You are on page 1of 47
Ordem d05 Cartuxos x % K * ae wey Textos Selecionados ~ Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” ANEXO INSTRUGAO GERAL SOBRE A LITURGIA DAS HORAS CAPITULO I IMPORTANCIA DA LITURGIA DAS HORAS OU OFICIO DIVINO NA VIDA DA IGREJA 1. A oragao piiblica e comunitaria do povo de Deus ¢ com razdo considerada uma das principais fungdes da Igreja. Dai que, logo no principio, os batizados "eram assiduos ao ensino dos Apéstolos, & unido fraterna, a frag%io do pio e as oragdes" (At 2, 42). Da oragao unanime da comunidade cristi nos dio repetidos testemunhos os Atos dos Apéstolos.! Que também os figis se costumavam entregar a oragdo individual em determinadas horas do dia provam-no igualmente os documentos da primitiva Igreja. Depois foi-se introduzindo muito cedo, aqui ¢ além, o costume de consagrar a oragdo comunitaria alguns tempos especiais, por exemplo, a ultima hora do dia, ao entardecer, no momento em que se acendiam as luzes, e a primeira hora da manhi, quando, a0 despontar 0 astro do dia, a noite chega ao seu termo. Com 0 decorrer dos tempos, foram-se ainda santificando pela orago comunitéria outras horas, que os Padres viam insinuadas na leitura dos Atos dos Apéstolos. Assim, os Atos falam-nos dos diseipulos reunidos [para a oragdo] A terceira hora;? o Principe dos Apéstolos "sobe ao terrago da casa para orar, por volta da sexta hora" (10, 9); "Pedro ... e Joo sobem ao templo, para a oragio da hora nona" (G, 1); "ameio da noite, Paulo e Silas, em orago, entoavam louvores a Deus" (16, 25). 2. Estas oragdes, feitas em comunidade, foram-se progressivamente organizando, até que vieram a constituir um ciclo horario bem definido. Esta Liturgia das Ioras, ou Oficio Divino, embora enriquecida de leituras, é antes de mais oragdo de louvor e de siplica: oragao da Igreja, com Cristo e a Cristo, I. A ORAGAO DE CRISTO Cristo, Orante do Pai 3. Vindo ao mundo para comunicar aos homens a vida divina, 0 Verbo que procede do Pai como splendor da sua gldria, "Sumo Sacerdote da Nova e Etema Alianga, Cristo Jesus, ao assumir a natureza ‘humana, introduz nesta terra de exilio o hino que eternamente se canta no Céu".> Desde aquele momento, ressoa no corago de Cristo o louvor divino expresso em termos humanos de adorago, propiciagio ¢ intercessdo. E tudo isto Ele apresenta ao Pai, como Cabega da nova humanidade, Mediador entre Deus os homens, em nome de todos, para beneficio de todos 4. O proprio Filho de Deus, que é "um com o Pai" (ef. Jo 10, 30) ¢ que, ao entrar no mundo, disse: "Eu venho, 6 Deus, para cumprir a tua vontade" (Hebr 10, 9; ef. Jo 6, 38), quis-nos deixar também exemplos da sua orago. E assim € que os Evangelhos no-I’ apresentam com muita frequéncia a orar: quando pelo Pai é revelada a sua missio,4 antes de chamar os Apéstolos,’ quando bendiz a Deus na multiplicagao dos paes,° no monte, aquando da sua transfiguragdo,” quando opera a cura do surdo-mudo 8 ¢ ressuscita a Lazaro,? antes da confissio de Pedro,!® quando ensina os discipulos a orar |! ao regressarem os 167 ~ Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” discipulos da sua missao,'? ao abengoar as criancinhas,'* quando roga por Pedro.!* 1s A sua atividade quotidiana vemo-1 levanta-Se alta madrugada '6 ou fica pela noite além, até 4 quarta vigilia,'7 entregue a oragiio a Deus. estreitamente ligada a orago, como que nasce da oragio; 18 Temos, além disso, justos motivos para crer que tomava parte nas oragGes que publicamente se faziam nas sinagogas, onde "tinha por costume" !9 ir aos sébados, ou no templo, ao qual chamava casa de coragio,2 e bem assim nas oragdes que os piedosos israelitas costumavam fazer diariamente em particular. Recitava também as refeigdes as tradicionais "béncZos" a Deus, como expressamente ven narrado na multiplicagao dos paes,”! na ultima Ceia,?* na ceia de Emats;” e (na ultima Ceia) cantou os salmos com os discipulos”*. Até aos derradeiros momentos da sua vida — préximo j4 da Paixao,25 na diltima Ceia.2* na agonia,”” na Cruz 78 — 0 Divino Mestre apresenta-nos a oragdo como sendo a alma do seu min messidnico e do termo pascal da sua vida. Assim, "nos dias da sua vida morta siiplicas, entre clamores e lagrimas, Aquele que O podia livrar da morte, e foi atendido pela sua piedade" (Hebr 5, 7); e, mediante a oblagdo perfeita consumada na ara da cruz, "realizou a perfeigdo definitiva daqueles que sio santificados" (Hebr 10, 14); finalmente, ressuscitado de entre os mortos, continua sempre vivo a intereeder por nés.?? IL ORAGAO DA IGR Preceito da oragdo 5. Aquilo que Jesus fez, isso mesmo ordenou fizéssemos nés. "Orai" — diz repetidas vezes — "rogai", "pedi" 30" 3° "em meu nome".3! E até nos deixou, na orago dominical, um modelo de oragdo.* Inculea a essidade da oracdo,"? oragao humilde,>4 vigilante,3> perseverante e cheia de confianga na bondade do Pai, feita com pureza de intengdo, consentanea com a natureza de Deus.>” ne Os Apéstolos, por sua vez, apresentam-nos com frequéncia, em suas Epistolas, formulas de oragdo, mormente de louvor ¢ agdo de gragas, e exortam-nos a orar no Espirito Santo,;8 pela mediagdo de Cristo,>? ao Pai,“ com perseveranga e assiduidade;*! sublinham a eficdcia da oragdo para alcangar a io de gragas,"4 de siplica,*5 de intercessao por todos os santidade;* exortam a oragdo de louvor,"? de 46 homens. A Igreja continuadora da oragéo de Cristo 6. Vindo o homem inteiramente de Deus, é seu dever reconhecer e confessar a soberania do seu Criador. Assim o fizeram, através da oragdo, os homens piedosos de todos os tempos. Mas a oragdo dirigida a Deus tem de estar ligada a Cristo, Senhor de todos os homens, ‘inico Mediador,’7 0 tinico por quem temos acesso a Deus.*8 Ele une a Si toda a comunidade dos homens,” e de tal forma que entre a orago de Cristo e a de toda a humanidade existe uma estreita relagdo. Em Cristo, es6n'Ele, valor salvifico e atinge o seu fim. 5 totalmente peculiar e profunda a unido que existe entre Cristo ¢ aqueles que, pelo sacramento da 168 ~ Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” regeneragdo, Ele assume como membros do seu Corpo que é a Igreja. Deste modo, partindo da Cabega, por todo o Corpo se difundem todas as riquezas pertencentes ao Filho: a comunicagio do Espirito, a verdade, a vida, a participagdo na sua filiagdo divina, que se manifestava em toda a sua oragdo enquanto viveu no meio de nés. O sacerdécio de Cristo ¢ também participado por todo o Corpo da Igreja. Os batizados, mediante a regeneragdo e a ungdo do Espirito Santo, so consagrados como casa espiritual e sacerdécio santo; e por esta forma, ficam habilitados a exercer o culto da Nova Alianga, culto este proveniente, ndio das nossas forgas, mas dos méritos e dom de Cristo. "Nenhum dom poderia Deus ter feito aos homens mais valioso do que este: ter-lhes dado por Cabega 0 seu Verbo pelo qual criou todas as coisas, e té-los unido a Ele como membros seus; ter com que Ele seja ao mesmo tempo Filho de Deus ¢ Filho do homem, um s6 Deus com 0 Pai ¢ um s6 homem com os homens. Deste modo, quando falamos a Deus na orago, nao podemos separar d’Ele 0 Filho; e, quando ora 0 Corpo do Filho, nao pode separar de Si mesmo a Cabega, E assim, Ele préprio, 0 Salvador tinico do seu Corpo, Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, quem ora por nés, ora em nds € a Ele nés adoramos. Ora por nés, como nosso Sacerdote; ora em nés, como nossa Cabega; a Ele oramos, st como nosso Deus. Reconhegamos, pois, n’Ele a nossa voz, ¢ a voz d’Ele em nés' E € nisto que assenta a dignidade da oragdo crista: em participar da piedade mesma do Filho Unigénito para com o Pai e daquela orago que Ele, durante a sua vida cd na terra expressou por palavras continua agora, sem interrupgo, em toda a Tgreja e em cada um dos seus membros, em nome € para salvagdo de todo © género humano. Agito do Espirito Santo 8. A unidade da Igreja orante é realizada pelo Espirito Santo, o mesmo que est em Cristo,°? em toda a Tgreja e em cada um dos batizados. "E 0 proprio Espirito que vem em auxilio da nossa fraqueza”; é Ele que "ora por nés com gemidos inefaveis" (Rom 8,26); é Ele mesmo, como Espirito do Filho, que infunde em nés "o espirito da adogdo filial, no qual clamamos: Abba, Pai" (Rom 8,15; ef. Gal 4,6; 1 Cor 12,3; Ef 5,18; Jud 20). Nenhuma oragdo, portanto, se pode fazer sem a agdo do Espirito Santo, o qual, realizando a unidade de toda a Igreja, conduz pelo Filho ao Pai. Cardter comunitério da oragao 9, O exemplo ¢ 0 preceito do Senhor e dos Apéstolos, de orar incessantemente, hao de considerar-se, nao como regra puramente legal, mas como um elemento que faz parte da mais intima esséncia da propria Tgreja, enguanto esta é uma comunidade ¢ deve expressar, inclusive pela oragdo, a sua natureza comunitéria. Daf que, quando nos Atos dos Apéstolos se fala, pela primeira vez, da comunidade dos figis, esta nos aparece reunida precisamente em oragdo, "com as mulheres, com Maria, Mae de Jesus, ¢ seus irmaos” (At 1,14). "A multidao dos crentes era um s6 coragdo ¢ uma sé alma" (At 4,31); © esta unanimidade assentava na palavra de Deus, na comunhio fraterna, na oragdo e na Eucaristia.5> E certo que a oragdo feita a ss no quarto, portas fechadas,*4 é necessaria e recomendavel,>> e nao deixa nunca de ser oragdo de um membro da Igreja, por Cristo, no Espirito Santo. Todavia, a orag’io comunitiria possui uma dignidade especial, baseada nestas palavras de Cristo: "Onde estiverem dois ou trés reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles" (Mt 18,20), 169 ~ Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” MLAL URGIA DAS HORAS Consagracdo do tempo 10, Cristo disse: "EE preciso orar sempre, sem desfalecimento” (Le 18,1). E a Igreja, seguindo fielmente esta recomendacdo, nao cessa nunca de orar, a0 mesmo tempo que nos exorta com estas palavras: "Por Ele (Jesus), oferegamos continuamente a Deus o sacrificio de louvor" (Hebr 13,15). Este preceito é cumprido, ndo apenas com a celebragdo da Eucaristia, mas também por outras formas, de modo particular com a Liturgia das Horas. Entre as demais ages litirgicas, esta, segundo a antiga tradi peculiar a de consagrar todo o ciclo do dia e da noite. , tem como caracteristica 11. Ora, uma vez que o fim da Litur; sua das Horas é a santificagdo do dia e de toda a atividade humana, a trutura teve que ser reformada, no sentido de repor cada uma das Horas, tanto quanto possivel, no seu tempo verdadeiro, tendo em conta 0 condicionalismo da vida moderna.5? Por isso, "ja para santificar realmente o dia, jé para rezar as préprias Horas com fruto espiritual, importa recitélas no momento proprio, quer dizer, naquele que mais se aproxime do tempo verdadeiro correspondente a cada Hora canénica”.8 Relagdo entre a Liturgia das Horas e a Eucaristia 12. A Liturgia das Horas alarga aos diferentes momentos do dia *? 