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Tradução: Bruna, Gabriela, Monica e Regina

Revisão Inicial: Barbara


Revisão final: Lih
Leitura final: Andréa S
Conferência: Lizzie
BEARD IN MIND
(Winston Brothers, #4)

By Penny Reid
Vale tudo no amor e para sua manutenção.

Beau Winston é o cara mais gentil e acolhedor do mundo.


Geralmente.
Bonito como o diabo e duas vezes mais carismático que ele, Beau vive uma vida
encantada como o favorito de todos os irmãos Winston. Mas desde que seu gêmeo
decidiu deixar a cidade, e seu outro irmão contratou uma deslumbrante porco-
espinho híbrida humana como mecânica substituta para sua loja de automóveis, a
vida encantada de Beau Winston foi para o inferno.

Shelly Sullivan não é simpática e nunca é adaptável. Nunca.


Ela murmura para si mesma, mas não responde quando lhe fazem uma
pergunta. Ela olha para todos, principalmente para bebês. Ela não aperta a mão
ou toca outra pessoa, mas não tem problemas em abraçar um cachorro. E seu
maldito papagaio fala apenas palavrões.

Beau quer que ela se vá. Ele a quer fora de sua loja de automóveis, no
Tennessee e fora de sua vida.

O único problema é saber por que essa porco-espinho usa seu cinto de
ferramentas aberto como uma caixa complexa de Pandora complexa,
requintada, tentadora e dolorosa - e Beau Winston logo descobre que ser
agradável e acolhedor pode significar perder o que mais importa.
Para minha família.
CAPÍTULO 1

"Suas premissas são suas janelas no mundo. Esfregue-os de vez em quando um

pouco, ou a luz não entrará."

― Isaac Asimov

*Beau*

Pessoas, todas as pessoas, são cegas por suas próprias expectativas.

Eu sei isso.

Pessoas com o mais alto grau de denominação e o mais inchado senso de

ego são as mais fáceis de enganar, as mais fáceis de explorar. Meu pai não me

ensinou muito o valor do saber, mas ele me ensinou isso. E ainda, apesar de

saber disso, adoto o manto de um homem cego de vez em quando.

Pegue hoje, por exemplo.

Claro, eu poderia culpar minhas suposiçoes imbecis para estar cansado.

Eu estou dirigindo por três horas, levantei e saí no início da madrugada. Eu não

dormi muito na noite anterior, embora eu não me arrependa da causa da minha

insônia. Mas a falta de dormir não é o motivo da minha estupidez. Minhas

próprias expectativas tolas são a raiz.

"Eu te devo uma."

Ouço o tilintar dos copos do outro lado da ligação, o que me diz que Hank

está no Pink Pony, limpando a noite anterior.

"Você me deve uma merda." Levanto minhas sobrancelhas e esfrego um

olho para curar minha sonolência. Talvez não devesse estar dirigindo e falando
no viva-voz de meu celular, mas conheço essas estradas o bastante. Eu

provavelmente poderia dirigir com os olhos vendados.

"Não, eu faço." O vidro tilintando cessa e seu tom adota uma nota solene.

"Você sabe que eu não confiaria em ninguém além de você, e eu realmente lhe

devo uma."

Hank Weller, meu melhor amigo desde a escola primária e dono do strip

club local, sempre foi excessivamente consciente sobre os devidos favores. E eu

apenas fiz um favor a ele. Ele queria um Jaguar de números correspondentes de

1956 XK140 em Nashville. Eu peguei e transportei seu novo carro de volta a

Green Valley.

Não foi um grande problema para mim. Ele é meu melhor amigo fora o

meu irmão gêmeo, e me deu uma desculpa para ver uma senhora que estou

desejando, e eu gosto de fazer coisas boas para pessoas boas. Não é grande.

"Deixe-me pegar todos os peixes grandes na quarta-feira e nós estaremos

quites." Eu digo em torno de um bocejo silencioso, meus olhos lacrimejando.

"Eu vou fazer mais do que isso. Como um pequeno sinal da minha

apreciação, deixei algo para você encontrar quando chegar à loja."

Isso me fez sentar em linha reta.

"O que você fez?"

"Você verá."

Ouço o sorriso na voz dele. O homem nunca pode esconder um sorriso,

mesmo quando nós eramos crianças e mesmo quando seu sorriso revelador fez

um monte de problemas.

"É algo que vai irritar Cletus?"

Cletus é meu irmão mais velho, sócio proprietário da Winston Brothers

Auto Shop, e o terceiro em nossa família de sete filhos. Tecnicamente, eu sou o


número cinco. Do jeito que minha mãe diz, eu cheguei com um sorriso no meu

rosto apenas alguns segundos antes de meu gêmeo idêntico, Duane. Ele

apresentou sua presença mal-humorada com um lamento irritado.

Normalmente, eu não me importaria com Hank irritando Cletus.

Normalmente, eu não me importaria com qualquer um - além de mim -

irritando Cletus. Meu irmão é no máximo divertido quando chateado. Mas eu

não quero que ele fique irritado esta manhã. Não até depois de eu ter uma

soneca e talvez algo para comer. Pensando nisso, não pude lembrar-me da

última vez que comi...

"Não deve irritar Cletus, não diretamente."

Não diretamente.

O que diabos isso significa?

Um sussurro soou na outra extremidade, como se ele tivesse trocado o

telefone da mão para o seu ombro e raspou contra a mandíbula. "Mas, escute,

você saberá quando você a ver."

"Ela?" Eu quase engasguei. "Oh não, não novamente."

"Desfrute." Eu posso dizer que ele está sorrindo mais amplo agora, o

diabo.

"O que você fez?" As possibilidades correm por minha imaginação

hiperativa, juntamente com a esperança e não uma pequena preocupação.

Talvez ele tivesse descoberto o meu segredo, talvez ele tivesse de alguma

forma preparado para Darlene voltar para casa. Mas ela não havia dito nada

ontem à noite e ela estava muito adormecida quando eu saí.

Nah. Não havia nenhuma maneira dela estar em casa.

E Hank não sabia sobre Darlene. Pelo menos, não acho que saiba. Eu

estou bastante seguro de que ele não sabe. 82% certo.


Não, ela não é Darlene.

"Bye," foi tudo o que ele disse antes de desligar.

"Droga." Eu bati no volante com minhas mãos, rangendo meus dentes

quando minha mente saltou para a conclusão óbvia.

A última coisa que queria como expressão de gratidão era outra stripper de

Hank esperando por mim na loja.

Claro, uma stripper é preferível a ele tentando lhe dar um barco novamente.

Não me interpretem mal, eu gostei muito da maioria delas. Mas eu estou

tentando deixar aqueles dias para trás. Eu estou trabalhando muito duro

tentando provar a Darlene, mostrar-lhe que posso ser o tipo de homem que ela

quer que eu seja, o tipo de homem com quem ela pode estar a longo prazo.

Não é que estou preocupado que alguém descubra que Hank enviou uma

stripper para a loja. Eu saberia. O que significa que eu terei que contar a ela

sobre isto. E o inferno, essa não será uma conversa agradável.

A menos de um quilometro da loja de automóveis e agora estava sentado em

uma montanha de ansiedade. Darlene já não gosta do fato de que Hank e eu

somos amigos. Nem ela gosta que eu seja amigável com seus funcionários.

Mas Hank é um bom amigo. Reconhecidamente, um bom amigo que

muitas vezes conduz ao excesso. Ele tentou me dar um iate uma vez, mas

peguei aquele absurdo e me recusei a assinar a papelada. Dois anos atrás, ele

havia me dado um relógio Rolex mais caro do que tudo o que eu possuía. Eu

nunca usei ele. Ouro é um excelente condutor elétrico e isso me deixa nervoso.

No entanto, por mais que tente, não consigo que ele deixe de enviar

presentes. Esta será a quinta vez que ele a contrata para me receber em casa.

Três anos atrás, foi a primeira. Eu voltava de uma viagem a Ashville e encontrei

quatro strippers, vestidas apenas em biquínis, lavando todos os carros no lote


da loja. Tendo vinte e um e solteiro, eu não me importavei com seu gesto

prestativo. Na época, era isso.

Atualmente, no entanto, o ar nos meus pulmões parece como chumbo.

Eu puxo a caminhonete e a carreta de carro para o estacionamento da

Winston Brothers Auto Shop, observando as instalações para ter um sinal do

agradecimento de Hank. Não percebi qualquer coisa fora do alcance. Tinhamos

alguns carros novos no lote, o mais notável um Plymoouth Fury de 1958. Não

pertencia a ninguém em Valley ou Maryville até onde eu saiba. Fiz uma nota

mental para perguntar a Duane sobre isso e em seguida desci do caminhão,

fechando a porta atrás de mim tão silenciosamente quanto possível.

Conhecia todas as moças do Pink Pony. No passado, antes dos meus

recentes encontros com Darlene, eu muitas vezes ajudei muitas delas com um

trabalho braçal em torno de suas casas e apartamentos. Quando estico meus

músculos e caminho em direção a garagem, eu me pergunto quem ela pode ser.

Imediatamente, tiro Tina Patterson da lista. Tina foi namorada do meu

irmão gêmeo, novamente, antes de Duane e Jessica James terem começado no

ano passado. Eu também eliminei Mae, Roxy e Hannah. Elas são muito jovens

com dezenove, vinte e vinte e dois anos, respectivamente. Hank sabe que eu

gosto de minhas mulheres mais maduras, tanto no tipo de corpo quanto na

disposição.

Deslizando meus passos, espio o Ford estacionado dentro da garagem,

girando o chaveiro que segurava as chaves da caminhonete e do rebote em

torno do meu dedo indicador. A manhã do final do verão estava brilhante e

clara, o que significa que eu estou momentaneamente cego pelo interior fraco

da loja. Eu ouço as botas baterem contra o cimento emparelhado com um

grunhido curto.
"Cletus?" Pergunto, esperando que o grunhido pertencesse ao meu irmão,

embora o meu instinto me dissesse que o som não se originou de um homem.

Respirando, debato a melhor forma de colocar a stripper fora, quase certo

que eu posso nos poupar um desperdício de dez minutos, se pudéssemos

simplesmente pular o strip-tease. Eu decido sugerir pegar um café e rosquinhas

na Daisy's Nut House.

Sim, uma das rosquinhas da Daisy parece muito agradável agora.

Minha atenção pega uma figura vestida de macacão, inclinada sobre o capo de

um Chevy que eu reconheço que pertence a Devron Stokes. Apesar do traje

folgado, sua forma feminina é impossível de confundir. Com a minha chegada,

ela alcança um pano no bolso e enxuga as mãos. Endireitando-se se vira e me

enfrenta.

BAM.

Minha boca fica aberta.

Minhas costas ficam rígidas e meus olhos se arregalam porque, puta

merda, a mulher é a pessoa mais impressionantemente bonita que eu já vi.

Bem, eu vi algumas pessoas bonitas antes, mas esta mulher é

completamente diferente. Quero dizer, a mulher desafia a descrição. Linda não

se aproxima do que essa mulher é. Ela é tão linda, mesmo vestida com macacão

gorduroso, parece que ela deu um soco nas minhas costelas. Perco a respiração.

E quando ela levanta seus olhos, a força contundente de sua atenção me deixa

estupefato.

Coloco meu peso na cabine da caminhonete à minha esquerda, meu olhar

deslocando-se sobre a forma longa dela.

Alta. Muito alta. Talvez um e oitenta e dois. O cabelo dela é castanho, mas

também está com listras douradas como se ela tivesse gasto uma considerável
quantidade de tempo no sol. Trançado em uma longa e grossa trança

pendurada sobre um ombro. Eu engulo, meu olhar viajando para seu pescoço -

alto e bronzeado – e queixo. Lábios cor-de-rosa exuberantes, maçãs do rosto

fortemente pronunciadas, olhos grandes e cílios escuros colocados em um rosto

oval perfeitamente formado.

Ela é o tipo de perfeição física que é difícil de ver.

Ofuscante.

Não ajudando, o olhar fixo parece flertar, dando-lhe um ar de ser

inacessível, como se tudo e todos estavam cagando no sapato.

Eu não fui capaz de controlar minha expressão, dizendo: "Bom Deus,"

antes que eu pudesse parar-me.

Mas droga.

Droga.

"Olá." Sua saudação rouca é tão refinada quanto seu brilho.

Liberando o ar dos meus pulmões, luto com meu choque e forço um sorriso

amigável, procurando as palavras certas.

Oh cara, aquele Hank. Hank é um bom amigo. Mas isso... Ela... Uau. Isto é

demais. Onde ele a encontrou?

Limpando minha garganta, cruzo meus braços e tento encontrar meus

costumes. "Uh, onde está o seu bolo?"

Silêncio se acomoda sobre ela, os olhos da mulher afiando com um

inquietante foco, como se estivesse esvaziando a carne dos meus ossos.

Ofuscante.

Droga.

"O quê?" A única palavra bate como um chicote na garagem silenciosa.


"Seu bolo?" Eu arrisco um passo em frente e encosto meu ombro contra o

lado do Ford. Precisando evitar seu olhar de dissecação, abaixo meu olhar para

o corpo dela. Eu não posso ver muito, mas posso ver o suficiente.

Eu aposto o meu GTO que suas pernas são extraordinárias.

Linda ou não, deslumbrante ou não, não importa. Talvez eu tenha notado

essa mulher - porque é impossível não fazer - mas é tudo o que eu vou fazer.

Notar.

Acabei de deixar Darlene em Nashville. E embora ainda não admiti, tanto

quanto estou preocupado - para todos os efeitos - Darlene Simmons é minha

mulher e eu sou seu homem. Um par de pernas extraordinárias anexadas à

mulher mais bonita do Tennessee não figura quando estou de olho em um jogo

de longo prazo com uma pessoa de conteúdo.

Vários minutos de silêncio passam e eu volto minha atenção para ela. Ela

está olhando para mim com olhos largos e glaciais. Meu, oh meu, seu olhar é

feroz. Se esta mulher está se despindo no Pink Pony, Hank terá que cobrar uma

taxa de entrada mais alta.

Olhando, tento adivinhar sua idade. Não posso.

Ela parece mais velha, madura, bonita de uma maneira feminina. Talvez

fosse sua altura, porque ela também parece jovem, um toque ingênuo. Levanto

a cabeça para o lado, estudando o conjunto rígido de sua mandíbula e decido

que seu olhar de pedra parece incerto.

Talvez ela estivesse nervosa. Talvez esta fosse a primeira vez que ela fazia.

Eu espero que signifique que será facilmente dissuadida disso.

Dando-lhe um sorriso encorajador, provoco: "Sem bolo?"

Sua mandíbula marca e as pálpebras baixam para o meio mastro, mas

ainda assim ela permanece silenciosa.


"Hmm..." Eu arranho minha mandíbula, escolhendo as minhas próximas

palavras cuidadosamente e tentando o meu melhor para acelerar o charme.

"Aqui está o negócio, querida, tenho certeza que o quer que tenha debaixo do

macacão é sexy como o inferno. No entanto, estou vendo alguém, e eu não

quero incomodá-la. O que Hank lhe pagou para tirar a roupa, eu estou disposto

a duplicá-lo se você ficar com as roupas."

Na minha experiência, nada irrita uma stripper mais do que um cliente

desinteressado, exceto talvez um que estava muito interessado. Eu não queria

ofender, e esperava que ela aceitasse minha oferta pelo valor nominal.

Ela pisca. Uma vez. Muito, muito devagar. "Você é Beau."

Espero um momento, meu sorriso escorregando, antes de assentir. "Isso é

certo." Espere, ela achou que eu era Duane?

"Eu deveria saber." Ela move seu peso para um lado, seu quadril saindo, e

enfiou as mãos nos bolsos traseiros.

Agora eu estou confuso. Por que Hank enviaria uma stripper para Duane?

"Você pensou-"

"Eu pensei que você era Duane. Mas vejo agora que você é Beau."

"Você vê agora...?” Meu cérebro cansado, com fome e lento tem problemas

para manter-se.

"As características faciais de Duane são simétricas, seu olho direito é

maior que o seu esquerdo." Ela fez um gesto desapaixonado para o meu rosto,

seu tom liso.

"Desculpe-me?" Eu me endireito do Ford, meus dedos se aproximando

dos meus olhos.

"E seu nariz é torto. Para a esquerda."

Que diabos?
Meu sorriso desliza completamente enquanto meus dedos se movem para

o nariz. "Meu nariz?"

Ela encolhe os ombros, enviando-me um brilho antes de voltar sua

atenção para Devon Stoke's Chevy.

Eu estudo. A ela. Fico parado como um idiota tocando meu nariz torto.

Seu nariz é torto.

Quem diz isso a alguém que acabou de conhecer?

Mas então, como se as declarações grosseiras sobre o meu rosto não

fossem suficientes, ela murmura: "E você é claramente um idiota."

Meu maxilar cai, assim como minhas mãos.

O que.

UMA.

Cadela.

Um som de descrença temperado com indignação engata na garganta.

Irritação alivia meus pulmões, queimando-o com um incontrolável impulso de

ressentimento.

"Claramente eu sou um idiota?"

"Você soa como meu papagaio." Outro murmúrio.

Todos os pensamentos que eu tinha sobre não ofender essa mulher

desaparecem, perseguidos por suas palavras desagradáveis e minha própria

exaustão.

Encontrando minha inteligência, coloco minhas mãos nos meus quadris e

olho para o perfil dela. "Quem diabos é você?" É um momento raro. Não me

lembro da última vez que tive um pico de raiva. Eu também não me lembro de

um momento em que uma mulher queixou-se da minha aparência ou me

chamou de idiota. Exceto minha irmã, mas ela não conta.


Assim. Sim. Há isso.

Sem se dignar a olhar para mim, ela joga, "Shelly."

"Shelly quem?" Meus olhos cintilam sobre os movimentos de suas mãos.

"E por que você está trabalhando no Chevy Devron Stoke?"

"Estou removendo a transmissão para reconstruí-la." Ela diz isso com uma

nota de impaciência, como se eu estivesse gastando seu tempo.

Um baixo grunhido de exasperação vem do meu peito por causa dessa

mau-humorada mulher e suas não respostas.

"Ouça, senhora, se você sabe que eu sou Beau, então você sabe que eu sou

o dono desta loja aqui. Assim novamente, quem diabos é você? E por que você

está trabalhando neste carro? E quem deu a você a permissão de estar aqui?"

Finalmente, seus olhos encontram o meu. E assim como a primeira vez

que ela olhou para mim, minha inteligência espalha por uma fração de

segundo. Por sorte, ela me irritou o suficiente para que minha ira prevaleça.

Endireitando mais uma vez, ela aperta os lábios cheios juntos. Eles são

muito grandes para formar uma linha plana, assim, eles diminuíram um pouco.

"Estou ocupada. Se você quer respostas, fale com Cletus." Ela fala

devagar, como se realmente acreditasse que eu sou um idiota.

Droga, Cletus.

É melhor ele não ter contratado ninguém sem ter falado comigo.

"Eu vou," grito, depois me viro dessa pessoa vil e preparada para dar ao meu

irmão uma bronca.

Não havia maneira.

Nenhuma. Maneira. No. Inferno.

De jeito nenhum, essa mulher estava trabalhando na loja.

Não.Nunca acontecerá.
CAPÍTULO 2

"O olho vê apenas o que a mente está preparada para compreender."

― Robertson Davies, Tempest-Tost

*Beau*

"Quem no inferno é essa mulher e por que ela está usando minha chave

de soquete?" Eu exijo quando explodo pela porta do escritório do segundo

andar, encontrando Cletus olhando para a tela do computador.

Sem olhar para cima de seu trabalho, ele responde com um tom irritante e

uniforme, "Aquela não é a sua chave de soquete, ela pertence à loja."

Fervendo, eu baixo minha voz. "Quem é ela?"

"Ela é nossa nova mecânica. Começou ontem."

Nossa nova... ela o que?

"O que?"

Cletus gira na cadeira para me encarar, agrupa sua boca com as mãos, e

levanta a voz para um grito próximo. "Ela é nossa nova mecânica e ela começou

ontem."

"Droga, Cletus. Pare de gritar. Eu ouvi você bem. O que eu não faço é

compreender como é possível nós termos um novo mecânico sem que eu seja

consultado."

Suas sobrancelhas apertam-se enquanto ele me inspeciona. "Você não

estava aqui."

"Assim?"
"Beau, não posso consultar você para alguns assuntos quando você está

ausente."

"Isso é uma besteira." Minha raiva aumenta de novo. "Esta loja é tanto

minha, como é sua."

"Duane está saindo, Beau. Ele e Jess vão em suas aventuras em

Novembro."

"Eu sei disso." E não preciso de outro lembrete. Eu entendi seus motivos,

no entanto, não estou exatamente entusiasmado com a partida de Duane.

Mas eu serei condenado se o substituto de Duane ia ser aquele pesadelo

no andar de baixo.

"Então você sabe que precisamos de um novo mecânico para tomar seu

lugar. Nós já temos muito trabalho entre nós três. Como você acha que seria se

você e eu tentassemos gerenciar sozinho? A magia da matemática me diz que

não seríamos capazes de manter-nos."

"Você não pode ir encontrando um substituto para Duane sem que eu

tenha uma palavra a dizer."

Cletus bufa, recostando-se na cadeira. "Vamos começar de novo. Bom dia,

Beau. Você parece cansado."

"Você me ouviu?"

"Por que você parece cansado? Você não dormiu ontem à noite? Você

comeu?"

Rangendo os dentes, expiro pelo meu nariz.

Meu irmão aponta para mim. "Você tem uma dama em Nashville,

mantendo você acordado e não alimentando você? Ou talvez você não a tenha

alimentado?”
Ele pode adivinhar tudo o que quiser, mas não estou pronto para

confirmar meu envolvimento com Darlene, não com Cletus ou com ninguém

para esse assunto. Não até que ela e eu estivéssemos na mesma página.

Duane tinha sua Jessica James. E agora eu percebi que eu tenho minha

Darlene Simmons. Duane ansiava por Jess desde que ele tinha cerca de quinze

ou dezesseis anos. Talvez um pouco mais velho. Eu considerava sua mente

solitária míope na época. O que na Terra poderia ser tão notável sobre uma

mulher? Todas tinham as mesmas partes, não?

Ver Duane com Jess despertou minha curiosidade. Ir atrás de Darlene foi

o resultado, minha tentativa de ficar sério. Eu ou certo, que quando colocar

tempo e esforço, eu começarei a sentir por ela o que Duane está sentindo por

Jess. Mas eu não vou admitir a Cletus. Não é da conta dele, a cobra.

"Se eu dormi ou não, ou com quem, não é relevante."

"Com quem, assumo que não foi uma orgia, e é relevante, porque você

acabou de voar aqui em um ataque de raiva. Eu conheço você toda a sua vida e

eu só vi você em ataque sete vezes, e a maioria foi porque você estava com fome

e precisava de uma soneca." Cletus alcança uma gaveta do arquivo à sua

esquerda, retira uma barra de proteína, e segura para mim. "Você sabe que fica

atrapalhado se não come."

Olho para ele, depois na barra de proteínas e depois para ele novamente.

Ele está certo. Eu estou com fome. Eu atravesso em quatro etapas e pego o

alimento oferecido da mão dele.

"Eu posso estar com fome e cansado, mas não é por isso que estou bravo.

Essa mulher," eu aponto para a porta com a barra de proteínas, "não está

trabalhando aqui. Não permitirei isso."


A barba do meu irmão se curva perto de um canto de sua boca. "Ela é uma

mecânica incrivelmente talentosa."

"Não me importo se ela é a grande sobrinha de Henry Ford, ela não vai

ficar."

"Ela não é relacionada com Henry Ford, tanto quanto eu sei. Shelly é a

irmã de Quinn.”

"Quem?" Eu tiro o invólucro da barra de proteína e meu estômago ronca

alto. Eu preferia uma rosquinha da Daisy's, mas isso terá que servir.

"Shelly, a talentosa mecânica que você teve o prazer de encontrar lá

embaixo, é a irmã de Quinn. Você conhece Janie? A amiga alta de Ashley, de

Chicago? Com o cabelo vermelho e o conhecimento alarmantemente completo

de banalidades?"

Cletus está se referindo a amiga da nossa irmã Ashley de seu grupo de

tricô. Havia sete mulheres no grupo, sendo Ashley uma delas. Janie é casada

com um verdadeiro grande amigo, especialista em segurança ou algo assim,

com o nome de Quinn Sullivan. Todas as senhoras do grupo de tricô de Ashley

viajaram para Tennessee no ano passado para o funeral da minha mãe, e Quinn

acompanhou a esposa dele.

Mas isso aconteceu há quase um ano. É um tempo que eu não gosto de me

deter, então eu não faço. Infelizmente, o aniversário de um ano da morte da

nossa mãe está chegando em apenas mais duas semanas. Estou temendo o dia.

