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- @resumosdakali 1
A partir desta reação química, é possível deduzir a Equação de Henderson - Hasselbach, fundamental
para o entendimento do equilíbrio acidobásico:
O ácido carbônico pode ser representado pela constante 0.03 pela pressão parcial de C02 do
sangue arterial, surgindo, no denominador da equação, um gás que expressa a ventilação.
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O termo “metabólico” é um erro consagrado pelo uso, uma vez que que ambos os componentes
da Equação de Henderson - Hasselbach envolvem um processo metabólico. Este erro histórico será
preservado, falando-se em distúrbios metabólicos e distúrbios respiratórios do EAB.
Considerando-se estes conceitos, os mecanismos de excreção do H+ podem assim ser resumidos:
a) a excreção pulmonar do íon H+ é indireta; o pulmão só excreta substâncias voláteis, isto
é, substâncias que podem ser convertidas em gases;
b) a excreção renal não apresenta esta limitação, sendo coadjuvada pelas bases tampões;
c) a média de excreção de CO2 pelos pulmões pode ser mudada rapidamente, em qualquer
direção, por alterações apropriadas da ventilação alveolar, porém a hipoventilação, no
sentido de poupar H+ não é um mecanismo tão eficiente quanto a hiperventilação que
elimina este mesmo íon de maneira eficiente, no início de um quadro acidótico;
d) a função renal pela excreção de H+ e eletrólitos influencia o estado acidobásico do LEC,
porém um período de horas é necessário para que esta influência seja significante.
Um outro detalhe interessante da fisiologia do EAB são as evidências de que o organismo animal,
na sua evolução, adquiriu mecanismos naturais de defesa contra a acidose mais eficientes do que os
mecanismos contra a alcalose:
a) características próprias da função renal que elimina o H+ e reabsorve o HCO3 - ;
b) curva da dissociação da Hb: na acidose, a curva se desvia para a direita, diminuindo a
afinidade da Hb pelo oxigênio e, na alcalose, ela se desvia para a esquerda, aumentando a
afinidade;
c) a hiperventilação com alcalose respiratória, desviando a reação do CO2 com a água para a
esquerda, é um mecanismo natural de compensação da acidose metabólica, que pode ocorrer
normalmente, por exemplo, no exercício físico. A ocorrência do fenômeno inverso é possível
na teoria, mas a depressão respiratória, produzindo uma acidose respiratória para compensar
uma alcalose metabólica, só ocorreria com um BE>+40, uma situação praticamente
impossível;
d) isto reflete em uma maior dificuldade do tratamento da alcalose metabólica, como se observa
na prática diária da terapia intensiva.
Os conceitos de reserva alcalina e “Base Excess” (BE) merecem um pequeno comentário. A
reserva alcalina (capacidade de ligação de CO2) é a quantidade total de CO2 de uma amostra de plasma,
separada anaerobicamente, após equilibrá-la com 40 mmHg de pCO2 à temperatura ambiente (usa-se
de preferência o bicarbonato padrão em mMol/l) (Escola americana, liderada por Davenport).
O excesso de bases (BE = Base Excess) é igual à concentração de bases do sangue em mEq/l,
tituladas por um ácido forte a um pH de 7,40, com uma pCO2 de 40 mmHg e a uma temperatura de
370C (Escola dinamarquesa, liderada por SigaardAndersen). Com a crescente simplificação da análise
do EAB por aparelhos de alto rendimento, a determinação de parâmetros isolados, como a reserva
alcalina, em comparação com um levantamento completo do EAB, passou para um segundo plano.
Existem importantes interrelações entre o EAB e o EHE.
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a) Lei da eletroneutralidade
Estabelece que a soma das cargas negativas dos ânions deve ser igual à soma das cargas positivas
dos cátions. No plasma, há 154 mEq/L de cátions e, conseqüentemente, 154 mEq de ânions. Em todas
as circunstâncias, o sódio responsabiliza-se pela maior parte dos equivalentes catiônicos. Portanto, o
bicarbonato constitui-se no elo entre o EAB e o EHE, já que ele faz parte destas duas entidades.
Para que se mantenha a eletroneutralidade, quando ocorre uma queda do bicarbonato, ocorre um
aumento do cloreto e vice-versa. Assim, a interação entre prótons e ânions, de um modo cumulativo
com os componentes normais do soro, resulta em padrões de eletrólitos que possibilitam a classificação
de todas as acidoses metabólicas.
Os prótons consomem as reservas de álcali, manifestando sua presença sob a forma de
hipobicarbonatemia. Como o álcali perdido é substituído por ânions ácidos (fosfato, acetoacetato,
cloreto, etc.), segue-se que qualquer ácido, exceto o HCl, substitui o ânion HCO3 -, facilmente medido,
por ânions que não são medidos rotineiramente.
Por este motivo criou-se o conceito de “diferença de ânions” (“ânion gap”, DA), que reflete o
balanço entre o cátion rotineiramente medido (Na+) e os ânions rotineiramente medidos (Cl- + HCO3-
). DA = (“anion gap”) = (Na+) - (Cl- + HCO3 -) Como as acidoses por HCl efetuam uma troca igual de
HCO3 - perdido por Cl- retido, sem alterar necessariamente o Na+ sérico, a DA permanece dentro da
faixa normal (12 ± 2 mEq/l), dessa maneira, definindo uma acidose hiperclorêmica ou com DA normal.
Todas as outras formas de acidose aumentam o “anion gap”, ao substituir o HCO3 - por ânions
diversos do Cl-. Uma análise crítica do conceito de “anion gap” demonstra sua pouca utilização na
prática diária.
Qual seria a sua real utilidade? Diagnóstico diferencial entre tipos de acidoses, permitindo pensar em diagnósticos
menos comuns? Como índice prognóstico?
