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FACULDADE EVANGÉLICA DE SALVADOR LICENCIATURA EM PEDAGOCIA

PATRÍCIA COSTA DOS SANTOS

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

IGARAPÉ DO MEIO
2022
PATRÍCIA COSTA DOS SANTOS

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Monografia apresentada ao Programa de


Qualificação Docente de Igarapé do Meio - MA,
PQDIM. Para obtenção do grau de Licenciatura
Plena em Pedagogia, do Centro de Ensino
Superior FACESA: Faculdade Evangélica de
Salvador em Igarapé do Meio MA.

Orientador: Prof. Eduardo Pontes

IGARAPÉ DO MEIO
2022
PATRÍCIA COSTA DOS SANTOS

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Aprovado(a) em ____ /_____/_____

BANCA DE APRESENTAÇÃO

__________________________________________________________________
Orientador

__________________________________________________________________
1º Professor Avaliador

__________________________________________________________________
2º Professor Avaliador

IGARAPÉ DO MEIO
2022
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pois sem ele não conseguiria chegar a esta etapa.
Gratidão a minha família pelo apoio ao longo desta caminhada, ao meu esposo por
não me fazer desistir, e a cada amigo que fiz ao longo da graduação, onde com eles
foram superados os degraus que estavam em nossa jornada.
Agradeço ao corpo docente da Faculdade FACESA, pela oportunidade de
aprendizado e conhecimentos, somando assim para a realização de um sonho de
um sonho profissional e pessoal.
COSTA, Patrícia. Alfabetização e Letramento na Educação Infantil. 2022. XXX
páginas. Trabalho de conclusão de curso de Licenciatura Plena em Pedagogia –
FACESA, Igarapé do Meio, 2022.

RESUMO

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PALAVRAS-CHAVE:
COSTA, Patrícia. Alfabetização e Letramento na Educação Infantil. 2022. XXX
páginas. Trabalho de conclusão de curso de Licenciatura Plena em Pedagogia –
FACESA, Igarapé do Meio, 2022.

ABSTRACT

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xxxxxxxx

KEYWORD:
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................................9
2. ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL......................................10
1.1 A Educação Infantil.........................................................................................................10
1.2 O Educador.......................................................................................................................14
3. ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO....................................................................................18
3.1 Os princípios da alfabetização e letramento..................................................................18
3.2 Alfabetização e Letramento................................................................................................27
4. A ALFABETIZAÇÃO E/OU LETRAMENTO SEGUNDO EDUCADORES DO
MUNICÍPIO DE IGARAPÉ DO MEIO.............................................................................................38
REFERÊNCIAS.................................................................................................................................39
9

1. INTRODUÇÃO
10

2. ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL


1.1 A Educação Infantil

Segundo (MORTATTI, 2004, p.49), na História da Educação podemos


encontrar iniciativas significativas que subsidiaram a configuração das práticas de
leitura e escrita brasileiras nos dias atuais. No início do processo de colonização
(meados de 1530), principalmente a partir de 1549, os padres da Companhia de
Jesus criaram as “escolas de ler, escrever e contar”, visando à catequização, à
cristianização e à instrução dos índios.
Para Mortatti (2004), aos poucos:

Os jesuítas foram adotando a estratégia de misturar índios, mestiços,


colonos e órfãos vindos de Portugal, tanto nas “escolas de ler e escrever”,
onde o ensino primário deveria ser um prolongamento da catequese, quanto
nos colégios, cujo objetivo inicial era preparar novos missionários
(MORTATTI, 2004, p. 50).

Seguindo destes pressupostos, com a Proclamação da Independência do


Brasil em 1822, começaram os esforços para a gratuidade da instrução primária.

A gratuidade da instrução primária passou a constar da Constituição


Imperial de 1824 e foi regulamentada por lei de 1827, considerada a
primeira tentativa de se criarem diretrizes nacionais para a instrução pública,
uma vez que nessa lei se estabelecia a criação de escolas de primeiras
letras destinadas à população livre (de ambos os sexos) e se
regulamentavam o método de ensino (monitorial-mútuo), o recrutamento de
professores e o controle de suas atividades, dentre outros aspectos.
(MORTATTI, 2004, p. 52).

Nos dias as atuais vemos que a educação é direito de toda cidadão desde a
primeira infância, assegurado pela Constituição Federal de 1988 (CF/88), em seu
artigo 227, que determina que:

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao


adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde,
à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão. (BRASIL,1988)
11

A Constituição também garante que a criança, também possui seus direitos,


tendo a educação infantil como direito da criança como cidadã e dever do Estado,
para que seja cumprida em sua excelência, sendo a mesma oferecida em uma
perspectiva educacional. Todos estes direitos foram assegurados em respostas aos
movimentos em defesa das crianças. Tendo assim as crianças desde o inicio as
escolas primárias.
Baseando-se nos estudos da pesquisadora MORTATTI (2004), analisamos a
necessidade das instruções primárias na educação, que visam a busca dos
conhecimentos para a formação do cidadão. Tendo as fases iniciais como base
fundamental nesta construção, sendo a Educação infantil o primeiro passo para a
aprendizagem.
A Educação Infantil, caracterizada como a primeira etapa da educação
(Educação Básica), recebe outros nomes, variando de acordo com a necessidade
local, tais como: Jardim, pré-escolar ou primeira infância; sendo o mesmo de
extrema importância, pois nesta fase é iniciada a vida acadêmica da criança, onde
no mesmo vem agregado de novas experiências com um todo, tendo o educador
(professor) o papel primordial de trazer a criança o prazer em frequentar escola e
fazê-lo se sentir confiante neste novo meio.
Ao longo dos anos a educação infantil passou por diversas mudanças, desde
as suas regulamentações até os seus significados; por ter sua base construída
socialmente, as mudanças foram ocorrendo de acordo com a época, cultura,
sociedade, bem como suas teorias.
Na década de 1970, segundo Santos (2012), houve uma alteração na forma
como era compreendida a educação ocorrida nas instituições de atendimento à
criança, que passou de caráter assistencialista para um caráter compensatório, ou
seja, um atendimento que deveria ter como objetivo sanar as carências que
afetavam as crianças pobres, tendo, assim, como principal objetivo, a promoção de
oportunidades educacionais de caráter social para as crianças de baixa renda. Para
Santos:

Na realidade, estes programas de educação compensatória têm como


pressuposto de que a família não consegue dar às crianças condições para
seu bom desempenho na escola. Assim, as crianças são chamadas de
carentes culturalmente, já que se parte do princípio que lhes faltam
12

determinados requisitos básicos que lhes garantam o sucesso na escola.


