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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO TOCANTINS – UNITINS

CAMPUS AUGUSTINÓPOLIS
CURSO DE DIREITO

SHAMARA PINHEIRO DE ARAÚJO

O CRESCIMENTO DAS FACÇÕES CRIMINOSAS E O AUMENTO DA


VIOLÊNCIA NA REGIÃO NORTE DO BRASIL

Augustinópolis-TO
2020
SHAMARA PINHEIRO DE ARAÚJO

O CRESCIMENTO DAS FACÇÕES CRIMINOSAS E O AUMENTO DA


VIOLÊNCIA NA REGIÃO NORTE DO BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso de Direito da


Universidade Estadual do Tocantins-UNITINS,
apresentado como requisito para obtenção do
título de bacharel.

Orientador Prof. Me. André Francisco Cantanhede de Menezes

Augustinópolis-TO
2020
Conceito final: 10,00
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Critérios para classificação de presos nas unidades prisionais .............. 21


Gráfico 2 - Taxas de homicídio 2007-2017 ............................................................... 52
Gráfico 3 - Médias regional e nacional para homicídios entre 2007 e 2017 ............. 54
Gráfico 4 - Taxas de latrocínio 2007-2017................................................................ 56
Gráfico 5 - Taxas de roubo de veículo 2008-2017 .................................................... 58
LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Mapa do Brasil com facções identificadas em cada UF ............................ 20


Figura 2 - Mapa do IDH Região Norte ...................................................................... 27
Figura 3 - Esquematização do método da pesquisa ................................................. 30
Figura 4 - Mapa com facções identificadas na Região Norte ................................... 34
Figura 5 - Mapa comparatico IDH versus Facções ................................................... 63
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Taxas de homicídio 2007-2017 ............................................................... 51


Tabela 2 - Taxas de latrocínio 2007-2017 ................................................................ 55
Tabela 3 - Taxas de roubo de veículo 2008-2017 .................................................... 57
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Síntese dos resultados para facções identificadas na Região Norte ...... 31
RESUMO

O aumento da violência e da criminalidade em determinadas localidades é relacionado


à presença das facções criminosas, pois, estas são grupos que atuam dentro do
sistema prisional e nas comunidades em que dominam. As primeiras facções do Brasil
nasceram na Região Sudeste e, no decorrer dos anos, foram avançando para as
demais regiões. Dado o contexto, esta pesquisa questiona: Em que medida a
presença das facções criminosas influenciou o aumento da violência nos estados da
Região Norte do Brasil, considerado o período de 2007 a 2017? A persecução do
problema se dará através do objetivo geral de identificar a relação existente entre a
expansão das facções criminosas e o crescimento da violência na região Norte do
Brasil, entre os anos de 2007 e 2017. O presente estudo trata-se de uma pesquisa
bibliográfica e documental, com abordagens qualitativa e quantitativa, e finalidade
descritiva. Os resultados apontam a presença de 20 (vinte) facções diferentes na
Região Norte do Brasil. Das facções identificadas, observou que o PCC, o CV e a FND
se destacam como as três maiores facções, com expressividade em todo o território
nacional. Dentre as facções locais, o B13, o B30, o PCP e o CCA são as que mais se
destacam, por seu domínio dentro de seus respectivos estados. Segundo os dados
de criminalidade, os estados mais violentos da região são o Acre e o Pará, que
também são os estados que tem o maior número de facções instaladas, e os menores
índices de desenvolvimento humano. Esses dois estados são os que apresentam
maior gravidade em relação aos impactos das facções criminosas na segurança
pública. A conclusão da pesquisa é de que a Região Norte vivenciou o processo de
faccionalização de seu território, e em decorrência disso, experimentou um aumento
da criminalidade. O cenário de violência na região é intensificado pela desigualdade
social, e pelas disputas violentas entre as facções que tentam impor seu domínio.

Palavras-chave: Faccionalização. Facções criminosas. Região Norte. Violência.


Segurança Pública.
ABSTRACT
The increase in violence and criminality in certain locations is related to the presence
of criminal factions, as these are groups that operate within the prison system and in
the communities in which they dominate. The first factions in Brazil were born in the
Southeast Region and, over the years, have been advancing to the other regions.
Given the context, this research asks: To what extent did the presence of criminal
factions influence the increase in violence in the states of the Northern Region of Brazil,
considering the period from 2007 to 2017? The problem will be pursued through the
general objective of identifying the relationship between the expansion of criminal
factions and the growth of violence in the northern region of Brazil, between the years
2007 and 2017. The present study is a bibliographic search and documentary, with
qualitative and quantitative approaches, and descriptive purpose. The results indicate
the presence of 20 (twenty) different factions in the Northern Region of Brazil. Of the
identified factions, he noted that the PCC, CV and FND stand out as the three largest
factions, with expressiveness throughout the national territory. Among the local
factions, B13, B30, PCP and CCA are the ones that stand out the most, due to their
dominance within their respective states. According to crime data, the most violent
states in the region are Acre and Pará, which are also the states with the highest
number of installed factions and the lowest human development rates. These two
states are the most serious in relation to the impacts of criminal factions on public
security. The conclusion of the research is that the Northern Region experienced the
process of factionalization of its territory, and as a result, experienced an increase in
crime. The scenario of violence in the region is intensified by social inequality, and by
violent disputes between the factions that try to impose their domination.

Keywords: Factionalization. Criminal factions. North region. Violence. Public security.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 11

2 REFERENCIAL TEÓRICO 13

2.1 AS FACÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL .................................................... 13

2.1.1 O surgimento do CV e do PCC 15

2.1.2 Facção criminosa: um poder paralelo ao Estado 17

2.1.3 Expansão e consolidação das facções no Brasil 18

2.2 VIOLÊNCIA E CRIMINALIDADE .................................................................... 22

2.2.1 Relação entre a violência e as facções 23

3 MÉTODO 26

3.1 TIPO DE PESQUISA ..................................................................................... 26

3.2 ÁREA DE REALIZAÇÃO ................................................................................ 27

3.3 COLETA DE DADOS ..................................................................................... 28

3.4 ANÁLISE DE DADOS .................................................................................... 29

4 RESULTADOS 31

4.1 IDENTIFICAÇÃO DAS FACÇÕES ATUANTES NA REGIÃO NORTE .......... 31

4.1.1 Primeiro Comando da Capital - PCC 35

4.1.2 Comando Vermelho - CV 38

4.1.3 Família do Norte - FDN 41

4.1.4 Bonde dos Treze – B13 44

4.1.5 Bonde dos Trinta – B30 46

4.1.6 Primeiro Comando do Panda - PCP 47

4.1.7 Comando Classe A - CCA 49

4.2 TAXAS DE VIOLÊNCIA NA REGIÃO NORTE ............................................... 51

4.2.1 Taxas de homicídios da Região Norte 51

4.2.2 Taxas de latrocínio da Região Norte 55

4.2.3 Taxas de roubo de veículos da Região Norte 57


4.2.4 As facções e a violência na Região Norte 59

4.2.5 Violência e facções criminosas no Acre e no Pará 61

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 65

REFERÊNCIAS 69
11

1 INTRODUÇÃO

O sistema prisional brasileiro é duramente criticado pela ocorrência, muito


frequente, de problemas como a violação de direitos fundamentais, exposição a
violência extrema, e ineficácia quanto ao seu papel ressocializador (ANDRADE,
2020). Essa situação expõe dois graves problemas de segurança pública no Brasil: o
crescimento da violência e a expansão das facções criminosas.
As facções criminosas atuam dentro do sistema prisional e, também, nas
comunidades que dominam; portanto, afetam a segurança pública em diversos
aspectos. Assim, o aumento da violência e da criminalidade pode ser relacionado à
presença das facções criminosas (COSTA; CORRÊA, 2018). Neste contexto, a
temática abordada na presente pesquisa é a expansão de facções criminosas, de
modo a relacionar a presença desses grupos com o aumento da violência nas
localidades em que têm domínio.
Com efeito, as primeiras facções do Brasil nasceram na Região Sudeste, nos
estados de São Paulo e Rio de Janeiro, mas, no decorrer dos anos foram avançando
para as demais regiões (TEIXEIRA, 2018). Atualmente, é possível identificar a
presença desses grupos em todos os estados do Brasil; e, na Região Norte, cada
estado tem pelo menos duas facções dominantes (FNSP, 2018).
Neste cenário, destaca-se a ocorrência de um processo de interiorização da
violência, que explica o seu aumento em regiões periféricas do país, em maior
velocidade do que em grandes centros urbanizados (SILVA, 2018); tese que pode ser
aplicada a um estudo comparativo das taxas de criminalidade entre as regiões Norte
e Sudeste. Dado o contexto, esta pesquisa questiona: Em que medida a presença das
facções criminosas influenciou o aumento da violência nos estados da Região Norte
do Brasil, considerado o período de 2007 a 2017?
Levando em conta que a consolidação das facções criminosas impacta a
sociedade, especialmente no que diz respeito à segurança pública, urge a
necessidade de estudar as transformações sociais que o crescimento desses grupos
provoca.
O conceito de segurança pública é aberto, dando margens a interpretações
diversas. Nesse contexto, a segurança pública pode ser concebida pela lógica do
combate e enfrentamento da criminalidade e da violência; ou ainda, como a prestação
12

de um serviço público, expresso pelo conjunto de políticas públicas que objetivam a


promoção da segurança e da defesa social. (MIRANDA; CARDOSO, 2019).
Destaca-se a relevância do estudo do tema sob a vertente da violência e da
criminalidade, pois, uma das problemáticas que envolve a expansão das facções é a
crescente violência que acompanha esse fenômeno. A título de exemplo, Salla (2006)
afirma que a promoção de rebeliões é uma das formas pelas quais facções exercem
poder sobre a população carcerária, ou, até mesmo, reorganizam a política da facção,
com o estabelecimento de uma nova liderança. As facções também influenciam no
ambiente externo às prisões. Os estudos de Azevedo e Cipriano (2015) indicam, por
exemplo, que o Primeiro Comando da Capital (PCC) controla as áreas em que são
proibidos o uso de drogas em público, impondo, autoridade paraestatal.
Além das características gerais, comuns a todas as facções de âmbito nacional,
é possível apontar características peculiares às facções regionalizadas. Pois, fatores
como a localização geográfica, cultura, economia, política e desenvolvimento social
podem influenciar na constituição desses grupos, bem como na sua forma de
funcionamento; e, consequentemente, em suas características (FARIAS, 2019). Esse
fator, a regionalização da facção, denota a importância de estudar o tema com recorte
regional.
Ante tais considerações, justifica-se a presente pesquisa pela necessidade de
compreender como as facções criminosas surgiram e se consolidaram na região Norte
do Brasil, e os impactos que isso causou na segurança pública, especialmente, no
aumento das taxas de criminalidade.
Dessa forma, o objetivo geral desta pesquisa é identificar a relação existente
entre a expansão das facções criminosas e o crescimento da violência na região Norte
do Brasil, entre os anos de 2007 e 2017. Constituem os objetivos específicos:
desenhar o avanço das facções nos estados que integram a região Norte; conhecer
os impactos da atuação das facções criminosas na segurança pública; levantar a
evolução dos índices de violência e criminalidade na região Norte; e avaliar e
caracterizar a existência ou não de uma relação de influência entre o estabelecimento
de facções criminosas e o aumento da violência nos estados da região Norte.
Assim, na sequência apresentam-se o referencial teórico, a metodologia
utilizada, os resultados obtidos, e a conclusão da pesquisa.
13

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo traz uma abordagem teórica acerca de dois temas fundamentais
para compreensão dos resultados da pesquisa: as facções criminosas e a violência.
Assim, o primeiro subcapítulo aborda o que são as facções criminosas, como
se formaram, como cresceram, e como se emanciparam para todos os estados do
Brasil e outros países.
O segundo aborda o tema da violência, seu conceito, suas classificações, e
discute como ela se relaciona com as facções criminosas.

2.1 AS FACÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL

A discussão acerca do conceito de facção criminosa não apresenta consenso


na literatura, e por vezes, mostra-se em confusão com outros conceitos, como o de
crime organizado. Assim, inicialmente, cabe estabelecer a diferenciação entre o crime
organizado e a facção criminosa.
A Lei nº 12.850/2013 define a organização criminosa com sendo o grupo
formado por quatro ou mais pessoas, direcionadas à prática de crimes cujas penas
máximas sejam superiores a quatro anos, ou, que sejam transnacionais. Penteado
Filho (2018) afirma que existem duas espécies de organização criminosa, a do tipo
empresarial, e a do tipo mafioso. A primeira espécie é a organização criminosa que
tem estrutura empresarial, e que tem por objetivo somente o lucro de seus membros,
e não faz uso de violência física.
A do segundo tipo é caracterizada pelo uso da violência e da intimidação para
concretização de seus objetivos; possui estrutura hierarquizada e distribuição de
tarefas e lucros (PENTEADO FILHO, 2018). Neste segundo tipo pode ser enquadrada
a facção criminosa, portanto, não se confunde com o crime organizado, pois, enquanto
este é gênero, a facção criminosa é uma espécie.
A compreensão da definição de facção criminosa revela-se complexa, assim, a
acepção histórica de sua formação, mostra-se como método mais plausível para sua
construção conceitual.
Em âmbito internacional, o que mais influenciou no processo histórico de
formação das facções criminosas foi a atuação de grupos como a máfia italiana e
Yakuza. A máfia italiana pode ser apontada como um dos principais fatores para o
14

surgimento das facções criminosas porque o seu objetivo era a resistência contra o
governo autoritário vigente na Itália, durante o século XVI. Esse caráter de resistência
em oposição ao estado também está presente na origem das facções criminosas aqui
no Brasil, que se contrapõem às violências cometidas dentro do sistema prisional.
(FARIAS, 2019; FACCHIOLI; AQUOTTI, 2016).
A máfia também trazia, como característica de sua organização, a utilização do
empreendedorismo e acumulação capitalista dentro da sua estrutura. Ela utilizava-se
do narcotráfico para angariar fundos, trabalhava com arrendatários e utilizava do seu
poder econômico para coagir e adquirir vantagens. Essa estrutura Mercantil
empresarial da máfia também foi adotada pelas facções criminosas no Brasil, que
possuem dentre as suas características a estruturação e a hierarquização de seu
grupo (FARIAS, 2019; MACHADO, 2018).
Em âmbito nacional, os primeiros traços de crime organizado se deram na
região Nordeste, através de grupos conhecidos como cangaceiros. Os cangaceiros
eram ladrões e assassinos, que andavam armados, atacando cidades, roubando,
matando e impondo a sua própria lei em todo o sertão nordestino. Esses grupos
também costumavam se organizar de forma hierárquica, e tinham um forte
relacionamento com os grandes latifundiários e políticos, através dos quais
conseguiam armas e munições para realização de suas empreitadas criminosas.
(FARIAS, 2019).
Verifica-se que, atualmente, as organizações criminosas e facções também
mantém esse tipo de relacionamento com empresários e com agentes políticos para
conseguir perpetuar o seu controle sobre a sociedade e exercer livremente a
criminalidade (CADORE, 2019).
Os fatos históricos levantados apontam que as facções possuem elementos
básicos que os caracterizam desde a sua origem, como os seus objetivos, os seus
métodos, e a forma de organização. Assim, a partir da formação histórica de uma
facção é possível delinear seu perfil, e, a forma como ela influencia nas instituições
estatais e sociais.
Os marcos históricos precitados caracterizam-se influenciadores para o
surgimento dos primeiros grupos designados como facção criminosa, o Comando
Vermelho (CV) e, posteriormente, o Primeiro Comando da Capital (PCC).
15

