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Economia e Mercado

UNIDADE 2
Economia e Mercado

Unidade 2

Apresentação

Bem-vindo (a) de volta ao nosso objetivo de conhecer um pouco mais sobre economia. Na
unidade passada, vimos algumas informações básicas, conceitos e ferramentas econômicas
que vão nos ajudar em nossa caminhada. Agora vamos estudar o mercado da forma como está
montado na nossa sociedade, e para isso iniciaremos com um breve histórico sobre a evolução
do pensamento econômico e os sistemas econômicos. Depois, veremos as principais carac-
terísticas e informações sobre microeconomia e a relação de oferta e demanda, buscando um
equilíbrio no mercado em diversas estruturas existentes e alguns fatores que alteram os preços.
Pro fim, vou apresentar a teoria dos jogos e o dilema do prisioneiro para aprofundarmos o en-
tendimento sobre a forma de pensar economicamente. Bons estudos.

Os assuntos que veremos nesta unidade estão elencados abaixo:

UNIDADE 2

HISTÓRICO DA ECONOMIA; SISTEMAS ECONÔMICOS;

FLUXO CIRCULAR DA ECONOMIA;

MERCADO COMPETITIVO: MODELO DE DEMANDA E DE OFERTA;

FORMAS DE PRECIFICAÇÃO

O EQUILÍBRIO DE MERCADO;

ESTRUTURAS DE MERCADO;

ELASTICIDADE-PREÇO;

TEORIA DOS JOGOS;

Para começar, vale lembrar que a economia é uma ciência relativamente recente, temos 1776
como um marco. Naquele ano ocorreu a publicação do livro “Riqueza das nações”, do filósofo
escocês Adam Smith que percebeu uma mudança que ocorria na sociedade de sua época e
que até hoje caracteriza nossa vida atualmente. No entanto, na prática, a economia é bastante
mais antiga, uma vez que trata da ação coordenada da sociedade para tratar de assuntos como
a escassez.

Os homens e mulheres das cavernas já precisavam lidar com recursos limitados e escolher
bem como empregar seu trabalho naquilo que fosse essencial à sobrevivência. No Egito, as
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pirâmides e na China, na grande muralha, decisões foram economicamente pensadas para


que esses grandes objetivos fossem alcançados. Mas não vamos tão longe, não se preocupe.
Vamos focar nossa atenção no essencial também e trabalhar com o que se considera hoje os
fundamentos da economia moderna e contemporânea.

Vale apresentar um pequeno “pano de fundo” para entendermos o contexto como a atual con-
figuração da economia se deu. Todos estudamos o feudalismo (http://sereduc.com/w6f3tO) na
escola, da Europa da idade média, a partir do século IV até perto do século XV. Esse sistema
surgiu com a decadência do Império Romano, e a fragmentação das terras e fortalecimento do
domínio local em propriedades doadas ou conquistadas por nobres.

Os feudos tinham que lidar com um contexto incerto e sombrio de constantes invasões de povos
bárbaros, domínio poderoso da igreja católica, muita fome, desigualdades e guerras.

A falta de governo central causada pelo declínio do império romano tornava os feudos um
sistema econômico descentralizado, isolado e com a economia baseada na agricultura de sub-
sistência (ver: http://sereduc.com/knQZED) havia pouco uso de moeda e as trocas, escambo, pre-
dominava nas relações econômicas. O trabalho servil era a base produtiva de uma sociedade
composta por três grupos: os próprios SERVOS, a maior parte da população, que buscavam
principalmente a proteção do senhor feudal contra as invasões de povos bárbaros. Eles rece-
biam o direito de trabalhar na terra em troca de diversos tributos; o CLERO, que tinham como
principal função rezar, pois eram os religiosos que detinham um poder muito grande, pois “ga-
rantiam” (ou não!) a salvação ou condenação da alma no pós-morte, eles também condenavam
as atividades com lucro excessivo. Por fim, mas não menos importante, haviam os poucos
NOBRES, que normalmente vinham de uma linhagem de guerreiros, possuíam terras, coman-
davam exércitos e controlavam o poder político, assessorados pela igreja.

