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DIREITO ADMINISTRATIVO
REGIME JURÍDICO E PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS
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SUMÁRIO

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................................................................................... 4


2. BASE ADMINISTRATIVA ............................................................................................................................. 4
3. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (ART. 37, CAPUT, CF) ................................................................ 6
a) Legalidade............................................................................................................................................. 6
b) Impessoalidade ..................................................................................................................................... 7
c) Moralidade ........................................................................................................................................... 9
d) Publicidade ..........................................................................................................................................13
e) Eficiência .............................................................................................................................................15
f) Isonomia ..............................................................................................................................................17
g) Razoabilidade/proporcionalidade .........................................................................................................18
h) Contraditório/ampla defesa .................................................................................................................20
i) Autotutela ............................................................................................................................................26
J) Princípio da segurança jurídica ..............................................................................................................26
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO .................................................................................................30
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA .............................................................................................................................30
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ATUALIZADO EM 14/01/2022

REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO2

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Regime Jurídico Administrativo é o conjunto de normas que norteiam a atuação da Administração Pública,
atribuindo princípios, prerrogativas e sujeições. A lista de princípios não está totalmente definida, mas todos
guardam com os demais uma relação lógica de coerência (sistema unidade).
Por essa razão, compõe-se como conjunto harmônico de princípios e regras.

Lembre-se:
1. Tutela dos direitos fundamentais;
2. Concretização dos interesses públicos.

Não existe um princípio que se sobreponha aos outros ou que seja absoluto. Assim, deve-se utilizar o
critério de ponderação dos interesses na situação concreta (não há nulidade nem exclusão na hipótese de
conflito). As regras são operadas no modo disjuntivo, pois uma exclui a outra quando da sua aplicação. O conflito
entre elas é resolvido no plano da validade, inclusive pela aplicação do princípio da proporcionalidade.

2. BASE ADMINISTRATIVA

São chamadas por Celso Antônio Bandeira de Melo de “Pedras Angulares” ou “Pedras de Toque” do direito
administrativo. São os alicerces, a base da disciplina administrativa como um todo. De acordo com autor, esses
superprincípio são a supremacia do interesse público e a indisponibilidade do interesse público.

Supremacia do interesse público

Não está expresso na CF! É muito importante para o convívio social e pressuposto de existência de
qualquer sociedade, sendo um conceito determinável no caso concreto. É a sobreposição do interesse público
em face do particular, ou seja, visa satisfazer o interesse público propriamente dito, concedendo à Administração
Pública algumas prerrogativas. Entenda: “Supremacia” não quer dizer que haverá a sobreposição do interesse do

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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo
(setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura
identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o
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do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos
anteriormente citados.
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Por Priscila Sertek
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administrador, mas sim sobreposição do interesse público. Além disso, não é um princípio absoluto, pois deve
respeitar os direitos individuais e coletivos previstos na Constituição.
Esse princípio, apesar de ser considerado a base do direito administrativo, depende de interpretação do
conteúdo no caso concreto, não se aplicando de forma isolada, sem considerar os demais princípios e as demais
normas que se apliquem aos diversos interesses contrapostos. Ainda, atua de forma ampla e abrangente, na
medida em que também orienta o legislador na elaboração da lei, devendo ser observado no momento da
aplicação dos atos normativos.
Um dos maiores exemplos de prova é que o princípio da supremacia justifica a presença de cláusulas
exorbitantes nos contratos administrativos, então #LEMBREDISSO!
Exemplos de aplicação: A exigibilidade, significando a previsão legal de sanções ou providências indiretas
que induzem o administrado a acatá-los; atributos dos atos administrativos (presunção de legitimidade,
autoexecutoriedade e imperatividade); Poderes da Administração (poder de polícia), contratos administrativos
(cláusulas exorbitantes, art. 58 da Lei nº 8.666/93); a constituição de terceiros em obrigações mediante atos
unilaterais; intervenção na propriedade (requisição, art. 5º, XXV, CF, desapropriação, art. 5º, XXIV, CF).
De acordo com Alice González Borges, “é preciso não confundir a supremacia do interesse público –
alicerce das estruturas democráticas, pilar do regime jurídico-administrativo – com as suas manipulações e
desvirtuamentos em prol do autoritarismo retrógrado e reacionário de certas autoridades administrativas”.

TJ-RJ, 2012 – FCC. Essa assertiva foi considerada CORRETA. O princípio da supremacia do interesse público está
presente na elaboração da lei e no exercício da função administrativa, esta que sempre deve visar ao interesse
público.
TJ-RJ, 2012 – FCC. Essa assertiva foi considerada ERRADA. O princípio da supremacia do interesse público informa
toda a atuação da Administração Pública e se sobrepõe a todos os demais princípios e a todo e qualquer interesse
individual.
TJ-RR, 2012 – CESPE. Essa assertiva foi considerada CORRETA. Do princípio da supremacia do interesse público
decorre a posição jurídica de preponderância do interesse da administração pública.

Indisponibilidade do interesse público

É consequência da própria supremacia do interesse público. O interesse público não está à livre disposição
do administrador, não há liberalidade. Trata-se de um múnus público, ou seja, é um encargo ou uma obrigação. É
um contrapeso/limitação ao princípio da supremacia do interesse público. O administrador exerce função
pública, significando que a atividade é exercida em nome e no interesse do povo. Assim, o administrador é mero
representante e não tem titularidade sobre o interesse público, não podendo, por esse motivo, dispô-lo. O STF
já se pronunciou no sentido da impossibilidade de transação ou renúncia pela Administração que não esteja
configurada em lei.
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Exemplos de aplicação: é violação à indisponibilidade ao interesse público a fraude à licitação, a fraude
ao concurso público. O administrador não pode criar entraves, obstáculos ao sucessor.

3. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (ART. 37, CAPUT, CF)

A Administração Pública Direta e Indireta e de todos os Poderes e Estados (União, Estados, Municípios e
DF) devem obediência aos princípios aqui listados. Tal rol foi alterado pela EC nº 19/98.

a) Legalidade

É a base do Estado Democrático de Direito e garante que todos os conflitos serão solucionados pela lei.
No entanto, esse princípio possui dois enforques: Para o Direito Privado, o particular pode tudo, salvo o que está
vedado pela lei (critério de não contradição à lei). Já para o agente público, haverá a incidência da “subordinação
à lei”, ou seja, só poderá fazer o que a lei permite.
#GUARDAESSAINFORMAÇÃO - Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo o que a lei não
proíbe, na administração pública só é permitido ao agente fazer o que a lei autoriza.
O controle de legalidade é a verificação de compatibilidade de um determinado ato com a lei, regras e
princípios constitucionais (controle em sentindo amplo). Obs.: o princípio da reserva legal não se confunde com
o princípio da legalidade, pois aquele determina que para certa matéria seja reservada (escolhida) a espécie
normativa.
O princípio da legalidade não exclui a possibilidade de atividade discricionária pela Administração Pública,
desde que observados os limites da lei, desde que esta deixe margem para a Administração agir conforme os
critérios de conveniência e oportunidade.

Art. 5º, II, CF/88 - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
Art. 37, caput, CF/88 - A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte;
Art. 150, CF/88 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.

É de ressaltar, também, que o princípio da legalidade é uma presunção, ou seja, os atos administrativos
podem ter a sua legalidade seja questionada, embora o ato seja considerado válido até decisão em contrário. Por
isso, tal princípio relaciona-se ao controle judicial da administração pública. Assim, ato administrativo que afronta
esse princípio deverá ser ANULADO.
Exceções ao princípio da legalidade: 1) Medida Provisória (art.62, CF); 2) Estado de Defesa (art.136, CF);
3) Estado de Sítio (artigos 137 a 139, CF).
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MPE-MG, 2017 – Essa assertiva foi considerada CORRETA. O decreto regulamentar não cria, altera ou constitui
direitos, apenas viabiliza na perspectiva operacional a adequada interpretação e aplicação da lei, ao passo que o
decreto autônomo é espécie normativa primária, preexistente à lei.

b) Impessoalidade

O princípio da impessoalidade é corolário do princípio da isonomia. O administrador não pode buscar


interesses próprios, pessoais. Traz a ausência de subjetividade, sem inclinações pessoais. O administrador deve
agir no atendimento do interesse público (de forma impessoal, abstrata e genérica). O ato NÃO é do agente, e
sim da pessoa jurídica (teoria da imputação).
Conceito de impessoalidade de Celso Antônio: “traduz a ideia de que a Administração tem que tratar a
todos sem discriminações, benéficas ou detrimentos, nem favoritismos nem perseguições são toleráveis,
simpatias ou animosidades pessoais, políticas ou ideológicas não podem interferir na atividade administrativa”.
O princípio da impessoalidade ocorre também na situação em que um administrador público pratica ato
administrativo com finalidade pública, de modo que tal finalidade é unicamente aquela que a norma de direito
indica como objetivo do ato. Assim, viola o princípio da impessoalidade a edição de ato administrativo que
objetive a satisfação de interesse meramente privado.
#JÁCAIU A inserção de nome, símbolo ou imagem de autoridades ou servidores públicos em publicidade
de atos, programas, obras, serviços ou campanhas de órgãos públicos fere o princípio da impessoalidade da
administração pública. Exemplos: licitação (todos tem a chance de serem contratados pelo Poder Público),
concurso público.

