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TFC - Maicon Charles M. de Oliveira
TFC - Maicon Charles M. de Oliveira
COLATINA
2023
MAICON CHARLES MARIANO DE OLIVEIRA
COLATINA
2023
(Biblioteca do Campus Colatina)
CDD: 370
Bibliotecário/a: Débora do Carmo de Souza CRB6-ES nº 631
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CAMPUS COLATINA
TERMO DE AUTORIZAÇÃO
Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, e em consonância com as disposições da Lei nº
9.610 de 19 de fevereiro de 1988 ou em outras que regulem ou vierem a regular a matéria, autorizo o
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Ifes a disponibilizar, on-line, no
Sistema de Bibliotecas e/ou Repositório, sem ressarcimento dos direitos autorais, o texto integral do
documento abaixo citado, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção
científica brasileira.
1. Material Bibliográfico
Data da Defesa: 08/04/2023
Título: “Concepções e desafios de estudantes-pesquisadores na construção de projetos
articulados à ciência, tecnologia e sociedade”
Nome do Curso ou Programa de Pós-Graduação: Especialização em Práticas Pedagógicas para a
Educação Profissional e Tecnológica
Campus do Curso ou do Programa de Pós-graduação: campus Colatina
Área do conhecimento (conforme tabela do CNPq): 90100000
( ) Tese de doutorado (X) Monografia de curso de especialização
2. Agência de Fomento
( ) CAPES ( ) CNPq ( ) Outro (especifique): -
3. Autor
Nome: Maicon Charles Mariano de Oliveira
CPF: 123.503.767-37 E-mail: maicon-charles@hotmail.com Tel: (27) 99788-2250
Endereço: Rua Costa Rica, nº 32 – Bairro Araçás – Vila Velha-ES
Titulação: Licenciatura em Ciências Biológicas
4. Orientador
Nome: Mirella Guedes Lima de Castro
Instituição: Instituto Federal do Espírito Santo- campus Colatina
E-mail: mirellac@ifes.edu.br
5. Informações de Disponibilização do Documento
Restrição para publicação: ( ) Total ( ) Parcial TEMPO DE RESTRIÇÃO: _______________________
( X ) Não Restringir
Em caso de restrição total, especifique o motivo da restrição: -
Assinatura do autor:
The presence of scientific exhibitions, in the educational context, ennobles the dissemination,
materialization and awareness of knowledge built, cooperatively, between students and
educators. In this case, providing opportunities for pedagogies that contribute to the
construction of projects belonging to the Science, Technology and Society (STS) movement,
helps significantly to generate autonomous, critical, motivated students and mostly, researchers.
Therefore, investigating the impasses unfavorable to such proposals is necessary to transform
factors that oppose the formation of the individual. Concerning these ideas, the present research
aimed to investigate the challenges faced in the production of projects that articulate the STS
perspective, with the conception of student-researchers and participants of the II Scientific
Exhibition in the private school Núcleo Educacional Piaget (NEP) – Praia de Itaparica, from
Vila Velha, Espírito Santo. Through the pedagogical activities, an exploratory and quali-
quantitative methodology was applied. Initially, students with the intention of doing STS
projects were identified and separated. Subsequently, these student groups were submitted to
the Project-Based Learning (PBL) pedagogical practice. The participant observations and
interviews, through the formative processes, contributed to the production and analysis of the
data. The surveys and experiences of eleven student-researchers were studied, specifically six
middle school students and five high school students. Four teams of students with projects
relevant to the areas of human sciences and nature were identified. Despite having confirmed
successes related to scientific production, potential student emancipation, creativity,
cooperation, favoring dialogues relevant to literacy and scientific literacy, the PBL also showed
great difficulties related to the understanding and structuring of scientific works, physical and
cognitive unavailability due to the demands and school routine, conflicts associated with
carrying out work and criticism regarding the promotion of competitive habits among student-
researchers. It should be noted the presence of teachers who are continually trained and
committed to the development of active pedagogical practices to the Professional and
Technological Education (PTE) and basic education modality, as proposed by the PBL, together
with an educational environment conducive to the construction of research, completed
and humanitarian students.
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
4 METODOLOGIA................................................................................................................ 15
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 30
7 ANEXOS .............................................................................................................................. 34
7.1 ANEXO A ...................................................................................................................... 34
1 INTRODUÇÃO
Eu, Maicon Charles Mariano de Oliveira, nasci na data 28 de agosto de 1997 e no município de
Colatina, Espírito Santo, onde majoritariamente residi e fui criado por minha mãe, Maria das
Neves Teles Vébio, de quem sou filho único e possuo maior amor e orgulho. Sem formação
superior, minha mãe exerce trabalhos no setor da limpeza no Instituto Federal do Espírito Santo
(IFES) campus Colatina desde 2006/01. Antecedente e concomitante a isso, efetivou demais
serviços domésticos durante sua vida e assim, subsidiou as minhas conquistas.