E, aparentemente, esta mulher Shelly, no andar de baixo com as mãos por

toda a minha chave de soquete, é a irmã de Quinn. Enquanto dou outra

mordida na barra de proteínas, eu mastigo esta informação. Eu só encontrei o

cara algumas vezes, mas a semelhança familiar entre Quinn e Shelly é forte

agora que eu sei da conexão.


Quinn tem um e noventa e cinco talvez, e sua irmã tem pelo menos um e

oitenta e dois de altura. Eles compartilham a mesma cor dos olhos - azul gelo -

e características faciais bem afiadas. Ele tem um jeito vigilante sobre ele, como

se tivesse segredos. E ele olhava para as pessoas como se conhecesse todos os

seus segredos.

"Bem, isso é ótimo," resmungo, tomando um outro bocado da barra.

"Eu penso que sim." A resposta de Cletus é alegre e ele acena com a

cabeça como se tudo estivesse resolvido. "Agora, se você me perdoar, eu tenho

trabalho para fazer e você precisa de uma soneca."

"Não, não vou te desculpar." Eu me coloco entre meu irmão e o

computador. "Só porque ela é relacionada com uma amiga de Ashley não

significa que ela recebe um passeio grátis."

Meu irmão cruza os braços e olha para mim, inclinando-se mais para trás

na sua cadeira. "Beau, o que há de errado com você? Por que você não gosta da

srta. Shelly Sullivan?"

"Ela é rude." Eu digo isso mais alto do que o esperado, fogo de frustração

ainda nas minhas veias.

"Ela é um pouco tranquila e distante, eu vou te dar isso. Mas eu gosto da

economia de discurso dela."

"Oh não, ela não foi quieta comigo. Ela foi rude."

"O que ela disse?"

"Ela..." Eu deslizo para o lado, não querendo muito admitir que ela fez

comentários sobre o meu olho direito e nariz serem desiguais.

Não adianta fingir o contrário, sei que eu pareço bem. Eu não sou Shelly

Sullivan, de boa aparência, mas eu sei como trabalhar um sorriso e ativar o

charme para alcançar um objetivo. Nunca me considerei particularmente


vaidoso. Eu não passo horas na frente de um espelho. Também não gasto mais

de cinco minutos por dia pensando na minha aparência, normalmente apenas o

tempo necessário para escovar meus dentes, cortar minha barba e escolher

roupas, o que não é difícil desde que trabalho na loja cinco dias por semana.

Esta mulher não me conhece, e está lá apontando minhas falhas.

Grosseira.

Como gostaria se tivesse feito o mesmo com ela?

Exceto...

Eu engulo esse pensamento, porque a mulher não tinha falhas. Bem,

nenhuma falha física em qualquer caso.

"O que ela disse?" Ele repetiu, seu tom e expressão me dizendo que eu

estou pisando em sua paciência.

"Ela disse que eu sou um idiota."

Cletus encolhe de volta um pouquinho, piscando sua surpresa. "Ela disse

isto?"

"Sim. Ela disse isto."

Ele olha para mim por um longo momento, seus olhos crescendo. "Bem, o

que você fez antes que ela te chamasse de idiota?"

Esfrego meu pescoço, evitando o olhar do meu irmão, engolindo

novamente, esperando não ter que responder.

"Beauford Fitzgerald Winston," sua voz se aprofunda quando ele usa

meu nome completo, "O que você disse à moça?"

Soltando um suspiro pesado, viro de Cletus e caminho até a porta. "Foi

um mal entendido."

"Mais alto, por favor. Eu não sou Duane. Não consigo te ouvir quando

você murmura e não posso ler sua mente."


"Foi um mal-entendido. Você sabe que escolhi esse carro para o Hank? O

Jag? Bem, Hank disse que deixou um presente para mim na loja, uma... 'ela.'"

"Oh, bom senhor." No canto do olho, vejo Cletus jogar as mãos no ar e

pular de pé. "Você pensou que ele enviou uma das mulheres em seu trabalho

para lhe dar um show? Bem, ele não fez." Meu irmão buscou um item no canto

do escritório e empurro-o para mim. "Ele comprou uma vara de pesca. Uma

realmente agradável vara de pesca, uma dessas de três mil dólares. Tenho

certeza que você não terá problemas para pegar peixe na quarta-feira, se você

conseguir descobrir como usar essa coisa, mas você pode ter algum tempo se

desculpando com a nossa nova mecânica hoje por confundi-la com uma

stripper." Ele faz uma pausa, esperando que eu visse seu brilho antes de

continuar duramente, "E você vai se desculpar."

"VOCÊ SE DESCULPOU?"

Eu me peguei antes que eu batesse em meu amigo, em vez disso, tiro uma

pequena tração de minha cerveja antes de responder. "Eu tentei."

Hank sorri, olhando para Duane que também está sorrindo. Bem, a versão

de sorriso de Duane, que é mais como um pequeno sorriso.

Ambos os sorrisos de Hank e Duane são à minha custa. Normalmente eu

não me importaria, e eu não esperaria nada diferente quando eu lancei minha

história, mas eu esperava que eles concordassem comigo que a mulher é uma

ameaça.

Eles não tinham.


"Ele tentou se desculpar, ele realmente fez. Eu estava lá.” O sorriso de

Duane se ampliou em um verdadeiro sorriso. "E ela o ignorou. Fingiu que ele

nem sequer falava.”

Raiva fervente reacende na memória, fazendo com que a cerveja na minha

língua pareça velha. "Eu não vejo por que eu precisava pedir desculpas em

primeiro lugar. Não há nada de errado com ser uma stripper, existe?"

"Em primeiro lugar, acho que alguém precisa reconhecer o quão incomum

toda essa situação é.” Hank, sentado ao meu lado no estande, move sua mão em

um movimento circular, indicando toda a minha pessoa.

Estávamos no Genie's Country Western Bar na quarta-feira após a minha

primeira corrida com a senhorita Shelly Sullivan. Genie's é o melhor lugar para

ir no Vale se você quer uma cerveja, uma dança e nenhum problema.

As gangues de motociclistas geralmente se afastam de Genie's. Eles tem

seus próprios lugares de ficar inativos.

Genie's é amplamente considerado a Suíça do Green Valley e das áreas

circundantes, território neutro. Se eles aparecem, são apenas dois ou três

companheiros de cada vez, não um rebanho gigante deles à procura de uma

luta.

"Eu concordo com isso." Duane estica o pescoço, olhando para a entrada.

"Mas nada sobre Shelly Sullivan é comum, pelo que posso dizer."

Eu sei que Duane continua olhando para a porta na esperança de detectar

Jess. Ela ainda não está atrasada, mas meu gêmeo sempre fica nervoso antes de

ver sua mulher.

Meus lábios se curvam em um sorriso, mas é de frustração. "Do que você

está falando?"
"Bem, agora, deixe-me ver. Comecemos pelo fato de que essa mulher não

foi imediatamente vítima do seu encanto de merda."

Eu bufei, balançando a cabeça para Hank. Ele sempre reclamava de mim e

Jethro, dizendo que somos almas terríveis por causa do nosso "encanto de

merda."

Mas antes que eu possa falar, Duane diz: "Veja agora, você entendeu

errado. Nada sobre o encanto de Beau é uma besteira. É assim que o homem é

feito. E você não pode culpar as mulheres também. No ventre da minha mãe,

ele conseguiu minha parte de bom humor bem como a dele."

"Quão conveniente para você." Dou um olhar significativo para meu

irmão e sei que ele está lendo meus pensamentos porque ele me dá um olhar

culpado em troca.

Ele está certo e errado. Entre nós dois, eu posso exibir todos os sinais

externos de bom humor, mas é porque um de nós tem que fazer isso. Nós não

podemos ser pequenos merdinhas mal-humorados o tempo todo. Eu suponho

que é como qualquer coisa feita de forma consistente durante um longo período

de tempo: torna-se um hábito.

Perdendo nossa comunicação não dita, Hank levanta o queixo em direção

a Duane. "Então, o que você conseguiu no ventre da sua mãe?"

"Toda a mesquinharia, egoísmo e imprudência que eu presumo," ele

responde facilmente, então continua sem malícia ou qualquer rastro de

ressentimento, "e é por isso que eu concordo com Hank sobre esta situação sem

precedentes. Nunca conheci uma pessoa que não gostasse de você,

especialmente no início e especialmente uma mulher, e eu nunca vi você ter

raiva antes." Duane encolhe os ombros, olhando para a porta de novo.


Ele está certo sobre a primeira parte, como a maioria das mulheres gosta

mais de mim. Provavelmente porque é difícil conhecer alguém que nunca fala,

mas é fácil de gostar de alguém que sempre sorri.

"Sim, essa é a outra parte desse mistério. Essa mulher te irritou." Hank

ergue o pescoço em direção ao bar, provavelmente procurando outra rodada de

bebidas. "Eu nunca vi você realmente irritado com alguém antes. E você ainda

está irritado, tipo, dois dias depois. Você nem sequer piscou um olho quando a

Sra. Townsen bateu em seu GTO no estacionamento da igreja com o antigo

Oldsmobile de sua filha."

"Foi um acidente." Aceno para esse exemplo. A Sra. Townsen não deveria

estar dirigindo, ela não está apta desde que acabou completamente com seu

Cadillac há alguns anos atrás, mas para ela não significou nenhum dano.

"Essa velha senhora senil destruindo seu orgulho e alegria não é uma

merda no seu radar, mas observar seu nariz dobrado é um crime de guerra?

Bom saber. Ei Patty." Hank entrega nossos copos vazios para nossa garçonete,

que é a filha de Genie, e aceita as novas cervejas com um sorriso de flerte.

Ela o ignora.

"Ei Beau." Ela me dá uma piscadela. "Minha mãe quer que eu o deixe

saber que estes são por conta da casa."

"O que? Por quê?" A consternação de Duane com esta notícia é óbvia e

luto com uma risada. Apenas meu gêmeo não entenderia por que alguém

deseja comprar suas bebidas.

"Porque seu irmão é um santo, é por isso." Ela diz isso sem quebrar o

olhar em contato comigo.

"Ele não é um santo," Hank resmunga, embora aceite a bebida gratuita.


"Obrigado por toda sua ajuda, Beau." Patty enfia a bandeja sob o queixo e

a abraçou perto de seu peito.

"Não há problema." Eu aceno agradecimentos para dela. "A qualquer

momento."

"Talvez eu aceite isso." Sua voz cai e seu sorriso torna-se mais coquete

enquanto recua da mesa, me dando um significativo levantar de sobrancelha

logo antes de se virar e se afastar.

Assim que ela está fora do alcance do ouvido, Hank me chuta debaixo da

mesa. "Patty? Mesmo?"

Bebo minha cerveja e desfruto silenciosamente da frustração de Hank.

Em primeiro lugar, eu sei que ele tem uma coisa por Patty por um tempo,

pelo menos um ano. Em segundo lugar, eu sei, de acordo com Darlene, que

Patty nunca lhe dará uma hora do dia, desde que ele possui esse clube de strip-

tease. E, por fim, eu conheço as intenções de Patty para mim, são inofensivas

porque Darlene e Patty são boas amigas.

Darlene e eu ainda não somos tecnicamente exclusivos, mas mesmo

assim. Patty é uma boa pessoa, e ela sabe que eu estou vendo sua amiga.

"Não consigo tirar duas palavras dela, e aqui está você, recusando o que

ela está oferecendo de graça," ele lamenta. "O que você fez, afinal? Salvou seu

gato?"

"Não. Esta foi Jess," Duane murmura.

Isso me faz rir. "Jess tinha oito anos, Duane. Oito. Tudo o que fiz foi

escalar uma árvore e pegar seu gato." E ela é sua agora, em todo caso.

"Isso mesmo!" Hank estala os dedos e aponta para Duane. "Eu esqueci

sobre isso. Jess não teve nada com Beau antes de vocês se conectarem?”

"Nós não nos conectamos, Hank," Duane estala.


Hank ergue a mão, com elas abertas, como se ele se rendesse. "Bem. Antes

de vocês dois prometerem fidelidade. Isto é melhor?"

Duane resmunga algo que eu não pego, depois encolhe os ombros. "Sim. E

daí? O passado está no passado." Meu irmão olha para mim quando ele diz isso.

"Oh, bom senhor, Duane. O que eu devia fazer? Não pegar o maldito

gato? Você nem gostava dela naquele momento. Você costumava chamá-la de

sardenta, lembra-se disso?"

"Eu ainda chamo ela de sardenta."

"Não, você não faz. Você a chama de sua princesa," eu digo, não estando a

ponto de perder uma oportunidade para corrigir meu irmão sobre sua recente

domesticação, principalmente porque eu estou com inveja disso.

Hank aponta para mim com a cerveja dele. "Então deixe-me ver se

entendi. Você salvou o gato de Jess quando ela tinha oito anos, e ela teve uma

coisa por você depois disso?"

Antes que eu possa decidir como responder, ele se vira para Duane. "E

você está bem com isso?"

"Hank, deixe-me dizer-lhe uma coisa." A voz de Duane toma um ar

instrutivo e isso me irrita, provavelmente porque soa como uma imitação de

nosso irmão Cletus. "Se você está querendo prometer sua fidelidade para uma

mulher dentro de cem quilometros de Green Valley, você também pode

assumir que ela teve uma coisa pelo meu irmão em algum momento da vida

dela.” Duane bate o gargalo da cerveja contra o Hank. "Bem-vindo ao o clube."

"Eu sou o membro fundador do clube, Duane." O tom de Hank está seco e

azedo.

"E qual clube seria esse?" Toco minha garrafa contra as duas apenas para

ser desagradável.
"O Beau consegue todas as meninas do clube. E, falando sobre isso, o que

você fez para que Patty trouxesse bebidas gratuitas?” Hank me dá um olhar

aguçado.

"Eu não fiz nada para Patty, não diretamente. Genie queria se livrar de

duas antigas geladeiras, mas não conseguia encontrar ninguém para buscá-las.

Tirei das mãos dela na semana passada. Nada demais."

O que eu não disse, porque não precisava dizer, era que não me

importaria como Patty fosse gentil, e doce e bonita, no momento em que Hank

declarou seu interesse na mulher, ela ficou fora dos limites. Assim como Jess

está fora dos limites desde que Duane e eu éramos adolescentes.

Não digo, mas eu espero o mesmo deles, se ou quando eu disser a eles

sobre Darlene. Ou, se as coisas não funcionarem com Darlene, qualquer outra

pessoa que eu possa estar interessado em cortejar.

Se houver mais alguém... Franzo o cenho no pensamento, inseguro e

inesgotável por suas origens. Claro que haverá outra pessoa se as coisas não

funcionarem com Darlene. Muitos peixes no mar.

"O que você fez com eles? Como você se livrou dos frigoríficos?"

"Oh, eu sei," Duane responde, como se ele estivesse agora colocando dois

e dois juntos. " Foram aqueles refrigeradores que você deu ao Reverendo

Seymour hoje, certo? Os que você consertou na loja esta semana?"

Assenti com a cabeça, surpreso por ter notado. Ele está ocupado com Jess,

preparando-se para a sua grande viagem e deixando todos nós. Eu quase não o

vi.

Olhando pela cabeça do meu irmão para a pista de dança, um lampejo de

um longo cabelo vermelho chama minha atenção e crio minhas esperanças.


Quando percebi que não é Darlene, eu engoli um gole da minha cerveja e meu

desapontamento.

Típico para uma noite de verão com tempo bom, o lugar está lotado com

os locais. Duane e eu tínhamos saído juntos depois do trabalho, deixando

Cletus e Shelly na loja para terminarem.

Eu esperava que Darlene pudesse voltar para o Vale neste fim de semana,

mas ela me enviou mensagens de texto no início do dia de que não poderia. Ela

está ocupada. Dois anos mais velha do que eu, ela está no terceiro ano da

faculdade de medicina e sua agenda é louca.

Eu entendo.

No entanto, não consigo afastar minha decepção desde

que recebi a mensagem dela. Não ajuda o assunto ou meu humor, Shelly

Sullivan ter ignorado todas as minhas tentativas em fazer as pazes. Eu não diria

que me acostumei com a mulher ainda. Mais como estar começando a tolerá-la,

mas apenas um pouco. Ela não falou mais de três palavras para mim em dois

dias. No lado positivo, ignorar-me significava que ela não fez mais nenhum

comentário sobre quão grotesco ela considerou minha aparência ou quão

estúpido ela pensa que eu sou.

Eu deixo meus olhos perseguirem a mulher com cabelo vermelho. Ela é

mais alta do que Darlene e seus cachos são um vermelho ardente, e não um

vermelho claro. Inesperadamente, a mulher virou-se, me pegou olhando para

ela. Reconhecendo-a como Christine St. Claire, old lady de Razor Dennings, o

presidente do clube de motocicletas Iron Wraiths, eu imediatamente desvio

meu olhar. Não quero problemas.

"Você sabe que é dedutível, certo? Doando para a igreja? Espero que você

tenha um recibo." Hank sempre foi rápido em apontar quando algo pode ser
deduzido. Pegue seu barco, por exemplo. Ele escreveu como despesa comercial

porque ele usava para levar os clientes a pescar no Lago Bandit.

"Eu fiz. Eu entreguei o recibo para a Genie quando chegamos aqui." Eu

mantive o meu olhar fixo em Hank, enquanto um leve sussurro de apreensão

faz cócegas no meu pescoço.

Senti os olhos de Christine St. Claire ainda em mim e me preparei. A

mulher é em partes iguais, louca e perigosa, ou então meu pai costumava dizer

quando nós éramos crianças. E ele sabia, porque ele era partes iguais, louco e

perigoso, também.

Minha mãe e meu pai não concordavam com frequência, mas sabia que de

fato, não gostava da mulher também. Ela sempre manteve Duane e eu perto de

suas saias nos dias de família da Iron Wraith e os piqueniques, dando a

Christine e ao presidente do Wraith's MC um amplo castigo.

"Não importa o que ela diga, você nunca deixe que ela o leve, ok? E sempre fique

de olho em Duane," dizia a mãe. "Você é mais velho, ele é sua responsabilidade. Estou

contando com você. Você o mantém seguro. Certifique-se de que ele não vai a qualquer

lugar com aquela mulher."

"Você deu o recibo de imposto a Genie?" Hank estava prestes a tomar

outro gole de sua cerveja, mas parou, a garrafa suspensa nos dedos, o tom dele

de descrença.

"Sim, eles eram seus refrigeradores, não eram?" Eu esfrego meu pescoço.

"Mas você os consertou." Hank colocou a cerveja de volta na mesa. "Você

teve todo o problema de mover essas coisas, consertá-las e levá-las para a Igreja.

E então você lhe dá o recibo de doação?"


"Sim." Eu ignoro o olhar de Hank e procuro em minha mente por uma

mudança de assunto. "Nós ainda estamos indo pescar na próxima quarta-feira?

Cletus quer vir."

“Nós sempre vamos pescar na quarta-feira. A única razão pela qual não

fomos esta semana era porque eu tinha que estar na cidade. E pare de tentar

mudar o assunto." Ele sacode sua cabeça, soando e olhando como se

considerasse este tópico muito divertido. "Você acabou de provar meu ponto de

vista."

"Que ponto? Do que estamos falando?" Suspiro cansadamente, olhando

para o lado e observando com alívio que Christine e sua comitiva estavam

saindo do bar.

"Não estou muito surpreso com o que você fez com Genie. Mas

enquadrado nesse contexto, por que você ainda está irritado com aquela mulher

mecânica?"

"É porque ela é muito bonita." Duane arranha sua mandíbula pensativa,

olhando para mim.

Abro minha boca para discutir, não porque não penso que ela é bonita,

mas porque não é por isso que eu estou chateado, mas Hank entra: "O que você

quer dizer, muito bonita? Quão bonita ela é?”

"Como, supermodelo elegante, bonita."

"Oh, homem, vou ter que verificar essa garota."

"E quanto a Patty?" Eu dou um olhar aguçado a Hank.

"Nada de errado em olhar, Beauford." Ele sorri ao redor de gole de sua

cerveja.

"Ela não é uma menina." Duane tira a cerveja e depois acrescentou: "Ela é

mais velha do que nós. Eu acho que ela tem pelo menos trinta."
"Isso não importa para mim, e certamente não importa para Beau." Hank

levanta o queixo em minha direção. "Você sabe que ele gosta de suas mulheres

mais velhas."

"Tenha ela." Eu aceno para meu amigo. "E boa sorte."

Os olhos de Duane ficam sem foco, como se estivesse debatendo

pensamentos de peso. "Ela é quase muito bonita, você sabe?"

"Muito bonita?" Hank balança a cabeça, seus olhos se movendo de mim

para Duane. "Não existe tal coisa."

"Sim, existe," eu digo abertamente. "Você sabe, como quando alguém tem

um talento, como são muito bons no futebol ou são muito inteligentes? Tudo

sobre o que se concentra sobre ele mesmo como é esperto? Ele não é

inteligente? O mesmo vale para pessoas que são muito bonitas. Seu talento é o

que ela parece."

"Ela é boa em consertar carros." Duane aponta sua cerveja para mim antes

de tomar um gole.

"Então, ela é realmente vaidosa?" Hank aborda esta questão para mim,

mas Duane responde.

"Não. Ela não é nada vaidosa.” Meu irmão fica intrigado quando diz isso.

"Não tanto quanto eu posso dizer, afinal. Ela fica coberta de sujeira, gordura e

suor como o resto de nós, e não parece se importar. Ela é apenas... bonita

demais. É difícil olhar para ela.”

Eu sabia exatamente o que Duane queria dizer, era difícil de ver. Sua

beleza também é áspera, muito flagrante. Embora eu não goste da mulher,

encontrar seu olhar ainda envia meu juízo fora do meu cérebro.

Hank continua parecendo confuso. "Então, como ela é, de outra forma?

Ela é legal?"
Duane encolhe os ombros. "Não particularmente. Ela é profissional, até

certo ponto. Cletus a chama de eficiente."

"Duane e Cletus saberm." Eu indico meu irmão com minha cerveja.

"Ela fala com eles, mas ela ainda não fala comigo."

"Então, Senhorita muito bonita ignora um monte suas boxers heim?"

Hank parece como se estivesse sufocando uma risada.

"Como eu disse, não tem nada a ver com a aparência dela. E ela pode

continuar me ignorando. Não me importo com isso. Mas você ficaria irritado

também se alguém que você não conhece dissesse que seu rosto é distorcido.”

"Ela não disse que seu rosto é distorcido, manequim." Duane revira os

olhos.

Aponto para o meu irmão. "Ela disse que seu rosto é perfeitamente

simétrico e o meu rosto é distorcido. Isso, e que eu sou um idiota, é como ela

pode nos diferenciar."

Hank grita uma risada.

Olho para o meu amigo. "E eu sou o único que precisava pedir

desculpas?"

"Agora veja, eu não acho que você precisava se desculpar por confundi-la

com uma stripper. Eu acho que você precisava se desculpar por sugerir que ela

tirasse suas roupas. Há uma diferença.” Duane assenti com as próprias

palavras.

"Tecnicamente, não sugeri que ela tirasse a roupa. Sugeri que ela as

mantivesse."

Hank esfrega o queixo. "Você não deveria ter feito nenhuma referência a

suas roupas em tudo, especialmente porque você estará trabalhando com ela no

futuro próximo. Isso não é profissional."


"Não é profissional?" Eu não posso acreditar nas palavras que sairam da

boca do meu amigo, especialmente considerando que foi a sua prática de enviar

strippers para me receber em casa que causou essa bagunça em primeiro lugar.

"Não me olhe assim. Trabalho em um clube de strip-tease; Você trabalha

em uma loja de automóveis. Claro que tenho que falar com minhas funcionárias

sobre seus figurinos e tal." Hank me dá um olhar afiado enquanto ele leva a

cerveja para a boca e diz antes de tomar um gole, "O único striptease que você

deve discutir com esta mulher é recuperar as peças do carro."


CAPÍTULO 3

"Eu não deixarei que ninguém passe por minha mente com seus pés sujos."

― Mahatma Gandhi

*Beau*

"Ei. Sou eu. Beau." Olho para trás no estacionamento da loja de

automóveis, esfregando meu pescoço, não sabendo o que dizer e, finalmente

resolvendo, "quando você ouvir isso, me ligue de volta... tchau."

Abaixando o telefone da minha orelha, examino a tela. Eu não tenho

ouvido falar de Darlene, exceto um único texto ontem, quando ela me disse que

não iria para a casa dos pais no fim de semana.

Eu não sou fã de incerteza. Eu não gosto muito de surpresas, o tipo bom

ou o tipo ruim, e agora estou descobrindo que um relacionamento exclusivo, ou

relação potencialmente exclusiva, entre duas pessoas aparentemente vem com

um caminhão de incerteza.

Uma pontada estranha e persistente em meus pulmões me fez respirar

fundo enquanto enfio meu telefone no meu bolso traseiro. Não prestando

atenção especial aos meus arredores, entro na garagem e volto para o Honda

Accord da Sra. McClure. Ela o trouxe obedientemente para o serviço de 380 mil

quilometros, e eu estou no meio de mudar sua correia de distribuição.