As cidades eram muradas e cercadas por campos de cultivo e áreas comuns como bosques
e pastos, em caso de invasão de povos estrangeiros, todos corriam para dentro dos muros da
cidade e ali se refugavam. Bom, como se pode notar, esses sistemas não era lá muito justo e
assim os servos (quase todo mundo daquele sistema!) não se sentiam muito motivados a inovar
ou melhorar seu desempenho no trabalho (inovações), uma vez que não receberia qualquer
“adicional” pelo esforço. Assim o sistema feudal se arrastou por cerca de mil anos e não trouxe
grandes avanços tecnológicos nem sociais, ao contrário, o período ficou conhecido como idade
das trevas.

Essa situação começou a ficar mais difícil com o aumento populacional na Europa. Enquanto se
tinha muitas invasões e guerras, a densidade demográfica era controlada. Mas com a crescente
concentração de pessoas nas cidades e a movimentação das cruzadas católicas ao oriente,
que levou as guerras para mais longe da Europa, a população começou a aumentar. E, sem um
aumento significativo na produção agrícola, a fome aumentou. Não havia como alimentar todos
devidamente e essa má alimentação, que comprometeu a nutrição e a saúde da população,
aliada às precárias condições ou inexistência de saneamento nas cidades entupidas de gente,
foram fatores propícios para as grandes pestes, como a peste negra e a peste bubônica.

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Naquele contexto, onde o governo era absolutista, ou seja, não havia como contestar as deci-
sões do príncipe (o senhor feudal) e a economia estava completamente à serviço da nobreza
e do clero, o principal fator de produção da época, a terra, estava escasso, pois não apenas
era (como é!) limitado, como também sua produção não atendia às necessidade da população
crescente. Algo precisava ser feito.

A Europa que se tornava pequena (sem terras suficientes) e onde a maior parte da popula-
ção passava necessidades, precisava encontrar soluções. Iniciava-se o período das grandes
navegações para buscar recursos no “além-mar”. Portugal, por exemplo, não podia aumentar
seu território no continente, pois para isso precisaria invadir a poderosa Espanha, nem pensar!
Mas o mar também não era nada amigável, pois não era conhecido, ao contrário, na época se
pensava que a Terra era plana e não arredondada e assim, se navegasse para muito longe,
o navio poderia cair na grande cachoeira. Era preciso coragem para enfrentar o oceano. Os
portugueses também não podiam usar as rotas dominadas pela Itália, e assim procuraram as
índias dando a volta ao sul do continente africano. Muitos barcos se perderam, naufragaram.
Alguns, porém, alcançaram seus destinos e puderam comercializar com o oriente, levando bens
europeus para vender lá e comprando especiarias e tecidos para revendê-los na Europa, com
altos lucros. Esses bravos marinheiros não eram todos nobres, ao contrário, era preciso uma
coragem grande para enfrentar o mar, uma coragem daquelas que só se tem quem não tem
quase alternativa nenhuma mais.

Começava a surgir uma nova classe social, comerciante. Ela não era nobre, mas também não
era pobre, ela tinha muito dinheiro adquirido pelo comércio.

A burguesia como ficou conhecida (ver: http://www.infoescola.com/sociologia/burguesia/) essa


nova categoria social podia financiar obras e empresas que o Estado não conseguia pagar. Ela
mudava o cenário de dominação e exigia, cada vez mais, uma parcela de poder político a partir
do poder econômico.

ADAM SMITH E O LIBERALISMO ECONÔMICO

Como professor de filosofia na Escócia, Adam Smith fez uma leitura histórica da economia, per-
cebendo que havia tido uma inversão de valores e novos mecanismos de troca aconteciam, ou
seja, diminuição do poder da nobreza e ascensão do poder burguês (os comerciantes). Nesta
perspectiva, ele lançou um novo modelo econômico, o Liberalismo, que tinha como principais
características a LIVRE INICIATIVA, ou seja, cada pessoa poderia investir seus recursos na-
quilo que melhor lhe conviesse, naquilo que poderia lhe auferir lucro. A livre iniciativa objetiva
garantir o melhor emprego possível aos fatores de produção. Essa “liberdade” econômica exigia
que o Estado (fosse à figura do senhor feudal, do rei, de um parlamento ou de um presidente)
permitisse que a economia se desenvolvesse livremente, para promover a inovação através da
concorrência, sem a intervenção governamental.

