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Aula 03 - Noções Iniciais Sobre Culpabilidade-2
Aula 03 - Noções Iniciais Sobre Culpabilidade-2
Autor:
Renan Araujo
28 de Novembro de 2022
Índice
1) Noções Iniciais sobre Culpabilidade
..............................................................................................................................................................................................3
3) Erro Acidental
..............................................................................................................................................................................................
14
INTRODUÇÃO. ELEMENTOS
A culpabilidade nada mais é que o juízo de reprovabilidade acerca da conduta do agente,
considerando-se suas circunstâncias pessoais. Diferentemente do que ocorre nos dois primeiros
elementos (fato típico e ilicitude), onde se analisa o fato, na culpabilidade o objeto de estudo não
é o fato, mas o agente.
Além disso, o dolo e a culpa integram o fato típico, não a culpabilidade (na teoria psicológica, o
dolo e a culpa eram elementos da culpabilidade). Todavia, o chamado dolo “normativo” que nada
mais é que a potencial consciência da ilicitude, permanece na culpabilidade.
• Teoria extremada
• Teoria limitada
Mas o que dizem estas teorias? Basicamente, a mesma coisa. A grande diferença entre elas reside
no tratamento dispensado ao erro sobre as causas de justificação (ou causas de exclusão da
ilicitude), também conhecidas como descriminantes putativas.
A teoria extremada defende que todo erro que recaia sobrea uma causa de justificação seria
equiparado ao erro de proibição.
A teoria limitada, por sua vez, divide o erro sobre as causas de justificação (descriminantes
putativas) em:
• Erro sobre pressuposto fático da causa de justificação (ou erro de fato) – Neste caso,
aplicam-se as regras semelhantes às previstas para o erro de tipo (tem-se aqui o que
se chama de erro de tipo permissivo): se inevitável, isenta de pena; se evitável o erro,
o agente responde na forma culposa.
• Erro sobre a existência ou limites jurídicos de uma causa de justificação (erro sobre a
ilicitude da conduta) – Neste caso, tal teoria defende que devam ser aplicadas as
mesmas regras previstas para o erro de proibição, por se assemelhar à conduta
daquele que age consciência da ilicitude (chamado de erro de proibição indireto).
Em linhas gerais, portanto, a teoria extremada e a teoria limitada dizem a mesma coisa, divergindo
apenas no que toca ao tratamento que deve ser dispensado às descriminantes putativas. O CP
adota a teoria limitada.
Elementos
A imputabilidade penal pode ser conceituada como a capacidade mental de entender o caráter
ilícito da conduta e de comportar-se conforme o Direito.
➢ Biológico – Basta a existência de uma doença mental ou determinada idade para que
o agente seja inimputável. É adotado no Brasil com relação aos menores de 18 anos.
Trata-se de critério meramente biológico: se o agente tem menos de 18 anos, é
inimputável.
➢ Psicológico – Só se pode aferir a imputabilidade (ou não), na análise do caso concreto,
verificando se o agente tinha capacidade, à época do fato, de entender o caráter ilícito
de sua conduta e comportar-se de acordo com este entendimento.
➢ Biopsicológico – Deve haver um fato biológico (ex.: doença mental), mas o Juiz deve
analisar no caso concreto se o agente era ou não, à época do fato, capaz de entender
o caráter ilícito da conduta e de se comportar conforme o Direito (fator psicológico).
Essa foi a teoria adotada como regra pelo nosso Código Penal.1
CUIDADO! A imputabilidade penal deve ser aferida quando do momento em que ocorreu o fato
criminoso. Assim, se A (menor com 17 anos e 11 meses de idade) atira contra B, que fica em coma
e só vem a falecer quando A já tinha mais de 18 anos, A será considerado INIMPUTÁVEL, pois no
momento do crime (momento da ação ou omissão, art. 4º do CP), era menor de 18 anos (critério
puramente biológico, adotado como EXCEÇÃO no CP).
As causas de inimputabilidade estão previstas nos arts. 26, 27 e 28 do CP. Tais artigos trazem
hipóteses em que a imputabilidade ficará afastada (inimputabilidade penal), bem como hipóteses
nas quais ela ficará apenas diminuída, mas não será afastada (semi-imputabilidade). Além disso,
trata de casos em que não será possível afastar a imputabilidade ou reconhecer semi-
imputabilidade (emoção e paixão, por exemplo).
1
BITENCOURT, Op. cit., p. 474.
No caso dos doentes mentais, deve-se analisar se o agente era, ao tempo do fato criminoso,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito da conduta ou se era parcialmente incapaz disso.
No primeiro caso, será inimputável, ou seja, isento de pena. No segundo caso, será semi-imputável,
e será aplicada pena, porém, reduzida de um a dois terços. Por isso se diz que este é um critério
BIOPSICOLÓGICO (pois mescla os dois critérios).
Caso o agente seja inimputável, exclui-se a culpabilidade e ele é isento de pena. Se for semi-
imputável, será considerado culpável (não se exclui a culpabilidade), mas sua pena será reduzida
de um a dois terços. Assim, no caso de doença mental:
No caso de o agente ser inimputável, por ser menor de 18 anos, não há processo penal,
respondendo perante o ECA. No caso de ser inimputável em razão de doença mental, será isento
de pena (absolvido), mas o Juiz aplicará uma medida de segurança (internação ou tratamento
ambulatorial), em razão de sua periculosidade (não há culpabilidade aqui). Isso é o que se chama
de sentença absolutória imprópria.
No caso de o agente ser semi-imputável, ele não será isento de pena! Será condenado a uma pena,
que será reduzida. Entretanto, a lei permite que o Juiz, diante do caso (se houver uma
periculosidade concreta que recomende a substituição), substitua a pena privativa de liberdade
por uma medida de segurança (internação ou tratamento ambulatorial).
1.1.3 Embriaguez
Segundo o CP, como regra, a embriaguez não é uma hipótese de inimputabilidade, de forma que
o agente responderá pelo crime, ou seja, será considerado IMPUTÁVEL, na forma do art. 28, II do
CP.
Assim, não importa se a embriaguez foi dolosa (o agente queria ficar embriagado) ou culposa (não
queria ficar embriagado, mas bebeu demais e ficou embriagado). O agente, nestes casos, será
considerado imputável. Trata-se da adoção da chamada “Teoria da actio Libera in causa” (ação
livre na causa), que pode aparecer em formato de sigla (ALIC).
Segundo esta Teoria, o agente deve ser considerado imputável mesmo não tendo discernimento
no momento do fato, pois tinha discernimento quando decidiu ingerir a substância. Ou seja, apesar
de não ter discernimento agora (no momento do crime), tinha discernimento quando se
embriagou, ou seja, sua ação era livre na causa (tinha liberdade para decidir ingerir, ou não, a
substância).
Todavia, a embriaguez pode afastar a imputabilidade quando for acidental, ou seja, decorrente de
caso fortuito ou força maior (E mesmo assim, deve ser completa, retirando totalmente a capacidade
de discernimento do agente).
EXEMPLO: Imagine que Luciana é embriagada por Carlos (que coloca álcool em seus
drinks). Sem saber, Luciana ingere as bebidas alcoólicas e fica completamente
embriagada. Luciana sai do local em que estava e acaba por desacatar dois policiais que
a abordaram em uma blitz. Nesse caso, Luciana estava em situação de embriaguez
acidental completa, pois a embriaguez decorreu de caso fortuito e retirou
completamente o discernimento desta. Neste caso, ficará afastada a imputabilidade
penal de Luciana.
Importante destacar que o Código Penal exige que, em razão da embriaguez decorrente de caso
==2b3adf==
fortuito ou força maior, o agente esteja INTEIRAMENTE INCAPAZ de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se conforme este entendimento. Caso se trate de embriaguez acidental
parcial, o agente será considerado imputável, ou seja, responderá pelo fato praticado. Todavia,
sua pena poderá ser diminuída de um a dois terços.
Quando o agente age acreditando que sua conduta não é penalmente ilícita, comete erro de
proibição (art. 21 do CP), que veremos mais à frente.
Não basta que o agente seja imputável, que tenha potencial conhecimento da ilicitude do fato, é
necessário, ainda, que o agente pudesse agir de outro modo. É necessário que esteja presente,
portanto, a exigibilidade de conduta diversa.
A exigibilidade de conduta diversa é, assim, um juízo que se faz acerca da conduta do agente, para
que se possa definir se, apesar de praticar um fato típico e ilícito, sendo imputável e conhecendo
a ilicitude de sua conduta, o agente podia, ou não, agir de outro modo. Se se conclui que não era
possível exigir do agente uma postura diferente, conforme o Direito, estará afastada a exigibilidade
de conduta diversa, havendo neste caso o que se chama de inexigibilidade de conduta diversa.
Coação MORAL irresistível – A coação mora irresistível, também chamada de “vis compulsiva”
ocorre quando uma pessoa coage moralmente outra a praticar determinado crime. Neste
caso, aquele que age sob ameaça, por exemplo, atua em situação de coação moral irresistível,
de forma que se entende que não era possível exigir de tal pessoa uma outra postura.
EXEMPLO: Alberto, mediante ameaça, obriga Poliana a furtar um veículo. Alberto afirma
que se Poliana não realizar o furto, matará seu filho. Poliana, com medo de que Alberto
cumpra a promessa e mate seu filho, pratica o furto e entrega o bem a Alberto. Nesse
caso, a conduta de Poliana é um fato típico (furto) e ilícito (não há nenhuma causa de
exclusão da ilicitude). Todavia, não se pode exigir de Poliana uma outra postura, pois
está sob ameaça de um mal gravíssimo (morte do filho).
CUIDADO! Nesse caso (obediência hierárquica), só se aplica aos funcionários públicos, não aos
particulares!
Importante destacar que somente a coação MORAL irresistível é que exclui a culpabilidade. A
coação FÍSICA irresistível não exclui a culpabilidade. A coação FÍSICA irresistível EXCLUI O FATO
TÍPICO, pois o fato não será típico por ausência de CONDUTA, já que não há voluntariedade.
Assim: coação moral irresistível, exclusão da culpabilidade; coação física irresistível, exclusão do
fato típico.
Pode ocorrer de o agente praticar um fato previsto como crime por equívoco. O agente pratica
um fato considerado típico, mas o faz por ter incidido em erro sobre algum de seus elementos.
Trata-se do erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime (ou erro de tipo).
O erro de tipo é a representação errônea da realidade, na qual o agente acredita não se verificar
a presença de um dos elementos essenciais que compõem o tipo penal.
EXEMPLO: José, 18 anos, conhece Maria, moça de apenas 13 anos, em uma boate só
para maiores. Maria mente a idade e diz que tem 18 anos. José, pela compleição física
da vítima, uma moça já desenvolvida, acredita que esta tem, de fato, 18 anos, e com
ela mantém relação sexual. Nesse caso, José teria praticado o fato descrito como
crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), na medida em que manteve relação
sexual com pessoa menor de 14 anos. Todavia, nesse caso houve erro de tipo, eis que
José incorreu em erro sobre as circunstâncias fáticas, acreditando não estar presente
um dos elementos do tipo (ser Maria menor de 14 anos).
Existe, ainda, o que se convencionou chamar de “erro de tipo permissivo”. O que é isso? O erro
de “tipo permissivo” é o erro sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação
(excludente de ilicitude). Assim, o erro de “tipo permissivo” seria, basicamente, uma
descriminante putativa por erro de fato (erro sobre os pressupostos fáticos que autorizariam o
agente a atuar amparado pela excludente de ilicitude).
O erro de tipo acidental nada mais é que um erro na execução do fato criminoso ou um desvio
no nexo causal da conduta com o resultado1. Pode se apresentar de diversas formas:
Aqui o agente pratica o ato contra pessoa diversa da pessoa visada, por confundi-la com a
pessoa que deveria ser o alvo do delito. Neste caso, o erro não isenta de pena, e o agente
responde como se tivesse praticado o crime CONTRA A PESSOA VISADA. Essa previsão está no
art. 20, §3° do CP.
Aqui o sujeito executa perfeitamente a conduta, ou seja, não existe falha na execução do delito.
O erro está em momento anterior (na representação mental da vítima).
Ex.: João quer matar seu pai, pois está com raiva em razão da partilha dos bens de sua
mãe. João fica na espreita e, quando vê uma pessoa chegar, acreditando ser seu pai,
mira bem no crânio e lasca um balaço certeiro, fazendo com que a vítima caia
desfalecida. Após, verifica que a pessoa não era seu pai, mas seu tio.
Neste caso o agente responderá como se tivesse praticado o delito contra seu pai (pessoa
visada) e não pelo homicídio contra seu tio. Trata-se da teoria da equivalência.
No erro sobre o nexo causal o agente alcança o resultado efetivamente pretendido, mas em
razão de um nexo causal diferente daquele que o agente planejou. Pode ser de duas espécies:
⇒ Erro sobre o nexo causal em sentido estrito - Aqui o agente, com um só ato, provoca o
resultado pretendido (mas com nexo causal diferente). Ex.: José dispara dois tiros contra
Maria, visando sua morte. Maria, em razão dos disparos, cai na piscina, e morre por
afogamento. O agente responde pelo que efetivamente ocorreu (morte por afogamento).2
⇒ Dolo geral ou aberratio causae - Aqui temos o que se chama de dolo geral ou por erro
sucessivo. É o engano no que se refere ao meio de execução do delito. Ocorre quando o
agente, acreditando já ter ocorrido o resultado pretendido, prática outro ato, mas ao final
verifica que este último foi o que provocou o resultado (Ex.: O agente atira contra a vítima,
visando sua morte. Acreditando que a vítima já morreu, atira o corpo num rio, visando sua
ocultação. Mais tarde, descobre-se que esta última conduta foi a que causou a morte da
vítima, por afogamento, pois ainda estava viva). O agente responde pelo crime
originalmente previsto (homicídio doloso consumado3), tendo sido adotada a teoria
unitária (ou princípio unitário).
1
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 376
2
Por todos, GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Curso de Direito Penal. JusPodivm. Salvador, 2015, p. 380
3
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Volume 1. Ed. Impetus. Niterói-RJ, 2015, p. 360
Aqui o agente atinge pessoa diversa daquela que fora visada, não por confundi-la, mas por erro
ou acidente na execução (ex.: José, querendo acertar Maria, desfere um tiro. José erra o alvo e
acerta Teresa, que passava perto do local).
A aberratio ictus pode decorrer, também, de mero acidente durante a execução do delito (não
houve má execução pelo infrator, mas mero acidente) (ex.: José atira em Maria, acerta o tiro,
mata Maria, mas a bala atravessa o corpo da vítima, atinge um barril de querosene, que explode
e mata Pedro).
No caso de erro na execução, assim como no erro sobre a pessoa, não há isenção de pena,
respondendo o agente como se tivesse atingido a vítima visada, na forma do art. 73 do CP.
⇒ Erro sobre a execução com unidade simples (Aberratio ictus de resultado único) - O
agente atinge somente a pessoa diversa daquela visada. Neste caso, responde como se
tivesse atingido a pessoa visada (e não aquela efetivamente atingida), da mesma forma
como ocorre no erro sobre a pessoa (Ex.: José quer lesionar Maria, mas acaba errando ao
atirar a pedra e acerta Joana, que estava grávida. Nesse caso, José responderá por lesão
corporal, levando-se em conta as condições de Maria, não de Joana. Logo, não haverá a
agravante de ter sido praticado o crime contra mulher grávida, pois Maria não estava
grávida).
⇒ Erro sobre a execução com unidade complexa (Aberratio ictus de resultado duplo) - O
agente atinge a vítima não visada, mas atinge também a vítima originalmente pretendida.
Nesse caso, responde pelos dois crimes, em concurso formal (ex.: José quer lesionar
Maria, e atira contra ela uma pedra. Todavia, além de acertar Maria, a pedra acaba
acertando também Paulo, que passava na hora. Neste caso, José responde pelos dois
crimes).
Aqui o agente pretendia cometer um crime, mas, por acidente ou erro na execução, acaba
cometendo outro. Aqui há uma relação de pessoa x coisa (ou coisa x pessoa). Na aberratio ictus
há uma relação de pessoa x pessoa. Pode ser de duas espécies:
▪ Pessoa visada, coisa atingida – Responde pelo dolo em relação à pessoa (ex.: José atira
uma pedra em Maria e acaba quebrando uma vidraça. Responde por lesão corporal
tentada, apenas).
▪ Coisa visada, pessoa atingida – Responde apenas pelo resultado ocorrido em relação à
pessoa (ex.: José, querendo quebrar uma vidraça, atira uma pedra, mas erra e acerta
Maria, causando-lhe lesão corporal. Responde apenas por lesão corporal).
Quando o agente atinge tanto o alvo quanto a coisa ou pessoa não pretendida, aplica-se a
mesma regra do erro na execução: atingindo ambos os bens jurídicos (o pretendido e o não
pretendido) responderá por AMBOS OS CRIMES, em CONCURSO FORMAL (art. 70 do CP).
Aqui o agente incide em erro sobre a COISA visada, sobre o objeto material do delito.
Ex.: O agente pretende subtrair uma valiosa obra de arte. Entra à noite na
residência mas acaba furtando um quadro de pequeno valor, por confundir com a
obra pretendida.
O CP não previu esta hipótese de erro, mas diante de sua possibilidade fática, a Doutrina se
debruçou sobre o tema. Uma vez ocorrendo erro sobre o objeto, não há qualquer relevância para
==2b3adf==
fins de afastamento do do dolo ou da culpa, bem como não se afasta a culpabilidade. O agente
responderá pelo delito. A doutrina majoritária sustenta que o agente deve responder pela
conduta efetivamente praticada (independentemente da coisa visada). Assim, no exemplo
anterior, o agente responderia pelo furto do quadro de pequeno valor (e não pelo furto da obra
de arte valiosa).
No erro determinado (ou provocado) por terceiro o agente erra porque alguém o induz a isso.
Nesse caso, só responde pelo delito aquele que provoca o erro. Entende-se que há, aqui, uma
modalidade de autoria mediata, na qual o autor mediato (agente provocador) utiliza o autor
imediato (agente provocado, aquele que comete o erro) como mero instrumento para seu intento
criminoso.
Erro de proibição
⮚ Escusável – Nesse caso, era impossível àquele agente, naquele caso concreto, saber
que sua conduta era contrária ao Direito. Nesse caso, exclui-se a culpabilidade e o
agente é isento de pena.
⮚ Inescusável – Nesse caso, o erro do agente quanto à proibição da conduta não é tão
perdoável, pois era possível, mediante algum esforço, entender que se tratava de
conduta ilícita (contrária ao direito). Assim, permanece a culpabilidade, respondendo
pelo crime, com pena diminuída de um sexto a um terço.
O erro de proibição pode ser direto (que é a hipótese mencionada) ou indireto. O erro de
proibição indireto ocorre quando o agente atua acreditando que existe uma causa de justificação
que o ampare. Contudo, não confundam o erro de proibição indireto com o erro de tipo
permissivo. Ambos se referem à existência de uma causa de justificação (excludente de ilicitude),
mas há uma diferença fundamental entre eles:
● Erro de tipo permissivo – O agente atua acreditando que, no caso concreto, estão
presentes os requisitos fáticos que caracterizam a causa de justificação e, portanto,
sua conduta seria justa. Ex.: José atira contra seu filho, de madrugada, pois
acreditava tratar-se de um ladrão (acreditava que as circunstâncias fáticas autorizariam
agir em legítima defesa).
● Erro de proibição indireto – O agente atua acreditando que existe, EM ABSTRATO,
alguma descriminante (causa de justificação) que autorize sua conduta. Trata-se de
erro sobre a existência e/ou limites de uma causa de justificação em abstrato. Erro,
portanto, sobre o ordenamento jurídico. Ex.: José é portador de glaucoma, e compra
pequena quantidade de maconha para fins medicinais. José sabe que, a princípio, a
conduta de ter pequena quantidade de droga é fato típico, mas acredita que há
excludente de ilicitude no seu caso, por ter glaucoma (a lei não prevê isso).
O erro de tipo acidental nada mais é que um erro na execução do fato criminoso ou um desvio
no nexo causal da conduta com o resultado1. Pode se apresentar de diversas formas:
Aqui o agente pratica o ato contra pessoa diversa da pessoa visada, por confundi-la com a
pessoa que deveria ser o alvo do delito. Neste caso, o erro não isenta de pena, e o agente
responde como se tivesse praticado o crime CONTRA A PESSOA VISADA. Essa previsão está no
art. 20, §3° do CP.
Aqui o sujeito executa perfeitamente a conduta, ou seja, não existe falha na execução do delito.
O erro está em momento anterior (na representação mental da vítima).
Ex.: João quer matar seu pai, pois está com raiva em razão da partilha dos bens de sua
mãe. João fica na espreita e, quando vê uma pessoa chegar, acreditando ser seu pai,
mira bem no crânio e lasca um balaço certeiro, fazendo com que a vítima caia
desfalecida. Após, verifica que a pessoa não era seu pai, mas seu tio.
Neste caso o agente responderá como se tivesse praticado o delito contra seu pai (pessoa
visada) e não pelo homicídio contra seu tio. Trata-se da teoria da equivalência.
No erro sobre o nexo causal o agente alcança o resultado efetivamente pretendido, mas em
razão de um nexo causal diferente daquele que o agente planejou. Pode ser de duas espécies:
⇒ Erro sobre o nexo causal em sentido estrito - Aqui o agente, com um só ato, provoca o
resultado pretendido (mas com nexo causal diferente). Ex.: José dispara dois tiros contra
Maria, visando sua morte. Maria, em razão dos disparos, cai na piscina, e morre por
afogamento. O agente responde pelo que efetivamente ocorreu (morte por afogamento).2
⇒ Dolo geral ou aberratio causae - Aqui temos o que se chama de dolo geral ou por erro
sucessivo. É o engano no que se refere ao meio de execução do delito. Ocorre quando o
agente, acreditando já ter ocorrido o resultado pretendido, prática outro ato, mas ao final
verifica que este último foi o que provocou o resultado (Ex.: O agente atira contra a vítima,
visando sua morte. Acreditando que a vítima já morreu, atira o corpo num rio, visando sua
ocultação. Mais tarde, descobre-se que esta última conduta foi a que causou a morte da
vítima, por afogamento, pois ainda estava viva). O agente responde pelo crime
1
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 376
2
Por todos, GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Curso de Direito Penal. JusPodivm. Salvador, 2015, p. 380
Aqui o agente atinge pessoa diversa daquela que fora visada, não por confundi-la, mas por erro
ou acidente na execução (ex.: José, querendo acertar Maria, desfere um tiro. José erra o alvo e
acerta Teresa, que passava perto do local).
A aberratio ictus pode decorrer, também, de mero acidente durante a execução do delito (não
houve má execução pelo infrator, mas mero acidente) (ex.: José atira em Maria, acerta o tiro,
mata Maria, mas a bala atravessa o corpo da vítima, atinge um barril de querosene, que explode
e mata Pedro).
No caso de erro na execução, assim como no erro sobre a pessoa, não há isenção de pena,
==2b3adf==
respondendo o agente como se tivesse atingido a vítima visada, na forma do art. 73 do CP.
⇒ Erro sobre a execução com unidade simples (Aberratio ictus de resultado único) - O
agente atinge somente a pessoa diversa daquela visada. Neste caso, responde como se
tivesse atingido a pessoa visada (e não aquela efetivamente atingida), da mesma forma
como ocorre no erro sobre a pessoa (Ex.: José quer lesionar Maria, mas acaba errando ao
atirar a pedra e acerta Joana, que estava grávida. Nesse caso, José responderá por lesão
corporal, levando-se em conta as condições de Maria, não de Joana. Logo, não haverá a
agravante de ter sido praticado o crime contra mulher grávida, pois Maria não estava
grávida).
