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Augusta, Respeilavel e Grande Benfeitora Loja Simbélica Paranapuan n°1447 Jurisdicionada ao Grande Oriente do Estado do Rio de Janeiro ~ Federada ao Grande Oriente do Brasil “Liberdade, Igualdade, Fraternidade” Rio 2007 - Ano do Pan: o esporte unindo os povos O COBRIDOR Por Rafael Chaves Ferraz Adaptado de Antonio Carlos Ribeiro de Carvalho INTRODUGAO Este trabalho trata do Cobridor no Rito Moderno. Nao o Cobridor do grau, mas do cargo de Cobridor. A origem da apresentacao que fazemos esta noite é dupla: em primeiro lugar, de algumas conversas tidas com o Ir.’. Abel Lopes Ferreira, quando este ocupava o cargo de Cobridor, e eu, 0 de Mestre de Harmonia; em segundo lugar, de um trabalho de um Ir.’ da Loja Fratellanza Italiana sobre o cargo. Este trabalho ¢, na verdade, uma adaptacdo deste trabalho conseguido no sitio da Loja Fratellanza Italiana na internet. Ha pouca matéria escrita sobre o cargo, que se mostra de suma importancia no equilibrio dos trabalhos. O CARGO O Cobridor Interno ou Guarda do Templo tem assento a direita da Porta de entrada munido de espada, guarda a porta para que essa nao se abra, a nao ser quando o 2° Vig.’. solicitar. Nao é cargo que possa ser ocupado por Aprendiz e Companheiro. £ ao Cobridor que se confia preponderantemente a eficdcia do 15° Landmark’ (“nenhum visitante, desconhecido aos irmaos de ‘uma Loja, pode ser admitido a visitar, sem que antes de tudo seja examinado, conforme os antigos costumes”). © Cobridor interno ndo poder afastar-se de seu lugar em momento algum. Caso seja necessario sair pedira um substituto a0 2° Vigilante, A jéia do Cobridor ¢ a representacao de duas espadas desembainhadas e cruzadas, representando a defesa espiritual e fisica do Templo. Como dissemos acima, 0 Cobridor é 0 guarda do Templo e encarregado de zelar pela sua seguranca, abrindo e fechando a porta de entrada para 0 ingresso e a saida dos obreiros, e comunicar em voz baixa, ao 1° Vigilante tudo que ocorrer junto a porta, dentro ou fora do Templo. " Landmaks de Mackey, que totalizam 25, O trabalho original, no qual este foi baseado, é uma reflexdo sobre 0 Cobridor no Rito Escocés Antigo e Aceito. Neste rito, de modo diferente do Rito Moderno, ha o cargo de Cobridor Externo. A jéia deste cargo é a representacao de um alfanje” sobre duas espadas cruzadas. No Rito Modero nao ha o cargo de Cobridor Externo. Isto tem relagdo com o sentido original da existéncia do cargo. Na antiga maconaria operativa, na qual 0 sucesso das construgdes de catedrais medievais dependia do sigilo, era deveras importante a figura de um guarda extemno aos trabalhos, que zelasse pela nao violagao do espaco de reuniao dos obreiros. Mais adiante na Historia, este cargo mostrou- se mais uma vez efetivo, para zelar pela guarda dos templos magénicos contra as perseguigdes de reis e papas. Com o passar do tempo, esta protecao externa aos trabalhos caiu em desuso, pois que com 0 fim das tiranias a maconaria péde sair da sombra, nos dizeres de José Castellani e Frederico Guilherme Costa’, Ainda segundo estes autores, apesar de alguns ritos conservarem o cargo de Cobridor Externo por tradigao, 0 Rito Moderno, que é 0 rito mais progressista e adaptivel as transformacées sociais, excluiu-o, por ser anacrénico. Podemos tratar didaticamente do cargo resumindo a matéria em quatro aspectos, qual seja: 1. Atribuicdo leg 4. Aspecto Cabalistico. 1- ATRIBUIGOES LEGAIS O Regulamento Geral da Federacio (RGF) estabelece as atribuigdes legais dos Cobridores Intemo e Extemo, a saber: ‘Do Cobridor Interno ‘Art. 107 - Compete a0 Cobridor interno: 1 - guardar a entrada do Templo, zelando pela plena seguranca dos trabalhos da Loja; I1- nio consentir a entrada ou saida de Obreiros sem a devida autorizagio; IL - verficar se os Obreiros que desejarem entrar no Templo, apds o inicio dos trabalhos, ‘estdo trajados regularmente e encaminha-los consoante determina 0 respectivo Ritual. ® Alfanje: sabre de lamina curta e larga, com o fio no lado convexo da curva. Fonte: Dicionario Houaiss, Ed. Eletrnica. > COSTA, F.G. e CASTELLANI., J. Rito Moderno: a verdade revelada. Londrina: A Trolha, 2005. 