Esse segundo princípio do Liberalismo (ver: http://sereduc.com/SMO2lI ou http://sereduc.com/WR1uO3)

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era chamado por Adam Smith de leisses faire (do francês, “deixai fazer, deixai ir”) que hoje é a
principal expressão e é um símbolo do liberalismo econômico e significa que o Estado não po-
deria intervir nas relações econômicas, cabendo ao mesmo apenas a obrigação de garantir os
direitos individuais, garantir que os contratos firmados fossem cumpridos (justiça), proteger as
fronteiras (exército) e fornecer serviços essenciais, como educação e saúde.

O autor representou bem seu pensamento quando escreveu em seu livro A riqueza das Nações:

“não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro que eu espero que saia o


meu jantar, mas sim do empenho deles em promover seu “auto-interesse”. A ideia é que uma
pessoa, em um ambiente de “livre-mercado”, ou seja, sem a intervenção direta do Estado na
economia, é incentivado a buscar a inovação, a eficiência e a eficácia para otimizar seu desem-
penho, e vencer seus concorrentes na escolha do consumidor. Imagine uma cidadezinha do
interior que possui um único restaurante. Por ser o único, não se preocupa com concorrentes e
assim não precisa ou não é incentivado a procurar a inovação e a melhoria dos serviços, pois
é a única opção de qualquer cliente potencial. Na ideia de Adam Smith sobre o livre mercado,
qualquer pessoa que possua os recursos necessários (dinheiro, habilidades culinárias e admi-
nistrativas etc.) pode abrir um restaurante concorrente. Se o novo empreendimento possuir me-
lhores condições, preço e qualidade, os clientes vão abandonar o velho restaurante pelo novo.
Os clientes financiam o empreendimento, assim, se muito pouca gente escolher uma empresa,
ela fecha, deixa de ser viável. Enquanto a empresa escolhida pela maior parte dos clientes vai
prosperar.

Para o mercado funcionar nesse modelo de livre concorrência, bastaria o governo não atrapa-
lhar... Essa ideia do autor foi totalmente influenciada pelo histórico (recente para ele!) de regi-
mes políticos totalitários que impediram a livre concorrência e a livre iniciativa durante séculos
e séculos, durante toda a idade média. Foi natural que a nova proposta negasse esse papel do
Estado, cujo papel regulador seria então cumprido pelo próprio mercado, no conceito de mer-
cado autorregulado.

EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO

As ideias de Adam Smith perduram até hoje, mas não sem significativas modificações. As pri-
meiras críticas ao pensamento liberal foram proferidas pelo famoso Karl Marx, que criticou du-
ramente a forma simplificada de explicar economia que propunha Smith. Para começo de con-
versa, o termo Liberalismo foi substituído por Capitalismo (ver: http://sereduc.com/IqMkEo), pois
uma vez que há a propriedade privada dos fatores de produção, quem detiver o capital, pode
com ele comprar recursos naturais e alugar mão de obra, assim sendo, reunindo os três fatores
necessários à produção e assim podendo produzir o que quisesse. Quem não possuir capital,
precisa viver de sua própria mão de obra, sua própria força de trabalho, a grande maioria de
nós, o proletariado, como costumava dizer o filósofo. Para Marx, no capitalismo os recursos não
seriam necessariamente empregados na melhor opção possível para melhor atender as neces-
sidades das pessoas, ao invés disso:

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“... a finalidade direta a que o processo de produção capitalista se propõe, já que o que o capital
quer produzir capital... não é nem diretamente um valor de uso para o próprio consumo, nem
uma mercadoria a ser convertida, primeiramente em dinheiro e mais tarde em valor de uso. A
finalidade deste processo [é outra] é o enriquecimento, a valorização do valor, sua expansão”.
(MARX, 1863)