Uma utilidade real seria como controle de qualidade de dosagens laboratoriais, já que não existe
a situação de “anion gap” aumentado, que ocorre só na condição de erros de dosagem. Como, alguns
aparelhos de origem americana mostram a “grande vantagem” de fornecer diretamente o valor do “anion
gap”, pressente-se até um possível lance comercial. Finalmente, merecem menções os Nomogramas de
Gamble para a ilustração e integração entre o EAB e o EHE.
b) Lei da isosmolaridade
Determina que a osmolaridade é a mesma, nos sistemas de líquidos dos organismos, entre os
quais a água passa livremente. Seu valor normal é em torno de 285 mOsm/l, e, se o número de partículas
dissolvidas aumenta em um compartimento a água mobilizar-se-á em direção a ele até que um novo
equilíbrio da osmolaridade seja estabelecido.
➔ DISTÚRBIOS DO SÓDIO
A principal função desse eletrólito consiste em modular a permuta de líquidos entre os vários
compartimentos do corpo, o que permite uma troca constante e bem regulada dos nutrientes e dos
produtos de desgaste entre a célula e o seu meio externo, sendo essencial à manutenção da pressão
osmótica do sangue, plasma e fluidos intercelulares. Como íon dominante do fluido extracelular, o
sódio regula o tamanho desse compartimento, bem como o volume plasmático 10, e talvez a função
mais importante dele seja o seu papel no estabelecimento dos gradientes elétricos apropriados através
das membranas celulares.
Se a ingestão de sódio for baixa, o hormônio aldosterona age sobre os rins com a finalidade de
conservar o sódio e sua excreção urinária diminui. Quando os níveis de sódio no sangue aumentam,
os receptores no hipotálamo estimulam a sensação da sede e o excesso é excretado na urina.
HIPONATREMIA
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É a diminuição da concentração sérica de sódio, [Na] < 135 mEq/L ou [Na] < 136 mEq/L. É o
distúrbio hidroeletrolítico mais comum em pacientes internados e está associada à aumento da
mortalidade. A velocidade de instalação determina a gravidade, sendo que em casos crônicos, há
uma adaptação cerebral e menor lesão tecidual. São consideradas emergências os casos de instalação
aguda (< 48h) e graves (< 125 mEq/L).
HIPERNATREMIA
É a concentração sérica de sódio > 145 mmol/L.
Desenvolve-se a partir de um ganho de sódio ou pela perda de
água livre, ou pela combinação desses fatores. A gravidade
destes sintomas está relacionada não só com o grau de
hiperosmolaridade, mas, mais importante ainda, com a
velocidade com que esta se instalou. Os sintomas são devidos
às alterações no conteúdo da água cerebral.
➔ DISTÚRBIOS DO POTÁSSIO
O potássio é o cátion mais abundante no corpo e sua
concentração sérica é regulada entre 3,5 a 5,0 mEq/L. É
essencialmente intracelular (98%) o que torna difícil a
dimensão de seu déficit com medidas dos níveis séricos.
O potássio juntamente com o sódio, atua no
funcionamento das células nervosas (Bomba de
Sódio/Potássio). Além disso, contribui para o metabolismo,
regulação da quantidade de água no organismo, produção de
proteínas e glicogênio, excitabilidade neuromuscular, controle
da pressão sanguínea, entre outras.
HIPOCALEMIA
É a concentração de potássio sérico < 3,5 mEq/L,
considerada uma anormalidade eletrolítica mais encontrada
na prática clínica. Ocorrendo, inclusive, em cerca de 50% de pacientes sobreviventes da RCP após
fibrilação ventricular.
As causas possíveis associadas a fármacos de hipocalemia devem ser lembradas pelo
emergencista. O uso de agonistas β₂ adrenérgicos, insulina, diuréticos, anfotericina B e
aminoglicosídeos. Outras causas podem ser paralisia hipocalêmica periódica, alcalose, hipotermia,
perdas como diarreia, vômitos, baixa ingestão como na anorexia ou por distúrbios endocrinológicos
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➔ DISTÚRBIOS DO CÁLCIO
Os níveis de cálcio sérico são mantidos em torno de 8,5-10,5 mg/ dL (2,1-2,6 mmol/L). O clínico
deve-se lembrar de que diminuições da albumina abaixo de 4 mg/dL podem diminuir os níveis séricos
totais de cálcio sem alterar o cálcio ionizado (acrescenta-se 0,8 mg/dL a cada diminuição de 1 mg de
albumina).
O cálcio é o mineral mais abundante no corpo, é encontrado especialmente nos ossos e nos dentes.
Ele participa da formação do esqueleto e processos como a contração muscular, a liberação de
hormônios e a coagulação do sangue. Os principais alimentos que são ricos em cálcio são leite e
derivados, como queijos e iogurtes, espinafre, feijão e sardinha. É também um nutriente essencial para
a célula, pois controla a permeabilidade da membrana.
HIPOCALCEMIA
Conceitualmente é a diminuição de cálcio menor que 8,5 mg/dL ou cálcio ionizado menor que
1 mEq/L.
As causas podem ser deficiência de vitamina D (intestino curto, má absorção, desnutridos,
cirróticos, doença renal crônica), hipoparatireidismo (retirada inadvertida das paratireoides, doenças
autoimunes, congênitas, radiação), pseudo-hipoparatireoidismo (não respondem ao PTH que está
elevado), consumo tecidual de cálcio (pancreatites, malignidades, metástases), sepse, precipitação com
fosfato: síndrome da lise tumoral e rabdomiólise.
HIPERCALCEMIA
Define-se com Ca > 11 mg/dL. Geralmente é assintomático até 12 mg/dL.
