You are on page 1of 44

INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA EPT

MAICON CHARLES MARIANO DE OLIVEIRA

CONCEPÇÕES E DESAFIOS DE ESTUDANTES-PESQUISADORES NA


CONSTRUÇÃO DE PROJETOS ARTICULADOS À CIÊNCIA, TECNOLOGIA E
SOCIEDADE

COLATINA

2023
MAICON CHARLES MARIANO DE OLIVEIRA

CONCEPÇÕES E DESAFIOS DE ESTUDANTES-PESQUISADORES NA


CONSTRUÇÃO DE PROJETOS ARTICULADOS À CIÊNCIA, TECNOLOGIA E
SOCIEDADE

Monografia apresentada à Coordenadoria do Curso de


Pós-Graduação Lato Sensu em Práticas Pedagógicas para
EPT, do Instituto Federal do Espírito Santo, Campus
Colatina, como requisito parcial para a obtenção do título
de Especialista em Práticas Pedagógicas para EPT.

Orientadora: Ma. Mirella Guedes de Lima Castro.

COLATINA

2023
(Biblioteca do Campus Colatina)

O48c Oliveira, Maicon Charles Mariano de .

Concepções e desafios de estudantes-pesquisadores na construção de


projetos articulados à ciência, tecnologia e sociedade / Maicon Charles
Mariano de Oliveira. - 2023.
35 f. : il.

Orientador: Mirella Guedes de Lima Castro

TCC (Especialização) Instituto Federal do Espírito Santo, Campus


Colatina, Pós-Graduação Lato Sensu em Educação Profissional e
Tecnologia (EAD), 2023.

1. Práticas pedagógicas. 2. Projetos & práticas pedagógicas. 3. Mostra de


Iniciação Científica. I. Castro, Mirella Guedes de Lima . II.Título III. Instituto
Federal do Espírito Santo.

CDD: 370
Bibliotecário/a: Débora do Carmo de Souza CRB6-ES nº 631
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CAMPUS COLATINA
TERMO DE AUTORIZAÇÃO

Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, e em consonância com as disposições da Lei nº
9.610 de 19 de fevereiro de 1988 ou em outras que regulem ou vierem a regular a matéria, autorizo o
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Ifes a disponibilizar, on-line, no
Sistema de Bibliotecas e/ou Repositório, sem ressarcimento dos direitos autorais, o texto integral do
documento abaixo citado, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção
científica brasileira.

1. Material Bibliográfico
Data da Defesa: 08/04/2023
Título: “Concepções e desafios de estudantes-pesquisadores na construção de projetos
articulados à ciência, tecnologia e sociedade”
Nome do Curso ou Programa de Pós-Graduação: Especialização em Práticas Pedagógicas para a
Educação Profissional e Tecnológica
Campus do Curso ou do Programa de Pós-graduação: campus Colatina
Área do conhecimento (conforme tabela do CNPq): 90100000
( ) Tese de doutorado (X) Monografia de curso de especialização

( ) Dissertação de mestrado ( ) Trabalho de conclusão de curso de bacharelado ou de tecnologia

( ) Monografia de curso de licenciatura ( ) Outro (especifique): ___________________________

2. Agência de Fomento
( ) CAPES ( ) CNPq ( ) Outro (especifique): -
3. Autor
Nome: Maicon Charles Mariano de Oliveira
CPF: 123.503.767-37 E-mail: maicon-charles@hotmail.com Tel: (27) 99788-2250
Endereço: Rua Costa Rica, nº 32 – Bairro Araçás – Vila Velha-ES
Titulação: Licenciatura em Ciências Biológicas
4. Orientador
Nome: Mirella Guedes Lima de Castro
Instituição: Instituto Federal do Espírito Santo- campus Colatina
E-mail: mirellac@ifes.edu.br
5. Informações de Disponibilização do Documento
Restrição para publicação: ( ) Total ( ) Parcial TEMPO DE RESTRIÇÃO: _______________________
( X ) Não Restringir
Em caso de restrição total, especifique o motivo da restrição: -

Em caso de restrição parcial, especifique capítulo(s) restrito(s): -


Local: Colatina. Data: 14/06/2023.

Assinatura do autor:

Assinatura do Orientador: _______________________________________________


RESUMO

A presença de mostras científicas, no contexto educacional, enobrece a divulgação,


materialização e sensibilização dos conhecimentos construídos, cooperativamente, entre
educandos e educadores. Nesse cenário, oportunizar pedagogias que contribuem para a
construção de projetos inerentes ao movimento Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS),
corrobora significativamente para a geração de estudantes autônomos, críticos, motivados e,
sobretudo, pesquisadores. Dessa forma, averiguar os impasses desfavoráveis a tais propostas,
se faz necessário para transformar fatores que se contrapõem a formação dos sujeitos.
Concernente a essas ideias, a presente pesquisa objetivou investigar os desafios enfrentados
para a produção de projetos que se articulam a perspectiva CTS, a partir da concepção de
estudantes-pesquisadores da II Mostra Científica da instituição de ensino privado Núcleo
Educacional Piaget (NEP) – Praia de Itaparica, de Vila Velha, Espírito Santo. Mediante as
etapas da mostra, aplicou-se a metodologia de cunho exploratório e quali-quantitativo.
Inicialmente, foram identificados e selecionados os alunos com intenção de efetivar trabalhos
CTS. A posteriori, esses grupos discentes foram submetidos a prática pedagógica
Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP). A análise e coleta de dados sucedeu-se com
observações participantes e entrevistas procedidas nos processos formativos. Estudou-se os
levantamentos e as vivências de onze estudantes-pesquisadores, especificamente seis
pertencentes ao ensino fundamental II e cinco do ensino médio. Identificou-se quatro equipes
e projetos com temas relevantes as áreas das ciências humanas e da natureza. Apesar de ter
confirmado êxitos relativos as produções científicas, potencial emancipação discente,
criatividade, cooperatividade, favorecimento de diálogos pertinentes à alfabetização e
letramento científico, a ABP também evidenciou grandes dificuldades relacionadas a
compreensão e estruturação dos trabalhos científicos, indisponibilidade física e cognitiva
devido as demandas e rotina da escola, conflitos associados a concretização de trabalhos e
críticas quanto ao fomento de hábitos competitivos entre os estudantes-pesquisadores. Salienta-
se para a presença de professores continuamente capacitados e empenhados ao
desenvolvimento de práticas pedagógicas ativas à modalidade Educação Profissional e
Tecnológica (EPT) e ensino básico, como propõe a ABP, junto a um ambiente educativo
propício a construção de estudantes-pesquisadores, integralizados e humanitários.

Palavras-chave: Aprendizagem baseada em projetos, mostra científica, práticas pedagógicas.


ABSTRACT

The presence of scientific exhibitions, in the educational context, ennobles the dissemination,
materialization and awareness of knowledge built, cooperatively, between students and
educators. In this case, providing opportunities for pedagogies that contribute to the
construction of projects belonging to the Science, Technology and Society (STS) movement,
helps significantly to generate autonomous, critical, motivated students and mostly, researchers.
Therefore, investigating the impasses unfavorable to such proposals is necessary to transform
factors that oppose the formation of the individual. Concerning these ideas, the present research
aimed to investigate the challenges faced in the production of projects that articulate the STS
perspective, with the conception of student-researchers and participants of the II Scientific
Exhibition in the private school Núcleo Educacional Piaget (NEP) – Praia de Itaparica, from
Vila Velha, Espírito Santo. Through the pedagogical activities, an exploratory and quali-
quantitative methodology was applied. Initially, students with the intention of doing STS
projects were identified and separated. Subsequently, these student groups were submitted to
the Project-Based Learning (PBL) pedagogical practice. The participant observations and
interviews, through the formative processes, contributed to the production and analysis of the
data. The surveys and experiences of eleven student-researchers were studied, specifically six
middle school students and five high school students. Four teams of students with projects
relevant to the areas of human sciences and nature were identified. Despite having confirmed
successes related to scientific production, potential student emancipation, creativity,
cooperation, favoring dialogues relevant to literacy and scientific literacy, the PBL also showed
great difficulties related to the understanding and structuring of scientific works, physical and
cognitive unavailability due to the demands and school routine, conflicts associated with
carrying out work and criticism regarding the promotion of competitive habits among student-
researchers. It should be noted the presence of teachers who are continually trained and
committed to the development of active pedagogical practices to the Professional and
Technological Education (PTE) and basic education modality, as proposed by the PBL, together
with an educational environment conducive to the construction of research, completed
and humanitarian students.

Keywords: Project-based learning, scientific exhibitions, pedagogical practices.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1

1.1 O PESQUISADOR E SEU CONTEXTO ........................................................................ 1

1.2 APRESENTANDO A PESQUISA .................................................................................. 2

1.3 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 4

1.3.1 Objetivo Geral ........................................................................................................... 4

1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................................................ 4

2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................ 5

2.1 APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS (ABP) ................................................ 8

2.2 CONTEÚDO A SER TRABALHADO NA PESQUISA ................................................ 9

3 PROPOSTA DE PRÁTICA PEDAGÓGICA ................................................................... 10

4 METODOLOGIA................................................................................................................ 15

4.1 LOCUS E SUJEITOS DA PESQUISA .......................................................................... 15

4.2 METODOLOGIA DA PESQUISA ................................................................................ 16

4.3 INSTRUMENTOS DE COLETA E PRODUÇÃO DE DADOS................................... 17

4.4 METODOLOGIAS DE ANÁLISES DE DADOS ......................................................... 18

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 19

5.1 VISIBILIDADE DOS PROJETOS CTS E SUJEITOS DA PESQUISA ...................... 19

5.2 PRINCIPAIS CONFLITOS ANALISADOS NO PROCESSO FORMATIVO DOS


ESTUDANTES-PESQUISADORES ................................................................................... 24

5.3 DESAFIOS LEVANTADOS COM BASE NAS ENTREVISTAS EFETIVADAS ..... 25

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 30

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 30

7 ANEXOS .............................................................................................................................. 34
7.1 ANEXO A ...................................................................................................................... 34

7.2 ANEXO B ...................................................................................................................... 35


1

1 INTRODUÇÃO

1.1 O PESQUISADOR E SEU CONTEXTO

Eu, Maicon Charles Mariano de Oliveira, nasci na data 28 de agosto de 1997 e no município de
Colatina, Espírito Santo, onde majoritariamente residi e fui criado por minha mãe, Maria das
Neves Teles Vébio, de quem sou filho único e possuo maior amor e orgulho. Sem formação
superior, minha mãe exerce trabalhos no setor da limpeza no Instituto Federal do Espírito Santo
(IFES) campus Colatina desde 2006/01. Antecedente e concomitante a isso, efetivou demais
serviços domésticos durante sua vida e assim, subsidiou as minhas conquistas.

