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PLANEJAMENTO EDUCACIONAL FINANCIAMENTO DA EDUCACAO NO BRASIL NUMA PERSPECTIVA DEMOCRATICA José Carlos ce Araijo Melchior sd Facute do Educatdo in Unvesidade de So Paul, Reproducfo autovizaza de origo publicado am: Sanado Fade- "21, Comissie de Eaucagio © Cultura/Fundapio Universidade Go Greslia, Projet Edueapto, tomo IV, Oral, 1879, p. 128243, ‘Adonraca poe este publicagdo com permiss¥0 do ator, Este trabalho pretende analisar alguns elementos do financiamento da educagfo no Brasil, stravée de uma visio integrade dos espectos politicos, econdmicos e so- ais, de forma 8 propor sugestdes coneretes a curto, mé- dio # longo prez0, 1. EDUCAGAO E SISTEMA POLITICO “Teso sods oma pve «or seu nome 6 exercido” diz nossa Consttuigdo, no perk Cad, Pesq., Sido Paulo, (34):39-83, Ago. 1980 grafo 19 do Art. 19. A primeira vist, parece que este enunciado exgota @ definicdo de um sistema democr co, Mas no baste 0 poder emanar do povo. E preciso que exista também a possibilidade do 0 pove partcipat dest poder. Assim, duss idéias so fundamentals no con: ceito de democracia: governo do poo e para o povo,e.8 necessidede de participacdo. Entretanto, a complexided= dos problemas po mundo atual tem exigido cada vez mais 2 utilizacdo de especialistas, de téenicos, nas mais diferentes athidados, Seria desejével, 20 contrario de que ocorre entre nds, ‘Que © poder politica convivesse com os téeros, de for. ma que.a estes Gltimos conpetisse o fdrnecimento de de- dos que seriam levades em conta natomada dé decishes, 4 qual deveria sempre sor do poder politico. isto porque ‘oi ele quer recabeu a delegacio da sociedede para tomnat decisdes © ele ¢ que deveria sor capaz de intoarar os do- 39 05 técnicos especiticos em universos mais amotos, antes a decisfo final Para que no houvesss manipulagto dos polit 08 pelos téenicos, seria necessirio alterer a forma de apresentagio dos dados thnicos. Aos técnicos compe: tiria a tarefa de fornecer solugfes @ subsidios slternati- 408, proporida as solugdes em tarmos de vantagens ¢ des- vantagens em sua edoed0, ¢ nfo simplesmente propando ‘uma soluedo Gnica. Uma das formas de o politico evitar 1 manipulagfo seria contiar 0 assossoramento ® grupos. ‘éenicos de diversas oriencagiies tebricas. Embora ests" Drétice exigisse mais recursos, seria uma solugio para ovie tara instrumentalizagfo do poder politico. Em sintese, 0 assessoramento técnioo 6 impres: cindivet na situaedo atual. O que deve ser combatido 6 0 poder de decisdo dado 308 técnicns. Pois os técricos que controlam a méquina estatal, com sua vislo fragments ria do especialistes, com seus objetivos pessonis @ de gru- Po, com sua acio digida a curto prazo (dada a alta ro-" ‘atividade dos postos que ocupam), tém © poder de ma- Niipular em grande parte a méquina burocrética, em de- twimento dos interesses da sociedade em geral, ‘A questéo fundemental € como fazer com que a méquina do Estado seja colocada a servipo do povo. O poder pblico vive de receitas recolhidas no ssio do po~ ‘vo: receitas tibutéria limpostos, taxas e contribuigSas), patrimonial, industrial, etc, Cerca de 90% de receita 6. riunda dos impostes. Os impostos derivam da prépria origem da estruturacso do Estado, para viabilizar seu pa- pel fundamental de atendimento ds necessidedes sociais coletivas. E preciso entfo estabelecer 0 que 6 bésica, priori- ‘tio, em termos de atendimenta das necessidades do po- vo. Entre at necetsidades socials bésicas que [ustificam 2 oxisténcia do Estado, at que reais so destacam so jus- tiga, seguranga, educagio e sate. A partir do atendi mento dessas necessidades & que 0 processo produtivo ode ser melhor estruturado. Os gregos jé tinham desco- berto que 2 