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As causas principais são hiperparatireioidismo e malignidades em até 80% dos casos. Outras
causas: doenças granulomatosas: tuberculose, sarcoidose, hanseníase pela produção de calcitriol por
monócitos e macrófagos, hipercalcemia, hipocalciúrica familiar. Causas induzidas por fármacos (lítio,
estrogênios, tiazídicos, vitamina D, andrógenos, vitamina A), imobilização, nutrição parenteral total,
doença renal aguda e crônica, tireotoxicose.
➔ DISTÚRBIOS DO MAGNÉSIO
O magnésio é o quarto cátion mais abundante no organismo, e o segundo cátion mais prevalente
no meio intracelular. O rim é o principal órgão envolvido na homeostase do magnésio corporal total,
aproximadamente 95% do magnésio filtrado é reabsorvido pelo néfron e o rim pode diminuir até 0,5%
sua excreção devido à diminuição da ingestão, aumentos de perdas intestinais ou com a redistribuição
do espaço extra para o intracelular.
Apesar de menos abundante ainda é importante, pois atua em atividades enzimáticas, na
duplicação dos ácidos nucleicos, trocas iônicas da membrana celular na síntese de vitamina D,
transmissão de influxo nervoso, entre outras funções. Ele é macroelemento ativador de sistemas
enzimáticos que controlam o metabolismo de gorduras, proteínas carboidratos, e eletrólitos. Influencia
no transporte da membrana celular. Atua com mediador para as contrações musculares e transmissões
de impulsos nervosos. A falta desse mineral pode causar alguns problemas no corpo como, por exemplo,
fraqueza muscular letargia, depressão, irritação e, em casos extremos, ataques cardíacos e anorexia
Em função da maior quantidade de magnésio se encontrar no intracelular ou no osso, os níveis
séricos não refletem o magnésio corporal total. Os níveis de magnésio sérico estão entre 1,8 a 2,3 mg/dL.
Muitos fatores, tanto hormonais quanto não hormonais (como PTH, calcitonina, glucagon,
vasopressina, restrição de magnésio, distúrbios ácido-básicos e depleção de potássio) influenciam nos
níveis de magnésio.
HIPOMAGNESEMIA
É definida com concentração sérica de magnésio < 1,8 mg/dL49, < 1 mg/dL é considerada grave.
As causas mais comuns que devem ser lembradas pelo clínico podem ser observadas no quadro acima,
onde estão associadas a perdas gastrintestinais ou renais. Perdas pelo trato gastrintestinal ocorrem em
situações como diarréia aguda ou crônica, má absorção, esteatorréia e ressecção intestinal extensa.
Há também hipomagnesemia por erro inato do metabolismo (raro) e pancreatite aguda. Outras
causas são cirurgia, trauma, infecção ou sepse, queimaduras, transfusão sanguínea com citrato,
desnutrição, etilismo e medicações (como diuréticos tiazídicos e de alça, aminoglocosídios, anfotericina
B, cisplatina, ciclosporina, digoxina, pentamidina, foscarnet).
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➔ DISTÚRBIOS DO FÓSFORO
O fósforo é o principal ânion intracelular. A concentração sérica normal de fósforo é 2,7 – 4,5
mg/dL. A maior parte de fósforo corporal encontra-se nos ossos e tecidos moles, com cerca de 1% de
fósforo total no espaço extracelular.
Ao contrário do magnésio, onde a maior importância clínica reside nas consequências da
deficiência, a concentração de fósforo, quando anormal, é mais provável que seja secundária a alguma
doença.
O fósforo existe principalmente como fosfato no espaço extracelular e têm muitas funções
importantes sendo encontrado principalmente no esqueleto juntamente ao cálcio, formando os ossos.
Além disso, participa da constituição das membranas celulares (fosfolipídios), de atividades enzimáticas
e fornece energia sob a forma de ATP (adenosina trifosfato).
É responsável por modificações no equilíbrio ácido-básico plasmático (tamponamento) e
regulação da excreção renal de íons hidrogênio. Muito importante para mineralização e estrutura do
cálcio, síntese de colágeno e homeostase do cálcio. Influencia na regulação metabólica de hormônios
(paratormônio, hormônio de crescimento) e na utilização de vitaminas (vitamina D e complexo B).
São encontrados em alguns alimentos são eles: Amendoim cru, feijão-preto, Aveia (flocos), Gema
de ovo, café, queijo de minas, caju, queijo prato, castanha, sardinha, ervilha seca. A falta dele pode
causar problemas sanguíneos e manifestar problemas renais.
Isto é especialmente importante em pacientes críticos na UTI, que muitas vezes experimentam
hipermetabolismo e podem ter exigências mais elevadas de fósforo.
HIPOFOSFATEMIA
Definida como concentração sérica de fósforo < 2,7 mg/dL.
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➔ DISTURBIO DO CLORO
O cloro é o principal ânion filtrado pelos glomérulos e reabsorvido nos túbulos renais. Este é
importante não apenas para manter a osmolalidade, mas também participa do equilíbrio ácido-básico.
Entre as causas das alterações do cloro estão aquelas relacionadas ao sódio, pois estes têm estreita
relação entre si. No entanto existem alterações no cloro independentes dos níveis de sódio, as quais estão
relacionadas com o equilíbrio ácido-básico.
É o principal ânion extracelular. Consequentemente, sua concentração intracelular é baixa, mas
varia com o tipo de célula. A concentração de Cl no eritrócito é comparativamente alta (60 mEq/L),
permitindo que ele se desvie do espaço intracelular para o extracelular em resposta ao movimento de íon
bicarbonato para o espaço intracelular do eritrócito (desvio do cloreto).
O cloreto desempenha papel importante na regulação ácido-básica, papel este ligado à sua relação
recíproca com o bicarbonato. O principal local de absorção intestinal do cloro e sódio é o cólon, onde
90% destes são absorvidos. A reabsorção ativa do cloro e a secreção de bicarbonato ocorrem no cólon
distal.
