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Novas considerações sobre a ponderação entre os

direitos fundamentais do trabalhador e o poder diretivo


do empregador à luz da ordem econômica constitucional

NOVAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A PONDERAÇÃO ENTRE OS DIREITOS


FUNDAMENTAIS DO TRABALHADOR E O PODER DIRETIVO DO
EMPREGADOR À LUZ DA ORDEM ECONÔMICA CONSTITUCIONAL
Revista de Direito do Trabalho | vol. 139/2010 | p. 155 - 182 | Jul - Set / 2010
DTR\2010\697

Roseli de Fátima Bialeski


Mestranda em Direito pela PUC-PR.

Marco Antonio César Villatore


Professor Titular do Doutorado em Direito da PUC-PR. Presidente da AATPR. Advogado.

Área do Direito: Constitucional; Trabalho


Resumo: A Constituição de 1988 estabelece como alicerces da República, ao lado da
dignidade da pessoa humana, a valorização social do trabalho e a livre-iniciativa,
conforme art. 1.º, IV, e também dispõe em seu art. 170, caput, que tais valores são
fundamentos da ordem econômica. Isso implica a árdua tarefa de ponderar os dois
princípios, pois o empregador, por força da livre-iniciativa, tem a liberdade de dirigir e
organizar a atividade econômica, mas, por outro lado, não pode incorrer em abuso do
seu poder de direção, devendo sempre agir em consonância com as exigências da
valorização social do trabalho humano. Neste contexto, é importante analisar o princípio
da proporcionalidade como critério para resolver o conflito existente entre os direitos
fundamentais do trabalhador e o poder de direção do empregador. Reconhecendo-se que
ambos são direitos assegurados pela Constituição (direitos fundamentais dos
trabalhadores como os direitos da personalidade e o direito fundamental da propriedade,
da autonomia privada do empregador), deve-se analisar a eficácia de tais direitos sob o
enfoque constitucional a fim de evitar a exclusão de um deles, uma vez que não há
hierarquia entre normas constitucionais, todas sendo equivalentes, de modo que a
autonomia privada do empregador não pode tolher os direitos fundamentais do
trabalhador.

Palavras-chave: Poder diretivo - Ordem econômica - Direitos fundamentais


Riassunto: La costituzione del 1988, pone come basi della Repubblica, insieme della
dignità della persona umana, il valore sociale del lavoro e della libera impresa, poiché
l'articolo 1.º, punto IV, e prevede inoltre, all'articolo 170, caput, che tali valori sono
fondamenti dell'ordine economica. Ciò comporta l'arduo compito di considerare i due
principi, in quanto il datore di lavoro, in virtù della libera impresa, hanno la libertà di
condurre e organizzare l'attività economica, ma d'altra parte, non può sorgere un abuso
del suo potere di direzione, devono sempre agire in conformità con i requisiti del valore
sociale del lavoro umano. In questo contesto, è importante analizzare il principio di
proporzionalità di un criterio per risolvere il conflitto tra i diritti fondamentali del
lavoratore e il potere direttivo del datore di lavoro. Riconoscendo che entrambi sono
diritti garantiti dalla Costituzione (diritti fon-damentali dei lavoratori, come i diritti della
personalità e del diritto fondamentale di proprietà, autonomia privata del datore di
lavoro), devesi analizzare l'efficacia di tali diritti secondo l'approccio costituzionali al fine
di evitare l'esclusione di uno di loro, una volta che non ha gerarchia fra le norme
costituzionali, tutti essendo uguali, di modo che l'autonomia privata del datore di lavoro
non possano ostacolare i diritti fondamentali dei lavoratori.

Parole chiave: Parole-chiave: Potere direttivo - Ordine econômica - Diritti fondamentali


Sumário:

1. Introdução - 2. A ordem econômica constitucional: do Estado Liberal ao Estado Social


- 3. Poder diretivo do empregador e subordinação do trabalhador - 4. A ponderação
entre os direitos fundamentais do trabalhador e o poder diretivo do empregador - 5.
Conclusão - 6. Referências bibliográficas
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Novas considerações sobre a ponderação entre os
direitos fundamentais do trabalhador e o poder diretivo
do empregador à luz da ordem econômica constitucional

1. Introdução

Ao consagrar a dignidade humana como fundamento do ordenamento jurídico, a


Constituição parte do princípio de que todo ser humano possui direitos que devem ser
respeitados. Disso decorre a importância de realizar um estudo sobre a eficácia dos
direitos fundamentais nas relações privadas como limite ao poder diretivo do
empregador.

A Constituição de 1988 adotou o modelo de Estado Social e Democrático de Direito


voltado à valorização da pessoa humana. Em decorrência desse modelo de Estado
adotado, verifica-se uma política de realização dos direitos fundamentais, a valorização
do indivíduo, colocando-o como centro do direito, deixando de lado o individualismo
formalista e o entendimento do patrimônio como um fim em si mesmo, para apoiar
medidas solidárias, na busca da dignidade de todos os indivíduos.

É importante destacar o alcance da eficácia dos direitos fundamentais no Estado


Democrático de Direito, pois, diferente do Estado liberal que não admitia a aplicação dos
direitos fundamentais nas relações entre particulares, no atual estágio do
constitucionalismo não há que duvidar da vinculação dos direitos fundamentais também
entre particulares. Disso resulta que não apenas o Estado é inimigo dos direitos
fundamentais, como também os particulares podem agredir tais direitos.

Ante essa realidade, a discussão em torno dos limites do poder diretivo do empregador
deve se realizar a partir de um enfoque constitucional, a partir dos direitos fundamentais
do trabalhador, que devem ser assegurados em conformidade com o princípio da
dignidade humana.

Nesse contexto, não se quer coibir o empregador de seu direito de dirigir a relação
empregatícia, o que se objetiva com o presente estudo é estabelecer alguns critérios
para que ambos os direitos acima citados sejam respeitados. Tal questão será objeto do
presente estudo, que tem por objetivo demonstrar que a atividade econômica não deve
estar voltada apenas à geração de lucros, mas também deve promover os direitos
fundamentais dos trabalhadores, pois só assim se pode afirmar sobre dignidade humana,
em Estado Social e Democrático de Direito.

2. A ordem econômica constitucional: do Estado Liberal ao Estado Social

2.1 A ordem econômica constitucional do Estado Liberal

Conforme Eros Grau, as Constituições liberais também previam uma ordem jurídica para
regular a ordem econômica, mas bastava definir que prevaleciam na atividade
econômica a propriedade privada e a liberdade contratual, dispondo de poucas regras
1
sobre o capitalismo concorrencial para predominar a ordem econômica liberal.

Segundo Antônio Carlos Wolkmer, o liberalismo representou uma "nova visão global do
mundo, constituída pelos valores, crenças e interesses de uma classe social (a
burguesia), contra o regime feudal, entre os séculos XVII e XVIII". O liberalismo significa
uma ética individualista, representando a ideia de liberdade total que está presente em
todos os aspectos da sociedade, seja no ambiente social, político, religioso, econômico
etc. Dessa forma, "o liberalismo constitui na bandeira revolucionária que a burguesia
capitalista (apoiada pelos camponeses e pelas camadas sociais exploradas) utiliza contra
2
o antigo regime absolutista".

