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PERSPECTIVAS iL /vse. bess Eoesinson PROGRAMAS DE HABITAGAO SOCTAL NO BRASIL Thais Almeida Siqueira Graduanda em Arquitetura e UtbanismoISECENSA/RI thais_asiqueita@hotmail.com Ronaldo de Sousa Aratijo Doutor em Gesto e Valoragto Urbana/UPC /Barcelona/Espanha rsaraujo@homail.com RESUMO O presente estudo tem por motivo analisar os Programas de Habitagdio Social no Brasil, que surgiram com os processos de urbanizagaio das cidades, tendo um consequente crescimento populacional. Desde de 1928, vem sendo discutido por varios arquitetos, urbanistas e poder piblico, maneiras de solucionar os grandes problemas que a falta de habitagao acarreta para populacdo. A necessidade de construcao de habitagdes de qualidade é extremamente importante, porém nao ¢ isso que vem sendo feito pelo poder piblico e privado, pois para eles quantidade ¢ melhor que qualidade. E 0 objetivo dessa pesquisa é discutir sobre a realidade desses programas de habitagio, sobre a escolhia de quantidade ou de qualidade ou os ambos. E com 0 decorrer do trabalho é nitido a preciria evolucio que os programas tiveram em mais de meio século. Palavras Chaves: Habitagio Social, Quantidade, Qualidade, ABSTRACT The present study is to analyze the reason of Social Housing Programs in Brazil, which emerged with the processes of urbanization of cities, with a consequent population growth. Since 1928, has been discussed by several architects, planners and the public sector, how to solve big problems that homelessness leads to population. The need for housing construction quality is extremely important. but this is not being done by the public and private power, because for them quality is better than quantity. And the goal of this research is to discuss the reality of these housing programs on the choice of quantity or quality ot both. And in the course of work is ctisp precarious developments that programs have had in over half a century. Keywords: Social housing. quantity. quality. 1. INTRODUGAO Com 9 proceso de urbanizagao das cidades e consequentemente crescimento populacional, foi necessirio a construgao de habitagdes em grandes qqantidades. Em muitos paises os processos de urbanizacao e industrializagao se misturam. E uma das solucdes fornecidas pelo poder piblico, € também por empreendedores privados, foi a constmgao de conjuntos habitacionais. Suprindo a demanda no Brasil e em outros paises como na Europa, Esse emia vein sendo discutido desde 1928, onde os arquitetos e urbanistas juntos com o poder pilblico, pretendem achar solugdes vidveis e econémicas que favorega tanto a populago como os municipios. Com o aumento acelerado da populagao do planeta, em particular das camadas de escassos recursos, 05 conflitos politicos, étnicos, religiosos e as progressivas catastrofes naturais, produziram ‘uma significativa populagao sem moradia, ou assentada em urbanizagdes precatias, provisérias ‘marginais, arp. olin: hur. & soca aplicads, Campos dos Goylacazes, 10), 45-54, 2014 eB scerperspectvasoline com ve PERSPECTIVAS iL /vse. bess Eoesinson projeto da habitagao social é, sem divida, um dos mais dificeis na medida em que qualquer gesto pressupoe um controle muito grande de custos, uma racionalizacao extrema que infelizmente traduz-se numa pobreza de propostas muito grave. Em diversos momentos, a habitagao para pobres foi entendida de fato como habitagao pobre, de ideias pobres e de baixa qualidade. ‘Mas o grande dilema é, fazer poucas habitagdes, porém de qualidade, ou fazer muitas habitagdes, com pouca qualidade? Este é um dos objetivos dessa pesquisa, debater sobre assuntos relacionados a habitagao, populagao ¢ municipio. Que foram pesquisados em livros, intemet, jornais e revistas, E Justificando a necessidade do poder piblico em analisar os problemas da populagio, conseguir resolvé-los da melhor forma possivel para todos. Coucluindo que. os