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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DO SONGO

AULAS TEÓRICAS DE
ELECTROTECNIA TEÓRICA I

Eng.º Leonel Fanequiço

Eng.º Nivaldo Garcia

Songo, Fevereiro de 2017


Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

1. CIRCUITOS LINEARES DE CORRENTE CONTÍNUA

1.1. Definições

1.1.1. Corrente Eléctrica

É uma passagem ordenada de partículas carregadas electricamente (electrões livres nos metais e iões nos líquidos). A
passagem da corrente é causada pelo campo eléctrico estabelecido pela fonte de energia num determinado circuito
eléctrico.

A intensidade de corrente eléctrica em um meio condutor (sólido, líquido ou gasoso) é a quantidade de carga eléctrica
que atravessa qualquer superfície desse condutor colocado normalmente à direcção da carga por unidade de tempo.

𝛥𝑄
𝐼= → Corrente contínua
𝛥𝑡

𝑑𝑞 𝑙𝑖𝑚 𝛥𝑄
𝐼= = 𝛥𝑡→0 → Corrente variável
𝑑𝑡 𝛥𝑡

1.1.2. Circuito Eléctrico

É um conjunto de elementos ligados electricamente entre si. Um elemento eléctrico é um dispositivo no interior do
qual há uma conversão de uma forma de energia em outra forma de energia, sendo uma delas energia eléctrica. A
representação gráfica de um circuito eléctrico é denominada esquema do circuito eléctrico.

1.1.3. Elemento Passivo, Receptor ou Carga

Se no interior do elemento eléctrico há conversão de energia eléctrica noutra forma de energia (em calor numa
resistência, em energia mecânica num motor eléctrico, etc.) dizemos que se trata de um elemento passivo, receptor ou
carga.

1.1.4. Elemento Activo ou Fonte de Energia

Quando no interior do elemento há conversão de outra forma de energia (Química, mecânica, luminosa, etc.) em
energia eléctrica.

Qualquer fonte de energia eléctrica é caraterizada pela grandeza e sentido da força electromotriz (f.e.m) que gera e
pela sua resistência interna.

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1.1.5. Corrente Contínua

É uma corrente eléctrica unidirecional e invariável no tempo.

1.1.6. Tensão Eléctrica ou Diferença de Potencial

A tensão U entre os terminais de qualquer elemento eléctrico é a razão entre a energia trocada entre o elemento e o
seu exterior, W, durante um certo intervalo de tempo e a carga Q que durante esse intervalo de tempo, atravessa a sua
secção recta:

𝑊𝑒𝑙é𝑐𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟𝑖𝑑𝑎 1𝐽
𝑈= [ 𝑈] = = 1𝑉
𝑄 𝐶

A unidade da tensão no Sistema Internacional é o Volt [V].

A relação entre a corrente através duma resistência e a diferença de potencial ou tensão chama-se a sua Característica
Volt-Ampere (V/A) ou característica tensão – corrente.

1.1.7. Efeito de Joule

Num condutor metálico percorrido por uma corrente eléctrica há dissipação de energia eléctrica em calor. É o chamado
Efeito de Joule.

Joule confirmou que a potência dissipada num condutor (energia eléctrica transformada em calor por unidade de
tempo) é proporcional ao quadrado da corrente que percorre esse condutor.

𝑃 = 𝑘. 𝐼 2

Sendo que a constante de proporcionalidade k depende apenas da geometria do condutor e do material de que é feito.

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1.1.8. Resistência Eléctrica de Um Condutor

A resistência é uma característica de qualquer corpo, que tem esta designação, pois quantifica a maior ou menor
dificuldade com que a corrente eléctrica flui através do corpo.

A constante de proporcionalidade que aparece na Lei de Joule é na realidade a resistência eléctrica do condutor em
causa, designada por R:

𝑃 𝑃
𝑃 = 𝑅. 𝐼 2 ⇒ 𝑅 = 𝐼2 : 𝑅 = 𝐼2

𝑙
𝑅 = 𝜌.
𝑠

Onde,

l - Comprimento do condutor

S - Área da secção transversal do condutor

𝜌 - É uma característica do material que constitui o corpo chamada Resistividade ou Resistência Específica.

Nos metais a resistividade varia com a temperatura segundo a lei:

𝜌(𝜃) = 𝜌20° [1 + 𝛼(𝜃 − 20° )]

Onde,

α - é uma constante própria de cada material, designada por Coeficiente de Temperatura;

θ - é temperatura em °C.

Consequentemente, a resistência eléctrica de um condutor também varia com a temperatura.

1.1.9. Condutância Eléctrica

A condutância (g) de um é o inverso da sua resistência e a condutividade é o inverso da sua resistividade.

1 1
𝑔=𝑅 ɣ=𝜌

Onde,

R – é a resistência eléctrica.

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ɣ – é a condutividade ou condutância específica do material.

ρ – é a resistividade ou resistência específica do material.

A unidade da condutância no sistema internacional (SI) é o siemens, o inverso do ohm. 1S = 1 Ω -1.

1.1.10. Circuitos Lineares

Os elementos resistivos cuja característica V/A é uma recta chamam-se Lineares e os circuitos que contêm unicamente
elementos lineares chamam-se circuitos lineares.

Os circuitos lineares possuem somente elementos lineares.

1.1.11. Circuitos Não Lineares

Os elementos resistivos para os quais a característica V/A não é uma recta chamam-se Não-Lineares e os circuitos que
os contêm chamam-se Circuitos Não-Lineares.

Um circuito Não-Linear possui pelo menos um elemento não-linear.

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1.2. Elementos Eléctricos, Tensão e Corrente

1.2.1. Elemento Passivo (Resistência)

Recebe energia eléctrica e transforma noutra forma de energia


(calorífica).

1.2.2. Elemento Activo (Fonte de Energia)

Transforma outra forma de energia em energia eléctrica. A título de

exemplo, uma pilha seca.

1.2.3. Elemento Passivo (Carga)

Recebe energia eléctrica e transforma em outra forma de energia.


Por exemplo, uma bateria a carregar.

1.3. Redes de Malhas Simples e Múltiplas – Leis dos Circuitos Eléctricos

1.3.1. Definições

Malha - É qualquer percurso fechado de um circuito eléctrico, iniciando e terminando no mesmo ponto.

Nodo ou Nó - É um ponto numa rede eléctrica onde três ou mais ramos se encontram.

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Ramo - É uma parte da malha limitada por dois nós ou uma parte do circuito cujos elementos estão ligados em série.

Num circuito eléctrico, cada ramo conduz uma corrente diferente.

Circuito (1) → três (3) ramos: dois (2) Nós

Circuito (2)→ três (3) ramos: um (1) Nó

1.3.2. Lei de George Simon Ohm (1826)

Para qualquer condutor metálico, existe uma proporcionalidade constante entre a tensão entre os seus terminais e a
corrente que o percorre (Lei de Ohm).

𝑈
=𝑅
𝐼

Tensão Num Ramo de Um Circuito

Exemplo 1:

𝜑𝑎 = 𝜑𝑏 + 𝐼. 𝑅

⇒ 𝜑𝑎 − 𝜑𝑏 = 𝐼. 𝑅

⇒ 𝑈𝑎𝑏 = 𝐼𝑅

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Exemplo 2: 𝜑𝑏 = 𝜑𝑐 + 𝜀 → 𝜑𝑐 = 𝜑𝑏 − 𝜀

𝜑𝑎 = 𝜑𝑐 + 𝐼𝑅

𝜑𝑎 = 𝜑𝑏 − 𝜀 + 𝐼𝑅

⇒ 𝜑𝑎 − 𝜑𝑏 = 𝐼𝑅 − 𝜀

⇒ 𝑈𝑎𝑏 = 𝐼𝑅 − 𝜀 → 𝐼𝑅 = 𝑈𝑎𝑏 + 𝜀

𝑈𝑎𝑏 +𝜀
⇒𝐼= 𝑅

Exemplo 3:

𝜑𝑏 = 𝜑𝑐 + 𝜀

𝜑𝑎 = 𝜑𝑏 + 𝐼𝑅
𝜑𝑎 = 𝜑𝑐 + 𝜀 + 𝐼𝑅
⇒ 𝜑𝑎 − 𝜑𝑐 = 𝜀 + 𝐼𝑅

𝑈𝑎𝑐 − 𝜀
⇒𝐼=
𝑅

O sentido positivo da queda de tensão num ramo de um circuito coincide com o sentido positivo da corrente nas
resistências.

Exercício 1:

Determinar a tensão Uab nos terminais a e b do ramo representado na figura abaixo.

Dados

𝐼 = 5𝐴

𝑅 = 2Ω

𝜀 = 12𝑉

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Resolução:

𝜑𝑎 = 𝜑𝑏 + 𝜀 + 𝐼𝑅 ⇒ 𝜑𝑎 − 𝜑𝑏 = 𝜀 + 𝐼𝑅 ⇒ 𝑈𝑎𝑏 = 𝜀 + 𝐼𝑅

𝑈𝑎𝑏 = 12 + 5.2 ⇒ 𝑈𝑎𝑏 = 22𝑉

1.3.3. As Leis de Kirchhoff

Todos os circuitos eléctricos obedecem às duas leis de Kirchhoff.

1.3.3.1. Primeira Lei: Lei das Correntes (ou Lei dos Nós)

Tem duas formulações:

1- A soma algébrica das correntes que fluem para a derivação de um circuito é igual a zero.
2- A corrente total que entra em qualquer derivação de um circuito é igual a corrente total que deixa essa
derivação.

1º Enunciado/Formulação: 𝐼1 − 𝐼2 − 𝐼3 + 𝐼4 = 0 ou − 𝐼1 + 𝐼2 + 𝐼3 − 𝐼4 = 0
2º Enunciado/Formulação: 𝐼1 + 𝐼4 = 𝐼2 + 𝐼3

A Lei das Correntes de Kirchhoff implica que não pode haver acumulação da carga eléctrica em qualquer derivação
de um circuito eléctrico.

1.3.3.2. Segunda Lei: Lei das Tensões (ou Lei das Malhas)

Tem duas formulações:

1- O total das quedas de tensão à volta de um circuito fechado (malha) é igual às f.e.m somadas no mesmo
sentido à volta desse circuito.

𝑚 𝑛

∑ 𝐼𝑘 . 𝑅𝑘 = ∑ 𝐸𝑖
𝑘=1 𝑖=1

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Os termos entram na respectiva soma com sinal (+) se estão no sentido atribuído à circulação em volta do circuito
e com sinal (-), se estão no sentido oposto.

2- A soma algébrica das tensões (não quedas de tensão) à volta de qualquer circuito fechado é zero.

∑ 𝑈𝑘 = 0
𝐾=1

Exemplo 1:

Primeira Lei de Kirchhoff

1ª Formulação 2ª Formulação

I1 + 𝐼2 − 𝐼3 = 0 Nó a 𝐼1 + 𝐼2 = 𝐼3

−𝐼1 − 𝐼2 + 𝐼3 = 0 Nó b 𝐼1 + 𝐼2 = 𝐼3

Segunda Lei de Kirchhoff

1ª Formulação 2ª Formulação

𝐼1 ∙ 𝑅1 − 𝐼1 ∙ 𝑅2 = 𝐸1 − 𝐸2 Malha I 𝐼1 ∙ 𝑅1 − 𝑈1 − 𝐼2 ∙ 𝑅2 + 𝑈2 = 0

−𝐼2 ∙ 𝑅2 − 𝐼3 ∙ 𝑅3 − 𝐼3 ∙ 𝑅4 = −𝐸2 Malha II −𝐼2 ∙ 𝑅2 − 𝐼3 ∙ 𝑅3 − 𝐼3 ∙ 𝑅4 + 𝑈2 = 0

1.4. O Circuito Em Série

Dois ou mais elementos estão ligados em série quando estão em sequência e não existe nenhuma derivação em pontos
intermédios.

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1.4.1. Particularidades de Uma Associação Em Série

1ª A intensidade da corrente é a mesma em todos os elementos (resistências) em série.

𝐼 = 𝐼1 = 𝐼2 = 𝐼3

2ª A tensão entre os terminais dum ramo contendo resistências em série é igual à soma das tensões entre os terminais
das resistências associadas.

𝑈 = 𝑈1 + 𝑈2 + 𝑈3

3ª A resistência equivalente dum agrupamento em série é a soma das resistências associadas.

𝑈 = 𝑈1 + 𝑈2 + 𝑈3 → 𝐼 ∙ 𝑅𝑒𝑞 = 𝐼 ∙ 𝑅1 + 𝐼. 𝑅2 + 𝐼. 𝑅3 → 𝐼 ∙ 𝑅𝑒𝑞 = 𝐼 ∙ (𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3 )


⇒𝑅𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3

No caso geral: 𝑅𝑒𝑞 = ∑𝑛𝑘=1 𝑅𝑘

A resistência equivalente é sempre maior do que qualquer resistência associada.

4ª No circuito eléctrico em série as tensões nas resistências são proporcionais as resistências.

𝑈1 𝑈2 𝑈3 𝑈
𝐼= = = =
𝑅1 𝑅2 𝑅3 𝑅𝑒𝑞

1.4.2. Divisor de Tensão

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𝑈
𝐼=
𝑅1 + 𝑅2

𝑈1
𝐼=
𝑅1

𝑈1 𝑈 𝑅1
= ⇒𝑈1 = 𝑈 ∙
𝑅1 𝑅1 + 𝑅2 𝑅1 + 𝑅2

Generalizando para n resistências em série:


𝑅1
𝑈1 = 𝑈.
𝑅1 + 𝑅2 + ⋯ + 𝑅𝑛

𝑅2
𝑈2 = 𝑈 ∙
𝑅1 + 𝑅2 + ⋯ + 𝑅𝑛

𝑅𝑛
𝑈𝑛 = 𝑈.
𝑅1 + 𝑅2 + ⋯ + 𝑅𝑛

1.5. O Circuito Em Paralelo

Duas ou mais resistências estão ligadas em paralelo quando estão sujeitas à mesma tensão.

1.5.1. Particularidades do Circuito Em Paralelo

1ª A tensão aplicada é a mesma em todas as resistências associadas. 𝑈 = 𝑈1 = 𝑈2 = 𝑈3

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2ª A corrente total é a soma das correntes das resistências associadas, de acordo com a 1ª Lei de Kirchhoff.

𝐼 = 𝐼1 + 𝐼2 + 𝐼3 ⇒ 𝐼 = ∑ 𝐼𝑘
𝑘=1

3ª A condutância equivalente é a soma das condutâncias associadas.

𝑔𝑒𝑞 = ∑ 𝑔𝑘
𝑘=1

𝑈 𝑈 𝑈 𝑈
𝐼 = 𝐼1 + 𝐼2 + 𝐼3 ⇒ = + +
𝑅𝑒𝑞 𝑅1 𝑅2 𝑅3

𝑈 1 1 1 1 1 1 1
= 𝑈( + + ) ⇒ = + +
𝑅𝑒𝑞 𝑅1 𝑅2 𝑅3 𝑅𝑒𝑞 𝑅1 𝑅2 𝑅3

1 1 1 1
𝑔𝑒𝑞 = ; 𝑔1 = ; 𝑔2 = ; 𝑔3 =
𝑅𝑒𝑞 𝑅1 𝑅2 𝑅3
𝑛

𝑔𝑒𝑞 = 𝑔1 + 𝑔2 + 𝑔3 ⇒ 𝑔𝑒𝑞 = ∑ 𝑔𝑘
𝑘=1

Para Duas Resistências Em Paralelo:

1 1 1
=𝑅 +𝑅
𝑅𝑒𝑞 1 1

1 𝑅2 ∙ 𝑅1 𝑅1 ∙ 𝑅2
= ⇒ 𝑅𝑒𝑞 =
𝑅𝑒𝑞 𝑅1 + 𝑅2 𝑅1 + 𝑅2

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A resistência equivalente de um agrupamento em paralelo é sempre menor que qualquer uma das resistências
associadas.

4ª As correntes nos ramos das resistências ligadas em paralelo são inversamente proporcionais as resistências
respectivas.

𝐼1 𝑅2
𝐼1 ∙ 𝑅1 = 𝐼2 ∙ 𝑅2 ⇒ =
𝐼2 𝑅1

1.5.2. Divisor de Corrente

𝐼 ∙ 𝑅𝑒𝑞 = 𝐼1 ∙ 𝑅1
𝑅 ∙𝑅
𝑅𝑒𝑞 = 𝑅 1+𝑅2
1 2

𝑅1 ∙ 𝑅2 𝑅2
𝐼1 ∙ 𝑅1 = 𝐼 ∙ ⇒ 𝐼1 = 𝐼 ∙
𝑅1 + 𝑅2 𝑅1 + 𝑅2

Analogamente,
R1
I2 = I ∙ R
1 +R2

1.6. Classificação dos Circuitos Eléctricos

ÍNDICE DE CLASSIFICAÇÃO CLASSIFICAÇÃO

Tipo de corrente - Circuito de corrente contínua

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- Circuito de corrente alternada


Característica V/A - Circuitos lineares
- Circuitos não lineares
Presença de fontes - Circuitos activos
- Circuitos passivos
Complexidade - Circuitos simples
- Circuitos complexos

1.7. Transformação Estrela – Triângulo Equivalente

Para a Ligação Em Estrela


𝐼1 + 𝐼2 + 𝐼3 = 0 (1ª Lei de Kirchhoff)

𝐼1 = (𝜑1 − 𝜑0 ) ∙ 𝑔1 ; 𝐼2 = (𝜑2 − 𝜑0 ) ∙ 𝑔2 ; 𝐼3 = (𝜑3 − 𝜑0 ) ∙ 𝑔3

(𝜑1 − 𝜑0 ) ∙ 𝑔1 + (𝜑2 − 𝜑0 ) ∙ 𝑔2 + (𝜑3 − 𝜑0 ) ∙ 𝑔3 = 0

𝜑1 ∙ 𝑔1 + 𝜑2 ∙ 𝑔2 + 𝜑3 ∙ 𝑔3 − 𝜑0 ∙ (𝑔1 + 𝑔2 + 𝑔3 ) = 0

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𝜑1 ∙ 𝑔1 + 𝜑2 ∙ 𝑔2 + 𝜑3 ∙ 𝑔3
𝜑0 =
𝑔1 + 𝑔2 + 𝑔3

𝐼1 = (𝜑1 − 𝜑0 ) ∙ 𝑔1

𝜑1 ∙ 𝑔1 + 𝜑2 ∙ 𝑔2 + 𝜑3 ∙ 𝑔3
𝐼1 = (𝜑1 − ) ∙ 𝑔1
𝑔1 + 𝑔2 + 𝑔3

𝜑1 ∙ 𝑔1 + 𝜑1 ∙ 𝑔2 + 𝜑1 ∙ 𝑔3 − 𝜑1 ∙ 𝑔1 − 𝜑2 ∙ 𝑔2 − 𝜑3 ∙ 𝑔3
𝐼1 = ∙ 𝑔1
𝑔2 + 𝑔2 + 𝑔3

[𝜑1 (𝑔2 + 𝑔3 ) − 𝜑2 ∙ 𝑔2 − 𝜑3 ∙ 𝑔3 ]
𝐼1 = ∙ 𝑔1 (1.7.1)
𝑔1 + 𝑔2 + 𝑔3

Para a Ligação Em Triângulo

𝐼1 = 𝐼12 − 𝐼31 ⇒ 𝐼1 = (𝜑1 − 𝜑2 ) ∙ 𝑔12 − (𝜑3 − 𝜑1 ) ∙ 𝑔31

𝐼1 = 𝜑1 ∙ 𝑔12 − 𝜑2 ∙ 𝑔12 − 𝜑3 ∙ 𝑔31 + 𝜑1 ∙ 𝑔31

𝐼1 = 𝜑1 (𝑔12 + 𝑔31 ) − 𝜑2 ∙ 𝑔12 − 𝜑3 ∙ 𝑔31 (1.7.2)

Comparando a equação 1.7.1 e com a equação 1.7.2 obtemos:

𝑔1 ∙𝑔2 𝑔3 ∙𝑔1
𝑔12 = 𝑔 𝑔31 = 𝑔
1 +𝑔2 +𝑔3 1 +𝑔2 +𝑔2

𝑔2 ∙𝑔3
De igual modo: 𝑔23 = 𝑔
1 +𝑔2 +𝑔3

1 1 1 1
𝑔12 = 𝑔1 = 𝑔2 = 𝑔3 =
𝑅12 𝑅1 𝑅2 𝑅3

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1 1 1
1 𝑅1 ∙ 𝑅2 𝑅1 ∙ 𝑅2
= =
𝑅12 1 1 1 𝑅2 ∙ 𝑅3 + 𝑅1 ∙ 𝑅3 + 𝑅1 ∙ 𝑅2
𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3 𝑅1 ∙ 𝑅2 ∙ 𝑅3

1 1 𝑅1 ∙ 𝑅2 ∙ 𝑅3
𝑅12 =? = ∙
𝑅12 𝑅1 ∙ 𝑅2 𝑅2 ∙ 𝑅3 + 𝑅1 ∙ 𝑅3 + 𝑅1 ∙ 𝑅2

𝑅2 ∙ 𝑅3 + 𝑅1 ∙ 𝑅3 + 𝑅1 ∙ 𝑅2
𝑅12 =
𝑅3
𝑅1 ∙ 𝑅2
𝑅12 = 𝑅1 + 𝑅2 +
𝑅3
Analogamente:
𝑅2 ∙ 𝑅3 𝑅3 ∙ 𝑅1
𝑅23 = 𝑅2 + 𝑅3 + 𝑅31 = 𝑅1 + 𝑅3 +
𝑅1 𝑅2

1.8. Transformação Triângulo – Estrela Equivalente

𝑅12 ∙ 𝑅31 𝑅12 ∙ 𝑅23 𝑅23 ∙ 𝑅31


𝑅1 = ; 𝑅2 = ; 𝑅3 =
𝑅12 + 𝑅23 + 𝑅31 𝑅12 + 𝑅23 + 𝑅31 𝑅12 + 𝑅23 + 𝑅31

1.9. Circuito Aberto e Curto-Circuito

1.9.1. Circuito Aberto

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Diz-se que um bípolo esta em circuito aberto (ca) ou em marcha em vazio (mv) quando o seu exterior é uma resistência
infinita (ou condutância nula), ou seja, quando a corrente nos seus terminais é nula (I mv = 0).

A tensão de circuito aberto de um bípolo (Uca), ou tensão de marcha em vazio (Umv) pode ser diferente de zero, se
existirem fontes de energia no interior do bípolo (bípolo activo), mas a potência eléctrica trocada com o seu exterior
em circuito aberto Pca é sempre nula. 𝑃𝑐𝑎 = 𝑈𝑐𝑎 ∙ 𝐼𝑐𝑎 = 𝑈𝑐𝑎 ∙ 0 = 0

1.9.2. Curto-Circuito

Diz-se que um bípolo está em curto-circuito (cc) quando o seu exterior é uma resistência nula (condutância infinita),
ou seja, quando a tensão entre os seus terminais é nula.

𝑈𝑐𝑐 = 0 → 𝑈𝑐𝑐 = 𝑅 ∙ 𝐼𝑐𝑐 = 0 ∙ 𝐼𝑐𝑐 = 0 ⇒ 𝑈𝑐𝑐 = 0

A corrente de curto-circuito de um bípolo (Icc) pode ser diferente de zero, se existirem fontes no interior do bípolo
(bípolo activo), mas a potência eléctrica trocada com o exterior em curto-circuito (Pcc) é sempre nula:

𝑃𝑐𝑐 = 𝑈𝑐𝑐 ∙ 𝐼𝑐𝑐 = 0 ∙ 𝐼𝑐𝑐 = 0

1.10. Representação das Fontes de Energia

Uma fonte de energia eléctrica é qualquer dispositivo que transforma energia não eléctrica em energia eléctrica.

Uma fonte de energia eléctrica é caracterizada por uma força electromotriz (E) e uma resistência interna Ri (resistência
interna da fonte).

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Dependendo da relação entre a força electromotriz (E) e a resistência interna (Ri), todas as fontes eléctricas podem ser
representadas como fontes de tensão ou como fontes de corrente.

1.10.1. Fonte Ideal de Tensão

Uma fonte ideal de tensão fornece energia eléctrica ao circuito a tensão constante, qualquer que seja a intensidade da
corrente que atravessa a fonte e, portanto, qualquer que seja o circuito a que a fonte está ligada.

Para que a tensão permaneça constante, qualquer que seja a corrente I que atravessa a fonte, será necessário que ela
tenha uma resistência interna nula (não tenha perdas).

𝑅𝑖 = 0 ⇒ 𝑈 = 𝐸 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒

A fonte ideal de tensão é uma fonte ideal de energia para a qual a tensão nos seus terminais é constante e igual à força
electromotriz E e a resistência interna é zero.

1.10.2. Fonte Real de Tensão

Uma fonte de energia não pode ter resistência interna nula (pode ser muito pequena, mas nunca nula). Assim uma
fonte real de tensão pode ser representada (para o exterior) como uma associação em série de uma fonte ideal de tensão
com uma resistência (que representa a sua resistência interna, relacionada com a transformação de energia eléctrica
em calor que ocorre no seu interior – energia de perdas).

Ri ≠ 0

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𝑈 = 𝐼. 𝑅𝑐 ⇒ 𝐼. 𝑅𝑖 + 𝐼. 𝑅𝑐 = 𝐸 ⇒ 𝑈 = 𝐸 − 𝐼. 𝑅𝑖

𝐸
𝐼𝑐𝑐 =? 𝑈 = 0 → 0 = 𝐸 − 𝐼𝑐𝑐 ∙ 𝑅𝑖 ⇒ 𝐼𝐶𝐶 =
𝑅𝑖
𝐸
𝑡𝑔𝛼 = = 𝑅𝑖
𝐼𝑐𝑐
𝐼𝑐𝑐 = Intensidade de curto-circuito ou corrente de curto-circuito

𝐼 ∙ 𝑅𝑖 + 𝐼 ∙ 𝑅𝐶 = 𝐸 ⇒ 𝐼(𝑅𝑖 + 𝑅𝑐 ) = 𝐸
𝐸
⇒𝐼=
𝑅𝑖 + 𝑅𝑐
𝛼 = Caracteriza a rigidez da fonte.

𝐸
Se 𝑅𝑖 ≪ 𝑅𝑐 ⇒ 𝑈 ≈ 𝐸 e 𝑅𝑖 ≪ 𝑅𝑐 ⇒ 𝐼 ≈ 𝑅
𝑐

Se 𝑅𝑖 = 0 ⇒ 𝑈 = 𝐸 → Fonte ideal de tensão

1.10.3. Fonte Ideal de Corrente

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Uma fonte designa-se por fonte ideal de corrente quando fornece potência eléctrica sempre com corrente constante,
qualquer que seja o valor da tensão entre os seus terminais e, portanto, qualquer que seja o circuito a que a fonte está
ligada.

O símbolo que usaremos neste manual para representar uma fonte ideal de corrente é o representado abaixo, indicando
as duas setas o sentido da corrente debitada.

Para que a corrente J que atravessa a fonte permaneça constante, qualquer que seja a tensão U entre os terminais da
fonte, será necessário que qualquer variação do valor da resistência equivalente do circuito não afecte o valor da
corrente. Como

𝐸
𝐼=
𝑅𝑖 + 𝑅𝑐

Isso só poderá acontecer se a resistência interna da fonte for infinita (a condutância interna for nula):

Ri = ∞ ou Gi = 0

Mas, para que, mesmo com uma resistência interna infinita, possa continuar a circular corrente no circuito, então é
preciso que a f.e.m. da fonte também seja infinita. E = ∞

𝐸 ∞ ∞
𝐼= = = = 𝐼𝑐𝑐 = 𝐽 = 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑅𝑖 + 𝑅𝑐 ∞ + 𝑅𝑐 ∞

Portanto, uma fonte ideal de corrente tem uma resistência interna infinita e uma força electromotriz também infinita,
debitando uma corrente que é a razão constante entre dois valores infinitamente grandes. A corrente que atravessa a
fonte é sempre constante e igual a J.

𝐸→∞
Portanto, J = constante → {
𝑅𝑖 → ∞
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Uma fonte ideal de corrente só tem existência teórica. Algumas fontes existentes podem aproximar-se deste conceito
de fonte ideal de corrente quando funcionam próximo do curto-circuito, mas já não podem se funcionarem longe da
situação de curto-circuito.

1.10.4. Fonte Real de Corrente

Uma fonte de energia não pode ter uma resistência interna e uma força electromotriz infinitas (poderão ser valores
muito elevados, mas nunca infinitos).

A tensão nos terminais de uma fonte real de tensão é dada pela expressão:

𝑈 = 𝐸 − 𝐼 ∙ 𝑅𝑖

Dividindo ambos os membros da equação pela resistência interna Ri, obtém-se:

𝑈 𝐸
= −𝐼 ⇒ 𝐼0 = 𝐼𝑐𝑐 − 𝐼
𝑅𝑖 𝑅𝑖

𝐸 𝑈
Onde = 𝐼𝑐𝑐 = 𝐽 𝑒 = 𝐼0
𝑅𝑖 𝑅𝑖

Com base na equação: 𝐼0 = 𝐽 − 𝐼 podemos constituir um circuito que representa uma fonte real de
corrente.

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Então, uma fonte real de corrente pode ser representada como uma associação em paralelo de uma fonte ideal de
corrente com uma resistência que representa a sua resistência interna Ri.

Agora a corrente na carga I já depende da tensão U entre os terminais da fonte de energia. Ou seja, a corrente I já não
é constantemente igual a corrente de curto-circuito da fonte e é tanto maior quanto maior for a tensão nos terminais
da fonte.

A corrente que atravessa a resistência da carga Rc é a mesma para ambos os circuitos de representação das fontes de
energia (circuito em sério e circuito em paralelo).

𝑅𝑖 𝐸 𝑅𝑖 𝐸
𝐼=𝐽∙ = ∙ =
𝑅𝑖 + 𝑅𝑐 𝑅𝑖 𝑅𝑖 + 𝑅𝑐 𝑅𝑖 + 𝑅𝑐

𝐸
𝐼=
𝑅𝑖 + 𝑅𝑐

Os circuitos de representação das fontes de energia em série e em paralelo são equivalentes quanto aos parâmetros de
saída U, I, ou seja, são equivalentes quanto a energia convertida pela resistência da carga Rc. Mas não são equivalentes
quanto à energia dissipada pela resistência interna Ri da fonte de energia.

