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Apresentagao tientar a atuagao dos cipeiros classistas e combativos, informar sobre O seus direitos e deveres, tirar suas principais dividas a respeito das nor- mas de satide e seguranga que devem ser seguidas pelas empresas e explicar pontos importantes da legislacéo, que estejam relacionados ao trabalho da CIPA. Sao esses os principais objetivos deste manual, produzido pelo departa- mento de Comunicagao do Sindicato dos Metalirgicos de Sao José dos Cam- Pos e regido sob supervisdo da Secretaria de Organizagao de Base e Depar- tamento de Satide do Sindicato. Nosso objetivo é que este material seja uma fonte de consultas para cipeiros e cipeiras da nossa base e possa esclarecer dividas que venham a surgir no exercicio de sua fungaéo. Também esperamos que este manual possa contri- buir para ampliar e despertar ainda mais a consciéncia dos trabalhadores para a importancia da CIPA e do papel que deve ser desempenhado para garantir que este seja um instrumento verdadeiramente forte e atuante na defesa dos trabalhadores. E que isso, consequentemente, possa promover a ampliagao da luta por um ambiente de trabalho saudavel e seguro, Boa leitura! [TL - Expediente Este material é responsabilidade da Secret Organizacgao de Base e departamento de Satide do Sindicato dos Metaliirgicos de Sao José dos Campos e regiao Sede: Rua Mauricio Diamante, 65 - Sao José dos Campos/SP Cep. 12209-570 - Fone: (12) 3946-5333 - Fax: 3922.4775 Site: wwwsindmetalsjc.org.br - E-mail: saude@ sindmetalsjc.org.br Redacao: Eliane Mendonca Edigao: Ana Cristina Silva Revisdo: Ana Cristina Silva e Rodrigo Correia Editoragao eletrénica: 360° MKT & Design llustracao: Bruno César Galvao Fotolito e Impressao: Grafica Monteart E permitida a utilizacdo parcial ou total dos textos desta cartilha, desde que citada a fonte. E expressamente proibida a utilizagao das ilustragées sem autorizacdo expressa, sob pena de violacdo de direitos autorais. Indice As condi¢ées de trabalho e o aumento da exploragéo CIPA: UM INSTRUMENTO DE LUTA DOS TRABALHADORES CIPA: Comisséo Interma de Prevengao de Acidentes Entenda pra que serve sua estabilidade CIPA e Sindicato: com esse time a vitonla é certa Os 10 mandamentos dos cipeiros e cipeiras classistas e combativos. CIPA - FUNCIONAMENTO Como funciona a C/PA?. Como um born cipeiro deve agir?. A importancia das mulheres na CIPA Come funcionam as reunibes da CIPA?. Investigacao de acidentes: uma tarefa do cipeiro Mapa de Risco: 0 que é?. Como elaborar 0 Mapa de Risco. Tabela descritiva dos riscos ambientais: Saiba 0 que é a SIPAT- Cursos de Formagao CIPA - OS PRINCIPAIS PROBLEMAS DE SAUDE NAS EMPRESAS LER/DORT uma epidemia nas fébricas. Combater o assédio moral: uma priordade do bom cjpeiro. Depresséo: uma doenca que pode ser causada pelo trabalho ENTENDA SEUS DIREITOS CAT: Comunicagéo de Acidente de Trabalho. £m quais situagdes devemos exigir a CAT do empregador Entenda os tipos de auxilio-doenca O que é 0 auxilo-acidente? O que é PPP e pra que serve! Aposentadoria especial, Ataques do governo dificultam a vida do trabalhador. Defender a estabilidade dos lesionados & uma das metas. LEGISLACAO Conhega as principals leis, NRs e cléusulas sociais. Procure sempre o Sindicato. 8 4 13 14 16 21 22 23 24 25 26 27 29 30 31 3S 37 39 43 44 46 48 50 51 52 5S 59 66 "A MANU As condicoes de trabalho e o aumento da exploracao as ultimas décadas, o trabalho passou por profundas mudangas. Hoje, tra- balhamos de forma totalmente diferente do que se fazia antigamente. E a chamada “reestruturacao produtiva", que comecou a ser implementada com forga a partir da década de 90, e que afetou profundamente os trabalhado- res e trabalhadoras. As empresas adotaram novos métodos de produ¢ao e de trabalho. Sao mudangas que, juntamente com as novas tecnologias, alteraram completa- mente a forma de se trabalhar. Polivaléncia Hoje, nas fabricas e locais de trabalho, o trabalhador chega a fazer o traba- Iho de duas, trés pessoas para dar conta da produgao exigida pelos patrées. A reestruturagao produtiva tem significado demissdes, corte de custos, po- livaléncia (varias atividades para um mesmo trabalhadon), flexibilizagao da jornada e direitos, entre outras mudancas prejudiciais aos trabalhadores. Ritmo acelerado Outro aspecto desta nova realidade é a eliminagdo dos tempos e pausas. E o trabalho “just-in-time”, “enxuto", com ritmo pré-determinado, em que o trabalhador tem de atender a produgao da empresa, sob pressao do chefe, das maquinas e até dos préprios companheiros. O numero de horas extras é excessivo. Além disso, as empresas demitem e cada vez mais reduzem os postos de trabalho. Quando fazem recontrata- g6es, é com salario menor. Jao ritmo de produgao s6 aumenta. Para se ter uma ideia, na GM, em 1997, se produziam 37 carros por hora, com 10 mil trabalhadores. Hoje, sao cerca de 8,500 funcionarios para dar conta de uma produgdo de 54 carros por hora. Tudo isso faz o trabalhador ultrapassar os seus limites, Sob tanta pressao, nao é a toa que tem aumentado a cada ano o niimero de acidentes e doen- gas ocupacionais. O fato € que no capitalismo, o Unico objetivo das empresas € obter lucro a qualquer custo, Os patrées estao sempre em busca de maior competitividade e produtividade, Para isso, nado pensam duas vezes em explorar nossa forca de trabalho ao maximo. Crise econémica A crise econémica, que estourou em 2008, agravou ainda mais esse cenario. E os trabalhadores estao sentindo na pele as consequéncias. Para se safarem da crise, que eles mesmos criaram, os capitalistas ja mos- tram como pretendem agir: aumentando a exploragao dos trabalhadores. Os patrdes estao jogando a conta da crise nas costas dos trabalhadores, com demissGes, reducao de direitos, aumento da jornada e do ritmo de trabalho. Por outro lado, os governos federal e estadual, que liberaram bilhdes para salvar empresas e banqueiros, além de conceder incentivos fiscais, como a redugao do IPI, nada fizeram para garantir aos trabalhadores a estabilidade no emprego. Ao contrario, também tém feito varios ataques aos direitos. Portanto, mais do que nunca, a classe trabalhadora deve estar unida e se organizar para enfrentar os ataques. "A MANU 10 CIPA: Comissao Interna de Prevencao de Acidentes O QUE E? IPA é a Comissdo Interna de Prevencdo de Acidentes. £ uma comissdo que tem o objetivo de evitar acidentes e garantir a satide e a seguranca do trabalhador no local de trabalho, E um importante instrumento de luta e organizacao dos trabalhadores, que deve ser usado em todos os momentos. PARA QUE SERVE? A principal tarefa da CIPA é garantir a satide e a seguranca dos trabalhadores no desempe- nho do seu trabalho. A CIPAtem como responsabilidade investi- gar, discutir e lutar contra as con- digées de trabalho inseguras, in- salubres, perigosas e irregulares. Cipeiros e cipeiras podem e devem organizar e encaminhar reivindicagGes e negociar me- lhorias no local de trabalho. A participacao da CPA nas cam- panhas salariais e de PLR, jun- to com o Sindicato, também é fundamental. Isso porque a CIPA deve sem- pre defender os interesses dos trabalhadores e ser um elo en- tre trabalhadores e o Sindicato. Vocé sabe como surgiu a CIPA? CIPA surgiu de uma recomendagao da OIT (Organizacao Internacio- nal do Trabalho), em 1921, e transformou-se em determinacao legal no Brasil, através do decreto-lei 7.036, artigo 82, de 1944. Mas foi sé no