2.1.1 O surgimento do CV e do PCC

A facção criminosa mais antiga do Brasil é o Comando Vermelho (CV), que


surgiu em 1979, no Rio de Janeiro. No período da década de 1970, o Instituto Penal
Cândido Mendes, em Ilha Grande, recebia presos comuns e presos políticos, sendo
estes últimos, membros de um grupo que lutava contra a opressão do governo militar
vigente, que se intitulava como Falange Vermelha. A integração entre presos comuns
e políticos propiciou o surgimento do CV, a partir da politização dos primeiros
(TEIXEIRA, 2018).
Os presos políticos transmitiram aos presos comuns seus conhecimentos sobre
planejamento, organização e guerrilha, os quais foram adaptados para seu contexto
social dentro do cárcere (CIPRIANI, 2016). O surgimento do Comando Vermelho
propiciou a criação de uma rede de proteção entre os membros, a coordenação e
planejamento de crimes, como assaltos, e também a criação de caixas de ajuda mútua
e assistência ao preso e à família. Com o tempo, a relação de assistencialismo da
facção com a comunidade, foi substituída por uma relação de violência e controle
(TEIXEIRA, 2018).
Farias (2019) destaca que logo após o surgimento do Comando Vermelho os
direitos dos presos passaram a ser reivindicados perante administração penitenciária,
e um dos efeitos imediatos foi o fim de violência interna, como brigas e estupros entre
os presos. Isso se deve ao fato de que a união entre os presos era pregada como um
fundamento da organização, fundamento esse que era necessário para que
pudessem lutar contra as mazelas do sistema prisional, e por isso havia um código de
ética que todos os membros deviam seguir, sob pena de serem punidos, inclusive com
a morte.
Anos depois, em São Paulo, surgia o Primeiro Comando da Capital (PCC), que
se tornaria, na atualidade, a maior facção criminosa do Brasil. O domínio do PCC em
São Paulo chega a 90% das unidades prisionais, e alcança todos os demais estados
brasileiros, além de outros países da América Latina (TEIXEIRA, 2018).
O surgimento do PCC se deu após os eventos do massacre do Carandiru, no
início da década de 90, cujo os presos, líderes, foram transferidos para a unidade
prisional de Taubaté, no interior. Por conta da situação precária da unidade, os presos
vindos da capital, formaram uma espécie de “sindicato do crime”, para reivindicar seus
direitos perante o sistema prisional (TEIXEIRA, 2018, p. 65).
16

Sá (2017) afirma que a incidência de violência, tortura e crueldade verificada


no sistema prisional em meados da década de 70 instigou o surgimento desses grupos
organizados, em contraposição às violações recorrentes, e que tais grupos tinham
como bandeira a proteção do preso, através de uma fraternidade entre seus
semelhantes, da disciplina e do uso da violência.
Portanto, a origem histórica das facções no Brasil remete à formação de dois
grupos, o PCC e o CV, com finalidade justa, a de se opor contra a opressão no sistema
penitenciário. Assim, a principal causa da formação desses grupos pode ser atribuída
a incapacidade do Estado em garantir os direitos básicos dos presos. E, embora a
comunhão para o cometimento de crimes esteja presente em ambos as facções, a
necessidade de organização em forma de grupo social se deve à necessidade de se
oporem à violência, e não à prática criminosa.
Biondi e Marques (2010) atribuem o surgimento das facções criminosas a um
processo político, dos próprios encarcerados, que visava estabelecer o domínio de
determinados grupos no comando dos estabelecimentos prisionais. Assim, verifica-se
que um dos objetivos das facções é também a dominação da gestão penitenciária.
Assim, Salla, Dias e Silvestre (2012) descrevem as facções como uma forma
de resistência às mazelas do sistema prisional. Uma facção “se trata de uma
organização detentora de poder e que em nome desse poder vale-se, também, de
práticas violentas” (SÁ, 2017, p. 573).
Grupos organizados recebem o vocativo de facção a partir de uma acepção
sociológica da intuição que formam, pois, segundo a acepção jurídica, são definidos
como organização criminosa, nos termos da Lei 12.850/2013 (SÁ, 2017). Portanto, do
ponto de vista jurídico a facção é uma espécie de organização criminosa, definida e
caracterizada na forma da lei penal, cuja a característica principal é a comunhão para
prática de crimes; mas, do ponto de vista sociológico, as facções se definem a partir
de determinadas características que as instituem enquanto grupo social, como a
defesa do preso, a forma de imposição da autoridade, solidariedade e lealdade entre
os membros, dentre outros.
Ante as considerações apresentadas, pode-se definir que uma facção
criminosa é um grupo criminoso, organizado sob a égide da fraternidade e lealdade
entre os membros, articulado para a prática de crimes, interna e externamente às
unidades prisionais, que utiliza da violência para conquista e manutenção do controle.
17

2.1.2 Facção criminosa: um poder paralelo ao Estado

Para muitos autores uma facção criminosa assume o perfil de Estado paralelo,
diante de suas características e a forma como exerce o seu poder na sociedade.
(FACCHIOLI, 2016). O uso do termo se deve à existência de um pacto, absolutamente
ilegal, entre as lideranças de facções e Estado formal, em decorrência da
incapacidade que o Estado tem de manter a ordem nos presídios (BORA, 2018).
Uma facção criminosa nasce, cresce e se expande em áreas em que o Estado
não cumpre a suas obrigações, deixando lacunas nos serviços públicos essenciais,
como educação, saúde e assistência social. Para Farias (2019), tais condições levam
a facção criminosa a assumir o papel do Estado nessas localidades, criando um
verdadeiro poder paralelo. O autor reforça que esse processo se dá quando as
facções, diante da omissão do Estado quanto às garantias ao cidadão, assumem o
papel de fornecer, em certa medida, dos serviços de segurança e proteção para os
moradores de determinada comunidade.
O poder paralelo das facções dentro do sistema prisional pode ser definido
como uma forma de autogestão que os internos executam; sua atividade na gestão
de unidades prisionais envolve comercialização de produtos e espaços, julgamentos
disciplinares dos presos, dentre outros (BORA, 2018).
Nas comunidades dominadas por alguma facção criminosa, são instituídas
regras sociais específicas, a exemplo de determinados locais em que é proibido a
venda e consumo drogas e áreas em que assaltos são proibidos. Ademais, algumas
facções também fornecem para os moradores água mineral e gás, dentre outros
serviços básicos que deveriam ser garantidos pelo Estado. Há registros inclusive de
distribuição de remédios pelas facções. (FARIAS, 2019; JUCK; PANUCCI, 2016).
Reforçando o entendimento de que a facção pode ser considerada um estado
paralelo, Farias (2019) disserta sobre alguns dos elementos do Estado, em
similaridade com particularidades das facções criminosas. Primeiro, tratando-se do
território, verifica-se que toda a facção possui uma área geográfica, que delimita o
território sob seu domínio, e espaço de atuação; em áreas dominadas, outras facções
ou grupos não podem entrar. E, apesar das facções terem domínio em diversas
localidades, o autor alerta que elas se fortalecem nas regiões periféricas, em razão da
grande vulnerabilidade social que existe ali.
18

Outro elemento do estado assimilado pela facção criminosa, segundo Farias


(2019), trata-se da soberania. A soberania, dentro da facção criminosa, é
representada pelo poder que ela detém; esse poder pode ser visto como poder
econômico, poder social, e influência, dentre outros. Verifica-se que a facção exerce
uma autoridade na comunidade em que ela atua, através da violência física, e também
por meio de uma autoridade moral, visto que ela é quem providencia determinados
serviços básicos para a comunidade. O autor afirma, inclusive, que em muitos casos
a autoridade que é exercida pela facção criminosa é muito mais respeitada, do que a
autoridade estatal, pois a facção está mais presente no cotidiano da comunidade. Bora
(2018) corrobora com este entendimento, e destaca que a consensualidade que é
prestada às facções se deve a imposição do medo, e também, na descrença no
Estado.
Por fim, Farias (2019) afirma que o estado paralelo representado pela facção
criminosa não se trata tão somente de uma ficção, de uma hipótese no campo teórico,
mas, trata-se de uma realidade, de um fato social real, porque as facções criminosas
já possuem características suficientes para caracterizar o seu poder paralelo.
A assimilação do poder que a facção exerce na sociedade é importante para
compreensão de como são os seus efeitos na segurança pública e outros segmentos.
Assim, ao analisar o fenômeno em estudo, é necessário considerar o quanto as
facções estão presentes no dia a dia e no espaço político-social.

2.1.3 Expansão e consolidação das facções no Brasil

O surgimento das facções no Brasil ocorreu entre as décadas de 1980 e 1990.


Passados quase quarenta anos desde a criação do Comando Vermelho, e trinta do
PCC, observa-se que esses grupos cresceram dentro de seus respectivos estados de
origem, e se expandiram para os demais estados brasileiros.
Nos primeiros anos de surgimento das facções, o Estado brasileiro negou a
existência de qualquer grupo criminoso, articulado, no interior do sistema prisional.
Durante a década de 1990, porém, o PCC ganha força dentro do Estado de São Paulo,
tanto nos presídios, como nas comunidades externas. E a partir de 2001, através do
episódio conhecido como Megarrebelião, a atuação das facções passou a ser mais
visível para as grandes massas, de forma mais articulada (MANSO; DIAS, 2017). Com
19

esses acontecimentos, a existência e atuação das facções dentro do sistema prisional


não é mais negada pelo Estado.
A partir de 2006, com outra grande rebelião no sistema prisional, o PCC e o CV
iniciam o processo de nacionalização, criando bases em outros estados e também
influenciando o surgimento de novos grupos (DIAS; RIBEIRO, 2019). Esse processo
evidencia o sucesso no cumprimento do estatuto do PCC, o qual previa uma “união
nacional do crime”, através da expansão para outros estados, por meio de alianças
comerciais entre facções e organizações criminosas. (DIAS; SALLA, 2019).
Esse fenômeno da migração das facções criminosas da região sudeste para as
demais regiões do Brasil pode ser designado pelo termo faccionalização, e pode ser
explicado a partir do movimento de expansão do PCC. Ferreira e Framento (2020)
dividem a história do PCC em três fase. Seu primeiro momento, o do surgimento,
ocorre entre 1993 e 2001, quando a facção nasce e toma corpo, dentro do sistema
prisional de São Paulo. A segunda fase ocorre entre 2001 e 2006, com início e fim do
período marcado por megarrebeliões, que denotam o período de estabilização da
facção, por meio do domínio de todos os presídios do estado de São Paulo.
A terceira fase, se inicia em 2006, com apogeu em 2014, e vigência até os dias
atuais. Esta fase é o seu momento de expansão, quando em 2006 o PCC se organiza
para instalar células em outros estados, e alcança esse feito em 2014, quando
consegue ter presença em todos os estados brasileiros (FERREIRA; FRAMENTO,
2020).
O surgimento e fortalecimento de facções pode ser associado a violência
policial, política de guerra às drogas e ambientes ditatoriais. (BATISTA; MACIEL,
2017; SÁ, 2017). Ademais, cita-se o aumento da população carcerária e a
precariedade do sistema prisional como fatores que influenciaram na consolidação de
facções criminosas no Brasil. (GEMINIANO, 2018).
A nacionalização das facções criminosas também foi fortemente influenciada
pelas políticas de segurança pública adotadas nas últimas décadas, como o alto
investimento e armamento e militarização das forças policiais, ao invés de
investimento em serviços de inteligência (FNSP, 2018).
Outro fator de influência para o crescimento desses grupos é o processo de
globalização, que permite o surgimento de novas facções, de atuação em âmbito
regional, e articulação delas através de redes; por isso, é possível afirmar que o
20

processo de globalização influencia diretamente o crescimento desses grupos


(FARIAS, 2019).
Verifica-se na atualidade, a presença de facções criminosas em todo o Brasil,
variando-se apenas o grupo e a quantidade deles em cada unidade da federação. A
figura 1, apresenta o mapa com as principais facções identificadas no país.

Figura 1- Mapa do Brasil com facções identificadas em cada UF

Fonte: Fórum Nacional De Segurança Pública (2018)

As facções se estabelecem através do poder que exercem dentro e fora do


sistema prisional. Quanto a sua atuação no ambiente interno dos presídios, ela se
refere tanto a interferência na gestão das unidades prisionais, quanto na provocação
de mudanças no cotidiano das prisões.
Teixeira (2018) destaca que a afirmação do poder que as facções têm dentro
das prisões, se denota quando a utilização do fator pertencimento à facção é utilizado
21

como critério para organização e distribuição dos presos nas celas, revelando a força
desses grupos, e, em contrapartida, a fragilidade do Poder Público na gestão do
sistema prisional.
O Gráfico 1 traz os dados acerca das unidades prisionais em que essa
realidade se apresenta. A Constituição Federal (2018) garante ao preso o direito de
cumprir sua pena conforme sua classificação, seguindo os critérios da natureza do
delito, da idade e do sexo do apenado. No mesmo sentido, a Lei de Execuções Penais
(LEP) garante a classificação segundo os antecedentes e a personalidade. Assim, a
inserção do critério facção mostra a relevância e o impacto que as facções causam
no sistema prisional.

Gráfico 1 - Critérios para classificação de presos nas unidades prisionais

Fonte: TEIXEIRA, 2018, p. 57

A força que as facções têm dentro do sistema prisional também é demonstrada


pela sua atuação violenta dentro dos estabelecimentos penais. Atos de violência são
verificados em brigas causadas pela rivalidade entre os grupos faccionais, e também
como uma forma de protesto contra situação precária das unidades prisionais
(CARVALHO; NEVES, 2018).
Batista e Maciel (2017) classificam esse fenômeno de “paz violenta”. Segundo
os autores, se tratam de momentos em que o Estado precisa demonstrar sua
autoridade e reprimir as facções, e por vezes o estado negocia com esses grupos. O
estado negocia a continuidade delitiva das gangues em troca de pacificação nas
prisões. Quando o pacto quebra, ocorrem as rebeliões e as lutas.
22

Sá (2017) aponta que a atuação das facções criminosas ultrapassa o âmbito


interno das unidades prisionais, porque elas possuem redes externas, através das
quais as pessoas privadas de liberdade continuam exercendo atividades criminosas,
como a coordenação do tráfico de drogas e de roubos.
No ambiente externo, a relação da facção com a comunidade pode ser
classificada como ambivalente, visto que, ao passo que os grupos concedem
benesses aos moradores das áreas periféricas, também fazem uso da força e da
opressão para perpetuação do poder (AZEVEDO; CRIPRIANI, 2015).
Portanto, a relação das facções com as comunidades em que se situam, e a
sociedade como um todo, pode ser expressada através dos índices de violência e
criminalidade; tema tratado na seção a seguir.