Com a Revolução Francesa aparece o primeiro Estado de Direito, com um formalismo


rigoroso, garantidor das liberdades individuais, estas compreendidas como liberdade da
burguesia, pois o Estado Liberal vai representar apenas a concepção burguesa da ordem
política, concedendo privilégios e favores à elite. Com a revolução burguesa se consolida
uma ordem social nos textos constitucionais, proclamando o liberalismo, mas apenas o
liberalismo, e não a democracia, uma vez que "a burguesia enunciava e defendia o
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Novas considerações sobre a ponderação entre os
direitos fundamentais do trabalhador e o poder diretivo
do empregador à luz da ordem econômica constitucional

princípio da representação. Mas representação, a meio caminho, embaraçada por


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estorvos e privilégios, discriminações".

Paulo Bonavides bem pondera que:

"Essa liberdade lhe era indispensável para manter o domínio do poder político e só por
generalização nominal, conforme já vimos, se estendia às demais classes. Disso não
advinha para a burguesia dano algum, senão muita vantagem demagógica, dada a
completa ausência de condições materiais que permitissem às massas transpor as
restrições do sufrágio e assim concorrer ostensivamente, por via democrática, à
formação da vontade estatal. Permitia, ademais, à burguesia, falar ilusoriamente em
nome de toda a sociedade, com os direitos que ela proclamara, os quais, em seu
conjunto, como já assinalamos, se apresentavam do ponto de vista teórico válidos para
toda a comunidade humana, embora, na realidade, tivesse bom número deles vigência
4
tão somente parcial, e em proveito da classe que efetivamente os podia fruir".

O sistema jurídico do Estado liberal defende a autonomia da vontade na atividade


econômica e a separação do direito em dois: público e privado. O direito público não
disciplina assuntos da economia, não trata da atividade econômica, restringindo-se a
estabelecer regras de interesse coletivo. Valoriza-se a autonomia privada dos agentes
econômicos pelo livre jogo da livre-iniciativa, concorrência liberal entre os indivíduos.
5
Cabe ao direito privado estabelecer a ordem jurídica da atividade econômica.

Sob o paradigma do liberalismo, o Estado deve estar a serviço da sociedade, pois é visto
como um mal necessário que deve ser reduzido a um mínimo, garantindo pelo direito
positivo a liberdade dos indivíduos e "a certeza nas relações sociais, através da
compatibilização dos interesses privados de cada um com o interesse de todos, mas
6
deixar a felicidade ou a busca da felicidade nas mãos de cada indivíduo".

O papel do direito na esfera econômica estava restrito ao estabelecimento de condições


para que os agentes pudessem livremente exercer a atividade econômica. As relações
econômicas se dão entre indivíduos livres, que assumem os riscos individuais e do livre
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jogo da iniciativa privada.

O Estado Liberal se preocupou em controlar o poder pela lei. A Constituição deveria


estruturá-lo e delimitá-lo, mas aquele deveria ser reduzido a um mínimo; o necessário à
manutenção da ordem, a qual era dominada por determinados padrões e estabelecida e
dirigida pela classe dominante - a burguesia. Por consequência, os princípios de
liberdade, de igualdade e de fraternidade, formulados na Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão de 1789, não alcançaram as pessoas que estavam fora das
grandes estruturas de propriedade. Tais princípios alcançaram apenas a classe burguesa,
restando evidente que a ideologia do liberalismo, defendida pelos intelectuais, não
produziu a liberdade e igualdade de todos, pois a diferença entre as classes sociais fez
com que a burguesia explorasse a classe trabalhadora e esta, após muita luta, mostrou
que a liberdade do Estado liberal era uma grande mentira, pois, com o pretexto de
aplicá-la, o Estado interveio para impedir uma organização dos trabalhadores por
8
melhores condições de prestação de trabalho.

A experiência histórica apontou que a concepção de liberdade do Estado Liberal não era
capaz de garantir uma vida digna à maioria dos indivíduos, pois a classe trabalhadora
"sem garantia de emprego, recebendo salário aviltante, viram-se abandonadas à própria
9
sorte diante da 'neutra' indiferença do Estado".

Com efeito, segundo Antônio Carlos Wolkmer, pode-se afirmar que o liberalismo se
preocupou com a liberdade individual. Mas o liberalismo representou apenas a ideologia
da burguesia, alcançando apenas uma pequena parte da sociedade e só depois, com o
aparecimento da "sociedade de massa urbanizada e industrial", com o aumento da
cidadania e com a participação dos indivíduos, assim como o crescimento da própria
democracia da classe burguesa, passaram a existir condições para a democratização do
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direitos fundamentais do trabalhador e o poder diretivo
do empregador à luz da ordem econômica constitucional

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próprio liberalismo.

Assim, no modelo liberal o Estado não participa diretamente da atividade econômica,


restringindo-se ao papel de estabelecer a ordem jurídica da sociedade, mas não participa
do desenvolvimento do bem-estar geral.

2.2 A ordem econômica constitucional do Estado Social

No Estado Social a promoção do bem-estar geral é tarefa do Estado. Este tem o papel de
intervir nos assuntos relevantes da esfera social, política e econômica. O Estado passa a
intervir na economia e desenvolve políticas econômicas para promover as necessidades
11
sociais. Do Estado abstencionista passa-se ao Estado positivo.

A intervenção estatal na economia mudou as características do direito econômico, que


passa a disciplinar a intervenção do Estado, representando os objetivos deste na ordem
econômica, pois constitui um conjunto de princípios e prerrogativas de que o Estado se
12
utiliza para disciplinar as relações econômicas.

A Constituição de 1988 direciona a ordem econômica para a promoção da dignidade


humana e da justiça social. Os princípios que fundamentam a ordem econômica são de
cunho social, ocorrendo uma transformação da ordem econômica, que passa a ser
utilizada pelo Estado como instrumento de políticas públicas, substituindo a ordem
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jurídica liberal por uma ordem jurídica intervencionista.

Segundo Eros Roberto Grau, quando a Constituição estabelece em seu art. 170 que "a
ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre-iniciativa, tem
por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,
observados os princípios", a leitura que se faz, em um primeiro momento, é a de que a
Constituição está determinando o modo econômico da sociedade, está se referindo a um
modo de ser da economia, não se trata, portanto, de um conceito normativo, e sim de
um conceito de fato, de como o sistema econômico deve se organizar, de que modo as
relações econômicas devem se articular, para se atingir os objetivos da ordem
econômica. No entanto, se for analisada no sentido de que a Constituição impõe um
dever a ser seguido pelas relações econômicas, percebe-se que o enunciado do art. 170
é normativo, pois estabelece que a atividade econômica deve ser fundada na valorização
do trabalho humano e na livre-iniciativa, para assegurar a dignidade humana e a justiça
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social.

A ordem econômica constitucional trata-se de regra normativa, compreende um


conjunto de princípios de regulação da atividade econômica, "desde uma visão
macrojurídica, conformação que se opera mediante o condicionamento da atividade
15
econômica a determinados fins políticos do Estado".