(2012, p.12)

Somente na década de 1980, que foram iniciadas as alterações na área da


Educação infantil, com a promulgação da Constituição Federal em 1988, houve o
reconhecimento da educação como direito da criança, uma opção da família e um
dever do estado. “Art. 208, o dever do Estado com a educação será efetivo mediante
a garantia de atendimento em creches e pré-escolas, às crianças de 0 a 5 anos de
idade” (BRASIL, 1988, p. 95).
Em 1996, houve aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), a educação infantil passa a ser a primeira etapa da educação
básica, ofertando vagas às crianças, assegurando o seu desenvolvimento
integralmente. Com base na LDB:

Art. 29°. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em
seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a
ação da família e da comunidade. Art. 30°. A educação infantil será
oferecida em: I – Creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até
três anos de idade; II – Pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos
de idade. Art. 31° (BRASIL 1996, p. 12).

Trazendo para os dias atuais, em 2010, houve a publicação das Diretrizes


Curriculares Nacionais para Educação Infantil (DCNEI), que teve o objetivo o
estabelecimento de orientações a serem observadas e estudadas nas organizações
das diferentes propostas pedagógicas relacionadas a educação infantil, ou seja, as
instituições de ensino funcionariam de acordo com as leis vigentes. Sendo reforçado
este pensamento com o seguinte parágrafo da publicação:

(...) articulam-se às Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica e


reúnem princípios, fundamentos e procedimentos definidos pela Câmara de
Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, para orientar as
políticas públicas e a elaboração, planejamento, execução e avaliação de
propostas pedagógicas e curriculares de Educação Infantil. (BRASIL, 2010,
p.11)

O Conselho Nacional de Educação (CNE/CBE), nº 20/2009, que deu origem


as Diretrizes, afirmam em seu documento que:
Essa vinculação institucional diferenciada refletia uma fragmentação nas
concepções sobre educação das crianças em espaços coletivos,
13

compreendendo o cuidar como atividade meramente ligada ao corpo e


destinada às crianças mais pobres, e o educar como experiência de
promoção intelectual reservada aos filhos dos grupos socialmente
privilegiados. Para além dessa especificidade, predominou ainda, por muito
tempo, uma política caracterizada pela ausência de investimento público e
pela não profissionalização da área. Em sintonia com os movimentos
nacionais e internacionais, um novo paradigma do atendimento à infância –
iniciado em 1959 com a Declaração Universal dos Direitos da Criança e do
Adolescente e instituído no país pelo artigo 227 da Constituição Federal de
1988 e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90) – tornou-
se referência para os movimentos sociais de “luta por creche” e orientou a
transição do entendimento da creche e pré-escola como um favor aos
socialmente menos favorecidos para a compreensão desses espaços como
um direito de todas as crianças à educação, independentemente de seu
grupo social. (BRASIL, CNE. 2009)

Com isso vemos, que a educação infantil esta cedida a todos da sociedade,
tendo assim as crianças em grande escala o direito de estudar e aprender sobre a
sociedade e desenvolver como cidadã.
Estes avanços contribuíram também para a valorização do profissional
educador, que atua no desenvolvimento de crianças de 0 a 05 anos, exigindo dos
mesmos a formação acadêmica, compatível com suas responsabilidades, tanto
educativas quanto sociais. Segundo a LDB, as características dos docentes a
atuarem na educação básica (em especial a educação infantil), se diz com o
seguinte texto:

(...) far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura plena, admitida,


como formação mínima para o exercício do magistério, na educação infantil
e nos cinco primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível
médio, na modalidade normal. (BRASIL. Art. 62,1996)

Fomentando a posição da LDB, encontramos hoje milhares de profissionais


formados e capacitados, bem como buscando extensões de conhecimentos para o
aprimoramento e melhoria contínua do ato de ensinar e passar conhecimentos, visto
que os mesmos são as chaves principais para o auxílio e ajuda no desenvolvimento
da criança, e de seus aspectos de educação.
Com o aumento dos profissionais capacitados, e as possibilidades de
capacitações estando cada vez mais possíveis através do ensino superior, vemos o
avanço no modo de transmitir conhecimento as nossas crianças, vendo que vai
muito além do “ler e escrever”, hoje os pensadores são formados desde o primeiro
pensar, até o primeiro contato com a área escolar, ou seja, a educação já posta a
14

criança é cada vez mais disseminada de modo positivo o auxílio de bons


educadores.

1.2 O Educador

Vemos que para seguir e fazer funcionar as leis das Diretrizes, o educador
tem papel de destaque, pois e a partir dele que são vistas as execuções da mesma,
e mostram o quão significante são os princípios e fundamentos que regem a
educação básica, salientando aqui a Educação Infantil.
Partindo deste pressuposto, pode-se levantar qual o papel do educador para
com a educação infantil, bem como a sua importância no meio; de acordo com as
Diretrizes o mesmo vem com o papel de educar e cuidar de forma integrada das
crianças neste período de formação inicial. Com isso desenvolvendo práticas
pedagógicas (adquiridas ao longo de sua formação e experiências) apropriadas as
criança, usando como base os conhecimentos cientifico básicos, e também os
conhecimentos práticos de trabalho para com as crianças – fazendo assim o
trabalho do educador, dentro e fora das salas de aulas, ressaltando sua importância
no meio social.
Segundo Santos:

Ao profissional de educação infantil cabe proporcionar um espaço que


contemple momentos de afetividade, de alegria, para que a escola seja a
extensão da sua casa, do seu ambiente familiar. Podemos considerar que a
educação infantil tem como princípio básico o cuidar e educar de forma
articulada de modo a complementar a educação da família, num papel
político e social com características e especificidades próprias no
desenvolvimento do trabalho junto à criança pequena. (SANTOS 2012,
p.15)

Completando a argumentação da autora, cabe ao educador – nas fases


iniciais – desenvolver uma atuação na qual na qual garanta o desenvolvimento da
criança, sempre focando no direito da mesma à infância. Tendo a escola como sua
“segunda casa”, onde na mesma se forma pensamentos e respeitos futuros na
criança como cidadã, destacando que durante a infância já são fundamentados os
valores sociais.
Refletindo sobre o exposto, podemos ressaltar que os educadores
responsáveis pela educação infantil, podem e devem fazer a diferença a partir de
15

seus aprendizados e práticas pedagógicas; sendo estas práticas por meio de rotinas
e atividades que visam o estimulo, contribuindo e transformando o desenvolvimento
infantil nos aspectos necessários do Art. 29° da LDB. O pensamento é reforçado por
Souza (2004), que diz:

(...) é importante considerar a prática pedagógica como parte de um processo


social e de uma prática social maior. Ela envolve a dimensão educativa não
apenas na esfera escolar, mas na dinâmica das relações sociais que
produzem aprendizagens, que produzem o “educativo”. (SOUZA, 2004, p.02)

A autora relata que, “O mundo escolar e nele as práticas pedagógicas estão


imbuídos das relações sociais que marcam a sociedade brasileira, a exemplo da
exclusão, desigualdade social e relações de poder e de alienação”. (SOUZA, 2004,
p.15)
Podemos ressaltar que as estas práticas pedagógicas, favorecem o
desenvolvimento, construção da identidade, adaptação e autonomia das crianças,
sempre voltado para uma pedagogia mais interativa. Sobre a questão pedagogia
interativa, o autor Libânio (1994), relata que:

(...) se configura numa ação exercida sobre os sujeitos ou grupos de


sujeitos visando provocar neles mudanças tão eficazes que os tornem
elementos ativos desta própria ação exercida. Presume-se aí, a interligação
de três elementos: um agente (alguém, um grupo, etc.), uma mensagem
transmitida (conteúdos, métodos, habilidades) e um educando (aluno, grupo
de alunos, uma geração) (...) (LIBÂNIO, 1994 p.56).