0 louvor e agao de gragas, a meméria dos mistérios da salvagdo, as suplicas, 0 antegozo da gléria celeste, contidos no mistério eucaristico, "centro e vértice de toda a vida da comunidade crista’.°? A propria celebragdo eucaristica tem na Liturgia das Horas a sua melhor preparagdo, porque esta suscita e nutre da melhor maneira as disposigdes necessarias para uma frutuosa celebragdo da Eucaristia, devogiio, o espirito de sacrificio. io da fungdo sacerdotal de Cristo na Liturgia das Horas 13. "A obra da redengio e da perfeita glorificagdo de Deus" *! realiza-a Cristo no Espirito Santo por meio da Igreja, E isto, nfo somente na celebrago da Eucaristia ¢ na administragdo dos Sacramentos, mas também, e dum modo primacial, na Liturgia das Horas. Nela est Cristo presente, quando a assembléia esta reunida, quando é proclamada a palavra de Deus, quando "ora e salmodia a Igreja".' Santificagdo do homem 14. Na Liturgia das Horas, opera-se a santificago do homem® ¢ presta-se culto a Deus, por forma a estabelecer uma espécie de intercdmbio, um didlogo entre Deus ¢ o homem: "Deus fala a0 seu povo, ... € © poyo responde a Deus no canto € na oragao".®5 Aqueles que tomam parte na Liturgia das Horas podem colher dela abundantissimos frutos de santificago, em virtude da palavra de Deus que nela ocupa lugar importantissimo, Efetivamente, & da Escritura Sagrada que sdo tiradas as leituras; aos salmos se vao buscar as palavras de Deus cantadas na 170 Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” sua presenca; duma forte inspiragdo biblica esto repassadas todas as preces, oragdes e cAnticos.®° Nao s6 quando se Ié "aquilo que foi escrito para nossa edificagiio” (Rom 15,4), mas também quando a Tgreja ora ¢ canta, ¢ alimentada a fé dos participantes e os seus coragdes elevamese para Deus, a fim de Lhe oferecerem a homenagem espiritual ¢ d’Ele receberem a graga em maior abundancia.” Lowor prestado a Deus, em unidio com a Igreja celeste 15, Na Liturgia das Horas, a Tgreja exerce a fungdo sacerdotal da sua Cabega, “oferecendo ininterruptamente 8 a Deus o sacrificio de louvor, ou seja, 0 fruto dos labios que glorificam o seu nome". Esta oragao & "a voz da Esposa a falar ao Esposo, e também, a oragdo que o préprio Cristo, unido ao seu Corpo, eleva ao Pai”.7° Consequentemente, "todos os que assim rezam desempenham, por um lado, 0 oficio da propria Tgreja, e, por outro, participam da excelsa honra da Esposa de Cristo, enquanto estdo, em nome da Igreja, diante do trono de Deus, a cantar os divinos louvores ".7! 16. Cantando os louvores de Deus nas Horas candnicas, a Igreja associa-se aquele hino de louvor que por toda a eternidade ¢ cantado na celeste morada.”? Ao mesmo tempo antegoza as delicias daquele celestial louvor que Jodo nos descreve no Apocalipse ¢ que ressoa ininterruptamente diante do trono de Deus e do Cordeiro. Realiza-se a nossa estreita unio com a Igreja celeste, quando "concelebramos em comum exultacdo os louvores da Divina Majestade, quando todos os que fomos resgatados no sangue de Cristo, de todas as tribos, linguas, povos e nagdes (cf. Ap 5, 9), congregados numa sé Igreja, engrandecemos a Deus, uno ¢ trino, no mesmo céntico de louvor",”3 Esta liturgia celeste, jd os profetas a anteviram na vitbria do dia sem noite, da luz sem trevas: "Ja no serd 0 sol a tua luz durante o dia, nem a claridade da lua tua luz durante a noite, porque 0 Senhor serd a tua luz eterna" (Is 60,19; ef. Ap 21,23.25). "Seré um dia continuo, conhecido somente do Senhor, sem alternancia do dia ¢ da noite; ao entardecer, brilhard a luz" (Zac 14,7). Ora, "a iiltima fase dos tempos chegou ja para nés (ef. 1 Cor 10,11); a restaurag#o do mundo encontra-se irevogavelmente realizada e, em certo sentido, antecipada j4 no tempo presente".”* Pela f& somos instruidos acerca do sentido da propria vida temporal, de tal modo que vivemos, com a criagdo inteira, na expectativa da manifestagdo dos filhos de Deus.7> Na Liturgia das Horas, proclamamos a nossa fé, exprimimos e fortalecemos a nossa esperanga, ¢ tomamos parte ja, de certo modo, na alegria do louvor perene, do dia que nao conhece caso. Siiplica e intercessao 17. Mas, na Liturgia das Horas, a par do louvor divino, a Igreja expressa igualmente os votos e anseios de todos os cristdos; mais ainda: roga a Cristo e, por Ele, ao Pai pela salvagdo do mundo inteiro.7° E esta voz nao é somente a voz da Igreja; é também a voz de Cristo, uma vez que todas as oragdes sdo proferidas em nome de Cristo — "por Nosso Senhor Jesus Cristo". Deste modo, a Igreja prolonga aquelas preces stplicas que 0 mesmo Cristo fazia nos dias da sua vida mortal;”” dai, a sua particular eficdcia, Nao é, portanto, somente pela caridade, pelo exemplo, pelas obras de peniténcia, mas também pela oragdo, que a comunidade eclesial exerce uma verdadeira maternidade para com as almas, no sentido de as conduzir a B Cristo. 71 ~ Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” Isto diz respeito principalmente a todos aqueles que receberam mandato especial de celebrar a Liturgia das Horas, isto ¢: os bispos e presbiteros, que tém por dever de oficio orar pela grei que Ihes esta confiada e por todo 0 povo de Deus,”? os outros ministros sagrados e os religiosos.*” Apice e fonte da atividade pastoral contribuem, através duma misteriosa fecundidade 18. Aqueles que tomam parte na Liturgia das Hora apostélica, para o incremento do povo de Deus.*! Efetivamente, o objetivo do trabalho apostélico & conseguir que "todos aqueles que pela fé e pelo batismo se tornaram filhos de Deus se reinam em assembléia, louvem a Deus na Igreja, participem no sacrificio, comam a Ceia do Senhor" &? Por esta forma, os fiéis exprimem na sua vida e manifestam aos outros "o mistério de Cristo e a genuina natureza da verdadeira Igreja, que tem como caracteristica peculiar o ser ... visivel ¢ dotada de riquezas invisiveis, ardorosa na ago e dedicada & contemplagdo, presente no mundo ¢, todavia, peregrina". 8 Por outro lado, as leituras ¢ as preces da Liturgia das Horas so fonte de vida erista. Esta vida alimenta-se na mesa da Escritura Sagrada e nas palavras dos Santos e robustece-se na oragdo. O Senhor, sem 0 qual nada podemos fazer,8* quando O invocamos, da eficaci assim, dia apés dia, vamos sendo edificados como templo de Deus no Espirito, ® até atingirmos a medida da idade perfeita de Cristo;87 ao mesmo tempo, vamos robustecendo as nossas energias para podermos anuneiar Cristo aqueles que esta € incremento as nossas obras;*> & fora.8® Que a mente concorde com a voz 19. Para que esta orago seja propria de cada um daqueles que nela tomam parte, seja fonte de piedade e da multiforme graga divina e sirva também de alimento & oragdo pessoal e & atividade apostélica, importa celebré-la com dignidade, atengdo e devogo, e fazer com que o espirito concorde com a voz.8? 5 necessario que todos cooperem com a graca divina, para que no a recebam em vao. Buscando a Cristo e esforgando-se por aprofundar o seu mistério na oragio,°? louvem a Deus e elevem as suas stiplicas com 0 mesmo espirito com que orava o Divino Salvador. IV. QUEM C. ELEBRA A LITURGIA DAS HORAS a) Celebragao comunitéria 20. A Liturgia das Horas, tal como as demais ages litirgicas, nao é agdo privada, mas pertence a todo 0 corpo da Igreja, manifesta-o e afeta.°! O carater eclesial da celebrag4o aparece-nos com toda a sua clareza ~, por isso mesmo, é sumamente recomendavel — quando realizada, com a presenga do préprio Bispo rodeado dos seus presbiteros e restantes ministros,°? por uma Igreja particular, "na qual esté presente e operante a Igreja de Cristo, una, santa, catélica e apostélica".%3 Esta celebragao, quando levada a efeito, mesmo sem a presenga do Bispo, por um cabido de cénegos ou por outros presbfteros, far-se-4 sempre atendendo A verdade das Horas e, tanto quanto possivel, com a participagdo do povo. © mesmo se diga dos cabidos das colegiadas. 21. As outras assembleias de figis, entre as quais ha que destacar as paréquias como células da diocese, localmente constituidas sob a presidéncia dum pastor como substituto do Bispo, e que "dalgum modo 172 ~ Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” representam a Igreja visivel estabelecida por toda a terra", celebrem as Horas principais, quanto possivel, na igreja ¢ em forma comunitatia 22 Sempre que os figis so convoeados ¢ se retinem para celebrar a Liturgia das Horas, pela unido das ‘vozes e dos coragées manifestam a Igreja que celebra o mistério de Cristo.?5 23. E fungdo daqueles que receberam as ordens sacras ou foram investidos dalguma especial missio 96 candnica”® organizar e dirigir a oragao da comunidade. "Devem, por isso, esforgar-se para que todos aqueles que esto entregues aos seus cuidados sejam undnimes na oragio".°7 Procurardo convidar os fi¢is ¢ formé-los mediante uma catequese adequada para a celebragdo comunitiria das partes mais importantes da Liturgia das Horas, mormente nos domingos e festas.°* Hao-de ensind-los a fazer desta participagdo uma orago auténtica.”” Para isso, terdo que os ajudar, através duma formago apropriada, a penetrar no sentido cristio dos salmos, por forma a serem levados, pouco a pouco, a saborear e utilizar mais amplamente a oragao da Igreja.!° 24, As comunidades de cdnegos, de monges, de monjas e de outros religiosos, que, por forga da Regra ou das Constituig6es, celebram integral ou parcialmente a Liturgia dasHoras, quer segundo o rito comum quer segundo o seu rito particular, representam a Igreja orante dum modo muito especial. Estas comunidades reproduzem de uma forma mais completa a imagem da Igreja a cantar ininterruptamente, numa s6 voz, os louvores divinos; além disso, cumprem também o dever de "trabalhar", antes de mais pela oragio, "para a edificago e crescimento de todo o Corpo Mistico de Cristo e para o bem das igrejas particulares",'°! Isto se aplica de modo especial aos que se entregam a vida contemplativa. 25. Os ministros sagrados ¢ todos os clérigos nao obrigados por outro titulo a celebragdo comunitaria, quando vivam em comunidade ou se encontrem juntos, procurem celebrar em comum pelo menos algumas das partes da Liturgia das Horas, mormente Laudes pela manh e Vésperas a tarde.!°* 26. Aos religiosos de ambos os sexos no obrigados a celebrago comunitéria e aos membros de qualquer Instituto de perfeigdo, recomenda-se encarecidamente que se reinam em comum, ou entre si ou juntamente com o povo, para celebrar a Liturgia das Horas ou alguma parte da mesma. 27. Os grupos de leigos, onde quer que se encontrem reunidos, seja qual for o motivo destas reunides — oragio, apostolado ou outro motivo — so igualmente convidados a desempenhar esta fungdo da Igreja,!3 celebrando alguma parte da Liturgia das Horas. Importa, de fato, que aprendam acima de tudo a adorar a Deus Pai em espirito e verdade! na agdo litérgica, e se lembrem que, através do culto piblico ¢ da oragdo, eles podem atingir todos os homens e contribuir muito para a salvagao do mundo inteiro.!