O objetivo fundamental da Constituição econômica é consagrar o processo econômico à


luz de seus princípios fundamentais, que são: a valorização do trabalho humano, a
dignidade da pessoa humana, a livre-iniciativa e a justiça social. Assim, a Constituição
econômica não pretende romper com o capitalismo, mas assegura que a atividade
econômica deve servir de instrumento de políticas públicas, na promoção dos fins sociais
16
perseguidos pelo Estado.

Desse modo, verifica-se que a ordem jurídica do Estado Social, diferente do Estado
Liberal, possui valores para contemplar a vida econômica e social. A norma jurídica
possui carga axiológica para melhor atender aos interesses sociais. E os valores da
ordem econômica devem ser respeitados tanto no âmbito social como no econômico.

Conforme Márcia Carla Pereira Ribeiro, "(...) os valores a conduzir a ordem econômica,
estampados no texto constitucional, são os valores do mercado, da livre concorrência, da
propriedade privada e da soberania nacional, mas também da função social da
propriedade. Assim, estas seriam as finalidades perseguidas: a existência digna, a
defesa do consumidor, do meio ambiente, a redução das desigualdades sociais e a busca
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direitos fundamentais do trabalhador e o poder diretivo
do empregador à luz da ordem econômica constitucional

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do pleno emprego".

A valorização do trabalho humano é, com a livre-iniciativa, o sustentáculo da ordem


econômica brasileira. A Constituição de 1988 estabelece como fundamento da ordem
econômica o princípio da livre-iniciativa e da valorização do trabalho humano, primando
por uma atividade econômica que possa dar efetividade aos direitos fundamentais, à
dignidade humana de todos os trabalhadores.

Segundo Luís Roberto Barroso, "Tais princípios correspondem a decisões políticas


fundamentais do constituinte originário e, por essa razão, subordinam toda a ação no
âmbito do Estado, bem como a interpretação das normas constitucionais e
infraconstitucionais. A ordem econômica, em particular, e cada um de seus agentes - os
da iniciativa privada e o próprio Estado - estão vinculados a esses dois bens: a
valorização do trabalho [e, a fortiori, de quem trabalha,] e a livre-iniciativa de todos -
que, afinal, também abriga a ideia de trabalho -, espécie do gênero liberdade humana".
18

Desse modo, a atividade econômica, fundamentada no princípio da livre-iniciativa e da


concorrência, não é ilimitada, absoluta, uma vez que encontra como limites os demais
direitos e garantias fundamentais, não podendo a livre-iniciativa servir de "escudo" de
práticas de atividades ilícitas, como exemplo, o abuso do poder econômico, sob pena de
estar violando outros direitos fundamentais, como o direito dos trabalhadores.

Nesse sentido, vale destacar a lição de Egon Bockmann Moreira: "A liberdade de
empresa (e de iniciativa e de concorrência) envolve uma concepção acerca do exercício
de um direito que traz consigo determinados ônus e deveres, numa conjunção que
envolve o conceito de 'função' - o qual, no contexto abordado, destina-se a celebrar a
própria dignidade do ser humano. O texto constitucional é claro nesse sentido, ao dispor
que a Ordem Econômica ' tem por fim assegurar a todos uma existência digna, conforme
19
os ditames da justiça social' (art. 170, caput)".

Segundo Eros Roberto Grau, a livre-iniciativa não compreende apenas a liberdade


econômica, mas também a liberdade pelo trabalho, devendo ser "tomada no quanto
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expressa de socialmente valioso". Nesse sentido, o exercício da atividade econômica
deve estar em consonância com os interesses da coletividade, o que pressupõe uma
atuação moderada, uma reciprocidade de direitos e deveres entre os agentes
econômicos (iniciativa privada) e o Estado, no intuito de assegurar a todos uma vida
digna.

Assim, a valorização do trabalho humano, é, juntamente a livre-iniciativa, o sustentáculo


da ordem econômica brasileira. A Constituição de 1988 estabelece como fundamento da
ordem econômica o princípio da livre-iniciativa e da valorização do trabalho humano,
primando por uma atividade econômica que possa dar efetividade aos direitos
fundamentais, à dignidade humana de todos.

3. Poder diretivo do empregador e subordinação do trabalhador

Conforme Vital Moreira, o modo de produção capitalista regulado pela economia de


mercado exige sempre a propriedade privada dos meios de produção, permitindo que os
donos do capital detenham o poder de direção da sua produção, decidam sobre o seu
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consumo e seu investimento.

No sistema capitalista a produção é o meio de sobrevivência da sociedade, e nenhum


indivíduo consegue sobreviver sem produção. "Sem produção não existe distribuição,
nem consumo, pelo menos sob o ponto de vista da economia como realidade específica."
22

O modo de produção capitalista tem por característica a propriedade privada dos meios
produtivos e como principal objetivo a acumulação de capital, ocorrendo uma separação
entre donos dos meios de produção e trabalhadores. Disso resulta que "o excedente
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social reverterá para os detentores dos meios de produção", pois a produção gerada
pelos trabalhadores é apropriada pelos não produtores, revertendo em lucro, em renda
para estes. Este sistema funciona pela economia de mercado, que garante aos donos da
produção vendê-la no mercado para obter lucros, rendas e juros como o excedente da
produção, ou seja, o dono do capital tem o controle do processo de produção, controla o
23
que é produzido e a forma de dispor dos produtos no mercado de consumo.

Decorrente da autonomia privada, do direito fundamental de propriedade assegurado


pela Constituição de 1988, constitui direito fundamental do empregador dirigir a relação
empregatícia.

Segundo Amauri Mascaro Nascimento, o poder diretivo pode ser definido como "a
faculdade atribuída ao empregador de determinar o modo como a atividade do
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empregado, em decorrência do contrato de trabalho, deve ser exercida".

Marco Antônio Villatore e Alexandre Euclides Rocha entendem que o poder diretivo do
empregador pode ser dividido em:

a) Organização: o empregador tem o poder de se organizar e determinar o que será


realizado na empresa, sob seu exclusivo risco;

b) Controle: é o poder de fiscalização do empregador que permite a revista nos


empregados, desde que não vexatória, ou seja, sem a necessidade de despi-los ou de
contato corporal com os mesmos.

c) Disciplina: é a possibilidade de aplicação de punições aos empregadores, tais como


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advertência, suspensão e dispensa por justa causa.

Vale destacar que o poder punitivo do empregador acompanha o poder diretivo e


consiste no poder do empregador de aplicar uma sanção ao empregado faltoso, que não
obedece ao comando do empregador, desrespeitando o poder de direção deste.

Para Amauri Mascaro Nascimento, no contrato de trabalho "a subordinação é um e o


poder de direção o outro lado da moeda, de modo que, sendo o empregado um
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trabalhador subordinado, está sujeito ao poder de direção do empregador".