final da década de 70 que a CIPA tornou-se um instrumento de luta dos trabalhadores para a conquista de melhores condig6es de trabalho. Hoje, mais de 30 anos depois, o que vemos é patr6es e governo se unindo para criar, a cada dia, mais mecanismos para enfraquecer e descaracterizar a CIPA, reduzindo o ntimero de participantes e retirando direitos ja conquis- tados pelos trabalhadores. Isso acontece porque a burguesia sabe da forcga da CIPA e, por isso, cons- tantemente ataca a organizagao no local de trabalho e faz de tudo para impedir sua existéncia. Prova disso sao os frequentes ataques e perseguigdes a cipeiros e cipeiras, em varias fabricas de nossa base. Entenda pra que serve a sua estabilidade estabilidade, que é concedida por lei aos cipeiros e cipeiras, nado é uma medida com o objetivo de beneficia-los. E um dos instrumentos necessarios para garantir que o cipeiro ou cipeira tenha total liberdade de atuacaéo na defesa dos trabalhadores, sem que seja penalizado pela empresa, com a demissao. Portanto, o mandato de um cipeiro é da categoria que o elegeu e deve ser utilizado para beneficio dos trabalhadores. Portanto, faca o seu trabalho e use sua estabilidade da melhor forma possivel. E isso que os trabalhadores que 0 elegeram esperam de vocé. Pense nisso! CI CIPA e Sindicato: com esse time a vitoria é certa ma das principais metas do Sindicato é construir CIPAs combativas no local de trabalho, com a criagao de uma organizagao de base viva e atuante que, junto com o Sindicato, estara a frente das lutas em defesa dos trabalhadores, Nesse sentido, os cipeiros sao imprescindiveis. Afinal, vocés, cipeiros e ci- peiras eleitos (as) nas fabricas, é que podem estar no dia a dia junto aos trabalhadores, fortalecendo a organizagao no local de trabalho e, consequen- te, as lutas da categoria. Lembre-se: 0 Sindicato nao é s6 um prédio, uma estrutura fisica, que age sozinha. O Sindicato sao os trabalha- dores, unidos e mobilizados por seus objetivos. Sozinho, o Sindicato possui uma grande limitagaéo: nao chega a todas as fabricas da base. Uma dire- toria com 41 dirigentes nao tem como estar presente constantemente no dia a dia do trabalhador de todas as empresas, dentro do local de traba- Iho. Quem tem condig6es de fazer isso? E vocé cipeiro, ativista, delega- do sindical, membro da comissaéo de fabrica, Ativistas e trabalhadores, juntos, é que podem, por exemplo, garantir uma CIPA forte e organizada que, ai sim, junto com o Sindicato, estara a frente das lutas. S6 assim teremos uma organizacao de base e um Sindi- 14 Vocé sabia? Os patrées vivem tentando impedir a formagao de CIPAs combativas, pois querem conti- nuar sua exploragao, sem resis- téncia. As formas de boicotes sao muitas: ha empresas que burlam a lei e nao realizam as eleigdes; perseguem e reprimem os cipeiros; tentam transformar a atuagao dos cipeiros como metros fiscalizadores do uso de EPIs e até orientam chefes e gerentes a se candidatarem. Por isso, abra o olho! A CIPA é um direito nosso! Nao deixe que © patrao ataque sua organizacao! cato ainda mais fortes para combater os ataques dos patrées e do governo. Além disso, cipeiros e cipeiras eleitos pelos trabalhadores tornam-se, auto- maticamente, membros do Conselho de Representantes, que é um dos 6r- gaos mais importantes de decisdo do Sindicato, estando acima da propria diretoria. E assim porque quem deve mandar no Sindicato e decidir os rumos da entidade é a base, Contamos com vocél Os 10 mandamentos dos cipeiros e cipeiras classistas e combativos Essa € a primeira regra do cipeiro classista e combativo, Diante de qualquer ataque da patronal aos trabalhadores, o cipeiro e a cipeira devem estar preparados para defender os direitos dos trabalhadores. Prevenir nao é observar se o trabalhador esta usando EPI (equipamento de protegao individual). Prevenir é estar atento as condig6es do local de trabalho e seus efeitos sobre os trabalhadores. E ter consciéncia que o mais importante é a prevencao “coletiva". Observar tudo, desde as maquinas e sua conservacao até o ritmo de trabalho e a pressao da chefia. Estar preparado para ouvir toda e qualquer reclamagao ou dentincia dos trabalhadores. As vezes, pode parecer pouco, mas todo trabalhador pode ajudar o cipeiro e toda informagao tem importancia. Oucga sempre. Anote tudo: todas as reclamagées, sugestées, criticas, dentincias, para que possam ser averiguadas e respondidas. Responda a todos os questionamentos, sugestdes e reclamagGes que receber dos trabalhadores. Isso estabelece uma relacao de confianga entre o trabalhador e o cipeiro, Investigue todo e qualquer acidente no local de trabalho e elabore um relatério completo sobre os fatos. v7 Co Nao existe CIPA atuante e forte sem a organizagao dos trabalhadores. Os trabalhadores precisam conhecer e ajudar a elaboragao do trabalho do cipeiro para que seja uma luta do conjunto da fabrica. Qualquer reivindicagaéo com os trabalhadores unidos e organizados é mais facil de ser conquistada. Organizagao e luta é a meta de qualquer CIPA atuante. A CIPA é um dos principais instrumentos da organizacao no local de trabalho e para o fortalecimento da luta da categoria. Por isso, a sua atuacao em parceria com o Sindicato é fundamental. Os cipeiros devem fazer parte do dia a dia do Sindicato. A entidade mantém um departamento para atendimento aos cipeiros. Este espago deve ser ocupado. Sé a luta muda a vida. E pela acdo direta dos trabalhadores, unidos e organizados a partir do seu local de trabalho, que as conquistas sao possiveis, Portanto, todas as lutas travadas pelos trabalhadores devem ter os cipeiros na linha de frente. Um bom cipeiro deve sempre estar interessado em adquirir conhecimento, fazer cursos de formagao e conhecer a legislagdo. A empresa tem engenheiros, médicos, técnicos para defender o ponto de vista da empresa. Cipeiros combativos precisam se preparar e se formar para responder a patronal e saber argumentar na hora de defender os direitos dos trabalhadores. 20 "A MANU Como funciona a CIPA formagao da CIPA é paritaria, ou seja, metade de seus membros é indi- cada pela empresa e a outra metade é eleita pelos trabalhadores. As eleigdes devem ocorrer anualmente, em todas as empresas, obrigatoriamen- te. O mandato dos eleitos na CIPA é de um ano, sendo permitida uma reeleicao. O ntmero de cipeiros pode variar de uma fabrica para outra, em razao do numero de funcionarios, atividade e grau de risco da empresa. As reunidées da CIPA devem, obrigatoriamente, ser realizadas mensalmen- te, para debater problemas de satide e seguranca dos trabalhadores. As reu- nides devem ser acompanhadas por todos os membros da CIPA (os indicados pela empresa e os eleitos pelos trabalhadores). Os cipeiros devem convocar reunides extraordinarias todas as vezes em que houver necessidade, como no caso de acidentes. Todo e qualquer trabalhador ou trabalhadora pode se candidatar a uma vaga na Cipa. Como forma de barrar a repressdo das empresas, a lei garante estabilida- de de emprego aos cipeiros e cipeiras eleitos (as) por dois anos (durante o ano do mandato e no ano posterior, chamado de periodo de caréncia). [TL Como um bom cipeiro deve agir? m cipeiro classista e combativo sabe que deve usar sua estabilidade no emprego para estar a servico da classe trabalhadora. Nao é tarefa do cipeiro fiscalizar se os colegas estao ou nado usando os equipamentos de seguranca. Lembre-se: isso é 0 que a empresa quer que vocé