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Sepse Aline Esteves

A sepse corresponde a uma infecção suspeitada ou diagnosticada, secundária a uma reação inflamatória desregulada, que se associa com disfunção orgânica ameaçadora à vida.
Fisiopatologia
-Quando o corpo é invadido por algum microrganismo o sistema imunológico entra em ação, porém em alguns casos a resposta imune se dá de uma forma exacerbada e acaba sendo
mais prejudicial que a infecção em si. O paciente adquire uma infecção — normalmente no trato respiratório, mas também é comum que seja no urinário ou no digestório — e, a
partir daí, inicia uma produção exacerbada de mediadores pró-inflamatórios. Dentre esses, os mais expressivos são as citocinas TNF-α e a IL-1, que estão muito associadas ao
desenvolvimento de sepse. Mas além disso também há produção de prostaciclinas, tromboxanos, leucotrienos, óxido nítrico, fator de ativação plaquetária (PAF), entre outros. Tudo
isso, em grande quantidade, acaba caindo na circulação sanguínea e se disseminando por todo o corpo do paciente. Ou seja, em linhas gerais, a sepse consiste em um processo
infeccioso que, mesmo que localizado, provoca uma reação inflamatória generalizada. Esse processo de inflamação generalizado que acaba levando à disfunção de vários órgãos —
o que também é característico da sepse. A própria atividade inflamatória acaba levando à morte celular. Nisso, vários sistemas podem ser acometidos, mas os mais comumente
afetados são 2: o cardiovascular e o respiratório.
Sistema Respiratório Sistema Cardiovascular
O pulmão é um dos órgãos mais acometidos durante Com a inflamação generalizada, o paciente acaba apresentando uma importante vasodilatação periférica. Dessa forma, em uma
um quadro de sepse e isso se deve ao fato de a primeira fase da doença, conhecida como “fase quente”, o coração tenta compensar o quadro aumentando seu débito cardíaco
reação inflamatória nos capilares alveolares (DC), mas na maioria das vezes isso é insuficiente. Com toda essa sobrecarga, a doença costuma evoluir para a “fase fria”, na
levarem a uma lesão endotelial e consequente qual o corpo não consegue mais manter o DC aumentado e nem uma saturação periférica adequada (choque). É justamente
acúmulo de líquido nos espaços alveolares, o que para evitar essa evolução deletéria da sepse que é necessário diagnosticar precocemente os pacientes acometidos. Para tal, é
gera edema e atrapalha o processo de trocas importante ter em mente que existem dois consensos sobre sepse que podem ser empregados: o Sepsis-2 e o Sepsis-3.
gasosas.
Mapa mental
Conceitos na fisiopatologia
- Inotropismo: É a contração em si, ou seja, a força de contração – ou contratilidade - do ventrículo esquerdo (VE).
- Pré-Carga: Refere-se ao que ocorre imediatamente antes da contração. A pré-carga é a tensão na parede do VE no momento imediatamente anterior à contração. Ela depende do
volume sanguíneo circulante (volemia) e da complacência ventricular (capacidade do VE de acomodar volume).
- Pós-Carga: Refere-se ao que ocorre imediatamente após a contração. A pós-carga é a pressão que o VE tem que vencer parar ejetar o sangue no sistema arterial. Ela é determinada,
portanto, pela pressão na raiz da artéria aorta, que por sua vez é determinada pela pressão arterial sistêmica.
- SIRS: Síndrome da resposta inflamatória sistêmica. Definida por 2 ou mais dos 4 critérios abaixo:

- Sepse é uma disfunção orgânica com risco de vida, causada por uma resposta desregulada do hospedeiro à infecção. SIRS e infecção documentada ou presumida. Primária x
Secundária.
- Sepse grave: Disfunção orgânica induzida pela própria sepse.

Choque distributivo Choque séptico


-Vasodilatação periférica globaL -> - Os agentes causadores da infecção são produtores de toxinas que induzem à produção de mediadores inflamatórios como
Comprometendo o fornecimento de interleucinas. Essas substâncias têm uma potente ação vasodilatadora. Essa resposta inflamatória é crucial para o combate a infecções
oxigênio pelos capilares e a captura de locais, e a vasodilatação local não causa grandes prejuízos. Infecção acometendo todo o organismo, uma vasodilatação generalizada
oxigênio pelos tecidos. É a única diminui a RVP e, consequentemente a PA e a Pressão de enchimento do capilar. A venodilatação causa a diminuição da pré-carga e do
modalidade de choque em que ocorre retorno venoso, diminuindo o débito cardíaco.
vasodilatação. Em todos os outros tipos de -Resulta da exposição a componentes microbianos, pode ser classificado em etapas:
choque vai ocorrer uma vasoconstrição
reflexa -> Mecanismo compensatório não
consegue atuar, já que a musculatura lisa
arteriolar se encontra seriamente lesada,
não respondendo ao estímulo simpático.
Quando suspeitar de sepse?
-Suspeita clinica pela história e exame OU ter 2 de 3 critérios do Quick SOFA (FR ≥ 22rpm; alteração mental; PAS ≤ 100mmHg).
-Muitos serviços mantiveram os critérios de SIRS para triagem e avaliação dos pacientes com suspeita de sepse na sala de urgência, visto serem mais sensíveis que os novos critérios.
-SOFA:

Quando suspeitar de choque séptico?


