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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

A Língua Portuguesa em Moçambique: O caso do Distrito de Vilankulo

Arlindo Luís Manhice: 708225245

Curso: Licenciatura em Ensino de Língua


Portuguesa

Disciplina: Língua Portuguesa -1

Ano de frequência: 1º

Vilankulo, Junho de 2022


Classificação
Categorias Indicadores Padres Pontuação Nota Subtotal
máxima do
tutor
 Capa 0.5
 Índices 0.5
Estrutura Aspectos  Introdução 0.5
organizacionais
 Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização 1.0
 Indicação clara do 1.0
problema
 Descrição dos 2.0
Introdução objectivos
 Metodologia
adequada ao objecto 2.0
do trabalho
 Articulação e
domínio do discurso
Conteúdo académico 2.0
(expressão escrita
cuidada, coerência
Análise e textual
discussão  Revisão
bibliográfica
nacional e 2.0
internacional
relevante na área de
estudo
 Exploração dos 2.0
dados
Conclusão  Contributos teóricos 2.0
práticos
 Pontuação, tipo e
Aspectos tamanho de letra,
Gerais Formatação paragrafa, 1.0
espaçamento entre
linhas
Referências Normas de  Rigor e coerência
bibliográficas APA 6ª edição das citações/
em citações e referências 4.0
bibliografia bibliográficas
Folha de recomendações
Índice
1.Introdução ..................................................................................................................................... 3

1.1.Objectivo Geral.......................................................................................................................... 3

1.2. Objectivos específicos: ............................................................................................................. 3

2. REFERÊNCIAS TEÓRICAS ...................................................................................................... 4

2.1. Definições de conceitos-chave no contexto do trabalho .......................................................... 4

2.1.1. Língua (conceito) ................................................................................................................... 4

2.1.2. Moçambique (conceito) ......................................................................................................... 4

2.1.3. Português (conceito) ............................................................................................................. 4

2.2. CONDIÇÕES SÓCIO HISTÓRICAS QUE COMPARTICIPARAM NA ORIGEM,


EVOLUÇÃO E FORMAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA ..................................................... 5

2.2.1. Origem da língua portuguesa ................................................................................................. 5

2.2.2. Evolução do Português .......................................................................................................... 5

2.2.3. Norma portuguesa ................................................................................................................. 6

2.3. Variantes do português ............................................................................................................. 7

2.3.1. Português brasileiro ............................................................................................................... 7

2.3.2. Português na Ásia e na África ............................................................................................... 7

2.3.2.1. Português na Ásia ............................................................................................................... 8

2.3.2.2. Português na África ............................................................................................................ 8

2.3.2.3. Português em Moçambique ................................................................................................ 9

2.4. Factores de Variação do Português em Moçambique .............................................................. 9

2.5. Características do português moçambicano ........................................................................... 10

2.5.1. Português falado em Vilankulo ........................................................................................... 10

2.5.1.1. Componente fonética ........................................................................................................ 11

2.5.1.2. Componente morfológica ................................................................................................. 12


2.5.1.3. Componente sintáctica ...................................................................................................... 12

2.5.1.4. Componente semântica ..................................................................................................... 12

3. Considerações Finais ................................................................................................................. 14

4. Referência Bibliográfica ............................................................................................................ 15


1.Introdução

O português é uma das línguas faladas pelos PALOP’s e CPLP, ocupado a quinta posição entre as
línguas existentes no mundo. Do ponto de vista da origem afirma-se que, o Português surgiu do
Latim, língua falada no Lácio na região da Itália, falado pelos latinos fundadores do Império
Romano, o português viria da junção do Latim vulgar, e com a língua substrato supostamente
Céltico, falado na Península Ibérica. A língua portuguesa, nem sempre se falou da mesma
maneira, ela varia de acordo com o tempo e o espaço onde se encontra cada falante. É neste
âmbito, que surge o presente trabalho intitulado: a Língua portuguesa em Moçambique - Caso do
Distrito de Vilankulo, que tem por objectivos:
1.1.Objectivo Geral:
 Conhecer as variantes linguísticas do português e suas características.
1.2. Objectivos específicos:
 Explicar as condições sócio históricas que comparticiparam na origem, evolução e
formação da língua Portuguesa;
 Descrever os factores que influenciam na variação do português em Moçambique;
 Identificar as características linguísticas do português falado no Distrito de Vilankulo

O presente tema é de extrema importância e de actualidade para o curso de Ensino de Língua