Os rins exercem a função de filtrar a maior parte do cloro filtrado. O transporte epitelial considera
o cloro como um parceiro obediente que segue o íon sódio que é transportado ativamente. O transporte
de cloro está intimamente ligado ao transporte de sódio e de fluidos, bem como ao metabolismo ácido
celular.
HIPERCLOREMIA
A hipercloremia com aumento proporcional de sódio é observada na desidratação. A
hipercloremia sem aumento de sódio é observada na acidose metabólica na alcalose respiratória. A
hipercloremia artefactual está mais comumente associada a déficit de água livre (diabetes insípida,
hipernatremia essencial) ou perdas hipotônicas (diurese osmótica).
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A hipercloremia pode estar associada a diarreia, terapia com o sal cloreto, administração de
líquidos ricos em cloreto, intoxicação por sal, insuficiência renal, acidose tubular renal,
hipoadrenocorticismo, diabetes mellitus e alcalose respiratória crônica. A acidose metabólica
hiperclorêmica resulta da ingestão excessiva ou da excreção reduzida de cloreto.
Os sinais clínicos associados à hipercloremia estão relacionados com a acidose metabólica que a
acompanha, e podem incluir irritação gastrintestinal, anorexia, perda de peso, letargia e hiperventilação
persistente.
HIPOCLOREMIA
Casos de hipocloremia com diminuição simultânea de sódio são observados na sobreidratação.
Quando não há diminuição proporcional na concentração de sódio, a hipocloremia está associada a uma
alcalose metabólica ou a compensação de uma acidose respiratória.
A hipocloremia pode ser artefactual estando associada à insuficiência cardíaca congestiva,
hipoadrenocorticismo e perdas de sódio e cloro. É possível que a hipocloremia esteja associada a vômitos
gástricos, perdas induzidas pelo exercício, administração de diuréticos de alça, tiazídicos ou bicarbonato
de sódio, acidose respiratória crônica e hiperadrenocorticismo.
A perda excessiva de cloro tende a limitar a excreção de bicarbonato, e pode ser devida a menor
liberação de cloro para os túbulos coletores, onde o cloreto é necessário para a secreção de bicarbonato
pelo intercâmbio HCO3 - / Cl-. Os sinais clínicos de hipocloremia estão relacionados com distúrbios
acidobásicos intercorrentes.
A zona fasciculada vem logo a seguir, possui quantidades abundantes de gotículas lipídicas e
produz o glicocorticóide cortisol. E, por fim, a zona reticular, que se desenvolve na vida pós-natal,
produz os esteróides androgênicos, além de glicocorticóides.
• Mineralocorticoides
A zona glomerulosa é a mais externa, estreita e imediatamente abaixo da cápsula, composta por
células cubóides e colunares, com núcleo denso e citoplasma escasso com poucos lipídios, dispostas em
agrupamentos aciformes de ninhos compactos. Esta seção sintetiza os mineralocorticóides: a aldosterona
(é o principal, agindo na regulação da homeostase dos eletrólitos no líquido extracelular) e
desoxicorticosterona.
Produzidos na camada glomerulosa do córtex da adrenal, apresentam importante função no
aumento da reabsorção de íons sódio e, consequentemente, água nos túbulos renais, além do aumento
na secreção de potássio. A elevação dos níveis de aldosterona pode ocorrer em resposta ao aumento dos
níveis de angiotensina II e elevação da concentração do íon potássio.
O excesso de aldosterona pode causar aumento acentuado da pressão arterial e da quantidade de
líquido intersticial, além de fraqueza muscular e hipocalemia, enquanto sua concentração reduzida pode
causar hipercalemia e toxicidade cardíaca.
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As células da mácula densa dos túbulos distais do rim contêm quimio-receptores que detectam
concentrações de Na + no fluido do túbulo, sendo que o aumento da concentração de Na + estimula a
liberação de renina. A renina é uma enzima proteolítica produzida nas células justaglomerulares das
arteríolas aferentes dos glomérulos do rim. Por ação de estímulos como baixa pressão sanguínea,
diminuição do volume sanguíneo detectado por baro-receptores das próprias células justaglomerulares,
hiponatremia, hiperpotassemia, estímulos de neurotransmissores β1-adrenérgicos, vasopressina e
prostaglandinas ocorre a produção de renina.
No caso do ACTH, somente níveis elevados do mesmo induzem liberação de aldosterona. O
angiotensinogênio, uma globulina α1 do plasma, é sintetizado no fígado e é hidrolisado pela renina,
produzindo um decapeptídeo, chamado angiotensina I. Esta sofre a remoção de 2 aminoácidos, por
ação da enzima conversora, uma glicoproteína que se encontra no plasma, nos pulmões e nas células
endoteliais, formando a angiotensina II, que, por sua vez, 4 é um potente estimulador da síntese de
aldosterona, além do seu efeito vasoconstritor e de elevação de pressão arterial.
A angiotensina II tem um efeito de retro-alimentação negativa na síntese de renina, participando
em dois diferentes pontos da biossíntese de aldosterona: na conversão de colesterol em pregnenolona e
na oxidação de corticosterona para a produção de aldosterona. Com a secreção da aldosterona ocorre
um aumento de reabsorção de Na+ e de excreção de K, levando a um aumento na reabsorção de água
e consequente aumento de volume sanguíneo e do débito cardíaco, ocasionando um aumento de
pressão arterial.
• Glicocorticoides
Produzidos na camada fasciculada, apresentam
importante função na gliconeogênese, aumentando a conversão
de aminoácidos em glicose no fígado, gerando aumento dos
níveis de glicose, proteínas e ácidos graxos séricos.
O cortisol, principal glicocorticoide, tem sua produção
condicionada à liberação de ACTH e o aumento dos níveis de
cortisol inibe a liberação de ACTH.
