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Resíduos Sólidos

Processamento de
Resíduos Sólidos
Orgânicos
Guia do profissional em treinamento Nível 2
Rede Nacional de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental - ReCESA

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Resíduos Sólidos

Processamento de
Resíduos Sólidos
Orgânicos
Guia do profissional em treinamento Nível 2

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Promoção Rede de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental - ReCESA

Realização Núcleo Sudeste de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental - NUCASE

Instituições integrantes do Nucase Universidade Federal de Minas Gerais (líder) | Universidade Federal do Espírito Santo |
Universidade Federal do Rio de Janeiro | Universidade Estadual de Campinas

Financiamento Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia | Fundação Nacional de Saúde do Ministério
da Saúde | Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades

Apoio organizacional Programa de Modernização do Setor Saneamento-PMSS

Patrocínio FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais

Comitê gestor da ReCESA Comitê consultivo da ReCESA


· Ministério das Cidades; · Associação Brasileira de Captação e Manejo de Água de Chuva – ABCMAC
· Ministério da Ciência e Tecnologia; · Associação Brasileira de Engenharia Sanitária E Ambiental – ABES
· Ministério do Meio Ambiente · Associação Brasileira de Recursos Hídricos – ABRH
· Ministério da Educação; · Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública – ABLP
· Ministério da Integração Nacional; · Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais – AESBE
· Ministério da Saúde; · Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento – ASSEMAE
· Banco Nacional de Desenvolvimento · Conselho de Dirigentes dos Centros Federais de Educação Tecnológica – Concefet
Econômico Social (BNDES); · Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CONFEA
· Caixa Econômica Federal (CAIXA); · Federação de Órgão para a Assistência Social e Educacional – FASE
· Federação Nacional dos Urbanitários – FNU
· Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas – Fncbhs
· Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras
– Forproex
· Fórum Nacional Lixo e Cidadania – L&C
· Frente Nacional Pelo Saneamento Ambiental – FNSA
· Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM
· Organização Pan-Americana de Saúde – OPAS
· Programa Nacional de Conservação de Energia – Procel
· Rede Brasileira de Capacitação Em Recursos Hídricos – Cap-Net Brasil
Parceiros do Nucase
· Cedae/RJ - Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro
· Cesan/ES - A Companhia Espírito Santense de Saneamento
· Comlurb/RJ - Companhia Municipal de Limpeza Urbana
· Copasa – Companhia de Saneamento de Minas Gerais
· DAEE - Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo
· DLU/Campinas - Departamento de Limpeza Urbana da Prefeitura Municipal de Campinas
· Fundação Rio-Águas
· Incaper/Es - O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural
· IPT/SP - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo
· PCJ - Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí
· SAAE/Itabira - Sistema Autônomo de Água e Esgoto de Itabira – MG.
· SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
· SANASA/Campinas - Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A.
· SLU/PBH - Serviço de Limpeza Urbana da prefeitura de Belo Horizonte
· Sudecap/PBH - Superintendência de desenvolvimento da capital da prefeitura de Belo Horizonte
· UFOP - Universidade Federal de Ouro Preto
· UFSCar - Universidade Federal de São Carlos
· UNIVALE – Universidade Vale do Rio Doce

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Resíduos Sólidos

Processamento de
Resíduos Sólidos
Orgânicos
Guia do profissional em treinamento Nível 2

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R232 Resíduos sólidos : processamento de resíduos sólidos orgânicos :
guia do profissional em treinamento : nível 2 / Secretaria Nacional
de Saneamento Ambiental (org.). – Belo Horizonte : ReCESA, 2007.
68 p.

Nota: Realização do NUCASE – Núcleo Sudeste de Capacitação


e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental e coordenação de
Carlos Augusto de Lemos Chernicharo, Emília Wanda Rutkowski,
Isaac Volschan Junior e Sérvio Túlio Alves Cassini.

1. Resíduos sólidos urbanos. 2. Resíduos orgânicos –


processamento. 3. Composto orgânico. 4. Compostagem.
5. Saneamento urbano – planejamento e gestão. I. Brasil. Secretaria
Nacional de Saneamento Ambiental. II. Núcleo Sudeste de
Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental.

CDD – 628.4

Catalogação da Fonte : Ricardo Miranda – CRB/6-1598

Conselho Editorial Temático

Liséte Celina Lange – UFMG

Álvaro Luiz Gonçalves Cantanhade - UFRJ

Eglé Novaes Teixeira - UNICAMP

Profissionais que participaram da elaboração deste guia

Professor Álvaro Luiz Gonçalves Cantanhade


Professora Liséte Celina Lange
Consultores Wesley Schettino de Lima (conteudista) | Izabel Chiodi Freitas (validadora)
Bolsistas Christiny Schuery Amaral | Isabela Oliveira Fazzi

Créditos

Composição Final
Cátedra da Unesco - Juliane Correa | Maria José Batista Pinto
Adeíse Lucas Pereira | Sara Shirley Belo Lança

Projeto Gráfico e Diagramação


Marco Severo | Rachel Barreto | Romero Ronconi

Impressão
Artes Gráficas Formato Ltda

É permitida a reprodução total ou parcial desta publicação, desde que citada a fonte.

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda4 4 18/2/2008 20:58:07


Apresentação da ReCESA

A criação do Ministério das Cidades no de políticas setoriais. O projeto de estrutu-


Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ração da Rede de Capacitação e Extensão
em 2003, permitiu que os imensos desafios Tecnológica em Saneamento Ambiental
urbanos passassem a ser encarados como polí- – ReCESA constitui importante iniciativa
tica de Estado. Nesse contexto, a Secretaria nesta direção.
Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA)
inaugurou um paradigma que inscreve o sane- A ReCESA tem o propósito de reunir um conjunto
amento como política pública, com dimensão de instituições e entidades com o objetivo de
urbana e ambiental, promotora de desenvolvi- coordenar o desenvolvimento de propostas
mento e da redução das desigualdades sociais. pedagógicas e de material didático, bem como
Uma concepção de saneamento em que a técnica promover ações de intercâmbio e de exten-
e a tecnologia são colocadas a favor da prestação são tecnológica que levem em consideração as
de um serviço público e essencial. peculiaridades regionais e as diferentes políticas,
técnicas e tecnologias visando capacitar profis-
A missão da SNSA ganhou maior relevância e sionais para a operação, manutenção e gestão
efetividade com a agenda do saneamento para dos sistemas de saneamento. Para a estruturação
o quadriênio 2007-2010, haja vista a decisão da ReCESA foram formados Núcleos Regionais e
do Governo Federal de destinar, dos recur- um Comitê Gestor, em nível nacional.
sos reservados ao Programa de Aceleração do
Crescimento – PAC, 40 bilhões de reais para Por fim, cabe destacar que este projeto ReCESA
investimentos em saneamento. tem sido bastante desafiador para todos nós.
Um grupo, predominantemente formado por
Nesse novo cenário, a SNSA conduz ações em profissionais da engenharia, mas, que compre-
capacitação como um dos instrumentos estra- endeu a necessidade de agregar outros olhares
tégicos para a modificação de paradigmas, o e saberes, ainda que para isso tenha sido neces-
alcance de melhorias de desempenho e da quali- sário “contornar todos os meandros do rio, antes
dade na prestação dos serviços e a integração de chegar ao seu curso principal”.
∙ Comitê gestor da ReCESA

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Nucase Os guias

O Núcleo Sudeste de Capacitação e Extensão A coletânea de materiais didáticos produ-


Tecnológica em Saneamento Ambiental – zidos pelo Nucase é composta de 42 guias
NUCASE tem por objetivo o desenvolvimento que serão utilizados em oficinas de capacita-
de atividades de capacitação de profissionais ção para profissionais que atuam na área do
da área de saneamento, nos quatro estados da saneamento. São seis guias que versam sobre
região sudeste do Brasil. o manejo de águas pluviais urbanas, doze
relacionados aos sistemas de abastecimento
O NUCASE é coordenado pela Universidade de água, doze sobre sistemas de esgotamento
Federal de Minas Gerais – UFMG, tendo como sanitário, nove que contemplam os resíduos
instituições co-executoras a Universidade sólidos urbanos e três terão por objeto temas
Federal do Espírito Santo – UFES, a Universidade que perpassam todas as dimensões do sane-
Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e a Universidade amento, denominados temas transversais.
Estadual de Campinas – UNICAMP. Atendendo
aos requisitos de abrangência temática e de Dentre as diversas metas estabelecidas pelo
capilaridade regional, as universidades que inte- NUCASE, merece destaque a produção dos
gram o NUCASE têm como parceiros, em seus Guias dos profissionais em treinamento,
estados, prestadores de serviços de saneamento que servirão de apoio às oficinas de capa-
e entidades específicas do setor. citação de operadores em saneamento que
Coordenadores institucionais do Nucase possuem grau de escolaridade variando do
semi-alfabetizado ao terceiro grau. Os guias
têm uma identidade visual e uma abordagem
pedagógica que visa estabelecer um diálogo
e a troca de conhecimentos entre os profis-
sionais em treinamento e os instrutores. Para
isso, foram tomados cuidados especiais com
a forma de abordagem dos conteúdos, tipos
de linguagem e recursos de interatividade.
Equipe da central de produção de material didático - CPMD

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda6 6 18/2/2008 20:58:09


Apresentação da
área temática:
Resíduos sólidos urbanos

A série de guias relacionada aos resíduos


sólidos urbanos resultou do trabalho cole-
tivo que envolveu a participação de dezenas
de profissionais. Os temas que compõem esta
série foram definidos por meio de uma consulta
aos serviços de limpeza urbana dos municípios,
prefeituras, instituições de ensino e pesquisa
e profissionais da área, com o objetivo de se
definir os temas que a comunidade técnica
e científica da região Sudeste considera, no
momento, os mais relevantes para o desenvol-
vimento do projeto pelo Nucase.

Os temas abordados nesta série dedicada aos


resíduos sólidos urbanos incluem: Gestão
integrada de resíduos sólidos urbanos;
Processamento de resíduos sólidos orgânicos;
Saúde e segurança do trabalho aplicada ao
gerenciamento de resíduos sólidos urbanos;
Gerenciamento de resíduos da construção
civil; Gerenciamento dos resíduos de serviços
de saúde e perigosos; Projeto, operação e
monitoramento de aterros sanitários.

Certamente há muitos outros temas importantes


a serem abordados, mas considera-se que este
é um primeiro e importante passo para que se
tenha material didático, produzido no Brasil,
destinado a profissionais da área de saneamento
que raramente têm oportunidade de receber
treinamento e atualização profissional.
Coordenadores da área temática de resíduos sólidos urbanos

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07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda8 8 18/2/2008 20:58:10
Sumário

Introdução .................................................................................. 11
Resíduos sólidos orgânicos ......................................................... 15
Geração de resíduos orgânicos .......................................... 19
Compostagem ............................................................................25
Tratamento e disposição final de resíduos sólidos no Brasil .....27
Fases da compostagem ......................................................29
Usos e benefícios da compostagem....................................35
Planejamento, operação e monitoramento de sistemas de
compostagem ............................................................................ 41
Primeira etapa: diagnóstico ................................................42
Segunda etapa: requisitos legais ........................................44
Terceira etapa: sistema de compostagem ...........................48
Quarta etapa: implantação de sistema de leiras revolvidas .52
Quinta etapa: solução de problemas operacionais
e controle de qualidade do composto orgânico gerado ......59
Reavaliando os conhecimentos ....................................................65
Referências Bibliográficas ...........................................................68

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07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda10 10 18/2/2008 20:58:10
Introdução

Caro Profissional,

Você já analisou seu lixo hoje? Se não, pegue a sua ganhos podem ser percebidos na agricul-
lixeira e a examine com cuidado. Provavelmente tura, no saneamento básico como um todo,
você encontrará restos de alimentos, cascas de na área da saúde, etc. Por outro lado, esses
frutas e verduras, além de materiais poten- mesmos sistemas podem trazer problemas
cialmente recicláveis. Faça isso todos os dias e quando mal gerenciados, por exemplo, um
constatará, abismado, a quantidade de alimentos composto produzido em desacordo com os
aproveitáveis que nós desperdiçamos e só nos padrões para sua utilização na agricultura
damos conta disso quando alguma reportagem, oferece riscos às culturas vegetais e ao
a respeito do assunto, é passada na televisão e, próprio homem, pois ele pode ser tóxico
assistimos chocados, milhares de pessoas se devido a presença de metais pesados. E
alimentando das sobras de nossas mesas. nós, profissionais, instrutores e monitores,
somos responsáveis para que o problema
Por outro lado, você deve estar se questio- descrito e outros não ocorram.
nando: e quanto aos alimentos que realmente
não podem ser aproveitados? O que fazemos Dessa maneira, organizamos este guia divi-
com eles? A realidade nos mostra que a maior dindo-o em três conceitos chave:
parte desses resíduos vai parar em lixões ou
aterros, causando problemas como: dimi- - Resíduos sólidos orgânicos;
nuição da vida útil de sistemas de disposição - Compostagem;
final de resíduos, aumento da geração de - Planejamento, operação e monitoramento
chorume (lixiviado), entre outros. de sistemas de compostagem.
E esperamos com essa divisão orientar e facilitar
Assim, esse guia propõe a você uma refle- nossas atividades e estudos.
xão sobre a importância do processo de
compostagem na gestão e gerenciamen- Antes de seguirmos adiante, sugerimos que você
to dos resíduos orgânicos. Uma vez que faça a atividade a seguir demonstrando seus
os sistemas de compostagem sejam bem conhecimentos prévios sobre o tema abordado
planejados, operados e monitorados, os neste guia.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 11

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda11 11 18/2/2008 20:58:11


OBJETIVO: Atividade 1 - Avaliando os conhecimentos
- Propor soluções
para alguns Você, Profissional, sabe que no processo de compostagem existem
problemas obser- vários problemas, assim nossa primeira tarefa, que será realiza-
vados no processo da coletivamente, consiste em propor soluções para resolver os
de compostagem. mesmos.