Para Piaget (2004), a adaptação da criança é satisfatória ao mundo na qual


está inserida, não limitando-a apenas aos conhecimentos que a mesma já possui, e
sim faze-la utilizar das capacidades que ainda não estão formadas, instigando assim
a complexidade de construção dos conhecimentos. Fomentando assim a capacidade
de desenvolvimento profissional do educador, pois a partir do mesmo ínsita a
oportunidade de sempre buscar somar para melhor desenvolver seu trabalho.
Pode-se ressaltar que a ampliação profissional de um educador, não está
pautada somente no conhecimentos cientifico, técnico e pedagógico, mas sim por
seu desenvolvimento docente, e a sua busca por qualidade e práticas pedagógicas.
Para Imbernón (2011), a formação é vista “como elemento de estímulo e de luta
16

pelas melhorias sociais e profissionais e promotora do estabelecimento de novos


modelos relacionais na prática da formação e das relações de trabalho”.
Para tal fim, esta busca de conhecimento, deve ser permanente e de forma
continuada, não a deixando ser desarticulada e pontual. Imbernón (2011), destaca
cinco eixos de atuação na formação permanente do docente, sendo elas: “reflexão
sobre a própria prática; troca de experiências com os pares; articulação da formação

a um projeto de trabalho; união das práticas profissionais às práticas sociais e


participação coletiva na instituição educativa”.
Segundo Imbernón (2011):

As competências necessárias para que o educador assuma a sua


profissionalização no âmbito educacional são as que possibilitam a
capacidade reflexiva em grupo. Por isso, o objetivo da formação deve ser o
de criar profissionais reflexivos ou investigadores enriquecidos com a sua
prática. Essa formação tem que considerar aquilo que o educador traz do
saber obtido pela experiência e do conhecimento comum. Ela vai além dos
aspectos pedagógicos e encontra-se vinculada a fatores não formativos e
que favorecem o desenvolvimento da autonomia compartilhada por todos.

Partindo do pensamento do autor, o educador é responsável por buscar a


facilidade da aprendizagem, com isso, o mesmo planeja estratégias de intervenção
educacional, trabalhando em consonância com a comunidade escolar, bem como
está em sua responsabilidade desenvolver, reformular (caso necessário) e avaliá-
las. Também está em suas mãos a análise e reflexão dos interesses que norteiam a
educação e realidade da sociedade, visando a autonomia do “pensar’ de seus
discípulos, visando assim a continua formação de seus conhecimentos enquanto
educador.
Na educação, o tema “formação de educadores”, vem sempre a ser discutido
na área educacional. Os estudos realizados acerca do tema, e as críticas feitas
sobre essa formação denotam, segundo Ramalho, Nuñez e Gauthier (2004, p. 21),
“[...] um modelo formativo, que identificamos como Modelo Hegemônico da
Formação (MHF), no qual se misturam tendências próprias do racionalismo técnico e
da formação academicista e tradicional”.
Sendo reforçados por Barbosa e Silva (2019), pois “Os desafios da sociedade
da informação colocam em “xeque os modelos escolares tradicionais”, assim como
17

do “desempenho docente” e, consequentemente, a eficácia de suas instituições


formadoras”.
No modelo descrito pelos autores acima citados, o educador vem apenas com
o papel de executar e reproduzir os saberes já reproduzidos por outros profissionais,
o que pode acarretar um modelo que ocasiona profunda dúvida e incerteza docente;
o que vemos que segundo Imbernón (2011), é que se devem criar profissionais
reflexivos ou investigadores enriquecidos.
18

3. ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
3.1 Os princípios da alfabetização e letramento

Segundo Mortatti (2008) em seus estudos, no período anterior à fundação da


República brasileira, a escrita e a leitura eram práticas oferecidas a elite brasileira,
e sua divulgação se dava de forma não sistemática pelas poucas escolas
existentes na época ou pelas próprias famílias. Com a proclamação da república,
por volta do século XIX, a educação passou a ser valorizada como meio de
acreditar que o país se modernizaria, realidade que estava acontecido em vários
países. Segundo os ideais republicanos, promover o ensino da leitura e da escrita
à população levaria a um desenvolvimento social muito desejável, pois facilitaria a
aquisição indiscriminada de conhecimento por todos.
Mortatti (2008) relata que para este governo, a oportunidade de ler e
escrever era suficiente para erradicar o analfabetismo, evidente no Brasil na época,
entretanto, o discurso político sempre prevalecia em agravo da própria prática. Foi
então, após a instauração da república, que a educação no Brasil começou a ser
sistematizada e disponibilizada gratuitamente aos interessados em aprender. No
entanto, as famílias preferem que as crianças se concentrem apenas no trabalho,
pois na maioria das vezes as mesmas trabalhavam para ajudar a renda familiar.
Para enfrentar essas dificuldades, o governo do Brasil implantou a educação
escolar considerando a prática da leitura e da escrita, submetida à ensino
organizado e proposital com o objetivo de levar o país a um equilíbrio social. Com
isso foi iniciado as construções escolas e instituições, para trazer um qualidade a
educação dos alunos. Após oficializados as instituições, foi observado a
necessidade de profissionais que soubessem a prática de ensinar, ou seja,
educadores que tivessem o preparo para encadear os métodos de alfabetização.
(MORTATTI, 2008)
No pensamento da autora, há desde sempre a necessidade de um tratamento
de qualidade nas instituições, contudo a pretensão é maior que a prática da
realizada nas escolas, pois na época a maioria dos professores não dispunham de
preparação para alfabetizar, e também não eram disponibilizados recursos para que
fossem realizados como se era esperado. Com isso, vemos a força que o estado
pode ter sobre a educação, desde os tempos iniciais.
19

Aprofundando nos estudos da pensadora, a mesma mostra como eram


dispostas as salas de aulas das instituições. Nas mesmas eram dispostas alunos de
diferentes séries, o que foi visto que atrapalhava – de certo modo – o trabalho dos
professores, bem como o entendimento dos alunos. Tais dificuldades eram mais
vistas também, como citado no parágrafo anterior, pela falta de recursos (materiais)
para trabalhar.
É sabido que nesta fase, o ensino aprendizagem, consistia tanto no
desempenho do professor em sala de aula, quanto dos alunos, para acontecer de
forma precisa; pelo fato da não disponibilidade de matérias para auxílio do ensino, a
educação ficava oposta a pretensão do governo da época, onde era que o alunos
das escolas “primárias” se tornassem capacitados de forma permanente na leitura e
escrita, porém não dando cobertura para o objetivo, e ficando os professores a
responsabilidade em sua totalidade.
Na figura 1, podemos ver uma amostragem das primeiras cartilhas do ABC,
sendo elas os primeiros materiais já impressos para a alfabetização da época, nas
mesma, como se pode observar constava apenas uma folha, com o alfabeto
manuscrito, e suas formas (maiúscula e minúscula).