O cortisol atua de diversas maneiras para inibir a resposta
imunológica, diminuindo a produção de linfócitos, promovendo
redução da permeabilidade capilar e da produção de
interleucina-1. Além disso, o cortisol possui importante atividade regenerativa, possivelmente associada
ao aumento de aminoácidos disponíveis na corrente sanguínea.
A duração de horas-luz, ciclo de alimentação, horas de sono e o estresse determinam o ritmo
circadiano que envolve a liberação do CRH. Em geral a produção de glicocorticóides é maior pela manhã
e menor à tarde e à noite, elevando-se novamente durante o sono. Ocorre a ativação dos centros
hipotalâmicos por estresse inespecífico, como temperatura ambiente extrema, febre, hipoglicemia,
inflamação, jejum, dor, trauma, medo, levando a um aumento e liberação de ACTH e consequente
atividade adreno-cortical, principalmente da zona fasciculada.
Os glicocorticóides atuam no núcleo das células alvo, unindo-se a uma proteína receptora no
citosol, sofrendo uma translocação para o núcleo, onde estimula a transcrição de genes que codificam
para enzimas específicas, incluindo enzimas da gliconeogênese. Podem interatuar com receptores de
membrana nos tecidos linfóides para exercer seus efeitos imunossupressores. Os seus efeitos podem ser
impedidos por inibidores da transcrição (actinomicina D) ou da tradução (polimicina). Os
glicocorticóides, principalmente o cortisol, têm efeito metabólico sobre os glicídios, lipídios e
proteínas. O efeito primário sobre os glicídios é o aumento da gliconeogênese e da síntese de glicogênio.
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O cortisol inibe a utilização da glicose pelas células e estimula o armazenamento de glicogênio, por
estimular a enzima glicogênio sintetase. Causa uma hiperglicemia que pode levar a glicosúria, por
ultrapassar o limiar renal.
O aumento da glicemia obedece ao estímulo da gliconeogênese, pela ativação de enzimas desta
via, a piruvato carboxilase e a fosfoenolpiruvato carboxiquinase. O cortisol causa um aumento do
catabolismo protéico, levando a um aumento no nitrogênio urinário. Ocorre um aumento de
aminoácidos séricos com maior degradação dos mesmos, elevando a concentração de uréia plasmática.
O anabolismo proteico é inibido, com depressão de crescimento. Baixos níveis de cortisol no
fígado têm um efeito de aumento de síntese proteica e redução da lise, com aumento de concentração de
proteínas plasmáticas.
No metabolismo dos lipídeos o cortisol estimula a lipólise, facilitando a ação dos hormônios
ativadores da lipase, como o glucagon, a adrenalina e o GH. O corre a oxidação de ácidos-graxos e,
portanto o aumento de acetil-CoA, que é uma ativadora da enzima piruvato carboxilase levando a
gliconeogênese.
O cortisol tem efeito anti-inflamatório e antialérgico, causando a redução da hiperemia, da
resposta celular, da migração de neutrófilos e macrófagos ao lugar da inflamação, da exudação, da
formação de fibroblastos e da liberação de histamina. Os glicocorticóides estabilizam a membrana dos
lisossomos, impedindo a saída das enzimas hidrolíticas, que ocorre na inflamação.
Sobre as células sanguíneas, os glicocorticoides em geral induzem uma neutrofilia madura,
descrita na maioria das espécies animais, sendo o resultado de diversos fatores como diminuição da
migração de neutrófilos do sangue para os tecidos e para o pool marginal e aumento da liberação pela
medula óssea. A elevação das concentrações de corticosteroides séricos gera uma resposta monocítica,
mas diferenças são observadas entre as espécies animais.
Já a linfopenia pode ser atribuída à linfólise no sangue e nos tecidos linfóides, ao aumento do
desvio de linfócitos do sangue para outros compartimentos do organismo ou ambos.
Além disto, os corticosteróides inibem a síntese de algumas citoquinas (IL-1 e IL-2) impedindo a
resposta imune adequada, tendo assim um efeito imunossupressor.
O cortisol tem efeito sobre o trato gastrointestinal levando ao aumento de secreção de ácido
clorídrico, pepsina e tripsina pancreática; diminui a secreção de muco, favorecendo o desenvolvimento
de úlceras gastroduodenais.
Apresentam efeito sobre os ossos, se administrados de forma crônica, reduzindo a matriz óssea e
a diminuição de absorção de Ca à nível intestinal e o aumento da excreção renal de CA e P podem
predispor o aparecimento de osteoporose e fraturas. Também sobre o equilíbrio hídrico têm efeito
melhorando a diurese.
Os glicocorticoides de origem fetal reduzem a síntese placentária de progesterona e aumentam a
de estradiol, promovendo a síntese e liberação de PGF2α, um hormônio que sensibiliza o útero à
ocitocina provocando luteólise.
• Androgênios
Produzidos na camada reticulada. O principal representante é a Desidroepiandrosterona
(DHEA). São liberados de maneira contínua principalmente durante a vida fetal.
A síntese de androgênios começa com a hidroxilação da progesterona no C17. A cadeia lateral é
clivada para fornecer androstenediona. A testosterona é formada pela redução do grupamento C-17- ceto
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da androstenediona. Os estrogênios são formados a partir dos androgênios pela perda da metila C-19 e
a formação de um anel aromático. Os androgênios têm efeito sobre o anabolismo protéico, pela ação de
retenção de nitrogênio. Também promovem retenção de P, K, Na e Cl.