Portuguesa, pois, trás uma visão generalizada da influência das línguas Bantu na língua
portuguesa e, esta relevância centra se no facto de que, a sociedade em geral precisa dotar-se dos
conhecimentos relacionados com a língua portuguesa no contexto moçambicano. Do ponto de
vista pessoal, o trabalho fornece bases de investigação científica em matéria relacionada com a
temática em abordagem. O mesmo, irá largar o leque da literatura existente que versa sobre a
temática em estudo. Para concretização do presente ofício contou-se com a técnica bibliográfica,
a qual foi caracterizada pela exploração de vários materiais físicos e electrónicos produzidos por
diversos autores com uma abordagem similar a do tema em estudo. Quanto a sua estrutura, o
trabalho comporta as seguintes partes: Para além da Introdução, apresenta o referencial teórico, o
desenvolvimento do trabalho e as considerações finais.

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2. REFERÊNCIAS TEÓRICAS
Esta etapa consiste na discussão dos conceitos - chave e ideias importantes que conduziram a
concretização deste trabalho. Trata-se de um suporte teórico para a análise e reflexão aquando
dos dados ou informações que foram constatados durante a elaboração deste trabalho. Contudo,
antes de trazer as ideias e informações a respeito da temática em abordagem, iremos fazer uma
análise a respeito das seguintes palavras-chave: Língua, Moçambique e português.

2.1. Definições de conceitos-chave no contexto do trabalho

2.1.1. Língua (conceito)


A língua é um sistema de comunicação que consiste no som e símbolos.
(https://www.coladaweb.com/lkiteratura/a-lingua-segundo-saussure-linguistica).

Segundo Borregana (2007, p.7) A língua é um sistema organizado de sons vocais de que nos
servimos para expressar ideias e comunicar com os falantes conhecedores do mesmo código.

A língua é um sistema de signos que exprimem ideias, e é comparável, por isso, à escrita, ao
alfabeto dos surdos-mudos, aos ritos simbólicos, às formas de polidez, aos sinais militares etc.,
ela é apenas o principal desses sistemas (Saussure, 1970, p.24).

Com base nas ideias apresentadas pelos autores acima citados, conclui-se que: língua pode ser
definida como um conjunto organizado de signos ou expressões sonoras com um significado
convencional partilhado por falantes conhecedores do mesmo código.
2.1.2. Moçambique

“Moçambique é país africano localizado a Sul do Equador, na costa oriental de África na região
da África Austral”, (IEDA, 2017, p.17).

2.1.3. Português conceito


Português é um idioma falado no mundo utilizado por milhões de pessoas como língua principal
para se comunicarem..

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2.2. CONDIÇÕES SÓCIO HISTÓRICAS QUE COMPARTICIPARAM NA ORIGEM,
EVOLUÇÃO E FORMAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA

2.2.1. Origem da língua portuguesa


A língua portuguesa tem como origem a modalidade falada do latim, onde, desenvolveu-se na
costa oeste da Península Ibérica (actuais Portugal e região da Galiza, ou Galícia) incluída na
Província Romana da Lusitânia. Na perspectiva de Teyssier (1982, p.6), os primeiros textos
escritos em português surgem no século XIII. Nessa época, o português não se distingue do
galego, falado na província (hoje espanhola) da Galícia. Essa língua comum, o galego-português
ou galaico-português é a forma que toma o latim no ângulo noroeste da Península Ibérica.

2.2.2. Evolução do Português


A língua vária no tempo e no espaço da utilização ao longo da sua própria história, bem como da
vida dos seus falantes, decorrente de determinantes: Sociais, culturais, Históricas, geográficos,
profissionais entre outros.

A língua portuguesa pertence ao grupo das línguas românicas que por sua vez pertence à família
das línguas chamadas de indo-europeias.

Pior volta do II milénio a.C., o grande movimento migratório de leste para oeste de alguns povos
provenientes talvez do norte dos mares Negros e Cáspio ou do norte da Índia, que falavam
línguas do grupo indo-europeu terminou, atingindo seu habitat quase definitivo (Tayssier, 1982).

Um desses grupos, os Celtas, estavam situados de início no centro da Europa, mas entre, II e o I
milénio a.C. foram ganhando várias outras regiões, até ocupar no século III a.C. mais da metade
do continente europeu, onde ficaram conhecidos por diferentes denominações segundo as zonas
que ocupavam sendo de destaque: celtiberos na Península Ibérica, gauleses na França, bretões na
Grã-Bretanha e gálatas no Centro da Turquia.