2.2 VIOLÊNCIA E CRIMINALIDADE

O tema da violência pode ser abordado sobre diversas perspectivas, além do


que, possui múltiplas formas de conceituação. Para o presente estudo, serão
priorizadas as abordagens jurídica e sociológica.
Souto et al. (2017) destacam a dificuldade de abordar o tema da violência diante
de sua complexidade e múltiplas causalidades, de modo que a discussão reflete nos
aspectos sociais, psicológicos, econômicos e etc. A compreensão do conceito de
violência deve considerar o contexto social, pois, os valores culturais e sociais são
determinantes do que é ou não considerado violência (MONTEIRO; SOUZA, 2018).
Assim, evidencia-se que a violência é multifacetada, não sendo possível em se falar
em uma forma universal de violência.
O sociólogo Sergio Adorno afirma que a violência são atos que perturbam a
ordem social, aquela que se reconhece como sendo a legítima, segundo o conjunto
de valores sociais, com uso da força desmedidas, violando limites e regras.
(ADORNO; NERY, 2019).
Considerando o contexto social e jurídico atual, Adorno e Nery (2019) afirmam
que a violência diz respeito à ofensa, à integridade física, aos valores ou ao patrimônio
de uma pessoa, concorrendo para transgressão de normas fundamentais estipuladas
na Constituição Federal e normativos internacionais.
Bernadino et al. (2017) destacam que, dentre as várias classificações possíveis
para a violência, existe a subdivisão entre violência doméstica e violência comunitária.
23

Para o presente estudo, interessa a compreensão da violência comunitária, pois, ela


é a que pode ser relacionada à criminalidade e às facções criminosas, enquanto a
violência doméstica se relaciona com questões de gênero.
Outra forma de classificação da violência é trazida por Monteiro e Souza (2018)
ao dividi-la em violência física e violência simbólica. A violência física é aquela que
atinge a integridade e a saúde física da vítima. Por outro lado, Modena (2016) explica
que a violência simbólica se relaciona com uma violação sistemática e estrutural de
liberdades fundamentais, e se exprime em problemas sociais como desigualdade
social e racismo.
Embora as facções criminosas possam ser relacionadas à violência simbólica,
já que a sua instalação em uma comunidade implica na violação de diversas
liberdades fundamentais, para o presente estudo, interessa a compreensão do
primeiro tipo, a violência física.
Outra classificação é abordada por Massimaculo (2019) que, com base na
tipologia da Organização Mundial da Saúde (OMS), a subdivide em violência
autodirigida, violência interpessoal e violência coletiva. A primeira trata da violência
contra si próprio; a segunda, da violência contra outros indivíduos; e a última, remete
a uma violência social, política ou econômica. Para esta pesquisa, interessa a
segunda classificação, a violência interpessoal.
Ante o exposto, a violência aqui abordada limita-se aos tipos de violência
comunitária, física e interpessoal. Tais formas de violência podem ser identificadas
através da criminalidade. Pois, mesmo em casos que a criminalidade se manifesta
sem práticas violentas, a exemplo dos furtos e do tráfico de drogas, ela influencia
diretamente o aumento da violência.
Neste sentido, há estudos relacionam a ocorrência de ilícitos penais não
violentos, como o tráfico de entorpecentes, ao aumento da violência (BERNADINO et
al, 2017). No caso de crimes violentos, fala-se no conceito de criminalidade violenta,
restringindo ao estudo de crimes cometidos mediante violência.

2.2.1 Relação entre a violência e as facções

A relação da violência com as facções criminosas pode ser explicada a partir


da perspectiva da violência como uma forma de poder.
24

Paviani (2016) afirma que a violência é uma manifestação de poder, e a


relaciona ao Estado. Neste sentido, a autora explica que a violência pode ser usada
para instituir o poder, para mantê-lo, ou até desintegrá-lo; certo é que, o poder e a
violência são a essência de um governo.
Desse modo, a força física já era utilizada para fundamentar as ações do
Estado desde os tempos mais remotos, em que a violência era empregada para
assegurar as amarras políticas (CARNIO; GUERRA FILHO; PEREIRA, 2017).
Contudo, Misse (2016) alerta que, na modernidade, a violência como recurso político
não é usada somente pelo Estado, mas, que, cada vez mais é usada por grupos
terroristas, pelo crime organizado, para estruturar rebeliões, dentre outras
possibilidades.
Nesse contexto, vislumbra-se como as facções criminosas podem fazer o uso
da violência para afirmarem seu poder dentro das comunidades que dominam.
Para Bora (2018) é possível estabelecer uma relação direta entre a violência e
as facções criminosas, pelo fato de que esses grupos nascem no interior do sistema
prisional, um local marcado pela violência como meio essencial de socialização e de
sobrevivência.
Adorno e Nery (2019) corroboram com esse posicionamento, destacando que
no final do século XX, quando o Brasil experimentava uma transição de regime
político, houve grande crescimento de algumas formas de violência, entre as quais,
destaca-se o homicídio, por vezes relacionado ao crime organizado. Os autores
complementam que a violência foi se agravando cada vez mais com o avanço
tecnológico, aumento dos crimes de ódio e, especialmente, domínio do sistema
prisional por facções criminosas.
Essa relação entre as facções e o aumento da violência no fim do século XX é
corroborada por Manso e Dias (2017). Segundo os autores, o uso da violência pelas
facções criminosas é fato antigo, remota desde o surgimento do Comando Vermelho
no Rio de Janeiro, quando no processo de territorialização, a violência era usada para
estabelecer suas bases nas comunidades periféricas.
A violência é utilizada pelas facções como meio para afirmação do seu poder,
de modo que, seus atos são uma contraposição à violência institucional e também a
outros grupos, bem como, é usada para controle da gestão prisional (SÁ, 2017).
Segundo Araújo (2018), o aumento da criminalidade está ligados às facções
criminosas a medida que elas usam da força como forma de manter o seu poder.
25

Engendra-se, portanto, que a violência é usada como uma forma de validação


da autoridade que as facções criminosas exercem nas comunidades em que atuam.
Assim, o surgimento e o desenvolvimento de uma facção sugerem o aumento da
violência, em especial, durante o processo de territorialização, que é o momento em
surgem disputas pelo domínio de determinado território.
Considerando o contexto brasileiro, em que as facções criminosas surgiram na
região Sudeste e expandiram-se para as demais regiões, deve-se considerar a
possibilidade de que tais regiões tiveram aumento em seus índices de criminalidade,
em decorrência da chegada dessas facções. Fazendo-se necessário a confirmação
dessa hipótese para descrição e a compreensão de como se deu o processo de
faccionalização da região Norte do Brasil e suas implicações.
26

3 MÉTODO

3.1 TIPO DE PESQUISA

O presente estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental, com


abordagens quantitativa e qualitativa, e finalidade é descritiva.
Estudos que buscam relacionar um conjunto de determinadas variáveis, como
na presente pesquisa, são comumente estudos descritivos, em que se busca
compreender e descrever como uma variável influencia na outra (CARVALHO et al,
2019). Portanto, objetiva-se descrever, através desta pesquisa, como o aumento da
violência está relacionado à expansão das facções criminosas.
Quanto ao seu procedimento, adotam-se as pesquisas bibliográfica e
documental. A primeira se define pela utilização de fontes secundárias, enquanto a
segunda, se define como aquela em que o pesquisador realiza o tratamento direto de
dados, e a coleta é restrita a documentos (BASTOS; FERREIRA, 2016). Severino
(2017) destaca que a pesquisa documental é feita em documentos que não receberam
tratamento analítico, portanto, aplicável ao presente estudo, visto que, serão
analisados indicadores de violência em sua forma primária, sem interpretações
anteriores.
Optou-se por utilizar duas abordagens para melhor adequação do estudo dos
dois fenômenos estudados: a) as facções criminosas, em que será feita abordagem
qualitativa; o aumento da violência, em que será feita uma abordagem quantitativa.
A abordagem qualitativa é adequada ao estudo de fenômenos sociais que, por
sua natureza, exigem uma análise além da sua quantificação, mas, também, da
interpretação de seus significados e valores (CARVALHO et al, 2019). Neste sentido,
o estudo qualitativo das facções criminosas permitirá a compreensão de suas
características, valores e efeitos sociais.
A abordagem quantitativa, por outro lado, trata dos fatos, usando de variáveis
determinadas com rigor, e se utilizando da linguagem matemática para análise
(CARVALHO et al, 2019). Não se limitando, simplesmente, ao procedimento
metodológico adotado nesta pesquisa, mas, a abordagem dada ao estudo, quanto aos
seus fundamentos (SEVERINO, 2017); pois, os indicadores adotados serão usados
para mensurar o aumento da violência e indicar a forma e o contexto em que isso
27

ocorre. No presente caso, as variáveis adotadas para análise dos fatos são os
indicadores de violência, selecionados conforme critério de relevância, como será
melhor detalhado na seção 3.4.

3.2 ÁREA DE REALIZAÇÃO

A área de realização do estudo é a Região Norte do Brasil. Compõem a região


sete estados: Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia, Roraima, Pará e Tocantins.
A maior região do Brasil é a do Norte, a qual tem 93% do território coberto pelo
bioma Amazônico, mas, também é a que possui a menor densidade demográfica.
(CAPI et al, 2019; LOBÃO; LIMA; STADUTO, 2018).
A região norte tem sua economia voltada à atividade agropecuária e
extrativista, e baixa contribuição no PIB nacional, refletindo sua realidade
socioeconômica; apesar disso, há uma expectativa de desenvolvimento diante das
inúmeras políticas públicas com esse foco. (LOBÃO; LIMA; STADUTO, 2018).
A região tem altas taxas de desigualdade, altos percentuais de pobreza, pouca
infraestrutura e saneamento básico (CAPI et al, 2019). São fatores que influenciam
para disparidades regionais quanto aos índices de desenvolvimento. Nesta
perspectiva, Roraima e Amapá destacam-se com um IDH alto, com índices de 0.707
e 0.708, respectivamente. Mas, os demais estados possuem IDH médio, com índices
entre 0.646 e 0.699. (ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO, 2020). Os dados
se referem ao Censo do IBGE de 2010, e estão representados na figura 2.

Figura 2 - Mapa do IDH Região Norte

Fonte: ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO, 2020


28

Com relação à segurança pública, a região Norte possui dois dos cincos
estados que mais aprisionam no Brasil, Acre e Rondônia; e também, duas dentre as
seis piores prisões do país, Presídio Urso Branco em Rondônia e Cadeia Pública Vidal
Pessoa no Amazonas (TAVARES, 2016). Esses dados indicam que o cenário de
segurança pública na região é afetado por problemas graves, os quais podem refletir
nas variáveis estudadas nesta pesquisa: índices de criminalidade e presença de
facções criminosas.

3.3 COLETA DE DADOS

Para atender o problema proposto nesta pesquisa, os dados coletados podem


ser divididos em dois conjuntos: dados relativos às facções da Região Norte; e dados
relativos à criminalidade nessa região.
Quanto ao primeiro conjunto, foram utilizadas fontes documentais e fontes
bibliográficas para levantar dados como: facções existentes na região norte, origem,
ligação com CV ou PCC, características e formas de atuação.
Quanto ao segundo conjunto, o procedimento para coleta de dados seguiu as
seguintes etapas: definição do período da pesquisa; seleção dos indicadores que
seriam utilizados; e pesquisa nos bancos de dados.
O período de realização da pesquisa compreende um intervalo de que vai de
2007 a 2017. O termo inicial da pesquisa, 2007, se dá após a megarrebelião de 2006,
que marca a consolidação do CV e do PCC em seus territórios, Rio de Janeiro e São
Paulo, respectivamente, e sua extensão a outros estados. (MANSO; DIAS, 2017;
DIAS; RIBEIRO, 2019). Assim, é possível avaliar os impactos dessas facções em
outras regiões a partir dessa data.
Os dados de 2017, termo final do período de pesquisa, são os dados mais
recentes e consolidados registrados no Atlas da Violência, banco de dados do Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Com isso, o período determinado para
realização da pesquisa é adequado para compreensão da evolução do fenômeno em
estudo, dentro da região norte, desde seus primeiros anos até a contemporaneidade.
Com relação à seleção dos indicadores, buscou-se aqueles que são apontados
pela literatura especializada, seguindo os critérios de relevância, relação com facções
criminosas e crimes cometidos mediante violência.
29

Costa e Corrêa (2018) e Cardoso et al (2016) defendem que as taxas de


homicídio são relevantes para pesquisas do gênero por serem as mais apuradas, além
de ser a principal causa de morte entre jovens de 15 a 24 anos; portanto, um bom
parâmetro para a mensuração da criminalidade.
Outro indicador relevante é a taxa de roubos, visto que os crimes contra o
patrimônio ocorrem com muita frequência nos centros urbanos, e o no caso do roubo,
ele ser cometido mediante violência ou grave ameaça, o põe em situação de
preocupação (COSTA; CORRÊA, 2018). Farias (2019) aponta que homicídios, roubos
e furtos são atividades criminosas comuns entre as organizações criminosas, como
no caso das facções. Araújo (2018) acrescenta que atos de violência podem ser
associados às facções.
Assim, os índices a serem utilizados são as taxas de: a) Homicídio b) latrocínio;
e c) roubo de veículos.
Por fim, a pesquisa por bancos de dados considerou os critérios de
confiabilidade e disposição de dados sobre os indicadores selecionados. Dessa forma,
foram definidos como banco de dados o Atlas da Violência, do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (IPEA), e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

3.4 ANÁLISE DE DADOS

A análise dos dados qualitativos será realizada por meio da técnica de análise
de conteúdo, segundo o método de Bardin (2016). Segundo o autor, a análise de
conteúdo trata-se de “um conjunto de técnicas que visa obter por procedimentos
sistemáticos e objetivos de descrição de conteúdo das mensagens, indicadores que
permitam a inferência de conhecimentos referentes às condições de produção dessas
mensagens” (2016, p. 44).
Este tipo de análise envolve três etapas: a pré-análise, que consiste na leitura
inicial e anotações das primeiras impressões dos resultados; a exploração do material,
que consiste na leitura aprofundada, como codificação e categorização dos
resultados; e o tratamento dos resultados com inferências e interpretações, fase em
que se buscará a interpretação do fenômeno. (BARDIN, 2016).
A análise dos dados quantitativos, no caso, os dados referentes aos índices de
criminalidade, será feita através de estatística descritiva, utilizando métodos simples
30

de cálculo de frequências absoluta e relativa. Para tanto, será utilizado o software


Excel. Os dados, após tratados, serão apresentados em gráficos e tabelas.
A Figura 3 traz a metodologia da pesquisa de forma esquematizada.

Figura 3 - Esquematização do método da pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora


31

4 RESULTADOS

Este capítulo apresenta os primeiros resultados obtidos, os quais serão


discutidos na próxima fase da pesquisa.
Inicialmente são apresentados os dados relativos a identificação das facções
presentes nos estados da Região Norte. Em seguida, apresentam-se os dados
relativos a criminalidade nesta região.

4.1 IDENTIFICAÇÃO DAS FACÇÕES ATUANTES NA REGIÃO NORTE

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2018), em pesquisa realizada entre


2014 e 2017, identificou a presença de 12 (doze) facções criminosas diferentes com
atuação nos estados da Região Norte. Sendo que, o CV e o PCC estão presentes em
todos os estados da Região Norte, exceto pelo Amazonas, onde o CV apenas possui
uma facção filiada, a Família do Norte (FDN).
Os resultados desta pesquisa apontam para um cenário mais abrangente, com
a presença de 20 (vinte) facções diferentes instaladas na Região Norte do Brasil.
Algumas destas facções tiveram origem no Sul, Sudeste ou Nordeste, e se
expandiram para o Norte, a exemplo do PCC e do CV. Outras tem origem local, como
o Bonde dos Treze (B13), Família do Norte (FDN), e Bonde dos Trinta. O Quadro 1
apresenta a síntese dos resultados.