• Medula adrenal
A medula adrenal tem origem da crista neural e é composta por células especializadas
neuroendócrinas produtoras das catecolaminas. As células cromafínicas são células ovais ricas em
grânulos de secreção, arranjadas em ninhos ou trabéculas, sustentadas por um estroma escasso, porém
intensamente vascularizado. Representa 10% da glândula. As catecolaminas são a dopamina, adrenalina
e noradrenalina (epinefrina e norepinefrina). Também existe um sistema extra-adrenal, de grupos de
células neuroendócrinas amplamente distribuídas: células do coração, fígado, rins, gônadas e neurônios
adrenérgicos do sistema nervoso simpático pósganglionar e sistema nervoso central. Em conjunto com
a medula constituem o sistema paraganglionar.
Biossíntese das catecolaminas
A adrenalina compõe 80% das catecolaminas secretadas na medula adrenal, embora existam
variações interespécies. É a única catecolamina que não é sintetizada em outro tecido fora da medula
adrenal. As demais catecolaminas são sintetizadas também pelos neurônios adrenérgico e
dopaminérgicos. Os precursores das catecolaminas são os aminoácidos tirosina (Tyr) ou fenilalanina
(Phe).
A Phe é convertida em Tyr por ação da enzima Phe-hidroxilase. A Tyr ingressa nas células
cromafínicas, onde é hidroxilada por uma enzima alostérica conhecida como Tyrhidroxilase, que tem
como coenzima a tetrahidropteridina, para formar DOPA (dihidroxifenilalanina). A Tyr-hidroxilase é
inibida pelas próprias catecolaminas. A DOPA é decarboxilada por uma enzima presente em todos os
tecidos no compartimento citosólico, a DOPA-descarboxilase, que tem como coenzima o piridoxal-
fosfato, para formar a dopamina.
Por sua vez, esta necessita entrar nos grânulos cromafínicos de secreção, onde ocorre a conversão
de dopamina em noradrenalina, pela ação catalítica da β-hidroxilase. Por fim a feniletanolamina-N-metil
transferase, uma enzima presente no citosol, catalisa a N-metilação da noradrenalina, formando a
adrenalina. A adrenalina sintetizada pode armazenar-se nos grânulos de secreção. As catecolaminas são
liberadas por exocitose estimulada por agentes colinérgicos e β-adrenérgicos e inibido por agentes α-
adrenérgicos. Têm uma meia-vida de cerca de dois minutos.
A metabolização das catecolaminas ocorre pela ação da catecol-O-metil transferase e da
monoamino oxidase (MAO). Quando transformadas, as catecolaminas são hidrossolúveis e excretadas
na urina.
Mecanismo de ação das catecolaminas
Os diferentes mecanismos de ação são explicados pela presença de diferentes tipos de receptores
encontrados nas células. Estes receptores encontram-se em vários tecidos e mediam diferentes respostas.
Os receptores adrenérgicos podem ser de dois tipos: α e β.
Os receptores α são mediadores de ações estimulatórias de adrenalina e noradrenalina sobre a
musculatura lisa. São divididos em α1 e α 2.
Os receptores β têm ação inibitória sobre a mesma musculatura e também se dividem: β1 e β2.
Nos receptores α-adrenérgicos, a ativação dos mesmos leva a um aumento da concentração de
Ca 2+ citosólico nas células alvo, sendo que nos receptores α 1 pela liberação do Ca dos depósitos
intracelulares e nos receptores α 2 pelo aumento do fluxo de Ca extracelular. A ativação dos receptores
UC 22 – Problema 05 – Parece, mas não é! - @resumosdakali 15
Definição
Epidemiologia
incidência das formas tardias não está bem estabelecida. No Brasil, a incidência da forma perdedora
de sal parece oscilar de 1: 7.500 a 1: 10.000 nascidos vivos.
Nos diversos grupos étnicos as deficiências enzimáticas mais comuns em HAC são: 21-
hidroxilase, que responde por cerca de 95% dos casos, e 11-beta-hidroxilase, encontrada em
aproximadamente 5% dos casos. Ambas estão envolvidas na rota de síntese do cortisol e da
aldosterona. Na população brasileira, a deficiência da 21-hidroxilase também é a mais frequente,
seguida da 17-alfa-hidroxilase, sendo a 11-beta-hidroxilase muito rara.
Etiologia
É responsável por 90% a 95% dos casos de hiperplasia adrenal congênita. Esta enzima está
presente tanto na via glicocorticoide (convertendo a 17 OH-progesterona em 11-desoxicortisol), quanto na via
mineralocorticoide (convertendo a progesterona em 11-desoxicorticosterona).
Por consequência, ocorre a diminuição da síntese de cortisol que resulta na estimulação crônica
do córtex adrenal pelo ACTH. Dessa forma, ocorre hiperplasia adrenal e superprodução dos
precursores do cortisol. Os precursores são desviados para a síntese dos andrógenos, a qual não
necessita da atividade da 21-hidroxilase. Em excesso, os precursores causam os sinais de virilização
característicos da doença.
Tem prevalência de 1:10.000 a 1:20.000 nascimentos. Inclui as formas perdedora de sal e virilizante
simples.
Perdedora de sal: compreende 80% dos casos da forma clássica. O nível de bloqueio da 21-
hidroxilase é maior, não produzindo praticamente nada de aldosterona para a reabsorção de
sal e água, tendo manifestações mais intensas. O desvio para a produção dos precursores
acontece, gerando acúmulo de testosterona.
Possui incidência mais elevada, com prevalência de 1:1000 nascimentos. As manifestações são mais
brandas e o diagnóstico é tardio, pois as mutações no gene CYP21A2 permitem uma atividade
enzimática residual. Inclui as formas sintomática e assintomática.