Além da minha mãe, minha madrinha, Eunice Barbosa Bettero, uma professora de língua
portuguesa atualmente aposentada e responsável por me alfabetizar aos 3 anos de idade,
financeiramente me proveu suportes, incentivo acadêmico e indiretamente me cativou ao
mundo da educação. Enquanto meus professores preponderantemente me transferiam o
conhecimento na escola, minha madrinha, em sua casa, possibilitava condições para eu criá-lo.
Assim, desde a infância meu interesse por fazer e ensinar ciência foi despertado.
Obtive empregos desatrelados ao ensino durante a adolescência e início da fase adulta, mas
nunca fui realizado nesses serviços. Durante toda minha vida estudei em escolas públicas,
exceto no ensino superior. Em 2017/01, tive o privilégio de retirar-me do mercado de trabalho
e me dedicar primordialmente aos estudos. De maneira independente, estudei com vídeo aulas
do Youtube, apostilas impressas, online e refazendo avaliações do Exame Nacional do Ensino
Médio (ENEM).
Em 2017/2, a partir da nota obtida no ENEM, consegui uma bolsa integral pela Fundação de
Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (FAPES) para cursar Licenciatura em Ciências
Biológicas, no Centro Universitário Salesiano (UniSales), em Vitória-ES. Com isso, em
2018/01 iniciou-se minha formação de ensino superior.
Em um misto de aflição e felicidade, deixei de morar com minha mãe e me mudei para Vila
Velha-ES, cidade vizinha à capital onde passei a residir com meu pai, Maicon Mariano de
Oliveira, para conseguir cursar a faculdade. Apesar dos desafios iniciais e cotidianos
enfrentados, como familiarizar-me com cidades grandes, conhecer diferentes pessoas, lidar com
muitas conduções e ser mais ativo no período noturno, horário o qual cursei minha graduação,
foram todas experiências essenciais a minha edificação.
Da gênese dos meus ciclos ou percurso de vida até o presente ou efetivação desta pesquisa,
orientada pela atenciosa professora de biologia do IFES Colatina, Mirella Guedes de Lima
Castro, evidencia-se o produto das vivências intermediadas por pessoas significativas, de
oportunidades, determinação e um propósito individual ou um sonho em realização.
Isento da educação e apoios que foram oportunizados a mim, minha construção crítica,
humanitária e profissional seriam fatores nulos ou certamente desfavorecidos a essa trajetória.
Pozo e Crespo (2009) pontuam que há uma perpetuação de descontentamento em relação aos
processos de ensino-aprendizagem em ciências. Tal fato se baseia na falta de interesse dos edu-
candos pelo conhecimento somado ao sentimento de frustação dos educadores científicos, prin-
cipalmente dos anos finais do ensino fundamental e séries do médio.
Não obstante, o recente cenário educativo que se caracterizou pela não presencialidade das ati-
vidades letivas, gerou desinteresses agravantes por parte de muitos discentes em relação a
aprendizagem. Dispõem-se com isso na atualidade, impactos eminentes ao letramento científico
em razão do isolamento social e educativo causado pela pandemia da COVID-191 (CARDOSO;
FERREIRA; BARBOSA, 2020).
Nessa ideia, se atentar para aplicações pedagógicas que se norteiam na perspectiva Ciência,
Tecnologia e Sociedade (CTS) pode cativar os estudantes à aquisição desses saberes minorita-
riamente despertos. Para Cunha (2006), são algumas bonificações dessa prática pedagógica:
cativar o aluno ao ensino por intermédio de reflexões científicas e ações sociais, lidar de ma-
neira técnica na solução de desafios diversos e suscitar emancipação discente.
A instituição privada de ensino Núcleo Educacional Piaget (NEP) – Praia de Itaparica, de Vila
Velha-ES, realiza sua Mostra Integrada de Cultura e Ciências anualmente, desde 2010. Porém,
segregou e categorizou como “C” ou “Mostra Científica” uma vertente que focaliza projetos
oriundos de metodologias de pesquisas, é salientada as ideias do movimento CTS e busca tanto
envolver, como também formar estudantes-pesquisadores dos últimos anos da educação básica.
É também tradicionalmente ocorrente na escola, mostras tipificadas como “A” e “B”, as quais
abrangem trabalhados ou apresentações mais artísticas, cujas demandas e propostas científicas
são minimamente processuais. Essas atividades, envolvem, respectivamente, alunos de todos
os períodos da educação infantil e do 2º ao 8º ano do ensino fundamental II da educação básica.
1
Doença infecciosa respiratória aguda causada pelo vírus SARS-CoV-2, originada no ano 2019 na cidade de
Wuhan, província de Hubei, China. Tem como sintomas principais: febre, cansaço e tosse seca. Disseminou-se
geograficamente por todo o globo com a mutação de um microrganismo do subgênero Sarbecovírus, da família
Coronaviridae, o sétimo coronavírus conhecido a infectar humanos (BRASIL, 2021).
4
Este estudo se alicerça na mostra tipo C do NEP – Praia de Itaparica, a qual também se carac-
teriza como uma recente prática pedagógica da escola e envolve estudantes-pesquisadores do
8º ano do ensino fundamental II a 3ª série do ensino médio. Sua implementação foi antecedente
à pandemia da COVID-19. Além do mais, o fazer científico disposto de maneira remota, pro-
ximamente, pode ter colaborado para um desestímulo aos fazeres pedagógicos atuais, presentes.