Além da minha mãe, minha madrinha, Eunice Barbosa Bettero, uma professora de língua
portuguesa atualmente aposentada e responsável por me alfabetizar aos 3 anos de idade,
financeiramente me proveu suportes, incentivo acadêmico e indiretamente me cativou ao
mundo da educação. Enquanto meus professores preponderantemente me transferiam o
conhecimento na escola, minha madrinha, em sua casa, possibilitava condições para eu criá-lo.
Assim, desde a infância meu interesse por fazer e ensinar ciência foi despertado.

Obtive empregos desatrelados ao ensino durante a adolescência e início da fase adulta, mas
nunca fui realizado nesses serviços. Durante toda minha vida estudei em escolas públicas,
exceto no ensino superior. Em 2017/01, tive o privilégio de retirar-me do mercado de trabalho
e me dedicar primordialmente aos estudos. De maneira independente, estudei com vídeo aulas
do Youtube, apostilas impressas, online e refazendo avaliações do Exame Nacional do Ensino
Médio (ENEM).

Em 2017/2, a partir da nota obtida no ENEM, consegui uma bolsa integral pela Fundação de
Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (FAPES) para cursar Licenciatura em Ciências
Biológicas, no Centro Universitário Salesiano (UniSales), em Vitória-ES. Com isso, em
2018/01 iniciou-se minha formação de ensino superior.

Em um misto de aflição e felicidade, deixei de morar com minha mãe e me mudei para Vila
Velha-ES, cidade vizinha à capital onde passei a residir com meu pai, Maicon Mariano de
Oliveira, para conseguir cursar a faculdade. Apesar dos desafios iniciais e cotidianos
enfrentados, como familiarizar-me com cidades grandes, conhecer diferentes pessoas, lidar com
muitas conduções e ser mais ativo no período noturno, horário o qual cursei minha graduação,
foram todas experiências essenciais a minha edificação.

Em 2019/02, enquanto cursava o 5º período da faculdade me tornei estagiário da escola privada


Núcleo Educacional Piaget (NEP) – Praia de Itaparica, em Vila Velha-ES. Na presente
instituição de ensino, ministrei aulas práticas no laboratório de ciências com base em conteúdos
do âmbito científico para turmas da educação infantil e ensino fundamental I. Além disso, atuei
também na monitoria de ciências e biologia para discentes do ensino fundamental II e médio
da educação básica.
2

Enquanto estagiário tive vivências enriquecedoras e percebi que facilitar e democratizar a


aprendizagem científica era o que verdadeiramente queria na vida. Bem motivado e
determinado, na seguinte escola implementei abordagens mais lúdicas, investigativas e demais
métodos menos tradicionais que também favoreciam o letramento científico. A partir disso,
publiquei meus primeiros trabalhos científicos voltados para a educação.

Orgulhosamente, em 2021/02 me graduei e em 2022/01 me juntei ao corpo docente do NEP –


Praia de Itaparica. Atualmente sou professor de ciências do ensino fundamental II e persisto no
planejamento e na ministração de aulas práticas no laboratório de ciências à todas as turmas da
educação infantil e ensino fundamental I. Outra conquista da minha jornada acadêmica nesse
período foi a iniciação ao curso de pós-graduação responsável por esta produção, em Práticas
Pedagógicas para a Educação Profissional e Tecnológica, do IFES Colatina.

Da gênese dos meus ciclos ou percurso de vida até o presente ou efetivação desta pesquisa,
orientada pela atenciosa professora de biologia do IFES Colatina, Mirella Guedes de Lima
Castro, evidencia-se o produto das vivências intermediadas por pessoas significativas, de
oportunidades, determinação e um propósito individual ou um sonho em realização.

Isento da educação e apoios que foram oportunizados a mim, minha construção crítica,
humanitária e profissional seriam fatores nulos ou certamente desfavorecidos a essa trajetória.

1.2 APRESENTANDO A PESQUISA

Oportunizar a produção e divulgação dos conhecimentos científicos em exposições, feiras ou


mostras, asseguram a difusão da ciência feita entre um professor orientador e seu discente a um
público diverso, reunidos em um comum local. Essa comunhão pedagógica, caracteriza-se
como uma atividade permitida na escola descrita pelos documentos oficiais de Diretrizes Cur-
riculares Nacionais para a Educação Básica (DCNEB) (BRASIL, 2013) e Base Nacional Co-
mum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2017).

Outrossim, com propósito de que os educandos “busquem e (re)construam o conhecimento”, as


diretrizes incentivam a construção de estudantes-pesquisadores, esses que se delimitam meio a
efetivação de mostras científicas (SACCO; GALINDO; KLEIN, 2021). De acordo com os es-
tudos de Menezes, Rossignoli e Santos (2013), essas práticas contribuem significativamente
para a alfabetização científica e criticidade dos sujeitos, fatores corroborantes à geração de ci-
dadãos críticos e cientificamente letrados.

A respeito da definição ou construção de um estudante-pesquisador, deve-se levar em conside-


ração de que a escola é um local oportuno para instigar a reflexão, diálogo e criatividade dos
indivíduos. Nesse sentido, prezar por essas habilidades em prol da solução de empecilhos per-
cebidos no mundo através do olhar discente, por meio da execução de métodos científicos, com
afetividade e sob orientação docente, determinam a formação de estudantes-pesquisadores
(BORGES, 2008).
3

Pozo e Crespo (2009) pontuam que há uma perpetuação de descontentamento em relação aos
processos de ensino-aprendizagem em ciências. Tal fato se baseia na falta de interesse dos edu-
candos pelo conhecimento somado ao sentimento de frustação dos educadores científicos, prin-
cipalmente dos anos finais do ensino fundamental e séries do médio.

Não obstante, o recente cenário educativo que se caracterizou pela não presencialidade das ati-
vidades letivas, gerou desinteresses agravantes por parte de muitos discentes em relação a
aprendizagem. Dispõem-se com isso na atualidade, impactos eminentes ao letramento científico
em razão do isolamento social e educativo causado pela pandemia da COVID-191 (CARDOSO;
FERREIRA; BARBOSA, 2020).

Nessa ideia, se atentar para aplicações pedagógicas que se norteiam na perspectiva Ciência,
Tecnologia e Sociedade (CTS) pode cativar os estudantes à aquisição desses saberes minorita-
riamente despertos. Para Cunha (2006), são algumas bonificações dessa prática pedagógica:
cativar o aluno ao ensino por intermédio de reflexões científicas e ações sociais, lidar de ma-
neira técnica na solução de desafios diversos e suscitar emancipação discente.

Tendo ainda em vista a pluralidade de indivíduos e aspectos estruturais e ou históricos que


compõem o ambiente escolar, impasses particulares são inevitáveis para a síntese científica.
Problemas no contexto pessoal do educando e ou vinculados à sua instituição de ensino podem
desfavorecer a sua aprendizagem. Com isso, faz-se necessário investigar e notabilizar essas
influências que se contrapõem ao interesse discente e a alfabetização científica.

Concomitante, pedagogias capazes de fazer com que o educando propriamente, baseado em


dilemas reais ou cotidianos, edifique seu conhecimento com ações dialógicas, manuais e
reflexivas, se faz oportuno para a concepção de estudantes-pesquisadores integrantes de uma
mostra científica articulada a projetos focalizados à CTS. Essa Aprendizagem Baseada em
Projetos (ABP), denotada por Moura (2010), potencializa no educando a autonomia,
cooperatividade, criatividade, criticidade, motivação para os processos educacionais e dentre
outros contributos para a transformação social e inerentes a resolução de pesquisas científicas.

A instituição privada de ensino Núcleo Educacional Piaget (NEP) – Praia de Itaparica, de Vila
Velha-ES, realiza sua Mostra Integrada de Cultura e Ciências anualmente, desde 2010. Porém,
segregou e categorizou como “C” ou “Mostra Científica” uma vertente que focaliza projetos
oriundos de metodologias de pesquisas, é salientada as ideias do movimento CTS e busca tanto
envolver, como também formar estudantes-pesquisadores dos últimos anos da educação básica.

É também tradicionalmente ocorrente na escola, mostras tipificadas como “A” e “B”, as quais
abrangem trabalhados ou apresentações mais artísticas, cujas demandas e propostas científicas
são minimamente processuais. Essas atividades, envolvem, respectivamente, alunos de todos
os períodos da educação infantil e do 2º ao 8º ano do ensino fundamental II da educação básica.

1
Doença infecciosa respiratória aguda causada pelo vírus SARS-CoV-2, originada no ano 2019 na cidade de
Wuhan, província de Hubei, China. Tem como sintomas principais: febre, cansaço e tosse seca. Disseminou-se
geograficamente por todo o globo com a mutação de um microrganismo do subgênero Sarbecovírus, da família
Coronaviridae, o sétimo coronavírus conhecido a infectar humanos (BRASIL, 2021).
4

Este estudo se alicerça na mostra tipo C do NEP – Praia de Itaparica, a qual também se carac-
teriza como uma recente prática pedagógica da escola e envolve estudantes-pesquisadores do
8º ano do ensino fundamental II a 3ª série do ensino médio. Sua implementação foi antecedente
à pandemia da COVID-19. Além do mais, o fazer científico disposto de maneira remota, pro-
ximamente, pode ter colaborado para um desestímulo aos fazeres pedagógicos atuais, presentes.

Consonante às análises supramencionadas, demanda-se explorar as condições e vivências dos


discentes e docentes, participantes da II Mostra Científica do NEP – Praia de Itaparica, medi-
ante os processos formativos para viabilizar, seguramente, essa proposta educativa concomi-
tante a geração de estudantes-pesquisadores.

Baseando-se no corpus desta pesquisa, dispõem-se as seguintes questões norteadoras:

• Que obstáculos individuais impactam negativamente a produção científica e assim,


afetam a construção dos estudantes-pesquisadores do NEP – Praia de Itaparica?

• Quais projetos CTS seriam refletidos, produzidos e divulgados pelos estudantes-


pesquisadores ao público presente na II Mostra Científica da escola?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

• Investigar os desafios enfrentados para a produção de projetos que se articulam a


perspectiva Ciência, Tecnologia e Sociedade, a partir da concepção de estudantes-
pesquisadores da II Mostra Científica da instituição de ensino privado Núcleo
Educacional Piaget – Praia de Itaparica, de Vila Velha, Espírito Santo.