⇒ Erro sobre a execução com unidade complexa (Aberratio ictus de resultado duplo) - O
agente atinge a vítima não visada, mas atinge também a vítima originalmente pretendida.
Nesse caso, responde pelos dois crimes, em concurso formal (ex.: José quer lesionar
Maria, e atira contra ela uma pedra. Todavia, além de acertar Maria, a pedra acaba
acertando também Paulo, que passava na hora. Neste caso, José responde pelos dois
crimes).
Aqui o agente pretendia cometer um crime, mas, por acidente ou erro na execução, acaba
cometendo outro. Aqui há uma relação de pessoa x coisa (ou coisa x pessoa). Na aberratio ictus
há uma relação de pessoa x pessoa. Pode ser de duas espécies:
3
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Volume 1. Ed. Impetus. Niterói-RJ, 2015, p. 360
▪ Pessoa visada, coisa atingida – Responde pelo dolo em relação à pessoa (ex.: José atira
uma pedra em Maria e acaba quebrando uma vidraça. Responde por lesão corporal
tentada, apenas).
▪ Coisa visada, pessoa atingida – Responde apenas pelo resultado ocorrido em relação à
pessoa (ex.: José, querendo quebrar uma vidraça, atira uma pedra, mas erra e acerta
Maria, causando-lhe lesão corporal. Responde apenas por lesão corporal).
Quando o agente atinge tanto o alvo quanto a coisa ou pessoa não pretendida, aplica-se a
mesma regra do erro na execução: atingindo ambos os bens jurídicos (o pretendido e o não
pretendido) responderá por AMBOS OS CRIMES, em CONCURSO FORMAL (art. 70 do CP).
Aqui o agente incide em erro sobre a COISA visada, sobre o objeto material do delito.
Ex.: O agente pretende subtrair uma valiosa obra de arte. Entra à noite na
residência mas acaba furtando um quadro de pequeno valor, por confundir com a
obra pretendida.
O CP não previu esta hipótese de erro, mas diante de sua possibilidade fática, a Doutrina se
debruçou sobre o tema. Uma vez ocorrendo erro sobre o objeto, não há qualquer relevância para
fins de afastamento do do dolo ou da culpa, bem como não se afasta a culpabilidade. O agente
responderá pelo delito. A doutrina majoritária sustenta que o agente deve responder pela
conduta efetivamente praticada (independentemente da coisa visada). Assim, no exemplo
anterior, o agente responderia pelo furto do quadro de pequeno valor (e não pelo furto da obra
de arte valiosa).
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (FGV/2022/TJDFT)
COMENTÁRIOS
A ausência de qualquer destes elementos, portanto, gera ausência de culpabilidade e o agente será isento
de pena.
GABARITO: Letra C
2. (FGV/2022/MPE-BA/ESTÁGIO JURÍDICO)
Esteban, jovem graduando em Direito, viaja com a associação atlética de sua universidade para festividades
em cidade do interior do Estado. Em meio às confraternizações, substância entorpecente é oferecida a
Esteban por seus colegas. A fim de superar sua timidez, o agente aceita consumir as referidas drogas,
atingindo embriaguez completa. Ao recobrar os sentidos, Esteban tinha em sua posse um relógio que furtou
naquela noite, tendo os colegas lhe contado que havia também agredido alunos da universidade rival,
invadido domicílio e praticado crime de dano aos pertences dos citados alunos.
A) a embriaguez por caso fortuito ou força maior não atenua nem isenta o réu de pena;
B) ao passo que a embriaguez voluntária agrava a pena do agente, a embriaguez preordenada apenas
justifica a imposição de pena criminal;
C) Esteban não poderá ser responsabilizado criminalmente, posto que ausente vontade livre e consciente,
em razão da embriaguez completa;
D) o direito penal brasileiro apenas autoriza a punição do agente quando a embriaguez é preordenada, assim
entendida a conduta do agente que se utiliza da substância para praticar o crime;
COMENTÁRIOS
Nesse caso, o agente deverá ser responsabilizado pelos crimes praticados, eis que, nos termos do Código
Penal (art. 28, §1º), somente a embriaguez acidental (aquela decorrente de caso fortuito ou força maior)
completa (que retira totalmente a capacidade do agente) é que afasta a imputabilidade do agente e,
portanto, afasta sua culpabilidade.
A embriaguez voluntária (agente quer se embriagar), culposa (se embriaga pela imprudência na ingestão da
substância e a embriaguez preordenada (agente quer se embriagar com a intenção de cometer o delito
embriagado) não afastam a imputabilidade penal, nos termos do art. 28, II do CP, sendo necessário registrar
que a embriaguez preordenada funciona, ainda, como circunstância agravante, nos termos do art. 61, II, “L”
do CP.
Nos casos de embriaguez não acidental (culposa, voluntária ou preordenada) o agente é punido em razão da
teoria da actio libera in causa, ou seja, apesar de o agente não ter capacidade de discernimento ou de
autodeterminação ao tempo da conduta delituosa, deverá ser punido porque tinha total capacidade quando
decidiu, deliberadamente, ingerir a substância (álcool ou outra). Assim, deve ser responsabilizado pelos
eventuais atos criminosos que venha a praticar em situação de embriaguez, pois tinha plena consciência de
seus atos no momento em que se colocou na situação de embriaguez.
GABARITO: Letra E
3. (FGV/2021/TJSC/NOTÁRIO)
Flávia, pessoa humilde, presta serviços de faxineira em serventia extrajudicial localizada na cidade de
Florianópolis. Em determinada data, Flávia foi abordada na saída de sua residência por pessoas ligadas ao
tráfico dominante na localidade, que determinaram que ela transportasse e guardasse arma de fogo em seu
trabalho, pois terceiro iria no dia seguinte ao local para buscar o material bélico. Os traficantes afirmaram
que se Flávia não atendesse àquela determinação, seria expulsa de sua casa, não tendo mais onde morar,
bem como que sua mãe também sofreria as consequências. Em razão disso, Flávia transportou um revólver,
de calibre de uso permitido, mas com numeração de série suprimida, para o trabalho, escondendo o material
em uma lixeira.
Após receber denúncia, a autoridade policial determinou a realização de diligência no local.
Com autorização dos responsáveis, os policiais civis apreenderam a arma guardada por Flávia, que esclareceu
o ocorrido.
A) sob coação moral resistível, devendo ser reconhecida a prática do crime de porte de arma de fogo de uso
permitido, com causa de diminuição de pena;
COMENTÁRIOS
Nesse caso, Flávia agiu sob coação moral irresistível, pois somente praticou o fato típico e ilícito porque fora
ameaçada pelas pessoas ligadas ao tráfico de drogas. Logo, não há exigibilidade de conduta diversa nesse
caso, de maneira que ficará afastada a culpabilidade de Flávia, nos termos do art. 22 do CP.
GABARITO: Letra C
Ramon foi denunciado pela prática de um crime de estupro simples, sendo constatado ao longo da instrução,
por meio de exame de insanidade mental, que, na data dos fatos, ele era inteiramente incapaz de entender
o caráter ilícito do fato em razão de desenvolvimento mental incompleto.
Confirmada a autoria e a materialidade, no momento das alegações finais, caberá ao promotor de justiça
buscar:
A) o reconhecimento da autoria e materialidade, sendo, porém, o agente isento de pena, de modo que
caberá aplicação de medida de segurança em razão da inimputabilidade de Ramon;
B) a absolvição própria do agente, não sendo aplicada qualquer pena privativa de liberdade ou medida de
segurança, diante da inimputabilidade do agente;
C) a absolvição imprópria de Ramon, aplicando-se pena privativa de liberdade, com causa de diminuição de
pena em razão da inimputabilidade;
D) a condenação do réu, reduzindo-se a pena aplicada, porém, em um a dois terços em razão da semi-
imputabilidade do agente;
COMENTÁRIOS
Nesse caso, como restou comprovado que Ramon, em razão de doença mental, era, ao tempo do fato,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito de sua conduta, deverá o Juiz, uma vez comprovada a
autoria e a materialidade do fato, reconhecer a isenção de pena pela inimputabilidade decorrente de doença
mental, proferindo sentença absolutória imprópria, de modo que caberá aplicação de medida de segurança
em razão da inimputabilidade de Ramon:
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
GABARITO: Letra A
No dia 25 de dezembro de 2017, Carlos, funcionário público, recebe uma visita inesperada de João, seu
superior hierárquico, em sua residência. João informa a Carlos que estava sendo investigado pela prática de
um delito e exige que este altere informação em determinado documento público, mediante falsificação, de
modo a garantir que não sejam obtidas provas do crime que vinha sendo investigado, assegurando que, caso
a ordem não fosse cumprida, sequestraria o filho de Carlos e que a restrição da liberdade perduraria até o
atendimento da exigência. Diante desse comportamento de João, Carlos falsifica o documento público, mas
vem a ser descoberto e denunciado pela prática do crime previsto no Art. 297 do Código Penal (falsificação
de documento público).
Com base apenas nessas informações, o advogado de Carlos deveria alegar, em busca de sua absolvição, a
ocorrência de:
COMENTÁRIOS
Nesse caso, Carlos agiu sob coação moral irresistível, pois somente praticou o fato típico e ilícito porque fora
ameaçado por João. Logo, não há exigibilidade de conduta diversa nesse caso, de maneira que ficará afastada
a culpabilidade de Carlos, nos termos do art. 22 do CP.
GABARITO: Letra A
6. (FGV – 2018 – TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Gabriel, 25 anos, desferiu, de maneira imotivada,
diversos golpes de madeira na cabeça de Fábio, seu irmão mais novo. Após ser denunciado pelo crime
de lesão corporal gravíssima, foi realizado exame de insanidade mental, constatando-se que, no momento
da agressão, Gabriel, em razão de desenvolvimento mental incompleto, não era inteiramente capaz de
entender o caráter ilícito do fato.
Diante da conclusão do laudo pericial, deverá ser reconhecida a:
(A) inimputabilidade do agente, afastando-se a culpabilidade;
(B) semi-imputabilidade do agente, afastando-se a culpabilidade;
(C) inimputabilidade do agente, afastando-se a tipicidade;
(D) semi-imputabilidade do agente, que poderá funcionar como causa de redução de pena;
(E) semi-imputabilidade do agente, afastando-se a tipicidade.
COMENTÁRIOS
Neste caso, como o agente não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato, deve ser
considerado SEMI-IMPUTÁVEL, respondendo pelo crime, mas com pena reduzida de um a dois terços em razão
da semi-imputabilidade, na forma do art. 26, §único do CP.
Perceba-se que há uma diferença ENORME entre ser inteiramente incapaz, que é o caso do inimputável (art.
26) e não ser inteiramente capaz (parcialmente capaz), que é o caso da questão (art. 26, §único do CP).
COMENTÁRIOS
No caso em tela, apenas Ricardo responderá pelo delito que praticou, pois sua embriaguez decorreu de culpa
sua, o que não afasta a imputabilidade penal. Bruno, por sua vez, não pode responder pelo crime praticado,
pois sua embriaguez completa decorreu de força maior (ação de terceira pessoa), não tendo ocorrido por
culpa de Bruno. Vejamos:
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984) (...) II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos
análogos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito
ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
8. (FGV – 2015 – TCE-RJ – AUDITOR) A embriaguez provocada pelo uso do álcool pode excluir a
culpabilidade quando:
a) for preordenada;
COMENTÁRIOS
A embriaguez, como regra, não exclui a culpabilidade. Assim, a embriaguez preordenada, a embriaguez
culposa e a embriaguez habitual não são capazes de afastar a imputabilidade penal.
Com relação à embriaguez decorrente de força maior, ela só excluirá a imputabilidade penal quando RETIRAR
POR COMPLETO a capacidade de o agente entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com este entendimento. Caso apenas diminua essa capacidade (letra B), o agente responderá pelo delito, mas
terá sua pena diminuída.
Por fim, em relação à embriaguez patológica, ela é equiparada à doença mental, motivo pelo qual PODE
afastar a culpabilidade do agente (nos termos do art. 26 do CP, não do art. 28), de forma que a letra D
(apesar de incompleta) está correta.
COMENTÁRIOS
A) ERRADA: Item errado, pois o erro de tipo afasta a tipicidade, não a culpabilidade.
B) ERRADA: Item errado, pois a coação FÍSICA irresistível exclui a conduta. A coação MORAL irresistível é que
exclui a culpabilidade.
C) ERRADA: Item errado, pois o estrito cumprimento do dever legal não atua sobre a culpabilidade, mas
sobre a ilicitude do fato.
D) CORRETA: Item correto, pois a embriaguez CULPOSA nunca exclui a culpabilidade, ainda que seja
completa.
E) ERRADA: Item errado, pois o exercício regular do direito não atua sobre a culpabilidade, mas sobre a
ilicitude do fato.
10. (FGV – 2015 – OAB – XVI EXAME DE ORDEM) Patrício e Luiz estavam em um bar, quando o primeiro,
mediante ameaça de arma de fogo, obriga o último a beber dois copos de tequila. Luiz ficou inteiramente
embriagado. A dupla, então, deixou o local, sendo que Patrício conduzia Luiz, que caminhava com muitas
dificuldades. Ao encontrarem Juliana, que caminhava sozinha pela calçada, Patrício e Luiz, se utilizando
da arma que era portada pelo primeiro, constrangeram-na a com eles praticar sexo oral, sendo flagrados
por populares que passavam ocasionalmente pelo local, ocorrendo a prisão em flagrante. Denunciados
pelo crime de estupro, no curso da instrução, mediante perícia, restou constatado que Patrício era
possuidor de doença mental grave e que, quando da prática do fato, era inteiramente incapaz de entender
o caráter ilícito do seu comportamento, situação, aliás, que permaneceu até o momento do julgamento.
Também ficou demonstrado que, no momento do crime, Luiz estava completamente embriagado. O
Ministério Público requereu a condenação dos acusados. Não havendo dúvida com relação ao injusto,
tecnicamente, a defesa técnica dos acusados deverá requerer, nas alegações finais,
A) a absolvição dos acusados por força da inimputabilidade, aplicando, porém, medida de segurança para
ambos.
B) a absolvição de Luiz por ausência de culpabilidade em razão da embriaguez culposa e a absolvição
Patrício, com aplicação, para este, de medida de segurança.
C) a absolvição de Luiz por ausência de culpabilidade em razão da embriaguez completa decorrente de força
maior e a absolvição imprópria de Patrício, com aplicação, para este, de medida de segurança.
D) a absolvição imprópria de Patrício, com a aplicação de medida de segurança, e a condenação de Luiz na
pena mínima, porque a embriaguez nunca exclui a culpabilidade.
COMENTÁRIOS
No caso em tela o Juiz deverá absolver Luiz, em razão da ausência de culpabilidade, por inimputabilidade
decorrente de embriaguez completa proveniente de força maior, nos termos do art. 28, §1º do CP. Em relação
a Patrício, deverá receber sentença de absolvição imprópria, com aplicação de medida de segurança, nos
termos do art. 26 do CP.
11. (FGV – 2015 – OAB – XVII EXAME DE ORDEM) Durante um assalto a uma instituição bancária,
Antônio e Francisco, gerentes do estabelecimento, são feitos reféns. Tendo ciência da condição deles de
gerentes e da necessidade de que suas digitais fossem inseridas em determinado sistema para abertura
do cofre, os criminosos colocam, à força, o dedo de Antônio no local necessário, abrindo, com isso, o cofre
e subtraindo determinada quantia em dinheiro. Além disso, sob a ameaça de morte da esposa de
Francisco, exigem que este saia do banco, levando a sacola de dinheiro juntamente com eles, enquanto
apontam uma arma de fogo para os policiais que tentavam efetuar a prisão dos agentes.
Analisando as condutas de Antônio e Francisco, com base no conceito tripartido de crime, é correto afirmar
que
A) Antônio não responderá pelo crime por ausência de tipicidade, enquanto Francisco não responderá por
ausência de ilicitude em sua conduta.
B) Antônio não responderá pelo crime por ausência de ilicitude, enquanto Francisco não responderá por
ausência de culpabilidade em sua conduta.
C) Antônio não responderá pelo crime por ausência de tipicidade, enquanto Francisco não responderá por
ausência de culpabilidade em sua conduta.
D) Ambos não responderão pelo crime por ausência de culpabilidade em suas condutas.
COMENTÁRIOS
No caso em tela, Antônio foi vítima de coação FÍSICA irresistível (não teve vontade alguma, escolha alguma),
de forma que fica afastada a própria configuração do fato típico, dada a ausência de conduta. Francisco,
por sua vez, foi vítima de coação MORAL irresistível, de maneira que agiu sem culpabilidade, nos termos do
art. 22 do CP.
12. (FGV – 2013 – OAB – XI EXAME DE ORDEM) Para aferição da inimputabilidade por doença mental
ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, assinale a alternativa que indica o critério adotado
pelo Código Penal vigente.
a) Biológico.
b) Psicológico.
c) Psiquiátrico.
d) Biopsicológico.
COMENTÁRIOS
O critério biopsicológico, por sua vez, foi adotado em relação aos doentes mentais, nos termos do art. 26 do
CP.
13. (FGV – 2012 – OAB – VIII EXAME DE ORDEM) Analise as hipóteses abaixo relacionadas e assinale
a alternativa que apresenta somente causas excludentes de culpabilidade.
a) Erro de proibição; embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior; coação moral
irresistível.
b) Embriaguez culposa; erro de tipo permissivo; inimputabilidade por doença mental ou por desenvolvimento
mental incompleto ou retardado.
c) Inimputabilidade por menoridade; estrito cumprimento do dever legal; embriaguez incompleta.
d) Embriaguez incompleta proveniente de caso fortuito ou força maior; erro de proibição; obediência
hierárquica.
COMENTÁRIOS
Das alternativas apresentadas a única que traz apenas hipóteses de exclusão da culpabilidade é a letra A,
pois tanto o erro de proibição quanto a embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior e
a coação moral irresistível são causas de exclusão da culpabilidade, nos termos dos arts. 21, 22 e 28, §1º do
CP.
COMENTÁRIOS
A coação moral irresistível é causa de exclusão da culpabilidade, pois afasta um dos elementos da
culpabilidade que é a “exigibilidade de conduta diversa”. A expressão “causa de isenção de pena” não é
errada, pois o CP, muitas vezes, trata de causas de exclusão da culpabilidade como “causas de isenção de
pena”.
15. (FCC – 2015 – TRE-RR – ANALISTA JUDICIÁRIO) Paulo é estudante de uma determinada faculdade
do Estado de Roraima, cursando o primeiro semestre. No início deste ano de 2015 Paulo é submetido a
um trote acadêmico violento e, amarrado, é obrigado a consumir à força bebida alcoólica e substância
entorpecente. Após o trote, Paulo, completamente embriagado e incapacitado de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento por conta desta embriaguez e do uso de
droga, desloca-se até uma Delegacia de Polícia da cidade de Boa Vista, onde tramita um inquérito contra
ele por crime de lesão corporal dolosa decorrente de uma briga em uma casa noturna, e oferece R$
10.000,00 em dinheiro ao Delegado de Polícia para que este não dê prosseguimento às investigações.
Paulo acaba preso em flagrante pela Autoridade Policial. No caso hipotético exposto, Paulo
a) praticou crime de corrupção ativa e terá a pena reduzida de um a dois terços no caso de condenação.
b) é isento de pena pelo crime cometido nas dependências da Delegacia de Polícia.
c) praticou crime de corrupção ativa e não terá a pena reduzida no caso de condenação pela embriaguez.
d) praticou crime de concussão e não terá a pena reduzida no caso de condenação.
e) praticou crime de concussão e terá a pena reduzida de um a dois terços no caso de condenação.
COMENTÁRIOS
Paulo praticou a conduta típica prevista no art. 333 do CP, ou seja, em tese teria praticado o delito de
corrupção ativa.
Contudo, a questão deixa claro que ele se encontrava inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com este entendimento, situação decorrente de embriaguez ocasionada
por FORÇA MAIOR. Assim, Paulo é inimputável e, segundo o CP, isento de pena (afasta a culpabilidade), nos
termos do art. 28, §1º do CP.
16. (FCC – 2015 – TRT9 – TÉCNICO JUDICIÁRIO) São causas de inimputabilidade previstas no Código
Penal, além de doença mental e desenvolvimento mental incompleto ou retardado:
a) emoção e paixão; embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou força maior; idade inferior a 18
anos.
b) idade inferior a 16 anos; embriaguez voluntária; coação irresistível.
c) idade inferior a 18 anos; embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou força maior.
d) idade inferior a 21 anos; embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou força maior; legítima defesa.
e) emoção e paixão; idade inferior a 18 anos; embriaguez preordenada.
COMENTÁRIOS
Dentre as alternativas apresentadas, apenas a letra C traz hipóteses de inimputabilidade previstas no CP,
pois a idade inferior a 18 anos é causa de inimputabilidade, bem como o é a embriaguez completa, decorrente
de caso fortuito ou força maior, nos termos do art. 27 e 28, §1º do CP.
17. (FCC – 2015 – TRE-AP – ANALISTA JUDICIÁRIO) Maria é aprovada no vestibular para uma
determinada Universidade Federal. No dia da matrícula, Maria, caloura, é recebida pelos alunos veteranos
da universidade e submetida a um trote acadêmico violento. Além de outras coisas que foi obrigada a
fazer, Maria foi amarrada em uma cadeira de bar e obrigada a ingerir bebida alcoólica até ficar
completamente embriagada e sem qualquer possibilidade de entender o caráter ilícito de um fato ou de
determinar-se de acordo com este entendimento. Maria é liberada do trote e sai do bar, dirigindo-se até o
seu veículo que estava estacionado em via pública, sem conseguir movimentá-lo. Abordada por policiais,
desacatou-os. Neste caso, no que concerne ao crime de desacato,
(A) terá a pena reduzida de um a dois terços.
(B) estará isenta de pena.
(C) terá a pena reduzida de metade.
(D) terá a pena reduzida em 1/6.
(E) terá a pena aumentada de 1/3.
COMENTÁRIOS
No caso em tela Maria estará isenta de pena, pois é considerada inimputável neste caso. A embriaguez
completa, desde que proveniente de caso fortuito ou força maior (como foi o caso), exclui a imputabilidade
penal, nos termos do art. 28, §1º do CP, desde que o agente seja, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
18. (FCC – 2014 – TRF4 – OFICIAL DE JUSTIÇA) No direito brasileiro legislado, desde que subtraia por
completo o entendimento da ilicitude ou a determinação por ela, a embriaguez terá, genericamente, o
condão de excluir total ou parcialmente a imputabilidade penal quando for
(A) não preordenada.
(B) oriunda de culpa consciente.
(C) oriunda de culpa inconsciente.
(D) oriunda de caso fortuito.
(E) não premeditada.
COMENTÁRIOS
A embriaguez somente pode excluir total ou parcialmente a imputabilidade penal quando for oriunda de caso
fortuito ou força maior, nos termos do art. 28, §§1º e 2º do CP:
Art. 28 - (...)
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito
ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
COMENTÁRIOS
A coação MORAL irresistível exclui a culpabilidade, por inexigibilidade de conduta diversa. Vejamos o art.