Período Românico

A partir de 218 a.C., com invasão romana da península, e até século IX, a língua falada na região
é o romance, uma variante do latim que constitui um estágio intermediário entre o latim vulgar e
as línguas latinas modernas como português, castelhano, ou francês.Durante o período de 409 a
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711 d.C. Alguns povos de origem germânica instalaram-se na Península Ibérica. O efeito dessas
migrações na língua falada pela população não era uniforme, tendo iniciado desta feita, um
processo de diferenciação regional.

Invasão Moura

A partir de 711, com a invasão moura da Península, o árabe é adoptado como língua oficial nas
regiões conquistadas, mas a população continua a falar romance. No período que vai do século IX
(surgimento dos primeiros documentos latino-portugueses) ao XI, considerado época de transição
onde alguns termos portugueses aparecem nos textos em latim.

Período galego-português (Reconquista Cristã)

No século XI, á medida que os antigos domínios foram sendo recuperados pelos cristãos, os
árabes são expulsos para o sul da península, onde surgem os dialectosmoçárabes, a partir do
contacto do árabe com o latim.

Com início da reconquista cristã da península Ibérica, o galego-português consolida-se como


língua falada e escrita da Lusitânia. A maioria dos linguistas e intelectuais defendem a unidade
linguística do galego-português até a actualidade. Segundo esse ponto de vista, o galego e o
português modernos seriam parte de um mesmo sistema linguístico.

2.2.3. Norma portuguesa


A língua varia no tempo e no espaço da utilização ao longo da sua própria história, bem como da
vida dos seus falantes, decorrente de determinantes: Sociais, culturais, Históricas, geográficos,
profissionais entre outros. Daí que surge a necessidade de normalizar essa língua, isto é, existir
uma norma padronizada da língua. A norma padrão da uma língua portuguesa é aquela que todos
os falantes da língua portuguesa entendem. É importante deixar claro que a variação não é
exclusiva dos falantes não-escolarizados. Ninguém fala norma padrão a todo momento, pois ela é
artificial, ou seja, não é língua materna de ninguém.

Todas as línguas tendem a mudar com o tempo desviando-se constantemente com a relação à
norma e, na óptica de Timbane (2018, p.19) “a norma não é apenas ou simplesmente um conjunto
de formas linguísticas pré-estabelecidas, mas, também, é um agregado de valores socioculturais
usados por uma comunidade linguística.”
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2.3. Variantes do português
2.3.1. Português brasileiro
Independente em 1822, o Brasil vai, naturalmente, valorizar tudo o que o distingue da antiga
metrópole, particularmente as suas raízes índias. Deixar-se-á influenciar pela cultura da França e
acolherá também imigrantes europeus de nacionalidade diversa da portuguesa. Alemães e
italianos chegam em grande número, principalmente italianos. Como o tráfico dos negros
africanos cessou por volta de 1850, e como os índios se diluíram na grande mestiçagem
brasileira, essas vindas maciças de imigrantes europeus (sobretudo durante o período de 1870-
1950) têm contribuído para branquear o Brasil contemporâneo. Em duas gerações, os novos
habitantes aculturam-se e fundem-se na sociedade brasileira. Ao mesmo tempo, o pólo de
desenvolvimento desloca-se para o Centro-Sul.

O português instalou-se no Brasil em meados do século XVI, ou seja, numa data em que as
primeiras evoluções já se haviam realizado: eliminação de numerosos encontros vocálico;
unificação do singular das palavras do tipo mão, cão, leão; manutenção da distinção entre /b/ e
/v/; simplificação dos sistemas das sibilantes. Em todos esses pontos a koiné brasileira
generalizou a norma portuguesa do Centro-Sul, tendo eliminado as particularidades marcadas do
Norte.

A pronúncia chiante de (s e z) implosivos, o português do Brasil não mais seguiu, ou seguiu


apenas parcialmente, as inovações européias. Parecerá, assim, conservador. Mas, ao mesmo
tempo, irá realizar transformações fonéticas desconhecidas do português europeu, e nisso será
inovador.

A pronúncia chiante de -s e -z em final de palavras provoca, não raro, o aparecimento de um


iode; ex.: atrás, luz, pés pronunciados como (atrayš], [luyš], [pęyš) respectivamente.

2.3.2. Português na Ásia e na África


Se a língua portuguesa sobreviveu à descolonização do século XX no que diz respeito à África, a
sua presença na Ásia parece estar seriamente comprometida. Mesmo na África, nos países ditos
lusófonos, a situação do português é muito diferente da do Brasil, (TEYSSIER, 1982, p.76).