1.3.2 Objetivos Específicos

• Destacar os sujeitos e as suas propostas de trabalhos, fundamentando-se no


levantamento de dados coletados precedente à divulgação científica;

• Identificar os projetos idealizados pelos alunos que se atrelam ao movimento CTS,


considerando as ideias geradas e apresentadas pelos próprios discentes;

• Registrar por meio de observações e entrevistas, mediante o processo formativo,


dilemas vivenciados pelos educandos desenvolvedores de trabalhos CTS.
5

2 REFERENCIAL TEÓRICO

As mostras científicas se caracterizam como uma ação pedagógica que comumente são favore-
cidas pelas escolas, podem abranger um alto grau regional ou até mesmo nacional. Além disso,
buscam corroborar para a difusão de saberes a partir da exposição de pesquisas efetivadas por
alunos junto a professores (GONÇALVEZ, 2008).

Por intermédio da seguinte prática, pontua-se abordagens dialógicas acerca de uma possível
problemática, potenciais ideias sobre contenções à um determinado impasse, métodos para se
alcançar um propósito, discussões que desenvolvem autodeterminação dos sujeitos, divulgação
científica atrelada a troca de pertinentes dados sociais e dentre outros intuitos que tangem a
educação (HARTMANN; ZIMMERMANN, 2009).

Notavelmente, identifica-se nas bibliografias profusas conceituações acerca das feiras ou mos-
tras científicas e dentre elas, convenientemente, o Ministério da Educação (2006) acentua que:
“Feiras de Ciências são eventos sociais, científicos e culturais realizados nas escolas ou na co-
munidade com a intenção de, durante a apresentação dos estudantes, oportunizar um diálogo
com os visitantes, constituindo-se na oportunidade de discussão sobre os conhecimentos, me-
todologias de pesquisa e criatividade dos alunos em todos os aspectos referentes à exibição dos
trabalhos.” (MANCUSO, 2006 apud BRASIL, 2006, p. 20).

O surgimento das mostras de trabalhos científicos data-se no Brasil desde 1960. Nesse período,
a fim de atenuar o desinteresse pela ciência e produção de projetos de aprendizagem na educa-
ção básica, o Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (IBECC) e a Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), implementaram essas ati-
vidades em instituições educativas do país (BRASIL, 2006; MANCUSO, 2012).

Contudo, o conhecimento e a execução para produções científicas delimitadas e minuciosa-


mente efetuadas em etapas, ou seja, para a construção de pesquisas, é ainda majoritariamente
restrito ao público discente do ensino médio e técnico, em contrapartida, predominantemente
descoberto e ativo no ensino superior (PINZAN, 2014). Além disso, Demo (2006, p. 11), ao
realçar que “o processo de pesquisa está quase sempre cercado de ritos especiais, cujo acesso é
reservado a poucos iluminados”, defende uma condição inatista, em que o sujeito naturalmente
precisa ser erudito ou nascer com um dom para pesquisar ou ser pesquisador.

Piaget (1973), afirma que esses saberes como capacidades são questões extrínsecas a genética,
demais condições biológicas ou fatores que tangem a natalidade do potencial pesquisador. A
epistemologia genética2 proposta por Piaget é essencialmente baseada na inteligência e na cons-
trução do conhecimento e visa responder não só como os homens, sozinhos ou em conjunto,
constroem conhecimentos, mas também porque etapas eles conseguem fazer isso.

2
A epistemologia postula que a aquisição de conhecimentos depende tanto das estruturas cognitivas do indivíduo
como da interação com seu meio (semelhante as proposições das neurociências), ocorrendo através de 4 fases
(sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal) (PIAGET, 1973).
6

Tendo base nessas ideias, a promoção de mostras científicas nas escolas, locais repletos de
elementos com contextos e características singulares, promove experimentações conciliadas a
reflexões. Assim, gera-se diálogos pertinentes ao desenvolvimento humano (NEVES, 2014).

Para Vygotsky (1998), os conhecimentos e outros progressos inerentes ao intelecto do sujeito


são produtos de suas vivências, especialmente das interações sucedidas mutuamente. Portanto,
a formação humana, social e histórico-cultural, é amparada pelas trocas de experiências ou sa-
beres, tanto de maneira qualitativa quanto quantitativa, precisamente através da linguagem.

Essas relações formativas conciliadas a práticas investigativas, científicas e críticas, sob inter-
venções didáticas, enobrece a geração de estudantes-pesquisadores. Assim, esses aspectos ci-
entíficos, interativos e reflexivos, meio a práticas pedagógicas, contribuem para a preparação
de alunos que analisam, questionam e interveem sob um dilema (TAUCEDA et al., 2011).

Werneck (2006), em sua pesquisa, relata que a seguinte construção discente deve pautar-se no
ensino de ciências moderno e no trabalho das noções sociais mediante a um envolvimento tam-
bém procedimental científico, ações pedagógicas as quais precisam ser oportunizadas no ambi-
ente escolar. Idem, no tocante a essa concepção, na educação básica, o autor esclarece que:
A escola de ensino fundamental e médio vai apropriar-se do conhecimento científico atualizado
para disponibilizá-lo ao aluno. Desse modo propicia o seu contato com os conhecimentos rela-
tivos à natureza, à vida social e com toda a produção científica, ao mesmo tempo em que o
inicia na metodologia da ciência, despertando a capacidade crítica e preparando o futuro pes-
quisador (WERNECK, 2006, p. 198).

O papel docente também se implica eminentemente a essa proposta uma vez que o professor,
continuamente capacitado, possui grande importância para a formação desses educandos, espe-
cialmente por propriamente ser o objeto e sujeito da construção de indivíduos capazes de legi-
timar transformações no mundo (KUENZER, 2011). Minuciosamente, o mesmo estudo pontua:
Nesse sentido, o professor é ao mesmo tempo objeto e sujeito de formação: objeto, enquanto
sua formação e exercício do seu trabalho implicam uma boa dose de adesão ao projeto capita-
lista; sujeito, porquanto, ao responder às demandas derivadas da crescente intelectualização do
trabalho a partir de uma formação que lhe desenvolva a capacidade de análise e intervenção na
realidade, pode contribuir para a formação de sujeitos capazes de formular, pelas mediações do
conhecimento e da organização coletiva, outro projeto de sociedade. O que, contraditoriamente,
também lhe demanda aportes crescentes de conhecimento, mediante a continuidade de sua for-
mação ao longo de sua prática laboral (KUENZER, 2011, p. 698).

Acerca de outros aspectos, de forma intencional e original, a escola foi planejada em prol da
classe dominante, a qual demonstra-se corroborante silenciosamente a dicotomia dos sujeitos e
seus potenciais vínculos empregatícios, trabalhos que exigem o pensar ou fazer. Com essa pro-
blemática que tange a desumanização do homem, é possível analisar a diversidade de indiví-
duos, condições materiais e ou imateriais, histórico-culturais, fatores esses que compõem o am-
biente escolar e determinam problemas relativos aos processos educativos (SAVIANI, 2007).

Lidar com práticas para a educação profissional e tecnológica é vislumbrar, entender e reforçar
os saberes que buscam lutar para a superação da unilateralidade dos sujeitos e sua alienação
mediante ao ambiente que o explora e limita (FONTE, 2018). Nessa conjuntura, integrar aos
cenários dessa modalidade o movimento CTS, oportuniza reflexões científicas articuladas ao
7

âmbito tecnológico e social, critica impasses tocantes a humanização dos indivíduos e concre-
tiza a geração de cidadãos enquanto os compromete a alfabetização, divulgação e letramento
científico, fatores intrínsecos a autonomia dos envolvidos a boas pedagogias (AULER, 2002).

A emancipação dos educandos, a qual também é objetivada pelo enfoque CTS, é promulgada
por Freire (1992) como uma necessidade para a criticidade do sujeito. Uma vez que o ser hu-
mano é um sujeito histórico, envolvê-lo a problemáticas de seu contexto é imprescindível para
desacomodá-lo enquanto o ensino se faz executante. Esse trabalho deve ser abrangente ao en-
sino dos conteúdos dispostos em sala de aula e independente de suas especificidades. Diligen-
temente, Freire (1992) exemplifica a pertinente busca pela reflexão da realidade pontuando:
E não se diga que, se sou professor de biologia, não posso me alongar em considerações outras,
que devo apenas (sinalização do autor) ensinar biologia, como se o fenômeno vital pudesse ser
compreendido fora da trama histórico-social, cultural e política. Como se a vida, a pura vida,
pudesse ser vivida de maneira igual em todas as suas dimensões na favela, no cortiço ou numa
zona feliz dos ‘Jardins’ de São Paulo. Se sou professor de biologia, obviamente, devo ensinar
biologia, mas, ao fazê-lo, não posso secioná-la daquela trama (FREIRE, 1992, p. 78-79).

Por conseguinte, essa perspectiva atenua a nutrição de um sistema alienante ou de uma socie-
dade alienada em razão do trabalho a partir de problemáticas cotidianas e inerentes ao indivíduo
ou a coletividade (CUNHA, 2006). Ademais, a temática CTS, nas palavras de Cunha (2006):
Propõe que os conhecimentos básicos sobre ciência e tecnologia sejam incorporados à cultura
da população, possibilitando, assim, um certo controle sobre as mesmas. Uma maior ressonân-
cia entre a escola e a vida cotidiana, além de contribuir para a resolução de problemas reais e
para a tomada de decisões, é essencial para a superação do desinteresse demonstrado, de forma
geral, pelos estudantes para com o Ensino de Ciências (CUNHA, 2006, p. 124).

Figueiredo e Salles (2017), em seus estudos, explicita como trivial e comum dilema para os
discentes dos anos finais da educação básica, dentre diversos fatores associados a evasão na
EPT, o baixo desempenho acadêmico e o alto nível de desinteresse pelo conhecimento cientí-
fico. Contrapondo-se a esses obstáculos, a perspectiva CTS potencializa as aprendizagens e
motiva os educandos aos saberes articulados e efetivados pelo movimento (PINHEIRO, 2005).

No entanto, as ações que pautam o movimento CTS precisam estar presentes na formação de
professores. Com isso, práticas pedagógicas consideradas passivas, inválidas e ou neutras,
darão espaço para pedagogias progressistas, libertadoras e ou transformadoras (AULER, 2002).

Logo, para a implementação de novos fazeres pedagógicos, esses que totalizam a construção
do sujeito, de ações corroborantes aos conhecimentos científicos-tecnológicos, a escola precisa
possuir profissionais capacitados e intencionados para a geração de pesquisadores, indivíduos
dialógicos, questionadores, que lutam pela integralidade do homem e equidade social
(GRAMSCI, 2022).

