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Ficha 11: Teorema de Pitágoras 2o Período de 2023

No

8o ano Matemática – Prof. Cadu Data / /

O TEOREMA DE PITÁGORAS: DO CONHECIMENTO PRÁTICO AO TEÓRICO


I. O TEOREMA

Dentre os conteúdos matemáticos estudados no ensino básico, talvez


o mais famoso de todos seja o Teorema1 de Pitágoras. Desenvolvido há cerca
de 2 500 anos pelo filósofo grego Pitágoras de Samos (570 a.C.), este teorema
teve um papel central no desenvolvimento da Geometria e constitui um dos
alicerces do ramo da Matemática denominado Trigonometria2. O teorema
Figura 1 - Pitágoras
estabelece uma relação matemática entre as medidas dos 3 lados de um retratado na obra do
pintor renascentista
triângulo retângulo.

Qualquer que seja o triângulo retângulo, o maior lado sempre será aquele oposto ao maior
ângulo, ou seja, o ângulo reto, e é chamado de Hipotenusa. Os outros dois lados que formam o ângulo
reto são chamados de catetos. Assim, o teorema de Pitágoras estabelece a seguinte relação:

“Em todo triângulo retângulo, o quadrado (da medida) da Hipotenusa é


igual à soma dos quadrados (das medidas) dos catetos”

a2 = b2 + c2

1
Em Matemática. um teorema é uma afirmação que pode ser provada como sendo sempre verdadeira a partir de
outras afirmações já demonstradas ou afirmações aceitas como verdadeiras, num processo de construção lógica
denominada prova ou demonstração.
2
Trigonon significa triângulo / metria - medida
Embora a elaboração formal do teorema seja atribuída a Pitágoras, o conhecimento das
relações entre os lados de um triângulo retângulo é muito mais antigo e surgiu em diferentes locais
e culturas, desde o Egito até a Mesopotâmia. Vejamos, a seguir, algumas dessas origens.

II. ORIGENS

Nascido na ilha de Samos por volta do ano de 570 a.c., Pitágoras era filho de um mercador e,
por essa razão, desde cedo viajou com seu pai por toda a região do Mediterrâneo, aprendendo
diferentes línguas e convivendo com diversas culturas. Há relatos de que, em sua juventude,
Pitágoras tenha vivido alguns anos no Egito, na Babilônia e na Itália. Essa experiência multicultural
proporcionou um contato com diferentes conhecimentos práticos e teóricos relacionados à
engenharia e astronomia. A relação entre os lados de um triângulo retângulo já devia ser conhecida
por civilizações da África e Oriente Médio, principalmente aquelas que construíram templos e
pirâmides com enorme precisão. E isso certamente teve um papel decisivo na elaboração do
Teorema, como iremos ver a seguir.

Cidades e colônias gregas (em vermelho) por volta de 550 a.C.


https://lemad.fflch.usp.br/node/5360

2
III. EGITO: PIRÂMIDES, AGRIMENSURA3 E A CORDA DE 12 NÓS

Segundo alguns historiadores,


Pitágoras viveu cerca de 10 anos no Egito,
entrando em contato com os
conhecimentos geométricos das medições
de terras e da construção das pirâmides.
Não há como não se espantar com
construções fantásticas como a Pirâmide
de Quéops no Egito. Construída por volta
de 2 560 a.C., ela é um exemplo da avançada engenharia e matemática dos antigos egípcios. Seus
lados medem aproximadamente 230 metros, e a altura do vértice cerca de 146,7 metros (o
equivalente a um prédio de 50 andares!).4

TÉCNICA DA CORDA EGÍPCIA


Os egípcios foram exímios construtores e tinham uma Geometria prática muito desenvolvida,
principalmente no que tange às medições de terra. As terras cultivadas ao longo do Rio Nilo eram
inundadas anualmente na estação de chuvas e isso fazia com que as medições das áreas cultivadas
tivessem que ser refeitas periodicamente. Construir um ângulo reto num caderno é relativamente
simples e preciso, mas fazer o mesmo numa área com centenas de metros, com precisão, era
bastante complexo. Para isso usavam uma técnica chamada de corda egípcia. Essa técnica milenar
usada pelos egípcios aparece em algumas pinturas, como nessa imagem pertencente à Tumba de
Menna.

Fonte: https://amerisurv.com/2021/08/15/whats-a-rope-stretcher/

3
Agrimensura entendida como a técnica de medição de terras.
4
O Edifício Itália, em São Paulo, o 2º mais alto da cidade, tem 165 metros de altura.