Programas de Habitagao Popular no Brasil tém muito 0 que evoluir, para que a construcdo de grandes conjuntos habitacionais resolva a maioria dos problemas de habitagdo deste pais. 2. DISCUSSAO 2.1 Origem dos Projetos de Habitacao no pais Até a primeira metade do século XX, nfo se imaginava a existéncia de uma familia sem a casa, que representava a indispensavel protesdo da vida privada contra a adversidade da natureza e os perigos do mundo exterior. No entanto. com as transformagdes sociais e econdmicas ocortidas depois da Segunda Guerra Mundial, e 0 surgimento © desenvolvimento dos paises do Terceiro Mundo, criaram uma separagao entre casa e individu. Para Aymonino (1973), as discusses sobre as moradias foram temas de debates nos Congressos Intemacionais de Arquitetura Moderna — CIAMSs, a partir de 1928. Estes foram criados com 0 intuito de reunir arquitetos preocupados com qualidade fisica-espacial das cidades em fungao da consolidagaio dos processos industriais, e como estes poderiam ocorrer em relagdo construgao de edificagdes. As edificacdes deveriam atender as necessidades da sociedade atual, © desafio de abrigar a grande massa de populagdo que chegava as cidades, os modemos pensam em pequenas tnidades com servigos coletivos, construgao racionalizada e baixos custos. E 0 resgate da habitagao social como objeto de reflexio, propondo-se tima nova arquitetura para tna nova cidade. 2.2 Modelo de Conjunto Habitacional no Brasil De acordo com Benetti (2012), em 1946, © Conjunto do Pedregnlho comeyou a ser construida, obra do Arquiteto Affonso Eduardo Reidy e Carmen Portinho, este conjunto habitacional é uma obra da arquitetura modema, onde coloca o Brasil na vanguarda dos movimentos internacionais. © projeto & totalmente inédito para a época, aliando questées urbanas a uma conformacao arquiteténica. O projet consiste em: lavanderia coletiva, escola, clube com piscina e posto de saiide, adjudica os apartamentos nao pela renda familiar, mas pelo tamanho da familia, ot seja, uma verdadeira inovasaio. Todos os principios da arquitetura moderna esto inseridos, mas de maneira particular, pilotis no meio da edificagao, estrutura independente, paredes nao estruturais, e uma forma que segue a forma e nio a fungao de maneira simplista Porém, depois com todo estudo de todos 0s tipos de habitagdes € conjuntos habitacionais, 0 Pedregulho nao eta uma solugao vidvel para a grande maioria da poptlacao, mas o que temos é um modelo, um objeto que até hoje serve como referencia de qualidade, Este sera sempre um dilema aqueles que fazem habitagdio social, em face da enorme caréncia: fazer mais habitagdes, ainda que de menor qualidade, ou fazer menos habitagdes de boa qualidade? (BENETTI. 2012) Segundo Cavalcanti (2002), se o Pedregulho prima pela qualidade de seus espacos. pela riqueza de suas formas, pela correta insergao urbana, pelo programa revolucionério, o que vem depois € uma colegio de insucessos, habitagdes guiadas somente pelo principio do menor custo e grande escala, A associagiio perversa entre a racionalizag’io da consirugio, menor custo e pré-fabricagao pesada, determina a procura por lotes de grandes dimensdes naruralmente afastados da malha urbana. A outtra altemativa habitacional sao as casinhas suburbanas financiadas pela Alianca para o Progresso arp. olin: hur. & soca aplicads, Campos dos Goylacazes, 10), 45-54, 2014 16 scerperspectvasoline com ve PERSPECTIVAS iL /vse. bess Eoesinson © constmtidas no marco da maior remocao de populagdes faveladas da nossa histéria. Refletem a discussao ideolégica que associa a pequena propriedade urbana a manutengao da familia e, consequentemente, da tradigao e da propriedade. 