razBo fundamental que justtica 8 existin- cia do Extedo 6 0 justiga. Eo Estado pasta 2 ter justo auendo ctia igualdade de oportunidade, No plano indi- vidual, oss igualdade deve partir de situngBes bésicas ali- cergedas na sade na educagfo. Sem sade e educecfo © homer no produziré 0 que pode produzir. Moderna- ‘mente, em fungZ0 de conflitos ideolbgiens, o Estado ne- cessita proteger-se, e aceitase @ questo da seguranca co- ‘mo fator instrumental dos demsis objetivos do ago do poder piiblice. Seguranga ¢ meio para que os objetivos ‘de governo postam sor alcangados. Sendo meio, nfo po- db ser 0 objetivo Gitimo da ago e do investimento ey ‘atel, Assim, dentre os objetivos bésicos do Estado, os ‘que tocam mais diretamente ao povo sSo a educecio ea sae, Noss resine demactize ¢ con ‘retizado, no nivel politica, pelo regime federalisa, isco 4, pela “uniéo indissoliwel dos Estados, Distrito Fede- ral © dos Tecritérios” (Emonda Constitucional n? 1, 17/0/69 — Constituigke da Repiblica Federativa do 40 Brasil, Art. 19), No entanto, a federatismo 36 se opers cionaliza mediante um sistema tributério coerente, que expresta uma determinads potitice fica Apesar da definigo constitucional, todas as efor: sas tributirias realizadas nas Giltimas dcadss, ainds que tiyessem bandeira da descentralizaglo, acabaram, ca: de vez mais, concentrando recursos no centro (Unio) ‘em detrimento da periferia (Estados e Municépios) (sistema tributério atuslmente em vigor, nascido dda Emenda Constitucional n? 18, de 10/12/66, eligeira- enente modificado pelas Constituigdes de 1967 ¢ 1969, depois de praticarante 10 anos de funcloramento, aca bbou sendo 0 sistema mais concentrador de todos os que Vigitam em todo o perfode republicano. Foi criado para centralizar 0 poder de decisfo na asfera federal como ins- ‘trumento ds politica econdeica, A descentralizaclo foi pensada somente no aspecto de exeoupdo. Ainda que seu objetivo tenha sido 0 de aumentar a racionalidade dos tributos em fungfo de uma politica de crescimemto eco- _nGmico orienteda para combster a inflacko, na resiidade 05 Estados e Muniafpios tiveram sacrficadas suas fortes mais significativas de recursos, que nfo foram compen- sads pelo sistema de transferéncias existentes através de fundos, Hoje pode-se afirmar, sem modo de errar, que, en ‘quanto a Unido foi beneficiads do ponto de vista eoond+ rmico, os Estados e Municfpios foram quase destrufdos. Em ver de caininharmos para 0 federalismo equilibra- do, aeabamos caminhando para o unitarismo intensive mente centralizado, & © unitarismo ests mais préximo Cad, Pesq. (34) Aga: 1980 do totalitarismo. . . Se quisermos democracia, teremos ‘ue caminhar parz.o esforco integrado des tes esteras do ‘poder publica. Desss integrago deve resultar maior des centralizacSo ®, portonto, participagéo mais egiitat ‘no bolo da receita pablica arrécadada, O,poder econ 0 & fator gerador do poder politico, Somente o poder politico distribuido equillbradamente pode orientar mais hharmoniosamente 0 processo de desenvolvimento, Em ‘ermos légioos, depois de urn sisters centralizar-se ex- ‘cessivamente, 0 progresso 26 vird na diregSo de uma gra dativa descentalizacéo, Volamos os fatos concretos que fundamentarn 0 que foi dito, ‘A Tabela 1 expressa o sistema de errecadago reta. De cads 100 cruzeiros, 57,1 vo pare a Unio, 36,8 are 0s Estados ¢ 6,1 pare a5 Municfpios. “Oo total da reccite gerade pelo Sisteme Tributério durante @ perio- do de 1970/74, cerca de 56% couberam & Unigo, 39% 208 Estados ¢ 5% aos Munic(pios” (Langoni, 1978, p.3). ‘A tabela 2 expressa a receita sfptivemente-recebi- da, incluindo o sistema de tansterenefa, Em cada 100 eruzeiros, a Unido fica com 49,5%, os Estados com 93,2 © 08 Municipios com 17,3, Em