faca. Um cipeiro classista deve estar sempre atento as irregularidades no ambi- ente de trabalho e nunca, jamais, fazer conchavos com o patrao. Um cipeiro combativo vai fiscalizar a empresa e as condigées de trabalho a que os trabalhadores sao submetidos. Isso significa estar atento ao ritmo de trabalho, as condigdes de trabalho, a pressao da chefia, ao estado de conser- vagao dos maquinarios e equipamentos, assédio moral, falta de gente nas linhas, etc. Deve fazer rondas diarias, ouvir reclamagées de trabalhadores e agir sem- pre quando a empresa tentar colocar o lucro na frente da seguranga dos trabalhadores: é esse o principal papel do cipeiro. O cipeiro dos trabalhadores também deve assegurar que tudo o que for discutido nas reunides da CIPA seja devidamente documentado em ata. 2 Aimportancia das mulheres na CIPA esmo apds anos de combate ao machismo, a discriminagao contra a mulher ainda é grande. O fato é que o capitalismo utiliza da opressao as mulheres para aumentar a exploragao e garantir mais lucros. As mulheres sao as que ganham os salarios mais baixos, além de sofrerem com 0 alto ritmo da produgao e com as doengas ocupacionais. Sao principais vitimas do assédio moral no trabalho, correspondendo a 70% dos casos. Também sao as que sofrem maior pressao no trabalho, sem con- tar o assédio sexual. Se tudo isso nao bastas- se, as mulheres ainda so as primeiras da lis- ta em caso de demis- soes. Portanto, é de ex- trema importancia que as mulheres tam- bém participem ativa- mente das CIPAs nas fabricas. E preciso fortalecer a CIPA, elegendo companheiras que possam atuar na defe- sa de todos os traba- Ihadores mas, em es- pecial, das mulheres trabalhadoras de sua empresa. Como funcionam as reunides da CIPA? A’ reunides da Cipa podem ser ordindrias ou extraordinarias. As ordinarias sao aquelas ja previstas no calendario normal, e devem ocor- rer obrigatoriamente, todo més, em datas e hordrios pré-estabelecidos. As reunides extraordinarias podem ocorrer a qualquer momento, quantas vezes forem necessarias. Um acidente grave na empresa, por exemplo, € um bom motivo para que seja solicitada pelos cipeiros uma reuniao extraordinaria. E importante que antes de qualquer reunido da CIPA, os cipeiros conver- sem para estabelecer um roteiro de assuntos importantes que deverao ser discutidos. Os cipeiros também devem estar atentos e garantir que todos os proble- mas e irregularidades constatadas pela CIPA sejam registradas na ata da reuniao. Essa é uma forma de documentar o trabalho da CIPA, mesmo que haja resisténcia da empresa. Por exemplo: um cipeiro constata que uma maquina de determinado setor funciona de forma irregular, apresentando riscos de acidentes. A empresa ja foi avisada sobre os riscos, mas nao fez nada. Isso precisa ficar registrado em ata. Assim, se um dia ocorrer um acidente nesta maquina, o trabalhador aci- dentado tera como provar que o acidente foi causado por negligéncia da empresa. Em Ultimo caso, se o cipeiro ou cipeira nao conseguir incluirr tudo o que julgar necessdrio na ata das reunides, deve fazer um adendo a ata, que deve ser protocolado na empresa, na DRT (Delegacia Regional do Trabalho) e no Sindicato. 24 Investigagao de acidentes: uma tarefa do cipeiro CIPA deve investigar sempre que ocorrer um acidente dentro da fabrica. Essa é uma das principais tarefas dos cipeiros. Na investigacao, o cipeiro classista deve considerar todo e qualquer tipo de interferéncia que pode ter levado ao acidente. Desde a pressao da chefia, ritmo acelerado de trabalho, excesso de horas extras, redugao de mao de obra, até a negligéncia da empresa (no caso de o risco com a maquina em questao ja ter sido alertado pela CIPA, por exemplo). O patrao sempre tentara fugir da sua responsabilidade em um acidente e jogar a culpa no funciondrio. Mas um cipeiro classista deve ficar atento a qualquer manobra que a empresa tenta fazer e defender o trabalhador. Lembre-se: o mais importante na apuracdo de um acidente é evitar que outros acidentes ocorram. Portanto, é importante que o resultado de uma investigagéo sempre resulte na melhoria das condigdes de trabalho do setor em questao. E papel da CIPA sugerir as alteracdes para que os acidentes nao se repitam, além de cobrar da empresa a efetivagéo dessas mudangas. Também é papel do cipeiro e da cipeira dos trabalhadores acompanhar todo o tratamento e recu- peracao do funciona- rio acidentado, certifi- cando-se sempre que a empresa esta amparando o trabalhador acidentado, custe- ando todo o seu tratamento e atendimentos necessarios. ESTAMOs De OlHo! ICIPA MANUAL DO CIPEIRO . - Mapa de Risco: o que é? : ? Uma portaria do Departamento Nacional de Seguranca e Satide do Tra- balhador (DNSST), em vigor desde dezembro de 1992, tornou obrigato- ria a elaboragéo de Mapas de Risco pelas CIPAs, nas empresas. O Mapa de Risco é um levantamento dos pontos de risco nos diferentes setores das empresas. E a identificagdo de situacgdes e locais potencialmente perigosos. A partir de uma planta baixa de cada secao sao levantados todos os tipos de riscos, classificando-os por grau de perigo: pequeno, médio e grande. Es- tes tipos sao agrupados em cinco grupos, classificados por cores diferentes. A idéia € que os funcionarios de cada secao apontem aos cipeiros os prin- cipais problemas. Além de detectar os problemas, o Mapa de Risco deve sugerir alteragdes que eliminem ou amenizem o risco iminente. Apos receber o levantamento, a empresa tera 30 dias para analisar e hegociar com os membros da CIPA ou do Departamento de Seguranga e Medicina do Trabalho (SESMT), se houver, prazos para providenciar as alteragdes propostas, Caso estes pra- Zos sejam descumpridos, a CIPA de- Fique atento vera comunicar a Delegacia Regional do Trabalho. 5 8} Problemas de gestao como, por exemplo, o assédio moral, podem Portanto, é tarefa dos cipeiros e devem ser identificados ¢ re- classistas e combativos elaborar um gistrados no Mapa de Risco. mapa de risco completo e eficiente. 26 Como elaborar o Mapa de Risco? O primeiro passo é procurar conhecer todos os setores/secdes da em- presa: o que se produz em cada uma delas e como é 0 processo de produgaéo. Também é necessdrio saber o quanto é produzido, para se estimar 0 quanto é produzido por hora, avaliando assim o tempo que os trabalhado- res disp6em para executar o trabalho. medidas de protegao coletiva e individual; medidas de organizagao do alho (ritmo, horas extras, pausas para descanso, jornada de trabalho, tur- nos de revezamento, etc); e medidas de higiene e conforto: banheiro, lavaté- ios, vestidrios, armarios, bebedouro, refeitério, area de lazer. 2 Identificar as medidas preventivas existentes e sua eficacia, tais como ral [TL O préximo passo é listar todas as matérias-primas e os demais insumos (equipamentos, tipo de alimentagao das maquinas etc.) envolvidos no processo produtivo. Afinal, riscos quimicos podem estar envolvidos. A todos os riscos existentes, setor por setor, etapa por etapa (se fo- rem muitos, priorize aqueles que os trabalhadores mais se queixam, aque- les que geram doengas ocupacionais ou do trabalho, comprovadas ou nao, ou que haja suspeitas). Considere importante qualquer informacao dos tra- balhadores. Identificar os indicadores de satide: - queixas mais frequentes; - acidentes ocorridos/ doengas do trabalho com maior incidéncia; - principais causas de auséncia no trabalho. Agora, na planta da segao, exatamente no local onde se encontra o risco (uma maquina, por exemplo) deve ser colocado o circulo no tama- nho avaliado pela CIPA e na cor correspondente ao grau de risco. a A intensidade do risco, de acordo com a percepcao dos trabalhadores, deve ser representada por circulos de tamanhos proporcionalmente di- ferenciados: pequeno (2,5 cm de diametro), médio (5 cm de diametro) e gran- de (10 cm de diametro). 