PC-ES, 2011 – CESPE. Essa assertiva foi considerada CORRETA. O concurso público para ingresso em cargo ou
emprego público é um exemplo de aplicação do princípio da impessoalidade.
PC-GO, 2016 – CESPE. Essa assertiva foi considerada CORRETA. Sem ter sido aprovado em concurso público, um
indivíduo foi contratado para exercer cargo em uma delegacia de polícia de determinado município, por ter
contribuído na campanha política do agente contratante. Nessa situação hipotética, ocorreu, precipuamente,
violação do princípio da impessoalidade.
TCE-MG, 2018 – CESPE. Essa assertiva foi considerada CORRETA. O tribunal de contas de um estado, ao analisar
as contas de determinado prefeito, verificou que houve gasto de recursos públicos com a elaboração de cartilhas
escolares com nomes, símbolos e imagens que caracterizavam a promoção pessoal de autoridades públicas do
município. Nessa situação, a conduta do prefeito afrontou especialmente o princípio da impessoalidade.
TJ-ES, 2011 – CESPE. Essa assertiva foi considerada ERRADA. O princípio da impessoalidade trata da incapacidade
da administração pública em ofertar serviços públicos a todos os cidadãos.
2017 – FCC – TRT 24 – Analista Judiciário – Área Administrativa. Em importante julgamento proferido pelo
Supremo Tribunal Federal, foi considerada inconstitucional lei que destinava verbas públicas para o custeio de
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evento cultural tipicamente privado, sem amparo jurídico-administrativo. Assim, entendeu a Corte Suprema
tratar-se de favorecimento a seguimento social determinado, incompatível com o interesse público e com
princípios que norteiam a atuação administrativa, especificamente, o princípio da: impessoalidade.
2016 – FCC – TRT 23 – Analista Judiciário – Área Administrativa. Manoela foi irregularmente investida no cargo
público de Analista do Tribunal Regional do Trabalho da 23ª Região, tendo, nessa qualidade, praticado inúmeros
atos administrativos. O Tribunal, ao constatar o ocorrido, reconheceu a validade dos atos praticados, sob o
fundamento de que os atos pertencem ao órgão e não ao agente público. Trata-se de aplicação específica do
princípio da: impessoalidade.

(*) ATUALIZADO EM 16/08/2021. #DEOLHONAJURIS PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE. O § 1º do art. 37 da CF/88


não admite flexibilização por norma infraconstitucional ou regulamentar. Está em desconformidade com a
Constituição Federal a previsão contida na Lei Orgânica do Distrito Federal que autoriza que cada Poder defina,
por norma interna, as hipóteses pelas quais a divulgação de ato, programa, obra ou serviço públicos não
constituirá promoção pessoal. Essa delegação conferida viola o § 1º do art. 37 da CF/88, que não admite
flexibilização por norma infraconstitucional ou regulamentar. É de se conferir interpretação conforme à
Constituição ao § 6º do art. 22 da Lei Orgânica do Distrito Federal para que a divulgação de atos e iniciativas de
parlamentares seja tida como legítima apenas quando efetuada nos ambientes de divulgação do mandatário ou
do partido político, não se havendo de confundi-la com a publicidade do órgão público ou entidade.STF. Plenário.
ADI 6522/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 14/5/2021 (Info 1017).

#CUIDADO: Impessoalidade x Finalidade: Divergência cogitada por Helly Lopes Meirelles (doutrina tradicional)
que sustentava que os dois princípios eram sinônimos, afirmando que após 1988 o princípio da
finalidade/imparcialidade foi substituído pela impessoalidade. No entanto, a posição de Celso Antônio Bandeira
de Melo (doutrina moderna) orienta que esses princípios não se confundem, pois, a impessoalidade é a ausência
de subjetividade e a finalidade significa que o administrador deve buscar o espírito da lei. São princípios
autônomos (art. 2º, III e XIII, da Lei nº 9.784/99).

Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público
e eficiência.
III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades;
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se
dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.
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c) Moralidade

Traduz a ideia de honestidade, obediência a princípios éticos, boa-fé, lealdade, boa administração,
correção de atitudes. É diferente da moralidade comum (certo e errado do convívio social) por ser mais rígida,
exigindo a correção de atitudes e a boa administração. Costuma-se associar esse princípio à ideia de probidade e
boa-fé. Assim, o Agente público que se utiliza de publicidade governamental com a finalidade exclusiva de se
promover, por exemplo, viola o princípio da moralidade. Esse princípio está expressamente previsto na CF.
O princípio da moralidade administrativa tem existência autônoma no ordenamento jurídico nacional e
deve ser observado não somente pelo administrador público, como também pelo particular que se relaciona com
a administração pública.
É importante ressaltar que a probidade administrativa é um aspecto da moralidade administrativa que
recebeu da Constituição Federal brasileira um tratamento próprio.

ANATEL, 2009 – CESPE. Essa assertiva foi considerada CORRETA. Governadores de Estados também devem
obrigatoriamente observar o princípio da moralidade pública na prática de atos discricionários.

c.1. Nepotismo
Contraria o princípio da moralidade o servidor público que nomeie o seu sobrinho para um cargo em
comissão subordinado: Nepotismo.
Súmula Vinculante nº 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou
por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica
investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança
ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola
a Constituição Federal.

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: O STF tem afastado a aplicação da SV 13 a cargos públicos de natureza
política, como são os cargos de Secretário Estadual e Municipal. Mesmo em caso de cargos políticos, será possível
considerar a nomeação indevida nas hipóteses de: • nepotismo cruzado; • fraude à lei e • inequívoca falta de
razoabilidade da indicação, por manifesta ausência de qualificação técnica ou por inidoneidade moral do
nomeado. STF. 1ª Turma. Rcl 29033 AgR/RJ, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/9/2019 (Info 952).

Com a EC nº 45/2004 e a criação do CNJ e do CNMP foram publicadas resoluções que vedam o nepotismo
(resoluções nº 07/CNJ e 01/CNMP). A resolução Nº 07 foi questionada com a ADC nº 12 e o STF declarou a
constitucionalidade da norma e afirmou que representava a aplicação de vários princípios constitucionais, como
a moralidade, impessoalidade, eficiência e isonomia.
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Além disso, o STF determinou que o CNJ pode fazer o controle administrativo do cumprimento das suas
resoluções. A vedação do parentesco (cônjuge, companheiro e parente em linha reta ou colateral até o 3º grau)
fica para os cargos em que não são previstos a realização de concurso púbico – Vedações de parentesco na mesma
pessoa jurídica: entre a autoridade nomeante e o nomeado em cargo de comissão ou função gratificada/função
de confiança; entre servidor que ocupa cargo de direção, chefia ou assessoramento e o servidor que ocupa cargo
em comissão ou função gratificada; designações recíprocas (nepotismo cruzado).
Em regra, agentes políticos estão fora da aplicação da Súmula Vinculante nº 13 de acordo com o STF
(Reclamação 6650, 7834; AgRcl 66750). "1. A jurisprudência do STF preconiza que, ressalvada situação de fraude
à lei, a nomeação de parentes para cargos públicos de natureza política não desrespeita o conteúdo normativo
do enunciado da Súmula Vinculante 13." (RE 825682 AgR, Relator Ministro Teori Zavascki, Segunda Turma,
julgamento em 10.2.2015, DJe de 2.3.2015)
O STJ também já decidiu que a prática de nepotismo configura ato de improbidade administrativa (ofensa
aos princípios da Administração Pública) – Resp 1009926.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: É inconstitucional lei estadual que excepciona a vedação da prática do nepotismo,


permitindo que sejam nomeados para cargos em comissão ou funções gratificadas de até dois parentes das
autoridades estaduais, além do cônjuge do Governador. STF. Plenário. ADI 3745/GO, rel. Min. Dias Toffoli,
15/5/2013 (Info 706)