3
O truque era esticar uma corda com 13 nós
equidistantes (12 espaços) para formar um
triângulo na proporção 3:4:5. Ao se fazer isso,
obtinha-se um ângulo de 90º entre os dois lados de
menor medida. Essas medidas correspondem de
maneira exata ao Teorema de Pitágoras, pois
3! + 4! = 5! → 9 + 16 = 25

1. O mesmo aconteceria com outras medidas proporcionais a 3, 4 e 5. Preencha a tabela abaixo com
as medidas correspondentes a um triângulo retângulo de acordo com o Teorema de Pitágoras.

Cateto Cateto Hipotenusa


3 (9) 4 (16) 5 (25)
6 (36)
25 (625)
36 (1 296)
100 (10 000)

Para os egípcios, o mais importante era que essa relação sempre funcionava, independente
da unidade de medida utilizada. Aparentemente, não se interessavam em saber por que essa relação
funcionava e se haviam outras combinações de nós que formavam um triângulo retângulo. Contudo,
essa técnica deve ter influenciado Pitágoras a elaborar seu teorema.

4
IV. BABILÔNIA: ASTRONOMIA E TERNAS

Há relatos de que Pitágoras tenha ficado no Egito até 525


a.C., ano da invasão dos persas. Pitágoras teria sido capturado e
enviado para a Babilônia, onde teve contato com uma cultura
riquíssima e com uma matemática bastante desenvolvida,
principalmente àquela ligada à astronomia.

Não se sabe ao certo o que Pitágoras aprendeu com os


babilônios, mas é possível que tenha sofrido uma forte influência da aritmética por eles praticada.
Embora milenar, a matemática praticada pelos babilônios sobreviveu ao tempo, uma vez que a forma
de registro em placas de argila permitiu que escavações posteriores revelassem muito dos
conhecimentos dessa brilhante civilização. Um exemplo é a placa Plimpton 322 (escrita por volta de
1 800 anos antes de Cristo), que contém números representados em escrita cuneiforme.

http://www.math.ubc.ca/~cass/courses/m446-03/pl322/pl322.html

Vejamos, a seguir, como funciona esse sistema de numeração.

5
SISTEMA DE NUMERAÇÃO BABILÔNICO: ESCRITA CUNEIFORME

Observe atentamente os símbolos que representavam os algarismos do sistema de numeração


babilônico. Você consegue identificar a sua lógica e o valor numérico de cada um?

Um fato curioso é que os estudiosos que decifraram esse sistema não acharam nenhum
símbolo para representar dezenas de 60 para cima. Por que será?

2. Tente preencher a tabela abaixo com os valores equivalentes no sistema indo-arábico:

Babilônico Indo-arábico

84

100

121

2023

6
Voltando à placa Plimpton 322, pesquisadores concluíram que as 4 colunas e as 15 fileiras de
cuneiformes representam a tabela trigonométrica mais antiga e mais precisa da Antiguidade, uma
ferramenta de trabalho que poderia ter sido usada na construção de templos e palácios. Nela, estão
representados três números em sequência, que correspondem às medidas de triângulos retângulos.

Essa sequência de três números ficou conhecida, posteriormente, como “Terna Pitagórica”,
pois estavam de acordo com o Teorema de Pitágoras. Por exemplo:

8, 15, 17 è 8! + 15! = 17! → 64 + 225 = 289 → 289 = 289 (𝑉𝑒𝑟𝑑𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑜)

3. Use sua calculadora e verifique se os seguintes valores da placa Plimpton 322 obedecem ao
Teorema de Pitágoras.

Linha 1: 119, 120, 169 è 119! + 120! = 14 161 + 14 400 = 28 561 𝑒 169! = 28 561

Linha 5: 65, 72, 97 è ____________________________________________________________

Linha 11: 45, 60, 75 è _________________________________________________________

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V. O TEOREMA INTERPRETADO COMO ÁREA

Como vimos anteriormente, embora a relação entre os lados de um triângulo retângulo já


fosse conhecida no Egito e na Babilônia muitos séculos antes, a sua formulação geral na forma de um
teorema foi feita por Pitágoras. Ou seja, ele provou que a relação vale para todos os triângulos
retângulos possíveis e não apenas para aqueles utilizados pelos egípcios e babilônios.

O teorema de Pitágoras também pode ser interpretado em termos de área:

“Em todo triângulo retângulo, a área do quadrado cujo lado é a hipotenusa é


igual à soma das áreas dos quadrados cujos lados são os catetos”

Vejamos duas demonstrações do Teorema, uma prática e outra teórica:

a) Uma demonstração prática: https://youtu.be/bS-D0XeFMPQ

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b) Uma demonstração do teorema usando área. Usando cálculo algébrico, determine a área do
quadrado maior de lado 𝑎 + 𝑏, a área dos 4 triângulos retângulos de lados 𝑎, 𝑏 𝑒 𝑐 e a área
do quadrado menor de lado 𝑎. Iguale o resultado do quadrado maior com o dos triângulos e
quadrado menor. Desenvolva o cálculo até obter a melhor simplificação da equação.