8 Essas marcacdes também recebem uma cor (vermelho, verde, marrom, amarelo e azul), que corresponde a um tipo de risco: quimico, fisico, biolégico, ergonémico e mecanico. 9 Pronto! Agora é sé colocar o mapa em um local visivel para alertar aos trabalhadores sobre os perigos existentes naquela area. sejuepjoe ep Bjoug1i000 & ied sInqujuoo oesapod anb osu ap saodenyis Seung sojveyuoded sieuuy openbepeuy ojueweus7euLy copsojdxe no olpusoul ap epepliqeqoid apepioual3 ‘epenbapeul oedeujwin|| sesonyjajap no sepenbapeul sejusureie4 oSajoud wos soyuawedinbs a se oginbisd no/a 98), ss@u1s ap seopesneo sagdems sesng apepiagnadas a e1Uojouoyy sepeBuojoid oueqes ap sepewor ouinjou a ony wa oyeqesL SOA\SS99X9 SOW} ap oBS|soduy] apepiannpoid ap op|6u ajoquog epenbapeul eunjsod ep eioua6xq osad ap jenuew auiodsues} 2 ojusweyUEAe] osusju ooisy 0810453 eg ‘SPySeIed soBun4 soueozoyoid seugpeg smu, inb soynpoud no soysoduioo ‘seloueysqng salodej, Sse seulgen Seoneny sowing ‘se190g apepiuin syeuiowe se0sseid 49729 ou sayuez|uo| ogu sa0delpey sejueziuo| saodeipey se0deiqin sopiny sajuaploe ap soo sod|WQUOBI9 So°: sooiGojolg soosIYy sooiwinb soosiy S09IS]] SOOSIY sIeyuaiquie So9sl sop eAUOSap Rjaqey CI Saiba que é a SIPAT Sipat (Semana Interna de Prevengao de Acidentes do Trabalho) é um evento obrigatério nas empresas brasileiras segundo a legislagao traba- lhista. Deve ser organizada anualmente pela CIPA (Comissao Interna de Pre- vengao de Acidentes) com o objetivo de conscientizar os empregados sobre a saude e seguranca no trabalho além da prevengao de acidentes. No entanto, nem todas as empresas cumprem isso a risca. Algumas em- presas ficam anos sem realizar uma Sipat. Algumas realizam de forma irregu- lar, como € 0 caso da GM, que desrespeita a lei, ja que nao deixa que a CIPA organize a Sipat. Com isso, a empresa toma a frente do evento, que acaba sendo superficial, além de levar aos trabalhadores apenas informagées que sao de interesse da pa- tronal. Os riscos e problemas existentes na fabrica sao escondidos ou camuflados. Por isso, é papel dos cipeiros dos trabalhadores cobrar a realizagao da Sipat, anualmente, e que, de fato, ela seja organizada pelos cipeiros e aborde questées importantes e de interesse dos funciondarios. Queremos gigcutir nossa) Mais Chega de 1 realidade | seguranga: SIPAT nao pode | €XDloragaqy ficar nas mos ce dos patrées! 30 Cursos de Formagao cipeiro classista e combativo deve ter uma formacao técni- ca, politica, tedrica e ideolégica que lhe dé condigéo de compreender o sistema capitalista, sob uma visao classista, para que possa lutar contra a exploragao e em defesa da classe trabalhadora. Neste sentido, os cursos, palestras Fique atento A nossa Convencao Coletiva ga- rante 2 dias por ano para que os cipeiros (as) participem de cursos de formagao, sem prejuizo para o trabalhador e debates promovidos pelo Sindicato sao fundamentais. Os cipeiros devem participar de todo e qualquer curso ministrado pelo Sindicato. Os cursos, palestras e debates, que sao promovidos pelo Sindicato, tem o objetivo de oferecer um suporte técnico aos cipeiros e cipeiras para que pos- sam enfrentar a disputa com a patronal e construir uma atuacao classista e combativa. Os cursos das empresas Os cipeiros e cipeiras eleitos também devem estar atentos quanto ao con- tetido e tempo dos cursos, que devem ser realizados sempre pelas empresas, no inicio de cada gestao, e devem ter a duragao de 20 horas. Caso sejam ministrados aos sabados ou depois do expediente de trabalho, os cipeiros e cipeiras tém de receber horas extras. 32 "A MANU 34 "A MANU LER/DORT uma epidemia nas fabricas St aquela dorzinha chata que aparece justamente quando vocé esta trabalhando? Cuida- do! Vocé pode estar com LER/DORT (Lesao por Es- forgo Repetitivo/Disturbi- os Osteomusculares Rela- cionados ao Trabalho). O termo LER/DORT refere-se a um conjunto de doengas do sistema musculoesquelético, que é lesionado por excesso de uso ou uso indevido. Isso ocorre pelos mais diversos motivos, sendo que o principal causador, invariavelmente, é 0 processo de or- ganizacao do trabalho. A mais comum das doengas ocu- pacionais atinge principalmente mus- culos, ossos e tendées, causando, por exemplo, tenossinovites, tendinites, bursites e mialgias. Vocé sabia? Se sofrer um acidente de traba- lho ou adquirir uma doenga ocu- pacional e ficar com alguma se- quela irreversivel ou alguma re- ducao de sua capacidade de tra- balho, a estabilidade é garantida, pela nossa Convengao Coletiva, até a aposentadoria. 35 CI Como prevenir E importante que todos entendam que é obrigacao dos patrées oferece- rem boas condigées de trabalho. Porém, o que vemos sao jornadas prolon- gadas, ritmo acelerado, cobranca excessiva de metas de produgdo e pouco tempo para descanso, Pressionados pela reestruturacao produtiva, implementada pelas em- presas, os trabalhadores veem sua satide ser prejudicada a cada dia. O que todos precisam saber é que a CIPAéa . 4 porta de entrada para S combater tudo isso. A prevencao é 0 combate a supe- rexploragao no ambiente de trabalho, o que inclui o comba- te ao ritmo ace- lerado de traba- lho, longas jorna- das e pressao da chefia, além de exigir pausas en- tre os ciclos. E, para isso, a construgao de uma CIPA forte e mobiliza- da é indispensa- vel. Mas a CIPA s6 atingira esse objetivo se for classista e comba- tiva. 36 Combater o assédio moral: uma prioridade do bom cipeiro O QUE foi? A FoRTA PA RUA ssédio moral é crime e vem se tornando um problema cada vez mais frequente dentro das empresas. Por isso, deve ser uma das frentes de combate dos cipeiros e cipeiras. Como identificar? O assédio moral é caracterizado pela exposi¢ao constante e repetitiva a situagdes de humilhagao no ambiente de trabalho. Sao situagGes que expdem 0 trabalhador a um clima ruim de trabalho, ofende sua dignidade e chega a colocar em risco seu emprego. Ou seja, uma pratica comum de chefes e superiores, que gera uma série de consequéncias negativas a satide e ao bem estar do trabalhador. 7 [TL O assédio moral é um problema de satide? Sim. Segundo psicdlogos, o assédio moral leva o trabalhador a uma deses- tabilizagao emocional que pode resultar em medo, raiva e ansiedade, num primeiro momento. Mas pode evoluir para transtornos maiores, como a de- pressdo e a sindrome do panico, ou até levar o trabalhador ao suicidio, em casos mais graves. O que o cipeiro (a) pode fazer para combater essa pratica? O cipeiro deve orientar os trabalhadores a denunciar e a nao baixar a cabeca para situagdes que causem constrangimento, Se a situagdo persistir, © cipeiro pode e deve intervir, O caminho é denunciar o assédio, organizar os trabalhadores e fazer com que o ataque conste em ata. Em casos mais gra- ves, 0 caso pode até ser levado a Justiga. Também deve instigar a solidariedade de classe, sempre. Do tipo:"Mexeu com meu companheiro, mexeu comigo!" 