2.3 Criacao do BN As casas comegaram a ser localizadas nmito distantes da malha urbana consolidada, além de aumentar 0 custo das cidades, comprometeram gravemente a possibilidade de melhoria social das familias, a medida em que sdo lugares carentes de possibilidades de trabalho, emprego, cultura, lazer € educagaio. As localizagdes dos conjuntos e as casas suburbanas acabam provocando certo confinamento das populagbes em fingtio do alto custo dos transportes. A partir de 1964, o BNH construit significativo mimero de conjuntos habitacionais populares nas periferias das cidades brasileiras, para onde milhares de familias foram levadas para morar. Os problemas técnicos e sociais relacionados a esse tipo de empreendimento sto insistentemente apontados por aqueles que attam na Area de habitagdo e planejamento urbano. Entre as criticas, destacam-se aquelas relacionadas & precéria insercio urbana dos conjuntos, & monotonia e mA qualidade dos projetos urbanisticos e arquiteténicos, mé qualidade da construcao e aos riscos de formagao de guetos, socialmente excluidos do restante das cidades De acordo com Freitas (2002), 0 BNH. Banco Nacional da Habitagao, marcou uma nova fase da politica habitacional federal. Criado pelo regime militar, 0 BNH teve como objetivo central dat sustentabilidade ao sistema de crédito habitacional, através da instituico de uma fonte de recursos permnanente. Quando o BNH buscou reduzir 0 custo da moradia para tentar atender a uma poptlagao que vinha se empobrecendo, ao invés de alterar o proceso de gestio e produgio que encarecia o produto final, apoiando iniciativas que a populacao jé vinha promovendo, opto por rebaixar a qualidade da construcao e tamanho da unidade, financiando moradias cada vez menores. ais precérias e distantes (..). (BONDUKL. 1998) Para Arretche (1990), autsiliar 0 lado empresarial do BNH, foi ctiado o Sistema Financeito Habitacional (SFH) com o objetivo de facilitar 0 acesso da populagao de baixa renda a casa propria e novas, financiando-as com menos de 180 dias de *habite-se”, gerando um boom no setor imobilidrio. A mesmo tempo em que se desconsideravam iméveis com condigdes de habitabilidade e que poderiam ser disponibilizados por menor custo, Outro imperativo que favorecia a construgio de novas moradias era, como j4 mencionamos, o de dinamizar a economia através da construgao civil. A expanstio das atividades do BNH nao se den, todavia, como mero resultado do cumprimento de dispositivo legal. A experiéncia dos primeiros anos tinha mostrado que no bastava apenas constmuir casas: era preciso doti-las de infraestrutura adequada, Os conjuntos habitacionais eram alvo de criticas precisamente por Ihes faltarem esses requisitos (ANDRADE & AZEVEDO, 1982). Segundo Medeiros (2011), em novembro de 1986, no meio do segundo Plano Cruzado, 0 governo Samey decidin fechar 0 BNH (Decreto Lei 2291/1986). 0 chefe do sistema, que empregava cerca de 10,000 pessoas, Os fincionérios foram absorvidas por outros otganismos publicos, especialmente a Caixa Econémica Federal. ou CEF, também chamada de CATXA (outro banco piblico), que também assumit muitas das fungdes do BNH. A politica habitacional brasileita fica com uum vazio. As atribuigdes do BNH foram pulverizadas para diversos drgaos: CEF. secretarias ministétios, responsaveis pela elaboragao das politicas, ara Palhares (2001), com o fim do BNE. surgiram outros projetos de habitaao social, e um deles foi o Projeto Moradia, criado pelo poder Executivo Federal, ainda que ja se tenha extinguido, estabelecen principios de descentralizagdio que merecem ser destacados. O projeto pressupunha a ‘mobilizagao de toda a sociedade em tomo de uma proposta, na qual o Estado tinha papel fundamental, arp. olin: hur. & soca aplicads, Campos dos Goylacazes, 10), 45-54, 2014 i scerperspectvasoline com ve PERSPECTIVAS iL /vse. bess Eoesinson ‘mas nao exclusivo, ¢ a sociedade civil era determinante em sua coneretizagao. Nenhum dos agentes ~ govemo, setor privado, legislativo, judiciério, movimentos sociais. organizacoes ndo governamentais, universidades, agentes técnicos ¢ entidades de classe - ficava de fora do proceso que exigia participagao ampla de toda a sociedade brasileira. O trabalho também apontava para contextualizagio dos modelos a serem implantados, muito cara aos prineipios de descentratizagao, em que as novas propostas, em contraposigo aos modelos prontos, deveriam considetar a diversidade material e cultural na qual seriam inseridas. 