*#OUSEBABER: No entendimento do STF, caracteriza nepotismo a nomeação de pessoa que possui parente no
órgão, quando este não tem influência hierárquica sobre a nomeação?
Nesse caso, não caracteriza. Inicialmente, sobre o nepotismo, vale a pena destacar que não há
necessidade de lei formal para a vedação ao nepotismo, considerando que tal proibição decorre diretamente dos
princípios contidos no art. 37, caput, da CF/88.
Quando do julgamento da Rcl 18564/SP, o STF deixou claro que não se caracteriza como nepotismo a
nomeação de pessoa que possui parente no órgão, quando este não tem influência hierárquica sobre a nomeação.
No que pese o STF não ter esgotado todas as possibilidades de configuração de nepotismo na
Administração Pública, o citado tribunal elencou critérios objetivos de conformação, são eles:
a) Ajuste mediante designações recíprocas, quando inexistente a relação de parentesco entre a
autoridade nomeante e o ocupante do cargo de provimento em comissão ou função comissionada;
b) Relação de parentesco entre a pessoa nomeada e a autoridade nomeante;
c) Relação de parentesco entre a pessoa nomeada e o ocupante de cargo de direção, chefia ou
assessoramento a quem estiver subordinada; e
d) Relação de parentesco entre a pessoa nomeada e a autoridade que exerce ascendência hierárquica ou
funcional sobre a autoridade nomeante.
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(*) ATUALIZADO EM 14/01/2022: #NOVIDADELEGISLATIVA: A Lei n. 14.230/2021, que alterou a Lei 8.429/92,
passou a prever expressamente no inciso XI do artigo 11 o nepotismo como ato de improbidade administrativa
que atenta contra os princípios da Administração Pública, vejamos:

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública a
ação ou omissão dolosa que viole os deveres de honestidade, de imparcialidade e de legalidade, caracterizada
por uma das seguintes condutas: (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)

(...)

XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau,
inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia
ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na
administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

- Cargo em comissão = era denominado antigamente de cargo de confiança. Serve para direção, chefia e
assessoramento e pode ser exercido por qualquer pessoa, atendidas as condições mínimas. Há limite mínimo
previsto em lei e depende do cumprimento de determinados requisitos (ex.: escolaridade), mas independe de
qualquer vínculo anterior entre a Administração Pública e o nomeado.

- Função de confiança = serve para direção, chefia e assessoramento. Somente pode ser atribuído a quem detém
cargo efetivo (acréscimo de responsabilidade). O servidor ganha um acréscimo remuneratório chamado de
gratificação por função de confiança.

Art. 37. (...) V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e
os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais
mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento;” (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: "Ementa: Administração Pública. Vedação nepotismo. Necessidade de lei formal.


Inexigibilidade. Proibição que decorre do art. 37, caput, da CF. RE provido em parte. I - Embora restrita ao âmbito
do Judiciário, a Resolução 7/2005 do Conselho Nacional da Justiça, a prática do nepotismo nos demais Poderes é
ilícita. II - A vedação do nepotismo não exige a edição de lei formal para coibir a prática. III - Proibição que decorre
diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da Constituição Federal." (RE 579951, Relator Ministro
Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, julgamento em 20.8.2008, DJe de 24.10.2008)

#OUSESABER: No Informativo 786 do STF, ADI 524, ficou decidido que o nepotismo não alcança os servidores de
provimento efetivo, pois isso poderia inibir o próprio provimento de cargos públicos e viola o livre acesso aos
cargos, empregos e funções públicas. Regra é constitucional para cargos em comissão, funções gratificadas, de
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direção e de assessoramento. Inexiste proteção ou apadrinhamento quando a pessoa é aprovada em concurso
público.

#OUSESABER: Para o STF, no julgamento do RE 678.574, a vedação ao nepotismo não se aplica às contratações
realizadas pelos serviços notariais – exercem atividade estatal, mas não ocupam cargo público. Podem, assim,
contratar parentes pela CLT.

*#OUSESABER: O Plenário do STF, no RE 570392/RS, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 11/12/2014 (Info 771)
decidiu que as leis que proíbam o nepotismo na Administração Pública NÃO são de iniciativa exclusiva do Chefe
do Poder Executivo, podendo, portanto, ser propostas pelos parlamentares. Dessa forma, não há vício de
iniciativa! A vedação ao nepotismo tem por objetivo cumprir os princípios constitucionais da isonomia,
impessoalidade e moralidade na Administração Pública. Ademais, vale lembrar a advertência do @dizerodireito,
“conforme entendeu o STF na edição da Súmula Vinculante 13, a proibição do nepotismo não exige a edição de
lei formal, considerando que essa vedação decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da
CF/88. Portanto, se o STF já reconheceu que tal proibição sequer precisa de lei, não há vício de iniciativa em lei
editada com o objetivo de dar cumprimento aos princípios constitucionais”

*#PERGUNTA: O que se entende por transnepotismo? O Professor Marcelo Pilon, em seu artigo “Nepotismo,
Nepotismo Cruzado e Transnepotismo” afirma que: “(...) muitos estão tentando burlar a decisão do STF em
relação ao nepotismo; surgem novas formas de nepotismo. É recorrente nos meios de comunicação a utilização
de neologismos como: “nepotismo cruzado” e “transnepotismo”. Podemos considerar “Nepotismo-Cruzado” a
nomeação por parte dos membros do Judiciário, Executivo e Legislativo da União, Estados, Distrito Federal e
municípios, de parentes uns dos outros. É a migração de servidores não concursados “dentro de um poder”, por
exemplo, na Câmara de Vereadores, o vereador X contrata para atuar em seu gabinete o filho do vereador Y que
em contrapartida contrata a esposa do vereador X. A meu ver, o “Transnepotismo” seria uma troca de favores
“entre os poderes”, a migração de indivíduos não concursados de um Poder para outro, por exemplo: o prefeito
do município “J” contrata para atuar no município, em cargo comissionado, o filho do vereador “Z” que em
contrapartida contrata para o seu gabinete o cunhado do prefeito; há também casos onde o vereador declara sua
“lealdade” ao executivo após o mesmo ter contratado seu parente ou apadrinhado. O mais trágico, e de certo,
nada bom para a democracia e o equilíbrio entre os poderes, é a possibilidade do “transnepotismo” e troca de
favores entre o Executivo e o Judiciário, com ou sem troca de parentes para cargos comissionado. (@top_juris)

*(Atualizado em 15/10/2022) #DEOLHONAJURIS - É inconstitucional, por violação aos princípios republicano,


democrático, da moralidade, da impessoalidade e da igualdade, lei municipal que concede pensão especial mensal
e vitalícia a viúvas de ex-prefeitos. Os cargos políticos de chefia do Poder Executivo são exercidos por mandatos
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temporários e os seus ocupantes são transitórios, motivo pelo qual a jurisprudência desta Corte é no sentido da
inexistência de qualquer direito ao recebimento de pensão vitalícia por seus ex-ocupantes, nas esferas estadual
e municipal, e por seus respectivos dependentes. A concessão do referido benefício pelo mero exercício de cargo
eletivo implica quebra do tratamento igual que deve ser conferido para pessoas em idênticas condições jurídico-
funcionais. Assim, assegurar a percepção de verba mensal a viúvas de ex-prefeitos configura condição privilegiada
e injustificada em relação aos demais beneficiários do Regime Geral de Previdência Social (CF/1988, art. 40, § 13,
com a redação dada pela EC 103/2019), que atenderam aos requisitos constitucionais e legais para a concessão
de seus benefícios. Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, julgou procedente a ADPF para
declarar não recepcionadas a Lei 405/1984 e a Lei 486/1989, ambas do Município de Caucaia/CE, bem como
modulou os efeitos da decisão, atribuindo-lhe eficácia a partir da data da publicação da ata do presente
julgamento (STF, ADPF 975/CE, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 7.10.2022, Info
1.068).

d) Publicidade

O administrador exerce função pública em nome do povo, motivo pelo qual deve dar ciência ao titular do
direito (o povo) do que está ocorrendo. Também representa condição de eficácia, que significa início de produção
de efeitos. Os atos só começam a produzir efeitos a partir de sua publicidade. Exemplo disso é o início da contagem
de prazo de um contrato, que seria a partir da data da publicação.
Outro ponto: assim como todos os demais princípios, o da publicidade não é absoluto – há atos que são
sigilosos, como nos casos de defesa da segurança pública.
O legislador, assim como o administrador público, procura concretizar os princípios da administração
pública ao editar e executar as normas. Nesse sentido, o direito às certidões expedidas por órgãos públicos
expressa uma das formas de concretização do princípio da publicidade.
O princípio da publicidade, no direito administrativo, relaciona-se à publicidade, diretamente ligada à
eficácia do ato, bem como à transparência, derivada, por sua vez, do princípio da indisponibilidade do interesse
público.