°5 Convém, finalmente, que a familia, qual santudrio doméstico da Igreja, ndo se contente com a oragio feita em comum, mas, dentro das suas possibilidades, procure inserir-se mais intimamente na Igreja, com a recitagdo dalguma parte da Liturgia das Horas.!°* ) Mandato de celebrar a Liturgia das Horas 28. A Liturgia das Horas esté, de modo muito particular, confiada aos ministros sagrados. E assim, cada um deles esta obrigado a celebra-la, mesmo na auséncia de povo, fazendo, claro esta, as necessarias adaptagdes. Efetivamente, os ministros sagrados sio deputados pela Igreja para celebrar a Liturgia das Horas, para que esta fungdo de toda a comunidade seja desempenhada ao menos através deles, de uma 173 ~ Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” forma certa e constante, e se continue na Igreja, ininterruptamente, a oragdo de Cristo.!7 © Bispo é, de modo eminente, o representante visivel de Cristo ¢ © sumo sacerdote do seu rebanho. Dele, em certo sentido, deriva ¢ depende a vida dos seus figis em Cristo.!°8 Portanto, deve ser ele, entre os membros da sua Igreja, o primeiro na oragdo. E esta sua oragdo, quando recita a Liturgia das Horas, é feita sempre em nome da Igreja ¢ a favor da Igreja que Ihe est confiada.!°? Os presbiteros, unidos ao Bispo e a todo o presbitério, fazem também, dum modo especial, as vezes de Cristo sacerdote, '!® ¢ participam da mesma fungdo, orando por todo 0 povo a eles confiado e pelo mundo inteiro,!!! Todos estes desempenham 0 ministério do bom Pastor que roga pelos seus para que tenham a vida am consumados na unidade.''? Na Liturgia das Horas, que a Igreja hes propde, nao somente encontrardo uma fonte de piedade e alimento para a oragdo pessoal,!!3 mas também um meio de alimentar ¢ desenvolver, pela riqueza da contemplagdo, a sua ago pastoral e missionéria, para alegria de toda a Igreja de Deus.!!4 29. Por conseguinte, os bispos, os presbiteros e todos os outros ministros sagrados, que receberam da Igreja o mandato (cf. n. 17) de celebrar a Liturgia das Horas, esto obrigados a celebrar diariamente 0 ciclo completo destas mesmas Horas, guardando, quanto possivel, a sua correspondéncia com a respectiva, hora do dia. Primeiramente, dardo a devida importéncia aquelas Horas que constituem, por assim dizer, 0 fulero desta Liturgia, isto &, Laudes e Vésperas. Estas Horas procurem ndo as omitir, a ndo ser por motivo grave, Serdo também figis em celebrar 0 Oficio das Leituras, que & por exceléneia uma celebragao litdrgica da palavra de Deus. Por esta forma se desempenhardo cada dia do minus que por titulo peculiar Ihes incumbe, que € 0 de acolher a palavra de Deus, a fim de se tormarem mais perfeitos discipulos do is riquezas de Cristo.'! Senhor e mais profundamente saborearem as insondav Para melhor santificarem 0 dia, terao a peito rezar também a Hora Média, bem como Completas, com as quais terminam 0 "servigo divino” e se encomendam ao Senhor antes de recolher a0 leito. 30, E da maxima conveniéneia que os di Liturgia das Horas, conforme a Conferéncia E conos permanentes recitem todos os dias pelo menos parte da jiscopal determinar.!!6 31. a) Os cabidos das catedrais e das colegiadas recitaro no coro as partes da Liturgia das Horas a que, seja pelo direito comum seja pelo direito particular, esto obrigados. E cada um dos membros destes cabidos, além das Horas que sao obrigatérias para todos os ministros sagrados, esté obrigado a recitar individualmente aquelas Horas que sfo celebradas pelo respectivo cabido,!!7 5) As comunidades religiosas obrigadas a Liturgia das Horas, e cada um dos respectivos membros, celebrardo as Horas segundo 0 que estiver determinado pelo seu direito particular, salvo 0 prescrito no n. 29 para os que receberam as Ordens sacras. 174 ~ Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” As comunidades obrigadas ao coro, essas celebrardo diariamente o ciclo integral das Horas.''® Fora do coro, os membros (destas comunidades) recitarao as Horas em conformidade com o seu direito particular, salvo sempre o preserito no n, 29. 32. As restantes comunidades religiosas ¢ a cada um dos seus membros, recomenda-se que, tanto quanto Iho permitirem as condiges em que se encontram, celebrem algumas partes da Liturgia das Horas, porque esta ¢ a oragdo da Igreja, que faz. de todos os que andam dispersos um s6 coragdo © uma s6 alma.'!9 Igual recomendagao ¢ feita aos leigos.!2° c) Estrutura da celebragao 33. A Liturgia das Horas é regulada segundo leis préprias. Nela se combinam, de uma forma particular, elementos comuns as outras celebragées cristis. Na sua estrutura geral, inclui sempre: primeiramente 0 hino, depois a salmodia, a seguir uma leitura, longa ou breve, da Sagrada Escritura, finalmente as preces. Tanto na celebracdo comunitiria como na recitagdo individual, a estrutura essencial é sempre a mesma: didlogo entre Deus ¢ 0 homem. Todavia, a celebragdo comunitéria manifesta mais claramente a natureza eclesial da Liturgia das Horas. Pelas aclamagGes, pelo didlogo, pela salmodia alternada, ete., favorece também a participagdo ativa de todos, segundo a condigdo de cada um. Além disso, respeita melhor as diferentes formas de expressio.!2! Consequentemente, sempre que seja possivel uma celebragdo comunitria, com a assisténcia e participacdo ativa dos fiis, esta deve preferir-se a celebracdo individual e¢ como que privada. '2? Além disso, na recitagdo coral e comunitaria, convém, quanto possivel, que 0 Offcio seja cantado de acordo com a natureza e fungao de cada uma das suas partes. Deste modo se pora em pratiea a recomendagdo do Apéstolo: "A palavra de Cristo permanega em vvés em toda a sua riqueza, para vos instruirdes ¢ aconselhardes uns aos outros com toda a sabedoria; ¢ com salmos, hinos ¢ cdnticos inspirados, cantai de todo 0 coragdo a Deus a vossa gratidao " (Col 3,16; cf. Ef 519-20), CAPITULO I SANTIFICAGAO DO DIA: AS DIVERSAS HORAS LITURGICAS L INTRODUGAO A TODO 0 OFICIO. 34. A introdugiio a todo 0 Oficio € normalmente formada pelo Invitatério. Este & constituido pelo versiculo — Abri, Senhor, os meus labios: E a minha boca anuneiara o vosso louvor — e pelo salmo 94, Este salmo é um convite dirigido todos os dias aos figis para que celebrem os louvores de Deus ¢ escutem @ sua Voz, € a0 Mesmo tempo uma exortagZo a esperarem "o repouso do Senhor"!. Se parecer bem, o salmo 94 pode ser substituido pelos salmos 99, 66 ou 23. © salmo invitatorio deve ser recitado, como se indica no lugar proprio, em forma responsorial, quer dizer, acompanhado da respectiva antifona. Esta é enunciada e repetida no prinefpio, ¢ retomada apés cada estrofe. 175 Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” 35. O Invitatério tem o seu lugar préprio no prinefpio de todo o ciclo da oragio quotidiana; isto é, ou antes das Laudes ou antes do Oficio das Leituras, conforme o dia se iniciar com uma ou outra destas duas agdes litirgicas. No caso de se dever antepor a Laudes, pode-se omitir eventualmente 0 salmo com a respectiva antifona. 36. As antifonas do Invitatério variam conforme os dias litirgicos, como é indicado em seu lugar proprio. TI. LAUDES E VESPERAS. 37."As Laudes, como oragdo da manha, e o as Vésperas, como oracdo da tarde, constituem segundo uma venerdvel tradi¢o da Igreja universal, como que os dois pélos do Oficio quotidiano; por isso, devem 2 considerar-se como Horas principais, ¢ como tais se devem celebrar' 38. As Laudes destina-se a santificar 0 tempo da manha; e, como se pode ver por muitos dos seus elementos, neste sentido estdo estruturados. O seu cardter de oragdo da manba esté belamente expresso nestas palavras de S. Basilio Magno: "O louvor da mana tém por fim consagrar a Deus os primeiros movimentos da nossa alma e do nosso espirito, de modo a nada empreendermos antes de nos alegrarmos com o pensamento de Deus, segundo o que esti escrito: "Lembreieme de Deus, e enchi-me de alegria" (Salmo 76,4); e ainda para que o corpo nao se entregue ao trabalho antes de fazermos 0 que est escrito: "Eu Vos invoco, Senhor, pela manhd, e ouvis a minha voz: de manha vou 4 vossa presenga e espero confiado" (Salmo 5,4-5).3 Esta Hora, recitada ao despontar da luz de um novo dia, evoca também a Ressurreigado do Senhor Jesus, a Luz verdadeira que ilumina todos os homens (cf. Jo 1,9), © "Sol de Justiga" (Mal 4,2), 0 "Sol nascente que vem do alto” (Le 1,78). Neste sentido, compreende-se perfeitamente a recomendagdo de S. Cipriano: "Devemos orar logo de manha para celebrar, na oragdo matinal, a Ressurreigdo do Senhor"*. 39. As Vésperas celebram-se & tarde, ao declinar do dia "a fim de agradecermos tudo quanto neste dia nos foi dado e ainda o bem que nés préprios tenhamos feito"S. Com esta oragdo, que fazemos subir "como incenso na presenga do Senhor" ¢ em que o "erguer das nossas mos ¢ como o sacrificio vespertino"®, recordamos também a obra da Redenedo. E, "num sentido mais sagrado, pode ainda evocar aquele verdadeiro sacrificio vespertino que o nosso Salvador confiou aos Apéstolos na titima Ceia, ao inaugurar os sacrossantos mistérios da Igreja, quer aquele sacrificio vespertino que, no dia seguinte, no fim dos tempos, Ele ofereceu ao Pai, erguendo as mos para a salyagio do mundo inteiro"?. Finalmente, no sentido de orientar a nossa esperanga para a luz sem crepuisculo, "oramos e pedimos que sobre nés brilhe de novo a luz, imploramos a vinda de Cristo, que nos vird trazer a graga da luz eterna"®. Nesta hora, unimos as nossas vozes as das Igrejas orientais, cantando: "Luz esplendente da santa gloria do Pai celeste e imortal, santo e glorioso Jesus Cristo! Chegada a hora do sol poente, contemplando a estrela vespertina, cantamos ao Pai e ao Filho ao Espirito Santo 40. Dar-se-4, portanto, a estas duas Horas de Laudes e Vésperas a maxima importancia como oragdo da comunidade crist3. Promover-se-4 a sua celebragZo piblica e comunitaria, principalmente entre as pessoas que vivem em comunidade. Recomenda-se mesmo a sua recitagdo a todos os figis que nao possam tomar parte na celebragdo comunitaria 41, As Laudes e as Vésperas comegam pelo versiculo — Vinde, 6 Deus, em meu auxilio. Socorrei-me sem demora — ao qual se segue 0 Gléria ao Pai... com 0 Como era no principio..., ¢ (fora do tempo da Quaresma) Aleluia. Tudo isto, porém, se omite nas Laudes, quando estas forem antecedidas do 176 ~ Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” Invitatério. 42. Segue-se o hino respectivo. A funsio do hino é dar a cada hora do Oficio ou a cada festa como que a sua tonalidade propria; e ainda, de modo particular nas celebragGes com o povo, tornar mais facile agradavel o comego da oragao. 