22 do CP:
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Embora o artigo fale apenas em coação irresistível, somente a coação MORAL irresistível exclui a
culpabilidade. A coação FÍSICA irresistível exclui o fato típico, pois não há um dos elementos, que é a conduta,
por ausência de vontade.
20. (FCC – 2014 – CÂMARA MUNICIPAL-SP – PROCURADOR LEGISLATIVO) Há uma crítica doutrinária
bastante conhecida e frequente ao fundamento teórico da punição, no direito brasileiro, dos crimes
cometidos em estado de embriaguez. Pode-se sintetizá-la afirmando que essa punição, ao fundar-se na
teoria
a) da equivalência dos antecedentes causais, simplesmente equaliza as diversas modalidades de embriaguez,
não permitindo uma justa diferenciação de seus variados graus de reprovabilidade.
b) objetiva pura alemã, não considera as diversas situações subjetivas desencadeantes da embriaguez, e, por
consequência, não propicia a devida diferenciação entre seus variados graus de reprovabilidade.
c) da actio libera in causa, não é facilmente extensível aos casos de embriaguez não preordenada ou mesmo
meramente culposa, propiciando-se, eventualmente, situações de responsabilização penal estritamente
objetiva.
d) puramente normativa da culpabilidade (Welzel), esvazia o juízo da consciência da ilicitude que, de efetivo
e concreto, se torna puramente exigível e potencial, respondendo o agente indistintamente pelo crime, ainda
que compreensivelmente não tivesse condições ou razões reais para não se embriagar nas circunstâncias em
que o fato se deu.
e) monista temperada, acaba comportando situações graves de impunidade, notadamente nos crimes
cometidos com culpa consciente e limítrofes ao dolo eventual.
COMENTÁRIOS
O item correto é o da letra C. Isso porque o Brasil adotou a teoria da actio libera in causa, segundo a qual o
agente deve ser punido pelo crime praticado em estado de embriaguez se ele se colocou livremente nessa
situação (ainda que culposamente ou sem intenção de praticar crimes). Tal teoria prega que embora não haja
imputabilidade no momento do crime, existia livre consciência no momento da embriaguez, ou seja, a ação era
consciente “na causa” (a embriaguez).
21. (FCC – 2013 – TJ-PE – TITULAR NOTARIAL) A inimputabilidade por peculiaridade mental ou etária
exclui da conduta a
a) tipicidade.
b) tipicidade e a antijuridicidade, respectivamente.
c) antijuridicidade.
d) antijuridicidade e a culpabilidade, respectivamente.
e) culpabilidade.
COMENTÁRIOS
A inimputabilidade por doença mental ou em razão da idade gera exclusão da culpabilidade, por ser a
inimputabilidade um elemento da culpabilidade que, por sua vez, é o terceiro elemento na divisão analítica
do crime.
22. (FCC – 2012 – TRF5 – ANALISTA JUDICIÁRIO) Em matéria penal, a embriaguez incompleta,
resultante de caso fortuito ou de força maior,
a) não suprime a imputabilidade penal, mas diminui a capacidade de entendimento gerando uma causa geral
de diminuição de pena.
b) não exclui, nem diminui, a imputabilidade penal, não operando qualquer efeito na aplicação da pena.
c) é hipótese de elisão da imputabilidade penal porque afeta a capacidade de compreensão, tornando o
agente isento de pena.
d) não exclui, nem diminui, a imputabilidade penal, servindo como circunstância agravante.
e) embora não suprima a imputabilidade penal, é censurável, e serve como circunstância agravante.
COMENTÁRIOS
Tal embriaguez NÃO exclui a imputabilidade penal, pois não é completa. Contudo, é causa de diminuição de
pena. Vejamos:
Art. 28 (...) § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez,
proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão,
a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
COMENTÁRIOS
a) ERRADA: Item errado, pois neste caso temos a figura do semi-imputável, que não é isento de pena, mas tem
sua pena reduzida de um a dois terços, na forma do art. 26, § único do CP.
b) CORRETA: Item correto, pois esta é a exata previsão do art. 26 do CP:
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
c) ERRADA: Item errado, pois a maioridade penal é alcançada aos 18 anos, ou seja, a inimputabilidade por
idade atinge apenas os menores de 18 anos, na forma do art. 27 do CP.
d) ERRADA: Item errado, pois a emoção e a paixão não afastam a imputabilidade penal, nos termos do art.
28, I do CP.
e) ERRADA: Item errado, pois a embriaguez voluntária ou culposa não afasta a imputabilidade penal, na
forma do art. 28, II do CP.
GABARITO: LETRA B
24. (VUNESP – 2018 – PC-BA - ESCRIVÃO) A respeito da imputabilidade penal, é correto afirmar que tal
instituto
(A) figura como um dos elementos da culpabilidade.
(B) cuida da capacidade física do agente de praticar o ilícito.
(C) figura como um dos requisitos da punibilidade.
(D) não exclui da aplicação da lei penal fato praticado durante a embriaguez involuntária completa,
proveniente de caso fortuito ou força maior.
(E) não exclui a menoridade (criança e adolescente) da aplicação da lei penal.
COMENTÁRIOS
a) CORRETA: Item correto, pois a imputabilidade penal é um dos elementos da culpabilidade (os outros dois
são a potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa).
b) ERRADA: Item errado, pois a imputabilidade penal cuida da capacidade MENTAL do agente de entender
o caráter ilícito do fato ou determinar-se de acordo com este entendimento.
c) ERRADA: Item errado, pois a imputabilidade penal é um dos elementos da culpabilidade, não da
punibilidade.
d) ERRADA: Item errado, pois no caso de embriaguez acidental completa (decorrente de caso fortuito ou força
maior), afasta-se a imputabilidade penal do agente, na forma do art. 28, §1º do CP.
e) ERRADA: Item errado, pois a menoridade afasta a imputabilidade penal, conforme art. 27 do CP.
25. (VUNESP – 2018 – PC-BA - INVESTIGADOR) De acordo com o Estatuto Penal brasileiro, são
elementos da culpabilidade a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de
conduta diversa. Sobre a imputabilidade, assinale a alternativa correta.
COMENTÁRIOS
a) ERRADA: Item errado, pois a idade do agente é um dos fatores, mas não é o único. O agente pode ser
maior de idade e ser, ainda assim, considerado inimputável por outro motivo.
b) ERRADA: Item errado, pois a embriaguez voluntária nunca afasta a imputabilidade penal, na forma do art.
28, II do CP.
c) ERRADA: Item errado, pois em relação à menoridade penal, o critério adotado foi o biológico, ou seja, leva-
se em conta apenas a idade. Em relação ao critério biopsicológico, ele foi adotado, por exemplo, no que
tange à inimputabilidade por doença mental.
d) CORRETA: Item correto, pois neste caso temos a situação do semi-imputável, que pode receber pena, mas
com redução de um a dois terços, conforme art. 26, § único do CP.
e) ERRADA: Item errado, pois a embriaguez voluntária nunca afasta a imputabilidade penal, na forma do art.
28, II do CP.
26. (VUNESP – 2017 – DPE-RO – DEFENSOR PÚBLICO) Sendo positivos os elementos que configuram o
delito e constatada a semi-imputabilidade do acusado, o juiz pode, atendendo aos demais critérios legais,
a) aplicar-lhe pena reduzida de 1 a 2/3 ou absolvê-lo, pois não há outra previsão legal.
b) aplicar-lhe pena reduzida de 1 a 2/3 ou determinar que se submeta a tratamento ambulatorial ou, ainda,
determinar sua internação.
c) aplicar-lhe pena reduzida de 1 a 2/3 ou determinar que se submeta a tratamento ambulatorial, pois não
há outra previsão legal.
d) absolver o acusado, por ausência de tipicidade, especialmente por falta de elemento subjetivo do tipo ou
suspender o processo, pois não há outra previsão legal.
e) declarar extinta a punibilidade do acusado ou absolvê-lo por ausência de tipicidade, especialmente por
falta de elemento subjetivo do tipo.
COMENTÁRIOS
No caso de semi-imputável o Juiz poderá reduzir a pena de um a dois terços, na forma do art. 26, § único do
CP. Todavia, o Juiz pode, ainda, substituir a pena privativa de liberdade por medida de segurança, que pode
consistir em internação ou tratamento ambulatorial, na forma do art. 98 do CP.
COMENTÁRIOS
a) ERRADA: Item errado, pois a embriaguez CULPOSA não exclui a imputabilidade penal, nos termos do art.
28, II do CP. ==2b3adf==
b) ERRADA: Item errado, pois para que haja a exclusão da imputabilidade é necessário que o agente seja
INTEIRAMENTE INCAPAZ. No caso, a questão disse que o agente não era inteiramente capaz, o que significa
que era parcialmente capaz. Neste caso, não ficará isento de pena, mas poderá ter sua pena reduzida de um
a dois terços, na forma do art. 26, § único do CP.
c) CORRETA: Item correto, pois esta é a exata previsão contida no art. 28, I do CP.
d) ERRADA: Item errado, pois os menores de 18 anos são INIMPUTÁVEIS, e não semi-imputáveis, nos termos do
art. 27 do CP.
28. (VUNESP – 2016 – IPSMI – PROCURADOR) Tício, maior de 18 anos, é portador de doença mental,
necessitando de medicação diária. A doença, por si só, não prejudica a capacidade de compreensão.
Todavia, a medicação, ingerida em conjunto com bebida alcoólica em quantidade, provoca surtos
psicóticos, com exclusão da capacidade de entendimento. Tício sabe dos efeitos do álcool, em excesso,
em seu organismo, mas costuma beber, moderadamente, justamente para desfrutar dos efeitos que,
segundo ele, “dá barato”. Em uma festa, Tício, sem saber que se tratava de uma garrafa de absinto
(bebida de alto teor alcoólico), pensando ser gim, preparou um coquetel de frutas e ingeriu. Ao recobrar
a consciência, soube que esfaqueou dois de seus melhores amigos, causando a morte de um e lesão de
natureza grave em outro. A respeito da situação, é correto afirmar que
a) Tício, devido à doença mental, é inimputável, sendo isento de pena.
b) Tício é inimputável, sendo isento de pena, pois praticou o crime em estado de completa embriaguez,
decorrente de caso fortuito.
c) Tício é imputável, pois a embriaguez completa decorreu de culpa. Entretanto, faz jus à redução da pena.
d) Tício é imputável, sendo punido de forma agravada, em vista da embriaguez pré-ordenada.
e) Tício, por ser maior de 18 anos, é imputável, sendo irrelevante a circunstância de ter praticado o crime em
estado de completa embriaguez.
COMENTÁRIOS
Questão polêmica! Em casos como este é difícil entender como o agente poderia ser considerado inimputável,
mas o fato é que houve, a princípio, embriaguez acidental. Vejamos:
O agente não é inimputável por doença mental ou menoridade, então esqueçamos isso.
Com relação à embriaguez, ela foi dolosa? Não, pois o agente não queria se embriagar.
A embriaguez foi culposa? Aí é que está o ponto central da questão. No meu modo de ver, e no modo de ver
da Banca, não foi culposa. O agente sabia que estava ingerindo álcool (pois pensou que era Gim), MAS NÃO
SABIA que estava ingerindo absinto, que possui uma graduação alcoólica MUITO superior. Neste caso,
podemos dizer que a embriaguez se deu por culpa do agente, ou seja, porque ele bebeu muito,
imprudentemente, e acabou se embriagando? Creio que não.
Neste caso, o mais razoável é admitir que o agente, de fato, se embriagou em razão de caso fortuito. Assim,
por se tratar de embriaguez completa acidental (caso fortuito), será o agente considerado inimputável.
Naturalmente que o senso comum nos conduz à conclusão de que uma pessoa que faz isso deve ser punida.
Todavia, a resposta da questão deve se pautar exclusivamente pelo que dispõe o CP.
29. (VUNESP – 2015 – MPE/SP – ANALISTA DE PROMOTORIA) Assinale a alternativa correta a respeito
da imputabilidade penal.
(A) Comprovada a doença mental ou o desenvolvimento mental incompleto ou retardado, o agente será
considerado inimputável para os efeitos legais.
(B) Aos inimputáveis e aos semi-imputáveis, comprovada essa condição por perícia médica, será substituída a
pena por medida de segurança consistente em internação em hospital de custódia e tratamento
psiquiátrico.
(C) A imputabilidade é um dos elementos da culpabilidade, ao lado da potencial consciência sobre a ilicitude
do fato e a exigibilidade de conduta diversa.
(D) A imputabilidade, de acordo com o Código Penal, pode se dar por doença mental, imaturidade natural
ou embriaguez do agente.
(E) A emoção e a paixão, além de não afastarem a imputabilidade penal do agente, podem ser consideradas
como circunstâncias agravantes no momento da fixação da pena.
COMENTÁRIOS
A) ERRADA: Será necessário comprovar, ainda, que em razão destes fatos ele era, ao tempo da ação ou da
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento, nos termos do art. 26 do CP.
B) ERRADA: Os semi-imputáveis não recebem medida de segurança, mas pena, que pode ser reduzida de um
a dois terços, nos termos do art. 26, § único do CP.
C) CORRETA: Item correto, pois estes são os três elementos da culpabilidade, segundo a teoria limitada da
culpabilidade, adotada pelo CP.
D) ERRADA: Item errado, pois a inimputabilidade, segundo o CP, pode se dar por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, por menoridade ou por embriaguez acidental, decorrente
de caso fortuito ou força maior.
E) ERRADA: Item errado, pois a emoção pode, eventualmente, configurar ATENUANTE genérica, e não
agravante, nos termos do art. 61, III, c, do CP.
30. (VUNESP – 2015 – PC/CE – ESCRIVÃO) No tocante às disposições do Código Penal relativas à
culpabilidade e imputabilidade, é correto afirmar que
(A) a pena pode ser reduzida de um a dois terços se o agente, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(B) a embriaguez culposa pelo álcool ou substância de efeitos análogos exclui a imputabilidade penal.
(C) se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, manifestamente ilegal, de
superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
(D) a pena pode ser reduzida de um a dois terços se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental
ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado, não era inteiramente capaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(E) a embriaguez voluntária pelo álcool ou substância de efeitos análogos exclui a imputabilidade penal.
COMENTÁRIOS
A) ERRADA: Item errado, pois o agente, neste caso, será inimputável, nos termos do art. 26 do CP.
B) ERRADA: A embriaguez culposa não exclui a imputabilidade penal.
C) ERRADA: Item errado, pois se a ordem é manifestamente ilegal aquele que cumpre a ordem também
responde pelo delito, não havendo exclusão de sua culpabilidade.
D) CORRETA: Item correto, pois esta é a exata previsão contida no art. 26, § único do CP:
Art. 26 (...) Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente,
em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou
retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
E) ERRADA: A embriaguez voluntária ou culposa não exclui a imputabilidade penal, nos termos do art. 28, II
do CP.
31. (VUNESP – 2015 – PC/CE – INSPETOR) No tocante às disposições previstas no Código Penal relativas
à culpabilidade, é correto afirmar que
(A) se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, não manifestamente ilegal,
de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
(B) se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, não manifestamente ilegal,
de superior hierárquico, é punível o autor da coação ou da ordem tendo o autor do fato a pena diminuída de
um a dois terços.
(C) o fato cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, não manifestamente ilegal, de
superior hierárquico, não excluiu a culpabilidade do autor do fato.
(D) se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, mesmo que manifestamente
ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
(E) se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, mesmo que manifestamente
ilegal, de superior hierárquico, é punível o autor da coação ou da ordem tendo o autor do fato a pena
diminuída de um a dois terços.
COMENTÁRIOS
32. (VUNESP – 2015 – PC/CE – INSPETOR) Nos termos do Código Penal, a imputabilidade penal é
excluída pela
(A) emoção.
(B) doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, que torna o autor, ao tempo da ação
ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.
(C) embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, que privou o autor, ao tempo da ação ou da
omissão, da plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
(D) embriaguez completa e culposa que torna o autor, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(E) paixão.
COMENTÁRIOS
Dentre as alternativas apresentadas apenas a letra B corresponde a uma causa de exclusão da culpabilidade,
nos termos do art. 26 do CP:
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
A letra C está errada porque não basta que a embriaguez acidental prive o agente da plena capacidade. É
necessário que ele fique INTEIRAMENTE INCAPAZ de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
33. (VUNESP – 2014 – PC-SP – DELEGADO DE POLÍCIA) A tese supralegal de inexigibilidade de conduta
diversa, se acolhida judicialmente, importa em exclusão
a) da imputabilidade.
b) da pena.
c) de punibilidade.
d) do crime.
e) de culpabilidade.
COMENTÁRIOS
O reconhecimento da inexigibilidade de conduta diversa implica a exclusão da culpabilidade, eis que um dos
elementos da culpabilidade é a EXIGIBILIDADE de conduta diversa.
34. (VUNESP – 2014 – DPE-MS – DEFENSOR PÚBLICO) Agente imputável e menor de 21 anos à época
do fato criminoso ocorrido em 10 de junho de 2006. Foi denunciado como incurso no art. 157, caput, do
CP. A denúncia foi recebida em 29 de junho de 2006 e até 01 de julho de 2014 não havia sido prolatada
sentença. Diante disso, pode-se afirmar que
a) ocorreu a pretensão punitiva estatal, considerado o máximo da pena abstratamente cominada à infração.
b) ocorrerá a prescrição da pretensão punitiva estatal somente depois de decorridos seis anos da data supra
mencionada (01.07.2014).
c) ocorrerá a prescrição da pretensão punitiva estatal somente depois de decorridos quatro anos da data
supra mencionada (01.07.2014).
d) antes da prolação da sentença condenatória não se pode falar em ocorrência da pretensão punitiva estatal.
COMENTÁRIOS
No caso, o delito previsto é o de roubo, cuja pena máxima prevista é de 10 anos de reclusão.
Assim, em tese, o crime prescreveria em 16 anos, nos termos do art. 109, II do CP.
Contudo, o agente era menor de 21 anos na data do fato, logo, esse prazo cai pela metade (08 anos), nos
termos do art. 115 do CP.
O recebimento da denúncia interrompeu o curso do prazo de prescrição (art. 117, I do CP), que voltou a correr
do zero, a partir daquela data.
A data atual (segundo a questão) para fins de cálculo da prescrição é dia 01.07.2014. Vemos que entre a
última interrupção da prescrição e a data atual já transcorreram mais de 08 anos, motivo pelo qual operou-
se a prescrição.
p.s.: a alternativa A contém um erro de digitação. Faltou simplesmente a palavra “prescrição”, o que torna o
item sem sentido. Contudo, foi mero esquecimento da Banca. Para quem fez a prova, possuem razão em
recorrer. Para nós, vamos simplesmente “fingir” que a palavra “prescrição” foi colocada lá, antes de
“pretensão punitiva”. Desta forma não perdemos a questão.
35. (VUNESP – 2015 – PC-CE – DELEGADO DE POLÍCIA) Considere que determinado sujeito, portador de
desenvolvimento mental incompleto, ao tempo da ação tinha plena capacidade de entender o caráter
ilícito do fato, mas era inteiramente incapaz de determinar-se de acordo com esse entendimento – o que
fora clinicamente atestado nos autos em perícia oficial. Em consonância com o texto legal do art. 26 do
CP, ao proferir sentença deve o juiz reconhecer sua
a) inimputabilidade.
b) imputabilidade.
c) semi-imputabilidade, absolvendo-lhe e aplicando-lhe medida de segurança.
d) semi-imputabilidade, condenando-lhe e aplicando-lhe pena diminuída.
e) semi-imputabilidade, condenando-lhe e aplicando-lhe medida de segurança.
COMENTÁRIOS
Como o agente era, ao tempo da ação ou da omissão, INTEIRAMENTE INCAPAZ de determinar-se de acordo
com o Direito, deverá ser reconhecida sua INIMPUTABILIDADE, por força do art. 26 do CP:
Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Veja que o art. 26 exige que o agente seja inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato OU
(alternativo, portanto) de determinar-se conforme este entendimento, que é o caso da questão.
36. (VUNESP - 2013 - TJ-SP - ADVOGADO) O gerente de uma determinada agência bancária, após longa
sessão de tortura psicológica infligida a ele pelos bandidos, fornece a chave para abertura do cofre da
agência bancária. Sua conduta encontra guarida na excludente de;
a) ilicitude denominada legítima defesa.
b) ilicitude denominada obediência hierárquica.
c) culpabilidade denominada actio libera in causa.
d) ilicitude denominada coação física irresistível.
e) culpabilidade denominada coação moral irresistível.
COMENTÁRIOS
O gerente, neste caso, agiu sob coação moral irresistível, de maneira que sua conduta está amparada por
uma causa de exclusão da culpabilidade. Vejamos:
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da
ordem.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CESPE - 2019 - MPE-PI - PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) Em relação à estrutura
analítica do crime, o juízo da culpabilidade avalia
a) a prática da conduta.
b) as condições pessoais da vítima.
c) a existência do injusto penal.
d) a reprovabilidade da conduta
e) a contrariedade do fato ao direito.
COMENTÁRIOS
GABARITO: Letra D
2. (CESPE - 2018 - MPU - ANALISTA DO MPU – DIREITO) Cada um do item a seguir apresenta
uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, a respeito da aplicação e da
interpretação da lei penal, do concurso de pessoas e da culpabilidade.
Joaquim, penalmente imputável, praticou, sob absoluta e irresistível coação física, crime de
extrema gravidade e hediondez. Nessa situação, Joaquim não é passível de punição, porquanto a
coação física, desde que absoluta, é causa excludente da culpabilidade.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois a coação FÍSICA irresistível é causa de exclusão do fato típico (por ausência de
conduta, já que o agente não controla os movimentos corporais), e não causa de exclusão da
culpabilidade (que é excluída, dentre outras situações, pela coação MORAL irresistível).
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIOS
Item errado, pois neste caso o agente será considerado inimputável em razão da doença mental,
na forma do art. 26 do CP, pois em razão da doença não possuía discernimento algum no momento
do fato.
COMENTÁRIOS
Item correto, pois a embriaguez completa acidental é causa de inimputabilidade penal, na forma
do art. 28, §1º do CP. A embriaguez decorrente de caso fortuito é uma das espécies de embriaguez
acidental (a outra é a embriaguez decorrente de força maior).
5. (CESPE – 2018 – ABIN – OFICIAL DE INTELIGÊNCIA – ÁREA 01) À luz do Código Penal,
julgue o item que se segue.
Comprovado que o acusado possui desenvolvimento mental incompleto e que não era
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito de sua conduta, é cabível a condenação com
redução de pena.
COMENTÁRIOS
Item correto, pois neste caso o agente não será considerado inimputável. O agente será
considerado semi-imputável, de forma que será condenado, mas o Juiz poderá reduzir a pena, de
um a dois terços, na forma do art. 26, § único do CP. A questão trata do agente que NÃO ERA
INTEIRAMENTE CAPAZ (ou seja, era parcialmente capaz). Há uma diferença enorme entre ser
inteiramente incapaz (zero discernimento = inimputável) e não ser inteiramente capaz (parcial
discernimento = semi-imputável).
6. (CESPE – 2018 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) No que tange aos
institutos penais das excludentes de ilicitude e de culpabilidade e da imputabilidade penal, julgue
o próximo item.
A embriaguez acidental, proveniente de força maior ou caso fortuito, exclui a culpabilidade, ainda
que o sujeito ativo possuísse, ao tempo da ação, parcial capacidade de entender o caráter ilícito
do fato que praticou.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois a embriaguez acidental até pode excluir a imputabilidade penal, desde que o
agente, em razão de tal embriaguez, seja inteiramente incapaz de, no momento do fato, entender
o caráter ilícito da conduta ou de determinar-se de acordo com este entendimento, na forma do
art. 28, §1º do CP.
