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Atuação do

psicólogo em
contexto escolar
Atuação do psicólogo em contexto escolar
Delinea, 2021
nº de p. : 13

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Atuação do psicólogo em
contexto escolar

Abertura
As sub-etapas da infância apresentam grande influência nos aspectos
neurológicos, cognitivos, familiares e sociais, pois, é nessa fase que a identidade da
criança está sendo formada. Sendo assim, conhecer tais influências permitirá com
que enxerguemos seu impacto nas demais fases do desenvolvimento humano e em
seus processos de aprendizagem.

Buscaremos compreender como se dá trabalho avaliativo e direcionador do


psicólogo e sua importância no contexto escolar para que, com sua ajuda, o
professor consiga avaliar detectar possíveis dificuldades de aprendizagem que
venham a surgir na infância, em fase escolar. Para que, a partir do diagnostico,
possa intervir em sua aprendizagem

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1 A formação do psicólogo: pesquisa
e interdisciplinaridade
A psicologia escolar por vezes não é considerada uma área tão comum dentro
da atuação psicológica, vista como relativamente simples, não requerendo muita
experiência ou especializações, e até mesmo dentro das próprias instituições de
ensino há uma visão equivocada e até distorcida, devido à falta de regulamentação
legal e à importância da prevenção das dificuldades de aprendizagem dentro do
contexto escolar. Mas sendo ela utilizada só, e principalmente em relação aos
cenários de orientação educacional e supervisão escolar, pois são previstos por lei.

Então o psicólogo escolar acaba tendo inicialmente um papel mais avaliativo e


direcionador, porém a necessidade de revisão e mudança desse comportamento
se faz presente. De acordo com Reger (1989), o psicólogo escolar é um cientista,
um engenheiro educacional, ou projetista de planos educacionais que usa das
mais modernas metodologias e técnicas em parceria com outros profissionais da
educação para desenvolver métodos de melhorias dos processos de aprendizagens
e a aplicação de novas formas de diagnósticos a fim de evitar desvios e dar mais
ênfase ao crescimento e desenvolvimento da criança do que à “patologia” em si.

A atuação do psicólogo escolar

Fonte: Plataforma Deduca (2021).


#PraCegoVer: na imagem temos um homem de costas, ano-
tando algo em uma prancheta, de frente para uma adolescente.

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É importante também enfatizar que o contexto social e a cultura escolar também
possuem seu papel essencial dentro da atuação do psicólogo escolar, bem como a
participação ativa familiar para que as questões sejam vistas por todos os ângulos
e as melhorias sejam efetivas e sólidas.

A Psicologia foi inserida no contexto escolar, segundo Coll, Marchesi e Palacios


(2004), com o objetivo de contribuir para a evolução do desenvolvimento dos
processos de aprendizagem e a interação entre aluno, professor e escola, e por um
longo período o psicólogo escolar tinha como função principal classificar os alunos
dentro de suas dificuldades de desenvolvimento e propor melhorias genéricas e
socialmente aceitas. Entretanto, de acordo com Almeida (2010), devido a mudanças
nos contextos políticos, sociais e familiares esse papel corretivo passou também
a ser preventivo e com o foco nos processos individuais, levando em conta todos
as vertentes relacionadas a cada aluno, deixando que o fracasso escolar deixe de
ser responsabilidade só de um lado, auxiliando nas melhorias conjuntas da mesma
forma que os resultados passam a ser coletivos atingindo direta e indiretamente
todos os setores sociais.

E dentro desse cenário, a psicologia escolar tem buscado focar mais em uma
atuação preventiva e construtiva do que atuar só baseado nos problemas e
dificuldades escolares.