43. A seguir ao hino, vem a salmodia, conforme os nn. 121-125. A salmodia das Laudes consta de um salmo de carter matinal, um eantico do Antigo Testamento ¢ um salmo laudatério, segundo a tradigao da Igreja ‘A salmodia das Vésperas consta de dois salmos (ou de duas segées de um salmo mais longo) adequados a esta Hora ¢ & celebragdo com 0 povo, mais um cantico tirado das Epistolas ou do Apocalipse. 44. Terminada a salmodia, segue-se uma leitura, breve ou longa. 45. A leitura breve é variavel conforme o dia, o tempo litirgico ou a festa. Ha de ser lida e escutada como verdadeira proclamagao da palavra de Deus, na qual se propde, de uma forma incisiva, um pensamento sagrado e € posta em relevo alguma frase mais breve que na leitura continua da Sagrada Escritura passaria despercebida. As leituras breves variam para cada dia do ciclo salmédico, 46. Em ver da leitura breve, pode-se escolher, mormente na celebrago com © povo, uma leitura biblica mais longa tirada quer do Oficio das Leituras quer das leituras da Missa, devendo-se escolher de preferéncia aqueles textos que, por qualquer razo, nao tenham podido ser lidos. Nada impede também que, uma vez por outra, se escolha uma leitura mais apropriada, segundo as normas dos nn. 248-249 ¢ 251. 47. Na celebrago com © povo, se parecer bem, pode-se ajuntar uma breve homilia, de comentério & leitura precedente, 48. Apés a leitura ou a homilia, se for oportuno, pode-se guardar um momento de siléncio. 49. Como resposta a palavra de Deus, segue-se um canto responsorial ou responsério breve, que eventualmente se pode omitr. Também pode ser substituido por outro canto de fungdo e caracteristicas idénticas, desde que esteja devidamente aprovado pela Conferéneia Episcopal. 50. Seguidamente, diz-se 0 céntico evangélico com sua antifona: nas Laudes, 0 cAntico de Zacarias, Benedictus; nas Vésperas, 0 cantico da B. Virgem Maria, Magnificat. Estes cdnticos, cujo uso radica numa tradigdo secular e popular da Igreja Romana, so um hino de louvor e acgdo de gragas pela redengdo, As antifonas de Benedictus ¢ de ‘Magnificat variam conforme o dia, o tempo litargico ou a festa 51. Terminado 0 cdntico, seguem-se: nas Laudes, as preces, a consagrar o dia ao Senhor; nas Vésperas, as siiplicas de intercessio (cf. nn. 179-193) 52. As preces ou as stiplicas segue-se 0 Pai Nosso, recitado por todos. 177 ~ Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” 53. Depois do Pai Nosso, diz-se a oragdo conclusiva. Esta, para os dias de semana do Tempo Comum, vem no Saltério; para os restantes dias, no Proprio, 54, Seguidamente, no caso de presidir & celebragdo um sacerdote ou didcono, este faz a despedida do povo, com a saudagao O Senhor esteja convosco e a béngdo, como na Missa, e o convite Vamos em paz. R. Amen, Alids, termina a celebrago com O Senhor nos abengoe, etc. III. OFICIO DAS LEITURAS 55. 0 Oficio das Leituras visa proporcionar ao povo, e muito especialmente aqueles que de modo peculiar esto consagrados ao Senhor, uma meditagdo mais rica da Sagrada Escritura e das mais belas paginas dos autores espirituais, Embora as leituras que hoje se fazem na Missa, todos os dias, formem ja um ciclo bastante completo dos textos biblicos, todavia, o tesouro da revelagdo e da tradigo contido no Oficio das Leituras pode ser de grande proveito espiritual, Sdo os sacerdotes os primeiros que devem procurar aproveitar-se destas riquezas, de modo que, recebendo eles mesmos a palavra de Deus, a possam dispensar a todos e fagam do seu ensino "alimento do povo de Deus". 56. "A leitura da Escritura sagrada deve ser acompanhada da oragio, para que seja um didlogo entre Deus 0 homem: "a Ele falamos quando oramos, a Ele ouvimos quando lemos os divinos oraculos"!®. E é por isso que 0 Oficio de Leitura se compe também de salmos, hino, oragdo e outras formulas, que Ihe dio um carter de verdadeira ora. 57. Segundo a Constituigdo Sacrosanctum Concilium, o Oficio das Leituras, "embora, quando recitado no coro, conserve 0 seu carter de louvor notumo, deve ser reformado no sentido de se poder recitar a qualquer hora do dia; o ntimero dos salmos deve também ser reduzido, e as leituras mais longas"!! 58. Neste sentido, aqueles que por direito particular esto obrigados a manter este Oficio com 0 seu cardter de louvor noturo, ou aqueles que louvavelmente assim o queiram fazer, quer o recitem de noite quer de madrugada, antes de Laudes, devem escolher, no Tempo Comum, o hino dentro da série destinada a este fim. Além disso, para os domingos, solenidades e certas festas, ter-se-4 em conta 0 que se diz nos nn, 70-73, a respeito das vigilias. 59, Salva a disposigaio do mimero precedente, 0 Oficio da Leitura pode-s ow até no dia anterior, noite, depois de recitadas as Vésperas. e recitar a qualquer hora do dia, 60, No caso de o Oficio das Leituras se recitar antes de Laudes, ser precedido do Invitatério, como acima ficou dito (nn. 34-36). Alias, comegara pelo versiculo Vinde, 6 Deus, em meu auxilio... com Gléria a0 Pai, Como era, e (fora do tempo da Quaresma) Aleluia. 61. A seguir, diz-se 0 hino, Este, no Tempo Comum, toma-se ou da série notuna, como atras ficou dito (n. 58), ou da série diurna, consoante a hora da celebragao. 62. Vem depois a salmodia, constituida por trés salmos (ou trés secgGes, no caso de os salmos correntes serem mais longos). No Triduo Pascal, nos dias dentro das oitavas da Pascoa e do Natal, bem como nas solenidades ¢ festas, os salmos, com as respectivas antifonas, sao préprios. Nos domingos e dias de semana, os salmos, com as respectivas antifonas, tomam-se da série corrente do Saltério. Tomam--se igualmente da série corrente do Saltério nas memérias dos Santos, a ndo ser que estas tenham salmos ¢ antifona proprias (cf. nn. 218 ss.) 178 ~ Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” se normalmente, © ve 63. Depois dos salmos, di leituras culo, a servir de transig&o entre a salmodia e as 64. Sdo duas as leituras: a primeira, tirada da Biblia; a segunda, das obras dos Padres ou dos Escritores eclesidsticos, ou entdo uma leitura hagiografica. 65. Apés cada leitura, diz-se um responsério (ef. nn. 169-172). 66. Normalmente, a leitura biblica ¢ a indieada no Préprio do Tempo, segundo as normas dadas mais adiante, nn. 140-155, Nas solenidades e festas, a leitura biblica toma-se do respectivo Préprio ou Comum, 67. A segunda leitura, com seu responsério, toma-se a escolha, ou do livro da Liturgia das Horas ou do Lecionério facultativo, de que se fala mais adiante, n. 161. ‘Nas solenidades ¢ nas festas dos Santos, diz-se uma leitura hagiografica propria ou, na falta desta, a segunda leitura do respective Comum dos Santos. Nas memérias dos Santos cuja celebrago no sej impedida, diz-se a leitura hagiogréfica em vez da segunda leitura corrente (ef. nn. 166 ¢ 235). 68. Nos domingos fora da Quaresma, nos dias dentro das oitavas da Pascoa e do Natal, nas solenidades e festas, apés a segunda leitura com seu responsorio, diz-se o hino Te Deum (o qual se omite nas memérias e nos dias de semana). Querendo, pode-se omitir a iltima parte deste hino, desde verso Salvai, Senhor, © vosso povo até ao fim. 69. O Oficio das Leituras termina com a oragdo propria do dia, seguida, pelo menos na recitagdo comunitiria, da aclamagdo Bendigamos ao Senhor. R. Gragas a Deus. IV. VIGILIAS 70. A Vigilia pascal é celebrada em toda a Igreja na forma indicada nos respectivos livros litargicos. "A. vigilia desta noite", diz S, Agostinho, "é de tal grandeza, que s6 ela pode reivindicar como proprio seu 0 nome comum dado as outras vigilias"!?, "Passamos em vigilia a noite em que o Senhor ressuscitou, em que para nés inaugurou, na sua came, aquela vida em que ndo ha morte nem sono... E assim, Aquele que, numa vigilia um pouco mais prolongada, cantamos ressuscitado, nos concedera a graga de reinarmos com p13: Ele numa vida sem fim’ 71. A semelhanga da Vigilia pascal, introduziuese em diversas igrejas o costume de iniciar igualmente com uma vigilia diversas solenidades. Entre estas, destacam-se 0 Natal do Senhor e 0 dia do Pentecostes. Este costume deve-se conservar e promover, segundo o uso de cada Igreja. Onde, eventualmente, convenha realgar com uma vigflia outras solenidades ou peregrinagdes, seguir-se-40 as normas respeitantes as celebragées da palavra divina 72. Os Padres ¢ os autores espirituais exortam com muita frequéncia os figis, sobretudo os que levam vida contemplativa, a pratica da orag4o noturna. Ela exprime e aviva a espera do Senhor que vem: "A meia- noite, ouve-se um clamor: Ai vem o esposo, ide ao seu encontro" (Mt 25,6). "Estai vigilantes, pois nao sabeis a hora em que o Senhor vem: se ai tarde, se a meia-noite, se ao cantar do galo, se de manhii; no va ele chegar de repente e vos encontre a dormir" (Me 13,35-36). Por isso, merecem louvor todos aqueles que mantém o Oficio das Leituras com o seu carater de oragfio noturna. 73. © Oficio das Leituras, no Rito Romano, continua a ser muito breve, por causa daqueles que se 179 ~ Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” dedicam ao apostolado. No entanto, aqueles que, seguindo a tradigio, desejarem prolongar um tanto mais a celebragdo da vigilia dominical, das solenidades ou das festas, procederdo do seguinte modo: Primeiramente, celebra-se 0 Oficio das Leituras tal como vem no livro da Liturgia das Horas, até as leituras inclusive. Depois das leituras, antes do Te Deum, dizem-se os cfinticos que para esse efeito vém indicados no Apéndice do referido livro, Seguidamente, Ié-se 0 Evangelho, sobre 0 qual, eventualmente, se pode fazer uma homilia, Por ultimo, canta-se o hino Te Deum e recita-se a oragao © Evangelho, nas solenidades e festas, tomar-se-4 do Lecionirio da Missa; aos domingos, da série de leituras referentes ao mistério pascal, como vem indicado no Apéndice do livro da Liturgia das Horas. v. RGA (ORACGAO DAS NOVE), SEXTA (ORACAO DAS DOZE) QUINZE HORAS): HORA MEDIA 2 NONA (ORACAO DAS 74, Segundo a mais antiga tradigao, a exemplo do que se fazia na Igreja Apostélica, costumavam os cristios, por devogao privada, orar a certas horas do dia, mesmo no meio do trabalho. Com o decorrer dos tempos, esta tradi¢do veio a revestir diversas formas de celebragao litirgica. 75. O uso litirgico, tanto do Oriente como do Ocidente conservou a Oragdo das Nove, das Doze e das Quinze Horas, sobretudo por Ihes andar ligada a meméria de certos acontecimentos da Paixdo do Senhor ¢ da primeira propagagdo do Evangelho. 76. © Concilio Vaticano II ordenou que, no coro, se mantivessem a Oragio das Nove, das Doze e das Quinze Horas.'4 Salvo direito particular, devem igualmente manter o uso litirgico de recitar estas trés Horas os que professam vida contemplativa. Alids, a todos é recomendado, mormente aqueles que tomam parte em retiros espirituais ou em reunides de carter pastoral 77. Fora do coro, salvo o direito particular, é permitido escolher uma s6 destas trés Horas, a que mais convier & hora do dia, a fim de manter a tradigao de orar durante o dia, a meio do trabalho. 