Figura 1 – Carta do ABC

Fonte: https://pt.123rf.com/stock-photo
20

Na figura 2 e 3, podemos fazer uma rápida comparação com as diversas


inovações nos modelos dispostos atualmente, onde são encontradas de acordo com
a necessidade e querer do educador, e também dos pais dos alunos. A facilidade
vem agregada com a disponibilidade no acesso a estes materiais, que pode ser até
elencado com a evolução da tecnologia que traz hoje um suporte maior e
diferenciado aos educadores; pois é visto que pode-se encontrar no ambiente da
web diversos conteúdos e materiais didáticos e lúdicos para se trabalhar.
O acesso a estes materiais traz ao professor, uma ferramenta a mais em seu
modo de ensinar, trabalhando em conjunto com o prazer de estudar da criança, pois
podemos analisar apenas nas leituras das figuras 1, 2 e 3 suas diferenças, vemos
que na figura 1, mostras apenas o traçado das letras do alfabeto, fato que não
chama a atenção da criança para a cartilha (ponto primordial na educação Infantil),
tão pouco desperta sua curiosidade para a mesma; em comparação com as figuras
2 e 3, onde há imagens de desenhos com cores, diversas escritas e palavras.

Figura 2

Fonte: Autor Desconhecido


21

Figura 3

Fonte: Autor Desconhecido

Somente por volta do final do século XIX, que foram produzidas as primeiras
cartilhas, que foram baseadas no Método sintético, e consecutivamente no Método
analítico. Estas cartilhas foram utilizadas por muitos anos na alfabetização brasileira.
Sobre os métodos, Braslavsky (1971) afirma que:

Os métodos tradicionais de alfabetização agrupam se basicamente em dois


grupos: os sintéticos, que vão da leitura dos elementos gráficos (o
alfabético, o fônico, o silábico) à leitura da totalidade da palavra, e os
analíticos, que partem da leitura da palavra, da frase ou do texto, para
chegar ao reconhecimento de seus elementos: a sílaba ou a letra.
BRASLAVSKY (1971, p. 43-45)

Mortatti (2008), relata que as primeiras cartilhas que foram produzidas no


Brasil tinham por base o método de marcha sintética, isto é, o processo de leitura e
escrita que inicia-se da “parte para o todo”. Segundo a autora, nas mesmas haviam
os métodos a serem praticados pelos professores, assim como o conteúdo que
seriam trabalhados. Estas cartilhas eram de responsabilidades do governo – onde o
mesmo haviam educadores especializados na parte didática, e toda uma equipe
22

responsável desde a formatação da cartilha até sua publicação; logo após a


publicação eram distribuídos para as escolas públicas.
Este método foi modificado e adaptado ao longo do tempo, buscando
melhores resultados, para que o processo de alfabetização obtivesse êxito. Com
isso surgiram outras meios, conhecidos como abordagem alfabética, fonética e
silábica.
Para Dias (2001), o método sintético alfabético, primeiro a ser difundido em
nossas escolas, era aquele que iniciava o processo de ensino da leitura pelas letras
do alfabeto, apresentando-as aos alunos bem como seus respectivos nomes.
Almeida (2008), fala diz que:

O método alfabético ou de soletração caracteriza-se pela aplicação através


de uma sequência fixa baseada nos estímulos auditivos e visuais, sendo a
memorização o único recurso didático utilizado, pois, de acordo com
Carvalho (2010, p.22), “[...] o nome das letras é associado à forma visual, as
sílabas são aprendidas de cor e com elas se formam palavras isoladas.
[...]”. Esse método tem como objetivo a combinação entre letras e sons.
(ALMEIDA 2008 apud FONTES e BENEVIDES, 2012, p. 3)

Na figura 4, podemos analisar como o método sintético alfabético era


disposto, no mesmo o alfabeto era memorizado, para depois serem feitas as
combinações para a formação das famílias silábicas,

Figura 4 - Método sintético - Alfabético.


23

Fonte: https://g1.globo.com

Mortatti (2008) relata que notado neste método algumas dificuldades na


utilização – no que se refere ao aprendizado dos alunos – devido a fragmentação
utilizada, não foi obtido a articulação desejada entre o que era ensinado e o que era
esperado de aprendizagem do aluno. Devido ao fato de memorização das
combinações, tornava a leitura complexa, e com maiores divergências na
aprendizagem.
Com dificuldades na utilização do método sintético alfabético, foi proposto o
método sintético fonético – ressaltando que as mudanças eram propostas de acordo
com as necessidades encontradas –, que consistia em ensinar os sons da letras
apresentadas, e não os nomes, pois foi observado que em muitas letras o nome não
era compatível com a grafia da mesma, o que trazia transtornos no modo de
absorção da escrita e leitura. Na figura 5, é mostrado um exemplo de como eram
dispostas estas cartilhas.

Figura 5 Método sintético – Fonético

Fonte: rosangelaprendizagem.blogspot.com
24

Fontes e Benevides (2012, p.3) relata que no método fônico o processo se


dava outra forma, em que a criança começa pelo som das letras, unindo som da
consoante ao da vogal, pronunciando a sílaba formada.

[...] a atenção está direcionada à dimensão sonora da língua, assim, inicia-


se o processo ensinando a forma e o som das vogais, depois das
consoantes, em seguida, cada letra é aprendida como um fonema que,
unindo a outro, formam-se as sílabas e depois as palavras. (FONTES E
BENEVIDES, 2012, p.3)

Mesmo com as diversas adaptações e mudanças que ocorreram, dificuldades


ainda norteavam no ato de alfabetizar, ainda não satisfazendo os educandos e
alunos, foi proposto o Método silábico, também sintético; nele é introduzido silabas,
que combinadas ou repetidas formavam palavras, e consequentemente frases, onde
havia também ilustrações que começavam com a pronuncia das mesmas. Foi
demostrado na figura 6, este método.

Figura 6 - Método sintético – Silábico

Fonte: professorasilvanaprazeremeducar.blogspot.com
25

Sobre este método Dias (2001), ressalta que:

As críticas feitas aos métodos de orientação sintética ressaltaram a falta de


interesse, de motivação do aluno, que se vê obrigado a memorizar
(decodificar apenas) símbolos que lhe são estranhos. Além disso,
consideramos equivocado o ponto de partida escolhido por essa
abordagem, que é contrária à lógica de aprender do aluno: como vimos, o
início de tudo está na compreensão da totalidade (p.103).