Esse pensamento é central na obra de Marx (ver: http://pt.wikipedia.org/wiki/Marxismo), o ca-


pitalismo seria um sistema que se levaria a si próprio à derrocada, ao fim, pois tende ao dese-
quilíbrio, à desigualdade. Os detentores do capital, no intuito de aumentar cada vez mais suas
fortunas, pagariam cada vez menos aos empregados (proletários) e buscariam outras formas
de maximizar seus lucros.

SISTEMAS ECONÔMICOS

Ao modelo liberal, CAPITALISTA, desenhado inicialmente por Smith, cujas características pas-
sam pelo livre comércio, a não-intervenção do Estado na economia e a livre-iniciativa, Marx
construiu as bases do modelo SOCIALISTA, ou economia centralizada, onde as decisões bá-
sicas da economia seriam decididas por um órgão central do Estado, o qual decidiria o que
produzir, como e para quem produzir (propriedade pública dos fatores de produção), cabendo
ao Estado provir às pessoas o necessário para suprir suas necessidades básicas.

Qual sistema é mais interessante para as elites econômicas pelo mundo afora? O socialismo
foi altamente perseguido e deliberadamente mal interpretado para defender interesses econô-
micos das grandes empresas e dos detentores de grandes fortunas. O sistema “escolhido” que
defendia a economia “livre” de intervenção governamental perdurou inconteste até o início do
século XX, quando, na grande depressão americana, a crise de 1929, a grave situação exigiu
que a não-participação do Estado na economia fosse revista, com a obra do inglês John May-
nard Keynes, como veremos na próxima unidade, na abordagem macroeconômica.

A partir de então, ficou inconteste a incapacidade de autorregulação do mercado e que o mes-


mo sempre atende a interesses específicos, se não do Estado, das empresas. As chamadas
guerras mundiais e principalmente a guerra fria, são cenários que incluem a disputa pelo sis-
tema econômico hegemônico no mundo. Uma disputa do primeiro e do segundo mundo (capi-
talismo e socialismo) “seduzindo” o então chamado terceiro mundo a seguir suas respectivas
ideologias. Hoje em dia, predomina como sistema econômico, sistemas mistos, onde o governo
interage com o mercado na construção da prática econômica.

Durante a recente crise de 2008, de forma similar à crise de 1929, o governo de praticamente
todos os países ditos como capitalistas, usaram de medidas fiscais e monetárias para proteger
suas economias da quebradeira, iniciada no sistema imobiliário norte-americano. Vamos entrar
melhor nesse assunto quando estudarmos a macroeconomia.

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NOÇÕES DE MERCADO ECONÔMICO

O estudo da economia foi dividido em duas partes, de um lado a visão mais ampla, chamada
macroeconomia, que é o estudo da economia de uma forma geral, considerando informações
agregadas de todos os mercados (inflação, renda, produção). Por outro lado temos a microe-
conomia, que estuda mercados específicos, analisando o comportamento de consumidores,
empresas, trabalhadores, fornecedores etc. para a formação do preço e o equilíbrio de merca-
do. Para começar, vamos estudar o a visão microeconômica, ou seja, como analisar mercados
específicos e o comportamento dos seus consumidores, dos comerciantes e produtores que
oferecem os bens e serviços que servirão para satisfazer certas demandas, ou seja, certas ne-
cessidades e desejos de determinados grupos de pessoas.

O estudo da microeconomia está dividido em três partes. (1) análise da demanda, (2) análise
da oferta e (3) análise das estruturas de mercado, que significa analisar as principais caracte-
rísticas do mercado estudado.