termos de média, sbren- ‘gendo 1970/73, a distribuie8o passe a ser de 50% {Unigo), 354% (Estados) € 15% (Municipios), Tendo finalidedes mAtipias, o ‘sistema tributdrio pode ser utitizado pare prover as necessiandes coletivas, coma instrumento de estabilidade econdmica, de disti bbuigdo mais igualitéria da renda e de acelerador do pro- ‘esso de desenvolvimento, Dependendo de condigées peoullares a cada pais, “a conciliagdo entre as miltiplas fyngdes dos impostos nas economias modernas depende ‘menos de critérios téenicos do que de um consenso polf- tieo em toro das pricridades sociais” (Langoni, 1978, 1.3). Como se vé, 0 sistema tributério tom finalidades politicas, econdmicas e socials e, fundamentalmente, seu stebelecimento depende do jogo democrético. Nossa situagio no coincide, nom se eproxima de itdia dos outros regimes federalisas, como se pode ver pela distribuicgo abaixo (Telles Junior, 1976) Recwita Tributéria Nacional - 58% Receite Tributéria Regional 14% Receite Tributéria Local -31% © que se observa 6 que nossa distribulglio de recei- ts privilegia of Estados em detrimento do poder local. Se slguma modificagso tiver que ser feita, terd que ba- s#9F-e fo pressuposto de que os Estados 6 qué tergo de set sacrificados, ¢ também a Unigo, em caso de intensi- ficaglo do proceiso. (No regime foderalista, a contralizagdo dos recursos ‘ovorre em periodos cruciais @ de guerra e 8 descentrali- zacSo, em perfodes de paz, para que haa prosperidace. ‘eto pode ser constatado peles nGimeros cotocados a se- guir (Tebelas 3 4). Diante da situagdo de pendria dos Muniefpios bra- sileizos alguma coisa terd de se felta,.Nossas condieSes Politico-econémico-sociais jf permitem repensar a ques- to © tomar medidas concretas. No entento, uma mudanga na atsibuigio de cobras impostos, deslocando alguns mais significativos para 2 es- {era privativa dos Munic/pios, pode gerar uma série de ‘problemas. Em primeiro lugar, a injepfo de recursos se- ia repentina-e poderis no encontrar capacidade edmi- nistrativa para ebsorvé-los com a eficécia desejdvel". Se- ‘Gundo, 8 simples definiclo de noves esteras privativas oderia levar a ura conoentrago de recursos. nos Mu- sicipiog mais ricos das regides mais desenvolvidas, ‘Como a questéo maior € deslocar recursos gradat- vamente da esfera estaduat para a municipal e, levando fem conta que 0 ICM {Imposto de Circulagia de Merca- dorias) nfo s@ ajusta a0 regime federativo, pois acaba Privilegiando os Estados produtores em detrimento dos ‘consumidores, a criagdo de um “Funds Wacional ao TCM poderia, apesar de algumas desvantagens, solucio- ‘nar 0 problema a nivel regional. Mes a salueéo benefi- clando os Muniofpios s6 poderia advir de deslocamemtos ‘dese Fundo, realizados gradativamente, aumentando 0 porcentual de 20% a que t8m direito os Munic(pios sobre rrecadago do ICM. Assim, poderiamos programar i +a um perfodo de 10 anos o daslocamenta de mais 10%, deslocando-s® 1% ao ano, Se 2 experiénela desse certo, novos recursos poderiam ser deslocados, sempre dentro -do principio da correeio de desigualdades regionsis. Por outro lado, esse mecanismo de transtordncis poderia ser intensificado através dos Fundos de Partick pagSo dos Estados (FPE) © Municipios (FPM). Pera bene- ficiar 08 Municfpios, podertamos deslocar gradativamen- te recursos do FPE para o FPM, Para beneticiar Estados fe Muniefpios, maiores percentuals deveriam ser gradeti- vamente vinculados 20 FPE @ ao FPM, Como a erise es- 1 localizads ra esfera municipal em maior intensidade, wvagdo deveria favorecer prioritariamente 0 FPA, ‘Somente com @ corregio de desigualdades na re- ppartiglo da receita piblica, seré possfvelatribuir aos Mu- rnicfpios responsabilidades definidas om relagdo 