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AULA 3º PERÍODO CURSO DE DIREITO

PROFESSOR – IDIR CANZI

ASSUNTO TEMÁTICO: PROCESSO


LEGISLATIVO

I - DO PROCESSO LEGISLATIVO

1.1 - Caracterização: O processo


legislativo é entendido como o conjunto de
disposições constitucionais que regula o
procedimento a ser observado pelos órgãos
competentes, na produção dos atos
normativos que derivam da própria
constituição. Ainda, pode ser entendido
como o conjunto de normas que regula a
produção, criação ou revogação de normas
gerais.
1.2- Fases do processo legislativo:

1.2.1 - Iniciativa: É a competência da


pessoa ou órgão para a apresentação do
projeto de lei no legislativo (Ex: vide art.
61 da CF e art. 50 da Constituição Estadual
de Santa Catarina);

1.2.2- Discussão e votação: envolve o


debate da matéria objeto e submissão ao
processo de votação (Ex: vide art. 60, §
2º; Art. 64; Art. 65; Art. 57; Art. 58, § 2º,
I da CF);

1.2.3 - Sanção e veto: Sanção é o ato


pelo qual o Presidente expressa sua
anuência ao projeto de lei que lhe é
submetido. Veto é o ato pelo qual o
Presidente nega aquiesciência à formação
da lei por entendê-la inconstitucional ou
contrária ao interesse público – (Ex: vide
art. 66, § 1º a §7º da CF).

1.2.4- Promulgação: Com a promulgação


a lei passa a existir no mundo jurídico e a
produzir seus efeitos – Ato do Presidente
48 horas após a sanção (vide art. 66, § 7º
da CF).

1.2.5- Publicação: É o ato pelo qual se


leva ao conhecimento público a existência
da lei.
II – ESPÉCIES DE NORMAS

A Constituição Federal, notadamente o art.


Art. 59, estabelece que o processo
legislativo compreende a elaboração de:
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.

Parágrafo único. Lei complementar disporá


sobre a elaboração, redação, alteração e
consolidação das leis (Vide lei
Complementar 95 de 26.02.1998).
2.1 – DA EMENDA À CONSTITUIÇÃO

A emenda à Constituição é aquela espécie


de norma que altera o texto Constitucional,
acrescentando ou suprimindo matérias.

Com o ingresso no ordenamento Jurídico,


respeitadas as fases do processo
legislativo, a emenda à Constituição
Federal passa a ser preceito Constitucional
de mesma hierarquia das normas jurídicas
Constitucionais originárias.

Art. 60. A Constituição poderá ser


emendada mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros
da Câmara dos Deputados ou do Senado
Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembléias
Legislativas das unidades da Federação,
manifestando-se, cada uma delas, pela
maioria relativa de seus membros
(limitação expressa formal referente ao
processo legislativo)
§ 1º - A Constituição não poderá ser
emendada na vigência de intervenção
federal, de estado de defesa ou de estado
de sítio (denominadas limitações expressas
circunstanciais).
§ 2º - A proposta será discutida e votada
em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, considerando-se aprovada se
obtiver, em ambos, três quintos dos votos
dos respectivos membros (Limitação formal
referente ao processo legislativo).
§ 3º - A emenda à Constituição será
promulgada pelas Mesas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal, com o
respectivo número de ordem (Limitação
expressa formal referente ao processo
legislativo).
§ 4º - Não será objeto de deliberação a
proposta de emenda tendente a abolir
(cláusulas pétreas):
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e
periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais
(Limitações expressas materiais – de
contéudo da CF).
§ 5º - A matéria constante de proposta de
emenda rejeitada ou havida por
prejudicada não pode ser objeto de nova
proposta na mesma sessão legislativa
(Limitação expressa formal referente ao
processo legislativo).

OUTRA OBS: NÃO SE PODE SUPRIMIR O §


4º DO ART. 60 DA CF, pois trata-se de uma
limitação implícita ao poder derivado
(Congresso Nacional) que não pode
substituir o poder originário constituinte
dos direitos fundamentais/originário.

2.2. LEI COMPLEMENTAR

O art. 59 da Constituição Federal traz a lei


complementar como espécie normativa
diferenciada, com processo legislativo
próprio (quórum para aprovação da LC de
maioria absoluta - art. 69 da CF) e
matéria reservada (somente pode ser
objeto da LC a matéria taxativamente
prevista na CF).

Por sua vez, a Lei Complementar se


diferencia da Lei Ordinária centralmente
em dois aspectos: material e formal.
Sob o aspecto material (conteúdo) a
matéria objeto da LC está prevista na
própria constituição enquanto que na LO a
matéria objeto pode ser todas as demais
matérias. Sob o aspecto formal a
aprovação da LC é de maioria absoluta
(art. 69) enquanto na LO o quórum é de
maioria simples (art.47 da CF). Por essas
diferenciações é majoritária a posição que
a LO está sujeita à LC, não prevalecendo
contra a LC as normas que a contradisser.

