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Atendimento em Situações de Violência
Atendimento em Situações de Violência
PROFISSIONAL
PARA ATENDIMENTOS
EM SITUAÇÕES DE
VIOLÊNCIA
Luísa F. Habigzang
O r g a n i z a d o r a
Autores
Clarissa Pinto Pizarro de Freitas
Ilana Luiz Fermann
Jean Von Hohendorff
Laura Nichele Foschiera
Luísa F. Habigzang
Priscila Lawrenz
Thays Carolyna Pires Mazzini Bordini
Organização
Luísa F. Habigzang
Instituição Parceira
Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS)
Núcleo de Vigilância das Doenças e Agravos
Não Transmissíveis CEVS
Andreia Novo Volkmer
Márcia Fell
Regina Michel
© DOS AUTORES 2018
CAPA Camila Borges
DIAGRAMAÇÃO Rodrigo Braga
REVISÃO DE TEXTO Da Autora
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo,
especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos.
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apreensão e indenizações diversas (arts. 101 a 110 da Lei 9.610, de 19.02.1998, Lei dos Direitos Autorais).
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO............................................................................ 7
ACOLHIMENTO............................................................................ 21
NOTIFICAÇÃO............................................................................. 31
ENCAMINHAMENTOS. . ................................................................ 35
Referências
1
Sacramento, L. T., & Rezende, M. M. (2006). Violências: Lembrando alguns
conceitos. Aletheia, 24, 95-104.
2
Krug, E. G., Dahlberg, L. L., Mercy, J. A., Zwi, A. B., & Lozano, R. (2002).
World report on violence and health. World Health Organization Library
Cataloguing-in-Publication Data.
3
Brasil (1975). Lei Federal nº 6.259, de 30 de outubro de 1975. Brasília, DF.
4
Gonçalves, H. B. & Ferreira, A. L. (2002). Notificação da violência intrafa-
miliar contra crianças e adolescentes por profissionais de saúde. Cadernos
de Saúde Pública, 18(1), 315-319.
IDENTIFICAÇÃO DA VIOLÊNCIA
1
*A violência coletiva não é objeto de notificação do SINAN. Entretanto, o trabalho escravo
é notificado.
a participar dessas práticas ilegais muitas vezes em troca de moradia e
comida. Importante ressaltar que a exploração infantil causa prejuízo à
integridade física, psicológica e moral das vítimas1, 2.
As mulheres, frequentemente, sofrem violência intrafamiliar. As prin-
cipais formas de violência contra mulheres são violência física, violência
psicológica, violência sexual, violência patrimonial e violência moral. A
violência física é qualquer ato com o objetivo de ferir ou de machucar
o corpo da vítima. A violência psicológica é caracterizada por condutas
como humilhação, ameaças, jogos de poder, xingamentos, desprezo que,
geralmente, resultam em danos emocionais (e.g., baixa autoestima, tris-
teza). A violência sexual é definida por situações em que o(a) agressor(a)
obriga a vítima a manter, presenciar ou participar de relações sexuais
não desejadas. Também se refere à violação de direitos reprodutivos. A
violência patrimonial está relacionada à retenção, subtração, destruição
total ou parcial de objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais,
além de valores ou recursos econômicos da vítima. Já a violência moral
é caracterizada por qualquer conduta do(a) agressor(a) que configure
calúnia, difamação ou injúria à pessoa (Lei 11.340, 2006).
A violência contra a mulher é compreendida como violência de gênero
e é frequente nas relações conjugais. A violência conjugal pode ser reco-
nhecida apenas em situações em que a vítima e o agressor possuem um
relacionamento íntimo, independentemente de este relacionamento ser
oficializado legalmente e/ou dos cônjuges morarem na mesma residência3.
A violência contra idosos é uma ação (única ou repetida) ou omissão
que cause dano ou aflição e resulte, na maioria das vezes, em sofrimento,
lesão, dor, perda dos direitos humanos e redução da qualidade de vida2. A
violência contra o idoso pode ser manifestada por meio da violência física,
tal como o uso da força física para ferir, provocar dor, incapacidade ou
morte, ou para obrigar o(a) idoso(a) a fazer o que não deseja. A violência
psicológica compreende agressões verbais ou gestuais com o objetivo de
humilhar, restringir a liberdade ou isolar o(a) idoso(a) do convívio social.
A violência sexual refere-se aos atos ou jogos sexuais de caráter homo
ou heterorrelacional que utilizam pessoas idosas visando obter excitação,
ou práticas eróticas por meio de aliciamento, violência física ou ameaças.
