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OLIMPÍADA NACIONAL DE HISTÓRIA DO BRASIL

FASE 5 - PLANO DE AULA:

A QUESTÃO INDÍGENA NO BRASIL

APRESENTAÇÃO DA AULA:

a) Título da aula: "Ond stão os ndgnas na Hstóra do Brasl?"

b) Subtítulo da aula: Perceberam que as vogais "i" e "e" estão em falta? Não está
completa. Assim é a história do Brasil. Qual é a história que queremos contar?

c) Resumo da aula: Destinada ao 2º ano do ensino médio, a presente aula visa

trabalhar a historicidade dos povos indígenas no país, mostrando que a
historiografia brasileira pouco fala deles e que isso contribui para a contínua
invisibilização, violência e preconceito a que essas populações têm sido
submetidas por mais de 500 anos, além de ressaltar o fato de que tais etnias ainda
hoje precisam lutar por direitos básicos e elementares à cidadania. Tal realidade
é percebida em comunidades indígenas como os Anacés - CE, os quais batalham
por reconhecimento há anos, mas vivem sob risco constante de superexploração.

d) Objetivos da aula:
Objetivos gerais:
- Compreender o processo de violência e silenciamento histórico que contribuiu
para a extinção em massa de etnias e culturas;
- Mostrar a importância da luta desses povos por direitos e identidade.
Objetivos específicos:
- Desconstruir a imagem estereotipada dos indígenas como seres relegados ao
passado, “selvagens rebeldes” ou “vítimas passivas”;
- Conhecer a realidade dos indígenas por meio da comunidade dos Anacés-CE;
- Desenvolver criticidade e consciência acerca da injustiça social presente na
realidade de diversos povos indígenas atualmente e a importância dessa luta.

SLIDE 1:
" Ond stão os ndgnas na Hstóra do Brasl?"
Perceberam que as vogais "i" e "e" estão em falta? Não está completa. Assim é a
história do Brasil. Qual é a história que queremos contar?
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SLIDE 2:

LEGENDA: Genocídio indígena brasileiro

Fonte:https://www.pressenza.com/pt-pt/2012/10/genocidio-indigena-brasileiro/
- Acesso: 09/06/2023 às 16:18.

ANOTAÇÃO DE APOIO: A fotografia em questão mostra um indígena

guarani-kaiowá em protesto, o qual, usando vestes contemporâneas e alguns
ornamentos tradicionais, cobre o gramado da Esplanada dos Ministérios com
cruzes que simbolizam os mortos. Nessa época, essa etnia lutava contra a ordem
de despejo, como dito na carta que fizeram para o governo: “Nós já vamos e
queremos ser enterrados junto aos nossos antepassados onde estamos hoje. Por
isso, pedimos ao governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de
expulsão, mas solicitamos para decretar a nossa morte coletiva e para enterrar
nós todos aqui mesmo”.

https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/10/19/em-protesto-indios-c
obrem-gramado-da-esplanada-dos-ministerios-com-5000-cruzes.htm
https://www.pressenza.com/pt-pt/2012/10/genocidio-indigena-brasileiro/

SLIDE 3: TEXTO
TÍTULO DO SLIDE 3: Cruzes indígenas do Brasil

TEXTO DO SLIDE 3: A fotografia responde à pergunta temática da aula

simbolizando as milhares de histórias não contadas, de povos escravizados,
violentados e esquecidos. Mortos. Ao mesmo tempo, representa dor e resistência,
transmite uma mensagem: “Não é a marcha inelutável e impessoal da história
que mata os índios: são ações e omissões muito tangíveis, movidas por interesses
concretos”. Manuela Carneiro da Cunha.
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SLIDE 4: TEXTO

TÍTULO DO SLIDE 4: A construção histórica da figura indígena no Brasil

TEXTO DO SLIDE 4: Dentre os pontos determinantes para a estruturação errônea
vigente que nega a identidade dos povos indígenas e constrói uma imagem
ignorante e preconceituosa destacam-se:
- A omissão histórica
- A estereotipação
- A animalização