3 educa- ‘eo. Como a Let 5692 prevé gradativa passagom de en- cargos ¢ servigcis da educagio pera a osfera municipal, dando prioridade a ensino de 19 grau (Lei 5692/71 Art, 68, § Unico), somante com mais recursos finance 0s haverd possbilidades de se entrentar corretamente @ ‘questo do analfabetismo e a necessidade do dar escolas para crigngas em faixa de escolarizacdo obrigatéria. Além disso, 05 Estedos deveriam fixar suas respansabilidadas & 4 de seus Municipios, em termos de atribuicSes educacio- nals (Lei 6692/71), para que no houvesse dispersio ou pulverizagSo de recursos escassos # preciosos. 10 autor trou a média de divertor pales, englabendo-as au ‘ma média final, (Dlecurso perante & Assmbidis Constiuin teem 18/05/46) De acordo om dacos do IBAM ~ tnatituto Brasileiro de Ad rminisuagia Municipal, em ends sobre o pert dos peta {es brasleros, 50% dor meamos +6 power Intrved0 or maria. Financiamento da educer6o no Brasi! numa perspectiva democritica 4 TABELA 1 RECEITAS TRIBUTARIAS DA UNIAO, ESTADOS E MUNICIPIOS (1970/1976) noe ‘net Une ‘Exador Mune pics" ‘ota! (100%) (or! (mised ee futon) % —— GrSF (minded Cr mio) 1970 19828 wae saze8 ag a7 34028 . 1a71 20951 863 wae 409 a 4258 : 1972 38828 510 w28i 370 so euay7 1973 aera ot sae et 35.288 were 70.088 1976 92283 1976 185500 o Fonte: (1) iniperoria Goal de Finangat — MF. (2) Secretaria de Economia Finangas — MF "Os deces cobram 81.1% (1971), 97% (1872) ¢ 98 8% (1973) do total dox Municipio, ‘+ Oded Incl apenas on Munietblos des capital (Langer, 18788}. —— ee TABELA 2 RECE|TAS TRIBUTARIAS LIQUIDAS E TRANSFERENCIAS. INTERGOVERNAMENTAIS 1970/1976 C$ ethos Anes Unigo Estados Municipios Total do do % do OS tort Fort Fo 1970-17424 BL 12.405 96,5 4200 12,3 34.028 1000 1971 22.492 B08) 18.400 87,1 598312; 48.264 1000 . 1972-30480 4852287 33B° 11.190 17,7 62.897 1000 . 197342218 48528309332 «1A 768 173 BH.2EB_ 1000 3974 te 33.260 5671" ve : 1975 48.007 2.566 * : we, we . ms Fontes dos Dados Bésioos: nspetoria Geral de Fiancas eS. E. F/M. F. Nowa:As recsitas dos Muniofpios esto acrescidas des transferéncias dos Estados ¢ da Unio; s dos Estados ‘esto aumentadas das transferdnias da Unio ¢ diminu(das das transferéncias a Entidedes Municipals; 25 da Unio faram obtidas residualmente e partir do total da Tabela 1. * Municipios das capitis, somente (Langoni, 1978s, p. 5). — 42 Cad, Pesg, (34) Ago. 1980 TABELA3 Extados Unidos ~ Distribuigfo da Receita Esteras Amt 491419291999 194419491962 1957 1961 Unido 22% RAK BOK GI «GBK GOK BK Estados 19% 17% K SKIER ITH 18K 10% Enter loctis O% TKS GK 1K OK OK Fonte: Dus, apud Sampaio Dérla, 1972, p. 105-106, —_———— TABELA4 Canadé ~ Distribuigio da Recsita Estero: Anos 1929 19331938 Unifo Bax "36% 38K, Provineias 25% «2% BB Entes locas 41% 35% 20%, Fonte; Due, apud Sampaio Déria, 1972, p. 206-106, Entretanto, @ questfo da educago a n(vel muni- cipal niio poderia ser colocada somente na perspective ‘de dar mais recursos so Munie/pio. € preciso atribuir- hes mais recureas financeiros dentro do principio de corregdo de desigualdades, pois os snetfabetos tendem @ concentrar-se 0s Municipios mais pobres dos Esta- ‘dos mais pobres. AAs svicipat ctns cut 0 t- zem 408 Municfpios dizem respeito & mé aplicacdo de seus paroos recursos financtires. Montou-se uma ideo- logia, ora radical, ora cauteloss, com fatos objetivos 0 subjetivos, procurando demonstrar a incapacidade ad: Financiomento da educagéo rio Brasil numa perspectiva democrética 1945 195019551988 1961 82% 59% SUH OETK. 10% «27% 22H 24H OTK O% 20% HH 2IK ministrativa dos Municipios de gerir seus préprios re- cursos. Fatotes politicos, econdmicos, educacionais, rmoreis religiosos so reunidos para fundamentar as ‘eset antimunicipalistes, que