1.3 OBJETIVOS
2 REFERENCIAL TEÓRICO
As mostras científicas se caracterizam como uma ação pedagógica que comumente são favore-
cidas pelas escolas, podem abranger um alto grau regional ou até mesmo nacional. Além disso,
buscam corroborar para a difusão de saberes a partir da exposição de pesquisas efetivadas por
alunos junto a professores (GONÇALVEZ, 2008).
Por intermédio da seguinte prática, pontua-se abordagens dialógicas acerca de uma possível
problemática, potenciais ideias sobre contenções à um determinado impasse, métodos para se
alcançar um propósito, discussões que desenvolvem autodeterminação dos sujeitos, divulgação
científica atrelada a troca de pertinentes dados sociais e dentre outros intuitos que tangem a
educação (HARTMANN; ZIMMERMANN, 2009).
Notavelmente, identifica-se nas bibliografias profusas conceituações acerca das feiras ou mos-
tras científicas e dentre elas, convenientemente, o Ministério da Educação (2006) acentua que:
“Feiras de Ciências são eventos sociais, científicos e culturais realizados nas escolas ou na co-
munidade com a intenção de, durante a apresentação dos estudantes, oportunizar um diálogo
com os visitantes, constituindo-se na oportunidade de discussão sobre os conhecimentos, me-
todologias de pesquisa e criatividade dos alunos em todos os aspectos referentes à exibição dos
trabalhos.” (MANCUSO, 2006 apud BRASIL, 2006, p. 20).
O surgimento das mostras de trabalhos científicos data-se no Brasil desde 1960. Nesse período,
a fim de atenuar o desinteresse pela ciência e produção de projetos de aprendizagem na educa-
ção básica, o Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (IBECC) e a Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), implementaram essas ati-
vidades em instituições educativas do país (BRASIL, 2006; MANCUSO, 2012).
Piaget (1973), afirma que esses saberes como capacidades são questões extrínsecas a genética,
demais condições biológicas ou fatores que tangem a natalidade do potencial pesquisador. A
epistemologia genética2 proposta por Piaget é essencialmente baseada na inteligência e na cons-
trução do conhecimento e visa responder não só como os homens, sozinhos ou em conjunto,
constroem conhecimentos, mas também porque etapas eles conseguem fazer isso.
2
A epistemologia postula que a aquisição de conhecimentos depende tanto das estruturas cognitivas do indivíduo
como da interação com seu meio (semelhante as proposições das neurociências), ocorrendo através de 4 fases
(sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal) (PIAGET, 1973).
6
Tendo base nessas ideias, a promoção de mostras científicas nas escolas, locais repletos de
elementos com contextos e características singulares, promove experimentações conciliadas a
reflexões. Assim, gera-se diálogos pertinentes ao desenvolvimento humano (NEVES, 2014).
Essas relações formativas conciliadas a práticas investigativas, científicas e críticas, sob inter-
venções didáticas, enobrece a geração de estudantes-pesquisadores. Assim, esses aspectos ci-
entíficos, interativos e reflexivos, meio a práticas pedagógicas, contribuem para a preparação
de alunos que analisam, questionam e interveem sob um dilema (TAUCEDA et al., 2011).
Werneck (2006), em sua pesquisa, relata que a seguinte construção discente deve pautar-se no
ensino de ciências moderno e no trabalho das noções sociais mediante a um envolvimento tam-
bém procedimental científico, ações pedagógicas as quais precisam ser oportunizadas no ambi-
ente escolar. Idem, no tocante a essa concepção, na educação básica, o autor esclarece que:
A escola de ensino fundamental e médio vai apropriar-se do conhecimento científico atualizado
para disponibilizá-lo ao aluno. Desse modo propicia o seu contato com os conhecimentos rela-
tivos à natureza, à vida social e com toda a produção científica, ao mesmo tempo em que o
inicia na metodologia da ciência, despertando a capacidade crítica e preparando o futuro pes-
quisador (WERNECK, 2006, p. 198).
O papel docente também se implica eminentemente a essa proposta uma vez que o professor,
continuamente capacitado, possui grande importância para a formação desses educandos, espe-
cialmente por propriamente ser o objeto e sujeito da construção de indivíduos capazes de legi-
timar transformações no mundo (KUENZER, 2011). Minuciosamente, o mesmo estudo pontua:
Nesse sentido, o professor é ao mesmo tempo objeto e sujeito de formação: objeto, enquanto
sua formação e exercício do seu trabalho implicam uma boa dose de adesão ao projeto capita-
lista; sujeito, porquanto, ao responder às demandas derivadas da crescente intelectualização do
trabalho a partir de uma formação que lhe desenvolva a capacidade de análise e intervenção na
realidade, pode contribuir para a formação de sujeitos capazes de formular, pelas mediações do
conhecimento e da organização coletiva, outro projeto de sociedade. O que, contraditoriamente,
também lhe demanda aportes crescentes de conhecimento, mediante a continuidade de sua for-
mação ao longo de sua prática laboral (KUENZER, 2011, p. 698).