Em seguida, era o aparelho de ar condicionado para o Corolla de Naomi

Winters, depois o volante curvado de Mae Evans, o radiador de Joseph Fletcher,

e assim por diante.


E, finalmente, com sorte, quando todo o trabalho real acabasse, eu seria

capaz de trabalhar na nova Plymouth Fury 1958 da loja, a que eu vi no

estacionamento no início da semana, mas não reconheci. Alguém em Knoxville

tinha vindo inesperadamente enquanto eu estava em Nashville e vendeu para

Duane, precisando do dinheiro.

É um carro de números correspondentes, uma verdadeira beleza de um

carro, e eu não posso esperar para colocar minhas mãos sobre ele. Um carro de

números correspondentes é o termo que os aficionados por automóveis

clássicos usam para descrever carros com componentes principais originais ou

grandes componentes que combinam uns com os outros. Os carros numéricos

correspondentes são extremamente raros, especialmente Plymouths de sessenta

anos com menos de cem mil quilometros neles.

Eu tinha algumas idéias sobre como resolver o problema sem precisar de

novas peças.

Distraído, não peguei imediatamente o som das vozes até que um dos

falantes gritou, e parecia irritado. Sentado, eu me inclino em torno do suporte

do capô do Honda e escaneei a frente da garagem. Eu vi Shelly primeiro, de pé,

com os braços cruzados, o queixo inclinado desafiadoramente e, em seguida,

Drill, um membro sênior do clube de motos Iron Wraiths, na frente dela,

gritando com tanta força que o rosto estava vermelho.

"...você acha que é, sua cadela louca? Você sabe com quem você está

conversando?"

Agora, eu tinha pensamentos semelhantes sobre a senhorita Shelly

Sullivan na segunda-feira a primeira vez que a conheci. Mas na verdade eu

estava com fome e cansado. Vergonha para mim. Ela é minha empregada e

minha colega de trabalho; mais do que isso, ela é um ser humano.


Além disso, chamar alguém de um palavrão no calor de um momento de

colapso é muito diferente de gritar em seu local de trabalho.

Corri para eles e ouvi Shelly dizer: "Eu não preciso saber quem você é

para compreender que você é um desperdício de sangue e órgãos. Se você fosse

mais degenerado, você seria um pastrami."

"O que? Pastrami?"

"Você sabe, ‘em pão’ como pastrami. Em um sanduíche." Ela disse isso

devagar, como se ele fosse mesmo anormal. Eu estremeci com isso,

especialmente com sua atuação. Também me diverti com o insulto. A mulher

era tão inteligente quanto fria. No entanto, ser fria não queria dizer que ela

merecia ser assediada por Drill.

"Agora, espere um minuto," eu chamo pisando entre eles e tentando os

forçar separados. Drill deu três passos para trás, a veia em sua testa latejando.

Shelly, no entanto, não moveu uma polegada. Senti seu corpo diretamente atrás

do meu, obstinadamente firme.

Drill é um homem grande, calvo e carnudo, não alguém que eu

particularmente quero lutar. Mas eu sei que ele é razoável, na maioria das

vezes. Eu tinha esperança de ser capaz de resolver a situação.

"Ei, Drill." Eu estendo a mão, movendo meu corpo inteiro na frente de

Shelly para bloquear sua visão.

O grande homem piscou para mim, como se ele demorasse um momento

para ver sobre sua própria raiva e me ter em foco. Por fim, ele aceitou meu

aperto de mão.

"Beau," ele diz com força.

Soltando sua mão, coloco as minhas em meus quadris. "O que eu posso

fazer por voce?"


O olhar dele arremessa, seus traços ficando escuros. "Primeiro, eu gostaria

de saber por que contrataram essa maldita harpa...”

"Whoa, whoa, whoa." Eu levanto minhas mãos entre nós e aceno a cabeça.

Eu ainda posso sentir Shelly atrás de mim, porque ela apenas respirou fundo e

liberou. Senti o ar no meu pescoço e seu peito escovar contra minhas costas.

"Agora, espere um minuto. Não sei o que a senhora...”

"Senhora?" Drill bufa, falando através de dentes cerrados. "Essa não é

nenhuma senhora."

"Está bem, está bem. Vamos parar aqui." Eu dou a Drill o meu sorriso

mais praticado, o que eu uso em Cletus quando ele entra em um estado

confuso, e viro para Shelly. Ela ainda não saiu. Sou forçado a dar um passo

atrás para evitar pisar nos dedos do seu pé. "Uh, Senhorita Sullivan? Você

poderia nos dar um minuto?"

A visão do olhar da mulher, que, como de costume, dá ao meu cérebro

um soluço rápido, transmitindo quantidade. Eu meio que espero que Drill

exploda em chamas atrás de mim.

Lentamente, bem lentamente ela move os olhos para os meus e, graças ao

Senhor, uma boa parte de sua fúria se dissipou. Se eu não a conhecesse, diria

que o olhar dela suavizou. Ela pisca para mim, engole em seco e acena com a

cabeça uma vez.

Sem uma palavra ou poupar outro olhar para Drill, ela se vira e sem

pressa entra na garagem.

Espero até que ela esteja a cerca de vinte metros de distância antes de

voltar para Drill. "Tudo bem, você quer me dizer o que aconteceu?"

"Essa porra..."
Eu entrecerro meus olhos no grande homem, levantando uma mão e

rapidamente abano minha cabeça. "Veja agora, essa senhora trabalha aqui. Ela é

minha empregada, e não posso ter você falando assim sobre ela, ou Duane, ou

Cletus dessa forma." Eu faço uma pausa para efeito, encolhendo os ombros,

"Ok, talvez Cletus."

A piada funciona e Drill lança uma pequena risada, esfregando o rosto

com uma palma carnuda. "Inferno, Beau. Onde você a encontrou?"

"O que aconteceu?" Eu tentonovamente, mais calmo.

Drill e eu não somos exatamente amigos, mas nós somos amigáveis. A

história da minha família com os Wraiths é longa e torcida, e manter a paz com

a gangue de motociclista local significa, por vezes, engolir nosso orgulho

quando o assunto não é vida ou morte.

Ele faz uma pausa, me dando um olhar crítico, antes de resmungar: "Não

importa."

"É melhor importar," eu digo de forma uniforme, não entendendo por que

estou pressionando o problema. Por alguma razão inexplicável, um brilho de

proteção com a senhorita Shelly Sullivan me fez acrescentar: "Porque o que eu

vi com certeza, como o inferno, importa para mim. Eu odiaria pensar que você

está por aí gritando palavrões para mulheres aleatórias."

O lábio de Drill enrola em um sorriso despreocupado. "Você não pode ter

uma mulher parecida com essa, trabalhando em um lugar como esse, e não

esperar que alguém perceba."

"O que. Você. Fez?"

"Bem bem. Tudo certo? Talvez eu a tenha assustado um pouco.” Ele

gesticula de forma selvagem para nada em particular. "Eu a vi inclinada sobre


aquela moto e, por favor, Beau. Você já viu essas pernas? Inferno. E essa bunda.

E, Cristo, esses olhos. Eu nunca..."

"Drill," eu chamo, dando ao grande homem um brilho de repreensão.

Ele levanta as mãos. "Eu juro, não a toquei. Tudo o que eu disse foi que ela

tem um belo traseiro e a chamei de querida. É isso aí. E você pensaria que

chamei a mãe dela de prostituta."

"O que ela disse?" Agora eu só estou curioso.

Ele hesitou por um momento, e admitiu: "Ela disse algo sobre eu ser tão

afiado quanto uma bola de boliche."

Abaixo meu queixo no meu peito, tentando o meu melhor para não rir.

"E tem mais." Seu olhar cai no chão e seus olhos se arregalam, como se

estivesse lembrando todos os seus insultos. "Ela foi realmente má."

Eu acredito nele, em tudo.

Mas ele é um peso pesado de quatro pés de motociclista. E ele está quase

amuado porque alguém foi mau com ele.

"Ok." Eu suspiro, olhando para além de Drill no horizonte. Eu preciso

pensar.

Por um lado, não é certo ou apropriado ele comentar sobre a sua

admiração pela parte traseira da Senhorita Sullivan. Por outro lado, isso é Drill.

Ele é, de longe, o mais equilibrado e justo dos Wraiths. Se fosse

qualquer um dos outros, Shelly seia derrubada antes de ter uma possibilidade

de intervir.

"Ouça..." Eu faço uma pausa, ainda debatendo sobre como proceder.

"Você está indo pescar conosco na quarta-feira?"

Drill me olha e depois assentiu uma vez. "Está certo. Hank quer que eu

traga Catfish e Twilight."


"Bom. Isso é bom." Eu esfrego minha testa cansada. "Por que você passou

por aqui hoje? Você precisa que eu veja sua motocicleta?"

"Não. Nada disso." Drill dá um passo e chuta no cascalho da unidade, não

encontrando meus olhos. "A old lady de Razor quer uma reunião com você."

Eu me levanto, convencido de que o tinha ouvido. "Como é?"

"Christine." Ele diz seu nome com uma reverência silenciosa, como se

estivesse falando sobre o homem papão. Ou, neste caso, mulher papão.

"Ela quer um encontro."

"Por quê?"

"Ela não disse." Drill lambe os lábios e eu sei que esse é um hábito dele

nervoso. "Só que não devia chamar Duane, só você."

Estudo o homem maior, pensando rapidamente sobre o que isso pode ser,

e, finalmente, decido que seu pedido de reunião tem haver com o uso de

minhas habilidades como um mecânico para o homem sua loja de desmanches.

E, honestamente, isso me desconcerta.

Cerca de um ano atrás, os Wraiths se aproximaram de Duane com uma

ameaça, dizendo-lhe que ele e eu precisávamos desmontar seus carros

roubados, mas apenas Duane e eu, não Cletus. Eles apresentaram evidências

contra nosso irmão mais velho, Jethro, e se Duane e eu não concordássemos

com suas demandas, eles estavam preparados para enviar Jethro à prisão.

No final, Cletus e suas maquinações furtivas salvaram o dia.

Agora, eu presumo que eles buscam mais do mesmo.

Eu faço uma careta para Drill. Não estou bravo. Apenas um sorriso

irritado. "Nós resolvemos isso no último ano. Eu não estou trabalhando para

você."
Drill está balançando a cabeça antes de terminar. "Não. Nada como isso.

Entre você e eu, Christine pode ser louca, mas ela estava lá quando Cletus

mostrou sua mão. Ela sabe que a evidência contra Jethro é inútil. Isso é sobre

algo mais."

"Sobre o que pode ser? Claire?" Claire sendo a única filha de Christine e

de Razor. Claire é uma boa amiga de Jethro e Cletus. Ela se afastou de Green

Valley há cerca de um mês para assumir uma posição de docente na cidade

grande, mas ela e Cletus estavam prestes a tocar em um concurso de música

juntos em Outubro.

Drill encolhe os ombros, seus traços s em uma máscara de desamparo. "Eu

diria se eu soubesse. Mas, você sabe como ela é."

"Na verdade, não." Eu mordo o interior da minha bochecha com a minha

língua. "Eu nunca falei com a mulher."

"Se você fez ou não, está prestes a mudar." Ele me deu um olhar rápido

com o que parecia simpatia. "O que a old lady de Razor quer, a old lady de

Razor recebe.”

DEPOIS QUE EU PROMETI PENSAR no encontro com Christine St. Claire,

Drill saiu, dizendo que ele me daria duas semanas para pensar sobre isso. Eu

falei para ele um mês.

Agora, eu vadiei.

Eu não sou muito diabólico. Normalmente, sou um executor. Mas prefiro

ter um tratamento de canal do que falar com Shelly sobre os eventos da manhã.

É o dia de folga de Duane e Cletus no escritório. Considero se devo ou não ser

breve com ele sobre a situação e deixá-lo lidar com isso.


No final, não sou eu que faço a busca. Ainda vadiando na entrada da

garagem, Shelly se aproxima. Como antes, seus passos são sem pressa,

confiantes.

Eu me preparo, instintivamente, todos os meus músculos ficando tensos, e

olho para o lado dela enquanto se aproximou. Duane está certo, é difícil de ver

diretamente. Ela deveria estar nos braços de um bilionário em Hollywood ou

Paris, ou caminhando em um desfile em algum lugar. As pessoas não se

parecem com ela na vida real.

A noiva de Jethro, Sienna, é a mulher mais atraente que eu já vi até agora,

até essa mulher mecânica. Mas Sienna não é distante. Ela sorri facilmente, conta

piadas, é gentil com todos, e isso a torna acessível. E Sienna sendo Sienna faz

com que todos se esqueçam de que ela é linda do lado de fora, porque o coração

dela eclipsa no exterior.

Considerando que penso que serei capaz de esquecer a beleza fria de

Shelly. É como olhar para alguém através de uma parede de gelo. É tudo que eu

posso ver.

"Ele foi?" O peso de seu olhar parece mais físico do que antes, ainda de

alguma forma menos evocativo.

"Sim, sobre isso..." Eu exalo silenciosamente, me preparando para dizer o

que precisa ser dito. "Ele não deveria ter falado com você dessa maneira, e

lamento que tenha acontecido. Eu conversei com ele e isso não acontecerá de

novo."

Shelly enfia os dedos nos bolsos traseiros. Ela está usando shorts jeans em

vez das malhas, que mostram suas pernas longas, bronzeadas e lisas. Parte de

mim quer sugerir que ela fique com os macacões de agora em diante, para

evitar comentários indesejados dos clientes.


Mas então, em algum lugar no fundo da minha mente eu ouço a voz da

minha mãe dizer: "Você não culpa a galinha quando uma raposa entra na casa da

galinha."

Embora, Shelly não seja galinha. E Drill não é a raposa. Mas a analogia

ainda se encaixa. Além disso, não é possível escondê-la atrás de macacões. Ela é

impressionante, não importa o que use.

"É isso?" Ela pergunta. A menos que eu esteja imaginando coisas, seus

ombros parecem relaxar um pouquinho.

"É isso aí."

Ela ergue o queixo, me inspecionando. Tenho a sensação de que ela está

tentando determinar se estou sendo sincero, o que, por sua vez, me faz pensar

por que essa mulher é tão desconfiada.

Enquanto trocamos olhares, eu vejo o Sr. McClure, o chefe dos bombeiros,

parar na parte de cascalho pela minha visão periférica. Internamente,

amaldiçoo. Graças a boca grande de Drill, eu estou correndo atrás da correia da

Sra. McClure.

Abruptamente, Shelly anuncia: "Se eu quisesse comentários sobre a minha

bunda, eu iria para um proctologista."

Meu sorriso sai mais como uma careta neste momento. Eu tento suavizar

com algo genuíno. "Claro."

"Eu quero consertar carros."

"Parece bom."

Não devo estar lhe dando as respostas que quer, porque sua mandíbula

aperta e seu olhar é feroz. Mas antes que ela diga alguma outra coisa, o Sr.

McClure chama em uma saudação.

"Ei, filho. Quente o suficiente para você?"


Volto minha atenção para o chefe dos bombeiros e lhe dou uma saudação,

o que rapidamente transforma-se em um aperto de mão assim que ele está perto

o suficiente. "Bom dia, senhor. Eu ainda não terminei com o carro da sua

senhora. Eu deveria ter enviado mensagens. Me desculpe por isso."

"Oh, não é incômodo. Eu posso esperar." O homem mais velho encolhe os

ombros, voltando sua atenção para Shelly. Dando-lhe um sorriso gentil, como é

o seu estilo, ele estende a mão. "Olá. Eu sou Carter McClure. Quem seria você?"

Olho para Shelly, esperando que ela aceite o aperto de mão do chefe de

bombeiros.

E então espero mais.

E continuo a aguardar.

Com horror, assisto enquanto ela olha para o Sr. McClure, uma das

pessoas mais gentis, mais generosas e bem-intencionadas na face da terra, e

então olha para a mão dele. Sem dizer uma palavra, ela se vira e se afasta.

"EU NÃO GOSTO DELA," eu estou gritando antes mesmo de ter a porta

completamente aberta, permitindo que ela bata contra a parede quando entro

no escritório.

Como de costume, Cletus não olha para cima do que quer que fosse tão

fascinante para ele na tela de computador.

"Cletus? Me ouviu? Eu não gosto dela. Ela não pode trabalhar aqui."

Ele continuou a clicar em coisas na tela e finalmente, finalmente, me dá a

sua atenção. "Não importa se você gosta dela ou não, Beau. O que importa é se

Shelly Sullivan é uma boa mecânica. Ela é uma boa mecânica. Além disso,

assim, como cara a cara, e assim por diante. Preencha o espaço em branco."
Eu tento, Senhor, como eu tento, igualar meu tom. "Ela pode ser uma

mecânica decente. Mas ela é tão espinhosa quanto um porco-espinho.”

"Não, Beau. Ela não é uma mecânica decente. Ela é uma grande

mecânica."

Abro minha boca para - eu nem sei porque, ele está certo, ela é uma

grande mecânica, e Cletus fala sobre mim. "Duane está saindo antes da Ação de

Graças. Temos muito trabalho como está. Precisamos de ajuda. Agora, deixe-

me. Eu preciso terminar isso antes da minha reunião com Drew."

Como se tudo estivesse resolvido, Cletus se vira, de frente para a tela do

computador.

Eu olho para ele, fervendo, tentando controlar minha raiva. Engulo a

onda de fúria ameaçando me atrapalhar, respirando profundamente por um

bom tempo. Eu conheço meu irmão. Nenhuma quantidade de gritos da minha

parte o fará ouvir. Provavelmente ele apenas cavará os calcanhares.

Sem desviar o olhar de seu trabalho, ele responde: "Eu vou pedir-lhe que

pare de tentar penetrar no meu cérebro com os raios laser que você chama de

olhos."

"Não terminei de falar sobre isso."

Bufando alto, ele vira a cadeira para me encarar. "Por que não falamos

sobre outra coisa, como os preparativos para a despedida de solteiro de Jethro?

Você terminou a caça ao tesouro?"

"Sim eu fiz. Duas semanas atrás. Pare de mudar o assunto."

"Bem então." Ele mostra os dentes. "Vá em frente e fale sobre Shelly."

"Ela é rude. Não apenas para mim. Ela é rude com os clientes."

"Por que ela está falando com os clientes? Esse é o seu trabalho.”
"O que você quer que eu faça? Esconda-a debaixo de um carro? Ela é

impossível de perder, Cletus. Ela parece ser uma dessas... dessas... daquelas

modelos de revistas."

"Quais revistas são essas?" O tom de Cletus está seco e pesado com

significado implícito porque sim. Bem. OK? Eu gosto de revistas de carros e eu gosto

de olhar para as modelos nelas.

Satisfeito?

Eu jogo minhas mãos para cima e depois as coloco nos meus quadris.

"Você sabe o que eu quero dizer. Se as pessoas a avistam querem falar com ela."

"Você quer dizer que os homens a vêem e querem falar com ela."

"Sim. Bem. Homens. Os homens querem conversar com ela. E então ela os

insulta. Você realmente acha que essa é uma boa estratégia de negócios?

Contratar uma mulher maravilhosa para insultar nossos clientes masculinos?"

"Não. Não, eu não acho." Seu tom é sério, mas não perco o

estremecimentono canto da boca dele.

O bastardo sorrateiro pensa que isso é divertido.

"Oh, isso é engraçado?"

Ele não responde, mas está rindo.

"Você está rindo?"

"Não," ele diz, ainda rindo.

É a coisa errada para ele fazer. A raiva ferve, a pontada nos meus pulmões

em relação a Darlene, minhas frustrações, tudo escolhe esse momento para

ferver.

Antes de saber o que estou fazendo, bato no porta lápis e nas pilhas de

papéis do armário com um rosnado.


Finalmente, ele para de rir. E quando eu o enfrenti, seus olhos estão

disparando fogo contra mim.

"Você vai pegar essa bagunça, Beau Fitzgerald Winston."

Eu estou muito irritado, muito chateado, e talvez muito orgulhoso para

fazer o que ele ordenou.

No entanto, não vou muito longe para perceber que é Cletus que estou

abordando. Se alguém pode fazer da minha vida um pesadelo, é ele. Ao invés

de obedecer suas demandas, aponto um dedo na direção do caos e digo: "Vou

pegar quando estiver bem e pronto para buscar."

Então eu me viro, batendo a porta atrás de mim enquanto caminho pela

escada, quase colidindo com Drew Runous na entrada da escada. Murmuro um

curto pedido de desculpas, passo por ele, saio da garagem para o pátio de trás,

onde eu posso acelerar e me acalmar.

Cletus não quis demitir a mulher? Bem.

Bem.

Está tudo bem.

Mas diabos, se eu tenho que trabalhar com ela. Ou falar com ela. Ou olhar

para ela.

Tanto quanto estou preocupado, ela e sua rude e perfeita bunda não

existem.
CAPÍTULO 4

"A realidade existe na mente humana e em nenhum outro lugar."

― George Orwell, 1984

*Shelly*

"Eu tenho pensamentos sexuais invasivos."

"Diga-me." Duas palavras.

Respiro e conto silenciosamente até dez antes de falar novamente. "Você

acha que é a nova medicação?"

A Dra. West sacude a cabeça. "Eu não sei, Shelly. Descreva esses

pensamentos que você tem tido. Então podemos descobrir se são os

medicamentos ou se é algo mais acontecendo." Quatro palavras. Seis palavras.

Dezesseis palavras.

Eu mordo minha língua, não difícil, apenas o suficiente para não informar

a Dra. West que ela está consistentemente falando em frases com um número

par de palavras. Eu prometi a mim mesma que não iria contar.

Mas aqui estou eu, contando.

Pare. Pare. Pare.

Em vez de chamar a atenção para o número de palavras em suas frases, eu

limpo a garganta e tento não pensar nisso, sem contar desta vez. " Isso tem

acontecido com algum de seus outros pacientes?"

"Não com fluoxetina, mas esta é a sua primeira vez com um

antidepressivo. Descreva o que está acontecendo." Doze palavras. Quatro palavras.

Pare. Pare. Pare.


"Eu... eu penso em um dos meus colegas de trabalho. Frequentemente. De

maneiras inadequadas." Eu olho da cabeça da Dra. West para a parede branca

atrás dela.

Ela não tem pinturas nas paredes do escritório. Ela explicou durante a

nossa primeira sessão, seis semanas atrás, que seus pacientes, o tipo de

pacientes que ela trata, tornavam-se facilmente distraídos por decorações.

Sem pinturas. Sem revistas. Sem confusão. Apenas a cadeira, uma cadeira

para o paciente dela, e uma mesa de café entre nós. O único outro objeto na sala

é um purificador ar no canto.

"Você precisa ser mais específica." Seis palavras.

Pare. Pare. Pare.

Coloco minha atenção na Dra. West e sua gentil expressão. Foi essa

expressão gentil olhando para mim nas páginas de uma revista no ano passado

que me convenceu a finalmente fazer isso.

Mais precisamente, foi a expressão gentil da Dra. West e o fato de que a

esposa do meu irmão acabou de descobrir que estava grávida de seu primeiro

filho.

Meu sobrinho nasceu há algumas semanas. Eu não visitei. Não consigo

segurar ele. Não posso. Eu quero, desesperadamente, mas toda vez que eu

penso sobre isso...

E se? E se ele se machucar? E se você for o motivo de algo acontecer? E se?

"Shelly?" ela induz.

Eu demoro muito para responder.

Ar filtrado chega aos meus pulmões, procuro ser completamente honesta

sem entrar em detalhes muito desnecessários sobre meus pensamentos sobre

Beau.
Eu aprendi ao longo da minha vida que fornecer muitos detalhes ou ser

também muito expressiva, muitas vezes desconcerta as pessoas.

"Eu penso em seu sorriso. Ele faz piadas. E ele é amigável. Ele sai do seu

caminho para ajudar as pessoas."

"Há quanto tempo você o conhece?" Seis palavras.

"Apenas duas semanas."

"E você o vê com que frequência?" Seis palavras.

"Quase todos os dias."

"Ok, então, por que você acha que seus pensamentos são invasivos ou

sexuais?" Doze palavras.

Esfrego minha testa, me repreendendo por contar. Simplesmente pare. Pare

com isso. Pare com isso. Pare com isso.

"Eu penso em suas mãos. Eu penso sobre como ele parece sem roupas. Eu

penso em tirar minhas roupas. Eu penso em nós nos beijando. Ele me tocando."

"E então?" Duas palavras.

"Isso é tão longe quanto eu consigo."

"Realmente, Shelly?" Duas palavras.

Pare. Pare. Pare.

"O que? Deveria ter trazido diagramas?"

Ela se permite um pequeno sorriso e eu sei que ela pensa que minha

pergunta é engraçada. A Dra. West não sorria em tudo quando começamos as

nossas sessões cara a cara pelo Skype no ano passado, e eu gostava disso sobre

ela. Os sorrisos entre estranhos são um show, uma máscara, direção errada,

manipuladora.

Ou eu costumava pensar assim.

Antes de Beau Winston.