Quadro 1 - Síntese dos resultados para facções identificadas na Região Norte


Sequência Facção Características Referência
Se estabeleceu nos estados da Região
Norte entre os anos de 2012 e 2013,
posteriormente à chegada do PCC. Com TEIXEIRA,
estas duas facções disputando territórios na 2018;
região, surgiram diversos conflitos violentos. FERREIRA;
Comando
No Amapá, no Tocantins e no Pará, os FRAMENTO,
1
Vermelho - CV conflitos entre o PCC e o CV são 2019; SILVA,
moderadas, em relação ao conflito 2017;
estabelecido no Acre, Amazonas, Roraima e ESPÍNDULA,
Rondônia, onde a disputa entre as duas é 2018
intensa, assim como a violência estabelecida
nas comunidades
32

Se instalou na Região Norte entre 2009 e


FERREIRA;
2013, inicialmente no estado do Pará, indo
FARMENTO,
aos poucos para os demais estados. Tem
Primeiro Comando 2019;
2 algumas facções regionais como aliadas, e
da Capital - PCC ARAÚJO;
outras como fortes rivais, o que torna o PCC
SILVA, 2019;
protagonista de diversas rebeliões e ondas
SILVA, 2017
de violência na região.

Criada no Estado do Amazonas, entre os


anos de 2006 e 2007. A FDN mantém seu
domínio no seu estado de origem, bem como FARIAS,
em diversos outros estados da Região Norte, 2019;
Família do Norte -
3 sendo considerada a terceira maior facção FERREIRA;
FDN
do país, atrás somente do PCC e do CV. O FRAMENTO,
objetivo inicial da FDN era o levantamento 2019
de uma oposição ao PCC, para isso, tornou-
se aliada do CV.
O Bonde dos Treze (B13) é uma facção
regional, com base territorial no estado do
Acre, com cerca de sete anos de existência.
TEXEIRA,
Foi fundada em 2013, com o objetivo de
Bonde dos Treze – 2018;
4 enfrentar o PCC. Apontada como fator de
B13 ARAÚJO;
influencia para o aumento da criminalidade
SILVA, 2019
neste estado, em razão das disputas com as
facções rivais.

Facção de origem local, com atuação no


estado do Pará. Se estabeleceu na Região
do Baixo Tocantins, e usa canais dos rios
DÓREA et al,
para traficar armas e drogas entre os mais
Bonde dos Trinta – 2018;
5 diversos municípios da região. Além do
B30 COUTINHO,
tráfico de drogas, é característico da facção
2020
B30, a execução de roubos a bancos e
subtração de valores milionários, com
atuação tanto no Norte, quanto no Nordeste
Criada em 2012, como forma de oposição às
Primeiro Comando TEXEIRA,
6 facções dominantes, CV e PCC, dentro do
do Panda – PCP 2018
sistema prisional de Rondônia.

Facção regional, independente, mas próxima SANTOS;


Comando Classe A
7 ao PCC. Também tem o estado do Pará BAQUEIRO,
- CCA
como base territorial. 2020

Vinculada ao CV, sede na região


Primeira Guerrilha metropolitana de Belém, atua no roubo de
COUTINHO,
8 do Norte – PGN bancos nas regiões Norte e Nordeste do
2020
Brasil

Irmandade Força Facção com base territorial no estado do


Ativa Acre, criada em 2011, sendo apontada como
TEXEIRA,
9 Responsabilidade a mais antiga. Possui cerca de 400
2018
Acreana – IFARA membros.

União do Norte Facção local com sede no estado do Pará


10 FNSP, 2018
Facção local com sede no estado do
11 Máfia Tocantinense FNSP, 2018
Tocantins
33

A segunda maior facção do Rio de Janeiro, TEXEIRA,


rivaliza com o CV pelo controle do tráfico 2018;
12 Amigos
naquele estado, com presença identificada ESPÍNDULA,
dos Amigos - ADA
no estado de Rondônia 2018.
TEXEIRA,
Terceiro Comando Facção originária no Rio de Janeiro, com 2018;
13
Puro - TCP presença em outros estados, como ESPÍNDULA,
Rondônia 2018.
Facção local com atuação em Rondônia,
seus primeiros membros deram origem ao TEXEIRA,
14 PCP, mas, os membros que se recusaram a 2018;
Crime Popular - CP
formar qualquer aliança com o CV ou PCC, AMARAL,
permaneceram 2019

Outra facção criminosa local, nascida no


TEXEIRA,
sistema prisional de Rondônia. Assim como
2018;
o Crime Popular, é uma facção pequena,
15 Amigos Leais - AL AMARAL,
com menor atuação do que as facções que
2019
se destacam em Rondônia, como o PCP e a
FDN
Sindicato do Crime
16 Facção criada no Rio Grande do Norte, com
- SC
presença também em Rondônia
TEXEIRA,
Primeiro Facção criada no estado de Santa Catarina, 2018;
17
Grupo Catarinense em 2003, com presença identificada no ESPÍNDULA,
(PGC) estado de Rondônia 2018.
Maior e mais antiga facção do Rio Grande TEXEIRA,
do Sul, com presença na Região Norte, 2018;
18 Os Manos
identificada especialmente dentro do ESPÍNDULA,
Sistema Penitenciário Federal de Rondônia 2018.

Facção com origem no Rio Grande do Sul,


TEXEIRA,
19 Os Aberto com presença na Região Norte, identificada
2018;
especialmente dentro do Sistema
Penitenciário Federal de Rondônia

Facção com origem no Rio Grande do Sul,


Bala TEXEIRA,
20 com presença na Região Norte, identificada
na Clava 2018;
especialmente dentro do Sistema
Penitenciário Federal de Rondônia
Fonte: Elaborado pela autora

Dentre as facções identificadas, é possível inferir que pelo menos onze delas
(Sequências de 1 a 11, Quadro 1) são facções criminosas consolidadas em seus
respectivos territórios, pois, sua presença na Região Norte é afirmada de forma
recorrente nas fontes de pesquisa.
Por outro lado, as facções Amigos dos Amigos, Terceiro Comando Puro, Crime
Popular, Amigos Leais, Sindicato do Crime, Primeiro Grupo Catarinense, Os Manos,
Os Aberto e Bala na Clava são identificadas em menor frequência, razão pela qual,
pode-se afirmar que apesar de terem membros destas facções na Região Norte, elas
34

ainda não estão tão estruturadas e consolidadas quanto as demais facções, que já
possuem raízes nos estados nortistas.
Manso e Dias (2017) apontam que é comum a presença de facções criminosas
em determinado território, sem a consolidação de seu poder, quando se tratam de
grupos menos organizados, e com menor capacidade de articulação. Dessa forma,
considerando apenas as facções que já se consolidaram na Região Norte, a
faccionalização dessa região é representada no mapa da Figura 4.

Figura 4 - Mapa com facções identificadas na Região Norte

Fonte: Elaborado pela autora

De acordo com Couto (2019), a associação entre facções criminosas trata-se


de uma estratégia para a expansão das atividades criminosas, em especial, o tráfico
de drogas, de forma que as conexões que surgem dessas alianças facilitam a
produção e a circulação de entorpecentes ilícitos, tornando a atividade ilegal mais
lucrativa.
Com isso, infere-se que o crescimento acelerado no número de facções que há
na Região Norte pode ser justificado a partir de um movimento de expansão do tráfico
de drogas e outras atividades ilícitas praticadas por esses grupos. Razão pela qual,
observa-se um grande número de facções na Região Norte, algumas pequenas,
outras grandes, algumas com origem em outras regiões, e outras com origem local.
35

Mas, o fato é que a Região Norte possui a presença de um grande número de facções,
que rivalizam entre si, impactando na segurança pública da região.
Além disso, o surgimento de facções criminosas locais também pode ocorrer
como resposta à atuação do PCC, identificada como a maior do país. Estudos indicam
que muitos grupos locais têm se organizado sob a forma de facção criminosa para
apoiar ou enfrentar o PCC (FNSP, 2018). Portanto, o crescimento das facções
criminosas, enquanto fenômeno social, pode ser considerado um reflexo da atuação
intensiva do PCC, que além de expandir sua atuação por si próprio, influencia o
surgimento de outros grupos menores.
Das facções identificadas, observou que o PCC, o CV e a FND se destacam
como as três maiores facções, com expressividade em todo o território nacional.
Dentre as facções locais, o Bonde dos Trezes, o Bonde dos Trinta, o Primeiro
Comando do Panda e o Comando Classe A são as que mais se destacam, por seu
domínio dentro de seus respectivos estados. Nas seções abaixo são destacadas as
características e informações de cada uma.

4.1.1 Primeiro Comando da Capital - PCC

O Primeiro Comando da Capital (PCC) é a facção criminosa mais conhecida no


Brasil, e também a que possui a maior abrangência e número de faccionados. Em
quase trinta anos de história, a facção adaptou-se ao contexto social, implicando em
mudanças na sua estrutura e funcionamento ao longo dos anos, provocando inúmeros
reflexos na sociedade, como se destaca nesta seção.
O PCC foi criado na década de 1990, no presídio de Taubaté-SP, com o fim
precípuo de lutar contra a opressão no sistema prisional paulista. É a maior facção do
Brasil, com presença em todas as unidades federativas, e forte atuação em outros
países da América Latina (TEIXEIRA, 2018).
A facção nasceu e se manteve no estado de São Paulo durante seus primeiros
anos de existência, mas, aos poucos, foi crescendo e se expandindo para outros
estados. De acordo com Ferreira e Framento (2020), um marco histórico na
consolidação do PCC foi a megarrebelião de 2006, em que foram executados
centenas de atos violentos dentro dos presídios, chegando até às ruas do estado de
São Paulo, algo nunca ocorrido antes. E, a partir deste momento, o PCC dá início a
36

um plano de expansão para outros estados brasileiros, razão pela qual a facção
cresceu tanto ao longo das décadas, chegando às demais regiões.
Nessas adaptações que o PCC foi realizando ao longo das décadas, destaca-
se a mudança de finalidade da facção. O referencial teórico apontou que, inicialmente,
a facção era direcionada a luta contra opressão no sistema prisional paulista e à
continuidade delitiva. Após 15 anos de sua fundação, o PCC inicia um processo de
transição, em que não se busca somente a continuidade delitiva, mas, o crescimento
da atividade criminal, e para tanto, precisou se estabelecer em outros estados e
regiões.
Ferreira e Framento (2020) afirmam que mudanças na estrutura organizacional
do PCC foram essenciais para que a facção conseguisse expandir seu domínio, pois,
a região geográfica e também em funções. Essas “Sintonias”, como são chamadas
essas subdivisões, são classificadas entre São Paulo e os demais estados, e entre o
sistema prisional e as comunidades.
A estratégia de crescimento do PCC expressa as características identificadoras
de uma facção criminosa, a saber, a estruturação, a hierarquia, e a solidariedade entre
os membros, dentre outras, estabelecendo diferenças entre uma facção e outras
formas de organização criminosa.
A cognição dessas diferenças é importante para a compreensão dos efeitos
que tem a fundação de uma célula de facção criminosa na comunidade. Os impactos
da chegada do PCC na Região Norte são sentidos tanto na segurança pública, quanto
em outros aspectos sociais, porque é um grupo com ideologia, com valores, com
regras, e com objetivos, que acabam por se disseminar no meio social.
A presença do PCC nos estados da Região Norte deu-se aos poucos, os
resultados da pesquisa apontam que foram instalando células da facção nos estados
um a um, em anos diferentes. Em alguns estados o PCC chegou como aliado, como
é o caso do estado do Pará, onde o PCC estabeleceu aliança com o Bonde dos Trinta;
em outros estados chegou como inimigo, como no estado do Amazonas, onde rivaliza
com a Família do Norte, resultando em ações violentas dentro e fora do sistema
prisional.
O primeiro estado a receber uma célula do PCC foi o estado do Pará, cuja a
chegada facilitou, estrategicamente, a entrada da facção nos demais estados da
região. No Pará, o PCC se estabeleceu em 2009, e adotou estratégias específicas de
recrutamento, diferente da adotada no Sudeste, selecionando famílias inteiras para se
37

associarem à facção, fazendo com que seu número de membros crescesse


rapidamente (DÓREA et al., 2018).
Em Rondônia, a instalação do PCC ocorreu em 2011, e em Roraima entre 2012
e 2013 (TEIXEIRA, 2018). No estado do Acre, uma célula do PCC foi iniciada em 2012
(ARAÚJO; SILVA, 2019). No estado do Tocantins, o PCC está instalado pelo menos
desde 2013, quando foi apreendida lista com 22 faccionados em um presídio no
interior do estado. A atuação dessa facção nesse estado está ligada, diretamente, à
ocorrência de motins e fugas do sistema prisional tocantinense (SILVA, 2017).
No Amazonas, em 2013, o PCC entrou em conflito com a FDN, provocando
rebelião e brigas dentro do sistema prisional, em que a facção exigia a separação dos
presos faccionados, para redução das brigas internas. (SIQUEIRA; PAIVA, 2017).
Portanto, pode-se afirmar que o PCC chegou à Região Norte entre os anos de
2009 e 2013, se instalando nos estados um a um, e se envolvendo em conflitos no
sistema penitenciário. Dessa forma, corrobora-se a hipótese de que o crescimento das
facções criminosas tem provocado aumento da violência na região, haja vista que, a
chegada do PCC ao Norte do país foi acompanhada de rebeliões e conflitos com os
criminosos locais.
No ano de 2014, o PCC intensificou mais ainda suas ações de expansão, atuou
de forma ostensiva para instalação de novas células e batismo de novos faccionados
(SANTOS; BAQUEIRO, 2020). Em 2010, a presença do PCC era identificada em sete
estados brasileiros e, em 2014, a facção já havia chegado em todas as unidades
federativas, acarretando em uma sequência de disputas regionais pelo controle do
tráfico de drogas. (MANSO; DIAS, 2017).
O feito do PCC, o seu sucesso na conquista de novos territórios para a
criminalidade, expressa o sucesso de sua estratégia de organização e distribuição de
funções. O crescimento por meio da articulação das células e Sintonias denota a sua
consolidação na Região Norte, onde conseguiu se instalar em sete estados diferentes,
ao longo de quatro anos (2009-2013).
Como resultado direto da presença do PCC na Região Norte, na última década,
a facção protagonizou diversas rebeliões no sistema prisional dos estados nortistas,
em decorrência dos conflitos com as facções locais. Para compreender melhor essa
relação, importa destacar a configuração das alianças e conflitos entre as facções
presentes na região.
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O PCC e o CV tinham uma espécie de acordo, uma parceria para execução


conjunta de crimes, que nunca chegou a se efetivar, mas, impediu que um conflito
armado eclodisse entre eles. As facções se uniram com o fim de melhorar seu
desempenho no tráfico de drogas, e o desejo de intensificar essa atividade ilícita foi
também responsável pela fissura entre elas. Em 2016, houve o rompimento dessa
aliança, e diversas disputas nas comunidades e territórios em que as facções estão
presentes se iniciaram. Considerando a forte presença de ambas as facções em todas
as regiões do Brasil, essas disputas espalharam pelo país uma onda de violência e
de rebeliões no sistema prisional. (SANTOS; BAQUEIRO, 2020).
Nesse contexto, destacam-se as rebeliões de 2017, no Amazonas, que resultou
na morte de 56 presos, e fuga de mais 184; e em Roraima, que resultando na morte
de 33 presos dentro do sistema prisional (RODRIGUES; LOPES, 2017; FERREIRA;
FARMENTO, 2019). A violência perpetrada por essas rebeliões afeta a paz social,
produzindo impactos em toda a sociedade.
Portanto, infere-se que o marco da presença do PCC na Região Norte é a
violência e os conflitos que acompanham a sua atuação. Durante anos, as duas
maiores facções do Brasil, PCC e CV tinham uma aliança silenciosa, cada uma atuava
em seu território e respeitava o território da outra. Mas, com o rompimento em 2016,
e a luta de ambas pela conquista de novos territórios na Região Norte, a região tornou-
se cenário de violência provocada pelos conflitos entre os faccionados.
Essas disputas geraram um cenário de violência dentro e fora do sistema
prisional. Razão pela qual, o aumento da criminalidade na Região Norte pode ser
influenciado pelo fenômeno da faccionalização do Brasil, liderado pelo PCC.