𝐴!"#

𝐴!$#

𝐴%∆#

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VI. RECÍPROCA DO TEOREMA

A recíproca do teorema também é válida:

“Se num triângulo, o quadrado da medida do maior lado for igual à soma
dos quadrados dos outros dois lados, então o triângulo é retângulo”

4. Portanto, podemos concluir que:


I. Se 𝑎! = 𝑏 ! + 𝑐 ! , então o triângulo é _____________________

II. Se 𝑎! > 𝑏 ! + 𝑐 ! , então o triângulo é _____________________

III. Se 𝑎! < 𝑏 ! + 𝑐 ! , então o triângulo é _____________________

5. Considere as medidas dos lados dos triângulos a seguir e classifique-os como: retângulo,
obtusângulo ou acutângulo, justificando sua resposta.
a) a = 13 cm; b = 12 cm; c = 5 cm

b) a = 9 cm; b = 5 cm; c = 8 cm

10
c) a = 6 cm; b = 4 cm; c = 3 cm

d) a = 9 cm; b = 15 cm; c = 17 cm

e) a = 8 cm, b = 6 cm, c =2√7 cm

6. RELEMBRANDO DECOMPOSIÇÃO DO RADICANDO


a. √7! =

b. √5" =

!
c. √2# =

"
d. √𝑎$ =

e. √2% =

f. √200 =

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VII. APLICAÇÕES DO TEOREMA

Tendo como base que o Teorema de Pitágoras relaciona as medidas dos lados de um triângulo
retângulo, podemos usá-lo para determinar a medida desconhecida de um dos lados quando
conhecemos as medidas de outros dois. Por exemplo:

Neste caso, a medida da hipotenusa é desconhecida.


Portanto, aplicando o teorema de Pitágoras, obtemos a
seguinte equação de 2o grau:

𝑥 ! = 5! + 12! → 𝑥 ! = 169 → 𝑥 = √169 → 𝑥 = 13

Neste caso, a medida de um dos catetos é


desconhecida, obtendo a seguinte equação:

20! = 𝑥 ! + 8! → 𝑥 ! = 400 − 64 →

𝑥 = √336 → 𝑥 = 4√21

Neste 2o caso, usamos a simplificação de raiz por decomposição do radicando.

7. Use o teorema de Pitágoras e determine a medida do lado x nos seguintes triângulos


retângulos:

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8. Uma escada de 10 metros de comprimento é apoiada em uma parede a uma distância de 6
metros. Calcule a altura alcançada pela escada nesta posição.

9. Qual deve ser o comprimento da gangorra para que as crianças possam ser elevadas a
60 cm do chão?

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10. Um balão é avistado do alto da Torre Eiffel. Sua altura é de 1 000 metros em relação ao
ponto P. A distância PB até a base da Torre é de 2 400 metros. Sabendo que a altura
aproximada da Torre é de 300 metros, determine a distância d do balão H até o topo da
Torre T. (desenho fora de escala)

11. Calcule a medida da diagonal do cubo cujas arestas medem 6 cm.

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12. ESPIRAL PITAGÓRICA: Considere a seguinte espiral formada por triângulos retângulos como
mostra a figura a seguir. Usando o Teorema de Pitágoras e o cálculo com radicais, determine
as medidas dos lados a, b, c e d. Em seguida, observe o padrão de aumento e deduza a
medida do lado k.

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13. DESAFIO: (G1 - cp2 2020) Para incentivar o turismo, o prefeito de uma cidade decide criar
uma tirolesa ligando duas montanhas do Parque Ecológico Municipal. Um engenheiro foi
contratado para projetar a atração e precisa saber quantos metros de cabo de aço necessitará
para ligar os topos dessas duas montanhas.

Para facilitar esses cálculos, o engenheiro criou, em seu projeto, os triângulos equiláteros ABC e
DEF, pertencentes a um mesmo plano vertical, em que A e D representam os topos das montanhas
e os pontos B, C, E e F estão alinhados no plano horizontal. Observe a figura a seguir com a situação
descrita:

Sabendo que os triângulos equiláteros ABC e DEF têm, respectivamente, 32 metros e 16 metros
de lado; e que a distância entre os pontos C e E é de 23 metros, a medida de cabo de aço (AD), em
metros, que o engenheiro encontrará será de
a) 47.
b) 49.
c) 51.
d) 53.