𝑃𝑅𝑖(1) = 𝐼 2 ∙ 𝑅𝑖 𝑃𝑅𝑖(2) = 𝐼02 ∙ 𝑅𝑖

𝐼0 ≠ 𝐼 ⇒ 𝑃𝑅𝑖(1) ≠ 𝑃𝑅𝑖(2)

Portanto, uma fonte de tensão não pode ser substituída por uma fonte de corrente e vice-versa.

1.11. Conexão de Fontes de Energia

1.11.1. Conexão de Fontes de Energia em Série

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𝐼(𝑅1 + 𝑅2 ) + 𝑈𝑏𝑎 = 𝐸1 + 𝐸1 𝑅𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑅2


{
𝐼𝑅𝑒𝑞 + 𝑈𝑏𝑎 = 𝐸𝑒𝑞 ⇒ 𝐸𝑒𝑞 = 𝐸1 + 𝐸2

Em geral:
𝑛 𝑛

𝐸𝑒𝑞 = ∑ 𝐸𝑘 𝑅𝑒𝑞 = ∑ 𝑅𝑘
𝑘=1 𝑘=1
Soma algébrica soma artimética

Observação: Fontes de corrente ideal não podem ser ligadas em série.

1.11.2. Conexão de Fontes de Tensão em Paralelo

𝐼 = 𝐼1 + 𝐼2 + 𝐼3

𝐸1 − 𝑈𝑎𝑏
𝐼1 ∙ 𝑅1 + 𝑈𝑎𝑏 = 𝐸1 ⇒ 𝐼1 = = (𝐸1 − 𝑈𝑎𝑏 ) ∙ 𝑔1
𝑅1

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Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

𝐸2 − 𝑈𝑎𝑏
𝐼2 ∙ 𝑅2 + 𝑈𝑎𝑏 = 𝐸2 ⇒ 𝐼2 = = (𝐸2 − 𝑈𝑎𝑏 ) ∙ 𝑔2
𝑅2

𝐸3 − 𝑈𝑎𝑏
𝐼3 ∙ 𝑅3 + 𝑈𝑎𝑏 = 𝐸3 ⇒ 𝐼3 = = (𝐸3 − 𝑈𝑎𝑏 ) ∙ 𝑔3
𝑅3

𝐼 = (𝐸1 − 𝑈𝑎𝑏 ) ∙ 𝑔1 + (𝐸2 − 𝑈𝑎𝑏 ) ∙ 𝑔2 + (𝐸3 − 𝑈𝑎𝑏 ) ∙ 𝑔3


{
𝐼 = (𝐸𝑒𝑞 − 𝑈𝑎𝑏) ∙ 𝑔𝑒𝑞

(𝐸𝑒𝑞 − 𝑈𝑎𝑏 ) ∙ 𝑔𝑒𝑞 = 𝐸1 ∙ 𝑔1 + 𝐸2 ∙ 𝑔2 + 𝐸3 ∙ 𝑔3 − 𝑈𝑎𝑏 ∙ (𝑔1 + 𝑔2 + 𝑔3 )

𝐸𝑒𝑞 ∙ 𝑔𝑒𝑞 − 𝑈𝑎𝑏 ∙ 𝑔𝑒𝑞 = 𝐸1 ∙ 𝑔1 + 𝐸2 ∙ 𝑔2 + 𝐸3 ∙ 𝑔3 − 𝑈𝑎𝑏 ∙ (𝑔1 + 𝑔2 + 𝑔3 )

𝐸𝑒𝑞 ∙ 𝑔𝑒𝑞 = 𝐸1 ∙ 𝑔1 + 𝐸2 ∙ 𝑔2 + 𝐸3 ∙ 𝑔3

𝐸1 ∙ 𝑔1 + 𝐸2 ∙ 𝑔2 + 𝐸3 ∙ 𝑔3
𝐸𝑒𝑞 =
𝑔𝑒𝑞

∑𝑛
𝑘=1 𝐸𝑘 ∙𝑔𝑘
No caso geral: 𝐸𝑒𝑞 = ∑𝑛
𝑘=1 𝑔𝑘

1 1 1 1 1
𝑔𝑒𝑞 = = + +
𝑅𝑒𝑞 𝑅𝑒𝑞 𝑅1 𝑅2 𝑅3

Observação: Fontes de tensão ideal não podem ser ligadas em paralelo.

𝐸1 +𝐸2 𝐸1 +𝐸2
𝐼= = =∞
𝑅 0

1.11.3. Conexão em Paralelo de Fontes de Tensão e Fontes de Corrente

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𝐼 = 𝐼1 + 𝐼2 + 𝐽3 − 𝐽4

∑𝑛 𝑛
𝑘=1 𝐸𝑘 ∙𝑔𝑘 +∑𝑖=1 𝐽𝑖
𝐸𝑒𝑞 = ∑𝑛
𝑘=1 𝑔𝑘

No caso de não haver f.e.m. em qualquer um dos ramos do circuito, o respectivo termo desaparece no numerador da
equação da f.e.m. equivalente, mas a sua condutância aparece no denominador da mesma equação.

1.12. Aparelhos de Medida

Os principais aparelhos de medida de grandezas eléctricas possuem dois terminais e ligam-se ao circuito através dos
seus dois terminais. As suas designações são as seguintes:

1.12.1. Amperímetro

Serve para medir o valor da intensidade de corrente que passa num determinado elemento (ou ramo) de um circuito
eléctrico. A corrente deverá atravessar o aparelho que terá de ser colocado em série com o elemento cuja corrente
pretendemos medir.

𝐸
𝐼=
𝑅

𝐸
𝐼´ =
𝑅𝐴 + 𝑅

𝑅𝐴 ≪ 𝑅 → Introduz erro desprezável

A resistência interna de um amperímetro ideal é nula (RA=0).

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1.12.2. Voltímetro

Serve para medir a tensão num determinado elemento (ou entre dois pontos) de um circuito eléctrico. A tensão deverá
estar acessível nos terminais do aparelho, que terá de ser colocado em paralelo com o elemento cuja tensão
pretendemos medir.

𝑅1
𝑈1 = 𝐸 ∙
𝑅1 + 𝑅2

𝑅𝑉 ≫ 𝑅1 → Introduz erro desprezável O voltímetro ideal tem uma resistência interna infinita.

1.12.3. Ohmímetro ou Mega ohmímetro

Serve para medir o valor da resistência (ou associação de resistências). O princípio de funcionamento baseia-se directa
ou indirectamente na Lei de Ohm.

O Ohmímetro possui uma fonte de energia que faz com que a resistência a medir seja atravessada por uma corrente e
apresenta uma tensão entre os seus terminais. O valor da resistência é calculado com base no valor destas duas
grandezas.

O Ohmímetro só pode ser ligado a uma resistência ou a uma associação de resistências que não contenha qualquer
fonte de energia (bipolo passivo).

1.12.4. Multímetro

É um aparelho que tem, simultaneamente, as funções de mais do que um dos aparelhos descritos anteriormente, isto
é, uma mesma caixa engloba um amperímetro e um voltímetro e, eventualmente, também um ohmímetro.

1.13. Cálculo de Circuitos Simples

Calcular um circuito eléctrico significa determinar todas as correntes, em todos os ramos.

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O método da resistência equivalente é o método mais simples de calcular circuitos eléctricos, mas só é válido para
circuitos simples com uma única fonte de energia.

Método da Resistência Equivalente

Algoritmo de Cálculo

1. Calcular a resistência equivalente do circuito vista dos terminais da fonte;


2. Calcular a corrente que passa pela fonte, por aplicação da lei de Ohm;
3. Aplicando criteriosamente as leis de Kirchhoff e de Ohm, calcular as outras correntes.

1.14. Trocas de Energia nos Circuitos Eléctricos – Equação de Equilíbrio das Potências

Com base na lei da conservação de energia, a quantidade de energia fornecida a um circuito eléctrico deve ser igual a
quantidade de energia por este consumido.

𝑃𝑓 = 𝑃𝑐

𝑃𝑓 → Potência fornecida ao circuito por fontes de energia.

𝑃𝑐 → Potência dissipada ou consumida no circuito.

∑𝑛𝑘=1 𝐸𝑘 ∙ 𝐼𝑘 + ∑𝑚 𝑙 2
𝑖=1 𝑈𝑎𝑏𝑖 ∙ 𝐽𝑖 = ∑𝑗=1 𝐼𝑗 ∙ 𝑅𝑗

𝑃𝑓 = ∑𝑛𝑘=0 𝐸𝑘 ∙ 𝐼𝑘 + ∑𝑚
𝑖=1 𝑈𝑎𝑏𝑖 ∙ 𝐽𝑖 → Soma algébrica

𝑃𝑐 = ∑𝑙𝑗=1 𝐼𝑗2 ∙ 𝑅𝑗 → Soma aritmética

Quando a corrente I tem o mesmo sentido que a força electromotriz E, a fonte fornece energia ao circuito, e a
quantidade de energia fornecida entra na equação que rege as trocas de energia com o sinal mais (+).

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Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

Quando o sentido da corrente I é contrário ao sentido da força electromotriz E, a fonte absorve energia do circuito
(quando uma bateria esta a carregar), figurando o produto EI com sinal menos (–) na equação respectiva.

1.15. Ligação à Terra Num Circuito Eléctrico

Uma ligação à terra num circuito, não vai afectar neste a distribuição das correntes. Isto porque não há qualquer
derivação por onde a corrente possa circular. O mesmo não se pode dizer quando existem dois ou mais pontos a
potenciais diferentes ligados a terra, porque há derivações adicionais através da terra, o que vai alterar todas as
distribuições de correntes no circuito. Portanto, podemos ligar um circuito eléctrico num ponto sem alterar a
distribuição das correntes e potênciais no mesmo.

1.16. Os Métodos de Cálculo de Circuitos Complexos

1.16.1. Método das Equações de Kirchhoff

Algoritmo de Cálculo

1˚. Determinar o número de nós (N) do circuito dado, número total de ramos (r), número de ramos com fontes de
corrente (rc).

2˚. Marcar arbitrariamente o sentido positivo das correntes em todos os ramos.

3˚. Constituir as equações pela 1ª lei de Kirchhoff, sendo o número de equações igual N-1. Se considerarmos todos os
nós, as incógnitas repetem-se.

𝑁𝑒𝑞 = 𝑁 − 1 → 1ª Lei de Kirchhoff

4˚. Determinar o número de equações pela 2ª Lei de Kirchhoff, sendo o número de equações dado por:

𝑁𝑒𝑞 = (𝑟 − 𝑟𝑐 ) − (𝑁 − 1) → 2ª Lei de Kirchhoff

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5˚. Fixar um sentido positivo de circulação em cada malha, de modo a possibilitar a tradução algébrica da Lei das
Malhas de Kirchhoff.

Observação

a) Cada malha deve conter no mínimo um ramo o qual nenhuma outra contém, tais malhas chamam-se
independentes.
b) Qualquer malha escolhida não deve conter nenhuma fonte de corrente.

6˚. Resolver o sistema de equações obtido, usando qualquer método.

7˚. Se a corrente num ramo é negativa, significa que na realidade o sentido da corrente neste ramo é oposto ao sentido
atribuído inicialmente.

8˚. Verificar os resultados obtidos através da equação de equilíbrio das potências fornecidas e consumidas no circuito.

Exemplo:

Calcular o circuito representado.

Dados:

J, E2, R1, R2, R3, R4 e R5

Resolução

1) Número de Nós: N= 4

Número total de ramos: r = 6

Número de ramos com fonte de corrente: rc =1

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2) Sentido positivo das correntes no circuito.

3) 𝑁𝑒𝑞1ª 𝑙𝑒𝑖 = 𝑁 − 1 = 4 − 1 = 3

São 3 equações pela primeira lei de kirchhoff

𝐽 − 𝐼1 + 𝐼2 = 0
{ 2 − 𝐼4 + 𝐼5 = 0
−𝐼
𝐼1 − 𝐼3 − 𝐼5 = 0
Cada equação deve ter pelo menos uma incógnita que as outras não têm, por isso não usamos o Nó 4.
4) Número de equação pela 2ª lei de kirchhoff.

𝑁𝑒𝑞2ª𝑙𝑒𝑖 = (𝑟 − 𝑟𝑐 ) − (𝑁 − 1)

𝑁𝑒𝑞2ª𝑙𝑒𝑖 = (6 − 1) − (4 − 1) = 5 − 3 = 2

Portanto, são duas equações pela 2ª lei.

5) Duas (2) Equações pela 2ª lei duas malhas

𝐼. 𝐼1 ∙ 𝑅1 + 𝐼5 ∙ 𝑅5 + 𝐼2 ∙ 𝑅2 = 𝐸2
{
𝐼𝐼. 𝐼3 ∙ 𝑅3 − 𝐼4 ∙ 𝑅4 − 𝐼5 ∙ 𝑅5 = 0

6) Resolver o sistema de equação obtido

𝐽 − 𝐼1 + 𝐼2 = 0
{−𝐼2 − 𝐼4 + 𝐼5 = 0
𝐼1 − 𝐼3 − 𝐼5 = 0

𝐼1 ∙ 𝑅1 + 𝐼5 ∙ 𝑅5 + 𝐼2 ∙ 𝑅2 = 𝐸2
{ Portanto, 5 equações 5 Incógnitas
𝐼3 ∙ 𝑅3 − 𝐼4 ∙ 𝑅4 − 𝐼5 ∙ 𝑅5 = 0

7) Fazer a prova, através da equação de equilíbrio das potências.

1.16.2. Método de Sobreposição

O método de sobreposição baseia-se no teorema de sobreposição.

Teorema de Sobreposição

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A corrente em qualquer ramo de uma rede eléctrica é a soma algébrica das correntes devidas a cada uma das fontes
consideradas separadamente, removidas todas as outras fontes, mas deixando no circuito as residências internas
respectivas.

O teorema de sobreposição é válido para todos os circuitos lineares.

Exemplo:

Utilizando o Teorema de Sobreposição, calcular o circuito.

Resolução

1º. Considerando unicamente a fonte J:

2º. Considerando unicamente a fonte E2:

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A resistência interna da fonte de corrente é infinita.

3º. A corrente em cada ramo é a soma algébrica das correntes respectivas.

𝐼1 = 𝐼1′ + 𝐼1′′ 𝐼3 = 𝐼3′ + 𝐼3′′ 𝐼5 = 𝐼5′ + 𝐼5′′

𝐼2 = −𝐼2′ + 𝐼2′′ 𝐼4 = 𝐼4′ − 𝐼4′′

Observação

O teorema de sobreposição não pode ser utilizado para determinar as potências desenvolvidas em resistências como
soma das potências devidas às correntes individuais, pois que a potência é uma função quadrática da corrente.

𝑃𝑅1 = 𝐼12 . 𝑅1 𝑃𝑅1 ≠ 𝐼1′2 . 𝑅1 + 𝐼1′′2 . 𝑅1 = 𝑅1 (𝐼1′2 + 𝐼1′′2 )

𝐼12 ≠ 𝐼1′2 . 𝑅1 + 𝐼1′′2

1.16.3. Método das Malhas Independentes

Neste método, assinala-se por um símbolo a corrente em cada uma das malhas da rede, consideradas independentes
umas das outras. As equações são escritas em função destes símbolos, e é a partir delas que após a resolução do sistema
de equações se encontram as correntes em todos os ramos.

Algoritmo de Cálculo

1. Determinar o número das equações necessárias (número das malhas independentes) ou o número das
correntes de malha.
2. Escolher as malhas independentes e marcar o sentido de correntes de malha.

Observação:

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Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

a) Qualquer malha escolhida não deve conter nenhuma fonte de corrente.


b) Para se ter em conta as influências das fontes de corrente sobre a distribuição das potências e correntes no
circuito é necessário marcar também as correntes de malha conhecidas, tantas quantas fontes de corrente tiver
a rede a calcular, de valor conhecido e igual a J e sentido coincidente com o sentido de J.
c) Uma malha com corrente de malha igual a J deve conter apenas uma fonte de corrente.

3. Constituir as equações pela 2ª Lei de Kirchhoff para cada malha escolhida.


4. Resolver o sistema de equações obtido, ou seja, determinar as correntes de malha.
Se a corrente de malha for negativa, significa que o sentido da corrente de malha é contrário ao sentido
inicialmente atribuído.
5. Determinar as correntes nos ramos. Nos ramos independentes a corrente é igual a corrente de malha.

Ramo Independente – Ramo pelo qual passa apenas uma corrente de malha.
Ramo Comum – Ramo pelo qual passa mais de uma corrente de malha.

Num ramo comum a corrente calcula-se como soma algébrica das correntes de malha.

6. Verificar os resultados obtidos através da equação de equilíbrio das potências.

Exemplo 1:

Determinar as correntes no circuito representado na figura pelo método das


malhas independentes.

Dados: E1=10 V R2=1 Ω E2=8 V R2’ =2 Ω

E3=10 V R3=10 Ω
R1=4 Ω R4=5 Ω R2’=5 Ω R5=2 Ω
Resolução

1) Número das equações (malhas independentes ou correntes de malhas).


𝑁=3 ; 𝑟=5 ; 𝑟𝑐 = 0

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𝑁𝑒𝑞 = (𝑟 − 𝑟𝑐 ) − (𝑁 − 1)
𝑁𝑒𝑞 = (5 − 0) − (3 − 1) = 5 − 2 → 𝑁𝑒𝑞 = 3
Vamos substituir três (3) equações
2) Escolher três (3) malhas independentes
3) Constituir as equações:
𝐼𝑎 (𝑅1 + 𝑅1′ ) + (𝐼𝑎 − 𝐼𝑏 )𝑅4 = −𝐸1
{−𝐼𝑎 𝑅4 + 𝐼𝑏 (𝑅3 + 𝑅4 + 𝑅5 )−𝐼𝑐 𝑅5 = 𝐸3
−𝐼𝑏 𝑅5 + 𝐼𝑐 (𝑅2 + 𝑅2′ + 𝑅5 ) = −𝐸2
4) Resolver o sistema de equações obtido.
𝐼𝑎 (4 + 5 + 5) − 5𝐼𝑏 = −10 14𝐼𝑎 − 5𝐼𝑏 = −10
{−5𝐼𝑎 + 𝐼𝑏 (10 + 5 + 2) − 2𝐼𝑐 = 10 ⇒{ −5𝐼𝑎 + 17𝐼𝑏 − 2𝐼𝑐 = 10
−2𝐼𝑏 + 𝐼𝑐 (1 + 2 + 2) = 8 −2𝐼𝑏 + 5𝐼𝑐 = 8
𝐼𝑎 = −0.635 𝐴
⇒ { 𝐼𝑏 = 0.225 𝐴
𝐼𝑐 = −1.52 𝐴
5) Correntes nos ramos
𝐼1 = 𝐼𝑎 ⇒ 𝐼1 = −0.635 𝐴 𝐼4 = 𝐼𝑎 − 𝐼𝑏 ⇒ 𝐼4 = −0.86 𝐴
𝐼2 = 𝐼𝑐 ⇒ 𝐼2 = −1.52 𝐴 𝐼5 = 𝐼𝑏 − 𝐼𝑐 ⇒ 𝐼5 = 1.745 𝐴
𝐼3 = 𝐼𝑏 ⇒ 𝐼3 = 0.225 𝐴
6) Verificação dos resultados obtidos
𝑃𝑓 = −𝐸1 𝐼1 − 𝐸2 𝐼2 + 𝐸3 𝐼3
𝑃𝑓 = −10 ∙ (−0.635) − 8 ∙ (−1.52) + 10 ∙ 0.225
𝑃𝑓 = 20.76 𝑊 ⇒ 𝑃𝑓 ≈ 20.8 𝑊
𝑃𝑑 = (𝑅1 + 𝑅1′ )𝐼12 + (𝑅2 + 𝑅2′ )𝐼22 + 𝑅3 𝐼32 + 𝑅4 𝐼42 + 𝑅5 𝐼52
𝑃𝑑 = 20.855 𝑊 ≈ 20.8 𝑊
𝑃𝑓 = 𝑃𝑑 → O que significa que os resultados obtidos estão correctos.

1.16.4. Método de Análise Nodal

A corrente em qualquer ramo duma rede pode ser calculada como se se tratasse de um ramo isolado contendo uma
f.e.m. Basta para isso conhecer a ddp entre os seus extremos, ou, o que é o mesmo entre os nós que limitam o ramo
em questão.

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1° Neste método as incógnitas são os potenciais. Temos que determinar os potenciais em cada nó.

2° Um dos nós marcamos ligando à terra, o que não vai alterar a distribuição das correntes. O nó que escolhemos para
ligar à terra, fica evidentemente ao potencial ZERO. Ver o parágrafo 1.15.

Seja 𝜑3 =0

Pela 1ᵃ lei de Kirchhoff:

Nó 1: 𝐽1 + 𝐼1 − 𝐼2 − 𝐼4 = 0 (1)

Nó 2: 𝐼2 − 𝐽2 − 𝐼3 + 𝐼4 = 0 (2)

Vamos escrever as equações das correntes nos ramos em função dos potenciais.

𝜑1 = 𝜑3 − 𝐼1 ∙ 𝑅1 + 𝐸1 ⇒ 𝐼1 ∙ 𝑅1 = 𝐸1 − 𝜑1 ⇒ 𝐼1 = (𝐸1 − 𝜑1 ) ∙ 𝑔1

𝜑2 = 𝜑3 + 𝐼3 ∙ 𝑅3 − 𝐸3 ⇒ 𝐼3 ∙ 𝑅3 = 𝜑2 + 𝐸3 ⇒ 𝐼3 = (𝐸3 + 𝜑2 ) ∙ 𝑔3

𝜑2 = 𝜑1 − 𝐼2 ∙ 𝑅2 + 𝐸2 ⇒ 𝐼2 ∙ 𝑅2 = 𝜑1 − 𝜑2 + 𝐸2 ⇒ 𝐼2 = (𝜑1 − 𝜑2 + 𝐸2 ) ∙ 𝑔2

𝜑2 = 𝜑1 − 𝐼4 ∙ 𝑅4 ⇒ 𝐼4 ∙ 𝑅4 = 𝜑1 − 𝜑2 ⇒ 𝐼4 = (𝜑1 − 𝜑2 ) ∙ 𝑔4

Substituindo as correntes na equação (1).

𝐽1 + (𝐸1 − 𝜑1 ) ∙ 𝑔1 − (𝜑1 − 𝜑2 + 𝐸2 ) ∙ 𝑔2 − (𝜑1 − 𝜑2 ) ∙ 𝑔4 = 0

𝐽1 + 𝐸1 ∙ 𝑔1 − 𝜑1 ∙ 𝑔1 − 𝜑1 ∙ 𝑔2 + 𝜑2 ∙ 𝑔2 − 𝐸2 ∙ 𝑔2 − 𝜑1 ∙ 𝑔4 + 𝜑2 ∙ 𝑔4 = 0

⇒ 𝜑1 (𝑔1 + 𝑔2 + 𝑔4 ) + 𝜑2 ∙ (𝑔2 + 𝑔4 ) = −𝐸1 ∙ 𝑔1 + 𝐸2 ∙ 𝑔2 − 𝐽1

Substituindo as correntes na equação (2)

(𝜑1 − 𝜑2 + 𝐸2 ) ∙ 𝑔2 − 𝐽2 − (𝐸3 + 𝜑2 ) ∙ 𝑔3 + (𝜑1 − 𝜑2 ) ∙ 𝑔4 = 0


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𝜑1 ∙ 𝑔2 − 𝜑2 ∙ 𝑔2 + 𝐸2 ∙ 𝑔2 − 𝐽2 − 𝐸3 ∙ 𝑔3 − 𝜑2 ∙ 𝑔3 + 𝜑1 ∙ 𝑔4 − 𝜑2 ∙ 𝑔4 = 0

𝜑1 (𝑔2 + 𝑔4 ) − 𝜑2 (𝑔2 + 𝑔3 + 𝑔4 ) = −𝐸2 ∙ 𝑔2 + 𝐸3 ∙ 𝑔3 + 𝐽2

−𝜑1 (𝑔1 + 𝑔2 + 𝑔4 ) + 𝜑2 ∙ (𝑔2 + 𝑔4 ) = −𝐸1 ∙ 𝑔1 + 𝐸2 ∙ 𝑔2 − 𝐽1


{
𝜑1 ∙ (𝑔2 + 𝑔4 ) − 𝜑2 (𝑔2 + 𝑔3 + 𝑔4 ) = −𝐸2 ∙ 𝑔2 + 𝐸3 ∙ 𝑔3 + 𝐽2

Algoritmo de Cálculo

1° Ligação de um nó à terra que fica evidentemente ao potencial ZERO.

2° Determinar o número de equações necessárias

𝑁𝑒𝑞 = 𝑁 − 1 − 𝑟𝑓𝑡𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 𝑜𝑢 𝑁𝑒𝑞 = 𝑁 − 1

3° Construir as equações pelo método de análise nodal:

- Para cada nó de potencial desconhecido escreve-se uma equação que consiste em:

Membro Esquerdo

Produto entre o potencial do nó em questão e a condutância própria com sinal mais (+) e a soma dos produtos entre
os potenciais dos nós vizinhos e as condutâncias mútuas respectivas com sinal menos (-).

Membro Direito

Soma algébrica dos produtos 𝐸𝑘 ∙ 𝑔𝑘 ligados com o nó em questão e a soma algébrica das fonte de corrente ligadas ao
mesmo nó.

4° Resolver o sistema de equações obtido, ou seja, determinar os potenciais desconhecidos.

5° A partir dos potenciais, determinar a correntes nos ramos.

6° Verificar os resultados obtidos através da equação de equilíbrio das potências fornecidas e consumidas no circuito.

Exemplo:

Usando o método de análise nodal, calcular a rede representada abaixo.

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Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

Dados

E1=72 V

E2=48 V

R1=3 Ω

R2=4 Ω

R3=12 Ω

Resolução

1° Ligação de um Nó à terra: seja 𝜑𝑏 = 0

2° Número de equações: 𝑁𝑒𝑞 = 𝑁 − 1 − 𝑟𝑓𝑡𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙

𝑁=2 𝑟𝑓𝑡 = 0 𝑁𝑒𝑞 = 2 − 1 = 1

3° Constituir as equações:

𝜑𝑎 (𝑔1 + 𝑔2 + 𝑔3 ) = 𝐸1 ∙ 𝑔1 + 𝐸2 ∙ 𝑔2

4° Resolver o sistema de equações obtido, determinar os potenciais:

1 1
𝐸1 ∙ 𝑔1 + 𝐸2 ∙ 𝑔2 72 ∙ 3 + 48 ∙ 4
⇒ 𝜑𝑎 = ⟺ 𝜑𝑎 =
𝑔1 + 𝑔2 + 𝑔3 1 1 1
+ +
3 4 12

𝜑𝑎 = 54𝑉

5° A partir das potências determinar as correntes:

𝜑𝑎 = 54𝑉, 𝜑𝑏 = 0, 𝜑𝑎 − 𝜑𝑏 = 54 − 0 = 54𝑉

𝑈𝑎𝑏 = 54𝑉

𝐸1 − 𝑈𝑎𝑏 72 − 54
𝐼1 ∙ 𝑅1 + 𝑈𝑎𝑏 = 𝐸1 ⟺ 𝐼1 = ⇒ 𝐼1 =
𝑅1 3

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Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

𝐼1 = 6𝐴

𝐸2 − 𝑈𝑎𝑏 48 − 54
𝐼2 ∙ 𝑅2 + 𝑈𝑎𝑏 = 𝐸2 ⇒ 𝐼2 = ⇒ 𝐼2 =
𝑅2 4

𝐼2 = −1.5𝐴

𝑈𝑎𝑏 54
𝐼3 = ⇒ 𝐼3 = ⇒ 𝐼3 = 4.5𝐴
𝑅3 12

6° Equação de Equilíbrio das Potências

Potência fornecida:

𝑃𝑓 = 𝐸1 ∙ 𝐼1 + 𝐸2 ∙ 𝐼2 ⇒ 𝑃𝑓 = 72 ∙ 6 + 48 ∙ (−1.5)

𝑃𝑓 = 360𝑊

Potência Consumida:

𝑃𝐶 = 𝑅1 ∙ 𝐼12 + 𝑅2 ∙ 𝐼22 + 𝑅3 ∙ 𝐼32

𝑃𝐶 = 3 ∙ 62 + 4 ∙ 1,52 + 12 ∙ 4,52 ⟺ 𝑃𝑐 = 360𝑊

Conclusão: 𝑃𝑓 = 𝑃𝑐 → Resultados correctos

1.16.5. Método do Par de Nós

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Algumas redes só têm dois nós. Nestes casos as correntes podem ser calculadas facilmente pelo Método do Par de

Nós.

Número de equações:

𝑁𝑒𝑞 = 𝑁 − 1 ⇒ 𝑁𝑒𝑞 = 2 − 1 = 1 Seja: 𝜑𝑏 = 0

𝜑𝑎 (𝑔1 + 𝑔2 + 𝑔3 + 𝑔5 ) = 𝐸1 ∙ 𝑔1 + 𝐸3 ∙ 𝑔3 − 𝐸5 ∙ 𝑔5 + 𝐽4 − 𝐽6

𝐸1 ∙ 𝑔1 + 𝐸3 ∙ 𝑔3 − 𝐸5 ∙ 𝑔5 + 𝐽4 − 𝐽6
𝜑𝑎 = 𝜑𝑎 − 𝜑𝑏 = 𝑈𝑎𝑏
𝑔1 + 𝑔2 + 𝑔3 + 𝑔5

𝑈𝑎𝑏 = 𝜑𝑎 − 𝜑𝑏 = 𝜑𝑎 − 0 ⟺ 𝑈𝑎𝑏 = 𝜑𝑎

𝐸1 ∙ 𝑔1 + 𝐸3 ∙ 𝑔3 − 𝐸5 ∙ 𝑔5 + 𝐽4 − 𝐽6
𝑈𝑎𝑏 =
𝑔1 + 𝑔2 + 𝑔3 + 𝑔5

No caso geral:

∑𝑛 𝑚
𝑘=1 𝐸𝑘 ∙𝑔𝑘 +∑𝑖=1 𝐽𝑖
𝑈𝑎𝑏 = ∑𝑛
𝑘=1 𝑔𝑘

𝑈𝑎𝑏 + 𝐼1 ∙ 𝑅1 = 𝐸1 ⟺ 𝐼1 = (𝐸1 − 𝑈𝑎𝑏 ) ∙ 𝑔1

𝑈𝑎𝑏
𝑈𝑎𝑏 + 𝐼2 ∙ 𝑅2 = 0 ⟺ 𝐼2 = −
𝑅2

𝑈𝑎𝑏 + 𝐼3 ∙ 𝑅3 = 𝐸3 ⟺ 𝐼3 = (𝐸3 − 𝑈𝑎𝑏 ) ∙ 𝑔3

𝑈𝑎𝑏 − 𝐼5 ∙ 𝑅5 = −𝐸5 ⟺ 𝐼5 = (𝐸5 + 𝑈𝑎𝑏 ) ∙ 𝑔5

Exemplo:
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Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

Calcular o circuito representado na figura abaixo e fazer a prova através da equação de equilíbrio das potências.