4.1.2 Comando Vermelho - CV

O Comando Vermelho (CV) é a facção mais antiga do Brasil, formada na


década de 1970, no estado do Rio de Janeiro, tornando-se, hoje, a segunda maior
facção do Brasil, atrás somente do PCC. A facção do CV possui hegemonia em seu
estado de origem, e está presente nos demais estados brasileiros, onde disputa com
facções rivais pelo controle do tráfico de drogas. Por esta razão, a presença da facção
dos estados da Região Norte também contribui para a violência e a criminalidade na
região, relação que será aprofundada nesta seção.
39

O surgimento do CV é atribuído a união de presos comuns com presos políticos


do regime militar, na década de 1970, que resultou na politização e transmissão de
conhecimento entre os presos, levando-os a formar uma um grupo de oposição às
mazelas do sistema prisional fluminense (CIPRIANI, 2016).
Assim, as facções criminosas têm em suas raízes um aspecto político e social,
que orienta sua organização, suas atividades e suas regras. Entretanto, a união de
esforços dos criminosos também se voltou a prática de crimes, o que impulsionou o
crescimento e a consolidação da facção.
Com isso, pode-se afirmar que o Comando Vermelho faz parte desse
movimento de faccionalização do Brasil, identificado por Manso e Dias (2017), em que
as facções do Sudeste estão indo para as demais regiões e travando disputas
territoriais, produzindo impactos sociais nestas regiões, incluindo a Região Norte do
Brasil.
O CV também se estabeleceu nos estados da Região Norte entre os anos de
2009 e 2013, mesmo período de instalação do PCC. Mas, aportou primeiro em
Rondônia, no ano de 2009. Sua chegada na região está relacionada às transferências
entre presos do sistema penitenciário federal, que permitiu a integração entre líderes
criminosos de diversos estados (TEIXEIRA, 2018; FERREIRA; FRAMENTO, 2019).
Assim, a expansão do CV reproduz o fenômeno que deu origem a facção, a
transmissão de conhecimentos e experiências entre presos com historicidades
diferentes. Portanto, a própria política criminal e as medidas de segurança pública
tomadas pelas autoridades brasileiras foram fatores condicionantes do surgimento e
consolidação da facção nos estados nortistas.
Outro fator que contribuiu para o crescimento do CV na região foi a diferença
na sua postura institucional, em comparação com o PCC. Analisando as mudanças
sofridas ao longo das últimas três décadas por estas duas facções, observa-se que a
finalidade proteção social do preso e enfrentamento da opressão no sistema prisional,
aos poucos, foi dando espaço para o avanço da criminalidade. Contudo, Araújo (2018)
afirma que o CV é a facção que atualmente mais valoriza os princípios e objetivos
iniciais da facção, mantendo, até hoje, regras de recrutamento rígidos, regras de
proteção dos membros também muito rígidos.
Coutinho (2020) corrobora com essa análise, e cita que o Bonde dos Trinta, no
Pará, abandonou o PCC e aliou-se com o CV justamente em razão da primeira não
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ser tão fiel aos membros, não dar assistência, e não se empenhar em retalhar quando
algum membro é morto, ao contrário do CV que dá toda a assistência necessária.
Portanto, a postura institucional do CV fez com que a facção ganhasse aliados,
e tivesse mais prestígio entre os faccionados. Assim, a facção construiu bases locais
para a sua consolidação nos territórios da região.
Um terceiro fator, que contribuiu para o crescimento do CV na Região Norte, foi
a quebra de sua aliança simbólica com o PCC. De acordo com Ferreira e Framento
(2019), o rompimento do CV com o PCC, em 2016, se deu por iniciativa da primeira,
ao perceber o avanço do PCC no Amazonas e, consequentemente, o seu crescimento
no tráfico internacional na região.
A partir do rompimento com o PCC, o Comando Vermelho faz uso de uma
estratégia comum entre as facções, a formação de alianças com facções locais ou
regionais, tanto para intensificar a atividade criminal, quanto para enfrentar facções
rivais. (GONÇALVES, 2018). A territorialização, através da formação de alianças,
propicia a criação de redes que amplificam a atividade criminal, sendo, portanto, um
fator que beneficia as facções (COUTO, 2019).
Assim como o surgimento de uma facção produz efeitos na sociedade, a
formação de redes entre elas também gera impactos. Podem ser citados os efeitos
sentidos na segurança pública, quando dessas alianças se originam a “paz violenta”,
citada por Batista e Maciel (2017), que são os momentos em que o Estado negocia
com esses grupos para manutenção da ordem social; bem como, quando as alianças
e disputas dão origens a conflitos violentos na comunidade.
Segundo Espíndula (2018), no Amapá, no Tocantins e no Pará, os conflitos
entre o PCC e o CV são moderadas, em relação ao conflito estabelecido no Acre,
Amazonas, Roraima e Rondônia, onde a disputa entre as duas é intensa, assim como
a violência estabelecida nas comunidades.
No estado do Acre, as disputas entre o CV e o Bonde dos Treze, facção local,
tem gerado violência dentro e fora do sistema prisional. Uma pesquisa de Araújo e
Silva (2019), sobre os índices de homicídio na capital acreana, concluiu que de 2015
para 2016 houve aumento de 87,5% na taxa de homicídios está diretamente
relacionada às disputas entre as duas facções que se iniciaram no segundo semestre
de 2015.
Diante dos resultados apresentados, é possível afirmar que o CV se expandiu
para toda a Região Norte, exercendo domínio direto, ou por meio de sua principal
41

aliada, a FDN. Tal expansão contribuiu para o aumento da criminalidade na região,


haja vista que, mesmo com da formação de alianças em alguns estados, nos demais
estados impera a disputa violenta pelo domínio do território.

4.1.3 Família do Norte - FDN

A Família do Norte, designada pela sigla FDN, é uma facção criminosa


amazonense, criada entre os anos de 2006 e 2007. A FDN mantém seu domínio no
seu estado de origem, bem como em diversos outros estados da Região Norte, sendo
considerada a terceira maior facção do país, atrás somente do PCC e do CV (FARIAS,
2019; FERREIRA; FRAMENTO, 2019).
A característica inicial que se destaca desta facção é o seu crescimento
exponencial, quando comparada às duas principais facções brasileiras. O CV tem
pouco mais de 40 anos de fundação, e o PCC tem quase 30 anos; o tempo de
existência de ambas pode justificar a consolidação delas no Brasil. Mas, a FDN tem
somente 13 anos de criação e já se posiciona entre as três maiores facções do país.
O objetivo inicial da FDN era o levantamento de uma oposição ao PCC, por
criminosos locais que não queriam ser filiados à esta facção, e nem queriam que ela
dominasse o comércio local de entorpecentes ilícitos. Assim, a Família do Norte foi
estabelecida, e logo formou aliança com o CV, também rival do PCC (FERREIRA;
FRAMENTO, 2019).
Com isso, se estabelece uma diferença primordial entre a formação da FDN e
do PCC e CV. Enquanto as facções do Sudeste foram formadas com um objetivo
social e humanitário, de lutar contra a opressão no sistema prisional, os resultados
desta pesquisa indicam que a FDN foi formada para combater o domínio de outra
facção, a fim de organizar e desenvolver as atividades criminosas locais.
Tal característica pode justificar o crescimento acelerado da FDN, frente o PCC
e o CV, pois, desde sua origem, a facção sempre foi voltada para o avanço do crime,
enquanto as facções do Sudeste assimilaram esse objetivo ao longo dos anos.
No estado do Amazonas, estão presentes apenas a FDN e o PCC (FNSP,
2018). Fato de comprova o poderio e a dominação de ambas as facções. Ressalta-se
ainda que, grupos menores e menos organizados foram incorporados à facção da
FDN em sua formação, a exemplo Primeiro Comando do Norte e Amigos do
42

Amazonas (CANDOTTI; CUNHA; SIQUEIRA, 2017), fato que também contribuiu para
o seu crescimento.
O conflito da FDN com o PCC é refletido nos índices de violência da Região
Norte. A título de exemplo, no Amazonas, em janeiro de 2017, a FDN liderou uma
grande rebelião no Complexo Prisional Anísio Jobim (Compaj), que resultou na morte
de 56 presos, e fuga de mais 184, enquanto disputava contra o PCC. (RODRIGUES;
LOPES, 2017). Dessa forma, a facção é marcada por sua rivalidade com o PCC,
tornando sua presença na comunidade um fator contributivo para a violência. A partir
disso, percebe-se a influência direta das facções criminosas na violência e
criminalidade da região.
Além do Amazonas, os resultados da pesquisa apontam que a FDN está
presente também nos estados de Roraima, Rondônia e Acre. A facção chegou em
Rondônia no ano de 2014, cerca de sete anos após a sua fundação E, no estado de
Roraima, teve seu primeiro conflito violento com o PCC em 2016, quando cerca de
100 familiares de presos foram feitos reféns, e 10 presos foram assassinados, dentro
do sistema prisional do estado. Neste mesmo ano, a facção executou a morte de três
presos no sistema prisional do Acre. (FERREIRA; FRAMENTO, 2019; TEIXEIRA,
2018).
Percebe-se que a presença da FDN nos demais estados da Região Norte é
acompanhada de sua característica principal, a forte oposição ao PCC. O conflito
existente entre ambas as facções concorre para o aumento da violência dentro do
sistema prisional e na comunidade externa, o que se denota pelos registros de
rebeliões e execuções nos estados em que se estabeleceu. Este fato corrobora com
os achados na literatura, de que a violência tem sido utilizada pelas facções como a
manifestação de seu poder e seu controle (BORA, 2018; ARAÚJO, 2018; MANSO;
DIAS, 2017).
A FDN também se encontra presente nas demais regiões do Brasil, a exemplo
da Região Nordeste e da Região Sul (PAIVA, 2019). A Família do Norte possui
aproximadamente treze mil membros, e domina o tráfico internacional de drogas na
região Norte, onde o Brasil faz fronteira com a Colômbia, Peru e Bolívia (CAMARGO,
2019).
A FDN estabeleceu seu domínio sob o tráfico de drogas aproveitando os cursos
dos rios amazônicos para transportar seus produtos de forma ilegal, dos países
vizinhos da América Latina para o Brasil (FERREIRA; FRAMENTO, 2019). Assim, a
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facção assume o caráter de atuação transnacional. Além do tráfico de drogas, a FDN


também atua no tráfico de armas e na lavagem de capitais, tendo faturamento mensal
de mais de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) por ano (TEIXEIRA, 2018).
Portanto, além de sua origem direcionada à expansão da atividade criminosa,
a FDN se fortaleceu na Região Norte em razão de sua localização estratégica e dos
recursos naturais locais, que facilitam as transações ilegais, ao passo que dificultam
a atuação das autoridades de segurança pública. Desse modo, a Região Norte torna-
se uma região de valor para a exploração do crime, justificando o grande interesse
das demais facções, e o porquê dos confrontos pelo domínio local.
Os impactos do estabelecimento da FDN na segurança pública, na Região
Norte, podem ser sentidos de várias formas. Destacam-se sua hegemonia no sistema
prisional, inclusive a ponto de negociar e participar da gestão; o seu domínio das
atividades criminosas, em especial o tráfico de drogas e de armas; as consequências
de seus conflitos na violência nas ruas, em razão das disputas por territórios; e, a sua
interferência política, inclusive, tendo concorrido para a eleição do governador José
Melo, em 2014, por meio de acordos obscuros e ilegais. (SIQUEIRA; PAIVA, 2017;
FERREIRA; FRAMENTO, 2019; FERREIRA; FRAMENTO, 2020)
Assim, infere-se os impactos sociais da formação ou instalação de uma facção
criminosa são observados na segurança pública de forma direta, através d aumento
da criminalidade e da violência, e também de forma indireta, através da corrupção e
formação de alianças ilegais com agentes políticos. Com isso, a FDN mantém atuação
em frente dupla, exercendo poder paralelo ao estado, e por meio de agentes oficias
que representam o poder estatal.
O domínio que a FDN estabeleceu nos estados da Região Norte acentua o
poder e a representatividade que ela possui frente o PCC, estabelecendo um poder
simbólico sob a região, tal qual o PCC estabeleceu em São Paulo (SIQUEIRA; PAIVA,
2017).
Diante disso, infere-se que o poder simbólico que a FDN e o PCC exercem na
Região Norte e Sudeste, respectivamente, expressa o estado paralelo que as facções
criminosas representam, tal como apontado no referencial teórico. O fato de cada vez
mais as facções criminosas crescerem e se fortalecerem, só acentua o poder e o
controle que uma facção exerce sobre a comunidade e a sociedade geral.
As semelhanças entre o PCC e a FDN também podem ser observadas a partir
dos impactos que geram nos estados em que eles não possuem domínio. Tal como o
44

PCC influenciou o surgimento de dezenas de facções criminosas pelo Brasil, a


expansão da FDN, para além do Amazonas, influenciou para o surgimento de outras
facções locais. Araújo (2018) cita, por exemplo, o surgimento da Guardiães do Estado
(GDE) no Ceará, que surgiu como uma oposição às facções externas e forma de
proteção dos criminosos locais, em especial, oposição à FDN, tanto que se aliou ao
PCC.
Dessa forma, o efeito que o PCC tem de impulsionar a faccionalização do Brasil
gera uma reação em cadeia, a ponto de que outras grandes facções, como a FDN,
também têm impulsionado essa faccionalização, estimulando diretamente a formação
de novas facções pelo país.