38 tristeza, desanimo, agitacao ou ansiedade demonstrados em excesso. Se no seu ambiente de trabalho vocé tem colegas que se enquadram em algum desses comportamentos, fique alerta. Eles podem estar com depressao. A depressao é uma doenca incapacitante para o trabalho. Hoje, ja é a 5* doenga que mais gera afastamentos do trabalho. A depressao ocupacional pode ser desencadeada, principalmente, por trés fatores: assédio psicolégico, assédio moral e determinados produtos quimicos. O assédio psicolégico ocorre, por exemplo, quando uma lesao leva a limi- tacao fisica. Diante dessa limitagaéo, o trabalhador sente-se incapaz e, consequentemente, entra em depressao. 39 [TL Outro fator é 0 assédio moral. Quando 0 trabalhador é humilhado por seu chefe e, por medo de repre- sdlias, nado tem como se defender, corre sério risco de entrar num qua- dro depressivo Por fim, 0 contato com produtos quimicos, como os solventes utilizados na Embraer, que sao neurotoxicos. Vocé sabia? Segundo estatisticas da Previ- déncia Social os transtornos men- tais ocupam a terceira posicao entre as causas de concessao de beneficios previdencidrios. Fique atento E extremamente necessario que o cipeiro classista fique aten- to a eventuais casos de depres- s4o que possam surgir no seu ambiente de trabalho. Também deve orientar o trabalhador a procurar ajuda, Apesar do preconceito que existe em torno da doenga, é pre- ciso lutar para que as empresas reconhegam a depressao como uma doenga ocupacional e emi- tam a CAT. Uma pesquisa da Universidade de Brasilia (UnB), em parceria com a Previdéncia Social, revelou que o nimero de trabalhadores com proble- mas mentais vem aumentando nos Ultimos anos. Bancarios, frentistas, trabalhadores do comércio, metaliirgicos, rodo- vidrios e transportadores aéreos estado entre as categorias de maior tisco. 40 "A MANU CAT: Comunicacgao de Acidente de Trabalho CAT (Comunicagao de Acidente de Trabalho) é o documento que a em- presa precisa emitir sempre que ocorrer um acidente tipico ou uma do- enca do trabalho, com ou sem o afastamento do trabalhador. O registro da CAT deve ser feito pela empresa que deve dar uma copia para o trabalhador e encaminhar uma copia para o Sindicato. Mas se a em- presa se negar a emitir a CAT, o Sindicato ou qualquer outra autoridade publi- ca também pode emitir o documento. Além disso, também pode ser emitida pelo proprio acidentado, seus dependentes ou seu médico de confianga. Pra que serve? CAT serve para registrar a ocorrén- cia de um acidente de trabalho, do- enga profissional ou uma doenga re- lacionada ao trabalho, como é 0 caso da LER/DORT, por exemplo. O registro dos dados referentes aos acidentes de trabalho e doencas ocupacionais tem o objetivo de en- quadrar as empresas, de acordo com os graus. Atengao A CAT, por si s6, nao da ga- rantia de estabilidade de empre- go para ninguém. Ela so prova que o trabalhador sofreu um aci- dente ou tem um problema de satide relacionado ao trabalho. Para ter a estabilidade, o tra- balhador tem que ter se afasta- do da empresa por mais de 15 dias e ter recebido o beneficio do tipo B91, do INSS. 43 Em quais situagoes devo exigir a emissao de uma CAT do meu empregador Toda vez que um trabalhador se machucar ou se acidentar no ambi- ente de trabalho sofrendo uma lesao, com ou sem afasta- mento, é necessario emitir uma CAT. A CAT é obrigaté- ria em todos os casos, desde os pequenos ferimentos até em casos graves, como em acidentes fatais. Deve, inclusive, ser reaberta quantas vezes for necessario, a cada vez que ocorrer reincidéncia ou piora no quadro clinico do trabalhador acidentado. © acidente pode ser aquele que aconteceu dentro da fabrica ou durante 0 trajeto de ida e volta ao trabalho. Por isso, se vocé sofrer um acidente no trabalho ou durante seu trajeto, a empresa tem a obrigacao de abrir uma CAT, em até 24 horas, Em caso de morte, a CAT deve ser emitida imediatamente. Afastamentos ACAT também precisa ser emitida quando o trabalhador permanece afas- tado da empresa por mais de 15 dias por conta de uma dor que suspeite ter sido causada pelo trabalho. Lembre-se: vocé tem direito ao registro de uma CAT, independente da gravidade do caso. Além disso, a empresa deve entregar uma via do docu- mento ao trabalhador, constando o ntimero de registro no INSS. Fique de olho e exija sempre os seus direitos! Em caso de qualquer problema, procure o Departamento de Satide do Sindicato. 45 CI Entenda os tipos de auxilio-doenga E xistem dois tipos de auxilio-doenga: o previdenciario (B31) e o acidentario (B91). Ambos beneficiam trabalhadores com algum tipo de problema de satide. Mas os dois tém caracteristicas que os diferem. Veja: Auxilio-doenga previdencidrio (B31) Funciona assim: todo trabalhador que, por problemas de satide, se sentir incapacitado para o trabalho, deve consultar um médico. Se houver a necessidade de afastamento do trabalho, o médico ira emitir um atestado, que deve ser levado a empresa. E importante também solicitar um laudo ou relatério médico sobre o respectivo problema de satide. Os primeiros 15 (quinze) dias de afastamento, com atestado, é de responsabilidade da empresa, que devera efetuar o pagamento integral ao trabalhador. A partir do 16° dia, se ainda persistir a necessidade de afastamento, o trabalhador é encaminhado ao INSS com o requerimento do auxilio-doenca. Uma vez concedido, 0 pagamento passa a ser de responsabilidade do INSS. Para ter direito ao auxilio-doenca previdenciario, também conhecido como B31, é necessario que ja tenha cumprido a caréncia de, no minimo 12 meses de contribuigdes previdenciarias. Auxilio-doenca acidentario (B91) Esta modalidade de auxilio-doenca é concedido em casos de doengas relacionadas ao trabalho, ou em decorréncia de acidente de trabalho ou de trajeto. Ou seja, pode ter sido causado por um acidente tipico (cair, cortar, bater, quebrar, escorregar, queimar, etc), ou de trajeto (aqueles que acontecem no trajeto entre o trabalho e a residéncia do trabalhador, ou vice-versa). Também 46 pode ter sido provocado pelo exercicio da profissao ou da fungao (LER/ DORT, depressdo, problemas de coluna, etc). Para a concessao deste tipo de beneficio, é imprescindivel que o trabalhador tenha uma CAT emitida pela empresa. A CAT é um direito do Atengao Oriente os trabalhadores a sempre tirar copias de todos seus atestados e exames antes de en- tregar as copias para a empresa. trabalhador e deve ser exigida, sempre, pela CIPA. dias apés o retorno ao trabalho. Entenda a diferenca entre 0 B91 € 0 B31 B91 - Com estabilidade Beneficio concedido ao trabalhador incapacitado para o trabalho em decorréncia de acidente de trabalho (tipico ou trajeto) ou doenca ocupacional. Se o afastamento for maior que 45 dias, esse beneficio da direito a estabilidade por 12 meses apés 0 retorno as atividades, e no periodo de afastamento 0 empregador estd obrigado a depositaro FGTS parao trabalhador. Se o trabalhador ficar com alguma sequela, 0 B91 garante estabilidade até a aposen previsto no Acordo Coletivo da categoria. tadoria, conforme esta B31 - Sem estabilidade Beneficio concedido ao trabalhador com doenga comum, ou seja, que nao foi adquiridano trabalho ou durante a pratica profissional. y Com esse tipo de beneficio, 0 trabalhador tem estabilidade de emprego por igual perfodo ao do seu afastamento, limitado a 60 f 47 O que é auxilio-acidente? revisto pelo artigo 86 da Lei 8213/91, o auxilio acidente é um beneficio mensal, no valor de 50% do salario beneficio, concedido pelo INSS ao segurado como indenizacao, até a aposentadoria. Nos casos de acidentes relacionados ao trabalho ou doenca ocupacional, 0 auxilio-acidente é conhecido como B94. 