- Choque séptico seria PAM < 65 mmHg, com necessidade de drogas vasoativas E lactato elevado **PAM = (2(PAD) + PAS)/3.
Sepsis-2 e Sepsis-3
Abordagem diagnóstica e terapêutica
Exames complementares
- Hemograma completo; - Ureia e Creatinina e Eletrólitos; - Glicemia; - TP, TTPa. Caso suspeite de CIVD, incluir fibrinogênio e d-dímero o bilirrubina; - Gasometria arterial e Lactato; -
Proteína C reativa; - Urina Rotina; - Raio X de tórax.
- Colher pelo menos 2 Hemoculturas antes do início de antibioticoterapia (caso a coleta possa atrasar o antibiótico, dar preferência para a medicação)
Pacote da Sepse
Recomendações na Sepse
1- Recomendamos contra o uso de o qSOFA em comparação com SIRS, NEWS ou MEWS como uma única ferramenta de triagem para sepse ou choque séptico (FORTE). O qSOFA,
composto por Glasgow < 15, frequência respiratória ≥ 22 ipm e pressão sistólica ≤ 100 mmHg, faz parte do algoritmo diagnóstico do SEPSIS-3 e tem baixa sensibilidade. É utilizado
como preditor de pior desfecho.
2- Para adultos com suspeita de sepse ou com sepse, sugerimos medir o lactato sanguíneo (FRACA).
3 - Recomendamos que na ressuscitação inicial da hipoperfusão induzida pela sepse, pelo menos 30 ml/kg de fluido cristalóide intravenoso seja administrado nas primeiras 3 horas
(FRACA).
4- Para adultos com sepse ou choque séptico, recomendamos o uso de cristaloides como fluido de primeira linha para ressuscitação. (FORTE).
5- Para adultos com choque séptico com vasopressores, recomendamos uma meta inicial de pressão arterial média (PAM) de 65 mmHg ao invés de metas de PAM mais altas (FORTE).
6 - Para adultos com sepse ou choque séptico que requerem internação na UTI, sugerimos a admissão dos pacientes na UTI em até 6 horas (FRACA).
7- Recomendamos que a administração de antimicrobianos intravenosos seja iniciada o mais rápido possível após o reconhecimento e dentro de uma hora (FORTE).
8- Recomendamos terapia empírica de amplo espectro com um ou mais antimicrobianos para pacientes com sepse ou choque séptico para cobrir todos os patógenos prováveis
(incluindo cobertura bacteriana e potencialmente fúngica ou viral) (FORTE).
Resumo

Indicações de UTI
São listadas como precedências para admissão, segundo o CFM:
1. Pacientes que necessitam de intervenções de suporte à vida, com alta probabilidade de recuperação e sem nenhuma limitação de suporte terapêutico. 2. Pacientes que necessitam
de monitorização intensiva, pelo alto risco de precisarem de intervenção imediata, e sem nenhuma limitação de suporte terapêutico. 3. Pacientes que necessitam de intervenções
de suporte à vida, com baixa probabilidade de recuperação ou com limitação de intervenção terapêutica. 4. Pacientes que necessitam de monitorização intensiva, pelo alto risco de
precisarem de intervenção imediata, mas com limitação de intervenção terapêutica. 5. Pacientes com doença em fase de terminalidade, ou moribundos, sem possibilidade de
recuperação. Em geral, esses pacientes não são apropriados para admissão na UTI (exceto se forem potenciais doadores de órgãos). No entanto, seu ingresso pode ser justificado em
caráter excepcional, considerando as peculiaridades do caso e condicionado ao critério do médico intensivista.
Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SARA)
- É definida como uma lesão inflamatória aguda e difusa pulmonar que provoca aumento da permeabilidade vascular do pulmão, determinando aumento do seu peso e diminuição
de tecido aerado.
- FISIOPATOLOGIA: É necessário um insulto agudo. Este insulto inflamatório atrai os macrófagos e aumenta a permeabilidade vascular, o que culmina em uma inundação alveolar.
Este edema gera destruição alveolar e quebra do surfactante, que é o responsável pela redução da tensão superficial da água dentro do alvéolo e, assim, impede o colapso do mesmo.
Dessa forma, os alvéolos colabam levando à hipoxemia.
- Etiologia: Pneumonia (40%), Sepse (32%), Aspiração (9%), Trauma/outros (19%)
- Diagnóstico:

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