"Não se preocupa em infligir dores físicas a ele? Feri-lo?" Seis palavras.

Duas palavras.

"Não. Nunca."

"Você sente medo? Quando você imagina que ele toca você?" Quatro

palavras. Seis palavras.

Pare. Pare. Pare.

"Não. Nada." Eu digo ao meu coração para abrandar. Ela não está fazendo

isso de propósito

Ela olha para mim, considerando com o pequeno sorriso ainda no lugar.

"Você acha que, talvez você esteja atraída por esse cara? Seu colega de

trabalho?" Dez palavras. Quatro palavras.

Não posso aguentar mais. "Por que você está falando em frases pares?"

"O que?" Duas palavras.

"Você fez isso de novo, doutora. Cada uma das suas frases tem um

número par de palavras. Você sabe que prefiro frases com um número ímpar.

Este é o início de um plano ERP secreto? Você está testando minha resistência?"

No momento em que termino de falar, estou sem fôlego.

E muito desapontada comigo mesma.

Eu não solto meu olhar, embora o calor da vergonha arraste pelo meu

pescoço e minhas bochechas. E isso é bom. Estou acostumada a ficar

envergonhada. Neste ponto da minha vida, um constrangimento é o meu

normal.

A Dra. West olha para mim por quatro segundos, e depois diz: "Sinto

muito, Shelly. Assim está melhor?" Ela fala deliberadamente, devagar, como se

estivesse planejando o que dizer, contando suas palavras em sua cabeça.


Eu odeio que ela tenha que fazer isso. Eu odeio que isso funcione. Eu

odeio que já estou me sentindo melhor, mais calma.

Eu olho para ela porque não posso me encarar. Uma onda de impaciência

me inunda e eu sussurrp: "Você tem que me consertar."

"A terapia não é sobre ‘consertar’, Shelly. Estamos construindo estratégias

para ajudar a redirecionar suas respostas existentes. Você sabe disso. Você está

mostrando um bom progresso. Mas você..." Ela faz uma pausa, e eu posso ver

que ela está tentando manter uma conta mental de quantas palavras que ela

fala, "viveu com este transtorno toda a sua vida, e... você abriu espaço para

isso." Cinco palavras. Nove palavras. Três palavras. Cinco palavras. Dezessete

palavras.

"Eu quero segurar Desmond," imploro. "Abraçar meu irmão. Ver os meus

pais. Eu preciso dizer-lhes a verdade sobre o que fiz com eles. Por favor."

O argumento começou há três sessões. Eu tinha quebrado e chorei no

escritório dela. Eu chorei e chorei. Foi a primeira vez que chorei desde a

infância.

Nós estávamos discutindo meu irmão, Quinn. Eu não o abraço há anos,

antes do funeral do nosso irmão mais velho. Desde que comecei a mentir para

ele o tempo todo. Mentirosa me define mais do que qualquer outra palavra.

Eu sinto falta dele.

Perdi meus dois irmãos.

E perdi meus pais.

E eu quero segurar meu sobrinho.

E eu quero abraçar minha cunhada e agradecer-lhe por amar meu irmão,

ferozmente.

Mas eu não mereço nenhum deles, não depois do que fiz.


Ainda não.

Talvez nunca.

Meu peito doí com o pensamento.

Desde a minha sessão de choro, sinto-me fora de equilíbrio, sensível. Eu

também sinto muito. Parte de mim pergunta se é um efeito colateral da

medicação. Dra. West disse que eu tive um avanço. Eu não me sinto confiante

em sua explicação.

"Isto é sobre manter Quinn de seus pais, correto?" A Dra. West vira para a

parte de trás de suas anotações. "Depois que seu irmão mais velho morreu?"

Nove palavras. Cinco palavras.

"Sim."

"Quando sua mãe ligou para você e pediu para você falar com Quinn.

Mas então você... teve medo que ele fosse deixá-la em Chicago." Treze palavras.

Onze palavras.

Meu estômago doe na memória, então eu cruzo meus braços sobre meu

abdômen. "Sim. Eu não queria que Quinn voltasse para Boston. Eu não queria

ficar sozinha novamente."

"Você falou-lhes que ele disse... que não queria ter nada a ver com eles.

Com seus pais." Quinze palavras. Três palavras.

Você não os merece. Eles merecem mais. Tanto, tanto, tanto melhor.

Eu gemo, meu coração e minha mente correndo, e baixo meu olhar para a

camisa. É azul. Mas não muito clara, não marinho, não royal.

"O que você pensando sobre isso?"

"Sua camisa, que cor de azul é essa?"

"Shelly, por favor, concentre-se. Eu sei que discutir esta situação, o que

aconteceu com a sua família depois que seu irmão mais velho morreu e as
decisões que você tomou, é muito difícil para você. Mas a hora virá, quando

você terá que dizer a verdade e distrair-se não será uma opção. Você precisa

assumir a responsabilidade por mentir para Quinn. E seus pais." Três palavras.

Vinte e cinco palavras. Vinte e uma palavras. Nove palavras. Três palavras.

Concordo com a cabeça, obrigando-me a focar e enfrentar minha

ansiedade. "Eu quero me desculpar, fazer as coisas direito."

"Então você vai." Ela parece tão certa.

E estou tendo problemas para respirar. "Ele vai me odiar."

"Ele pode, e ainda assim você precisa se responsabilizar por suas ações."

Treze palavras.

"Eu prometo," dou-lhe um olhar, "eu não menti para você."

"Eu sei, Shelly." Sua expressão é paciente.

"E eu não minto para ninguém em mais de um ano."

"Mas você tem evitado seu irmão Quinn há dois anos e sua cunhada por

meses."

Eu engulo um nó na minha garganta. "Estou quase pronta. Eu só preciso

de um pouco mais de tempo. Eu preciso estar melhor."

A Dra. West me considera, então continua falando em seu ritmo medido.

"Sua desordem cresceu. Nós diminuiremos seu controle sobre você. Mas isso

vai precisar de paciência. O ano passado foi a primeira vez que você tentou

superar seu TOC. A primeira vez que você procurou tratamento em toda a sua

vida. Ainda há muito trabalho para ser feito. Mas eu sei que você pode fazer

isso." Cinco palavras. Sete palavras. Cinco palavras. Treze palavras. Onze palavras.

Nove palavras. Sete palavras.

Seus olhos castanhos e macios se movem sobre mim, procurando. "Eu não

quero trazer isso novamente, se isso a aborrece, mas a opção de verificar a si


mesma permanece. Poderíamos abordar a sua aversão ao toque em um

ambiente seguro onde você estará monitorada."

"Não." Um medo dispara através de mim, batendo no meu peito como um

raio, e eu luto para manter minha voz a mesma.

"Seria intenso, mas ainda acredito que é o mais seguro e o jeito mais

eficiente..."

"Onde eu vou ser forçada a tocar estranhos? Onde eles podem me tocar?

Não." Eu balanço a cabeça com veemência.

"Suas compulsões limitam o que pode ser feito na configuração do

escritório. Sem supervisão, o plano de ERP que criamos, quando estiver pronto,

pode não..."

"Então vou trabalhar mais por minha conta." Determinação firma minha

voz.

Minha terapeuta aperta seus lábios juntos e concorda com a cabeça

sombriamente, anotando algo em suas notas. "Você está escrevendo no seu

diário, Shelly?"

"Sim." Pensar no meu diário faz minhas mãos relaxarem.

A Dra. West desencoraja a manutenção de um diário. Em breve, nas

nossas sessões, quando ainda vivia em Illinois e falávamos pelo Skype, ela me

perguntou sobre manter um diário onde eu listasse três coisas que eu

agradeceria todos os dias. Ela disse que isso ajudaria com meus sentimentos de

ansiedade. Ela estava certa.

"Bom. E você está meditando?"

"Sim."

"Excelente. Como está o trabalho? Quero dizer, como você está se

sentindo sobre as estátuas?"


"Eu fundi as estruturas de cobre. Falta uma parte da prata. Tenho pedidos

para a próxima semana." Eu estudo minha terapeuta quando começo a relaxar e

eu me pergunto se ela trouxe a minha arte porque ela realmente quer saber, ou

porque sabia que isso me acalmaria.

"Uma das suas preocupações com a medicação é que você perderia sua

capacidade de ser criativa. Você está tendo alguma dificuldade?"

Aproveito um momento para refletir sobre sua pergunta. Eu perdi minha

energia criativa? "Eu não sei. Eu fiz os esboços antes de começar a fluoxetina.

Agora estou seguindo esses planos. Estou mais concentrada do que estive no

passado, menos distraída, então estou à frente do cronograma. Mas se a minha

criatividade foi inibida pela medicação, suponho que não vou saber até receber

uma nova comissão."

"Tudo bem, justo." Ela escreve algo em suas anotações. "Existe qualquer

outra coisa que você gostaria de discutir hoje?"

Quero falar novamente sobre Beau.

Eu mordo minha língua, lutando contra o impulso.

Eu quero que ela me ajude a parar de pensar nele. Eu quero parar de

notar como ele é, quão pensativo, quão generoso. Eu odeio com que facilidade

ele foi capaz de desculpar-me na semana passada, e quão sincero ele foi. Eu

acreditei quando ele disse que estava arrependido. Eu também quero discutir

como ele olha para mim, como se ele realmente me visse. Mesmo quando eu o

frustrei, sinto que ele ainda me ve.

Isso não é possível. Ele não me conhece, nem um pouco. Se ele conhecesse, ele

iria correr na outra direção.

Mas ainda assim, eu quero separar cada detalhe de cada conversa que nós

já tivemos.
Portanto, tento um sorriso e digo: "Nada mais hoje."

Eu não estou no Tennessee para pensar em Beau Winston. Eu estou no

Tennessee para melhorar para poder voltar para Chicago e ser a pessoa que

meu irmão, Janie, Desmond e meus pais merecem.

Felizmente, na minha sessão na próxima semana, esses pensamentos

obsessivos sobre Beau Winston seriam uma lembrança distante.


CAPÍTULO 5

"As pessoas tranquilas têm as mentes mais altas."

― Stephen Hawking

*Beau*

Cletus estar certo sobre as habilidades de Shelly não nega o fato de que

eu também estou certo. Ela é ruim para os negócios.

"O que você vai fazer quando eu sair em novembro?" Duane me para,

quando saímos da igreja, uma semana e meia depois do tratamento rude de

Shelly Sullivan para com o Sr. McClure. Eu estou evitando a mulher desde

então.

Não dizer nada a ela é fácil. Ela quase nunca fala comigo ou com

ninguém. Quando ela fala comigo, é sempre para perguntar onde algo está

localizado. No entanto, apesar de seu silêncio, eu nunca esqueço que ela está lá.

Quando eu converso com os clientes, quando meus irmãos param,

quando eu escuto música enquanto trabalho, sinto que ela está me observando.

Apenas para ter certeza de que não sou louco, de vez em quando eu olho para

vê-la, seu olhar me envia fora por duas batidas do meu coração. A mulher não

tenta disfarçar seu escrutínio.

Sua presença irrita como uma rebarba de areia em minhas boxers.

"O que posso fazer?" Eu encolho os ombros, muito além de exasperado.

"Cletus não vai me ouvir, diz que eu sou preconceituoso. Enquanto isso, ela está

olhando furiosamente para nós."


Sra. Julianne MacIntyre trouxe seus dois netos para pegar o carro dela.

Shelly olha para as crianças - o bebê em particular - e se lança na direção oposta.

E o bebê não está irritado, mal cheiroso ou feio. Ele é malditamente fofo.

"Eu tentei falar com Cletus na semana passada." Duane arranha sua barba.

"Eu sei."

Cletus havia instruído Duane para colocar suas preocupações na caixa de

sugestões. Uma nota, Cletus rotulou o triturador de caixa de sugestões do

escritório de cima há um ano quando Duane sugeriu meio dia às sextas-feiras.

"E quanto a contratar uma pessoa para a frente do escritório?" Duane

baixa o volume da sua voz. "Talvez Cletus conceda a isso, e isso manteria as

pessoas fora da garagem. Poderíamos dizer que é uma questão de segurança."

Depois de testemunhar o tratamento de Shelly com alguns clientes, Duane

está preocupado como eu estou. Sua preocupação alivia alguns dos meus

distúrbios. Mas, ao mesmo tempo, me irrita. Ele estava prestes a continuar sua

grande aventura; a loja não é realmente sua prioridade.

Não. Este problema é meu para resolver.

E é um grande problema. Toda vez que um cliente entra na garagem, eu

tenho que parar o que estou fazendo e correr para a frente. Se as pessoas

encontrarem nossa nova mecânica, eles partem nervosos, jurando nunca voltar.

Shelly não aperta a mão de ninguém. Isso é inaceitável em nossa parte do

mundo, especialmente quando um aperto de mão é oferecido. Ela parece

incapaz de ter uma pequena conversa. Se ela não ofende uma pessoa, ela os

assusta. E quando ela conversa, é para fazer um insultante - embora totalmente

válido – comentário.

Quando Devron Stokes veio para pegar seu Chevy, ela contou ao homem

que ele não saiba como dirigir uma transmissão manual e é por isso que a dele
explodiu prematuramente. Ela sugeriu que ele fizesse aulas de condução ou que

andasse de bicicleta.

Ele não se divertiu.

Shelly conseguiu reconstruir sua transmissão pela engenharia e fundição

de peças de reposição por conta própria, salvando ao homem um monte de

dinheiro e para nós uma tonelada de tempo.

Vê o que eu quero dizer?

Talentosa.

Todos ficamos super impressionados. Se ela não fosse má, eu poderia

pedir a ela para me ensinar. Mas ela é má. Assim, não pergunto.

O caso em questão, quando a Sra Simmons trouxe seu carro com uma

nota do marido dela com apenas "710" escrito sobre ele, Shelly virou-o de

cabeça para baixo, apontou para a escrita rabiscada, e disse: "Diz óleo, não 710."

Neste caso, o problema não foi o que Shelly disse, foi como ela disse.

Quando a Sra. Simmons - que acontece de ser mãe de Darlene –

respondeu com "Cuidado com seu tom, senhorita. Eu penso que posso ensinar a

sua boca inteligente uma coisa ou duas."

O olhar de Shelly afiou. Claramente, ela também não gostou do tom da

Sra. Simmons, e sua resposta fez a mulher mais velha ficar vermelha. "Você está

planejando me ensinar a falar como idiota?"

Não ajudando as coisas, Duane sem sucesso reprimiu sua risada, puxando

a raiva da Sra. Simmons. Duane nunca ri.

Como Cletus não faria nada sobre a mulher, Duane e eu trabalhamos um

sistema para manter Shelly escondida da vista. Isso significa que um de nós está

presente na loja em todos os momentos, apenas para ter certeza, que a

produtividade não sofra.


Coçando o pescoço, olho para Cletus. Ele está no estacionamento da

igreja, conversando com o juiz Payton e Carter McClure. Meu curioso irmão

gostava de jogar Shuffleboard1 com os velhos no centro sênior todos os

domingos e eu me ofereci para levá-lo lá hoje.

Ou melhor, ele me pediu para levá-lo, dizendo que eu precisava de

exposição à sabedoria, e esportes sem bolas, o que quer que isso signifique. E eu

concordei, porque eu quero pressionar o problema de Shelly.

"Eu vou descobrir algo." Eu encolho os ombros.

"Como o quê?"

"Ainda não sei."

"Deixe-me ajudar."

Eu balanço minha cabeça. "Não há nada para você fazer."

"Eu não vou sair por mais algumas semanas, talvez eu possa ..."

"Esqueça isso. Estou levando Cletus para o centro sênior, deixe-me

mostrar a idéia de uma pessoa para a frente do escritório no caminho certo."

"Eu não entendo, é como se ele nem percebe como ela é rude." O rosto de

Duane está cheio de insatisfação.

"Talvez ele não se preocupe."

"Ele se importaria se ele tomasse tempo para perceber. Ele

definitivamente está fixado em algo."

Concordo com a cabeça em acordo. Aprendemos ao longo dos anos a

deixar Cletus quando ele estava em uma de fixações violentas, mas essa coisa

1
O Shuffleboard é um esporte individual no qual os jogadores usam um taco para empurrar os discos que deslizam sobre uma quadra
e devem parar dentro da zona de pontuação triangular (com subdivisões) situada na extremidade oposta da quadra.
com Shelly é sensível ao tempo. A este ritmo, não teríamos mais clientes em

alguns meses.

Meu irmão me olha. "Você acha que tem a ver com o que Jethro disse na

outra noite?"

"O quê?" Eu não sei o que ele quer dizer no início, mas depois lembro de

nossa recente reunião na recentemente renovada garagem. "Oh, você quer dizer

sobre Cletus ter uma namorada?”

"Sim."

Jethro havia insinuado que Cletus estava preocupado com uma mulher,

mas não podia tirar do meu irmão mais velho, quem era a mulher. Por um lado,

não gostei da idéia de que Cletus estar distraído por causa de uma mulher. Ele é

o único - além de mim - que não fez grandes mudanças em sua vida ao longo

do último ano. Mas, por outro lado, quando ou se a identidade da senhora de

Cletus for revelada, todos poderíamos nos meter com Cletus como ele está se

intrometendo conosco. E essa é uma causa pela qual eu posso ficar atrás.

"Eu não sei," eu falo distraidamente, mexendo com minhas chaves.

"Eu acho que Jethro está certo."

Algo sobre o jeito que ele diz as palavras chama minha atenção. "Você

sabe quem ela é?"

Ao invés de responder a pergunta, Duane ergue o queixo em direção a

Drew Runous. "Se Cletus não escutar, você precisará falar com Drew."

Além de ser o pretendido de nossa irmã - embora ainda não estivessem

oficialmente envolvido - Drew é um proprietário parcial - um parceiro

silencioso - na Winston Brothers Loja de carros. Ele havia financiado os custos

iniciais. Mas ele está muito apaixonado, confiante com o lado do negócio de

Cletus, Duane e eu para resolver as coisas.


"Não se preocupe com isso, Duane."

"Promete que você vai para o Drew."

"Bem. Se chegar a isso, vou falar com Drew."

Assim que fiz a promessa, a expressão severa de Duane desapareceu.

"Você quer que eu vá com você? Para o centro sênior? Talvez se

falássemos com Cletus e ele estivesse encurralado..."

Sorrindo para meu gêmeo, balanço minha cabeça. "Não. Você precisa

levar Jess para casa. E, além disso, acho que Roscoe está ansioso para passar

algum tempo com todos vocês.”

Nosso irmão mais novo, Roscoe, veio da escola veterinária para a cidade

porque esta semana marca o aniversário de um ano da morte da nossa mãe.

Ashley enviou para o grupo uma mensagem de texto no início da semana,

dizendo: Jantar na terça-feira 4 em casa. Por favor, esteja lá ou eu vou ser forçada a

depilar a cera a barba do seu rosto. Você sabe que eu vou ... XOXO Ash

Então, além de tudo o que está acontecendo recentemente, eu tenho que

olhar para a frente.

"Precisamos ir." A firme demanda de Cletus corta nossa discussão e nós

dois olhamos para o nosso irmão mais velho enquanto se aproximava. Ele passa

sem parar, claramente esperando que eu o siga.

Duane e eu compartilhamos um rolar de olhos, mas eu detenho uma

pontada de diversão na sua expressão. Ou talvez seja nostalgia.

E isso me lembra naquele momento a rapidez com que a partida de Duane

está se aproximando. Nós basicamente temos seis semanas e então ele irá por

um longo período, longo, muito tempo.


"É quase hora do shuffleboard, Beau," Cletus me chama de volta,

acenando como se minha falta de movimento fosse uma afronta direta a sua

pessoa.

"Pare de fazer olhinhos a tua imagem espelhada."

"Você tem certeza de que quer deixar tudo isso?" Eu pergunto a Duane

enquanto puxo minhas chaves do meu bolso.

"Oh, eu voltarei." Meu irmão olha por cima do ombro para o som da

risada de Jessica, e quando ele volta para mim novamente, sua expressão é um

pouco presunçosa e um pouco nebulosa. "Mas talvez não por um tempo."

Puxando para o estacionamento do centro sênior, Cletus aponta para um

espaço na quadra de shuffleboard. "Eu quero chegar antes do juiz Payton. Ele

sempre toma o tribunal mais ao sul e eu quero aquele tribunal."

Meu irmão não estava com um humor no caminho e conheco bem para

não falar da contratação de uma recepcionista dada a sua disposição. Dirigimos

em silêncio com Cletus olhando silenciosamente pela janela do passageiro.

Teríamos que passar manteiga primeiro. Talvez Duane faça panquecas

com mirtilo, ou finja que gostamos do seu café sujo. Então, nós levamos a idéia

para ele.

Dirijo até o ponto que ele indicou, e é quando eu percebo o Cadillac da

Sra. Cooper estacionado desajeitadamente, ocupando três espaços na parte mais

vazia do estacionamento.

Cletus salta do meu GTO assim que paro, agarrando o seu shuffleboard -

ou o que fosse chamado - do assento traseiro. "Vamos. Você pode vir jogar

também. Nós nos uniremos."


Quando fico de pé no meu carro, falo para o Caddy da Sra. Cooper. "Olhe

para isso. O que você acha que está acontecendo lá?"

Cletus não tem a chance de responder, porque a senhora em questão

aparece. "Oh, graças a Deus. Os garotos Winston." Ela parece frenética.

"Sra. Cooper." Cletus curva-se levemente na cintura, depois lança ao redor

dela. "Beau está pronto para ajudar."

"Uh, com certeza. Como posso ajudar?" Acompanho meu irmão, olhando

para sua apressada retirada. Ele me encara no último minuto, antes de

atravessar o portão que o leva ao tribunais e me dá uma saudação.

Cobra.

"É o meu Cadillac, querido. Está soltando fumaça e fazendo sons

estranhos. Você pode dá uma olhada?" Ela já tinha suas chaves e estava

caminhando em direção ao clássico automóvel.

"Claro." Eu dou-lhe um sorriso amável e fico feliz em ver algumas das

suas preocupações entre as sobrancelhas relaxar.

Conheço a Sra. Cooper toda a minha vida. Ela costumava estar no gurpo

de poesia da minha mãe na biblioteca e minha mãe amava a senhora. Mas não

foi até eu estar com dezenove, e a Sra. Cooper beliscou minha parte traseira e

piscou para mim, que eu entendi o que meu irmão Billy quis dizer quando

chamou a mulher de uma puma.

Tendo em mente isso, gesticulo para a senhora - oitenta anos ela tem

agora - para preceder no carro. Primeiro, porque são bons costumes e minha

mãe me criou bem. E segundo, porque ela é impressionantemente ágil para sua

idade. Inferno, ela é impressionantemente ágil para um garoto de trinta anos.

Eu não queria ser beliscado.


Dando-me um sorriso sujo, a Sra. Cooper saltita em direção a seu carro,

esperando por mim para entrar no passo ao lado dela.

"Senhoras primeiro?" Ela pergunta.

"Qual é, Sra. Cooper," eu sorrio para ela, "você não é uma senhora."

Ela ri, claramente emocionada, e seu riso melódico me deixa de bom

humor.

"Então você deve ir primeiro." Ela fez um gesto para que eu a preceda.

"Não." Eu balanço minha cabeça, dando-lhe uma piscadela. "Beleza antes

da juventude."

Ela também gosta da resposta. O sorriso dela persisti, como se estivesse

satisfeita comigo e o mundo, enquanto eu checo sob seu capô.

Felizmente, o problema com seu carro é óbvio após a inspeção.

"Receio que você tenha um vazamento de óleo."

"Oh. Isso é muito ruim?"

"Não é terrível. É um vazamento lento, mas não muito lento. Posso

corrigir isso em curto prazo e recarregar o óleo como uma solução temporária.

Teremos que rebocar o seu carro para a loja hoje. Não posso trabalhar aqui.

Então eu vou encomendar a peça e arrumar isso no fim da próxima semana, se

você puder bucá-lo de volta."

"Isso está bem." A Sra. Cooper me mostra um sorriso grande e agradecido,

suas mãos mexendo com a longa corda de pérolas no seu pescoço.

Curso de ação decidido, eu escolto a Sra. Cooper para os tribunais de

shufflerboard, informando a Cletus do plano e dirijo o GTO para a loja.

No meu caminho, meu alarme do telefone dispara, um lembrete para

enviar uma mensagem de texto para Darlene. Desligando o alarme, noto que eu
tenho uma chamada perdida e uma mensagem de texto de Drill. Ele está me

perseguindo sobre a reunião com Christine St. Claire.

Ignorando suas mensagens, disparo um rápido, Pensando em você, como

está o seu dia? Deixe-me saber se você tem tempo para uma chamada mais tarde para

Darlene enquanto caminho pelo estacionamento de cascalho na garagem,

enfiando meu telefone no bolso quando termino. Darlene não costuma enviar o

texto de volta imediatamente, e ela nunca liga, então não havia nenhum uso

esperar por sua resposta.

