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Introdução a Museologia – ECA/USP

(CBD0247)

Nome: Ana Elise Costa Santos


Número USP: 10787438
Data: 14/12/2022

2° Relato Crítico

Partindo de um panorama geral, durante as aulas do semestre, muito se discutiu


sobre a trajetória dos museus, do caminho do colecionismo e dos gabinetes de
curiosidades, para o museu neoclássico até o museu cubo branco. O museu neoclássico é
o primeiro paradigma, ele é nitidamente mais material, surge com o Iluminismo e está
diretamente ligado ao colonialismo e ao imperialismo, já o segundo paradigma seria o
cubo branco, há nele um processo de desmaterialização, é mais abstrato e ligado ao
modernismo.
Em continuidade a isso, durante a aula do dia 01 de dezembro, com a convidada
Daniela Rodrigues, assistente curatorial do Museu de Arte de São Paulo (MASP), se
estabeleceu uma conversa sobre o real papel do museu, local que não deveria ser apenas
um espaço de contemplação e de uma relação top to bottom (de cima para baixo), mas
também um local de interação, construção conjunta e questionamentos, pois a história
que um museu guarda é indiscutível? É a verdade absoluta? Em que momento um museu
se contrapõe com seu conceito comum e se torna um anti-museu?
A visita ao museu judaico contribuiu bastante para o entendimento dessa função
de um museu, segundo o diretor executivo da instituição, Felipe Arruda, um museu é uma
plataforma de projetos culturais e não apenas um local de exposições, Arruda também
explicou que não utiliza apenas o número de público, o acervo e a parte financeira como
parâmetros de sucesso da instituição, mas também a programação, visibilidade, parcerias
e o impacto social. A instituição – inaugurada em 05 de dezembro de 2021 – apresenta o
judaísmo de forma muito rica, por estar localizada em um antigo templo sua estrutura
também ajuda envolver o visitante na cultura judaica.
Ainda segundo o diretor, há uma grande base no conceito de trançar culturas, pois
as tranças são um símbolo recorrente no judaísmo, por isso é interessante que as
exposições temporárias sejam interligadas de alguma forma as exposições de longuíssima
duração, através da iniciativa de dar voz a grupos também considerados minorias sociais,
como nas exposições: Modernas: São Paulo vista por elas, que está atualmente aberta para
visitação. A exposição conta com fotografias de um período de 50 anos da história de São
Paulo, capturadas por mulheres estrangeiras pioneiras na modernização da fotografia
brasileira; e Botannica Tirannica, que reunia diversas espécies de plantas que apresentam
nomes preconceituosos (misóginos, racistas e antissemitas) e esteve aberta à visitação de
maio a setembro desse ano.
Voltando à aula do dia 01 de dezembro, a superinterpretação de tudo dentro do
ambiente museológico foi outra questão que se estendeu nas discussões, o tema surgiu a
partir dos seguintes questionamentos: tudo em um museu de arte precisa ser interpretado
e explicado? Caso os museus fossem mais autoexplicativos, seriam necessárias
explicações verbais e visitas mediadas?
Durante fala na Conferência Geral do ICOM 2013 sobre o museu e a condição
humana, o professor, museólogo, arqueólogo e historiador Ulpiano Bezerra de Meneses
afirmou que os museus ainda não tinham estabelecido uma linguagem especifica de
exposição, que nos museus de arte o padrão dominante é da redução linguística e ainda
impera a centralidade do verbal, o que de certa forma limita a experiência do visitante,
que não consegue extrair todas as informações e obter uma visão completa sozinho,
precisa de alguma forma de apoio, como a visita guiada.
No tocante aos filmes exibidos em aula, o filme Arca Russa (2002) do cineasta
Russo Alexander Sukorov mostra um museu bastante vivo, com um marquês do passado
andando pelos corredores e exposições do Hermitage em São Petersburgo. Durante a
passagem pelo museu, o marquês encontra figuras e momentos históricos do império
russo, levando o público com ele, numa visão de câmera em primeira pessoa. O filme é
todo gravado em um único plano sequência e se apresenta bem imersivo quanto a
experiência em um museu, em um dos momentos o marquês chega a comentar sobre o
cheiro das pinturas e em outros há apresentações de orquestras sinfônicas e grandes bailes.
É uma forma totalmente diferente de visitar e vivenciar um museu que se encontra em
movimento, com diversas coisas acontecendo tanto concomitantemente quanto
sequencialmente durante o filme.
Já no filme Francofonia (2015), também de Alexander Sukorov, o cenário é o
Museu do Louvre, em Paris, durante a ocupação nazista no período da Segunda Guerra
Mundial, no verão de 1940. Francofonia tem um ritmo bem mais lento que o citado
anteriormente e há momentos que o filme apenas busca contemplar as obras em exposição
no museu, mas também estão presentes as figuras históricas ajudando a construir sua
narrativa. É perceptível que o foco está na importância da arte e na sua forma de resistir
e se manter viva, mesmo em um cenário de guerra, como nesse caso.

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