Para tanto, enumeramos algumas pilhas de compostagem e listamos


os seus respectivos problemas, conforme você pode ver a seguir. É
para elas que você e seus colegas deverão propor soluções, além
disso deverão citar as possíveis causas dos problemas observados.

Após a resolução dos problemas, as respostas serão apresentadas,


discutidas e guardadas para posterior reavaliação ao final da ativi-
dade de capacitação.

Pilha 1 Possíveis Causas

∙ Presença de
pragas; Possíveis Soluções

∙ O processo de
decomposição
está muito lento.

12 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

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Pilha 2 Possíveis Causas

∙ Maus odores.
OBS.: foi observado uma
Possíveis Soluções

elevada produção de

chorume proveniente

dessa leira.

Pilha 3 Possíveis Causas

∙ Observou-se
um atraso no Possíveis Soluções

crescimento dos
microrganismos.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 13

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda13 13 18/2/2008 20:58:14


Pilha 4 Possíveis Causas

∙ O processo de
compostagem Possíveis Soluções

cessou devido à
morte dos
microrganismos.

Pilha 5 Possíveis Causas

∙ Maus odores,
decorrentes do Possíveis Soluções

acelerado consumo
de oxigênio.

Agora que você e seus colegas demonstraram suas capacidades de resolver os


problemas, vamos aprofundar um pouco mais sobre estas questões e dessa
maneira, aprimorar ainda mais os nossos conhecimentos.

14 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

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Resíduos Sólidos Orgânicos OBJETIVOS:

- Discutir o
conceito de resíduos
orgânicos, suas
características e os
problemas gerados
pelos mesmos
A geração de resíduos sólidos é inerente ao ser humano, ou seja,
- Contextualizar
desde muito tempo atrás a geração de resíduos sólidos nos acom-
a situação dos
panha. Porém, nos últimos anos, essa geração cresceu muito (um
resíduos orgânicos
ser humano gera por volta de 0,5 kg de resíduo por dia) devido ao
no Brasil;
crescimento populacional, o consumismo desenfreado, as facilidades
e novas tecnologias da vida moderna como: alimentos industriali-
- Propor possíveis
zados, as embalagens variadas de produtos domésticos (sabão em soluções aos
pó, produtos de limpeza, etc), lâmpadas, pneus, telefones celulares, problemas gerados
máquinas de lavar, computadores, etc. pelos resíduos
orgânicos.
Todos esses produtos, depois de consumidos, acabam virando resí-
duos sólidos, porém, nem tudo que vai parar no lixo é lixo realmente,
ou seja, aquilo que não tem mais serventia ou valor para uns, pode
ser usado por outros. Isso está bem retratado no filme “Ilhas das
Flores” que discute a questão do desperdício de alimentos, os proble-
mas decorrentes dos resíduos sólidos, a geração de resíduos sólidos
orgânicos, entre outros.

Assim, assista ao filme: “Ilha das Flores” de Jorge Furtado. Fique


atento aos problemas causados pelos resíduos sólidos, pois mais
adiante será realizada uma atividade com base no filme.

Como já comentado, o tema do filme aborda a questão socio-econô-


mica que envolve os resíduos sólidos, em especial os resíduos sólidos
orgânicos. Mas o que vem a ser resíduo sólido orgânico? Quais suas
características?

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 15

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda15 15 18/2/2008 20:58:25


Os resíduos orgânicos são a parcela de resíduos constituída por matéria orgânica putrescível, isto
é, são resíduos facilmente degradáveis pela ação de microrganismos. Eles são: pó de café e chá,
cabelos, restos de alimentos, cascas e bagaços de frutas e verduras, ovos, legumes, alimentos
estragados, ossos, aparas e podas de jardim, esterco animal, serragem, entre outros.

Putrescível: passível de apodrecer; aquilo que apodrece.

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http://www.naturlink.pt/uploads/%7B8CA59C3A-
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Fonte - http://farm1.static.flickr.

Serragem Cascas de legumes e verduras

Depois de conceituar os resíduos orgânicos, vamos fixar esse conceito acompanhando a leitura
do texto “Lixo” com a realização de um exercício em seguida. Perceba os diferentes tipos
de resíduos mencionados durante a leitura, especialmente os resíduos sólidos orgânicos.

Lixo
Encontram-se na área de serviço. Cada um – O meu o quê?
com seu pacote de lixo. É a primeira vez que – O seu lixo.
se falam. – Ah…
– Bom dia… – Reparei que nunca é muito. Sua família deve
– Bom dia. ser pequena…
– A senhora é do 610. – Na verdade sou só eu.
– E o senhor é do 612. – Mmmm. Notei também que o senhor usa
– É. muita comida em lata.
– Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente… – É que eu tenho que fazer minha própria co-
– Pois é… mida. E como não sei cozinhar…
– Desculpe a indiscrição, mas tenho visto o – Entendo.
seu lixo… – A senhora também…

16 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

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– Me chame de você. – Isso você também descobriu no lixo?
– Você também perdoe a minha indiscrição, – Primeiro o buquê de flores com o cartãozinho,
mas tenho visto alguns restos de comida em jogado fora. Depois, muito lenço de papel.
seu lixo. Champignons, coisas assim… – É, chorei bastante, mas já passou.
– É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pra- – Mas hoje ainda tem uns lencinhos… É que
tos diferentes. Mas como moro sozinha, às eu estou com um pouco de coriza.
vezes sobra… – Ah.
– A senhora… você não tem família? – Vejo muitas revistas de palavras cruzadas
– Tenho, mas não aqui. em seu lixo.
– No Espírito Santo. – É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não
– Como é que você sabe? saio muito. Sabe como é.
– Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito – Namorada?
Santo. – Não.
– É. Mamãe escreve todas as semanas. – Mas há uns dias tinha uma fotografia. Isso signi-
– Ela é professora? fica que, no fundo, você quer que ela volte.
– Isso é incrível! Como foi que você adivinhou? – Você já está analisando o meu lixo!
– Pela letra no envelope. Achei que era letra de – Não posso negar que o seu lixo me interessou.
professora. – Engraçado. Quando examinei o seu lixo, de-
– O senhor não recebe muitas cartas. A julgar cidi que gostaria de conhecê-la. Acho que
pelo seu lixo. foi a poesia.
– Pois é… – Não! Você viu meus poemas?
– No outro dia tinha um envelope de telegrama – Vi e gostei muito.
amassado. – Mas são muito ruins!
– É. – Se você achasse eles ruins mesmo, teria
– Más notícias? rasgado. Eles só estavam dobrados.
– Meu pai. Morreu. – Se eu soubesse que você ia ler…
– Sinto muito. – Só não fiquei com eles porque, afinal, estaria
– Ele já estava bem velhinho. Lá no Sul. Há roubando. Se bem que, não sei: o lixo da
tempos não nos víamos. pessoa ainda é propriedade dela?
– Foi por isso que você recomeçou a fumar? – Acho que não. Lixo é domínio público.
– Como é que você sabe? – Você tem razão. Através do lixo, o particular
– De um dia para o outro começaram a aparecer se torna público. O que sobra da nossa vida
carteiras de cigarro amassadas em seu lixo. privada se integra com a sobra dos outros.
– É verdade, mas consegui parar outra vez. O lixo é comunitário. É a nossa parte mais
– Eu, graças a Deus, nunca fumei. social. Será isso?
– Eu sei. Mas tenho visto uns vidrinhos de – Bom, aí você já está indo fundo demais no
comprimidos no seu lixo… lixo. Acho que…
– Tranqüilizantes. Foi uma fase. Já passou. – Ontem, no seu lixo…
– Você brigou com o namorado, certo? – O quê?

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 17

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda17 17 18/2/2008 20:58:29


– Me enganei, ou eram cascas de camarão? – É.
– Acertou. Comprei uns camarões graúdos e – Não quero dar trabalho.
descasquei. – Trabalho nenhum.
– Eu adoro camarão. – Vai sujar a sua cozinha
– Descasquei, mas não comi. Quem sabe a – Nada. Num instante se limpa tudo e põe os
gente pode… restos fora.
– Jantar juntos? – No seu lixo ou no meu?
Luis Fernando Veríssimo. Porto Alegre: L&PM, 1981, p. 83
Em: http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/coea/guiadoformador6.pdf - Acesso Junho de 2007

E então? O que você achou do texto? Podemos de fato ir “fundo demais no lixo...” e explorar
muitas reflexões sobre o que representa o nosso lixo de cada dia. Mas para este momento,
vamos apenas explorar a classificação dos resíduos.

Atividade 2
Procure extrair do texto os resíduos citados e classifique-os em:
orgânicos e não orgânicos. Em seguida, discuta com seus cole-
gas, reunidos coletivamente, as razões de sua classificação.

Orgânicos Não orgânicos

Como foi seu desempenho na classificação dos resíduos? Esperamos que não tenham restado
mais dúvidas sobre o que venha a ser resíduos orgânicos e suas características. Agora vamos
dar continuidade às nossas atividades, contextualizando a geração de resíduos sólidos em
nossas casas, municípios, no Brasil e no mundo.

18 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

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Geração de resíduos orgânicos no Brasil e no mundo

Você tem idéia do percentual de resíduos sólidos orgânicos gerados em sua casa? Quais são
as principais fontes geradoras de resíduos orgânicos?

Estudos mostram que o percentual de resíduos orgânicos gerados em países em desen-


volvimento como o Brasil é alto, e os fatores desse alto percentual de geração vão desde
desconhecimento do valor nutricional de alguns alimentos até a aquisição ou não de produtos
industrializados, dependendo da cultura regional e do nível de renda da população.

Para nos ajudar a clarear mais a situação sobre qual o percentual de resíduos orgânicos é
gerado no Brasil, analise os gráficos de composição gravimétrica de alguns países ao redor
do mundo e fique atento aos percentuais de matéria orgânica apresentados por cada país e
em especial ao nosso. E com base no percentual gerado no Brasil, tente responder a primeira
pergunta novamente.
Gráficos de composição gravimétrica
Gráficos de composição gravimétrica
Brasil Estados Unidos
16.2 1.6 5
24.5
34
Vidro

2.9 Papel/Papelão
44
2.3
52.5 7 Plástico
10

Europa Japão Metal


9.7 9.8 1
Matéria Orgânica
40
28.1
9.5 Outros
36

9.2 7.2 2.5 7

Suécia México
19 7 8.2
10.4

30 20

3.8
33
3.2
5 6
54.4

Índia Peru
1.3 10 3.2
0.2 2 1 0.1 32
2.1
18.7

78 51.4

Guia do formador, em http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/coea/guiadoformador6.pdf - Acesso Junho de 2007

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 19

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Atividade 3

Depois da análise dos gráficos, reflita e discuta as seguintes


perguntas:

Por que os resíduos gerados diferem tanto de um país para o outro?

Por que nossos resíduos apresentam tão alto percentual de matéria


orgânica?