7. (CESPE – 2018 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) No que tange aos
institutos penais das excludentes de ilicitude e de culpabilidade e da imputabilidade penal, julgue
o próximo item.
Preenchidos os requisitos legais, a coação irresistível e a obediência hierárquica são causas
excludentes de culpabilidade daquele que recebeu ordem para cometer o fato, mantendo-se
punível o autor da coação ou da ordem.
COMENTÁRIOS
Vale ressaltar que a Banca deu margem para anulação, já que a coação MORAL irresistível afasta a
culpabilidade. A coação FÍSICA irresistível afasta o fato típico (ausência de conduta punível). Ao
não especificar a qual tipo de coação estava se referindo, a questão deu margem para anulação.
8. (CESPE – 2018 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Acerca dos institutos
do erro de tipo, do erro de proibição e do concurso de pessoas, julgue o item subsequente.
A descriminante putativa por erro de proibição, na hipótese de suposição errônea acerca de causa
excludente de ilicitude, é considerada erro de proibição indireto e gera as mesmas consequências
do erro de proibição direto.
COMENTÁRIOS
Item correto, pois neste caso temos descriminante putativa em razão de equívoco do agente
quanto à existência, limites ou interpretação acerca da causa excludente de ilicitude. Não se trata,
aqui, de um erro “de fato”, mas de um erro acerca da norma. Temos, portanto, erro de proibição
indireto (agente sabe que o fato é típico, mas por erro normativo, acredita que sua conduta não é
ilícita). O erro de proibição indireto recebe o mesmo tratamento dispensado ao erro de proibição
COMENTÁRIOS
A imputabilidade pode ser definida como a capacidade mental do agente para, no momento do
fato, entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento.
COMENTÁRIOS
A coação moral irresistível é uma situação que afasta a culpabilidade do agente, ante a
inexigibilidade de conduta diversa, ou seja, a ausência de exigibilidade de conduta diversa. O
Direito, neste caso, entende que não se poderia exigir do agente uma postura diferente.
11. (CESPE – 2018 – PC-MA – MÉDICO LEGISTA) Luiz cometeu um crime e, em sua defesa,
alegou embriaguez. Após as investigações e perícias cabíveis, foi reconhecida a hipótese de
exclusão da imputabilidade.
Nessa situação hipotética, a exclusão da imputabilidade deveu-se ao fato de se tratar de uma
embriaguez
a) acidental ou fortuita incompleta.
b) preordenada.
c) não acidental culposa.
d) não acidental voluntária.
e) acidental ou fortuita completa.
COMENTÁRIOS
A única hipótese em que a embriaguez exclui a imputabilidade penal, de acordo com o CP, ocorre
no caso de embriaguez acidental completa, ou seja, em razão de tal embriaguez, o agente é
inteiramente incapaz de, no momento do fato, entender o caráter ilícito da conduta ou de
determinar-se de acordo com este entendimento, na forma do art. 28, §1º do CP.
A letra E está correta, embora a embriaguez fortuita já seja uma espécie de embriaguez acidental
(a outra é a embriaguez decorrente de força maior).
12. (CESPE – 2017 – PM-AL – SOLDADO) A respeito da aplicação da lei penal, do crime e da
imputabilidade penal, julgue o item a seguir.
Situação hipotética: Um indivíduo que, ao tempo que praticou ação ou omissão, era inteiramente
capaz de entender o caráter ilícito do fato. Posteriormente veio a ser afetado por doença mental.
Assertiva: Nesse caso, esse indivíduo é isento de pena.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois a imputabilidade penal deve ser aferida levando-se em conta o discernimento do
agente no momento da conduta. Assim, se no momento da conduta o agente era inteiramente
CAPAZ de entender o caráter ilícito do fato, deve ser considerado IMPUTÁVEL.
13. (CESPE – 2017 – TRF1 – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA) José, com vinte
anos de idade, e seu primo, Pedro, de quinze anos de idade, saíram para conversar em um bar.
José, que estava ingerindo bebida alcoólica, ficou muito bêbado rapidamente em razão do efeito
colateral provocado por medicamento de que fazia uso. Pedro, percebendo o estado de
embriaguez do primo, fez que este praticasse um ato que sabia ser tipificado como delituoso.
A respeito dessa situação hipotética e considerando o concurso de pessoas e a imputabilidade
penal, julgue o item que se segue.
José não poderá ser punido pelo crime que cometeu porque se encontrava em estado em
embriaguez decorrente de caso fortuito, hipótese de isenção de pena.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois neste caso temos embriaguez culposa, já que o agente não tomou as cautelas
necessárias, tendo ingerido bebida alcóolica mesmo sabendo que estava fazendo uso de
determinado medicamento. O agente, portanto, responderá pelo fato delituoso, não há
inimputabilidade penal, na forma do art. 28, II do CP.
A embriaguez, aqui, não decorreu de mero acidente, em relação ao qual o agente NÃO TEVE
CULPA, pois o agente sabia que estava usando o medicamento e sabia que estava ingerindo
bebida alcóolica. Ainda que o agente não soubesse, exatamente, quais os efeitos dessa
combinação, deveria ter pesquisado, tomado as cautelas necessárias para não se embriagar.
É inaceitável, portanto, entender-se ter havido mero “caso fortuito”, quando a narrativa evidencia
a ocorrência de culpa por parte do agente.
A Banca, todavia, ANULOU a questão (inicialmente considerou como correta, o que é um absurdo.
Depois, para não dar “o braço a torcer”, ao invés de inverter o gabarito, anulou a questão).
14. (CESPE – 2016 - PC/PE – POLÍCIA CIENTÍFICA – DIVERSOS CARGOS) Constitui causa que
exclui a imputabilidade a
A) embriaguez preordenada completa proveniente da ingestão de álcool.
B) embriaguez acidental completa proveniente da ingestão de álcool.
C) embriaguez culposa completa proveniente da ingestão de álcool.
D) emoção.
E) paixão.
COMENTÁRIOS
A emoção e a paixão não excluem a imputabilidade penal, nos termos do art. 28, I do CP. Da
mesma forma, a embriaguez preordenada não exclui a imputabilidade, sendo, inclusive, uma
agravante (art. 62, I, “L” do CP). A embriaguez culposa também não exclui a imputabilidade penal
do agente (art. 28, II do CP).
Por fim, a embriaguez ACIDENTAL (decorrente de caso fortuito ou força maior) completa (aquela
que retira completamente do agente a capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com este entendimento) é causa de exclusão da imputabilidade penal,
nos termos do art. 28, §1º do CP.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois a inimputabilidade e a inexigibilidade de conduta diversa são causas de exclusão
da culpabilidade.
16. (CESPE – 2016 - PC/PE – AGENTE DE POLÍCIA - ADAPTADA) A embriaguez, quando culposa,
é causa excludente de imputabilidade.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois a embriaguez voluntária (dolosa ou culposa) não exclui a imputabilidade penal,
nos termos do art. 28, II do CP.
17. (CESPE – 2016 - PC/PE – AGENTE DE POLÍCIA - ADAPTADA) A emoção e a paixão são causas
excludentes de imputabilidade, como pode ocorrer nos chamados crimes passionais.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois nem a emoção nem a paixão são causas de exclusão da imputabilidade penal,
nos termos do art. 28, I do CP.
18. (CESPE – 2016 - PC/PE – AGENTE DE POLÍCIA - ADAPTADA) A embriaguez não exclui a
imputabilidade, mesmo quando o agente se embriaga completamente em razão de caso fortuito
ou força maior.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois quando o agente está completamente embriagado, e esta embriaguez é
decorrente de caso fortuito ou força maior, há exclusão da imputabilidade penal, nos termos do
art. 28, §1º do CP.
19. (CESPE – 2016 - PC/PE – AGENTE DE POLÍCIA - ADAPTADA) São inimputáveis os menores
de dezoito anos de idade, ficando eles, no entanto, sujeitos ao cumprimento de medidas
socioeducativas e(ou) outras medidas previstas no ECA.
COMENTÁRIOS
20. (CESPE – 2016 - PC/PE – ESCRIVÃO DE POLÍCIA - ADAPTADA) Situação hipotética: João,
namorado de Maria e por ela apaixonado, não aceitou a proposta dela de romper o compromisso
afetivo porque ela iria estudar fora do país, e resolveu mantê-la em cárcere privado. Assertiva:
Nessa situação, a atitude de João enseja o reconhecimento da inimputabilidade, já que o seu
estado psíquico foi abalado pela paixão.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois a emoção e a paixão não são capazes de afastar a imputabilidade penal, nos
termos do art. 28, I do CP.
21. (CESPE – 2016 - PC/PE – ESCRIVÃO DE POLÍCIA - ADAPTADA) Situação hipotética: Elizeu
ingeriu, sem saber, bebida alcoólica, pensando tratar-se de medicamento que costumava guardar
em uma garrafa, e perdeu totalmente sua capacidade de entendimento e de autodeterminação.
Em seguida, entrou em uma farmácia e praticou um furto. Assertiva: Nesse caso, Elizeu será isento
de pena, por estar configurada a sua inimputabilidade.
COMENTÁRIOS
Item correto, pois neste caso temos uma hipótese de embriaguez completa proveniente de caso
fortuito, ou seja, uma embriaguez acidental que retirou completamente do agente a capacidade
de discernimento. Assim, o agente será considerado inimputável, nos termos do art. 28, §1º do
CP.
22. (CESPE – 2016 - PC/PE – ESCRIVÃO DE POLÍCIA - ADAPTADA) Situação hipotética: Paulo foi
obrigado a ingerir álcool por coação física e moral irresistível, o que afetou parcialmente o controle
sobre suas ações e o levou a esfaquear um antigo desafeto. Assertiva: Nesse caso, a retirada parcial
da capacidade de entendimento e de autodeterminação de Paulo não enseja a redução da sua
pena no caso de eventual condenação.
COMENTÁRIOS
23. (CESPE – 2016 - PC/PE – ESCRIVÃO DE POLÍCIA - ADAPTADA) Situação hipotética: Em uma
festa de aniversário, Elias, no intuito de perder a inibição e conquistar Maria, se embriagou e,
devido ao seu estado, provocado pela imprudência na ingestão da bebida, agrediu fisicamente o
aniversariante. Assertiva: Nessa situação, Elias não será punido pelo crime de lesões corporais por
ausência total de sua capacidade de entendimento e de autodeterminação.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois a embriaguez voluntária (dolosa ou culposa) não exclui a imputabilidade penal,
nos termos do art. 28, II do CP.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (FGV / 2022 / PCERJ)
Perseu, funcionário da loja Olimpo, tem sua atenção chamada para um telefone celular de última geração,
exibido por Medusa, outra funcionária do estabelecimento. Ciente de que o salário que ambos recebem não
permitiria a aquisição do referido aparelho, Perseu passa a questionar a origem do bem, sendo informado
que Medusa o havia recebido de presente de Teseu, seu namorado. Perseu, então, monta um plano para
furtar o celular, aproveitando o término antecipado do seu expediente para levar a bolsa de Medusa.
Chegando em casa, constata que no interior da bolsa havia uma carteira com cartões e sem dinheiro,
maquiagem, guarda-chuva, óculos de sol, óculos de grau, fones de ouvido e o carregador do celular, vindo a
descobrir, por terceiros, que o telefone estava em poder de Medusa, permanecendo o tempo todo no bolso
traseiro da sua calça.
Diante do narrado, Perseu:
(A) responderá por furto, por erro acidental;
(B) responderá por furto, por erro na execução do crime;
(C) não responderá por furto, por erro acidental;
(D) não responderá por furto, por erro na execução do crime;
(E) não responderá por furto, por erro de proibição.
COMENTÁRIOS
Nesse caso houve o que se chama de erro sobre o objeto (error in objecto), modalidade de erro acidental na
qual o agente apenas se equivoca quanto ao objeto material do crime, mas isso não afasta sua
responsabilidade penal (ex.: invadir uma casa para furtar um relógio de marca e se confundir, subtraindo
uma réplica).
GABARITO: Letra A
Durante operação policial, Alberto, ao incursionar por uma viela, se depara com Sérgio portando um guarda-
chuva. Devido à tensão do momento, Alberto pensa que o objeto nas mãos de Sérgio é uma arma de fogo e,
em razão disso, efetua disparo com sua arma, o que leva Sergio a óbito. Nesse caso, é correto afirmar que a
hipótese é de erro de tipo
D) essencial, na modalidade erro de tipo permissivo ou delito putativo por erro de tipo.
COMENTÁRIOS
Nesse caso houve o que se chama de erro de tipo permissivo, pois houve um erro sobre os pressupostos
fáticos de uma causa de justificação, ou seja, uma situação de descriminante putativa (no caso, legítima
defesa putativa) por erro sobre as circunstâncias fáticas. O agente policial atuou acreditando que havia uma
situação de agressão injusta iminente contra sua vida (acreditou que havia um criminoso armado prestes a
atirar contra o agente policial), motivo pelo qual atuou com a intenção de repelir a injusta agressão iminente
(agressão injusta que NÃO existia).
Art. 20 (...) § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há
isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime
culposo.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Ou seja, o agente será isento de pena, a menos que se considere que o erro cometido deriva de culpa (caso
se entenda que o agente poderia ter sido mais cauteloso nas circunstâncias), hipótese na qual será
responsabilizado na forma culposa (no caso, homicídio culposo).
Todavia, a letra D, dada como correta, contém um erro. Apesar de se tratar de erro de tipo permissivo, não
se trata de delito putativo por erro de tipo. Delito putativo por erro de tipo ocorre quando o agente pratica
um INDIFERENTE PENAL (conduta sem relevância penal), mas acredita que está praticando crime (ex.:
transporta sal de cozinha acreditando que é cocaína. O agente acredita estar praticando crime, mas não está
praticando conduta típica). Portanto, a questão deveria ter sido anulada, por não haver resposta correta.
COMENTÁRIOS
Quanto à responsabilização de Hades (agente provocador), não há discussão, na medida em que se valeu de
Ares como mero instrumento para alcançar o resultado, configurando verdadeira autoria mediata decorrente
de erro determinado por terceiro.
Quanto à responsabilização de ARES, o ator que efetuou o disparo, certamente não é possível sua
responsabilização na forma dolosa, eis que incorreu em erro de tipo essencial determinado por terceiro, o que
afasta o dolo, na forma do art. 20 do CP:
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
Tal só seria possível se considerarmos que ARES (agente provocado e mero executor) cometeu erro evitável
pelas circunstâncias, ou seja, que o erro de ARES (o ator) deriva de culpa1. Para chegarmos a essa conclusão,
seria necessário acreditar que ARES possuiria um dever objetivo de cuidado consistente na obrigação de
checar a arma antes de utilizá-la na cena, o que não parece a solução adequada.2
Pelo princípio da confiança, de crucial aplicação para a perfeita interpretação da existência (ou não) de um
suposto dever objetivo de cuidado, não age com culpa aquele que atua na legítima expectativa de que os
demais envolvidos no evento criminoso agirão dentro da lei, cumprindo cada um o seu dever.
Assim, hipoteticamente, se numa sala de cirurgia o médico recebe do instrumentador um bisturi não esterilizado
e o utiliza, causando a morte do paciente, naturalmente que o médico não terá agido com culpa, eis que
apenas agiu na legítima expectativa de que o instrumento estava pronto (e em perfeitas condições) para uso,
não sendo razoável imaginar que o médico tivesse a obrigação de checar se o instrumento havia passado pelo
processo de esterilização.
Posto isso, concluir que ARES teria agido com culpa no que tange ao resultado narrado na questão implicaria
dizer que ele deveria ter checado se a arma era verdadeira e estava municiada, o que não parece adequado.
Nem se pode invocar que ARES deveria saber tratar-se de uma arma real, e não uma arma cenográfica, eis
que nem todas as pessoas possuem conhecimento técnico suficiente para realizar tal distinção. Diferentemente
seria o caso de ARES, além de ator, ser um conhecido entusiasta de armas, alguém com profundo conhecimento
em armas de fogo, e capaz de perceber a diferença prima facie.
Como a questão não traz qualquer elemento nesse sentido, não há como se admitir que ARES responda por
homicídio culposo.
Inicialmente a Banca considerou (bizarramente) como correta a assertiva que diz que a Hades responderá por
homicídio doloso e Ares responderá por homicídio culposo. Porém, após muita (legítima) gritaria, inclusive com
recurso elaborado pelo Prof. Renan Araujo, o gabarito foi alterado para a alternativa correta: Ares (o ator)
não responderá por crime e Hades responderá por homicídio doloso.
1 MASSON, Cléber. Direito Penal. Vol. 1, Ed. Método – 3º edição, São Paulo/SP, 2009. P. 288
2 CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Geral. 7º edição. Ed. Juspodivm. Salvador, 2015, p.216/217
GABARITO: Letra E
4. (FGV/2021/TJSC/NOTÁRIO)
Hugo, funcionário de estabelecimento comercial, insatisfeito com seu empregador e querendo causar-lhe
prejuízo, devidamente uniformizado e identificado, entrega a Jairo, cliente da loja, um aparelho celular que
estava exposto à venda, dizendo tratar-se de um brinde. Jairo, então, coloca o aparelho em seu bolso e sai
da loja, quando é imediatamente abordado por seguranças do local, que encontram o objeto em sua posse
e o levam à delegacia de polícia, onde foi indiciado pelo crime de furto.
Considerando apenas as informações expostas, é correto afirmar que Jairo:
A) poderá ser responsabilizado pelo crime imputado, mas com causa de diminuição de pena, pois agiu em
erro de proibição evitável;
B) poderá ser responsabilizado pelo crime imputado, mas apenas na modalidade culposa, pois agiu em erro
de tipo acidental;
C) não poderá ser punido pelo crime imputado, pois estará isento de pena em razão de erro de proibição
inevitável;
D) não praticou o crime imputado, pois atuou em erro de tipo provocado por terceiro;
E) não praticou o crime imputado, pois atuou em erro de tipo acidental.
COMENTÁRIOS
Quanto à responsabilização Hugo (agente provocador), não há discussão, na medida em que se valeu de Jairo
como mero instrumento para alcançar o resultado (o prejuízo patrimonial ao empregador), configurando
verdadeira autoria mediata decorrente de erro determinado por terceiro.
Quanto à responsabilização de Jairo, certamente não é possível sua responsabilização na forma dolosa, eis
que incorreu em erro de tipo essencial determinado por terceiro, o que afasta o dolo, na forma do art. 20 do
CP:
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
Jairo pegou para si a coisa alheia móvel porque acreditava ser sua (acreditava ter sido agraciado com um
presente).
Logo, Jairo somente poderia ser responsabilizado (na forma culposa) se ficasse evidenciado que houve pelo
menos culpa de sua parte e desde que houvesse punição pelo crime de furto na forma culposa. Esses requisitos,
porém, não estão presentes.
GABARITO: Letra D
5. (FGV/2021/TJRO)
Ao lado das hipóteses de erros essenciais figuram os chamados erros acidentais, que, ao contrário daqueles,
incidem sobre elementos não essenciais à configuração do crime, não afetando a decisão a respeito da
imputação. Uma hipótese de erro acidental é:
A) erro de tipo;
B) erro sobre a pessoa;
C) erro de proibição;
D) descriminantes putativas;
E) erro mandamental.
COMENTÁRIOS
Nesse caso, apenas o erro sobre a pessoa configura uma hipótese de erro acidental. O erro de tipo e o erro
de proibição configuram outras modalidades de erro. As descriminantes putativas, a seu turno, podem
configurar erro de tipo permissivo ou erro de proibição indireto, não se tratando de erro acidental.
Por fim, o erro mandamental nada mais é que o erro em crimes omissivos, decorrente do desconhecimento
da norma mandamental (norma que determina o agir, criminalizando a omissão) ou do desconhecimento
das circunstâncias fáticas que obrigariam a atuação do agente que se omitiu.
GABARITO: Letra B
6. (FGV/2018/MPE-AL)
Durante uma festa rave, Bernardo, 19 anos, conhece Maria, e, na mesma noite, eles vão para um hotel e
mantém relações sexuais. No dia seguinte, Bernardo é surpreendido pela chegada de policiais militares no
hotel, que realizam sua prisão em flagrante, informando que Maria tinha apenas 13 anos. Bernardo, então,
é encaminhado para a Delegacia, apesar de esclarecer que acreditava que Maria era maior de idade, devido
a seu porte físico e pelo fato de que era proibida a entrada de menores de 18 anos na festa rave. Diante da
situação narrada, Bernardo agiu em
A) erro de tipo, tornando a conduta atípica.
B) erro de tipo, afastando o dolo, mas permitindo a punição pelo crime de estupro de vulnerável culposo.
C) erro de proibição, afastando a culpabilidade do agente pela ausência de potencial conhecimento da
ilicitude.
D) erro sobre a pessoa, tornando a conduta atípica.
E) erro de tipo permissivo, gerando causa de redução de pena.
COMENTÁRIOS
Em tese, Bernardo teria praticado o delito do art. 217-A do CP (estupro de vulnerável), por ter mantido
relação sexual com pessoa menor de 14 anos. Contudo, no caso concreto, podemos afirmar que o agente
agiu em erro de tipo essencial, pois representou equivocadamente a realidade (acreditava que Maria tivesse
mais de 14 anos), incorrendo em erro sobre um dos elementos que integram o tipo penal (ser a vítima menor
de 14 anos), nos termos do art. 20 do CP.
Logo, não será punido na forma dolosa. Seria possível a punição na forma culposa se: a) pudéssemos
considerar tratar-se de erro evitável; b) houvesse o tipo penal de estupro de vulnerável na forma culposa.
Ainda que o primeiro requisito pudesse estar presente, o segundo certamente não está, logo, a conduta de
Bernardo será necessariamente considerada atípica.
GABARITO: Letra A
7. (FGV/2020/MPE-RJ)
Thiago, pessoa financeiramente humilde, alugou uma bicicleta avaliada em R$ 2.000,00 pelo período de 2
(duas) horas para ir até uma entrevista de emprego. Após a entrevista, chateado por não ter conseguido a
vaga pretendida, acabou por pegar a bicicleta de outra pessoa que estava estacionada no mesmo local,
acreditando ser a que alugara. Apesar de o modelo e o valor da bicicleta serem idênticos ao da que havia
alugado, as cores eram diferentes. Cinco minutos depois, Thiago veio a ser abordado por policiais militares
que souberam dos fatos, sendo indiciado, em sede policial, pela prática do crime de furto simples doloso.
No momento do oferecimento da denúncia, o promotor de justiça deverá concluir que a conduta de Thiago
é:
A) típica, mas deverá ser reconhecida causa de diminuição de pena em razão do erro de proibição, que não
era inevitável;
B) típica, mas deverá ser imputado o crime contra o patrimônio de natureza culposa, já que o erro de tipo
era evitável;
C) atípica, em razão do reconhecimento do princípio da insignificância;
D) atípica, diante do erro de proibição;
E) atípica, diante do erro de tipo.
COMENTÁRIOS
Nesse caso o agente subtraiu para si coisa alheia móvel, o que configuraria furto (art. 155 do CP). Porém,
podemos afirmar que o agente agiu em erro de tipo essencial, pois representou equivocadamente a
realidade (acreditava ser sua a coisa que pegou), incorrendo em erro sobre um dos elementos que integram
o tipo penal (“coisa alheia”), nos termos do art. 20 do CP.