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2.3.2.1. Português na Ásia
No início do século XX, a presença política de Portugal na Ásia limitava-se aos territórios de
Goa, Diu e Damão, na Índia, a uma parte da ilha de Timor, na Indonésia, e à pequena zona de
Macau, nas costas da China. Mas os portugueses tinham controlado outrora regiões bem mais
extensas, particularmente em Ceilão (hoje Sri Lanka) e em Malaca. Além disso, dos séculos XVI
ao XVIII, o português serviu de língua franca nos portos da Índia e nos do Sudeste da Ásia.

A Índia portuguesa foi recuperada pela União Indiana em 1961, e Ti-mor anexado pela Indonésia
em 1974, essas sobrevivências linguísticas observaram dois tipo a saber:

Os crioulos: onde no início do século XX falavam-se ainda crioulos de origem portuguesa em


Goa, Damão e Diu, bem como em certos pontos do território da Índia do Sul então controlados
pela Inglaterra, em Ceilão, Java, Malaca e Macau. Estudos recentes vieram mostrar que alguns
desses crioulos continuam a ter vitalidade, particularmente em Ceilão e em Malaca e o;

O português oficial: o único ponto onde o português, na sua forma oficial, poderia esperar
conhecer uma certa sobrevivência como língua veicular, ou como língua estrangeira estudada em
estabelecimentos de ensino, seria o território de Goa, hoje incorporado à União Indiana. Mas o
português vem sendo aí progressivamente suplantado pelo inglês, (TEYSSIER, 1982, p.76).

2.3.2.2. Português na África


Na África a situação é bem diferente com a da Ásia. A descolonização que se seguiu à revolução
de 25 de Abril de 1974 levou à constituição de cinco Repúblicas Independentes: Cabo Verde,
Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique. Estas cinco repúblicas não são
comparáveis nem pelas dimensões dos seus territórios nem pela importância das suas populações.

Nestes cinco territórios, o português é a língua oficial, a que é utilizada na administração, no


ensino, na imprensa, assim como nas relações com o mundo exterior. Trata-se do português
falado e escrito por parte dos habitantes dos novos Estados africanos independentes. Possui o
estatuto de língua oficial, por oposição às línguas nacionais. Os responsáveis africanos
proclamam a sua utilidade e declaram que, no momento, desejam conservá-lo. Mas afirmam, ao
mesmo tempo, que o seu fim último é o de promover as línguas nacionais, pelo menos algumas
dentre elas, (TEYSSIER, 1982, p.78)

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Ainda sobre o português africano, segundo Teyssier (1982, p.78) Qualquer que seja o seu futuro
remoto, a África lusófona constituirá ainda durante longo tempo para a língua portuguesa uma
importante área de expansão. Oficialmente, esse português da África segue a norma europeia.
Mas, no uso oral, dela se distancia cada vez mais. E não deixa de ser curioso que por certas
particularidades ele se aproxime do português brasileiro.

2.3.2.3. Português em Moçambique


O estudo da língua em seu contexto social tem merecido espaço privilegiado por parte de
linguísticas com maior ênfase, a partir dos anos 1960, com os trabalhos do linguista americano
William Labov. A língua tem uma função social o da comunicação, e ela só podem ser
compreendida e interpretada dentro do contexto sociocultural. Segundo Timbane (2018, p.19) “ É
importante compreender que a língua não é um sistema uno, invariado, estático, mas,
necessariamente, abriga um conjunto de variedades, variantes e dialectos. Todas as línguas são
moldadas pelos contextos socioculturais e a sua variação e mudança dependem da forma como os
usuários replicam o seu uso.”

Em Moçambique, não é excepção. Todas as línguas faladas tendem a mudar com o tempo
desviando-se constantemente com relação à norma. A cerca mais especificamente do contexto
moçambicano, observa-se que a escola apoia-se no português de Portugal (norma-padrão
europeia) para ensinar e avaliar competências em português dos alunos, o que faz com que os
alunos não progridam academicamente.

2.4. Factores de Variação do Português em Moçambique


A presença da língua portuguesa em Moçambique está intimamente ligada à colonização. O
primeiro colonizador português Vasco da Gama chegou à Moçambique e 1498 e a primeira
povoação portuguesa se fundou em 1530, na região de Sena (região central de Moçambique). É
importante sublinhar que antes da chegada dos portugueses, os árabes já estabeleciam relações
comerciais com africanos, em particular com os moçambicanos da região norte, divulgando
também a sua religião, o islã, bem como a língua árabe utilizada de forma obrigatória na prática
da fé.