“Art. 47. Salvo disposição constitucional


em contrário, as deliberações de cada Casa
e de suas Comissões serão tomadas por
maioria dos votos, presente a maioria
absoluta de seus membros”.

“Art. 69. As leis complementares serão


aprovadas por maioria absoluta”.

2.3. LEI ORDINÁRIA

A lei ordinária é aquela espécie de norma


que, regra geral, estabelece os
regramentos a serem observados no
cotidiano da vida em sociedade.

Todas as matérias que não sejam de


competência exclusiva do Congresso
Nacional ou reguladas por lei
complementar ou Lei delegada poderá ser
objeto da lei ordinária.

Além disso, destaca-se que a lei ordinária


diferencia-se da a Lei Complementar
centralmente em dois aspectos: material e
formal. Sob o aspecto material (conteúdo)
a matéria objeto da LC está prevista na
própria constituição enquanto que na LO a
matéria objeto pode ser todas as demais
matérias. Sob o aspecto formal a
aprovação da LC é de maioria absoluta
( art. 69) enquanto na LO o quórum é de
maioria simples ( art.47 da CF).

2.4. LEI DELEGADA

Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas


pelo Presidente da República, que deverá
solicitar a delegação ao Congresso
Nacional.

§ 1º - Não serão objeto de delegação os


atos de competência exclusiva do
Congresso Nacional, os de competência
privativa da Câmara dos Deputados ou do
Senado Federal, a matéria reservada à lei
complementar, nem a legislação sobre:
I - organização do Poder Judiciário e do
Ministério Público, a carreira e a garantia
de seus membros;
II - nacionalidade, cidadania, direitos
individuais, políticos e eleitorais;
III - planos plurianuais, diretrizes
orçamentárias e orçamentos.
§ 2º - A delegação ao Presidente da
República terá a forma de resolução do
Congresso Nacional, que especificará seu
conteúdo e os termos de seu exercício.
§ 3º - Se a resolução determinar a
apreciação do projeto pelo Congresso
Nacional, este a fará em votação única,
vedada qualquer emenda.