Ressalta-se que o empregado se sujeita ao processo econômico determinado pela


tecnologia industrial moderna, não tendo autonomia no tocante ao cumprimento de suas
tarefas. Essas tarefas são executadas de forma mecânica e repetitiva que são facilmente
substituídas por máquinas, que passam de forma automática a executar as funções que
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antes necessitavam da mão de obra humana.

Para satisfazer as verdadeiras necessidades os cidadãos são obrigados a deixar de lado


as suas escolhas e se dedicar a um trabalho que, muitas vez, não escolheu por sua
vontade, mas sim para suprir as suas necessidades. "O operário não especializado, sem
dúvida, se tiver a sorte de encontrar emprego ou estiver desesperado o bastante para
aceitar o que lhe pagarem, representa a mais extrema ilustração da falta de autonomia
28
de um agente no tocante ao seu próprio processo de trabalho."

Marco Antônio Villatore e Alexandre Euclides Rocha afirmam que: "(...) a situação atual,
não somente no Brasil, mas também de forma global, na maioria dos países mais
importantes, caracterizado pela escassez de trabalho e pelo excesso de oferta de mão de
obra, somando à grande volatilidade dos capitais, traz como consequência um
desrespeito aos direitos fundamentais ao empregado e, da mesma forma, uma
disseminação do assédio moral, pois a política e o mercado estão marcados por atitudes
desumanas e nada éticas, predominando a arrogância, o interesse individual e a
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exploração descompromissada da mão de obra humana".

Há doutrinadores que criticam o poder de punir do empregador. Para Aldacy Rachid


Coutinho,
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"(...) ante a própria estrutura contratualista, não se pode aceitar o poder sancionador de
aplicação de punições. O contrato não pode servir apenas de meio legitimador do poder
sancionador. Servindo apenas para proteger a atividade empresarial, preservando o
30
direito de propriedade".

A mesma autora continua afirmando que "jamais um contrato de trabalho, fruto de um


consenso, poderia ser admitido como válido ao assegurar a situação de supremacia de
uma das partes para punir a outra". Pois entende que o contrato de trabalho é um
negócio jurídico realizado entre dois sujeitos de direitos no âmbito das obrigações e não
31
de uma relação pessoa de sujeição.

Com efeito, diferente dos demais negócios jurídicos que têm um objeto delimitado pelos
sujeitos, o contrato de trabalho mantém uma indeterminação, quando a forma, o local e
o tempo em que o trabalho será prestado. E o empregador, por força do contrato de
trabalho, tem o direito de dirigir o trabalho de seus empregados, de fiscalizar e de punir,
impor algumas medidas disciplinares ao empregado e este, por sua vez, deve
subordinar-se ao empregador, devendo cumprir as ordens deste na execução do
contrato de trabalho.

4. A ponderação entre os direitos fundamentais do trabalhador e o poder diretivo do


empregador

4.1 A nova interpretação constitucional dos direitos fundamentais no Estado Democrático


de Direito

No Estado Democrático de Direito toda atividade legislativa e jurisdicional deve se


orientar a uma interpretação conforme os direitos fundamentais. Isso não significa que o
legislador esteja impedido de elaborar leis que limitem os direitos fundamentais, mas
toda limitação de um direito fundamental deve ter respaldo na Constituição.

A chamada nova hermenêutica constitucional repousa sobre o fundamento da dignidade


humana, reconhecendo o valor do ser humano como sujeito de direito, colocando-o no
centro do direito, e não como mero objeto deste. Busca-se uma reaproximação entre
32
ética e direito.

Segundo Flávia Piovesan, "O valor da dignidade humana impõe-se como núcleo básico e
informador do ordenamento jurídico brasileiro, como critério e parâmetro de valorização
a orientar a interpretação e compreensão do sistema constitucional instaurado em 1988.
A dignidade humana e os direitos fundamentais vêm constituir os princípios
constitucionais que incorporam as exigências de justiça e dos valores éticos, conferindo
suporte axiológico a todo sistema jurídico brasileiro. Na ordem de 1988 esses valores
passam a ser dotados de uma especial força expansiva, projetando-se por todo o
33
universo jurídico nacional".

Conforme Barroso, a nova interpretação constitucional deve ser adotada não apenas no
ambiente acadêmico, mas também deve repercutir seus efeitos na atuação dos
advogados, dos juízes e dos promotores. Nas palavras do referido autor:

"O discurso acerca dos princípios, da supremacia dos direitos fundamentais e do


reencontro com a ética - ao qual, no Brasil, se deve agregar o da transformação social e
o da emancipação - deve ter repercussão sobre o ofício dos juízes, advogados e
promotores, sobre a atuação do Poder Público em geral e sobre a vida das pessoas.
Trata-se de transpor as fronteiras da reflexão filosófica, ingressar na dogmática jurídica
e na prática jurisprudencial e, indo mais além, produzir efeitos positivos sobre a
34
realidade".

O intérprete na realização do sentido de um preceito constitucional deve levar em


consideração que a Constituição se apresenta como um sistema unitário. Assim, deverá
analisar referido preceito em conjunto com as demais normas constitucionais, analisando
a Constituição em sua totalidade. No processo de interpretação e concretização
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constitucional deverá harmonizar com outras normas as possíveis contradições


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encontradas na Constituição.

Nesse sentido, Robert Alexy entende que, pelo fato de os direitos fundamentais
vincularem também a atividade legislativa, surge "uma relação de tensão entre direitos
fundamentais e jurisdição constitucional, de um lado, e democracia e parlamentarismo,
do outro", pois o tribunal constitucional como garantidor dos direitos fundamentais deve
36
ser colocado acima do processo democrático.

Desse modo, na interpretação dos direitos fundamentais o intérprete deve sempre levar
em consideração o critério hermenêutico que melhor atenda aos valores
consubstanciados nos direitos fundamentais.

4.2 A eficácia dos direitos fundamentais nas relações privadas

É importante destacar o alcance da eficácia dos direitos fundamentais no Estado


Democrático de Direito, pois, diferente do Estado liberal que não admitia a aplicação dos
direitos fundamentais nas relações entre particulares, no atual estágio do
constitucionalismo não há que duvidar da vinculação dos direitos fundamentais também
entre particulares. Disso resulta que não apenas o Estado é inimigo dos direitos
fundamentais, como também os particulares podem agredir tais direitos.

Os direitos fundamentais surgiram com a finalidade de limitar o poder estatal perante as


liberdades individuais. Assim, o principal destinatário das obrigações decorrentes dos
direitos fundamentais seria o Estado. Contudo, as consequências decorrentes das crises
sociais do século XX demonstraram que não era mais possível afirmar que o Estado
deveria se abster de intervir nas relações privadas, percebendo-se ser necessário que o
Estado protegesse a sociedade civil dos perigos que ela mesma criou. Consequência
disso é o reconhecimento de que não apenas o Estado era quem poderia violar direitos
fundamentais, mas também os particulares. Daí a necessidade de discussão a respeito
da possibilidade de aplicação dos direitos fundamentais nas relações privadas.