O que fazer sobre Darlene está em minha mente. Nós enviamos

mensagens de texto esporadicamente desde o nosso fim de semana juntos há

mais de duas semanas, mas não falamos no telefone. Mais e mais, sempre que

penso em coisas com ela, eu estou confuso em vez de irritado por sua aparente

falta de interesse em falar comigo. Sua mensagem de texto sempre é divertida,

às vezes abertamente sugestivas, mas ela nunca oferece algo real sobre si

mesma.

Eu me lembro diariamente de enviar uma mensagem, pensando que

talvez - se eu aumentasse a minha frequência de contato - ela tomaria as coisas

entre nós mais seriamente e arrumaria tempo.

Desbloqueando e entrando pela frente, pensamentos em Darlene

dissipados e substituído por uma contagem mental de quantos quartos de óleo

eu tenho na mão para o Cadillac da Sra. Cooper. Dirijo-me para o interior da

garagem e subo as etapas para o espaço de trabalho do segundo andar. Nós

tínhamos uma fileira de armários na parede mais distante, onde cada um de nós

mantem os macacões, uma muda de roupa e tal.

Trabalhando rapidamente, desabotoo minha camisa, desabotoo meu

cinto, tiro minha calças e removo minhas roupas de domingo. Eu estou


lamentando o fato de que eu não tenho um par de botas extras quando vejo a

porta aberta na minha visão lateral.

Eu assumi que é Duane. Nunca passou pela minha mente que Shelly

Sullivan poderia ser quem andava por aqui.

Mas é quem é.

Olho duas vezes e dou uma careta para a mulher. Por sua parte, ela

parecia estar igualmente assustada, seus lábios se separando, seu olhar

crescendo quando se movem sobre mim.

Meu cérebro precisa de dois batimentos do meu coração para se recuperar

de encontrar seu olhar – como usual - e então outros cinco para perceber que ela

não se mudou. Ela ainda está olhando. Especificamente, ela está olhando meu

tronco e sua atenção está se movendo para baixo.

Minha carranca aprofunda quando eu olho para baixo, perguntando-me o

que em Tarnation esse indivíduo beligerante considera fascinante sobre as

minhas boxers pretos. Achando nada errado, volto meu olhar para ela, pronto

para perguntar qual é o problema dela.

Mas as palavras morrem na minha língua enquanto eu estudo seu rosto.

Suas bochechas e pescoço vermelhos ficam rosados com um rubor, ela pisca

rapidamente, várias vezes. Claramente com vergonha, ela não recobra o bom

senso suficiente para evitar o seu olhar, mas é óbvio que ela está tentando.

Um choque de consciência, ou algo parecido com isso, me faz tenso.

Eu não esqueci que Shelly Sullivan é uma mulher, mas ela ser do sexo

feminino deixou de me importar no dia em que nos encontramos. Ela se tornou

irritante - um espinho do meu lado, uma dor no meu pescoço - não uma mulher

de carne e osso com olhos para notar um homem.


E então, de repente, ela se move, lançando os olhos no chão. Eu assisti

como ela luta para engolir, a mandíbula apertada como se ela estivesse

determinada ... Senhor, se eu soubesse.

Incapaz de me ajudar, estudo silenciosamente essa estranha criatura. Ela

fecha a porta atrás dela com movimentos precisos. Seu peito se expande e ela

levantaseu queixo, evitando meu olhar e cruzando para o armário dela.

Eu me inclino contra o meu, cruzando meus braços e virando minha

cabeça para o lado, descaradamente a estudando. Ela é estranha. Conheço as

pessoas. Intrinsecamente, sem muito pensamento sobre isso, eu sei porque

fazem aquilo. Eu sei como encantá-los, fazê-los feliz, e fazer com que eles se

sintam especiais.

Minha leitura sobre a Srta Sullivan como uma híbrida humana-porco-

espinho e arrogante tinha sido reforçada com cada interação desde que nos

conhecemos. E eu sei sem sombra de dúvida que Shelly Sullivan não gosta de

mim tanto quanto eu não gosto dela. No entanto, sua apreciação pelo meu

corpo foi clara no dia - tanto um momento atrás, com base em como ela estava

olhando para mim, e agora com base em como ela está fingindo que eu não

existo - e isso é inteiramente inesperado.

Enquanto eu a inspeciono, ela abre seu armário, tira um macacão, coloca

sobre a porta do armário, e então chicoteia seu vestido sobre sua cabeça.

Pego isso como minha deixa para desviar o olhar.

O que eu faço.

Porque sou cavalheiro.

Mas não antes de ver um flash de renda preta e impecável na pele

bronzeada esticada sobre sua forma longa e linda.


Meu pescoço aquece. Eu sinto seus olhos em mim, ou penso que sim, mas

não chego a confirmar. Não só eu sou um cavalheiro, mas tenho intenções para

outra senhora. Perceber a Srta. Sullivan como algo diferente de irritante é

problemático e inapropriado.

No entanto, eu percebo.

E mais alguns.

Quente em todos os lugares, meu corpo inquieto, eu uso aquela

inquietação quente para acelerar meu progresso. Tento o que posso, mudar a

minha mente para não perguntar se ela sempre usa roupas íntimas de renda

abaixo de seu macacão. E, em caso afirmativo, por quê? Ou para quem?

Ela não falou uma palavra e eu também. Nós nos vestimos em sintonia,

ambos de frente para o interior dos nossos armários, a mais de quatro metros

um do outro. Todo o tempo eu estou atormentado com pensamentos cada vez

mais inconvenientes sobre essa mulher que eu não posso ficar perto.

Eu termino antes dela, batendo meu armário mais forte do que pretendia

depois pegando minhas botas de trabalho. Não vendo necessidade de pequenas

conversas, especialmente porque nunca vi a mulher fazer pequenas conversas,

eu saio, esperando até eu estar no andar de baixo do escritório para puxar meus

sapatos.

É necessário uma respiração profunda, seguida de outra. Minha mente no

caos, eu digo isso para silenciar, me lembrando que estou com pressa.

Se eu não quiser passar todo o domingo trabalhando no Cadillac da Sra.

Cooper, eu preciso me mexer, e eu não posso pagar pensamentos inúteis sobre

Shelly Sullivan me atrasando.


SRA. COOPER DECIDE ir na minha viagem de volta para a loja. Ela trouxe

seu notebook - para escrever poesia - e eu não me importo com a companhia.

Gosto que ela escreva poesia. Isso me lembra minha mãe e minha irmã, as quais

compartilhavam um amor por ler e escrever poesia.

"Obrigado por desistir de seu domingo por mim." A Sra. Cooper segura

meu braço quando atravessamos o estacionamento de cascalho.

"Não é nada. Você sabe que eu gosto de ajudar." Desembaraçando sua

mão para abrir a porta, com cuidado para manter minhas costas fora de seu

alcance. Estamos à beira do clima real de outono. Não faz calor, eu

simplesmente não quero que a Sra. Cooper fique sentada na garagem sem

ventilação.

"Sua mãe o criou direito." Eu posso ouvir o sorriso em sua voz e minha

suspeita é confirmada quando me viro, abrindo sua porta na caminhonete. "Sua

mãe podia ser uma pistola quando ela precisava ser. Mas essa não era ela. Em

seu coração, ela era uma alma sensível."

Tanto minha mãe quanto minha irmã podem segurar isso, e

frequentemente mostravam uma face dura ao mundo. Gostava muito de seus

lados sensíveis. Pronto com um abraço, um suave toque, uma esperança secreta

para compartilhar. Um equilíbrio precário entre doce e atrevida, estou

convencido de que as mulheres de sua qualidade são uma em um milhão.

Por certo, eu as amo. Talvez eu seja tendencioso.

Tento como eu posso não retornar o sorriso da mulher mais velha. Os

cantos da minha boca viram para baixo e eu admito antes que possa pegar as

palavras: "Eu tenho saudades dela."

A Sra. Cooper tropeça, a curva de seus lábios e o brilho nos olhos virando

suave, quase maternal. "Claro que você tem."


"Eu gostaria que ela tivesse ... deixado meu pai mais cedo." Novamente,

estou falando sem pensar, mas por que me censurar? A Sra. Cooper me conhece

há muito tempo - minha vida inteira de fato - e é um alívio que ela não exigiu

um sorriso de mim nesse momento.

Eu suponho que é isso que estou procurando em Darlene, alguém que eu

não precise sorrir o tempo todo.

Eventualmente, chegaríamos lá.

Talvez.

Se ela devolver suas chamadas.

"Algumas pessoas diriam que sua mãe também era muito livre com seu

respeito, muito indulgente. E eles podem estar certos."

"Eles estão certos, ela era."

"Mas, Beau, se ela tivesse sido diferente, ela não seria ela mesma." Ela

alcança minha mão, apertando-a. "E então Roscoe não estaria aqui, ou Ashley,

ou Cletus."

"Ou eu e Duane," acrescento, concordando com seu argumento.

Abruptamente, seus olhos se arregalam, procurando o meu, e seu sorriso

vacila. Quando ela fala, ela faz isso de forma hesitante. "Uh ... sim. Claro. Bem,

você não seria quem é, isso é certo."

Sua resposta me parece estranha, e eu estou prestes a questioná-la mais

quando uma cacofonia de palavrões corta o momento.

Olhando por cima do meu ombro, procuro a voz - uma voz que não é

bastante humana – quando se trata de se referir à minha mãe em termos

desagradáveis para me dizer o que devo fazer comigo mesmo. E, como se uma

vez não fosse suficiente, diz a mim o que eu devo fazer várias vezes.

De novo e de novo.
Estando completamente na frente da garagem, procuro o espetáculo das

obscenidades. O chocalho de metal contra metal, além de algo que se assemelha

a um bater as asas quando parece que pode voar, soa do lado esquerdo da

garagem.

Apertando os olhos com a luz fraca, o agressor entrou em foco e faço

contato visual com a fonte das sugestões obscenas.

É um papagaio, empoleirado em um Pontiac. E ele – ou ela - estava

olhando para mim através de um olho.

E então ele grita: "Darin, seu idiota!"

"O que diabos ..."

"Inferno! Inferno! Inferno! Inferno! Vá para o inferno!"

"Oh, meu!" A Sra. Cooper aperta sua mão sobre a boca e passo um braço

em torno de sua cintura, querendo protegê-la ... Eu não tenho certeza.

O papagaio demoníaco?

A ave asquerosa?

O movimento na parte de trás da garagem me chama atenção. Shelly

Sullivan - completamente vestida com macacão e botas de trabalho - está

correndo para nós, o cabelo comprido solto em torno de seus ombros. Por todo

o alarde que ela está fazendo soa como se ela

tivesse dez pernas.

"Oh, Beau. Olhe esses cães." Sra. Cooper sorri, apontando para duas bestas

gigantes, pretas como meia-noite.

Claro, esses podem ser cães. Para mim, eles pareciam mais ursos

galopantes com as línguas penduradas.

Por instinto, retiro a Sra. Cooper, protegendo-a com o meu lado quando

ficou claro que os "cachorros" estavam correndo para nós. Na sua exuberância
para cumprimentar estranhos, os caninos não tinham absolutamente nenhum

remorso de saltar sobre pessoas.

Eu não sou um cara pequeno. Eu tenho 1,87m, apenas um pouco de

noventa quilos, a maior parte de músculos. Mas, à medida que dois conjuntos

de patas gigantes aterrissam nas minhas costas e no lado, fico feliz que coloquei

meus pés separados e preparados para o impacto. A Sra. Cooper teria

certamente caído e quebrado algo se eu não estivesse lá, e isso me deixa

fumegando.

"Laika, Ivan, venham!" O comando de Shelly é seguido por um apito

afiado.

Ignorando-a, os grandes cães saltam, pulando de novo. Um deles lambe

meu o pescoço, o outro minha bochecha, e eu grunho sob a força de seu

segundo salto, apertando meus dentes e enviando um olhar desaprovador para

Shelly.

Sim, meu coração vacila duas batidas quando nossos olhos se encontram,

como sempre. Mas eu também estou ocupado protegendo a pequena velha em

meus braços para pensar muito. Especialmente desde aquela pequena velha

está gritando com gargalhadas.

Finalmente, ela pega suas coleiras, puxando-os para longe e ajoelhando-se

para embrulhar os braços ao redor de seu torax. "Shh. Acalmem-se agora."

"Meu, oh meu," diz a Sra. Cooper, ainda agarrando-me enquanto olha em

torno do meu corpo. "Meu coração não tem um treino assim desde que Jake

Templeton era meu carteiro." Eu não quero saber o que isso significa.

"Qual é a raça?" Eu pergunto, olhando para a minha colega de trabalho.

"Urso pardo?"
Por uma fração de segundo, e provavelmente minha imaginação, penso

ter visto o lado da boca de Shelly inclinar. Mas, rápido, todos os traços de

diversão desaparecem. Caro Senhor. Se ela sorrir... Isso pode ser catastrófico para

qualquer um em seu caminho.

"Eles são uma mistura newfie-mastiff."

"Você tem certeza de que eles não são parte do pé grande?" A Sra. Cooper

ri, aparentemente encantada e vindo completamente ao meu redor. "Posso

acariciá-los?"

"Eu não acho que Beau gostaria disso." Os olhos de Shelly tremulam para

os meus e então para longe,nos braços esticados onde ela segurava os animais.

Não posso deixar de notar, Shelly não parece ter um problema segurando dois

cachorros grandes e sujos. E, no entanto, ela não se incomoda em apertar a mão

de um ser humano.

"Ta! Não se importe com ele. Ele está apenas me protegendo." A amiga de

minha mãe pisca para mim, acrescentando em um sussurro alto: "Ele é meu

namorado."

As sobrancelhas de Shelly saltam um tic na sua testa e ela olha para mim

como esperando confirmação.

Eu conocrdo com a cabeça, dando a Sra. Cooper o sorriso diabólico que eu

sabia que a emocionava. "Isso é certo. Mas eu sou apenas um de seus muitos

admiradores."

"Ah, agora." A Sra. Cooper ri, batendo levemente no meu bíceps. A mão

dela demora um pouco demais enquanto ela aperta meu braço, acrescentando

apreciativamente, "Você está treinando, Beauford."


Eu pisco os olhos para a velha ave e estou prestes a provocá-la quando o

verdadeiro pássaro na garagem escolhe esse momento para explodir, "Darin!

Seu idiota!"

Olhando para o papagaio onde ainda estava empoleirado no Pontiac, faço

uma careta.

"Qual o nome do pássaro?"

Ouço Shelly limpar a garganta antes de dizer: "Costumava ser Darin."

Esta revelação lhe vale um olhar longo e curioso, o momento se esticando

enquanto Shelly encontra meu olhar silenciosamente, engolindo duas vezes

enquanto eu a estudo.

O pássaro é o primeiro a falar. "Paus são para os intímos."

A Sra. Cooper solta uma risada com isso, chamando minha atenção para o

seu grande sorriso. "Ele tem um vocabulário muito colorido, não?"

"Mas eu o renomeiei de Oliver." Shelly ergue o queixo, seus olhos ficando

frios. "Ele foi resgatado."

Minha companhia estuda Shelly por um momento antes de dizer

gentilmente: "Bem, eu acho que ele é maravilhoso. E onde estão os meus

costumes? Eu sou a Sra. Annabell Cooper, mas você pode me chamar de Bell."

Felizmente, a mulher mais velha não estendeu a mão para um balanço,

provavelmente porque os braços de Shelly ainda estavam cheios de cães

enérgicos. Mesmo assim, fico tenso para um de seus insultos.

Mais uma vez, os olhos de Shelly se dirigem para os meus e então se

afastam, descansando nos sapatos da Sra. Cooper. "Prazer em conhecê-la, Bell."

Uh ... o que?

Você poderia me derrubar com uma pena.


Tenho certeza de que estou boquiaberto com a mulher. Verdade seja dita,

estou cheio de confusão. E não consigo dizer por quanto tempo eu olho para

Shelly também. Tudo o que eu sei é que quando ela retorna meu olhar com sua

marca registrada de falta de expressão, eu estou enredado pela realização de

que suas íris não são apenas azuis, ela tinha uma marca na sua bochecha

esquerda, o lábio inferior é maior do que o superior, e seu cabelo não tem faixas

de loiro, mas sim faixas de ouro.

Fico tonto. Porisso, demora um pouco para perceber que a Sra. Cooper

está preenchendo o silêncio.

"... rebocando meu Caddy - está lá, na parte de trás do caminhão - ele tem

um vazamento de óleo, mas ele disse que eu posso dirigir para casa com ele

hoje, embora eu possa ter que voltar na próxima semana para que ele seja

concertado. Não é legal?"

Eu estou tendo todo tipo de pensamentos loucos.

Talvez ela não seja tão ruim assim.

Talvez eu tenha julgado mal Shelly Sullivan.

Talvez Cletus esteja certo.

Talvez comecei com o pé errado.

Mas então a mulher vira os olhos para a Sra. Cooper e diz: "Você está

muito velha. Você não deveria estar dirigindo."

"Ah, sim," exalo, revirando os olhos enquanto murmuro, "esta é ela."

E tudo está certo no universo mais uma vez.

"Perdão?" A Sra. Cooper olha entre nós, visivelmente confusa.

"Eu disse, talvez você não deva estar dirigindo. Você é muito-"

"Isso é o suficiente," mordi, enviando a Shelly um olhar que a maioria das

pessoas não podia interpretar mal.


Para não ser ignorado, Oliver fala: "Paus são para os íntimos. Curve-se,

cara de cú!"

Eu solto uma risada sem humor, suspirando de novo, e irado da dor real

em minha bunda. "Está lotado aqui hoje, Sra. Cooper. Que tal eu te acomodar

no escritório da frente? Nós temos café, ou você gostaria de chá?"

Eu levo a amiga da minha mãe da garagem enquanto as obscenas

sugestões de Oliver nos segue. Sim, eu precisaria falar com Shelly sobre o

papagaio.

"Vou tomar chá de menta, se você tiver."

Se ela acha que vai trazer esse papagaio de boca suja na garagem durante as horas

normais de trabalho, ela tem outra coisa chegando.

"Mas se você não tem menta, estou bem com o café descafeinado."

E eu juro que, se Cletus me der uma merda sobre isso, vou parar. Vou retirar meu

dinheiro e sair e abrir minha própria loja.

A Sra. Cooper puxa meu braço, levando nós dois a parar e forçando

minha atenção a ela.

"Beau."

"Sim? Chá de menta, certo?"

A Sra. Cooper me estuda, seu sorriso mais uma pressão de lábios do que

um sorriso. "Você sabe sobre o que mais gosto de envelhecer?"

"O que?" Eu pisco para ela, tentando me concentrar no que ela está

dizendo. Minha mente está em outro lugar, inventando cenários que levariam a

um disparo eventual na senhorita Shelly Sullivan.

"Antes que uma pessoa abra sua boca para falar," o sorriso da Sra. Cooper

alarga: "Eu já sei se ele é ou não um idiota."


Um sorriso gigante divide meu rosto e eu sorrio. "Sinto muito por Shelly,

senhora. Ela não é-"

"Querido, essa mulher não é uma idiota." A Sra. Cooper dá um passo em

minha direção, juntando uma das minhas mãos na dela e certificando-se de que

estou lhe dando meus olhos antes que ela continue. "Ela está com medo.

Atacando. Talvez até esteja ferida. Eu garanto ..." A mulher mais velha olha

para o lado, atraindo minha atenção ao longo de sua linha de visão.

Shelly está arranhando um de seus cachorros atrás das orelhas. Ela beija a

besta de mamute e se aproxima, sussurrando palavras ao ouvido enquanto dá

tapinhas na sua cabeça. O cachorro vira, lambendo seu rosto, a cauda

balançando violentamente.

Ela sorri.

E a visão de seu sorriso me cega. É brilhante.

"Eu garanto que há mais do que se encontra com o olho."


CAPÍTULO 6

“Aqueles que não podem mudar de ideia não podem mudar nada.”

― George Bernard Shaw.

*Beau*

O que você está fazendo aqui?"

Olhando por cima do meu ombro, encontro minha irmã pairando na

entrada. Eu estou sentado nos degraus da varanda, de frente para a área

cultivada na parte de trás da propriedade da nossa família.

Bem, a propriedade de Jethro.

O nosso irmão mais velho, Jethro, herdou a propriedade no ano passado,

uma grande e antiga casa de fazenda espalhada em quinze hectares, apoiando-

se na Great Smoky Mountains National Forest. Um campo de flores silvestres

separa nossa terra dos carvalhos amarelos, dos besouros vermelhos, das tílias,

das cinzas brancas e dos videiros negros, todos os quais se apegam

obstinadamente às cores do verão.

O outono não chegou. Não está frio. O ar está temperado e seco. Uma

brisa leve toca o campo, o suficiente para um ruído suave das flores e ainda não

forte o suficiente para roubar suas pétalas. No entanto, eu estou com frio.

Eu coloco minhas mãos entre minhas pernas enquanto olho para as

estrelas. Estava frio nesta época no ano passado, mais frio que o típico. Lembro-

me, apesar do desejo feroz de esquecer, porque é o aniversário da morte de

nossa mãe.
Nenhum de nós chamou isso de jantar de aniversário, nem ninguém

explicitamente trouxe o fato de que dia é hoje. Mas é isso que é. A conversa

durante o jantar foi subjugada. Para aliviar o humor, tomei conta de algumas

piadas sujas. Sienna e Jessica então pegaram a bola e correram com ela,

levantando os espíritos de todos.

Jennifer Sylvester – uma pequena celebridade local conhecida por seus

premiados bolo de banana - apareceu inesperadamente logo após o jantar. Ela

trouxe um bolo (não um bolo de banana), bem como outros produtos diferentes

assados .

A interrupção não anunciada deu a todos mais alguma coisa para ocupar

seus pensamentos, e eu consegui escapar da sala familiar sem ser detectado. Até

agora.

"Ei, Ash. Só estou olhando as estrelas e ouvindo os insetos." Eu dou um

sorriso acolhedor e acaricio a madeira ao meu lado. "Tem bastante espaço se

você quiser se sentar.”

Ela estava iluminada pela cozinha. Embora eu não consiga ver sua

expressão, sinto que está hesitando.

Eventualmente, ela fecha a porta atrás dela. "Por que você está evitando

todos?"

"Eu não estou."

"Mesmo? Porque parece que você está." Ela se aproxima e senta,

envolvendo seus braços em torno de suas pernas esticadas.

"Porque eu vim para o ar fresco?"

"Não. Porque além de contar piadas no jantar e apresentar Jennifer

Sylvester a todos, você não disse mais de três palavras.”


Meus olhos estão no céu, mas posso sentir o olhar de minha irmã olhando

meu perfil. Eu considero fazer uma observação ligeira para fazê-la se sentir

melhor. Em vez disso, não digo nada. Eu espero que ela assume que era o

aniversário da morte de nossa mãe que me deixou quieto.

E isso não seria uma mentira, porque o dia foi difícil. Não pude deixar de

me lembrar da última vez que eu beijei minha mãe. Ou como nos reunimos em

torno dela na cama do hospital algumas noites antes de morrer; nós dissemos

piadas terríveis sobre galinhas e galos, e essa foi a última vez que ela riu. E

então, no momento em que vi o rosto de Ashley eu sabia que mamãe tinha ido

embora, lembrei disso também.

Mas não foram apenas as lembranças que me levaram para fora.

"Você quer falar sobre isso?"

Balanço a cabeça, alcançando-a e colocando debaixo do meu braço. Ela

descansou.

Ela coloca a cabeça no meu ombro e a abraço ao meu lado.

Não sei o que dizer. A pontada nos meus pulmões cresceu nas últimas

semanas, fazendo-me sentir como se tivesse uma dessas grossas faixas de

borracha ao redor do meu peito.

"Eu queria que você falasse comigo, Beau. Sou uma boa ouvinte e

prometo que sou boa em manter os segredos.”

Talvez fosse devido ao seu calor penetrando no meu lado, aliviando o frio

e o aperto no meu peito, mas sem pensar muito sobre isso, eu digo: "Não sei o

que fazer com uma mulher.”

E então faço uma careta porque, assim que as palavras saem da minha

boca, uma imagem de Shelly Sullivan pisca atrás da minha mente. E isso não

faz sentido. Shelly não é a mulher em minha mente.


Ou melhor, ela está em minha mente, mas ela não é de quem estou

falando.

Ela tem amigos na cidade? Ela tem mais animais de estimação além do maldito

pássaro demoníaco e dos cães do inferno? O que ela faz depois que ela vai para casa da

loja? Ela está sozinha? Ela está sozinha?

Ashley se move um pouco, levantando o queixo para olhar para mim.

"Quem é ela?"

Empurrando o bombardeio de perguntas sem fim sobre Shelly Sullivan,

forço minha mente para a mulher que eu deveria estar pensando. "Você

conhece Darlene Simmons?"

"O que? Por quê? Não! De jeito nenhum.” Minha irmã endurece,

afastando-se e balançando a cabeça sem parar, continuando em um tom mais

alto: "Claro que conheço Darlene, Beau. Ela estava na minha série e fez da

minha vida um inferno vivo na escola. Por favor, não me diga que você está

saindo com Darlene Simmons?"