Como não existe punição para o crime de furto na forma culposa, ainda que se se tratasse de erro evitável,
o agente não seria responsabilizado criminalmente. Logo, sua conduta é atípica.
GABARITO: Letra E
8. (FGV/2021/FUNSAÚDE)
Durante operação policial em localidade com presença de criminosos armados, o policial Jonathan, temendo
pela sua integridade física e de seus colegas policiais, se assusta ao ver sair de uma casa um homem
segurando um guarda-chuva com ponta metálica.
Por pensar tratar-se de uma arma de fogo e não de um guarda-chuva, Jonathan atira e vem a matar a vítima,
Caio, que saía de casa em direção ao trabalho.
Acerca do erro praticado por Jonathan, assinale a opção que indica a tese de direito material que poderia ser
usada em sua defesa.
A) Erro de proibição, que, se for entendido como inevitável, isenta de pena e se for evitável poderá reduzi-
la de um sexto a um terço, nos termos do Art. 21 do CP.
B) Erro de tipo incriminador, na medida em que errou sobre um elemento constitutivo do crime, o que
poderia, nos termos do Art. 20, caput, do CP, afastar o dolo e permitir a punição por crime culposo, que
existe no caso do homicídio.
C) Erro na execução, na medida em que pensou que Caio estivesse portando uma arma de fogo, o que faz
com que ele seja isento de pena, nos termos do Art. 73 do CP.
D) Erro de tipo permissivo, previsto no Art. 20, § 1º, do CP, na medida em que acreditava estar diante de
uma situação fática que, se existisse, tornaria sua ação legítima. Se o erro for tido como justificável, ficará
isento de pena. Caso se entenda como evitável, responderá pelo crime na modalidade culposa, legalmente
prevista no caso do homicídio.
E) Erro sobre o objeto, modalidade de erro acidental na qual o agente confunde um objeto com outro, o que
poderá isentar o réu de pena.
COMENTÁRIOS
Nesse caso, o agente policial agiu acreditando estar atuando em legítima defesa, pois imaginou tratar-se de
um criminoso armado e, portanto, imaginou haver situação fática (agressão injusta iminente) que autorizaria
sua conduta (autorizaria a legítima defesa).
Houve, portanto, legítima defesa putativa. No caso, uma descriminante putativa por erro sobre as
circunstâncias fáticas.
Assim, houve o que se chama de erro de tipo permissivo, previsto no Art. 20, § 1º, do CP, na medida em que
acreditava estar diante de uma situação fática que, se existisse, tornaria sua ação legítima. Se o erro for tido
como justificável, ficará isento de pena. Caso se entenda como evitável, responderá pelo crime na
modalidade culposa, legalmente prevista no caso do homicídio:
Art. 20 (...) § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há
isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime
culposo.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
GABARITO: Letra D
A) o afastamento da qualificadora, devendo Regina responder pelo crime de homicídio simples com causa
de aumento, diante do erro de tipo.
B) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro sobre a pessoa, não podendo ser
reconhecida a agravante pelo fato de quem se pretendia atingir ser descendente da agente.
C) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro na execução (aberratio ictus), podendo ser
reconhecida a agravante de o crime ser contra descendente, já que são consideradas as características de
quem se pretendia atingir.
D) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro sobre a pessoa, podendo ser reconhecida a
agravante de o crime ser contra descendente, já que são consideradas as características de quem se
pretendia atingir.
COMENTÁRIOS
Nesse caso, houve erro sobre a pessoa (error in persona), modalidade de erro acidental prevista no art. 20,
§3º do CP:
Art. 20 (...) § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de
pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (Incluído pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Não há que se falar em erro na execução (aberratio ictus), pois a execução foi perfeitamente realizada. O
erro ocorre antes da execução, no momento da representação da vítima, da visualização de quem seria o
alvo da conduta.
Logo, pela teoria da equivalência, devemos considerar as condições da vítima visada (e não as da vítima
atingida). Assim, Regina responderá como se tivesse matado o próprio filho.
Quando a mãe, sob a influência do estado puerperal, mata o próprio filho, durante o parto ou logo após, há
crime de infanticídio (art.123 do CP) e não homicídio. Deve haver, portanto, a desclassificação para
infanticídio.
Porém, não será aplicada a agravante de ter sido o crime praticado contra descendente (art. 61, II, “e” do
CP), pois tal circunstância já é elemento do tipo, e sua consideração também como agravante no infanticídio
geraria bis in idem, ou seja, dupla punição pelo mesmo fato/circunstância.
GABARITO: Letra B
COMENTÁRIOS
Neste caso, houve erro DE TIPO. O agente (Paulo) sabe que subtrair coisa alheia móvel é crime (não há,
portanto, erro sobre a ilicitude da conduta). Todavia, Paulo acredita que está pegando coisa própria, e não
coisa alheia. Veja, portanto, que o erro de Paulo incide sobre um dos elementos do tipo (o elemento “coisa
alheia”, já que acredita ser coisa própria). Assim, temos erro de tipo.
GABARITO: LETRA D
11. (FGV – 2017 – OAB - XXIII EXAME DE ORDEM) Pedro, jovem rebelde, sai à procura de Henrique, 24
anos, seu inimigo, com a intenção de matá-lo, vindo a encontrá-lo conversando com uma senhora de 68
anos de idade. Pedro saca sua arma, regularizada e cujo porte era autorizado, e dispara em direção ao
rival. Ao mesmo tempo, a senhora dava um abraço de despedida em Henrique e acaba sendo atingida
pelo disparo. Henrique, que não sofreu qualquer lesão, tenta salvar a senhora, mas ela falece.
Diante da situação narrada, em consulta técnica solicitada pela família, deverá ser esclarecido pelo advogado
que a conduta de Pedro, de acordo com o Código Penal, configura
A) crime de homicídio doloso consumado, apenas, com causa de aumento em razão da idade da vítima.
B) crime de homicídio doloso consumado, apenas, sem causa de aumento em razão da idade da vítima.
C) crimes de homicídio culposo consumado e de tentativa de homicídio doloso em relação a Henrique.
D) crime de homicídio culposo consumado, sem causa de aumento pela idade da vítima.
COMENTÁRIOS
No presente caso tivemos um homicídio doloso consumado, pois houve erro na execução, na forma do art. 73
do CP. Não há aumento de pena em razão da agravante de ter sido praticado contra pessoa idosa, pois
consideram-se as condições pessoais da vítima visada, e não as da vítima atingida, nos termos do art. 73 c/c
art. 20, §3º do CP.
12. (FGV – 2017 – OAB – XXII EXAME DE ORDEM) Tony, a pedido de um colega, está transportando
uma caixa com cápsulas que acredita ser de remédios, sem ter conhecimento que estas, na verdade,
continham Cloridrato de Cocaína em seu interior. Por outro lado, José transporta em seu veículo 50g de
Cannabis Sativa L. (maconha), pois acreditava que poderia ter pequena quantidade do material em sua
posse para fins medicinais.
Ambos foram abordados por policiais e, diante da apreensão das drogas, denunciados pela prática do crime
de tráfico de entorpecentes.
Considerando apenas as informações narradas, o advogado de Tony e José deverá alegar em favor dos
clientes, respectivamente, a ocorrência de
A) erro de tipo, nos dois casos.
B) erro de proibição, nos dois casos.
C) erro de tipo e erro de proibição.
D) erro de proibição e erro de tipo.
COMENTÁRIOS ==2b3adf==
No primeiro caso temos erro de tipo, previsto no art. 20 do CP, pois o agente praticou o fato típico por incidir
em ERRO sobre um dos elementos do tipo penal (substância entorpecente), já que acredita que não se tratava
de substância entorpecente, e sim de remédio.
No segundo caso tivemos erro de proibição, pois o agente sabia exatamente o que estava carregando, mas
acreditava que sua conduta era lícita perante o Direito Penal, ou seja, trata-se de um erro sobre a existência
ou limites da norma penal. Portanto, ERRO DE PROIBIÇÃO, nos termos do art. 21 do CP.
13. (FGV - 2016 - OAB - XX EXAME DE ORDEM) Wellington pretendia matar Ronaldo, camisa 10 e
melhor jogador de futebol do time Bola Cheia, seu adversário no campeonato do bairro. No dia de um
jogo do Bola Cheia, Wellington vê, de costas, um jogador com a camisa 10 do time rival. Acreditando ser
Ronaldo, efetua diversos disparos de arma de fogo, mas, na verdade, aquele que vestia a camisa 10 era
Rodrigo, adolescente que substituiria Ronaldo naquele jogo. Em virtude dos disparos, Rodrigo faleceu.
Considerando a situação narrada, assinale a opção que indica o crime cometido por Wellington.
A) Homicídio consumado, considerando-se as características de Ronaldo, pois houve erro na execução.
B) Homicídio consumado, considerando-se as características de Rodrigo.
C) Homicídio consumado, considerando-se as características de Ronaldo, pois houve erro sobre a pessoa.
D) Tentativa de homicídio contra Ronaldo e homicídio culposo contra Rodrigo.
COMENTÁRIOS
No caso em tela, temos o fenômeno do erro sobre a pessoa, previsto no art. 20, §3º do CP. Neste caso, o
agente responde pelo crime de acordo com as características da vítima pretendida, e não de acordo com as
características da vítima atingida. Assim, Wellington responderá por homicídio doloso consumado,
considerando-se as características pessoais de Ronaldo, a vítima visada.
14. (FGV - 2016 - OAB - XIX EXAME DE ORDEM) Pedro e Paulo bebiam em um bar da cidade quando
teve início uma discussão sobre futebol. Pedro, objetivando atingir Paulo, desfere contra ele um disparo
que atingiu o alvo desejado e também terceira pessoa que se encontrava no local, certo que ambas as
vítimas faleceram, inclusive aquela cuja morte não era querida pelo agente.
Para resolver a questão no campo jurídico, deve ser aplicada a seguinte modalidade de erro:
A) erro sobre a pessoa.
B) aberratio ictus.
C) aberratio criminis.
D) erro determinado por terceiro.
COMENTÁRIOS
Neste caso ocorreu aberratio ictus, ou erro na execução, pois em virtude de acidente o agente atingiu pessoa
diversa daquela que pretendia atingir (embora também tenha atingido a vítima visada, motivo pelo qual
responderá pelos dois delitos em concurso formal, nos termos do art. 73 c/c art. 70 do CP).
15. (FGV – 2014 – OAB – XIV EXAME DE ORDEM) Eslow, holandês e usuário de maconha, que nunca
antes havia feito uma viagem internacional, veio ao Brasil para a Copa do Mundo. Assistindo ao jogo
Holanda x Brasil decidiu, diante da tensão, fumar um cigarro de maconha nas arquibancadas do estádio.
Imediatamente, os policiais militares de plantão o prenderam e o conduziram à Delegacia de Polícia.
Diante do Delegado de Polícia, Eslow, completamente assustado, afirma que não sabia que no Brasil a
utilização de pequena quantidade de maconha era proibida, pois, no seu país, é um hábito assistir a jogos
de futebol fumando maconha.
Sobre a hipótese apresentada, assinale a opção que apresenta a principal tese defensiva.
a) Eslow está em erro de tipo essencial escusável, razão pela qual deve ser absolvido.
b) Eslow está em erro de proibição direto inevitável, razão pela qual deve ser isento de pena.
c) Eslow está em erro de tipo permissivo escusável, razão pela qual deve ser punido pelo crime culposo.
d) Eslow está em erro de proibição, que importa em crime impossível, razão pela qual deve ser absolvido.
COMENTÁRIOS
Na hipótese narrada o agente se encontra em ERRO DE PROIBIÇÃO, pois incidiu em erro sobre a existência
de norma incriminadora. Quanto a ser, ou não, um erro evitável, trata-se de uma questão mais nebulosa. O
enunciado, contudo, tenta deixar claro que o agente, de fato, não sabia e nem poderia saber da proibição,
já que é pessoa que nunca viajou para fora da Holanda, etc. Assim, o enunciado deixa transparecer que se
trata de erro de proibição inevitável e, sendo assim, o agente fica isento de pena, por força do art. 21 do
CP.
16. (FGV - 2012 - PC-MA - DELEGADO DE POLÍCIA) Acerca da culpabilidade no estudo da teoria do
crime, assinale a afirmativa incorreta.
a) Para a teoria normativa que surgiu com o finalismo, houve a migração do dolo e da culpa para a tipicidade,
passando a culpabilidade a ser um juízo de valor que se faz sobre a conduta típica e ilícita.
b) No tocante a imputabilidade, o Código Penal adotou o critério biopsicológico, sendo indispensável que a
causa geradora da inimputabilidade esteja presente no momento da conduta.
c) No erro de proibição o erro recai sobre a ilicitude do fato, imaginando o agente ser lícito o que é ilícito,
podendo atenuar a culpabilidade, nunca, porém, a excluindo.
d) Para a teoria limitada da culpabilidade, o erro de tipo permissivo exclui o dolo; se o erro for vencível há
crime culposo se previsto em lei.
e) A coação moral irresistível pode ser exercida diretamente sobre o agente ou sobre um terceiro, somente
respondendo o autor da coação.
COMENTÁRIOS
A) CORRETA: A teoria normativa da culpabilidade surgiu para atender à teoria finalista do delito, de forma
que o dolo e a culpa foram transferidos da culpabilidade para o fato típico, restando a culpabilidade como
uma análise meramente normativa, um juízo de valor a respeito da conduta do agente, à luz da norma penal;
B) CORRETA: O item está correto, pois o CP adotou o critério biopsicológico no que tange à imputabilidade
penal, devendo, no caso de inimputabilidade por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, a causa geradora da inimputabilidade estar presente quando da realização da conduta. Apenas
uma ressalva quanto a este item: O CP também adotou o critério meramente biológico quanto à
inimputabilidade, ao determinar que os menores de 18 anos são inimputáveis;
C) ERRADA: O item está errado, pois embora a definição de erro de proibição esteja correta, o item erra ao
afirmar que o erro de proibição nunca poderá excluir a culpabilidade, pois o erro de proibição, quando
inevitável, exclui a culpabilidade, na forma do art. 21 do CP.
D) CORRETA: O item está correto, pois a teoria limitada da culpabilidade distingue as descriminantes
putativas em “de fato” e “de direito”. Esta teoria fora adotada pelo CP. Assim, no erro de tipo permissivo, o
agente fica isento de pena, caso se trate de erro inevitável. Caso se trate de erro evitável, o agente
responderá pelo delito na forma culposa (como punição por sua falta de cuidado), conforme prevê o art. 20,
§1º do CP.
E) CORRETA: A coação moral irresistível, que é causa de exclusão da culpabilidade, pode ser exercida
diretamente sobre o agente ou sobre um terceiro. O que importa, aqui, é que a coação tenha por finalidade
atingir o agente, influenciando na sua tomada de decisão.
vulnerável e a defesa alega que ele agiu em erro. De acordo com a teoria limitada da culpabilidade, Daniel
incorreu em erro
A) de tipo.
B) sobre a pessoa.
C) de proibição direto.
D) de proibição indireto.
E) de tipo permissivo.
COMENTÁRIOS
Aqui temos a figura do erro de proibição indireto. O agente sabe que sua conduta está prevista na lei como
um fato típico (não há erro de proibição DIRETO, portanto). Todavia, apesar de ter conhecimento disso, o
agente acredita que, nas circunstâncias, existe na lei uma causa de justificação para sua conduta, ou seja, que
existe na lei uma excludente de ilicitude em seu favor (que não existe, não tem previsão legal).
GABARITO: Letra A
18. (FCC – 2018 – MPE-PB – PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) O erro sobre elementos do tipo,
previsto no artigo 20 do Código Penal,
a) exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
b) sempre isenta o agente de pena.
c) não isenta o agente de pena, mas esta será diminuída de um sexto a um terço.
d) não tem relevância na punição do agente, pois o desconhecimento da lei é inescusável.
e) se inevitável, isenta o agente de pena; se evitável, poderá diminuir a pena de um sexto a um terço.
COMENTÁRIOS
O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui dolo e também exclui qualquer possibilidade
de punição a título de culpa, caso se trate de erro inevitável; em se tratando de erro de tipo evitável, será
possível a punição a título culposo, desde que haja previsão legal. Vejamos o art. 20 do CP.
GABARITO: Letra A
19. (FCC – 2018 – DPE-AM – DEFENSOR PÚBLICO) No Direito Penal brasileiro, o erro
a) sobre os elementos do tipo impede a punição do agente, pois exclui a tipicidade subjetiva em todas as suas
formas
b) determinado por terceiro faz com que este responda pelo crime.
c) sobre a pessoa leva em consideração as condições e qualidades da vítima para fins de aplicação da pena.
d) de proibição exclui o dolo, tornando a conduta atípica.
e) sobre a ilicitude do fato isenta o agente de pena quando evitável.
COMENTÁRIOS
a) ERRADA: Item errado, pois o erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui dolo e também
exclui qualquer possibilidade de punição a título de culpa, caso se trate de erro inevitável; TODAVIA, em se
tratando de erro de tipo EVITÁVEL, será possível a punição a título culposo, desde que haja previsão legal,
na forma do art. 20 do CP.
Art. 20 (...) § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
c) ERRADA: Item errado, pois em havendo erro sobre a pessoa, devem ser consideradas as condições pessoais
da vítima VISADA e não as condições da vítima efetiva, na forma do art. 20, §3º do CP.
d) ERRADA: Item errado, pois o erro de proibição não afasta o dolo. Afasta a culpabilidade, se inevitável;
se evitável, é apenas causa de diminuição de pena, nos termos do art. 21 do CP.
e) ERRADA: Item errado, pois o erro de proibição afasta a culpabilidade (isenta de pena) somente e for um
erro inevitável; se evitável, é apenas causa de diminuição de pena, nos termos do art. 21 do CP.
GABARITO: Letra B
COMENTÁRIOS
O erro de tipo (erro sobre os elementos constitutivos do tipo legal) exclui o dolo e a culpa, se for um erro
inevitável (escusável ou desculpável); em se tratando de erro de tipo evitável (inescusável ou indesculpável),
afasta-se a punição a título doloso, mas permite-se a punição a título culposo, se houver previsão legal, na
forma do art. 20 do CP.
21. (FCC – 2017 – POLITEC-AP – PERITO MÉDICO LEGISTA) Após uma discussão em um bar, Pedro
decide matar Roberto. Para tanto, dirige-se até sua residência onde arma-se de um revólver. Ato contínuo,
retorna ao estabelecimento e efetua um disparo em direção a Roberto. Contudo, erra o alvo, atingindo
Antônio, balconista que ali trabalhava, ferindo-o levemente no ombro. Diante do caso hipotético, Pedro
praticou, em tese, o(s) crime(s) de
a) lesão corporal leve.
b) lesão corporal culposa.
c) homicídio tentado e lesão corporal leve.
d) lesão corporal culposa e tentativa de homicídio.
e) homicídio na forma tentada.
COMENTÁRIOS
Neste caso houve erro na execução (aberratio ictus), de maneira que o agente responderá como se tivesse
atingido a pessoa que efetivamente pretendia atingir, na forma do art. 73 do CP, c/c art. 20, §3º do CP.
Neste caso, é irrelevante que o agente não tivesse dolo de matar em relação à vítima ATINGIDA. Assim,
responderá por tentativa de homicídio (homicídio na forma tentada).
22. (FCC – 2015 – TCM-GO – PROCURADOR) A respeito das causas excludentes da culpabilidade, é
correto afirmar que
a) o desconhecimento da lei nos crimes culposos isenta o agente de pena.
b) o erro invencível sobre a ilicitude do fato não isenta o réu de pena.
c) na coação moral irresistível o coator responde por dolo e o coacto por culpa.
d) as descriminantes putativas excluem a culpabilidade.
e) na obediência hierárquica é dispensável a existência de relação de direito público entre superior e
subordinado.
COMENTÁRIOS
a) ERRADA: Item errado, pois o desconhecimento da lei é inescusável. Em havendo erro de proibição
ESCUSÁVEL o agente ficará isento de pena, nos termos do art. 21 do CP.
b) ERRADA: Item errado, pois em havendo erro de proibição ESCUSÁVEL (invencível) o agente ficará isento
de pena, nos termos do art. 21 do CP.
c) ERRADA: Item errado, pois na coação moral irresistível só responde o coator, nos termos do art. 22 do CP.
d) CORRETA: As descriminantes putativas podem ser de fato ou de direito, ou seja, podem estar relacionadas
aos pressupostos objetivos de uma causa de justificação (erro de fato) ou sobre a existência e limites da
própria causa de justificação (erro de direito). Pela teoria limitada da culpabilidade, adotada pelo CP, as
primeiras recebem tratamento similar ao destinado ao erro de tipo, e as segundas recebem o mesmo
tratamento destinado ao erro de proibição. Isso não significa, contudo, que as descriminantes putativas por
erro de fato sejam SINÔNIMO de erro de tipo. Não se trata de erro de tipo, pois o agente não comete
qualquer equívoco quando aos elementos que integram o tipo. Trata-se de erro quando à existência fática de
uma excludente de ilicitude, mas que por questões de política criminal recebe tratamento similar ao destinado
ao erro de tipo (o agente fica isento de pena se o erro é escusável ou responde na modalidade culposa, se
prevista em lei, caso o erro seja inescusável).
e) ERRADA: Item errado, pois tal relação é indispensável para a configuração da obediência hierárquica.
23. (FCC – 2015 – DPE-MA – DEFENSOR PÚBLICO) Se o agente oferece propina a um empregado de uma
sociedade de economia mista, supondo ser funcionário de empresa privada com interesse exclusivamente
particular, incide em
a) erro sobre a pessoa.
b) descriminante putativa.
c) erro de tipo.
d) erro sobre a ilicitude do fato inevitável.
e) erro sobre a ilicitude do fato evitável.
COMENTÁRIOS
Se o agente ignora a condição de funcionário público do agente, pode-se afirmar que ocorreu, no caso em
tela, ERRO DE TIPO (erro sobre um dos elementos que compõem o tipo penal), previsto no art. 20 do CP.
24. (FCC – 2015 - TCE-CE - Procurador de Contas) A diferença entre erro sobre elementos do tipo e erro
sobre a ilicitude do fato reside na circunstância de que
a) o erro de tipo exclui a culpabilidade, o de fato a imputabilidade.
b) o erro de tipo exclui o dolo, o de fato a culpabilidade.
c) o erro de tipo exclui a reprovabilidade da conduta, o de fato o elemento do injusto.
d) o erro de tipo exclui o dolo, o de fato a invencibilidade do erro.
e) a discriminante putativa é o que distingue o erro de tipo do erro de fato.
COMENTÁRIOS
O erro de tipo escusável exclui o dolo, afastando-se, portanto, o fato típico (já que o dolo é elemento da
conduta, que é elemento do fato típico), nos termos do art. 20 do CP. Em se tratando de erro inescusável se
admite a punição a título de culpa, se houver previsão legal.
Em relação ao erro sobre a ilicitude do fato, ou erro de proibição, caso escusável (desculpável), exclui a
culpabilidade do agente. Se inescusável, diminui a pena imposta, nos termos do art. 21 do CP.
25. (FCC – 2015 - TJ-PE - JUIZ SUBSTITUTO) Em matéria de erro, correto afirmar que
a) o erro sobre a ilicitude do fato exclui a culpabilidade, por não exigibilidade de conduta diversa
b) o erro sobre elemento constitutivo do tipo penal não exclui a possibilidade de punição por crime culposo.
c) o erro sobre a ilicitude do fato, se evitável, isenta de pena.
d) o erro sobre elemento constitutivo do tipo penal exclui a culpabilidade.
e) o erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena, considerando-se as condições
ou qualidades da vítima, e não as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
COMENTÁRIOS
O erro de tipo (erro sobre elemento constitutivo do tipo penal) exclui o dolo, mas permite a punição a título
culposo, caso se trate de erro indesculpável e o tipo penal admita punição na forma culposa, nos termos do
art. 20 do CP.