Provavelmente, devido à experiência prática e observações, você, Profissional, deve ter


constatado que uma boa parte dos resíduos sólidos orgânicos é composta de restos de
alimentos das mesas brasileiras, feiras, sacolões, supermercados, entre outros. Além
disso, deve ter apontado o desperdício de alimentos como sendo uma das razões para
os altos percentuais de matéria orgânica encontrados no lixo brasileiro. Estudo realizado
pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no Centro de Agroindústria
de Alimentos ratifica o que sabemos na prática: o brasileiro joga fora mais do que
aquilo que come. Em hortaliças, por exemplo, o total anual de desperdício é de 37
quilos por habitante. Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) mostram que, nas dez maiores capitais do Brasil, o cidadão consome 35 quilos
de alimentos ao ano — dois a menos do que o total que joga no lixo. Contudo, não
há estudos conclusivos que determinem o desperdício nas casas e nos restaurantes,
mas estima-se que a perda no setor de refeições coletivas chegue a 15% e, nas nossas
cozinhas, a 20%.

A partir das análises feitas dos gráficos e da reflexão sobre os altos percentuais de matéria
orgânica nos resíduos sólidos gerados no Brasil vamos assistir ao vídeo “Pessoas que se
alimentam de lixo”.

Procure perceber a qualidade dos alimentos encontrados no lixo e aproveitados por outras
pessoas.

20 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda20 20 18/2/2008 20:59:24


Atividade 4

Agora, que já confirmamos o que já sabíamos a respeito do desper-


dício de alimentos, reflita, discuta e proponha ações viáveis a serem
adotadas em nossos lares e municípios que possam diminuir o
desperdício de alimento. Anote essas ações e tente implementá-las
na sua vida diária, entre seus familiares e amigos, e no município
onde você mora e trabalha, assim como no seu serviço.

Ao propormos ações para a diminuição de resíduos sólidos orgânicos nos nossos lares e vizinhan-
ças, mudaríamos a situação dos resíduos sólidos no Brasil. Isso requer mudanças de pequenas
atitudes do dia-a-dia que se tornam significativas para a sociedade. Porém, essas mudanças
podem trazer novos desafios para os quais devemos estar preparados e abertos em aceitá-los.
Por exemplo, se a composição dos nossos resíduos começasse a se assemelhar com a composi-
ção dos resíduos gerados no Japão, quais os novos desafios que surgiriam? Estamos preparados
em aceitá-los? Ao analisarmos a situação do lixo no mundo relacionado a alguns aspectos como
densidade demográfica e nível de renda, nós encontraremos diferentes realidades para os mais
variados países, sistematizados no quadro abaixo.

1. Densidade demográfica: baixa. 2. Densidade demográfica: alta.


Nível de renda: alto. Nível de renda: alto.

Característica do lixo: Alta geração per capita. Característica do lixo: Alta geração per capita.
Alto teor de embalagens e grande parcela de resí- Alto teor de embalagens.
duos de jardinagem.
Gestão do lixo: Coleta total do lixo, com foco em
Gestão do lixo: Coleta total do lixo. Aterro sanitário programas de coleta seletiva. Incineração usada para
como principal forma de destinação. Algumas gerar energia. Aterro sanitário, com controles
iniciativas de reciclagem, dependendo da região. ambientais, como forma de destinação final

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 21

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda21 21 18/2/2008 20:59:25


3. Densidade demográfica: baixa. 4. Densidade demográfica: alta.
Nível de renda: baixo. Nível de renda: baixo.

Característica do lixo: Baixa geração per capita. Característica do lixo: Média geração per capita.
Alto teor de restos de alimentos. Teor médio de embalagens e alto de restos de
alimentos.
Gestão do lixo: Coleta inadequada do lixo. Lixão
como principal forma de destinação. Gestão do lixo: Coleta inadequada do lixo. Crescen-
te preocupação em fechar lixões e criar aterros
sanitários com controles ambientais. Indústrias de
reciclagem abastecidas por catadores trabalhando
nas ruas e nos lixões.

Essas diferenças, já discutidas por nós, são influenciadas pelo poder aquisitivo da sociedade.
Assim, em sociedades mais abastadas o percentual de resíduos orgânicos é baixo, pois o
consumo de produtos industrializados, inclusive alimentos, é alto. Já em países cujo poder
aquisitivo é baixo, o consumo de alimentos in natura é elevado.

Podemos perceber no texto e no quadro que a questão do lixo em nosso país é algo muito
complexo e que precisa de uma atenção por parte da população e também dos gestores.
Vamos refletir um pouco mais sobre isso.

Atividade 5

Assim, com a sua experiência e a abordagem do texto, responda as


seguintes perguntas:

De maneira geral, em qual situação (1,2,3 e 4) se encontra o Brasil?


E o seu município? O que você acha desta condição?

22 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda22 22 18/2/2008 20:59:25


Em que outra situação (1, 2, 3 e 4) o Brasil poderia estar? Quais a
vantagens e dificuldades dessa outra situação proposta por você?

Bom, profissional, nós vimos que há uma grande quantidade de matéria orgâ-
nica presente em nossos resíduos e essa grande quantidade causa impactos
negativos em diversas outras áreas, como mostrado no filme “Ilha das Flores”
que inicia as nossas atividades. Para fixarmos esses problemas, vamos realizar
a atividade a seguir.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 23

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda23 23 18/2/2008 20:59:26


Atividade 6

Enumere os problemas relacionados aos resíduos, principalmente


aos resíduos orgânicos, percebidos durante a exibição do filme: Ilha
das Flores. Cite outros problemas, além dos apresentados no filme,
que afetam o meio-ambiente, a saúde coletiva, o saneamento básico
(abastecimento de água, tratamento de esgoto sanitário e drenagem
urbana) e a sociedade como um todo?

Qual(is) outra(s) solução(ões) você e seus colegas proporiam para


diminuir os impactos causados pelos resíduos orgânicos em nossos
municípios. E por quê? Quais os benefícios dessa(s) nova(s) solução(ões)
e as dificuldade(s)?

Enfim, profissional, nós chegamos ao fim do primeiro conceito chave: “Resíduos sólidos orgâni-
cos” onde foram abordados: o conceito de resíduos sólidos orgânicos, o contexto no qual se inserem
no Brasil, os problemas causados por eles e soluções a esses problemas. Dentre uma das soluções
para minimizar este problema se encontra a compostagem, nosso próximo conceito chave.

24 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda24 24 18/2/2008 20:59:26


Compostagem OBJETIVOS:

- Apresentar
o conceito de
compostagem;

- Discutir sobre
quais resíduos
Por favor, dê uma olhada na sua resposta à última pergunta do podem ser tratados
no processo de
conceito chave anterior. Possivelmente, você e alguns dos seus cole-
compostagem;
gas apontaram a compostagem como uma solução para minimizar
os impactos gerados pelos resíduos sólidos orgânicos. Mas o que é
- Contextualizar a
compostagem? Quando esse processo surgiu? Como é feita? Quais
situação da compos-
resíduos usar? Quais os parâmetros que interferem no processo?
tagem no Brasil;
Enfim, esperamos responder essas perguntas e outras que devem
estar martelando em sua cabeça. Para isso, vamos fazer a leitura, indi- - Apresentar e
vidualmente, do texto: “Compostagem”. Fique atento ao conceito discutir as fases
apresentado, pois serão realizadas atividades que necessitam dele. do processo de
compostagem;

Compostagem - Apresentar e
discutir a respeito
A compostagem é praticada desde a antiguidade, principalmente pelos dos parâmetros
orientais. As técnicas empregadas eram artesanais e o composto orgâ- que interferem na
nico obtido era empregado na produção de cereais. compostagem;

Só após 1920, Sir Albert Horward desenvolveu o processo “Indore”, - Discutir os


na Índia, definindo procedimentos para o estudo da fermentação de benefícios da
resíduos sólidos, resultando na utilização de leiras sobre o solo. A partir compostagem;
daquela data, uma série de outros processos foi surgindo. Nos dias de
hoje, devido aos avanços tecnológicos, muitos sistemas de composta- - Discutir sobre o
gem são totalmente operados e controlados por computadores. produto gerado na
Adaptado de www.eq.ufrj.br - Acesso Junho de 2007
compostagem.

Podemos perceber neste texto que a prática de compostagem vem de


longa data e em cada tempo, ela vem redefinida pelos suportes tecno-
lógicos atualizados.

Agora que temos esta compreensão do processo histórico, vamos verificar


como se define compostagem.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 25

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda25 25 18/2/2008 20:59:27


De acordo com o IBAM (Instituto Brasileiro de Administração Municipal,
compostagem é vista como o processo natural de decomposição biológi-
ca de materiais orgânicos (aqueles que possuem carbono em sua estrutura
como: folhas secas, jornal, palha de cereais, entre outros), de origem
animal e vegetal, pela ação de microorganismos. Para que ele ocorra
não é necessária adição de qualquer componente físico ou químico à
massa do lixo.
Em www.ibam.org.br

Indore: Cidade comercial situada no centro da Índia.

Fermentação: Processo de transformação química acompanhada de efervescência.

Se pela compostagem ocorre a decomposição dos materiais orgânicos, podemos então


confirmá-la como uma das soluções a ser empregada aos resíduos sólidos orgânicos. Porém,
nem todos os resíduos sólidos, e isso inclui os orgânicos, podem passar pelo processo de
compostagem. Para exercitarmos um pouco sobre esta situação, você e seus colegas farão uma
atividade que tem por objetivo classificar os resíduos que podem ser ou não compostados, além
de expor as razões para isso.

Atividade 7
A seguir há uma lista de resíduos dos mais variados que devem ser separados
conforme as categorias apresentadas e serem dadas as razões para que deter-
minado resíduo possa ou não ser compostado.

Lista de resíduos

- Cinzas de lareiras e de fogão - pilhas; - algas marinhas;


a lenha; - conchas de lagosta; - ervas daninhas
- carvão mineral e vegetal, - podas de arbustos; (sem semente);
penas de aves (galinha, peru, etc.); - folhas de árvores; - fezes de animais de
- cascas de verdura; - jornais; estimação;
- plantas doentes; - alumínio; - borracha natural;
- carne; - serragem; - medicamentos;
- papel colorido; - pós de couro; - sacos de chá,
- aparas de grama; - vidro; - cereais;
- latas de alumínio.

26 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda26 26 18/2/2008 20:59:27


Podem ser Compostados Não podem ser compostados

Agora que nós consolidamos esses conceitos de compostagem e resíduos sólidos orgânicos,
vamos contextualizar a situação do processo de compostagem no Brasil frente às demais
formas de tratamento e disposição final (reciclagem, incineração e aterro sanitário).

Tratamento e disposição final de resíduos sólidos no Brasil

Define-se tratamento como uma série de procedimentos destinados a reduzir a quantidade


ou o potencial poluidor dos resíduos sólidos, seja impedindo descarte de lixo em ambiente
ou em local inadequado, seja transformando-o em material inerte ou biologicamente estável.
As principais formas de tratamento empregadas aos resíduos são: reciclagem, incineração,
compostagem e aterro sanitário. Este último, além de ser um tratamento, é também uma
forma de disposição final adequada aos resíduos. Outras formas de disposição final são: ater-
ros controlados e lixões. Os lixões devem ser permanentemente evitados, pois sua presença
gera impactos negativos como: poluição do solo, água e ar; dissemina doenças por meio de
vetores (ratos, moscas, baratas, entre outros); degrada a paisagem, etc.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 27

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda27 27 18/2/2008 20:59:28


Dentre as formas de tratamento já mencionadas, encontra-se a compostagem. Mas como
ela se encontra no Brasil? Para responder essa pergunta, primeiramente, faça a análise do
gráfico. Em seguida, discuta com seus colegas os questionamentos tendo por base sua
análise do gráfico.

Situação dos Resíduos no Brasil

3%
21%

Lixões
37% Aterro Sanitário

Usina de Compostagem

Aterro Controlado

Outros

36%
3%

Atividade 8

Após a análise, reflita e discuta com seus colegas, reunidos em um único


grupo, as seguintes perguntas:

Por que o número de estações de compostagem no Brasil é tão inexpres-


sivo em relação às demais formas de tratamento e disposição final, uma
vez que o percentual de matéria orgânica é tão alto? Veja novamente os
gráficos de composição gravimétrica de alguns países já apresentados.

Como a compostagem poder vir a se tornar uma forma de tratamento


mais utilizada em nosso país? Anote as sugestões surgidas durante a
discussão e tente implementá-las em seu município.