4.1.4 Bonde dos Treze – B13

O Bonde dos Treze (B13) é uma facção regional, com base territorial no estado
do Acre, com cerca de sete anos de existência. Apesar do pouco tempo de formação,
o Bonde dos Trezes figura entre as facções criminosas mais fortes e atuantes da
Região Norte, tanto por seu tamanho, quanto por sua atuação criminosa e violenta
intensiva.
De acordo com Araújo e Silva (2019), o Bonde dos Treze foi formado no Acre,
no ano de 2013, por um grupo de treze criminosos locais. O objetivo inicial do grupo
é levantar oposição ao PCC, e refrear o crescimento e a atuação da facção paulista.
Teixeira (2018) confirma que a facção foi formada em 2013, e acrescenta que
é a facção no estado do Acre com o maior número de membros, e que também possui
membros em outros estados e regiões, como no Rio Grande do Norte.
Dessa forma, o B13 é uma facção representativa do fenômeno da
faccionalização do Brasil, pois, denota esse movimento de surgimentos de facções de
atuação local, na Região Norte, tendo como principal causa de sua formação, a
expansão de facções mais antigas, como o PCC. Ademais, o tamanho que a facção
B13 possui é bastante expressivo, considerando o pouco tempo de existência, e
também o fato de ser uma facção de atuação regional, e não nacional.
Apesar de ter surgido como oposição ao PCC, atualmente o B13 é aliada do
PCC, e rivaliza com o CV. (FERREIRA; FRAMENTO, 2019). Tal fato gera impactos
sociais na comunidade e na segurança pública, haja vista que, as disputas entre
facções foram apontadas no referencial teórico como causa de aumento de violência
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na comunidade. Assim, sua atuação é ligada a diversos atos de violência e ao


crescimento da criminalidade no Acre.
Uma pesquisa de Araújo e Silva (2019), realizada na capital do estado, concluiu
que o crescimento de 87,5% na taxa de homicídios na capital, de 2012 a 2016, se
deve as disputas entre o Bonde dos Treze e o Comando Vermelho.
Especialmente, em 2015, quando as disputas locais pelo controle do tráfico no
estado se intensificaram, levando o B13 a executar uma série de atentados na capital
do estado, após facções rivais ordenarem a morte de membros da facção local.
(ARAÚJO; SILVA, 2019).
No ano seguinte, 2016, a facção também protagonizou cenas de violência no
sistema prisional e nas ruas, ao realizar uma rebelião no presídio Francisco D’Oliveira
Conde, ao mesmo tempo em que ordenava execuções de membros de facções rivais
fora da prisão (TEIXEIRA, 2018).
Ainda em 2016, uma das execuções realizadas durante a onda de crimes foi
filmada e divulgada na internet; a mídia divulgada retratou a morte um membro do CV,
por meio de decapitação, enquanto seus executores riam e faziam piadas (SILVA,
2018).
Assim, uma das características marcantes da facção B13 é a truculência e a
extrema violência com que executa seus rivais, e demonstra seu poder e domínio. E,
o aspecto violento que caracteriza a facção se evidencia dentro e fora do sistema
prisional.
A influência que o B13 exerce sobre a comunidade local é tamanha, que em
2015, durante os diversos ataques que empreitaram pelo estado, muitos cidadãos
iniciaram uma campanha na internet pedindo a soltura de um miliciano condenado por
diversos crimes, acreditando ser necessária a atuação dele para combater o crime
organizado. (TELES, 2017).
A partir desse resultado, é possível afirmar que a atuação da facção na Região
Norte provoca efeitos sociais graves na segurança pública, bem como na estrutura
social, política, econômica e cultural. Pois, além de intensificar a violência e a
criminalidade na região, a atuação da facção deu início a movimentos políticos e
sociais.
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4.1.5 Bonde dos Trinta – B30

O Bonde dos Trinta, designada pela sigla B30, é uma facção regional, surgida
no estado do Pará, onde mantem sua base territorial. O surgimento da facção B30
está ligada à chegada do PCC no Pará, e o rompimento dos criminosos locais com a
facção paulista, como se discute nessa seção.
A instalação de células do PCC no estado do Pará foi articulada por duas
famílias (quadrilhas locais), que atuam no estado desde o início dos anos 2000, e são
apontadas como principais autoras de roubos a bancos na região: os Irmãos Metralha
e a quadrilha Tucuruí-Redenção. Aponta-se que esses grupos foram responsáveis
pela vinda do PCC para o Pará, pois, intentavam organizar e articular melhor a
atividade criminosa, para expandir sua atuação. (COUTINHO, 2020).
Contudo, em 2014, trinta criminosos locais, que eram filiados ao PCC,
romperam com a facção paulista, e fundaram o Bonde dos Trinta, nascida no interior
do sistema prisional paraense (DÓREA et al., 2018).
Neste sentido, o PCC pode ser apontado como responsável primário pela
faccionalização da Região Norte, visto que foi a primeira facção a se instalar na região,
e também foi diretamente responsável pela criação de facções regionais, como o B30.
Reforçando que, uma facção criminosa gera impactos sociais através de seu próprio
crescimento, e condiciona o surgimento de outras.
A influência do PCC na formação da facção B30 corresponde à característica
da reprodução social que as facções possuem, em que a mesma lógica que deu
surgimento às facções na região Sudeste do Brasil, permite a reprodução dessa
estrutura em outros estados, através da inspiração para formação de novas facções.
O objetivo principal da formação do Bonde dos Trinta era a organização da
atividade criminosa, para fins de crescimento e fortalecimento do crime. Pois, havia o
entendimento que a organização sob forma de facção, a exemplo do que ocorreu com
o PCC e o CV, ajudaria o grupo fundador a articular a execução de mais crimes como
roubos, sequestros, tráficos e outros. (DÓREA et al, 2018).
Dessa forma, pode-se afirmar que o método de atuação, como a organização,
a hierarquia, e a estruturação, características de uma facção criminosa, foi que
estimulou a faccionalização do Pará, e abriu as portas para que ocorresse o mesmo
nos demais estados da Região Norte.
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Segundo Dórea et al. (2018), o Bonde dos Trinta se estabeleceu na Região do


Baixo Tocantins, e utiliza os canais dos rios para traficar armas e drogas entre os mais
diversos municípios da região. Além do tráfico de drogas, é característico da facção
B30, a execução de roubos a bancos e subtração de valores milionários, com atuação
tanto no Norte, quanto no Nordeste (Coutinho, 2020).
Ademais, a atuação da facção está ligada a diversos homicídios no estado do
Pará, cometidos precipuamente por dois motivos, para assegurar o domínio territorial
de criminalidade da facção, e para executar devedores, sejam usuários devedores de
drogas, ou intermediários e traficantes menores inadimplentes com o fornecimento da
facção. (DÓREA et al., 2018).
Além disso, o B30 nasceu no interior do sistema prisional paraense, onde seus
trinta fundadores estavam segregados, contudo, o crescimento da facção se deve a
estratégia de recrutamento tanto dentro das prisões, quanto fora, com o batismo de
criminosos em liberdade. De dentro do sistema penitenciário a liderança do Bonde dos
Trinta coordena as atividades externas, determinando o volume de assaltos e
homicídios pelas cidades. Os lucros aferidos são repartidos entre os autores direitos
e a facção (DÓREA et al, 2018).
Diante das características do B30, e de sua forma de atuação criminosa, pode-
se afirmar que a atuação dela no estado é responsável pela violência local, visto que,
age na realização direta de diversos crimes violentos, e usa dessa violência para se
manter no poder e para crescer.
Araújo e Silva (2019) corrobora com esse entendimento, afirmando que todo
território se vincula a um poder que precisa ser exercido, como forma de organização
e interação dos grupos sociais, que, quando não exercido pelo estado, é exercido por
poderes paralelos, como o das facções. Dessa forma, a prática da violência é o
exercício do poder.

4.1.6 Primeiro Comando do Panda - PCP

O Primeiro Comando do Panda (PCP) é outra facção local, formada em 2012,


no presídio conhecido como Urso Panda, no estado de Rondônia. Seus fundadores
tinham por objetivo organizar um grupo que pudesse resistir ao domínio das facções
do PCC e do CV (TEIXEIRA, 2018).
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A razão pela qual a facção foi formada, reforça o entendimento de que a


faccionalização do país é estimulada pelo crescimento das facções mais antigas, seja
para formação de alianças, seja para levar resistência e oposição à chegada delas na
Região Norte.
Segundo Costa (2018), o PCP é a terceira maior facção de Rondônia, atrás do
PCC e do CV, concentrando cerca de 25% dos presos no sistema prisional
rondoniense como seus membros. Assim, apesar de ter menos membros do que as
outras duas facções, o PC concentra parte considerável dos presos como seus
membros, fator que indica que o número de presos faccionalizados no estado é alto.
Uma das características dessa facção é sua estrutura organizacional. O PCP é
formado por Comando, onde são tomadas as decisões; o Conselho, que administra a
facção; e os Soldados, que executam as ordens da facção. (TEIXEIRA, 2018). Cadore
(2019) afirma que, assim como a FDN, o PCP é uma facção regional com
funcionamento semelhante a de uma empresa, porém, voltada a prática de crimes,
com atuação inclusive em outros países.
Diante disso, é possível compreender como uma facção formada tão
recentemente, cerca de 8 anos de existência, chegou a “batizar” 25% dos presos do
sistema prisional rondoniense, e se estabelecer como uma facção de grande
expressão em sua base territorial. Pois, além de sua estrutura organizacional, a
facção tem seu crescimento facilitado pela atuação no tráfico internacional, que
favorece todas as facções da Região Norte.
Outra característica do PCP é a determinação do comando geral de que as
brigas e mortes dentro do sistema prisional devem ser evitadas ao máximo, contudo,
a ordem para fora dos presídios é inversa, estando os homicídios, o roubo e o tráfico,
amplamente liberados na comunidade. (TEIXEIRA, 2018).
Tal característica remete a um dos fatores que condicionou o surgimento das
primeiras facções no Brasil, como apontado por Farias (2019), que entende que a
redução da violência interna nos presídios com um dos efeitos imediatos da formação
do CV na década de 1970. Apesar de se considerar a redução das brigas internas
como um fator positivo para o sistema prisional, o estado crescente de violência e
criminalidade fora das prisões é um contrapeso negativo.
Atualmente, o PCP é aliado ao PCC, e juntas as facções disputam contra o CV
pelo controle do tráfico de drogas e armas em Rondônia (COSTA, 2018). Além dessas
disputas, a facção rondoniense possui conflitos locais e regionais, que levaram a
49

facção a possuir duas subdivisões, o PCP Pardo, com domínio no presidio Urso
Panda; e o PCP Alemão, com domínio no presidio Urso Branco, ambos na capital de
Rondônia. (TEIXEIRA, 2018).
Com tantas disputas e rivalidades, denota-se que a formação dessa facção no
estado de Rondônia trouxe mais violência e criminalidade para o estado, pois, o uso
da violência como expressão de poder é característica comum às facções nacionais
e regionais.

4.1.7 Comando Classe A - CCA

O Comando Classe A – CCA é uma facção local, com sede no interior do


Estado do Pará, que ganhou expressividade na Região Norte e no Brasil após
protagonizar rebeliões e atos de violência no sistema prisional paraense.
O CCA foi a facção responsável pelo massacre ocorrido no estado do Pará, no
Centro de Recuperação Regional de Altamira, em 2019, quando foram mortos 62
presos, em decorrências das disputas contra o Comando Vermelho. As mortes foram
executadas mediante recursos de crueldade, em os presos assassinatos morreram
em decorrência de asfixia causada por incêndios nas celas, e os sobreviventes do
incêndio foram decapitados (SULLIVAN; CRUZ; BUNKER, 2019).
O ocorrido trouxe notoriedade para a facção, e reforça, tanto perante a
sociedade, quanto no meio acadêmico, que esses grupos organizados estão
vinculados à violência e à criminalidade nos territórios dominados.
O principal motivo das disputas entre o CCA e o CV é o controle do tráfico de
drogas na região, em razão da localização estratégica do Pará, que integra a Rota
Solimões, que facilita a atuação criminal e a entrada de drogas no país. Como a FDN
domina o estado do Amazonas, para transportar drogas de outros países como
Colômbia e Peru, pelos rios, o CCA tenta manter o domínio no Pará. (SANTOS;
BAQUEIRO, 2020).
Assim como em toda a Região Norte, as condições logísticas e os recursos
naturais do estado do Pará agregam valor ao território, tornando o estado um recurso
valioso para as organizações criminosas em geral. Consequentemente, os conflitos
decorrentes da disputa entre facções tornam-se inevitáveis, acarretando mais
violência e criminalidade na sociedade local.
50

O CCA, assim como o B30, outra facção regional com sede no Pará, é
especializada no roubo a bancos e tráfico de drogas. (OLIVEIRA NETO, 2020). E, de
acordo com Santos e Baqueiro (2020), o CCA é totalmente independente, mas, possui
melhor aproximação com o PCC, do que com o CV.
Tais características se assemelham as características das demais facções
locais, delineando algumas diferenças entre as facções da Região Norte, em relação
às facções nacionais, especialmente, quanto a valoração de outros crimes, além do
tráfico de drogas e armas, e a formação de alianças, com manutenção da
independência. Podendo essas características serem apontadas como identificadoras
das facções locais presentes na Região Norte.
O surgimento do CCA é atribuído ao crescimento das disputas entre
criminosos, pelo domínio de Altamira-PA, diante do crescimento populacional
desordenado que a cidade percebeu em 2013, em decorrência do início da construção
da hidrelétrica de Belo Monte. Com isso, há crescimento exponencial no número de
homicídios, colocando Altamira entre as dez cidades brasileiras mais perigosas.
(MADEIRO, 2019).
O surgimento da facção, então, não é o enfrentamento do PCC ou CV, mas, o
fim é o domínio da criminalidade local. Diante disso, observa-se uma relação
ambivalente, em que o aumento da criminalidade tornou necessária a organização
dos criminosos sob forma de facção, ao passo que a formação da facção também
provoca crescimento da criminalidade.
Os objetivos da formação do CCA o aproximam das organizações mafiosas,
apresentadas no referencial teórico, que tem como características a utilização do
empreendedorismo e da acumulação capitalista na organização de sua estrutura, para
o aprimoramento da atividade criminosa.
Assim, a estrutura mercantil com finalidade de aumento dos lucros decorrentes
do crime está na base de formação dessa facção, diferindo das facções do Sudeste,
o PCC e o CV, que tinham na sua base de formação um objetivo inicial de resistência
à violência dentro do sistema prisional.
As facções locais destacadas, a saber o B13, o B30, o PCP e o CCA, surgiram
por influência de outras facções ou por necessidade de organização, e são
caracterizadas por atuação de extrema violência. Com isso, evidencia-se que a
regionalização das facções, como destacado por Farias (2019), conduzem à formação
51

de grupos diferentes, com identidades próprias, que discrepam das facções de outras
regiões.
Assim, percebe-se que as facções presentes na Região Norte, em especial as
sete facções mais fortes, o PCC, o CV, a FDN, o B13, o B30, o PCP e o CCA,
concorrem para perpetuação de um ciclo de violência e criminalidade na região,
fazendo com que o Norte tenha destaque no cenário nacional, ante suas altas taxas
de criminalidade, como se discute na seção a seguir.

4.2 TAXAS DE VIOLÊNCIA NA REGIÃO NORTE

Esta seção apresenta os resultados relativos à ocorrência de violência na


Região Norte, entre os anos de 2007 e 2017. Os resultados para violência são
expressos por meio das taxas de criminalidade para crimes executados mediante
grave ameaça ou violência contra a vítima.
Inicialmente, os dados para homicídio, latrocínio e roubo de veículos são
apresentados, descritos e relacionados com os resultados da primeira parte da
pesquisa, demonstrados na seção anterior. Em seguida, os resultados são discutidos.

4.2.1 Taxas de homicídios da Região Norte

A Tabela 1 traz os resultados para as taxas de homicídio, segundo o estado.