Mostre seus cálculos e raciocínio abaixo:

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14. O TÚNEL DE EUPALINUS: é um túnel de 1 036 metros construído através de uma montanha
na Ilha de Samos, na Grécia, em meados do Século VI a.C. Ele foi cavado para viabilizar um
aqueduto interno que fornecesse água para a cidade de Samos sem correr o risco de ser
localizado por eventuais inimigos que atacassem a ilha. O fato notável na construção deste
túnel é que ele foi escavado a partir de lados opostos da montanha, formando dois túneis que
se encontraram no meio do caminho. Trata-se de uma proeza técnica que mostra o alto grau
de conhecimento de engenharia e geometria existente na Grécia Antiga.

A estratégia utilizada empregava o que chamamos hoje de Trigonometria (disciplina que


estuda as propriedades dos ângulos e dos lados de um triângulo retângulo).

Para conseguir tal proeza, Eupalinus utilizou uma técnica de contornar a montanha fazendo
trajetos perpendiculares para desviar de obstáculos e da própria montanha. Com isso, ele mediu as
distâncias percorridas para se ir do ponto A (cidade) ao ponto B (nascente de água) e desenhou um
triângulo retângulo imaginário cuja hipotenusa seria o túnel a ser escavado. Com essas medidas, ele
determinou os comprimentos inacessíveis dos catetos desse triângulo e, usando o Teorema de
Pitágoras, a distância que separava os dois pontos através da montanha.

Além disso, os ângulos desse triângulo permitiam que os escavadores seguissem a direção
correta na escavação para que ambos os túneis se encontrassem. A figura abaixo mostra o caminho
de A até B feito contornando a montanha, sempre em ângulo reto. Meça com sua régua todos os
trechos desse percurso (AH, HG, GF, ...). Suponha que as medidas encontradas estão na escala de 1
para 10 000, ou seja 1 cm equivale a 10 000 cm ou 100 metros.

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a) Compare os trechos verticais e determine a medida do cateto AK do triângulo imaginário
formado. Faça o mesmo com os trechos horizontais e determine a medida do cateto BK.

b) Use o Teorema de Pitágoras para calcular a distância a ser percorrida entre A e B.

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VIII. MATEMÁTICA E MÚSICA

Pouco se sabe ao certo sobre a vida e a obra de Pitágoras, pois seus escritos não sobreviveram
ao tempo. A maior parte das informações a seu respeito foi escrito por outros filósofos séculos depois
que ele viveu. Mas, ao que tudo indica, seus interesses iam muito além da Matemática. Pitágoras foi
filósofo, astrônomo, poeta, curandeiro, atleta e músico. E nessa área, suas contribuições foram tão
importantes quanto as da Geometria.

Sua relação com a música era muito intensa e Pitágoras sempre começava suas aulas e
palestras tocando a lira para seus discípulos. Atribui-se a ele a criação da primeira escala musical,
baseada na relação entre frações e sons.

Reza a lenda que um dia, ao passar por uma oficina de ferreiros, Pitágoras ficou intrigado com
os sons produzidos pelos martelos ao baterem sobre os metais. Dependendo do tamanho e do peso
do martelo, os sons pareciam mais ou menos agradáveis ao seu ouvido e isso o intrigou
profundamente. Intuitivamente, ele pensou ter descoberto uma relação entre o peso dos martelos
e a qualidade dos sons emitidos por esses.

Ao voltar para casa, Pitágoras resolveu explorar essa relação usando


um instrumento de corda chamado Monocórdio. Usando um pequeno
cavalete sobre as cordas, ele conseguiu variar o tamanho da corda e
perceber o tipo de som produzido ao percuti-la. Toda vez que ele dividia a
corda em frações de 1 para 2, 2 para 3 e 3 para 4, os sons eram
extremamente agradáveis ao seu ouvido. Contudo, se essa divisão
correspondesse a uma fração composta por números que não fossem
múltiplos de 2, 3 e 4 (por exemplo, 7 para 11), o som produzido não era
Figura 2 - Monocórdio construído
muito agradável.
pelo Prof. Paulo Afonso

E, a partir dessa descoberta, ele foi capaz de construir uma escala


musical composta por 7 notas musicais, correspondendo às seguintes frações
(1#2 , 2#3 , 3#4 , 8#9 , 64#81 , 16#27 , 128#243) . Além disso, Pitágoras relacionou essas 7 notas aos 7 planetas
conhecidos na Antiguidade (Sol, Terra, Lua, Marte, Vênus, Júpiter, Saturno).

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Divisão da corda e a Harmonia das esferas celestes

Figura 3 - 1/2 corresponde ao intervalo de oitava

Oitava – ½
Figura 5 - 2/3 corresponde ao intervalo de quinta

Figura 4 - 3/4 corresponde ao intervalo de quarta

Quinta –
2/3

Quarta –
¾

https://www.researchgate.net/figure/FIGURA-1-Fracoes-vistas-no-
violao_fig8_350115422 [accessed 17 Jul, 2023]

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