78. Na estrutura da Oragdo das Nove, das Doze ¢ das Quinze Horas, atendeu-se tanto aos que recitam uma sé destas Horas, ou seja, a “Hora Média”, como aos que, por obrigago ou devogdo, recitam as trés. 79. A Oragdo das Nove, das Doze e das Quinze Horas, ou Hora Média, comegam pelo versiculo introdutério, Vinde, 6 Deus, em meu auxilio..., com Gléria, Como era, e (fora do tempo da Quaresma) Aleluia, Segue-se 0 hino correspondente 4 Hora. Depois vem a salmodia. A seguir, uma leitura breve, seguida de um versiculo, Termina-se com a orago e, pelo menos na recitago comunitéria, com a aclamagdo Bendigamos ao Senhor. R. Gragas a Deus. 80. Para cada uma destas Horas, esto indicados hinos e oragdes diferentes, a condizer, segundo a tradigo, com o tempo verdadeiro, no sentido de melhor se obter a santificagdo das horas do dia. Por isso, quem recitar uma Hora somente devera escolher os elementos correspondentes a essa Hora. Leituras breves e oragdes variam também consoante o dia, o tempo litiirgico ou a festa 81. Apresenta-se um duplo esquema de salmodia: uma corrente, outra complementar. Quem recitar sé uma [Tora escolher a salmodia corrente. Quem recitar mais do que uma Hora, diré numa delas a salmodia corrente ¢ nas outras a complementar. 180 ~ Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” 82. A salmodia corrente consta de trés salmos (ou trés secgdes, no caso de salmos mais extensos) do ciclo do Saltério, com suas antifonas, salvo indicagdo em contrario. Nas solenidades, no Triduo Pascal e nos dias dentro das oitavas da Pascoa e do Natal, dizem-se antifonas préprias com os trés salmos da salmodia complementar, salvo se houver salmos especiais ou a celebragio duma solenidade ocorer ao domingo; neste iiltimo caso, tomam-se os salmos do domingo, correspondentes & 1* semana, 83. A salmodia complementar consta de trés grupos de salmos, normalmente escolhidos da série dos salmos ditos "graduais". VI. COMPLETAS. 84. As Completas sfo a iiltima orago do dia. Rezam-se antes de iniciar o descanso notumo, ainda que, eventualmente, jé passe da meia-noite. 85. As Completas comega, do mesmo modo que as restantes Horas, pelo versfculo Vinde, 6 Deus, em meu auxilio..., com Gléria, Como era e (fora do tempo da Quaresma) Aleluia, 86. A seguir, é louvavel que se fuga o exame de consciéncia, Na celebrago comunitaria, este é feito ou em siléncio ou inserido num ato penitencial, segundo os formulirios do Missal Romano. 87. Depois diz-se o hino respectivo. 88. A salmodia, nos domingos, depois das 1 Vésperas, consta dos salmos 4 e 133; depois das I Vésperas, do salmo 90. Para os outros dias, foram escolhidos salmos apropriados, que excitem sobretudo a confianga no Senhor. E, porém, facultada a substituigdo destes salmos pelos do domingo, para comodidade, principalmente, daqueles que desejem porventura rezar Completas de cor. 89. Depois da salmodia, ha uma leitura breve, seguida do respons6rio Em vossas maos. A seguir, diz-se 0 cdntico evangélico Nunc dimittis, com a respeetiva antifona, Este eantico é, de certo modo, 0 ponto culminante de toda esta Hora litargica. 90. A oragdo conclusiva é a que vem indicada no Saltério. 91. Depois da oragao, diz-se, mesmo na recitagdo individual, © Senhor nos conceda... 92. E termina-se com uma das antifonas de Nossa Senhora, No tempo pascal, diz-se sempre Regina caeli. Além das antifonas que vém no livro da Liturgia das Horas, podem as Conferéneias Episcopais aprovar outras.!$ VII. LIGAGAO OCASIONAL DAS HORAS DO OFICIO COM A MISSA OU ENTRE SI Em casos particulares, quando as circunstancias o pedirem, na celebragdo piblica ou comunit pode-se fazer uma ligago mais estreita da Missa com uma Hora do Oficio, dentro das normas a seguir 181 ~ Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” indicadas, contanto que a Missa ¢ a Hora pertengam ao mesmo Oficio. Evitar-se-a, porém, que isto redunde em prejuizo do bem pastoral, mormente aos domingos. 94, Quando a Missa ¢ precedida imediatamente das Laudes, celebradas no coro ou em comum, a ago litirgica pode comegar ou pelo versiculo introdutério e 0 hino das Laudes, sobretudo nos dias feriais, ou pelo canto e procissio de entrada e saudacao do celebrante, principalmente nos dias festivos. Num e noutro caso, omitir-se-d um destes dois ritos iniciais. Segue-se a salmodia das Laudes, na forma habitual, até 4 leitura breve exclusive. Terminada a salmodia, omitido o ato penitencial e eventualmente 0 Kyrie, diz-se o Gloria, segundo as rubricas, € 0 celebrante recita a orago da Missa. Segue-se a Liturgia da palavra, como de costume. A oragdo universal faz-se na devida altura e na forma acostumada para a Missa. Contudo, nos dias feriais, na Missa matutina, em vez dos formulirios quotidianos da oras%o universal, podem-se dizer as preces matinais prdprias de Laudes. Depois da comunhao, com o respectivo cdntico, diz-se 0 Benedictus com sua antifona das Laudes. Segue-se a orago depois da comunhio, ¢ tudo o mais como de costume. 95. No caso de a Missa ser precedida imediatamente da celebragao piblica da Hora Média, quer dizer, Oragao das Nove, das Doze e das Quinze Horas, a agdo litirgica pode igualmente comecar ou pelo versiculo introdutério e o hino da respectiva Hora, sobretudo nos dias feriais, ou pelo canto e procissio de entrada e saudagdo do celebrante, mormente nos dias festivos. Num e noutro caso, omitir-se-A um destes dois ritos iniciais. Segue-se a salmodia da respectiva Hora, como de costume, até & leitura breve exclusive. Terminada a salmodia, omitido o ato penitencial e eventualmente o Kyrie, diz-se o Gloria, segundo as rubricas, eo celebrante recita a oragdo da Missa 96. Quando a Missa & precedida imediatamente das Vésperas, estas ligam-se 4 Missa da mesma forma que Laudes. Note-se, porém, que ndo se podem celebrar as primeiras Vésperas das solenidades, domingos ¢ festas do Senhor que ocorram ao domingo, sendo depois de celebrada a Missa do dia anterior ou sibado. 97. No caso de a Hora Média, quer dizer, Oragdo das Nove, das Doze © das Quinze Horas, ou as ‘Vésperas, se seguirem a Missa, esta sera celebrada na forma habitual até a oragdo depois da comunhao inclusive. Dita a oragdo depois da comunhdo, comega imediatamente a salmodia da respectiva Hora. Na Hora Média, terminada a salmodia, omite-se a leitura breve ¢ diz-se logo a oragdo; ¢ faz-se a despedida tal e qual como na Missa. Nas Vésperas, terminada a salmodia, omite-se a leitura e diz-se logo 0 cAntico Magnificat com a respectiva antifona; e, omitidas as preces e a orago dominical, diz-se a oragdo conclusiva e da-se a béngaio ao povo. 98. Com excegio do Natal do Senhor, ndo ¢ permitido, regra geral, juntar a Missa com o Officio das Leituras, pois a Missa tem j4 0 seu ciclo de leituras que se deve distinguir do Oficio. Todavia, nalgum caso excepcional, se se vir que pode haver nisso vantagem, entio, logo depois da segunda leitura do Oficio, com seu responsério, omitindo tudo o mais, inicia-se a Missa com o hino Gloria, caso se deva dizer; alids, com a oragdo. 182 ~ Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” 99. No caso de o Oficio das Leituras se rezar imediatamente antes de outra Hora, pode-se dizer o hino da respectiva Hora a iniciar 0 Oficio das Leituras. No fim do Oficio da Leitura, omite-se a oragdo ¢ a conclusdo; e, na Hora que vier a seguir, omite-se 0 versiculo introdutério e o Gliria ao Pai, CAPITULO IIT ELEMENTOS CONSTITUTIVOS. DA LITURGIA DAS HORAS 1. OS SALMOS E A SUA RELAGAO COM A ORAGAO CRISTA 100. Na Liturgia das Horas, a Igreja utiliza, em grande parte, para sua oragdo aqueles belissimos hinos que, sob a inspiragdo do Espirito Santo, foram compostos pelos autores sagrados do Antigo Testamento. Por sua prépria origem, os salmos possuem, de fato, a virtude de elevar para Deus o espirito dos homens, de excitar neles santos e piedosos afetos, de os ajudar admiravelmente a dar gragas na prosperidade, de os consolar ¢ robustecer na adversidade, 101. Todavia, os salmos nao encerram mais que uma sombra daquela plenitude dos tempos que se revelou em Cristo Senhor e da qual tira a orago da Igreja todo o seu valor. Por esse motivo, nao admira que, apesar da elevada estima em que os salmos so tidos por todos os cristios, surjam por vezes certas dificuldades quando alguém pretende fazer seus estes poemas venerandos, servindo-se deles para orar. 102. Porém, o Espirito Santo, que inspirou os salmistas a canté-los, no deixa nunca de assistir com a sua graga aqueles que, animados de 18 boa vontade, salmodiam estes sagrados hinos, Além disso, & necessirio que todos, na medida das suas forgas, procurem "adquirir uma formagao rica possivel, sobretudo quanto aos salmos"!, e aprendam também a maneira de fazer da salmodia sua oragdo pessoal, iea 0 mai 103. Os salmos nem so leituras nem oragdes em prosa, mas poemas de louvor. Por isso, embora admitindo que as vezes tenham sido recitados em forma de leitura, todavia, dado o seu género litersrio, com razo so designados em hebraico pelo termo Tehillim, quer dizer, "cdnticos de louvor”, e em grego psalméi, ou seja "cdnticos acompanhados ao som do saltério". De fato, todos os salmos possuem um certo caréter musical, que determina o modo como devem ser executados. E assim, mesmo quando o salmo é recitado sem canto, ou até individualmente ou em siléncio, a sua recitagdo tera de conservar este carter musical. Apresentando embora um texto ao nosso espirito, ele visa principalmente a excitar os coragdes dos que 0s salmodiam ou escutam, e mesmo dos que os acompanham "ao som do saltério e da citara’. 104, Aquele que salmodia sabiamente ird percorrendo versiculo a versiculo, meditando um apés outro, de corago sempre pronto a responder como o quer o Espirito que inspirou 0 salmista e assistird igualmente os homens piedosos que estio dispostos a receber a sua graga. Eis 0 motivo por que a salmodia, conquanto reclame a reveréncia devida a majestade divina, deve desenrolar-se na alegria do coragdo ¢ dogura da caridade, como convém & poesia sacra ¢ ao canto divino e sobretudo a liberdade dos filhos de Deus. 105. As palavras dos salmos ajudam-nos muitas vezes a orar com mais facilidade e fervor, quer dando gragas e glorificando a Deus na exaltagdo, quer suplicando desde as profundezas da nossa angistia. Mas também pode por vezes acontecer — mormente quando o salmo nio fala diretamente a Deus — que surja ‘uma ou outra dificuldade. E que o salmista, como poeta que é, umas vezes dirige-se ao povo a recordar- 183 Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” Ihe a historia de Israel; outras vezes, sto outros que ele interpela, inclusive as préprias criaturas irracionais; outras ainda, introduz a falar Deus ¢ os homens, ou até, como no salmo segundo, os préprios inimigos de Deus. Donde se infere que o salmo constitui um tipo de oragdo muito diferente de uma prece ou de uma coleta de composigdo eclesidstica. Além disso, a natureza poética ¢ musical dos salmos ndo implica que se dirijam necessariamente a Deus, mas sim que sejam cantados na presenga de Deus, como adverte S, Bento: "Consideremos a maneira como havemos de estar na presenca da Divindade e dos seus Anjos; e, a0 salmodiar, guardemos uma atitude tal que 0 nosso espirito concorde com a nossa voz"? 