Dados

J1=30 mA ; R3=100 Ω ; R4=20 Ω ; J6=20 mA ; 𝑔1 = 10 ∙ 10−3 Ω−1 ; E3=45 V ; 𝑔5 =


2 ∙ 10−3 Ω−1

Resolução

O circuito representado têm apenas dois nós, por isso vamos usar o método do par de nós.

𝐽 −𝐸 ∙𝑔 +𝐽
𝑈𝑎𝑏 = 𝑔 1+𝑔 3+𝑔3 +𝑔6
2 3 4 5

1
−45 ∙ 100 + 30 ∙ 10−3 + 20 ∙ 10−3
𝑈𝑎𝑏 = ⟺ 𝑈𝑎𝑏 = −5.56𝑉
1 1
10 ∙ 10−3 + + + 2 ∙ 10−3
100 20

𝑈𝑎𝑏 5,56 ∙ 10 ∙ 10−3


𝐼2 = ⟺ 𝐼2 = ⟺ 𝐼2 = 55,6𝑚𝐴
𝑅2 1

𝑈𝑎𝑏 +𝐸3 −5.56+45


𝑈𝑎𝑏 = −𝐼3 ∙ 𝑅3 = −𝐸3 ⟺ 𝐼3 = =
𝑅3 100

𝐼3 = 394,4𝑚𝐴

𝑈𝑎𝑏 5.56
𝐼4 = − = ⟺ 𝐼4 = 278𝑚𝐴
𝑅4 20

𝑈𝑎𝑏
𝐼5 = − ⟺ 𝐼5 = 5.56 ∙ 2 ∙ 10−3 ⟺ 𝐼5 = 11.12𝑚𝐴
𝑅5

Equação de equilíbrio das potências

Potências fornecidas ao circuito:


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Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

𝑃𝑓 = 𝑈𝑎𝑏 ∙ 𝐽1 + 𝐸4 ∙ 𝐼4 + 𝑈𝑎𝑏 ∙ 𝐽5 ⇒ 𝑃𝑓 = −5,56.30. 10−3 + 45.394,4. 10−3 − 5,56.20. 10−3

Pf ≈ 17,470 W

Potências consumidas no circuito:

𝑃𝐶 = 𝑅2 ∙ 𝐼22 + 𝑅3 ∙ 𝐼32 + 𝑅4 ∙ 𝐼42 + 𝑅6 ∙ 𝐼62

𝑃𝑐 = 100.55, 62 . 10−6 + 100.394, 42 . 10−6 + 20.2782 . 10−6 + 0,5. 103 . 11,122 . 10−6

Pc ≈ 17,471 W

Pf ≈ Pc → Resultados correctos.

1.17. Redes de Dois Terminais ou Bípolos

Em qualquer rede eléctrica é possível tirar um ramo e simbolizar o restante da rede por uma caixa. Essa caixa constitui
uma rede de dois terminais ou bípolo.

Uma rede de dois terminais é aquela que tem dois terminais acessíveis para ligação de um ramo.

Uma rede de dois terminais contendo uma fonte de corrente ou fonte de tensão, ou ambas, chamam-se Activa,
assinalada pela letra A.

Se uma rede de dois terminais ou bípolo não contiver nenhuma fonte de tensão ou de corrente chama-se Passiva,
assinalada pela letra P.

1.17.1. Teorema de Thevenin (Teorema do Gerador Equivalente)

Em relação a um ramo removido, a rede de dois terminais que ficou pode ser equiparada a um gerador cuja f.e.m é
igual a d.d.p. que aparece nos dois terminais quando o ramo está aberto, isto é, sem carga, e cuja resistência interna é
igual a resistência medida entre os dois terminais depois de substituídos os geradores pelas suas resistências internas.
Este é o chamado Teorema de Thevenin.

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Naturalmente a corrente I não muda se duas f.e.m. iguais e opostas forem colocadas no ramo ab.

𝐸1 = −𝐸2 ⟺ 𝐸2 = −𝐸1

Aplicando o Teorema de Sobreposição:

𝐼 = 𝐼 ′ + 𝐼 ′′

Onde 𝐼 ′ é devida a fonte 𝐸1 mais todas as fontes de energia da rede de dois terminais (a).

𝐼 ′ 𝑅 − 𝑈𝑎𝑏 = −𝐸1

𝐼 ′′ é devida somente a 𝐸2 (Bipolo passivo) (b).

𝐼 ′ 𝑅 − 𝑈𝑎𝑏 = −𝐸1

𝑈𝑎𝑏 − 𝐸1
𝐼′ =
𝑅

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Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

Façamos 𝐸1 , ou seja escolhemos 𝐸1 tal que

𝐼 ′ = 0 ⇒ 𝑈𝑎𝑏 = 𝐸1 ⇒ 𝐸1 = 𝑈𝑎𝑏 ⇒ 𝐸1 = 𝑈𝑎𝑏

𝐼 ′ = 0 equivale a um ramo aberto entre os terminais a e b. A tensão entre os terminais a e b é então a tensão do
circuito aberto, ou seja, é a tensão da marcha em vazio 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣

𝐸1 = 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣

𝐼′ = 0 ; 𝐼 = 𝐼 ′ + 𝐼 ′′ ↔ 𝐼 = 𝐼 ′′

𝐸2 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣
𝐼 ′′ = ⟺𝐼=
𝑅𝑒𝑞𝑎𝑏 + 𝑅 𝑅𝑒𝑞𝑎𝑏 + 𝑅

Onde:

𝑅𝑒𝑞 é a resistência da rede vista dos terminais ab (resistência de entrada da rede de dois terminais).

R é a resistência do ramo ab.

Passos para Aplicação do Teorema de Thevenin

1°. Determinar a tensão que aparece entre os terminais a e b quando o respectivo ramo é removido 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 .

2°. Determinar a resistência que o bípolo apresenta quando visto desses dois terminais depois de substituir os geradores
pelas suas resistências internas. As fontes de tensão nas quais 𝑅𝑖 = 0 são curto-circuitadas e as fontes de corrente
cuja resistência interna é infinita devem ser abertas.

3°. Calcular a corrente no ramo que se removeu pela equação:

𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣
𝐼=
𝑅𝑒𝑞𝑎𝑏 + 𝑅

𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣
Para 𝑅 = 0 ⇒ 𝐼𝑐𝑐 = ⟺ 𝑅𝑒𝑞 =
𝑅𝑒𝑞𝑎𝑏 𝐼𝑐𝑐

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Exemplo 1:

Determinar o valor e o sentido da corrente 𝐼5 no circuito representado aplicando o Teorema de Thevenin.

Dados: R1 = 10Ω R2 = 6Ω R3 = 4Ω R4 = 2Ω R5 = 5Ω E3 = 20 V J6 = 10A

Resolução

1°. 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣=?

Vamos usar o método de análise nodal para determinar a tensão 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣.

Seja: 𝜑3 = 0 ; 𝜑𝑎 (𝑔3 + 𝑔2′ ) = 𝐸3 ∙ 𝑔3 + 𝐽6

1 20
1 𝐸 ∙ 𝑔 + 𝐽 𝐸3 ∙ 𝑅 + 𝐽6 + 10

𝑔2 = ; 𝜑1 =
3 3 6
= 3
⟺ 𝜑 = 4 = 40𝑉
1
𝑅2 + 𝑅4 𝑔3 + 𝑔2′ 1 1 1 1
𝑅3 + 𝑅2 + 𝑅4 4+6+2

𝑈13 40
𝐼2 = = = 5𝐴
𝑅2 + 𝑅4 6 + 2

𝜑𝑎 = 𝜑3 + 𝐼2 ∙ 𝑅4 = 5 ∙ 2 = 10𝑉

𝜑𝑏 = 𝜑1 + 𝐽6 ∙ 𝑅1 = 40 + 10 ∙ 10 = 140𝑉

𝜑𝑎𝑏 = 𝜑𝑎 − 𝜑𝑏 = 10 − 140 = −130𝑉 ⟺ 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 = −130𝑉

𝑅 (𝑅 +𝑅 ) 6(4+2)
𝑅𝑒𝑞 =? 𝑅𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑅2 +𝑅3 +𝑅4 ; 𝑅𝑒𝑞 = 10 + 6+4+2 = 13𝛺
2 3 4

𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 130
𝐼5 = ⟺ 𝐼5 = − ⟺ 𝐼5 = −7.22𝐴
𝑅𝑒𝑞 + 𝑅5 13 + 5

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Isto significa que a corrente 𝐼5 tem o sentido contrário ao definido inicialmente na figura.

Exemplo 2:

Calcular a corrente no ramo ab, utilizando o teorema de Thevenin, na ponte representada na figura.

Dados: E=10 V; R1=1Ω; R2=4 Ω; R3=2 Ω; R4=1 Ω; R5=2 Ω

Resolução

𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣=?

𝑅3 2
𝑈3 = 𝐸 ∙ = 10 ∙ = 6,67𝑉
𝑅3 + 𝑅4 2+1

𝑅1 1
𝑈1 = 𝐸 ∙ = 10 ∙ = 2𝑉
𝑅1 + 𝑅2 1+4

𝑈3 − 𝑈𝑎𝑏 − 𝑈1 = 0 ⟺ 𝑈𝑎𝑏 = 𝑈3 − 𝑈1 = 6.67 − 2 = 4,67𝑉

𝑈𝑎𝑏 = 4,67𝑉

𝑅𝑒𝑞 =?

𝑅1 ∙ 𝑅2 𝑅3 ∙ 𝑅4 1∙4 2∙1
𝑅𝑒𝑞 = + ⟺ 𝑅𝑒𝑞 = + ⟺ 𝑅𝑒𝑞 = 1.47𝛺
𝑅1 + 𝑅2 𝑅3 + 𝑅4 1+4 2+1

𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 4.67
𝐼5 = 𝐼5 = ⟺ 𝐼5 = 1,35𝐴
𝑅𝑒𝑞 + 𝑅5 1.47 + 2

1.17.2. Potência Transferida de Um Bípolo Activo a Uma Carga

Se a carga R está ligada a uma rede activa de dois terminais é atravessada pela corrente:
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𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣
𝐼=
𝑅𝑒𝑞 + 𝑅

E a potência dissipada é:

2
2
𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣
𝑃 = 𝐼 ∙ 𝑅 ⇒ 𝑃(𝑅) = ( ) ∙𝑅
𝑅𝑒𝑞 + 𝑅

Qual deve ser a relação entre a carga R e a resistência de entrada 𝑅𝑒𝑞 da rede de dois terminais, de modo a que a
potência transferida desta para carga seja máxima e ainda qual é a máxima potência e o rendimento correspondente a
esta máxima potência.

′ ′
𝑑𝑃 𝑑𝑃 2
𝑅 𝑅
=0⇒ = 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 ∙[ 2 ] =0⇒[ 2] = 0
𝑑𝑅 𝑑𝑅 (𝑅𝑒𝑞 + 𝑅) (𝑅𝑒𝑞 + 𝑅)

𝑢 ′ 𝑢′ ∙ 𝑣 − 𝑢 ∙ 𝑣
( ) =
𝑣 𝑣2

2
(𝑅𝑒𝑞 + 𝑅) − 2𝑅(𝑅𝑒𝑞 + 𝑅) 2
4 =0 ⟺ 𝑅𝑒𝑞 + 2𝑅𝑒𝑞 ∙ 𝑅 + 𝑅 2 − 2𝑅 ∙ 𝑅𝑒𝑞 − 2𝑅 2 = 0
(𝑅𝑒𝑞 + 𝑅)

2
𝑅𝑒𝑞 − 𝑅 2 = 0 ⇒ 𝑅 = 𝑅𝑒𝑞 ∗

Sabemos que Req ≥ 0 ˄ R ≥ 0

Vamos calcular a segunda derivada para verificar se se trata de um máximo ou de um mínimo.

2 2
𝑑2𝑃 𝑑 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 ∙ (𝑅𝑒𝑞 − 𝑅2)
= [ 4 ]
𝑑𝑅 2 𝑑𝑅 (𝑅 + 𝑅) 𝑒𝑞

4 2 3
𝑑2 𝑃 2
−2𝑅(𝑅𝑒𝑞 + 𝑅) − 4(𝑅𝑒𝑞 + 𝑅) ∙ (𝑅𝑒𝑞 − 𝑅2)
⇒ = 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 ∙ 8
𝑑𝑅 2 (𝑅𝑒𝑞 + 𝑅)

2
Para 𝑅 = 𝑅𝑒𝑞 ⇒ 𝑑𝑑𝑅𝑃2 < 0 ⇒ 𝑅 = 𝑅𝑒𝑞 é 𝑢𝑚 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜.

𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 𝑒 𝑅𝑒𝑞 são constantes, ou seja, dados da rede e não podem ser alterados.

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2
𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣
𝑃(𝑅) = ( ) ∙𝑅
𝑅𝑒𝑞 + 𝑅

A potência máxima será:

2 2
𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣
𝑃𝑚𝑎𝑥 = 2 ∙ 𝑅𝑒𝑞 ⇒ 𝑃𝑚𝑎𝑥 = 2 ∙ 𝑅𝑒𝑞
(𝑅𝑒𝑞 +𝑅𝑒𝑞 ) (2𝑅𝑒𝑞 )

2 2
𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣
𝑃𝑚𝑎𝑥 = 2
∙ 𝑅𝑒𝑞 ⇒ 𝑃𝑚𝑎𝑥 =
4𝑅𝑒𝑞 4𝑅𝑒𝑞

Esta é a potência máxima que a rede pode dissipar numa carga R.

A potência de entrada vinda do gerador equivalente é:

2
𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 𝑃
𝑃𝑡𝑜𝑡 = 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 ∙ 𝐼 ; 𝐼= ; 𝑃𝑡𝑜𝑡 = ; 𝜂=
𝑅𝑒𝑞 + 𝑅 𝑅𝑒𝑞 + 𝑅 𝑃𝑡𝑜𝑡

Rendimento

2
𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣
𝑅∙ 2
𝑃 𝑅 ∙ 𝐼2 (𝑅 + 𝑅𝑒𝑞 )
𝜂= ⟺𝜂= ⟺𝜂= 2
𝑃𝑡𝑜𝑡 𝑃𝑡𝑜𝑡 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣
𝑅𝑒𝑞 + 𝑅

2
𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 𝑅𝑒𝑞 + 𝑅 𝑅
𝜂=𝑅∙ 2 ∙ 2 ⟺ 𝜂=
(𝑅𝑒𝑞 + 𝑅) 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 𝑅𝑒𝑞 + 𝑅

Rendimento Máximo

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2
𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 𝑅𝑒𝑞 + 𝑅𝑒𝑞 2𝑅𝑒𝑞 2 1
𝜂= ∙ 2 ⇒ 𝜂 = 𝜂= = = 0.5 = 50%
4𝑅𝑒𝑞 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 4𝑅𝑒𝑞 4 2

Exemplo 1: Considere o circuito representado:

Dados:

E1=3V R1=4Ω

E2=6V R2=3Ω

E3=33V R3=2Ω

R4=8Ω R5=8Ω

a) Determine o equivalente de Thevenin do bipolo ab, usando como método auxiliar o método das malhas
independentes.
b) Qual é o valor da resistência R a colocar entre os pontos a e b para que a potência eléctrica nela dissipada
seja de 50W?
c) Qual seria o novo valor da R para que a potência eléctrica nela dissipada seja máxima? E qual seria o valor
dessa potência máxima?
Resolução
a) Resistência equivalente entre os terminais a e b:

𝑅1 ∙ 𝑅2 𝑅4 ∙ 𝑅5
𝑅𝑒𝑞 =? ; 𝑅12 = ; 𝑅45 = ;
𝑅1 + 𝑅2 𝑅4 + 𝑅5

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𝑅 ∙𝑅 𝑅 ∙𝑅 4∙3 8∙8
(𝑅 1+ 𝑅2 + 𝑅 4+ 𝑅5 ) ∙ 𝑅3 (4 + 3 + 8 + 8) ∙ 2
𝑅𝑒𝑞 = 1 2 4 5
⇒ 𝑅𝑒𝑞 = ⇒ 𝑅𝑒𝑞 = 1,481𝛺
𝑅1 ∙ 𝑅2 𝑅4 ∙ 𝑅5 4∙3 8∙8
𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅4 + 𝑅5 + 𝑅3 4+3+8+8+2

𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 =? Método das malhas Independentes.

𝑁𝑒𝑞 = (𝑟 − 𝑟𝑐 ) − (𝑁 − 1) ⟺ 𝑁𝑒𝑞 = (5 − 0) − (3 − 1) = 3

𝑟 = 5; 𝑟𝑐 = 0; 𝑁 = 3

𝐼𝑎 (𝑅1 + 𝑅2 ) − 𝐼𝑏 ∙ 𝑅2 = 𝐸1 + 𝐸2
{−𝐼𝑎 ∙ 𝑅2 + 𝐼𝑏 (𝑅2 + 𝑅3 + 𝑅4 ) − 𝐼𝑐 ∙ 𝑅4 = −𝐸2 + 𝐸3
−𝐼𝑏 ∙ 𝑅4 + 𝐼𝑐 (𝑅4 + 𝑅5 ) = 0

𝐼𝑎 (4 + 3) − 𝐼𝑏 ∙ 3 = 3 + 6
⟺{−3𝐼𝑎 + 𝐼𝑏 (3 + 2 + 8) − 8𝐼𝑐 = −6 + 33
−8𝐼𝑏 + 𝐼𝑐 (8 + 8) = 0

7𝐼𝑎 − 3𝐼𝑏 = 9 9+3𝐼


𝐼𝑎 = 7 𝑏
⟺ {−3𝐼𝑎 + 13𝐼𝑏 − 8𝐼𝑐 = 27 ⟺ { 8𝐼 𝐼
−8𝐼𝑏 + 16𝐼𝑐 = 0 𝐼𝑐 = 16𝑏 = 2𝑏

9 + 3𝐼𝑏 𝐼𝑏
⟺ −3 ∙ + 13𝐼𝑏 − 8 ∙ = 27
7 2

−27 − 9𝐼𝑏
⟺ + 13𝐼𝑏 − 4𝐼𝑏 = 27 ⟺ −27 − 9𝐼𝑏 + 91𝐼𝑏 − 28𝐼𝑏 = 189
7

⟺ 54𝐼𝑏 = 216 ⟺ 𝐼𝑏 = 4𝐴 ; 𝐼3 = 𝐼𝑏 ⟺ 𝐼3 = 4𝐴

𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 + 𝐼3 ∙ 𝑅3 = 𝐸3 ⟺ 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 = 𝐸3 − 𝐼3 ∙ 𝑅3 ⟺ 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 = 33 − 4 ∙ 2

𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 = 25𝑉 𝐸𝑒𝑞 = 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 𝐸𝑒𝑞 = 25𝑉 𝑅𝑒𝑞 = 1,481𝛺

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𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣
b) 𝑃 = 50𝑊; 𝐼 = 𝑅𝑒𝑞 +𝑅

2
𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 2
𝑃 = 𝑅 ∙ 𝐼2 ⟺ 𝑃 = 𝑅 ∙ 2 ⟺ 𝑅 ∙ 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 2
= 𝑃 ∙ 𝑅𝑒𝑞 + 2 ∙ 𝑅𝑒𝑞 ∙ 𝑅 ∙ 𝑃 + 𝑃 ∙ 𝑅 2
(𝑅𝑒𝑞 + 𝑅)

2
𝑃𝑅 2 + 𝑅(2𝑅𝑒𝑞 ∙ 𝑃 − 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 2
) + 𝑃 ∙ 𝑅𝑒𝑞 =0

50𝑅 2 + 𝑅 ∙ (2 ∙ 1,481 ∙ 50 − 252 ) + 50 ∙ 1,4812 = 0

50𝑅 2 − 476,9𝑅 + 109,668 = 0

𝑅 ′ = 0,2358𝛺 𝑅 ′′ = 9,3022𝛺

c) Valor de 𝑅 ⟹ 𝑃𝑚𝑎𝑥 ⟺ 𝑅 = 𝑅𝑒𝑞 ⟺ 𝑅 = 1,481𝛺

2
𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 252
𝑃𝑚𝑎𝑥 = ⟺ 𝑃𝑚𝑎𝑥 = 𝑃 = 105,50𝑊
4𝑅𝑒𝑞 4 ∙ 1,481 𝑚𝑎𝑥

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2. CIRCUITOS DE CORRENTE ALTERNADA SINUSOIDAL MONOFÁSICA

2.1. Definições

2.1.1. Corrente Alternada

É aquela que se desloca primeiro num sentido e em seguida no sentido oposto, ou seja, é alternadamente positiva e
negativa.

2.1.2. Corrente Alternada Sinusoidal

É aquela que varia sinusoidalmente com o tempo, de acordo com uma equação da forma:

𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝛹𝑖) (2.1.1)

i i(t)
Im

t
𝜳𝒊

Na equação (2.1.1) e no gráfico:

i(t)… é a corrente instantânea no tempo t;

𝐼𝑚 … é o valor máximo ou amplitude da corrente alternada sinusoidal;

T… é o tempo gasto por um ciclo completo de variações ou período;


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𝜔… é a velocidade angular ou pulsação da corrente alternada sinusoidal em radiano/s;

𝑓… é a frequência da corrente ou número de ciclos efectuados num segundo em ciclos por segundo;

1 2𝜋
𝑓= ; 𝜔 = 2𝜋𝑓 ⟺ 𝜔 =
𝑇 𝑇

A quantidade (𝜔𝑡 + 𝛹𝑖) é o ângulo de fase da corrente alternada sinusoidal indicando um deslocamento da onda com
o tempo a partir da origem. O ângulo de fase para 𝑡 = 0, ou 𝛹𝑖, é chamado Fase Inicial.

Qualquer função sinusoidal, incluindo a tensão da corrente alternada pode ser representada pela mesma equação e
especificada em função das mesmas quantidades.

𝑢(𝑡) = 𝑈𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝛹𝑢)

A frequência da rede eléctrica da Africa Austral incluindo Moçambique é de 50 ciclo/s ou 50 Hz; nos EUA a frequência
é de 60 Hz ou 60 ciclo/s.

Correntes sinusoidais e tensões de frequências relativamente baixas (até vários quilociclos) são geradas por geradores
síncronos.

2.2. Valores Médios e Valores Médios Quadráticos das Quantidades Sinusoidais

O valor médio de uma quantidade sinusoidal ao longo de um ciclo ou um número inteiro de ciclos é obviamente zero.
Uma média significa será a média dos valores que prevalecem durante um meio ciclo (positivo ou negativo).

2.2.1. Valor Médio da Corrente durante Meio Ciclo

Assim o valor médio da corrente durante metade do ciclo é:

𝑇 𝑇
2 2
1 2𝐼𝑚
𝐼𝑚𝑒𝑑 = ∫ 𝐼𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)𝑑𝑡 = ∫ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)𝑑𝑡
𝑇 𝑇
20 0

𝑇
2
𝑇
2𝐼𝑚 2𝜋 2𝐼𝑚 𝑇 2𝜋
= ∫ 𝑠𝑒𝑛 ( . 𝑡) 𝑑𝑡 = − ∙ ∙ 𝑐𝑜𝑠 ( . 𝑡) /02
𝑇 𝑇 𝑇 2𝜋 𝑇
0

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𝐼𝑚 2𝜋 𝑇 2𝜋 𝐼𝑚
=− ∙ [𝑐𝑜𝑠 ( ∙ ) − 𝑐𝑜𝑠 ( ∙ 0)] = − ∙ (−1 − 1)
𝜋 𝑇 2 𝑇 𝜋

2𝐼𝑚
𝐼𝑚𝑒𝑑 =
𝜋

2
O valor médio da corrente durante um meio-ciclo positivo (ou negativo) é = 0,638 vezes o valor máximo da
𝜋

corrente.

2 2
Analogamente, 𝐸𝑚𝑒𝑑 = 𝜋 𝐸𝑚 ; 𝑈𝑚𝑒𝑑 = 𝜋 𝑈𝑚 ;

2.2.2. Valor Eficaz da Corrente Alternada Sinusoidal ou Valor Médio Quadrático

Na prática o valor médio mais usado é a raiz quadrada da média das correntes elevadas ao quadrado (que são todos
positivos), denominado Valor Eficaz.

𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)

𝑇 𝑇
1 1
𝐼 = √ ∫ 𝑖 2 ∙ 𝑑𝑡 ⇒ 𝐼 = √ ∫(𝐼𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡)2 𝑑𝑡
𝑇 𝑇
0 0

𝑇 𝑇
2
1 2
𝐼𝑚
∫ 𝐼𝑚 𝑠𝑒𝑛2 (𝜔𝑡)𝑑𝑡 = ∫ 𝑠𝑒𝑛2 (𝜔𝑡)𝑑𝑡 =
𝑇 𝑇
0 0

1−𝑐𝑜𝑠2𝛼
Da Matemática sabe-se que: 𝑠𝑒𝑛2 𝛼 = 2

Portanto,

𝑇 𝑇
2 2 2
𝐼𝑚 1 − 𝑐𝑜𝑠2𝛼 𝐼𝑚 𝐼𝑚
= ∫ 𝑑𝑡 = ∙ ∫[1 − 𝑐𝑜𝑠(2𝜔𝑡)]𝑑𝑡 = ∙ (2𝜔𝑡 − 𝑠𝑒𝑛2𝜔𝑡) /𝑇0
𝑇 2 2𝑇 4𝑇𝜔
0 0
2 2
𝐼𝑚 2𝜋 2𝜋 𝐼𝑚
= ∙ [2 ∙ ∙ 𝑡 − 𝑠𝑒𝑛 (2 ∙ ∙ 𝑡)] /𝑇0 = ∙ (4𝜋 − 𝑠𝑒𝑛4𝜋 − 0)
4𝑇𝜔 4𝑇𝜔 𝑇 2𝜋
4𝜋 ∙ 𝑇
2
𝐼𝑚 ∙ 4𝜋
=
4 ∙ 2𝜋
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𝑇
1 2
𝐼𝑚 𝐼𝑚
⇒ 𝐼 = √ ∫ 𝑖 2 𝑑𝑡 = √ =
𝑇 2 √2
0

𝐼𝑚
𝐼=
√2

𝐸𝑚 𝑈𝑚
Analogamente, 𝐸= 𝑈=
√2 √2

Pode se comparar a acção calorífica da corrente alternada com acção calorífica de uma corrente contínua que passa
pela mesma resistência durante o mesmo intervalo de tempo.

Corrente Contínua

Para a corrente contínua, a energia dissipada numa resistência R, no intervalo de tempo igual ao período T será:

2
𝑊 = 𝑅 ∙ 𝐼𝐶𝐶 ∙𝑇 Num Período

Corrente Alternada Sinusoidal

𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡

Para a corrente alternada sinusoidal a energia dissipada na resistência R num período T será:

𝑇
𝑑𝑤
𝑝= ⇒ 𝑑𝑤 = 𝑝 ∙ 𝑑𝑡 ⇒ 𝑤 = ∫ 𝑝 ∙ 𝑑𝑡
𝑑𝑡
0

𝑇 𝑇

𝑤 = ∫ 𝑅 ∙ 𝑖 2 (𝑡) ∙ 𝑑𝑡 = 𝑅 ∙ ∫ 𝐼𝑚
2
∙ 𝑠𝑒𝑛2 (𝜔𝑡) ∙ 𝑑𝑡
0 0

𝑇 𝑇
2
2 2 (𝜔𝑡)
𝑅 ∙ 𝐼𝑚
𝑤 = 𝑅 ∙ 𝐼𝑚 ∙ ∫ 𝑠𝑒𝑛 ∙ 𝑑𝑡 = ∫(1 − 𝑐𝑜𝑠2𝜔𝑡)𝑑𝑡
2
0 0

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2 2
𝑅 ∙ 𝐼𝑚 𝑇
𝑅 ∙ 𝐼𝑚 2𝜋
= ∙ (2𝜔𝑡 − 𝑠𝑒𝑛2𝜔𝑡)/0 = ∙ (2 ∙ ∙ 𝑇 − 𝑠𝑒𝑛4𝜋 ∙ 0)
4𝜔 2𝜋 𝑇
4∙ 𝑇

2 2
𝑅 ∙ 𝐼𝑚 𝐼𝑚
= ∙ 2 ∙ 2𝜋 = 𝑅 ∙ ∙ 𝑇
2𝜋 2
4∙ 𝑇

Comparando a energia dissipada numa resistência R para uma corrente contínua e para uma corrente alternada
sinusoidal no mesmo intervalo de tempo T. 𝑤𝑐𝑐 = 𝑤𝑐𝑎

2 2
𝐼𝑚 2
𝐼𝑚 2
𝐼𝑚
𝑅∙ ∙ 𝑇 = 𝑅 ∙ 𝐼𝑐𝑐 ∙𝑇 → = 𝐼𝑐𝑐 ⟺ 𝐼𝑐𝑐 =
2 2 √2

Conclusão

O valor eficaz de uma corrente alternada sinusoidal é tal intensidade de uma corrente continua que tem o mesmo
efeito calorífico numa dada resistência, que a corrente alternada em questão.

2.3. Representação de Quantidades Sinusoidais

2.3.1. Representação Analítica

𝑖1 (𝑡) = 𝐼𝑚1 sen(𝜔𝑡 + 𝛹1 )

𝑖2 (𝑡) = 𝐼𝑚2 sen(𝜔𝑡 + 𝛹2 )

𝑖(𝑡) = 𝑖1 (𝑡) + 𝑖2 (𝑡)

𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚1 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝛹1 ) + 𝐼𝑚2 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝛹2 )

É difícil efectuar esta soma. Se tivéssemos mais correntes com diferentes amplitudes e fases iniciais seria mais
complicado ainda.

2.3.2. Representação Complexa ou Simbólica

Um número complexo tem a parte real e a parte imaginária e pode ser representado por vectores num plano complexo.
A convenção é marcar o eixo das quantidades reais “+1” e o eixo das quantidades imaginárias com “+j”.

Eng.º Leonel Fanequiço


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𝑗 = √−1 ou 𝑗 2 = −1

Pela equação de Euler.