Para começar, a relação entre a demanda e a oferta é a chave do nosso sistema econômico.
Existem necessidades e desejos humanos, já vimos isso no primeiro capítulo. Como não pode-
mos produzir tudo que queremos, recorremos ao mercado para comprar aquilo que precisamos,
mas não sabemos ou não temos tempo para produzir autonomamente. Diariamente, compra-
mos o pão e não o assamos em casa. Precisamos do padeiro que faz o pão e vende a quem
está disposto a pagar, e assim com todas as profissões. Uma pessoa produz enxergando a
demanda que há por seu produto, de fato, um produtor deve estudar bem a demanda existente
para produzir algo adequado a satisfazer essa necessidade ou desejo. Quem deseja ou precisa
comprar, por outro lado vai analisar os produtos ofertados no mercado, para escolher o melhor
na relação custo/benefício. Assim temos o FLUXO ECONÔMICO, conforme o diagrama abaixo:

Fonte: http://mercadofinanceiro.forum-livre.com

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Simplificadamente consideramos apenas dois agentes no mercado, para analisar o fluxo de


uma economia. Por um lado, as empresas oferecem produtos e serviços e vão receber um va-
lor monetário em troca. Por outro, as famílias oferecem a força de trabalho dos indivíduos que
a compõe, para as empresas poderem produzir (já que mão de obra é um fator imprescindível
de produção). As famílias recebem pagamento pelo “aluguel” de sua mão de obra, e com essa
renda pode comprar produtos e serviços de diversas empresas que os ofereçam. Fechando o
ciclo assim.

Esse modelo mostra como o dinheiro e as mercadorias circulam pelo mercado, entre as empre-
sas e as famílias. Podemos observar dois tipos de fluxo no diagrama do fluxo circular, uma vez
que, em nosso sistema, quando precisamos comprar algo pagamos por isso, assim também
quando trabalhamos para uma empresa, esperamos pagamento. Assim, o FLUXO REAL da
economia, que corresponde à transferência da posse de um produto, serviço, ou mesmo de um
fator de produção a quem está disposto a pagar seu preço. Já o bem FLUXO MONETÁRIO, ou
fluxo de moeda, é o pagamento em moeda corrente por quem comprou ou para quem trabalhou.

MODELO DE DEMANDA E DE OFERTA

Na página 33 do livro texto podemos observar os fundamentos da teoria do comportamento


do consumidor. Lá, podemos observar que todos nós somos consumidores e vivemos em uma
sociedade de consumo (lembra-se do vídeo “História das coisas”?). As maiorias das pessoas
vivem nas cidades e não podem quase nada do que precisam ou desejam consumir, de acordo
com a utilidade que cada consumidor enxerga no produto ou serviço, em uma ou mais unida-
des. Assim, vamos buscar o que queremos no mercado, e quem não possui capital desde que
nasceu, precisa empregar sua força de trabalho da melhor forma possível a fim de conseguir
pagamento.

A oferta inicialmente se forma em função da demanda existente, por outro lado, muitas vezes a
demanda precisa se adaptar à oferta existente. Quer dizer, quando vamos comprar algo, esco-
lhemos aquilo que melhor atende nossas expectativas, de acordo com o que nós percebemos
como verdade. Esse é um importante diferencial que pode ser explorado em um mercado com-
petitivo. Estar atento às reais necessidades dos seus clientes, de modo a atendê-las da melhor
forma possível e assim fidelizá-lo, ou seja, garantir que ele procure o seu produto, uma vez que
este satisfaz as suas expectativas.

Muitas são as variáveis que influenciam nossa compra, mesmo sem que, nem sempre, note-
mos conscientemente. Para os que acompanham, uma novela de sucesso pode influenciar a
moda, pode valorizar um tipo de roupa ou bebida de modo que a demanda por esse ou aquele
bem aumente. Uma marca pode influenciar a compra também, se ela transmitir confiabilidade
ou causar repulsa. Para fins de nosso estudo, vamos analisar o efeito de uma única variável o
preço, e a forma como ele influencia a decisão da demanda e da oferta de um bem ou serviço.
Consideraremos assim, todas as outras possíveis variáveis como constantes. Por exemplo, va-
mos considerar a tecnologia empregada, alterações nas taxas de impostos, crises econômicas

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etc, tudo como dados constantes, para entendermos a lógica econômica, avaliando uma única
variável.