106. Aquele que salmodia abre © corago aos sentimentos que o salmo inspira, consoante 0 género literario de cada um deles: canto de lamentagdo, de confianga, de ago de gragas, etc., géneros a que os exegetas costumam dar justo relevo. 107. Atendo-se ao sentido literal dos salmos, aquele que os salmodia procurard relacionar 0 texto com a vida humana dos crentes, Cada salmo, como é sabido, foi composto em determinadas circunstancias a que os préprios titulos do saltério hebraico fazem alusdo. Seja qual for, porém, a sua origem histérica, cada salmo tem um sentido literal que, mesmo em nossos dias, ndo podemos menosprezar. E, se bem que estes poemas tenham nascido no Oriente, ha muitos séculos, eles traduzem de forma adequada a dor e a esperanga, a miséria ea confianga dos homens de todos os tempos ¢ regides; cantam sobretudo a f¢ em Deus, bem como a revelacaio ¢ a redengao. 108, Na Liturgia das Horas, quem salmodia nao o faz tanto em seu proprio nome como em nome de todo © Corpo Mistico de Cristo, e até na pessoa do proprio Cristo. Se tivermos isto em conta, desaparecem as dificuldades que possam surgir para quem salmodia, caso os scus sentimentos intimos se sintam em desacordo com os afetos expressos num salmo. Por exemplo: quando a uma pessoa triste ¢ angustiada se depara um salmo de jubilagdo, ou, a0 contrério, quando a alguém que se sente feliz aparece um salmo de lamentagio, No caso da oragao estritamente privada, esta discordéncia pode evitar-se, uma vez que pode escolher um salmo mais condizente com os sentimentos pessoais. No caso, porém, do Oficio divin, a salmodia no tem carater privado, mesmo que alguém recite as Horas sozinho; 0 ciclo dos salmos, oficialmente estabelecido, é recitado em nome da Igreja. Ora, salmodiando em nome da Igreja, podem-se encontrar sempre motivos de alegria ou de tristeza, pois aqui tem aplicagdo a palavra do Apéstolo: "Alegrar-se com os que se alegram, chorar com os que choram" (Rom 12,1). Deste modo, a fragilidade humana, ferida pelo amor proprio, recupera a satide pela caridade que faz com que 0 espirito concorde com a voz de quem salmodia.> 109. Quem salmodia em nome da Igreja deverd captar o sentido pleno dos salmos, particularmente o sentido messidnico, pois foi este 0 que levou a Igreja a adotar o Saltério, Este sentido messianico aparece: nos em toda a sua clareza no Novo Testamento, ¢ 0 proprio Cristo Senhor o apontou expressamente aos Apéstolos quando Ihes disse: "EE preciso que se cumpra tudo quanto esté escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos" (Le 24,44). Exemplo conhecidissimo deste sentido messidnico, temo- lo naquele didlogo referido por S. Mateus a respeito do Messias, Filho de David e seu Senhor,* em que 0 salmo 109 é aplicado ao Messias. Nesta mesma ordem de ideias, os Santos Padres admitiram ¢ explicaram todo 0 Saltério como profecia referente a Cristo e a Igreja. E & dentro deste mesmo critério que os salmos tém sido utilizados na sagrada Liturgia, E, se bem que, por vezes, se tenham aceitado interpretagdes algo retorcidas, no geral, & legitima a interpretagdo quer dos Padres quer da Liturgia, que nos salmos ouviram Cristo a clamar ao Pai 184 ~ Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” ou o Pai a dirigir-se ao Filho, ou reconhecem neles até a voz da Igreja, dos Apéstolos e dos Martires. E método de interpretagdo também floresceu durante a Idade Média. De fato, numerosos cédices do Saltério escritos nesta época, no titulo anteposto a cada salmo era apontado, para uso dos que os rezavam, o sentido cristolégico. Esta interpretagdo cristolégica nao se restringiu unicamente aos salmos considerados messiainicos, mas estendia-se a muitos outros casos, num sentido acomodaticio € certo, mas aceite pela tradigdo da Igreja. Na salmodia dos dias festivos, de modo particular, foi o sentido cristolégico que presidiu a escolha dos salmos, Este sentido ¢ com frequéneia posto em relevo nas antifonas, tiradas dos mesmos salmos. Il. ANTIFONAS E OUTROS ELEMENTOS QUE AIUDAM A ORACAO DOS SALMOS 110, ‘Trés elementos, dentro da tradigdo latina, muito contribuem para a inteligéncia dos salmos ou para fazer deles oragdo crista: os titulos, as oragdes salmicas e, principalmente, as antifonas. 111, No Saltério da Liturgia das Horas, cada salmo € precedido dum titulo, a indicar o sentido do mesmo salmo ¢ 0 seu valor para a vida humana do crente. Estes titulos, no livro da Liturgia das Horas, visam unicamente & utilidade de quem salmodia, Para facilitar a oragdo & luz da Revelagdo nova, acrescenta-se uma sentenga tirada do Novo Testamento ou dos Padres, a qual serve como de convite a rezar 0 salmo no sentido cristolégico, 112, As coletas salmédicas ajudam a quem recita os salmos os entendé-los num sentido predominantemente cristo. Estas coletas vém no Suplemento ao livro da Liturgia das Horas, uma para cada salmo, Podem-se utilizar livremente, de acordo com a antiga tradi¢do, da seguinte maneira: terminado © salmo, apés uns momentos de siléncio, reza-se a coleta, como que a resumir os afetos de quem salmodia e a coneluir a orasio. 113, Cada salmo é acompanhado da respectiva antifona, mesmo quando a Liturgia das Horas se celebre sem canto, inclusive na recitagdo individual. As antifonas servem para tornar mais claro o género literario do salmo; transformam 0 salmo em orago pessoal; pdem em relevo esta ou aquela sentenga digna de particular atengdo e que doutro modo passaria despercebida; dio ao salmo um colorido especial, em harmonia com as circunstancias em que € utilizado; ajudam muito a interpretar o salmo num sentido tipologico conforme as festas, desde que se excluam acomodagées arbitrérias; finalmente, contribuem para tornar a recitagdo dos salmos mais agradavel e variada, 114. As antifonas do Saltério foram compostas de modo a poderem ser traduzidas em lingua verndcula e poderem também repetir-se apés cada estrofe, segundo o que se diz no n. 125. No Oficio do Tempo ‘Comum, quando nao for cantado, as antifonas podem-se substituir pelas sentengas antepostas aos salmos (cf.n. 111). 115. Quando, pela sua extensio, um salmo se dividir em varias seesdes, dentro da mesma Hora candnica, cada uma destas secgdes acompanhada da respectiva antifona, para dar uma nota de variedade, principalmente na celebrago com canto, e também para ajudar a aprender melhor as riquezas do salmo. Todavia pode-se recitar o salmo todo seguido sem interrupgao, s6 com a primeira antifona, 116, O Triduo Pascal, os dias dentro das oitavas da Pascoa e do Natal, os domingos do tempo do Advento, do Natal, da Quaresma e da Pascoa, os dias da Semana Santa e do Tempo Pascal e os dias 17 a 185 ~ Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” 24 de Dezembro tém antifonas préprias para cada salmo nas Laudes e nas Vésperas 117. Nas solenidades, propem-se antifonas proprias para o Oficio das Leituras, Laudes, Oragdio das Nove, das Doze e das Quinze Horas e Vésperas; na sua falta tomamese do respective Comum. Nas festas, ‘© mesmo acontece para o Oficio das Leituras, Laudes e Vésperas. 118, Se alguma meméria dos Santos tiver antifonas proprias, observam-se (ef. n. 235). 119, As antifonas do Benedictus ¢ do Magnificat, no Officio do Tempo, tomam-se do Préprio do Tempo, se as liver; alids, do Saltério corrente, Nas solenidades e festas, tomam-se do Proprio, se as tiver; alids, do respective Comum, Nas memérias que ndo tiverem antifona propria, diz-se, a escolha, ou a do Comum ou a do dia de semana corrente. 120. No Tempo Pascal, junta-se Aleluia a todas as antifonas, salvo se no se harmonizar com o sentido das mesmas. III. MANEIRA DE SALMODIAR, 121. Para mais facilmente se poder sentir a fragrancia espiritual ¢ literaria dos salmos, estes podem-se recitar de diferentes maneiras, de acordo com o género literdrio ou a extensfio de cada um, conforme a recitagdo é feita em latim ou em vernéculo, e prineipalmente consoante o modo de celebrago, quer dizer, se é feita por um s6, por varios ou com o povo reunido em assembleia. E que (na Liturgia das Horas) os salmos nfo se empregam como se fossem uma determinada quantidade de oragdo, mas sim tendo em vista a variedade e as caracteristicas peculiares de cada salmo. 122. No canto ou recitago dos salmos, podem adotar-se diversas modalidades confirmadas pela tradigao ou pela experiéncia: ou tudo seguido (in directum), ou alternando os versiculos ou as estrofes, quer entre dois coros quer entre duas partes da assembleia, ou ainda em forma responsorial 123. No prinefpio de cada salmo, dir-se-4 sempre a respectiva antifona, como ficou dito acima, nn, 113- 120. No final do salmo inteiro, concluir-se~4, como ¢ habitual, com o Gléria ao Pai e Como era, O Gloria ao Pai é uma conclusdo tradicional muito apropriada, pois vem dar 4 oragdo do Antigo Testamento um sentido laudativo, cristolégico e trinitério. Terminado 0 salmo, se parecer melhor, pode-se repetir a antifona, 124, Os salmos mais extensos vém no Saltério divididos em virias seogdes. Estas divisdes da salmodia em varios membros sio feitas de molde a esbogar a estrutura temndria da Hora, embora respeitando estritamente o sentido objetivo de cada salmo. Convém, principalmente na celebragdo coral, marcar estas divisdes, intercalando 0 Gléria ao Pai no fim de cada secgdo. E permitido, no entanto, ou seguir este modo tradicional, ou fazer uma pausa entre as diferentes secgdes do salmo, ou ainda recitar o salmo inteiro com a respectiva antifona. 125. Quando o género literdrio assim o aconselha, indica-se a divistio dos salmos em estrofes. Isto permite cutéelos com intercalago da antifona depois de cada estrofe, sobretudo quando s4o cantados em lingua vernacula. Neste caso, bastard dizer 0 Gléria ao Pai no fim do salmo todo. 186 ~ Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” IV. CRITERIO SEGUIDO NA DISTRIBUIGAO, DOS SALMOS NO OFICIO 126. Os salmos estéo distribuidos por um ciclo de quatro semanas. Omitem-se alguns salmos, muito poucos. Outros, que a tradigao tornou mais conhecidos, repetem-se com mais frequéneia, Além disso, para os oficios das Laudes e Vésperas, foram escolhidos salmos a condizer com a respectiva Hora.S 127. Como Laudes e Vésperas se destinam mais particularmente a celebragdo com o povo, foram escolhidos para estas Horas salmos que se prestam melhor a este modo de celebragao. 