Sendo assim, a ocupação efectiva de Moçambique a implementação do sistema colonial foi


possível em 1885, aquando da Conferencia de Berlim. Daí que os colonizadores portugueses
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utilizaram a língua como meio de dominação, pois excluíam assim as línguas africanas em todas
as esferas do poder estabelecendo mitos que classificavam as Línguas Banto como “incapazes de
cumprir algumas funções, sobretudo a de veicular as noções modernas, os conceitos abstractos e
científicos, invariáveis com línguas de ensino, de cultura ou de pesquisa” (Zamporani, 2009,
p.32) citado por (TIMBANE, 2018, p. 15).

2.5. Características do português moçambicano

Moçambique é um país multilíngue onde convivem cerca de vinte línguas bantu, o português, o
gujarati, o híndi e o árabe. O português é a língua oficial e é de uso obrigatório na educação e nas
instituições públicas. O português cria impasse porque os cidadãos não dominam a norma-padrão
europeia. Nenhuma língua viva está isenta de variação. O Português de Moçambique é uma
variedade que resulta de contextos sociolinguísticos e da diversidade cultural.

Tendo rodado os dados no GoldVarb 2001 se concluiu que o português Moçambicanos e


manifesta de forma mais visível a nível fonético, léxico-semântico. Os estrangeirismos
provenientes das línguas bantu são necessários. Conclui-se que o Português é uma língua
moçambicana falada como língua materna pela minoria (10.7%) e que tende a crescer devido à
educação gratuita, obrigatória e inclusiva incentivada pela política linguística, (TIMBANE, s/d,
p.2).

Devidas as variáveis sociais, o português falado em Moçambique se distancia do português


europeu, brasileiro, angolano, guineense idem, sobretudo em nível lexical, fonológico e
semântico, devido as entradas de termos vindos das diversas línguas Banto justificando-se pelo
facto de que os contextos socioculturais moçambicanos interferem na comunicação e forçam a
marcação da identidade. Siqueira, (2008, p.21) “em Moçambique vem-se desenvolvendo, uma
variedade de português que é moçambicana, no sentido em que há traços, características e
realizações formais e contextuais de moçambicanidade na fala e na escrita”
2.5.1. Português falado em Vilankulo
Vilankulo é uma cidade moçambicana, sede do distrito do mesmo nome, na província de
Inhambane e encontra-se localizada na costa da Baia de Vilankulo, a leste da qual encontra-se o
Arquipélago de Bazaruto, com cerca de 38 432 habitantes isentos da língua oficial (o português).

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Tal como se disse anteriormente acerca do português moçambicano, no Distrito de Vilankulo
também, devido às variáveis sociais, o português falado apresenta algumas peculiaridades do
português europeu ou da norma portuguesa, tomando algumas particularidades ao nível fonético,
morfológico, lexical e semântico devido as entradas de termos vindos das diversas línguas Banto
justificando-se pelo facto de que contextos socioculturais moçambicanos interferem na
comunicação e forçam a marcação da identidade.

Num estudo feito no distrito, constataram-se algumas particularidades linguísticas usadas pelos
falantes nativos da cidade, onde abaixo apresenta-se alguns exemplos nas componentes variantes:

2.5.1.1. Componente fonética


O português do Distrito de Vilankulo na área fonética tem apresentado algumas diferenciações
com o português padrão tal como se pode ver nos exemplos que se seguem:

Ex.1: “crescer” geralmente tem pronunciado-se “creicer”. Obsevando-se assim a substituição de


algumas letras.

Temos casos que apresentam a inserção da nasal em algumas palavras, tal se pode ver nos
seguintes exemplos:

Ex.2: “convinte”invés de (convite);

Ex.3: “enkonomiya” ou “enconomia”invésde (economia);

Ex.4: “enzagero”invés de(exagero);

Ex.5: “enzame” invésde (exame);

Ex. 6: “enzixte” invésde(existe);

Ex.7: “esquecer”, pronuncia-se como se tivesse um “n” entre a vogal “e” e consoante “c”
(esquencer);

Ex.8: “sul” pronuncia-se como se terminasse co a voga “e” (sule).