48 Quem tem direito? O trabalhador vitima de acidente, que tenha ficado com alguma sequela que implique na redugado de sua capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. Vocé sabia? Esse beneficio vem sofrendo ataques do governo federal. Até 98 era concedido de forma vitalicia. No entanto, FHC cortou esse dispositivo, e o beneficio passou a ser concedido até a aposentadoria. O decreto 3048/99 possui varios anexos, entre eles o anexo III que estabelece que pode receber o beneficio o trabalhador que tiver alguma perda auditiva, visual ou da fala, prejuizo estético, perda total ou parcial de membros, alteragées articulares, redugdo da forga ou desempenho muscular ou redugao da capacidade respiratéria. Estes anexos criados pelo governo federal restringiram o direito a concessao administrativa do beneficio pelo INSS, Contudo, é possivel recorrer ao judiciario caso vocé tenha alguma sequela que implique na redugao de sua capacidade para o trabalho. 49 CI O que é PPP e pra que serve? Perfil Profissiografico Previdencidrio (PPP) é o antigo SB40. Um formulario que deve ser preenchido com todas as informagées relativas ao emprega- do como, por exemplo, a atividade que exerce, o agente nocivo ao qual é expos- to, a intensidade e a concentracao do agente, exames médicos clinicos, além de dados referentes 4 empresa. As empresas devem preencher o PPP para todos os seus empregados, inde- pendentemente do ramo de atividade da empresa e da exposicdo a agentes nocivos. Um direito do trabalhador Quando houver o desligamento do empregado, a empresa é obrigada a for- necer uma copia auténtica do PPP ao trabalhador, sob pena de multa, caso nao o faga. E papel do cipeiro exigir que as empresas mantenham o PPP sempre atualiza- do. Embora a empresa nao seja obrigada por lei a fazer isso, a recomendagao do Sindicato é que os cipeiros cobrem das empresas a disponibilizagao do PPP, uma vez por ano, para que os trabalhadores verifiquem se as informacGes nele conti- das estao corretas. O PPP é um documento importante e, quando elaborado corretamente, pode garantir ao trabalhador(a) o direito a aposentadoria especial (leia mais sobre a aposentadoria especial na proxima pagina). A CIPA deve ficar de olho e orientar os trabalhadores a nao aceitarem PPP incompleto ou com informacées incorretas. E papel do cipeiro ou cipeira solicitar medigdes de agentes nocivos na empresa, periodicamente, além de exigir que as medigGes sejam corretamente registradas nos PPPs, além das atas das reunides da CIPA. Se constatar um erro, pega sempre as alteragGes necessarias. Lembre-se: é um direito do trabalhador e sua garantia para a aposentadoria! 50 Aposentadoria especial Quem tem direito 4 aposentadoria especial? Tem direito 4 aposentadoria especial quem trabalhou, no minimo, 15, 20 ou 25 anos em atividade exposta a riscos que prejudique sua satide ou sua integridade fisica. Mas, para isso, é preciso que o trabalhador comprove, através do PPP, perante o INSS, que o trabalho foi exercido de forma permanente, nao ocasional ou intermitente. Quais os agentes nocivos considerados prejudiciais a saide? A lista é extensa. Mas, via de regra, os agentes nocivos podem ser quimicos (substancias quimicas), fisicos (como ruido, vibragdo ou calor em excesso, por exemplo) ou bioldgicos (fungos ou bactérias, por exemplo). Como o cipeiro deve agir para ajudar os trabalhadores que tém direito 4 aposentadoria especial? Sempre que identificar um risco, o cipeiro deve solicitar medigdes e o registro . Isso também deve ser feito sempre que houver mudancas que alterem esses niveis como, por exemplo, a chegada de novas maquinas no setor ou o barulho excessivo de um equipamento devido a falta de manutencao ou manutengao inadequada. Também é tarefa do cipeiro acompanhar as medicées, além de assegurar que sejam corretamente anotadas no PPP dos trabalhadores. Afinal, uma medicao correta da ao trabalhador o direito ao adicional de insalubridade, se comprovado que os niveis estao acima dos considerados como aceitaveis, O recebimento do adicional de insalubridade facilita bas- tante a concessdo da aposentadoria Fique atento especial, no futuro. Se a empresa se negar a fazer O mesmo se aplica aos demais medigées, deixe isso registrado agentes nocivos, como a eletricidade nas atas de reunido da CIPA. ou produtos quimicos. CI Ataques do governo dificultam a vida do trabalhador os iltimos anos, o trabalhador brasileiro tem sofrido inimeros ataques do governo a seus direitos. Desde o governo FHC, passando pelo de Lula, ocorreram reformas na Previdéncia e mudangas no INSS, que prejudica- ram os trabalhadores, dificultando a aposentadoria e a obtencao de benefici- os previdenciarios. Muitos vezes os ataques até vém camuflados como se fossem algo bom para a classe trabalhadora. Mas, infelizmente, sao 0 contrario, Reduzem di- reitos do trabalhador, em detrimento dos interesses das empresas. Veja abai- xo trés desses exemplos. Alta programada A Alta Programada esta prevista no artigo 1°, do Decreto n°. 5.844, de 13 de julho de 2,006, Por meio deste mecanismo, quando o trabalhador con- segue obter o auxilio-doenca, é estabelecido um prazo para que ele retorne ao trabalho, com base em uma “estimativa" para sua recuperacao Ao final desse periodo, independente de estar curado ou nao, o trabalha- dor tem o beneficio suspenso e deve voltar ao trabalho, A principal critica a esse mecanismo, criado sob a alegacao de diminuir a demanda de pericias no INSS e reduzir as filas, € que, se o trabalhador nao estiver totalmente recuperado e precisar dar entrada em novo pedido, tera de voltar ao trabalho doente ou enfrentar uma nova maratona. Tera de esperar um més apds a suspensdo da licenca, passar novamente pela pericia e esperar o resultado, correndo o risco de ficar sem salario ou ser demitido durante esse tempo. Ou seja, uma medida que ajuda as empresas a se livrarem dos lesionados. 52 NTEP (Nexo Técnico Epidemiolégico Previdenciario) Criado pela lei 11.430/06 e regulamentado pelo Decreto n, 6.042/07, entrou em vigor em 01/04/07, O NTEP tem por finalidade estabelecer uma relagdo entre uma causa (ambiente laboral) e um efeito (doenga ocupacional do trabalhador), ou seja, o nexo entre a doenga e a atividade laboral. Foi langado com ares de ser uma coisa boa, ja que tirava do trabalhador a tarefa de provar que adquiriu uma doenga em fungao do trabalho, uma vez que isso passou a ocorrer de forma automatica. Caso a empresa discordasse, teria 15 dias para apresentar as contraprovas e tentar alterar o beneficio e, por consequéncia, a estabilidade do trabalhador. Porém, na pratica, isso nao é verdade. O projeto que criou o NTEP sofreu varias modificagdes, que descaracterizaram totalmente o que poderia ter de valido. Varias empresas ficaram de fora da lista do nexo causal. Empresas com alto indice de afastamentos e doencas ocupacionais. Outra modificagdo é o direito da empresa recorrer do B91, com base na IN (Instrugéo Normativa (IN) 31, do INSS, que se caracteriza como um dos maiores ataques do governo, pois joga nas costas do trabalhador a responsa- bilidade de provar o nexo da doenga com o trabalho. ASAUDE NO BRASIL NUNCA ESTEVE 53 Instrugao Normativa (IN) 31 Depois de receber intimeras reclamagées das empresas, devido a institui- ¢ao do NTEP, o governo federal editou a Instrugéo Normativa 31, que foi publicada no Diario Oficial da Unido no dia 11/09/2008, alterando alguns procedimentos e rotinas para beneficiar os patrées. A\IN 31 criou a possibilidade de o estabelecimento de nexo nao acontecer em alguns casos de acidentes tipicos e de trajeto, além das doencas relacio- nadas a exposigaéo ao amianto, silica ou chumbo. Um absurdo sem tamanho. Outra coisa que mudou foi o prazo de recurso. Antes, a empresa tinha 15 dias para recorrer, apresentando suas contraprovas. $6 depois da analise des- sas contraprovas é que o INSS decidia se o beneficio era suspenso ou sofria alguma alteragao. A partir da IN 31, a empresa ganha maior prazo de recur- so. O pior € que o simples recebimento do recurso pelo |NSS ja altera o bene- ficio, suspende a estabilidade e deixa o trabalhador 4 mercé da empresa. 