28 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda28 28 18/2/2008 20:59:29


Fases da compostagem

Nós definimos no início do conceito chave que compostagem é um processo. E esse processo
apresenta etapas bem definidas que o caracteriza. Mas, qual o objetivo de se conhecer essas
características? Como identificá-las? Essas perguntas serão respondidas, fazendo a leitura
individual do texto: “Fases da compostagem”.

Fases da Compostagem
Para se ter um controle da decomposição que ativa ou fermentação e maturação ou cura. A
se processa durante a compostagem é neces- fase de biodegradação ativa, quanto a variação
sário ter conhecimento das características das de temperatura, pode ser classificada como
fases que compõem essa forma de tratamento mesófila e termófila. Abaixo, estão expostas as
de resíduos. O processo normalmente é dividi- características de cada fase do processo de
do em dois momentos (fases): biodegradação compostagem e seus respectivos nomes.

Características das Fases Nome da fase

Início da compostagem; Biodegradação ativa: Mesófila


Temperatura: ente 40 e 45°C;
Microrganismos: bactérias e fungos produtores
de ácidos;
Alta relação Carbono/Nitrogênio (C/N).

Temperatura: entre 65 e 70°C; Biodegradação ativa: Termófila


Microrganismos: bactérias, fungos (actinomicetes).

Temperatura: ente 40 e 45°C; Biodegradação ativa: Mesófila


Aspecto visual: cor escurecida;
Baixa relação Carbono/Nitrogênio (C/N).

Temperatura: próxima à do ambiente externo; Maturação: Criófila


Microrganismos: protozoários, nematóides
(minhocas), formigas, miriápodes (lacraia, cento-
péia), vermes e insetos.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 29

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda29 29 18/2/2008 20:59:33


Profissional, perceba que o conjunto de parâmetros apresentados indica se o processo de
compostagem está ocorrendo de forma a se ter, ao final, um produto dentro dos padrões
exigidos para sua utilização. Porém, as variações desses parâmetros, para mais ou para
menos, podem interferir no processo, uma vez que são eles que asseguram condições para
o desenvolvimento dos microrganismos e da sucessão ecológica, responsáveis pela decom-
posição dos resíduos sólidos.
Alguns microrganismos já foram citados no texto anterior. Mas, o que é sucessão ecológica?
Para sanar essa dúvida, acompanhe a leitura do texto: “Sucessão ecológica” feita por um
orador escolhido pela turma.

Sucessão ecológica
É o nome dado à seqüência de comunida- a ocuparem uma região, local, etc), seguido
des, desde a colonização até a comunidade por comunidades intermediárias que apre-
clímax para determinado ecossistema. sentam um nível maior de diversificação e,
finalmente a comunidade clímax, quando a
Numa sucessão, temos inicialmente as co- comunidade atinge seu grau máximo de de-
munidades pioneiras (primeiros seres vivos senvolvimento e equilíbrio.

Em www.wikipedia.org - Acesso Junho de 2007

30 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda30 30 18/2/2008 20:59:34


No texto “Fases da compostagem” nós verificamos a sucessão ecológica ocorrendo
ao longo do processo de decomposição. Assim, garantir condições necessárias para que
a sucessão ocorra é vital à sobrevivência dos microrganismos e, conseqüentemente, ao
desenvolvimento do processo de compostagem. Vejamos alguns microrganismos a seguir:
Diagrama das comunidades da compostagem
Comunidades na Compostagem

Comunidades na Compostagem

Pioneiras Intermediárias Clímax


images/20061030/bacteria.jpg
http://thecrespo.cracked.com/

actinomyceter,%20dyrket.jpg
dk/~nogj/Aquatic/Aquaculture/
http://www.staff.kvl.

jpg?v=0
com/157/382184151_c9790991da.
http://farm1.static.flickr.
Bactérias Fungos (Actinomicetes) Protozoários (giárdia)
jpg?v=0
com/142/400211176_36fcc32437.
http://farm1.static.flickr.

Miriápodes (lacraia)

Conforme comentamos anteriormente, os parâmetros de determinação do grau de decom-


posição dos resíduos são diversos. Listamos na tabela a seguir os de interesse para a
compostagem. Além disso, nela também você encontrará algumas informações que poderão
auxiliá-lo no controle da decomposição que se processa durante a compostagem.

Parâmetros Informações

Temperatura
ratura ideal, esse parâmetro se torna decisivo para o processo de
compostagem. Além disso, a temperatura garante a eliminação dos
microrganismos patogênicos do composto final, desde que se assegu-
re temperatura em torno de 60 a 65ºC. Valores a acima de 70°C levam
à morte dos microrganismos, cessando, o processo de compostagem.
E se a temperatura estiver abaixo dos 60°C, o que acontece?

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 31

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda31 31 18/2/2008 20:59:35


Parâmetros Informações

Umidade A umidade propicia a decomposição da matéria orgânica e o deslo-


camento nas leiras ou pilhas dos microrganismos. Seu valor médio
ideal, no processo de compostagem, fica em torno de 50%. Os valores
mínimo e máximo recomendáveis são 40 e 60%, respectivamente.
Valores abaixo do mínimo podem levar à inibição da atividade micro-
biana e acima a emanação de maus odores.

Oxigênio A compostagem é um processo aeróbio, ou seja, somente em presença


de ar que os microrganismos são capazes de se desenvolverem e
realizarem a decomposição dos resíduos. Assim, valores de concen-
tração de oxigênio superiores a 10% podem garantir boas condições
aeróbias. E o que acontece se a concentração de oxigênio for menor
do que 10%?

pH A faixa ótima de pH para o desenvolvimento dos microrganismos está


situada entre: 5,5 e 8,5. Se o pH estiver fora da faixa estabelecida, o
que pode ocorrer ao processo?

Tamanho Quanto menor o tamanho das partículas, mais fácil se torna a decom-
das partículas posição pelos microrganismos. Na prática, o tamanho das partículas
da massa de compostagem deve situar-se entre 1 a 5 cm, e diâmetro
médio = 3,5 cm. Valores menores que 1 cm podem causar compac-
tação do material, levando à diminuição da atividade microbiana.

Relação Os microrganismos absorvem os elementos carbono (C) e nitrogênio


Carbono-Nitrogênio (N) numa proporção ideal. O carbono é a fonte de energia para que
C/N o nitrogênio seja assimilado na estrutura dos microrganismos. A
melhor relação entre C/N em uma pilha de composto está em torno
de 25 a 30 partes de carbono para uma parte de nitrogênio. O que
poder ocorrer se a relação C/N estiver muito fora, para mais ou para
menos, da faixa indicada?

Assim, vimos que vários são os parâmetros que devem ser controlados para que a compos-
tagem se processe eficientemente e, mais à frente, veremos que o controle dos parâmetros
garante também a qualidade do produto gerado nesse processo.

32 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda32 32 18/2/2008 20:59:37


Você Sabia?
Os seguintes materiais possuem altas concentrações de Carbono:
folhas secas; palha de cereais; aparas de madeira ou serragem;
casca de árvores; papel picado; jornal; serragem; jornal ou papelão
corrugado.
Já os seguintes materiais são ricos em Nitrogênio: restos de vegetais;
polpa e pó de café; resto de frutas; aparas de grama; esterco bovino;
esterco de aves (fresco); esterco de cavalo.
Fábio César da Silva, em http://www.iac.sp.gov.br/Curso_Reciclagem/2Fabio_Compostagem.pdf - Acesso Junho de 2007

Comentamos no início que os parâmetros podem variar. Assim, profissional, com as infor-
mações até aqui apresentadas e discutidas e sua experiência prática, vamos participar da
atividade que tem por objetivo verificar quais as conseqüências observadas no processo de
compostagem quando os parâmetros variam e responder aos questionamentos do quadro
relativo aos parâmetros.

Atividade 9

No quadro a seguir verifica-se a presença, no lado esquerdo, das


variações dos parâmetros e, no lado direito, os possíveis efeitos
provocados pelas variações dos parâmetros. Porém, alguém emba-
ralhou os efeitos de maneira que eles não mais correspondem às
variações dos parâmetros. A tarefa consiste em arrumar de novo o
quadro, restabelecendo corretamente as relações entre as variações
dos parâmetros e os efeitos. Depois de arrumarem o quadro, vocês
socializarão as respostas.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 33

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda33 33 18/2/2008 20:59:38


Quadro com as correspondências embaralhadas

(1) Temperatura maior do que 65°C. Processo lento de compostagem

(2) Temperatura inferior a 35°C. Morte dos microrganismos, cessando o processo de


compostagem.

(3) Tamanho das partículas para a Crescimento dos microrganismos é atrasado devido à
compostagem muito grande. falta de nitrogênio (azoto).

(4) Relação C/N muito inferior a 25/1. Não ocorre o início do processo de compostagem.

(5) Umidade superior a 60% Condições anaeróbias no interior das leiras, retardando a
degradação da matéria orgânica.

(6) Temperatura inferior a 55°C Inibição da atividade microbiana.

(7) Relação C/N superior a 40:1 Compactação, conseqüentemente pode ocorrer a


liberação de maus odores.

(8) Umidade inferior a 30% Presença de microrganismos patogênicos.

(9) Concentrações de oxigênio inferior a 5% Consumo acelerado de oxigênio, podendo levar a


condições de anaerobiose (conseqüência = mau cheiro).

(10) Leiras muito altas (maior do que 2m) Maus odores.

Essa atividade se encontra disponível no software: “Bacia Hidrográfica Virtual”

Com a atividade acima, fica claro que, caso não haja um controle dos parâmetros, todo o processo
de compostagem fica comprometido. Dessa maneira, o que deveria ser uma solução aos resíduos
orgânicos, passa a ser mais um problema para enfrentarmos.

34 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda34 34 18/2/2008 20:59:39


Você, profissional, deve ter notado também que alguns desses parâmetros são mais fáceis
de serem controlados, necessitando de equipamentos simples como termômetro.

Pensando nisso, uma maneira prática de controlar a decomposição, se encontra no texto:


“Para controle da decomposição”. Faça a leitura do mesmo e depois discuta com seus
colegas sobre a aplicabilidade do processo prático no seu trabalho.

Para controle da decomposição


Nós já vimos uma forma de controle da de- ra na pilha de composto, deixando-a enterrada
composição dos resíduos sólidos orgânicos: permanentemente. Ao removê-la e se a mes-
a temperatura (leia o texto: “Fases da compos- ma estiver:
tagem” novamente). - Fria e molhada: não está havendo fermenta-
ção, provavelmente por excesso de água na
Com um termômetro pode-se acompanhar massa;
o processo de compostagem, medindo-se a - Levemente morna e seca, com traços de fi-
temperatura em uma profundidade entre 40 e lamentos brancos de micélio de fungos: a
60 cm. pilha necessita de mais água;
- Quente, úmida e manchada de pardo escuro: as
Outra maneira de acompanhar o processo de condições para compostagem estão corretas.
compostagem é por meio do teste da vara de - Livre de “barro preto”, com cheiro de mofo, po-
madeira. O teste avalia o grau de maturação dendo ser introduzida de volta na pilha com faci-
do composto. Introduz–se uma vara de madei- lidade: o composto está pronto para ser usado.

Adaptado de http://www.soloplan.agrarias.ufpr.br/compostagem.htm - Acesso Junho de 2007

Até o presente momento, nós discutimos a respeito do conceito de compostagem, quais resí-
duos podem ser compostados e que o processo sofre interferência de diversos parâmetros,
entre outros. Mas o que constitui a compostagem? Para que serve? E quais são os benefícios
trazidos pela compostagem? É sobre este assunto que trataremos a seguir.