Então, prezar pela pesquisa como prática pedagógica determina mudanças, fundamenta a
concepção e esclarece os desafios de estudantes-pesquisadores. “Quem não pesquisa apenas
reproduz ou apenas escuta. Quem pesquisa é capaz de produzir instrumentos e procedimentos
de comunicação. Quem não pesquisa assiste à comunicação dos outros” (DEMO, 2003, p.37).
8

2.1 APRENDIZAGEM BASEADA EM PROJETOS (ABP)

Defendida como metodologia ativa para o ensino, a Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP)
ou Project-Based Learning (PBL), favorável aos espaços formais de aprendizagem, originou-
se em 1900 a partir dos estudos e percepção do filósofo americano John Dewey (1859-1952).
Dewey, ao pesquisar as potencialidades e capacidades de seus alunos relativas à resolução de
impasses, por intermédio metodológico e atrelado aos conteúdos de aprendizagem, vislumbrou-
se com a concretização da máxima “aprender mediante o fazer” (MASSON et al., 2012).

Na conjuntura da seguinte ideia, em que o aluno é estimulado a assimilação de saberes por


propriamente suas ações, caracteriza a construção da aprendizagem a partir de seus
conhecimentos prévios, investigações, pesquisas e demais interações, a ABP considera-se não
unicamente uma metodologia ativa, como também construtivista (MARKHAM et al., 2008).

Bender (2014), em seu estudo, discorre que fatores positivos como motivação, melhores
desempenhos letivos e aprendizagens acadêmicas fazem-se vigente entre os alunos com a
utilização da ABP. Além disso, a abordagem em questão permite olhares críticos e ativos para
além do ambiente educativo, propiciando intervenções diretas nas comunidades dos sujeitos.

A visão comumente verticalizada ou hierárquica mantida pelo modelo tradicional, em que os


professores, detentores do saber e elementos unicamente ativos, junto a seus alunos, folhas
brancas propícias a serem preenchidas de conhecimentos, a partir ainda do método teórico, é
superada na ABP. Á vista disso, Bender (2014) e Grant (2002), em suas pesquisas acerca da
presente abordagem, defendem essa característica como determinante para a motivação e
autonomia discente, por ser vantajosa aos trabalhos cooperativos ao educando e o educador.

Além do mais, por esta pesquisa pautar-se primordialmente na concepção e nos desafios de
estudantes-pesquisadores, integrantes a atividade pedagógica de mostra científica e focalizado
ainda as produções CTS, presumiu-se que a ABP seria mais propicia para sua realização.

Pois, Masson et al. (2012), em trabalho, esclarece que condições como a transdisciplinaridade,
liberdade de escolha do aluno por um tema gerador de seu interesse, atenuação da passividade
e a estimulação do desempenho discente, valorização de experimentos e experiências prévias
dos sujeitos, estabelecimento de metas ou superação objetivos, organização, análises e
efetivação de procedimentos técnicos, intervenções práticas e tecnológicas, reflexões acerca
dos dados produzidos e exposição desses produtos conferidos, fazem-se ocorrentes na ABP.

As atividades efetuadas na ABP, segundo Moura (2010), possibilitam a capacitação conceitual,


compreender a teoria, procedimental, entender a prática e saberes atitudinais, saber agir
mediante a circunstâncias aplicadas levando em consideração os conhecimentos construídos
com a teoria e a prática, ações essas que criticam e contrapõem-se das visões mais
desatualizadas da educação, focalizadas unicamente ao cognitivo. A autora também explicita
etapas para a confecção dos projetos, no que tange a organização da prática pedagógica em
questão, deve-se atentar para ações de problematização, desenvolvimento, aplicação e avaliação.
9

Bacich e Moran (2018), também salientam que mediante a reflexão para a aplicação da ABP,
deve-se levar em consideração as diferentes categorias de projetos, os que se focam em uma
disciplina específica, os que são atrelados a mais de uma ou interdisciplinares e os
transdisciplinares, tendentes a mais de uma disciplina e articulados ao social, impactos locais
ou globais, voltados para o contexto de vida dos educandos ou de outros indivíduos no mundo.

O desenvolvimento de projetos, além de contribuir para a formação de estudantes-


pesquisadores, se atrela as singularidades intrinsecamente e extrinsecamente à escola, fatores
esses supramencionados como potenciais desafios a formação de pesquisadores. A partir da
valorização das particularidades ou heterogeneidades inevitavelmente presentes na sociedade,
das diferentes atitudes, opiniões e ou visões, essa prática pedagógica significativamente
contribui para o conhecimento sob um coletivo, prudentemente como equipe (MOURA, 2010).

2.2 CONTEÚDO A SER TRABALHADO NA PESQUISA

Tendo em consideração que esta pesquisa investiga trabalhos de uma mostra de projetos
científicos, em especial da perspectiva CTS, entende-se, então, que não há uma disciplina ou
conteúdo curricular específico obrigatoriamente a ser conferido para sua efetivação.

Por isso, para concretização das propostas pedagógicas pautadas neste estudo, conferiu-se a
liberdade de escolha dos assuntos a serem trabalhados por parte dos estudantes-pesquisadores.
Assim, os alunos propriamente decidiram sobre os objetos e sujeitos das suas pesquisas,
baseando-se em seus saberes prévios e de interesse, independentes a obrigatoriamente uma área
do conhecimento, disciplina ou conteúdo específico.

Concernente as análises, pode-se afirmar que a transdisciplinaridade foi intencionada para a


realização dos trabalhos conferidos a esta pesquisa.

Mediante os procedimentos didáticos, utilizou-se materiais acessíveis a multimídias, como


computadores e celulares, além de softwares, como Google Acadêmico/ Pesquisa e Youtube,
os quais assumiram papéis educativos e fomentaram, em certos momentos da sequência didática,
para a ampliação dos conhecimentos, investigações e conclusão dos projetos idealizados.

Reunidos, os educandos aprenderam a realizar buscas de artigos no Google Acadêmico e


demais informações, no tocante a ideia de seus projetos, com o Google Pesquisa. A partir de
vídeos do Youtube, puderam também compreender, dinamicamente, com variadas
interlocuções e imagens, saberes críticos e históricos sobre os seus conteúdos escolhidos.
10

3 PROPOSTA DE PRÁTICA PEDAGÓGICA

O plano de ensino elaborado foi idealizado para atender grupos de alunos dos anos finais da
educação básica, especificamente o 8º e 9º ano do ensino fundamental II e de todas as séries do
ensino médio. Salienta-se que, seu uso foi favorável a educandos da modalidade de ensino
regular, porém se faz viável também a EPT, EJA e em espaços não formais de aprendizagem.

É possível analisar, detalhadamente, as etapas formativas, planejadas e aplicadas da ABP nos


quadros 1, 2, 3, 4 e 5 a fim de também se alcançar os dados que tangem as concepções e os
desafios discentes.

Quadro 1. Planejamento geral do Plano de Ensino

Data Momentos Descrição Carga


Horária
Presencial
Nesse momento, o aluno já deve ter ideia ou
17/08/2022 Problematização interesse do que pretende pesquisar, o
24/08/2022 docente deverá instigá-lo com questões 3 aulas
31/08/2022 geradoras, problemáticas ou hipóteses para o
desenvolvimento de seu potencial projeto.
Mutuamente, o professor-orientador e o
estudante-pesquisador deverão buscar
07/09/2022 estratégias para a contenção das hipóteses,
14/09/2022 Desenvolvimento refletir sobre as temáticas almejadas, em 4 aulas
21/09/2022 como intervir a um determinado público,
28/09/2022 organizar essas informações, analisar
discussões, denotar inquietação e dialogar
mais sobre a problemática presumida.
Os estudantes-pesquisadores irão apresentar
seus projetos efetivados à comunidade
Aplicação integrante e externa a escola, no Shopping 1 aula
Praia da Costa, na realização da II Mostra
06/10/2022 Científica do NEP – Praia de Itaparica.
07/10/2022 Análise final diagnóstica, investigativa e
processual por parte do docente para
Avaliação verificação dos objetivos da presente 2 aulas
pesquisa com o uso da ABP. Já para os
discentes, autoavaliação a partir da reflexão
de suas ações e produtos apresentados.
Carga Horária Total 10 aulas
Fonte: Elaborado pelo autor (2022).
11

Quadro 2. Desenvolvimento do Momento 1 (Problematização) do Plano de Ensino


Data: 17/08/2022, 24/08/2022 e 31/08/2022.
Temas: Testagem em animais na indústria de cosméticos;
Resíduos sólidos;
Recursos naturais;
Saneamento básico.
Objetivo: Indicar, conciliado aos estudantes-pesquisadores, problemas ou impactos tocantes
aos temas dos projetos almejados para seu desenvolvimento.
Conteúdos: Articulados à biologia, ciências, sociologia e geografia.
Unidade Metodologia Recursos Avaliação Pontos
Didática Didáticos
1 Geração de Intervenção Computador e Avaliação Não
consciência e dialógica, a partir celular. baseada nos possui.
sensibilização da percepção levantamentos
discente acerca das discente, para dialógicos
problemáticas notoriedade de acerca dos
inerentes aos impasses conhecimentos
temas escolhidos. científicos e prévios e
sociais relativos construídos com
aos temas as pesquisas
interessados. iniciais.
Ademais,
discussões com
levantamentos
bibliográficos
propriamente
fornecidos pelos
estudantes-
pesquisadores.
Fonte: Elaborado pelo autor (2022).
12

Quadro 3. Desenvolvimento do Momento 2 (Desenvolvimento) do Plano de Ensino


Data: 07/09/2022, 14/09/2022, 21/09/2022 e 28/09/2022
Temas: Testagem em animais na indústria de cosméticos;
Resíduos sólidos;
Recursos naturais;
Saneamento básico.
Objetivo: Mediar alternativas e diálogos com os estudantes-pesquisadores para o uso de
métodos viáveis ao desenvolvimento dos seus projetos.
Conteúdos: Articulados à biologia, ciências, sociologia e geografia
Unidade Metodologia Recursos Avaliação Pontos
Didática Didáticos
1 Entendimento Instrução teórica e Quadro branco, Avaliação Não
básico sobre a dialógica sobre, computador e formativa possui
estrutura de um basicamente, celular. baseada nos
trabalho científico metodologia levantamentos
e modos para se científica, como dialógicos e
efetivar os projetos buscar estudos e inerentes as
idealizados. demais bibliografias
informações no pesquisadas, nas
Google decisões
Acadêmico/ alcançadas em
Pesquisa e vídeos equipe e ações
didáticos no práticas
Youtube. Além efetuadas para a
disso, mediações realização dos
teóricas e manuais trabalhos.
para realização
dos projetos
planejados.
Fonte: Elaborado pelo autor (2022).
13