5a Defender a estabilidade dos lesionados é uma das metas Pp ara os patrées, o trabalhador é igual a uma maquina: serve en- quanto funciona. Quebrou, troca por outro. Por isso, quando um trabalhador ou trabalhadora se acidenta ou ad- quire uma doenga do trabalho, tem inicio uma longa e softida jornada, onde a dor e a humilhacao sao as marcas. A empresa nao o quer mais e faz de tudo para demiti-lo. O assédio moral passa a ser a arma mais cruel: o trabalhador é per- seguido e humilhado das mais variadas formas. As empresas organizam o trabalho de tal forma que até os companheiros (as) de trabalho discriminam o lesionado. Por isso, a defesa dos lesionados deve ser uma das prioridades dos cipeiros e cipeiras combativos. De acordo com a nossa Convengao Coletiva, o trabalhador lesionado tem estabilidade de emprego garantida até a aposentadoria. E papel da CIPA lutar junto com o Sindicato para fazer com que essa clausula seja respeitada. Servigo compativel O trabalho compativel, ou seja, atuar numa fungaéo que nao agrave a do- enga do trabalhador, é um direito de todo companheiro ou companheira lesionada (0). E papel do cipeiro fazer com que a empresa respeite os trabalhadores lesionados, reencaminhando-os para um posto de trabalho compativel. O cipeiro deve acompanhar o remanejamento do funcionario para outra fungao e se certificar de que € mesmo compativel as limitagdes do lesionado. 55 56 "A MANU 58 "A MANU Conhega as principais leis, NRs e clausulas sociais T odo bom cipeiro deve, obrigatoriamente, conhecer o minimo da legislagao sobre satide e seguranga do trabalho, o que inclui as principais NRs (Normas Regulamentadoras de Seguranga e Medicina no Trabalho) que, entre outras coisas, regulamenta a CIPA e seu funcionamento, Como o numero de leis e NRs € muito grande, incluimos nesse manual um glossario, com uma breve descrigao das principais leis e NRs em vigor, para que vocé, cipeiro e cipeira, possa consultar sempre que necessario. Lembre-se que todos os direitos descritos neste adendo é resultado de longos anos de lutas dos trabalhadores e, portanto, devem ser respeitados. Ter conhecimento destes direitos é importante para a defesa da satide e seguranga no trabalho. E lembre-se: vocé foi eleito pelos trabalhadores da sua empresa. Portanto, sua tarefa é lutar para fazer com que tais direitos sejam cumpridos. 59 - Leis Constituigao Federal, artigo 7°: Todo trabalhador tem o direito a um ambiente de trabalho saudavel. Lei 8.213/91 do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) Artigo 89 - Reabilitagao/Servigo Compativel Na reabilitagao, o trabalhador acidentado sera readaptado para uma fungao adequada a sua redugao da capacidade laborativa. Artigo 93 - Portadores de deficiéncia Toda empresa com mais de 100 trabalhadores esta obrigada a preen- cher em seu quadro funcional, um percentual de 2% a 5%, com reabilita- dos ou portadores de deficiéncia. Artigo 338 - Ambiente seguro Aempresa é responsavel pela adogao de medidas de protecao individual e coletiva; Artigo 341 - Punigaéo A Previdéncia Social deve impor uma agao regressiva contra a empresa em caso de negligéncia quanto as normas. = NRs (Normas Regulamentadoras em Seguranga e Medicina do Trabalho) id NR3 Interdiga4o ou Embargo Estabelece os mecanismos de Intervencao da Auditoria Fiscal em situagao de grave e iminente risco de acidente de trabalho ou de doenga ocupacional para o trabalhador. Considera-se como grave e iminente risco qualquer condi¢gaéo que possa causar acidente do trabalho ou doenga profissional com lesdo grave a integridade fisica do trabalhador. >NRS Comissao Interna de Prevencdo de Acidentes (CIPA) Dispde sobre a implantagao da CIPA, sua constituicgao, organizagao, atribuigdes e funcionamento. Também aborda como as reunides devem ser 60 conduzidas, os recursos, o pedido de reuniao extraordinaria e as eleicdes, >NRG EPis (Equipamento de Protegao Individual) Estabelece as regras para a fabricacdo, importacao, uso, restauragdo e treinamento dos equipamentos de protecao individual e especificos para protecao aos riscos nos ambientes de trabalho. Também determina que o fornecimento dos EPIs deve ser feito pelas empresas, gratuitamente. Além disso, as empresas também devem promover a substituigaéo do EPI imediatamente, quando danificado, > NR7 Programa de Controle Médico de Saude Ocupacional - PCMSO Trata dos exames médicos: admissional, periddicos, de retorno ao trabalho, de mudanga de funcgado e do exame demissional. Também determina que, a cada exame médico realizado, 0 médico emitira o ASO (Atestado de Satide Ocupacional), em 2 (duas) vias, sendo que uma das vias sera obrigatoriamente entregue ao trabalhador. >NRS PPRA (Programa de Prevengao de Riscos Ambientais) Visa fazer com que a empresa se antecipe e controle os riscos ambientais. Uma das determinagées desta NR é a elaboracao do Mapa de Risco, >NR10 Seguranga em instalagdes e servigos em eletricidade Estabelece parametros para a garantia da seguranga no trabalho, nas diversas etapas dos servigos em eletricidade. Também prevé que os trabalhadores podem se recusar a executar uma tarefa sempre que constatarem evidéncias de riscos graves e iminentes para a sua seguranca e satide ou a de outras pessoas. >NR12 Maquinas e Equipamentos Determina que, para os trabalhos continuos em prensas ou outras maquinas e equipamentos, onde o operador possa trabalhar sentado, devem ser fornecidos assentos adequados. O mesmo se aplica as mesas para colocagao de pegas que estejam sendo trabalhadas. Os equipamentos devem estar na altura e posigao adequadas, a fim de evitar fadiga ao operador. > NR 5 Atividades e Operagées Insalubres Esta NR estipula os “Limites de Tolerancia" dos agentes de risco que nao causarao danos a satide dos trabalhadores durante o trabalho. Também deixa 6 CI claro que as empresas devem ter por meta a eliminagao ou neutralizagao da insalubridade. Atengao: fique de olho nos anexos, O Anexo 1 - Limites de Tolerancia para Ruido, por exemplo, tem uma tabela bem explicativa do quanto de hora trabalhada é permitido para determinado nivel de ruido. Determina também como devem ser realizadas as medig6es. Além de ruido, existem anexos com limites para calor, frio, radiagées, agentes quimicos, poeiras minerais, dentre outros. >HR 16 Atividades e Operagées Perigosas Esta NR classifica as atividades consideradas perigosas (combustivel, explosivos e eletricidade), que podem ocasionar varios acidentes graves. Também é esta NR que determina o pagamento dos adicionais de periculosidade, de forma temporaria ou continua, dependendo da atividade executada. > NR ll Ergonomia Estabelece alguns