2.4 Novos Programas de Habitacao De acordo com Palhares (2001), a articulagtio das propostas priorizava a questio da moradia e instituia um sistema de gesto e controle social, que fosse responsivel pela implementagao das agdes necessérias, € se daria no Ambito da administragdo piblica nacional, estadual, ou municipal. Os diversos agentes descentralizados atuariam com proximidade dos problemas a serem enfientados. Na medida em que conhecessem as realidades regionais e locais, poderiam buscar solugdes mais baratas € coerentes com materiais e mio de obra disponivel. Reduziriam custos, aumentariam a participacto popular e, consequentemente, confeririam maior qualidade as habitacdes produzidas. O projeto visava atender como populacao alvo as familias com renda de até trés salérios minimos, evitando os e1ros passados pelas distorpdes no atendimento em relago ao BNH. © projeto ainda propunha a atticipagio de agentes de retaguarda, como universidades, centros de pesquisa e de qualificagdio profissional. constituindo um quadro técnico de profissionais habilitados. Seriam também desenvolvidas inovacdes tecnolégicas, que estabeleceriam novas possibilidades de uso de materia. com maior durabilidade e custos mais reduzidos. conferindo aos empreendimentos maiores possibilidades de sucesso na superacaio das dificuldades econdmicas. ‘Na condigao de pais em desenvolvimento, o Brasil presencia uma evolugao em seu espago. No momento atual, a modemizagao tecnologica esta difindindo novas ideins para os construtores © 0 poder piblico, promovendo utilizacio de novos materiais e recursos sem qualidade, prejudicando a populacao que ali iti morar. Segundo a Lei 11.977, 0 programa “Minha Casa Minha Vida” tem como finalidade criar incentivos ao goveno local para a construgio de novas unidades habitacionais para populagao que vive em risco, com renda menor que dez salérios minimos. (BRASIL, 2009) Esses programas do governo sio necessidade atuais da sociedade, mas 0 descaso com a populagao é tio grande, que a falta de contribuigdo esti transformando a cidade em um caos, Precisamos de incentivos sérios, de empresas e governos, para que exista uma mudanca na vida dessas pessoas. A formagio de guetos e favelas é resultado de todos os problemas que a sociedade esti pasando, © PMCMV € apontado como “uma das principais agdes do governo em reagio @ crise econdmica intemacional — ao estimular a criagao de empregos © de investimentos no setor da construcio — e também como uma politica social em grande escala” (ARANTES. 2009). Uma das principais razes do governo por esse programa é a real possibilidade da redugao do déficit habitacional brasileiro, porém eles nao percebem que apenas tima tipologia de construgao para 0 pais inteiro nao ita ter resultados agradaveis. 2.5 Diferentes culturas e falta de escolha © Brasil é um pais muito extenso, com culturas espalhadas por todo o territério, e totalmente diferentes umas das outras. Cada estado tem seus costumes, cada cidade tem seus habitos, que diferem muito de Norte a Sul. E um mesmo programa para todo um pais, com diferentes comportamentos & etnias, munca seta eficaz e sempre ocomerio os mesmo erros, © govemo resolve singulatizar a populagao, ¢ fazer um tipo de habitagao que “ache” que resolva para todos os moradores. Mas isso é ‘mero engano, porque nenbuma pessoa que receber uma casa sem ter dado nenlum palpite nela, se sentiré “em casa” A uniformizagto das moradias pelo pais acarreta em diversos problemas pelos municipios. Brasil & um pais com diversos tipos de culturas, e nao tem como igualarmos 0 lar das pessoas. arp. olin: hur. & soca aplicads, Campos dos Goylacazes, 10), 45-54, 2014 8 scerperspectvasoline com ve PERSPECTIVAS iL /vse. bess Eoesinson Precisamos de solugdes vidveis, que ajudem a modificar os programas de habitagao. para que as pessoas recebam as casas sem reclamacées e que eles ciidem delas, A maioria dos cidados de um pais possui habitos uniformes de viver € de morar; [...