Tabela 1 - Taxas de homicídio 2007-2017


Ano AC AM AP PA RO RR TO Média da Média
Reg. Norte Nacional
2007 19,48 21,10 27,02 30,27 27,17 27,93 16,63 24,23 27,32
2008 19,56 24,84 34,25 39,06 32,14 25,44 18,51 27,69 29,29
2009 22,14 26,99 30,32 40,22 35,77 28,00 22,37 29,40 30,42
2010 22,49 31,06 38,83 46,44 34,95 26,86 23,64 32,04 31,34
2011 21,97 36,51 30,54 39,97 28,55 20,64 25,77 29,14 31,24
2012 27,41 37,43 36,22 41,37 33,08 30,67 26,73 33,27 33,63
2013 30,14 31,28 30,61 42,72 27,95 43,85 23,61 32,88 33,39
2014 29,36 32,01 34,09 42,68 33,06 31,79 25,45 32,63 34,59
2015 27,01 37,38 38,22 44,95 33,93 40,15 33,2 36,41 34,48
2016 44,45 36,28 48,70 50,85 39,33 39,67 37,64 42,42 36,93
2017 62,20 41,19 48,01 54,68 30,68 47,45 35,93 45,73 38,52
Fonte: Elaborado pela autora
52

Da Tabela 1, destaca-se a taxa de homicídio de 2017, do estado do Acre, como


sendo a maior taxa registrada para a região, no período estudado. A taxa de 62,2
homicídios para cada mil habitantes indica um crescimento de 130% em relação ao
ano de 2015. Por esta razão, pode-se afirmar que o Acre vivenciou, nesse período,
um crescimento exponencial nos homicídios, e consequentemente, houve aumento
da violência no estado.
Ainda de acordo com a Tabela 1, a menor taxa do período é do estado do
Tocantins, no ano de 2007, com taxa de 16,63 homicídios por mil habitantes. Esse
estado se destaca como sendo o único que tem taxas abaixo da média da região
durante todo o período, podendo-se afirmar que, o Tocantins é o estado da Região
Norte menos violento, em relação à prática de homicídios.
O Gráfico 2 os resultados para homicídios na Região Norte de forma gráfica.

Gráfico 2 - Taxas de homicídio 2007-2017

Fonte: Elaborado pela autora


53

No Gráfico 2, destacam-se os estados do Pará e do Acre. O estado do Pará


aparece no Gráfico como o que tem as maiores taxas do período, tendo sido superado
somente nos anos de 2013, pelo estado de Roraima, e em 2017, pelo estado do Acre.
Assim, o estado do Pará, apresenta-se como o estado com as maiores taxas
de homicídio, ao mesmo que se destaca como sendo o primeiro estado a receber
células para criação do PCC e do CV, tornando-se a porta de entrada destas facções
para as demais regiões (DÓREA et al., 2018). Assim, pode-se estabelecer uma
relação direta da instalação dessas facções com o aumento da violência na região.
Por outro lado, o estado do Acre se destaca no Gráfico 2 pela grande variação
que apresenta, tendo iniciado o período entre as menores taxas, com 19,48, em 2007,
e terminado com a maior taxa de todas, 62,2 em 2017, um crescimento de 219% no
período. Destaque-se, que o estado teve taxas de homicídios abaixo da média
regional durante quase todo o período, de 2007 até 2016, quando passou a ter taxas
superiores à média da Região Norte.
No Acre, mais de 50% dos homicídios tem causa direta na disputa entre facções
(ARAUJO; SILVA, 2019). As vítimas das ações de execução das facções criminosas
podem ser membros da sociedade civil, membros de facções rivais e agentes de
segurança pública (TEIXEIRA, 2018).
Assim, é possível estabelecer que o cenário de violência neste estado é
resultado da interação entre as variáveis sociais locais com a faccionalização do
território do estado, que provoca violência dentro do sistema prisional, e nas ruas.
O cenário de crescimento acelerado da violência no estado do Acre corrobora
com os dados identificados na primeira parte dos resultados, que apontam o estado
como um dos territórios em que o conflito entre as facções criminosas do PCC e do
CV é mais intenso, além da existência de forte conflito com a facção local do Bonde
dos Treze que, por sua vez, é caracterizada por sua atuação violenta no estado
(ESPÍNDULA, 2018; TEIXEIRA, 2018).
Além disso, a facção B13 protagonizou uma série de atentados violentos no
Acre entre 2015 e 2016, ao estabelecer disputas por territórios contra outras facções,
fato que pode justificar o crescimento da taxa de homicídios nesse período. (ARAÚJO;
SILVA, 2019).
Ainda na análise dos homicídios na Região Norte, do Gráfico 3 apresenta
comparativo entre as médias regional e nacional.
54

Gráfico 3 - Médias regional e nacional para homicídios entre 2007 e 2017

Fonte: Elaborado pela autora

Do Gráfico 3, observa-se que até o ano de 2014 as médias eram muito


próximas, o que, por si só, já indica a contribuição da Região Norte para os altos
índices de violência a nível nacional. A partir de 2015, verifica-se um crescimento da
média regional, ultrapassando a média nacional.
Esse resultado posiciona a Região Norte como uma região violenta, pois, o que
se verifica é que a região registra altos índices de criminalidade, especialmente,
quando em comparação com o restante do país.
Apesar das oscilações que os dados obtidos denotam, persiste uma tendência
de crescimento nos homicídios da Região Norte. Esse cenário de crescimento das
taxas de homicídio diverge de outras regiões do Brasil, em que, nas regiões Sudeste
e Centro-Oeste há tendência de diminuição. (BARBOSA; CHAVES; ALMEIDA, 2020).
A associação destes resultados com o levantamento de identificação das
facções presentes na região indica um cenário em que a faccionalização da região é
acompanhada pelo aumento nos homicídios. Por consequência, ocorre o aumento da
violência na Região, indo de encontro as tendências de criminalidade nos demais
estados.
55

4.2.2 Taxas de latrocínio da Região Norte

O crime de latrocínio possui taxas menores em relação ao crime de homicídio,


denotando que sua ocorrência é bem menos frequente. Contudo, a Região Norte
apresenta taxas significativas para esse crime. A Tabela 2 traz os resultados para as
taxas de latrocínio, por 100 mil habitantes, segundo o estado.

Tabela 2 - Taxas de latrocínio 2007-2017


Ano AC AM AP PA RO RR TO Média
2007 0,1 0,7 0,8 3,3 1,4 0,2 0,9 1,06
2008 0,1 0,8 3,6 2,8 1,2 0,2 0,5 1,31
2009 1,7 0,8 2,7 2,1 1 0,5 1 1,40
2010 1,9 1,3 0,1 2,9 1,7 0,7 0,4 1,29
2011 1,5 1,2 0,0 1,8 0,8 0,2 1,1 0,94
2012 1,3 1,1 1 1,7 0,9 0,9 0,6 1,07
2013 1,7 0,9 1,2 2 0,6 0,6 1,4 1,20
2014 2,4 1,2 2 2,2 1 0,6 0,9 1,47
2015 1,2 1,9 2,2 2,3 0,8 1,8 0,6 1,54
2016 1,6 2,3 2,6 2,7 2 1,8 0,6 1,94
2017 3,3 1,9 2,1 2,7 1,2 1,3 0,8 1,90
Fonte: Elaborado pela autora

A Tabela 2 apresenta como menor taxa de latrocínio do período, o valor 0,1, no


estado do Acre, nos anos de 2007 e 2008. E como maior taxa, o estado do Amapá,
com 3,6 latrocínios para cada mil habitantes, em 2008.
Importa destacar que, no Acre estão presentes pelo menos cinco facções: o CV
e PCC que se estabeleceram entre 2012 e 2013; a IFARA, criada em 2011; o Bonde
dos Treze, fundado em 2013; e a FDN, sem precisão quanto ao ano que se instalou,
mas, que desde 2016 tem entrado em conflito violento com as facções rivais.
(FERREIRA; FRAMENTO, 2019; TEIXEIRA, 2018). Dessa forma, associa-se o
crescimento da violência no estado à intensidade das disputas faccionais, que buscam
estabelecer domínio hegemônico do território.
Assim como no caso do homicídio, o estado do Pará concentra taxas altas de
latrocínio em quase todo o período. A título de comparação, enquanto o Acre atingiu
sua maior taxa (3,3, Tabela 2) somente em 2017, o estado do Pará já tinha esse valor
no início do período, em 2007.
Dessa forma, assim como indicado pelas taxas de homicídio, os dados para o
crime de latrocínio indicam que os estados do Pará e do Acre estão entre os mais
56

violentos, em razão de suas altas taxas de criminalidade e da alta variação dessas


taxas. Os dados estão representados no gráfico 4.

Gráfico 4 - Taxas de latrocínio 2007-2017

Fonte: Elaborado pela autora

Destaca-se também no Gráfico 4, o estado do Amapá, pela grande oscilação,


com grande crescimento no período de 2007 a 2010; uma estabilização de 2010 a
2011, e a volta do crescimento a partir de 2011. Não foram encontrados aportes
teóricos suficientes para estabelecer uma ligação entre esse cenário de criminalidade
no estado, e as facções criminosas.
Entretanto, estudos realizados no Amapá indicam que a criminalidade nesse
estado é fortemente influenciada por variáveis socioeconômicas, e pela desigualdade.
(SILVA; LIMA; SILVA, 2017; PEREIRA, GUIMARÃES, 2015; CHAGAS; FILOCREÃO,
2020). Isso pode justificar o porquê de o estado se destacar mais nos índices de
crimes contra o patrimônio, a exemplo do latrocínio, do que entre os crimes contra a
vida, como no caso do homicídio.
57

Os dados das taxas de latrocínio na Região Norte confirmam o cenário de


violência que foi indicado pelos índices de homicídios, destacando-se os estados do
Acre e do Pará como os estados mais violentos em relação a esses dois crimes.

4.2.3 Taxas de roubo de veículos da Região Norte

A Tabela 3 traz o resultado para as taxas de roubo de veículos, por 100 mil
habitantes, segundo o estado. Os valores zerados na tabela se referem a dados
ausentes nas fontes utilizadas. A informações desses dados é de responsabilidade da
secretaria de segurança pública de cada estado, não sendo possível, por meio do
método adotado nesta pesquisa, apontar as razões da ausência dos dados.

Tabela 3 - Taxas de roubo de veículo 2008-2017


Ano AC AM AP PA RO RR TO Média
2008 25,03 72,3 --- 35,1 35,6 8,5 6,6 30,52
2009 23,4 53,5 --- 40,7 43,4 11,4 9,7 30,35
2010 87,9 739,4 --- 317 112,8 45,4 36,5 223,17
2011 148,4 1101,9 8,4 275,5 139,3 43,1 27 249,09
2012 154,5 737,1 89,1 254,7 178,7 51,2 29,9 213,60
2013 97,7 555,5 116,6 306,2 163,8 119,8 55,8 202,20
2014 69,8 343,4 154 313,4 151,2 143,2 82,9 179,70
2015 166,1 349,8 216,8 327,5 207,3 111 92,2 210,10
2016 --- 437,6 115,2 373,2 210,7 227,3 143,9 251,32
2017 534,00 542,8 142,8 441,8 177,5 170 118,6 303,93
Fonte: Elaborado pela autora

A Tabela 3 traz como menor taxa do período o valor de 6,6, do estado do


Tocantins, no ano de 2008. E a maior taxa do período é de 1101,9 roubos de veículos
para cada mil habitantes, no estado do Amazonas, em 2011.
O estado do Tocantins apresenta crescimento dentro do período, contudo, se
manteve durante todo o período abaixo da média da região, confirmando as
tendências identificadas nas taxas de homicídio e de latrocínio, de que o Tocantins é
um estado pouco violento, em comparação aos demais estados da Região Norte.
Da mesma forma, os estados do Amapá, Roraima, Rondônia e Acre também
tiveram taxas abaixo da média durante quase todo o período. Nesse grupo, destaca-
se ainda o crescimento exponencial na taxa de roubo de veículos do Acre, entre 2015
e 2017. O estado esteve abaixo da média todos os anos até 2015, e desse ano para
58

2017 teve aumento de 221%, que pode ser considerado alto, mesmo diante da
ausência de dados do ano de 2016.
Por outro lado, os estados do Amazonas e do Pará são os principais
responsáveis pela alta taxa de roubos na Região Norte. Em especial o estado do
Amazonas, que concentra as maiores taxas. Os dados estão no Gráfico 5.

Gráfico 5 - Taxas de roubo de veículo 2008-2017

Fonte: Elaborado pela autora

A partir desses resultados, infere-se que a ocorrência de roubos, que é um


crime contra o patrimônio, é maior nos estados em que há maior presença de facções
regionais do que facções que vieram de outras regiões. Tal distinção, entre facções
locais e facções com origem em outras regiões, pode ser destaca como fator de
influência para modulação da criminalidade na região.
Muitos crimes, a exemplo do crime de roubo, têm seu crescimento influenciado
pelo crescimento de uma facção, a partir das estratégias de recrutamento que esses
grupos utilizam. Quando as facções, por meio de seus líderes presos, recrutam novos
membros através da associação com criminosos em liberdade, percebe-se mudanças
59

na dinâmica do crime local, com aumento de outros crimes, os quais são necessários
para dar sustentabilidade econômica ao grupo (DOREA et. al., ANO).
Os dois estados que aparecem com as maiores taxas apresentam configuração
diferentes em relação a faccionalização. No estado do Pará há a presença de um
grande número de facções, especialmente as de origem local. Enquanto no Amazonas
há somente duas, o PCC e a FDN, mas, ambas com expressão nacional, sendo
consideradas a primeira e a terceira maiores do país.
Apesar das diferenças, em ambos os estados se verifica que o crime de roubo
pode ser executado pelas facções de forma estratégica. Relacionando o conjunto de
dados obtidos, pode-se afirmar que os crimes contra o patrimônio podem ser o meio
utilizado tanto para a sustentação das grandes facções, como no caso do Amazonas,
quanto para o crescimento das facções locais que estão em fase de desenvolvimento,
como no caso do Pará.
Diante dos dados da criminalidade apresentados ao longo das últimas três
seções, cumpre aprofundar a discussão sobre a relação identificada entre a violência
na região e a presença de facções criminosas.