Aos poucos, com a crise do Estado liberal, acolhe-se um modelo social de Estado, no
qual os direitos fundamentais deixam de se apresentar como meros direitos subjetivos
do indivíduo perante o Estado, e passam a figurar como valores objetivos, que não só o
Estado deve respeitar, mas também os particulares. Verifica-se, então, a possibilidade
de aplicação dos direitos fundamentais nas relações entre particulares (relações
privadas).

Entende Ingo Sarlet que a evolução do Estado liberal clássico para o Estado Social e
Democrático de Direito implicou uma mudança de perspectiva em relação à
compreensão dos direitos fundamentais. Se no Estado liberal os direitos fundamentais se
destacavam como direitos subjetivos de resistência do indivíduo perante a intervenção
estatal, com o avanço para o Estado Social e Democrático os direitos fundamentais se
destacam pelo seu aspecto objetivo, uma vez que a sociedade participa cada vez mais
das decisões de poder. Dessa forma, reconhece-se que a liberdade dos indivíduos não
precisa de tutela apenas em relação às intervenções estatais, mas também contra as
intervenções dos mais fortes no âmbito social, ou seja, de intervenções de grupos
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econômicos detentores de poder político.

De acordo com Gilmar Mendes, os direitos fundamentais ganham destaque nas


sociedades quando se verifica a inversão da tradicional relação entre indivíduo e Estado.
Percebe-se quando há o reconhecimento de que "o indivíduo tem, primeiro, direitos, e,
depois, deveres perante o Estado, e que os direitos que o Estado tem em relação ao
38
indivíduo se ordenam ao objetivo de melhor cuidar das necessidades dos cidadãos".

Atualmente, reconhece-se que os direitos fundamentais possuem natureza objetiva,


tendo por consequência a necessidade de sua oponibilidade não apenas em relação ao
Estado, mas também nas relações entre particulares.
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Novas considerações sobre a ponderação entre os
direitos fundamentais do trabalhador e o poder diretivo
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Na doutrina pátria, a maioria dos juristas entende como aplicação direta e imediata os
direitos fundamentais nas relações entre particulares. Afirmam, ainda, que o fundamento
para tal entendimento consiste no fato de que a Constituição brasileira, além de se
aproximar de um modelo social, com um rol considerável de direitos fundamentais
sociais, coloca como o primeiro de seus objetivos a construção de uma sociedade livre,
justa e solidária (art. 3.º, I, CF/1988 (LGL\1988\3)), dando a entender que o modelo
constitucional brasileiro se aparta cada vez mais do liberal clássico, aquele em que o
Estado é o único que viola direitos fundamentais.

Quando se acolhe um modelo social de Estado, os direitos fundamentais deixam de se


apresentar como meros direitos subjetivos do indivíduo perante o Estado, e passam a
figurar como valores objetivos, que não só o Estado deve respeitar, mas também os
particulares.

O art. 5.º, X, da CF/1988 (LGL\1988\3), que elenca os direitos da personalidade,


dispondo que "são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação", demonstra claramente que, nesses casos, os direitos fundamentais
possuem eficácia nas relações privadas.

4.3 Os direitos fundamentais do trabalhador como limites ao poder diretivo do


empregador

O princípio da livre-iniciativa não é ilimitado, absoluto, pois encontra como limites os


demais direitos e garantias fundamentais, não podendo tal princípio servir de "escudo"
de prática de atividades ilícitas, como exemplo o abuso do poder econômico, sob pena
de estar violando outros direitos fundamentais, como o direito dos trabalhadores e
39
consumidores.

Constitui direito fundamental do empregador dirigir a relação empregatícia. Contudo, o


empregado também tem direito à proteção de seus direitos fundamentais como sua
intimidade, privacidade, honra, imagem etc. A Constituição de 1988 elenca no art. 5.º,
X, os direitos da personalidade, dispondo que: "são invioláveis a intimidade, a vida
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação".

Direitos da personalidade podem ser entendidos como prerrogativas individuais


conferidas a qualquer indivíduo. São direitos inalienáveis, intransmissíveis, irrenunciáveis
e imprescritíveis. Por serem direitos inalienáveis, o indivíduo não pode dispor no
comércio. Tais direitos não têm cunho patrimonial, são inerentes à existência e
dignidade da pessoa humana, não podendo ser objeto de contrato, pois não possuem
valor econômico.

Os direitos da personalidade são personalíssimos, intransferíveis, são direitos subjetivos


de cada indivíduo de defender a sua integridade física, intelectual e moral. Também são
imprescritíveis, no sentido de que são sempre exercíveis, não há perda de tais direitos
pelo decurso de tempo. Referidos direitos são sempre exigíveis, ou seja, seu exercício
não é alcançado pela prescrição. Também se fala na irrenunciabilidade dos direitos da
personalidade, pois, ainda que possa deixar de exigir a aplicação de um direito
40
fundamental para si, o indivíduo não pode retirar a sua titularidade sobre tais direitos.

Para Flavia Moreira Guimarães Pessoa, os direitos da personalidade são relevantes para
a área trabalhista, pois estão relacionados com os atributos da pessoa humana. Trata-se
41
de proteção que envolve a vida privada, a imagem, a honra e a intimidade.

Afirma José Affonso Dallegrave Neto que: "Na órbita dos contratos de trabalho, o
empresário deve dar efetividade ao cumprimento da legislação trabalhista, não podendo
praticar atos atentatórios à dignidade do trabalhador, tais como mobbing, o assédio
moral, as dispensas discriminatórias ou mesmo os abusos decorrentes de poder de
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Novas considerações sobre a ponderação entre os
direitos fundamentais do trabalhador e o poder diretivo
do empregador à luz da ordem econômica constitucional

42
direção ( jus variandi)" (grifo no original).

Na seara trabalhista, os direitos da personalidade do trabalhador, como exteriorização e


concretização da dignidade humana, devem ser oponíveis contra o empregador, que não
pode violar tais direitos, sob pena de estar atentando contra a dignidade do trabalhador,
incorrendo no abuso de seu poder diretivo.

Nesse sentido, também assevera Dinaura Godinho Pimentel Gomes que: "Diante dos
princípios e regras fundamentais da Constituição Federal (LGL\1988\3) brasileira, que
resguardam a dignidade humana e os valores sociais do trabalho, o trabalhador não
pode ser colocado apenas a serviço dos interesses econômicos de empresas e pessoas
físicas, que, sem escrúpulos, preocupam-se tão só com o aumento de lucros e a redução
43
de gastos".

Assim, verifica-se a necessidade de coibir qualquer ato do empregador atentatório aos


direitos da personalidade do empregado, uma vez que, nos termos da Constituição, o
empregador não pode realizar atos que violem a intimidade, a privacidade, a honra e a
imagem dos trabalhadores.

4.4 A ponderação entre os direitos de personalidade do trabalhador e o poder diretivo do


empregador

Os conflitos entre direitos fundamentais não se resolvem por meio dos critérios
tradicionais de solução de conflitos entre regras jurídicas, sendo, portanto, aplicado o
critério da ponderação.