Isto nos levar a crer que estes tipos de abordagens, contribuíram ainda que
sendo melhorados a cada observação, de forma não satisfatória ao processo de
alfabetizar. O que traz até os tempos atuais constantes buscas pela melhor forma de
transmitir o ler e escrever.
Mortatti (2008) diz que este momento na educação foi reconhecido por
debates intensivos em busca de soluções para as escolas do Brasil. Ambas
discussões vinham desde a organização metodológica, até a profissionalização dos
professores e seu conhecimento, pois era visto (na época) que não havia métodos
para a profissionalização dos professores, bem como as escolas não estavam
preparadas para promover a alfabetização de modo que satisfazem-se a sociedade.
A autora relata que:

Decorridos mais de cem anos desde a implantação, em nosso país, do


modelo republicano de escola, podemos observar que, desde essa época, o
que hoje denominamos “fracasso escolar na alfabetização” se vem impondo
como problema estratégico a demandar soluções urgentes e vem
mobilizando administradores públicos, legisladores do ensino, intelectuais
de diferentes áreas de conhecimento, educadores e professores. Nesse
sentido, houve a necessidade de se promover mudanças, principalmente no
que estava relacionado aos métodos de alfabetização utilizados até então
(MORTATTI, 2006, p. 3).

Perante as dificuldades encontradas na alfabetização nas escolas, foi visto a


necessidade de mudança, que ficava mais visível, sendo necessário superar os
fatores negativos desta questão. Com isso, por volta do anos de 1890, foi feita
reformas na educação, foi desenvolvido o Método Analítico.
Para Dias (2001) esse método era apenas uma forma de ampliar a vendagem
das cartilhas que o continham, uma vez que ele não surtia efeitos pedagógicos
significativos, o que se considerava importante para a aprendizagem.
A pensadora Mortatti (2016) conta que o método:
26

[...] baseava-se em princípios didáticos derivados de uma nova concepção –


de caráter biopsicofisiológico – da criança, cuja forma de apreensão do
mundo era entendida como sincrética. A despeito das disputas sobre as
diferentes formas de processuação do método analítico, o ponto em comum
entre seus defensores consistia na necessidade de se adaptar o ensino da
leitura a essa nova concepção de criança. (MORTATTI, 2016, p.7)

De acordo com Fontes e Benevides (2012, p. 4) esse método “tem como


ponto de partida unidades linguísticas maiores como palavras, frases ou pequenos
textos para depois conduzir a análise das partes menores que as constituem, como
as letras e as sílabas, supondo que, no reconhecimento global como estratégia
inicial” defendendo que a leitura é um ato global e audiovisual e que também está
dividida em três processos: Palavração, Sentenciação e Global.
Morais, Albuquerque e Leal (2008, p. 17) enunciam que esse processo se dá
da seguinte maneira:
[...] a criança é colocada diante de uma lista de palavras ditas e
compreendidas num processo oral, usando, assim, a técnica da
memorização, para o reconhecimento global de certa quantidade de
palavras da lista em combinações diferentes, para construírem sentenças
significativas e, na sequência, trabalhar as sílabas/letras até a criança se
tornar capaz de fazer, de forma automática, as conversões letras/sons.

Como mostra na figura 7, podemos ter a ideia de como é disposto este


método:
Figura 7 – Método Analítico

Fonte: Nova Escola


27

As escolas detinham a autonomia de escolher o método que seria utilizado,


por isso diversas escolas optavam pelos Métodos sintéticos, quanto Analíticos,
porém trazia uma lacuna, pela relação estre ambos. Com isso coube ao professor a
habilidade de escolher, de acordo com sua prática de ensino, o método que seria
utilizado por ele; porém sempre utilizando dos demais.
Com o livre arbítrio dos professores, podemos trazer para os dias atuais as
mesclas no modo de alfabetização, onde vemos os diversos modos de ensinar e
também a escolha por parte dos professores. Pois é analisado que as crianças em
seu próprio desempenho que na maioria das vezes é mais adepto uma um meio que
a outro. Pode-se ressaltar que ambos os métodos influenciam por sua complexidade
educação e o modo de alfabetizar de cada professor, seja eles em escolas públicas
ou escolas de reforço a criança.
Ambos os métodos trouxeram as inovações nos modos de alfabetizar e letrar
nos dias atuais, e fazem com que os modos de alfabetizar ganhem mais êxito ao
longo do passar da história da educação.

3.2 Alfabetização e Letramento

O de processo de ensinar é alvo de críticas e pesquisas voltadas para


entender como as crianças são alfabetizadas na sala de aula. Na maioria dos
casos, o processo de alfabetização visa ensinar os alunos a unificar vogais e
consoantes, não orientá-los, refletindo a importância da aquisição da leitura e da
escrita e uma forma de avançar, não só na educação básica nos anos
subsequentes, mas também na vida.
Então depende dos professores usarem de métodos para ensinar os alunos
a ler e escrever palavras, e também compreendê-los, em certas palavras, ensinar a
ler para o mundo e nossa sociedade, afinal, o processo de alfabetização e
letramento não se limita a decodificar sílabas e sons, mas alfabetizá-los sobre o
contexto em que estão inseridos na sociedade, como reforçado no segundo
capitulo desta pesquisa bibliográfica.
Ao longo dos anos, alfabetizar/e ou letrar, é ponto de controvérsias teóricas
bem como metodológicas, traz para a escola a exigência de profissionais que
saibam “dominar” a alfabetização e seus desafios, e que saibam se posicionar sobre
28

a mesma, pois tal ação influencia em relação as práticas pedagógicas que


possivelmente irão adotar ao longo de sua vida profissional.
O ato de alfabetização, se tem como complexo, e devemos contextualiza-lo
como também problematiza-lo juntamente com os mais interessados – as crianças -,
inserindo o aluno nesta realidade, ou seja, o de leitura de um mundo onde os
autores denominam de letramento, já o processo de decodificação de sons e
sílabas, muitos autores defendem como alfabetização, em sentido restrito. Nesta
perspectiva precisamos compreender os conceitos de alfabetização e letramento.
Sobre a alfabetização, SOARES 1985, afirma que:

Etimologicamente, o termo alfabetização não ultrapassa o significado de


levar à aquisição do alfabeto, ou seja, ensinar o código da língua escrita,
ensinar as habilidades de ler e escrever. Torna-se por isso, aqui,
alfabetização em seu sentido próprio: Processo de aquisição do código
escrito, das habilidades de escrita e leitura (SOARES, 1985, p. 20).

Kleimam (1995) traz uma nova dimensão social do processo de alfabetização,


tendo em vista que na sala de aula o docente é levado a observar a realidade de
cada aluno e aluna e como trazer essas realidades para facilitar na aquisição da
leitura e escrita, dessa forma surge o conceito de letramento que para a autora se
trata de um:

Conjunto de práticas sociais que usam a escrita, como sistema simbólico e


como tecnologia, em contextos específicos, para objetos também
específicos. É o conjunto de práticas do indivíduo ou grupo social,
relacionadas com a escrita determinadas e disponibilizadas pelas condições
sociais (KLEIMAN, 1995, p.29).