ATENÇÃO: ESTÁ ERRADA essa assertiva!! “Com base no princípio da publicidade, os atos internos da
administração pública devem ser publicados no diário oficial”. Essa é uma questão clássica de prova, que tenta te
confundir. Isso porque nem todos os atos demandam publicação no Diário Oficial, que podem ser veiculados por
outros meios de comunicação. A doutrina afirma, ainda, que apenas os atos externos necessitam de publicação
no D.O., os atos internos não.

- Publicidade também representa o início de contagem de prazo. Ex.: de notificação de multa de trânsito. O prazo
começa do dia em que a notificação é recebida e não da data de postagem ou expedição.
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- Publicidade também é mecanismo de controle e fiscalização, pois permite que o titular do poder tome ciência
do que está acontecendo no poder público, o que lhe dá oportunidade de se insurgir contra as ilegalidades dos
administradores. #JÁCAIUEMPROVA3

- Publicidade, no entanto, é diferente de publicação. Publicidade é muito mais amplo que publicação. Publicação
é uma das hipóteses de publicidade. A publicidade deve cumprir o formalismo previsto na lei (portas abertas,
edital x vezes).

#PEGADINHA: “A licitação na modalidade convite não tem publicidade” (Falso). No convite não há publicação de
edital, pois há a carta convite. Quando se encaminha a carta aos convidados está-se realizando a publicidade.

- Fundamentos da publicidade na CF: art. 37, caput./ art. 5º XXXIII (informação), XXXIV (certidão) e LXXII (habeas
data) / Lei 12.527/11. (lei de acesso à informação). Art. 37, §3º, II – direito de acesso à informação.

Art. 5º, XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de
interesse pessoal;
LXXII - conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou
bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte (...).
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta, regulando
especialmente:

3
2016 – FCC – TRT 20 – Analista Judiciário – Área Administrativa. Em importante julgamento proferido pelo Supremo
Tribunal Federal, considerou a Suprema Corte, em síntese, que no julgamento de impeachment do Presidente da República,
todas as votações devem ser abertas, de modo a permitir maior transparência, controle dos representantes e legitimação do
processo. Trata-se, especificamente, de observância ao princípio da: a) publicidade.
15
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de
atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos serviços;
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo, observado o disposto
no art. 5º, X e XXXIII;

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração


Pública, dos nomes de seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias. STF.
Plenário. ARE 652777/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 23/4/2015 (repercussão geral) (Info 782)

- Exceções à publicidade (garantia de sigilo):


• art. 5º, X (são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas). O administrador
não pode, com fundamento na publicidade, violar tais valores, sob pena de indenizar os lesados.
• Art. 5º, XXXIII (segurança do Estado ou da sociedade).
• Art. 5º, LX (processos que correm em sigilo). Em processos tanto judiciais quanto administrativos. Ex.
processo administrativo no âmbito do CRM sobre erro médico de determinado médico. Só publica
quando se tem o resultado.

* #OLHAOGANCHO: O IBGE está legalmente impedido de fornecer a quem quer que seja as informações
individualizadas que coleta, no desempenho de suas atribuições, para que sirvam de prova em quaisquer outros
procedimentos administrativos. STJ. 1ª Turma. REsp 1.353.602-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado
em 30/11/2017 (Info 617).

e) Eficiência

Foi introduzido no caput do art. 37 da CF pela EC nº 19/98 (Reforma Administrativa) e traduz a ideia de
uma administração gerencial.

A emenda 20/98, apesar de ser do mesmo e ano e tratar de direito administrativo, trata de
aposentadoria. A eficiência ganhou roupagem de direito expresso, mas ela já era exigida como princípio implícito
e já existia de forma expressa no art. 6º da lei 8987/95, que trata de serviço público. Então, se a questão falar que
“o princípio da eficiência não está expresso no texto constitucional, mas é aplicável a toda atividade da
administração pública” está ERRADO.

Art. 6º - Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos
usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato.
§1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança,
atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.
16

Ao revés, se a questão falar, por exemplo, “que o princípio da moralidade e o da eficiência estão
expressamente previstos na CF/88, ao passo que o da proporcionalidade constitui princípio implícito, não
positivado no texto constitucional” ou “O princípio da eficiência está previsto no texto constitucional de forma
explícita” estarão corretas!
A administração deve agir de modo célere, com o melhor desempenho possível de suas atribuições,
visando obter os melhores resultados. Uma das manifestações do princípio da eficiência, por exemplo, está nas
rotinas de controle de resultados a que se submete o poder executivo. A transparência dos atos administrativos
é um importante aspecto do princípio da eficiência, na medida em que coíbe a prática de atos que visam à
satisfação de interesses pessoais.
A partir do momento em que foram introduzidas no modelo regulatório brasileiro, as agências
reguladoras fizeram surgir o conceito de otimização funcional. Sua eficaz implementação baseia-se na autonomia
da agência reguladora e na definição de instrumentos que proporcionem a eficiência produtiva desta.

- Mas quais seriam os instrumentos para a concretização da eficiência?


(1) Alteração do art. 41 que trata da estabilidade dos servidores públicos, pois muito se falava que a estabilidade
acomodava o servidor. * A partir da EC 19/98, então, o servidor para garantir a estabilidade vai precisar de:
✓ Nomeação para cargo efetivo + 3 anos de exercício + avaliação especial de empenho
Esse último requisito está intimamente ligado à eficiência. Essa avaliação ainda precisa de regulamentação
na maioria das carreiras (lei complementar).

- Quais são as hipóteses em que o servidor pode perder o cargo?


• Processo administrativo (contraditório/ampla defesa)
• Processo judicial (trânsito em julgado)
• Avaliação periódica de desempenho. A avaliação de desempenho já existia, mas não retirava a
estabilidade do servidor.

(2) Racionalização da máquina administrativa. Art. 169, CF. Não dá para gastar tudo que se arrecada com folha de
pagamento. Isso seria ineficiente. O limite com pessoal é disposto na lei de responsabilidade fiscal, que lá no art.
19 traz esse limite de 50% para a União, 60% para estados e municípios sobre a receita corrente líquida.
• E se estiver acima do limite? Começa-se reduzindo os cargos em comissão e funções e confiança em no
mínimo 20 %; na sequência, é possível a exoneração de servidores não estáveis e; por fim, os servidores
estáveis através de exoneração, por não haver caráter de punição.
• Nesse último caso o cargo é extinto e só pode ser recriado com funções idênticas ou assemelhadas quatro
anos depois, para que o administrador não utilize o instituto do 169 para tirar os inimigos políticos da
Administração. A sequência não pode ser desobedecida. Somente o servidor estável tem direito à
indenização.
17

É preciso ter eficiência em duas esferas: meios (gastar o menos possível) e resultados (produzir os
melhores resultados). Obs.: eficiência – conduta das pessoas; eficácia – meios, instrumentos; efetividade –
resultado.

f) Isonomia

Significa tratar os desiguais de forma desigual, na medida de suas desigualdades. A restrição deve guardar
compatibilidade com a finalidade da norma.

#JÁFALEI #VOUREPETIR
O princípio da impessoalidade é corolário do princípio da isonomia.

• Ao conceder uma dilação do prazo de execução sem justificativa prevista em lei, a fiscalização contraria,
entre outros, o princípio da isonomia.
• A vedação absoluta ao direito de greve dos integrantes das carreiras da segurança pública é compatível
com o princípio da isonomia, segundo o STF.