ANOTAÇÕES DE APOIO DO SLIDE 4:

O indígena, o qual é parte dessas terras antes mesmo que tivessem nome, que é a
origem da identidade do Brasil, é o mesmo que é excluído dessa história. Nesse
sentido, a historiografia brasileira construiu, como ferramenta opressora para
afirmar a superioridade europeia, a ignorância enraizada em muitos brasileiros,
que os vêem como animais, estatísticas, parte de um povo incivilizado exótico que
mora nu na floresta sem internet e que morreu nos livros de história, ora
vagabundos selvagens, ora pobres coitados, são algo distante e quase não
pertencente ao povo brasileiro. Essa visão, que cala e nega a trajetória destes,
roubando-lhes o direito de resgatar sua identidade e a história que lhes foi tirada,
está totalmente errada, e ainda presente na realidade do Brasil contemporâneo.

SLIDE 5: IMAGEM
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LEGENDA:
Imagem 1: A memória e luta do Povo Anacé - Site: Câmara de São Gonçalo do
Amarante
Imagem 2: Cacique geral do Povo Anacé, Roberto Antônio, relata que no
território permanece o sentimento de medo e tensão - Foto: MNI
- Acesso em: 08/06/2023 às 15:26.

ANOTAÇÕES DE APOIO DO SLIDE 5:

Imagem 1: Apresenta-se os indígenas Anacés seguindo com as tradições e
preservando suas crenças. Mostra-se que, apesar de todas as tentativas de acabar
com os costumes dessa comunidade, a fortaleza e a resistência prevalecem.
Imagem 2: A imagem mostra os Anacés lutando pelo direito à terra, já que a
demarcação é direito essencial para a sobrevivência da comunidade.
- A escolha se deu, pois mostra onde os indígenas realmente estão na história do
Brasil: lutando contra o silenciamento e manifestando sua cultura, apesar das
inúmeras invisibilizações e tentativas de “apagamento” de sua identidade.

SLIDE 6: TEXTO
TÍTULO DOS SLIDES 6 e 7: A realidade dos indígenas através de comunidades
locais: A história dos Anacés
TEXTO DO SLIDE 6:
Nome do grupo/povo:Anacé.
Região em que esse povo vive ou viveu: Municípios de São Gonçalo do Amarante
e Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza-CE, Nordeste.
Língua falada: perderam a língua nativa.
Forma de moradia: uma pequena parte mora em malocas, enquanto a maior
parte mora em casas providenciadas pelo governo.
Organização interna: composta pelo cacique e pelas lideranças.

ANOTAÇÕES DE APOIO DO SLIDE 6:

Os Anacés habitam tradicionalmente um território situado em São Gonçalo do
Amarante e Caucaia, municípios da Região Metropolitana de Fortaleza-CE,
Nordeste. Perderam sua língua nativa, pois, em 1863, o Governo Provincial
decretou não haver mais índios no Ceará, alegando que haviam sido mortos ou
fugiram. O que ocorreu, na verdade, foi que as populações indígenas, como
estratégia de sobrevivência, optaram por ocultar sua identidade. Assim, 163
famílias foram contempladas com casas de alvenaria, escola e posto de saúde em
padrão indígena, mas ainda existem famílias em moradias tradicionais.
Organizados em torno do cacique e suas lideranças, existem momentos e reuniões
para repassar notícias e problemas sobre as comunidades, tais como a
demarcação de suas terras e ataques de grandes latifundiários.
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SLIDE 7: TEXTO
TEXTO DO SLIDE 7: No passado, os Anacés moravam junto à encosta e viviam da
colheita, da agricultura, da pesca e da criação de animais, o que atualmente foi
posto em risco, pois eles não possuem o reconhecimento de outros povos do
Estado brasileiro. O Toré, ritual que une dança, religião e luta, é considerado
símbolo cultural de resistência, relacionando-se às tradições antigas e afirmando
a identidade indígena.