Acerca de outros aspectos, de forma intencional e original, a escola foi planejada em prol da
classe dominante, a qual demonstra-se corroborante silenciosamente a dicotomia dos sujeitos e
seus potenciais vínculos empregatícios, trabalhos que exigem o pensar ou fazer. Com essa pro-
blemática que tange a desumanização do homem, é possível analisar a diversidade de indiví-
duos, condições materiais e ou imateriais, histórico-culturais, fatores esses que compõem o am-
biente escolar e determinam problemas relativos aos processos educativos (SAVIANI, 2007).
Lidar com práticas para a educação profissional e tecnológica é vislumbrar, entender e reforçar
os saberes que buscam lutar para a superação da unilateralidade dos sujeitos e sua alienação
mediante ao ambiente que o explora e limita (FONTE, 2018). Nessa conjuntura, integrar aos
cenários dessa modalidade o movimento CTS, oportuniza reflexões científicas articuladas ao
7
âmbito tecnológico e social, critica impasses tocantes a humanização dos indivíduos e concre-
tiza a geração de cidadãos enquanto os compromete a alfabetização, divulgação e letramento
científico, fatores intrínsecos a autonomia dos envolvidos a boas pedagogias (AULER, 2002).
A emancipação dos educandos, a qual também é objetivada pelo enfoque CTS, é promulgada
por Freire (1992) como uma necessidade para a criticidade do sujeito. Uma vez que o ser hu-
mano é um sujeito histórico, envolvê-lo a problemáticas de seu contexto é imprescindível para
desacomodá-lo enquanto o ensino se faz executante. Esse trabalho deve ser abrangente ao en-
sino dos conteúdos dispostos em sala de aula e independente de suas especificidades. Diligen-
temente, Freire (1992) exemplifica a pertinente busca pela reflexão da realidade pontuando:
E não se diga que, se sou professor de biologia, não posso me alongar em considerações outras,
que devo apenas (sinalização do autor) ensinar biologia, como se o fenômeno vital pudesse ser
compreendido fora da trama histórico-social, cultural e política. Como se a vida, a pura vida,
pudesse ser vivida de maneira igual em todas as suas dimensões na favela, no cortiço ou numa
zona feliz dos ‘Jardins’ de São Paulo. Se sou professor de biologia, obviamente, devo ensinar
biologia, mas, ao fazê-lo, não posso secioná-la daquela trama (FREIRE, 1992, p. 78-79).
Por conseguinte, essa perspectiva atenua a nutrição de um sistema alienante ou de uma socie-
dade alienada em razão do trabalho a partir de problemáticas cotidianas e inerentes ao indivíduo
ou a coletividade (CUNHA, 2006). Ademais, a temática CTS, nas palavras de Cunha (2006):
Propõe que os conhecimentos básicos sobre ciência e tecnologia sejam incorporados à cultura
da população, possibilitando, assim, um certo controle sobre as mesmas. Uma maior ressonân-
cia entre a escola e a vida cotidiana, além de contribuir para a resolução de problemas reais e
para a tomada de decisões, é essencial para a superação do desinteresse demonstrado, de forma
geral, pelos estudantes para com o Ensino de Ciências (CUNHA, 2006, p. 124).
Figueiredo e Salles (2017), em seus estudos, explicita como trivial e comum dilema para os
discentes dos anos finais da educação básica, dentre diversos fatores associados a evasão na
EPT, o baixo desempenho acadêmico e o alto nível de desinteresse pelo conhecimento cientí-
fico. Contrapondo-se a esses obstáculos, a perspectiva CTS potencializa as aprendizagens e
motiva os educandos aos saberes articulados e efetivados pelo movimento (PINHEIRO, 2005).
No entanto, as ações que pautam o movimento CTS precisam estar presentes na formação de
professores. Com isso, práticas pedagógicas consideradas passivas, inválidas e ou neutras,
darão espaço para pedagogias progressistas, libertadoras e ou transformadoras (AULER, 2002).
Logo, para a implementação de novos fazeres pedagógicos, esses que totalizam a construção
do sujeito, de ações corroborantes aos conhecimentos científicos-tecnológicos, a escola precisa
possuir profissionais capacitados e intencionados para a geração de pesquisadores, indivíduos
dialógicos, questionadores, que lutam pela integralidade do homem e equidade social
(GRAMSCI, 2022).
Então, prezar pela pesquisa como prática pedagógica determina mudanças, fundamenta a
concepção e esclarece os desafios de estudantes-pesquisadores. “Quem não pesquisa apenas
reproduz ou apenas escuta. Quem pesquisa é capaz de produzir instrumentos e procedimentos
de comunicação. Quem não pesquisa assiste à comunicação dos outros” (DEMO, 2003, p.37).
8
Defendida como metodologia ativa para o ensino, a Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP)
ou Project-Based Learning (PBL), favorável aos espaços formais de aprendizagem, originou-
se em 1900 a partir dos estudos e percepção do filósofo americano John Dewey (1859-1952).