128, Para Completas seguiu-se a norma indicada no n, 88. 129, Para o domingo, inclusive no Oficio das Leituras e na Hora Média, foram escolhidos aqueles salmos que, , melhor traduzem 0 mistério pascal, Para a sexta-feira, escolheram-se os salmos penitenciais ou relacionados com a Paixio. 130, Os salmos 77, 104 ¢ 105, em que mais claramente nos ¢ revelada a historia da salvagdo através do Antigo Testamento, como premincio do que viria a acontecer no Novo, reservam-se para o tempo do Advento, do Natal, da Quaresma e da Pascoa. 131. Os trés salmos 57, 82 e 108, em que predomina o carter imprecatério, foram suprimidos do ciclo do Saltério. Foram igualmente suprimidos certos versiculos dalguns outros salmos, como se indica no principio do salmo respectivo. A omissio destes textos foi motivada por uma certa dificuldade de ordem psicolégica, muito embora os préprios salmos imprecatérios figurem na piedade do Novo Testamento, p. ex. em Ap 6,10, sem que de maneira alguma pretendam induzir a maldigo. 132, Os salmos demasiado extensos, para poderem caber dentro de uma s6 Hora do Oficio, so distribuidos por varios dias, a essa mesma Hora, de modo a poderem ser recitados integralmente por aqueles que nao costumam dizer outras Horas. ; 0 que se da com o salmo 118, que ¢ distribuido por vinte e dois dias, tantos quantas as suas divisGes, na Hora Média, pois a tradigdo atribuiu sempre este salmo as horas diurnas. 133. © ciclo das quatro semanas do Saltério articula-se com o ano littrgico da seguinte maneira: a primeira semana (omitindo eventualmente as outras) comega no primeiro domingo do Advento, na primeira semana do Tempo Comum, no primeiro domingo da Quaresma e no primeiro domingo da Pascoa. No Tempo Comum, o ciclo do Saltério segue a série das semanas. Por isso, depois do Pentecostes, retoma-se a semana do Saltério indicada no Proprio do Tempo, no principio da respectiva semana do ‘Tempo Comum. 134, Nas solenidades e festas, no Triduo Pascal, nos dias dentro das oitavas da Pascoa ¢ do Natal, o Officio das Leituras tem salmos préprios, escolhidos de entre aqueles que tradicionalmente Ihes costumam ser atribuidos. A sua congruéncia é posta em relevo, geralmente pela antifona. © mesmo se faz para a Hora Média em certas solenidades do Senhor e na oitava da Pascoa, Nas Laudes, dizem-se os salmos ¢ 0 Antico indicados no Saltério para o primeiro domingo. Nas primeiras Vésperas das solenidades, dizem-se os salmos da série Laudate, segundo o antigo costume. Nas segundas Vésperas das solenidades e nas ‘Vesperas das festas, os salmos € 0 céntico so préprios. Na Hora Média das solenidades, com excegao 187 ~ Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” daquelas de que se falou acima ¢ salvo se cairem ao domingo, os salmos sfo tirados dos chamados "salmos graduais". Na Hora Média das festas, dizem-se os salmos do dia de semana corrente, 135. Nos outros casos, dizem-se os salmos do ciclo do Saltério, a ndo ser que haja antifonas ou salmos préprios Vv. CANTICOS DO ANTIGO E DO NOVO TESTAMENTO 136, Nas Laudes, entre o primeiro eo segundo salmo, insere-se um cdntico tirado, segundo o costume, do Antigo Testamento. As duas séries de canticos — a da antiga tradi¢o romana e a introduzida no Brevidrio por S, Pio X — foram aumentadas, no novo Saltério, com outros cdnticos tirados de varios livros do Antigo Testamento. Deste modo, cada dia da semana tem seu céntico proprio nas quatro semanas. Aos domingos, dizem-se altemadamente as duas partes do eantico dos trés jovens, 137, Nas Vésperas, a seguir aos dois salmos, insere~ Epistolas ou do Apocalipse. Sdo sete estes cénticos, um para cada dia da semana, Nos domingos da ‘Quaresma, em vez. do cintico aleluidtico do Apocalipse, diz-se o da primeira Epistola de S. Pedro. Além disso, na solenidade da Epifania e na festa da Transfigurago do Senhor, diz-se 0 cAntico indicado no lugar préprio, tirado da primeira Epistola a Timéteo, um cantico do Novo Testamento, tirado ou das 138, Os cénticos evangélicos — Benedictus, Magnificat, Nunc dimittis — sio acompanhados da mesma solenidade com que é costume ouvir a proclamago do Evangelho. 139, No ordenamento quer da salmodia quer das leituras, segue-se esta regra tradicional: primeiro 0 Antigo Testamento, a seguir o Apéstolo, finalmente o Evangelho. VI. LEITURA DA SAGRADA ESCRITURA, 4) Leitura da Sagrada Excritura em geral 140. A leitura da Sagrada Escritura que, segundo a antiga tradicao, é feita publicamente na Liturgia, quer na celebragiio eucaristica quer no Oficio divino, deve ser tida na maior estima por todos os cristios. Esta leitura ndo ¢ escothida segundo um critério individual nem para satisfazer tal ou tal inclinagdo do espirito; € proposta pela Igreja em ordem ao mistério que a Esposa de Cristo "vai desenrolando através do ciclo anual, desde a Encamagdo e Nascimento até & Ascenso, dia do Pentecostes e expectagiio da feliz esperanga ¢ vinda do Senhor"®, Além disso, na celebragdo litirgica, a leitura da Sagrada Escritura vem sempre acompanhada da oragdo, de modo que a leitura produza mais abundante fruto e, por seu lado, a oragdo, mormente a dos salmos com a leitura se apreenda melhor e se torne mais fervorosa. 141. Na Liturgia das Horas, apresentam-se duas espécies de leituras da Sagrada Escritura: uma longa, outra breve. 142, Da leitura longa, facultativa nas Laudes e nas Vésperas, jd se falou acima, n. 46. 1b) Ciclo de leituras da Sagrada Escritura no Oficio das Leituras 143. No ciclo das leituras da Sagrada Escritura para 0 Oficio das Leituras, teve-se em conta quer os tempos sagrados em que a tradiggo manda ler determinados livros quer o ciclo das leituras da Missa. ‘Assim, a Liturgia das Horas combina-se com a Missa, de forma que a leitura da Sagrada E 188 ~ Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” Oficio venha completar a que se faz na Missa. Deste modo, ter-se- salvagao, uma visio geral da historia da 144, Salva a excegdo referida no n, 73, na Liturgia das Horas nfo se 1¢ o Evangelho, uma vez que é lido integralmente todos os anos na Missa. 145. Ha um duplo ciclo de leituras biblicas: o primeiro abrange um ano s6, ¢ ¢ 0 que vem no livro da Liturgia das Horas; 0 segundo, facultativo, ¢ bienal, como o ciclo ferial "per annum" das leituras da Missa, e vem no Suplemento. 146. O ciclo bienal das leituras esté organizado por forma a lerem-se em cada ano quase todos os livros da Sagrada Eseritura, reservando para a Liturgia das Horas os textos mais extensos ou mais dificeis que nao € possivel ler na Missa. © Novo Testamento ¢ lido integralmente todos os anos, parte na Missa, parte na Liturgia das Horas. Quanto aos livros do Antigo Testamento, foram escolhidas aquelas partes que tm maior importncia quer para compreender a histéria da salvagao quer para alimentar a piedade, ‘As leituras da Liturgia das Horas e as da Missa combinam-se entre si de maneira a evitar a repetigio dos mesmos textos no mesmo dia ou a fixago dos mesmos livros nos mesmos tempos litrgicos, o que viria a deixar para a Liturgia das Horas as pericopes menos importantes e a alterar a ordem dos textos. Isto exige necessariamente que © mesmo livro seja lido, altemadamente, um ano na Missa, outro ano na Liturgia das Horas; ou pelo menos, quando se tenha de ler (duas vezes) no mesmo ano, decorra um certo intervalo de tempo entre uma leitura e outra. 147. No Tempo do Advento, de acordo com a antiga tradigiio, éem-se pericopes do livro de Isaias, em forma de leitura semi-continua, em anos alternados. A esta leitura, junta-se também o livro de Rute e algumas profecias do profeta Miqueias. Os dias 17 a 24 de Dezembro tém leituras especiais, deixando de parte as leituras da terceira semana do Advento que nao tiverem lugar 148. Do dia 29 de Dezembro a 5 de Janeiro, 1é-se: no primeito ano, a Epistola aos Colossenses, onde a Encarnagao do Senhor nos é apresentada dentro do contexto geral da histéria da salvagdo; no segundo ano, Ié-se 0 Cantico dos Canticos, no qual ¢ prefigurada a unido de Deus e do homem em Cristo: "Deus Pai celebrou as bodas de Deus Filho quando uniu a natureza humana no seio da Virgem, quando Deus, que é antes dos séculos, Se quis fazer homem no fim dos séculos"”. 149, De 7 de Janeiro ao sibado depois da Epifania, leem-se os textos escatolégicos do livro de Isaias (60- 66) e do livro de Baruc. As leituras que nao tenham lugar nesse ano, omitemese. 150. Durante a Quaresma, no primeiro ano leem-se extratos do livro do Deuteronémio e da Epistola aos Hebreus. No segundo ano, apresenta-se uma visio global da historia da salvago, com textos escolhidos dos livros do fixodo, Levitico e Nuimeros. Na Epistola aos Hebreus, é interpretada a antiga alianga a luz do mistério pascal de Cristo. Desta Epistola é tirada a leitura da Sexta-feira da Paixdo (Sexta-feira Santa), referente ao sacrificio de Cristo (9, 11-28), ¢ a do Sabado Santo, referente ao repouso do Senhor (4, 1-16). Nos outros dias da Semana Santa, leem-se: no primeiro ano, os cantos terceiro e quarto do Servo do Senhor, tirados do livro de Isaias, e pericopes do livro das LamentagGes; no segundo ano, o profeta Jeremias como figura de Cristo sofredor. 151. No Tempo Pascal, com excegao do primeiro e segundo domingo da Pascoa ¢ as solenidades da Ascensio e do Pentecostes, leem-se, de acordo com a tradicdo: no primeiro ano, a primeira Epistola de S. Pedro, o livro do Apocalipse ¢ as Epistolas de 8. Jodo; no segundo ano, os Atos dos Apéstolos. 189 ~ Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” 152. Da segunda-feira a seguir ao domingo do Batismo do Senhor até a Quaresma, e da segunda-fei depois do Pentecostes até ao Advento, tem lugar a série continua das 34 semanas do Tempo Comum. Esta série ¢ interrompida desde a Quarta-feira de Cinzas até a0 domingo do Pentecostes. Na segunda-feira a seguir ao domingo do Pentecostes, retoma-se a leitura do Tempo Comum, a contar da semana seguinte Aquela em que foi interrompida pela Quaresma, omitindo a leitura marcada para 0 domingo. Nos anos em que ha somente 33 semanas do Tempo Comum, omite-se a semana que viria logo a seguir ao Pentecostes, de modo a ficar sempre com as leituras das ltimas semanas, de cardter escatolégico. Os livros do Antigo Testamento estio distribuidos seguindo a histéria da salvago: Deus revela-Se a0 longo da vida do povo: este vai sendo conduzido e iluminado por fases sucessivas. Consequentemente, 0s livros dos profetas so lidos com 08 livros histéricos, inseridos no tempo em que os mesmos profetas viveram e ensinaram. E assim, no primeiro ano, a série das leituras do Antigo Testamento apresenta simultaneamente os livros historicos e os oréculos dos profetas desde o livro de Josué até ao tempo do exilio. No segundo ano, depois do livro do Génesis que se 1é antes da Quaresma, retoma-se a historia da salvago a partir do exilio até A época dos Macabeus. Neste ano, inserem-se os profetas mais recentes, os livros sapienciais e as narrativas dos livros de Ester, Tobias ¢ Judite. As Epistolas dos Apéstolos que no so lidas em tempos litirgicos especiais sao distribuidas tendo em conta, por um lado, o ciclo das leituras da Missa, por outro, a ordem cronolégica em que foram eseritas. 