}. Todavia deve-se evitar 0 perigo de uma padronizagto demasiadamente rigida [...] e as casas devem ser projetadas de modo a levat em consideragao as necessidades individuais, derivadas do tamanho da familia e da profissio do chefe da familia, assegurando sua flexibilidade. Deve-se, portanto, padronizar e produzir em série nao a casa inteira, mas suas partes, de modo que formem, com suas combinagdes, varios tipos de casas (GROPTUS, 1924), E a populagto que ali residiré nao tem escolha, altemnativa, ou outra opgdo de moradia, tendo que se adaptar a um local novo, com novos vizinhos e uma habitacdo nova e definitiva, onde a pessoa terd que onerar 0 orgamento doméstico em um periodo considerdvel, e custear quaisquer alteragdes ou adaptagdes que ser feita na moradia. O processo de construgio deveria ter participacio. escolha e tomada de decisées ao longo do tempo, o que itia facilitar muito a aprovagao dos habitantes que ali residirao, Do ponto de vista da populagao pobre, uma questdo fundamental relativa a habitacdo nas condigdes atuais aqui se coloca: a casa propria seria de fato a forma mais adequada de provimento de moradia para este contingente populacional? Em um importante e pioneiro estudo sobre politicas habitaciouais brasileiras, escrito em finais dos anos 70, Gabriel Bolaffi ja observava que 0 aluguel, além de menos oneroso, seria mais adequado para grande parcela da populagdo, sujeita a processos diversos de mobilidade (BOLAFFI, 1981). A proposta do governo de apenas uma altemativa de moradia, em meio a tantas outras, retira 0 poder de escolha das pessoas e a decisdio do melhor pra si, Todas as pessoas tém direito a liberdade, a0 poder de expressio, e a falta ot 0 nfo saber disso implica em graves problemas pata o governo, porém eles so taxativos e no permitem a alternativa para populagao 2.6 Zonas Especiais de Interesse Social mal localizadas O pais esteve dividido em ricos e pobres, havendo una dificuldade de planejamento. Onde um terreno no centro da cidade ou em uma area nobre sera doado ou permitido pela populacio que ali reside, para ser tansformado em Zonas Especiais de Interesse Social. Nenhuma pessoa, por qualquer renda que ela tiver, nao vai querer que sua casa seja desvalorizada com a colocagio de um condominio habitacional social ao seu lado. Entio, 0 govemio de maos atadas, resolve colocar esse condominio habitacional na periferia, local de rim acesso, que prejuidica a cidade e a populagao que ali reside. E como esti na lei todo local que for feito uma habitago social, ter que ter equipamentos comunitérios por perto, para aquela populacao que ali residira. ‘A primeita questo que se propde como critério de projeto diz respeito A emergéncia de conjuntos de Habitagio de Interesse Social inseridos na dindmica da vida urbana. Ao se propor a insergao de Habitagao de Interesse Social em areas melhor localizadas com relagao as areas centais, concentradoras da maior parte dos empregos formais da cidade, discute-se, consequentemente. a insergao da populacdo de baixa-renda em reas providas de equipamentos urbanos de saiide, edtucagao. lazer e cultura. O que garante o acesso democratico ao espaco da cidade, a partir de uma acto do Estado, promove a mudanga da mentalidade colonial e altera a pritica de outros segmentos da sociedade arp. olin: hur. & soca aplicads, Campos dos Goylacazes, 10), 45-54, 2014 8 scerperspectvasoline com ve PERSPECTIVAS iL /vse. bess Eoesinson para que o Programa Minha Casa Minha Vida constria moradias adequadas e