Dewey, ao pesquisar as potencialidades e capacidades de seus alunos relativas à resolução de
impasses, por intermédio metodológico e atrelado aos conteúdos de aprendizagem, vislumbrou-
se com a concretização da máxima “aprender mediante o fazer” (MASSON et al., 2012).
Bender (2014), em seu estudo, discorre que fatores positivos como motivação, melhores
desempenhos letivos e aprendizagens acadêmicas fazem-se vigente entre os alunos com a
utilização da ABP. Além disso, a abordagem em questão permite olhares críticos e ativos para
além do ambiente educativo, propiciando intervenções diretas nas comunidades dos sujeitos.
Além do mais, por esta pesquisa pautar-se primordialmente na concepção e nos desafios de
estudantes-pesquisadores, integrantes a atividade pedagógica de mostra científica e focalizado
ainda as produções CTS, presumiu-se que a ABP seria mais propicia para sua realização.
Pois, Masson et al. (2012), em trabalho, esclarece que condições como a transdisciplinaridade,
liberdade de escolha do aluno por um tema gerador de seu interesse, atenuação da passividade
e a estimulação do desempenho discente, valorização de experimentos e experiências prévias
dos sujeitos, estabelecimento de metas ou superação objetivos, organização, análises e
efetivação de procedimentos técnicos, intervenções práticas e tecnológicas, reflexões acerca
dos dados produzidos e exposição desses produtos conferidos, fazem-se ocorrentes na ABP.
Bacich e Moran (2018), também salientam que mediante a reflexão para a aplicação da ABP,
deve-se levar em consideração as diferentes categorias de projetos, os que se focam em uma
disciplina específica, os que são atrelados a mais de uma ou interdisciplinares e os
transdisciplinares, tendentes a mais de uma disciplina e articulados ao social, impactos locais
ou globais, voltados para o contexto de vida dos educandos ou de outros indivíduos no mundo.
Tendo em consideração que esta pesquisa investiga trabalhos de uma mostra de projetos
científicos, em especial da perspectiva CTS, entende-se, então, que não há uma disciplina ou
conteúdo curricular específico obrigatoriamente a ser conferido para sua efetivação.
Por isso, para concretização das propostas pedagógicas pautadas neste estudo, conferiu-se a
liberdade de escolha dos assuntos a serem trabalhados por parte dos estudantes-pesquisadores.
Assim, os alunos propriamente decidiram sobre os objetos e sujeitos das suas pesquisas,
baseando-se em seus saberes prévios e de interesse, independentes a obrigatoriamente uma área
do conhecimento, disciplina ou conteúdo específico.
O plano de ensino elaborado foi idealizado para atender grupos de alunos dos anos finais da
educação básica, especificamente o 8º e 9º ano do ensino fundamental II e de todas as séries do
ensino médio. Salienta-se que, seu uso foi favorável a educandos da modalidade de ensino
regular, porém se faz viável também a EPT, EJA e em espaços não formais de aprendizagem.
4 METODOLOGIA
O trabalho foi majoritariamente realizado na escola Núcleo Educacional Piaget (NEP) - Praia
de Itaparica, localizada na Av. João Mendes, Bairro Santa Mônica, nº 670 do município Vila
Velha-ES (-20.37269822590045, -40.30879482305504). Distante a 11,5 km de Vitória-ES, a
unidade educativa em questão preza pelo ensino formal sob a condição privada e oferece a
formação de discentes de todas as séries da educação infantil e básica.
Os sujeitos da pesquisa correspondem aqueles que compõem parte do corpo discentes do local
estudado, no caso estudantes-pesquisadores que se interessaram, foram aprovados para a parti-
cipação da II Mostra Científica da escola e produziram trabalhos atrelados à perspectiva CTS.
Ademais, no que tange a ciência e permissão para realização deste estudo, meio ao ambiente
educacional e junto de seus colaboradores, evidenciam-se autorizações do diretor e proprietário
da escola e da pedagoga regente, registradas, respectivamente, nos anexos A e B desta pesquisa.
A priori, entre os dias 23 e 27 de maio de 2022, o envolvimento desses sujeitos deu-se a partir
das comunicações verbal em salas de aula, textos em cartazes e publicações nas redes sociais
da escola. Nessas interlocuções, foi dito sobre a reimplementação da mostra tipo C do NEP –
Praia de Itaparica, conjuntamente ao fato dessa prática pedagógica ser facultativa e limitada à
participação de alunos interessados, porém aberta a presença e o prestígio de todos os públicos.
2ª. Cada grupo deverá idealizar, para a posteriori construir e apresentar, um trabalho científico;
3ª. Os grupos deverão brevemente explicar seus projetos à uma banca de avaliadores e caso
aprovados, poderão executar junto a orientação de docentes para seguramente exporem sua
pesquisa no evento;
4ª. Cada grupo deverá possuir auxílio de até 2 professores-orientadores escolhidos propria-
mente pelos integrantes em consenso;
5ª. Os grupos selecionados deverão se comprometer para expor com êxito seus trabalhos e as-
sim, concorrer e adquirir as bonificações da II Mostra Científica do NEP – Praia de Itaparica.