153. © ciclo de um sé ano foi abreviado, de tal modo que se leiam todos os anos pericopes seletas da Sagrada Escritura, combinando-as com o duplo ciclo das leituras da Missa, de que so 0 complement. 154, As solenidades e estas tém leituras proprias; se ndo, tomamese do Comum dos Santos. 155. Cada pericope, tanto quanto possivel, mantém certa unidade. Por isso, ¢ para ndo ir além de uma extenso razoavel, aliés variavel consoante 0 género literario de cada livro, omitem-se aqui ou além alguns versiculos, omissio esta que vai sempre indicada. Pode-se, porém, e é mesmo louvavel, fazer uma leitura integral, utilizando para isso um texto aprovado. ¢) Leituras breves 156. As leituras breves ou "capitulos", cuja importéncia na Liturgia das Horas jé foi apontada no n. 43, foram escolhidas de modo a expressar um pensamento ou uma exortagdo em forma concisa ¢ clara. Procurou-se, além do mais, a variedade. 157. Neste sentido, organizaramese quatro séries semanais de leituras breves para 0 Tempo Comum, que vém no Saltério. Assim, durante quatro semanas, a leitura breve € todos os dias diferente. 114 também séries semanais de leituras breves para os tempos do Advento, Natal, Quaresma e Péscoa; ¢ ainda leituras breves préprias para as solenidades e festas e algumas memérias, mais uma série de uma semana para Completas. 158, Na escolha das leituras breves seguiram-se estes critérios: 190 ~ Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” a) excluiram-se os Evangelhos, como ¢ de tradigao; 5) atendeu-se, na medida do possivel, ao cariter peculiar do domingo, da sexta-feira e das préprias Horas; ©) as leituras das Vésperas, como vém a seguir a um céntico do Novo Testamento, so tiradas exclusivamente do Novo Testamento. VIL. LEITURAS DOS PADRES E ESCRITORES ECLESIASTICOS 159. Segundo a tradigdo da Igreja Romana, no Oficio da Leitura, a leitura biblica segue-se outra tirada dos Padres ou dos Escritores eclesidsticos, com seu responsério, a no ser quando haja uma leitura hagiografica (ef. nn. 228-239). 160. Nesta leitura sdo apresentados extratos das obras dos Padres, Doutores da Igreja e outros Escritores eclesidsticos, pertencentes tanto 4 Igreja Ocidental como Oriental, dando preferéncia aos Padres que na Igreja gozam de particular autoridade, 161, Além das leituras indicadas para cada dia no livro da Liturgia das Horas, ha também um Lecionario facultative com maior abundancia de leituras, para facultar mais largamente aos que recitam 0 Oficio divino os tesouros da Tradigdo da Igreja. E deixada a liberdade de cada um a escolha da segunda leitura, tomando-a ou do livro da Liturgia das Horas ou do Lecionario facultativo. 162. Além disso, as Conferéncias Epi mentalidade dos respectivos pafses. Devem ser tirados das obras de Es copais podem apresentar outros textos acomodados & tradigao e es textos deverdo figurar num apéndice ao Leciondrio facultativo. rritores catélicos insignes por sua doutrina ¢ santidade de vida. 163. A fumgao principal das leituras (na Liturgia das Horas) é meditar a palavra de Deus tal como a tradigdo da Igreja entende. Pois a Tgreja julgou sempre necessirio explicar aos fidis, de forma auténtica, a palavra de Deus, de modo que "a linha da interpretagdo profética e apostélica se mantenha sempre dentro da norma no sentido eclesidstico ¢ catélico"®. 164, Pelo contato assiduo com os documentos que a Tradigdo universal da Igreja nos apresenta, os leitores so conduzidos a meditar mais profundamente a Escritura Sagrada, a sentir-lhe a suavidade, a amé-la com vivo afeto. Efetivamente, os escritos dos Padres si testemunhos espléndidos dessa meditagdo da palavra de Deus, prolongada através dos séculos, mediante a qual a Igreja, Esposa do Verbo Encamado, "depositiria do designio e do espirito do seu Esposo e seu Deus"!®, se esforga por adquirir uma inteligéncia cada vez mais profunda das Eserituras Sagradas. 165. A leitura dos Padres introduz também os cristos no sentido dos tempos e festas litargicas. Além disso, abre-lhes igualmente 0 acesso ais inestimaveis riquezas espirituais que constituem © magnifico patriménio da Tgreja e so base da vida espiritual ¢ alimento riquissimo da piedade, Por sua vez, os pregadores da palavra de Deus tém a sua disposigdo, diariamente, excelentes modelos de pregagéo sagrada 191 ~ Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” VIII LEITURAS HAGIOGRAFICAS 166. Diz-se leitura hagiografica, quer 0 texto dalgum Padre ou Escritor eclesidstico que fala expressamente do Santo celebrado ou a ele se pode muito bem aplicar, quer algum trecho tirado dos escritos do mesmo Santo, quer ainda a sua biografia. 167. Na elaboragdo dos Préprios dos Santos particulares, deve-se respeitar a verdade histérica |! ¢ ter em conta o verdadeiro proveito espiritual de quem Ié ou ouve a leitura hagiografica. Evitar-se-a cuidadosamente tudo aquilo que serve apenas para suscitar a admiragdo. Em contrapartida, pi relevo a espiritualidade peculiar dos Santos, de forma adequada as condigdes atuais, sublinhando a0 mesmo tempo a sua importancia na vida ¢ na espiritualidade da Igreja. -se-d em 168, Antes da leitura propriamente dita, insere-se uma breve nota biogrdfica, com alguns apontamentos de carter puramente histérico ¢ resumo da sua vida. Esta nota tem uma finalidade meramente informativa, €, como tal, ndo é para ser lida na celebragao. IX . RESPONSORIOS 169. A leitura biblica, no Officio das Leituras, ¢ seguida do respectivo responsério, cujo texto & ti tesouro da tradigdo ou é uma composigao original. A finalidade do respons6rio é projetar sobre a leitura precedente nova luz que ajude a compreendé-la melhor, enquadrar esta leitura na historia da salvago, estabelecer a transigo do Antigo para 0 Novo Testamento, fazer que a leitura se transforme em orago e contemplag&o, finalmente imprimir, com sua beleza poética, uma nota de agradavel variedade. 170. A segunda leitura é, como a primeira, seguida também dum responsério apropriado. Mas este ja no tem uma ligagdo to estreita com o texto da leitura, e por isso favorece mais a liberdade da meditagao. 171. Assim, 0s responsérios, com o respectivo reftdo, mantém o seu valor mesmo na recitagao individual. Nesta, porém, pode ndo se repetir o refidio, a ndo ser que o sentido o exija. 172, Numa forma andloga, mas simplificada, o responsério breve nas Laudes, Vésperas e Completas (de que ja se falou acima, nn. 49 ¢ 89), ¢ os versiculos da Oragao das Nove, das Doze ¢ das Quinze Horas, constituem uma resposta & leitura breve, 4 maneira de aclamagao. A sua finalidade ¢ fazer penetrar mais profundamente a palavra de Deus no espirito do ouvinte ou do leitor. X. HINOS E OUTROS CANTICOS NAO-BiBLICOS 173. Os hinos, no Oficio, vém j4 duma antiquissima tradigiio, ¢ ainda hoje nele mantém o seu lugar.!? Dada a sua natureza lirica, estdo particularmente destinados a0 louvor divino, constituindo ao mesmo tempo um elemento popular. Além disso, mais que os outros elementos do Oficio, marcam logo de entrada a caracteristica peculiar de cada Hora ou de cada festa, movendo e animando as almas a uma piedosa celebragdo. Esta eficdcia é acrescida com freqiiéncia pela beleza literaria. Finalmente, os hinos so, no Oficio, o elemento poético mais importante de criagio eclesidstica. 174, O hino termina tradicionalmente com uma doxologia, que, normalmente, é dirigida 4 mesma Pe: divina a quem se dirige o hino. 175. Para maior variedade, no Oficio do Tempo Comum institui as Horas, a recitar em semanas alternadas. se uma dupla série de hinos para todas 192 Ordem dos Cartuxos: Textos Selecionados ‘Stat Crux Dum Bolvitur Orbis” 176. Além de hinos, para serem recitados consoante os casos, ou de dia ou de noite. 0, para o Oficio das Leituras, também se introduziu, no Tempo Comum, uma dupla s 177. Os hinos novos podem ser cantados com as melodias tradicionais do mesmo ritmo e métrica. 178. Quanto celebragdo em lingua vernacula, compete as Conferéncias Episcopais, nfo sé adaptar a indole peculiar de cada lingua os hinos latinos, como também introduzir novas compo: hinicas,!3 desde que se harmonize perfeitamente com o espirito da Hora, do tempo litargico ou da festa, Evitar-se- 4, porém, com todo 0 cuidado, a adogdo de cangdes populares, que ndo possuam auténtico valor artistico ‘ou ndo condigam com a dignidade da Liturgia, XI. PRECE! S$, ORACAO DOMINICAL, ORAGAO CONCLUSIVA, a) Preces ou intercessdes nas Laudes e nas Vésperas 179. A Liturgia das Horas eelebra os louvores de Deus. Todavia, nem a tradigdo judaica nem a tradigdo crist@ separa 0 louvor divino da oragdo de siplica; e até, ndo raro, fazem esta derivar daquele. © apéstolo Paulo recomenda que se fagam "preces, oragdes, siiplicas ¢ ages de gragas por todos os homens, pelos reis e por todas as autoridades, para que possamos levar uma vida tranquila e pacifica, com toda a piedade € dignidade. Isto é bom e agradavel aos olhos de Deus, nosso Salvador, pois Ele quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tim, 2, 1-4). Esta recomendagdo, nao raro os Padres a interpretam como devendo fazer-se essas intercessdes pela manhi e ao fim da tarde.!4 io, 180. As intercessdes, agora restauradas na Missa do rito romano, fazem-se igualmente nas Vésperas, embora de forma diferente, como adiante se descreve. 181, E também tradicional encomendar logo pela manha a Deus o dia inteiro. Por isso, nas Laudes, fazem-se invocagdes para encomendar e consagrar o dia inteiro ao Senhor. 182, Pelo nome de "preces" so designadas tanto as intercessdes das Vésperas como as invocagdes das Laudes para consagrar 0 dia a Deus. 183. Para maior variedade, mas sobretudo para expressar melhor as diferentes necessidades da Igreja e dos homens, segundo os diversos estados, assembleias, pessoas, condiges e tempos, propdem-se formulérios de preces diferentes para cada dia do ciclo do Saltério, bem como para os diferentes tempos do ano litiirgico e para algumas celebragdes festivas. 184, Além disso, as Conferéncias Episcopais podem adaplar os formulirios que vém no livro da Liturgia das Horas ou aprovar outros novos,'> em conformidade com as normas a seguir indicadas. 185. Tal como na orago dominical, também nas preces se ha de unir proclamagdo da sua gldria, ou a meméria da historia da salvaedo, siiplica 0 louvor de Deus ou 186, Nas preces das Vésperas, a tiltima intengio sera sempre pelos defuntos. 187. A Liturgia das Horas é principalmente orago de toda a Igreja a favor de toda a Igreja, e ainda pela 193

You might also like