𝑒 𝑗𝛼 = cos 𝛼 + 𝑗𝑠𝑒𝑛𝛼 (2.3.1)

No plano complexo a função 𝑒 𝑗𝛼 é representado por um vector de comprimento unitário, fazendo um ângulo α. com

o eixo +1. A grandeza do ejα é a unidade.

|𝑒 𝑗𝛼 | = √cos 2 𝛼 + sen2 𝛼 = 1

O ângulo α é lido no sentido anti-horário a partir do eixo +1.

A projecção do vector ejα no eixo +1 é cosα e a projecção no eixo +j é senα.

Pode se ver que

𝐼𝑚 ∙ 𝑒 𝑗𝛼 = 𝐼𝑚 cos 𝛼 + 𝑗𝐼𝑚 𝑠𝑒𝑛𝛼

Num plano complexo esta função, como a função ejα, será representada por um vector fazendo um ângulo α com o
eixo +1, mas de um comprimento Im vezes maior.

O ângulo α na equação (2.3.1) pode ter qualquer grandeza. Seja 𝛼 = 𝜔𝑡 + 𝛹𝑖 ou seja 𝛼 varia linearmente
com o tempo.

Então:

𝐼𝑚 ∙ 𝑒 𝑗(𝜔𝑡+𝛹𝑖 ) = 𝐼𝑚 ∙ cos(𝜔𝑡 + 𝛹𝑖 ) + 𝑗 𝐼𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝛹𝑖 ) (2.3.2)

O termo 𝐼𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝛹𝑖 ) é a parte imaginária da função Im.ej(ωt+ψi) , ou seja,

Eng.º Leonel Fanequiço


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𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝛹𝑖 ) = Im 𝐼𝑚 ∙ 𝑒 𝑗(𝜔𝑡+𝛹𝑖 )

Portanto, a corrente sinusoidal 𝑖(𝑡) pode ser representada por 𝐼𝑚 ∙ 𝑒 𝑗(𝜔𝑡+𝛹𝑖 ) , ou pela projecção do vector girante
𝐼𝑚 ∙ 𝑒 𝑗(𝜔𝑡+𝛹𝑖 ) no eixo “+j”.

Por uniformidade, os vectores das quantidades sinusoidais são representados no plano complexo para um tempo ωt
= 0.

Então: ⇒ 𝐼𝑚 ∙ 𝑒 𝑗(𝜔𝑡+𝛹𝑖) transforma − se em 𝐼𝑚 ∙ 𝑒 𝑗𝛹𝑖 = 𝐼 𝑚

Em que Im é uma quantidade complexa cuja grandeza é Im. O vector Im faz um ângulo com o eixo +1 no plano

complexo igual a fase inicial ψi.

𝐼 𝑚 = 𝐼𝑚 ∙ 𝑒 𝑗𝛹𝑖 = 𝐼𝑚 ∠𝛹𝑖

A quantidade Im é a amplitude complexa da corrente i(t) (ou a corrente máxima complexa). No plano complexo
representa a corrente i(t) no momento de referência ωt = 0.

𝐼 𝑚 = 𝐼𝑚 ∠𝛹𝑖

Em vez da corrente máxima complexa, é muitas vezes mais conveniente empregar o valor complexo eficaz da corrente
ou simplesmente a corrente complexa que é:

𝐼𝑚 𝐼𝑚 ∙𝑒 𝑗𝛹𝑖 𝐼𝑚
𝐼 = = = ∙ 𝑒 𝑗𝛹𝑖 = 𝐼∠𝛹𝑖
√2 √2 √2

2.3.3. Representação por meio de Vectores

Seja dada a corrente alternada sinusoidal i(t). 𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜓) 𝐼 𝑚 = 𝐼𝑚 ∠𝜓

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A projecção do vector 𝐼 𝑚 no eixo vertical, representa o valor instantâneo da corrente i(t).

2𝜋 𝑟𝑎𝑑
𝜔= = 2𝜋𝑓 [ ]
𝑇 𝑠

𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜃)

𝜃 = 𝜔𝑡 + 𝛹 é a posição angular em qualquer instante t.

Um diagrama vectorial é uma representação gráfica de vectores de quantidades sinusoidais num plano complexo. As
quantidades são tomadas todas na mesma frequência e com as respectivas diferenças de fase. Por uniformidade os
vectores das quantidades sinusoidais são representados no plano complexo para um tempo ωt = 0.

Consideremos duas correntes 𝑖1 𝑒 𝑖2 da mesma frequência. Combinadas produzem uma corrente i(t) da mesma
frequência.

𝑖1 (𝑡) = 𝐼𝑚1 sen(𝜔𝑡 + 𝛹1 )

𝑖2 (𝑡) = 𝐼𝑚2 sen(𝜔𝑡 + 𝛹2 )

𝑖(𝑡) = 𝑖1 (𝑡) + 𝑖2 (𝑡) = 𝐼𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝛹)

Desejamos conhecer a grandeza de 𝐼𝑚 e a fase inicial 𝛹 da corrente i(t).

A grandeza de 𝐼𝑚 é dada pelo comprimento do vector soma e a fase inicial pelo ângulo entre o vector soma e o eixo
+1.

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Se os vectores 𝐼 𝑚1 , 𝐼 𝑚2 e 𝐼 𝑚 rodassem a uma velocidade angular ω, em torno da origem das coordenadas, a sua
posição relativa não mudaria.

Exemplo 1:

Expressar a corrente instantânea 𝑖1 (𝑡) = 20 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 35° ), A em termos de amplitude complexa.

𝐼𝑚 = 20 𝛹 = 35° 𝐼 𝑚 = 𝐼𝑚 ∠𝛹 ⇒ 𝐼 𝑚 = 20∠35° 𝐴

Em vez de corrente máxima complexa, é muitas vezes mais conveniente empregar o valor complexo da corrente, ou
𝐼𝑚 𝐼𝑚
seja, a corrente complexa eficaz. 𝐼= = ∠𝛹
√2 √2

20
𝐼= ∠35° ⟹ 𝐼 = 14.142∠35° 𝐴
√2

Exemplo 2:

Determinar o valor instantâneo da corrente máxima complexa 𝐼 𝑚 = 13∠ − 30° 𝐴

𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝛹)

𝐼𝑚 = 13𝐴 ; 𝛹 = −30°

𝑖(𝑡) = 13 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 − 30° ) 𝐴

2.4. Elementos Principais dos Circuitos de Corrente Alternada Sinusoidal

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2.4.1. Resistência

Oferece oposição à passagem da corrente. A unidade da resistência eléctrica no Sistema Internacional é o Ohm (Ω).
Uma resistência diz-se Linear quando a carecterística V/A é uma recta, ou seja, quando a corrente que a atravessa é
directamente proporcional à diferença de potencial entre os seus terminais.

Um elemento resistivo diz-se Não-Linear quando a característica V/A não é uma recta.

Todos os elementos resistivos têm uma potência nominal que é a potência máxima que pode ser dissipada sem que o
aumento da temperatura danifique o elemento resistivo.

Exemplo:

Assim numa resistência de 100Ω e 1W pode passar no máximo uma corrente de 100mA sem danificar o resistor.

𝑅 = 100Ω 𝑒 P = 1W

𝑃 1
𝑃 = 𝑅 ∙ 𝐼 2 ⟹ 𝐼 = √𝑅 = √100 ⟹ 𝐼 = 0,1𝐴 = 100 ∙ 10−3 𝐴 = 100𝑚𝐴

Numa resistência a energia eléctrica é transformada em calor.

2.4.2. Indutância de Uma Bobina

Uma Bobina é um fio condutor enrolado de forma a constituir um conjunto de N espiras (condutores aproximadamente
circulares, todos do mesmo raio, concentrados sobre o mesmo eixo e situados em planos paralelos).

A bobina representa-se pelo seguinte símbolo:

Uma bobina é um dispositivo usado para, ao ser atravessado por uma corrente eléctrica, se obter um campo magnético
uniforme e intenso numa pequena região do espaço (no seu interior). Armazena energia sob a forma de um campo
magnético.

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𝑑𝜙 𝑑𝑖
𝑒 = − 𝑑𝑡 = −𝐿 ∙ 𝑑𝑡 pois Φ = 𝐿 ∙ 𝑖

Num circuito eléctrico ou em parte de um circuito eléctrico, em que a variação da corrente é acompanhada por variação
do fluxo e consequentemente uma f.e.m. induzida é dito indutivo, ou estamos em presença de uma indutância L.

Um circuito tem uma indutância de 1 Henry (1H) se uma f.e.m. de 1 Volt é induzida quando a variação da corrente é
1 Ampere por segundo.

2.4.3. Capacidade de Um Condensador (ou Capacitor)

Um condensador é um dispositivo constituído por dois condutores (designados armaduras), separados por um
dieléctrico. É normalmente representado pelo símbolo:

Para carregar um condensador deve impor-se uma dada tensão U entre as suas armaduras, por intermédio de uma fonte
de energia eléctrica. Isto fará com que, através da fonte, uma quantidade de carga +Q (proporcional a U) seja retirada
a armadura ligada ao terminal negativo da fonte e acrescentada à armadura ligada ao terminal positivo da fonte. Diz-
se que a carga do condensador é Q (+ Q numa armadura e – Q na outra armadura). Este facto implica o aparecimento
de um campo eléctrico no dieléctrico entre as armaduras, ou seja, o aparecimento de energia eléctrica armazenada
nessa região, obtida à custa da fonte de energia eléctrica que carregou o condensador.

Em conclusão, um condensador é um dispositivo que armazena carga eléctrica (e, consequentemente, armazena
energia correspondente ao campo eléctrico que existe entre as armaduras). A sua capacidade de armazenamento é
definida pela razão constante que existe entre o módulo da carga existente em cada armadura Q e a tensão existente
𝑄
entre elas U: 𝐶= = 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑈

A unidade da capacidade no SI é o Farad (F).

1𝐶 𝐶
[𝐶] = = 1 = 1 𝐹𝑎𝑟𝑎𝑑 = 1𝐹
1𝑉 𝑉

Um condensador representa um circuito aberto em corrente contínua, por isso, não incluímos este dispositivo no estudo
de circuitos de corrente contínua:

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𝑄 𝑑𝑞
𝐶 =𝑈 ⇒𝑄 =𝐶∙𝑈 𝑖= 𝑑𝑡

𝑑𝑢𝑐 1
⇒𝑖=𝐶∙ ⇒ 𝑢𝑐 = ∫ 𝑖(𝑡) ∙ 𝑑𝑡
𝑑𝑡 𝐶

2.5. As Leis dos Circuitos Eléctricos de Corrente Alternada Sinusoidal para Valores Instantâneos

2.5.1. Lei de Ohm (Lei Empírica ou Experimental)

𝑢𝑅 𝑢𝑅
𝑢𝑅 = 𝑖(𝑡) ∙ 𝑅 ⇒ 𝑖(𝑡) = ⇒𝑅=
𝑅 𝑖(𝑡)

A lei de Ohm em valores instantâneos é válida apenas para resistências lineares.

2.5.2. As Leis de Kirchhoff

Para aplicar as Leis de Kirchhoff é preciso saber os sentidos de i, e e u, por isso para circuitos de corrente alternada,
os sentidos de i, e e u marcam-se condicionalmente por meio de setas.

2.5.2.1. Primeira Lei de Kirchhoff: Lei das Correntes (ou Lei dos Nós)

1) A soma algébrica das correntes instantâneas que fluem em qualquer nó de uma rede eléctrica é igual a zero.

𝑖1 − 𝑖2 + 𝑖3 − 𝑖4 = 0

2) A soma das correntes instantâneas que chegam à derivação de um circuito eléctrico é igual a soma das correntes
instantâneas que deixam essa mesma derivação.

𝑖1 + 𝑖3 = 𝑖2 + 𝑖4

2.5.2.2. A Segunda Lei de Kirchhoff: Lei das Tensões (ou Lei das Malhas)

1) A soma algébrica das tensões num contorno fechado é igual a zero.

∑ 𝑢𝐾 = 0
𝐾=1

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2) A soma algébrica dos valores instantâneos das quedas de tensão em qualquer contorno fechado é igual à soma
algébrica dos valores instantâneos das f.e.m. ao longo do mesmo contorno.
𝑛 𝑛
𝑑𝑖𝐾 1
∑(𝑖𝐾 ∙ 𝑅𝐾 + 𝐿𝐾 ∙ + ∫ 𝑖𝐾 ∙ 𝑑𝑡) = ∑ 𝑒𝑗
𝑑𝑡 𝐶𝐾
𝐾=1 𝑗=1

2.5.3. Potência Instantânea

A potência instantânea p em um circuito é o produto da tensão instantânea através do circuito pela corrente instantânea
no mesmo circuito.

𝑝 =𝑢∙𝑖 ou 𝑝(𝑡) = 𝑢(𝑡) ∙ 𝑖(𝑡)

2.6. Processos Eléctricos nos Elementos RLC

2.6.1. Corrente Alternada numa Resistência

𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 ∙ sen 𝜔𝑡

Lei de Ohm: 𝑢𝑅 (𝑡) = 𝑅 ∙ 𝑖(𝑡)

𝑢𝑅 (𝑡) = 𝑅 ∙ 𝐼𝑚 ∙ sen 𝜔𝑡

𝑢𝑅 (𝑡) = 𝑈𝑚 ∙ sen 𝜔𝑡
𝑈𝑅𝑚 = 𝑅 ∙ 𝐼𝑚 𝐼𝑚 = 𝐼𝑚 ∠0°

𝐼𝑚 𝐼𝑚
𝐼= = ∠0° ⇒ 𝐼 = 𝐼∠0°
√2 √2

𝑈𝑅𝑚
𝑈𝑅𝑚 = 𝑈𝑅𝑚 ∠0° ⇒ 𝑈𝑅 = = 𝑈𝑅 ∠0°
√2

𝑈 𝑈𝑅𝑚
𝑅= = = 𝑅 A resistência representa-se por R na forma complexa.
𝐼 𝐼𝑚

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𝑈 =𝑅∙𝐼

Numa resistência a corrente i(t) a tensão u(t) estão em fase (os seus valores máximos são simultâneos).

Vamos determinar a potência instantânea:


𝑝(𝑡) = 𝑢(𝑡) ∙ 𝑖(𝑡)
𝑝(𝑡) = 𝑈𝑅𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡 ∙ 𝐼𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡 ∙
𝑝(𝑡) = 𝑈𝑅𝑚 ∙ 𝐼𝑚 ∙ sin2 𝜔𝑡
𝑈𝑅𝑚 ∙ 𝐼𝑚 𝑈𝑅𝑚 𝐼𝑚
𝑝(𝑡) = ∙ (1 − cos 2𝜔𝑡) ⇒ 𝑝(𝑡) = ∙ ∙ (1 − cos 2𝜔𝑡)
2 √2 √2
𝑝(𝑡) = 𝑈𝑅 ∙ 𝐼 ∙ (1 − cos 2𝜔𝑡)

p(t)

i(t)
u(t)

A potência instantânea tem uma componente constante e uma componente variável (𝑈 ∙ 𝐼 ∙ 𝑐𝑜𝑠2𝜔𝑡) que varia com a
frequência dupla de frequência da corrente e da tensão.

Potência Média

1 𝑇 1 𝑇
𝑝𝑚𝑒𝑑 = ∫ 𝑝(𝑡) ∙ 𝑑𝑡 = ∫ [𝑈 ∙ 𝐼(1 − cos 2𝜔𝑡)] 𝑑𝑡
𝑇 0 𝑇 0
1 𝑇 1 𝑇
𝑝𝑚𝑒𝑑 = ∫ 𝑈 ∙ 𝐼 𝑑𝑡 − ∫ 𝑈 ∙ 𝐼 cos 2𝜔𝑡 𝑑𝑡
𝑇 0 𝑇 0

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1 1 𝑈∙𝐼 2𝜋
𝑝𝑚𝑒𝑑 = ∙𝑈∙𝐼− ∙ 𝑠𝑒𝑛2 ∙ ∙𝑇
𝑇 𝑇 2𝜔 𝑇
𝑝𝑚𝑒𝑑 = 𝑈 ∙ 𝐼 − 0 ⇒
𝑝𝑚𝑒𝑑 = 𝑈 ∙ 𝐼
O valor médio da potência eléctrica recebida numa resistência é igual ao produto dos valores eficazes da tensão e da
corrente.

2.6.2. Corrente Alternada numa Bobina

𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡

𝑑𝑖 𝑑
𝑒𝐿 = −𝐿 ∙ 𝑑𝑡 ⇒ 𝑒𝐿 = −𝐿 ∙ 𝑑𝑡 (𝐼𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡) = −𝜔 ∙ 𝐿 ∙ 𝐼𝑚 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡

𝜋 𝜋
= −𝜔 ∙ 𝐿 ∙ 𝐼𝑚 sen( 𝜔𝑡 + ) = 𝜔 ∙ 𝐿 ∙ 𝐼𝑚 ∙ sen( 𝜔𝑡 − )
2 2

𝜋
𝑢𝐿 (𝑡) = −𝑒𝐿 ⇒ 𝑢(𝑡) = 𝜔 ∙ 𝐿 ∙ 𝐼𝑚 ∙ sen( 𝜔𝑡 + )
2

𝜋
𝑈𝑚 = 𝜔 ∙ 𝐿 ∙ 𝐼𝑚 ⇒ 𝑢(𝑡) = 𝑈𝑚 ∙ sen( 𝜔𝑡 + )
2

O produto 𝜔𝐿 é designado por 𝑋𝐿 e é chamado Reactância Indutiva.

𝑋𝐿 = 𝜔 ∙ 𝐿 [𝑋𝐿 ] = 1𝑠 −1 ∙ Ω ∙ 𝑠 = 1Ω

𝑈𝑚 = 𝑋𝐿 ∙ 𝐼𝑚 [𝑋𝐿 ] = [1Ω] = [1 𝑂ℎ𝑚]

Uma indutância oferece a uma corrente alternada uma oposição igual a 𝑋𝐿 = 𝜔𝐿 que é directamente proporcional à
frequência.

𝑈𝑚
𝐼 = 𝐼∠0° 𝑈= ∠90°
√2

0
𝑈𝐿 𝑈𝐿 ∙𝑒 𝑗90
= = 𝑗𝑋𝐿 Assim a reactância indutiva na forma complexa representa-se por jXL
𝐼 𝐼∙𝑒 𝑗0

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Numa indutância a tensão está em avanço de 90º sobre a corrente, ou seja, a corrente complexa está em atraso 90º
em relação à tensão.

Potência

Vejamos como varia com o tempo a potência eléctrica recebida pela bobina:

𝜋
𝑝(𝑡) = 𝑢(𝑡) ∙ 𝑖(𝑡) = 𝑈𝑚 ∙ sen( 𝜔𝑡 + ) ∙ 𝐼𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡
2

𝑝(𝑡) = 𝑈𝑚 ∙ 𝐼𝑚 ∙ cos 𝜔𝑡 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡

𝑠𝑒𝑛2𝛼 = 2 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝛼 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼

𝑈𝑚 ∙ 𝐼𝑚 𝑈𝑚 𝐼𝑚
𝑝(𝑡) = ∙ 𝑠𝑒𝑛2𝜔𝑡 = ∙ ∙ 𝑠𝑒𝑛2𝜔𝑡
2 √2 √2

𝑝(𝑡) = 𝑈 ∙ 𝐼 ∙ 𝑠𝑒𝑛2𝜔𝑡

i(t) u(t)

0 𝜋 𝜋 2𝜋 3𝜋 4𝜋 5𝜋 p(t)
2

A frequência da potência instantânea é o dobro da frequência da corrente ou da tensão e varia de forma alternada
sinusoidal.

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A área definida entre a função p(t) e o eixo dos tempos é numericamente igual a energia transferida entre a fonte e a
bobina. Assim uma indutância recebe e dá alternadamente energia à fonte.

1 𝑇 𝑈∙𝐼 𝑇
𝑝𝑚𝑒𝑑 = ∫ 𝑈 ∙ 𝐼 𝑠𝑒𝑛2𝜔𝑡𝑑𝑡 = ∫ 𝑠𝑒𝑛2𝜔𝑡 𝑑𝑡
𝑇 0 𝑇 0
𝑈∙𝐼 𝑇 𝑈∙𝐼 2𝜋
= ∙ (−𝑐𝑜𝑠2𝜔𝑡) | = = (−𝑐𝑜𝑠2 ∙ ∙ 𝑇 + 𝑐𝑜𝑠0)
2𝜔 ∙ 𝑇 0 2 ∙ 2𝜋 ∙ 𝑇 𝑇
𝑇
𝑈∙𝐼
∙ (−1 + 1) ⇒ 𝑝𝑚𝑒𝑑 = 0
4𝜋

Para avaliar a potência de troca entre elementos indutivos e as fontes de energia introduz-se uma grandeza que se
designa Potência Reactiva.

𝑄𝐿 = 𝑈𝐿 ∙ 𝐼 = 𝐼 2 ∙ 𝑋𝐿

2.6.3. Corrente Alternada num Condensador

Seja 𝑢(𝑡) = 𝑈𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡

𝑑𝑞 𝑞
𝑖= 𝐶 =𝑈 ⇒𝑞 =𝐶∙𝑈
𝑑𝑡

𝑑(𝐶 ∙ 𝑈) 𝑑𝑢
𝑖= ⇒𝑖=𝐶∙
𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑑𝑢(𝑡) 𝑑(𝑈𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡)


𝑖(𝑡) = 𝐶 ∙ =𝐶∙ = 𝐶 ∙ 𝜔 ∙ 𝑈𝑚 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝜋
𝑖(𝑡) = 𝜔 ∙ 𝐶 ∙ 𝑈𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 2 )

𝜋
𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 2 )

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𝑈𝑚
𝐼𝑚 = 𝜔 ∙ 𝐶 ∙ 𝑈𝑚 =
1
𝜔𝐶

1
O termo é chamado Reactância Capacitiva simboliza-se por XC:
𝜔𝐶

1 1
𝑋𝐶 = ⇒ 𝑋𝐶 =
𝜔𝐶 2𝜋 ∙ 𝑓 ∙ 𝐶

A reatância capacitiva de um condensador é inversamente proporciona à frequência e é expressa em OHM [Ω].

1 1 1 1𝑉
[𝑋𝐶 ] = = = = = 1Ω
𝑟𝑎𝑑 1 𝐶 1 𝐴∙𝑠 𝐴
∙ 𝐹 ∙ ∙
𝑠 𝑠 𝑉 𝑠 𝑉

𝑈𝑚 𝐼𝑚
𝑈= ∠0° = 𝑈∠0° 𝐼= ∠90° = 𝐼∠90°
√2 √2

A tensão sinusoidal nos bornes de um condensador tem um atraso de 90º em relação à corrente.

𝑈 𝑈 ∙ 𝑒 𝑗0 𝑈 −𝑗90° °
= 0 = 𝑒 = 𝑋𝐶 ∙ 𝑒 −𝑗90 = −𝑗 ∙ 𝑋𝐶
𝐼 𝐼∙𝑒 𝑗90 𝐼

𝑈
= −𝑗 ∙ 𝑋𝐶 ⇒ 𝑈 = −𝑗 ∙ 𝑋𝐶 ∙ 𝐼
𝐼

Vamos determinar a potência instantânea:

𝑝(𝑡) = 𝑢(𝑡) ∙ 𝑖(𝑡) = 𝑈𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡 ∙ 𝐼𝑚 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 90° )

𝑈𝑚 ∙ 𝐼𝑚
𝑝(𝑡) = 𝑢(𝑡) ∙ 𝑖(𝑡) = 𝑈𝑚 ∙ 𝐼𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡 = ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡
2

𝑈𝑚 𝐼𝑚
𝑝(𝑡) = ∙ ∙ 𝑠𝑒𝑛2𝜔𝑡
√2 √2

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𝑝(𝑡) = 𝑈 ∙ 𝐼 ∙ 𝑠𝑒𝑛2𝜔𝑡

p(t)

A potência instantânea num condensador tem as mesmas características que numa bobina: frequência dupla da tensão
ou da corrente e valor médio nulo.

A área definida entre a função p(t) e o eixo dos tempos é numericamente igual a energia transferida entre a fonte e o
condensador. A área é alternadamente positiva e negativa, ou seja, o capacitor fornece e recebe alternadamente energia
da fonte.

1 𝑇
𝑝𝑚𝑒𝑑 = ∫ 𝑝(𝑡)𝑑𝑡 = 0
𝑇 0

2.7. Análise dos Circuitos de Corrente Alternada pelo Método dos Números Complexos

A razão deste método consiste em que para uma corrente variando sinusoidalmente com o tempo, as equações nos
valores instantâneos, que são de facto equações diferenciais, podem ser substituídas por equações algébricas em
correntes e tensões complexas. Mas especificamente, em qualquer equação de Kirchhoff escrita para um regime
permanente, a corrente instantânea i é substituída pela corrente complexa eficaz 𝐼, a tensão instantânea aplicada a uma
resistência

𝑢𝑅 = 𝑅 ∙ 𝑖(𝑡)

Pela queda de tensão complexa 𝑈𝑅 = 𝑅 ∙ 𝐼 que está em fase com a corrente 𝐼.

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𝑑𝑖
A tensão instantânea aplicada a uma indutância 𝑢𝐿 = 𝐿 ∙ 𝑑𝑡 substitui-se pela quantidade complexa

𝑈𝐿 = 𝑗𝑋𝐿 ∙ 𝐼 que tem um avanço de 90º sobre a corrente 𝐼.

1
A tensão instantânea aplicada a um capacitor 𝑢𝐶 = 𝐶 ∫ 𝑖(𝑡)𝑑𝑡 substitui-se pela quantidade complexa

𝑈𝐶 = −𝑗𝑋𝐶 ∙ 𝐼 com um atraso de 90º sobre a corrente 𝐼.

A tensão instantânea u ou f.e.m. instantânea e substitui-se pela tensão complexa 𝑈 ou f.e.m complexa 𝐸.

2.7.1. O Circuito RLC Série

𝑢(𝑡) = 𝑢𝑅 + 𝑢𝐿 + 𝑢𝐶 (2ª Lei de Kirchhoff)

𝑑𝑖(𝑡) 1
𝑢(𝑡) = 𝑢𝑅 + 𝐿 ∙ + ∫ 𝑖(𝑡)𝑑𝑡
𝑑𝑡 𝐶

𝑈 = 𝑈𝑅 + 𝑈𝐿 + 𝑈𝐶

𝑈𝑅 = 𝐼 ∙ 𝑅 ; 𝑈𝐿 = 𝑗𝑋𝐿 ∙ 𝐼 ; 𝑈𝑅 = −𝑗𝑋𝐶 ∙ 𝐼

𝑈 = 𝑅 ∙ 𝐼 + 𝑗𝑋𝐿 ∙ 𝐼 + (−𝑗𝑋𝐶 ) ∙ 𝐼
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𝑈 = 𝐼(𝑅 + 𝑗𝑋𝐿 − 𝑗𝑋𝑐 ) ⇒

⇒ 𝑈 = 𝐼[𝑅 + 𝑗(𝑋𝐿 − 𝑋𝑐 )]

Define-se Impedância do ramo como sendo o complexo:

𝑍 = 𝑅 + 𝑗(𝑋𝐿 − 𝑋𝑐 )

A impedância tem como parte real a resistência do ramo e como parte imaginária a chamada reactância do ramo,
definida como a diferença entre a reactância indutiva e a reactância capacitiva.

1 1
𝑍 = 𝑅 + 𝑗(𝜔𝐿 − 𝜔𝐶) com 𝑋 = 𝜔𝐿 − 𝜔𝐶

𝑍 = 𝑅 + 𝑗𝑋

A expressão:

𝑈 = 𝑍 ∙ 𝐼 é designada por Lei de Ohm em Corrente Alternada.

𝑈
𝑈 =𝑍∙𝐼 ⇒𝑍 = = 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 (para um dado 𝜔 )
𝐼

−𝐼 ∙ 𝑗
𝑈 = 𝑅𝐼 + 𝑗𝜔𝐿 ∙ 𝐼 +
𝜔𝑐

Exemplo 1:

Um ramo de um circuito eléctrico é constituído por uma resistência de 30Ω e uma bobina com 50mH de coeficiente
de auto-indução. Calcular a tensão em cada elemento, a tensão total no ramo e a energia eléctrica dissipada em 10
minutos, quando a variação da corrente for:

a) 𝑖(𝑡) = 2√2 ∙ 𝑠𝑒𝑛(500𝑡 + 30° ) 𝐴

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b) 𝑖(𝑡) = 2√2 ∙ 𝑠𝑒𝑛(1000𝑡 + 30° ) 𝐴

Resolução

a)

𝑋𝐿 = 𝜔𝐿
𝑋𝐿 = 500 ∙ 50 ∙ 10−3
𝑋𝐿 = 25Ω
𝑅 = 30Ω
𝐼𝑚 2√2
𝑖(𝑡) = 2√2 ∙ 𝑠𝑒𝑛(500𝑡 + 30° ) ⇒ 𝐼 = ∠Ψ𝑖 ⇒ 𝐼 = ∠30° ⇒ 𝐼 = 2∠30° 𝐴
√2 √2

𝑈𝑅 = 𝑅 ∙ 𝐼 ⇒ 𝑈𝑅 = 30 ∙ 2∠30° ⇒ 𝑈𝑅 = 60∠30°
𝑈𝐿 = 𝐼 ∙ 𝑗𝑋𝐿 ⇒ 𝑈𝐿 = 2∠30° ∙ 𝑗25 = 2∠30° ∙ 25∠90°

𝑈𝐿 = 50∠120° 𝑉

𝑈 = 𝑈𝑅 + 𝑈𝐿 ⇒ 𝑈 = 60∠30° + 50∠120°

𝑈 = 27 + 𝑗73,3 = 78∠69,8° 𝑉

𝑢(𝑡) = 78 ∙ √2 ∙ 𝑠𝑒𝑛(500𝑡 + 69,8° ) 𝑉

𝑊(10 min) = 𝑃𝑚𝑒𝑑 ∙ 𝑡 = 𝑈𝑅 ∙ 𝐼 ∙ 𝑡 = 60 ∙ 2 ∙ 10 ∙ 60


𝑊(10 min) = 72000 𝐽 = 72 𝑘𝐽

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A tensão total 𝑈 está adiantada de 39,8°


em relação à corrente.

b)
𝐼𝑚
𝑖(𝑡) = 2√2 ∙ 𝑠𝑒𝑛(1000𝑡 + 30° ) 𝐴 𝐼= ∠Ψ𝑖
√2

2√2
𝐼= ∠30° ⇒ 𝐼 = 2∠30° 𝐴
√2

𝑈𝑅 = 𝑅 ∙ 𝐼 ⇒ 𝑈𝑅 = 30 ∙ 2∠30° ⇒ 𝑈𝑅 = 60∠30° 𝑉

A tensão na resistência mantem-se não obstante a variação da frequência.