Quadro 4. Desenvolvimento do Momento 3 (Aplicação) do Plano de Ensino


Data: 06/10/2022 e 07/10/2022.
Temas: Testagem em animais na indústria de cosméticos;
Resíduos sólidos;
Recursos naturais;
Saneamento básico.
Objetivo: Auxiliar os estudantes-pesquisadores na organização final das pesquisas efetuadas
e demais condições dos projetos a fim de serem expostos ao público da mostra científica.
Conteúdos: Articulados à biologia, ciências, sociologia e geografia.
Unidade Metodologia Recursos Avaliação Pontos
Didática Didáticos
1 Auxílio final e Organização, Não possui. Avaliação Não
prestígio das juntamente dos baseada na possui.
apresentações dos estudantes- divulgação
projetos. pesquisadores, científica
dos stands, favorecida pelos
modelos e banners estudantes-
criados referentes pesquisadores ao
aos projetos público presente
efetuados. na mostra.
Fonte: Elaborado pelo autor (2022).
14

Quadro 5. Desenvolvimento do Momento 4 (Avaliação) do Plano de Ensino


Data: 06/10/2022 e 07/10/2022.
Temas: Testagem em animais na indústria de cosméticos;
Resíduos sólidos;
Recursos naturais;
Saneamento básico.
Objetivo: Verificar, por intermédio das apresentações, reflexão dos processos formativos e
entrevistas, as concepções finais e os desafios enfrentados pelos estudantes-pesquisadores.
Conteúdos: Articulados à biologia, ciências, sociologia e geografia.
Unidade Metodologia Recursos Avaliação Pontos
Didática Didáticos
1 Validar os projetos Registro de dados Celular. Avaliação Não
desenvolvidos relativos à baseada nas possui.
pelos estudantes- concepção e aos reflexões
pesquisadores e desafios dos discentes e em
coleta final dos estudantes- seus feedbacks,
dados propostos a pesquisadores dados para as
esta pesquisa. propriamente questões
respondido pelos elaboradas e
sujeitos. voltadas para a
verificação de
suas construções
e desafios
vivenciados.
Fonte: Elaborado pelo autor (2022).
15

4 METODOLOGIA

4.1 LOCUS E SUJEITOS DA PESQUISA

O trabalho foi majoritariamente realizado na escola Núcleo Educacional Piaget (NEP) - Praia
de Itaparica, localizada na Av. João Mendes, Bairro Santa Mônica, nº 670 do município Vila
Velha-ES (-20.37269822590045, -40.30879482305504). Distante a 11,5 km de Vitória-ES, a
unidade educativa em questão preza pelo ensino formal sob a condição privada e oferece a
formação de discentes de todas as séries da educação infantil e básica.

Os sujeitos da pesquisa correspondem aqueles que compõem parte do corpo discentes do local
estudado, no caso estudantes-pesquisadores que se interessaram, foram aprovados para a parti-
cipação da II Mostra Científica da escola e produziram trabalhos atrelados à perspectiva CTS.

Ademais, no que tange a ciência e permissão para realização deste estudo, meio ao ambiente
educacional e junto de seus colaboradores, evidenciam-se autorizações do diretor e proprietário
da escola e da pedagoga regente, registradas, respectivamente, nos anexos A e B desta pesquisa.

A priori, entre os dias 23 e 27 de maio de 2022, o envolvimento desses sujeitos deu-se a partir
das comunicações verbal em salas de aula, textos em cartazes e publicações nas redes sociais
da escola. Nessas interlocuções, foi dito sobre a reimplementação da mostra tipo C do NEP –
Praia de Itaparica, conjuntamente ao fato dessa prática pedagógica ser facultativa e limitada à
participação de alunos interessados, porém aberta a presença e o prestígio de todos os públicos.

Sobre a participação, seleção e desenvolvimento dos estudantes-pesquisadores à II Mostra Ci-


entífica do NEP, a gestão escolar estabeleceu como requisitos básicos:

1ª. Serão selecionados 8 grupos formados por até 4 componentes cada;

2ª. Cada grupo deverá idealizar, para a posteriori construir e apresentar, um trabalho científico;

3ª. Os grupos deverão brevemente explicar seus projetos à uma banca de avaliadores e caso
aprovados, poderão executar junto a orientação de docentes para seguramente exporem sua
pesquisa no evento;

4ª. Cada grupo deverá possuir auxílio de até 2 professores-orientadores escolhidos propria-
mente pelos integrantes em consenso;

5ª. Os grupos selecionados deverão se comprometer para expor com êxito seus trabalhos e as-
sim, concorrer e adquirir as bonificações da II Mostra Científica do NEP – Praia de Itaparica.
16

4.2 METODOLOGIA DA PESQUISA

A pesquisa do tipo exploratória descritiva com abordagens qualitativas e quantitativas fez-se de


essencial importância para este estudo. Pois, segundo Grácio e Garrutti (2005), os dados
quantificados corroboram para a ampliação e compreensão dos parâmetros qualitativos.
Entende-se com isso que, a coleta e discussões dos elementos da pesquisa a tornam mais
enriquecida.

Schneider, Fujii e Corazza (2017), concluem em seu trabalho a proeminência da existência de


mais pesquisas buscarem se basear mais em análises qualitativas e quantitativas, em especial
de cursos de pós-graduação e ensino de ciências. Isso se dá ao fato dos objetos de estudos serem
melhormente investigados em razão da mutualidade dos dados analisados.

Em cada etapa da mostra científica, exceto sua divulgação, realizou-se as análises e coletas de
dados que asseguraram o alcance dos objetivos desta pesquisa. Inclusive, a prática pedagógica
proposta, a ABP, foi aplicada nas etapas de execução e exposição. Essa e demais informações
metodológicas, podem ser melhormente averiguadas no fluxograma 1.

Fluxograma 1. Estruturação das etapas, intervalos de tempo e a relação das abordagens meto-
dológicas efetuadas na II Mostra C do NEP – Praia de Itaparica

Divulgação Inscrição Seleção


• 23 a 27 de maio de • Análise quali- • Análise qualitativa;
2022. quantitativa;
• 11 de agosto de 2022.
• 30 a 31 de maio de
2022.

Execução Exposição
• Aplicação da ABP; • Aplicação da ABP;
• Análise qualitativa; • Análise qualitativa;
• 17 de agosto a 5 de • 6 e 7 de outubro de
outubro de 2022. 2022.

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).


17

4.3 INSTRUMENTOS DE COLETA E PRODUÇÃO DE DADOS

Nos dias 30 a 31 de maio de 2022, oportunizou-se as inscrições dos discentes interessados a


participarem da mostra científica por meio de um formulário criado na plataforma Google For-
mulários. Através dessa ferramenta digital, deteve-se informações sobre a quantidade de traba-
lhos, seus títulos, alunos interessados, áreas do conhecimento vinculadas, além das disciplinas
ministradas pelos professores-orientadores selecionados por cada grupo.

Mediante a seleção dos participantes, ocorrente no dia 11 de agosto de 2022, foram verificados
os trabalhos apresentados que se atrelavam à perspectiva CTS. Nessa etapa, analisou-se da
banca de seleção os projetos idealizados e apresentados pelos alunos, em especial as problemá-
ticas contextualizadas, objetivos e os materiais almejados para a exposição.

De 17 de agosto de 2022 até as vésperas do evento, aplicou-se a prática pedagógica da ABP,


tutorias aos grupos selecionados junto aos professores-orientadores. Essas orientações foram
quinzenais, às quartas-feiras das 18h às 18:50 da noite. Registrou-se nesse período, por inter-
médio da prática proposta, as concepções e os dilemas enfrentados dos discentes participantes.

Por fim, na data 06 e 07 de outubro de 2022, conferiu-se as exposições de todos os projetos


científicos selecionados. Meio as apresentações dos estudantes-pesquisadores ao público di-
verso, com a utilização de um smartphone e um bloco de notas digital, foram oportunamente
realizadas entrevistas aos sujeitos do estudo.

Foram feitas, dialogicamente, 3 perguntas aos componentes dos grupos submetidos a ABP e
que realizaram trabalhos focalizados a temática CTS. Suas respostas foram registradas por um
gravador de smartphone e em seguida, transcritas para um bloco de anotações digital. Na tabela
1, é possível verificar as questões entrevistadas a esses estudantes-pesquisadores.

Tabela 1. Perguntas estruturadas à entrevista dos estudantes-pesquisadores para diagnose de


seus desafios enfrentados

Questões formuladas aos sujeitos do estudo

1. Na opinião de vocês, quais foram os maiores empecilhos vivenciados pelo grupo meio
a construção do trabalho?

2. Deteve-se algum problema em particular que gostariam ou poderiam compartilhar,


mediante a produção científica, que impactou negativamente a finalização do traba-
lho?

3. Na sua visão, qual foi o maior desafio enfrentado por você e seu grupo para efetivação
de seu projeto CTS, exposto hoje na II Mostra Científica do NEP?

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).


18

4.4 METODOLOGIAS DE ANÁLISES DE DADOS

A partir dos dados quali-quantitativos obtidos no ato de inscrição, buscou-se delimitar de forma
mais clara e específica os projetos e sujeitos da pesquisa. Em seguida, com a apresentação
elaborada pelos discentes sobre seus protóticos à banca de seleção, foi realizada uma avaliação
descritiva-qualitativa sobre os trabalhos que se caracterizavam as ideias do movimento CTS.

Mediante a etapa de execusão ou acompanhando do processo formativo, perante a prática da


ABP, foi assumido o papel de observador participante e descreveu-se, de forma qualitativa,
observações pertinentes sobre potenciais desafios presentes aos estudantes-pesquisadores e
influentes a construção de seus projetos CTS.

Na etapa expositiva da mostra, a partir dos registros transcritos que foram verbalizados pelos
estudantes-pesquisadores submetidos a ABP e as entrevistas, mensurou-se melhormente os
principais desafios enfrentados por esses educandos a produção científica.

Recorrendo a essa análise dos dados, investigou-se os dilemas vivenciados para a construção
de projetos que se articulam a perspectiva CTS, concomitante a geração de estudantes-pesqui-
sadores em uma prática pedagógica pertinente a alfabetização e letramento científico, a ABP.
19

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 VISIBILIDADE DOS PROJETOS CTS E SUJEITOS DA PESQUISA

A fim de melhormente sistematizar os dados acerca de todos os projetos inscritos através do


Google Formulários, encontram-se delimitadas na tabela 2 informações registradas pelos dis-
centes no ato da inscrição, títulos, áreas do conhecimento e disciplinas ministradas pelos pro-
fessores-orientador.