Nessa nova perspectiva, outra forma de trabalho é a de atuação com o cuidado a


saúde psíquica, com terapias e vivências de autodesenvolvimento emocional, por
exemplo, aprofundando também a atenção nos processos sociais, integrando novas
visões e ferramentas que cuidem não só das patologias, mas também dos
processos emocionais e até sutis que permeiam a vida de cada aluno, bem como
seu dia a dia escolar, sua inclusão, criatividade, entre outros, aumentando assim seu
desafio de ampliar sua área de atuação além da escola, creches ou ONGs.

Saiba mais
Para mais informações, acesse o link para ler o artigo “Formação
e atuação em psicologia escolar: análise das modalidades
de comunicações nos congressos nacionais de psicologia
escolar e educacional” em: https://www.scielo.br/j/pcp/a/
DmsFzFbr47m5LrMx44qVTdt/?lang=pt

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2 O acompanhamento multidisciplinar
à família e o apoio à escola
Em uma relação escolar multidisciplinar, tanto o estudante como o professor
aprendem, pois, o aluno aprende a cada dia ensinando aos seus colegas de classe
e ao professor, que por sua vez pode construir esses conhecimentos de forma
coletiva e integrada. Leavell e Clark (1976) descrevem três níveis de prevenção
dentro desse contexto diversificado de profissionais: a primária: que consiste
em extinguir ou inibir o início e o desenvolvimento de uma desordem, evitando
o aparecimento dos distúrbios; a secundária que visa minimizar os distúrbios,
como uma proteção específica e diagnóstico precoce, a terciária é o tratamento
propriamente dito, que busca reabilitar o indivíduo quanto aos aspectos da
aprendizagem.

Sendo assim, o trabalho preventivo na instituição escolar no nível primário é


direcionado para evitar que surjam as dificuldades de aprendizagem e também pode
possuir um contexto construtivista de conhecimento onde o educador realiza seus
planejamentos em conjunto com os outros professores, para que seus trabalhos
pedagógicos sejam realizados em equipe, pois essa concepção está sempre em
processo de construção do conhecimento.

Esse cenário construtivista foi proposto por Jean Piaget (2010), que parte da
epistemologia genética e aborda o comportamento humano focado nos aspectos
ligados ao aprendizado que estão diretamente associados à pedagogia e ao
contexto escolar. Isso ocorre quando o aluno diante de um problema busca
solucioná-lo através de questionamentos e reflexões, fazendo com que o aluno
chegue à resposta da questão utilizando os conteúdos aprendidos e as situações
em que o estudante vivenciou.

Visão construtivista

A concepção construtivista ajuda o professor a ter um referencial para


analisar suas decisões de planejamento didático e a entender o porquê
um aluno não aprende, pois há uma interação direta do aluno com o
conhecimento já existente e gerado por ele.

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Dentro do construtivismo, o cenário do aprendizado não é repassado para a criança,
pois é ela que gera o conhecimento através da sua vivência e interação com o meio
escolar que se encontra, gerando as mais diversas possibilidades de aprendizagem.

No âmbito escolar a atividade mental que impulsiona a aprendizagem adquire


algumas características próprias. Primeiramente precisamos levar em conta que as
crianças aprendem no contexto escolar conteúdos que refletem a cultura e que são
selecionados a partir de critérios referentes ao cenário social que esses estudantes
estão inseridos. Essa aprendizagem irá contribuir para o desenvolvimento dos
estudantes em duas dimensões: a primeira se refere à socialização, na forma que
aproxima os estudantes da cultura e também do meio social em que vivem. A
segunda dimensão é a individualização, que consiste na forma em que o estudante
construirá com esses fatores uma interpretação pessoal sobre o mundo em que vive.

Portanto, observamos que os conteúdos no contexto escolar já estão elaborados


e que fazem parte da cultura e do conhecimento acumulado, sendo assim a
construção dos estudantes é uma construção individual atrelada a fatores sociais
imbuídos no contexto escolar.

Embora, obviamente, possam em seu processo, inventar formas de somar muito


interessantes - que podem levá-los a resultados inesperados-, e possam usar a
ortografia de maneira sumamente criativa e pouco convencional, é óbvio que essa
construção pessoal deve ser orientada no sentido de aproximar-se do culturalmente
estabelecido, compreendendo-o e podendo usá-lo de múltiplas e variadas formas.