Na bobina: 𝑋𝐿 = 𝜔𝐿 ⇒ 𝑋𝐿 = 1000 ∙ 50 ∙ 10−3 = 50Ω

𝑈𝐿 = 𝐼 ∙ 𝑗𝑋𝐿 ⇒ 𝑈𝐿 = 2∠30° ∙ 𝑗50 = 2∠30° ∙ 50∠90° ⇒ 𝑈𝐿 = 100∠120° 𝑉

𝑢𝐿 (𝑡) = 100 ∙ √2 ∙ 𝑠𝑒𝑛(1000𝑡 + 120° ) 𝑉

𝑈 = 𝑈𝑅 + 𝑈𝐿 ⇒ 𝑈 = 60∠30° + 100∠120° ⇒ 𝑈 = 116,61∠89° 𝑉

𝑢(𝑡) = 116,61 ∙ √2 ∙ 𝑠𝑒𝑛(1000𝑡 + 89° ) 𝑉

A tensão total está adiantada de 89º-30º = 59º em relação à corrente.


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A energia dissipada mantém o valor da alínea anterior.

Exercício 1:

Repita o exercício exemplo anterior, mas colocando em série com a resistência e a bobina, um condensador com 50𝜇𝐹
de capacidade.

Exercício 2:

Aplicando o conceito de impedância, determine a tensão total do ramo no exercício do exemplo anterior.

2.7.2. Impedância

A impedância de um ramo passivo é a razão entre a tensão complexa entre os seus terminais e a corrente que o
atravessa.

1
𝑍 = 𝑅 + 𝑗(𝜔𝐿 − 𝜔𝐶) ⇒ 𝑍 = 𝑅 + 𝑗𝑋

Onde,

R- resistência do ramo passivo (parte real);

X- reactância do ramo passivo (parte imaginária);

1
𝑋 = 𝜔𝐿 −
𝜔𝐶

𝑍 = 𝑅 + 𝑗𝑋 ⇒ 𝑍 = 𝑍 ∙ 𝑒 𝑗𝜑

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Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

𝑍 = √𝑅 2 + (𝑋𝐿 − 𝑋𝐶 )2

1
𝑋 = 𝑋𝐿 − 𝑋𝐶 ; 𝑋𝐿 = 𝜔𝐿 ; 𝑋𝐶 = 𝜔𝐶

𝑍 = √𝑅 2 + 𝑋 2 ;

𝑋 𝑈 𝑈∙𝑒 𝑗Ψ𝑢 𝑈
𝜑 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 (𝑅 ) 𝑍= ⇒𝑍= = ∙ 𝑒 𝑗(Ψ𝑢−Ψ𝑖 ) , mas como 𝑍 = 𝑍 ∙ 𝑒 𝑗𝜑
𝐼 𝐼∙𝑒 𝑗Ψ𝑖 𝐼

𝑍 = 𝑍 ∙ 𝑒 𝑗(Ψ𝑢 −Ψ𝑖 ) = 𝑍 ∙ 𝑒 𝑗𝜑 Então, φ = Ψ𝑢 − Ψ𝑖

𝑢(𝑡) = 𝑈𝑚 sen(𝜔𝑡 + 𝛹𝑢 )

𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 sen(𝜔𝑡 + 𝛹𝑖 )

O ângulo 𝜑 representa o desfasamento entre a tensão e a corrente.

O ângulo 𝜑 entre os vectores corrente e tensão mede-se a partir do vector corrente para o vector tensão.

Ângulos positivos medem-se no sentido anti-horário e ângulos negativos no sentido horário.

O módulo da impedância representa a razão entre os valores eficazes da tensão e da corrente.

2.7.3. Admitância Simbólica ou Admitância Complexa

A admitância de um ramo passivo é o inverso da sua impedância.

1 𝐼
𝑌=𝑍 𝑌=𝑈

𝑍 = 𝑅 + 𝑗(𝑋𝐿 − 𝑋𝐶 ) = 𝑅 + 𝐽𝑋 = 𝑍 ∙ 𝑒 𝑗𝜑 = 𝑍∠𝜑

1 1 1 1
𝑌 = 𝑍 ⇒ 𝑌 = 𝑍∠𝜑 = 𝑍∙𝑒 𝑗𝜑 = 𝑍 ∙ 𝑒 −𝑗𝜑 = 𝑌 ∙ 𝑒 −𝑗𝜑

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Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

𝑌 = 𝑌∠ − 𝜑

1 1 1
A unidade da admitância é [Ω] ou [Ω -1]. [𝑌] = [ ] = [Ω] = [1 ∙ Ω−1 ]
1∙Ω

1 1 1 ∙ (𝑅 − 𝑗𝑋) 𝑅 − 𝑗𝑋
𝑌= = = = 2
𝑍 𝑅 + 𝑗𝑋 (𝑅 + 𝑗𝑋)(𝑅 − 𝑗𝑋) 𝑅 + 𝑋 2

𝑅 𝑋
𝑌= −𝑗 2
𝑅2 +𝑋 2 𝑅 + 𝑋2

A parte real da admitância designa-se por condutância (𝑔) e a sua parte imaginária por susceptância (b).

𝑅 𝑋
𝑔 = 𝑅2 +𝑋 2 ; 𝑏 = 𝑅2 +𝑋 2

𝑌 = 𝑔 − 𝑗𝑏

Observação:

A condutância e a susceptância de um ramo passivo não são o inverso da resistência e sua reactância respetivamente.

𝑏 = 𝑌 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜑

𝑔 = 𝑌 ∙ cos 𝜑

O ângulo 𝜑 é negativo.

2.7.4. Tensão Activa e Tensão Reactiva

𝑈 = 𝐼 ∙ [𝑅 + 𝑗(𝑋𝐿 − 𝑋𝐶 )]

𝑋 = 𝑋𝐿 − 𝑋𝐶

𝑈 = 𝐼 ∙ (𝑅 + 𝑗𝑋) ⇒ 𝑈 = 𝐼 ∙ 𝑅 + 𝐼 ∙ 𝑗𝑋

𝑈 = 𝑈𝑎 + 𝑈𝑋
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𝑈𝑎 = 𝐼 ∙ 𝑅 ; 𝑈𝑎 → Tensão activa

𝑈𝑋 = 𝐼 ∙ 𝑗𝑋 ; 𝑈𝑥 → Tensão reactiva

𝑢(𝑡) = 𝑈𝑚 sen(𝜔𝑡 + 𝛹𝑢 )

𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 sen(𝜔𝑡 + 𝛹𝑖 )

𝑈𝑎 = 𝑈 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑 𝑈𝑎 = 𝑈𝑎 ∠𝛹𝑢𝑎

𝑈𝑋 = 𝑈 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜑 𝑈𝑋 = 𝑈𝑋 ∠𝛹𝑢𝑋

2.7.5. Corrente Activa e Corrente Reactiva

𝑌 = 𝑔 − 𝑗𝑏 ⇒ 𝑈 ∙ 𝑌 = 𝑈 ∙ 𝑔 − 𝑗𝑏 ∙ 𝑈

𝐼 = 𝐼𝑎 − 𝐼𝑋 onde 𝐼𝑎 = 𝑈 ∙ 𝑔; 𝐼𝑋 = 𝑈 ∙ 𝑗𝑏

𝐼𝑎 = 𝐼 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑 → Corrente Activa

𝐼𝑋 = 𝐼 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜑 → Corrente Reactiva

2.7.6. Lei de Ohm em Notação Complexa

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𝑈
𝑈 =𝐼∙𝑍 ⇒𝑍 = 𝐼

𝑈
𝑍=
𝐼

2.7.7. As Leis de Kirchhoff em Representação Simbólica

2.7.7.1. Primeira Lei de Kirchhoff: Lei das Correntes (ou Lei dos Nós)

A soma (vectorial) das representações complexas das correntes num nó é nula.

∑ 𝑖𝐾 = 0 Substituindo 𝑖𝐾 por 𝐼𝐾 ∙ 𝑒 𝑗𝜔𝑡

𝑛 𝑛

∑ 𝐼𝐾 ∙ 𝑒 𝑗𝜔𝑡 = 0 ⇒ 𝑒 𝑗𝜔𝑡 ∙ ∑ 𝐼𝐾 = 0
𝐾=1 𝐾=1

𝑒 𝑗𝜔𝑡 ≠ 0 ⇒ ∑ 𝐼𝐾 = 0
𝐾=1

𝐼1 = 𝐼1 + 𝐼2 + 𝐼4 = 0

2.7.7.2. Segunda Lei de Kirchhoff: Lei das Tensões (ou Lei das Malhas)

1) Ao longo de qualquer malha, a soma (vectorial) das representações simbólicas das f.e.m. é igual à soma (vectorial)
das representações simbólicas das tensões nas impedâncias:

𝑛 𝑛

∑ 𝐸𝐾 = ∑ 𝑍𝑖 ∙ 𝐼𝑖
𝐾=1 𝐾=1

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2) Ao longo de qualquer malha, a soma (vectorial) das representações simbólicas das tensões em todos elementos é
nula:

∑ 𝑈𝐾 = 0
𝐾=1

2.8. Aplicação dos Métodos de Cálculo dos Circuitos de Corrente Contínua em Circuitos de Corrente Alternada
Sinusoidal

Uma vez que as Leis de Kirchhoff das Correntes e das Tensões se mantêm para circuitos de corrente alternada
sinusoidal, podemos escrever todas as equações do capítulo dos circuitos lineares de corrente contínua na forma
complexa para circuitos de corrente alternada sinusoidal.

Para tal bastará substituir corrente I pelo complexo 𝐼, a condutância 𝑔 pela admitância 𝑌, a resistência R pela
impedância simbólica 𝑍 e a f.e.m. da corrente contínua E pela f.e.m. complexa 𝐸.

Equações com variações e coeficientes complexos.

Corrente contínua (CC) Corrente Alternada (CA)


U 𝑈
I 𝐼
R 𝑍
G 𝑌

Todos os métodos de cálculo dos circuitos de corrente contínua são também válidos para os circuitos de corrente
alternada sinusoidal, bastando para tal utilizar o método dos números complexos.

- Transformação ∆-Y e vice-versa

- Método da impedância equivalente

- Divisor de tensão

- Divisor de corrente

- Teorema de Thevenin

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- Associação de resistências em série/paralelo

- Etc.

2.9. Potência em Circuitos de Corrente Alternada Sinusoidal

2.9.1. Potência Activa e Potência Reactiva

Vamos determinar a potência instantânea consumida pelo circuito representado.

𝑢(𝑡) = 𝑈𝑚 sen(𝜔𝑡)

𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 sen(𝜔𝑡 − 𝜑)

𝜔 = 2𝜋𝑓
𝑝(𝑡) = 𝑢(𝑡) ∙ 𝑖(𝑡) ⇒ 𝑝(𝑡) = 𝑈𝑚 sen(𝜔𝑡) ∙ 𝐼𝑚 sen(𝜔𝑡 − 𝜑)
𝑝(𝑡) = √2 ∙ 𝑈 sen(𝜔𝑡) ∙ √2 ∙ 𝐼 sen(𝜔𝑡 − 𝜑)
𝑝(𝑡) = 2 ∙ 𝑈 ∙ 𝐼 ∙ sen(𝜔𝑡) ∙ sen(𝜔𝑡 − 𝜑)
𝑝(𝑡) = 𝑈 ∙ 𝐼 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑 − 𝑈 ∙ 𝐼 ∙ cos(2𝜔𝑡 − 𝜑)

Esta equação pode ser transformada em:

𝑝(𝑡) = 𝑈 ∙ 𝐼 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑(1 − 𝑐𝑜𝑠2𝜔𝑡) − 𝑈 ∙ 𝐼 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜑 ∙ 𝑠𝑒𝑛2𝜔𝑡 (2.9.1)

P1 P2

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A componente 𝑃1 oscila em torno do valor médio 𝑈 ∙ 𝐼 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑, com frequência angular 2𝜔 nunca mudando de
sinal.

A componente 𝑃2 oscila com idêntica frequência ou seja 2𝜔, possui um valor médio nulo e um valor máximo
𝑈 ∙ 𝐼 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜑

2.9.1.1. Potência Activa ou Potência Média (P)

É o valor médio da potência instantânea e corresponde por conseguinte à potência que é efectivamente transferida da
fonte para a carga.

𝑃 = 𝑈 ∙ 𝐼 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑 𝑃 = 𝑈 ∙ 𝐼𝑎 = 𝑈𝑎 ∙ 𝐼

A unidade da potência activa é o Watt.

[𝑃] = [1𝑉] ∙ [1𝐴] = [1𝑉 ∙ 𝐴] = [1𝑊𝐴𝑇𝑇] = [1 𝑊]

A grandeza 𝑐𝑜𝑠𝜑 designa-se por Factor de Potência.

𝜋 𝜋 𝜋 𝜋
O ângulo do factor de potência φ varia entre − à 2. −2 ≤ 𝜑 ≤
2 2

2.9.1.2. Potência Reactiva (Q)

É o valor máximo da componente da potência instantânea que oscila entre o gerador e a carga, cujo valor médio é
nulo, resultante da variação de energia magnética ou eléctrica armazenada nos elementos indutivos ou capacitivos
respectivamente da impedância da carga.

𝑄 = 𝑈 ∙ 𝐼 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜑

A unidade da Potência Reactiva é o por convecção Volt Ampere Reactivo [Var].

[𝑄] = [1𝑉𝐴𝑟] = 1 𝑉𝑜𝑙𝑡 𝐴𝑚𝑝𝑒𝑟𝑒 𝑅𝑒𝑎𝑐𝑡𝑖𝑣𝑜

Usando os conceitos Potência Activa e Potência Reactiva, podemos reescrever a equação (2.9.1)

𝑝(𝑡) = 𝑃 ∙ (1 − 𝑐𝑜𝑠2𝜔𝑡) − 𝑄 ∙ 𝑠𝑒𝑛2𝜔𝑡 (2.9.2)

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P1(t) P2(t)

Onde,

𝑃 = 𝑈 ∙ 𝐼 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑 𝑄 = 𝑈 ∙ 𝐼 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜑

𝑄 = 𝑈 ∙ 𝐼𝑋 = 𝑈𝑋 ∙ 𝐼 𝑄 = 𝐼2 ∙ 𝑋 𝑄 = 𝑈2 ∙ 𝑏

p(t)
p1(t)

P
0 𝝎𝒕
Q
p2(t)

2.9.2. Potência Complexa e Potência Aparente

2.9.2.1. Potência Complexa S

É definida pelo produto do fasor tensão pelo conjugado do fasor corrente.

𝑆 = 𝑈 ∙ 𝐼∗

𝑢(𝑡) = 𝑈𝑚 sen(𝜔𝑡 + 𝛹𝑢 )

𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 sen(𝜔𝑡 + 𝛹𝑖 )

𝑆 = 𝑈 ∙ 𝑒 𝑗𝛹𝑢 ∙ 𝐼 ∙ 𝑒 𝑗𝛹𝑖 = 𝑈 ∙ 𝐼 ∙ 𝑒 𝑗(𝛹𝑢 −𝛹𝑖 )

𝑆 = 𝑈 ∙ 𝐼 ∙ 𝑒 𝑗𝜑 ⇒ 𝑆 = 𝑈 ∙ 𝐼∠𝜑 = 𝑆∠𝜑

𝑆 = 𝑈 ∙ 𝐼 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑 + 𝑗𝑈 ∙ 𝐼 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜑

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𝑆 = 𝑃 + 𝑗𝑄

𝑆 = 𝑆 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑 + 𝑗𝑆 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜑 ⇔ 𝑆 = 𝑃 + 𝑗𝑄

A potência complexa 𝑆 é assim, uma grandeza cuja parte real é a potência activa P e cuja parte imaginária é a potência
reactiva Q.

2.9.2.2. Potência Aparente S

É o módulo da potência complexa, ou seja, é o produto dos módulos da tensão e da corrente.

𝑆 =𝑈∙𝐼

𝑆 = √𝑃2 + 𝑄 2

A potência aparente se mede em Volt-Ampere (VA), com o intuito de a distinguir das anteriores
potências.

𝑃 = 𝑆 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑 𝑄 = 𝑆 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜑

[𝑆] = [1 𝑉𝑜𝑙𝑡 𝐴𝑚𝑝𝑒𝑟𝑒] = [1𝑉𝐴]

𝑄
𝜑 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 (𝑃 ) 𝑈 =𝐼∙𝑍 𝐼 =𝑈∙𝑌


𝑆 = 𝑈 ∙ 𝐼 ∗ = 𝑈 ∙ (𝑈 ∙ 𝐼) = 𝑈 ∙ 𝑈 ∗ ∙ 𝑌 ∗ = 𝑈 2 ∙ 𝑌 ∗

𝑆 = 𝑈 ∙ 𝐼 ∗ = 𝐼 ∙ 𝑍 ∙ 𝐼 ∗ = 𝐼 2 ∙ 𝑍 = 𝐼 2 (𝑅 + 𝑗𝑋)

𝑆 = 𝑅 ∙ 𝐼 2 + 𝑗𝑋 ∙ 𝐼 2

𝑆 = 𝑅 ∙ 𝐼 2 + 𝑗(𝑋𝐿 − 𝑋𝐶 ) ∙ 𝐼 2

𝑃 = 𝑅 ∙ 𝐼2 𝑄 = 𝐼2 ∙ 𝑋 𝑄𝐿 = 𝑋𝐿 ∙ 𝐼 2 𝑄𝐶 = −𝑋𝐶 ∙ 𝐼 2

2.10. Carácter da Carga

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2.10.1. Carga com Caracter Indutivo ou Impedância Indutiva

A tensão está em avanço em relação à corrente.

𝜑 > 0 ⇒ Carga com Caracter Indutivo

𝑄 = 𝑈 ∙ 𝐼 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜑

𝑠𝑒𝑛𝜑 > 0 ⇒ 𝑄 > 0 𝑃>0

2.10.2. Carga Puramente Indutiva

𝑄 =𝑈∙𝐼 ; 𝑃=0 ; 𝑄>0

2.10.3. Carga com Carácter Capacitivo ou Impedância Capacitiva

A corrente tem avanço em relação à tensão.

𝜑 < 0 ⇒ 𝑄 = 𝑈 ∙ 𝐼 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜑

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𝑄<0 e 𝑃>0

𝜑<0

𝑄<0

𝑃>0

2.10.4. Carga Puramente Capacitiva

⇒𝑄<0 𝑃=0 ; 𝑄 = 𝑈 ∙ 𝐼 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜑 ⟹ 𝑄 = −𝑈 ∙ 𝐼

Na prática dos sistemas de energia eléctrica diz-se, convencionalmente, que uma carga indutiva absorve potência
reactiva, e uma carga capacitiva gera potência reactiva.

2.10.5. Carga Puramente Resistiva ou Carga Ohmica

𝜑 = 0 (tensão e corrente em fase)

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𝑃 = 𝑈 ∙ 𝐼 ∙ cos 0 = 𝑈 ∙ 𝐼

𝑄=0

2.11. Equilíbrio de Potências nos Circuitos de Corrente Alternada Sinusoidal

Num circuito de corrente alternada sinusoidal a potência activa fornecida pelas fontes de energia é igual a potência
activa neste consumida e a potência reactiva fornecida pelas fontes de energia é igual a potência reactiva neste
consumida. 𝑆𝑓 = 𝑆𝑐𝑜𝑛𝑠

𝑛 𝑚

∑ 𝑃𝑓𝐾 = ∑ 𝑃𝑐𝑜𝑛𝑠𝑖
𝐾=1 𝑖=1
𝑛 𝑚

∑ 𝑄𝑓𝐾 = ∑ 𝑄𝑐𝑜𝑛𝑠𝑖
{𝐾=1 𝑖=1

Potências consumidas no circuito:

∑𝑚 𝑚 2
𝑖=1 𝑃𝑐𝑜𝑛𝑠𝑖 = ∑𝑖=1 𝐼𝑖 ∙ 𝑅𝑖 e ∑𝑚 𝑚 2
𝑖=1 𝑄𝑐𝑜𝑛𝑠𝑖 = ∑𝑖=1 𝐼𝑖 ∙ 𝑋𝑖

Para 𝑋𝐿 ⇒ 𝑄𝐿 = 𝑋𝐿 ∙ 𝐼 2 e para 𝑋𝐶 ⇒ 𝑄𝐶 = −𝑋𝐶 ∙ 𝐼 2

𝑚 𝑚

𝑆𝑓 = ∑ 𝐸𝑗 ∙ 𝐼𝑗∗ + ∑ 𝑈𝑎𝑏𝑖 ∙ 𝐽𝑖∗


𝑗=1 𝑖=1

𝑛 𝑛

∑ 𝑃𝑓𝐾 = 𝑅𝑒 ∙ 𝑆𝑓 𝑒 ∑ 𝑄𝑓𝑖 = 𝐼𝑚 ∙ 𝑆𝑓
𝐾=1 𝑖=1

2.12. Ressonância em Circuitos Eléctricos

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Quando uma fonte de corrente alternada é ligada a um circuito eléctrico contendo uma ou várias indutâncias, e uma
várias capacidades e adicionar a uma ou várias resistências, surgem fenômenos em determinadas condições,
conhecidos como Ressonância.

Em condições de ressonância, tal rede torna-se puramente Ohmíca e a tensão e corrente na rede ficam em fase.

Distinguem-se dois tipos de ressonância:

2.12.1. Ressonância em Série ou Ressonância de Tensão


2.12.2. Ressonância em Paralelo ou Ressonância de Corrente

2.12.1. Ressonância em Série (Ressonância de Tensão)

𝑍 = 𝑅 + 𝑗(𝑋𝐿 − 𝑋𝐶 )
𝑋𝐿 − 𝑋𝐶
𝜑 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 ( )
𝑅

𝑋
𝜑 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 (𝑅 ) Onde: 𝑋 = 𝑋𝐿 − 𝑋𝐶

Condição de ressonância: 𝑋 = 0 ⇒ 𝑋𝐿 = 𝑋𝐶 𝑋𝐿 − 𝑋𝐶 = 0 ⇒ 𝜑 = 0

Quaisquer que sejam os valores de L e de C haverá sempre uma frequência para a qual surge o fenómeno de
ressonância, designada por Frequência de Ressonância (𝑓0 ).

1 1
𝑋𝐿0 = 𝑋𝐶0 ⇒ 𝜔0 𝐿 = ⇒ 𝜔0 =
𝜔0 𝐶 √𝐿𝐶

1
𝑓0 = (2.12.1)
2𝜋√𝐿𝐶

1
𝜔0 𝐿 = 𝜔 = 𝜌 → Reactância Característica
0𝐶

1
𝜔0 ∙ 𝐿 𝜔0 𝐶 𝜌
= = = 𝑄 → 𝐹𝑎𝑐𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑄𝑢𝑎𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
𝑅 𝑅 𝑅

Q é chamado Factor de Qualidade de um circuito ressonante. Mostra quantas vezes a tensão no componente reactivo
excede a tensão aplicada, em ressonância.

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Particularidades do Regime de Ressonância em Série

1.ª A impedância do circuito é mínima e puramente Ohmica, em regime de ressonância de tensão.

𝑍 = 𝑅 + 𝑗(𝑋𝐿 − 𝑋𝐶 )

No regime de ressonância 𝑋𝐿 = 𝑋𝐶 ⇒ 𝑋𝐿 − 𝑋𝐶 = 0

𝑍0 = 𝑅

𝑍0 = √𝑅 2 + (𝑋𝐿 − 𝑋𝐶 )2 = √𝑅 2 = 𝑍𝑚𝑖𝑛

2.ª A corrente no regime de ressonância é máxima e está em fase com a tensão aplicada no circuito.

𝑈 𝑈 1
𝐼0 = = ⇒ 𝐼0 = ∙ 𝑈
𝑍0 𝑅 𝑅

𝑈 𝑈
𝐼0 = = = 𝐼𝑚𝑎𝑥
𝑍𝑚𝑖𝑛 𝑍0

Esta particularidade permite detectar o regime de ressonância de tensão, na variação da frequência.

3.ª A tensão na resistência é igual à tensão aplicada no circuito:

a) A tensão na resistência é igual à tensão aplicada no circuito (módulo, fase).


b) A tensão na indutância é igual em módulo (valor) à tensão aplicada na capacidade.
c) A tensão nos elementos reactivos (indutância e capacitor) pode ser menor que a tensão na entrada do circuito.

𝑍0 = 𝑅 + 𝑗(𝑋𝐿0 − 𝑋𝐶0 ) ⇒ 𝐼0 ∙ 𝑍0 = 𝑅 ∙ 𝐼0 + 𝑗(𝑋𝐿0 ∙ 𝐼0 − 𝑋𝐶0 ∙ 𝐼0 )

𝑋𝐿0 − 𝑋𝐶0 = 0 ⇒ 𝑋𝐿0 = 𝑋𝐶0 ⇒ 𝑈𝐿0 = 𝑗𝑋𝐿0 ∙ 𝐼0 𝑈𝐶0 = −𝑗𝑋𝐶0 ∙ 𝐼0

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4.ª A potência activa é máxima.

𝑃 = 𝐼02 ∙ 𝑅 2
como 𝐼0 = 𝐼𝑚𝑎𝑥 ⇒ 𝑃0 = 𝐼𝑚𝑎𝑥 ∙𝑅 𝑃0 = 𝑃𝑚𝑎𝑥

5.ª As potências reactivas na indutância e na capacidade são iguais.

𝑋𝐿0 = 𝑋𝐶0 ⇒ 𝐼02 ∙ 𝑋𝐿0 = 𝐼02 ∙ 𝑋𝐶0 ⇒ 𝑄𝐿0 = 𝑄𝐶0

Parâmetros R, L e C constantes. f.e.m. constante.

6.ª As potências instantâneas não são iguais.

Caso Ideal: 𝑅 = 0 ⇒ 𝑍 = 0 ou 𝑌 = ∞ → Curto-circuito

2.12.2. Ressonância em Paralelo (Ressonância de Corrente)

𝑌 = 𝑌1 + 𝑌2

1
𝑌1 =
𝑅1 + 𝑗𝑋𝐿

𝑅1 𝑋𝐿
𝑌1 = 2−𝑗 2 ⇒ 𝑌1 = 𝑔1 − 𝑗𝑏𝐿
𝑅12 + 𝑋𝐿 𝑅1 + 𝑋𝐿2

𝑅2 −𝑋𝐶 𝑅2 𝑋𝐶
𝑌2 = 2−𝑗 2 2 = 𝑌2 = 2 2+𝑗 2
𝑅22 + 𝑋𝐶 𝑅2 + 𝑋𝐶 𝑅2 + 𝑋𝐶 𝑅2 + 𝑋𝐶2

⇒ 𝑌2 = 𝑔2 + 𝑗𝑏𝐶

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𝑌 = (𝑔1 + 𝑔2 ) − 𝑗(𝑏𝐿 − 𝑏𝐶 )

Por definição em Ressonância 𝐼 está em fase com 𝑈. Isto só pode acontecer se:

−(𝑏𝐿 − 𝑏𝐶 )
𝑏𝐿 − 𝑏𝐶 = 0 ⇒ 𝑏𝐿 = 𝑏𝐶 ⇒ 𝜑 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 [ ]=0
𝑔1 + 𝑔2

Em ressonância 𝜑=0

1
𝑋𝐿 𝑋𝐶 𝜔𝐿 𝜔𝐶
= ⇒ =
𝑅12 + 𝑋𝐿2 𝑅22 + 𝑋𝐶2 𝑅12 + 𝜔 2 𝐿2 𝑅 2 + 1
2 𝜔2𝐶 2

𝜔𝐿 1 1 1
⇒ = ∙ =
𝑅12 2
+𝜔 𝐿 2 𝜔𝐶 𝑅 2 + 1 1
2 2 2 𝜔𝐶𝑅22 + 𝜔 ∙ 𝐶
𝜔 𝐶

𝜔𝐿 1 𝜔𝐶
= 2 2 2 = 2 2 2
𝑅12 2
+𝜔 𝐿 2 𝜔 𝐶 𝑅2 + 1 𝜔 𝐶 𝑅2 + 1
𝜔∙𝐶

⇒ 𝜔𝐿(𝜔2 ∙ 𝐶 2 ∙ 𝑅22 + 1) = 𝜔𝐶(𝑅12 + 𝜔2 𝐿2 )

⇒ 𝐿 ∙ 𝜔2 ∙ 𝐶 2 ∙ 𝑅22 + 𝐿 = 𝐶 ∙ 𝑅12 + 𝜔2 ∙ 𝐿2 ∙ 𝐶

⇒ 𝐿 ∙ 𝜔2 ∙ 𝐶 2 ∙ 𝑅22 − 𝜔2 ∙ 𝐿2 ∙ 𝐶 = 𝐶 ∙ 𝑅12 − 𝐿

⇒ 𝜔2 (𝐿 ∙ 𝐶 2 ∙ 𝑅22 − 𝐿2 ∙ 𝐶) = 𝐶 ∙ 𝑅12 − 𝐿

𝐿 𝐿
𝐶(𝑅12 − 𝐶 ) 𝑅12 − 𝐶
⇒ 𝜔2 = ⇒ 𝜔2 =
𝐶(𝐿 ∙ 𝐶 ∙ 𝑅22 − 𝐿2 ) 𝐿
𝐿𝐶(𝑅22 − 𝐶 )

𝐿 𝐿
1 𝑅12 − 𝐶 1 − 𝑅12
𝜔0 = ∙√ 𝑜𝑢 𝜔0 = ∙√ 𝐶 (2.12.2)
√𝐿𝐶 𝐿 √𝐿𝐶 𝐿
𝑅22 − 𝐶 − 𝑅2
2
𝐶

𝜔0 Chama-se Frequência Angular de Ressonância.

Se 𝑅1 = 𝑅2 = 0, ou seja, circuito ideal, a impedância de entrada da rede torna-se Infinita ⇒ 𝐼 = 0

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𝑌 = (𝑔1 + 𝑔2 ) − 𝑗(𝑏𝐿 − 𝑏𝐶 )

Em ressonância ⇒ 𝑏𝐿 − 𝑏𝐶 = 0 ⇒ 𝑌 = (𝑔1 + 𝑔2 )

Se 𝑅1 = 𝑅2 = 0 ⇒ 𝑔1 = 𝑔2 = 0 ⇒ 𝑌 = 0 ⇒ 𝑍 = ∞

A análise da equação (2.12.2) a ressonância pode se obter variando 𝜔, 𝐿 e C ou 𝑅1 e 𝑅2 .