A banda ao redor do meu peito aperta e esfrego o rosto. Eu não sabia que

Darlene havia maltratado Ashley durante o ensino médio. Eu estava mais

interessado em provocar minha irmã do que protegê-la das dores quando

estávamos crescendo.

"Desculpe, Ash. Eu não sabia que você e Darlene tinham uma história."

"Não. Desculpe." Ela ergue as mãos entre nós. "Estou sendo uma idiota.

Era o ensino médio e eu deveria deixar isso ir." Apesar de suas palavras, minha

irmã ainda parece irritada.

"Bem, eu gosto dela. Nós não estamos apenas curtindo."

Ashley geme e depois se capta, engolindo o final. Mas antes que ela possa

dizer qualquer coisa, eu me corrijo.


"Na verdade, acho que estamos apenas curtindo." Eu olho para o campo,

as sombras de flores silvestres contra a escuridão cheia de cores da floresta. "Eu

disse a ela que queria ser exclusivo e ela disse que precisava de tempo para

pensar sobre isso.”

"Quando foi isso?"

"Algumas semanas atrás." Eu esfrego meu maxilar.

Minha irmã olha para mim, sem dizer nada. O zumbido de cigarras e o

canto dos grilos sobem para preencher o silêncio.

Finalmente, ela suspira. "Me desculpe, você me pegou desatenta. Deixe-

me voltar por um segundo." Cobrindo o braço em torno do meu, ela aperta.

"OK, então. Diga-me por que você gosta de Darlene Simmons."

"Ela é inteligente".

"OK. O que mais?"

"Você sabia que ela está na escola de medicina?"

"Você gosta dela porque ela está na escola de medicina?"

Dou de ombros. “Na verdade, não, mas isso significa que ela está focada.

Madura. Tem um plano para sua vida.”

Ashley bufa levemente. "Só porque alguém é médico não significa que é

maduro.”

Colocando seu ombro com o meu, dou um pequeno sorriso. "Você sabe o

que eu quero dizer."

Ela resmunga algo que eu não pego e pergunto: "Qual é a sua

especialidade? Ela escolheu uma?"

"Ela é candidata a um programa de anestesiologia.”


A reação da minha irmã a essa notícia foi olhar para a frente com os lábios

enrolados entre os dentes. Ela faz isso quando está lutando contra um impulso

indecoroso.

Depois de um momento, ela pergunta em um tom meticulosamente

uniforme. "Tudo bem, ela é inteligente. Do que mais você gosta?"

Eu dou de ombros, percebendo que não tinha pensado muito antes. "Eu a

conheço há muito tempo, e ela gosta de mim. Ela me convidou algumas vezes

no ano passado, sempre que visito seus amigos na cidade.”

"Então, você gosta que ela goste de você?"

"Eu acho."

As sobrancelhas de Ashley fazem uma coisa estranha em sua testa. "Mas o

que vocês têm em comum?"

Eu luto com isso, dizendo: "Ela gosta do meu carro," e então eu estremeço,

porque isso parece ainda pior em voz alta do que na minha cabeça.

Droga.

"Beau.”

Respirando profundamente, dou um sorriso triste à minha irmã.

"Ashley.”

Ela imita meu sorriso, segurando minha mandíbula e balançando a cabeça

para mim como se ela pensasse que eu sou fofo. "Você realmente gosta dessa

mulher? Mesmo?"

"Ela é.... boa."

Minha irmã sorri. "O que está acontecendo? Tanto quanto sei, esta é a

primeira vez que você quis ser exclusivo com alguém, certo? "
Concordo com a cabeça, voltando minha atenção para as minhas mãos.

"Se você não contar minhas dez ou mais namoradas na escola média e

secundária, então sim. Está correto."

Ao contrário da crença popular em torno da cidade, eu não era um

dominador ao redor. Em absoluto.

Sim, eu flerto. Eu sempre tenho um encontro quando eu quero alguém.

Mas, além das minhas duas últimas namoradas no ensino médio, eu não fiz

sexo com ninguém.

Darlene e eu temos tropeçado em nossos encontros em Green Valley e

quando eu a visito em Nashville, mas eu estou esperando para mudar para o

próximo passo até que ela me dê garantias.

Andrea Poole foi a última, e por uma boa razão.

Duane e Billy são os únicos que conhecem a história sobre Andrea, sobre

o que aconteceu entre nós, e não é uma ideia de discutir os detalhes com Ash.

"Não estou contando suas namoradas no ensino médio, porque você era

apenas uma criança e nunca falou sério sobre essas garotas. Então, por que,

como homem, você está se preparando para alguém que é meramente boa? Você

deve estar com alguém incrível."

Quando eu não digo nada, ela acrescenta: "Você sabe que pode escolher

qualquer pessoa.”

Eu reviro os olhos para a declaração da minha irmã, suspirando, o que

apenas a faz empurrar meu ombro. "Não me goze, Beau. Você sabe que é

verdade. Em todos os lugares que vamos nesta cidade - e fora dela - todas as

moças desmaiam sobre seus sorrisos." Colocando as mãos dobradas sob o

queixo, ela bate seus longos e escuros cílios para mim.


"Pare, Ash." As provocações de Duane e Hank são uma coisa, mas, da

minha irmã, essas declarações me deixam irritado.

Meninas gostam de mim, isso é verdade. Mas não quero uma garota,

quero uma mulher. Eu quero o que Jethro tem, o que Duane tem e o que Drew

tem com minha irmã.

Ela ri da minha expressão, empurrando meu ombro novamente. "Por que

Darlene?"

Do nada, e antes que eu saiba o que estou falando, eu digo: "E se não

houver mais ninguém?"

"O que?"

"Estou preso." Engasgo na última palavra, meu pescoço quente com a

admissão.

Ashley estremece. "Você está preso?"

"Jethro tem Sienna. Eles são perfeitos juntos, casaram, tem um bebê há

caminho. Ele se mudou para a casa da garagem. As coisas estão acontecendo. E

então tem Billy. Ele foi promovido duas vezes no ano passado e as pessoas

estão falando sobre uma corrida para o senado estadual. Nós quase não o

vemos porque ele está muito ocupado. E então, você e Drew se entende, e é

como se fossem feitos um para o outro. Você voltou para cá no ano passado,

vivendo juntos, você provavelmente vai se casar no próximo ano." Esta última

parte sai como uma acusação e eu não sei por quê.

E eu não sei por que meu coração está batendo rápido, ou porque a faixa

de borracha em volta do meu peito se apertou, dificultando a respiração.

"Querido-"

"Duane tem Jess, e ela é tudo o que ele sempre quis. Eles estão saindo - ele

está saindo - antes do Dia de Ação de Graças." Eu preciso limpar minha


garganta antes de poder continuar e eu mudo minha atenção para minhas

mãos. "Seu mundo inteiro mudou, abriu, e ele tem o que sempre quis. Eu quero

estar feliz por ele. E então, Roscoe" gesticulo para a casa atrás de nós, “está na

faculdade. Ele vai fazer faculdade. Ele cresceu, continuando com sua vida.”

Ashley cobre minhas mãos com as dela. "Oh, Beau.”

Eu limpo minha garganta novamente e me lembro, eu não estou com

raiva de Ashley. Eu também não estou com raiva do resto da minha família, por

viver a vida, por encontrar suas almas gêmeas, por avançar.

Quando falo em seguida, estou seguro de manter minha voz uniforme e

volto meus olhos para Ashley. "Cletus é o único que como eu, não mudou.

Exceto, você notou, certo? Ele está diferente. Ele está se arrumando para alguma

coisa. Jethro pensa que é uma mulher. Claro, ele está sendo sorrateiro, tocando

o banjo nas noites de sexta-feira na jam session2 e shuffleboard no domingo, o

mesmo que antes. Mas quanto tempo isso vai durar?"

Um sorriso gentil rouba seus lábios e atrás de seus olhos. "Tenha em

mente, Cletus não gosta muito de mudança. Quando ele mudar, estará

chutando e gritando todo o caminho.”

"Eu suponho que eu não devo ficar feliz ao ouvir isso, mas eu estou.” Eu

bufo uma risada, balançando a cabeça e voltando o olhar para o céu. "Não me

oponho a mudança. Estou pronto para que as coisas mudem. Acho que odeio

ser o único preso.”

"Mas se acomodar com alguém, ou batalhar uma pessoa com a qual você

não tem sentimentos fortes, não é o caminho a seguir para começar a dar um

salto na vida.”

"É como se vocês estivesse..." deixando-me para trás.

2
É um espaço seguro para a livre experimentação em dança improvisada
"O que?"

Eu viro minha mão para cima, pego a mão da minha irmã na minha e

engulo, incapaz de completar o pensamento. Ashley lentamente respira fundo -

do jeito que ela faz quando está se preparando para me ensinar algo - mas os

passos que se aproximam do lado da casa a descarrilam.

Nós dois nós viramos, apertando os olhos na escuridão, além do anel de

luz fornecido pelas luzes da varanda. Nosso irmão mais novo surge. Sua

atenção está no chão e ele está com uma careta distraída.

"Roscoe?"

Ele para no som de seu nome, olhos arregalados encontrando o Ashley e

depois eu.

"Oh. Ei. Não sabia que estavam aqui fora.” Ele dá um passo atrás.

Ashley e eu trocamos um rápido olhar. Ela parece tão desconfiada e

curiosa quanto eu.

"Onde você estava?"

"Hã?"

"Hã?" Ashley ecoa, provocando-o. Este é o clássico Roscoe, fingindo que

não ouviu nem compreendeu uma pergunta para atrasar a resposta.

"É uma pergunta simples." Eu sorrio para o nosso irmão. "Você precisa

que eu forneça algumas opções de múltipla escolha?"

Roscoe olha para mim, mas eu posso dizer que ele está se contendo para

cobrir um sorriso.

Ele é nosso irmãozinho, mas ele está mais alto que Duane e eu - e Cletus e

Ashley - desde cerca dos catorze anos. Ele agora é o mais alto, seu auge tinha

passado Jethro há três anos. Seu rosto é uma versão mais nova e menos visível
do mundo de Billy, mas sua disposição rascante e de bom humor é o oposto

direto do temperamento muitas vezes cansativo de Billy.

E essa diferença é compreensível. Todos trabalhamos para proteger

Roscoe da violência de nosso pai e Billy foi o escudo que nos salvou.

"Vamos ver, opção A: você estava caçando gambazinho." Eu esfrego meu

queixo.

Seu olhar se intensifica.

"Ok, opção B: você estava fazendo amor com uma ovelha.”

"Cale-se, idiota." Roscoe sobe os degraus e senta ao lado de Ashley.

"Opção C: uma ovelha estava fazendo amor com você?"

Ashley resmunga e ri e Roscoe me ignora, aproximando-se calmamente.

Assim que Ashley está apertada entre nós, ele envolve seus braços ao redor de

seus ombros.

"Roscoe! Você tem o degrau inteiro para se sentar. Saia de mim." Ela tenta

empurrá-lo, rindo de suas palhaças.

"Eu quero abraços." Ele descansa sua grande cabeça em seu ombro

pequeno, como costumava fazer quando era pequeno. Ele sentava em seu colo e

ela lia um livro, ou o ajudava a pintar os dedos, ou o embalava para dormir.

Ashley realmente era a melhor.

Inspirado pelo meu irmão, envolvo meus braços ao redor dela e também

coloco minha cabeça no ombro dela.

"Oh, bom Deus," ela resmunga. Eu não posso vê-la, mas eu sei que ela

tinha revirado os olhos. "Bem. Tudo bem." Seus braços surgem e cercam cada

um de nós, espremendo e depois esfregando nossas costas. "Vocês são um

grupo de grandes bebês.”


Respiro fundo, inalando o cheiro de seu perfume misturado com o aroma

da torta de maçã e do café. De Ashley. De um lugar suave com o qual eu posso

contar. De uma pessoa que amo.

Fico tão feliz por ela ter decidido voltar para casa.

Por que você nunca percebe o quanto você sente falta de alguém até que

eles saiam?
CAPÍTULO 7

"As palavras não têm poder para impressionar a mente sem o horror requintado

de sua realidade.”

― Edgar Allan Poe

*Beau*

Ash estava certa.

Eu ia acabar as coisas com Darlene. Eu não tenho fortes sentimentos por

ela. Eu a estou usando, embora eu não tenha percebido até a conversa com

minha irmã. Ela não tem certeza de ser exclusiva, e ela está certa.

Duane gosta de dizer que a melhor coisa sobre ter Darrell Winston como

um pai é sobre sabermos o que não fazer.

"O que Darrell faria? Uma vez que você descobrir, faça o contrário," ele

dizia.

Isso inclui ser honrado, mesmo quando é desconfortável, mesmo quando

é inconveniente.

Depois de pensar por alguns dias, ligo para Darlene na tarde de sexta-

feira antes da minha hora de almoço. Eu estou trabalhando na reconstruição de

um mecanismo complicado toda a manhã e decidi que meu humor não vai

melhorar enquanto eu tiver isso pendurado sobre mim.

Darlene não atende, mas então ela nunca faz quando eu ligo. Eu mando

um texto:

Beau: Deixe-me saber quando você puder falar.

Eu pego o meu telefone quando vibra.


Darlene: o que há?

Fiquei olhando mudo a sua resposta inesperadamente rápida, acho que

ela deve estar em algum lugar onde não pode falar, mas pode enviar um texto.

Beau: Apenas me avise quando você está livre para um telefonema.

Darlene: Apenas texto.

Beau: Não é algo que dá para falar por mensagem.

Darlene: Ah! Você quer sexo por telefone?

Antes de eu responder, ela envia uma foto de si mesma. Nua. Eu engasgo

no ar, respondendo rapidamente.

Beau: Não envie mais fotos. Eu preciso falar com você.

Que diabos? Ela acabou de tirar essa foto? Ou ela tem fotos nuas de si

mesma no telefone? Se assim for, eu tenho que aplaudir sua eficiência. Talvez

eu deva ligar Darlene e Cletus.

Darlene: Apenas respondo sua chamada se você enviar uma foto nu.

Beau: Precisamos conversar.

Darlene: Uma foto sua nu, primeiro.

Darlene: Não seja tão orgulhoso.

Eu olho de cara feia para o que ela disse, decidindo que devo deixar a

conversa para depois almoço. Eu estou mais irritado com suas mensagens do

que tenho o direito de estar e isso provavelmente é devido ao fato de estar com

fome.

Beau: Deixe-me saber quando você tem tempo para uma ligação.

Desligo minha tela, me preparando para colocar o telefone no bolso,

quando vibra novamente. Desta vez seu número está piscando na tela.

Ela está ligando?

Eu respondo.
Darlene fala antes que eu possa. "O que você está vestindo?" Ouço

salpicos de água, como se ela estivesse em uma piscina.

"Onde está você?"

"Eu estou tomando banho."

Minha irritação aumenta dez vezes. "Então, por que você não respondeu

quando liguei?"

"Porque não sabia que queria sexo por telefone," ela responde docemente.

"Você sabe o quão sexy eu acho que você é, o que seu corpo faz comigo. Me

envia uma foto."

"Mas você não atende apenas para falar?"

"Vamos lá, Beau." Eu podia ouvi-la revirar o olhar em sua voz. "O que há

para conversarmos? Você quer me contar sobre uma mudança de óleo

interessante?" Ela ri de sua própria piada e meus pulmões se enchem de fogo.

Fodidamente inacreditável.

Bem, claramente, ela não tem uma opinião alta de mim. Não há

preocupações.

"Eu não liguei para sexo no telefone, Darlene."

"Oh. . . Bem. Então, o que você quer? "Ela parece irritada, como se

estivesse... mal-humorada. Que diabos?

Eu não rio, mas sua atitude de merda é suficiente para aliviar qualquer

culpa que estou guardando sobre o que tenho que fazer.

"Estou terminando o que quer que seja que estamos fazendo. Eu não

queria fazer isso por mensagem de texto, é por isso que eu insisti na chamada.

Então é isso. Adeus."


"O quê?" Ouço som da água no fundo, como se ela tivesse se movido de

repente, e ela fez um som estrangulado. "Você não está falando sério. Claro que

você quer me ver de novo."

"Não. Estou falando sério." E essa é a verdade.

Talvez eu não tenha ido a uma faculdade de medicina como ela, ou uma

escola veterinária como Roscoe, ou ser vice-presidente sênior encarregado de

tudo como Billy, mas eu não sou um idiota e não estou preparado para ser

tratado como um.

Eu escuto quando ela dá uma inalação audível antes de gritar: "Seu

bastardo!" Seguido de várias frases-chave que fariam o papagaio profano de

Shelly corar.

Movendo o telefone para a outra orelha, solto outra respiração cansada

enquanto ela reclama. Infelizmente, ela continua divagando, chamando-me de

cada nome sob o sol, e alguns nomes eu tenho certeza de que só deveriam ser

usados à noite.

Da minha parte, não entendo por que está tão chateada. Mal falamos em

semanas. Ela não podia sequer se incomodar para pegar seu telefone. Então, por

que fazer um grande escândalo agora? Foi por causa da sua foto nua? Ou ficou

com seu orgulho ferido por eu terminar as coisas?

Eu puxo o telefone da minha orelha e verifico o tempo enquanto ela

continua seu acesso de raiva unilateral. Se isso não se encerrar em breve, eu

perderei o almoço.

Geralmente, os bons costumes perfurados em mim pela minha mãe e a

Vovó Oliver exigiriam que eu esperasse uma pausa na conversa, permitindo

que eu terminasse a ligação tão educadamente quanto possível.


Mas, parado ali, olhando para os minutos, eu estou longe de boas

maneiras. Não queria perder mais um segundo sobre essa mulher perturbada.

Eu desligo.

Desligo meu telefone - todo - e coloco no meu bolso traseiro.

Então eu subi pela garagem desordenada, indo para o meu carro no

estacionamento da frente.

"Ei Beau." Duane chama enquanto passa, chamando minha atenção.

Eu não notei ele lá. Paro abruptamente, encontrando meu gêmeo,

colocando a cabeça para fora do capô de um Nissan.

"O que há?" Eu pergunto enquanto um movimento do outro lado do capô

chama minha atenção.

Shelly.

Aperto meu maxilar enquanto nossos olhares se ligam e me preparo para

a inevitável dispersão de inteligência. Aconteceu, mas não foi tão grave quanto

normal. Talvez eu estivesse me acostumando com a atenção dela, uma vez que

ela tomou seu flagrante olhar de domingo para mim. Ou talvez minha irritação

atual me fez impermeável ao olhar fixo de Shelly Sullivan.

"Onde você está indo? Você está indo almoçar?” Duane seca as mãos com

um pano no bolso.

"Sim. Você quer alguma coisa?"

Seus olhos deslizam sobre mim, penetrando no meu. Posso ver que está

na ponta da língua para perguntar o que está errado. Eu balanço a cabeça

sutilmente, sabendo que ele leu o significado no meu olhar.

Vamos falar sobre isso mais tarde.


"Não, obrigado." Ele me acena. "Jess está me trazendo algo. Apenas me

avise quando você voltar para... uh... a cobertura. Além disso, Shelly tem sua

consulta de sexta-feira esta tarde e tem que sair cedo."

Isso é certo, o compromisso de Shelly na sexta-feira. Eles tornam as tardes de

sexta-feira mais suportáveis.

"Tudo bem." Eu me mudo para continuar caminhando em direção ao

estacionamento, mas um peso invisível me segura fazendo parar de novo,

suspirando e olhando Shelly. Somente porque ela é rude não me dá licença para

ser rude em troca.

A mulher ainda me observa, o que não é surpresa.

"Ei" eu mando para ela.

"Oi" ela respondeu imediatamente, quase tão rápido, como se estivesse

esperando que eu falasse com ela.

"Está com fome? Você quer que eu traga qualquer coisa?"

Ela hesita, ou talvez ela parou de falar, me encarando por vários segundos

antes de finalmente dizer: "Não, obrigado".

"Tudo bem." Eu concordo uma vez.

Com isso, eu me afasto dos dois e sigo para o meu carro, decidindo dirigir

a estrada até a Daisy.

Espero que meu humor amargo melhore assim que eu tiver algo no meu

estômago.

Meu mau humor não melhorou, e isso porque - depois de esperar quarenta

minutos para o meu pedido - Naomi Winters acidentalmente esbarrou em fora

da Daisy’s Nut House, fazendo-me cair com o meu almoço em todo o


estacionamento de cascalho. Na verdade, eu parei sua queda. Ela tropeçou em

um marcador de cimento do estacionamento.

Ajudei a mulher e a escoltei até o restaurante ocupado.

Uma vez que eu me assegurei de que ela estava instalada, eu saí para o

estacionamento e limpei a bagunça.

Sem tempo, volto para a loja com as mãos vazias.

Pedir outro pedido para levar não é uma opção. Eu sei que Duane não

sairia para seu almoço até eu voltar; não é culpa dele estar em um dia maldito.

Além disso, eu estou bastante certo de que Cletus escondeu mais barras de

proteína no arquivo.

Não é grande - penso, enquanto me esforço para ignorar os acontecimentos

da tarde - posso fazer isso.

E eu farei isso, e tudo ficará bem.

Exceto – que quando paro - vejo Shelly Sullivan inclinando-se sobre o

motor em que eu trabalhei antes do almoço. No momento em que estaciono,

caminho alimentado pela raiva no meu anterior por meu confronto

desagradável com Darlene, má sorte e fome.

Depois dos gritos de Darlene por quinze minutos e deixar meu almoço

por todo o estacionamento, a última coisa que eu quero fazer é conversar com

Shelly Sullivan.

Mas eu realmente não tenho escolha.

"O que você está fazendo?" Eu tento manter meu tom neutro.

Ela olha por cima do ombro, me dá seu perfil e não encontra meus olhos.

"A tampa do distribuidor está girando, o que faz os pistões perderem o

tempo.”

"Eu sei disso."


"Eu acho que se você soldar um pedaço aqui," ela faz sinal para o motor,

"isso evitaria que o distribuidor se movesse.”

Olhando para a mulher, coloco minha língua no interior do céu da boca

enquanto tento calar minha raiva. Eu falo apenas quando estou certo de que

não aumentarei a minha voz. "Não, obrigado.”

"Posso criar a peça para você.”

"Não, obrigado.”

"Eu tenho um estúdio de soldagem.”

"Não. Obrigado” eu digo com os dentes cerrados.

Shelly me estuda, pressionando seus lábios juntos e engolindo. Ao longo,

eu fui me movendo ao redor dela, considerando o assunto acabado.

Ela diz às minhas costas: "Eu posso ajudar.”

Sem voltar e sem pensar, resmungo em resposta: "Não quero sua ajuda.”

Ela persisti teimosamente, pegando minha manga e me puxando. "Pare de

ser um idiota.”

Aperto a mão dela e empurro meu rosto no dela; ela escolheu o dia errado

para me chamar de idiota. "Eu prefiro ser um idiota do que um paria

narcisista!"

Com isso, ela recua. É uma das raras vezes desde que conheci a mulher

semanas atrás que sua expressão é algo diferente do distante. Seus olhos

brilham com dor e ela estremeceu, chocando o inferno fora de mim. A visão me

surpreendeu até certo ponto, meu temperamento desinflando instantaneamente

e um punhal de culpa me rouba a respiração, pousa como um soco nas minhas

costelas.

Agindo por instinto, eu a alcanço.


"Não me toque." Ela evadiu de meu aperto, torcendo-se enquanto Duane e

Cletus correm.

"O que diabos está acontecendo?" Cletus se insere entre nós e me empurra

contra meus ombros para me afastar de volta.

O olhar de Shelly pisca para o meu, então, para o chão, descendo para o

cimento da garagem. "Nada."

"Não. Não é nada. Alguém vai me dizer o que aconteceu" Cletus agita um

dedo acusador contra nós, “ou então.”

Passo minha mão pelo meu cabelo, mordendo uma maldição e o desejo de

pedir desculpas. Preciso me desculpar, mas ainda não. Até que eu coma alguma

coisa e possa garantir que não perderei minha força novamente.

"Ou então, o quê?" Duane perguntou a Cletus, seus olhos em Shelly. "Você

vai nos manter aqui a noite toda?"

O olhar franzido de Cletus se intensifica. De repente, ele parece tão

frustrado quanto eu me sentia apenas alguns segundos atrás e ele criticou

Duane. "Tão bom quanto isso soa, não posso distraí-lo toda a noite, Duane. Eu

tenho algo importante à minha espera no concerto."

"Alguma coisa? Ou alguém?” Duane sorri, cruzando os braços.

Cletus olha para o meu gêmeo por vários longos segundos, me dando

uma chance de estudar Shelly. Ela mudou alguns passos para o lado e está

atualmente a menos de um metro da minha direita. Seus olhos ainda estão no

chão e parece que a mandíbula está apertada. O resto de seu corpo está rígido e

imóvel, exceto suas mãos.