Segundo Vieira (2007), alfabetizar requer a ação de professores bem


preparados, numa perspectiva de reflexão crítica. Desta feita, o professor e a
professora alfabetizadores, devem estar em constante formação, buscando a cada
dia formas de garantir às crianças a aquisição da leitura e da escrita de forma
dinâmica e de fácil compreensão, estabelecendo a ligação entre escola e contexto
social.
Para isso, Garcia (1998), defende que a prática dos alfabetizadores deve ser
pautada num princípio teórico/epistemológico capaz de embasar uma postura
política, considerando a escola como um espaço de permanente construção,
desconstrução e reconstrução. Cabe ressaltar, entretanto, que aos professores é
29

imprescindível administrar a sua própria formação, uma das novas competências


necessárias para ensinar. Nesse contexto, formar-se é refletir sobre sua prática,
abandonar posturas e abraçar novas didáticas de forma contínua.
O conceito de letramento foi cunhado pela primeira vez pela autora Mary
Kato, em seu livro de 1986, “No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística’’.
Segundo ela, o letramento é o uso da linguagem escrita para a necessidade
individual de crescer cognitivamente, atendendo, assim, as várias demandas de uma
sociedade. Com o tempo, este conceito foi sendo utilizado, e posteriormente
aprimorado por vários pesquisadores.
Soares (2004), destaca que no período dos anos 1980 a alfabetização se
caracterizou por uma alternância que envolvia métodos sintéticos e métodos
analíticos, sendo que a criança teria que passar por um processo de aprendizagem
dependendo de estímulos, para, depois, ter o domínio na escrita e desenvolver
habilidades de leitura, ou seja, aprender a ler e a escrever, primeiramente, para
depois, passar para os complementos, como diz a autora. Nesse sentido,
compreendemos que no período citado, as práticas de ler e escrever passaram por
processos de transformação, levando as práticas que hoje conhecemos como
atividades de letramento.
A autora nos ensina que o letramento é um conceito bem recente e tem como
objetivo transformar o indivíduo em um ser letrado, ou seja, uma pessoa que domine
a leitura e a escrita. Segundo a autora, letramento é o resultado da ação de “letrar-
se’’, se dermos ao verbo “letrar-se’’ o sentindo de tornar-se letrado. Sendo assim,

letramento é palavra e conceito recentes, introduzidos na linguagem da


educação e das ciências linguísticas há pouco mais de duas décadas. Seu
surgimento pode ser interpretado como decorrência da necessidade de
configurar e nomear comportamentos e práticas sociais na área da leitura e
escrita que ultrapassem o domínio do sistema alfabético e ortográfico, nível
de aprendizagem da língua escrita perseguido, tradicionalmente, pelo
processo de alfabetização. (SOARES, 2004, 96)

O letramento pode, então, ser compreendido como o domínio que o indivíduo


possui com a leitura e a escrita, considerando-as como prática social e como aliada
da alfabetização. Ou seja, saber ler e escrever não é suficiente quando se trata de
aprendizagem. O letramento, dessa forma, surge não para tomar o lugar da
30

alfabetização, mas sim, para complementá-la por meio do desenvolvimento social e


pedagógico da criança.
Este termo foi ganhando importância com o desenvolvimento de pesquisas
que comprovaram que nem sempre o ato de ler e escrever garante que o indivíduo
compreenda o que lê e que escreve, ou seja, certos resultados demonstraram que
alguns alunos, mesmo não sendo totalmente alfabetizados, possuíam certo grau de
letramento, enquanto que outros alfabetizados, na maioria das vezes, não
compreendiam o que liam ou mesmo, não sabiam explicar o significado de sua
leitura. Assim, compreende-se que ler e escrever são muito mais do que decorar
palavras ou seguir regras gramaticais, é necessário a compreensão do que se lê e
do que se escreve, utilizando ambos os domínios como prática social, como
experiência e como desenvolvimento da aprendizagem.
Como afirma Soares:

Pessoas se alfabetizam, aprendem a ler e escrever, mas não


necessariamente incorporam a prática da leitura e da escrita. Não adquirem
competência para envolver-se com as práticas sociais de escrita: não leem
livros, jornais, revistas; não sabem redigir um ofício um requerimento, uma
declaração; não sabem preencher um formulário, sentem dificuldade para
escrever um simples telegrama, uma carta. (2000, p.46)

Para tornar-se letrado o indivíduo necessita apropriar-se da leitura e da


escrita, dominá-la. O nível de letramento depende das variedades de gêneros que o
aluno reconhece, ou seja, saber ler bulas, receitas, jornais, revistas e interpretá-las.
Sendo assim, compreende-se que o conceito de letramento, segundo Mattos
(2010, p.10) é ''a aprendizagem da leitura e da escrita e dependente de duas partes,
que embora sejam distintas, necessitam ser trabalhadas juntas, ao mesmo tempo,
essas partes são a alfabetização e o letramento.”
Muito se tem abordado sobre a inserção na linguagem escrita na educação
infantil, a quem diga que não é bom e a quem diga que é essencial no processo de
aprendizagem. Muitas das vezes, o processo de alfabetização na educação infantil é
tido como assustador, no entanto, como nos alerta Augusto (2011), é necessário se
entender e se aplicar de forma certa a alfabetização junto as crianças.
Para ela:
31

Os antigos métodos de alfabetização baseados em práticas exclusivamente


escolares, em exercícios repetitivos de coordenação motora e outros
destinados à prontidão para a escrita afastam as crianças de um contato
mais significativo com as manifestações de escritas de sua própria língua.
Tais métodos centram a atenção sobre as práticas de decodificação do
escrito, mas não no reconhecimento, na compreensão e fixação da
linguagem que se usa para escrever. (p.121)

Esses métodos repetitivos, como diz a autora, acabavam por atrapalhar o


desenvolvimento da criança, sendo assim, a mesma orienta que deve-se utilizar
novas formas de ensino, para não comprometer a sua formação. Ela explica que
existem formas de alfabetizar uma criança sem comprometer sua aprendizagem e
criando nela, o prazer de aprender de forma divertida. Um dos primeiros passos é a
leitura de histórias.