A análise da equação (2.12.2) permite concluir que:

1. Uma vez que a frequência é real e positiva, a ressonância só é possível quando:


𝐿 𝐿
a) > 𝑅12 ∧ > 𝑅22
𝐶 𝐶
Ou
𝐿 𝐿
b) < 𝑅12 ∧ < 𝑅22
𝐶 𝐶

𝐿 1 0
2. = 𝑅12 = 𝑅22 ⇒ 𝜔 = √
𝐶 √𝐿𝐶 0

Isto é, a frequência da ressonância é indeterminada. Isto fisicamente significa que a ressonância é possível em qualquer
frequência e que um circuito nestas condições é puramente Ohmíco.

1
3. Com 𝑅1 = 𝑅2 ⇒ 𝜔𝑟𝑒𝑠𝑠 = 𝜔0 =
√𝐿𝐶
𝐿 1
4. 𝑅12 ≈ 𝑅22 ≪ 𝐶 ⇒ 𝜔0 ≈
√𝐿𝐶

Particularidades da Ressonância em Paralelo

1.ª A admitância total do circuito é activa e é mínima.

𝑌0 = (𝑔10 + 𝑔20 ) − 𝑗(𝑏𝐿0 − 𝑏𝐶0 ) = 𝑔10 + 𝑔20

𝑌0 = 𝑔10 + 𝑔20 → Admitância mínima → Admitância Activa

𝑌0 = √(𝑔10 + 𝑔20 )2 + (𝑏𝐿0 − 𝑏𝐶0 )2 = 𝑌𝑚𝑖𝑛 = 𝑔10 + 𝑔20

Para um circuito ideal, isto é, 𝑅1 = 𝑅2 = 0 ⇒ 𝑌0 = 0 ⇒ 𝑍0 = ∞ ⇒ 𝐼 = 0

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2.ª A corrente total é activa e mínima.

𝑌0 = 𝑔1 + 𝑔2 𝑝𝑜𝑖𝑠 𝑏𝐿0 − 𝑏𝐶0 = 0

𝑈 ∙ 𝑌0 = 𝑈 ∙ 𝑔1 + 𝑈 ∙ 𝑔2 = 𝐼𝑎1 + 𝐼𝑎2 = 𝐼0

𝐼0 = 𝑈 ∙ 𝑌𝑚𝑖𝑛 ⇒ 𝐼0 = 𝐼𝑚𝑖𝑛 → Permite detectar o regime de ressonância no laboratório

3.ª O módulo das correntes reactivas é o mesmo.

Como 𝑏𝐿0 = 𝑏𝐶0 ⇒ 𝐼1𝑋0 = 𝐼2𝑋0

No regime de ressonância, sob certas condições, as correntes nos ramos podem superar a corrente total 𝐼.

𝐼1 > 𝐼 ou/e 𝐼2 > 𝐼

4.ª As potências reactivas dos elementos reactivos no regime de ressonância são iguais.

𝑄𝐿0 = 𝑄𝐶0 𝑄𝐿0 = 𝑈𝐿2 ∙ 𝑏𝐿0 𝑄𝐶0 = 𝑈𝐶2 ∙ 𝑏𝐶0

−(𝑏𝐿 − 𝑏𝐶 )
𝜑 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 ( )
𝑔1 + 𝑔2

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Parâmetros R, L e C constantes. f.e.m. constante

2.13. Corrente Alternada Através de Uma Rede de Dois Terminais – Determinação da Impedância de Entrada

Consideremos a rede passiva de dois terminais ligada a uma fonte de alimentação. Vamos determinar a impedância
de entrada no bipolo.

A impedância de entrada do bipolo ou impedância do bipolo pode ser determinada analiticamente ou


experimentalmente (no laboratório ou através de aparelhos de medida).

𝑈 𝑋 > 0 ⇒ 𝑅𝑒𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑎


𝑍= ⇒ 𝑍 = 𝑅 + 𝑗𝑋 {𝑋 = 0 ⇒ 𝑅𝑒𝑑𝑒 𝑝𝑢𝑟𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑂ℎ𝑚í𝑐𝑎
𝐼 𝑋 < 0 ⇒ 𝑅𝑒𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑡𝑖𝑣𝑎

2.13.1. Determinação Analítica

Para a determinação analítica da impedância da rede, o conhecimento das suas ligações internas e os valores das
resistências e reactâncias em jogo é essencial.

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2.13.2. Determinação Experimental

Para determinação experimental da impedância de entrada da rede pode ser usado o Amperímetro para medir a
intensidade da corrente I, o Voltímetro para medir a tensão 𝑈𝑎𝑏 = 𝑈 e o Wattímetro para medir a potência activa
consumida pela rede.

O Wattímetro é um aparelho de medição que serve para medir a potência activa no circuito eléctrico.

O Wattímetro dá o produto: 𝑃 = 𝑈 ∙ 𝐼 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑

O asterisco (*) indica o início do enrolamento.

𝑃
𝑃 = 𝑈 ∙ 𝐼 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑 ⇒ 𝑐𝑜𝑠𝜑 = 𝑈∙𝐼 (2.13.1)

Esta fórmula permite-nos determinar o factor de potência (𝑐𝑜𝑠𝜑).

Os aparelhos de medida instalados no circuito permitem obter a potência activa P, a tensão U e a intensidade de
corrente I. Os aparelhos de medida (voltímetros e amperímetros) dão-nos valores eficazes.

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𝑈
O módulo da impedância Z pode ser facilmente determinado, a partir da equação: 𝑍= =𝑍
𝐼

𝑅 = 𝑍 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑

𝑋 = 𝑍 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜑

O factor de potência (cos φ) pode ser calculado a partir da equação (2.13.1).

Depois de determinar o 𝑐𝑜𝑠𝜑, determinamos o ângulo φ e o 𝑠𝑒𝑛𝜑.

Mas uma vez que: 𝑐𝑜𝑠𝜑 = cos(−𝜑)

Temos que determinar o sinal do ângulo 𝜑.

2.13.2.1. Determinação do Sinal do Ângulo φ

1.º Método Artificial

O sinal do ângulo φ determinamos introduzindo uma pequena capacidade C no circuito.

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a) Impedância Indutiva

𝐼1 < 𝐼 ⇒ 𝜑 > 0

𝜑>0 → O amperímetro dá uma leitura decrescente com interruptor k fechado.

𝐼1 < 𝐼 ⇒ 𝜑 > 0

b) Impedância Capacitiva

𝐼1 > 𝐼 ⇒ 𝜑 < 0
𝜑 < 0 ⇒ Impedância Capacitiva

Com o fecho do interruptor k o amperímetro dá uma leitura crescente 𝐼1 > 𝐼 se a impedância for capacitiva.

𝐼1 é a corrente através do amperímetro quando o interruptor k está fechado.

Repare que a corrente através do condensador 𝐼𝐶 está avançada em 90° em relação à tensão complexa 𝑈.

O sinal de 𝜑 pode também ser determinado usando:

- Um Fasímetro (instrumento que mede o ângulo entre a tensão e a corrente)

- Um osciloscópio de dois raios.

Actualmente há aparelhos de medição muitíssimo sofisticados que mostram a forma de onda da tensão alternada
sinusoidal, forma de onda da corrente e conteúdo harmónico.

2.14. Transferência de Potência dum Bipolo Activo à Carga

Eng.º Leonel Fanequiço


Eng.º Nivaldo Garcia 96
Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

Seja uma carga de impedância complexa 𝑍 ligada a uma rede activa de dois terminais ab.

Vamos pesquisar as condições de máxima transferência de potência do bipolo à carga.

𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣
Pelo Teorema de Thevenin 𝐼= 𝑍𝑒𝑞 +𝑍

Seja: 𝑍𝑒𝑞 = 𝑅𝑒𝑞 + 𝑗𝑋𝑒𝑞 e 𝑍 = 𝑅 + 𝑗𝑋

𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣
Portanto, 𝐼 = (𝑅
𝑒𝑞 +𝑅)+𝑗(𝑋𝑒𝑞 +𝑋)

𝑅𝑒𝑞 e 𝑋𝑒𝑞 são específicos da rede e não podem ser alterados.

Escolhemos X de modo que uma corrente máxima passa circular no circuito. Isto acontece quando.

𝑋𝑒𝑞 + 𝑋 = 0

Então esta rede está em ressonância com a carga Z e a corrente da carga está em fase com a tensão 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 .

𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣
𝐼= ⇒𝜑=0
𝑅𝑒𝑞 + 𝑅

O ângulo entre a tensão e a corrente 𝜑 é igual a zero.

Como vimos no capítulo dos circuitos de corrente contínua quando 𝑅𝑒𝑞 = 𝑅 A potência transferida para carga será
máxima e dada por:

2
𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣
𝑃=
4 ∙ 𝑅𝑒𝑞

Portanto para obter potência máxima é necessário:


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Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

𝑗𝑋 = −𝑗𝑋𝑒𝑞
{ ⇒ Quando 𝑋𝑒𝑞 é indutivo, temos que escolher X capacitivo ou vice-versa.
𝑅 = 𝑅𝑒𝑞

Portanto, para que a potência transferida do bipolo activo à carga seja máxima é necessário que:


⇒ 𝑍 = 𝑍𝑒𝑞

Utilização do Transformador de Adaptação para Concordância de Impedâncias

Pode acontecer que a carga 𝑍 de uma rede de dois terminais já esteja fixada e não pode ser alterada.

Então a carga e a rede podem ser ligadas através de um transformador de adaptação e não directamente pelos terminais
a e b.

𝑈1 = 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣

𝑈1 𝐼2
𝑆1 = 𝑆2 ⇒ 𝑈1 ∙ 𝐼1 = 𝑈2 ∙ 𝐼2 ⇒ = =𝑘
𝑈2 𝐼1

k é a razão de transformação do transformador.

𝐼2
𝑈1 = 𝑘 ∙ 𝑈2 = 𝐼1
𝑘

𝑈1 𝑘 ∙ 𝑈2 𝑈2
𝑍𝑎𝑏 = = = 𝑘2 ∙ ⇒ 𝑍𝑎𝑏 = 𝑘 2 ∙ 𝑍
𝐼1 𝐼2 𝐼2
𝑘

Um transformador de adaptação muda a impedância da carga 𝑘 2 vezes.


Para obter potência máxima transferida do bípolo à carga é necessário que: 𝑍𝑎𝑏 = 𝑍𝑒𝑞

2.15. Indutância Mútua (M)


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Eng.º Nivaldo Garcia 98
Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

2.15.1. Introdução

Se um circuito eléctrico contém uma indutância mútua (isto é, enrolamentos magneticamente acoplados), o fluxo
originado por um, abraça o outro, e há uma f.e.m. da indução mútua em cada enrolamento que deve ser levada em
conta.

Ao escrever as equações para um circuito com indução mútua, deve-se saber os sentidos relativos das f.e.m. de auto e
mútua indução.

Estas bobinas estão acopladas de modo que os seus fluxos somam-se.

M→ determina o valor do fluxo da indução da 2ª bobina criado pela corrente da 1ª bobina, isto é,

Ψ2𝑀 = 𝑀 ∙ 𝑖1

A unidade da Indução Mútua [M] no SI é a unidade da Indução [L] que é o Henry [H].

[𝑀] = [1 𝐻𝑒𝑛𝑟𝑦] = [1𝐻]

2.15.2. Reactância Mútua

Vamos supor que temos uma fonte de alimentação ligada a 1ª bobina (i1 ≠ 0) e os terminais da 2ª bobina se encontram

abertos (𝑖2 = 0).

Na 1ª bobina teremos o fluxo de autoindução Ψ1 criado pela corrente i1.

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Eng.º Nivaldo Garcia 99
Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

Ψ1 = 𝐿1 ∙ 𝑖1

Na 2ª bobina a corrente é zero (𝑖2 = 0) → Circuito Aberto → Ψ2 = 𝐿2 ∙ 𝑖2 + 𝑀 ∙ 𝑖1 = 𝑀 ∙ 𝑖1

Se 𝑖1 = 𝑖1 (𝑡) = 𝐼1𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + Ψ𝑖1 )

𝑑Ψ𝑖 𝑑(𝐿1 .𝑖1 )


𝑒𝐿1 = − =−
𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑑Ψ2𝑀 𝑑(𝑀.𝑖1 ) 𝑑𝑖1 (𝑡)


𝑒𝑀2 = − =− = −𝑀
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑑
𝑒𝑀2 = −𝑀 ∙ ∙ [𝐼1𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + Ψ𝑖1 )]
𝑑𝑡

𝑒𝑀2 = −𝜔 ∙ 𝑀 ∙ 𝐼1𝑚 ∙ 𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑡 + Ψ𝑖1 )

𝜋
𝑒𝑀2 = −𝜔 ∙ 𝑀 ∙ 𝐼1𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑡 + Ψ𝑖1 + 2 )

𝜋
𝑒𝑀2 = 𝜔 ∙ 𝑀 ∙ 𝐼1𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑡 + Ψ𝑖1 − 2 )

Ao produto 𝜔𝑀 denomina-se Reactância Mútua e representa-se por 𝑋𝑀 .

𝑋𝑀 = 𝜔 ∙ 𝑀 ⇒ 𝑋𝑀 = 2𝜋𝑓𝑀

A unidade da reactância mutua no SI é o Ohm [1Ω]. [𝑋𝑀 ] = [1Ω]

𝜋
𝑒𝑀2 = 𝐸𝑀2𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑡 + Ψ𝑖1 − 2 )

𝐸𝑀2𝑚 = 𝜔 ∙ 𝑀 ∙ 𝐼1𝑚 = 𝑋𝑀 ∙ 𝐼1𝑚

𝜋
𝑒𝑀2 (𝑡) = 𝐸𝑀2𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑡 + Ψ𝑖1 − 2 )

𝜋
𝐸𝑀2 = 𝑋𝑀 ∙ 𝐼1 ⇒ 𝐸𝑀2 = 𝑋𝑀 ∙ 𝐼1 ∙ 𝑒 𝑗(𝜔𝑡+Ψ𝑖1 − 2 )

𝜋
𝐸𝑀2 = 𝑋𝑀 ∙ 𝐼1 ∙ 𝑒 𝑗Ψ𝑖1 ∙ 𝑒 −𝑗 2 ∙ 𝑒 𝑗𝜔𝑡

𝜋
𝐸𝑀2 = 𝑋𝑀 ∙ 𝐼1 ∙ 𝑒 − 2 → Quantidades sinusoidais são representadas no plano complexo para um tempo ωt = 0.

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Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

𝐸𝑀2 = −𝑗𝑋𝑀 ∙ 𝐼1 𝑈2 = −𝐸𝑀2 → 𝑈2 = 𝑗𝑋𝑀 ∙ 𝐼1

2.15.3. Marcação de Enrolamentos Magneticamente Acoplados

A conversão é assinalar terminais idênticos (início das bobinas) com um asterisco ou um ponto.

2.15.4. Acoplamento de Bobinas

Na realidade a corrente pode passar em ambos as bobinas. Nestas condições podem existir dois casos:

2.15.4.1. Ligação das Bobinas em Conjunção

Se o fluxo da indução mútua aumenta o fluxo da indução própria duma bobina tem-se a Ligação das Bobinas em
Conjunção. As correntes dirigem-se para (ou distanciam-se) dos terminais homólogos, marcados com asterisco.

1.ª Bobina

Ψ1 = Ψ𝐿1 + Ψ1𝑀 e1 = e𝐿1 + e1𝑀

2.ª Bobina

Ψ2 = Ψ𝐿2 + Ψ2𝑀 e2 = e𝐿2 + e2𝑀

2.15.4.2. Ligação das Bobinas em Oposição

Se o fluxo da indução mútua diminui o fluxo da indução própria de uma bobina tem-se a Ligação das Bobinas em
Oposição. Numa bobina a corrente corre para o terminal marcado com asterisco enquanto na outra bobina corre
distanciando-se do terminal com asterisco.

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Eng.º Nivaldo Garcia 101
Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

1.ª Bobina

Ψ1 = Ψ𝐿1 − Ψ1𝑀 e1 = e𝐿1 − e1𝑀

2.ª Bobina

Ψ2 = Ψ𝐿2 − Ψ2𝑀 e2 = e𝐿2 − e2𝑀

2.15.5. Cálculo dos Circuitos Eléctricos com Indução Mútua

Os circuitos eléctricos possuindo induções mútuas são calculados pelo método dos números complexos.

Exemplo:

M indica ligação magnética entre as bobinas.

Vamos calcular o circuito usando o Método das Equações de Kirchhoff.

1.ª Lei:

𝑁𝑒𝑞 = 𝑁 − 1 ⇒ 𝑁𝑒𝑞 = 2 − 1 = 1

𝐼1 + 𝐼2 − 𝐼3 = 0

2.ª Lei: 𝑁𝑒𝑞 = (𝑟 − 𝑟𝐶 ) − (𝑁 − 1) ⇒ 𝑁𝑒𝑞 = (3 − 0) − (2 − 1) = 2

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Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

𝐼1 ∙ 𝑅1 + 𝐼1 ∙ 𝑗𝑋1 − 𝐼2 ∙ 𝑗𝑋𝑀 − 𝐼3 ∙ 𝑗𝑋3 + 𝐼3 ∙ 𝑅3 = 𝐸1

𝐼2 ∙ 𝑅2 + 𝐼2 ∙ 𝑗𝑋2 − 𝐼1 ∙ 𝑗𝑋𝑀 − 𝐼3 ∙ 𝑗𝑋3 + 𝐼3 ∙ 𝑅3 = 𝐸2

𝐼1 (𝑅1 + 𝑗𝑋1) − 𝐼2 ∙ 𝑗𝑋𝑀 + 𝐼3 (𝑅3 − 𝑗𝑋3 ) = 𝐸1


⇒{
𝐼2 (𝑅2 + 𝑗𝑋2 ) − 𝐼1 ∙ 𝑗𝑋𝑀 + 𝐼3 (𝑅3 − 𝑗𝑋3 ) = 𝐸2

2.15.6. Indutâncias Mútuas em Série

2.15.6.1. Ligação em Conjunção

𝑈
𝑍𝑒𝑞 = ⇒ 𝑈 = 𝑍𝑒𝑞 ∙ 𝐼 → Lei de Ohm
𝐼

𝑈 = 𝐼 ∙ 𝑅1 + 𝐼 ∙ 𝑗𝑋1 + 𝐼 ∙ 𝑗𝑋𝑀 + 𝐼 ∙ 𝑅2 + 𝐼 ∙ 𝑗𝑋2 + 𝐼 ∙ 𝑗𝑋𝑀

𝑈 = 𝐼[𝑅1 + 𝑅2 + 𝑗(𝑋1 + 𝑋2 + 2𝑋𝑀 )]

𝑍𝑒𝑞𝑐𝑜𝑛𝑗 = 𝑅1 + 𝑅2 + 𝑗(𝑋1 + 𝑋2 + 2𝑋𝑀 )

𝑋𝑒𝑞 = 𝑋1 + 𝑋2 + 2𝑋𝑀 → 𝜔 ∙ 𝐿𝑒𝑞 = 𝜔(𝐿1 + 𝐿2 + 2𝑀) → 𝐿𝑒𝑞𝑐𝑜𝑛𝑗 = 𝐿1 + 𝐿2 + 2𝑀

2.15.6.2. Ligação em Oposição

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Eng.º Nivaldo Garcia 103
Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

𝑈 = 𝐼 ∙ 𝑅1 + 𝐼 ∙ 𝑗𝑋1 − 𝐼 ∙ 𝑗𝑋𝑀 + 𝐼 ∙ 𝑅2 + 𝐼 ∙ 𝑗𝑋2 − 𝐼 ∙ 𝑗𝑋𝑀

𝑈 = 𝐼[𝑅1 + 𝑅2 + 𝑗(𝑋1 + 𝑋2 − 2𝑋𝑀 )]

𝑍𝑒𝑞𝑜𝑝 = 𝑅1 + 𝑅2 + 𝑗(𝑋1 + 𝑋2 − 2𝑋𝑀 ) → 𝑋𝑒𝑞 = 𝑋1 + 𝑋2 − 2𝑋𝑀

𝜔 ∙ 𝐿𝑒𝑞 = 𝜔(𝐿1 + 𝐿2 − 2𝑀) → 𝐿𝑒𝑞𝑜𝑝 = 𝐿1 + 𝐿2 − 2𝑀

2.15.7. Indutâncias Mútuas em Paralelo

2.15.7.1. Ligação em Conjunção

𝑍1 = 𝑅1 + 𝑗𝑋1 𝑍2 = 𝑅2 + 𝑗𝑋2 𝑍𝑀 = 𝑗𝑋𝑀

𝑈 = 𝐼1 ∙ 𝑅1 + 𝐼1 ∙ 𝑗𝑋1 + 𝐼2 ∙ 𝑍𝑀 𝑈 = 𝐼1 (𝑅1 + 𝑗𝑋1 ) + 𝐼2 ∙ 𝑍𝑀


{ ⇒{
𝑈 = 𝐼2 ∙ 𝑅2 + 𝐼2 ∙ 𝑗𝑋2 + 𝐼1 ∙ 𝑍𝑀 𝑈 = 𝐼1 ∙ 𝑍𝑀 + 𝐼2 (𝑅2 + 𝑗𝑋2 )

𝑈 = 𝐼1 ∙ 𝑍1 + 𝐼2 ∙ 𝑍𝑀
⇒{
𝑈 = 𝐼1 ∙ 𝑍𝑀 + 𝐼2 ∙ 𝑍2

𝑍1 𝑍𝑀 2
∆= | | = 𝑍1 ∙ 𝑍2 − 𝑍𝑀
𝑍𝑀 𝑍2

𝑈 𝑍𝑀
∆𝐼1 = | | = 𝑈 ∙ 𝑍2 − 𝑈 ∙ 𝑍𝑀 = 𝑈(𝑍2 − 𝑍𝑀 )
𝑈 𝑍2

𝑍1 𝑈
∆𝐼2 = | | = 𝑍1 ∙ 𝑈 − 𝑍𝑀 ∙ 𝑈 = 𝑈(𝑍1 − 𝑍𝑀 )
𝑍𝑀 𝑈

∆𝐼1 𝑈(𝑍2 − 𝑍𝑀 )
𝐼1 = = 2
∆ 𝑍1 ∙ 𝑍2 − 𝑍𝑀
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Eng.º Nivaldo Garcia 104
Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

∆𝐼2 𝑈(𝑍1 − 𝑍𝑀 )
𝐼2 = = 2
∆ 𝑍1 ∙ 𝑍2 − 𝑍𝑀

𝑈
𝐼 = 𝐼1 + 𝐼2 ; 𝑍𝑒𝑞 = 𝐼

𝑈
𝑍𝑒𝑞 =
𝑈(𝑍2 − 𝑍𝑀 ) 𝑈(𝑍1 − 𝑍𝑀 )
2 + 2
𝑍1 ∙ 𝑍2 − 𝑍𝑀 𝑍1 ∙ 𝑍2 − 𝑍𝑀

2
𝑈 𝑈(𝑍1 ∙ 𝑍2 − 𝑍𝑀 )
𝑍𝑒𝑞 = =
𝑈(𝑍2 − 𝑍𝑀 + 𝑍1 − 𝑍𝑀 ) 𝑈(𝑍2 + 𝑍1 − 2𝑍𝑀 )
2
𝑍1 ∙ 𝑍2 − 𝑍𝑀

2
𝑍1 ∙ 𝑍2 − 𝑍𝑀
𝑍𝑒𝑞 =
𝑍2 + 𝑍1 − 2𝑍𝑀

Para bobinas ideais (𝑅1 = 𝑅2 = 0):

𝐿1 ∙ 𝐿2 − 𝑀2
𝐿𝑒𝑞 =
𝐿1 + 𝐿2 − 2𝑀

2
𝑍1 ∙𝑍2 −𝑍𝑀
2.15.7.2. Ligação em Oposição 𝑍𝑒𝑞 =
𝑍2 +𝑍1 +2𝑍𝑀

2.16. Determinação Experimental da Indutância Mútua

2.16.1. Primeiro Método

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1ª Experiência

Ligação dos terminais b e c e ligação do terminal d ao terminal e.

𝑈1 𝑃1
𝑍𝑒𝑞1 = ; 𝜑1 = 𝑎𝑟𝑐𝑐𝑜𝑠 (𝑈 )
𝐼1 1 ∙𝐼1

𝑃1
𝑃1 = 𝑈1 ∙ 𝐼1 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑1 ⇒ 𝜑1 = 𝑎𝑟𝑐𝑐𝑜𝑠 ( )
𝑈1 ∙ 𝐼1

𝑋𝑒𝑞1 = 𝑍𝑒𝑞1 𝑠𝑒𝑛𝜑1

2ª Experiência

Ligação dos terminais b e d e ligação do terminal c ao terminal e.

𝑈2 𝑃2
𝑍𝑒𝑞2 = 𝑃2 = 𝑈2 ∙ 𝐼2 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑2 ⇒ 𝜑2 = 𝑎𝑟𝑐𝑐𝑜𝑠 (𝑈 )
𝐼2 2 ∙𝐼2

𝑋𝑒𝑞2 = 𝑍𝑒𝑞2 𝑠𝑒𝑛𝜑2

Se 𝑋𝑒𝑞1 > 𝑋𝑒𝑞2 ⇒ Significa que na 1ª experiência as bobinas estão ligadas em Conjunção.

Se 𝑋𝑒𝑞2 > 𝑋𝑒𝑞1 ⇒ Significa que na 2ª experiência as bobinas estão ligadas em Conjunção.

𝑋𝑒𝑞𝐶𝑜𝑛𝑗 = 𝑋1 + 𝑋2 + 2𝑋𝑀

𝑋𝑒𝑞𝑂𝑝 = 𝑋1 + 𝑋2 − 2𝑋𝑀

𝑋𝑒𝑞𝐶𝑜𝑛𝑗 − 𝑋𝑒𝑞𝑂𝑝 = 4𝑋𝑀

𝑋𝑒𝑞𝐶𝑜𝑛𝑗 − 𝑋𝑒𝑞𝑂𝑝
𝑀=
4𝜔

2.16.2. Segundo Método

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Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

𝑈2 𝑈2
𝑈2 = 𝑗𝑋𝑀 ∙ 𝐼1 ⇒ 𝑋𝑀 = ⇒𝑀=
𝐼1 𝜔 ∙ 𝐼1

𝑈2 é tensão induzida na 2ª bobina.

2.17. Problema de Aplicação

Um transformador de 500 kVA funciona à plena carga (à potência aparente nominal) para alimentar uma única carga
com um factor de potência de 0,6 indutivo. A tensão na carga é de 5 kV, a frequência do regime é de 50 Hz e a
impedância da linha, assim como a impedância interna da fonte, são desprezáveis.

a) Qual a capacidade da bateria de condensadores a colocar em paralelo com a carga para corrigir o factor de
potência para 0,9 indutivo?
Qual é o valor da corrente na linha antes e depois da correcção do factor de potência?
Qual é a potência activa, reactiva e aparente antes e depois da correcção do fator de potência?

b) Qual a capacidade da bateria de condensadores colocar em paralelo com a carga para eliminar completamente
a potência reactiva.

Resolução

a) Seja: 𝑈 = 5 ∙ 103 ∠0° 𝑉

Dados: 𝑆 = 500𝑘𝑉𝐴 𝑓 = 50𝐻𝑧

1º Antes da ligação do banco de condensadores:

𝑐𝑜𝑠𝜑1 = 0,6 (indutivo)⇒ 𝜑1 = 𝑎𝑟𝑐𝑐𝑜𝑠0,6 ⇒ 𝜑1 = 53,13°

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𝑆1 500 ∙ 103
𝑆1 = 𝑈1 ∙ 𝐼1 ⇒ 𝐼1 = ⇒ 𝐼1 = = 100 𝐴
𝑈1 5 ∙ 103

𝐼1 = 100∠ − 53,13° 𝐴

𝑃1 = 𝑈1 ∙ 𝐼1 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑1 ⇒ 𝑃1 = 5 ∙ 103 ∙ 100 ∙ 0,6

𝑃1 = 300 ∙ 103 𝑊 ⇒ 𝑃1 = 300 𝑘𝑊

𝑄1 = 𝑈1 ∙ 𝐼1 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜑1 ⇒ 𝑄1 = 5 ∙ 103 ∙ 100 ∙ 𝑠𝑒𝑛(53,13° )

𝑄1 = 400 ∙ 103 𝑊 ⇒ 𝑄1 = 400 𝑘𝑉𝑎𝑟

𝑆1 = 𝑈1 ∙ 𝐼1 ⇒ 𝑆1 = 5 ∙ 103 ∙ 100 ⇒ 𝑆1 = 500𝑘𝑉𝐴

A corrente na linha antes da correcção do factor de potência é de 100 A.

2.º Depois da ligação do banco de condensadores:

𝑈2 = 𝑈1 ⇒ 𝑈2 = 5 ∙ 103 𝑉

𝑐𝑜𝑠𝜑2 = 0,9 (𝐼𝑛𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑜) ⇒ 𝜑2 = 𝑎𝑟𝑐𝑐𝑜𝑠0,9 = 25,84°

𝑃2 = 𝑃1 (A potência activa da carga /resistência não altera com a introdução de condensadores em paralelo, a
potência reactiva altera).

𝑃2 300∙103
𝑃2 = 300 𝑘𝑊 𝑃2 = 𝑈2 ∙ 𝐼2 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑2 ⇒ 𝐼2 = 𝑈 ⇒ 𝐼2 = 5∙103 ∙0,9
2 ∙𝑐𝑜𝑠𝜑2

𝐼2 = 66,7 𝐴 ⇒ 𝐼2 = 66,7 ∠ − 25,84° 𝐴

𝑄2 = 𝑈2 ∙ 𝐼2 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜑2 ⇒ 𝑄2 = 5 ∙ 103 ∙ 66,67 ∙ 𝑠𝑒𝑛25,84°

𝑄2 = 145,3𝑘𝑉𝑎𝑟

Com a ligação da bateria de condensadores a corrente baixa de 100 A para 66,67A o que significa menos aquecimento
para o transformador e possibilidade de ligação de mais cargas.

𝑆2 = 𝑈2 ∙ 𝐼2 ⇒ 𝑆2 = 5 ∙ 103 ∙ 66,67 ⇒ 𝑆2 = 333,35 𝑘𝑉𝐴

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Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

Isto significa que há possibilidade de ligação de mais cargas pois o transformador já não está a funcionar em plena
carga.