Assim, na escola construtivista a aprendizagem ocorre com a interação entre


os estudantes, onde conhecimento é construído a partir do compartilhamento
dos conteúdos entre os alunos. Os estudantes aprendem por meio de práticas e
dinâmicas vivenciadas em grupos. Também por meio de reflexões feitas a partir
de perguntas chaves lançadas pelo educador no início da aula para verificar os
conceitos prévios que esses têm sobre determinada temática. Conclui-se que
na escola construtivista o conhecimento é processual e dinâmico, ocorre entre
professores e alunos, e entre alunos e alunos, através do compartilhamento de
saberes e interação entre eles.

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O psicólogo escolar e a construção do saber

Fonte: Plataforma Deduca (2021).


#PraCegoVer:
A imagem mostra uma mulher, do lado direito, de óculos, segu-
rando uma folha de papel com letras, e auxiliando um menino,
do lado esquerdo, o qual desenha formas geométricas em uma
folha de papel.

Nessa concepção construtivista é possível compreender que há uma relação forte


entre a psicologia e a pedagogia e que a postura dos profissionais da escola deve
estar imbuída nessas ligações e interações entre essas áreas do conhecimento.
Também ancoradas no processo de ensino e aprendizagem que compreende que
o estudante não é uma tábua rasa, ou seja, um sujeito sem nenhum conhecimento,
como explicitado por Piaget (2010), é necessário criar um ambiente construtivista
que leve em conta todos os profissionais da escola e fora dela, que criam estruturas
e estratégias para que o aluno tenha motivação, curiosidade e reflita sobre o
conhecimento. E assim, questionando-se, e através das questões elaboradas por
esse estudante construa o seu conhecimento.

Saiba mais
Para mais informações, acesse o link para ler o artigo “O trabalho
multidisciplinar voltado à Educação Inclusiva: uma importante
experiência vivida na Unidade de Educação Infantil Ipê Amarelo/
UFSM” em: https://ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/i-seminario-
luso-brasileiro-de-educacao-inclusiva/assets/artigos/eixo-5/
completo-13.pdf

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3 Intervenções junto aos profissionais
que lidam com a criança na
educação inclusiva
Os problemas da aprendizagem devem ser detectados já no início da vida da
criança, para que haja uma intervenção mais precisa e, principalmente, todos os
tipos de prevenções necessárias. Isso é importante para que, se houver alguma
dificuldade de aprendizagem, ela não crie muitos problemas ou empecilhos na vida
da criança e de seus familiares sem necessidades, evitando muitos sofrimentos.

Dificuldades de aprendizagem

As dificuldades de aprendizagem são tratáveis e podem ocorrer em diversas


fases e idades dentro dos processos de aprendizagem, por isso elaborar um
diagnóstico preciso e uma intervenção coerente com cada característica
individual do aluno faz toda a diferença.

Para o diagnóstico, Weiss (2004) sugere as seguintes etapas entrevista Familiar


Exploratória Situacional (E.F.E.S.); anamnese; sessões lúdicas centradas na
aprendizagem (para crianças); complementação com provas e testes (quando
necessário); síntese diagnóstica – prognóstico; devolução – encaminhamento.

Também é importante conhecer a rotina do aluno, seu contexto escolar e familiar


é fundamental na construção do prognóstico psicopedagógico, bem como alguns
dados pessoais de nascimento e os tipos de dificuldades que apresenta. Assim,
será possível iniciar uma investigação mais apurada e assim poder ter uma prática
interventiva mais eficaz.