aportam para a incape- cidade nas tomadas de decis6es dos dirigentes politi. ‘coedministrativos municipals, baseados em fatos no maior parte verdadeiros e provenientes de fontes fide- dignas, A imagem negative, sinds que alicergada am varidveis diversas, manifestase essencialmente pela incapecidsde administrative de gerir recursos finan: tires, Parecernos, entretanto, que as criticss basica- mente ignoram as ratzes profundas do “mal” munich pat, Analisam-se mais os efeltos do que as-causas con: dicionantes, esquecendoe do fato fundamental de ‘que em nosso processo de desenvolvimento histérico, “43 sja_politico, administrativo ou financeiro, os Muni- ios foram objetos de um proceso culos agentes foram ou os Estados, ov a Unido. ‘A. incapacidade administrativa, como qualquer ‘ourra variével, pode ser vista numa perspectiva gradual. Exister diferentes graus de incapacidade adrministra- ‘iva, Ela no € uma caracterfstica exclusiva da exfera municipal. Pode ser_encontrada, em diversos. graus, tanto na administragdo péblica federal, come no esta: \uat..No maximo, o que se pode dizer & que, em msior au, ela serd encontrada na esfera municipal, acres: eentondo-se, pordm, que esse grau maior € conseqiiin- ‘a € reflexo dos graus de incapacidade adminletrativa ‘encontrados na esfera da administracdo piblica fede- ‘ale ostadual, Em funefo da imagem negative formada em re- {ago 205 Municipios, nfo se Ihes do recursos suficien- 1s. Sem estes, ndo hi possibilidades de melhorie da qua- lifieagdo de seu pestos|. Qualificago que ¢ esvencialmen- te questio de oducacio. Educagio que nfo pode ser Proporcioneda porque so insuficientes os recursos Fechase 0 cfreulo vicios # que sempre estiveram pre $05 08 Municipios, Cireulo que deveria ser desfeito gra- dusimente. Peulatinamente, deveria modificar-se 0 sis- tema discriminatério de rendas pablicas; os 6rofos con- troladores federais © estacuais deveriam agir grodue!- mente sobre as finangas municipais; ceveria injeter-se Paulatinamente novos recursos na esfera/ municipal, E entéo, como conseqGéncia coerente, se pesseria gro- ualmente 6 exigi mais dos Municiplos. Conforme declarem a Constituigdo (Titulo IV — a Familia, da Educago e de Cultura 0 Art. 176) ea leqislapfo educaciona (Lei 4.024, 20/12/61, Art. 29 @ Art. 32, item 11, em vigor, @ transmissfo’ dos ideals democrétleos da liberdade ¢ da solideriedade humana 4 uth dos abjetivos maiores d3 educagio. O direito & educaclo © & igualdade de oportunidades também sf0 prine(pios defendios na legistaglo. Portanto, democracia e educacdo, ou valores. po- litices © educagdo, estdo indissociavelmente ligados. Querer buscar a democracia sem a educacdo é entrar ‘89 caminho das contradigSes lnsoldveis. A escola nfo 4 mera agineia de transmissio de conhecimentos: é um meio para que se aleancem valores perenes @ imutéveis ‘come 0 da liberdade © de solidariedade humane, E pa: +3 05 educadores conscientes & muito mais do que isto, E a buses de desenvolvimento, “no aluno, das capaci: dades de observago, reflexio, criagSo, discriminacko de valores, julgamente, comunicacao, convivio, coope- rage, decisdo e apfo, encarades como objetivo geral 0 pprocesso educativo” (Conselho Federal de Educa- eio, Resolugdo n? 8, Art. 39, § 19, 1/12/71; relator Valeir Chagas), Em sintese, © Governo que buscar 9 democra: cia deve se voltar para os Interesses malores do povo &, conseqientemente, do pais. Entre ot interesses mais Rréximos do povo, esto a educaelo @ # sade, Educe Ho @ sade devern ser objetives prioritérios permainer- tes de governos demoardtiens. 