Conforme Écio Oto Ramos Duarte e Susanna Pozzolo, "A metodologia


interpretativa/aplicatica requerida pelo Direito do Estado Constitucional seria aquela da
'ponderação', voltada a balancear de vez em quando os valores em jogo, considerando
as exigências do caso concreto. O intérprete será, então, encarregado do difícil encargo
de fazer prevalecer ou um ou outro valor ocasionalmente relevante e será, pois, o
intérprete que deverá escolher entre estreita legalidade e justiça substancial, adotando a
solução menos traumática e mais compatível com a realidade (caso concreto), de um
44
lado, e com o sistema jurídico em sua plenitude, de outro".

No âmbito trabalhista, verifica-se que, decorrente da autonomia privada, do direito


fundamental de propriedade assegurado pela Constituição de 1988, constitui direito
fundamental do empregador dirigir a relação empregatícia. Contudo, o empregado
também tem direito à proteção de seus direitos fundamentais como sua intimidade,
privacidade, honra, imagem etc.

O problema consiste em estabelecer um limite ao poder de direção do empregador.


Segundo Adriana Calvo, "não há uma linha exata e distinta que estabelece onde começa
45
e termina o poder de subordinação do empregado".

Os direitos da personalidade do trabalhador, conforme Flavia Moreira Guimarães Pessoa,


"tem caráter negativo de proteção e entra em choque com o direito de dirigir a atividade
do empregado, que é ínsito à subordinação jurídica, elemento caracterizador do direito
46
do trabalho".

Vale lembrar que a Constituição assegura como fundamento do Estado Democrático de


Direito, entre outros ali previstos, a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do
trabalho e da livre-iniciativa. Para Flavia Moreira Guimarães Pessoa, "o fato de os valores
sociais do trabalho e da livre-iniciativa virem no mesmo inciso já demonstra a
47
necessidade de ponderação de princípios e valores".

De fato, a Constituição estabelece em seu art. 5.º, XXII, que "é garantido o direito de
propriedade", mas também assegura os direitos da personalidade, dispondo que: "são
invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação". Isso já
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Novas considerações sobre a ponderação entre os
direitos fundamentais do trabalhador e o poder diretivo
do empregador à luz da ordem econômica constitucional

demonstra a necessidade de ponderação entre os direitos fundamentais do trabalhador e


o direito de propriedade do empregador, fazendo-se necessário adotar alguns critérios
para harmonizar o poder de direção do empregador como os direitos fundamentais do
empregado.

Com efeito, sob o paradigma do Estado democrático de direito, a compreensão do direito


possibilita a existência de colisões entre direitos fundamentais, e estas podem ser
resolvidas pelo legislador, o qual manifesta a sua liberdade de conformação legislativa
sobre os direitos fundamentais. Mas também é possível o Poder Judiciário, por meio de
parâmetros constitucionais, questionar, criticar, podendo restringir, controlar e,
inclusive, censurar a omissão do legislador, não por meio do raciocínio subsuntivo, mas
da ponderação. Conforme Clémerson Merlin Clève: "(...) e essa implica, na verdade,
mensuração de peso, exige argumentação e um adequado manejo do princípio da
proporcionalidade na sua tríplice dimensão: adequação, necessidade e proporcionalidade
48
em sentido estrito".

Esclarece Ingo Sarlet que as desigualdades e injustiças que caracterizam a sociedade


brasileira indicam a necessidade de intensificação na proteção dos direitos fundamentais
nas relações entre particulares. Contudo, reconhece-se que as especificidades das
relações entre particulares impõem uma análise de proporcionalidade entre os interesses
(direitos fundamentais) que estão em jogo e a autonomia privada daquele cuja atividade
se quer limitar. Assim, convergem no sentido da necessidade de fixação de parâmetros
49
para a aplicação dos direitos fundamentais nas relações privadas.

Luís Roberto Barroso afirma que "o fim primário do princípio da unidade é procurar
determinar o ponto de equilíbrio diante das discrepâncias que possam surgir na aplicação
50
das normas constitucionais". Dessa forma, por força de tal princípio não existe
hierarquia entre normas constitucionais. Quando há tensões entre duas normas
constitucionais deve-se recorrer à técnica da ponderação, realizando uma harmonização
entre tais normas, a fim de que seja resguardada a unidade da Constituição.

Dinaura Godinho Pimentel Gomes sustenta que "(...) diante da necessidade de se limitar
um direito fundamental do trabalhador, em face de outro bem constitucional com o qual
colide, urge observar, por primeiro, o princípio da unidade da Constituição. A partir daí,
não se pode ignorar que o direito, ao apresentar conteúdo material fundamental -
mesmo elencado fora do catalogo da Constituição Federal (LGL\1988\3) -, não pode ser
sacrificado, por inteiro, seja por ato unilateral do empregador, por ato da administração
Pública, ou por força decisão judicial (injusta), razão por que é indispensável o recurso
51
ao 'princípio dos princípios', o princípio da proporcionalidade" (grifo no original).

De acordo com Luís Roberto Barroso, o princípio da razoabilidade ou da


proporcionalidade é um importante mecanismo de proteção dos direitos fundamentais e
do interesse público, "por permitir o controle da discricionariedade dos atos do Poder
Público e por funcionar como a medida com que uma norma deve ser interpretada no
caso concreto para a melhor realização do fim constitucional nela embutido ou
decorrente do sistema". Assim, será possível ao Judiciário analisar os atos legislativos e
administrativos, verificando se existe adequação entre o meio empregado e o fim
52
perseguido e se o meio adotado é o menos gravoso para se chegar ao fim pretendido.

Para Paulo Afonso Linhares, "com a aplicação do princípio da proporcionalidade, faz-se


uma avaliação da adequação dos meios aos fins esboçados na lei, numa operação de
sopesamento das vantagens destes meios em confronto com as vantagens dos fins, de
53
sorte que a decisão seja a menos prejudicial possível".

Na aplicação do princípio da proporcionalidade, Daniel Sarmento propõe dois critérios


que servem de norte ao aplicador do direito. Primeiro, deve-se estabelecer uma relação
entre desigualdade fática entre as partes e a proteção da autonomia da vontade
individual. Sendo a desigualdade entre as partes inerente às relações interpessoais,
deve-se buscar uma situação em que tal realidade não se torne violadora de direitos
Página 11
Novas considerações sobre a ponderação entre os
direitos fundamentais do trabalhador e o poder diretivo
do empregador à luz da ordem econômica constitucional

fundamentais. Assim, quanto maior a desigualdade fática entre os particulares que


interagem, menor deverá ser a tutela da autonomia individual e maior deverá ser a
54
tutela dos direitos fundamentais da parte mais fraca da relação.

Segundo, no momento da realização do juízo de proporcionalidade entre a autonomia


privada e os direitos fundamentais, deve-se analisar a natureza da relação em exame
para observar se, na relação, o objeto refere-se às questões relativas a decisões
existenciais, as quais estão direitamente ligadas à autonomia individual, ou se trata de
relações que possuem como objeto o patrimônio. Em tal análise, deve-se verificar o
seguinte: em situações em que se trata de decisões existenciais, que a decisão está
restrita à privacidade individual ou ligada ao campo afetivo e emocional da pessoa,
deve-se prevalecer a tutela da autonomia privada. Agora, nas relações econômicas, se o
que está em jogo se trata de algo essencial ao desenvolvimento da vida humana,
deve-se dar maior tutela aos direitos fundamentais, deixando em segundo plano a
55
autonomia individual.