A DEMANDA tem uma relação inversamente proporcional com o preço de um bem, se consi-
derar todas as outras variáveis como constantes. Quer dizer, uma alteração no preço de um
bem ou serviço vai influenciar a demanda de maneira inversa. Um aumento no preço inibe a
demanda, tudo mais constante, assim como uma diminuição do preço deve causar aumento da
demanda. Pelo menos é o que espera um lojista quando faz uma promoção. Também uma dona
de casa que muda de marca de detergente, se por acaso, a marca que ela está acostumada a
comprar aumente demais de preço. Essa relação inversamente proporcional entre o preço e a
demanda é tão comum que é chamada a LEI GERAL DA DEMANDA: A demanda por um bem
será alterada de modo inversamente proporcional à mudança no seu preço, se tudo o mais se
mantiver constante.

Em relação à oferta de mercado, já é diferente. Uma vez que para o produtor, ou mesmo lojista
quanto mais valorizado for o preço de seu produto no mercado, desde que ele venda, melhor!
É diferente a lógica de quem está comprando da lógica para quem está vendendo. Nós, usual-
mente temos a visão desde o ponto de vista da demanda, pois sempre demandamos produtos
e serviços, diariamente. Mas para quem está vendendo, quanto maior o preço, mais estimulado
a produzir o produtor estará assim, aumentando a oferta. Essa é a LEI GERAL DA OFERTA.

Preço ($) Quantidade Quantidade Situação de Mercado


Procurada Ofertada
1,00 11.000 1.000 Excesso de procura (escassez de oferta)
3,00 9.000 3.000 Excesso de procura (escassez de oferta)
6,00 6.000 6.000 Equilíbrio entre oferta e procura
8,00 4.000 8.000 Excesso de oferta (escassez de procura)
10,00 2.000 10.000 Excesso de oferta (escassez de procura)

Observe que na medida em que os preços mudam, o efeito sobre a demanda e sobre a oferta
são contrários. Se há um aumento no preço de um bem, a demanda baixa enquanto a oferta
aumenta junto, isso porque os empresários desejarão produzir mais para aproveitar os preço
altos e talvez mais empresas serão abertas para concorrer num mercado que está ficando mais
atrativo, ou seja, com uma margem de lucro maior. Se por outro lado, o preço cai, tornando o
produto mais barato, os compradores (demanda) estarão mais motivados a comprar, porém,
tudo mais ficando constante, a margem de lucro dos produtores cairá, deixando a produção
desse bem menos interessante.

Essa mesma informação contida na tabela, também pode ser observada em forma de gráfico,
conforme abaixo:

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Fonte: http://sereduc.com/2KiQRO

Perceba que há apenas um ponto onde as curvas da oferta de da demanda se cruzam, e isso
vale para qualquer produto ou serviço. Esse preço que estimula a oferta e a demanda de manei-
ra similar é o preço que equilibra o mercado. Assim, em um mercado, quando o preço do bem
estimula de modo semelhante a oferta e a demanda, há EQUILÍBRIO DE MERCADO. Isso quer
dizer que não haverá produtos sobrando nas prateleiras por falta de compradores, nem consu-
midores querendo comprar sem que encontre produtos para vender. Encontrar o equilíbrio de
mercado é o principal objetivo do estudo da microeconomia.

A relação entre o preço de um bem e a demanda por ele e a oferta dele no mercado, também é
fortemente influenciada pelo tipo do bem. Para saber mais sobre os bens substitutos e comple-
mentares, observe a página 42 do livro texto indicado.