ATENÇÃO: O princípio da isonomia é um dos fundamentos dos processos licitatórios e, consequentemente, estão
presentes nas questões de ambos os assuntos. Quase todas as questões que envolvem o princípio da isonomia
estão interligadas com o tema licitação. Vejam:

• Segundo esse princípio, são vedadas as restrições que venham a limitar de maneira abusiva, desnecessária
ou injustificada a participação de concorrentes em certame, pois o que se objetiva é, sobretudo, a
ampliação do universo de competidores.
• As normas que disciplinam as licitações públicas devem ser interpretadas em favor da disputa entre os
interessados, desde que não comprometam o princípio da isonomia.
• A Lei de Licitações destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a
selecionar a proposta mais vantajosa para a administração, que deve ser processada e julgada em estrita
conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade,
da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento
objetivo.
• As licitações destinam-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar
a proposta mais vantajosa para a administração.
18
#SELIGANASÚMULA: limite de idade em concurso público. Súmula 683 STF: O limite de idade para a inscrição
em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da CF, quando possa ser justificado pela natureza das
atribuições do cargo a ser preenchido.

• O preenchimento de cargos públicos mediante concurso público, por privilegiar a isonomia entre os
concorrentes, constitui expressão do princípio constitucional fundamental republicano.
• Para exigir limite de idade - art. 7º, XXX – o limite de idade tem que está previsto na lei da carreira. Esse
raciocínio serve para tudo, altura, peso, atividade jurídica. Para o requisito ir para o edital tem que está
previsto na lei da carreira e ser compatível com as atribuições do cargo. O limite de idade é hoje possível
e é acolhido pela Constituição, desde que obedecidos os requisitos.
• E se a previsão está em regulamentos, regimentos e não em lei? O STF discutiu tal questão em relação às
forças armadas, pois o limite de idade estava previsto em regulamento (RE 600885). O STF decidiu que
não foi recepcionada pela CF/88 a expressão “nos regulamentos das Forças Armadas” do art. 10 da Lei
6880/80, que remetia a definição dos requisitos aos regulamentos. O princípio da segurança jurídica
impõe, no entanto, a modulação dos efeitos da não recepção, para assegurar a constitucionalidade dos
concursos realizados até 31 de dezembro de 2012. A primeira decisão era ate 30.11.2012, mas houve
embargos e o prazo foi aumentado. Dessa forma, o STF reafirma a exigência de que os requisitos estejam
previstos em lei em sentido estrito.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O limite de idade, quando regularmente fixado em lei e no edital de determinado


concurso público, há de ser comprovado no momento da inscrição no certame. STF. 1ª Turma. ARE 840.592/CE,
Min. Roberto Barroso, julgado em 23/6/2015 (Info 791).

g) Razoabilidade/proporcionalidade

A razoabilidade é a coerência, lógica, congruência, equilíbrio, tendo sempre por base o padrão do homem
médio. Ela proíbe os excessos, as condutas insensatas. O administrador tem que agir com bom senso.
O princípio da razoabilidade se evidencia nos limites do que pode, ou não, ser considerado aceitável, e
sua inobservância resulta em vício do ato administrativo. Para os administrativistas, o princípio da
proporcionalidade está embutido no princípio da razoabilidade.
Esse princípio impõe à administração pública a adequação entre meios e fins, não permitindo a imposição
de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do
interesse público.
A palavra chave da proporcionalidade é o equilíbrio: entre os atos e as medidas, entre os benefícios e
prejuízos causados. Eles estão implícitos na CF/88 e expressos na norma infraconstitucional. Assim, se a questão
falar “Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade estão expressos no texto da CF”, estará ERRADA.
19
Por outro lado, os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, embora não estejam mencionados
no texto constitucional, estão previstos, de forma expressa, na lei que rege o processo administrativo federal:

Art. 2º da lei 9784/99 A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade,
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica,
interesse público e eficiência.

Eles são, ainda, limites à discricionariedade do legislador. Mesmo quando for discricionário o ato, quando
não obedecer a esses dois valores, o judiciário estará autorizado a interferir, pois são princípios constitucionais.
O poder judiciário faz aqui o controle de legalidade em sentido amplo, isto é, o controle do ato em relação a leis
infraconstitucionais e à própria CF. Por isso a doutrina trata desses princípios como limitadores da liberdade e
discricionariedade do administrador.
O poder de polícia, que decorre da discricionariedade que caracteriza a administração pública, é limitado
pelo princípio da razoabilidade/proporcionalidade. #JÁCAIUEMPROVA4
*(Atualizado em 14/11/2020) #SELIGANAJURIS A União é parte legítima para figurar no polo passivo das ações
em que Estado-membro impugna inscrição em cadastros federais desabonadores e/ou de restrição de crédito
Descabimento da inscrição do Estado-membro nos cadastros desabonadores em decorrência de pendências
administrativas relativas a débitos já submetidos a pagamento por precatório. Caso concreto O Estado do Amapá
possui débitos com o INCRA e com o IBAMA, duas autarquias federais. Em razão desses débitos, o Estado foi
inserido no SIAFI, no CADIN e no CAUC, cadastros de inadimplência mantidos pela União. Tanto o INCRA como o
IBAMA ajuizaram execução fiscal para cobrar os débitos e o Estado expediu precatórios, que, no entanto, ainda
estão pendentes de pagamento. O Estado do Amapá ajuizou ação cível originária contra a União pedindo a
exclusão do Estado dos cadastros restritivos. Legitimidade da União para figurar no polo passivo A União é parte
legítima para figurar no polo passivo das ações em que Estado-membro impugna inscrição em cadastros federais
desabonadores e/ou de restrição de crédito, mesmo que os débitos sejam decorrentes de dívidas com entidades
federais (e não com a administração direta). Isso porque os Sistemas SIAFI/CAUC/CADIN são organizados e
mantidos pela União, conforme suas leis de regência, do que decorre a legitimidade desta para figurar no polo
passivo. Manutenção nos cadastros viola o princípio da razoabilidade É indevida a inscrição do Estado-membro
nos cadastros desabonadores em decorrência de pendências administrativas relativas a débitos já submetidos a
pagamento por precatório. Isso porque a CF/88 já previu que, em caso de descumprimento do pagamento do
precatório, existe a possibilidade de intervenção federal no ente inadimplente. Logo, é incompatível com o
postulado da razoabilidade onerar duplamente o Estado-membro, tanto com a possibilidade de intervenção

4
2018 – CESPE – STJ – Analista Judiciário – Área Administrativa. Em relação aos princípios aplicáveis à administração pública,
julgue o próximo item. O princípio da proporcionalidade, que determina a adequação entre os meios e os fins, deve ser
obrigatoriamente observado no processo administrativo, sendo vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em
medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público (Certo).
20
federal quanto com a sua inscrição em cadastros desabonadores. STF. Plenário. ACO 3083, Rel. Ricardo
Lewandowski, julgado em 24/08/2020 (Info 991 – clipping).

h) Contraditório/ampla defesa

Previstos no art. 5º, LV, CF.

Art. 5º, LV, CF. Vejamos: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

Os processos administrativos e judiciais estão sujeitos ao contraditório e à ampla defesa. Na via judicial já
estão sedimentados. Na via administrativa só aparece com a CF/88. A maioria das nulidades em processo
administrativo ocorre por falta de contraditório e ampla defesa, pois ainda se vive um amadurecimento dessa
consolidação.

- Contraditório é ciência, conhecimento da existência do processo. Tem duas bases:


• Base lógica: é a bilateralidade da relação processual
• Base política: a ideia de que ninguém pode ser processado e condenado sem ser ouvido, sem ser
chamado para participar.

- A ampla defesa é a oportunidade da parte se defender. Quais são os elementos que devem ser cumpridos para
que a ampla defesa seja efetiva?
• A defesa tem que ser prévia, isto é, tem que anteceder o convencimento do julgador + conhecimento
do procedimento + conhecimento das possíveis sanções.
• Conhecer as informações do processo: provas, acusações, etc.
• Direito à produção de prova e sua consequente avaliação, para que ela interfira no julgamento. Tem que
ser citada, debatida.
• Defesa técnica – advogado? Durante muitos anos, paulatinamente, o STJ construiu uma jurisprudência
no sentido de que a presença do advogado contribui para a regularidade do procedimento. Com isso, o
STJ publicou a súmula 343, afirmando que o advogado deveria estar presente em todas as fases do PAD
(processo administrativo disciplinar). Gerou uma grande confusão, pois se o advogado não estivesse
presente o processo seria anulado. Muitos servidores demitidos teriam direito à reintegração com todas
as vantagens do período em que estava afastado. O STF então para resolver a polêmica econômica,
editando a súmula vinculante nº 5, que a falta de defesa técnica não viola a CF, revogando assim a súmula
343 do STJ.
21
*(Atualizado em 04/11/2020) #DEOLHONAJURIS: A tomada de contas especial é a medida adequada para se
alcançar o reconhecimento definitivo das irregularidades detectadas. Só a partir daí é que se permite a inscrição
do ente nos cadastros de restrição ao crédito organizados e mantidos pela União. O processo de contas é essencial
para a apuração de responsabilidades. Não se pode impor sanção sem anterior identificação de responsáveis. STF.
Plenário. ACO 2910 AgR, Rel. Roberto Barroso, julgado em 29/06/2020 (Info 988 – clipping).