Verifica-se que o princípio da proporcionalidade exerce uma função positiva no sentido


de determinar o alcance de um direito fundamental, a fim de evitar que algumas pessoas
possam ultrapassar tais limites, indo além da razoabilidade. Assim, constata-se a
importância do referido princípio como "imprescindível instrumento de interpretação
integradora dos princípios e regras constitucionais, e, sobretudo, como elemento
dinâmico de resolução dos inevitáveis conflitos normativos que se albergam no seio da
56
própria constituição".

O TST tem aplicado os direitos fundamentais nas relações trabalhistas, limitando o poder
de fiscalização do empregador, conforme se constata da decisão abaixo descrita.

"I - Recurso de revista do reclamante. 1. Dano moral. Revista íntima. Configuração. 1.1
A CLT (LGL\1943\5) consagra o poder diretivo do empregador (art. 2.º), que se
manifesta por meio do controle, vigilância e fiscalização dos seus empregados. Tal poder
encontra limites também legalmente traçados. Ninguém pode tudo. Os poderes de
qualquer indivíduo, de qualquer instituição, para além do que trace o ordenamento,
estão limitados não só pelo que podem os outros indivíduos e instituições, mas, ainda,
pelo que, legitimamente, podem exigir na defesa de seus patrimônios jurídicos. 1.2 A
Constituição da República (LGL\1988\3) (arts. 1.º, III, e 5.º, caput e III e X) tutela a
privacidade e a honra, coibindo práticas que ofendam a dignidade da pessoa humana e
constituam tratamento degradante. O art. 373-A, VI, da CLT (LGL\1943\5), por seu
turno, traz vedação expressa à revista íntima - embora dirigido às mulheres
empregadas, é passível de aplicação aos empregados em geral, em face do princípio da
igualdade também assegurado pelo Texto Maior. 1.3 Ao assumir os riscos de seu
empreendimento ( CLT (LGL\1943\5), art. 2.º), o empregador toma a si a obrigação de
adotar providências que garantam a segurança de seu patrimônio, iniciativa que
encontrará larga resposta por parte da tecnologia moderna. 1.4 Não há nada e nenhuma
norma que autorize o empregador ou seus prepostos a obrigar empregados ao
desnudamento para revistas. 1.5 Não há revista íntima razoável. O ato em si constitui
abuso de direito e, diante do regramento constitucional, é ilícito. O direito de
propriedade não se estende a ponto de permitir ao empregador dispor da intimidade de
seus empregados, submetendo-os, cruelmente, a humilhações, às quais se curvam pela
necessidade de conservação do emprego. Não é razoável tolerar-se a recusa a valor tão
básico, cuja reiteração, por certo, redunda em rigorosa modificação do espírito e em
irrecusável sofrimento para o trabalhador. 1.6 Pergunta-se como reagiriam empregador,
seus prepostos e, ainda, aqueles que sustentam tal comportamento, acaso submetidos a
diárias revistas íntimas. Não se crê que, então, sustentassem-nas com tal vigor. 1.7 São
inapreensíveis por outrem os direitos pessoais à preservação da dignidade, intimidade,
privacidade e honra. 1.8 Infligindo dano moral, obriga-se o empregador à indenização
correspondente ( CF (LGL\1988\3), art. 5.º, V). Recurso de revista conhecido e provido"
57
(grifos no original).

Pela decisão acima, verifica-se que o TST tem limitado o poder de fiscalização do
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Novas considerações sobre a ponderação entre os
direitos fundamentais do trabalhador e o poder diretivo
do empregador à luz da ordem econômica constitucional

empregador no que diz respeito à realização de revista nos empregados, garantindo,


assim, o direito à intimidade destes, concretizando, por consequência, o princípio da
dignidade humana.

Desse modo, o exercício da atividade econômica deve estar em consonância com os


interesses da coletividade, o que pressupõe uma atuação moderada, uma reciprocidade
de direitos e deveres entre os agentes econômicos (iniciativa privada) e o Estado, no
intuito de assegurar a todos os trabalhadores uma vida digna. Nesse aspecto, o princípio
da proporcionalidade atua com ponto de equilíbrio na ponderação entre os direitos
fundamentais do trabalhador e o direito de propriedade do empregador.

5. Conclusão

A valorização do trabalho humano é, com a livre-iniciativa, o sustentáculo da ordem


econômica brasileira. A Constituição de 1988 estabelece como fundamento da ordem
econômica o princípio da livre-iniciativa e o princípio da valorização do trabalho humano,
primando por uma atividade econômica que possa dar efetividade aos direitos
fundamentais, à dignidade humana de todos.

A Constituição de 1988 projeta um impacto sobre a validade do direito do trabalho, o


que se pode considerar que a liberdade de atuação do empregador na relação de
emprego não é absoluta, mas relativa, em consequência de que o empregado tem seus
direitos fundamentais assegurados pela ordem normativa superior.

Desse modo, a atividade econômica não é ilimitada, absoluta, uma vez que encontra
como limites os direitos e garantias fundamentais, não podendo a livre-iniciativa servir
de escudo a práticas de atividades ilícitas, por exemplo, o abuso do poder diretivo, sob
pena de estar violando outros direitos fundamentais dos trabalhadores.

Os direitos fundamentais permitem o balanceamento de valores conforme a sua


importância no caso concreto, exigindo ponderação com outros direitos fundamentais
que eventualmente possam estar em jogo. Por isso, quando há uma colisão entre
direitos fundamentais, deve-se recorrer ao critério da ponderação, buscando uma
harmonização entre os direitos fundamentais conflitantes.

Nesse aspecto, o princípio da proporcionalidade surge como uma necessidade para


resolver um conflito entre dois ou mais direitos fundamentais em uma situação concreta,
sendo resolvido o conflito mediante a ponderação entre os direitos conflitantes,
preservando, na medida do possível, os direitos assegurados por cada um, ou seja, por
meio do princípio da proporcionalidade um dos direitos fundamentais será privilegiado no
caso concreto, mas sempre procurando minimizar os efeitos ofensivos ao direito
fundamental não aplicado.

Em termos gerais, pode-se concluir que os direitos fundamentais dos trabalhadores


figuram como um quadro referencial obrigatório para os empregadores. Estes na direção
da relação de emprego devem resguardar tais direitos, sob pena de estarem praticando
abuso do seu poder diretivo. É preciso que haja o comprometimento de todos na
realização dos direitos fundamentais, da valorização da dignidade humana e de outros
valores importantes para a manutenção de um Estado Social e Democrático de Direito.

6. Referências bibliográficas

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1. Grau, Eros Roberto. A ordem econômica na Constituição de 1988. 13. ed. São Paulo:
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2. Wolkmer, Antônio Carlos. Ideologia, estado e direito. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo:
Ed. RT, 1989. p. 114-115.