A corrente que passa pelo condensador a colocar em paralelo com a carga em será:

𝐼𝐶 = 𝐼2 − 𝐼1 ⇒ 𝐼𝐶 = 66,7 ∠ − 25,84° − 100∠ − 53,13°

𝐼𝐶 = (60 − 𝑗29) − (60 − 𝑗80) = 𝑗51 𝐴 = 51∠90° 𝐴

Podemos ver que a corrente 𝐼𝐶 tem um avanço de 90° em relação à tensão aplicada.

𝑈2 5 ∙ 103 ∠0°
𝑈2 = 𝐼𝐶 ∙ (−𝑗𝑋𝐶 ) ⇒ −𝑗𝑋𝐶 = ⇒ −𝑗𝑋𝐶 =
𝐼𝐶 51∠90°

−𝑗𝑋𝐶 = −𝑗98,04 Ω ⇒ 𝑋𝐶 = 98,04 Ω

1 1 1
𝑋𝐶 = ⇒𝐶= ⇒𝐶=
𝜔∙𝐶 𝜔 ∙ 𝑋𝐶 2𝜋𝑓 ∙ 𝑋𝐶

1
𝐶= ⇒ 𝐶 = 3,25 ∙ 10−5 𝐹 ⇒ 𝐶 = 32,5 ∙ 10−6 𝐹
2𝜋 ∙ 50 ∙ 98,04

𝐶 = 32,5 𝜇𝐹

𝐼𝐶 = 51∠90° = 𝑗51 𝐴

b) Capacidade C para eliminar completamente a potência reactiva:


Aplicaremos o mesmo procedimento.

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Eng.º Nivaldo Garcia 109
Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

2.º Depois da ligação do banco de condensadores:

𝑃2 = 𝑃1 = 300 𝑘𝑊 ⇒ Com a ligação do banco de condensadores não alteramos a potência activa.

𝑈2 = 𝑈1 ⇒ 𝑈2 = 5 ∙ 103 ∠0° 𝑉

𝑐𝑜𝑠𝜑2 = 1 ⇒ 𝜑2 = 𝑎𝑟𝑐𝑐𝑜𝑠1 ⇒ 𝜑2 = 0°

𝑃2 300 ∙ 103
𝑃2 = 𝑈2 ∙ 𝐼2 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑2 ⇒ 𝐼2 = ⇒ 𝐼2 = ⇒ 𝐼2 = 60 𝐴
𝑈2 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑2 5 ∙ 103 ∙ 1

𝐼2 = 60∠0°

𝜑 = 0 ⇒ A tensão e a corrente estão em fase. 𝜑 ⇒ 0 ⇒ 𝑅𝑒𝑠𝑠𝑜𝑛â𝑛𝑐𝑖𝑎

𝑄2 = 𝑈2 ∙ 𝐼2 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜑2 ⇒ 𝑄2 = 0 (𝑝𝑜𝑖𝑠 𝑠𝑒𝑛𝜑 = 0)

𝐼𝐶 = 𝐼2 − 𝐼1 ⇒ 𝐼𝐶 = 60 − (60 − 𝑗80) = 𝑗80 𝐴

𝑈 5 ∙ 103 ∠0°
𝑈 = 𝐼𝐶 ∙ (−𝑗𝑋𝐶 ) ⇒ −𝑗𝑋𝐶 = ⇒ −𝑗𝑋𝐶 =
𝐼 80∠90°

−𝑗𝑋𝐶 = −𝑗62,5 Ω ⇒ 𝑋𝐶 = 62,5 Ω

1 1
𝐶= ⇒𝐶= = 5,09 ∙ 10−5 𝐹
2𝜋𝑓 ∙ 𝑋𝐶 2𝜋 ∙ 50 ∙ 62,5

𝐶 = 50,9 𝜇𝐹

𝑆2 = 𝑈2 ∙ 𝐼2 ⇒ 𝑆2 = 5 ∙ 103 ∙ 60 ⇒ 𝑆2 = 300 ∙ 103 𝑉𝐴

𝑆2 = 300𝑘𝑉𝐴 ⇒ Possibilidade de ligação de mais cargas no transformador, ou seja, possibilidade de ligação de


uma carga de 200 kVA.

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Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

𝜑2 = 0

𝐼2 e 𝑈 em fase

Podemos chegar aos mesmos resultados a partir do triângulo das potências.

𝑄𝐶
𝑄𝐶 = 𝑄1 − 𝑄2 ; 𝑄𝐶 = −𝐼𝐶2 ∙ 𝑋𝐶 ; 𝑄𝐶 = 𝑈 ∙ 𝐼𝐶 ⇒ 𝐼𝐶 = 𝑈

𝐼2
𝑄𝐶 = −𝐼𝐶2 ∙ 𝑋𝐶 ⇒ 𝐶 = − 2𝜋𝑓∙𝑄
𝐶
𝐶

1
𝑋𝐶 =
𝜔𝐶

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2.18. Diagramas Circulares

2.18.1. Construção de uma Circunferência a Partir de uma Corda e de um Ângulo Inscrito

Ângulo Inscrito

É aquele que tem vértice num círculo e os seus lados são cordas desse círculo. O ângulo inscrito num círculo é medido
pela metade do arco correspondente (limitado pelas cordas).

1 1
̂
∢𝐴𝐵𝐶 = 𝐴𝐷𝐶 ∢𝐴𝐷𝐶 = ̂
𝐴𝐵𝐶
2 2

Observando a figura abaixo, podemos ver que:

1 1
∢𝐴𝐵𝐶 = Ψ ∢𝐴𝐷𝐶 = 𝛽 Ψ+β= ̂ + 𝐴𝐵𝐶
(𝐴𝐷𝐶 ̂ ) = ∙ 2𝜋 = 𝜋
2 2

Qualquer que seja a posição do ponto D, no intervalo de A à C, o ângulo entre o prolongamento da corda AD (isto é,
DE) e a corda DC permanece imutável e igual a Ψ.

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Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

Construção de uma circunferência, sendo dados uma corda e um ângulo inscrito Ψ − Algoritmo:

1º Desenhar a perpendicular bissectora da corda;

2º Desenhar uma linha fazendo um ângulo Ψ com o prolongamento da corda; a linha será tangente ao círculo
procurado;

3º Levantar uma perpendicular a linha tangente no ponto de tangência;

4º Prolongar a bissectora e a perpendicular no ponto de tangência. O ponto de interceptação é o centro da


circunferência o pretendido;

5º Construir a circuferência.

2.18.2. Equação de um Arco de Circunferência Sob Forma Complexa

No plano complexo, fixemos a corda AC na direção de eixo +1. Se o ângulo Ψ é positivo, deve ser desenvolvido a
partir do prolongamento da corda no sentido anti-horário, se for negativo, no sentido horário.

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Eng.º Nivaldo Garcia 113
Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

Dados: ̂
Corda 𝐴𝐶 Ângulo Ψ = 60°

𝐺⃗ + 𝐻
⃗⃗ = 𝐹⃗ ⇒ 𝐺 + 𝐻 = 𝐹

⃗⃗ |
|𝐻 𝐻
|𝐺⃗ |
= 𝐾 , ou seja, =𝐾
𝐺

⃗⃗ = 𝐾 ∙ 𝐺⃗ ∙ 𝑒 𝑗Ψ ⇒ 𝐻 = 𝐾 ∙ 𝐺 ∙ 𝑒 𝑗Ψ
𝐻

𝐺 + 𝐻 = 𝐹 ⇒ 𝐺 + 𝐾 ∙ 𝐺 ∙ 𝑒 𝑗Ψ = 𝐹

𝐹
𝐺(1 + 𝐾 ∙ 𝑒 𝑗Ψ ) = 𝐹 ⇒ 𝐺 = 1+𝐾∙𝑒 𝑗Ψ (2.18.1)

A equação (2.18.1) é a equação de um arco na forma complexa.

Quando K varia de zero (0) a infinito, os dois vectores 𝐺 e 𝐻 também variam, mas de modo que o ângulo Ψ entre
eles permanece constante, sendo a soma dos vectores igual ao vector 𝐹.

Quando K varia de zero a infinito, a extremidade do vector 𝐺⃗ traça um arco de círculo cuja a corda é o vector 𝐹⃗ .
Portanto, pode-se dizer que o arco ̂ é o lugar geométrico do vector 𝐺⃗ .
𝐴𝐷𝐶

Grandezas sinusoidais podem ser representadas por vectores num plano complexo. Se uma determinada grandeza (U
ou I) num circuito eléctrico pode ser representada por uma equação idêntica a equação (2.18.1), o lugar geométrico
do vector corrente ou tensão similar a 𝐺 na equação (2.18.1), será um arco de círculo. Pressupõe-se que a frequência
é constante.

2.18.3. Diagrama Circular da Corrente para Duas Impedâncias em Série

𝑍1 = 𝑍1 ∙ 𝑒 𝑗𝜑1 = 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑍 = 𝑍 ∙ 𝑒 𝑗𝜑 → 𝑉𝑎𝑟𝑖á𝑣𝑒𝑙 , 𝑚𝑎𝑠 𝜑 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒

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Aulas Teóricas de Electrotecnia Teórica I

𝑈
𝐼=
𝑍1 + 𝑍

𝑈
𝑍1 𝑈 𝐼𝐶𝐶
𝐼= Se 𝐼𝐶𝐶 = Então 𝐼= ⇒
𝑍 𝑍1 𝑍
1+ 1 + ( ) ∙ 𝑒 𝑗(𝜑−𝜑1)
𝑍1 𝑍1

𝐼𝐶𝐶
𝐼= (2.18.2)
𝑍
1 + 𝑍 ∠𝜑 − 𝜑1
1

Equação idêntica à equação (2.18.2) é semelhante à equação (2.18.1). Comparando estas duas equações:

𝑍
𝐼𝐶𝐶 → 𝐸 ; 𝐼→𝐺 ; 𝐾= ; Ψ = 𝜑 − 𝜑1
𝑍1

Portanto, quando 𝑍 varia, a extremidade do vector 𝐼 traça um arco de circunferência cuja corda é 𝐼𝐶𝐶 .

2.18.4. Passos para a Construção do Diagrama

1º Traçar o vector do dado apresentado, tomando este como referência, neste caso 𝑈.

2º Traçar o vector da corda, neste caso, 𝐼𝐶𝐶 .

3º Desenhar uma linha (tangente à circunferência) fazendo um ângulo Ψ com prolongamento da corda (neste caso
𝐼𝐶𝐶 ). Ψ > 0 → sentido anti-horário Ψ < 0 sentido horário.

4º Desenhar a perpendicular bissectora da corda 𝐼𝐶𝐶 .

5º Levantar uma perpendicular à recta tangente no ponto de tangência. A intersepção entre a perpendicular à recta
tangente e a perpendicular bissectora é o centro da circunferência.

6º Desenhar a circunferência.

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 O lugar geométrico da corrente 𝐼 , ou arco de trabalho, é o arco de continuação da tangente.


 𝐼 traça-se arbitrariamente, visto que varia de zero à 𝐼𝐶𝐶 .

7º Traçar o segmento da impedância 𝑍1 , coincidente com 𝐼𝐶𝐶 , numa determinada escala para impedância. 𝑍1 e 𝐼𝐶𝐶

estão em fase.

8º Traçar a linha de variação da impedância 𝑍 a partir da extremidade de 𝑍1 . Para tal, da extremidade do segmento
da impedância 𝑍1 , marcar o ângulo – Ψ com o prolongamento do segmento da impedância 𝑍1.

9º Prolongar o vector da corrente 𝐼 até a intersecção com o segmento EF no ponto F.

O segmento EF correspondente ao módulo da impedância variável Z na mesma escala de 𝑍1 para a corrente 𝐼.

Exemplo 1

Dados: 𝑈 = 𝑈∠00 𝑉 𝜑1 = 50° Ψ = −55° 𝐼𝐶𝐶 → 5𝑐𝑚

𝑈 𝑈∠0° 𝑈
𝐼𝐶𝐶 = 𝑍 ⇒ 𝐼𝐶𝐶 = 𝑍 ⇒ 𝐼𝐶𝐶 = 𝑍 ∠−𝜑1 𝜑 − 𝜑1 < 0 ⇔ Ψ < 0
1 1 ∠𝜑1 1

1Ω 𝑈(𝑉) 𝐼(𝐴)
Escala: |1𝑐𝑚| ; | 1𝑐𝑚 | ; |1𝑐𝑚|

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2.18.5. Diagrama Circular de Tensão para Duas Impedâncias em Série

𝑍1 = 𝑍1 ∠𝜑1 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑍 = 𝑍∠𝜑 → 𝑍 𝑣𝑎𝑟𝑖á𝑣𝑒𝑙, 𝑚𝑎𝑠 𝜑 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒

𝑈 𝑈
𝑈 𝑍1 𝑍1
𝐼= ⇒𝐼= =
𝑍1 + 𝑍 𝑍 𝑍
1+𝑍 1 + 𝑍 ∠𝜑 − 𝜑1
1 1

Multiplicando ambos os membros da equação por 𝑍1 :

𝑈 𝑈
𝐼 ∙ 𝑍1 = ⇒ 𝑈1 =
𝑍 𝑍
1 + 𝑍 ∠𝜑 − 𝜑1 1 + 𝑍 ∠𝜑 − 𝜑1
1 1

𝑈1 → Parâmetro variável 𝑈 → Corda

A linha traçada pela extremidade da tensão complexa 𝑈1 é um arco cuja corda é 𝑈.

2.18.6. Diagrama Circular para Um Bipolo Activo

𝑈
𝐸𝑒𝑞 = 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 𝐼 = 𝑍 𝑎𝑏,𝑚𝑣 𝑍𝐶 → variável mas 𝜑𝐶 constante
+𝑍
𝑒𝑞 𝐶

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𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣
𝑍𝑒𝑞 𝐼𝐶𝐶
𝐼= 𝑍 = 𝑍
1+ 𝐶 1+ 𝐶 ∠(𝜑𝐶 −𝜑𝑒𝑞 )
𝑍𝑒𝑞 𝑍𝑒𝑞

𝐼𝐶𝐶 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣
𝐼= ⇒ 𝐼𝐶𝐶 = Onde Ψ = 𝜑𝐶 − 𝜑𝑒𝑞
𝑍 𝑍𝑒𝑞
1 + 𝐶 ∠Ψ
𝑍𝑒𝑞

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3. CORRENTES E TENSÕES PERIÓDICAS NÃO SINUSOIDAIS EM CIRCUITOS ELÉCTRICOS

3.1.Definição

Correntes e Tensões Periódicas Não Sinusoidais são aquelas que variam com o tempo periodicamente, mas cuja
forma de onda é diferente da forma sinusoidal.

3.2.Causas Principais de Surgimento de Correntes e Tensões Periódicas Não Sinusoidais

1º Uma fonte de tensão ou corrente gera uma f.e.m ou corrente não sinusoidal, enquanto os outros elementos do
circuito (resistências, indutâncias e capacitâncias) são lineares.

2º Uma fonte de tensão ou corrente gera uma f.e.m ou corrente sinusoidal num circuito com um ou vários elementos
não lineares.

3º Fontes geram uma fonte f.e.m ou corrente não sinusoidal e o circuito contém elementos não lineares.

4º Fontes geram uma corrente contínua ou f.e.m sinusoidal enquanto um ou vários elementos do circuito variam
periodicamente.

3.3. Série de Fourier ou Série Harmónica

∞ ∞

𝑓(𝑡) = 𝐴0 + ∑ 𝐵𝑚1 (𝑘) ∙ 𝑠𝑒𝑛𝑘𝜔1 𝑡 + ∑ 𝐶𝑚1 (𝑘) ∙ 𝑐𝑜𝑠𝑘𝜔1 𝑡


𝑘=1 𝑘=1

Qualquer função 𝑓(𝑥) ou 𝑓(𝑡) que é periódica (com período 2𝜋) pode ser representada por uma série de parcelas
em cosseno e seno, chamada Série de Fourier ou Série Harmónica.

𝑘 = 1 → 1ª Harmónica sinusoidal

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𝑘 = 1, 2, 3, 4, 5, 6, … , ∞

𝑇
1
𝐴0 = ∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡
𝑇
0

Uma segunda forma da série de Fourier possuindo só parcelas em seno ou cosseno pode ser usada.

𝑓(𝑡) = 𝐴0 + ∑ 𝐴𝑚1 (𝑘) ∙ 𝑠𝑒𝑛[𝑘𝜔(1) ∙ 𝑡 + Ψ(𝑘) ]


𝑘=1

2𝜋
𝜔(1) = 2𝜋 ∙ 𝑓(1) =
𝑇

𝑇
1
𝐴0 = ∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡
𝑇
0

2 (𝑘) 2
𝐴𝑚1 (𝑘) = √𝐵𝑚1 + 𝐶𝑚1 (𝑘)

𝐶𝑚1 (𝑘)
Ψ(𝑘) = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 ( )
𝐵𝑚1 (𝑘)

𝑇
1
𝐵𝑚1 (𝑘) = ∫ 𝑓(𝑡) ∙ 𝑠𝑒𝑛𝑘𝜔1 ∙ 𝑡𝑑𝑡 = 𝐴𝑚1 (𝑘) ∙ 𝑐𝑜𝑠Ψ𝑘
𝑇
20

𝑇
1
𝐶𝑚1 (𝑘) = ∫ 𝑓(𝑡) ∙ 𝑐𝑜𝑠𝑘𝜔1 ∙ 𝑡𝑑𝑡 = 𝐴𝑚1 (𝑘) ∙ 𝑠𝑒𝑛Ψ𝑘
𝑇
20

3.4. Valor Eficaz das Correntes e Tensões Periódicas Não Sinusoidais

1 𝑇 1 𝑇 2
𝐼 = √𝑇 ∫0 𝑖 2 (𝑡)𝑑𝑡 ⇒ 𝐼 = √𝑇 ∫0 [𝐼0 + ∑∞
𝑘=1 𝐼𝑚1 (𝑘) ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝑘𝜔(1) ∙ 𝑡 + Ψ(𝑘) )] 𝑑𝑡

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2
𝐼 = √𝐼02 + 𝐼(1)
2 2
+ 𝐼(2) + 𝐼(3) +⋯

𝐼 = √𝐼02 + ∑∞ 2
𝑘=1 𝐼(𝑘)

∞ ∞

𝐼= √𝐼02 + 2
∑ 𝐼(𝑘) Analogamente, 𝑈= √𝑈02 2
+ ∑ 𝑈(𝑘)
𝑘=1 𝑘=1

3.5. Valor Médio de Uma Corrente Periódica Não Sinusoidal

1 𝑇 1 𝑇
𝐼𝑚𝑒𝑑 = 𝑇 ∫0 𝑖(𝑡)𝑑𝑡 𝑈𝑚𝑒𝑑 = 𝑇 ∫0 𝑢(𝑡)𝑑𝑡

3.6. Valor Médio Pelo Módulo

´ 1 𝑇 ´ 1 𝑇
𝐼𝑚𝑒𝑑 = 𝑇 ∫0 |𝑖(𝑡)|𝑑𝑡 𝑈𝑚𝑒𝑑 = 𝑇 ∫0 |𝑢(𝑡)|𝑑𝑡

3.7. Factores que Caracterizam o Desvio da Forma de Onda da Corrente Periódica Não Sinusoidal da Forma
Sinusoidal

1º Coeficiente de Forma 𝐾𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎 :

𝑈
𝐾𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎 =
𝑈𝑚𝑒𝑑

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𝑈𝑚
√2
Para tensão puramente sinusoidal: 𝐾𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎 = 2𝑈𝑚 = 1,11
𝜋

2º Coeficiente de Amplitude 𝐾𝑎𝑚𝑝𝑙𝑖𝑡𝑢𝑑𝑒 :

𝑈𝑚
𝐾𝑎𝑚𝑝𝑙𝑖𝑡𝑢𝑑𝑒 =
𝑈

𝑈𝑚 𝑈𝑚
Para tensão puramente sinusoidal: 𝐾𝑎𝑚𝑝𝑙𝑖𝑡𝑢𝑑𝑒 = = 𝑈𝑚 = √2
𝑈
√2

𝑈(1)
3º Factor de Distorção: 𝐾𝑑𝑖𝑠𝑡𝑜𝑟çã𝑜 =
𝑈

𝑈(1) 𝑈
Para tensão puramente sinusoidal: 𝐾𝑑𝑖𝑠𝑡𝑜𝑟çã𝑜 = =𝑈=1
𝑈

3.8. Potência no Caso de Correntes e Tensões Periódicas Não Sinusoidais

3.8.1. Potência Activa

𝑇 𝑇
1 1
𝑃 = ∫ 𝑢(𝑡) ∙ 𝑖(𝑡)𝑑𝑡 = ∫ 𝑝(𝑡) ∙ 𝑑𝑡
𝑇 𝑇
0 0

𝑇 ∞ ∞
1
𝑃 = ∫ [𝑈0 + ∑ 𝑈𝑚1 (𝑘) ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝑘𝜔(1) ∙ 𝑡 + Ψ𝑢(𝑘) )] [𝐼0 + ∑ 𝐼𝑚1 (𝑘) ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝑘𝜔(1) ∙ 𝑡 + Ψ𝑖(𝑘) )] 𝑑𝑡
𝑇
0 𝑘=1 𝑘=1

𝑃 = 𝑃0 + 𝑈(1) ∙ 𝐼(1) ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑(1) + 𝑈(2) ∙ 𝐼(2) ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑(2) + 𝑈(3) ∙ 𝐼(3) ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜑(3) + ⋯

𝑃 = 𝑃0 + 𝑃(1) + 𝑃(2) + 𝑃(3) + 𝑃(4) + ⋯

𝑃 = 𝑃0 + ∑ 𝑃(𝑘)
𝑘=1

𝜑(𝑘) = Ψ𝑢(𝑘) − Ψ𝑖(𝑘)

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3.8.2. Potência Reactiva

𝑄 = ∑ 𝑈(𝑘) ∙ 𝐼(𝑘) ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜑(𝑘)


𝑘=1

𝑄 = 𝑄0 + 𝑄(1) + 𝑄(2) + 𝑄(3) + ⋯

𝑄 = ∑ 𝑄(𝑘)
𝑘=1

A diferença entre a potência activa e potência reactiva é que a potência reactiva não tem a componente constante.

3.8.3. Potência Aparente

𝑆 =𝑈∙𝐼

Observação: 𝑆 ≠ √𝑃2 + 𝑄 2

3.9. Cálculo dos Circuitos Eléctricos Lineares Com Correntes e Tensões Periódicas Não Sinusoidais

Passos Principais

1º Decompor 𝑒(𝑡), j(t) e u(t) periódicas não sinusoidais em série de Fourier;

2º Substituir a fonte de tensão por agrupamento em série de fontes de tensão de acordo com a série de Fourier.
Substituir a fonte de corrente não sinusoidal por agrupamento em paralelo das fontes de corrente segundo série de
Fourier;

3º Calcular o circuito usando o Método de Sobreposição;

4º Fazer a prova usando as equações de equilíbrio das potências.

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Exemplo:

Calcular o circuito.

Dados: 𝑒(𝑡) = 𝐸0 + 𝐸𝑚(1) ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔(1) 𝑡 + Ψ(1) ) + 𝐸𝑚(2) ∙ 𝑠𝑒𝑛(2𝜔(1) 𝑡 + Ψ(2) )

L, R, R1, C2

Resolução

Vamos aplicar o Método de Sobreposição no cálculo do circuito.

a) Presença Unicamente de 𝐸0

𝐼(0) = 𝐼1(0) ; 𝑈𝑐2(0) = 𝑈𝑅1(0)

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A queda de tensão através de uma indutância L devida a uma corrente contínua é zero (0). 𝑈𝐿(0) = 0

A corrente contínua não se pode estabelecer através de um condensador. 𝐼2(0) =0

𝑈𝑐2(0) = 𝑈𝑅1(0)

𝐸(0)
𝐼(0) = 𝐼1(0) =
𝑅 + 𝑅1

b) Presença de Unicamente 𝑒(1)

𝐸(1) 𝐼2(1) = 𝐼(1)− 𝐼1(1)

𝐸(1) −𝑗𝑋𝐶(1)
𝐼(1) = ; 𝐼1(1) = 𝐼(1) ∙
𝑍𝑒𝑞(1) 𝑅1 − 𝑗𝑋𝐶(1)

c) Presença de Unicamente 𝑒(2)

𝐸2𝑚 1
𝐸(2) = ∠Ψ𝑒(2) 𝑋𝐿(2) = 2𝜔(1) ∙ 𝐿 𝑋𝐶(2) = 2𝜔
√2 (1) ∙𝐶2

𝐸(2) 𝑅1
𝐼(2) = ; 𝐼2(2) = 𝐼(2) ∙
𝑍𝑒𝑞(2) 𝑅1 − 𝑗𝑋𝐶(2)

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𝐼1(2) = 𝐼(2) − 𝐼2(2)

As correntes no circuito serão:

𝑖(𝑡) = 𝐼0 + 𝑖(1) (𝑡) + 𝑖(2) (𝑡)

𝑖1 (𝑡) = 𝐼1(0) + 𝑖1(1) (𝑡) + 𝑖1(2) (𝑡)

𝑖2 (𝑡) = 𝐼2(0) + 𝑖2(1) (𝑡) + 𝑖2(2) (𝑡)

No caso geral:

𝑋𝐿(𝑘) = 𝑘 ∙ 2𝜔(1) ∙ 𝐿 = 𝑘 ∙ 𝑋𝐿(1) ; 𝑋𝐿(1) = 𝜔 ∙ 𝐿

A reactância indutiva 𝑋𝐿(𝑘) aumenta com a frequência.

1 𝑋𝐶(1)
𝑋𝐶(𝑘) = =
𝑘𝜔(1) ∙ 𝐶 𝑘

A reactância capacitiva diminui com o incremento da frequência.

3.10. Substituição de Configurações de Ondas Periódicas Não Sinusoidais por Ondas Sinusoidais

Pretende-se substituir a corrente e tensão periódicas não sinusoidais representadas abaixo, por corrente e tensão
periódicas puramente sinusoidais, mais ou menos equivalentes.

𝑢(𝑡) → Tensão periódica não sinusoidal

𝑖(𝑡) → Corrente periódica não sinusoidal


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Passos Principais

1º Calcular ou medir os valores eficazes das tensões e correntes não sinusoidais, isto é, obter U e I eficazes;

2º Calcular ou medir o valor da potência activa, isto é, obter P;

3º Calcular ou medir o ângulo 𝜑;

𝑃
𝜑 = 𝑎𝑟𝑐𝑐𝑜𝑠 ( )
𝑈∙𝐼

4º Determinar os parâmetros da tensão e da corrente sinusoidal.

2𝜋
𝜔 = 2𝜋𝑓 𝜔=
𝑇

𝑈𝑚 = √2 ∙ 𝑈 𝐼𝑚𝑎𝑥 = √2 ∙ 𝐼

Observação

Uma corrente (ou tensão) periódica não sinusoidal, na prática não pode ser substituída por uma corrente (ou tensão)
periódica sinusoidal equivalente, pois possui harmónicas. A substituição é possível para determinadas análises mais
simples de circuitos eléctricos.

3.11. Ressonância nos Circuitos com Correntes e Tensões Periódicas Não Sinusoidais

Em circuitos com tensões e correntes periódicas não sinusoidais, o regime de ressonância deve ser analisado para cada
harmónica separadamente.

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Por Ressonância na Harmónica de Ordem k entende-se que a harmónica de ordem k de corrente à entrada do circuito
está em fase com a harmónica de ordem k da tensão aplicada (outras correntes harmónicas estando desfasadas das
respectivas tensões harmónicas).

→ Para Ressonância de Tensão 𝑋𝐿(𝑘) = 𝑋𝐶(𝑘)

→ Para Ressonância de Corrente 𝑏𝐿(𝑘) = 𝑏𝐶(𝑘)

3.12. Exemplos de Correntes e Tensões Periódicas Não Sinusoidais

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4. CIRCUITOS NÃO LINEARES DE CORRENTE CONTÍNUA

4.1. Introdução

Os Circuitos Não Lineares são aqueles que contêm um ou mais elementos não lineares. Os elementos Não Lineares
podem ser resistivos (resistências não lineares), indutivos (indutâncias não lineares) ou capacitivos (capacidades não
lineares).

As Resistências Não-Lineares distinguem-se das Lineares por terem uma característica Volt-Ampere não linear.

𝐼 = 𝑓(𝑈𝑁 ) →Não Linear (Não é uma recta)

Uma resistência não-linear representa-se pelo símbolo abaixo.

𝑈
𝐼=
𝑅

Um elemento resistivo não linear tem uma resistência variável. O seu valor depende do chamado Ponto de
Funcionamento, ou seja, do ponto da sua curva característica que representa os valores de U e I existentes actualmente
no elemento.

4.2.Resistência Estática e Incremental (ou Diferencial)

Uma descrição completa de um elemento ou circuito resistivo não linear tanto pode ser dado pela forma da curva V/A
como pelas suas resistências estática e diferencial em função da corrente ou tensão.

4.2.1. Resistência Estática 𝑹𝒔𝒕

Descreve o comportamento de um elemento resistivo não linear sob as condições de uma corrente em estado
estacionário. É a razão entre a tensão e a corrente, no seu ponto de funcionamento.

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𝑈𝐴
𝑅𝑠𝑡 =
𝐼𝐴
𝑚𝑈
𝑅𝑠𝑡 = ∙ 𝑡𝑔𝛼 → Geometricamente
𝑚𝐼

Caminhando de um ponto para outro na curva V/A de um elemento resistivo não linear, a resistência estática varia.

4.2.2. Resistência Diferencial 𝑹𝒅

É a razão (teoricamente infinitesimal) entre um pequeno aumento da tensão em um elemento resistivo não linear e o
aumento correspondente na corrente que percorre o elemento.

𝑑𝑢
𝑅𝑑 =
𝑑𝑖
Onde 𝑑𝑢 é o incremento da tensão e 𝑑𝑖 é o incremento da corrente.

∆𝑈 𝑚𝑈
𝑅𝑑𝐵 = ( ) = ∙ 𝑡𝑔𝛽
∆𝐼 𝑚𝐼

4.3. Análise dos Circuitos Não Lineares Simples

As partes lineares de uma rede não linear complexa e múltipla podem ser tratadas por qualquer dos métodos de cálculo
de circuitos complexos estudados.

A análise dos circuitos não lineares envolve o conhecimento das respectivas características V/A.

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4.3.1. Elementos Não Lineares Ligados em Série

4.3.1.1. Ligação de Dois Elementos Não-Lineares em Série

4.3.1.1.1. Método da Curva Característica do Circuito

Neste método é traçada a curva característica 𝐼= 𝑓(𝑈) para todo circuito, partindo do princípio que a corrente que
atravessa os elementos ligadas em série é a mesma. A corrente que atravessa as resistências 𝑅𝑁𝑎 e 𝑅𝑁𝑏 é a mesma.