ANOTAÇÕES DE APOIO DO SLIDE 7: Os Anacés atualmente lutam para garantir

direitos básicos após a frequente invisibização estatal, uma vez que, embora a
FUNAI (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) tenha realizado pesquisas
sobre eles, essa comunidade indígena não possui o reconhecimento dos outros
povos por parte do Estado brasileiro, e seu território permanece sujeito a
interesses públicos e privados. Apesar de todas as ações praticadas pelo povo
Anacé como forma de protesto, ainda correm o risco de superexploração em suas
terras. Entretanto, acima de todas as dificuldades, prevalece a determinação de
não abrir mão daquilo que os pertence, a cultura, a identidade, a terra e o direito
de contar sua própria história, sua verdadeira história, que resistiu a tantas
opressões e silenciamentos, mas que não vai mais se calar.

SLIDE 8: IMAGEM

LEGENDA: A nossa Identidade Cultural coletiva não é Fantasia - Foto: Matheus

Veloso.Site:https://apiboficial.org/2021/11/25/a-nossa-identidade-cultural-coleti
va-nao-e-fantasia/ Acesso: 07/06/2023 às 22:06
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ANOTAÇÕES DE APOIO DO SLIDE 8: A fotografia, tirada por Matheus Veloso,

mostra uma indígena gritando com uma criança em seu colo acompanhada por
outros em uma das várias manifestações indígenas que ocorrem atualmente. A
imagem ressalta o clamor indígena por seus direitos, que são diariamente
renegados, violados, oprimidos e silenciados.

SLIDE 9: TEXTO
TÍTULO DO SLIDE 9: Grito pela vida
TEXTO DO SLIDE 9: Essa é a realidade de muitos indígenas nesse país: Luta.
Escassez, crianças e idosos desnutridos, vítimas de doenças e abusos;
consequência de sucessivas invasões e explorações de suas terras, unido à
desassistência e ao descaso do Estado. Buscam apenas direitos básicos, como
visibilidade, valorização, representatividade, educação, saúde e a demarcação de
suas terras. Apenas sonham em poder viver com dignidade.

SLIDE 10: TEXTO

TEXTO DO SLIDE 10: Resultados preliminares do Censo Demográfico 2022,
recém-divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
apontam que há hoje no Brasil 1.652.876 indígenas, aproximadamente 0,8% do
total de habitantes estimados para o País. Quase 90% das línguas indígenas
brasileiras foram extintas e as que restam estão ameaçadas.
ANOTAÇÕES DE APOIO DO SLIDE 10:
Atualmente, a permanência da ignorância em relação aos nativos, além da
carência de políticas públicas para esses grupos em virtude de interesses
econômicos tem graves consequências: os preconceitos enraizados e a extinção de
diversos povos indígenas, idiomas e histórias que nunca serão contadas. Milhares
são expulsos de suas terras, desamparados pelo governo, abandonados sem ter
para onde ir, crianças e adultos morrem diariamente de desnutrição, doenças
assolam as comunidades e a população assiste de longe. Garimpeiros exploram as
terras e destroem o solo sagrado deles. Vivendo às margens da sociedade, os
povos indígenas, os 0,8% dos brasileiros, se recusam a abrir mão de sua história e
seus direitos, se recusam a esquecer o sangue que escorre da história do Brasil. Se
recusam a desistir.

https://encurtador.com.br/oyLRT
https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2023/04/19-de-abril-povos-indigen
as-lutam-por-mais-visibilidade-e-valorizacao
https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/dados-preliminares-do-censo-2022-apontam-
que-brasil-tem-165-milhao-de-indigenas/
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SLIDE 11: QUESTÃO DA ONHB