Usos e benefícios da compostagem

A compostagem, mais especificamente, o produto gerado pela compostagem propicia inúme-


ros benefícios para a nossa sociedade. Mas antes de explorarmos esta questão resta-nos ainda
entender qual é o produto gerado pelo processo de compostagem para então sabermos quais
seus benefícios. Acompanhe a leitura do texto: “Produto da compostagem e seus benefícios”
feita por um orador escolhido pela turma.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 35

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda35 35 18/2/2008 20:59:41


Produto da compostagem e seus benefícios
O produto gerado a partir da compostagem de O húmus torna o solo poroso, permitindo a aera-
resíduos orgânicos, em especial os resíduos ção das raízes, retenção de água e dos nutrientes.
domiciliares, é conhecido como composto or- Os nutrientes minerais podem chegar a 6% em
gânico ou fertilizante orgânico. peso do composto e incluem o nitrogênio, fósforo,
potássio, cálcio, magnésio e ferro, que são absor-
O composto orgânico produzido tem como prin- vidos pelas raízes das plantas.
cipais características a presença de húmus e nu-
trientes minerais e sua qualidade é função da maior O composto orgânico pode ser utilizado em qual-
ou menor quantidade destes elementos. quer tipo de cultura associado ou não a fertilizantes
químicos. Pode ser utilizado para corrigir a acidez
do solo e recuperar áreas erodidas.
Adaptado de www.ibam.org.br - Acesso Junho de 2007

Esse produto, porém, deve apresentar alguns requisitos para ser empregado na agricultura, em
jardins, hortas, entre outros, que são: estar livre de metais pesados e organismos patogênicos.

Metais pesados são metais altamente reativos e bio-acumulativos, ou seja, muitos organismos
não são capazes de eliminá-los. Os seres vivos necessitam de pequenas quantidades de
alguns desses metais, incluindo cobalto, cobre, manganês, molibdênio, vanádio, estrôncio,
e zinco, para a realização de funções vitais no organismo. Porém, níveis excessivos desses
elementos podem ser extremamente tóxicos. Outros metais pesados como o mercúrio,
chumbo e cádmio não possuem nenhuma função dentro dos organismos e a sua acumulação
pode provocar graves doenças, sobretudo nos mamíferos. Quando lançados na água, no solo
ou no ar, esses elementos podem ser absorvidos pelos vegetais e animais das proximidades,
provocando graves intoxicações ao longo da cadeia alimentar.

Organismos patogênicos são organismos biológicos capazes de produzirem enfermidades ou


danos na biologia de um hospedeiro (humano, animal, vegetal, etc.) sensivelmente predisposto,
em outras palavras, podem causar doenças como disenterias bacterianas.

Você sabia?
Disenterias bacterianas são doenças causadas por diversas bactérias como a Shigella e a

Salmonella, e por outros bacilos patogênicos. Essas doenças são transmitidas pela ingestão de

água e alimentos contaminados, exigindo todas pronto atendimento médico. Sua profilaxia só

pode ser feita através de medidas de saneamento e melhoria das condições sócio-econômicas das

camadas menos favorecidas da população.

Adaptado de : www.expoente.com.br - Acesso Junho de 2007

36 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda36 36 18/2/2008 20:59:42


Nós já conceituamos metais pesados e, agora profissional, vamos ver como eles estão presentes
em nosso dia-a-dia e como eles afetam nossa saúde através da atividade 10.

Atividade 10

Alguém embaralhou as colunas dos “Riscos à Saúde” e “Onde Encontrar”


do quadro a seguir, de maneira que não há mais correspondência
entre: Metal Pesado – Riscos à Saúde – Onde Encontrar. Sua tarefa
e de seus colegas de grupo é arrumar o quadro de maneira que se
estabeleça novamente a correspondência: Metal Pesado – Riscos
à Saúde – Onde Encontrar. O objetivo desse exercício é destacar a
importância de se evitar a presença de metais pesados no composto
produzido, devido aos riscos para a saúde humana.

Metais Pesados Riscos à Saúde Onde Encontrar

(1) Arsênio Atinge o sistema nervoso, a Cerâmica,


medula óssea e os rins. impermeabilizantes, pilhas.

(2) Cádmio Atinge os sistemas: cardiovascu- Interruptores, baterias e


lar, respiratório e nervoso. pilhas e amaciantes.

(3) Mercúrio Problemas respiratórios e efeitos Couro curtido, madeira e


neurotóxicos. corantes.

(4) Cromo Concentra-se em diversas partes Secantes em tintas e verni-


do corpo como: pele, cabelo, zes, pilhas secas, vidros e
pâncreas, fígado, rins, etc. produtos farmacêuticos.

(5) Manganês Problemas gastrintestinais e Inseticidas e herbicidas


respiratórios.

(6) Chumbo Provoca irritação e, em doses Baterias, pilhas, papéis,


elevadas, câncer. plásticos e pigmentos.

Essa atividade se encontra disponível no software: “Bacia Hidrográfica Virtual”

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 37

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda37 37 18/2/2008 20:59:43


Vimos, então, que os resíduos sólidos apresentam metais pesados e esses mesmos resíduos devem
ser evitados no processo de compostagem, o que justifica o exercício que fizemos de classificar
os resíduos em: “podem ser compostados” e “não podem ser compostados”. O mesmo
raciocínio se aplica aos patógenos, os compostos orgânicos produzidos devem estar livres desses
organismos, para isso é importante se controlar o processo de compostagem.

Até aqui vimos qual o produto gerado na compostagem e a importância de fazê-la corretamente
para que seus benefícios, como fertilizante orgânico, sejam garantidos. Agora vamos aprofun-
dar um pouco mais sobre esses benefícios. Para tal, vamos acompanhar a leitura dos textos
“Compostagem e a produção de figos” e “Compostagem e a criação de suínos”.

Compostagem e a produção de figos


Um grande produtor de figo em Valinhos tra- Foi elaborado um projeto e ele começou a bus-
balha há 8 anos com compostagem e pratica- car alternativas. Foi atrás de matérias-primas
mente faz a adubação básica com composto no mercado, pois dispunha somente de restos
orgânico para todas as lavouras, que somam das podas dos figais na propriedade para fazer
mais de 40 hectares de figo em produção. a compostagem. As matérias-primas são ad-
quiridas de fora, como: grande volume de cas-
Antes ele tinha problemas com a produção, ca de eucalipto, nas firmas de papel e celulose
pois a adubação química em larga escala da região (de onde também se obtém as cin-
predispunha o desequilíbrio nutricional e con- zas da queima de madeira nas caldeiras), um
seqüentemente maior utilização de venenos. pouco de calcário, esterco de suíno, galinha,
Tudo isso estava fazendo com que o custo de curral e bagaço de cana. Todas as matérias-
produção fosse alto. Segundo ele, o gasto em primas somam 450 toneladas em cada batida
venenos era equivalente ao valor de um cami- de composto.
nhão Mercedez por ano.

http://farm1.static.flickr.com/22/33031821_071687f16a.jpg?v=0

38 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda38 38 18/2/2008 20:59:44


Compostagem e a criação de suínos
Outro exemplo é de um grande produtor de O trabalho resultou num processo em que se
suínos da região de Capivari, que inclusive faz mistura esterco de suínos, chorume, bagaço
composto para vender. Em 92, quando co- de cana, cinza de usina, torta de filtro, um pou-
meçou o trabalho, tinha problemas sérios de co de esterco de galinha também, para fazer
poluição, pois são cerca de 2.500 matrizes, balanceamento, e um pouco de fosfato natural
aproximadamente 25 mil animais, que produ- e calcário. Inocula nesta massa microorganis-
zem por volta de 250 mil litros de chorume ou mos de aceleração e em 50 dias tem o produto
cerca de 10 toneladas/dia de esterco (matéria pronto para comercialização.
úmida). É um volume muito grande, que era
despejado em grande parte no ribeirão, cau- São cerca de 400 a 500 toneladas/mês, colo-
sando inclusive problemas com a CETESB cadas no mercado, oferecido aos produtores
(Companhia de Tecnologia de Saneamento orgânicos e não orgânicos da região (num raio
Ambiental – São Paulo). de até 250 km), que gostariam de produzir com
matéria orgânica.

9b82e4cc37.jpg?v=0
http://farm1.static.flickr.com/52/106534758_
Adaptado de Fernando Figueiredo, http://www.ecosigma.com.br/artigo.php?id=52 - Aceesso Junho de 2007

Com os exemplos acima, fica claro que a compostagem é uma forma de tratamento para
resíduos sólidos que propicia inúmeros benefícios, que vão desde individuais como: geração
de lucro na produção, até ganhos coletivos como: preservação do meio ambiente. Vamos
agora sistematizar esses benefícios por meio da atividade a seguir.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 39

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda39 39 18/2/2008 20:59:45


Atividade 11

Para tanto, responda as perguntas: quais os benefícios que a compos-


tagem traz:

Você Sabia?
Para o meio ambiente e conseqüentemente para preservação da bacia
Bacia Hidrográfica é uma hidrográfica e dos recursos hídricos?
área natural cujos limites são
definidos pelos pontos mais
altos do relevo (divisores
de água ou espigões dos
montes ou montanhas) e
dentro da qual a água da
chuva é drenada superfi-
cialmente por um curso de
água principal até sua saída
da bacia, no local mais baixo
do relevo, ou seja, na foz do
curso de água.

Para a saúde tanto dos seres humanos, quanto de animais e


comite/bacia_picture_.jpg
http://www.cbhsmt.com.br/

plantas?

40 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda40 40 18/2/2008 20:59:46


Para as áreas: social e econômica dos municípios e do país?

Nós chegamos ao final do nosso segundo conceito chave: “Compostagem” onde foram
abordados os conceitos de compostagem, qual a realidade desse processo no Brasil, as
fases que o compõem, seus benefícios e o produto gerado. Diante da compreensão deste
processo de tratamento dos resíduos sólidos no contexto da nossa sociedade, resta-nos
entendermos ainda como colocá-lo em prática. Considerando que você já tem uma expe-
riência acumulada nesta prática, vamos então dialogar um pouco sobre o planejamento,
operação e monitoramento de sistemas de compostagem.

Planejamento, operação e OBJETIVOS:

- Discutir as
monitoramento de sistemas de informações
necessárias para
compostagem implantação de um
sistema de com-
postagem em um
município qualquer;
Nos dois conceitos-chave anteriores, você, Profissional, viu que a
geração de resíduos sólidos orgânicos é alta e ao mesmo tempo, o - Apresentar e
processo de compostagem não é uma forma de tratamento muito discutir aspectos
utilizada em nosso país. Além disso, muitos municípios, que aposta- legais e de
ram na compostagem, viram suas usinas fecharem, pois os projetos infra-estrutura
de implantação das mesmas não foram avaliados corretamente. dos sistemas de
compostagem,
especialmente os
sistemas de leiras
revolvidas;

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 41

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda41 41 18/2/2008 20:59:47


OBJETIVOS: Diante dessa realidade, os municípios, que querem ver seus planos
relativos aos resíduos sólidos se concretizarem e perdurarem por
Discutir e dimen-
longos anos, devem fazer um planejamento consistente de implan-
sionar pátios de
tação e acompanhamento da operação.
compostagem;

Neste sentido, vamos trabalhar um pouco sobre algumas etapas


- Construir e
discutir soluções importantes para a garantia de um processo eficiente e viável de
para os problemas consolidação de um projeto de compostagem.
operacionais
dos sistemas de
compostagem, Primeira etapa: diagnóstico
especialmente para
os sistemas de
leiras revolvidas; Sempre que planejamos alguma coisa, este planejamento se faz a
partir de uma realidade existente. Muitas vezes temos noção de que
- Discutir sobre algo poderia ser melhor, algo está faltando ou está excedendo pelo
os requisitos
simples fato de observarmos cotidianamente o ambiente em que
necessários para
estamos atuando.
a comercialização
dos fertilizantes
Então podemos dizer que sempre estamos diagnosticando as situa-
orgânicos produzi-
ções do dia-a-dia, mas quando temos em vista um projeto amplo e
dos no processo de
compostagem. complexo, temos que sistematizar um diagnóstico daquela realidade
sobre a qual vamos projetar alguma coisa.

Por isso é importante utilizar o diagnóstico na fase preliminar à implan-


tação de qualquer empreendimento ligado a gestão e gerenciamento de
resíduos. Mas o que vem a ser o diagnóstico? Quais informações devem
estar contidas nele? Para responder essas perguntas, faça individualmente
a leitura do texto: “Diagnóstico”.

42 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda42 42 18/2/2008 20:59:48


Diagnóstico
O diagnóstico é um estudo aprofundado da situação atual no município em questão. Nesta primeira
etapa são abordados os diversos temas ligados à gestão e ao gerenciamento de resíduos sólidos.

No caso dos resíduos sólidos orgânicos, as informações necessárias podem ser vistas sistema-
tizadas a seguir. É importante lembrar que o quadro apresentado pode não conter todas as infor-
mações necessárias para se implantar um sistema de compostagem de um particular município.
Desta maneira, o quadro que se segue deve ser usado como referência.