3* ed. P.177 ‘GRANDE ORIENTE DO BRASIL. Regulamento Geral da Federagdo. Brasilia, 2003. pp. 65-66. ‘Do Cobridor Externo Art, 108 - Ao Cobridor Externo compete: 1 fazer observar 0 mais rigoroso siléncio nas cercanias do Templo; It - ndo permitir que sejam ouvidos, externamente, por quem quer que seja, 0 trabalho realizado em Loja; IT -cerificar-se quanto i regularidade de visitantes. Como nao ha Cobridor Externo no Rito Moderno, concluimos que todas estas atribuigdes ‘cabem, em nosso rito, ao Cobridor (interno). 2- ASPECTO RITUALISTICO 0 Cobridor ¢ 0 guardiao do Templo, e basicamente ¢ ele que o mantém incélume, zelando pelo absoluto sigilo dos trabalhos, pela identificacio dos que adentram, pelo uso correto das vestimentas, pela perfeita seguranca na entrada, pela estabilidade nas colunas, pelo uso correto da espada (considerada a arma justa, pois nivela os oponentes e aterra toda energia antes e depois dos trabalho). Reporta-se, no Rito Moderno sempre ao Ir.: 2° Vig.:, 0 qual transmite as informagdes ao V.: Como na abertura dos trabalhos em Loja de Aprendiz, em que o 2° Vig.'., quando apés a triangulacdo com o Ven.’. Mestre e o 1° Vig.’. quanto a certificagao da “cobertura” do templo, solicita ao 1° Exp.’. que faca a verificagao, ao que este tranca a porta, deposita a chave na estagdo do 2° Vig. e, dirigindo-se ao Cobridor, solicita que ele vele pela guarda do templo a partir daquele momento. O Cobr.’., entio, informa ao 2° Vig.’. de que o templo esta coberto, e este transmite a informacao ao Ven.*., mais uma vez pela triangulagao entre as Luzes da Loja. Independente do grau em que a Loja estiver trabalhando, o Obreiro que chegar atrasado devera dar somente trés pancadas na porta (bat.’. do Grau de Apr.’.) e nao as bat.’. de outros Graus. Compete ao Cobr.’. verificar quem bate, certificando-se de que o Obr.: do quadro ou visitante, tem Grau simbilico suficiente para assistir a Sés.". 3- SIMBOLISMO DO CARGO © Cobridor € um dos Oficiais que compdem a Estrela Hexagonal (“estrela-de-Davi"), composta por um triangulo de apice superior e outro de dpice inferior, ambos eqiiiléteros e sobrepostos, que serve para simbolizar os dirigentes de uma Loja magdnica composta, de acordo com as suas atribuigdes, ligadas & espiritualidade, ou & materialidade. No triangulo de pice superior, o angulo superior ¢ representando pelo Veneravel Mestre, enquanto 0s outros dois sio representados pelos Vigilantes, jé que essas trés Dignidades (ou trés Luzes da Oficina) sio responsiveis pela orientagao espiritual dos obreiros, formando as trés bases a Espiritualidade, No triangulo de apice inferior, o angulo inferior é representado pelo Cobridor, ou Telhador, enquanto 0s dois outros angulos s4o representados, respectivamente, pelo Orador e pelo Secretirio, pois, competindo-Ihe a orientacio material da Loja (o Orador, zelando pelo cumprimento das leis, 0 Secretirio, como responsavel pelas atas e expediente da Loja, e 0 Cobridor, zelando pela seguranca do templo), eles formam as trés bases da Materialidade. ‘A formagio da estrela hexagonal gerou a correta maneira de circulacio do Tr.’. de Beneficéncia e do S.". de Pr,’,e Inf,’ quando o oficial circulante passa, inicialmente, ao Venerivel Mestre e aos Vigilantes, formando a base da espiritualidade, e, depois, a0 Orador, ao Secretario e ao Cobridor, formando a base da materialidade e completando a estrela, Finalmente, passando pelas demais autoridades do Or.:, aos Mestres da Coluna do 2° Vigilante, aos Mestres da Coluna do 1° Vigilante, aos Companheiros e aos Aprendizes, nessa ordem. A circulagao, feita dessa forma, satisfaz ao simbolismo dos cargos e respeita a hierarquia do quadro de obreitos. 