O trabalho a partir da linguagem escrita se inicia muito cedo, com a


curiosidade dos bebês que notam na entonação do adulto quando é hora de
conversar, de brincar e de ouvir histórias. É certo que um bebê muito
pequeno, não poderá compreender o significado de todas as passagens do
texto lido pelo seu professor, mas ler histórias para um pequeno grupo de
bebês, também é um jeito de cuidar da imaginação, da inteligência e dos
afetos das crianças. Quando organizamos uma roda, nos sentamos com as
crianças ou fazemos ninar ao som do ''era uma vez'', estamos ajudando-as
a construir a memória, o sentido de ouvir histórias pelas palavras de um
adulto afetivo. É um bom jeito de reconhecer, desde cedo, a diversidade de
sentidos que estão guardados nos livros que os adultos lhes apresentam.
(AUGUSTO 2011, p.125)

Na mesma direção Barbosa (2008) argumenta que a contação de Histórias é


uma das mais importantes possibilidades para a familiarização das crianças
pequenas com o universo da língua escrita, já que, “o livro de estórias, além de
representar um produto cultural historicamente legitimado, representa um objeto
“mágico” a ser explorado, que envolve não só a dimensão cognitiva mas também
aquela das emoções”. (p.27)
Retomando, Augusto (2011) afirma que a criança quando se encontra em
uma roda com outras crianças, participa de um processo pelo qual aprende sobre os
personagens, além de estar em um meio social que a familiariza com um ambiente
alfabetizador. As mesmas, ao ouvirem os adultos lhes contar histórias adquirem, em
seu imaginário, a capacidade de repetir essas histórias para outras crianças. Nesse
momento, ela está praticando o letramento. Para uma criança aprender a usar a
leitura e a escrita como domínio e como fator social, é necessário o incentivo dos
32

pais, familiares e dos professores. Se desde bebê os pais cantam ou contam


historinhas para seus filhos dormirem, eles estarão incentivando o gosto deles pela
leitura.
Para o aprimoramento do Letramento na Educação Infantil, podem ser
acrescentados além de contar histórias, podemos utilizar outras estratégias, tais
como: os jogos e as brincadeiras lúdicas, que promovem, um processo de
alfabetização diferenciado e que respeita as ideias desta fase do desenvolvimento
em que a criança se encontra.
Sendo reforçado por Kishimoto (2010), que atesta que o letramento na
educação infantil deve ser aplicado com o uso de objetos incentivadores, tais como:
livros, objetos de pintura que trabalham o desenvolvimento da criança, brinquedos,
artes e etc. De acordo com a autora, o letramento ou literária abrange modos e
práticas que ajudam no crescimento da criança, de cinco formas diferentes: a
linguagem falada, por meio de conversas em grupo, as músicas, a contação de
histórias, e, ainda, as brincadeiras e a apresentação de vídeos e filmes.
Para Coelho (2010), é necessário algumas habilidades, em espaços de
Educação Infantil, para inserir a criança ao letramento, como, por exemplo, colorir a
sala de aula, fixar cartazes das atividades por elas produzidas, produzir jogos e
brincadeiras que incentivem a criança a gostar de ler e escrever, para que não se
torne, assim, algo metódico. Para ela, o letramento deve ser trabalhado na sala de
aula, entrando no mundo da criança e respeitando a cultura na qual ela está
inserida, incluindo gêneros textuais e o contexto social.
Em relação à linguagem escrita, a autora esclarece que a mesma pode ser
potencializada por meio da estrutura do ambiente de educação, ou seja, o local em
que a criança aprende deve conter livros, cartazes colados nas paredes, para
incentivar a sua curiosidade. O uso de jornais, embalagens de alimentos, receitas de
cozinha e etc., contribuem para a aprendizagem. A imagem visual também pode ser
considerada outra estratégia utilizada, já que, ao ver um material/objeto a criança
adquire a capacidade de criar animações, desenhos, e assim por diante.

A prática do letramento é influenciada pela comunidade e família, assim


como a participação da cultura popular. A linguagem padrão acaba que
eliminando a cultura popular e isso causa dificuldades no processo de
letramento, pois muitas crianças não se expressam por haver variedades de
33

culturas e um entrave neste processo de aprendizagem. Kishimoto (2010,


p.27)
Tomando por base a prática de letramento, a criança precisa de cinco
auxiliares para se tornar letrada, que são: o ouvir, o falar, o ler, o ver e o escrever.
Enquanto que o ambiente em que a criança está propiciar o fundamental, ela se
interessará pela leitura e escrita, e o processo será, ainda, mais prazeroso e criativo.
O sucesso do letramento como prática social na educação infantil depende de
alguns fatores, são eles: a concordância entre o letramento, a diversidade de formas
de letramento, a qualidade dos ambientes de educação, os cuidados que se deve ter
com a criança pequena, e abordagens baseadas no brincar, envolvendo, também, a
cultura popular.
Acerca da prática de letramento nas escolas, podemos levantar estudos sobre
como as mesmas são direcionadas.
Para os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2000),

Letramento é entendido como produto da participação em práticas sociais


que usam a escrita como sistema simbólico e tecnologia. São práticas
discursivas que precisam da escrita para torná-las significativas, ainda que
às vezes não envolvam as atividades específicas de ler ou escrever. Dessa
concepção decorre o entendimento de que, nas sociedades urbanas
modernas, não existe grau zero de letramento, pois nelas é impossível não
participar, de alguma forma, de algumas dessas práticas (BRASIL, 2000, p.
23).

O estudo de Kleiman (2003) mostra que o letramento é considerado um


conjunto de práticas sociais que fazem uso da escrita. A autora elucida que as
práticas de letramento de um determinado indivíduo mudam conforme as condições
efetivas do uso de sua própria escrita e de seus objetivos.
Kleiman (2003) trabalha com dois tipos de concepção de letramento, “modelo
autônomo de letramento” e “modelo ideológico de letramento”. São dois fenômenos
distintos com contribuições específicas. O estudo de um tipo não nega o trabalho do
outro; pelo contrário, se complementam. No modelo autônomo:

A característica de “autonomia” refere-se ao fato de que a escrita seria,


nesse modelo, um produto completo em si mesmo, que não estaria preso ao
contexto de sua produção para ser interpretado; o processo de interpretação
estaria determinado pelo funcionamento lógico interno ao texto escrito, não
dependendo das (nem refletindo, portanto) reformulações estratégicas que
caracterizam a oralidade, pois, nela, em função do interlocutor, mudam-se
rumos, improvisa-se, enfim, utilizam-se outros princípios que os regidos pela
lógica, a racionalidade, ou consistência interna, que acabam influenciando a
forma da mensagem (KLEIMAN, 2003, p. 22).
34

Com isso, podemos afirmar que a escrita se dar por uma ordem diferente do
ato de se comunicar, devido a linguagem oral, devido as interações necessárias
para os interlocutores, tem uma função distinta, que assumem modos interpessoais
à linguagem, ou seja, ocorrem processos de construção da linguagem de acordo
com a situação, o que se defendia da escrita, que neste caso, é elaborado e
planejado antes de tudo.
Ressaltamos que o de letramento depende da prática das escolas e também,
das habilidades da criança em aprender. A escrita permite ao indivíduo executar
suas faculdades mentais complexas, aumentando sua condição de ter
conhecimento.
No “modelo ideológico de letramento”, percebemos também suas
contribuições para o entendimento da repercussão das práticas de leitura e escrita.
Para Kleiman (2003, p. 39), “os correlatos cognitivos da aquisição da escrita na
escola devem ser entendidos em relação às estruturas culturais e de poder12 que o
contexto de aquisição da escrita na escola representa”.
O material desenvolvido pelo Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da
Universidade Federal de Minas Gerais (CEALE, 2004) apresenta-se também como
uma outra contribuição para o estudo das práticas de leitura e escrita.
Segundo esse material o letramento é considerado:

Um processo de inserção e participação na cultura escrita. Trata-se de um


processo que tem início quando a criança começa a conviver com as
diferentes manifestações da escrita na sociedade (placas, rótulos,
embalagens comerciais, revistas, etc.) e se prolonga por toda a vida, com a
crescente possibilidade de participação nas práticas sociais que envolvem a
língua escrita (leitura e redação de contratos, de livros científicos, de obras
literárias, por exemplo) (CEALE, 2004, p. 13).