A violência financeira e econômica consiste na exploração imprópria,
ilegal ou não consentida dos bens financeiros e patrimoniais do idoso2.
A negligência e o abandono também podem ser identificados como
formas de violência contra os idosos. A negligência refere-se à recusa
ou omissão de cuidados devidos e necessários aos idosos por parte de
responsáveis familiares ou institucionais2. As ações de negligência ge-
ralmente estão associadas a outros tipos de violência que geram lesões
e traumas, principalmente em idosos com autonomia reduzida. Por fim,
o abandono caracteriza-se pela ausência ou deserção dos responsáveis
governamentais, institucionais ou familiares de prestarem socorro a um
idoso que necessite de proteção4.
A violência é um fenômeno multifacetado, ou seja, envolve fatores
pessoais, relacionais, contextuais, sociais e culturais. Deve-se estar aten-
to(a) a todos esses fatores para que se tenha maior compreensão no
atendimento de situações de violência. A violência de gênero, por exem-
plo, pode envolver a baixa autoestima da vítima e o uso de álcool pelo(a)
agressor(a) (i.e., fator pessoal), dificuldades de comunicação com o(a)
cônjuge (i.e., fator relacional), possíveis estressores como desemprego
e dificuldades financeiras (i.e., fator contextual) e o patriarcalismo e
machismo (i.e., fatores sociais e culturais). Diante disso, é evidente
que não se pode atribuir somente à mulher a responsabilidade por estar
na situação em que se encontra, bem como determinar somente um
motivador ao comportamento do agressor. Geralmente, as mulheres não
percebem alternativas a não ser a de permanecer em silêncio e suportar
as agressões. O medo do que possa acontecer após uma revelação (e.g.,
julgamento de familiares, cumprimento de ameaças pelos agressores),
aliado à vergonha são os principais motivos pelos quais as vítimas
permanecem em silêncio. Por outro lado, os agressores podem buscar
interromper seu comportamento violento, mas acabam falhando devido
à falta de ajuda (i.e., intervenções preventivas e tratamento efetivo). Em
síntese, as situações de violência são determinadas por múltiplos fatores
e os profissionais devem estar atentos à complexidade dessas situações.
Caracterização da violência no RS
Baixo
Comportamento Desnutrição ou
rendimento Falta de higiene
tímido/retraído má nutrição
escolar
Problemas
de saúde
Percepções de Falta de física devido
Agressividade
falta de valor supervisão à ausência de
assistência
médica
Violência Psicológica 6
Relato verbal
Desajuste Comportamento
Rejeição de atos de
social evitativo
rejeição
Mantém poucas
Percepções de
interações com Humilhação Terrorismo
falta de valor
os pares
Baixo
rendimento Degradação
escolar
Violência Física 6
Experiências
Ferimentos
Sintomas como vítima Relato verbal
recorrentes e
depressivos ou agressor de de agressões
incomuns
bullying
Sintomas de
Fugas de casa
ansiedade
Violência Sexual 6
Relato verbal
Comportamento de violência
Desconforto
Ansiedade sexualizado para sexual e/ou
Anal e Genital
a idade exploração
sexual
Transtorno de
Baixo Percepção de
Estresse Pós-
rendimento ser diferente dos
Traumático
escolar pares
(TEPT)
Sintomas Comportamentos
depressivos auto-destrutivos
Tabela 2. Consequências da Violência Sexual
Consequências 7
Percepções
Hematomas e
de falta de Isolamento Vergonha
sangramentos
valor
Traumas físicos
Percepção de Agressões físicas e
Medo nas regiões oral,
culpa verbais
genital e retal
Traumas físicos
Diferença em
nos seios,
relação aos Furtos Ansiedade
nádegas, coxas e
pares
baixo ventre
Coceira,
Baixa inflamação e
concentração Fugas de casa Irritabilidade infecção nas
e atenção áreas oral,
genital e retal
Odores
Transtornos Comportamento
Raiva estranhos na
de memória hipersexualizado
área vaginal
Abandono de
Doenças
hábitos lúdicos
Desconfiança Tristeza sexualmente
(brincar, desenhar,
transmissíveis
jogos infantis)
Mudanças em
padrões de
Dissociação Culpa Gravidez
alimentação e
sono
Comportamentos
regressivos, tais
Baixo
como chupar o Dores e doenças
rendimento
dedo, urinar na psicossomáticas
escolar
cama
Distorções
cognitivas, Comportamentos
tais como autodestrutivos,
afirmações machucar-se
Desconforto em
inadequadas (cortar-se,
relação ao corpo
de “tudo queimar-se e
ou nada”, outros), tentativas
rotulação de suicídio
inadequada
Referências
1
Lei n° 11.340, de 7 de agosto de 2006 (2006, 7 de agosto). Dispõe sobre a
criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera
o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá
outras providências. Das formas de violência doméstica e familiar contra a
mulher, capítulo II.