Características do - Existência de mercado para materiais


município - Aspectos climáticos; recicláveis e composto orgânico;
- Aspectos topográficos, geológicos e - Existência de associação de
geotécnicos; catadores, etc.;
- Aspectos da fauna e flora; - Receptividade e engajamento da popu-
- Potencial turístico; lação às questões ligadas aos resíduos
- Características sócio-culturais; sólidos;
- Histórico de crescimento demográfico - Levantamento de possíveis áreas
do município; para implantação de sistema de
- Levantamento dos distritos e comuni- compostagem.
dades rurais;

Geração - Políticas adotadas para minimizar a - Grandes geradores de resíduos


geração, conscientização e educação orgânicos no município;
da comunidade; - Composição Gravimétrica;
- Quantidade de resíduos gerados, - Outros resíduos orgânicos
especificamente os resíduos orgânicos encontrados na região que possam
(cota per capita); ser compostados.

Coleta - Existência de coleta ou de coleta seleti-


va e como se realiza;

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 43

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda43 43 18/2/2008 20:59:49


Atividade 12

Dessa maneira Profissional, reflita e discuta com seus colegas, a


seguinte pergunta:

Com base no diagnóstico, quais são os aspectos mais relevantes para se


atestar à viabilidade de implantação de sistema de compostagem?

Terminada a primeira etapa e constatada a viabilidade de um sistema


de compostagem, a segunda etapa é levantar e preencher os requisitos
legais que dêem suporte a esses empreendimentos.

Segunda etapa: requisitos legais

Atividade 13

Para refletirmos sobre esta etapa, vamos começar com uma discus-
são coletiva. Assim, profissional, reflita e discuta com seus colegas
a seguinte pergunta:

Quais os requisitos legais para implantação e operação de um sistema


de tratamento de resíduos como uma usina de compostagem? Anote
as respostas para posterior avaliação.

44 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda44 44 18/2/2008 20:59:50


Você e seus colegas podem ter respondido que se deve obter o licenciamento ambiental, não
é mesmo? Mas o que vem a ser o licenciamento ambiental e quais as etapas do mesmo? Para
sanar sua dúvida, acompanhe atentamente a leitura do texto: “Licenciamento Ambiental”
feita por um orador escolhido pela turma.

Licenciamento Ambiental
Licenciamento Ambiental é o procedimento admi- O licenciamento ambiental, invariavelmente, é
nistrativo pelo qual o órgão competente licencia a fornecido por órgãos ambientais estaduais e/ou
localização, instalação, ampliação e a operação de municipais. A seguir colocamos a disposição os
empreendimentos e atividades de pessoas natu- endereços eletrônicos de órgãos ambientais de al-
rais ou jurídicas de direito público ou privado que guns Estados brasileiros para serem consultados
utilizem recursos ambientais e sejam consideradas quanto às licenças ambientais, leis, regulamentos,
efetivas ou potencialmente poluidoras ou, ainda, instruções normativas, etc., que regulam os em-
daquelas que, sob qualquer forma ou intensidade, preendimentos ambientais.
possam causar degradação ambiental, conside-
Espírito Santo: www.ieam.es.gov.br; Mato Grosso do
rando as disposições gerais e regulamentares e as Sul: www.supema.ms.gov.br; Minas Gerais: www.
normas técnicas aplicáveis ao caso. feam.br; Rio de Janeiro: www.feema.rj.gov.br ; São
Em www.iema.es.gov.brAcesso Junho de 2007
Paulo: www.cetesb.sp.gov.br; Para os outros estados
acesse: www.ambientebrasil.com.br

Etapas do Licenciamento Ambiental


As etapas do licenciamento ambiental podem as especificações constantes dos planos, progra-
variar de Estado para Estado, mas, em regra, mas e projetos aprovados, incluindo as medidas
podemos dizer que as seguintes etapas esta- de controle ambiental e demais condicionantes.
rão sempre presentes:
Licença de Operação (LO): autoriza a ope-
Licença Prévia (LP): é concedida na fase preli- ração da atividade ou empreendimento, após
minar de planejamento do empreendimento ou fiscalização prévia obrigatória para verificação
atividade aprovando, mediante fiscalização prévia do efetivo cumprimento do que consta das li-
obrigatória ao local, a localização e a concepção cenças anteriores, tal como as medidas de con-
do empreendimento, bem como atestando a via- trole ambiental e as condicionantes porventura
bilidade ambiental e estabelecendo os requisitos determinadas para a operação. É concedida
básicos e condicionantes a serem atendidas nas com prazos de validade de quatro ou de seis
próximas fases de sua implementação. anos estando, portanto, sujeita à revalidação
periódica. A LO é passível de cancelamento,
Licença de Instalação (LI): autoriza a instalação desde que configurada a situação prevista na
do empreendimento ou atividade de acordo com norma legal.
Em www.feam.br - Acesso Junho de 2007

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 45

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda45 45 18/2/2008 20:59:51


Atividade 14

Com base nos requisitos que você e seus colegas listaram no início
dessa atividade, seria possível licenciar um sistema de compostagem?
Caso a resposta seja “não”, o que está faltando para se conseguir o
licenciamento?

Quais os benefícios de se obter o licenciamento ambiental sob os


aspectos: ambiental, da saúde, econômico e social?

46 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda46 46 18/2/2008 20:59:52


Você Sabia?

O ICMS Ecológico surgiu no Brasil, pioneiramente no Paraná em 1991, a partir da aliança

do Poder Executivo Estadual e de municípios, mediatizado pela Assembléia Legislativa

do Estado. Os municípios sentiam suas economias combalidas por causa da restrição

de uso causada pela necessidade de cuidar dos mananciais de abastecimento para

municípios vizinhos e pela existência de unidades de conservação, enquanto o Poder

Público estadual sentia a necessidade de modernizar seus instrumentos de política

pública.

Nascido sob a égide da “compensação”, o ICMS Ecológico evolui, transformando-se ao

longo do tempo também em instrumento de incentivo, direto e indireto à conservação

ambiental, hoje o que mais o caracteriza.

Em São Paulo, o ICMS Ecológico destina-se aos municípios que possuem unidades

de conservação e outros 0,5% aos municípios que possuem reservatórios de água

destinados a geração de energia elétrica.

(Adaptado de www.ambientebrasil.com.br - Acesso Junho de 2007)

Já em Minas Gerais, a lei do ICMS Ecológico prevê, em seu inciso VIII - Meio Ambiente

– a distribuição de parte dos recursos disponíveis em dois componentes - Saneamento


Básico e Unidades de Conservação:

“a) parcela de, no máximo, 50% (cinqüenta por cento) do total será distribuída aos

municípios cujos sistemas de tratamento ou disposição final de lixo ou de esgoto sani-

tário, com operação licenciada pelo órgão ambiental estadual, atendam, no mínimo, a,

respectivamente, 70% (setenta por cento) e 50% (cinqüenta por cento) da população,

sendo que o valor máximo a ser atribuído a cada município não excederá o seu inves-

timento, estimado com base na população atendida e no custo médio “per capita” dos

sistemas de aterro sanitário, usina de compostagem de lixo e estação de tratamento de


esgotos sanitários, fixado pelo Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM”
(Adaptado de www.enge.com.br - Acesso Junho de 2007)

Vencida a segunda etapa, podemos nos concentrar na terceira, que consiste na escolha de
um sistema de compostagem e requisitos para implantação do mesmo.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 47

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda47 47 18/2/2008 20:59:52


Terceira etapa: sistema de compostagem

Atividade 15

Vamos começar com você e seus colegas fazendo uma atividade que tem
por objetivo iniciar uma avaliação do seu sistema de compostagem. Para
isso responda as perguntas a seguir

Qual o sistema de compostagem em que você trabalha?


Como ele opera?

Descreva a rotina do sistema de compostagem em que você trabalha.


Na descrição deve constar: qual a forma de recebimento dos resíduos,
como é feita a triagem, como os resíduos são estocados, como é o
pátio de compostagem (impermeabilizado ou não, caso haja pátio),
como é o reviramento das leiras (mecanizado ou manual), como é o
sistema de drenagem de águas pluviais, como é feito o tratamento
do chorume gerado no pátio, como é acompanhado o processo de
compostagem, tempo que leva para o composto estar pronto e como
é estocado esse material, quais os problemas corriqueiros nas leiras
ou pilhas de compostagem.

48 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda48 48 18/2/2008 20:59:53


Guia do profissional em treinamento - ReCESA 49

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda49 49 18/2/2008 20:59:54


Dando continuidade aos nossos estudos, agora Profissional, nós veremos quais os sistemas
de compostagem podem ser escolhidos e implantados em nossos municípios pela leitura
individual do texto: “Sistemas de compostagem”.

Sistemas de compostagem
Os sistemas de compostagem variam particularmente de artesanais, até sistemas complexos,
onde os fatores interferentes são monitorados e controlados com relativa precisão. Os sistemas
de compostagem agrupam-se em três categorias:

a mis-
- Sistemas de leiras revolvidas (Windrow):
tura de resíduos é disposta em leiras ou pillhas,
sendo a aeração fornecida pelo revolvimento
dos materiais e pela convecção do ar na mas-
sa do composto;
Reviramento Manual Reviramento Mecânico
Reciclagem/2-Fabio_Compostagem.pdf
http://www.iac.sp.gov.br/Curso_

- Sistema de leiras estáticas aeradas (Static pile):


a mistura é colocada sobre tubulação perfura-
da que injeta ou aspira o ar na massa do com-
posto. Neste caso não há revolvimento mecâ-
nico das leiras ou pilhas;

Leiras Aeradas - Sistemas fechados ou reatores biológicos (In-


vessel):os materiais são colocados dentro de
sistemas fechados, que permitem o controle
de todos os parâmetros do processo de com-
postagem (por exemplo, sistema Dano).
Separador
Correia de magnético
catação
Trasnporte de
Transporte de
Reciclagem/2-Fabio_Compostagem.pdf
Chão movediço http://www.iac.sp.gov.br/Curso_
sucata Transporte de saída do
lixo
bioestabilizador

Bioestabilizador

Sistema de dano
Em www.wikipedia.org - Acesso em junho de 2007

50 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda50 50 18/2/2008 20:59:54


Bom, Profissional, os sistemas apresentam vantagens e desvantagens tanto do ponto de vista
operacional como econômico, dessa maneira reflita e discuta com seus colegas coletivamente,
as seguintes perguntas:

Atividade 16

Qual sistema de compostagem seria viável economicamente para ser


adotado nos municípios brasileiros? Quais são os benefícios e dificuldades
do sistema adotado ou proposto por você e seus colegas?

Com as perguntas acima, constatamos que a escolha de um sistema de compostagem pode


levar ao fracasso ou ao sucesso do empreendimento, pois o aporte de recursos financeiros
da maioria dos municípios brasileiros não lhes permitem ainda que sistemas sofisticados
de compostagem sejam implantando em seus territórios.

Além disso, outros aspectos, já listados no diagnóstico como: quantidade gerada de resíduos
sólidos orgânicos, devem ser levados em consideração. Dessa maneira, daqui por diante,
abordaremos mais profundamente os sistemas de leiras revolvidas (windrow) por serem os
mais difundidos e implantados na maioria dos municípios brasileiros.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 51

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda51 51 18/2/2008 20:59:56


Quarta etapa: implantando um sistema de leiras revolvidas

Para a elaboração de um projeto de uma usina de compostagem que utiliza o sistema de leiras
revolvidas, alguns requisitos se fazem necessários. Esses requisitos cumprem as seguintes funções:
em regra, atender as exigências legais para a instalação e operação por parte dos órgãos ambien-
tais; proporcionar salubridade, segurança e melhores condições de trabalho para os operadores
desses sistemas; contribuir significativamente para a preservação da bacia hidrográfica como um
todo (minimizando a poluição de solo, água e ar), melhorar a rotina operacional dos sistemas de
compostagem, entre outros. Você, Profissional, deve estar se perguntando o que deve conter os
projetos. Então, acompanhe a leitura do texto: “Implantando sistemas de compostagem”
feita por dois oradores escolhidos pela turma.