2.5. MEDIDA PROVISÓRIA


Art. 62. Em caso de relevância e urgência,
o Presidente da República poderá adotar
medidas provisórias, com força de lei,
devendo submetê-las de imediato ao
Congresso Nacional.
2.5.1)- Cabimento de MP: Cabe MP em
caso de relevância e urgência ( art. 62 da
CF);
2.5.2)- Iniciativa da MP: A iniciativa da
proposição de MP cabe ao Presidente da
República ( art. 62 CF);
2.5.3)- Vigência da MP: O prazo de
vigência da MP é de 60 dias a contar da
publicação. Todavia, o prazo da MP fica
suspenso no período do recesso
parlamentar cuja vigência da MP poderá
alcançar até 120 dias;
2.5.4)- MP e Convocação Extraordinária
do Congresso Nacional: Havendo
convocação extraordinária do C.N o prazo
das MPs não fica suspenso, uma vez que a
matéria da MP fica automaticamente
incluída na pauta de votação ( art. 62, § 8º
da CF);
2.5.5)- Tramitação da MP: a)-
recebimento por Comissão Mista do C.N
que dará parecer pela aprovação ou não;
b)- Encaminhamento à Câmara dos
Deputados que apreciará preliminarmente
o atendimento aos requisitos
constitucionais ( relevância e urgência);
c)- aprovada na Câmara dos Deputados
por maioria simples a MP vai para
apreciação no Senado Federal; d)-
Aprovada a MP esta fica convertida em Lei;
e)- Promulgação da MP pelo Presidente do
Senado Federal; f)- Presidente da
República publicará a Lei de Conversão;
g)- Se a MP não for apreciada em até 45
dias entrará em regime de urgência
constitucional, sobrestando a pauta do C.N
( art. 62, § 6º da CF); h)- possibilidade de
uma única reedição da MP por novo prazo
de 60 dias.
2.5.6)- Aprovação da MP com
alterações: o C.N poderá apresentar
emendas supressivas ou aditivas às MPs.
Havendo Emenda dever-se-á apresentar a
lei de conversão da MP e Dec. Legislativo
para regulamentar as relações jurídicas
decorrentes.
2.5.7)- Rejeição expressa da MP: Se a
MP for rejeitada expressamente pelo C.N
este deverá editar Dec. Legislativo
disciplinando as relações jurídicas
decorrentes, em até 60 dias. A rejeição
expressa impede a possibilidade de
reedição da MP (art. 62, § 10 c/c art. 85,
II).
2.5.8)- Rejeição Tácita da MP: Caso o
C.N não aprecie a MP em 60 dias ocorre a
rejeição tácita da MP. A rejeição tácita
possibilita a reedição da MP por novo prazo
de 60 dias. Decorrido o novo prazo sem
manifestação do C.N a rejeição se torna
definitiva.
2.5.9)- Impossibilidade do Presidente
retirar da apreciação do C.N MP já
editada:
Editada a MP o Presidente da República não
mais poderá retirar da apreciação pelo C.N,
sendo facultado a edição de nova MP
suspendendo os efeitos da 1º MP. Por sua
vez, caberá ao C.N ; a)- aprovar a 2º MP,
transformando-a em lei; b)- rejeitar a 2º
MP e aprovara a 1ª MP, convertendo-a em
lei; c)- rejeitar ambas as MP e editar Dec.
Legislativo regulando as relações jurídicas
decorrentes
2.5.10)- MP e lei anterior que verse
sobre o mesmo assunto: A edição de MP
paralisa temporariamente a eficácia da lei
que versava a mesma matéria. Se a MP for
aprovada, convertendo-se em lei, opera-se
a revogação. Se, entretanto, a MP for
rejeitada, restaura-se a eficácia da norma
anterior. Assim, com a rejeição, o
Legislativo expede ato volitivo consistente
em repudiar o conteúdo daquela MP,
tornando subsistente anterior vontade
manifestada de que resultou a lei antes
editada.
2.5.11)- Efeitos e disciplina no caso de
rejeição de MP: A perda retroativa da
eficácia da MP ocorre por rejeição expressa
ou tácita da MP ( art. 62,§ 3º da CF. O C.N
deverá disciplinar via Dec. Legislativo as
relações jurídicas decorrentes.
2.5.12)- MP e controle de
Constitucionalidade: A edição de MP está
sujeita ao controle de constitucionalidade
como as demais espécies normativas, seja
relativo à matéria ou em relação aos
limites materiais e requisitos de relevância
e Urgência.
2.5.13)- Edição de MP pelos Estados-
membros e municípios : Não há vedação
a edição de MP pelos governadores de
Estados ou por prefeitos uma vez que as
respectivas Constituições Estaduais e/ou
leis Orgânicas dos Municípios prevejam
expressamente em seu textos a adoção de
MP.
2.5.14)- Decreto Lei e MP: A MP
substituiu o antigo Decreto Lei na
legislação Constitucional Brasileira. O Dec.
Lei previa a sua edição em caso de
urgência e interesse público relevante,
sendo aprovado como definitivo mesmo em
caso de não manifestação do Congresso
Nacional. Ainda, a rejeição do Dec. Lei não
acarretava a nulidade dos atos praticados
durante a sua vigência. Por sua vez, a MP
não tem eficácia se não for convertida em
lei, nos termos do art. 62 e respectivos
incisos da CF e poderá ser editada
excepcionalmente em caso de relevância e
urgência.
2.5.15)- Limites materiais à edição de
MP :
A edição de MP encontra limites expressos
nos termos do art. 62, § 1º , I,II, III e IV
da Constituição Federal.

2.6 - DECRETO LEGISLATIVO:

Definição e procedimento de
elaboração: Caracteriza-se como espécie
normativa destinada a veicular as
matérias de competência exclusiva do
Congresso Nacional, previstas,
basicamente no art. 49 da CF. Além destas
matérias, também é de competência do
Decreto Legislativo a regulamentação das
Medidas provisórias ( art. 62 da CF – EC nº
32/2001).
O procedimento de elaboração do Decreto
Legislativo cabe ao próprio Congresso
Nacional disciplinar, cuja instrução,
discussão e votação será das duas casas
legislativas (Câmara e Senado), com
promulgação pelo Presidente do Senado,
na condição de presidente do Congresso
Nacional.

O Decreto Legislativo disciplina via de


regra as matérias externas enquanto que
as resoluções disciplina as matérias de
ordem internas e de competências das
casas legislativas.
2.7 - RESOLUÇÃO:

É o ato do Congresso Nacional ou de


qualquer de suas casas, tomado por
procedimento diferente do previsto para a
elaboração das leis, destinado a regular
matéria de competência do Congresso
Nacional ou de competência privativa do
Senado Federal ou da Câmara Federal, mas
em regra com efeitos internos;
excepcionalmente, porém, também prevê a
Constituição resolução com efeitos
externos, como a que dispõe sobre a
delegação legislativa.
A promulgação é feita pela Mesa da casa
Legislativa ou pelo Presidente do Senado
em se tratando de ato do Congresso
Nacional.

Exemplos: - Resolução legislativa, – tem


por conteúdo matéria art. 68,§2º da CF;
-Resolução suspensiva (Art. 52, X da CF);
- Resolução para fixação de alíquotas (art.
155, § 2º, IV) da CF.
- Todas aquelas resoluções tomadas no
âmbito interno da CD ou SF (ex: nomeação
de comissão X ou Y...)

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