Representa 5-8% dos casos de Hiperplasia Adrenal Congênita. Esta enzima é responsável, na
via glicocorticoide, pela conversão de desoxicortisol em cortisol e, na via mineralocorticoide, pela conversão
de desoxicorticosterona em corticosterona. Nessa etiologia não ocorre perda de sal, mas sim aumento na
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ẞ ẞ
Quadro clínico
❖ Forma Clássica Perdedora de Sal
Há uma deficiência mais grave da produção de aldosterona, responsável pela reabsorção de
sódio e água. Sem essa reabsorção, o paciente perde sódio e água na urina, o que resulta em
desidratação com hiponatremia e hiperpotassemia.
O paciente, nesse caso, chega ao pronto-socorro com náuseas e vômitos e, se não tratada a
desidratação, evolui para óbito. A crise de perda de sal raramente ocorre antes do sétimo dia de vida.
Associada a isso, a produção dos hormônios precursores está elevada, desviando o eixo para a
produção e acúmulo de testosterona, que gera a virilização precoce.
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Nos recém-nascidos do sexo feminino, há virilização da genitália externa (aumento de clitóris, fusão
labial em graus variáveis e formação de seio urogenital), decorrente do excesso de andrógenos durante
a vida intrauterina.
Nesta forma, as meninas nascem com a genitália externa normal, entretanto, existem
descrições de pequena clitoromegalia ao nascimento, de até 2 cm, mas com formação normal dos
canais uretral e vaginal.
Diagnóstico
✓ Laboratorial
O diagnóstico laboratorial se dá pela medida da 17OH-Progesterona. Se o valor basal estiver
abaixo de 2, pode-se excluir Hiperplasia Adrenal Congênita; se estiver acima de 5, confirma-se o
diagnóstico e, para valores entre 2 e 5, deve-se realizar o teste de estímulo com cortrosina (ACTH
sintético 250µg).
Após este teste, se os valores estiverem abaixo de 10ng/mL, o diagnóstico de Hiperplasia Adrenal
Congênita está excluído; se os valores forem acima de 15 ng/mL, confirma-se o diagnóstico e, caso os
valores estejam entre 10-15 ng/mL, deve-se realizar o estudo genético.
Os níveis basais estão muito elevados na forma clássica, geralmente maiores que 50 ng/mL, não
sendo necessária a realização do teste de estímulo com ACTH sintético.
Marcadores: 17OHP alta (50-100 ng/mL), androgênios altos, renina alta (para tentar compensar a
produção de aldosterona) e aldosterona baixa. O cortisol está baixo e ACTH alto (para tentar normalizar
o cortisol), Na+ baixo e K+ elevado.
A redução da relação aldosterona/ APR (Atividade de Renina Plasmática) pode ajudar a diferenciar a
forma virilizante simples da forma perdedora de sal. Essa redução é justificada pelo efeito natriurético e,
portanto, espoliador de volume, cursando com ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona.
Marcadores: 17OHP alta, androgênios altos, cortisol baixo e ACTH alto, Na+, K+, aldosterona e renina
normais.
Marcadores: 17OHP pouco elevada, androgênios altos, ACTH normal ou pouco elevado, cortisol baixo
ou normal, Na+, K+, aldosterona e renina normais.
➢ Teste do pezinho
O teste do pezinho, em boa parte dos estados do Brasil, ainda não contempla o diagnóstico de
Hiperplasia Adrenal Congênita. No entanto, alguns estados como Goiás e São Paulo já possuem essa
tecnologia. O teste do pezinho diagnostica principalmente as formas clássicas da doença, assim como
pode corrigir erros de determinação do sexo, evitar a desidratação neonatal e evitar a virilização pós-
natal.
Nesse caso, o diagnóstico também é feito com base no valor da 17OHP, no entanto, os valores
de referência são diferentes, pois o método do exame é diferente, sendo feito em papel-filtro. Se no exame
feito em papel-filtro o valor registrado for > 200 ng/mL, o diagnóstico é confirmado.
Tratamento
Na prática
➢ Tratamento pré-natal
Tem como objetivo principal evitar a virilização intraútero da genitália externa do feto feminino
portador da forma clássica. O diagnóstico pré-natal é utilizado em gestantes de risco, isto é, aquelas que
já possuem uma criança portadora da forma clássica. O protocolo de tratamento pré-natal, após a
confirmação da gestação pelo beta-hCG positivo, inicia-se com a terapia de dexametasona 20 mcg/kg/
dia dividida em 3 tomadas.
• 10ª-12ª semanas de gestação: realiza-se biópsia de vilo coriônico para determinação do sexo fetal.
◊ Se sexo feminino: mantém-se a terapia com dexametasona e realiza-se a pesquisa das mutações
presentes no DNA fetal. Se o feto apresentar mutações em ambos alelos, deve-se continuar a terapêutica
até o nascimento; caso contrário, o tratamento deve ser interrompido.
• Em geral, o tratamento é bem tolerado pelas gestantes, sendo cita- das complicações em até 9% dos
casos, como ganho excessivo de peso do primeiro trimestre da gestação, estrias violáceas e cresci- mento
de pelos na face.
OBS: A terapêutica pré-natal ainda é controversa e, visto que é uma metodologia recente, ainda não
existem dados em relação a estatura final, a puberdade e ao perfil psicológico das crianças submetidas a
esse tratamento. Por outro lado, ela é importante porque permite a formação normal da genitália externa,
evita erros de atribuição do sexo ao nascimento e impede a ação excessiva de andrógenos no cérebro
feminino fetal. O consenso adotado é que seja realizada apenas em hospitais-escolas e que as crianças
submetidas à dexametasona, afetadas ou não pela deficiência de 21-hidroxilase, sejam acompanhadas
até a idade adulta.
Crise: na crise, deve-se fazer dose alta de hidrocortisona (50 mg/m2) e manutenção de 25-50 mg/m2 de
hidrocortisona de 8 em 8 horas até reinício da alimentação.
Compensado: administra-se 10-15 mg/m2 de hidrocortisona em 3 tomadas ao dia, sendo a dose noturna
20% maior.