ESTRUTURAS DE MERCADO

No entanto, nem todos os mercados se comportam de maneira idêntica. É preciso entender em


qual tipo de terreno está acontecendo o “confronto” entre a oferta e a demanda. São três as
informações básicas que precisam ser colhidas inicialmente, para se conhecer de qual tipo de
estrutura de mercado estamos falando. Primeira pergunta: quantas empresas compõem a ofer-
ta do mercado a ser estudado? Uma única empresa, duas, dezenas ou muitíssimas? Segunda
pergunta: Os produtos oferecidos pelas empresas do mercado são semelhantes entre si ou di-
ferenciados? Semelhante significa dizer que um consumidor pode deixar de consumir o produto
de um concorrente pelo produto de outro sem muita diferença. Por fim, a terceira pergunta que
se deve fazer para entender de qual tipo de estrutura de mercado estamos falando, e se exis-
tem barreiras de entrada para novas empresas entrarem no mercado, ou se qualquer um pode
passar a oferecer produtos concorrentes?

As tecnologias patenteadas, o acesso à matéria prima ou mesmo licenças especiais são exem-
plos de barreiras de entrada para novas empresas. A principal barreira, no entanto, se resume

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à barreira econômica de capital. Qualquer negócio exige investimento em maior ou menor grau.
Quanto mais alto for o capital necessário para uma nova empresa entrar em determinado ramo,
maior a barreira de entrada nesse mercado.

Seguindo a resposta para essas três perguntas, encontramos várias estruturas de mercado
possíveis. A estrutura de CONCORRÊNCIA PERFEITA está cada veza menos comum, pois se
trata de um mercado que possui um número muito grande de empresas semelhantes no merca-
do, e que oferecem produtos sem qualquer diferença entre si, ou seja, de fácil substituição pelo
consumidor, pelo produto de uma empresa concorrente. Neste tipo de estrutura de mercado não
pode haver barreiras fortes para entrada de novas empresas. É cada vez mais difícil encontrar
um mercado assim, pois as empresas hoje em dia fazem questão, de um modo geral, de dife-
renciar seus produtos para tentar fidelizar seus clientes, induzindo-os a pensar que não podem
substituí-los pelos produtos das empresas concorrentes.

A segunda estrutura de mercado que vamos ver é a mais oposta possível da anterior. O MO-
NOPÓLIO. O mercado monopolista caracteriza-se por possuir exclusivamente uma única em-
presa ofertando o bem ou serviço no mercado, não havendo assim, empresas concorrentes ou
produtos substitutos. Essa estrutura só pode se formar se houverem barreiras intransponíveis
para entrada de empresas concorrentes. É o caso Lei que impede que qualquer outra empre-
sa distribua combustível no Brasil, exceto a Petrobrás, que é uma empresa monopolista neste
seguimento.

A estrutura de mercado mais comum, no entanto, é a estrutura que possui diversas empresas,
não importa se poucas ou muitas, desde que apenas algumas dominem quase todo o mercado.
O OLIGOPÓLIO pode acontecer tanto com produtos semelhantes, como cimento ou minério de
ferro, como com produtos altamente diferenciados, como automóveis ou computadores. Essa
estrutura de mercado corresponde à realidade da maioria dos setores econômicos do Brasil.
Existem muitas empresas de refrigerantes no mercado, muitas empresas pequenas que aten-
dem a um público local, porém o mercado é quase totalmente dominado por um punhado de
empresas gigantes que atendem a maior parte da demanda. Mais informações sobre as estru-
turas de mercado, inclusive a formação dos cartéis podem ser encontradas no livro texto da
disciplina, a partir da página 43. Bons estudos.

Após essa abordagem microeconômica, a partir de uma visão voltada a mercados específicos,
vamos entrar no estudo mais amplo, da macroeconomia. Mãos à obra!

LIVRO TEXTO: IZIDORO, Cleyton (org.) Economia e mercado. – São Paulo: Pearson Educa-
tion do Brasil, 2014.

CARVALHO, José et.al. Fundamentos de economia. São Paulo. Cengage Learning, 2008.
(vol. 1 e 2)

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MANKIW, N. Gregory. Introdução à economia. São Paulo. Cengage Learning, 2009.

MARX, K. 1863. Teorias sobre la plusvalia. México, Fondo de Cultura Econômica, 1980.

VASCONCELLOS; GARCIA. Fundamentos de economia. Saraiva, 2009.

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