A mulher está pressionando seu polegar na pele macia de seu pulso,

deixando recortes vermelhos e semicirculares em uma linha limpa, uma logo

após a outra.
Eu fixo meus olhos na pele do interior do antebraço porque havia outra

coisa; pequenas cicatrizes brancas, linhas de uma polegada, fileiras alinhadas

delas, começando a meio caminho da curva do cotovelo e continuando todo o

caminho até onde posso ver.

Cortes. São cicatrizes de cortes que estão curadas.

De repente, ela puxa a manga de sua camisa, cobre seu braço e chama

minha atenção para o rosto. Fui pego olhando fixamente. Ela está olhando para

mim novamente.

Assim como sempre, meus pensamentos se dispersam assim que nossos

olhos se encontram.

E como sempre - bem, quase sempre - a impenetrável barricada entre ela e

o mundo está firmemente instalada. As emoções de Shelly Sullivan mais uma

vez estão seguramente escondidas atrás de uma fachada congelada.


CAPÍTULO 8

"Quando sofremos muito tempo, temos grande dificuldade em acreditar em boa

sorte."

― Alexandre Dumas, O Conde de Monte Cristo

*Shelly*

"Quantas saudações você está dizendo estes dias?"

"Cinquenta e três." Eu me retorci, porque o número é na verdade

cinquenta e quatro.

"Essa é uma ótima notícia," A Dra. West sorriu, como se me felicitasse.

Isso é em referência a uma longa e compulsiva obrigação de dizer uma

Ave Maria todas as noites antes de dormir para cada pessoa que eu conheci, ou

estou relacionada ou lembro de me encontrar em reunião. Eu tenho um caderno

com os nomes das pessoas. Se eu não orasse por eles, meus pensamentos

obsessivos me dizem que a pessoa morre.

Antes de iniciar a terapia sete meses atrás, eu começava a Ave Maria às

5:00 da tarde e terminava logo após as 10:00 da noite. Agora eu estou

terminando em uma hora.

O Dra. West está certo. Eu melhorei. Eu cortei a lista para apenas

cinquenta e quatro. Cinquenta e quatro pessoas pelas quais eu não posso orar.

Eu sei, sei que esses pensamentos são ridículos. Eu sei. Eu não sou louca,

eu não sou. Não acredito que meus pensamentos obsessivos são verdadeiros.

Eles são irracionais.


E ainda... eu não conseguia escapar da voz persistente na minha cabeça

que às vezes sussurrava, e às vezes gritava, e às vezes me fazia sentir como se

estivesse coberta de picadas de abelhas. E se for verdade? E se alguém morreu por

causa de você? E se? . . . Melhor prevenir do que remediar.

"Isso é bom." Seu sorriso desaparece, mas sua expressão é gentil. Eu

realmente gosto dela. Ela me lembra minha cunhada. Talvez não seja tão

encantadora, mas tão honesta, solidária e direta.

No entanto, a ansiedade constrói um arranha-céus no meu peito até eu

não suportar a pressão e tenho que admitir a verdade. "Na verdade, são

cinquenta e quatro. Eu não fui cruel com o chefe de bombeiro local, então eu

adicionei seu nome à lista." Exalta meu alívio em minha confissão.

"Você não foi amável?"

"Ele parecia muito legal, mas eu não pude tocar na mão dele. Isso o

aborreceu." Eu o aborreço. E também aborreço Beau. "Eu pensei em mandar

uma cesta de frutas anônima. Então eu pensei, e se ele for alérgico a frutas? Isso

é como enviar uma ameaça de morte anônima. Em vez disso, eu adicionei-o à

lista."

Ela me dá um sorriso encorajador. "OK."

"OK?"

"Cinquenta e quatro ainda são realmente bons.”

"Você está certa. Mas..."

"O que?"

"Eu tenho um sobrinho com quem não consigo pensar sem me preocupar

se eu vou machucá-lo."

"Você não vai machucá-lo, Shelly."

"Mas e se eu fizer? E se o meu toque causar alguma coisa...”


"Não."

Pressionei meu polegar na pele do meu pulso, fazendo um entalhe.

Se as marcas estão lá, o bebê ficará bem.

"O que você pensa sobre isso?"

Eu balanço a cabeça, não quero responder, tomando como consolo as

meias luas frescas na minha pele.

"Você está se marcando, Shelly?" Sua voz é mais silenciosa do que há um

momento.

Eu tenho que responder. Isso faz parte do acordo que fizemos quando

concordou em me ter como paciente. Eu prometi ser honesta.

"Sim." Eu concordo, não olhando para ela. "Com minha unha.”

"Por quê?"

"As linhas manterão o bebê seguro." Assim que as palavras saem da

minha boca eu estremeço. Pareço completamente louca quando falo esses

pensamentos em voz alta.

"Você acredita nisso, honestamente?" A Dra. West ainda está falando

deliberadamente esta semana, presumivelmente ainda contando a maioria de

suas frases para se certificar de que contenham um número ímpar de palavras.

"Não. Sim. Não." Fecho meus olhos, esfrego minha testa. Eu estou exausta.

Cansada disso. Cansada de ser assim. "Eu não acredito. Eu sei que pressionar

minhas unhas na minha pele não manterá Desmond seguro. Estou sendo

estúpida."

"Você não é estúpida. Você sabe que você não é estúpida. Mas você deve

ser paciente consigo mesmo." Três. Sete. Sete.


Abrindo meus olhos, estudo minha terapeuta, meu estômago dá um nó de

remorso e frustração. "Me desculpe, preciso que você fale em frases numeradas

as palavras estranhas.”

"Está tudo bem. Eu sei que você não se concentrará em mim de outra

forma. Ainda não, de qualquer forma."

Ela afasta minhas desculpas, seus olhos se afiando. "Podemos falar sobre

seu colega de trabalho novamente? Aquele que você trouxe na semana passada.

Qual o nome dele?"

Engulo, lutando contra o desejo de permanecer em silêncio.

Eu não quero falar sobre ele.

E, no entanto, assim como a última vez, quero falar sobre ele. Ele faz tudo

ficar melhor. E pior. Caótico. Ele me fez sentir...muito.

Eu prometi. Eu prometi. Eu prometi.

"Beau."

"Conte-me sobre Beau, por favor." Ela rabisca algo em suas anotações.

Eu balanço minha cabeça.

"Por favor."

Eu prometi. Eu prometi. Eu prometi.

"Ele é um mecânico.”

"Vocês são colegas de trabalho, Shelly?"

"Sim."

Eu sei que ela adicionou meu nome ao final de sua pergunta para garantir

que cada uma de suas frases contém um número ímpar de palavras. Eu aprecio

isso. Eu a aprecio.

Ela quer ajudar. Ela quer ajudar. Ela quer ajudar.

"Como é Beau?"
Em vez de responder, pergunto: "Estamos trabalhando em como parar

pensamentos obsessivos?"

"Sim."

"Então, ajude-me a parar.”

"Pensando em Beau?"

"Sim."

Ela sorri fracamente. "Shelly.”

"Seu tom é muito simpático." Eu sorrio para ela, a curva da minha boca

ficando enferrujada de desuso.

Seu sorriso aumenta. "Eu odeio dizer isso para você, mas seus

pensamentos sobre Beau não soam como parte de seu TOC. Não é assim que o

TOC funciona. Os pensamentos obsessivos são completamente irracionais, eles

não têm base na realidade e é por isso que nunca procuramos uma causa raiz.

Eles devem ser ignorados e, eventualmente, você poderá ignorar a maioria

deles. Considerando, como parece, com base em como você descreveu Beau há

uma semana, esses pensamentos e sentimentos que você está tendo são

completamente racionais. Ele parece maravilhoso."

Eu estava tão focada em suas declarações e preparando minha resposta

para elas, que esqueci de contar suas palavras.

"Eles não são racionais. Beau tem um gêmeo idêntico. E eu não tenho os

mesmos pensamentos sobre ele."

A expressão da Dra. West não muda. "Qual o nome dele?"

"Duane".

"E como ele é? Ele é parecido com Beau?"

"Eles são quase idênticos, exceto que o rosto de Beau parece mais velho,

mais sábio. Beau tem linhas de riso, rugas - isso faz sentido?"
"Sim. Mas além de Duane parecer com ele, como ele é? Ele sorri, como

Beau?"

"Não. Ele nunca sorri.”

Ela concorda com a cabeça, olhando para as anotações e escrevendo algo

embaixo. "Ele está sempre ajudando as pessoas? Ele é amigo?"

"Não. Duane não é particularmente amigável."

"Ele brinca... Shelly?"

"Não, ele não brinca."

"Você acha que talvez não seja só o que Beau parece que a atraiu para ele?

Talvez a força de sua atração seja porque você gosta de Beau? Como pessoa?"

Olho por cima da cabeça novamente para a parede em branco.

"Você esteve com homens antes? Sim?"

"Sim."

"Você conheceu alguém - além de Beau - e teve dificuldade em empurrá-

los de seus pensamentos?"

"Não." Eu não hesito na minha resposta, embora não fosse estritamente

verdade. Houve outras pessoas nas quais eu não conseguia parar de pensar.

Mas não da maneira que a Dra. West quis dizer, não como Beau. Então eu

adiciono, "Não como Beau.”

"Você teve encontro?"

Eu deslizo meu olhar de volta para a minha terapeuta, deslizando meus

dentes para um lado.

"Não realmente um encontro." Mais uma vez, eu não minto, mas minha

resposta também não é inteiramente exata. Eu discuto o que fazer, incerta se é

necessário esclarecer que eu fui a encontros, mas nunca porque gostava da

pessoa.
"Você teve intimidade?" Ela começa a passar por suas anotações sobre

nossas conversas anteriores.

"Sim. Fui íntima com muitos homens.”

"E ninguém ocupou seus pensamentos como" ela faz uma pausa, olhando

sua primeira página de notas, "como Beau faz?"

"Eu gosto de sexo, mas não gosto de pessoas.”

"Isso não é verdade. Você gosta de pessoas. Tem medo de estar perto das

pessoas. A maioria dos seus medos, seus pensamentos obsessivos e, portanto,

as compulsões, se centram em ferir involuntariamente os outros. Você se

acostumou a afastar as pessoas - afastar as pessoas é a compulsão - porque você

acha que é mais seguro para eles mantê-los a distância - a preocupação com a

segurança deles é o pensamento obsessivo. As pessoas não são o problema.

Suas obsessões irracionais, sua preocupação com ferir as pessoas é o problema.”

"Então, o que eu faço sobre Beau?"

Ela encolhe os ombros. "Pergunte a ele.”

"Para sair?" Minha voz rachou e sou pega pelo pânico. Mas esse pânico

parecia estranho, diferente da minha ansiedade habitual.

"Para uma refeição. Peça a ele para tomar café, ou jantar."

"Comer comida juntos?"

"Sim. Comida. Juntos."

"Não, eu não posso." Minha voz agita novamente.

"Por quê?"

"Eu acho que ele pode ter uma namorada.”

"Você acha, Shelly? Ou você sabe?" A Dra. West olha para mim, e eu

entendo que ela acha que estou inventando um interesse de amor imaginário

para Beau.
"Eu acho que sim."

"Mas você não sabe disso?"

"Não importa. Ele sabe..." Ele viu meu braço.

Arranho as linhas levantadas apesar de não coçarem, lembrando o olhar

em seus olhos - igualmente fascinado e horrorizado - no início da tarde. Meu

interior tinha caído e levantado. Ele faz o mesmo agora, como se eu estivesse

caindo do carrinho mais alto de uma montanha-russa.

"O que? Beau sabe o que?”

"Ele fala em frases pares" eu exclamo.

Seus lábios se contraem e logo os enruga prontamente entre os dentes,

seus olhos ficam cada vez mais brilhantes. Tenho a sensação de que ela está

tentando não rir.

Um ano atrás, apenas esse pequeno gesto teria me deixado fechada e eu

teria saído.

Mas agora não.

Agora tenho um estranho desejo de ouvi-la rir e rir com ela.

"E eu não posso dizer a ele," gesticulo amplamente para o ar. "Não posso

dizer-lhe que preciso que ele fale em frases com um número ímpar de palavras.

Então ele saberá que eu sou louca." Ele já sabe.

"Você não é louca." Ela diz isso firmemente, me fixando com o olhar.

"Você precisa parar de se referir a si mesma ou pensar em si mesma dessa

maneira. Se chamar de louca é desistir. Você está no controle, das suas

obsessões, das suas compulsões, porque você sabe que é irracional. E você quer

mudar."

"Mas e se ele quiser me tocar?" O pensamento é terrível e emocionante.

"Você já teve intimidade antes.”


"Não quero que nada de ruim aconteça com ele.”

"Esse é um pensamento irracional. Agora, diga isso."

"Acreditar que algo ruim acontecerá com Beau se eu tocar nele é um

pensamento irracional", afirmo obedientemente, respirando a onda de medo.

Medo irracional.

"Você já considerou que existe alguém lá fora, que talvez não considere

essas coisas como loucas? Que alguém possa tomar o tempo para entender sua

desordem, aproveitar o tempo para entender e, portanto, apreciar isso?"

Eu balanço minha cabeça. "Não."

"É por isso que você não contou a ninguém sobre os cortes? Ou sobre sua

aversão por tocar os outros? Porque você não acha que eles entenderiam? "

Eu olho para a minha terapeuta, irritada que ela estava me fazendo

discutir isso. "Você sabe quantas vezes por dia - ao longo da minha vida -

perguntei-me:" Por que eu tenho que ficar tão louca o tempo todo?"

"Você não é-"

"Não consigo descobrir como pôr isso em palavras ou admitir isso, o que

estou fazendo. O que eu preciso. É fácil fazer desculpas e mentir para si mesmo

quando você já está mentindo para todos os outros. Mas eu sempre soube -

sempre senti - como é embaraçoso, ser assim. Admitir que não posso tocar as

pessoas sem querer me cortar, para mantê-las a salvo de mim, apenas no caso.

Porque, embora você diga que eu não sou louca, eu sei como isso soa.”

A expressão da Dra. West é pensativa; ela me dá a impressão de alguém

tentando planejar seu próximo movimento de xadrez.

Eventualmente, ela diz: "Forço você a considerar a possibilidade de que

existam pessoas que não a julguem por sua desordem, mas sim verão e

valorizarão a força necessária para dominar suas compulsões.”


"Eu não quero dizer a ninguém." Especialmente não Beau.

"Do que você tem medo?"

"Não é óbvio?"

"Diga-me você."

Corro a ponta do dedo ao longo das cicatrizes levantadas do meu

antebraço. "Como ele olha para mim, isso vai mudar.”

"Como ele olha para você?"

"Como se eu fosse normal." Como se eu fosse inteira.

Ela suspirou, parecendo frustrada, mostrando um momento raro de

emoção. "Você confia em B - esse homem?"

"Eu não confio em ninguém, doutora.”

"Mas você acha que ele te feriu conscientemente?"

Não respondo imediatamente. Em vez disso, penso na pergunta, penso

em Beau e no que eu sei sobre ele, o que eu tenho observado nas últimas

semanas.

Ele é legal para todos. Todos. Mesmo quando não o mereceram.

Ele sai do seu caminho para ajudar as pessoas. Ele tem uma extraordinária

ética de trabalho; fica atrasado para consertar uma emergência de última hora

ou entra nos finais de semana; ligando para o Tennessee e as Carolinas tentando

encontrar uma parte de carros raros.

E penso em sua expressão depois que ele me chamou de pária narcisista.

Eu não o culpo, não depois de ter tratado ele e outros mal. Eu odeio os tratar

mal, que eu o ignorei, que não conseguiria apertar a mão de ninguém.

Mas a profundidade de seu remorso depois que as palavras deixaram sua

boca, quando ele me, revelou grande parte de sua natureza. Beau Winston é

impossível de não gostar.


Depois de uma deliberação substantiva, a certeza que raramente sentia

resolvida no fundo dos meus ossos, eu falo a verdade. "Eu não acho que Beau

Winston faria mal intencionalmente a ninguém.”


CAPÍTULO 9

"Educar a mente sem educar o coração não é educação".

- Aristóteles

*Beau*

Eu fiz muitas pesquisas na sexta-feira à noite em vez de ir para o

concerto na Jam.

Cortes.

Especificamente, por que as pessoas fazem isso.

Os resultados da pesquisa retornaram um monte de coisas assustadoras, e

basicamente aumentaram o fato de que as pessoas se cortam como uma

maneira de obter uma sensação de controle. Muitas vezes, porque em algum

momento de sua vida, o controle foi levado sem sua permissão. O que não faz

muito sentido para mim.

Mas tudo bem.

Certo.

Não dormi bem naquela noite. Eu continuo a ver as cicatrizes de Shelly, o

rosto dela depois que eu gritei com ela, continuo imaginando a mulher se

cortando, sentada numa cama de hospital em nossa biblioteca, no andar de

baixo. Chamo seu nome. Ela ergue os olhos do braço sangrento.

Em vez de ser Shelly, é minha mãe, e ela não consegue alcançar o botão da

morfina.
E então eu acordo com um coração acelerado, me sentindo doente. O

pesadelo é uma reminiscência das semanas anteriores à morte de minha mãe.

Eu o afasto.

O sono é indescritível a partir desse ponto.

Depois de muito debate, eu decido conversar sobre a situação com Duane,

apesar de ter me recusado a pedir ao meu gêmeo um conselho nos últimos

meses. Eu preciso me acostumar com sua ausência, me acostumar a tomar

decisões sem considerar seus pensamentos primeiro. Mas esta situação com

Shelly parece séria. Assim, eu decido fazer uma exceção.

Eu também penso em pedir sua opinião sobre o pedido de reunião de

Christine St. Claire, mas decido contra isso. A coisa com Christine é algo que eu

finalmente decido resolver por minha conta. Mandou texto e ligou todos os dias

na semana passada. Ele disse originalmente que eu tinha um mês para pensar o

assunto. Aparentemente, ele mentiu.

Obstinado por café, eu posso sentir o cheiro vindo do andar de baixo,

fecho a porta do quarto que compartilho com Duane, com o cuidado de ficar

quieto. Mesmo que ele e Jess planejassem viajar pelo mundo juntos, em

novembro, não vive juntos. Ela ainda vive com seus pais, e ele ainda vive

conosco.

No entanto, às vezes Duane dorme na casa dela, às vezes ele não faz. Não

sei onde ele dorme quando não está em casa, e não vi motivos para perguntar.

Não é da minha conta.

Então eu vejo Cletus passeando pelo corredor em direção ao seu quarto.

Ele está em uma toalha e seu cabelo está úmido. O que significava que ele

acabou de tomar banho. O que é incomum. Cletus prefere tomar banho à noite,

dizendo que não quer dormir com a sujeira do dia.


Olho para a porta dele, agora fechada, por vários minutos, deliberando.

Cletus sabia sobre as cicatrizes de Shelly? É por isso que ele perdoa sua

descortesia? O que mais ele sabe sobre Shelly e não achou conveniente

compartilhar?

E por que ele estava tomando banho no início da manhã? Por que ele está

acordado? Cletus nunca acorda cedo.

É para esta mulher? Aquela para quem ele está se arrumando? E quem é

ela mesmo assim? Ele estava agindo esquecido desde... desde...

Eu pisco.

Uma sombra de um pensamento insere-se no meu cérebro, crescendo, até

surgir como uma suspeita completamente formada.

O ajuste de tempo. Cletus não é grande em perdoar, mas ele a está

perdoando... Shelly. Inferno, pode-se dizer que ele é parcial para ela, em certo

sentido como Cletus é capaz de ser parcial para qualquer um.

Droga.

Meus pés estão se movendo, levando-me até sua porta antes de tomar

uma decisão, tentando esquecer o amargo na boca do meu estômago enquanto

penso em Cletus e Shelly. Juntos.

Eu bato, decidindo que minha sensação de descontentamento é por querer

que meu irmão seja feliz. E se ele não soubesse sobre as cicatrizes? E se ele

estivesse meio apaixonado e não soubesse? O que acontece?

Não espero que ele responda, coloco minha cabeça no quarto dele e falo

ao redor com a picada de desconforto no meu peito. "Ei, Cletus. Eu estava

pensando sobre -"


Eu não consigo continuar, porque a visão de meu irmão em calças de

terno e uma nova camisa de terno é tão confusa que me pergunto brevemente

se hoje é domingo.

Enquanto isso, Cletus está me olhando engraçado. Como se tivesse sido

pego, ou se sentia culpado por alguma coisa.

"O quê?" Ele olha para si mesmo e volta para mim.

"Hoje não é domingo", falo com 99% de certeza que não é domingo. Não,

a menos que eu dormi todo o sábado.

"Eu sei disso."

"Então, por que você está vestido assim?"

"Eu não estou."

"Sim, você está." Eu entro em seu quarto e fico atrás de meu irmão

enquanto ele se inspeciona no espelho.

Ele está vestido. Ele colocou esforço e pensamento em suas roupas e

Cletus nunca coloca esforço e pensa em suas roupas. Nos domingos, ele sempre

usa calças pretas e uma camisa branca. Ele chama de uniforme de domingo.

Cletus está vestido requintado para alguém.

O desconforto no meu peito inchou dez vezes e ficou pavoroso. "Quem

você está indo ver?"

Ele encolhe os ombros. "Ninguém."

"É Shelly?" Eu pergunto, incapaz de me parar. "Você está envolvido?"

Cletus encolhe os ombros. "Eu não estou envolvido com Shelly. Pelo

menos ainda não."

Um choque de algo desagradável corre através de mim, fazendo com que

eu fique tenso, fico mais reto. Com a esperança de cobrir a reação inesperada,
cruzo meus braços e trabalho para manter minha voz uniforme. "O que isso

significa?"

"Isso significa que, eventualmente, vou cuidar dela. Ela e eu somos

adequados.”

Oh. Inferno.

A borracha em torno do meu peito espreme, fazendo respirar uma tarefa

difícil.

Droga.

Olho sem olhar para nada no espelho. Cletus esteve com mulheres, mas

nunca admitiu estar interessado em uma pessoa ou trouxe alguma das suas

amigas para casa. Isso é um grande problema.

Ele se vira e passa por mim até a cama, sentando na borda e vesti os

sapatos.

Ainda de frente para o espelho e sem olhar em nada em particular,

pergunto: "Você acha que vocês dois são adequados?"

"Sim."

"Por quanto tempo você se senti assim?"

E também, um pouco fora do tópico, por que a ideia de Cletus e Shelly juntos me

faz sentir como uma merda?

"Desde que eu a conheci e determinei que a nossa união seria idealmente

plácida. Por quê?"

"Porque eu-"

Merda, merda, merda.

O que eu posso dizer?


Se ele souber sobre as cicatrizes, então, expor isso não ficaria bem. Talvez

até o aborrecesse, e ninguém quer que Cletus se abale. A vida é um inferno para

todos quando Cletus está chateado.

Mas se ele não soubesse sobre as cicatrizes, e eu disser a ele, bem... não

será uma grande diferença. Quando Cletus toma a cabeça, não há mudança.

Mas então ele definitivamente ficaria chateado.

E além disso, é meu lugar? Para dizer a ele? Foi mesmo um grande

negócio? Eventualmente, ele descobriria quando eles... eles ...

Maldição.

Agora eu realmente me sinto como uma merda. E espero muito para

responder. O olhar de Cletus é pesado e eu preciso falar antes de ele suspeitar.

Passando a mão pelo meu cabelo, eu digo que a primeira coisa que eu

posso pensar não é uma mentira. "Eu teria feito um esforço para ser melhor, se

eu soubesse que você estava interessado.”

Isso é verdade. Eu teria, para Cletus. Assim como eu faço qualquer coisa

por qualquer membro da minha família.

"Beau, você deve ser melhor, independentemente dos meus sentimentos

sobre o assunto. Você é legal com todos os outros. Você sabe o que mamãe

costumava dizer: Se você não deseja que alguém pegue sua cabra, não deixe

que saibam onde está amarrada.”

Eu aceno com a cabeça distraído, mas o desconforto acentuado em meus

pulmões não me fez respirar fundo.

"Há algo acontecendo com você?"

Conheço o olhar brilhante do meu irmão no espelho, percebendo que

estou de pé no meio de seu quarto, sem olhar no espelho por muito tempo.
Ao ver que ele parece preocupado, coloco um sorriso no meu rosto,

apenas um pequeno.

Isso não parece satisfazê-lo.

Depois de um tempo eu balanço minha cabeça. "Não. Nada está

acontecendo comigo."

Seus olhos se estreitam, me dizendo que ele está em dúvida.

"Pare, Cletus.”

"Parar o que?"

"Pare de tentar olhar para minha mente." Forçando um sorriso mais largo,

coloco minhas mãos nos meus bolsos.

"Eu nunca faria isso, Beau. Sua mente é um lugar depravado e dissoluto.

Eu temeria por minha alma eterna, eu deveria controlar um vislumbre para

dentro.”

Eu não tenho que forçar nada enquanto meu sorriso cresce, mas decido

sair antes que ele possa me questionar mais.

