You are on page 1of 3

Do papel social do farmacêutico e da necessidade de qualificação dos serviços

de Assistência Farmacêutica no SUS vem se ampliando nos meios acadêmicos e


governamentais.
O medicamento, quando bem utilizado, mostra-se como o recurso terapêutico de
maior custo efetividade, porém, seu uso inadequado configura um problema de saúde
pública mundial.
Por um lado, tem-se o acesso deficitário pelas populações menos favorecidas
economicamente, implicado na lógica do mercado que com muitas vezes a falta do
conhecimento, com isso a indústria farmacêutica visa ao lucro e, por outro lado, o seu
uso irracional.
Atualmente, a AF, que envolve, além da atuação do farmacêutico, a de outros
profissionais, é conceituada como sendo um conjunto de ações voltadas à promoção,
proteção, e recuperação da saúde, tanto individual quanto coletiva, tendo o
medicamento como insumo essencial, que visa promover o acesso e o seu uso racional.
A discussão envolvendo o uso de medicamentos nos serviços públicos de
saúde brasileiros intensificou-se a partir do movimento de reforma sanitária,
especialmente a partir de 1988, com a institucionalização do SUS (Perini, 2003). Na Lei
8.080, de 1990, que estabelece a organização básica das ações e serviços de saúde,
consta que, entre os campos de atuação do SUS, está incluída a execução de ações de
“assistência terapêutica integral, inclusive a farmacêutica”, bem como a “formulação da
política de medicamentos” (Brasil, 2007b, p.15).
Configura-se uma nova fase no contexto político e institucional de saúde no
país, implicando a construção de um conceito de AF “capaz de orientar novas posturas
profissionais e institucionais que procuravam se contrapor às ações desarticuladas e
submissas ao interesses econômicos” (Perini, 2003, p.9).
No âmbito do SUS, além da necessária atuação na pesquisa e produção de
medicamentos, e junto a serviços gerenciais e de gestão, constata-se a necessidade de o
farmacêutico atuar no contato direto com os usuários do sistema, visando uma
farmacoterapêutica racional e a produção do cuidado.
Neste sentido, nos últimos anos, a atuação do farmacêutico na atenção à saúde
vem sendo discutida na perspectiva da atenção ao modelo de prática que aposta no
restabelecimento da relação terapêutica entre este profissional e o paciente.
Como iniciativa governamental que envolve a inserção do farmacêutico no
SUS, dentre outros profissionais, para atuação junto às equipes do Programa Saúde da
Família, destaca-se a criação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), pelo
Ministério da Saúde, através da Portaria nº 154, em 2008. Com o objetivo de ampliação
da resolubilidade e do escopo das ações da atenção básica, para os NASF é previsto
fomento financeiro para a contratação, a critério dos gestores municipais, de
farmacêuticos para atuação nestes núcleos (Brasil, 2008).
A perspectiva atual é de reorientação da atuação do farmacêutico para a
atenção à saúde, num contexto em que a formação de competências que correspondam
às necessidades em saúde da população tem se apresentado como um desafio.
Conforme discutimos em sala de aula nas atuais Diretrizes Curriculares
Nacionais para os Cursos de Farmácia (DCNF), instituídas pelo Conselho Nacional de
Educação , por meio da Resolução CNE/CES-2/2002, tem-se, como perfil do egresso, o
profissional farmacêutico com formação que deverá contemplar as necessidades sociais
da saúde, a atenção integral da saúde no sistema regionalizado e hierarquizado de
referência e contra referência e o trabalho em equipe, com ênfase no Sistema Único de
Saúde.
Referencias

BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Portaria Interministerial


nº 3.019, de 26 de novembro de 2007. Dispõe sobre o Programa Nacional de
Reorientação da Formação Profissional em Saúde - Pró-Saúde - para os cursos de
graduação da área da saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2007c.
PERINI, E. Assistência farmacêutica: fundamentos teóricos e conceituais. In:
ACÚRCIO, F.A. (Org.). Medicamentos e assistência farmacêutica. Belo
Horizonte: COOPMED, 2003. p.9-30.
Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria 154, de 25 de
janeiro de 2008. Cria os Núcleos de Apoio à Saúde da Família – NASF. Brasília:
Ministério da Saúde, 2008

You might also like