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Noções sobre
o contrato
administrativo
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Franco, Caroline da Rocha.


SST Noções sobre o contrato administrativo / Caroline da
Rocha Franco
Local: 2020
nº de p. : 11

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Noções sobre o contrato


administrativo

Apresentação
A publicação de um edital de licitação anuncia o interesse do Estado em celebrar um
contrato de aquisição de bens ou prestação de serviços. Por meio dele, dá-se início
à fase externa da licitação, a qual passa a contar com a participação de particulares
interessados em negociar com o poder público.

Nesta unidade, estudaremos as licitações públicas, que são processos


administrativos que buscam a celebração de contrato com um fornecedor
interessado em suprir alguma demanda do Estado. A formalização desse negócio
é feita, em regra, por contrato, porém, como o Estado é uma das partes dessa
negociação, o Direito apresenta algumas regras específicas, considerando a
necessária proteção ao interesse público, conforme veremos a seguir.

Noções sobre contrato administrativo


A Lei n. 8.666/1993, Lei de Licitações e Contratos, é a norma que rege os contratos
administrativos, imputando-lhes o regime de direito público. Os órgãos da
administração direta celebram esses contratos: os fundos especiais, as autarquias,
as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e
demais entidades controladas, direta ou indiretamente, pela União, pelos estados,
pelo Distrito Federal e municípios (artigo 1°, parágrafo único, Lei n. 8.666/1993)
(BRASIL, 1993).

A literatura jurídica ressalta a importante distinção entre contrato administrativo e

contrato da administração. Vejamos.

Para Justen Filho (2015), o contrato que é firmado nas licitações, ou contratações
diretas quando for o caso (de dispensa ou inexigibilidade de contratação – art. 26 Lei
de Licitações e Contratos), é denominado “contrato administrativo”. Ele estabelece
obrigações, tais como qualificação das partes, forma de pagamento, local de entrega
do bem, sanções por descumprimento etc.

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Trata-se de instrumento formal, geralmente escrito, conforme ilustra a figura


seguinte. A Lei de Licitações e Contratos estipula a nulidade e a ausência de
efeitos para o contrato verbal feito com a Administração Pública. A exceção é para
pequenas compras de pronto pagamento, cujo valor seja de até 5% o limite para
compras e serviços da modalidade convite, conforme art. 60 da Lei n. 8.666/1993
(BRASIL, 1993). Como em junho de 2018 esse valor foi atualizado, pelo Decreto
n. 9.412/2018, tem-se que as pequenas compras que autorizam o contrato verbal
seriam as de até R$ 8.800,00.

Contrato administrativo deve ser escrito

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

O termo de contrato é dispensável nas compras com entrega imediata e integral dos
bens adquiridos, dos quais não resultam obrigações futuras, inclusive assistência
técnica. Nesses casos, é possível que a Administração Pública substitua o contrato
por ordem de serviço, ou nota de empenho, que são atos administrativos mais
simples e céleres, não sendo necessário tramitar por tantos departamentos para
verificar sua regularidade, tal como o contrato. Salienta-se que os produtos que
tenham garantia demandam que o contrato seja firmado, segundo o art. 62 da Lei de
Licitações e Contratos (BRASIL, 1993).

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Cláusulas
Quando estudamos contratos administrativos, é relevante entendermos dois tipos
de cláusulas: as necessárias e as exorbitantes.

As primeiras são disciplinadas pela Lei n. 8.666/1993, em seu art. 55. Enquanto as
segundas decorrem da supremacia do interesse público.

Saiba mais
Recomendamos a leitura do art. 55 da Lei n. 8.666/193 para
que você possa aprofundar seus estudos acerca das cláusulas
necessárias, já que nesta unidade comentaremos apenas os
requisitos mais complexos.

• Cláusulas necessárias

A Lei n. 8.666/1993 estabelece que o edital e o contrato são instrumentos


complementares (BRASIL, 1993). Inclusive, a minuta do contrato a ser firmado
pelo vencedor da licitação deve constar no edital do certame. É importante que
o particular interessado leia essa minuta com atenção, pois nela deverá estar
estipulada a validade do contrato.