16
Em cada etapa da mostra científica, exceto sua divulgação, realizou-se as análises e coletas de
dados que asseguraram o alcance dos objetivos desta pesquisa. Inclusive, a prática pedagógica
proposta, a ABP, foi aplicada nas etapas de execução e exposição. Essa e demais informações
metodológicas, podem ser melhormente averiguadas no fluxograma 1.
Fluxograma 1. Estruturação das etapas, intervalos de tempo e a relação das abordagens meto-
dológicas efetuadas na II Mostra C do NEP – Praia de Itaparica
Execução Exposição
• Aplicação da ABP; • Aplicação da ABP;
• Análise qualitativa; • Análise qualitativa;
• 17 de agosto a 5 de • 6 e 7 de outubro de
outubro de 2022. 2022.
Mediante a seleção dos participantes, ocorrente no dia 11 de agosto de 2022, foram verificados
os trabalhos apresentados que se atrelavam à perspectiva CTS. Nessa etapa, analisou-se da
banca de seleção os projetos idealizados e apresentados pelos alunos, em especial as problemá-
ticas contextualizadas, objetivos e os materiais almejados para a exposição.
Foram feitas, dialogicamente, 3 perguntas aos componentes dos grupos submetidos a ABP e
que realizaram trabalhos focalizados a temática CTS. Suas respostas foram registradas por um
gravador de smartphone e em seguida, transcritas para um bloco de anotações digital. Na tabela
1, é possível verificar as questões entrevistadas a esses estudantes-pesquisadores.
1. Na opinião de vocês, quais foram os maiores empecilhos vivenciados pelo grupo meio
a construção do trabalho?
3. Na sua visão, qual foi o maior desafio enfrentado por você e seu grupo para efetivação
de seu projeto CTS, exposto hoje na II Mostra Científica do NEP?
A partir dos dados quali-quantitativos obtidos no ato de inscrição, buscou-se delimitar de forma
mais clara e específica os projetos e sujeitos da pesquisa. Em seguida, com a apresentação
elaborada pelos discentes sobre seus protóticos à banca de seleção, foi realizada uma avaliação
descritiva-qualitativa sobre os trabalhos que se caracterizavam as ideias do movimento CTS.
Na etapa expositiva da mostra, a partir dos registros transcritos que foram verbalizados pelos
estudantes-pesquisadores submetidos a ABP e as entrevistas, mensurou-se melhormente os
principais desafios enfrentados por esses educandos a produção científica.
Recorrendo a essa análise dos dados, investigou-se os dilemas vivenciados para a construção
de projetos que se articulam a perspectiva CTS, concomitante a geração de estudantes-pesqui-
sadores em uma prática pedagógica pertinente a alfabetização e letramento científico, a ABP.
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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Tabela 2. Listagem informativa dos projetos idealizados e inscritos pelos alunos interessados a
II Mostra Científica do NEP – Praia de Itaparica
4 Como dar acesso aos de- Linguagens, códigos e suas História e língua portuguesa
ficientes audiovisuais e tecnologias
os integrar em meio a so-
ciedade?
Totalizou-se 12 projetos inscritos. A posteriori, desses doze trabalhos avaliados pela banca de
seleção, oito foram aprovados para participarem da II mostra tipo C da escola, os quais estão
ordenadamente enumerados como: 1, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 12.
Além desses resultados, constatou-se também informações pertinentes a respeito dos sujeitos
da pesquisa. No gráfico 1, analisando as cores frias e quentes das legendas e barras, facilita-se
a verificação sobre a quantidade dos educandos pertencentes, respectivamente, aos últimos anos
do ensino fundamental e das séries do ensino médio. Esses dados ainda se vinculam aos grupos
formados para a produção dos projetos que foram registrados no ato de inscrição.
Gráfico 1. Relação quantitativa dos educandos, períodos letivos e dos grupos/ projetos inscritos
Períodos letivos
Quantidade de alunos
2 8º Ano (EF)
9º Ano (EF)
1ª Série (EM)
1 2ª Série (EM)
3ª Série (EM)
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Projetos
Fonte: Elaborado pelo autor (2023).
Com relação aos projetos que se articulavam ao enfoque CTS, dentre os aprovados, identificou-
se os seguintes trabalhos: 1, 6, 8 e 12.
O projeto 8, “Há alternativas para a falta de recursos naturais?”, efetivado por 3 estudantes-
pesquisadores do 9º ano do ensino fundamental II e orientado por duas professoras, de mate-
mática e química, possibilitou diálogos relacionados a fontes de energia, tendo ênfase aquelas
que são consideradas mais limpas. Apresentou também uma maquete interativa e associativa a
uma comunidade com moinho d’água, desenvolvida com materiais recicláveis e um dínamo
ligado a uma mini lâmpada. Com o movimento do mini motor, a lâmpada acendia em razão da
transformação de energia cinética em elétrica, tal como se verifica na ação do curso d’água de
um rio ao girar o maquinário real. Ademais, expuseram os resultados de um levantamento bi-
bliográfico realizado sobre comunidades do Espírito Santo que não possuíam instalações elé-
tricas, mas que detinham rios e assim, mostraram a viabilidade do estudo acerca de energias
renováveis para regiões capixabas desprovidas de eletricidade.