4 EDUCACAO SISTEMA ECONOMICO Come conn oi! is 0 de Iiberdade, no plano econtmico, ds democracias ppermitem, aceitern ¢ estimulam a existtacia da iniciati- va privada, desde que respeite a leisiagdo em vigor. Co- me conseaifncia do exercicio de tiberdade no plano politico, encontramos, no plano econémico, capite- lismo, Wes em lugardo capitalismo smithiano, basvado ro “Taissez-faire”, que gerou deturpecdes provindas das agdes de trustes, carts, etc., estruturando monopélias € ofigopélios, as democracies passaram a aceitar 0 ca pitalismo keynesiano, O Estado neo-capitalsta moder- no intervém noemativamente para proteger o tivre jogo do mercado. Intervém em perfodos de crises econémi- as, para corrigir distorges € teorientar 8 economia. intervém em setores em que a iniciativa privads nfo tem interesse em investir. Intervém em setores-chave ligados 2 assuntos de seyurance nacional, intervém, ainda, em setores onde & relacdo insuma-produto exige altos investimentos, para os quacs @ poupence priv dda no esté preparads, principaimente om setores que cexigem longa maturagSo © nos quais es toxas de retar- ‘no sio demoradas. Portanto, © neo-capitalismo moderno acsita 0 principio da intervengZ0 estatal como reorientadora de rites, distorgBes, ete. Mas, intervengio dinémica, elistica © no intarvencdo definitiva, ou em grau de intensidade coda vez maior, € a intervensdo corret Va, @ 2 volta do Estedo & posiqfo de érbitro © coor- denador do sistema econbmico, € a intervencko na a io intervengfo na normalidade, Se 0 pro cesso de intervir em perodos criticos se adentua, a préxima fase € 0 recuo ordénado. Pols, do contrétio, ® estatizapSo continua levaré & comunizagdo dos bens de produgdo. O Estado pastaré a produtir tudo e ha- verd a suprestdo da iniciativa privada. E poderd haver, no plano politica, a supressfo da liberdade, da de- mocracia. Quando valorizamos a inicistiva privada, valo- Fizamos a liberdade no plano econémieo. Esta é a di- retriz fundamental do capitalismo que acredita no po- der eriador do processo competitive. Quando acelta: mos a apo do Estado como corretor dos desvios no procesto de competiqio @ nas leis do mercado, 2pro- ximamo-nos de prineipios socialists. Em s{ntese, 0 neo-capitalismo moderne ¢ um misto de capitalisma 3 conforma Rolatério de Comissfo do Sducapio © Culture to Senado Federal, tamanhe crise no exfra municipal, ‘que. on Munleipios pobren, om ver eo aoir eaolay, e886 ‘ohana. Cad, Pesq. (34) Ago, 1980 liberal e de socialise democrético, O objetivo € criar uma democracia social. Evitar quistos de privilégios de pessoas @ grupos, Colocar os frutos de crascimen: 10 econdmico em diraclo do desenvolvimento de to- dda 2 sociedad. © subdesenvolvimento também apresenta algu- mas vaotagens. A maior deles ¢, talvez, a fundamen: tal 6 9 de que nbs nfo precisamos incorrer nos erros de outros paises. Entre esses erros, um dos principsis et na radicalizagSo de principios ideolégicos, ora ba- seados 16 no capitalismo, ora s6 no sociatisms. Temas que ter a isene8o de julgé-los como dois sistemas ted- fleas que, quando operacionalizados, goram vantagens © desvantagens. © caminho mais correto estaria em buscar as vantagens dos dols sistemas, sem incorrer ros seus eros. A fundamental tem de ser a do teresse do pais © da socledade, procurando fibertar- nos da camisa-deforge do redicalismo ideclégice, ora uma, ore noutra. direcZo. 