parametros que permitem a adaptagao das condigées de trabalho as caracteristicas psicofisiologicas (corpo e mente) dos trabalhadores(as). Atencao ANR 17 também prevé que nas atividades que exijam sobrecarga muscular estatica ou dinamica do pescogo, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, é importante observar a obrigatoriedade de pausas para descanso, como forma de prevenir problemas de satide mais graves. Além disso, apés qualquer tipo de afastamento igual ou superior a 15 (quinze) dias, o trabalhador devera retornar gradativamente aos niveis de produgao vigentes na época anterior ao afastamento. Por exemplo: No caso de digitadores, o trabalhador nao devera ultrapassar a marca de 8.000 toques por hora e, no maximo, cinco horas de jornada fazendo a mesma atividade. >» NR 24 Condig6es Sanitarias e de Conforto nos Locais de Trabalho © local de trabalho deve dispor de conforto e segurancga para os trabalhadores, com instalagGes sanitarias adequadas, vestiarios com armarios, ambiente limpo e organizado, locais especificos para refeigdes, area para descanso e fornecimento de agua potavel. a Atengao: Esta previsto na NR 24: cada empresa deve dispor de um sanitario para cada 20 trabalhadores, que devem estar limpos, higienizados e sem nehum odor. Também deve ter pias e toalhas secas e limpas a disposigao dos trabalhadores. >NR 26 Sinalizagao de segurancga Serve para indicar e advertir sobre os riscos existentes no local de trabalho. A tal sinalizagao é secundaria. O importante nesta NR é a tal “rotulagem preventiva", que determina que os rdtulos de todos os produtos perigosos ou nocivos a satide utilizados pela produgéo contenham informacao breve, precisa, simples e de facil compreensao sobre o produto, além de contra- indicag6es de uso, riscos, medidas de primeiros socorros, etc. - Outros direitos e garantias Direito de fiscalizagao * O dever de fiscalizar os ambientes de trabalho é do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), das DRTs (Delegacias Regionais do Traba- lhador) e do Ministério Publico do Trabalho, No entanto, é garantido aos Sindicatos e CIPAS o direito de acompanhar as investigagdes dos ambientes de trabalho realizadas pelos orgaos oficiais. Isso esta previsto: - na Constituigao Estadual/SP (artigo 229, paragrafos 1, 2 e 4); - no Cédigo de Satide do Estado de SP (lei complementar 791, artigo 35, paragrafo 3) -naNR1 Direito de interromper atividades e/ou parar maquinas * Ao sindicato dos trabalhadores e representantes da CIPA é garantido o direito de requerer a interdigéo de uma maquina, setor ou de todo o ambi- ente de trabalho, quando houver exposigao a risco iminente para a vida ou satide dos trabalhadores (previsto no Cédigo Estadual de Satide - Lei Complementar 791, artigo 35) Sobre o direito a informagao *Todo trabalhador tem o direito de receber o resultado dos seus exames médicos, Isso esta previsto na NR7, no artigo 59 do Cédigo de Ftica Médi- ca e na Convencao 161 da OIT (Organizacao Internacional do Trabalho) 6 CI * Em todo o exame médico para efeito de trabalho devera ser emitido o ASO (Atestado de Satide Ocupacional), com copia para o trabalhador (NR 7). Sobre ética e comportamento dos médicos *Os médicos das empresas devem basear suas atividades profissionais de acordo com o Cédigo de Etica da categoria, que esta regulamentado pela resolugao n° 1.931/2009, do Conselho Federal de Medicina, em vigor desde 13/04/2010. Veja o que diz esse Cédigo de Etica, em seus principais trechos: Capitulo 1 - Principios Fundamentais Pardgrafo XII O médico empenhar-se-4 pela melhor adequa¢ao do trabalho ao ser humano, pela eliminagao e controle dos riscos 4 satide inerentes as ativida- des laborais. E vedado ao médico: Capitulo 3 - Responsabilidade Profissional Artigo 12 Deixar de esclarecer o trabalhador sobre as condi¢ées de trabalho que ponham em tisco sua satide, devendo comunicar o fato aos empregadores responsdveis. Pardgrafo linico. Se o fato persistir, 6 dever do médico comunicar 0 ocorrido as autoridades competentes e ao Conselho Regional de Medicina. Capitulo 10 - Documentos Médicos Artigo 80 Expedir documento médico sem ter praticado ato profissional que o justifique, que seja tendencioso ou que nao corresponda 4 verdade. Artigo 88 Negar ao paciente o acesso ao seu prontudrio, deixar de lhe fornecer cépia quando solicitada, bem como deixar de Ihe dar explicagdes necessari- as 4 sua compreensdo, salvo quando ocasionarem riscos ao préprio pacien- te ou a terceiros. 64 Capitulo 11 - Auditoria e Pericia Médica Artigo 92 Assinar laudos peticiais, auditoriais ou de verificagdo médico-legal, quando nao tenha realizado pessoalmente o exame. Artigo 93 Ser perito ou auditor do proprio paciente, de pessoa de sua familia ou de qualquer outra com a qual tenha relagdes capazes de influir em seu traba- tho ou de empresa em que atue ou tenha atuado, Artigo 94 Intervit, quando em fungao de auditor, assistente técnico ou perito, nos atos profissionais de outro médico, ou fazer qualquer apreciacéo em pre- senca do examinado, reservando suas observagoes para o relatorio. Artigo 98 Deixar de atuar com absoluta isengéo quando designado para servir como perito ou como auditor, bem como ultrapassar os limites de suas atribuigdes e de sua competéncia. Sobre a abertura de CATs: *Artigo 169 da CLT - obriga a notificagéo de doengas profissionais e das que foram ocasionadas em virtude de condigées especiais de trabalho, comprovadas ou objeto de suspeita, de conformidade com as instrugées expedidas pelo Ministério do Trabalho. * Lei 8.213 - Artigo 22 A empresa é obrigada a emitir a CAT em todos os casos de acidente de trabalho ou de doenga ocupacional (adquirida no trabalho), no prazo de 24 horas. A CAT deve ser enviada ao INSS com a cépia para o trabalhador e para o Sindicato, Em caso de recusa por parte da empresa em emitir a CAT, esta podera ser feita em um Orgao do servico de satide publica, a pedido do Sindicato ou do préprio trabalhador. 65 Procure sempre 0 Sindicato SINDICATO DOS METALURGICOS yom m cada uma das paginas dessa cartilha vocé, cipeiro ou cipeira de luta, aprendeu um pouco mais sobre como agir, de forma classista e combativa, nas mais diversas situag6es. Esperamos ter atingido o nosso objetivo, que era dar a munigao necessa- ria para que os cipeiros e cipeiras pudessem fazer o seu trabalho, da melhor forma possivel, além de entender a responsabilidade do seu papel no chao de fabrica, Nao se esquega: 0 classismo deve nortear todos os seus passos. Sua prin- cipal missao, como ativista, é resgatar o espirito de classe nos trabalhadores da sua empresa. S6 assim ficaremos mais fortes e, por consequéncia, fare- mos uma luta mais forte também. Se no caminho surgir alguma divida, procure sempre o Sindicato. A Secretaria de Organizacao de Base e o Departamento de Satide estao sempre prontos para atendé-lo e orienta-lo. Portanto, ocupe esse espaco. Vocé pode vir pessoalmente ou entrar em contato pelo email saude @sindmetalsjc.org.br ou ainda pelo telefone 3946-5308. 6 - Telefones tteis Sindicato Recep¢ao Satide Juridico Geréncia Reg. do Min. do Trabalho Ministério PUblico do Trabalho Creso Pronto Socorro Municipal Resgate (Bombeiros) (12) 3946-5333 (12) 3946-5308 (12) 3946-5319 (12) 3921-5466 (1.2) 3922-5794 (12) 3947-8667 (1.2) 3901-3400 193 XR 67 CI a@F Sindicato sos Metalurgicos @ e Séo José dos Cams e Regio 68

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