*#DEOLHONAJURIS#DIZERODIREITO#STF Em caso de irregularidades do Estado-membro em convênio federal, a


União somente poderá inscrever o ente no SIAFI, no CADIN e no CAUC após o término do processo de prestação
de contas especial, observados os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório O cadastro
restritivo não deve ser feito de forma unilateral e sem acesso à ampla defesa e ao contraditório. Isso porque,
muitas vezes, a inscrição pode ter, além de motivação meramente financeira, razões políticas. Assim, ao poder
central (União) é possível suspender imediatamente o repasse de verbas ou a execução de convênios, mas o
cadastro deve ser feito nos termos da lei, ou seja, mediante a verificação da veracidade das irregularidades
apontadas. Isso porque o cadastro tem consequências, como a impossibilidade da repartição constitucional de
verbas das receitas voluntárias. A tomada de contas especial, procedimento por meio do qual se alcança o
reconhecimento definitivo das irregularidades, com a devida observância do contraditório e da ampla defesa, tem
suas regras definidas em lei. Ao final, é possível tornar o dano ao erário dívida líquida e certa, e a decisão tem
eficácia de título executivo extrajudicial. STF. Plenário. ACO 2892 AgR/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o
ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/9/2019 (Info 951).

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: A Súmula Vinculante 5 continua válida. O STF rejeitou proposta da OAB que
pretendia o cancelamento do verbete. Após a edição da SV 5, não houve mudança na legislação, na jurisprudência
ou na percepção da sociedade a justificar a revisão ou o cancelamento do enunciado. A súmula vinculante deve
ter certo grau de estabilidade, somente devendo ser cancelada ou revista em caso de superveniência de fatos
suficientemente relevantes. Assim, a falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar
não ofende a CF. STF. Plenário. PSV 58/DF, julgado em 30/11/2016 (Info 849).

*#LEMBRAR #OLHAOGANCHO: Para súmula vinculante ser modificada devem ocorrer 03 fatores: a) evidente
superação da jurisprudência do STF no tratamento da matéria; b) alteração legislativa quanto ao tema; ou c)
modificação substantiva de contexto político, econômico ou social.

• Direito de recurso. Para isso é necessário que haja uma decisão fundamentada. A Súmula Vinculante 21
trata da inconstitucionalidade no que tange a depósito prévio ou arrolamento e bens como
condicionante ao recurso administrativo. O recurso não poderia ficar vinculado à capacidade financeira
da parte. A SV 21 foi elaborada no âmbito da discussão do processo tributário, mas foi ampliada para
alcançar qualquer processo.
22

#SELIGANASÚMULA: Súmula Vinculante nº3. Nos processos perante o tribunal de contas da união asseguram-se
o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo
que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria,
reforma e pensão.

Ninguém pode ser atingido por uma decisão/ato sem ter participado. Se a empresa x vai ser atingida, tem
que ser chamada a participar. Nos casos de aposentadoria, reforma e pensão não haverá contraditório e ampla
defesa no TCU. Isso porque o contraditório/ampla defesa, existiu em momento anterior (“fora do TCU”). Ato inicial
de concessão de aposentadoria, reforma e pensão é ato administrativo complexo, isto é, para se tornar perfeito
e acabado depende de duas manifestações de vontade, que se realizam em órgãos diferentes (Administração +
Tribunal de Contas). O aperfeiçoamento do ato se dá no TCU. Nesse ato complexo, o contraditório e ampla defesa
ocorrem na Administração em que há vinculação.

Na primeira parte da súmula o TC vai retirar algo que o sujeito já tem. Na segunda, o sujeito ainda não
tem aposentadoria. O STF fez um temperamento (“temperando a vinculante nº3”), pois o servidor ia até a Adm.
e requeria a aposentadoria. O servidor ficava em casa provisoriamente até decisão do TCU. Depois de 10 anos o
TCU resolvia que ele não tinha direito. O STF então entendeu que se o TC demorar mais de cinco anos para
confirmar o ato de aposentadoria ele terá que realizar o contraditório e ampla defesa.

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF O Tribunal de Contas tem o prazo de 5 anos para julgar a
legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, prazo esse contado da chegada do
processo à Corte de Contas. Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais
de Contas estão sujeitos ao prazo de cinco anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas. STF. Plenário.
RE 636553/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/2/2020 (repercussão geral – Tema 445) (Info 967).
Importante!!! Atualize seus livros!

#AJUDAMARCINHO Como funciona o procedimento de concessão da aposentadoria, reforma ou pensão no


serviço público? O departamento de pessoal do órgão ou entidade ao qual o servidor está vinculado analisa se ele
preenche os requisitos legais para a aposentadoria e, em caso afirmativo, concede o benefício. Esse momento,
no entanto, é chamado ainda de “concessão inicial” da aposentadoria, considerando que ainda haverá um
controle de legalidade a ser feito pelo Tribunal de Contas. Somente após passar por esse controle do Tribunal de
Contas é que a aposentadoria poderá ser considerada definitivamente concedida.
23
Diante disso, qual é a natureza jurídica do ato de aposentadoria? Trata-se de um ato administrativo complexo
(segundo o STJ e o STF). O ato administrativo complexo é aquele que, para ser formado, necessita da manifestação
de vontade de dois ou mais diferentes órgãos.

Assim, a concessão de aposentadoria ou pensão constitui ato administrativo complexo, que somente se
aperfeiçoa após o julgamento de sua legalidade pela Corte de Contas.

Obs: a doutrina critica bastante esse enquadramento, mas foi como decidiram os Tribunais Superiores.

O TCU possui um prazo para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria,
reforma ou pensão? SIM. Por motivos de segurança jurídica e necessidade da estabilização das relações, é
necessário fixar-se um prazo para que a Corte de Contas exerça seu dever constitucional previsto no art. 71, III,
da CF/88:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas
da União, ao qual compete: (...) III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal,
a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal
do ato concessório;

E qual é esse prazo? 5 anos, com base no art. 1º do Decreto 20.910/1932:

Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação
contra a Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados
da data do ato ou fato do qual se originarem.

Vale ressaltar que esse Decreto 20.910/1932 foi recepcionado pela CF/88 com status de lei ordinária. Alguns
de vocês podem estar pensando: mas esse art. 1º do Decreto 20.910/1932 trata do prazo prescricional de
pretensões propostas por particulares contra o Poder Público... Por que ele se aplica nesse caso do Tribunal de
Contas?

Na verdade, não existe realmente uma lei que preveja um prazo específico para essa hipótese. Não há uma
lei disciplinando o prazo para que o Tribunal de Contas analise a concessão inicial de aposentadoria, reforma ou
pensão.

Diante da inexistência de norma que incida diretamente sobre a hipótese, aplica-se ao caso o disposto no
art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB):
24
Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito.

Assim, o STF, invocando o princípio da isonomia, entendeu que o mais correto seria aplicar, por analogia, o
prazo do art. 1º do Decreto 20.910/1932.

O raciocínio do STF foi o seguinte: ora, se o administrado tem o prazo de 5 anos para pleitear seus direitos
contra a Fazenda Pública, deve-se considerar que o Poder Público, no exercício do controle externo (Tribunal de
Contas), também possui o mesmo prazo para rever eventual ato administrativo favorável ao administrado. Isso é
isonomia.

Desse modo, a fixação do prazo de 5 anos se afigura razoável para que o Tribunal de Contas proceda ao
registro dos atos de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, após o qual se considerarão
definitivamente registrados.

A partir de quando é contado esse prazo de 5 anos? Esse prazo de 5 anos começa a ser contado no dia em
que o processo chega ao Tribunal de Contas. Assim, se o processo de concessão inicial da aposentadoria chega
ao Tribunal de Contas no dia 02/02/2015, a Corte de Contas terá até o dia 02/02/2020 para julgar a legalidade
deste ato. Se passar o prazo, o Tribunal de Contas não poderá mais rever esse ato. Esgotado o prazo, considera-
se que a aposentadoria, reforma ou pensão está definitivamente registrada, mesmo sem ter havido a análise pelo
Tribunal de Contas. Esse prazo de 5 anos vale também para o âmbito estadual (TCEs) ou só para o TCU? O
entendimento vale tanto para o Tribunal de Contas da União como para os Tribunais de Contas estaduais.