Tabela 2. Listagem informativa dos projetos idealizados e inscritos pelos alunos interessados a
II Mostra Científica do NEP – Praia de Itaparica

Projeto (nº e título) Área do conhecimento Disciplinas dos professores-


orientador

1 A inibição da testagem Ciências da natureza e suas Matemática e química


em animais na indústria tecnologias;
de cosméticos
Ciências humanas e suas
tecnologias

2 Atraso educacional Ciências humanas e suas Língua portuguesa e história


tecnologias

3 Autoestima e autoconfi- Ciências humanas e suas História e química


ança tecnologias

4 Como dar acesso aos de- Linguagens, códigos e suas História e língua portuguesa
ficientes audiovisuais e tecnologias
os integrar em meio a so-
ciedade?

5 Como diminuir a porcen- Ciências da natureza e suas Matemática e física


tagem de recaídas no tra- tecnologias;
tamento de vícios?
Ciências humanas e suas
tecnologias.

6 Como reduzir os resíduos Ciências da natureza e suas História e matemática


de tecidos descartados in- tecnologias
corretamente?
20

7 JAEFIN: Jovens Apren- Ciências exatas e suas tec- Matemática e química


dendo Educação Finan- nologias
ceira
Linguagens, códigos e suas
tecnologias

8 Há alternativas para a Ciências da natureza e suas Matemática e química


falta de recursos natu- tecnologias
rais?

9 Introdução à programa- Linguagens, códigos e suas Matemática e química


ção nas escolas tecnologias

Ciências exatas e suas tec-


nologias

10 Marketing digital Ciências exatas e suas tec- Língua portuguesa e química


nologias

Linguagens, códigos e suas


tecnologias

11 Transtorno alimentar Ciências humanas e suas Matemática e química


tecnologias;

Ciências da natureza e suas


tecnologias

12 Sistemas de bananeiras Ciências da natureza e suas Matemática e química


como potencial para tra- tecnologias
tar o esgoto

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).

Totalizou-se 12 projetos inscritos. A posteriori, desses doze trabalhos avaliados pela banca de
seleção, oito foram aprovados para participarem da II mostra tipo C da escola, os quais estão
ordenadamente enumerados como: 1, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 12.

Os professores-orientadores e ministrantes das disciplinas matemática e química, foram os mais


almejados entre os discentes para promover auxílio em seus projetos idealizados. Esses docen-
tes foram solicitados em 66,67% das inscrições efetivadas no formulário digital. Isso pode ser
atribuído a uma bonificação mantida pela gestão pedagógica, a qual diz que o aluno, caso tenha
um ótimo desempenho no evento, poderá adquirir até 8,0 pontos a mais no último trimestre
letivo e particularmente nas disciplinas responsabilizadas por seus professores-orientadores.
21

Assim, o corpo pedagógico, estrategicamente, busca potencializar a motivação dos educandos


para adquirirem melhores notas nos conteúdos que possuem mais dificuldades enquanto os en-
volvem em uma prática pedagógica articulada e de teor científico com os educadores regentes.

Além desses resultados, constatou-se também informações pertinentes a respeito dos sujeitos
da pesquisa. No gráfico 1, analisando as cores frias e quentes das legendas e barras, facilita-se
a verificação sobre a quantidade dos educandos pertencentes, respectivamente, aos últimos anos
do ensino fundamental e das séries do ensino médio. Esses dados ainda se vinculam aos grupos
formados para a produção dos projetos que foram registrados no ato de inscrição.

Gráfico 1. Relação quantitativa dos educandos, períodos letivos e dos grupos/ projetos inscritos

Períodos letivos
Quantidade de alunos

2 8º Ano (EF)
9º Ano (EF)
1ª Série (EM)
1 2ª Série (EM)
3ª Série (EM)

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Projetos
Fonte: Elaborado pelo autor (2023).

Por intermédio desses resultados, revelou-se 34 inscritos ou estudantes interessados em parti-


cipar da mostra científica. Desses alunos, dois pertenciam ao 8º ano e dez ao 9º ano do ensino
fundamental, enquanto sete eram da 1ª série, seis na 2ª e nove na 3ª série do ensino médio.

Com relação aos projetos que se articulavam ao enfoque CTS, dentre os aprovados, identificou-
se os seguintes trabalhos: 1, 6, 8 e 12.

O projeto 1, “A inibição da testagem em animais na indústria de cosméticos”, composto por


duas estudantes-pesquisadoras da 3 série do ensino médio e orientado por duas professoras,
ministrantes dos conteúdos de matemática e química, buscou conscientizar o público sobre a
uso de produtos químicos em animais para fins estéticos, especificamente cosméticos, conco-
mitante também à exposição de materiais alternativos, divulgação das respostas conferidas por
22

capixabas a respeito de um questionário baseado na problemática trabalhada, exibição de ima-


gens e vídeos, para sensibilização social, da campanha global Salve o Ralph.

O projeto 6, “Como reduzir os resíduos de tecidos descartados incorretamente?”, formado por


3 estudantes-pesquisadoras, sendo duas delas do 8º ano e uma do 9º ano do ensino fundamental
II e orientado por duas professoras, das disciplinas de história e matemática, demonstrou a tri-
turação de tecidos não utilizáveis como uma alternativa para a construção de travesseiros e
almofadas. Além disso, incentivou o produto do estudo como uma possível fonte de renda a
potenciais microempreendedores, denunciou os impactos ambientais negativos voltados ao
consumismo e discutiram os resultados de uma pesquisa realizada na escola, diretamente ao
público discente, sobre o conhecimento e a frequência do descarte de roupas ou demais bens à
base de pano.

O projeto 8, “Há alternativas para a falta de recursos naturais?”, efetivado por 3 estudantes-
pesquisadores do 9º ano do ensino fundamental II e orientado por duas professoras, de mate-
mática e química, possibilitou diálogos relacionados a fontes de energia, tendo ênfase aquelas
que são consideradas mais limpas. Apresentou também uma maquete interativa e associativa a
uma comunidade com moinho d’água, desenvolvida com materiais recicláveis e um dínamo
ligado a uma mini lâmpada. Com o movimento do mini motor, a lâmpada acendia em razão da
transformação de energia cinética em elétrica, tal como se verifica na ação do curso d’água de
um rio ao girar o maquinário real. Ademais, expuseram os resultados de um levantamento bi-
bliográfico realizado sobre comunidades do Espírito Santo que não possuíam instalações elé-
tricas, mas que detinham rios e assim, mostraram a viabilidade do estudo acerca de energias
renováveis para regiões capixabas desprovidas de eletricidade.

O projeto 12, “Sistemas de bananeiras como potencial para tratar o esgoto”, desenvolvido por
3 estudantes-pesquisadores do 2º ano do ensino médio e orientado por duas professoras, minis-
trantes dos conteúdos de matemática e química, abordou, junto a um modelo didático alusivo,
uma possível alternativa para pessoas que não possuem rede de esgoto em suas residências. A
partir do cultivo de bananeiras meio a implementação de materiais mais acessíveis, como pneus,
tecidos e canos, fomentaram discussões científicas e sociais em torno do despejo seguro de
materiais orgânicos e água contaminada para meio ambiente. Além do mais, por intermédio de
dados pesquisados da Companhia Espírito Santense de Saneamento Básico (CESAN) e do Ins-
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enfatizaram localidades do estado que ainda
são negligenciadas pelo direito ao saneamento básico.

Os sujeitos envolvidos à construção dos trabalhos supramencionados, mostrados parcialmente


na figura 1 e junto à divulgação de seus projetos, foram triviais para as investigações relativas
à mostra C do NEP – Praia de Itaparica, sobretudo dos maiores desafios voltados à prática
pedagógica estudada. Desse modo, notabilizou-se dados acerca das concepções de 11 estudan-
tes-pesquisadores.
23

Figura 1. Divulgação científica favorecida pelos estudantes-pesquisadores ao público da II


Mostra Científica do NEP – Praia de Itaparica. Registro das apresentações dos projetos CTS
em seus stands no evento

Fonte: registrado pelo autor (2022).


24

5.2 PRINCIPAIS CONFLITOS ANALISADOS NO PROCESSO FORMATIVO DOS


ESTUDANTES-PESQUISADORES

Na etapa de execução dos projetos CTS, mediante a condução da ABP, observou-se


primordialmente um desconhecimento para a realização de pesquisas científicas em torno das
ideias reunidas pelos estudantes. Descobriu-se um grande despreparo dos discentes para a
produção de trabalhos que demandavam alcançar objetivos a partir de um método viável e assim,
findar a resolução de um determinado impasse notado, além de expô-lo mediante a
contextualizações e discussões conclusivas.

Examinou-se nessa defasagem científica, verbalizações insinuantes por parte dos docentes que
os alunos participantes da mostra tipo C estavam “enraizados” ou “confusos e reproduzindo o
que já vivenciaram e conheciam da mostra tipo B”. Tais análises foram feitas pelos educadores
devido ao fato da categoria intitulada como B, a qual também estava em andamento, porém
apenas para turmas do ensino fundamental I e II, não ter a obrigação de apresentar projetos
metodologicamente científicos, por tradicionalmente se encontrar na escola por mais de uma
década, assumir um papel mais artístico-informativo e não de cunho científico-pesquisador.

Certamente, a configuração desse cenário deu-se pelo fato das aplicações de projetos científicos,
atenuados à proposta educativa que pauta este estudo, ser uma prática pedagógica
consideravelmente recente para os alunos dos anos finais da educação básica do NEP – Praia
de Itaparica. É importante também salientar que, essa prática pedagógica foi também
temporariamente restrita desde 2019, em razão do pertinente isolamento social da pandemia da
COVID-19.

Estrela (2018), baseado nessas averiguações, enfatiza que a introdução e o mantimento de


abordagens que se pautam na cientificidade ao longo do tempo, com métodos investigativos,
construídos e incentivados pelos professores para com seus estudantes, potenciais
pesquisadores, se alicerça como prática e permite constante o melhoramento dos processos de
ensino-aprendizagem no ambiente escolar. Por isso, oportunizar investigações ou tornar mais
comuns os trabalhos de pesquisas científicas a esses alunos, são meios para a compreensão e
melhoramento desse impasse.

A ausência ou indisponibilidade dos sujeitos para as construções materiais e dialógicas dos


trabalhos CTS, precedente à divulgação científica, foi também um problema notado na etapa
de execução. Dado que, para alguns indivíduos o tempo na escola era integral e a
presencialidade ainda nas reuniões ao findar do dia, posterior a realização das atividades letivas,
corroborava para o cansaço físico e mental.