bem localizadas & essencial a participacao ativa dos mmnicipios mobilizando instrumentos em seus Planos Diretores que favoregam a disponibilidade de bons terrenos para o programa, especialmente para familias com renda de 0 a 6 saldrios minimos" (ROLNIK, 2010) De acordo com a arquiteta Erminia Maricato, em entrevista ao programa Sem Fronteiras, alertou: precisamos nos armar de uma “vontade férrea”, essencialmente, em duas frentes - (1) a aplicagao do Estatuto da Cidade, no que se refere a fumgao social da propriedade e a regularizacao fundidria e imobiliéria: e (2) 0 aprendizado do setor privado, ainda retido por um produto de luxo, sobre a produedo da habitagdo para pessoas de baixa renda, Nao é simples evitar a pressio dos grandes proprietarios de terras, do setor imobilidrio e da indiistria da construgio civil nio se sobreponham 20 desejo do poder pablico obter terrenos bem localizados e construir adequadamente? Como impor a vontade ferrea dos agentes piiblicos aos agentes privados? Como romper com a politica habitacional que exelui os cidadiios de seus processos de decisio, transferindo a responsabilidade da moradia a0 poder privado? 2.7 Quantidade ou Qualidade ua Habitacao Social Para Albuquerque (2011), a moradia no Brasil tem se reduzido a um produto como outro qualquer e 0 morador a consumidor passivo. cujas opedes resumem-se a escolhas limitadas dentro de um rol pré-concebido de opgdes determinadas por outrem. A Caixa Econémica Federal financiow 1 ‘milho de moradias em 2010, das quais 936.5 mil unidades tiveram intervened direta da Caixa, com investimentos de RS 51.3 bilhdes. Foram beneficiadas 91 mil familias com renda entre dois ¢ trés saliios minimos, bem abaixo da meta estabelecida de 400 mil moradias. Conforme Figuerola (2009), sob 0 ponto de vista da Caixa Econdmica Federal, representada na fala do pelo seu vice-presidente Jorge Hereda, 0 Programa Minha Casa Minha Vida “faz parte de ‘uma politica anticiclica que tem por objetivo aumentar os investimentos no setor da construcao civil e garantir a geragio de emprego e renda e, assim, mitigar os impactos da crise econémica mundial”. Ingentidade entender que tais argumentos possam significar 0 rompimento de uma politica que historicamente vem reforgando a mercantilizagio da casa propria por meio do Iucro que a indistria de construgao civil recebe. © Programa Minha Casa Minha Vida no seré uma politica anticictica social, mas uma politica imobiliaria que tera efeitos de médio prazo sobre 0 mercado de trabalho (ARANTES, 2009). Para Rolnik (2010), 0 governo federal, por meio do Ministério das Cidades, reconhece a produgao de moradia social em zonas consolidaclas e bem localizadas como necesséria em contraponto 0 planejamento historicamente construido por padres de regulagao urbanisticas elitistas e segregadores, Porém, apresenta direttizes em seus programas habitacionais que nos fazem acreditar na contintiidade desses padrdes, Em tese, os recursos do PMCMV poderiam ser direcionados para a produsao de moradias em terrenos bem localizados e dotados de infiaestrutura, Na pritica, o poder piiblico alimenta o setor imobilidrio na medida em que cabe as construtoras nao s6 definir terreno e projeto (localizacao e tipologia) bem como aprovar legalmente o empreendimento. ‘Na outra ponta, a Caixa Econdmica Federal garante a venda integral das unidades além de eliminar os riscos de inadimpléncia dos compradores. Imprimemi-se aqui as regras das construtoras & incorporadoras nos programas habitacionais, ow seja, a insergdo da casa como produto do mercado imobilidrio. de modo a garantir maior rentabilidade do capital dessas empresas. Sendo assim, nao sera 1 boa localizagao, a existéncia de infraestrutura, a qualidade espacial dos projetos, as diretrizes para a coexisténcia social, fatores decisérios na producto habitacional quando regida pelas construtoras (MORADO NASCIMENTO E TOSTES. 