Implantação de sistemas compostagem


Coleta Seletiva Recepção de Resíduos
Para a compostagem é necessário que os É área onde se descarrega os resíduos sólidos.
resíduos sejam separados a princípio em
dois tipos: o orgânico úmido/compostável Para melhor operar
(compreende restos de alimentos, cascas e A área de recepção do lixo deve ter piso concre-
caroços de frutas, ramos e folhas de poda tado, cobertura, sistemas de drenagem pluvial
de árvores, resíduos de jardinagem, entre e dos efluentes gerados no local (no momen-
outros) e o inorgânico (resíduo seco/reciclá- to da descarga, da limpeza e da higienização).
vel) - aqueles que podem ser encaminhados A altura da cobertura deve possibilitar a descar-
à reutilização ou reciclagem para retorno ao ga do lixo, inclusive o de caminhão-basculante.
processo produtivo.
Triagem
A forma como a coleta seletiva é realizada É a separação manual e/ou mecanizada dos
é decisiva para a configuração das demais diversos componentes dos resíduos. A triagem
etapas. A segregação feita na fonte redu- do lixo só é possível quando a coleta é feita
ziria os custos da triagem, além de facilitar com caminhões de carroceria livre, nunca em
os trabalhos dos operadores de sistema de caminhão compactador.
compostagem.
Para melhor operar
A triagem deve ser feita em mesa de triagem, de
concreto ou metal, podendo ser mecanizada, de-
vendo ter altura aproximada de 90 cm para possi-
bilitar aos funcionários adequada operação.

52 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda52 52 18/2/2008 20:59:56


Para o armazenamento dos materiais triados,
Acesse o software: “Bacia Hidrográfica
os funcionários ficam diante da mesa e devem
Virtual” e veja os equipamentos de proteção
ter atrás de si ou nas suas laterais tambores
individual utilizados nos serviços de triagem
metálicos ou bombonas de plásticos. Vamos
de resíduos. O objetivo é demonstrar a
ver uma apresentação em power-point sobre
importância do uso desses equipamentos
os equipamento de proteção individual (EPI) ne-
por TODOS os trabalhadores, EVITANDO
cessários aos trabalhadores que lidam com a
riscos à sua própria saúde.
triagem dos resíduos.

Pátios de Compostagem
É o local onde se executa o processo Para melhor operar
de compostagem. O pátio de compostagem deve ser:
- Concretado;
- Inclinado (aproximadamente 3%);
- Possuir canaletas de drenagem no seu entorno,
para que o chorume, gerado no processo de
compostagem, não contamine o solo ao redor
e nem os corpos d’água (superficiais e subter-
râneos) que porventura estejam próximos.

OBS.: A dimensão do pátio e a configuração das leiras ou pilhas dependem também da forma de reviramento se manual ou
mecanizada.

Baias de recicláveis
É o local para armazenamento dos recicláveis
obtidos com a triagem do lixo ou na coleta seletiva,
até que lhes seja dada destinação final adequada.
Para melhor operar
As baias de recicláveis, com cobertura fixa e pre- Os fardos devem estar separados por tipo de ma-
ferencialmente em estrutura de alvenaria, devem terial e empilhados de maneira organizada. É ne-
situar-se em local de fácil acesso por veículos que cessário instalar nesta área um extintor de incêndio
carregam os materiais para comercialização, além - Água Pressurizada, capacidade 10 litros, pois
de possibilitar o desenvolvimento das atividades essa área é sujeita a incêndios.
de prensagem e enfardamento dos recicláveis.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 53

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda53 53 18/2/2008 20:59:57


Vala de aterramento de rejeitos
nitários. O projeto das valas deve contemplar:
É o local destinado à disposição final de rejei-
tos, ou seja, de resíduos, que após passarem sistema de drenagem e tratamento de gases
pelo sistema de triagem, não podem ser com- e chorume, ser coberto com camada de solo
postados e nem reciclados ou reutilizados. para evitar a proliferação de animais, deve ter
uma vida útil estimada, deve ser cercado para
Para melhor operar evitar o livre acesso de pessoas e animais,
O procedimento de operação dessas valas é deve permitir a entrada de equipamentos e ve-
muito parecido com a operação de aterros sa- ículos, entre outros.

Vala de resíduos de serviços de saúde


Em regra, o gerador desses resíduos deve respon- ponsabilidades, em suas usinas de triagem e
sabilizar-se pelo seu gerenciamento desde a ori- compostagem de lixo, elas devem construir va-
gem até a disposição final, ou seja, os RSS de ori- las especiais, conforme exigências dos órgãos
gem de unidades particulares não são de respon- ambientais estaduais e/ou municipais.
sabilidade das Prefeituras Municipais, que podem,
inclusive, cobrar pelo serviço dessa destinação.
Para saber mais a respeito dos resíduos de ser-
viços de saúde, consulte o guia “Gerenciamento
Caso as Prefeituras optem por receber tanto de resíduos de serviços de saúde” dessa mesma
os resíduos particulares como os de suas res- série e participe da atividade de capacitação.

Sistemas de tratamento de efluentes


Consiste no uso de dispositivos que promovem os de serviços de saúde e das valas de aterra-
o tratamento biológico dos despejos líquidos mento de rejeitos quando da co-disposição.
provenientes das instalações sanitárias, do pá- Para maiores informações sobre este tema,
tio de compostagem e da lavagem da área de participe das Oficinas da área Sistema de Es-
recepção e triagem do lixo, das valas de resídu- gotamento Sanitário.

Unidades de apoio
As unidades de apoio compreendem as insta- para refeições), vestiários (chuveiros, instala-
lações e os equipamentos do escritório (mesa, ções sanitárias, lavatórios e armários individuais
cadeira e armário), copa/cozinha (pia, fogão, para os funcionários) e área de serviço (tanque
geladeira, bebedouro/filtro, mesa e cadeiras e secador/varal).

Adaptado de http://www.feam.br/images/stories/arquivos/Usina2.pdf - Acesso Junho de 2007

54 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda54 54 18/2/2008 21:00:04


É importante lembrar que o quadro apresentado não contém todas as informações necessá-
rias para a elaboração de um projeto de sistema de compostagem por leiras revolvidas, ou
pode apresentar etapas que não são necessárias para um determinado município que, por
exemplo, dispõe de um aterro sanitário onde já é prevista uma vala especial para resíduos
de serviços de saúde. Desta maneira, o quadro deve ser usado como referência.

Depois de termos discutido a respeito de sistemas de compostagem e requisitos de implan-


tação, você deve estar lembrado do exercício que foi feito em grupo que pedia para descrever
o seu sistema de compostagem. Pois é, chegou à hora de avaliá-lo.

Atividade 17

Dessa maneira, coletivamente, responda com base no texto “implan-


tação de sistemas compostagem”.

Quais modificações poderiam ser feitas para melhorar os sistemas de


compostagem do seu município, caso sejam necessárias?

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 55

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda55 55 18/2/2008 21:00:05


Dentre vários requisitos para implantação de um sistema de compostagem por leiras revolvidas,
uma em especial é o dimensionamento de pátios de compostagem. O dimensionamento de pátio é
uma das etapas mais importantes, pois é nele que se realiza todo processo de decomposição e se
ele não for bem dimensionado, problemas podem ocorrer como: falta de espaço para construção de
leiras e pilhas, contaminação de cursos d’água por chorume, entre outros. Vamos então aprender
a dimensionar pátios de compostagem acompanhando a leitura do texto: “Dimensionamento
de pátios de compostagem” feita por um orador escolhido pela turma.

Dimensionamento de pátios de compostagem


Para dimensionar pátios de compostagem de- lar cujas dimensões recomendadas são: 2,0 a
vemos ter em mãos dados sobre o município, 4,0m de base e altura entre 1,4 e 1,8m.
tais como: número de habitantes e geração di-
ária de resíduos orgânicos. Outra importante informação para o dimensio-
namento de pátios de compostagem é a forma
Outra informação relevante seria a forma geo- de reviramento: se manual ou mecanizada. Se
métrica a ser adotada para a decomposição for mecanizada com uso de tratores, o dimen-
dos resíduos: se pilha ou leira. sionamento do pátio deverá contemplar uma
área maior que possibilite o deslocamento dos
As pilhas são indicadas quando a geração de veículos de reviramento. Contudo, se a meca-
resíduos orgânicos é baixa. Geralmente a sua nização se der por rotores ou outros equipamentos
configuração se aproxima de um cone cujas específicos para essa atividade, haverá uma eco-
dimensões recomendadas são: raio (R) entre nomia significativa no tamanho do pátio (necessi-
0,75 e 1,0m e altura (H) em torno de 1,6m. dade de área mínima de folga entre as leiras).

Já as leiras são indicadas quando a geração


de resíduos orgânicos é alta. Sua configuração
aproxima-se de um prisma de seção triangu-

56 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda56 56 18/2/2008 21:00:05


Como dimensionar um pátio

1) Levantar os seguintes dados:


- Número de habitantes; - Pilha: adotar as dimensões (diâmetro da pilha = π,
- Quantidade gerada de resíduos orgânicos expresso raio = r e Altura = H);
em Kg - (Q) - Adotar a densidade da mistura - (D);
- Adoção de forma geométrica: leira ou pilha - Período de compostagem medido em dias - (d);
- Leira: adotar as dimensões da seção - - Adotar um fator de segurança
(Base = B, Altura = H); (está em torno de 10%) - (f)

2) Se a escolha for a leira:


- Calcular a área da seção: - Calcular o volume da leira:
- Para um triângulo = As = (B x H)/2; - Volume = V = Q/D;
- Para um trapézio – As = (Bmaior + bmenor) x H/2 - Calcular o comprimento da leira:
- Comprimento = L = V/As;

3) Se a escolha for a pilha:


Calcular a área da base e volume: Obs.: Para figuras geométricas como o cone a área
- Área da base = Ab = πr ; 2 total é a soma da área da base e da área superficial
- Volume de cada pilha = V = 1/3πr H; 2 inclinada. Para o caso dos pátios de compostagem
- Volume total de resíduos gerados = V1 = Q/D interessa apenas a área da base.
- Número total de pilhas = V1/V

4) Cáuculo do pátio:
- Calcular a área da base da leira: - Calcular a área útil
Ab = B x L Au = (Ab + Af) x d
- Calcular a área de folga para reviramento da leira - Calcular a área extra devido ao fator de segurança:
(processos manuais ou mecanização com tratores) Ae = Au x f;
Af = Ab - Calcular a área total do pátio:
At = Au + Ae

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 57

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda57 57 18/2/2008 21:00:06


Atividade 18

Depois da leitura do texto, individualmente, dimensione o pátio de


compostagem com os dados a seguir. Quando todos terminarem, o
exercício será corrigido. O objetivo é fixar os conhecimentos adqui-
ridos sobre dimensionamento de pátios de compostagem.

Dados:
Município de 22.000 habitantes:
Unidade de compostagem de baixo custo, ou seja, sistemas
windrow;
Reviramento não é mecanizado;
Q = Geração de resíduos orgânicos: 12.000kg;
D = Densidade da mistura: 600 kg/m3;
Leiras de dimensão triangular – B = 2,0 m e H = 1,5m;
d = Período de compostagem: 120 dias;
f = Fator de segurança: 10%.

58 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda58 58 18/2/2008 21:00:06


Quinta etapa: solução de problemas operacionais e controle
de qualidade do composto orgânico gerado

Durante as atividades, nós comentamos que o processo de compostagem apresenta vários


problemas de ordem operacional que estão ligados à variação dos parâmetros que interferem na
compostagem. Antes de continuarmos, gostaria que você voltasse à atividade 9 e relembrasse
conosco algumas conseqüências provocadas pela variação dos parâmetros.

Após essa pequena revisão, a atividade a seguir se propõe a apontar soluções aos efeitos
causados pelas variações dos problemas.

Atividade 19

No quadro a seguir verifica-se a presença, no lado esquerdo, dos


problemas operacionais no processo de compostagem e, no lado
direito, as possíveis soluções para os problemas. Porém, alguém
embaralhou as soluções de maneira que elas não mais correspondem
aos problemas operacionais. A tarefa consiste arrumar de novo o
quadro, restabelecendo corretamente as relações entre os problemas
operacionais e possíveis soluções por meio da enumeração dada na
primeira coluna.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 59

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda59 59 18/2/2008 21:00:07


Quadro com as correspondências embaralhadas

(1) Processo lento de compostagem Diminuir o tamanho das leiras.

(2) Morte dos microrganismos, Aumentar o teor de umidade por meio de irrigação.
cessando o processo de compostagem.

(3) Crescimento dos microrganismos Adicionar materiais como: palha de cereais, jornal, etc.,
é atrasado devido à falta de nitrogênio (azoto) ou promover o reviramento, ou a exposição ao sol.

(4) Não ocorre o início do processo


de compostagem. e/ou promover o reviramento.