O Direito brasileiro não admite contrato administrativo sem prazo de validade. Em


geral, ele segue o prazo de vigência dos créditos orçamentários – que são aqueles
tratados na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e, por isso, são de um ano.

Há, no entanto, algumas exceções, as quais são previstas no art. 57 da Lei n.


8.666/1993, em que os contratos têm um prazo diferente (BRASIL, 1993):

• aos projetos previstos no Plano Plurianual (PPA) (duração de até quatro anos);
• prestação de serviços contínuos – terceirização de limpeza, segurança etc.
(duração de até cinco anos);
• aluguel de equipamentos e utilização de programas de informática (duração
de até quatro anos);
• dispensa (IX, XIX, XXVIII e XXXI do art. 24) – defesa nacional Instituição Cien-
tífica e Tecnológica (ICT): entidade da administração pública que tenha por
missão institucional, dentre outras, executar atividades de pesquisa básica

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ou aplicada de caráter científico ou tecnológico (vigência de até dez anos se


houver interesse da administração).
A terceirização geralmente é realizada para serviços contínuos

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

São também cláusulas essenciais ao contrato da eleição de foro, que será o local
de competência judicial para se processar eventual ação, e, ainda, a cláusula de
garantia: ao estabelecer a obrigatoriedade da prestação de garantia pelo particular, a
Administração busca certificar-se que o particular executará plenamente o contrato,
evitando prejuízos ao patrimônio público.

A exigência de garantia é uma vantagem cautelar para a Administração, representada


como um meio de suprimir eventuais riscos de não conclusão do objeto e ressarcir
danos decorrentes. O tema está regulamentado na Lei n. 8.666/1993, no art. 56. Ao
comentar o art. 56 da LGL, Justen Filho (2015) defende que:

A prestação de garantia pelo particular envolve uma questão delicada.


Sob um ângulo, a Administração deve cercar-se de todas as cautelas para
evitar prejuízos ao patrimônio público. Isso significa exigir do particular o
fornecimento de garantias de indenização de eventuais danos. Portanto, a
prestação da garantia é uma vantagem para a Administração.

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O autor ainda comenta que “ao estabelecer requisitos de habilitação, a


Administração Pública pretende cercar-se de todas as cautelas para evitar o
insucesso da contratação. [...] A garantia representa um outro instrumento de
eliminar riscos de insucesso” (JUSTEN FILHO, 2015).

A escolha da modalidade de garantia é um direito do particular, conforme art. 56,


da Lei n. 8.666/1993 (BRASIL, 1993), cabendo à Administração verificar apenas o
atendimento dos requisitos exigidos para cada uma delas. A lei diz que pode ser
caução em dinheiro, título da dívida pública, fiança bancária ou seguro garantia
(BRASIL, 1993). Em regra, ela é de 5%, podendo ser elevada até 10% nos casos de
obras, serviços e fornecimento de grande vulto.

A seguir, estudaremos as cláusulas exorbitantes.

Cláusulas exorbitantes
As cláusulas exorbitantes são decorrentes da posição constitucional destinada à
Administração Pública: de garantidora de direitos fundamentais. Isso tem reflexo no
contrato administrativo, gerando prerrogativas à Administração, a qual fica em uma
posição de “superioridade” em relação ao particular fornecedor.

Mello (2010) aponta que “por força de lei, de cláusulas pactuadas ou do tipo do
objeto, a permanência do vínculo e as condições preestabelecidas assujeitam-se a
cambiáveis imposições de interesse público, ressalvados os interesses patrimoniais
do contratante privado”.

Sendo assim, em decorrência do princípio da supremacia do interesse público, a


Administração tem um tratamento diferenciado em seus contratos, permitindo-lhe
atuar em posição superior ao particular fornecedor em alguns pontos, tais como:

• alteração unilateral do contrato;


• rescisão unilateral;
• penalidades à parte adversa;
• ocupação provisória dos bens do contratado;
• exceptio non adimpleti contractus (brocardo latino que significa: exceção do
contrato não cumprido).

Em termos gerais, a alteração do contrato está prevista no art. 65 da Lei n.