2
Ministério da Saúde. (2002). Notificação de maus-tratos contra crianças e
adolescentes pelos profissionais de saúde: Um passo a mais na cidadania em
saúde. Brasília: Secretaria de Assistência à Saúde.
World Health Organization. (2002). World report on violence and health.
3
Gentileza Atenç
ão
li dade
Credibi
Pouca
s pergun
tas
r
Desculpabiliza
Agradecer
Referências
1
Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (2010).
2
American Psychological Association (2010). Dicionário de Psicologia. Porto
Alegre: Artmed.
3
Santos, V. A., Costa, L. F., & Silva, A. X. (2011). As medidas protetivas na
perspectiva de famílias em situação de violência sexual. PSICO, 42(1), 77-86.
NOTIFICAÇÃO
Referências
¹Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975 (1975, 31 de outubro). Dispõe sobre
a organização das ações de Vigilância Epidemiológica, sobre o Programa
Nacional de Imunizações, estabelece normas relativas à notificação compul-
sória de doenças, e dá outras providências. Diário Oficial da União, seção 1.
²Portaria nº 1271, de 06 de junho de 2014 (2014, 09 de junho). Define a Lista
Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde
pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional,
nos termos do anexo, e dá outras providências. Diário Oficial da União, seção 1.
³Ministério da Saúde (2009). Viva: Vigilância de violências e acidentes, 2006 e
2007. Brasília: Secretaria de Vigilância em Saúde. Disponível em http://bvsms.
saude.gov.br/bvs /publicacoes/viva_vigilancia_violencias_acidentes.pdf
4
Ministério da Saúde (2008). Sistema de Informação de Agravos de Notificação
- Ficha de Notificação Individual Violência Interpessoal/Autoprovocada.
Disponível em http://www.saude.rs.gov.br/upload/1339685891_Ficha%20
de%20notifica%C3%A7%C3%A3o%20de%20viol%C3%AAncia%20-%20SINAN.
5
Gonçalves, H. B., & Ferreira, A. L. (2002). Notificação da violência intrafamiliar
contra crianças e adolescentes por profissionais de saúde. Cadernos de Saúde
Pública, 18(1), 315-319. doi: 10.1590/S0102-311X2002000100032
6
Estatuto da Criança e do Adolescente (1990). Diário Oficial da União. Lei nº
8069, de 13 de julho de 1990. Brasília, DF: Palácio do Planalto.
7
Lei Federal n. 10.788, de 24 de novembro de 2003 (2003, 24 de novembro).
Dispõe sobre a notificação compulsória, no território nacional, do caso de
violência contra a mulher que for atendida em serviços de saúde públicos ou
privados. Diário Oficial da União, seção 1.
8
Lei Federal n. 12.461, de 26 de julho de 2011 (2011, 26 de julho). Dispõe sobre
a notificação compulsória dos atos de violência praticados contra o idoso
atendido em serviço de saúde. Diário Oficial da União, seção 1.
ENCAMINHAMENTOS
Proteção
Saúde
Justiça
Referências
Brasil (1990). Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Recuperado de http://www.
1
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm
2
Ministério do Planejamento. UBS – Unidades Básicas de Saúde. Recuperado
de http://www.pac.gov.br/infraestrutura-social-e-urbana/ubs-unidade-ba-
sica-de-saude
3
Ministério da Saúde (2004). Saúde mental no SUS: Os Centros de Atenção
Psicossocial. Recuperado de http://www.ccs.saude.gov.br/saude_mental/
pdf/SM_Sus.pdf
Brasil (1993). Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Recuperado de http://
4
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8742.htm
5
Brasil (2004). Resolução nº 145, de 15 de outubro de 2004. Recuperado de
http://www.mds.gov.br/acesso-a-informacao/legislacao/mds/resoluco-
es/2004/Resolucao%20no%20145-%20de%2015%20de%20outubro%20
de%202004.pdf/view
Ministério Público. Estado do Rio Grande do Sul. Recuperado de https://
6
www.mprs.mp.br/conheca
Defensoria Pública. Estado do Rio Grande do Sul. Recuperado de http://
7
www.defensoria.rs.def.br/conteudo/18836/apresentacao
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