ONHB 13 - Fase 2 - Questão 16 :
Explicar a resolução da questão para a classe.
(A) A música rejeita a imagem colonialista que foi propagada desde 1500 pela
historiografia e materiais didáticos, que omite, impessoaliza, segrega e
marginaliza o indígena. A letra rejeita isso, reclama a história roubada que não
puderam contar, fala com as vozes que não irão se calar. Etnias e culturas
extintas, terras e direitos tomados, nunca serão esquecidos. 5
(B) O trecho “Não deixamos de ser o que somos por conta de um celular” prova
que é o oposto. 0
(C) Sim, em “de volta pra terra” e “na saga em busca” há uma ligação entre o
passado e o atual. Violência está presente em termos como “roubar”, “se
apropriar”; já resistência em “somos suçuarana, somos Sagarana”. 4
(D) A autora utilizou-se da música para traduzir o sentimento dos povos
indígenas e chamar atenção para a luta deles. 1

SLIDE 12: TEXTO - TAREFA PARA CASA

TAREFA PARA CASA SLIDE 12:

Questão 1- Como você enxerga um indígena? O que significa ser indígena?

Respondendo a essas perguntas, discorra sobre a verdadeira história desses
povos e a luta quingentésima deles por dignidade e direitos.

Questão 2 - Tendo em mente a mudança de perspectiva gerada pelo

conhecimento adquirido na aula e pelas pesquisas feitas após a resolução da
questão 1, responda novamente: Como você enxerga um indígena?

ANOTAÇÕES DE APOIO SLIDE 12:

Questão 1: O aluno deve mergulhar na cultura indígena e compreender a
distorção da realidade propagada nos livros de história. Sugestões: pesquisar
falas e ler livros escritos por indígenas, ler livros didáticos para observar como
são retratados os povos, e pesquisar o posicionamento do governo e políticas
públicas existentes para esses grupos.
Questão 2: O objetivo é que o aluno disserte sobre como ele enxerga o indígena e
perceba os preconceitos que apresenta, mesmo que inconscientemente, e que
reflita com a aula e o conhecimento adquirido para realmente se conscientizar e
compreender a história e cultura dos povos indígenas. Para fazer isso, o aluno
deve entender a importância de resgatar e propagar a história e cultura dos
povos originários, preservando suas identidades.
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SLIDE 13: TEXTO - CONCLUSÃO

CONCLUSÃO SLIDE 13:
- A historiografia brasileira ainda propaga preconceitos que omitiram e
roubaram grande parte da história e da cultura indígena.
- Precariedade, escassez, carência de direitos e invisibilidade ameaçam povos
indígenas por todo o país, inclusive em grupos locais.
- Após mais de 500 anos violência e silenciamento, os indígenas lutam
diariamente para reivindicar seu lugar na história do Brasil.

ANOTAÇÕES DE APOIO SLIDE 13:

“ Para os índios, não há história, há apenas etnografia” - historiador Francisco
Varnhagen. O silêncio da historiografia acerca desses povos propaga o
desconhecimento que tem gerado preconceitos, violências e exclusões. Fome,
desemprego, drogas, alcoolismo, descaso, expulsão e ausência de direitos mínimos
de cidadania são realidade para muitos grupos indígenas no Brasil. A História
oficial não só silencia como nega a história deles. Em muitos estudos, foram vistos
apenas como vítimas que após o contato com os europeus foram sendo dizimados
e enfim entrando em extinção. Hoje, os mais de duzentos povos espalhados pelo
país desmentem as teorias que preconizaram seu fim. Afirmando suas
identidades, várias comunidades têm lutado por seus direitos, suas terras e
valores culturais.

SLIDE 14: TEXTO - REFERÊNCIAS (3 PRINCIPAIS)

JESUS, Zeneide Rios de. Povos indígenas e história do Brasil: invisibilidade,

silenciamento, violência e preconceito. (Anais do XXVI Simpósio Nacional de
História – ANPUH • São Paulo, julho 2011). Disponível em:
http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300935234_ARQUIVO_Povo
sindigenaseahistoriadoBrasil.pdf. Acesso em 06 jun 2023.

Povos Indígenas no Brasil - Anacé. Disponível em:

https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Anacé. Acesso em: 06 jun 2023.

Portal EBC - Cidadania - Quase 90% línguas indígenas brasileiras foram

extintas e as que restam estão ameaçadas. Disponível em:
https://encurtador.com.br/oyLRT. Acesso em: 06 jun 2023.