➔ Na forma perdedora de sal, administra-se também 150-250 mg de fludrocortisona (tem poder
similar à aldosterona), via oral, em dose única pela manhã até o 6º mês. A partir do 6o mês, a
dose fica em torno de 200 mcg/dia.
OBS: Na forma perdedora de sal, é fundamental a associação de cloreto de sódio se aleitamento materno
exclusivo, pois essas crianças estão perdendo sal e o leite materno não é capaz de suprir essa perda. Deve-
se diluir 1-3g de cloreto de sódio em água por dia.
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OBS: A dose administrada de hidrocortisona deve ser 20% maior a noite, pois nesse horário há maior
produção de testosterona no caso da Hiperplasia Adrenal Congênita, então faz-se uma dose maior a
noite para tentar ter maior bloqueio desta produção.
➢ Tratamento na infância
A dose de hidrocortisona necessária também é de 10-15 mg/m2/dia, ad- ministradas via oral e
divididas em 3 tomadas. Porém, com o crescimento, observa-se diminuição da necessidade de
fludrocortisona, em geral, a dose varia de 150 a 200 mcg/dia no primeiro ano de vida, de 100 a 150
mcg/dia após os 2 anos e 50 mcg/dia após os 4 anos de idade, até o final do período de crescimento.
OXACILINA
CLASSE: Betalactâmico
INDICAÇÕES CLÍNICAS: A oxacilina está disponível apenas para uso endovenoso. É indicada no
tratamento de infecções por cepas de S. aureus resistentes às penicilinas, onde é o antibiótico de escolha.
Está indicada para infecções de maior gravidade ou que requerem tratamento endovenoso, independente
do sítio da infecção, exemplo: celulite, endocardite infecciosa, bacteremia, pneumonia, osteomielite e
meningite. Nas infecções leves, em que e possível o uso de antibiótico por via oral a oxacilina pode ser
substituída por outros agentes que tem ação contra estafilococos, como cefalosporinas de primeira
geração, amoxicilina+clavulanato, doxiciclina, clindamicina ou sulfametoxazol/trimetoprim.
AMICACINA
CLASSE: Aminoglicosídeo
MECANISMO DE AÇÃO: s aminoglicosídeos são inibidores da síntese das proteínas e têm como local
de ação a subunidade 30S do ribossoma bacteriano. A sua ligação, de forma específia e irreversível, a
um determinado local do rRNA 16S da subunidade 30S do ribossoma reflete-se na tradução do mRNA,
o que se traduz na incorporação de aminoácidos incorretos na cadeia polipeptídica durante a síntese
proteica, tendo como consequência proteínas “non sense”, que, ao serem integradas na membrana
citoplasmática da bactéria, altera a sua permeabilidade seletiva. Os aminoglicosídeos têm rápida
atividade bactericida, ou seja, causam a morte da bactéria, e essa morte depende da concentração: quanto
maior essa concentração, maior é a taxa de destruição bacteriana. A ação pós-antibiótica também
caracteriza este grupo de antibióticos, isto é, a atividade antibacteriana residual que persiste depois do
antibiótico atingir concentrações plasmáticas inferiores às concentrações mínimas inibitórias (CMI),
também está dependente da dose. Devido ao alvo onde atuam esses fármacos pode haver ocorrência de
resistência bacteriana e ela se dá através de três mecanismos: alteração dos sítios de ligação no
ribossomo; alteração na permeabilidade; modificação enzimática da droga. Porém o desenvolvimento
da resistência durante o tratamento é raro.
epidermidis, Listeria monocytogenes, Enterococcus faecalis e Nocardia asteroides, além de serem ativas
contra micobactérias.
➔ Amicacina tem o maior espectro de ação do grupo e é usada em infecções por bacilos gram-
negativos resistentes a gentamicina e na terapia empírica de infecções relacionadas à assistência
à saúde. É também útil na terapia das micobacterioses, em casos específicos de infecções por M.
tuberculosis ou no tratamento de infecções pelo M. fortuitum e M. avium.
HIDROCORTISONA
Quanto aos efeitos sobre a função imunológica e processos inflamatórios, observa-se que os GC:
1. Interferem na circulação das células imunes, produzindo uma redução drástica no número de
linfócitos periféricos, especialmente das células T; produzem também granulocitose, mas inibem o
acúmulo de neutrófilos no local da inflamação.
2. Promovem apoptose das células linfóides (morte celular programada).
3. Inibem a síntese linfocitária de uma variedade de citocinas.
4. Modulam direta e indiretamente a função das células B.
5. Inibem a resposta proliferativa dos monócitos ao fator de estimulação de colônias e sua diferenciação
em macrófagos e também inibem suas funções fagocítica e citotóxica.
6. Inibem o movimento de células e fluidos a partir do compartimento intravascular, impedindo a
resposta inflamatória local.
7. Inibem a ação da histamina, a síntese de prostaglandinas e a ação dos ativadores do plasminogênio
FLUDROCORTISONA
INDICAÇÕES CLÍNICAS: é indicado como terapia de substituição parcial nos casos de insuficiência
adrenocortical (Doença de Addison) primária e secundária, e para o tratamento da síndrome
adrenogenital de perda de sal.
Na síndrome séptica, ocorre uma vasodilatação generalizada devido ao estado inflamatório o que
leva a um choque por perda de tônus vascular. Na crise adrenal ocorre uma perda de volume
intravascular por falta de osmolaridade (baixa de sódio). Em ambos os casos teremos sinais de
hipotensão, desidratação e má perfusão. O que diferencia são a presença do mineralocorticoide após
administração de ACTH. Além disso, o próprio choque séptico leva a um recrutamento adrenal. Se a
adrenal não estiver funcionante, a resposta compensatória não ocorrerá. São necessários exames
laboratoriais para guiar e fechar o diagnóstico.