0 equilforio entie forcas cconflitantes tem que ser buscado. Precisames acredi- tor que seremos capazes de operacionalizar esse equi Iibrio. Para que isto possa sor feito, seja no plano poli tico ou econdmico, a sociedade devers manter-e aber- ta @ inovesses. A inovacties gretuitas, continues, cor- retoras de distorges e/ou desequilforios, As grandes inovagées salvadoras, as mudangas bruseas, terdo que ser rejeitedes porque artficias, porque quase sempre twanspostas de outros parses. O proceste politica © eco rndmico brasileiro somente atenderé aos Interesses do pals quando centrado em gradative inovacdo corrigin- do situages concretas, com solugties propria. ‘Ainds no plano teérico teremos que hermonizar, Ou pore ser mais correto, compatibilizar alguns aspec 15 conflitantes, Um desses aspectos & @ concentragdo. de rends, produto tipico do desenvolvimento capita: lista, © capitalismo, para se expandir, precisa conoan- tar capital. E a concentragio do capital que permite 2 abertura de novos empreenditranta, gera a pradugSo de novos produtos, novor empragos, saidrios, etc, e ga ante 2 sbsorgdo da taxa de crescimento demogrético. Pela prépris mectnica do processo, @ concentracdo de recuries financeiros em empreendimentos era mais ‘acres, mais poupanca e, portanto, concentra o capitat ‘ads ver mois, E 0 ciclo de acumulagio de riquezas. Gada vex mais a coneentracéo, desde que © pals esteja fem desenvolvimento, passe a se centrar nos grupos re- duzidos que detém o capital, Os frutos do desenvolvt ‘mento patsam a ser usufrufdos por ume pequens e re- ‘duzida minoria ds populacdo do. pafs. Em ritmos de ‘rescimento econémico a altas texas, 0 proceso de oncentragio de riquezas se intensifica de forma astus ‘adore. Marx rio aoreditava na reversibilidade deste Procosso © achave que, de tanto havor concentragio nas mio de poucos e a dissominago da miséria entre ‘muitos, estes muitos acabariam tendo consciéncia e mudariam © sistema politico em beneffcio deles. O ‘Processo acabou scontecendo, sendo que em alguns paises, de forme violonts. ‘Se, do ponto de vista econémico, & elemento ‘compensadora @ concentragio de riquezas, no plano social, isto , na distribuigdo mols eqiitative dessa ri- ‘queza entre os diversos segmentos da populagio, elt fo ¢ salutar , mais ainda, ela se torna imoral na pers: pectiva dos grupos de baixa renda, tem de ser con siderada imorat pela elite dirigente do Pais, que 18 de verie ester por delogagio de todas as camedas, ¢ néo de grupos que detém 0 privilégio em detorminado ins tante. Tendo por principio que 6 preciso concontrar capital e, a0 mosmo tempo, ir detconcentrando-o (dis- ibuir © bolo enquanto este ssté crescendo}, & pre- ‘iso buscar continuamente © ponte de equilfbrio no rocesso de concentragio — distribuigdo de riquezas, Mas, para que isto possa ser realizado, hd a necessida: de de buscarmos mecanismos operacioneis que cor- rijam as desigualdedes oriundas do procesto de cres- cimento econdmica. © governo 6 © maior responsé- vel na criagio destes mecanismos correrores de desi- ualdades. Somente com a criacSo destes mecanis- ‘mos haveré moralidade no procesio de crescimento eeonémico que poderé gerar o desenvolvitnenta em todos of setores. Caso contrétio, eresceremat ecano- rmicamonte © geraremos uma série de desequilfbrios politico-socials, fato que no intereste ao desenvol- vimento harménico do pas, ‘© processo de concentracio de riquezas 6 tHo in ‘enzo, em ritmos acelerados de crescimento econémico, ‘que teriamos de corrigir distorgSes nos macanismos cor” Tetores de desigualdades e criar novos mecanismos. Os ‘mecanismos corretores de desigualdades deveriam exis- ‘ir na esfera do poder pablico, desconcentrando recur- 103 de Unido para os Estados € Municipios e no plano dos Estados, desconcentrando para os Municipios. De- veriam existir nas trés esferas do poder ptblico,redistr bbuindo recursos para setores privadas nfo atingidos pelo processo de desenvolvimento, e nos planos setoriais, regionsise individusis, AA are sas iin exons, po saremos a analisar alguns aspectos de reaidace econd- mica do Brasil de hoje que, direta ou indiretemente, acabam influindo nes problemas do financiamento

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