(5) Condições anaeróbias no interior das leiras, Diminuir o tamanho das partículas.
retardando a degradação da matéria orgânica.

(6) Inibição da atividade microbiana. Promover o revolvimento da pilha mais freqüentemente.

(7) Compactação, conseqüentemente pode Aumentar o tamanho da pilha ou isolar com material
ocorrer a liberação de maus odores. como palha ou aumentar o teor de umidade.

(8) Presença de microrganismos patogênicos Promover o revolvimento da pilha mais freqüentemente.

(9) Consumo acelerado de oxigênio, podendo levar Promover o reviramento e a exposição ao sol.
a condições de anaerobiose
(conseqüência = mau cheiro).

(10) Maus odores. Adicionar materiais como: restos de vegetais e frutas.

Essa atividade se encontra disponível no software: “Bacia Hidrográfica Virtual”

Um dos objetivos da atividade acima é solucionar os problemas operacionais que ocorrem


nos sistemas de compostagem. Além disso, um outro objetivo é garantir que o composto
produzido no processo de compostagem seja um produto de qualidade, de modo que ele
satisfaça requisitos para sua comercialização.

60 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda60 60 18/2/2008 21:00:07


Assim, o fertilizante orgânico produzido a partir dos resíduos domiciliares, quando considerado
um produto comercializável, estará sujeito à legislação federal, sob a jurisdição do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que regulamenta o estabelecimento produtor, as matérias
primas e o insumo produzido, entre outros.

Além do atendimento à legislação federal, os compostos orgânicos também se submetem às


leis estaduais e/ou municipais. No Estado de Minas Gerais, a FEAM (Fundação Estadual do Meio
Ambiente) exige análises físico-químicos e bacteriológicas para monitoramento e acompanha-
mento da operação de usinas de compostagem. Devemos estar atentos aos requisitos legais, pois
de nada adiantará o licenciamento ambiental conseguido anteriormente, visto que essa é uma
outra fase e requer novas licenças.

Para conhecermos mais sobre as exigências feitas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, vamos ler, individualmente, o texto:“Requisitos legais para a comercialização
de fertilizantes orgânicos produzidos a partir de resíduo domiciliar”.

Requisitos legais para a comercialização de


fertilizantes orgânicos produzidos a partir de
resíduo domiciliar
Em âmbito federal, a principal norma regulamen- - Aparte algumas exceções, os fertilizantes produ-
tadora é a Instrução Normativa (IN) n°23, de 31 zidos, importados, exportados, comercializados
de agosto de 2005. A seguir, nós encontraremos, e utilizados no território nacional deverão ser re-
resumidamente, pontos relevantes do dispositivo gistrados no órgão competente do Ministério da
regulamentador: Agricultura, Pecuária e Abastecimento;
- Para serem vendidos ou expostos à venda em todo
- Na IN, se define fertilizante orgânico como: pro- o território nacional, os fertilizantes orgânicos e bio-
duto de natureza fundamentalmente orgânica, fertilizantes, quando acondicionados ou embalados,
obtido por processo físico, químico, físico-quími- ficam obrigados a exibir rótulos em embalagens
co ou bioquímico, natural ou controlado, a partir apropriadas redigidos em português e que con-
de matérias-primas de origem industrial, urbana tenham informações e dados obrigatórios rela-
ou rural, vegetal ou animal, enriquecido ou não cionados à identificação do fabricante ou impor-
de nutrientes minerais; tador, ou de ambos, e do produto;
- Na IN, se classifica o fertilizante orgânico, cuja pro- - Os fertilizantes orgânicos das classes “C” somente
dução utilizar qualquer quantidade de matéria-prima poderão ser comercializados para consumidores
oriunda de lixo domiciliar, resultando em produto finais, mediante recomendação técnica firmada
de utilização segura na agricultura, como fertilizante por engenheiro agrônomo ou engenheiro flores-
Classe “C”; tal, respeitada a área de competência.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 61

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda61 61 18/2/2008 21:00:09


O fertilizante orgânico produzido a partir de resíduos domiciliares deve apresentar as características con-
forme a tabela a seguir.

Especificações dos Fertilizantes Orgânicos Mistos e Compostos

Garantia Classe C

Umidade (máxima) 50%


N total (mínimo) 1%
*Carbono orgânico (mínimo) 15%
*CTC Conforme declarado
pH (mínimo) 6,5
Relação C/N (máximo) 18/1
*Relação CTC/C (mínimo) 20
Soma NPK, NP, NK, PK Conforme declarado

* (Valores expressos em base seca, umidade determinada a 65°C)

Fonte: http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/servlet/VisualizarAnexo?id=10687 - Acesso Junho de 2007

Você Sabia?
Capacidade de troca catiônica (CTC) é a quantidade total de cátions que um solo, ou algum
de seus constituintes, pode adsorver e trocar a um pH específico, em geral pH 7,0. No
solo, a CTC é devida à superfície específica e às cargas inerentes ou acidentais de colóides
eletronegativos, como os minerais de argila, a sílica coloidal e o húmus.
Em http://www.agritempo.gov.br - Acesso Junho de 2007

Íon é uma molécula ou átomo que ganhou ou perdeu elétrons num processo
conhecido como ionização.

Cátion é um íon com carga positiva. Exemplos de cátions: Na+ e Ca2+.

Colóides são, na verdade, misturas heterogêneas em que o diâmetro médio


das partículas do disperso se encontra na faixa de 10 a 1000 angstroms.

Angström (Å) é uma medida de comprimento que se relaciona com o metro.

NPK (nitrogênio, fósforo e potássio): essa sigla é utilizada em estudos vegetais


e designa os três nutrientes principais para as plantas. As demais siglas (NP, Nk
e PK) designam também esses mesmos nutrientes já citados.

Adaptado de www.wikipedia.org - Acesso Junho de 2007

62 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda62 62 18/2/2008 21:00:10


Atividade 20
A partir dos requisitos lidos, responda as seguintes perguntas com
base nas características dos compostos a seguir. O objetivo é avaliar
a utilização dos compostos produzidos.

Composto número 1 Composto número 2

∙ Carbono orgânico: 13% ∙ Carbono orgânico: 25%


∙ Nitrogênio total: 1,3% ∙ Nitrogênio total: 1,1%
∙ Umidade: 44% ∙ Umidade: 42%
∙ Relação C/N: 15/1 ∙ Relação C/N: 18/1
∙ pH: 7 ∙ pH: 6,6

Composto número 3 Composto número 4

∙ Carbono orgânico: 30% ∙ Carbono orgânico: 28% OBS.: No composto


número 4 foram
∙ Nitrogênio total: 0,8% ∙ Nitrogênio total: 1,5% encontrados
traços de metais
∙ Umidade: 40% ∙ Umidade: 40% pesados.
∙ Relação C/N: 25/1 ∙ Relação C/N: 16/1
∙ pH: 5,9 ∙ pH: 7

OBS: Esses compostos são vendidos a agricultores locais que cultivam


hortaliças e para correção da acidez do solo.

Qual composto você venderia aos agricultores? Por quê?

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 63

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda63 63 18/2/2008 21:00:12


Qual composto você utilizaria para a correção da acidez do solo?
Por quê?

Você Sabia?
O composto estará pronto para o uso quando não apresentar aquecimento após ação de
reviramento e irrigação e quando tiver com aparência homogênea, coloração escura, onde não
se possa mais distinguir os materiais originais.

Em http:// /publicacoes/download/cot050.pdf - Acesso Junho de 2007

A estocagem do composto deverá ser feita em local coberto e sobre piso


pavimentado, visando resguardar a sua qualidade. Na impossibilidade de um
local coberto para tal fim, dispor o composto sobre uma parte da área do pátio
de compostagem e cobri-lo com lona até a utilização.

Em http://www.feam.br/images/stories/arquivos/Usina2.pdf - Acesso Junho de 2007

Na coleta de amostra do composto para análise, devem ser observados os seguintes critérios:

- Faz-se a composição da amostra retirando-a de vários pontos da pilha de composto


(10 amostras). Compor uma única amostra bem homogeneizada e dividi-la em 4 partes
semelhantes. Utilizar as duas partes das extremidades e compor nova amostra. Efetuar esse
procedimento até obter-se uma amostra de aproximadamente 1kg. Finalmente, encaminhar
esse material para análise em laboratório;
- O vasilhame usado para a coleta de composto deve estar limpo, evitando-se uma possível
contaminação da amostra.
- A embalagem para armazenar a amostra deve ser plástica e lacrada;
- A amostra destinada à análise bacteriológica deve ser preservada em caixa de isopor com gelo.

Em http://www.feam.br/images/stories/arquivos/Usina2.pdf - Acesso Junho de 2007

64 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda64 64 18/2/2008 21:00:14


Bom, Profissional, chegamos ao final do terceiro e último conceito-chave onde foram vistos: a
necessidade de diagnósticos bem elaborados para posterior implantação de sistemas de compos-
tagem, bem como os requisitos legais que norteiam empreendimentos como esses; o que deve
contemplar um projeto cujo sistema de compostagem seja o de leiras revolvidas; quais os proble-
mas operacionais no processo de compostagem, e como solucioná-los; e por fim, analisamos os
requisitos legais para comercialização do produto gerado no processo de compostagem.

Reavaliando os conhecimentos OBJETIVOS:

- Reelaborar o
exercício proposto
Atividade 21 no início da atividade
de capacitação;
Por fim, Profissional, esperamos que todo o conhecimento que
trocamos tenha contribuido para o seu aperfeiçoamento pessoal e - Comparar e
profissional. Assim, como nossa última tarefa, vamos refazer o exercício analisar os dois
exercícios
proposto no início de nossas atividades e avaliar criticamente as
(inicial e final).
mudanças ocorridas entre os dois exercícicos.

Pilha 1 Possíveis Causas

∙ Presença de
pragas; Possíveis Soluções

∙ O processo de
decomposição
está muito lento.

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 65

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda65 65 18/2/2008 21:00:16


Pilha 2 Possíveis Causas

∙ Maus odores.
OBS.: foi observado uma
Possíveis Soluções

elevada produção de

chorume proveniente

dessa leira.

Pilha 3 Possíveis Causas

∙ Observou-se
um atraso no Possíveis Soluções

crescimento dos
microrganismos.

66 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda66 66 18/2/2008 21:00:19


Pilha 4 Possíveis Causas

∙ O processo de
compostagem Possíveis Soluções

cessou devido à
morte dos
microrganismos.

Pilha 5 Possíveis Causas

∙ Maus odores,
decorrentes do Possíveis Soluções

acelerado consumo
de oxigênio.

E aí? Você comparou com a atividade anterior? Como foi seu resultado? A oficina ampliou
seus conhecimentos?

Esperamos que tenha ocorrido boas trocas entre você, seus colegas, o instrutor e o guia que
elaboramos. Desejamos também que vocês possam aproveitar bastante estes conhecimentos
e que continuem atuando ativamente nos seus trabalhos diários!

Guia do profissional em treinamento - ReCESA 67

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda67 67 18/2/2008 21:00:24


Referências bibliográficas

Sites Consultados

http://www.consciencia.net/2003/09/06/comida.html acesso 01/08/2007


http://extranet.agricultura.gov.br acesso 02/06/2007
http://portal.mec.gov.br/secad acesso 02/06/2007
www.agritempo.gov.br acesso 03/06/2007
www.ambientebrasil.com.br acesso 03/06/2007
www.ambiente.sp.gov.br acesso 03/06/2007
www.cempre.org.br acesso 03/06/2007
www.cnpab.embrapa.br acesso 10/06/2007
www.ecosigma.com.br acesso 10/06/2007
www.enge.com.br acesso 10/06/2007
www.eq.ufrj.br acesso 21/06/2007
www.expoente.com.br acesso 16/06/2007
www.feam.br acesso 21/06/2007
www.iac.sp.gov.br acesso 21/06/2007
www.ibam.org.br acesso 21/06/2007
www.iema.es.gov.br acesso 21/06/2007
www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br acesso 28/05/2007
www.soloplan.agrarias.ufpr.br acesso 03/06/2007
www.wikipedia.org acesso 03/06/2007

68 Resíduos Sólidos - Processamento de Resíduos Sólidos Orgânicos - Nível 2

07-RSU-PRSO.2 miolo para segunda68 68 18/2/2008 21:00:30


07-RSU-PRSO.2 capa para segunda 3 3 18/2/2008 21:02:16
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Patrocínio

Realização

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07-RSU-PRSO.2 capa para segunda 4 4 18/2/2008 21:02:21

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