Um possível investimento do tempo durante as aulas ou em um outro período útil do dia em


que a disposição esteja em vigor para os participantes, favoreceria grandemente as produções
científicas. Em vista disso, deve-se considerar que a produtividade nos fazeres pedagógicos
trata-se do produto de discentes e docentes plenamente ativos, nutridos e positivamente
estimulados para a efetivação das propostas educativas.
25

Essa preocupação é também contida nos estudos de Assunção e Oliveira (2009). Os autores
manifestam que o cotidiano escolar demanda e impacta potencialmente a saúde dos educadores
e educandos, isso porque a rotina de uma escola brasileira, principalmente das que lidam com
a educação básica, possui mecanismos ou fazeres intensificados. Tais fatores, oriundos,
inclusive, do emprego e sistema industrial, devem ser considerados aspectos impactantes aos
estímulos e as condições dos alunos e professores para a criação dos conhecimentos.

Portanto, o desnorteamento para criação ou desconhecimento das etapas de uma pesquisa


científica conciliada a falta de motivação dos sujeitos para as produções demandas pela
proposta pedagógica, foram os principais desafios percebidos no processo formativo. Na figura
2, é possível observar registros parciais da experiência e dos produtos conferidos nessa coleta,
a qual indicou plausíveis dilemas no processo formativo de estudantes-pesquisadores.

Figura 2. Confecções e produtos materiais dos projetos CTS, efetivados pelos estudantes-
pesquisadores na etapa de execução, relacionados respectivamente aos projetos 8 e 12

Fonte: registrado pelo autor (2022).

5.3 DESAFIOS LEVANTADOS COM BASE NAS ENTREVISTAS EFETIVADAS

As apresentações e exposições de todos os trabalhos científicos foram abertamente possibilita-


das ao público geral e externo à escola, no 4º piso do Shopping Praia da Costa, situado na Av.
Dr. Olivio Lira, Bairro Praia da Costa, nº 353 do município Vila Velha-ES (-
20.3419643710939, -40.28816831842416).

Meio as apresentações dos estudantes-pesquisadores ao público diverso, com a utilização de


um smartphone e um bloco de notas digital, transcreveu-se as respostas de grande parte dos
componentes dos grupos que realizaram projetos CTS. Segue anexo nas tabelas 3, 4 e 5, os
feedbacks finais coletados e notabilizados a partir das concepções discentes.
26

Tabela 3. Respostas obtidas dos estudantes-pesquisadores à pergunta: “Na opinião de vocês,


quais foram os maiores empecilhos vivenciados pelo grupo meio a construção do trabalho?”

Grupo entrevistado Respostas registradas

Grupo 1 “Não ter tido informações de como fazer uma pesquisa científica”.

“Não saber lidar com os dados de uma pesquisa. Estávamos indo por
um caminho que não era o certo, então tivemos que mudar de foco”.

Grupo 6 “A falta de tempo. Acho que a escola poderia planejar um pouco me-
lhor o período da mostra, pois tivemos muitas provas, simulados e
outras atividades avaliativas que acabou prejudicando um pouco”.

“Não houve muita comunicação de como realizar uma pesquisa, es-


távamos até fazendo algo que não era bem o propósito da mostra”.

Grupo 8 “A falta de conhecimento sobre como fazer uma pesquisa científica”.

“Fazer o registro dos nossos resultados para apresentá-los hoje”.

Grupo 12 “Acredito que foi fazer nosso estudo e construir a maquete”.

“Confeccionar a maquete de uma forma que as pessoas pudessem en-


tender como funciona a alternativa ecológica que pesquisamos”.

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).

Tabela 4. Respostas obtidas dos estudantes-pesquisadores à pergunta: “Deteve-se algum pro-


blema em particular que gostariam ou poderiam compartilhar, mediante a produção científica,
que impactou negativamente a finalização do trabalho?”

Grupo entrevistado Respostas registradas

Grupo 1 “O clima de competição com os outros alunos que queriam ser o pro-
jeto destaque da mostra. Isso foi chato e desanimou um pouco”.

“A quantidade de coisas que tínhamos que lidar em sala de aula, a


pressão das avaliações e dos conteúdos, principalmente por estarmos
na última série do ensino médio... foi difícil conciliar isso com o de-
senvolvimento do nosso projeto”.

Grupo 6 “Tivemos um pouco de desânimo pelo acúmulo de trabalho, pois


nosso projeto foi feito meio a outros compromissos da escola”.
27

Grupo 8 “Não”.

Grupo 12 “O material para o nosso projeto físico. Felizmente, nosso professor


e a escola deram uma grande força para conseguirmos confeccionar”.

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).

Tabela 5. Respostas obtidas dos estudantes-pesquisadores à pergunta: “Na sua visão, qual foi o
maior desafio enfrentado por você e seu grupo para efetivação de seu projeto CTS, exposto hoje
na II Mostra Científica do NEP?”

Grupo entrevistado Respostas registradas

Grupo 1 “Também acho que o tempo para mexermos com a mostra foi ruim,
pois tivemos provas e outras avaliações muito em cima, próximas da
exposição”.

Grupo 6 “Acho que foi a falta de tempo, porque não soubemos muito conciliar
com as coisas do cotidiano da escola, as provas e outras avaliações
com mais ainda a mostra científica”.

Grupo 8 “Nosso maior desafio foi no início, pois não tivemos muito suporte e
não entendíamos como se faz uma pesquisa”.

“Acredito que foi identificar e investigar um problema, depois buscar


mostrar a forma de como resolvemos e expor os resultados que ad-
quirimos... Compreender como funciona uma pesquisa”.

Grupo 12 “Entender mesmo a ideia e fazer um estudo científico”.

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).

As colocações oralizadas pelos estudantes-pesquisadores em relação as questões indicadas,


mostraram que o desconhecimento e a falta de proximidade acerca das pesquisas científicas
caracterizaram-se como um fator negativo e desafiador para a construção de seus projetos CTS.

Esses levantamentos podem ser compreendidos ou justificados com a ausência de fazeres pe-
dagógicos, mediante os processos de ensino-aprendizagem, que exploram de atividades inves-
tigativas, com uso descritivo de métodos ou técnicas que visam gerar ou expor a consciência
sobre um determinado resultado e averiguar uma ideia, hipótese ou impasse.

Assim como conferiu-se na aplicação da ABP, essa carência intelectual e prática relativa à pro-
dução de estudos científicos denotaram-se como uma das principais problemáticas para a cons-
trução de projetos CTS a todos os grupos de estudantes-pesquisadores pesquisados.
28

Esses resultados, nos quais tangem a incompreensão dos alunos para a efetivação de projetos
de aprendizagem, sobretudo atividades de cunho investigativo, se assemelha a conclusão dos
trabalhos de Ulhoa et al., (2008). Diante desse cenário, os autores concluem em seu artigo que
a escola necessita desempenhar intervenções para tornar as ideias inerentes as pesquisas cien-
tíficas aprendidas pelos alunos. Ainda, o corpo docente também necessita ser capacitado para
possibilitar o desenvolvimento desses saberes aos discentes, especialmente da educação básica.

Outro dilema registrado com as interlocuções, singularmente pelo grupo 6 a todas as perguntas
feitas, foi o fato da difícil conciliação para as produções científicas da mostra com outras ativi-
dades do cotidiano escolar, como avaliações formativas e somáticas. Inclusive, esse levanta-
mento sobre o excessivo envolvimento discente para com demais conteúdos educativos, nota-
bilizou-se como uma inquietação também pelo grupo 1 na pergunta 2, que manifestou terem
tido uma experiência estressante com as demandas didáticas da 3ª série do ensino médio.

A análise conferida com as seguintes colocações discente, podem se apoiar aos estudos de
Moura, Barbosa e Moreira (2008). Esses autores afirmam que uma construção de educandos
mais enciclopédicos, caracterizados pela memorização dos conteúdos obrigatórios, é comu-
mente presente no ambiente escolar. Além disso, a formação de estudantes-pesquisadores con-
sidera-se uma crítica a esse contexto, uma vez que a cooperação de trabalhos, investigações,
reflexões, resoluções de problemas e outros contributos, são produtos e aspectos contrários ao
acúmulo de deveres oriundos do ensino tradicional negativamente relatado pelos discentes.

A reunião dos materiais para a confecção da maquete sobre o sistema de bananeiras, indicada
como uma das propostas do projeto 12, configurou-se na questão 2 como um desafio pessoal
enfrentado pelos estudantes-pesquisadores do seguinte grupo. A fim de ajudá-los com esse em-
pecilho, o professor-orientador conseguiu subsídios com a instituição educativa para o desen-
volvimento do trabalho idealizado. Com isso, a escola doou um aquário inutilizável de
40x20x25cm para conferir base e efetivar o projeto planejado. Ressalva-se que, o produto ela-
borado a partir do reuso desse material pode ser reapreciado na segunda imagem da figura 2.

Esse contexto, assim como é descrito nos trabalhos de Pinzan e Lima (2014), ressalta a proe-
minência de uma escola com professores ou tutores, dispostos e preparados para as gerações de
pesquisadores e não simplesmente transmissores de informações exigidas. Apesar da rotina ha-
bitualmente extenuante, buscar incentivos para uma educação significativa é imprescindível.

A competitividade entre os discentes para conseguirem o reconhecimento de seus projetos,


principalmente como trabalho mais bem apresentado e executado, por conseguinte, mais bem
avaliado por jurados da mostra, destacou-se também como fator desanimador e particular aos
integrantes do grupo 1 a partir do feedback obtido na pergunta 2. Tais premiações destacam
apenas dois trabalhos da mostra tipo C, privilegiam pontos extras no terceiro trimestre e um
valor financeiro de 500 e 420 reais, respectivamente, aos componentes dos grupos da primeira
e segunda colocação.

Essas bonificações também fomentam os sujeitos para o empenho, motivação e superação de


atividades, por outro lado, assim como indicou-se nos resultados desta pesquisa, podem asse-
gurar desestímulos em razão da possível sensação de antagonismo ou rivalidade discente.
29

É sabido que a competitividade nas aprendizagens se equipara as ideias da educação liberal, a


qual se manteve inicialmente com a pedagogia tradicional e busca adaptar o indivíduo a sua
sociedade, principalmente ao contexto capitalista ou mercado de trabalho (Libâneo, 1982). Por
essa razão, evidencia-se a importância para a compreensão dos processos de desumanização e
alienação do sujeito para mantê-lo unilateral, segregado e flexível, a serviço do sistema socio-
econômico vigente, fatores esses que se atrelam a seguinte tendência pedagógica (Lima, 2019).
30

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se com as análises dos dados desta pesquisa, que os desafios investigados na concepção
dos estudantes-pesquisadores, envolvidos a construção de projetos articulados ao movimento
CTS e para a II Mostra Científica do NEP – Praia de Itaparica, correspondem-se basicamente
aos amparos pedagógicos, em diferentes momentos, presente e carente a esses educandos. Fa-
tores como a falta de preparo ou conhecimento correlacionados ao desestímulo para realização
de trabalhos científicos, denotaram-se como principais impasses diagnosticados neste estudo.