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2.5.1.2. Componente morfológica

Ex.1:Da palavra “cara-à-cara” sai cão-cão para o português moçambicano, particularmente em


Vilankulo;
Ex.2: Da palavra ‘congestionamento’ surge o termo “assardinhados” usa em Vilankulo para caso
específicos de superlotação nos transportes semi colectivos de passageiros;

2.5.1.3. Componente sintáctica


É sabido que a análise sintáctica é o estudo da função de cada termo de uma oração. Olhando
nesta perspectiva, para o caso do Distrito de Vilankulo, constatam-se algumas particularidades no
uso de alguns termos ou palavras que vão em contraste com a norma portuguesa europeia, que é o
padrão oficial no país. Seguir apresentar-se-á alguns exemplos que ilustram esta a situação,
trazendo algumas frases obtidas a partir de algumas falas, como:
Ex.1: “Ele saiu em casa muito cedo.” No Português Europeu seria (de casa).

Ex.2: “Muitos já não respeita a tradição.” No português europeu seria (respeitam).

Ex.3 “Rituais religioso só conheço um.” No Português Europeu seria (religiosos).

Ex.4: “Os alunos propuseram fazerem o trabalho em dois dias.” No padrão seria (fazer).

Ex.5: “Estiveram presentes na reunião.” No padrão seria (presentes).

Também é frequente ocorrer a neutralização de formas próprias para o tratamento por tu/você.
Ex-6: “Jovem universitário, procure o teu lugar.” (procure.../...seu).

Ex-7:“Você não tinha nada que falar, porque ele não é teu irmão.” (seu).

2.5.1.4. Componente semântica


Semântica é um ramo da linguística que estuda o significado das palavras, frases e textos de uma
língua.

Para o caso do Distrito de Vilankulo, pode ver-se alguns casos na especificidade semântica nos
exemplos a baixo:

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Ex1: Até nos dias de hoje, os falantes da língua citshwa em Vilankulo ainda

Dizem: “kudaya nyokana”(matar o bicho!) para se referir à primeira refeição do dia que
ocorre antes das 12h. E assim, houve transporte desse contexto para a variedade do Português
Moçambicano: ‘matabicho’ que significa “café da manhã” (no português do Brasil) ou pequeno-
almoço (no Português Europeu ou padrão).

Ex.2: “tchapo-tchapo” para dizer (rápido);

Ex.3: “madala” para referir ao (idoso);

Ex.4: “molwene / molwenes”(marginal ou marginais);

Ex.5: “mamana / mamanas”(mãe/mães).

Ex.6: “matreco” (bobo/tolo).

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3. Considerações Finais

O presente trabalho, cujo tema é ʺA Língua Portuguesa em Moçambique: O Caso do Distrito de


Vilankulo.ʺ Desenvolveu-se com o objectivo de Explicar as condições sócio históricas que
comparticiparam na origem, evolução e formação da língua Portuguesa, Terminado o trabalho
concluiu-se que, a língua portuguesa, nem sempre se falou da mesma maneira, ela varia de
acordo com o tempo e o espaço onde se encontra cada falante.

Por último, constatou-se que devido às variáveis sociais, o português falado no Distrito de
Vilankulo apresenta algumas peculiaridades do português europeu ou da norma portuguesa,
tomando algumas particularidades ao nível fonético, morfológico, lexical e semântico devido as
entradas de termos vindos das diversas línguas Bantu justificando-se pelo facto de que contextos
socioculturais moçambicanos interferem na comunicação e forçam a marcação da identidade.

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4. Referência Bibliográfica

Teyessier, P. (1982). Historia da Língua Portuguesa. Paris.

Timbane, A. (2018). A Variação Linguística do Português Moçambicano: Uma Analise


Sociolinguística da Variedade em Uso. Universidade Federal de Goiás-Brasil. Recuperado em:
https://www.researchgate.net/publication/329650186_A_Variação_Linguistica_do_Portugues_M
oçambicano_uma _Análise_Sociolinguistica_da_Variedade_em_Uso, Acessado aos
13/06de2022.

Siqueira, J.C. (2008). Literatura Portuguesa. Brasil. Recuperado em


https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/tede/6610/1/arquivototal.pdf , Acessado aos
13/06/2022.

Borregana, A.A. (2007). Gramática de Língua Portuguesa (1ª. Ed). Texto Editores, LDA.
Moçambique.
IEDA. (2017). Módulo 5 de Geografia. Maputo, Moçambique.

http://www.coladaweb.com/lkiteratura/a-lingua-segundo-saussure-linguistica, acessado aos


18/06/2022

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