitulada “Shuffle”, na qual ela propôs que um ou vários artistas se misturassem
na área de performance com o público, movendo-se à frente, atrás, ao redor ou através da
experiência, mas em silêncio. Neste caso, os participantes do evento são parte essencial, mas
involuntária da ação.
Desde 1962, suas ações, e também suas obras objetivas tomam como grupo de
pesquisa central a comida ou a maneira de fazê-lo, isto é, o ato de comer, ou a comida, se torna
um objeto.
Carolee Schneemann
Carolee Schneemann é uma artista norte-americana cujas obras de arte feministas
lidam com políticas de identidade e gênero e tabus sociais. Ela é conhecida por suas práticas
artísticas provocativas e é considerada a progenitora da arte corporal. Ela começou sua carreira
artística criando pinturas expressionistas abstratas, mas rapidamente se viu atraída por métodos
de expressão mais experimentais e de vanguarda. Ela se aventurou no desempenho com papéis
nos primeiros curtas-metragens de Stan Brakhage (Loving, 1957 e Cat's Cradle, 1959).
No início dos anos 1960, Schneemann participou de vários Happenings. E também
coreografou o que chamou de “obras de movimento” para o Judson Dance Theatre, um coletivo
de dança experimental que funcionou de 1962 a 1964. Schneemann continuou a desafiar as
normas sociais e de gênero em seu trabalho até o final dos anos 1960 e 1970 e incorporou o
cinema em seu repertório de médiuns.
Uma das peças de performance mais conhecidas de Schneeman é Interior Scroll
(1975). Para a peça, que ela apresentou pela primeira vez na exposição Mulheres Aqui e Agora,
em East Hampton, Nova York, Schneeman ficou nua em uma mesa e, na frente da plateia,
pintou seu corpo com tinta escura, puxou uma longa tira. de papel de sua vagina, e ler o que era
uma conversa que ela teve com um crítico de cinema americano que não via seus filmes.
Sugerindo que uma mulher tenha controle total sobre seus modos de expressão, ela é
considerada uma peça fundamental da performance feminista.
É interessante pensar hoje sobre o que foi o fluxus porque nota-se a importância
que ele teve para tudo que veio depois. George Maciunas, o responsável por lançar a proposta
fluxus, considerava o movimento um NeoDadá e de fato os movimentos têm muitas
semelhanças se levar em conta os seus devidos contextos. Ambos os movimentos tinham a
tendência de não se curvar a técnicas e os dois tinham um caráter muito forte de antiarte e o não
tratar a arte como um objeto puramente de valor.
Um dos objetivos principais do fluxus era acabar com a distância entre arte e vida
e entre artista e não-artista. Com isso em mente os artistas constantemente traziam o cotidiano
para as obras tanto enquanto temática como enquanto objeto.
Dentre as ações do fluxus tem performance, música, vídeo e todos ligados por essa
ideia. Pode-se dizer que foi um movimento que com toda sua singularidade mudou a forma
como a arte seria enxergada a partir dali.
Vale ressaltar que a produção dos artistas são unidos por essa proposta fluxus mas
alguns deles tinham uma produção muito própria e inclusive suas próprias interpretações do
que era o fluxus. Segundo Santos (2009):
Diz-se que o fluxus teve seu fim com a morte de Maciunas mas muitos artistas do
fluxus continuaram produzindo após esse evento e o movimento continua sendo debatido até
hoje em sites na internet e deve continuar.
REFERÊNCIAS
COHEN, R. Performance como linguagem. 3. ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 2011.
HOME, S. Assalto à Cultura: utopia subversão guerrilha na (anti)arte do século XX. São Paulo: Conrad, 1999.
GOMPERTZ, W. Isso é Arte? - Do Impressionismo até Hoje. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2013.
SANTOS, B.V.D. Nam June Paik: da música física à arte da comunicação. Tese de Mestrado em História. PUC-
RIO: 2009.
ZANINI, W. A atualidade de Fluxus. ARS (São Paulo), 2(3), 10-21, 2004.