4- ASPECTO CABALISTICt O autor do trabalho original aventurou-se ligar a disposicdo dos cargos em Loja 4 Cabala, visio que acredito ser interessante partilhar. Segundo ele, os 10 oficiais da Loja° situam-se, perfeitamente, na arvore sephirdtica®: Veneravel corresponde a KETHER (A Coro Secretério corresponde a BINAH (Inteligéncia); Orador a CHOCHMAH (Sabedoria); Tesoureiro a GEBURAH (Forca, Rigor); Mestre de Ceriménias equivale a TIPHERETH (Beleza); Hospitaleiro a CHESED (Graga); 1° Vigilante a HOD (Vitoria, Firmeza); 2° Vigilante a NETZAH (Gloria, Esplendor); 5 Venerdvel Mestre, 1° Vigilante, 2° Vigilante, Orador, Secreirio, Experto, Mestre de Ceriménias, Tesoureiro, Hospitaleiro, Cobridor “Também chamada “Arvore da Vida”. Iustragao em Anexo. Experto a IESOD (Base, Fundamento); Cobridor a MALKUTH (Reino ou Mundo Profano). Vejamos que MALKUTH é a Sefirah inferior constituinte da presenga de Deus na matéria, cuja natureza quadrupla encerra os quatro niveis inerentes a arvore sephirética como um todo (a taiz, 0 tronco, os ramos e os frutos, conforme cresce no interior existencial ou a Vontade, a Mente, © Coragao € 0 Corpo Divino) e sobre nés aparece como 0 CORPO FISICO, com seus elementos tadicionais: tera, égua, ar e fogo. Ora, se na estrutura de uma Loja magOnica o Cobridor corresponde a MALKUTH, ¢ se uma Loja nada mais é, par alguns, do que uma alegoria simbélica do Corpo Mistico do Homem, entao 0 Guarda do Templo é representante do unico contato direto que a “Alma de uma Loja” tem com 0 Mundo Exterior. ‘Ao conversar com o irmao Pedro Pietroluongo, da A.R.L.S. José Joaquim Fernandes, que é estudioso da Cabala, este me disse que MALKUTH é a representagio da morte. Por analogia, podemos concluir que o Cobridor, ja que representa a ligagio entre o material e o espiritual, representa a morte da vida material, profana, e o renascimento para uma vida voltada para o lado espiritual; uma vida magénica. CONSIDERAGOES LINGUISTICAS Além das colocagées feitas pelo autor do trabalho original, gostaria de tocar em um outro aspecto, que seria o lingilistico. As tradugdes para outras Linguas, a partir da Lingua Inglesa ‘geraram modificagao na clareza da denominacao do cargo de Cobridor. Segundo Melkisedek, M.".L., a origem do termo Cobridor vem da palavra inglesa Tyler, cuja tradugao literal seria tethador. Vejamos no que os verbos cobrir e telhar nos podem ajudar: v COBRIR: transitivo direto = ocultar ou resguardar estando ou pondo-se (ou pondo alguma coisa) em cima, diante ou em redor. - resguardar (casa, prédio etc.) com um teto ou outra cobertura ~ N&o deixar ouvir; far v TELHAR: transitive direto = recobrir de telha(s); atelhar, entelhar Curioso é vermos em nosso ritual que temos 0 Cobridor do grau de ap.’., em que estio dispostas todas as informagées relativas a reconhecimento miituo de macons. E temos também o Telhamento, que seria, justamente, um modo de verificar se uma Loja pode reconhecer como macom determinado visitante. Assim, para ser reconhecido, além de responder aos questionamentos do telhamento, o visitante deve estar ciente do que ¢ disposto no cobridor do grau. Como telhar pode ser o mesmo que cobrir, no caso da construcdo civil, podemos fazer analogia para a maconaria, se pensarmos que, a0 verificar se os visitantes s4o magons, 0 Cobridor deve fazer o telhamento, Assim, 0 Cobridor é 0 Telhador ~ 0 tyler das Lojas inglesas. E ele que vai cobrir o templo dos chamados goteiras, que sio os curiosos. Como o cobridor vai telhar (ou cobrir) 6 templo, conforme anuncia na abertura dos trabalhos, ele vai impedir que possiveis goteiras atrapalhem os trabalhos da Oficina. CONCLUSAO Este trabalho teve por objetivo demonstrar a importancia do Cargo de Cobridor, tao importante durante as reunides. Lembro-me que o mesmo Irmao Abel Lopes Ferreira certa vez me disse que a espada que 0 cobridor empunha deve ficar fixa no chao, na linha central do templo, a linha do equador, como uma maneira de aterrar as energias que sio emanadas quando os magons estéo em reuniao. Podemos ver, com todas estas consideragoes, que o cargo de cobridor é to responsavel quanto os demais pelo andamento dos trabalhos, desempenhando funcao indispensvel ao funcionamento de qualquer Loja. BIBLIOGRAFIA CASTELLANI, José. Consultério Macénico. Vol VII. Sao Paulo: A Trotha, 2000. .. ¢ COSTA, F. G. 0 rito moderno: a verdade revelada. Séo Paulo: A Trotha, 2005. GRANDE ORIENTE DO BRASIL. Ritual do Grau 1 - Aprendiz do Rito Moderno. s/d. . Regulamento Geral da Federacao. 2003 VAROLI, Filho, Theobaldo. Ritual do REAA. Grande Oriente de Sao Paulo: Ed. Gazeta Macénica, s/d. HALEVI, Z'Ev Ben Shimon. A Cabala. Edicdes Del Prado. sid Rafael Chaves Ferraz CIM: 237590 ANEXO A Arvore Sephirética

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