O erro sobre a ilicitude do fato (erro de proibição) isenta de pena (exclui a culpabilidade pela ausência de
potencial consciência da ilicitude, se desculpável. Em se tratando de erro indesculpável, o agente não fica
isento de pena, mas terá a pena diminuída, nos termos do art. 21 do CP.
Por fim, em caso de erro sobre a pessoa o agente NÃO fica isento de pena. Todavia devem ser consideradas
as condições pessoais da vítima visada, não da vítima atingida, nos termos do art. 20, §3º do CP.
26. (FCC – 2015 – TJ-SE – JUIZ) A, cidadão americano, vem para o Brasil em férias, trazendo alguns
cigarros de maconha. Está ciente que mesmo em seu país o consumo da substância não é amplamente
permitido, mas, como possui câncer em fase avançada, possui receita médica emitida por especialista
americano para utilizar substâncias que possuam THC. Ao passar pelo controle policial do aeroporto, é
detido pelo crime de tráfico de drogas. Nesta situação, é possível alegar que A encontrava-se em situação
de erro de:
a) tipo.
b) tipo permissivo.
c) proibição direto.
d) proibição indireto.
e) tipo indireto.
COMENTÁRIOS
Neste caso o agente incorreu em erro sobre a existência ou limites de uma causa de justificação. Trata-se,
portanto, de erro NORMATIVO, erro sobre a existência (em abstrato) de uma norma permissiva (que existe
em seu país de origem). Trata-se, portanto, de erro de proibição indireto. Não se trata de erro de proibição
direto porque o agente conhece a norma que criminaliza a conduta, mas acredita que há outra norma
excepcionando o caráter criminoso.
27. (FCC – 2015 – TRT9 – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Maria, a fim de cuidar do machucado de seu filho que
acabou de cair da bicicleta, aplica sobre o ferimento da criança ácido corrosivo, pensando tratar-se de
uma pomada cicatrizante, vindo a agravar o ferimento. A situação descrita retrata hipótese tratada no
Código Penal como:
a) erro de proibição.
b) erro na execução.
c) estado de necessidade.
d) exercício regular de direito.
e) erro de tipo.
COMENTÁRIOS
Neste caso, Maria incidiu em erro de tipo, pois incorreu em erro sobre as circunstâncias fáticas, de maneira
que acabou por causar lesões corporais em seu filho sem que tivesse o dolo de provocar tal resultado. Caso
se verifique que se tratou de erro indesculpável, poderá responder por lesão corporal na forma culposa, nos
termos do art. 20 do CP.
28. (FCC – 2015 – TCE-AM – AUDITOR) O erro sobre a pessoa contra a qual o crime é praticado
a) não isenta de pena o agente.
b) exclui o dolo.
c) exclui o dolo, mas prevalece a culpa.
d) não isenta de pena o agente, porém deve sempre ser considerado na sentença.
e) é um crime impossível
COMENTÁRIOS
O erro sobre a pessoa não isenta o agente de pena. Neste caso, porém, devem ser consideradas as condições
pessoais da pessoa visada, e não as da pessoa efetivamente atingida, nos termos do art. 20, §3º do CP.
COMENTÁRIOS
O erro inescusável (indesculpável) sobre a ilicitude do fato NÃO isenta o agente de pena, mas é causa de
diminuição de pena, nos termos do art. 21 do CP.
O erro inescusável sobre elemento constitutivo do tipo penal afasta o dolo, mas permite a punição a título
culposo, nos casos de erro essencial (desde que haja previsão de punição a título de culpa em relação ao tipo
penal).
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CESPE - 2019 - TJ-SC - JUIZ SUBSTITUTO - ADAPTADA) No chamado aberratio ictus,
quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, em vez de vitimar a pessoa que
pretendia ofender, o agente atingir pessoa diversa, consideram-se as condições e qualidades não
da vítima, mas da pessoa que o agente pretendia atingir.
COMENTÁRIOS
Item correto, pois neste caso se adota a teoria da equivalência, prevista no art. 20, §3º, e aplicável
à aberratio ictus por força do art. 73 do CP: ou seja, levam-se em conta as condições pessoais da
vítima VISADA, não as da vítima efetivamente atingida.
GABARITO: Correta
COMENTÁRIOS
Haverá exclusão da culpabilidade quando o agente incorrer em erro inevitável sobre a ilicitude do
fato, ou seja, erro de proibição inevitável, na forma do art. 21 do CP.
GABARITO: Letra C
COMENTÁRIOS
Item correto. A teoria limitada da culpabilidade, adotada pelo CP, diferencia as descriminantes
putativas em dois grupos.
▪ Erro sobre pressuposto fático da causa de justificação (ou erro de fato) – Neste caso,
aplicam-se as mesmas regras previstas para o erro de tipo (tem-se aqui o que se chama de
ERRO DE TIPO PERMISSIVO).
▪ Erro sobre a existência ou limites jurídicos de uma causa de justificação (erro sobre a ilicitude
da conduta) – Neste caso, tal teoria defende que devam ser aplicadas as mesmas regras
previstas para o erro de PROIBIÇÃO, por se assemelhar à conduta daquele que age
consciência da ilicitude (aqui há o chamado erro de proibição indireto).
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIOS
Item errado, pois neste caso temos erro de proibição, que é causa de exclusão da culpabilidade,
se INEVITÁVEL; se evitável, reduz a pena de 1/6 a 1/3, na forma do art. 21 do CP.
GABARITO: Errada
COMENTÁRIOS
Item errado. A teoria limitada da culpabilidade, adotada pelo CP, diferencia as descriminantes
putativas em dois grupos.
Erro sobre pressuposto fático da causa de justificação (ou erro de fato) – Neste caso, aplicam-se as
mesmas regras previstas para o erro de tipo (tem-se aqui o que se chama de ERRO DE TIPO
PERMISSIVO).
Erro sobre a existência ou limites jurídicos de uma causa de justificação (erro sobre a ilicitude da
conduta) – Neste caso, tal teoria defende que devam ser aplicadas as mesmas regras previstas para
o erro de PROIBIÇÃO, por se assemelhar à conduta daquele que age consciência da ilicitude (aqui
há o chamado erro de proibição indireto).
GABARITO: Errada
6. (CESPE - 2019 - TJ-SC - JUIZ SUBSTITUTO - ADAPTADA) O erro sobre elemento constitutivo
do tipo penal exclui o dolo, se inevitável, ou diminui a pena de um sexto a um terço, se evitável.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois o erro sobre elemento do tipo afasta o dolo e a culpa, se inevitável; se evitável,
exclui apenas o dolo, autorizando a punição a título culposo, desde que previsto em lei. Esta é a
previsão do art. 20 do CP:
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo,
mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
GABARITO: Errada
==2b3adf==
COMENTÁRIOS
Dentre as alternativas trazidas, apenas a letra E traz uma causa de exclusão da culpabilidade, que
é o erro de proibição escusável (ou inevitável), na forma do art. 21 do CP.
GABARITO: Letra E
8. (CESPE – 2018 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Acerca dos institutos
do erro de tipo, do erro de proibição e do concurso de pessoas, julgue o item subsequente.
O erro de proibição evitável exclui a culpabilidade.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois o erro de proibição só exclui a culpabilidade se for inevitável; se evitável, é apenas
causa de redução de pena (reduz a pena de um sexto a um terço), na forma do art. 21 do CP.
COMENTÁRIOS
Item errado, pois o erro de proibição é causa de exclusão da culpabilidade, já que afasta a potencial
consciência da ilicitude.
1. (FGV/2022/TJDFT)
2. (FGV/2022/MPE-BA/ESTÁGIO JURÍDICO)
Esteban, jovem graduando em Direito, viaja com a associação atlética de sua universidade para festividades
em cidade do interior do Estado. Em meio às confraternizações, substância entorpecente é oferecida a
Esteban por seus colegas. A fim de superar sua timidez, o agente aceita consumir as referidas drogas,
atingindo embriaguez completa. Ao recobrar os sentidos, Esteban tinha em sua posse um relógio que furtou
naquela noite, tendo os colegas lhe contado que havia também agredido alunos da universidade rival,
invadido domicílio e praticado crime de dano aos pertences dos citados alunos.
A) a embriaguez por caso fortuito ou força maior não atenua nem isenta o réu de pena;
B) ao passo que a embriaguez voluntária agrava a pena do agente, a embriaguez preordenada apenas
justifica a imposição de pena criminal;
C) Esteban não poderá ser responsabilizado criminalmente, posto que ausente vontade livre e consciente,
em razão da embriaguez completa;
D) o direito penal brasileiro apenas autoriza a punição do agente quando a embriaguez é preordenada, assim
entendida a conduta do agente que se utiliza da substância para praticar o crime;
3. (FGV/2021/TJSC/NOTÁRIO)
Flávia, pessoa humilde, presta serviços de faxineira em serventia extrajudicial localizada na cidade de
Florianópolis. Em determinada data, Flávia foi abordada na saída de sua residência por pessoas ligadas ao
tráfico dominante na localidade, que determinaram que ela transportasse e guardasse arma de fogo em seu
trabalho, pois terceiro iria no dia seguinte ao local para buscar o material bélico. Os traficantes afirmaram
que se Flávia não atendesse àquela determinação, seria expulsa de sua casa, não tendo mais onde morar,
bem como que sua mãe também sofreria as consequências. Em razão disso, Flávia transportou um revólver,
de calibre de uso permitido, mas com numeração de série suprimida, para o trabalho, escondendo o material
em uma lixeira.
Após receber denúncia, a autoridade policial determinou a realização de diligência no local.
Com autorização dos responsáveis, os policiais civis apreenderam a arma guardada por Flávia, que esclareceu
o ocorrido.
A) sob coação moral resistível, devendo ser reconhecida a prática do crime de porte de arma de fogo de uso
permitido, com causa de diminuição de pena;
Ramon foi denunciado pela prática de um crime de estupro simples, sendo constatado ao longo da instrução,
por meio de exame de insanidade mental, que, na data dos fatos, ele era inteiramente incapaz de entender
o caráter ilícito do fato em razão de desenvolvimento mental incompleto.
Confirmada a autoria e a materialidade, no momento das alegações finais, caberá ao promotor de justiça
buscar:
A) o reconhecimento da autoria e materialidade, sendo, porém, o agente isento de pena, de modo que
caberá aplicação de medida de segurança em razão da inimputabilidade de Ramon;
B) a absolvição própria do agente, não sendo aplicada qualquer pena privativa de liberdade ou medida de
segurança, diante da inimputabilidade do agente;
C) a absolvição imprópria de Ramon, aplicando-se pena privativa de liberdade, com causa de diminuição de
pena em razão da inimputabilidade;
D) a condenação do réu, reduzindo-se a pena aplicada, porém, em um a dois terços em razão da semi-
imputabilidade do agente;
No dia 25 de dezembro de 2017, Carlos, funcionário público, recebe uma visita inesperada de João, seu
superior hierárquico, em sua residência. João informa a Carlos que estava sendo investigado pela prática de
um delito e exige que este altere informação em determinado documento público, mediante falsificação, de
modo a garantir que não sejam obtidas provas do crime que vinha sendo investigado, assegurando que, caso
a ordem não fosse cumprida, sequestraria o filho de Carlos e que a restrição da liberdade perduraria até o
atendimento da exigência. Diante desse comportamento de João, Carlos falsifica o documento público, mas
vem a ser descoberto e denunciado pela prática do crime previsto no Art. 297 do Código Penal (falsificação
de documento público).
Com base apenas nessas informações, o advogado de Carlos deveria alegar, em busca de sua absolvição, a
ocorrência de:
6. (FGV – 2018 – TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Gabriel, 25 anos, desferiu, de maneira imotivada,
diversos golpes de madeira na cabeça de Fábio, seu irmão mais novo. Após ser denunciado pelo crime
de lesão corporal gravíssima, foi realizado exame de insanidade mental, constatando-se que, no momento
da agressão, Gabriel, em razão de desenvolvimento mental incompleto, não era inteiramente capaz de
entender o caráter ilícito do fato.
Diante da conclusão do laudo pericial, deverá ser reconhecida a:
(A) inimputabilidade do agente, afastando-se a culpabilidade;
(B) semi-imputabilidade do agente, afastando-se a culpabilidade;
(C) inimputabilidade do agente, afastando-se a tipicidade;
(D) semi-imputabilidade do agente, que poderá funcionar como causa de redução de pena;
(E) semi-imputabilidade do agente, afastando-se a tipicidade.
(C) Ricardo e Bruno deverão responder pelos crimes praticados, pois a embriaguez nunca exclui a
imputabilidade penal;
(D) Ricardo e Bruno, caso sejam denunciados, responderão criminalmente perante a Câmara de Vereadores;
(E) Ricardo e Bruno são isentos de pena, pois a embriaguez do primeiro foi culposa e do segundo decorreu
de força maior.
8. (FGV – 2015 – TCE-RJ – AUDITOR) A embriaguez provocada pelo uso do álcool pode excluir a
culpabilidade quando:
a) for preordenada;
b) decorrer de força maior e diminuir a capacidade de entender a ilicitude do fato;
c) for culposa;
d) for patológica;
e) for habitual. ==2b3adf==
C) a absolvição de Luiz por ausência de culpabilidade em razão da embriaguez completa decorrente de força
maior e a absolvição imprópria de Patrício, com aplicação, para este, de medida de segurança.
D) a absolvição imprópria de Patrício, com a aplicação de medida de segurança, e a condenação de Luiz na
pena mínima, porque a embriaguez nunca exclui a culpabilidade.
11. (FGV – 2015 – OAB – XVII EXAME DE ORDEM) Durante um assalto a uma instituição bancária,
Antônio e Francisco, gerentes do estabelecimento, são feitos reféns. Tendo ciência da condição deles de
gerentes e da necessidade de que suas digitais fossem inseridas em determinado sistema para abertura
do cofre, os criminosos colocam, à força, o dedo de Antônio no local necessário, abrindo, com isso, o cofre
e subtraindo determinada quantia em dinheiro. Além disso, sob a ameaça de morte da esposa de
Francisco, exigem que este saia do banco, levando a sacola de dinheiro juntamente com eles, enquanto
apontam uma arma de fogo para os policiais que tentavam efetuar a prisão dos agentes.
Analisando as condutas de Antônio e Francisco, com base no conceito tripartido de crime, é correto afirmar
que
A) Antônio não responderá pelo crime por ausência de tipicidade, enquanto Francisco não responderá por
ausência de ilicitude em sua conduta.
B) Antônio não responderá pelo crime por ausência de ilicitude, enquanto Francisco não responderá por
ausência de culpabilidade em sua conduta.
C) Antônio não responderá pelo crime por ausência de tipicidade, enquanto Francisco não responderá por
ausência de culpabilidade em sua conduta.
D) Ambos não responderão pelo crime por ausência de culpabilidade em suas condutas.
12. (FGV – 2013 – OAB – XI EXAME DE ORDEM) Para aferição da inimputabilidade por doença mental
ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, assinale a alternativa que indica o critério adotado
pelo Código Penal vigente.
a) Biológico.
b) Psicológico.
c) Psiquiátrico.
d) Biopsicológico.
13. (FGV – 2012 – OAB – VIII EXAME DE ORDEM) Analise as hipóteses abaixo relacionadas e assinale
a alternativa que apresenta somente causas excludentes de culpabilidade.
a) Erro de proibição; embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior; coação moral
irresistível.
b) Embriaguez culposa; erro de tipo permissivo; inimputabilidade por doença mental ou por desenvolvimento
mental incompleto ou retardado.
c) Inimputabilidade por menoridade; estrito cumprimento do dever legal; embriaguez incompleta.
d) Embriaguez incompleta proveniente de caso fortuito ou força maior; erro de proibição; obediência
hierárquica.
15. (FCC – 2015 – TRE-RR – ANALISTA JUDICIÁRIO) Paulo é estudante de uma determinada faculdade
do Estado de Roraima, cursando o primeiro semestre. No início deste ano de 2015 Paulo é submetido a
um trote acadêmico violento e, amarrado, é obrigado a consumir à força bebida alcoólica e substância
entorpecente. Após o trote, Paulo, completamente embriagado e incapacitado de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento por conta desta embriaguez e do uso de
droga, desloca-se até uma Delegacia de Polícia da cidade de Boa Vista, onde tramita um inquérito contra
ele por crime de lesão corporal dolosa decorrente de uma briga em uma casa noturna, e oferece R$
10.000,00 em dinheiro ao Delegado de Polícia para que este não dê prosseguimento às investigações.
Paulo acaba preso em flagrante pela Autoridade Policial. No caso hipotético exposto, Paulo
a) praticou crime de corrupção ativa e terá a pena reduzida de um a dois terços no caso de condenação.
b) é isento de pena pelo crime cometido nas dependências da Delegacia de Polícia.
c) praticou crime de corrupção ativa e não terá a pena reduzida no caso de condenação pela embriaguez.
d) praticou crime de concussão e não terá a pena reduzida no caso de condenação.
e) praticou crime de concussão e terá a pena reduzida de um a dois terços no caso de condenação.
16. (FCC – 2015 – TRT9 – TÉCNICO JUDICIÁRIO) São causas de inimputabilidade previstas no Código
Penal, além de doença mental e desenvolvimento mental incompleto ou retardado:
a) emoção e paixão; embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou força maior; idade inferior a 18
anos.
b) idade inferior a 16 anos; embriaguez voluntária; coação irresistível.
c) idade inferior a 18 anos; embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou força maior.
d) idade inferior a 21 anos; embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou força maior; legítima defesa.
e) emoção e paixão; idade inferior a 18 anos; embriaguez preordenada.
17. (FCC – 2015 – TRE-AP – ANALISTA JUDICIÁRIO) Maria é aprovada no vestibular para uma
determinada Universidade Federal. No dia da matrícula, Maria, caloura, é recebida pelos alunos veteranos
da universidade e submetida a um trote acadêmico violento. Além de outras coisas que foi obrigada a
fazer, Maria foi amarrada em uma cadeira de bar e obrigada a ingerir bebida alcoólica até ficar
completamente embriagada e sem qualquer possibilidade de entender o caráter ilícito de um fato ou de
determinar-se de acordo com este entendimento. Maria é liberada do trote e sai do bar, dirigindo-se até o
seu veículo que estava estacionado em via pública, sem conseguir movimentá-lo. Abordada por policiais,
desacatou-os. Neste caso, no que concerne ao crime de desacato,
(A) terá a pena reduzida de um a dois terços.
(B) estará isenta de pena.
(C) terá a pena reduzida de metade.
(D) terá a pena reduzida em 1/6.
18. (FCC – 2014 – TRF4 – OFICIAL DE JUSTIÇA) No direito brasileiro legislado, desde que subtraia por
completo o entendimento da ilicitude ou a determinação por ela, a embriaguez terá, genericamente, o
condão de excluir total ou parcialmente a imputabilidade penal quando for
(A) não preordenada.
(B) oriunda de culpa consciente.
(C) oriunda de culpa inconsciente.
(D) oriunda de caso fortuito.
(E) não premeditada.
20. (FCC – 2014 – CÂMARA MUNICIPAL-SP – PROCURADOR LEGISLATIVO) Há uma crítica doutrinária
bastante conhecida e frequente ao fundamento teórico da punição, no direito brasileiro, dos crimes
cometidos em estado de embriaguez. Pode-se sintetizá-la afirmando que essa punição, ao fundar-se na
teoria
a) da equivalência dos antecedentes causais, simplesmente equaliza as diversas modalidades de embriaguez,
não permitindo uma justa diferenciação de seus variados graus de reprovabilidade.
b) objetiva pura alemã, não considera as diversas situações subjetivas desencadeantes da embriaguez, e, por
consequência, não propicia a devida diferenciação entre seus variados graus de reprovabilidade.
c) da actio libera in causa, não é facilmente extensível aos casos de embriaguez não preordenada ou mesmo
meramente culposa, propiciando-se, eventualmente, situações de responsabilização penal estritamente
objetiva.
d) puramente normativa da culpabilidade (Welzel), esvazia o juízo da consciência da ilicitude que, de efetivo
e concreto, se torna puramente exigível e potencial, respondendo o agente indistintamente pelo crime, ainda
que compreensivelmente não tivesse condições ou razões reais para não se embriagar nas circunstâncias em
que o fato se deu.
e) monista temperada, acaba comportando situações graves de impunidade, notadamente nos crimes
cometidos com culpa consciente e limítrofes ao dolo eventual.
21. (FCC – 2013 – TJ-PE – TITULAR NOTARIAL) A inimputabilidade por peculiaridade mental ou etária
exclui da conduta a
a) tipicidade.
b) tipicidade e a antijuridicidade, respectivamente.
c) antijuridicidade.
d) antijuridicidade e a culpabilidade, respectivamente.
e) culpabilidade.
22. (FCC – 2012 – TRF5 – ANALISTA JUDICIÁRIO) Em matéria penal, a embriaguez incompleta,
resultante de caso fortuito ou de força maior,
a) não suprime a imputabilidade penal, mas diminui a capacidade de entendimento gerando uma causa geral
de diminuição de pena.
b) não exclui, nem diminui, a imputabilidade penal, não operando qualquer efeito na aplicação da pena.
c) é hipótese de elisão da imputabilidade penal porque afeta a capacidade de compreensão, tornando o
agente isento de pena.
d) não exclui, nem diminui, a imputabilidade penal, servindo como circunstância agravante.
e) embora não suprima a imputabilidade penal, é censurável, e serve como circunstância agravante.
24. (VUNESP – 2018 – PC-BA - ESCRIVÃO) A respeito da imputabilidade penal, é correto afirmar que tal
instituto
(A) figura como um dos elementos da culpabilidade.
(B) cuida da capacidade física do agente de praticar o ilícito.
(C) figura como um dos requisitos da punibilidade.
(D) não exclui da aplicação da lei penal fato praticado durante a embriaguez involuntária completa,
proveniente de caso fortuito ou força maior.
(E) não exclui a menoridade (criança e adolescente) da aplicação da lei penal.
25. (VUNESP – 2018 – PC-BA - INVESTIGADOR) De acordo com o Estatuto Penal brasileiro, são
elementos da culpabilidade a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de
conduta diversa. Sobre a imputabilidade, assinale a alternativa correta.
(A) O conceito de imputabilidade penal compreende a capacidade mental do indivíduo, considerando-se
apenas a sua idade ao tempo do crime.
(B) Entre as causas de exclusão da imputabilidade, encontra-se a embriaguez completa ou incompleta, mas
sempre voluntária.
(C) A legislação penal brasileira adotou o critério Biopsicológico como aquele de aferição da imputabilidade,
independentemente da idade do infrator ao tempo do fato.
(D) Ao agente que, em virtude da perturbação da saúde mental, não for inteiramente capaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, poderá ser imposta pena como
sanção, porém com redução de 1 (um) a 2/3 (dois terços).
(E) O agente que por embriaguez incompleta e voluntária não for, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato será isento de pena.