8.666/1993. Observe:

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Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as
devidas justificativas, nos seguintes casos:

I - unilateralmente pela Administração:

a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para


melhor adequação técnica aos seus objetivos;

quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de


acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos
por esta Lei. (BRASIL, 1993)

Atenção
A inexecução do contrato constitui causa para sua rescisão
unilateral, nos termos do art. 77 e 78 da Lei n. 8.666/1993 (BRASIL,
1993). Isso inclui atraso, lentidão ou paralisação dos serviços.

Já a fiscalização feita pela Administração significa a designação de um gestor do


contrato que acompanha de perto a execução do objeto pactuado, devendo anotar
qualquer informação relevante ao seu deslinde.

Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por


um representante da Administração especialmente designado, permitida
a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações
pertinentes a essa atribuição.

§ 1º O representante da Administração anotará em registro próprio todas


as ocorrências relacionadas com a execução do contrato, determinando
o que for necessário à regularização das faltas ou defeitos observados.
§ 2º As decisões e providências que ultrapassarem a competência do
representante deverão ser solicitadas a seus superiores em tempo hábil
para a adoção das medidas convenientes. (BRASIL, 1993)

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As sanções aplicadas pela Administração ao particular contratante dependem


da salvaguarda do contraditório e da ampla defesa. No entanto, entendemos que
elas são cláusulas exorbitantes, pois o particular não pode aplicar tais sanções à
Administração contratante no caso de descumprimento por parte dela, gerando,
assim, indignação.

O fornecedor não tem as prerrogativas contratuais que o Estado possui

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

De acordo com o art. 87, Lei n. 8.666/1993 (BRASIL, 1993), podem ser impostas as
seguintes sanções:

• advertência: trata-se de aviso de irregularidade praticado por escrito;


• Multa;
• suspensão de contrato por dois anos com o ente que aplicou a sanção;

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• declaração de inidoneidade: é mais ampla e impede o penalizado de contratar


com qualquer ente no território nacional.

A exceção do contrato não cumprido significa o direito de interromper a execução


do contrato em face do descumprimento causado pela outra parte. Isso significa
que o particular deve honrar o contrato administrativo em respeito ao princípio da
continuidade dos serviços públicos, mesmo que o Estado deixe de pagá-lo por até 90
dias. Isso porque, de acordo com o que determina o artigo 78, XV, da Lei n. 8.666/93
(BRASIL, 1993), o fornecedor tem o direito de invocar a exceção do contrato não
cumprido quando a Administração for inadimplente por mais de 90 dias. Vejamos:

Art. 78, XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos


pela Ad- ministração decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou
parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade
pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, assegurado ao
contratado o direito de optar pela suspensão do cumprimento de suas
obrigações até que seja normalizada a situação. (BRASIL, 1993)

Por fim, a ocupação provisória dos bens do contratado é realizada nos serviços
públicos essenciais quando a Administração entender apropriado, a fim de evitar
prejuízos à coletividade, segundo previsto no art. 58, V, da Lei n. 8.666/1993 (BRASIL,
1993).

Fechamento
O processo de contratação da Administração Pública passa, via de regra, por um
processo licitatório. Tão importante quanto o processo licitatório, que marca o início
de uma determinada contração, é o seu fim do processo de contratação que ocorre
com a confecção e assinatura do contrato administrativo.

Nesse sentido, o contrato administrativo e as suas cláusulas foram os temas


desta unidade. Na primeira parte, vimos as principais noções e conceitos sobre
os contratos administrativos. Já na segunda e terceira, analisamos os tipos de
cláusulas dos contratos administrativos, dividindo-as entre cláusulas necessárias e
as cláusulas exorbitantes. Estudamos, por fim, os conceitos e as características de
cada uma delas.

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Referências
BRASIL. Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração
Pública e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1993.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/
L12598.htm#art15. Acesso em: 23 out. 2020.

JUSTEN FILHO, M. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 16.


ed. São Paulo: Dialética, 2015.

MOTTA, C. P. C. Eficácia nas licitações e contratos. 12. ed. Belo Horizonte: DelRei,
2011.

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