O projeto 12, “Sistemas de bananeiras como potencial para tratar o esgoto”, desenvolvido por
3 estudantes-pesquisadores do 2º ano do ensino médio e orientado por duas professoras, minis-
trantes dos conteúdos de matemática e química, abordou, junto a um modelo didático alusivo,
uma possível alternativa para pessoas que não possuem rede de esgoto em suas residências. A
partir do cultivo de bananeiras meio a implementação de materiais mais acessíveis, como pneus,
tecidos e canos, fomentaram discussões científicas e sociais em torno do despejo seguro de
materiais orgânicos e água contaminada para meio ambiente. Além do mais, por intermédio de
dados pesquisados da Companhia Espírito Santense de Saneamento Básico (CESAN) e do Ins-
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enfatizaram localidades do estado que ainda
são negligenciadas pelo direito ao saneamento básico.
Examinou-se nessa defasagem científica, verbalizações insinuantes por parte dos docentes que
os alunos participantes da mostra tipo C estavam “enraizados” ou “confusos e reproduzindo o
que já vivenciaram e conheciam da mostra tipo B”. Tais análises foram feitas pelos educadores
devido ao fato da categoria intitulada como B, a qual também estava em andamento, porém
apenas para turmas do ensino fundamental I e II, não ter a obrigação de apresentar projetos
metodologicamente científicos, por tradicionalmente se encontrar na escola por mais de uma
década, assumir um papel mais artístico-informativo e não de cunho científico-pesquisador.
Certamente, a configuração desse cenário deu-se pelo fato das aplicações de projetos científicos,
atenuados à proposta educativa que pauta este estudo, ser uma prática pedagógica
consideravelmente recente para os alunos dos anos finais da educação básica do NEP – Praia
de Itaparica. É importante também salientar que, essa prática pedagógica foi também
temporariamente restrita desde 2019, em razão do pertinente isolamento social da pandemia da
COVID-19.
Essa preocupação é também contida nos estudos de Assunção e Oliveira (2009). Os autores
manifestam que o cotidiano escolar demanda e impacta potencialmente a saúde dos educadores
e educandos, isso porque a rotina de uma escola brasileira, principalmente das que lidam com
a educação básica, possui mecanismos ou fazeres intensificados. Tais fatores, oriundos,
inclusive, do emprego e sistema industrial, devem ser considerados aspectos impactantes aos
estímulos e as condições dos alunos e professores para a criação dos conhecimentos.
Figura 2. Confecções e produtos materiais dos projetos CTS, efetivados pelos estudantes-
pesquisadores na etapa de execução, relacionados respectivamente aos projetos 8 e 12
Grupo 1 “Não ter tido informações de como fazer uma pesquisa científica”.
“Não saber lidar com os dados de uma pesquisa. Estávamos indo por
um caminho que não era o certo, então tivemos que mudar de foco”.
Grupo 6 “A falta de tempo. Acho que a escola poderia planejar um pouco me-
lhor o período da mostra, pois tivemos muitas provas, simulados e
outras atividades avaliativas que acabou prejudicando um pouco”.
Grupo 1 “O clima de competição com os outros alunos que queriam ser o pro-
jeto destaque da mostra. Isso foi chato e desanimou um pouco”.
Grupo 8 “Não”.
Tabela 5. Respostas obtidas dos estudantes-pesquisadores à pergunta: “Na sua visão, qual foi o
maior desafio enfrentado por você e seu grupo para efetivação de seu projeto CTS, exposto hoje
na II Mostra Científica do NEP?”
Grupo 1 “Também acho que o tempo para mexermos com a mostra foi ruim,
pois tivemos provas e outras avaliações muito em cima, próximas da
exposição”.
Grupo 6 “Acho que foi a falta de tempo, porque não soubemos muito conciliar
com as coisas do cotidiano da escola, as provas e outras avaliações
com mais ainda a mostra científica”.
Grupo 8 “Nosso maior desafio foi no início, pois não tivemos muito suporte e
não entendíamos como se faz uma pesquisa”.
Esses levantamentos podem ser compreendidos ou justificados com a ausência de fazeres pe-
dagógicos, mediante os processos de ensino-aprendizagem, que exploram de atividades inves-
tigativas, com uso descritivo de métodos ou técnicas que visam gerar ou expor a consciência
sobre um determinado resultado e averiguar uma ideia, hipótese ou impasse.
Assim como conferiu-se na aplicação da ABP, essa carência intelectual e prática relativa à pro-
dução de estudos científicos denotaram-se como uma das principais problemáticas para a cons-
trução de projetos CTS a todos os grupos de estudantes-pesquisadores pesquisados.
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Esses resultados, nos quais tangem a incompreensão dos alunos para a efetivação de projetos
de aprendizagem, sobretudo atividades de cunho investigativo, se assemelha a conclusão dos
trabalhos de Ulhoa et al., (2008). Diante desse cenário, os autores concluem em seu artigo que
a escola necessita desempenhar intervenções para tornar as ideias inerentes as pesquisas cien-
tíficas aprendidas pelos alunos. Ainda, o corpo docente também necessita ser capacitado para
possibilitar o desenvolvimento desses saberes aos discentes, especialmente da educação básica.