26. (VUNESP – 2017 – DPE-RO – DEFENSOR PÚBLICO) Sendo positivos os elementos que configuram o
delito e constatada a semi-imputabilidade do acusado, o juiz pode, atendendo aos demais critérios legais,
a) aplicar-lhe pena reduzida de 1 a 2/3 ou absolvê-lo, pois não há outra previsão legal.
b) aplicar-lhe pena reduzida de 1 a 2/3 ou determinar que se submeta a tratamento ambulatorial ou, ainda,
determinar sua internação.
c) aplicar-lhe pena reduzida de 1 a 2/3 ou determinar que se submeta a tratamento ambulatorial, pois não
há outra previsão legal.
d) absolver o acusado, por ausência de tipicidade, especialmente por falta de elemento subjetivo do tipo ou
suspender o processo, pois não há outra previsão legal.
e) declarar extinta a punibilidade do acusado ou absolvê-lo por ausência de tipicidade, especialmente por
falta de elemento subjetivo do tipo.
27. (VUNESP – 2016 – TJ-SP – TITULAR NOTARIAL) Assinale a alternativa correta.
a) A embriaguez culposa, por álcool ou substância de efeitos análogos, exclui a imputabilidade penal.
b) O agente que em virtude de perturbação da saúde mental não era, ao tempo da ação, inteiramente capaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com este entendimento, é isento de pena.
c) A paixão ou a emoção não excluem a imputabilidade penal.
d) Os menores de dezoito anos são semi-imputáveis, pois estão sujeitos às normas do Estatuto da Criança e do
Adolescente.
28. (VUNESP – 2016 – IPSMI – PROCURADOR) Tício, maior de 18 anos, é portador de doença mental,
necessitando de medicação diária. A doença, por si só, não prejudica a capacidade de compreensão.
Todavia, a medicação, ingerida em conjunto com bebida alcoólica em quantidade, provoca surtos
psicóticos, com exclusão da capacidade de entendimento. Tício sabe dos efeitos do álcool, em excesso,
em seu organismo, mas costuma beber, moderadamente, justamente para desfrutar dos efeitos que,
segundo ele, “dá barato”. Em uma festa, Tício, sem saber que se tratava de uma garrafa de absinto
(bebida de alto teor alcoólico), pensando ser gim, preparou um coquetel de frutas e ingeriu. Ao recobrar
a consciência, soube que esfaqueou dois de seus melhores amigos, causando a morte de um e lesão de
natureza grave em outro. A respeito da situação, é correto afirmar que
a) Tício, devido à doença mental, é inimputável, sendo isento de pena.
b) Tício é inimputável, sendo isento de pena, pois praticou o crime em estado de completa embriaguez,
decorrente de caso fortuito.
c) Tício é imputável, pois a embriaguez completa decorreu de culpa. Entretanto, faz jus à redução da pena.
d) Tício é imputável, sendo punido de forma agravada, em vista da embriaguez pré-ordenada.
e) Tício, por ser maior de 18 anos, é imputável, sendo irrelevante a circunstância de ter praticado o crime em
estado de completa embriaguez.
29. (VUNESP – 2015 – MPE/SP – ANALISTA DE PROMOTORIA) Assinale a alternativa correta a respeito
da imputabilidade penal.
(A) Comprovada a doença mental ou o desenvolvimento mental incompleto ou retardado, o agente será
considerado inimputável para os efeitos legais.
(B) Aos inimputáveis e aos semi-imputáveis, comprovada essa condição por perícia médica, será substituída a
pena por medida de segurança consistente em internação em hospital de custódia e tratamento
psiquiátrico.
(C) A imputabilidade é um dos elementos da culpabilidade, ao lado da potencial consciência sobre a ilicitude
do fato e a exigibilidade de conduta diversa.
(D) A imputabilidade, de acordo com o Código Penal, pode se dar por doença mental, imaturidade natural
ou embriaguez do agente.
(E) A emoção e a paixão, além de não afastarem a imputabilidade penal do agente, podem ser consideradas
como circunstâncias agravantes no momento da fixação da pena.
30. (VUNESP – 2015 – PC/CE – ESCRIVÃO) No tocante às disposições do Código Penal relativas à
culpabilidade e imputabilidade, é correto afirmar que
(A) a pena pode ser reduzida de um a dois terços se o agente, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(B) a embriaguez culposa pelo álcool ou substância de efeitos análogos exclui a imputabilidade penal.
(C) se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, manifestamente ilegal, de
superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
(D) a pena pode ser reduzida de um a dois terços se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental
ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado, não era inteiramente capaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(E) a embriaguez voluntária pelo álcool ou substância de efeitos análogos exclui a imputabilidade penal.
31. (VUNESP – 2015 – PC/CE – INSPETOR) No tocante às disposições previstas no Código Penal relativas
à culpabilidade, é correto afirmar que
(A) se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, não manifestamente ilegal,
de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
(B) se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, não manifestamente ilegal,
de superior hierárquico, é punível o autor da coação ou da ordem tendo o autor do fato a pena diminuída de
um a dois terços.
(C) o fato cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, não manifestamente ilegal, de
superior hierárquico, não excluiu a culpabilidade do autor do fato.
(D) se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, mesmo que manifestamente
ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
(E) se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência à ordem, mesmo que manifestamente
ilegal, de superior hierárquico, é punível o autor da coação ou da ordem tendo o autor do fato a pena
diminuída de um a dois terços.
32. (VUNESP – 2015 – PC/CE – INSPETOR) Nos termos do Código Penal, a imputabilidade penal é
excluída pela
(A) emoção.
(B) doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, que torna o autor, ao tempo da ação
ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.
(C) embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, que privou o autor, ao tempo da ação ou da
omissão, da plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
(D) embriaguez completa e culposa que torna o autor, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(E) paixão.
33. (VUNESP – 2014 – PC-SP – DELEGADO DE POLÍCIA) A tese supralegal de inexigibilidade de conduta
diversa, se acolhida judicialmente, importa em exclusão
a) da imputabilidade.
b) da pena.
c) de punibilidade.
d) do crime.
e) de culpabilidade.
34. (VUNESP – 2014 – DPE-MS – DEFENSOR PÚBLICO) Agente imputável e menor de 21 anos à época
do fato criminoso ocorrido em 10 de junho de 2006. Foi denunciado como incurso no art. 157, caput, do
CP. A denúncia foi recebida em 29 de junho de 2006 e até 01 de julho de 2014 não havia sido prolatada
sentença. Diante disso, pode-se afirmar que
a) ocorreu a pretensão punitiva estatal, considerado o máximo da pena abstratamente cominada à infração.
b) ocorrerá a prescrição da pretensão punitiva estatal somente depois de decorridos seis anos da data supra
mencionada (01.07.2014).
c) ocorrerá a prescrição da pretensão punitiva estatal somente depois de decorridos quatro anos da data
supra mencionada (01.07.2014).
d) antes da prolação da sentença condenatória não se pode falar em ocorrência da pretensão punitiva estatal.
35. (VUNESP – 2015 – PC-CE – DELEGADO DE POLÍCIA) Considere que determinado sujeito, portador de
desenvolvimento mental incompleto, ao tempo da ação tinha plena capacidade de entender o caráter
ilícito do fato, mas era inteiramente incapaz de determinar-se de acordo com esse entendimento – o que
fora clinicamente atestado nos autos em perícia oficial. Em consonância com o texto legal do art. 26 do
CP, ao proferir sentença deve o juiz reconhecer sua
a) inimputabilidade.
b) imputabilidade.
c) semi-imputabilidade, absolvendo-lhe e aplicando-lhe medida de segurança.
d) semi-imputabilidade, condenando-lhe e aplicando-lhe pena diminuída.
e) semi-imputabilidade, condenando-lhe e aplicando-lhe medida de segurança.
36. (VUNESP - 2013 - TJ-SP - ADVOGADO) O gerente de uma determinada agência bancária, após longa
sessão de tortura psicológica infligida a ele pelos bandidos, fornece a chave para abertura do cofre da
agência bancária. Sua conduta encontra guarida na excludente de;
a) ilicitude denominada legítima defesa.
b) ilicitude denominada obediência hierárquica.
c) culpabilidade denominada actio libera in causa.
d) ilicitude denominada coação física irresistível.
e) culpabilidade denominada coação moral irresistível.
GABARITO
1. ALTERNATIVA C
2. ALTERNATIVA E
3. ALTERNATIVA C
4. ALTERNATIVA A
5. ALTERNATIVA A
6. ALTERNATIVA D
7. ALTERNATIVA B
8. ALTERNATIVA D
9. ALTERNATIVA D
10. ALTERNATIVA C
11. ALTERNATIVA C
12. ALTERNATIVA D
13. ALTERNATIVA A
14. ALTERNATIVA E
15. ALTERNATIVA B
16. ALTERNATIVA C
17. ALTERNATIVA B
18. ALTERNATIVA D
19. ALTERNATIVA C
20. ALTERNATIVA C
21. ALTERNATIVA E
22. ALTERNATIVA A
23. ALTERNATIVA B
24. ALTERNATIVA A
25. ALTERNATIVA D
26. ALTERNATIVA B
27. ALTERNATIVA C
28. ALTERNATIVA B
29. ALTERNATIVA C
30. ALTERNATIVA D
31. ALTERNATIVA A
32. ALTERNATIVA B
33. ALTERNATIVA E
34. ALTERNATIVA A
35. ALTERNATIVA A
36. ALTERNATIVA E
5. (CESPE – 2018 – ABIN – OFICIAL DE INTELIGÊNCIA – ÁREA 01) À luz do Código Penal,
julgue o item que se segue.
Comprovado que o acusado possui desenvolvimento mental incompleto e que não era
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito de sua conduta, é cabível a condenação com
redução de pena.
6. (CESPE – 2018 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) No que tange aos
institutos penais das excludentes de ilicitude e de culpabilidade e da imputabilidade penal, julgue
o próximo item.
A embriaguez acidental, proveniente de força maior ou caso fortuito, exclui a culpabilidade, ainda
que o sujeito ativo possuísse, ao tempo da ação, parcial capacidade de entender o caráter ilícito
do fato que praticou.
7. (CESPE – 2018 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) No que tange aos
institutos penais das excludentes de ilicitude e de culpabilidade e da imputabilidade penal, julgue
o próximo item.
Preenchidos os requisitos legais, a coação irresistível e a obediência hierárquica são causas
excludentes de culpabilidade daquele que recebeu ordem para cometer o fato, mantendo-se
punível o autor da coação ou da ordem.
8. (CESPE – 2018 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Acerca dos institutos
do erro de tipo, do erro de proibição e do concurso de pessoas, julgue o item subsequente.
A descriminante putativa por erro de proibição, na hipótese de suposição errônea acerca de causa
excludente de ilicitude, é considerada erro de proibição indireto e gera as mesmas consequências
do erro de proibição direto.
9. (CESPE – 2018 – PC-MA – ESCRIVÃO) A imputabilidade é definida como
a) a capacidade mental, inerente ao ser humano, de, ao tempo da ação ou da omissão, entender
o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento.
b) a contrariedade entre o fato típico praticado por alguém e o ordenamento jurídico, capaz de
lesionar ou expor a perigo de lesão bens jurídicos penalmente protegidos.
c) a reprovabilidade ou o juízo de censura que incide sobre a formação e a exteriorização da
vontade do responsável pela conduta criminosa.
d) a obediência às formas e aos procedimentos exigidos na criação da lei penal e, principalmente,
na elaboração de seu conteúdo normativo.
e) a necessidade de que a conduta reprovável se encaixe no modelo descrito na lei penal vigente
no momento da ação ou da omissão.
11. (CESPE – 2018 – PC-MA – MÉDICO LEGISTA) Luiz cometeu um crime e, em sua defesa,
alegou embriaguez. Após as investigações e perícias cabíveis, foi reconhecida a hipótese de
exclusão da imputabilidade.
12. (CESPE – 2017 – PM-AL – SOLDADO) A respeito da aplicação da lei penal, do crime e da
imputabilidade penal, julgue o item a seguir.
Situação hipotética: Um indivíduo que, ao tempo que praticou ação ou omissão, era inteiramente
capaz de entender o caráter ilícito do fato. Posteriormente veio a ser afetado por doença mental.
Assertiva: Nesse caso, esse indivíduo é isento de pena.
13. (CESPE – 2017 – TRF1 – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA) José, com vinte
anos de idade, e seu primo, Pedro, de quinze anos de idade, saíram para conversar em um bar.
José, que estava ingerindo bebida alcoólica, ficou muito bêbado rapidamente em razão do efeito
colateral provocado por medicamento de que fazia uso. Pedro, percebendo o estado de
embriaguez do primo, fez que este praticasse um ato que sabia ser tipificado como delituoso.
A respeito dessa situação hipotética e considerando o concurso de pessoas e a imputabilidade
penal, julgue o item que se segue.
José não poderá ser punido pelo crime que cometeu porque se encontrava em estado em
embriaguez decorrente de caso fortuito, hipótese de isenção de pena.
14. (CESPE – 2016 - PC/PE – POLÍCIA CIENTÍFICA – DIVERSOS CARGOS) Constitui causa que
exclui a imputabilidade a
A) embriaguez preordenada completa proveniente da ingestão de álcool.
B) embriaguez acidental completa proveniente da ingestão de álcool.
C) embriaguez culposa completa proveniente da ingestão de álcool.
D) emoção.
E) paixão.
16. (CESPE – 2016 - PC/PE – AGENTE DE POLÍCIA - ADAPTADA) A embriaguez, quando culposa,
é causa excludente de imputabilidade.
17. (CESPE – 2016 - PC/PE – AGENTE DE POLÍCIA - ADAPTADA) A emoção e a paixão são causas
excludentes de imputabilidade, como pode ocorrer nos chamados crimes passionais.
18. (CESPE – 2016 - PC/PE – AGENTE DE POLÍCIA - ADAPTADA) A embriaguez não exclui a
imputabilidade, mesmo quando o agente se embriaga completamente em razão de caso fortuito
ou força maior.
19. (CESPE – 2016 - PC/PE – AGENTE DE POLÍCIA - ADAPTADA) São inimputáveis os menores
de dezoito anos de idade, ficando eles, no entanto, sujeitos ao cumprimento de medidas
socioeducativas e(ou) outras medidas previstas no ECA.
20. (CESPE – 2016 - PC/PE – ESCRIVÃO DE POLÍCIA - ADAPTADA) Situação hipotética: João,
namorado de Maria e por ela apaixonado, não aceitou a proposta dela de romper o compromisso
afetivo porque ela iria estudar fora do país, e resolveu mantê-la em cárcere privado. Assertiva:
Nessa situação, a atitude de João enseja o reconhecimento da inimputabilidade, já que o seu
estado psíquico foi abalado pela paixão.
==2b3adf==
21. (CESPE – 2016 - PC/PE – ESCRIVÃO DE POLÍCIA - ADAPTADA) Situação hipotética: Elizeu
ingeriu, sem saber, bebida alcoólica, pensando tratar-se de medicamento que costumava guardar
em uma garrafa, e perdeu totalmente sua capacidade de entendimento e de autodeterminação.
Em seguida, entrou em uma farmácia e praticou um furto. Assertiva: Nesse caso, Elizeu será isento
de pena, por estar configurada a sua inimputabilidade.
22. (CESPE – 2016 - PC/PE – ESCRIVÃO DE POLÍCIA - ADAPTADA) Situação hipotética: Paulo foi
obrigado a ingerir álcool por coação física e moral irresistível, o que afetou parcialmente o controle
sobre suas ações e o levou a esfaquear um antigo desafeto. Assertiva: Nesse caso, a retirada parcial
da capacidade de entendimento e de autodeterminação de Paulo não enseja a redução da sua
pena no caso de eventual condenação.
23. (CESPE – 2016 - PC/PE – ESCRIVÃO DE POLÍCIA - ADAPTADA) Situação hipotética: Em uma
festa de aniversário, Elias, no intuito de perder a inibição e conquistar Maria, se embriagou e,
devido ao seu estado, provocado pela imprudência na ingestão da bebida, agrediu fisicamente o
aniversariante. Assertiva: Nessa situação, Elias não será punido pelo crime de lesões corporais por
ausência total de sua capacidade de entendimento e de autodeterminação.
GABARITO
1. ALTERNATIVA D
2. ERRADA
3. ERRADA
4. CORRETA
5. CORRETA
6. ERRADA
7. CORRETA
8. CORRETA
9. ALTERNATIVA A
10. ALTERNATIVA A
11. ALTERNATIVA E
12. ERRADA
13. ANULADA
14. ALTERNATIVA B
15. ERRADA
16. ERRADA
17. ERRADA
18. ERRADA
19. CORRETA
20. ERRADA
21. CORRETA
22. ERRADA
23. ERRADA
Durante operação policial, Alberto, ao incursionar por uma viela, se depara com Sérgio portando um guarda-
chuva. Devido à tensão do momento, Alberto pensa que o objeto nas mãos de Sérgio é uma arma de fogo e,
em razão disso, efetua disparo com sua arma, o que leva Sergio a óbito. Nesse caso, é correto afirmar que a
hipótese é de erro de tipo
D) essencial, na modalidade erro de tipo permissivo ou delito putativo por erro de tipo.
Em determinado set de filmagens, Hades, produtor técnico, entrega arma de fogo verdadeira, devidamente
municiada, para o ator Ares, fazendo-o acreditar que se trata de arma cenográfica, sem potencial de efetuar
disparos. Já tendo lido o script e presenciado os ensaios, Hades sabia previamente que, nas cenas que seriam
filmadas, Ares deveria apontar a arma para Atena e, após breve diálogo, efetuar o disparo para a cena fatal.
Querendo a morte de Atena, em razão de desavenças pretéritas, Hades faz a substituição da arma,
fornecendo-a diretamente a Ares, irrogando o famoso “quebre a perna”. Ares efetua o disparo e ceifa a vida
de Atena.
Do ponto de vista jurídico-penal:
(A) Ares e Hades responderão por homicídio doloso, o primeiro como autor e o segundo como partícipe;
(B) Ares e Hades responderão por homicídio doloso, o primeiro como partícipe e o segundo como autor;
(C) Ares e Hades responderão por homicídio doloso, como coautores;
(D) Ares responderá por homicídio culposo e Hades por homicídio doloso;
==2b3adf==
(E) Ares não responderá por crime e Hades responderá por homicídio doloso.
4. (FGV/2021/TJSC/NOTÁRIO)
Hugo, funcionário de estabelecimento comercial, insatisfeito com seu empregador e querendo causar-lhe
prejuízo, devidamente uniformizado e identificado, entrega a Jairo, cliente da loja, um aparelho celular que
estava exposto à venda, dizendo tratar-se de um brinde. Jairo, então, coloca o aparelho em seu bolso e sai
da loja, quando é imediatamente abordado por seguranças do local, que encontram o objeto em sua posse
e o levam à delegacia de polícia, onde foi indiciado pelo crime de furto.
Considerando apenas as informações expostas, é correto afirmar que Jairo:
A) poderá ser responsabilizado pelo crime imputado, mas com causa de diminuição de pena, pois agiu em
erro de proibição evitável;
B) poderá ser responsabilizado pelo crime imputado, mas apenas na modalidade culposa, pois agiu em erro
de tipo acidental;
C) não poderá ser punido pelo crime imputado, pois estará isento de pena em razão de erro de proibição
inevitável;
D) não praticou o crime imputado, pois atuou em erro de tipo provocado por terceiro;
E) não praticou o crime imputado, pois atuou em erro de tipo acidental.
5. (FGV/2021/TJRO)
Ao lado das hipóteses de erros essenciais figuram os chamados erros acidentais, que, ao contrário daqueles,
incidem sobre elementos não essenciais à configuração do crime, não afetando a decisão a respeito da
imputação. Uma hipótese de erro acidental é:
A) erro de tipo;
B) erro sobre a pessoa;
C) erro de proibição;
D) descriminantes putativas;
E) erro mandamental.
6. (FGV/2018/MPE-AL)
Durante uma festa rave, Bernardo, 19 anos, conhece Maria, e, na mesma noite, eles vão para um hotel e
mantém relações sexuais. No dia seguinte, Bernardo é surpreendido pela chegada de policiais militares no
hotel, que realizam sua prisão em flagrante, informando que Maria tinha apenas 13 anos. Bernardo, então,
é encaminhado para a Delegacia, apesar de esclarecer que acreditava que Maria era maior de idade, devido
a seu porte físico e pelo fato de que era proibida a entrada de menores de 18 anos na festa rave. Diante da
situação narrada, Bernardo agiu em
A) erro de tipo, tornando a conduta atípica.
B) erro de tipo, afastando o dolo, mas permitindo a punição pelo crime de estupro de vulnerável culposo.
C) erro de proibição, afastando a culpabilidade do agente pela ausência de potencial conhecimento da
ilicitude.
D) erro sobre a pessoa, tornando a conduta atípica.
E) erro de tipo permissivo, gerando causa de redução de pena.
7. (FGV/2020/MPE-RJ)
Thiago, pessoa financeiramente humilde, alugou uma bicicleta avaliada em R$ 2.000,00 pelo período de 2
(duas) horas para ir até uma entrevista de emprego. Após a entrevista, chateado por não ter conseguido a
vaga pretendida, acabou por pegar a bicicleta de outra pessoa que estava estacionada no mesmo local,
acreditando ser a que alugara. Apesar de o modelo e o valor da bicicleta serem idênticos ao da que havia
alugado, as cores eram diferentes. Cinco minutos depois, Thiago veio a ser abordado por policiais militares
que souberam dos fatos, sendo indiciado, em sede policial, pela prática do crime de furto simples doloso.
No momento do oferecimento da denúncia, o promotor de justiça deverá concluir que a conduta de Thiago
é:
A) típica, mas deverá ser reconhecida causa de diminuição de pena em razão do erro de proibição, que não
era inevitável;
B) típica, mas deverá ser imputado o crime contra o patrimônio de natureza culposa, já que o erro de tipo
era evitável;
C) atípica, em razão do reconhecimento do princípio da insignificância;
D) atípica, diante do erro de proibição;
E) atípica, diante do erro de tipo.
8. (FGV/2021/FUNSAÚDE)
Durante operação policial em localidade com presença de criminosos armados, o policial Jonathan, temendo
pela sua integridade física e de seus colegas policiais, se assusta ao ver sair de uma casa um homem
segurando um guarda-chuva com ponta metálica.
Por pensar tratar-se de uma arma de fogo e não de um guarda-chuva, Jonathan atira e vem a matar a vítima,
Caio, que saía de casa em direção ao trabalho.
Acerca do erro praticado por Jonathan, assinale a opção que indica a tese de direito material que poderia ser
usada em sua defesa.
A) Erro de proibição, que, se for entendido como inevitável, isenta de pena e se for evitável poderá reduzi-
la de um sexto a um terço, nos termos do Art. 21 do CP.
B) Erro de tipo incriminador, na medida em que errou sobre um elemento constitutivo do crime, o que
poderia, nos termos do Art. 20, caput, do CP, afastar o dolo e permitir a punição por crime culposo, que
existe no caso do homicídio.
C) Erro na execução, na medida em que pensou que Caio estivesse portando uma arma de fogo, o que faz
com que ele seja isento de pena, nos termos do Art. 73 do CP.
D) Erro de tipo permissivo, previsto no Art. 20, § 1º, do CP, na medida em que acreditava estar diante de
uma situação fática que, se existisse, tornaria sua ação legítima. Se o erro for tido como justificável, ficará
isento de pena. Caso se entenda como evitável, responderá pelo crime na modalidade culposa, legalmente
prevista no caso do homicídio.
E) Erro sobre o objeto, modalidade de erro acidental na qual o agente confunde um objeto com outro, o que
poderá isentar o réu de pena.