A devolução do diagnóstico psicopedagógico é um momento de apresentação dos


resultados obtidos após a coleta de todos os dados possíveis do aluno, desde a
forma como seus pais se conheceram até qual é o tipo de desenho que ele mais
gosta, fazendo com que assim as características e os dados subliminares também
sejam vistos. É muito importante que os pais e os outros profissionais envolvidos
(da escola, médicos) também tenham acesso a esse diagnóstico.

A intervenção seria uma mediação entre o profissional psicoeducador e o aluno,


na qual os processos de aprendizagem são adequados às características da

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criança, sendo necessário que seja observado e questionado o tipo de construção
do conhecimento do indivíduo levando em consideração alguns aspectos, como: a
idade cronológica e a idade de desenvolvimento; o contexto sociocultural; o sexo;
as facilidades e dificuldades de aprendizagem; o nível de linguagem escrita e falada.

Sendo assim, o profissional de aprendizagem conseguirá realizar sua abordagem


mais especificamente, utilizando desenhos, jogos, conversas, bonecos, tintas,
massinhas e demais materiais de expressão e raciocínio para poder auxiliar o
sujeito em uma melhor absorção do conteúdo e autonomia em sua aprendizagem.

Saiba mais
Para mais informações, acesse o link para ler o artigo
“Psicologia Escolar e Educação Inclusiva: A Atuação Junto
aos Professores” em: https://www.scielo.br/j/rbee/a/
zRrFDrCtRP4WKtskcbk4mYj/?lang=pt

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Fechamento
A partir da concepção de criança como ser integral em seus aspectos cognitivo,
emocional e social, sabemos ela sofre influência do meio externo que podem
interferir em seu desenvolvimento escolar e intelectual. A psicologia escolar foca
em uma atuação preventiva e construtiva do que atuar só baseado nos problemas e
dificuldades escolares.

O trabalho do psicólogo na escola consiste em contribuir de forma preventiva


e evolutiva nos processos do desenvolvimento da aprendizagem e, também, da
interação entre aluno, professor e escola para que sua aprendizagem ocorra de
maneira construtivista, onde o professor atua como mediador do conhecimento,
respeitando o conhecimento prévio da criança.

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Referências
ALMEIDA, S. Psicologia escolar. Campinas: Alínea, 2010.

BARROS. C. S. G. Pontos de Psicologia do desenvolvimento. São Paulo: Ática, 2008.

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estudo da Psicologia. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

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na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, DF, jan. 2008. [Documento elaborado
pelo Grupo de Trabalho nomeado pela portaria n. 555/2007, prorrogada pela
portaria n. 948/2007, entregue ao ministro da Educação em 7 de janeiro de 2008.
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ politicaeducespecial.pdf.
Acesso em: 2 ago. 2021.

BRAGA, S. G.; MORAIS, M. de L. S. Queixa escolar: atuação do psicólogo e interfaces


com a educação. Psicologia USP, São Paulo, v. 18, n. 4, p. 35-51, out./ dez. 2007.

CARNEIRO, N. L. G. O processo de “psicologização” da Pedagogia no Brasil.


SIMPÓSIO DE ESTUDOS E PESQUISAS DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, 8., 2009. Goiânia Anais... Goiânia: UFGO, 2009.

COELHO, W. F. (Org.). Psicologia do Desenvolvimento. São Paulo: Pearson Education


Brazil, 2015.

COLL, C.; MARCHESI, Á.; PALÁCIOS, J. Desenvolvimento psicológico e educação:


transtornos de desenvolvimento e necessidades educativas especiais. Porto Alegre:
Artmed, 2004.

DAZZANI, M. V. M. A psicologia escolar e a educação inclusiva: Uma leitura crítica.


Psicologia: ciência e profissão, Brasília, v. 30, n. 2, p. 362-375, 2010.

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KAIL, R. V. A Criança. Tradução de Claudia Santana Martins. São Paulo: Prentice
Hall, 2004.

LEAVELL, H. R.; CLARK, E. G. Níveis de aplicação da medicina preventiva. Rio de


Janeiro: McGraw-Hill do Brasil, 1976.

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