Para Soares (2004b, p. 18), letramento é “o resultado da ação de ensinar ou


de aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou
um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita”. Conforme a
autora, o envolvimento com as práticas sociais de leitura e escrita desencadeiam
mudanças no indivíduo, relacionadas aos aspectos sociais, psíquicos, culturais,
políticos, cognitivos e linguísticos.
35

O posicionamento de Soares (2004) sobre o adulto analfabeto enriquece um


pouco mais as questões envolvendo as práticas de letramento ainda na infância:

[...] se vive em um meio em que a leitura e a escrita têm presença forte, se


se interessa em ouvir a leitura de jornais feita por um alfabetizado, se
recebe cartas que outros leem para ele, se dita cartas para que um
alfabetizado as escreva (e é significativo que, em geral, dita usando
vocabulário e estruturas próprios da língua escrita), se pede a alguém que
lhe leia avisos ou indicações afixados em algum lugar, esse analfabeto é, de
certa forma, letrado, porque faz uso da escrita, envolve-se em práticas
sociais de leitura e de escrita (SOARES, 2004b, p. 24, grifos do autor).

As pesquisas de Carvalho (2005, 2007) elucidam com propriedade a


importância de se existir um trabalho pedagógico que prepare o aluno para as
características e funções da leitura.
Para a autora:

A leitura é mais eficiente quando os leitores conhecem as convenções, as


características, o tipo de estrutura própria do texto cuja leitura vão iniciar.
Livros didáticos, reportagens, fotonovelas, fábulas, crônicas, poesias e
contos são escritos diferentemente. Suas estruturas diversas obedecem a
convenções nem sempre muito claras para leitores iniciantes. Quanto mais
se conhecem as convenções do gênero, mais fácil é abordar o texto com
segurança (CARVALHO, 2007, p. 10).

Além desses aspectos, Carvalho (2005, 2007) afirma que o conhecimento


sobre o autor, a época e o lugar em que o texto foi escrito, a função do livro, se foi
produzido, por exemplo, para informar, vender um produto, divertir e transmitir
regras, favorecem na interpretação da leitura. Essas informações oferecem pistas ao
leitor, não apenas para conhecer a natureza do texto, mas contribuem para mostrar-
-lhe o objetivo de uma determinada leitura.
O domínio das características dos gêneros de textos garante o exercício das
práticas sociais de letramento. “Gêneros de texto são as diferentes ‘espécies’ de
texto, escritos ou falados, que circulam na sociedade e que são reconhecidos com
facilidade pelas pessoas” (CEALE, 2004, p. 17). Cada gênero tem uma função e
depende da intencionalidade do destinatário, dos espaços de circulação dos textos,
dos diversos suportes da escrita, da natureza das tecnologias e dos instrumentos
usados para o registro escrito.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (BRASIL, 2000,
p. 111-112), sugerem alguns gêneros discursivos para as séries iniciais.
36

Na tabela abaixo, está disposto apenas os que são mais acessíveis à criança
da fase inicial da alfabetização/e ou letramento, os mesmos são adequados para o
trabalho com a linguagem oral e linguagem escrita. É indispensável que o aluno
compreenda as especificidades de cada texto não apenas para garantir a
interpretação de sua leitura, mas também para torná-lo capaz de escrever qualquer
texto, a partir das características dos gêneros discursivos.

Linguagem Oral
 Contos (de fadas, de assombração, etc.), mitos e lendas populares;
 Poemas, canções, quadrinhas, parlendas, adivinhas, trava-línguas, piadas;
 Saudações, instruções, relatos;

Linguagem oral

 Receitas, instruções de uso, listas;


 Textos impressos em embalagens, rótulos, calendários;
 Cartas, bilhetes, postais, cartões (de aniversário, de Natal, etc.),
convites, diários (pessoais, da classe, de viagem, etc.);
 Quadrinhos, textos de jornais, revistas e suplementos infantis: títulos,
lides, notícias, classificados, etc.;
 Parlendas, canções, poemas, quadrinhas, adivinhas, trava-línguas,
piadas;
 Contos (de fadas, de assombração, etc.), mitos e lendas populares,
folhetos de cordel, fábulas;

O posicionamento de Carvalho (2007) e de outros estudos (CEALE, 2004;


MONTEIRO, 2006) identifica que o sucesso na formação das crianças depende das
características do trabalho pedagógico do professor. Se o educador priorizar, para o
início da alfabetização, apenas o ensino mecânico da decodificação (leitura dos
sinais gráficos/relação entre grafemas e sons) prejudicará a formação da capacidade
de obter a compreensão global do texto.
37

Os estudos apontam que a familiarização das características da leitura, por


meio de atividades contextualizadas, com conteúdo atraente e próximo da vida
escolar e da vida social do aluno, garante o alcance de resultados bem-sucedidos. É
importante ainda que o professor o incentive a levantar diferentes hipóteses,
reproduzir textos e criar novas histórias. Esse processo deve ocorrer antes de
ensinar o aluno a decodificar as letras e os sons. “Tornar os alunos atentos à
presença de ‘coisas escritas’ na vida cotidiana e fazê-lo perceber os vários usos
sociais da escrita e da leitura faz parte do processo de letramento” (CARVALHO,
2007, p. 14).
O processo de letramento na escola inicia-se a partir do contato com o
material escrito (jornal, revista, bula de remédio, folheto de propaganda, etc.) e da
exploração de suas características (percepção das diferenças, cor, cheiro,
espessura, ilustração, etc.). Em seguida a esses procedimentos, o professor precisa
realizar a explicação sobre a finalidade de cada texto, contribuição e riqueza.
Podemos ver com isso que tanto quanto a alfabetização e o letramento, vão
além do ler e escrever, e sim trazer a criança, mesmo que na fase inicial de sua
educação, para o mundo onde a mesma ira desenvolver-se.
38

4. A ALFABETIZAÇÃO E/OU LETRAMENTO SEGUNDO EDUCADORES DO


MUNICÍPIO DE IGARAPÉ DO MEIO

Obs: Contextualização e embasamento teórico para reforçar a respostas dos professores aqui
“entrevistados”

CONSIDERAÇÕES FINAIS
39

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