C) houve erro sobre a pessoa, devendo ser consideradas as características daquele que se pretendia atingir;
D) ocorreu erro de tipo, o que faz com que, no caso concreto, sua conduta seja considerada atípica;
E) houve erro na execução (aberratio ictus), logo a conduta deverá ser considerada atípica.
11. (FGV – 2017 – OAB - XXIII EXAME DE ORDEM) Pedro, jovem rebelde, sai à procura de Henrique, 24
anos, seu inimigo, com a intenção de matá-lo, vindo a encontrá-lo conversando com uma senhora de 68
anos de idade. Pedro saca sua arma, regularizada e cujo porte era autorizado, e dispara em direção ao
rival. Ao mesmo tempo, a senhora dava um abraço de despedida em Henrique e acaba sendo atingida
pelo disparo. Henrique, que não sofreu qualquer lesão, tenta salvar a senhora, mas ela falece.
Diante da situação narrada, em consulta técnica solicitada pela família, deverá ser esclarecido pelo advogado
que a conduta de Pedro, de acordo com o Código Penal, configura
A) crime de homicídio doloso consumado, apenas, com causa de aumento em razão da idade da vítima.
B) crime de homicídio doloso consumado, apenas, sem causa de aumento em razão da idade da vítima.
C) crimes de homicídio culposo consumado e de tentativa de homicídio doloso em relação a Henrique.
D) crime de homicídio culposo consumado, sem causa de aumento pela idade da vítima.
12. (FGV – 2017 – OAB – XXII EXAME DE ORDEM) Tony, a pedido de um colega, está transportando
uma caixa com cápsulas que acredita ser de remédios, sem ter conhecimento que estas, na verdade,
continham Cloridrato de Cocaína em seu interior. Por outro lado, José transporta em seu veículo 50g de
Cannabis Sativa L. (maconha), pois acreditava que poderia ter pequena quantidade do material em sua
posse para fins medicinais.
Ambos foram abordados por policiais e, diante da apreensão das drogas, denunciados pela prática do crime
de tráfico de entorpecentes.
Considerando apenas as informações narradas, o advogado de Tony e José deverá alegar em favor dos
clientes, respectivamente, a ocorrência de
A) erro de tipo, nos dois casos.
B) erro de proibição, nos dois casos.
C) erro de tipo e erro de proibição.
D) erro de proibição e erro de tipo.
13. (FGV - 2016 - OAB - XX EXAME DE ORDEM) Wellington pretendia matar Ronaldo, camisa 10 e
melhor jogador de futebol do time Bola Cheia, seu adversário no campeonato do bairro. No dia de um
jogo do Bola Cheia, Wellington vê, de costas, um jogador com a camisa 10 do time rival. Acreditando ser
Ronaldo, efetua diversos disparos de arma de fogo, mas, na verdade, aquele que vestia a camisa 10 era
Rodrigo, adolescente que substituiria Ronaldo naquele jogo. Em virtude dos disparos, Rodrigo faleceu.
Considerando a situação narrada, assinale a opção que indica o crime cometido por Wellington.
A) Homicídio consumado, considerando-se as características de Ronaldo, pois houve erro na execução.
B) Homicídio consumado, considerando-se as características de Rodrigo.
C) Homicídio consumado, considerando-se as características de Ronaldo, pois houve erro sobre a pessoa.
D) Tentativa de homicídio contra Ronaldo e homicídio culposo contra Rodrigo.
14. (FGV - 2016 - OAB - XIX EXAME DE ORDEM) Pedro e Paulo bebiam em um bar da cidade quando
teve início uma discussão sobre futebol. Pedro, objetivando atingir Paulo, desfere contra ele um disparo
que atingiu o alvo desejado e também terceira pessoa que se encontrava no local, certo que ambas as
vítimas faleceram, inclusive aquela cuja morte não era querida pelo agente.
Para resolver a questão no campo jurídico, deve ser aplicada a seguinte modalidade de erro:
A) erro sobre a pessoa.
B) aberratio ictus.
C) aberratio criminis.
D) erro determinado por terceiro.
15. (FGV – 2014 – OAB – XIV EXAME DE ORDEM) Eslow, holandês e usuário de maconha, que nunca
antes havia feito uma viagem internacional, veio ao Brasil para a Copa do Mundo. Assistindo ao jogo
Holanda x Brasil decidiu, diante da tensão, fumar um cigarro de maconha nas arquibancadas do estádio.
Imediatamente, os policiais militares de plantão o prenderam e o conduziram à Delegacia de Polícia.
Diante do Delegado de Polícia, Eslow, completamente assustado, afirma que não sabia que no Brasil a
utilização de pequena quantidade de maconha era proibida, pois, no seu país, é um hábito assistir a jogos
de futebol fumando maconha.
Sobre a hipótese apresentada, assinale a opção que apresenta a principal tese defensiva.
a) Eslow está em erro de tipo essencial escusável, razão pela qual deve ser absolvido.
b) Eslow está em erro de proibição direto inevitável, razão pela qual deve ser isento de pena.
c) Eslow está em erro de tipo permissivo escusável, razão pela qual deve ser punido pelo crime culposo.
d) Eslow está em erro de proibição, que importa em crime impossível, razão pela qual deve ser absolvido.
16. (FGV - 2012 - PC-MA - DELEGADO DE POLÍCIA) Acerca da culpabilidade no estudo da teoria do
crime, assinale a afirmativa incorreta.
a) Para a teoria normativa que surgiu com o finalismo, houve a migração do dolo e da culpa para a tipicidade,
passando a culpabilidade a ser um juízo de valor que se faz sobre a conduta típica e ilícita.
b) No tocante a imputabilidade, o Código Penal adotou o critério biopsicológico, sendo indispensável que a
causa geradora da inimputabilidade esteja presente no momento da conduta.
c) No erro de proibição o erro recai sobre a ilicitude do fato, imaginando o agente ser lícito o que é ilícito,
podendo atenuar a culpabilidade, nunca, porém, a excluindo.
d) Para a teoria limitada da culpabilidade, o erro de tipo permissivo exclui o dolo; se o erro for vencível há
crime culposo se previsto em lei.
e) A coação moral irresistível pode ser exercida diretamente sobre o agente ou sobre um terceiro, somente
respondendo o autor da coação.
causa essa que, na verdade, não existe. Ocorre que os pais de Rebeca, ao descobrirem sobre o relacionamento
de sua filha com Daniel, comunicaram os fatos à polícia. Daniel é denunciado pelo delito de estupro de
vulnerável e a defesa alega que ele agiu em erro. De acordo com a teoria limitada da culpabilidade, Daniel
incorreu em erro
A) de tipo.
B) sobre a pessoa.
C) de proibição direto.
D) de proibição indireto.
E) de tipo permissivo.
18. (FCC – 2018 – MPE-PB – PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) O erro sobre elementos do tipo,
previsto no artigo 20 do Código Penal,
a) exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
b) sempre isenta o agente de pena.
c) não isenta o agente de pena, mas esta será diminuída de um sexto a um terço.
d) não tem relevância na punição do agente, pois o desconhecimento da lei é inescusável.
e) se inevitável, isenta o agente de pena; se evitável, poderá diminuir a pena de um sexto a um terço.
19. (FCC – 2018 – DPE-AM – DEFENSOR PÚBLICO) No Direito Penal brasileiro, o erro
a) sobre os elementos do tipo impede a punição do agente, pois exclui a tipicidade subjetiva em todas as suas
formas
b) determinado por terceiro faz com que este responda pelo crime.
c) sobre a pessoa leva em consideração as condições e qualidades da vítima para fins de aplicação da pena.
d) de proibição exclui o dolo, tornando a conduta atípica.
e) sobre a ilicitude do fato isenta o agente de pena quando evitável.
21. (FCC – 2017 – POLITEC-AP – PERITO MÉDICO LEGISTA) Após uma discussão em um bar, Pedro
decide matar Roberto. Para tanto, dirige-se até sua residência onde arma-se de um revólver. Ato contínuo,
retorna ao estabelecimento e efetua um disparo em direção a Roberto. Contudo, erra o alvo, atingindo
Antônio, balconista que ali trabalhava, ferindo-o levemente no ombro. Diante do caso hipotético, Pedro
praticou, em tese, o(s) crime(s) de
a) lesão corporal leve.
b) lesão corporal culposa.
c) homicídio tentado e lesão corporal leve.
22. (FCC – 2015 – TCM-GO – PROCURADOR) A respeito das causas excludentes da culpabilidade, é
correto afirmar que
a) o desconhecimento da lei nos crimes culposos isenta o agente de pena.
b) o erro invencível sobre a ilicitude do fato não isenta o réu de pena.
c) na coação moral irresistível o coator responde por dolo e o coacto por culpa.
d) as descriminantes putativas excluem a culpabilidade.
e) na obediência hierárquica é dispensável a existência de relação de direito público entre superior e
subordinado.
23. (FCC – 2015 – DPE-MA – DEFENSOR PÚBLICO) Se o agente oferece propina a um empregado de uma
sociedade de economia mista, supondo ser funcionário de empresa privada com interesse exclusivamente
particular, incide em
a) erro sobre a pessoa.
b) descriminante putativa.
c) erro de tipo.
d) erro sobre a ilicitude do fato inevitável.
e) erro sobre a ilicitude do fato evitável.
24. (FCC – 2015 - TCE-CE - Procurador de Contas) A diferença entre erro sobre elementos do tipo e erro
sobre a ilicitude do fato reside na circunstância de que
a) o erro de tipo exclui a culpabilidade, o de fato a imputabilidade.
b) o erro de tipo exclui o dolo, o de fato a culpabilidade.
c) o erro de tipo exclui a reprovabilidade da conduta, o de fato o elemento do injusto.
d) o erro de tipo exclui o dolo, o de fato a invencibilidade do erro.
e) a discriminante putativa é o que distingue o erro de tipo do erro de fato.
25. (FCC – 2015 - TJ-PE - JUIZ SUBSTITUTO) Em matéria de erro, correto afirmar que
a) o erro sobre a ilicitude do fato exclui a culpabilidade, por não exigibilidade de conduta diversa
b) o erro sobre elemento constitutivo do tipo penal não exclui a possibilidade de punição por crime culposo.
c) o erro sobre a ilicitude do fato, se evitável, isenta de pena.
d) o erro sobre elemento constitutivo do tipo penal exclui a culpabilidade.
e) o erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena, considerando-se as condições
ou qualidades da vítima, e não as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
26. (FCC – 2015 – TJ-SE – JUIZ) A, cidadão americano, vem para o Brasil em férias, trazendo alguns
cigarros de maconha. Está ciente que mesmo em seu país o consumo da substância não é amplamente
permitido, mas, como possui câncer em fase avançada, possui receita médica emitida por especialista
americano para utilizar substâncias que possuam THC. Ao passar pelo controle policial do aeroporto, é
detido pelo crime de tráfico de drogas. Nesta situação, é possível alegar que A encontrava-se em situação
de erro de:
a) tipo.
b) tipo permissivo.
c) proibição direto.
d) proibição indireto.
e) tipo indireto.
27. (FCC – 2015 – TRT9 – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Maria, a fim de cuidar do machucado de seu filho que
acabou de cair da bicicleta, aplica sobre o ferimento da criança ácido corrosivo, pensando tratar-se de
uma pomada cicatrizante, vindo a agravar o ferimento. A situação descrita retrata hipótese tratada no
Código Penal como:
a) erro de proibição.
b) erro na execução.
c) estado de necessidade.
d) exercício regular de direito.
e) erro de tipo.
28. (FCC – 2015 – TCE-AM – AUDITOR) O erro sobre a pessoa contra a qual o crime é praticado
a) não isenta de pena o agente.
b) exclui o dolo.
c) exclui o dolo, mas prevalece a culpa.
d) não isenta de pena o agente, porém deve sempre ser considerado na sentença.
e) é um crime impossível
GABARITO
1. ALTERNATIVA A
2. ALTERNATIVA D (ANULÁVEL)
3. ALTERNATIVA E
4. ALTERNATIVA D
5. ALTERNATIVA B
6. ALTERNATIVA A
7. ALTERNATIVA E
8. ALTERNATIVA D
9. ALTERNATIVA B
10. ALTERNATIVA D
11. ALTERNATIVA B
12. ALTERNATIVA C
13. ALTERNATIVA C
14. ALTERNATIVA B
15. ALTERNATIVA B
16. ALTERNATIVA C
17. ALTERNATIVA A
18. ALTERNATIVA A
19. ALTERNATIVA B
20. ALTERNATIVA E
21. ALTERNATIVA E
22. ALTERNATIVA D
23. ALTERNATIVA C
24. ALTERNATIVA B
25. ALTERNATIVA B
26. ALTERNATIVA D
27. ALTERNATIVA E
28. ALTERNATIVA A
29. ALTERNATIVA A
6. (CESPE - 2019 - TJ-SC - JUIZ SUBSTITUTO - ADAPTADA) O erro sobre elemento constitutivo
do tipo penal exclui o dolo, se inevitável, ou diminui a pena de um sexto a um terço, se evitável.
a) a embriaguez preordenada.
b) o erro de tipo invencível.
c) o agir sob violenta emoção.
d) a embriaguez culposa.
e) o erro de proibição escusável.
8. (CESPE – 2018 – STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA) Acerca dos institutos
do erro de tipo, do erro de proibição e do concurso de pessoas, julgue o item subsequente.
O erro de proibição evitável exclui a culpabilidade.
Diante da situação narrada, em consulta técnica solicitada pela família, deverá ser esclarecido pelo
advogado que a conduta de Pedro, de acordo com o Código Penal, configura
A) crime de homicídio doloso consumado, apenas, com causa de aumento em razão da idade da
vítima.
B) crime de homicídio doloso consumado, apenas, sem causa de aumento em razão da idade da
vítima.
C) crimes de homicídio culposo consumado e de tentativa de homicídio doloso em relação a
Henrique.
D) crime de homicídio culposo consumado, sem causa de aumento pela idade da vítima.
12. (FGV – 2017 – OAB – XXII EXAME DE ORDEM) Tony, a pedido de um colega, está
transportando uma caixa com cápsulas que acredita ser de remédios, sem ter conhecimento que
estas, na verdade, continham Cloridrato de Cocaína em seu interior. Por outro lado, José transporta
em seu veículo 50g de Cannabis Sativa L. (maconha), pois acreditava que poderia ter pequena
quantidade do material em sua posse para fins medicinais.
Ambos foram abordados por policiais e, diante da apreensão das drogas, denunciados pela prática
do crime de tráfico de entorpecentes.
Considerando apenas as informações narradas, o advogado de Tony e José deverá alegar em favor
dos clientes, respectivamente, a ocorrência de
A) erro de tipo, nos dois casos.
B) erro de proibição, nos dois casos.
C) erro de tipo e erro de proibição.
D) erro de proibição e erro de tipo.
13. (FGV - 2016 - OAB - XX EXAME DE ORDEM) Wellington pretendia matar Ronaldo, camisa 10
e melhor jogador de futebol do time Bola Cheia, seu adversário no campeonato do bairro. No dia
de um jogo do Bola Cheia, Wellington vê, de costas, um jogador com a camisa 10 do time rival.
Acreditando ser Ronaldo, efetua diversos disparos de arma de fogo, mas, na verdade, aquele que
vestia a camisa 10 era Rodrigo, adolescente que substituiria Ronaldo naquele jogo. Em virtude dos
disparos, Rodrigo faleceu. Considerando a situação narrada, assinale a opção que indica o crime
cometido por Wellington.
A) Homicídio consumado, considerando-se as características de Ronaldo, pois houve erro na
execução.
B) Homicídio consumado, considerando-se as características de Rodrigo.
C) Homicídio consumado, considerando-se as características de Ronaldo, pois houve erro sobre a
pessoa.
D) Tentativa de homicídio contra Ronaldo e homicídio culposo contra Rodrigo.
14. (FGV - 2016 - OAB - XIX EXAME DE ORDEM) Pedro e Paulo bebiam em um bar da cidade
quando teve início uma discussão sobre futebol. Pedro, objetivando atingir Paulo, desfere contra
ele um disparo que atingiu o alvo desejado e também terceira pessoa que se encontrava no local,
certo que ambas as vítimas faleceram, inclusive aquela cuja morte não era querida pelo agente.
Para resolver a questão no campo jurídico, deve ser aplicada a seguinte modalidade de erro:
A) erro sobre a pessoa.
B) aberratio ictus.
C) aberratio criminis.
D) erro determinado por terceiro.
15. (FGV – 2014 – OAB – XIV EXAME DE ORDEM) Eslow, holandês e usuário de maconha, que
nunca antes havia feito uma viagem internacional, veio ao Brasil para a Copa do Mundo. Assistindo
==2b3adf==
ao jogo Holanda x Brasil decidiu, diante da tensão, fumar um cigarro de maconha nas
arquibancadas do estádio. Imediatamente, os policiais militares de plantão o prenderam e o
conduziram à Delegacia de Polícia. Diante do Delegado de Polícia, Eslow, completamente
assustado, afirma que não sabia que no Brasil a utilização de pequena quantidade de maconha era
proibida, pois, no seu país, é um hábito assistir a jogos de futebol fumando maconha.
Sobre a hipótese apresentada, assinale a opção que apresenta a principal tese defensiva.
a) Eslow está em erro de tipo essencial escusável, razão pela qual deve ser absolvido.
b) Eslow está em erro de proibição direto inevitável, razão pela qual deve ser isento de pena.
c) Eslow está em erro de tipo permissivo escusável, razão pela qual deve ser punido pelo crime
culposo.
d) Eslow está em erro de proibição, que importa em crime impossível, razão pela qual deve ser
absolvido.
16. (FGV - 2012 - PC-MA - DELEGADO DE POLÍCIA) Acerca da culpabilidade no estudo da teoria
do crime, assinale a afirmativa incorreta.
a) Para a teoria normativa que surgiu com o finalismo, houve a migração do dolo e da culpa para a
tipicidade, passando a culpabilidade a ser um juízo de valor que se faz sobre a conduta típica e
ilícita.
b) No tocante a imputabilidade, o Código Penal adotou o critério biopsicológico, sendo
indispensável que a causa geradora da inimputabilidade esteja presente no momento da conduta.
c) No erro de proibição o erro recai sobre a ilicitude do fato, imaginando o agente ser lícito o que
é ilícito, podendo atenuar a culpabilidade, nunca, porém, a excluindo.
d) Para a teoria limitada da culpabilidade, o erro de tipo permissivo exclui o dolo; se o erro for
vencível há crime culposo se previsto em lei.
e) A coação moral irresistível pode ser exercida diretamente sobre o agente ou sobre um terceiro,
somente respondendo o autor da coação.
18. (FCC – 2018 – MPE-PB – PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) O erro sobre elementos
do tipo, previsto no artigo 20 do Código Penal,
a) exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
b) sempre isenta o agente de pena.
c) não isenta o agente de pena, mas esta será diminuída de um sexto a um terço.
d) não tem relevância na punição do agente, pois o desconhecimento da lei é inescusável.
e) se inevitável, isenta o agente de pena; se evitável, poderá diminuir a pena de um sexto a um
terço.
19. (FCC – 2018 – DPE-AM – DEFENSOR PÚBLICO) No Direito Penal brasileiro, o erro
a) sobre os elementos do tipo impede a punição do agente, pois exclui a tipicidade subjetiva em
todas as suas formas
b) determinado por terceiro faz com que este responda pelo crime.
c) sobre a pessoa leva em consideração as condições e qualidades da vítima para fins de aplicação
da pena.
d) de proibição exclui o dolo, tornando a conduta atípica.
e) sobre a ilicitude do fato isenta o agente de pena quando evitável.
24. (FCC – 2015 - TCE-CE - Procurador de Contas) A diferença entre erro sobre elementos do
tipo e erro sobre a ilicitude do fato reside na circunstância de que
a) o erro de tipo exclui a culpabilidade, o de fato a imputabilidade.
b) o erro de tipo exclui o dolo, o de fato a culpabilidade.
c) o erro de tipo exclui a reprovabilidade da conduta, o de fato o elemento do injusto.
d) o erro de tipo exclui o dolo, o de fato a invencibilidade do erro.
e) a discriminante putativa é o que distingue o erro de tipo do erro de fato.
25. (FCC – 2015 - TJ-PE - JUIZ SUBSTITUTO) Em matéria de erro, correto afirmar que
a) o erro sobre a ilicitude do fato exclui a culpabilidade, por não exigibilidade de conduta diversa
b) o erro sobre elemento constitutivo do tipo penal não exclui a possibilidade de punição por crime
culposo.
c) o erro sobre a ilicitude do fato, se evitável, isenta de pena.
d) o erro sobre elemento constitutivo do tipo penal exclui a culpabilidade.
e) o erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena, considerando-se
as condições ou qualidades da vítima, e não as da pessoa contra quem o agente queria praticar o
crime.
26. (FCC – 2015 – TJ-SE – JUIZ) A, cidadão americano, vem para o Brasil em férias, trazendo
alguns cigarros de maconha. Está ciente que mesmo em seu país o consumo da substância não é
amplamente permitido, mas, como possui câncer em fase avançada, possui receita médica emitida
por especialista americano para utilizar substâncias que possuam THC. Ao passar pelo controle
policial do aeroporto, é detido pelo crime de tráfico de drogas. Nesta situação, é possível alegar
que A encontrava-se em situação de erro de:
a) tipo.
b) tipo permissivo.
c) proibição direto.
d) proibição indireto.
e) tipo indireto.
27. (FCC – 2015 – TRT9 – TÉCNICO JUDICIÁRIO) Maria, a fim de cuidar do machucado de seu
filho que acabou de cair da bicicleta, aplica sobre o ferimento da criança ácido corrosivo, pensando
tratar-se de uma pomada cicatrizante, vindo a agravar o ferimento. A situação descrita retrata
hipótese tratada no Código Penal como:
a) erro de proibição.
b) erro na execução.
c) estado de necessidade.
d) exercício regular de direito.
e) erro de tipo.
28. (FCC – 2015 – TCE-AM – AUDITOR) O erro sobre a pessoa contra a qual o crime é praticado
a) não isenta de pena o agente.
b) exclui o dolo.
c) exclui o dolo, mas prevalece a culpa.
d) não isenta de pena o agente, porém deve sempre ser considerado na sentença.
e) é um crime impossível
29. (FCC – 2015 – TJ-AL - Juiz Substituto) O erro inescusável sobre
a) a ilicitude do fato constitui causa de diminuição da pena.
b) elementos do tipo permite a punição a título de culpa, se acidental.
c) elementos do tipo isenta de pena.
d) elementos do tipo exclui o dolo e a culpa, se essencial.
e) a ilicitude do fato exclui a antijuridicidade da conduta.
GABARITO
1. CORRETA
2. ALTERNATIVA C
3. CORRETA
4. ERRADA
5. ERRADA
6. ERRADA
7. ALTERNATIVA E
8. ERRADA
9. ERRADA
10. ALTERNATIVA D
11. ALTERNATIVA B
12. ALTERNATIVA C
13. ALTERNATIVA C
14. ALTERNATIVA B
15. ALTERNATIVA B
16. ALTERNATIVA C
17. ALTERNATIVA A
18. ALTERNATIVA A
19. ALTERNATIVA B
20. ALTERNATIVA E
21. ALTERNATIVA E
22. ALTERNATIVA D
23. ALTERNATIVA C
24. ALTERNATIVA B
25. ALTERNATIVA B
26. ALTERNATIVA D
27. ALTERNATIVA E
28. ALTERNATIVA A
29. ALTERNATIVA A