A corrente é a mesma para todos os elementos ligados em série, e a soma das respectivas tensões deverá ser igual a E.
𝐸 = 𝑈𝑎 + 𝑈𝑏

A curva característica do circuito é obtida, partindo do princípio que para cada valor de I, a tensão nos terminais da
associação série 𝑅𝑁𝑎 e 𝑅𝑁𝑏 é a soma da tensão nos terminais de 𝑅𝑁𝑎 com a tensão nos terminais de 𝑅𝑁𝑏 .

𝐸 = 𝑈𝑎 + 𝑈𝑏 = 𝑈𝑅𝑁𝑎𝑏

A corrente que percorre o circuito (𝐼0 ) terá o valor correspondente à 𝑈𝑅𝑁𝑎𝑏 = 𝐸, na curva característica do circuito.

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4.3.1.1.2. Método da Intersecção das Características

Neste método a curva característica do circuito (curva da resistência equivalente) não é construída.

Vamos dividir o circuito em dois bipolos, AB e CD.

𝐼𝑎 = 𝑓1 (𝑈𝑎 ) → É a curva característica de 𝑅𝑁𝑎 .

A curva característica do bípolo ab:

𝑈𝑏 = 𝐸 − 𝑈𝑎 ; 𝑈 = 𝑈𝑎

𝐼𝑏 = 𝑓2 (𝑈𝑏 ) → É a curva característica de 𝑅𝑁𝑏 .

𝐼𝑏 = 𝑓2 (𝑈𝑏 ) ⇒ 𝐼𝑏 = 𝑓2 (𝐸 − 𝑈𝑎 ) = 𝑓2 (𝐸 − 𝑈)

Ao ligarmos os dois bipolos:

𝑈 = 𝑈𝑎 ∧ 𝐼𝑎 = 𝐼𝑏 = 𝐼

Pelo que o ponto de funcionamento:

𝐼𝑎 = 𝐼𝑏 = 𝐼 ⇒ 𝑓1 (𝑈) = 𝑓2 (𝐸 − 𝑈)

Ou seja a intersecção da curva 𝑓1 (𝑈) com a curva 𝑓2 (𝐸 − 𝑈)

𝑰 = 𝒇𝟐 (−𝑼) I 𝑰 = 𝒇𝟐 (𝑬 − 𝑼) RNa

RNb
𝑰𝟎

Ua Ub U
E

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Graficamente 𝐼 = 𝑓2 (𝐸 − 𝑈) é a curva simétrica à curva 𝑓2 relativamente à recta 𝑈 = 0 e arrastada


horizontalmente para 𝑈 = 𝐸.

4.3.1.2. Ligação de Dois Elementos Em Série, Um dos Quais Linear e o Outro Não-Linear

𝐸 = 𝐼 ∙ 𝑅 + 𝑈𝑅𝑁

4.3.1.2.1. Método da Curva Característica do Circuito

É traçada a curva característica do circuito 𝐼 = 𝑓(𝑈) para todo o circuito, partindo de principio que a corrente que
atravessa 𝑅 e 𝑅𝑁 é a mesma.

4.3.1.2.2. Método da Intersecção das Características

Neste método o circuito pode ser encarado como dois bípolos representados na figura.

Bipolo CD

𝐼2 = 𝑓2 (𝑈2 ) = 𝑓2 (𝑈) → É a curva característica de 𝑅𝑁

Bipolo AB

1 1
𝐼1 𝑅 + 𝑈 = 𝐸 ⇒ 𝐼1 = 𝑅 ∙ 𝐸 − 𝑅 ∙ 𝑈 → É a recta de carga do bípolo AB.

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Ao ligarmos os dois bipolos:

𝐼1 = 𝐼2 = 𝐼 ∧ 𝑈1 = 𝑈2 = 𝑈

1 1
𝐼= ∙𝐸− ∙𝑈
𝑅 𝑅

𝐸
𝑈 = 0 ⇒ 𝐼𝑐𝑐 = 𝑅 I=0⟹𝑈=𝐸

O ponto de funcionamento do circuito é o ponto da intersecção da curva 𝐼2 = 𝑓2 (𝑈2 ) e a recta

1 1
𝐼= ∙𝐸− ∙𝑈
𝑅 𝑅

4.3.2. Elementos Não Lineares Ligados em Paralelo

𝑈𝑁𝑅𝑎 = 𝑈𝑁𝑅𝑏 = 𝑈 = E 𝑈𝑎 = 𝑈𝑏 = 𝑈 𝐼 = 𝐼𝑎 + 𝐼𝑏

Então, para um dado valor de U, as tensões:

𝐼 = 𝑓1 (𝑈) + 𝑓2 (𝑈)

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A tensão aplicada ao circuito é E.

4.3.3. Associação em Série e em Paralelo de Elementos Não Lineares

Para calcular as correntes e tensões do circuito:

1º Determinar a curva característica do paralelo 𝑅𝑁𝑎 ∥ 𝑅𝑁𝑏 ⟹ 𝑅𝑁𝑎𝑏

2º Considerar a associação série 𝑅𝑁 e 𝑅𝑁𝑎𝑏

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4.4. Análise de Circuitos Não Lineares Complexos

O facto da Lei de Ohm não ser válida para todos os elementos do circuito faz com que a sua resolução seja mais
complicada, pois não pode ser feita de forma analítica, mas sim graficamente.

Vamos analisar os circuitos não lineares complexos pelo Método do Par de Nós e pelo Teorema de Thevenin, que
quando aplicados a estes circuitos tornam a sua resolução mais simples:

4.4.1. Método do Par de Nós

𝐼1 = 𝑓1 (𝑈1 ) 𝐼2 = 𝑓2 (𝑈2 ) 𝐼3 = 𝑓3 (𝑈3 )


Como o circuito só tem dois nós podemos calculá-lo pelo Método do Par de Nós:

𝑈𝑎𝑏 + 𝑈1 = 𝐸1 ⟹ 𝑈1 = 𝐸1 − 𝑈𝑎𝑏

𝑈2 = 𝐸2 − 𝑈𝑎𝑏 𝑈3 = 𝐸3 − 𝑈𝑎𝑏

Para o nó a: 𝐼1 + 𝐼2 + 𝐼3 = 0

𝑓1 (𝑈1 ) + 𝑓2 (𝑈2 ) + 𝑓3 (𝑈3 ) = 0

⟹ 𝑓1 (𝐸1 − 𝑈𝑎𝑏 ) + 𝑓2 (𝐸2 − 𝑈𝑎𝑏 ) + 𝑓3 (𝐸3 − 𝑈𝑎𝑏 ) = 0 (4.4.1)

A resolução gráfica da equação (4.4.1) permite obter o valor 𝑈𝑎𝑏 e a partir deste, as correntes no ramos.

As funções 𝑓1 (𝐸1 − 𝑈𝑎𝑏 ), 𝑓2 (𝐸2 − 𝑈𝑎𝑏 ) e 𝑓3 (𝐸3 − 𝑈𝑎𝑏 ) são, num sistema em que o eixo das abcissas é 𝑈𝑎𝑏 , os
simétricos às funções 𝑓1 (𝑈1 ), 𝑓2 (𝑈2 ) 𝑒 𝑓3 (𝑈3 ), respectivamente, em relação a recta 𝑈 = 0 e arrastadas
horizontalmente para 𝑈 = 𝐸1 , 𝑈 = 𝐸2 e 𝑈 = 𝐸3 respectivamente.

Em seguida, calcula-se a soma destas curvas (para a mesma tensão somam-se as correntes):

𝑓4 (𝑈𝑎𝑏 ) = 𝑓1 (𝐸1 − 𝑈𝑎𝑏 ) + 𝑓2 (𝐸2 − 𝑈𝑎𝑏 ) + 𝑓3 (𝐸3 − 𝑈𝑎𝑏 )

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A intersecção da curva 𝐼 = 𝑓4 (𝑈𝑎𝑏 ) com o eixo das abcissas (𝐼 = 0) dá-nos o valor de 𝑈𝑎𝑏 que é a solução da
equação.

Os valores de 𝑈1 , 𝑈2 e 𝑈3 são depois obtidos pelas relações:

𝑈1 = 𝐸1 − 𝑈𝑎𝑏 ; 𝑈2 = 𝐸2 − 𝑈𝑎𝑏 e 𝑈3 = 𝐸3 − 𝑈𝑎𝑏

Os valores de 𝐼1 , 𝐼2 e 𝐼3 são os valores das funções 𝑓1 , 𝑓2 e 𝑓3 para os valores de 𝑈1 , 𝑈2 e 𝑈3 respectivamente.

Para tornar o problema mais completo, vamos supor 𝐸1 > 𝐸2 > 𝐸3

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Pelo ponto 𝐼1 + 𝐼2 + 𝐼3 = 0, ou seja, 𝑓4 (𝑈𝑎𝑏 ) = 0, levanta-se uma perpendicular ao eixo das abcissas. As ordenadas
das intersecções desta perpendicular com as curvas (1, 2 e 3) dão os valores das correntes 𝐼1 , 𝐼2 e 𝐼3 e ainda o seu
sentido.

4.4.2. Teorema de Thevenin

Este método aplica-se muitas vezes no caso de presença numa rede eléctrica de apenas um elemento não linear.

1 1
𝐼 ∙ 𝑅𝑒𝑞 + 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 = 𝐸𝑒𝑞 ⟹ 𝐼 = 𝑅 ∙ 𝐸𝑒𝑞 − 𝑅 ∙ 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣
𝑒𝑞 𝑒𝑞

Para 𝐼 = 0 (circuito aberto) ⟹ 𝑈 = 𝑈𝑎𝑏,𝑚𝑣 = 𝐸𝑒𝑞

1 1
𝐼 ∙ 𝑅𝑒𝑞 + 𝑈 = 𝐸𝑒𝑞 ⟹ 𝐼 = ∙ 𝐸𝑒𝑞 − ∙𝑈
𝑅𝑒𝑞 𝑅𝑒𝑞
𝐸𝑒𝑞
Para 𝑈 = 0 (curto − circuito) ⟹ 𝐼𝐶𝐶 =
𝑅𝑒𝑞

Uma vez conhecidas a corrente e a tensão no elemento não linear, já podemos calcular todas correntes nos outros
ramos do circuito, pelo método que acharmos mais conveniente. Qualquer que seja o método escolhido, temos uma
incógnita à menos.

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5. CIRCUITOS MAGNÉTICOS

5.1. Substâncias Ferromagnéticas e Não-Ferromagnéticas

Pelas suas propriedades magnéticas todas as substâncias podem dividir-se em Diamagnéticas, Paramagnéticas e
Ferromagnéticas.

Substâncias Diamagnéticas são aquelas cuja permeabilidade relativa (μ) é ligeiramente inferior à unidade.

⟹ 𝜇 < 1 (Exemplo: Bismuto → 𝜇 = 0,99983)

Substâncias Paramagnéticas são aquelas cuja permeabilidade relativa (μ) é ligeiramente superior à unidade.

⟹ 𝜇 > 1 (Exemplo: Platina → 𝜇 = 1.00036)

Substâncias Ferromagnéticas são aquelas cuja permeabilidade relativa (μ) é muitas vezes superior à unidade.

⟹ 𝜇 ≫ 1 (Exemplo: Ferro, Níquel, ferrites → 𝜇 ≥ 104 ou 𝜇 ≥ 106 )

Geralmente em Engenharia Electrotécnica classificamos as substâncias, segundo as suas propriedades magnéticas em


dois grupos:

1º Substâncias Ferromagnéticas são aquelas cuja permeabilidade relativa (μ) é muitas vezes superior à unidade.

2º Substâncias Não-Ferromagnéticas são aquelas cuja permeabilidade relativa (μ) é aproximadamente igual a
unidade.

Substâncias Diamagnéticas
Substâncias Paramagnéticas
}⇒ Não-Ferromagnéticas (𝜇 ≈ 1)

5.2. Parâmetros do Campo Magnético

⃗⃗⃗⃗
5.2.1. Intensidade do Campo Magnético 𝑯

A Intensidade Magnética ou Grandeza do Campo Magnético num ponto é definida pela força que produz, ou com a
qual está associada a indução magnética nesse ponto.

𝐴
⃗⃗ ]
A unidade da Intensidade do Campo Magnético é o Ampere-Espira/Metro. [𝐻 = [𝑚]

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5.2.2. Indução Magnética ⃗𝑩


⃗⃗

⃗⃗ em qualquer ponto de um campo magnético é a quantidade vectorial que determina a f.e.m.


A Indução Magnética 𝐵
induzida num condutor elementar que se move através do campo nesse ponto.

A unidade da Indução Magnética no SI é o Tesla que é igual a um Weber por metro quadrado.

⃗⃗ ] = [1𝑇𝐸𝑆𝐿𝐴] = [1𝑇] = [1∙𝑉∙𝑆


[𝐵
1 𝑊𝑒𝑏𝑒𝑟
] = [ 𝑚2 ]
𝑚2

5.2.3. Magnetização 𝑱⃗

A magnetização 𝑗⃗ em qualquer ponto de um campo magnético é definida como o momento magnético por unidade de
volume.

A unidade da magnetização no SI é o Weber por metro quadrado.

𝑉∙𝑆 𝑊𝑒𝑏𝑒𝑟
𝑗⃗ = [1 ∙ ] = [1 ∙ ]
𝑚2 𝑚2

As três grandezas do campo magnético estão assim relacionadas:

⃗⃗ = 𝜇0 (𝐻
𝐵 ⃗⃗ + 𝐽⃗ )

𝐻
𝜇0 é a Permeabilidade Magnética do Vácuo. 𝜇0 = 4𝜋 ∙ 10−7 𝑚

⃗⃗ nesse
A magnetização 𝑗⃗ em qualquer ponto de um campo magnético é um vector que tem a mesma direcção de 𝐻
ponto e é directamente proporcional a intensidade magnética (no interior da substância).

Assim, ⃗⃗
𝑗⃗ = 𝜒 ∙ 𝐻

𝜒 é a Susceptibilidade Magnética da Substância. 1 + 𝜒 = 𝜇

⃗⃗ = 𝜇0 (𝐻
𝐵 ⃗⃗ + 𝑗⃗) ⟹ 𝐵
⃗⃗ = 𝜇0 (𝐻
⃗⃗ + 𝜒 ∙ 𝐻
⃗⃗ )

⃗⃗ = 𝜇0 ∙ 𝐻
⟹𝐵 ⃗⃗ (1 + 𝜒)

⃗⃗ = 𝜇0 ∙ 𝜇 ∙ 𝐻
𝐵 ⃗⃗

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𝜇 = 1+𝜒 𝜇𝑎 = 𝜇0 ∙ 𝜇

𝜇 é a Permeabilidade Relativa 𝜇𝑎 é a Permeabilidade Absoluta

5.3. Fluxo Magnético

O Fluxo Magnético através de uma área S é o integral da componente normal do vector Indução Magnética ao longo
da área, em que 𝑑𝑆⃗ é um elemento da área S.

⃗⃗ ∙ 𝑑𝑆⃗
Φ = ∫𝐵

⃗⃗ e 𝑆⃗ constantes:
Para 𝐵 ɸ=B.S

A unidade do fluxo magnético no SI é o Webber.

[Φ] = [1 𝑉 ∙ 𝑆] = [1 𝑊𝑒𝑏𝑒𝑟]

5.4. Fonte do Campo Magnético

Como fonte do campo magnético é a carga eléctrica em movimento, ou seja, a corrente eléctrica. A carga pode ser
positiva ou negativa.

A capacidade de uma bobina excitar e desexcitar um campo magnético caracteriza-se pela Força Magnetomotriz
(FMM).

A força magnetomotriz (f.m.m), F, de uma bobina percorrida por uma corrente eléctrica é dada pelo produto do número
de espiras, N, da bobina, pela corrente I que circula nas espiras da bobina. Portanto, a unidade de f.m.m é o Ampere-
Espira.

𝐹𝑀𝑀 = 𝐹 = 𝐼 ∙ 𝓌

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[𝐹] = [1 𝐴]

A força magnetomotriz F dá origem a um fluxo magnético num circuito magnético, do mesmo modo que uma f.e.m
dá origem a uma corrente eléctrica num circuito eléctrico.

5.5. As Leis dos Circuitos Magnéticos

5.5.1. Lei de Ampere (Lei da Corrente Total)

⃗⃗ ao longo de qualquer percurso fechado é igual a soma algébrica das


A circulação do valor intensidade magnética 𝐻
correntes que atravessam o contorno limitado por este percurso.

𝑛
⃗⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗ = ∑ 𝐼𝑘
∮𝐻
𝑘=1

⃗⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗ = 𝐼1 + 𝐼2 − 𝐼3
∮𝐻

O sentido positivo de integração 𝑑𝑙⃗ e o sentido positivo da corrente I estão relacionados pela regra do saca-rolhas.

5.5.2. Diferença de Potencial Magnético

A diferença de potencial magnético (d.p.m.) entre dois pontos a e b de um campo magnético é o integral escalar da
intensidade magnética entre esses pontos.

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⃗⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗
𝑈𝑀𝑎𝑏 = ∫ 𝐻
𝑎

⃗⃗ é constante e tem a mesma direcção que 𝑑𝑙⃗


Se 𝐻

𝑏
⃗⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗ = 𝐻 ∙ 𝑙𝑎𝑏
𝑈𝑀𝑎𝑏 = ∫ 𝐻
𝑎

Em que 𝑙𝑎𝑏 é o percurso entre os pontos a e b do campo magnético.

A unidade da tensão magnética no SI é o Ampére.

𝐴
[𝑈𝑀 ] = [1 ∙ ∙ 1𝑚] = [1𝐴]
𝑚

5.5.3. Lei de Ohm Para Circuitos Magnéticos

⃗⃗ = 𝜇 ∙ 𝜇0 ∙ 𝐻
𝐵 ⃗⃗ Em módulo 𝐵 = 𝜇 ∙ 𝜇0 ∙ 𝐻

S é a área da secção atravessada pelo fluxo magnético.

A diferença de potencial magnético: 𝑈𝑀𝑎𝑏 = 𝐻 ∙ 𝑙𝑎𝑏

𝑈𝑀
Φ=B∙S 𝑈𝑀 = 𝐻 ∙ 𝑙 ⇒ 𝐻 = 𝑙

𝑈𝑀
𝐵 = 𝜇 ∙ 𝜇0 ∙ 𝐻 ⇒ 𝐵 = 𝜇 ∙ 𝜇0 ∙ (5.5.1)
𝑙

Multiplicando a equação (5.5.1) por S.

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𝑈𝑀 𝑈𝑀 𝑈𝑀
⇒ B ∙ S = 𝜇 ∙ 𝜇0 ∙ 𝑆 ∙ ⟹ B∙S= ⇒ Φ= (5.5.2)
𝑙 𝑙 𝑙
𝜇 ∙ 𝜇0 ∙ 𝑆 𝜇 ∙ 𝜇0 ∙ 𝑆

A quantidade no denominador da equação (5.5.2) denomina-se Resistência Magnética (RM) de preferência Relutância.

𝑙
𝑅𝑀 =
𝜇 ∙ 𝜇0 ∙ 𝑆

A equação (5.5.2) pode ser escrita da forma seguinte:

𝑈𝑀
Φ= (5.5.3)
𝑅𝑀

A equação (5.5.3) traduz a Lei de Ohm para circuitos magnéticos.

Como as características fluxo-d.p.m. dos circuitos magnéticos são, no caso geral, não-lineares, a relutância é uma
função do fluxo magnético.

Unidade da Resistência Magnética

𝑈𝑀 𝑀 𝑈
[𝑅𝑀 ] =? 𝑅𝑀 = = 𝐵∙𝑆
Φ

𝐴 1 1 1
[𝑅𝑀 ] = [ ]=[ ]=[ ]=[ ]
𝑉∙𝑠 𝑉 Ω∙𝑠 𝐻
∙ 𝑚2
𝑚2 𝐴∙𝑠

Comparando a Lei de Ohm para circuitos magnéticos e a Lei de Ohm para circuitos eléctricos, pode se concluir que:

PARÂMETROS MAGNÉTICOS PARÂMETROS ELÉCTRICOS


Φ 𝐼
𝑈𝑀 𝑈
𝑅𝑀 𝑅

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5.5.4. As Leis de Kirchhoff Para os Circuitos Magnéticos

Como para as redes eléctricas, também os circuitos magnéticos podem ser facilmente calculados aplicando as Leis de
Kirchhoff.

5.5.4.1. Primeira Lei de Kirchhoff

A soma algébrica dos fluxos magnéticos em qualquer nodo de um circuito magnético é zero.

∑ Φ𝑘 = 0
𝑘=1

Φ1 + Φ2 − Φ3 = 0

Φ1 + Φ2 = Φ3

5.5.4.2. Segunda Lei de Kirchhoff

A soma algébrica das quedas de tensão magnética ao longo de qualquer percurso fechado é igual a soma algébrica das
forças magnetomotrizes ao longo do mesmo percurso.

𝑛 𝑚 𝑚

∑ 𝑈𝑀𝑘 = ∑ 𝐹𝑗 = ∑ 𝑁𝑗 ∙ 𝐼𝑗
𝑘=1 𝑗=1 𝑗=1

Esta equação é outra forma da lei de Ampere.

Antes de se escreverem as equações para um circuito magnético aplicando as leis de Kirchhoff, deve-se escolher
arbitrariamente o sentido positivo dos fluxos nos vários ramos e o sentido positivo de circulação ao longo de um
contorno fechado ou malha.

O sentido positivo da força magnetomotriz determina-se pela regra da mão direita:

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- O polegar indica o sentido da FMM e os restantes dedos o sentido da corrente.

𝑆𝑘 = ∆ ∙ 𝑏𝑘

Vamos escrever as duas equações que traduzem a 2ª Lei de Kirchhoff para as duas malhas marcadas no circuito
magnético acima.

1ª Equação

𝐻1 (𝑙1 + 𝑙1´ ) + 𝐻4 (𝑙4 + 𝑙4´ ) + 𝐻2 ∙ 𝑙2 + 𝐻𝛿1 ∙ 𝛿1 = 𝐼1 ∙ 𝑤1

2ª Equação

−𝐻2 ∙ 𝑙2 + 𝐻5 (𝑙5 + 𝑙5´ ) + 𝐻3 (𝑙3 + 𝑙3´ ) + 𝐻𝛿3 ∙ 𝛿3 = −𝐼3 ∙ 𝑤3

5.6. Cálculo dos Circuitos Magnéticos

Para os cálculos devem ser dados:

1º A configuração do circuito magnético

2º As dimensões

3º Tipos de núcleos ferromagnéticos [𝐵 = 𝑓(𝐻)]


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Podem existir dois tipos de problemas:

a) Problema Directo
Os fluxos Φ ou indução magnética B do circuito são dados. Neste caso determina-se a FMM ou I.

b) Problema Inverso
As FMM do circuito são dadas, determina-se o fluxo magnético no circuito ou B.

Suposições Gerais

1ª Os fluxos magnéticos fora do núcleo são iguais a zero, isto é, todas as linhas magnéticas fecham-se através do
núcleo ferromagnético.

2ª Todas as linhas magnéticas passam pela secção transversal.

5.6.1.Cálculo de Problemas Directos

Nos problemas directos são dados:

- O fluxo ou a indução magnética (Φ 𝑜𝑢 𝐵);

- A configuração do circuito magnético e as dimensões;

- O tipo de núcleo ferromagnético.

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Passos Principais

1º No circuito magnético dado, dividir em partes de secção constantes e determinar o comprimento de cada uma das
partes.

2º Determinar a indução magnética de cada parte do núcleo sabendo que Φ é constante e comum.

Φ Φ Φ Φ Φ Φ Φ Φ
𝐵1 = = 𝐵2 = = 𝐵3 = = 𝐵𝛿 = =
𝑆1 𝑏1 ∙ ∆ 𝑆2 𝑏2 ∙ ∆ 𝑆3 𝑏3 ∙ ∆ 𝑆3 𝑏3 ∙ ∆

3º Da curva de magnetização determinar H em cada parte do núcleo.

𝐵𝛿 𝐵𝛿 𝐵𝛿
𝐻𝛿 = 𝜇𝑎𝑟 = 1 𝐻𝛿 = ≈ 0,8 ∙ 106 𝐵𝛿 𝐻𝛿 = −7
≈ 0,8 ∙ 106 𝐵𝛿
𝜇𝑎𝑟 ∙ 𝜇0 𝜇0 4𝜋 ∙ 10

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4º Escrever as equações pela 2ª Lei de Kirchhoff. Para tal marcamos arbitrariamente o sentido positivo do contorno e
o sentido do fluxo magnético.

𝐻1 ∙ 𝑙1 + 𝐻2 (𝑙2 + 𝑙2´ ) + 𝐻3 (𝑙3 + 𝑙3´ ) + 𝐻𝛿 ∙ 𝛿 = 𝐹𝑀𝑀 = 𝐼 ∙ 𝑤

5.6.2.Cálculo dos Problemas Inversos

Nos problemas Inversos são dados:

- A f.m.m. ou a corrente e o número de espiras;

- A configuração do circuito magnético e as dimensões;

- O tipo de núcleo ferromagnético, ou seja, 𝐵 = 𝑓(𝐻).

Passos Principais

1º Atribui-se arbitrariamente alguns valores do fluxo magnético (5 à 8), em algumas partes do circuito magnético.
Para tal determina-se o fluxo máximo Φ𝑚𝑎𝑥 .

𝑈𝑀 𝐹𝑀𝑀
Φ𝑚𝑎𝑥 = ⇒ Φ𝑚𝑎𝑥 =
𝑅𝑀 𝑙
𝜇 ∙ 𝜇0 ∙ 𝑆

Supõe-se que toda a queda de tensão magnética aplica-se a um entreferro.

2º Para cada valor do fluxo magnético Φ𝑖 , onde i varia de 5 à 8, resolve-se o problema directo, ou seja, para cada Φ𝑖 ,
determina-se a 𝐹𝑀𝑀𝑖 = 𝐹𝑖 = 𝑤 ∙ 𝐼

3º Constrói-se a característica Φ𝑖 = 𝑓(𝐹𝑀𝑀𝑖 ).


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5.6.3. Cálculo dos Circuitos Magnéticos Ramificados e Simétricos

Passos Principais

1º Procurar o eixo de simetria do circuito.

2º Calcular uma das metades do circuito.

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5.7. Circuitos Magnéticos Nas Condições de Corrente Alternada

Bobina sem núcleo ferromagnético.

Bobina com núcleo ferromagnético.

5.7.1. Particularidades

1ª A indutância da bobina com o núcleo ferromagnético não é constante e tem caracter não linear.

Ψ
Ψ=𝐿∙𝑖 ⟹𝐿 = porque 𝛹 =𝑤∙Φ Ψ≅B i≅H
𝑖

Φ é variável ⟹ Ψ variável L não é constante

Ψ B
𝐿= 𝐿=
𝑖 𝐻

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𝑑Ψ 𝑚Ψ
𝐿𝑑,𝐴 = ( ) = 𝑡𝑔𝛽
𝑑𝑖 𝐴 𝑚 ∙ 𝑖

Ψ 𝑚Ψ
𝐿𝑒𝑠𝑡,𝐴 = ( ) = 𝑡𝑔𝛼
𝑖 𝐴 𝑚∙𝑖

2ª Perdas adicionais devido ao fenómeno de Histerese no núcleo ferromagnético.

𝐵𝑟 – Indução magnética residual ou remanescente 𝐻𝐶 – Força Coerciva

3ª Perdas adicionais devidas às correntes Foucault.

𝑑Ψ 𝑑Φ
𝑒=− = −𝑤 ∙
𝑑𝑡 𝑑𝑡

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Método para Diminuição das Perdas Devidas às Correntes de Foucalt

1º Utilização de núcleos ferromagnéticos laminados com lâminas finas electricamente isoladas entre si.

2º Misturar o silício ao aço fundido. Como regra o aço electrotécnico tem 0,4 à 5 % de silício.

Ao misturar silício ao aço fundido aumenta-se a resistência eléctrica, reduzindo deste modo as Correntes Foucault.

Δ = 0,01 à 2 𝑚𝑚

5.7.2. O Fluxo Magnético no Núcleo Duma Bobina Alimentada Pela Tensão Alternada Sinusoidal

𝑢(𝑡) = 𝑈𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡

Seja: 𝑅𝑏𝑜𝑏 = 0 (bobina ideal)

𝑑Ψ 𝑑Φ𝑖𝑛𝑠𝑡 𝑑Φ𝑖𝑛𝑠𝑡 𝑢
𝑢 = −𝑒𝐿 = =𝑤 ⟹ 𝑢=𝑤 ⟹ Φ𝑖𝑛𝑠𝑡 = ∫ 𝑑𝑡 + 𝐶
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑤

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𝑈𝑚
Φ𝑖𝑛𝑠𝑡 = ∫ 𝑠𝑒𝑛𝜔𝑡 ∙ 𝑑𝑡 + 𝐶
𝑤

Observação: A experiência mostra que não surge fluxo magnético constante durante a alimentação da bobina, por
isso C = 0.

𝑈𝑚 𝑐𝑜𝑠𝜔𝑡 𝑈𝑚 𝜋 𝑈𝑚 𝜋
Φ𝑖𝑛𝑠𝑡 = (− ) ⟹ Φ𝑖𝑛𝑠𝑡 = [−𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 + )] ⟹ Φ𝑖𝑛𝑠𝑡 = ∙ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 − )
𝑤 𝜔 𝑤∙𝜔 2 𝑤∙𝜔 2

𝜋
Φ𝑖𝑛𝑠𝑡 = Φ𝑚 ∙ 𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑡 − )
2

Em que

𝑚 𝑈 𝑚 𝑈
Φ𝑚 = 𝜔∙𝑤 ⟹ Φ𝑚 = 2𝜋𝑓∙𝑤

Conclusões

1ª O fluxo magnético no núcleo também varia sinusoidalmente com o tempo.

𝜋
2ª O fluxo magnético no núcleo tem atraso em relação à tensão em radianos.
2

3ª O fluxo magnético não depende das dimensões do núcleo.

4ª O fluxo magnético coincide pela fase com a corrente reactiva da bobina.

√2 ∙ 𝑈 2𝜋
Φ𝑚 = ⟹𝑈= ∙𝑓∙𝑤
2𝜋𝑓 ∙ 𝑤 √2

𝑈 = 4,44 ∙ Φ𝑚 ∙ 𝑓

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