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O motivo pelo qual você não deveria apoiar incondicionalmente a

democracia

Em meio ao caos dos últimos meses não é muito difícil encontrar algum político demagogo
ou um especialista de TV falando que é sempre importante respeitar nossas “instituições
democráticas’. Ao final de cada eleição, quem nunca viu o candidato derrotado reconhecendo
a legitimidade do vencedor argumentando a favor da democracia para o bem comum. Com
sua origem etimológica grega, democracia pode ser entendido como governo do povo. Lá em
Atenas temos o primeiro registro de um dos conceitos mais importantes para o mundo
moderno.

Em um primeiro momento parece loucura para maioria das pessoas terem a ousadia criticar o
regime democrático. Não, não é nenhum crime contestar sua legitimidade. No mundo
contemporâneo virou crime sequer fazer uma crítica. É uma pretensão presente artigo
contestar alguns mitos espalhados por aí tornando o ideal democrática uma crença cega para
boa parte da população.

O primeiro mito é o clássico argumento de que é a alternativa menos pior. De fato, ditadura
é um sistema relativamente pior em comparação, a não ser quando seus valores morais ou
ideologia fazem parte da agenda governamental. Entretanto, o erro reside no falso dilema
criado: por que temos apenas essas duas opções ? Onde se deriva que é impossível ter outro
sistema ? Além disso, existe um apelo utilitário perigoso: só porque o sistema é menos pior
não significa que seja necessariamente o melhor ou eticamente válido. Assim, a defesa do
ideal democrático aqui é por uma muleta arraigada em um dogma.

Além disso, é interessante questionar donde vem a legitimidade da democracia. É preciso


provar se indivíduos podem ser governados sem seu consenso. Supondo tal legitimidade, por
que o consenso da maioria é considerado válido? A princípio, essa ideia é bem intuitiva. Mas,
ao examinar com maior rigor, percebe-se o perigo de assumir isso. Quando estamos em um
sistema democrático, pouco importa as ideias. O objetivo é controlar massas para obter
maioria nas eleições, comprar votos no congresso e aparelhar judiciário. Não é à toa que na
América Latina temos exemplos dessa constatação como Brasil, Argentina e Venezuela. E
não há o que reclamar, basta a maioria concordar-ou seja: a democracia se torna uma
ditadura da maioria. É um absurdo considerar uma ideia válida apenas por consenso. Na
própria história da ciência já ocorreram situações onde o “consenso científico” caiu dando
lugar para uma novo paradigma científico. Ainda, podemos citar a escravidão. Ela é errada
porque agredir indivíduos pacíficos é antiético ou é devido a maioria concordar e escrever
uma lei? Para os relutantes, existe mesmo consenso da maioria em uma ilha onde a maioria é
favorável a pedofilia?
Diante disso, podemos também indagar porque as pessoas acreditam que devem ser
governadas? Vemos comumente na política que grupos desejam se favorecer em detrimento
da espoliação de outros. Isso independe do espectro esquerda/direita. Você, que não
compactua com uma ideia X vai ter que financiar com seu dinheiro políticas públicas que
discorda veemente. É a democracia. Não importa suas escolhas, se a maioria concordou
pouco vale tua opinião e o que resta é seguir as ordens coercitivas estatais. Compreenda que a
democracia é uma ameaça constante a integridade do indivíduo. Não é nenhuma surpresa
ditaduras terem apoio popular, e você ser obrigado a concordar porque a maioria está sempre
certa. Viva a Democracia.

Por fim, é possível viver sem democracia? Alguns dirão que existem indivíduos incapazes de
tomar decisão. Isso é uma contradição, tendo em vista que esses mesmos decidem na
realidade do próprio país, ele não tem capacidade para tomar decisões da sua própria vida
porém seu voto pode mudar a vida de todo um país. Ora, muito tem se falado que a
democracia é o melhor modo de se governar para o bem do povo. Entretanto, como governar
para um coletivo de pessoas com anseios, necessidades e vontades tão distintos? Imagine o
povo brasileiro. Será possível governar para todos? Na prática o sistema democrático tem
criado tensões entre grupos que se sentem explorados ou querem privilégios para grupos
corporativistas. Cada um quer sua conquista paga pelo governo. Não sejamos hipócritas, os
mesmos políticos que criticamos são pessoas como nós em uma posição de privilégio agindo
conforme sua natureza. Pelo seu caráter coletivista, libertários são contra o ideal democrático
pois sua propriedade privada e direitos naturais podem ser violados de acordo com o “povo
decide”. Mesmo discordando de libertários, reveja sua crença. Verifique se é realmente
plausível a vontade da maioria estar acima da ética, do bem e do mal e do indivíduo.

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