3. Bonavides, Paulo. Do Estado Liberal ao Estado Social. 5. ed. Belo Horizonte: Del Rey,
1993. p. 29-31.

4. Idem, p. 31-32.

5. Moncada, Luís S. Cabral de. Direito económico. 4. ed. Coimbra: Ed. Coimbra, 2003. p.
18.

6. Oliveira, Marcelo Andrade Cattoni de. Direito constitucional. Belo Horizonte:


Mandamentos, 2002. p. 55.
Página 15
Novas considerações sobre a ponderação entre os
direitos fundamentais do trabalhador e o poder diretivo
do empregador à luz da ordem econômica constitucional

7. Moncada, Luís S. Cabral de. Op. cit., p. 20.

8. Azevedo, Plauto Faraco de. Direito, justiça social e neoliberalismo. São Paulo: Ed. RT,
1999. p. 82.

9. Idem, ibidem.

10. Wolkmer, Antônio Carlos. Op. cit ., p. 117.

11. Moncada, Luís S. Cabral de. Op. cit ., p. 29.

12. Idem, p. 16.

13. Grau, Eros Roberto. Op. cit., p. 72.

14. Idem, p. 65-66.

15. Idem, p. 68.

16. Idem, p. 76-77.

17. Ribeiro, Marcia Carla Pereira. Sociedade de economia mista & empresa privada:
estrutura e função. Curitiba: Juruá, 2000. p. 180.

18. Barroso, Luís Roberto. A ordem econômica constitucional e os limites à atuação


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19. Cuéllar, Leila; Moreira, Egon Bockmann. Estudos de direito econômico. Belo
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20. Grau, Eros Roberto. Op. cit., p. 235.

21. Moreira, Vital. A ordem jurídica do capitalismo. 3. ed. Coimbra: Centelho, 2003. p.
24-25.

22. Idem, p. 26.

23. Idem, p. 27-28.

24. Idem, ibidem.

25. Rocha, Alexandre Euclides; Villatore, Marco Antônio César. A atividade econômica do
empregador em consonância com os direitos fundamentais dos empregados. In :
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26. Nascimento, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho. 27. ed. rev. e atual.
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27. Giannetti, Eduardo. Mercado das crenças: filosofia econômica e mudança social.
Trad. Laura Teixeira Motta. São Paulo: Companhia da Letras, 2003. p. 95.

28. Idem, p. 94-95.

29. Rocha, Alexandre Euclides; Villatore, Marco Antônio César. Op. cit., p. 151-178.

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Novas considerações sobre a ponderação entre os
direitos fundamentais do trabalhador e o poder diretivo
do empregador à luz da ordem econômica constitucional

30. Coutinho, Aldacy Rachid. Poder punitivo trabalhista. São Paulo: Ed. LTr, 1999. p.
199.

31. Idem, ibidem .

32. Barroso, Luís Roberto. Temas de direito constitucional. Rio de Janeiro: Renovar,
2005. t. III, p. 13.

33. Piovesan, Flávia. Proteção dos direitos econômicos, sociais e culturais e do direito à
alimentação mecanismos nacionais e internacionais. In: Folmann, Melissa; Annoni,
Danielle (coord.). Direitos humanos: os 60 anos da Declaração Universal da ONU.
Curitiba: Juruá, 2008. p. 132-158.

34. Barroso, Luís Roberto. Temas... cit., p. 13.

35. Diniz, David Dantas. Interpretação constitucional no pós-positivismo. 2. ed. São


Paulo: Madras, 2005. p. 270.

36. Alexy, Robert. Constitucionalismo discursivo. Trad. Luís Afonso Heck. 2. ed. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2008. p. 11.

37. Sarlet, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 5. ed. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2005. p. 374.

38. Mendes, Gilmar Ferreira; Coelho, Inocêncio Mártires; Branco, Paulo Gustavo Gonet.
Curso de direito constitucional. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 233.

39. Barroso, Luís Roberto. Temas... cit., p. 2.

40. Silva, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 28. ed. São Paulo:
Malheiros, 2007. p. 181.

41. Pessoa, Flavia Moreira Guimarães. Curso de direito constitucional do trabalho. Uma
abordagem à luz dos direitos fundamentais. Salvador: Juspodivm, 2009. p. 74.

42. Dallegrave Neto, José Affonso. Função social da empresa como princípio
constitucional - art. 170, III, da Constituição Federal de 1988. In: Villatore, Marco
Antônio; Hasson, Roland (coord.); Almeida, Ronald Silka de (org.). Direito constitucional
do trabalho: vinte anos depois, Constituição Federal de 1988. Curitiba: Juruá, 2008. p.
749.

43. Gomes, Dinaura Godinho Pimentel. Direito do trabalho e dignidade da pessoa


humana, no contexto da globalização econômica. Problemas e perspectivas. São Paulo:
Ed. LTr, 2005. p. 230.

44. Duarte, Écio Oto Ramos; Pozzolo, Susanna. Neoconstitucionalismo e positivismo


jurídico: as faces da teoria do direito em tempos de interpretação moral da constituição.
São Paulo: Landy, 2006. p. 106.

45. Calvo, Adriana. O conflito entre o poder do empregador e a privacidade do


empregado no ambiente de trabalho. In : Villatore, Marco Antônio; Hasson, Roland
(coord.); Almeida, Ronald Silka de (org.). Direito constitucional do trabalho: vinte anos
depois, Constituição Federal de 1988. Curitiba: Juruá, 2008. p. 77.

46. Pessoa, Flavia Moreira Guimarães. Op. cit ., p. 74.

47. Idem, p. 118.

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Novas considerações sobre a ponderação entre os
direitos fundamentais do trabalhador e o poder diretivo
do empregador à luz da ordem econômica constitucional

48. Clève, Clémerson Merlin. Estado constitucional, neoconstitucionalismo e tributação.


Disponível em: [www.cleveadvogados.com.br]. Acesso em: 12.05.2009, p. 2.

49. Sarlet, Ingo Wolfgang. Op. cit., p. 377.

50. Barroso, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição: fundamentos de


uma dogmática constitucional transformadora. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 197.

51. Gomes, Dinaura Godinho Pimentel. Op. cit ., p. 226.

52. Barroso, Luís Roberto. Interpretação... cit., p. 373.

53. Linhares, Paulo Afonso. Direitos fundamentais e qualidade de vida. São Paulo: Iglu,
2002. p. 183.

54. Sarmento, Daniel. A vinculação dos particulares aos direitos fundamentais no direito
comparado e no Brasil. In : Barroso, Luís Roberto (org.). A nova interpretação
constitucional - ponderação, direitos fundamentais e relações privadas. 2. ed. Rio de
Janeiro: Renovar, 2006. p. 276-277.

55. Idem, ibidem.

56. Linhares, Paulo Afonso. Op. cit ., p. 182.

57. Brasil. TST, 3.ª T., Recurso de Revista RR 96000-50.2005.5.03.0011, rel. Min.
Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, j. 24.06.2009. Disponível em:
[http://aplicacao.tst.jus.br/consultaunificada2/]. Acesso em: 13.01.2010.

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