Em suma: Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de Contas
estão sujeitos ao prazo de cinco anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas. STF. Plenário.
RE 636553/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/2/2020 (repercussão geral – Tema 445 (Info 967).

A SV 3 POSSUÍA UMA EXCEÇÃO, QUE DEIXA DE EXISTIR

Quando o Tribunal de Contas faz o controle de legalidade do ato de “concessão inicial” da aposentadoria,
reforma ou pensão, é necessário que ele assegure contraditório e ampla defesa ao interessado? NÃO. Isso porque
quando o Tribunal de Contas aprecia, para fins de registro, a legalidade das concessões de aposentadorias,
reformas e pensões, não há litígio ou acusação, mas tão somente a realização de um ato administrativo. Logo,
não havendo litígio, não é necessário contraditório ou ampla defesa. Para que não houvesse dúvidas quanto a
isso, o STF editou, em 30/05/2007, uma súmula: Súmula Vinculante 3-STF: Nos processos perante o Tribunal de
Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou
revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
25
++ (Juiz Federal TRF4 2014): Excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma e pensão, nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o
contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo
que beneficie o interessado. (CERTO) A análise da aposentadoria ou pensão representa o exercício de uma
competência constitucional do Tribunal de Contas (art. 71, III), motivo pelo qual ocorre sem a participação dos
interessados e, portanto, sem a observância do contraditório e da ampla defesa:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da
União, ao qual compete: (...) III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a
qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal
do ato concessório;

A SV possuía uma exceção A jurisprudência do STF, antes do RE 636553/RS (Tema 445), havia construído uma
exceção à SV 3: se o Tribunal de Contas tivesse demorado mais do que 5 anos para analisar a concessão inicial da
aposentadoria, ele teria que permitir contraditório e ampla defesa ao interessado. Essa exceção deixou de existir
com o julgamento do RE 636553/RS. O STF passou a dizer que, se o Tribunal de Contas demorar mais que 5 anos
para julgar a aposentadoria, reforma ou pensão, o ato é considerado definitivamente registrado.

Antes do RE 636553/RS (Tema 445) Depois do RE 636553/RS (Tema 445)


Não havia prazo para o Tribunal de Contas O Tribunal de Contas possui o prazo de 5 anos
apreciar a legalidade do ato de concessão para apreciar a legalidade do ato de concessão
inicial da aposentadoria, reforma ou pensão inicial da aposentadoria, reforma ou pensão.
Se o Tribunal de Contas demorasse mais de 5 Se o Tribunal de Contas demorar mais de 5 anos
anos para apreciar a legalidade do ato, ele para apreciar a legalidade, ele não poderá mais
continuaria podendo examinar, mas passava a rever esse ato. Esgotado o prazo, considera-se
ser necessário garantir contraditório e ampla que a aposentadoria, reforma ou pensão está
defesa ao interessado. definitivamente registrada, mesmo sem ter
havido a análise pelo Tribunal de Contas.
Esse prazo de 5 anos era contado a partir da Mesma regra. O prazo de 5 anos para que o
data da chegada, ao TCU, do processo Tribunal de Contas julgue a legalidade do ato de
administrativo de concessão inicial da concessão inicial de aposentadoria, reforma ou
aposentadoria, reforma ou pensão. pensão, é contado da chegada do processo à
respectiva Corte de Contas.
A SV 3 possuía uma exceção. A SV não possui mais exceção. Em nenhum caso
será necessário contraditório ou ampla defesa.
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i) Autotutela

De acordo com o princípio da autotutela, a administração pública pode exercer o controle sobre seus próprios
atos, com a possibilidade de anular os ilegais e revogar os inconvenientes ou inoportunos. O controle
administrativo, bem como o controle interno, decorre do poder-dever de autotutela que a administração dispõe
sobre os seus próprios atos e agentes. #JÁCAIUEMPROVA5

#SELIGANASÚMULA: Súmula 346 STF A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos -
e Súmula 473 STF - A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

A Administração pode rever os seus próprios atos:


• Ilegal: anulação
• Inconveniente: revogação
Maria Sylvia diz que o princípio da autotutela também traz ao administrador o dever de cuidado com o seu
patrimônio. Tutelar é cuidar, zelar.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A Administração Pública pode anular seus próprios atos quando estes forem
ilegais. No entanto, se a invalidação do ato administrativo repercute no campo de interesses individuais, faz-se
necessária a instauração de procedimento administrativo que assegure o devido processo legal e a ampla defesa.
Assim, a prerrogativa de a Administração Pública controlar seus próprios atos não dispensa a observância do
contraditório e ampla defesa prévios em âmbito administrativo. STF. 2ª Turma. RMS 31661/DF, rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 10/12/2013 (Info 732). STF. Plenário. MS 25399/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
15/10/2014 (Info 763).

J) Princípio da segurança jurídica

Fundamenta-se na previsibilidade dos atos administrativos e estabilização das relações jurídicas.

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2017 – CESPE – TRF 1 – Analista Judiciário – Área Judiciária.
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Limita a prática de atos pela Administração, tais como: vedação à aplicação retroativa de nova
interpretação e sujeição do poder de autotutela a prazo razoável. #JÁCAIUEMPROVA6
O princípio da segurança jurídica pode ser estudado sob dois primas:
1) OBJETIVO - refere-se à irretroatividade das normas e à proteção dos atos perfeitamente realizados,
em relação a modificações legislativas posteriores.
2) SUBJETIVO - trata justamente da preservação das expectativas legítimas da sociedade com a produção
de harmonia das relações jurídicas (princípio da proteção da confiança). #JÁCAIUEMPROVA7

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o princípio da proteção


da confiança dos administrados constitui a face subjetiva do princípio da segurança jurídica. Essa face subjetiva
relaciona-se com o caráter psicológico daquele que acreditou estar atuando conforme o direito. Assim, a
caracterização da confiança legítima do administrado para com a administração depende necessariamente da
boa-fé do administrado, que acreditou nas expectativas geradas pela atuação estatal. Logo, não se admite a
invocação do princípio da proteção da confiança quando o administrado atua de má-fé perante a administração.
Tampouco se admite a invocação do princípio em comento nos casos em que o particular sabe que está albergado
por medida judicial precária, como nos casos de posse precária em cargo público via decisão liminar.
#JÁCAIUEMPROVA8
Ainda nesse cenário de confiança e expectativa entre administração e administrado, os tribunais
superiores vem admitindo a aplicação do venire contra factum proprium (proibição do comportamento
contraditório) no âmbito do direito administrativo. Ora, se existe todo um aparato principiológico regulando essa
relação entre particular e Estado, não haveria motivo para se negar a aplicação deste consectário do princípio da
boa-fé e do respeito aos deveres anexos de lealdade, cooperação e informação da Administração Pública perante
os seus administrados, atuando de modo a não os surpreender.

6
2018 – CESPE – STJ – Analista Judiciário – Área Administrativa. Em relação aos princípios aplicáveis à administração pública,
julgue o próximo item. Em decorrência do princípio da segurança jurídica, é proibido que nova interpretação de norma
administrativa tenha efeitos retroativos, exceto quando isso se der para atender o interesse público. (Errado)

Obs: O art. 2º, parágrafo único, XIII, da Lei nº 9.784/99 prevê a vedação à interpretação retroativa de nova interpretação de
norma administrativa, da qual não cabe exceção, nem mesmo para atender o interesse público.

7
2018 – CESPE – STJ – Analista Judiciário – Área Judiciária. Considerando a doutrina e a jurisprudência dos tribunais
superiores no tocante aos princípios administrativos e a licitação, julgue o item que se segue: Embora sem previsão expressa
no ordenamento jurídico brasileiro, o princípio da confiança relaciona-se à crença do administrado de que os atos
administrativos serão lícitos e, portanto, seus efeitos serão mantidos e respeitados pela própria administração pública.
(Certo)

8
2017 – CESPE – TRF 1 – Analista Judiciário – Área Administrativa. Sérgio foi reprovado em concurso público, mas, por força
de decisão liminar obteve sua nomeação e tomou posse no cargo pretendido. Seis anos depois, a medida foi revogada por
decisão judicial definitiva e Sérgio foi exonerado pela administração. Nessa situação, ao exonerar Sérgio a administração
violou o princípio da proteção da confiança legítima. (Errado)
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ATENÇÃO!! A jurisprudência dos Tribunais Superiores não admite a aplicação deste princípio no caso de
situações flagrantemente inconstitucionais.