4.2.4 As facções e a violência na Região Norte

A partir das taxas de criminalidade que foram apresentadas, as de homicídios,


latrocínios e roubos de veículos ocorridos na Região Norte, entre 2007 e 2017,
observa-se um cenário de violência generalizada em todos os estados.
Esta inferência decorre dos resultados apresentados, que indicam altos índices
de violência em todos os estados, alguns mais acentuados do que outros, mas, com
taxas de criminalidade próximas das taxas nacionais, até 2014, e médias acima do
nacional a partir de 2015. Portanto, é perceptível que a região vivencia estado de
violência e criminalidade, que tende a crescer ainda mais.
A partir da identificação de vinte facções criminosas presentes na região norte,
em que pelo menos onze estão consolidadas e em fase de desenvolvimento, é
possível relacionar esse quadro de violência da Região Norte com a chegada de
facções na região, e a formação de facções locais, que ocorreram no período
estudado.
Isso, porque a violência é a forma como as facções manifestam seu poder,
fazendo uso dela para instituir e manter seu poder, nos territórios que dominam
60

(PAVIANI, 2016; SÁ, 2017). Ademais, a violência é inerente à sociedade, não podendo
se falar em violência fora da sociedade (ARAÚJO, 2019). Assim, considerando que a
violência é a expressão de poder das facções, não é possível se falar em domínio de
uma facção sem a violência inerente a esse processo, de forma que a sociedade
apenas reproduz a forma de organização e funcionamento das facções.
A compreensão do poder que as facções criminosas possuem, por meio da
violência que representam, reforça a concepção das facções como um fato social que
influencia o espaço político-social, tendo em vista os impactos que provoca na
segurança pública, na cultura local, no modo de vida das pessoas. Bem como, o fato
de que uma facção representa mais do que um grupo criminoso, mas, uma
organização construída a partir de diversas relações sociais entre seus membros, e
de seus membros para com a sociedade.
Além disso, a chegada de facções de outros estados e a formação de facções
locais alteram a dinâmica do crime, bem como, modificam as relações entre os
diversos grupos criminosos, sejam eles identificados como facções ou não. (MANSO;
DIAS, 2017). É a partir dessas interações sociais que o fenômeno da faccionalização
afeta a segurança pública e a paz social, provocando aumento na criminalidade.
O exercício do poder das facções, através de suas regras e de sua violência,
recai sobre os membros, e sobre os não membros, visto que toda a comunidade
precisa seguir as regras de conduta da facção, bem como, a sociedade inteira sofre
os seus impactos (ARAUJO, 2018). Assim, as consequências da violência causada
pela faccionalização é sentida na comunidade em geral, não apenas nas vítimas
diretas, como também nos grupos sociais que integra, como a família e a comunidade
(ARAUJO; SILVA, 2019).
Neste sentido, dentro do sistema prisional, as ações das facções são
evidenciadas por fugas, rebeliões e violência interna. Nas ruas, a força desses grupos
ecoa na violência interpessoal e no cometimento de crimes. Por esta razão, atuação
das facções criminosas instaladas na Região Norte repercute no quadro de violência
acentuada.
Apesar do fenômeno da faccionalização afetar todas as regiões país, na Região
Norte verifica-se que sua influência nos índices de violência é maior. Dado que,
segundo Barbosa, Chaves e Almeida (2020), nas regiões Sudeste e Centro-Oeste há
tendências de diminuição da criminalidade, enquanto, na Região Norte constata-se
tendência de crescimento.
61

Essa divergência na percepção da influência que as facções criminosas


exercem em cada região, se deve às diferentes etapas que cada uma passa no
processo de faccionalização. Na Região Sudeste o domínio das facções é estável,
visto que suas maiores facções, PCC e CV, existem há 30 e 40 anos, respectivamente.
E, segundo Ferreira e Framento (2020), passaram por sua fase de territorialização nos
primeiros anos de existência, e nos últimos anos está no processo de dominação de
outros territórios.
Enquanto isso, na Região Norte as facções estão na fase inicial de
desenvolvimento, em que estabelecem diversas disputas e conflitos violentos, com o
objetivo de estabelecer domínio territorial. Em decorrência desse processo, fenômeno
chamado de territorialização, o impacto da presença de facções criminosas na
segurança pública, e na violência, é maior na Região Norte, do que na Região
Sudeste.
Os impactos na segurança pública são intensificados pela normalização da
violência cotidiana, através do processo de estetização da violência e glamourização
do crime, em que se faz uso do poder da comunicação para validar as ações desses
grupos (RODRIGUES; LOPES, 2017). A intensificação da criminalidade, com a
constância na ocorrência de determinados crimes, em um território, compromete o
comportamento social nesses espaços, pois, o medo e a perturbação social
provocada pela criminalidade passam a ser determinantes nesse comportamento
(COSTA; CORRÊA, 2018).
Com isso, ocorre a normalização do crescimento dessas facções, e a
normalização do aumento da violência que acompanha esse processo de expansão
das facções, dificultando a implementação de ações de contenção pelo Estado.
Assim, a presença das facções criminosas, com a consequente violência que acarreta,
tem o condão de moldar a estrutura social para se adaptar a uma realidade em que a
violência se normaliza ao cotidiano.
Como observado nos resultados, alguns estados se destacam por seus índices
de violência, necessitando de um aprofundamento na discussão, como se faz a seguir.

4.2.5 Violência e facções criminosas no Acre e no Pará

De acordo com os dados levantados nesta pesquisa, os estados mais violentos


da Região Norte são o Acre e o Pará.
62

O estado do Pará é o que detém as maiores taxas de homicídio e latrocínio, em


todos os anos do período estudado, e detém a segunda maior taxa de roubo de
veículos, atrás do Amazonas. E, o estado do Acre é o que apresenta as maiores taxas
de crescimento, iniciando o período com as menores taxas de homicídios e latrocínio,
e roubo de veículos, e encerrando o período entre as maiores.
A Região Norte, como um todo, possui um quadro de violência generalizada,
como demonstrado nas seções anteriores, contudo, é possível destacar esses dois
estados como os que apresentam maior gravidade em relação aos impactos das
facções criminosas na segurança pública.
Os dados levantados na primeira parte dos resultados indicam a presença de
pelo menos seis facções no estado do Pará: PCC, CV, FDN, B30, CCA, PGN e União
do Norte. No Acre, foram identificadas cinco facções: PCC, CV, FDN, B13 e IFARA.
Assim, se estabelece uma relação entre os dois fenômenos em estudo, haja
vista que os estados com os mais altos índices de violência, são também os estados
que concentram mais facções criminosas consolidadas. Com isso, infere-se uma
tendência de que a concentração de facções no mesmo território pode elevar a
criminalidade.
Além disso, esses dois estados também concentram grande número de facções
com origem local, cujas características levantas demonstram que são mais violentas
do que as facções com origem em outras regiões, e que estão em processo de
territorialização, fazendo com que seus impactos na segurança pública sejam mais
graves ainda.
Além disso, contribui para a acentuação da violência nesses estados as
próprias razões que deram causa à formação das facções que nasceram na região
norte, algumas para expansão do crime, e outras para resistência ao domínio das
facções de outras regiões. Neste sentido, segundo Paviani (2016) a violência é
utilizada para instituição e manutenção do poder, e este é um recurso político usado
pelo estado oficial, e pelo estado paralelo, aqui representado pelas facções,
justificando seu perfil violento.
Outro fator que intensifica os efeitos das facções criminosas nos estados do
Pará e do Acre é a desigualdade social vivencia nestes estados. De acordo com
Araújo e Silva (2019), a violência, como forma de expressão do poder, é mais
acentuada onde há ausência do Estado, e tal ausência se evidencia pela ausência de
políticas públicas, e no subdesenvolvimento. Para Araújo (2018), as facções
63

criminosas crescem e se desenvolvem pela criminalidade violenta, mas, fortalecem


por meio da desigualdade social.
Neste contexto, cabe destacar a proporcionalidade inversa entre o
desenvolvimento dos estados da Região Norte, expressos pelo IDH, e o número de
facções na região. A Figura 5 traz o comparativo.

Figura 5 - Mapa comparatico IDH versus Facções

Fonte: ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO, 2020; Resultados da Pesquisa (2020)


64

Analisando a comparação, observa-se que os estados que tem o maior número


de facções são os estados que possuem os menores índices de desenvolvimento
humano, e também os que tem as maiores taxas de violência.
Tal resultado corrobora com a abordagem dos autores Araujo e Silva (2019) e
Araújo (2019), denotando que o baixo desenvolvimento humano nos estados do Pará
e do Acre são atrativos para a instalação de facções criminosas, e que intensificam os
seus impactos na segurança pública.
Podem ser levantadas diversas causas para a violência, com natureza social,
psicológica, econômica ou outra. Mas, diante das evidencias trazidas pelos resultados
da pesquisa, não se pode olvidar que a chegada de facções e o nascimento de outras
provocou mudanças na segurança pública da região norte, refletindo na criminalidade
da região, em especial nos estados do Pará e do Acre, que concentram mais facções,
e possuem menos desenvolvimento.
65

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo desta monografia era identificar a relação existente entre a expansão


das facções criminosas e o crescimento da violência na região Norte do Brasil, entre
os anos de 2007 e 2017. Por meio dos objetivos específicos que foram delineados,
viabiliza-se uma solução para o problema da pesquisa: Em que medida a presença
das facções criminosas influenciou o aumento da violência nos estados da Região
Norte do Brasil?
A conclusão geral da pesquisa é de que as facções criminosas que surgiram
no Sudeste do Brasil entre 1979 e 1990 se expandiram para os demais estados
brasileiros, chegando inclusive a Região Norte. Em decorrência disso, diversos grupos
de criminosos locais articularam a formação de facções com origem regional,
provocando a faccionalização da Região Norte do Brasil.
Como consequência desse fenômeno de faccionalização, a Região Norte
experimentou um aumento da criminalidade, expresso pelas taxas de violência nos
estados, fazendo com que a região seja caracterizada por índices de violência acima
da média nacional. Esse resultado denota os impactos provocados pela instalação de
diversas facções criminosas, na segurança pública, dentro e fora do sistema prisional.
O avanço das facções criminosas nos estados que integram a Região Norte é
caracterizado pela influência que o PCC e o CV tiveram ao migrar do Sudeste para o
Norte do Brasil, em busca de novos territórios para crescimento de atividades
criminosas, como o tráfico de drogas. Visto que, a instalação de células dessas
facções provocou a formação de outros grupos, que tinham por objetivo formar
alianças com PCC ou CV, oferecer resistência ao domínio delas, ou reproduzir seu
modo de agir para desenvolver as atividades criminosas.
Neste diapasão, destacam-se as facções criminosas da região Norte que
possuem maior influência ou domínio territorial: FDN, B13 e PCP, formadas com
objetivo de resistir ao crescimento do PCC; B30, formada a partir do rompimento de
sua aliança com o PCC; e CCA, formada com intuito de aprimorar a atividade criminal,
tendo o PCC como referência.
66

Portanto, não restam dúvidas de que a faccionalização da Região Norte é


consequência direta do crescimento e processo de expansão do PCC, cumprindo,
assim, o primeiro objetivo especifico dessa pesquisa.
Estabelecido como se deu o processo de faccionalização, cumpre destacar os
impactos da atuação dessas facções criminosas na segurança pública.
É possível classificar os impactos percebidos segundo a origem da facção
criminosa. Os impactos da chegada das facções do Sudeste é a incitação à formação
de outros grupos criminosos, alguns que podem ser caracterizados como facções,
outros que se assemelham a gangues ou quadrilhas, mas, todos sob influência direta
ou indireta do PCC ou CV.
Por outro lado, os impactos da formação de facções com origem local é o
aumento da violência, tanto por sua identidade mais violenta, quanto em razão dos
conflitos durante o processo de territorialização. Isso, porque, as facções da região
Sudeste fundaram-se sob a forma de grupo social e político, com objetivo e ideologia
definidos, voltados a luta pelos direitos dos presos, objetivo este que foi assumindo
caráter subsidiário ao longo dos anos. Enquanto, as facções da Região Norte
nasceram por influência das facções do Sudeste, mas com objetivo inicial da prática
criminosa.
Portanto, verifica-se que os impactos na segurança pública são de natureza
diversa, podendo ser sentido sob várias formas, dentro do sistema prisional, na
articulação de grupos criminosos, e no aumento da violência. Dessa forma, cumpre-
se o segundo objetivo específico desta pesquisa.
No caso do aumento da violência, o levantamento dos índices de violência e
criminalidade na Região Norte demonstrou que a criminalidade violenta está em
crescimento, fato que pode ser expressado nas taxas de homicídio, latrocínio e roubo
de veículos.
É evidente o crescimento das taxas de violência durante o período, para os três
tipos penais estudados, especialmente no estado do Acre, que no início do período
pesquisado, 2007, estava entre os estados menos violentos, e no fim do período, em
2017, estava entre as taxas mais altas.
Além disso, no estado do Pará, ficou demonstrado que houve crescimento das
taxas no período, e além disso, em todos os anos o estado figurava entre as taxas
mais altas.
67

Com isso, denota-se que houve crescimento no quadro de criminalidade na


região, em especial no estado do Acre e do Pará, indo no sentido contrário de outras
regiões, como o Sudeste e o Centro-Oeste, em que há tendências de diminuição da
violência ao longo dos anos. Com isso, se cumpre o terceiro objetivo especifico desta
pesquisa.
A relação de influência entre a faccionalização da região e o aumento da
violência pode ser afirmada a partir da percepção de que os estados em que o
aumento da violência é mais acentuado, são estados em que há forte faccionalização,
com presença de mais de cinco facções disputando territórios no mesmo estado.
Sendo este o caso do Acre e do Pará.
No mesmo sentido, percebe-se que há tendência de aumento da violência nos
estados em que houve formação de facções locais, que possuem natureza mais
violenta em comparação às outras, e, também, porque são territórios em que ainda
ocorrem muitas disputas e conflitos violentos para o estabelecimento de uma facção
dominante.
Reforçando essa relação de causalidade, percebe-se que a violência é mais
acentuada nos estados com menor índice de desenvolvimento humano, evidenciando
que as facções criminosas tendem a crescer mais nos espaços em que há mais
vulnerabilidade social, acarretando no aumento da violência e da criminalidade.
Portanto, os resultados denotam a existência de uma relação de influência
entre o estabelecimento de facções criminosas e o aumento da violência nos estados
da região Norte, que é caracterizada pela concentração de um maior número de
facções criminosas nos estados em que há maior vulnerabilidade social, implicando
no aumento das taxas de homicídio, latrocínio e roubo de veículos. Dessa forma,
cumpre-se o ultimo objetivo específico desta pesquisa.
A principal limitação desta pesquisa foi a disposição de dados mais
consistentes e abrangentes, que inviabilizou a análise de um número maior de fatores
de influência, que pudessem reforçar a relação entre o crescimento das facções e o
aumento da violência, tal como, mais dados que pudessem descrever as facções
criminosas da região, bem como, dados de criminalidade referente a outros tipos
penais.
Diante dos resultados apresentados percebe-se que o Poder Público tem um
grande desafio na seara da segurança pública, para combater a atuação das facções
criminosas, e reduzir seus impactos na sociedade. O cenário atual demonstra que as
68

facções cresceram, e que continuam crescendo, sendo necessário avaliar até onde
elas podem avançar. Uma hipótese a ser destacada, é a probabilidade de que as
facções criminosas cresçam a ponto de criar uma intersecção entre o poder paralelo
que elas detêm, e o poder estatal, haja vista que sua interferência no campo político-
social é cada vez maior. Assim, sugere-se que em estudos futuros, esta e outras
hipóteses similares possam ser pesquisadas.
69

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO TOCANTINS
Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade Estadual do Tocantins
(SIBUNI)
Repositório Digital de Trabalhos de Conclusão de Curso

TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA PUBLICAÇÃO DE TRABALHO DE


CONCLUSÃO DE CURSO – TCC

Eu, Shamara Pinheiro de Araújo, brasileira, documento de identidade nº 0616448220177, PC/MA,


CPF: 013.469.722-73, na qualidade de titular dos direitos morais e patrimoniais de autor que recaem
sobre o meu Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, com o título O CRESCIMENTO DAS FACÇÕES
CRIMINOSAS E O AUMENTO DA VIOLÊNCIA NA REGIÃO NORTE DO BRASIL, com fundamento
nas disposições da Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, autorizo a Universidade Estadual do
Tocantins - UNITINS, publicar, em ambiente digital institucional, sem ressarcimento dos direitos
autorais, o texto integral da obra acima citada, em formato PDF, a título de divulgação da produção
acadêmica para fins de leitura, impressão ou download.

O autor(a) do trabalho acadêmico:

a) Declara que o documento é trabalho original e detém o direito de conceder os direitos


contidos nesta autorização. Declara que a entrega do documento, bem como os termos nele
contidos não infringem os direitos de qualquer pessoa, entidade, Instituição ou órgão público.

b) Declara que obteve autorização do detentor dos direitos de autor para conceder à
Universidade Estadual do Tocantins os direitos requeridos por esta licença, e que esse material
cujos direitos são de terceiros está claramente identificado e reconhecido no texto ou conteúdo
do documento entregue, no caso do documento entregue conter material do qual não detém os
direitos de autor.

Augustinópolis-TO, 16 de dezembro de 2020

Assinatura do(a) Autor(a)

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