2010). arp. olin: hur. & soca aplicads, Campos dos Goylacazes, 10), 45-54, 2014 30 scerperspectvasoline com ve PERSPECTIVAS iL /vse. bess Eoesinson 2.8 Programas Sociais desatualizados Quase meio século depois, permanece na atual politica habitacional a mesma légica de funcionamento do BNH estruturada pelo aumento do consumo da moradia e pela garantia do trabalho das empreiteiras. A preocupagtio com a racionalizagtio e a mecanizagdo de processos em atendimento as premissas da producdo em massa, fomentadas pelo desejado e necessirio desenvolvimento da indistria da construsao, impediu que o BNH incorporasse 4 promosao da autonomia dos usuarios, a desburocratizagao dos financiamentos, a reabilitagdo dos centros urbanos, a provisto da moradia para a populacto de baixa renda e a geragio de espacos pilblicos democraticamente acessiveis, Parece que a ligdo sobre a politica habitacional do periodo BNH ainda ha de ser aprendida, © Programa Minha Casa Minha Vida precisa ser reavaliado 0 seu ponto de vista tanto quantitative, quanto qualitative. © programa esta ultrapassado, ele nao propde mudangas ¢ nao incorpora avangos para o bem da populagdo e a evolugao da cidade. O morar € um processo que ultrapassa a construgio, 0 espago da edificagto, ¢ sim constituindo processos socio espaciais mais amplos em nivel local, nacional e mesmo mundial De acordo com Morado Nascimento e Tostes (2010), morar nas cidades brasileiras implica absorver com maior ou menor comprometimento os padrdes de desigualdade e segregacdo caracteristicos do nosso espago e de nossa sociedade, cujas caracteristicas afetam diretamente a sittagdo dos individuos, suas possibilidades e perspectivas. O espago nao € ocupado ao acaso, © a transformagao que define os padres qualitativos e quantitativos desta ocupacio é fundamental para o enfientamento da questio habitacional brasileira. Desta maneira, habitagio e urbanizacio se conformam mutuamente, refletindo e definindo condigdes mais amplas de nossa economia, de nossa sociedade e da insergtio do pais no sistema mundial. © Programa Minha Casa Minha Vida nio apresenta explicitamente possibilidades de transformagaio de muitos dos problemas de nossas cidades, reproduzindo a consideragao isolada dos aspectos que condicionam a qualidade do habitat urbano. Ao reduzir o morar as unidades habitacionais. sem meng as questdes que definem a localizacdo e suas relagdes com o espago @ a vida mais ampla das cidades, 0 Estado brasileiro acaba por colaborar na reprodugio de varios dos problemas de nossa urbanizagao, perdendo uma grande oportunidade de transformar os padrdes perversos caracteristicos dos espagos de nossas cidades (MORADO NASCIMENTO, BRAGA, 2009). Conjuntos habitacionais construidos em locais distantes. enmos, oferecendo péssimas condigdes de vida a seus moradores, igualmente exigindo a implantagao de servigos basicos, a um custo muitas vezes maior do que 0 desembolso necessatio para a recuperagio de moradias em areas deterioradas, como as regides centrais das capitais. A alegada falta de recursos para a questo da moradia e a correlata deterioracdo da qualidade de vida nas cidades para a populagao como um todo & apenas a outtra face do desperdicio e mé aplicagao do dinheiro piblico das Prefeituras, Estados e Unido, por falta de uma politica habitacional e urbana no Pais. Obviamente, nenhuma das distorgoes € acidental. Blas refletem a predomindncia de interesses econdmicos, desconsiderando-se os interesses de toda a populagio coletivamente e das familias sem acesso & habitagao, especificamente (PROIETO MORADIA. 