Outro dilema registrado com as interlocuções, singularmente pelo grupo 6 a todas as perguntas
feitas, foi o fato da difícil conciliação para as produções científicas da mostra com outras ativi-
dades do cotidiano escolar, como avaliações formativas e somáticas. Inclusive, esse levanta-
mento sobre o excessivo envolvimento discente para com demais conteúdos educativos, nota-
bilizou-se como uma inquietação também pelo grupo 1 na pergunta 2, que manifestou terem
tido uma experiência estressante com as demandas didáticas da 3ª série do ensino médio.
A análise conferida com as seguintes colocações discente, podem se apoiar aos estudos de
Moura, Barbosa e Moreira (2008). Esses autores afirmam que uma construção de educandos
mais enciclopédicos, caracterizados pela memorização dos conteúdos obrigatórios, é comu-
mente presente no ambiente escolar. Além disso, a formação de estudantes-pesquisadores con-
sidera-se uma crítica a esse contexto, uma vez que a cooperação de trabalhos, investigações,
reflexões, resoluções de problemas e outros contributos, são produtos e aspectos contrários ao
acúmulo de deveres oriundos do ensino tradicional negativamente relatado pelos discentes.
A reunião dos materiais para a confecção da maquete sobre o sistema de bananeiras, indicada
como uma das propostas do projeto 12, configurou-se na questão 2 como um desafio pessoal
enfrentado pelos estudantes-pesquisadores do seguinte grupo. A fim de ajudá-los com esse em-
pecilho, o professor-orientador conseguiu subsídios com a instituição educativa para o desen-
volvimento do trabalho idealizado. Com isso, a escola doou um aquário inutilizável de
40x20x25cm para conferir base e efetivar o projeto planejado. Ressalva-se que, o produto ela-
borado a partir do reuso desse material pode ser reapreciado na segunda imagem da figura 2.
Esse contexto, assim como é descrito nos trabalhos de Pinzan e Lima (2014), ressalta a proe-
minência de uma escola com professores ou tutores, dispostos e preparados para as gerações de
pesquisadores e não simplesmente transmissores de informações exigidas. Apesar da rotina ha-
bitualmente extenuante, buscar incentivos para uma educação significativa é imprescindível.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se com as análises dos dados desta pesquisa, que os desafios investigados na concepção
dos estudantes-pesquisadores, envolvidos a construção de projetos articulados ao movimento
CTS e para a II Mostra Científica do NEP – Praia de Itaparica, correspondem-se basicamente
aos amparos pedagógicos, em diferentes momentos, presente e carente a esses educandos. Fa-
tores como a falta de preparo ou conhecimento correlacionados ao desestímulo para realização
de trabalhos científicos, denotaram-se como principais impasses diagnosticados neste estudo.
De forma geral, compreendeu-se que a utilização da ABP possui grande valia para a construção
de estudantes-pesquisadores, pois colaborou aos sujeitos autonomia, criatividade, criticidade,
gerou o compartilhamento de conhecimentos científicos, favoreceu a cooperação dos trabalhos
e fortemente contribuiu para uma aprendizagem oriunda de ações próprias, gerando um aluno
singularmente protagonista e professores-orientadores valorizados. Contudo, para melhormente
aplicar e facilitar as aprendizagens sob essa pedagogia, a capacitação docente se faz eminente.
Sob esses olhares, o favorecimento de uma educação em que suas práticas não sejam um fardo,
corroborante a desarmonia e antipatia dos alunos para as atividades pedagógicas, intermediadas
por profissionais capacitados, que se enxerguem como transformadores de contextos e facilita-
dores de aprendizagem, em uma escola que se conhece como um espaço humanitário, sério e
oportuno a recepção de diálogo e ideias, faz-se pertinente à alfabetização, letramento e produ-
ções científicas. “Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino” (FREIRE, 1996, p. 32).
REFERÊNCIAS
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. 3. versão. Brasília: MEC, 2017. Disponível
em:
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=79601-
anexo-texto-bncc-reexportado-pdf-2&category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192>.
Acesso em: 01 set. 2022.
DEMO, P. Pesquisa: princípio científico e educativo. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
DEMO, P. Pesquisa: princípio científico e educativo. 12. ed. São Paulo: Cortez, 2006. 128 p.
PIAGET, J. Problemas de psicologia genética. 1. ed. São Paulo: Forense, 1973. 157 p.
ULHÔA, Eliana et al. A formação do aluno pesquisador. Educação & Tecnologia, v. 13, n.
2, 2011. Disponível em: <https://seer.dppg.cefetmg.br/index.php/revista-et/arti-
cle/view/138/140>. Acesso em: 19 jan. 2023.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 6. ed. São Paulo: Editora Martins Fontes,
1998. 191 p.
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7 ANEXOS
7.1 ANEXO A
7.2 ANEXO B