De forma geral, compreendeu-se que a utilização da ABP possui grande valia para a construção
de estudantes-pesquisadores, pois colaborou aos sujeitos autonomia, criatividade, criticidade,
gerou o compartilhamento de conhecimentos científicos, favoreceu a cooperação dos trabalhos
e fortemente contribuiu para uma aprendizagem oriunda de ações próprias, gerando um aluno
singularmente protagonista e professores-orientadores valorizados. Contudo, para melhormente
aplicar e facilitar as aprendizagens sob essa pedagogia, a capacitação docente se faz eminente.

Sob esses olhares, o favorecimento de uma educação em que suas práticas não sejam um fardo,
corroborante a desarmonia e antipatia dos alunos para as atividades pedagógicas, intermediadas
por profissionais capacitados, que se enxerguem como transformadores de contextos e facilita-
dores de aprendizagem, em uma escola que se conhece como um espaço humanitário, sério e
oportuno a recepção de diálogo e ideias, faz-se pertinente à alfabetização, letramento e produ-
ções científicas. “Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino” (FREIRE, 1996, p. 32).

REFERÊNCIAS

ASSUNÇÃO, A. Á.; OLIVEIRA, D. Intensificação do trabalho e saúde dos


professores. Educação & Sociedade, v. 30, p. 349-372, 2009. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/es/a/fdCjfWkF8XYXTfyXGcgCbGL/abstract/?lang=pt>. Acesso
em: 05 jan. 2023.

AULER, D. Interações entre ciência-tecnologia-sociedade no contexto da formação de


professores de ciências. 2002. 257 f. Dissertação (Doutorado em Educação) - Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. Disponível em:
<https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/82610>. Acesso em: 20 set. 2022.

Bender, W. N. Aprendizagem Baseada em Projetos: educação diferenciada para o século


XXI. 1. ed. Porto Alegre: Penso, 2014. 156 p.

BORGES, J. C. O. A pesquisa como espaço de aprendizagem para a formação do aluno-


pesquisador. Revista Gestão Universitária, 2008. Disponível em:
<http://gestaouniversitaria.com.br/artigos/a-pesquisa-como-espaco-de-aprendizagem-para-a-
formacao-do-aluno-pesquisador#>. Acesso em: 05 set. 2022.
31

BRASIL. Ministério de Educação. Secretaria da Educação Básica. Programa de Apoio às


Feiras de Ciências da Educação Básica Fenaceb. Brasília, 2006. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/EnsMed/fenaceb.pdf>. Acesso em: 01 set. 2022.

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. Ministério da


Educação. Secretária de Educação Básica. Diretoria de Currículos e Educação Integral –
Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. 3. versão. Brasília: MEC, 2017. Disponível
em:
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=79601-
anexo-texto-bncc-reexportado-pdf-2&category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192>.
Acesso em: 01 set. 2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. O que é a Covid-19? Brasilia, 2021.


Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/coronavirus/o-que-e-o-coronavirus>. Acesso
em: 13 mai. 2023.

CARDOSO, C. A.; FERREIRA, V. A.; BARBOSA, F. C. G. (Des) igualdade de acesso à


educação em tempos de pandemia: uma análise do acesso às tecnologias e das alternativas de
ensino remoto. Revista Com Censo: Estudos Educacionais do Distrito Federal, v. 7, n. 3,
p. 38-46, 2020.

CUNHA, M. B. O movimento Ciência/Tecnologia/Sociedade (CTS) e o ensino de ciências:


condicionantes estruturais. Varia Scientia, v. 6, n. 12, p. 121-134, 2006.

DEMO, P. Pesquisa: princípio científico e educativo. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2003.

DEMO, P. Pesquisa: princípio científico e educativo. 12. ed. São Paulo: Cortez, 2006. 128 p.

ESTRELA, C. Metodologia Científica: Ciencia, Ensino e Pesquisa. 3. ed. Porto Alegre:


Artmed, 2018

FIGUEIREDO, N. G. S.; SALLES, D. M. R. Educação profissional e evasão escolar em


contexto: motivos e reflexões. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 25,
p. 356-392, 2017.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 1. ed. Rio de


Janeiro: Paz e Terra, 1996. 144 p.

FREIRE, P. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 4. ed.


Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. 245 p.

FONTE, S. S. D. Formação no e para o trabalho. Educação profissional e tecnológica em


revista, v. 2, n. 2, p. 6-19, 2018.
32

GONÇALVES, T. V. O. Feiras de ciências e formação de professores. In: PAVÃO, A. C.;


FREITAS, D. Quanta ciência há no ensino de ciências. São Carlos: EduFSCar, 2008.

GRÁCIO, M. M. C.; GARRUTTI, E. A. Estatística aplicada à educação: uma análise de


conteúdos programáticos de planos de ensino de livros didáticos. Revista de Matemática e
Estatística, São Paulo, v. 23, n. 3, p. 107-126, 2005.

GRAMSCI, A. Cadernos do Cárcere: volume 2. 9. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasi-


leira, 2022. 322 p.

GRANT, M. M. Getting a grip on Project-based learning: theory, cases and recommendations.


Meridian, Raleigh, v. 5, n. 1, 2002.

HARTMANN, A. M.; ZIMMERMANN, E. Feira de ciências: a interdisciplinaridade e a


contextualização em produções de estudantes de ensino médio. In: VII Encontro Nacional
de Pesquisa em Educação em Ciências, Florianópolis, SC, Brasil, 2009.

KUENZER, A. Z. A formação de professores para o ensino médio: velhos problemas, novos


desafios. Educação & Sociedade, v. 32, p. 667-688, 2011.

LIBÂNEO, J. C. Tendências pedagógicas na prática escolar. Revista da Associação Nacio-


nal de Educação–ANDE, v. 3, p. 11-19, 1983.

LIMA, L. C. V. S. Uma pedagogia contra o outro? Competitividade e emulação. Educação &


Sociedade, v. 40, 2019.

MANCUSO, R. Importância dos centros de ciências no contexto da educação científica no


Brasil. In: BORGES, R. M. R.; IMHOFF, A. L.; BARCELLOS, G. B. (Org.). Educação e
cultura científica e tecnológica: centros e museus de ciências no Brasil. Porto
Alegre: EDIPUCRS, 2012. p. 103-113.

MENEZES, P. H. D.; ROSSIGNOLI, M. K; SANTOS, B. R. Educação em Ciências com


Enfoque CTS: possíveis indicadores de alfabetização científica. In: Atas do IX Encontro
Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, Águas de Lindóia, SP, Brasil, 2013.

MASSON, T. J. et al. Metodologia de ensino: aprendizagem baseada em projetos (pbl).


In: Anais do XL Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia (COBENGE), Belém,
PA, Brasil, 2012.

MARKHAM, T.; LARMER, J.; RAVITZ, J. Aprendizagem Baseada em Projetos: guia


para professores de ensino fundamental e médio, 2. Ed. Porto Alegre: Artmed Editora S/A,
2008. 200 p.
33

MOURA, D. G.; BARBOSA, E. F.; MOREIRA, A. F. O aluno pesquisador. In: Anais do XV


Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino (ENDIPE), Belo Horizonte, MG, Bra-
sil, 2010. 8 p.

NEVES, C. S. B. As relações de interação e diálogo como meio de favorecer a


aprendizagem. 2014. 20 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) - Universidade
Federal do Paraná, Curitiba, 2014.

PIAGET, J. Problemas de psicologia genética. 1. ed. São Paulo: Forense, 1973. 157 p.

PINHEIRO, N. A. M. Educação Crítico-Reflexiva para um Ensino Médio Científico-Tec-


nológico: a contribuição do enfoque CTS para o ensino aprendizagem do conhecimento mate-
mático. 2005. 305 f. Tese (Doutorado em Educação Científica e Tecnológica) - Universidade
Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, 2005.

PINZAN, M. E.; LIMA, A. P. Iniciação científica na educação básica: uma possibilidade de


democratização da produção científica. In: Anais do IX Encontro de Produção Científica e
Tecnológica (EPCT), Campo Mourão, PR, Brasil, 2014.

POZO, J. I.; CRESPO, M. A. G. A aprendizagem e o ensino de ciências: do conhecimento


cotidiano ao conhecimento científico. Tradução: Naila Freitas. 5. ed. Porto Alegre: Artmed,
2009. 296 p.

SACCO, G. M.; GALINDO, M. A.; KLEIN, A. M. Estudos sobre mostras científicas:


levantamento de trabalhos apresentados em eventos da área de ciências. Revista Educar
Mais, v. 5, n. 5, p. 972-989, 2021.

SAVIANI, D. Trabalho e educação: fundamentos ontológicos e históricos. Revista brasileira


de educação, v. 12, n. 34, p. 152-165, 2007.

SCHNEIDER, E. M.; FUJII, R. A. X.; CORAZZA, M. J. Pesquisas quali-quantitativas:


contribuições para a pesquisa em ensino de ciências. Revista Pesquisa Qualitativa, v. 5, n. 9,
p. 569-584, 2017.

TAUCEDA, K. C.; NUNES, V. M.; DEL PINO, J. C. A epistemologia/metodologia do aluno


pesquisador na educação em ciências. Experiências em ensino de Ciências, v. 6, n. 3, p.
136-145, 2011.

ULHÔA, Eliana et al. A formação do aluno pesquisador. Educação & Tecnologia, v. 13, n.
2, 2011. Disponível em: <https://seer.dppg.cefetmg.br/index.php/revista-et/arti-
cle/view/138/140>. Acesso em: 19 jan. 2023.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 6. ed. São Paulo: Editora Martins Fontes,
1998. 191 p.
34

7 ANEXOS

7.1 ANEXO A

Autorização da coleta de dados concedida ao projeto de pesquisa, assinada pelo diretor e


proprietário da escola NEP – Praia de Itaparica, José Carlos Giorizzatto:
35

7.2 ANEXO B

Autorização da coleta de dados concedida ao projeto de pesquisa, assinada pela pedagoga


regente da escola NEP – Praia de Itaparica, Josiane Saraiva Nogueira:

You might also like