2001, p47) Para Nascimento (2011), a efetividade do programa precisa ser avaliada mio s6 do ponto de vista quantitative, mas principalmente qualitativo. A andlise dos pressupostos e das decoréncias dos parémetros utilizados tanto na definig0 dos espagos das hiabitagdes como dos espacos externos resultantes e de sets impactos na conformagao das cidades, permite considerar que as contritmuigdes do programa st muito pequenas quando nao inexistentes. O programa nao propoe avangos. nem Iincorpora avangos ja consolidados na abordagem dos espagos e no entendimento do que seja 0 direito A-cidade, © morar € um processo definido por uma rede articulada e complexa de agentes, de relagdes e de interagdes que ultrapassam em muito o Ambito estrito do espago da edificagdo, inplicando emi sua constinuicao processos sécio espaciais mais amplos em nivel local, nacional e mesmo mundiais. Morar arp. olin: hur. & soca aplicads, Campos dos Goylacazes, 10), 45-54, 2014 31 scerperspectvasoline com ve PERSPECTIVAS iL /vse. bess Eoesinson nas cidades brasileiras implica absorver com maior on menor comprometimento os padroes de desigualdade e segrezagao caracteristicos do nosso espago e de nossa sociedade, cutjas caracteristicas afetam diretamente a situagdo dos individuos, stas possibilidades e perspectivas. O espago ndo & cocupado a0 acaso, © a transformagao das dinimicas que definem os paddes qualitativos © quantitativos desta ocupagio fundamental para o enfrentamento da questao habitacional brasileira, indissociada dos padrdes gerais de nossa urbanizagdo, Desta maneita, habitagtio e urbanizagio se conformam mutuamente, refletindo ¢ definindo condigdes mais amplas de nossa economia, de nossa sociedade e da insergao do pais no sistema mundial. © PMCMV nao apresenta explicitamente possibilidades de transformagao de muitos dos problemas de nossas cidades, reproduzindo a consideragtio isolada dos aspectos que condicionam a qualidade do habitat urbano, Ao reduzir 0 morar as unidades habitacionais, sem mengdo as questdes, que definem a localizagao e suas relacdes com 0 espago e a vida mais ampla das cidades. 0 Estado brasileiro acaba por colaborar na reprodusao de varios dos problemas de nossa wanizagao, perdendo uma grande oportinidade de transformar os padrdes perversos caracteristicos dos espagos de nossas cidades (TOSTES, 2011). 3. CONCLUSAO. Este artigo explica alguns Programas de Habitagdo Social que foram realizados no Brasil. como 0 Pedregullio, 0 BNH e 0 Minha Casa Minha Vida. E a necessidade de construgtio dessas casas populares para a populacdo carente. Porém é necessirio 0 apoio do poder pitblico e privado para que hhaja a producao de casas de qualidade e em grande quantidade, Para a construgdo de moradias, 0 poder piiblico desaproprion grandes lotes distantes do centro urbano. Acarretando em construgdes de ma qualidades, em locais sem nenhuma estrutura como escola, creche, posto de saiide, posto policial entre outros, e principalmente sem meio de transporte, formando guetos socialmente exchtidos do restante da cidade. Além disso, o Brasil é um pais muito extenso, com diversas culturas o que provoca problemas ‘na padronizacio das construgies dos Planos de Habitacio Social. Onde as casas deveriam ser projetadas levando em consideragdo as necessicades individuais de cada familia, como a quantidade de pessoas que ali residira, e a profissio do chefe de familia, Assim, padronizando nao a casa inteita, € sim suas partes, de forma, que forme combinagdes de varios tipos de casas. Os programas de habitagdes sociais precisam ser avaliado tanto quantitativamente como qualitativamente, e © govemno precisa desenvolver propostas que facilitem e tomem vidveis a construgdes de habitagdes de boa qualidade, e diferenciadas sendo aplicadas de modo diferentes de Norte a Sul do pais, Conclui-se que os Programas de Habitagao Popular no Brasil tém muito que melhorar em qualidade ¢ diversidade de projetos, porque com a falta de uma politica habitacional e urbana, esta havendo um desperdicio e mé aplicag4o do dinheiro piblico e uma deterioragdo da qualidade de vida da populagao, 4. REFERENCIAS ALBUQUERQUE, F. “Investimento da Caixa em habitagao cresceu mais de 30% em 2010”. 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