*#OUSESABER: O que significa princípio da reserva da Administração? A “reserva de administração” é um


instituto do direito constitucional e administrativo, que envolve temas ligados à reserva de lei, à organização da
Administração, à separação de poderes, ao princípio da legalidade, às funções típicas e atípicas dos poderes, ao
poder regulamentar, etc. Canotilho conceitua “reserva de administração” como “um núcleo funcional de
administração ‘resistente’ à lei, ou seja, um domínio reservado à administração contra as ingerências do
parlamento”. A “reserva de administração” possui duas espécies: a reserva de administração em sentido estrito
e a reserva de regulamento.

Reserva de administração em sentido estrito está associada à ideia de separação de poderes, baseia-se na
proibição de ingerência de um Poder nas funções típicas de outro. Objetivamente, a reserva em sentido estrito se
revela na proibição voltada ao Legislativo e ao Judiciário para que esses Poderes não adentrem no campo da
função administrativa, especificamente no mérito administrativo.

Já a reserva de regulamento verifica-se quando o ordenamento jurídico, especialmente a Constituição, tira


determinada matéria do âmbito do Poder Legislativo, atribuindo exclusivamente ao Poder Executivo a
competência para normatizá-la, que a exerce por meio dos regulamentos autônomos. Neste caso, há uma
vedação à edição de leis formais nesses campos, sob pena de inconstitucionalidade formal. No Brasil é admitido
a edição de regulamentos de execução independentes. Entretanto, devem ser atendidos alguns requisitos como:
não incidir em um campo de reserva legal; buscar atender aos objetivos do Estado, ao interesse público ou tutelar
direitos; ser editado de acordo com os princípios de direito administrativo, etc.

O STF já reconheceu a reserva de administração em várias hipóteses, como no RE 427.574-ED, Rel. Min. Celso de
Mello, julgamento em 13-12-2011, Segunda Turma; ADI 3.343, Rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 1-9-2011.

*Tal reserva pode ser dividida em 2 categorias: a) GERAL, que se fundamenta no princípio da separação dos
poderes e significa que a atuação de cada órgão estatal não pode invadir ou cercear o núcleo essencial da
competência dos outros órgãos; b) ESPECÍFICA, que surge quando a CF destaca determinadas matérias,
submetendo-as à competência exclusiva do Executivo.

No Brasil, o STF já reconheceu a existência de um verdadeiro PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA RESERVA DE


ADMINISTRAÇÃO, com fulcro no princípio da Separação dos Poderes, cujo conteúdo impediria a ingerência
normativa do Legislativo em matérias sujeitas à exclusiva competência administrativa do Executivo. Ex: É
inconstitucional declaração pelo Legislativo da nulidade de concurso público realizado pelo Executivo por suposta
violação às normas legais, pois uma declaração dessa natureza revelaria o exercício de autotutela que só poderia
ser exercida com exclusividade por quem realizou o certame. (ADInMC 2.364/AL). Fonte: Rafael Rezende.
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l. *(Atualizado em 14/11/2020) Princípio da intranscendência subjetiva das sanções

#OUSESABER: O Princípio da Intranscendência Subjetiva das Sanções proíbe a aplicação de sanções às


administrações atuais por atos de gestão praticados por administrações anteriores, ou seja, ele impede que a
administração atual seja punida com a restrição de recebimento de repasses de outras esferas, por exemplo.
O STF tem posição majoritária no sentido da aceitação deste princípio (STF 1ª Turma. AC 2614/PE, AC 781/PI e
AC 2946/PI, Rel. Min. Luiz Fux – 23/06/15). Entretanto, recentemente, em 10/05/16, quando do julgamento da
ACO 732/AP, o relator, Min. Marco Aurélio, não reconheceu a aplicação deste princípio sob o fundamento que
vigora, no âmbito da Administração Pública, o princípio da impessoalidade, donde as relações jurídicas são
estabelecidas entre entes federados (União-Estado/Estado-Município, p.ex.) e não entre pessoas físicas, no
caso, os administradores de épocas (Estado-Prefeito “X”, p. ex.).

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Segundo a posição que prevalece no STF, se a irregularidade no convênio foi


praticada pelo gestor anterior e a gestão atual, depois que assumiu, tomou todas as medidas para ressarcir o
erário e corrigir as falhas (exs: apresentou todos os documentos ao órgão fiscalizador, ajuizou ações de
ressarcimento contra o antigo gestor etc.), neste caso, o ente (Estado ou Município) não poderá ser incluído nos
cadastros de inadimplentes da União. Assim, segundo esta acepção, o princípio da intranscendência subjetiva das
sanções proíbe a aplicação de sanções às administrações atuais por atos de gestão praticados por administrações
anteriores. Segundo o Min. Luiz Fux, “não se pode inviabilizar a administração de quem foi eleito
democraticamente e não foi responsável diretamente pelas dificuldades financeiras que acarretaram a inscrição
combatida”. Penso que seja a posição que prevalece no STF. A própria AGU admite esta tese: Súmula 46-AGU:
Será liberada da restrição decorrente da inscrição do município no SIAFI ou CADIN a prefeitura administrada pelo
prefeito que sucedeu o administrador faltoso, quando tomadas todas as providências objetivando o
ressarcimento ao erário. Vale ressaltar, no entanto, que o Min. Marco Aurélio recentemente manifestou-se
contrariamente à tese afirmando que: A inscrição do nome do Estado-Membro em cadastro federal de
inadimplentes em face de ações e/ou omissões de gestões anteriores não configura ofensa ao princípio da
intranscendência. Vigora, no âmbito da Administração Pública, o princípio da impessoalidade, previsto no artigo
37 da CF/88. A relação jurídica envolve a União e o ente federal, e não a União e certo Governador ou outro
agente. O governo se alterna periodicamente nos termos da soberania popular, mas o Estado é permanente. A
mudança de comando político não exonera o Estado das obrigações assumidas. No caso concreto (ACO 732/AP),
o STF julgou o pedido de forma favorável ao Estado porque a União não havia respeitado o devido processo legal.
Dessa forma, esta argumentação do Min. Marco Aurélio não foi adotada pela Turma como razão de decidir. Por
isso, penso que a posição do referido Ministro é minoritária e, em concursos públicos, acredito que ainda se deve
adotar o entendimento no sentido de que é possível aplicar o princípio da intranscendência para esta situação.
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STF. 1ª Turma. ACO 732/AP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/5/2016 (Info 825). STF. 1ª Turma. AC 2614/PE,
AC 781/PI e AC 2946/PI, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 23/6/2015 (Info 791)9
*(Atualizado em 14/11/2020) #SELIGANAJURIS Poder Executivo não pode ser incluído nos cadastros de
inadimplentes da União por irregularidades praticadas pelos outros Poderes ou órgãos autônomos. A imposição
de sanções ao Poder Executivo estadual em virtude de pendências de órgãos dotados de autonomia institucional
e orgânico-administrativa, tais como o Ministério Público estadual, constitui violação do princípio da
intranscendência, na medida em que o Governo do Estado não tem competência para intervir na esfera orgânica
dessa instituição autônoma. O Poder Executivo não pode ser impedido de contratar operações de crédito em
razão do descumprimento dos limites setoriais de despesa com pessoal por outros poderes e órgãos autônomos
(art. 20, II, e 23, § 3º, da Lei de Responsabilidade Fiscal). STF. Plenário. ACO 3072, Rel. Ricardo Lewandowski,
julgado em 24/08/2020 (Info 991 – clipping).

*(Atualizado em 28/12/2020) Município pode obter certidão positiva com efeitos de negativa quando os débitos
são da Câmara Municipal (e não do Poder Executivo). É possível ao Município obter certidão positiva de débitos
com efeito de negativa quando a Câmara Municipal do mesmo ente possui débitos com a Fazenda Nacional, tendo
em conta o princípio da intranscendência subjetiva das sanções financeiras. STF. Plenário. RE 770149, Rel. Min.
Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 05/08/2020 (Repercussão Geral – tema 743)
(Info 993).

DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVO
CF Art. 37
Lei nº 9.784/99 Art. 2º
Súmula do STF 346 e 473

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. Salvador: Juspovidm, 2015.

FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2015.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2014.

9 Atenção Concursos Federais: ler na íntegra – Inf. 825 pág 5 -


https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2016/05/info-825-stf.pdf

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