Saindo do espelho, eu digo: "Está certo," enquanto começo a sair do seu

quarto, mantendo meus passos sem pressa, meu tom iluminado. "E você não se

esqueça disso."

"O QUE VOCÊ SABE SOBRE SHELLY?"

Duane me envia uma olhada, a pergunta claramente o pegando

desprevenido.

Estávamos mais uma vez no Genie, mas desta vez é uma noite de sábado.

O lugar está cheio.


Felizmente, Patty ainda parece satisfeita comigo, o que me fez pensar se

Darlene ainda não contou a Patty sobre a nossa separação. Independentemente

disso, quando chegamos, ela foi toda sorrisos e escoltou-nos para um estande

vazio marcado reservado e acabou de nos deixar uma rodada de cervejas.

Parece como um verdadeiro tratamento VIP.

Duane e eu acabamos de chegar; Jess estará a qualquer minuto, como

Hank. Isso significa que eu só tenho alguns minutos com Duane para discutir o

assunto antes do nosso colega de trabalho chegar.

Meu gêmeo dá a sua cabeça uma vibração sutil e procura minha

expressão. "Não muito," ele finalmente diz, não disfarçando sua irritação, como

a resposta óbvia que ele não gosta de ser forçado a vocalizá-la.

"Ela fala com você." Eu me inclino para frente, não querendo gritar na

música.

"Sim. Mas não muito."

"Vamos, todos vocês trabalham juntos o tempo todo. Certamente, ela deve

ter falado sobre si mesma.”

"Nós não estamos compartilhando nossos sentimentos, Beau. Estamos

trabalhando em carros. Eu sei que ela é canhota, ela prefere as ferramentas

destras, ela é má para estranhos, e ela parece ser capaz de fazer a engenharia de

partes do carro a partir do zero.”

"Bem. Você não sabe muito, e você não pergunta. Mas você percebeu?" Eu

olho ao redor do bar rapidamente, para me certificar de que ninguém está

olhando, antes de fazer um gesto para o meu antebraço.

Seus olhos seguem o movimento, suas sobrancelhas se juntam em

confusão. "O que?"

"Os braços dela.”


"Os braços dela?"

"Ela tem cicatrizes ao longo do interior dos antebraços.”

Duane olha para mim uma batida, piscando uma vez antes de perguntar:

"Então?"

"Elas são auto infligidas.”

Isso chama sua atenção. Os olhos de Duane se arregalam e voltam para

meu braço novamente, como se ele pudesse encontrar feridas lá.

Patty chega enquanto Duane e eu trocamos olhares, deixando cair nossas

cervejas e me dando uma piscadela - o que eu respondo com um sorriso

educado. Ela logo corre para longe, atendendo outra mesa.

Duane inclinou-se para a frente, ignorando sua cerveja. "Você tem

certeza?"

"Sim. Não vejo como elas podem ser qualquer outra coisa. Eles são

alinhados. Dois centímetro de comprimento, cerca de meio centímetro de

distância. Eles parecem ter sido feitos com uma navalha ou uma faca afiada.”

Os olhos de Duane brilham com as palavras e eu sei o que - ou melhor,

quem - ele estava pensando. Razor Dennings3, o presidente do Iron Wraith,

ganhou seu nome cortando pessoas.

Eu rapidamente balanço minha cabeça, mas Duane fala antes que eu

possa. "Você tem certeza de que não os obteve de outra pessoa?"

"Eu acho que pode ter, mas eles seguem o padrão clássico de corte.”

"Padrão clássico de corte?" Ele pulveriza, levantando de volta. "O que você

é? Um especialista em automutilação? "

"Não seja um babaca. Eu estudei depois que eu vi as cicatrizes em seu

braço. E quando ela me viu olhando, ela cobriu muito rápido. "

3
Lamina de barbear
"Huh." Duane cruza os braços sobre a mesa, sua expressão pensativa,

então pergunta duvidoso: "Então... ela é louca?"

Eu grito. "Só porque ela se cortou não a faz louca.”

"Mesmo? Pessoas sãs se cortam? "

"Defina sã.”

"Você sabe o que eu quero dizer."

"Você destruiu o seu Papa-léguas em perfeitas condições no ano passado

nas corridas de terra. De propósito. Você estava são? "

"Não precisa ficar com suas penas arrepiadas, Beauford." Duane revira os

olhos, olhando para o bar. "Estou apenas dizendo, ela não parece louca.”

"Oh sim? Como parecem as pessoas loucas?”

Seus olhos cortam os meus e sua expressão se intensifica. "Fora disso, eu

acho. Fora de alcance. Bagunçado. Emocional. Ela não é bagunçada. Você notou

que ela está reorganizando toda a garagem? Tudo tem um lugar. É legal. E,

emocional?”

“Não. Além de gritar com você ontem, ela não parece ter nenhuma

emoção.”

"Reconheça, Duane. Não conhecemos qualquer pessoa que tenha uma

doença mental.”

Pelo menos, não sabemos disso.

"Não, a menos que você conte o nosso pai." A mandíbula de Duane marca,

suas pálpebras caindo para metade. "Ele era definitivamente bagunçado, fora

de contato, emocional.”

"Sua doença mental é chamada de ‘idiota’.”


"Eu acho que na verdade é uma doença mental, se você quiser ter técnicas.

Chamado de narcisismo, ou síndrome da personalidade narcisista, ou sendo um

sociopata. A amiga de Ashley sabe. Ela não é psiquiatra? "

"Qual?"

"Sandra, eu acho? A ruiva. Do Texas. Aquele que fez Cletus chorar no ano

passado antes de mamãe morrer.”

"Sim, acho que você está certo." Eu arquivo essa informação, apenas no

caso de precisar fazer perguntas sobre Shelly, como devemos lidar com ela,

certificando de que não fizemos algo para afastá-la acidentalmente para o fim

profundo.

"Além disso, Shelly não me lembra de Darrell. Ela não é.… má. Ela é

realmente muito rude." Eu rio um pouco, percebendo - com muita relutância -

que em algum nível eu gostava de sua descortesia. Eu gosto de seus retornos

inteligentes.

Ela me lembra Duane de muitas maneiras, mas em extrema extensão.

Honesta, inteligente, sem paciência para besteira. Mas Duane sacode as mãos

das pessoas e sabe quando manter suas opiniões para si mesmo, nem Shelly

parece dominar.

"Ela também não me lembra ele." A boca de Duane torce para o lado, ele

parecia estar pensando demais. "Eu acho que você ainda não conversou com

Cletus?"

"Não. Na verdade, não. Não sobre isso." Eu grito, depois pego minha

cerveja, levando vários goles até que ela desaparece.

Eu ainda não estou preocupado com a declaração de Cletus sobre ele e

Shelly serem adequados. Não consegui descobrir por que seu interesse pela

mulher me atormentava, mas sim. Isso irritou.


E não entender por que os desenhos de Cletus em Shelly me

incomodaram, eu estava ainda mais irritado.

"Eu não acho que Cletus sabe sobre os cortes. Se ele soubesse, ele se

intrometeria.”

Duane suspira. "Além disso, Jethro disse algo sobre Cletus sendo doce

com Shelly, mas também não acho que isso seja verdade.”

Esta última parte me fez sentar mais reto. "O que Jethro disse?"

"Como eu disse, acho que Jethro está cheio disso. E eu também não acho

que Shelly é louca, se esse é o ponto desta conversa.”

"Não é."

"Então o que é? O que você está propondo? Tem medo de que ela

machuque alguém?"

"Não é alguém." Eu balanço minha cabeça, um nó de insatisfação no meu

estômago, porque eu não tenho certeza do que eu estou propondo, ou porque

estou trazendo isso. Eu não sou um cara de fofoca, e geralmente eu sou bom em

cuidar do meu próprio negócio.

Mas não posso, não desta vez.

"Com o que você está preocupado?"

"Eu acho que estou preocupado -" que ela ainda está se machucando.

"Que ela é um perigo para si mesma?" Duane adivinha corretamente.

"Eu não sei", eu estudo, olhando pela cabeça de Duane enquanto procuro

por Patty.

Precisávamos de outra rodada. Na minha busca, eu vejo ambos Hank e

Jess pairando pela porta. "Eles estão aqui."

Duane olha por cima do ombro enquanto levanto a mão no ar até que nos

vissem.
Correndo para terminar a conversa antes de chegarem à mesa, inclino-me

para a frente e baixo a voz. "Mas eu sei o que vi, e como ela não vai tocar

ninguém, nem aperta a mão das pessoas. Além disso, ela está sozinha aqui, não

é? Seu irmão está em Chicago. Ninguém deveria estar atento a ela? Olhando

para ela? "

Duane me olha uma vez mais. "Eu pensei que você não gostava dela.”

"Eu não gosto."

"Por que você se importa?"

Olho para o meu irmão.

Ele balança a cabeça para mim. "Você não pode continuar a salvar todos,

Beau.”

"Eu sei disso."

"Você sabe? Porque vou sair em breve ...”

"Sim, Duane. Eu sei que você está saindo. Você nunca se cala sobre isso. "

"Não vou estar aqui para falar com você. Se eu não o mantivesse aterrado,

você estaria tirando a camisa de suas costas e os boxers fora de sua bunda.

Lembre-se do que a avó Oliver costumava dizer: não se incendei tentando

manter outras pessoas aquecidas.”

Eu bufo, rolando meus olhos.

"Você é muito bom."

"Só porque você é muito maldito."

Inclina a cabeça de lado a lado, como se estivesse pensando nas minhas

palavras. "Sim. Talvez. Eu acho que isso significa que, quando eu for, você terá

que aprender a dizer não. Porque eu não estarei por perto para fazer isso por

você.”
"Não se preocupe, não vou contar com você para nada.” Eu coloco um

sorriso convincente quando Jess e Hank chegam à mesa, sinto o olhar de Duane

ao lado do meu rosto o tempo todo.

"Como você reservou um estande?" Hank desliza ao meu lado, esticando

o pescoço, presumivelmente para encontrar Patty para que ele possa fazer um

pedido.

Duane fica de pé, sorrindo no lugar enquanto cumprimenta Jess e faz um

gesto para que ela deslize no estande primeiro. Ela sussurra algo na orelha dele.

Ele ri, seu humor amargo e minhas desagradáveis palavras esquecidas. Eles se

beijam. Mãos detidas.

Ugh.

Eles são nauseantes.

Eu preciso de outra cerveja. Quando meus olhos fazem uma varredura do

bar, paro, fazendo uma dupla pegada e depois olho.

Shelly Sullivan acaba de entrar.


CAPÍTULO 10

"Basta com minha beleza," Buttercup disse. "Todo mundo sempre fala sobre o

quão bonito eu sou. Tenho uma mente, Westley. Fale sobre isso.”

― William Goldman, A Princesa Prometida

*Beau*

Meu coração veio parar na minha garganta, obstruindo minha

capacidade de respirar. Ou pensar.

A visão dela é como ser golpeado no estômago, golpeado no rosto e

receber um golpe sexy na virilha simultaneamente. Muito para classificar.

"Puta Merda." Hank cutuca meu ombro. "Quem é aquela?"

Não respondo. Não posso.

Ela está usando uma camiseta sem manga preta com tiras finas e sem

sutiã. Talvez fosse grosseiro perceber, mas percebi. Puta merda, percebi. Penso

que até a esposa do Reverendo Seymour notaria.

A camisa é um pouco curta demais para o seu longo tronco, deixando fora

um pedaço de seu abdômen tonificado. Seu cabelo é grosso, bagunçado e longo,

caindo em suas costas, caindo sobre seus ombros, parecendo que ela acabou de

tirá-lo de uma trança. Os jeans azuis estão apertados e encaixados em botas de

cowboy desgastadas e castanhas.

Shelly paira na entrada, seus dedos pousando por acaso nos bolsos do

jeans enquanto seu olhar frio examina o interior.

No final, não importou que eu não pudesse falar, porque Duane

respondeu à pergunta de Hank. "Essa é Shelly", ele diz, seu tom é verdadeiro.
"Caramba," Hank repete, ainda soando atordoado e espantado. "Você não

estava exagerando. Ela é linda."

Sim, ela é linda. Ela também é inteligente, esperta, uma mecânica

brilhante. E.… complicada. E cruel.

Não devo esquecer o cruel. Super, super cruel.

Eu arranco meus olhos e trabalho em colocá-los de volta na minha cabeça.

"Puta merda é certo," Jess diz inesperadamente, chamando nossa atenção.

Ela está torcida no estande, inclinando-se para ver através de Duane. "Ela

parece com alguém, alguém famoso. Com quem ela se parece?"

"Ela deveria ser famosa, parecendo assim." Hank está perto de babar.

"Não, estou lhe dizendo. Ela parece com alguém.” O olhar de Jess fica

nebuloso e ela está claramente tentando localizar Shelly, como se ela a tivesse

visto em algum lugar antes. "De qualquer forma, essa é a mulher mais linda que

já vi."

"Então você precisa olhar no espelho." Duane franzi o cenho para Jess,

afastando o cabelo do ombro dela.

Ela desliza os olhos arregalados para o meu irmão e dá a ele um olhar

incrédulo.

"Querido, eu sei que você é quente para mim, e adoro isso em você. Mas

não sou cega. Essa mulher é - "

"A beleza está no olho do espectador." Duane coloca seu rosto na frente de

Jessica, roubando um beijo rápido e sorrindo para ela.

"De onde diabos ela veio?" Hank senta-se mais reto, inclinando-se para

um lado, presumivelmente para manter Shelly em sua linha de visão. "Quero

dizer, além das minhas fantasias".


Eu zombo, deslizando meus dentes para o lado e encontrando minha voz.

"Então vá falar com ela." Eu não posso evitar, as palavras são amargas.

Duane entrecerra os olhos para mim. Jess também faz.

Mas Hank não consegue afastar seu olhar de Shelly. "Eu acho que posso."

Meu irmão avançou, colocando uma mão no pulso de Hank. "Não."

"Por quê?"

Duane segura Hank e olha para mim por ajuda. Eu encolho os ombros,

apertando meus dentes, não tenho certeza se eu quero rir ou gritar. Eu também

não posso me incomodar, porque meu coração está batendo sem motivo.

"Beau." Sem rasgar seu olhar de Shelly enquanto ela caminha para o bar,

Hank puxa minha camisa. "Me apresente."

Duane balança a cabeça. "Você está cometendo um erro. Deixe-a em paz."

"Vamos lá." Hank finalmente se vira para o meu irmão. "Nenhuma

mulher entra em um bar com esta aparência e não quer atenção masculina.”

"Ou atenção feminina," Jess murmurou, brincando com sua base do copo.

Duane faz um som estrangulado e Jess sorri. "O que? Estou apenas

dizendo, eu concordo com Hank. Você se veste para o trabalho que você deseja.

E ela está vestida como se quisesse se divertir. Se quisesse ser discreta, vestia-se

discretamente. Certo?"

"Sim, mas ela não escolheu seu corpo, não é? Ou seus cabelos, olhos ou

altura, ou rosto." Meus comentários atraem para mim todos os olhos. Eu não

tenho certeza do que é meu ponto de vista. "Eu não acho que importa o que ela

usa, ela nunca vai ser discreta. Inferno, ela seria atingida diariamente na loja se

Duane e eu não a escondêssemos dos clientes, e ela apenas usa macacão lá.”
Jessica me estuda, olhando rapidamente para Shelly e depois de volta à

mesa, como se estivesse um pouco envergonhada. "Eu acho que essas roupas

parecem confortáveis."

Um nó frio forma no meu estômago, baseando na percepção de que eu

mal conheço a mulher. Mas eu estou fazendo suposições sobre Shelly Sullivan

nas últimas semanas com base em sua aparência.

De repente, estou desesperado por outra cerveja. Cletus está certo o

tempo todo. Eu preciso pedir desculpas a Shelly por como eu a tratei - como e o

que eu assumi - quando nos conhecemos e tudo o que aconteceu depois.

Respirando profundamente, coloco o ombro no ombro de Hank. "Eu vou

te apresentar.”

Jess aperta os olhos para mim. "Mas você acabou de dizer..."

"Ela está aqui sozinha, não é?" Meus olhos mudam-se para Duane

enquanto continuo.

"Ela está sozinha nesta cidade. Nós somos as únicas pessoas que conhece."

Um vestígio de sorriso puxa a boca de Duane e ele acena com a cabeça

uma vez. "Eu acho que alguém deveria cuidar dela.”

"Eu acho que sim." Eu concordo enquanto Hank está de pé e eu cavo até o

final da cabine. "Posso pegar para vocês algo para beber?"

"Eu vou pegar uma margarita." Jess cobre a mão de Duane com a dela na

mesa. "Você realmente é a pessoa agradável, Beau.”

"Sim, sim," eu grunho, dando-lhe um pequeno sorriso e fazendo um gesto

para que Hank me siga. "Vamos, babaca.”

"Bem atrás de você." A ânsia na voz do meu amigo arranha.


Eu mantenho meus passos lentos, instruindo Hank enquanto

caminhamos. "A menos que você queira cortar suas bolas, não flerte. Ela odeia

quando as pessoas flertam.”

"Não admira que ela odeie você." Hank ri.

Eu dou um olhar plano de canto de olho e volto minha atenção para

Shelly. Ela já está cercada e eu balanço a cabeça, sentindo pena pelos pobres

bastardos. Mas também sinto pena dela. Ela não pode evitar o que parece mais

do que eu posso, mais do que ninguém poderia. Aqui o mundo está

empilhando suas expectativas sobre ela. Isso deve ser cansativo.

"Além disso," continuo, "não tente tocá-la ou apertar sua mão. Ela não

aperta a mão."

"Mesmo?"

"Mesmo."

"Huh." Hank fica quieto por uma batida enquanto ele considera essa

informação. "Bom saber."

A banda no palco terminou uma música e os dançarinos no chão batem

palmas, explodindo e gritando sua apreciação. Passamos por algumas pessoas

que conhecemos.

Kimmy Jones pediu-me para dançar, assim como Natalie Mason e Kelly, a

sobrinha de Naomi Winters. Eu brinquei e fiz promessas para depois, citando a

partida iminente de Duane e que quero passar tempo com meu irmão como

motivo para recusar.

Quando chegamos ao bar, a banda está fora do palco para o intervalo e a

música gravada está tocando nos alto-falantes. O nível de ruído foi bastante

reduzido, o que significa que ouvimos o fim da interação de Shelly com Duke

Boone, um dos subordinados de Billy em Payton Mills.


Duke parece chateado, mas obviamente por efeito, provocar simpatia.

"Você me despreza, não é?" Ele diz, agarrando seu peito dramaticamente.

"Se eu lhe desse qualquer pensamento, provavelmente faria," ela responde

friamente e eu ouço Hank fazer um pequeno suspiro de surpresa.

Não estou surpreso com o insulto dele. Nem fico surpreso quando a

expressão afetada de Duke fica confusa e depois irritada. Mas quando os olhos

de Duke caem no peito de Shelly e se demoram, a centelha do antagonismo na

base do meu pescoço me surpreende.

"Uau. E aqui estou eu apenas tentando ser sociável, querida.” Duke

inclina-se, aproximando-se dela.

Empurro os admiradores de Shelly - a maioria dos quais eu reconheci

como companheiros razoáveis - e piso ao lado dela no bar. Eles parecem ceder

facilmente, eu suspeito que mais interessados em ver Duke bater e queimar do

que prontos para jogar seu próprio chapéu no ringue. Ela está virada para a

frente, sem olhar nem perceber, sem olhar para Duke.

"Você é tão brilhante como um buraco negro e duas vezes tão denso." Ela

diz isso em voz baixa, mas eu ouço. Como todos os outros.

Duke endurece, parecendo verdadeiramente ofendido. "Ei. Não deixe

minha modéstia te enganar."

"Você tem muito o que ser modesto.”

Hank dá um riso estrangulado, assim como outras pessoas, e é quando o

rosto de Duke fica vermelho de raiva.

E essa é a minha sugestão para difundir a situação "Hey Shelly". Eu me

preparo para o seu olhar, fixando uma expressão educadamente desinteressada

no meu rosto, e fico feliz por ter feito.

Seus olhos cortam para os meus.


Meu interior cai.

Meu coração pula dois batimentos.

Como se estivesse assustada com a minha presença, Shelly pisca uma vez.

Ela então se vira completamente para mim, dando a Duke as costas

enquanto ela descansa um cotovelo no bar à sua direita. "Oi. Como você está?"

Se suas palavras não haviam me surpreendido, a maneira como seu olhar

se move sobre o meu rosto teria. Quase como se ela estivesse nervosa. Como se

a faço nervosa.

Talvez porque ela sabe que eu vi suas cicatrizes.

"Uh, não posso reclamar." Eu concordo com boa vontade, sorrindo,

esperando dissipar uma parte de sua ansiedade. Sua atenção cai na minha boca

e seus olhos tornam-se nebulosos. Ou com fome. Talvez ambos.

Sua expressão de fome não me deu o murro anterior, nem a bofetada no

rosto. Apenas um golpe sexy para minha virilha.

Bem... merda.

Inseguro com o que fazer com esse desenvolvimento, limpo a garganta e

indico com a cabeça em direção a Hank. "Este é Hank”

"Oi. Prazer em conhecê-lo." Sério, Hank inclina a cabeça, seu tom

apertado.

Com visível relutância, seu olhar vai para o dele e estreita-se

infinitamente. Tenho a sensação de que ela está esperando por ele para fazer ou

dizer alguma coisa.

Quando ele não faz, sua expressão relaxa e ela olha para mim; se eu

estiver lendo ela direito, ela pare apreciativa. "Você o preparou?"

Levanto meus ombros, me sentindo orgulhoso por algum motivo.

"Talvez."
O lado de sua boca curva-se e seguro a respiração, perguntando-me se ela

realmente sorria.

Mas então Duke a agarra pelo braço e puxa. "Olá? Não terminei de falar

com você.”

"Não me toque," Shelly assobia, torcendo-se fora de seu aperto.

"Eu vou fazer o que quer que seja..."

Fico ao redor de Shelly, com cuidado para não a tocar, e entro entre eles.

"Hey Duck. Bom tempo que estamos tendo.”

"Cai fora, Beau." Duke olha para mim, o músculo em sua testa saltando.

"Não quer falar sobre o clima?" Eu sorrio, acrescentando: "Porque meu

irmão Billy adora falar sobre o clima.”

Como as outras vezes, fico entre Shelly e um homem com orgulho ferido,

sentindo ela atrás de mim. Eu pensei que lhe dei espaço suficiente, mas eu devo

ter julgado mal porque ela está diretamente atrás de mim, sua respiração no meu

pescoço como a primeira vez com Drill semanas atrás. Isso envia fragmentos de

sensação correndo sobre minha pele.

E quando ela inala, seu peito pressiona minhas costas.

Eu estou ciente dela, e a consciência é incrivelmente perturbadora.

Duke fica consternado com a menção de Billy, balançando para trás em

seus calcanhares. Ele parece estar considerando suas opções, e entendo isso.

Quando o orgulho de um homem é tudo que vale a pena ele defender, isso o

torna imprudente.

Finalmente, depois de um momento tenso, ele recua e pega sua cerveja.

"Bem. Eu terminei com ela de qualquer maneira." Seus olhos cintilam sobre meu

ombro para Shelly.


Eu estou tenso, porque se eu estou lendo Duke direito, um insulto está na

ponta da língua e não é inteligente também. Uma das variedades obscenas. E se

ele disser isso, então eu terei que dar um soco.

O que? Por quê? Por que você tem que socá-lo?

Porque.

Não é uma boa razão.

Você faria isso por qualquer um.

Não. Não tenho certeza de que isso seja estritamente verdadeiro.

Para Shelly.

Você está fora de sua mente maldita. Ela não é sua, você não é dela.

Talvez... ela pode ser?

Novamente, fora da sua mente maldita. Lembra-se de Cletus? SEU IRMÃO?

Felizmente, no último minuto ele morde de volta, sorrindo enquanto sai.

Eu estou chocado. E confuso. Não por Duke ou a ameaça de violência,

embora eu fiquei chateado e confuso com meus próprios instintos.

Cubro minha confusão ao olhar para a multidão reunida, comunicando

silenciosamente que o show acabou quando eu me viro para encará-la. Pessoas

dispersam, e Hank - atualmente atrás de Shelly-faz sinal para o bartender para

fazer o nosso pedido.

Movendo-me para permitir espaço entre nós, levanto meus olhos para os

dela. Eles parecem menos frio do que é usual, brilhando enquanto procuram o

meu. Mas seu corpo inteiro está rígido.

Luto com o desejo de colocar uma mão reconfortante em seu ombro, eu,

em vez disso, atravessar meu cabelo.

"Nós não estamos na loja," ela diz com a sua falta de emoção.

"E?"
"E..." Ela dá um passo à frente, invadindo meu espaço. "Não faça isso.”

Seu tom é quase suave.

"Fazer o que?"

"Avisar os caras.”

Eu me encolho, sentindo minhas sobrancelhas juntas. "Você gostou de

como ele estava te tratando?"

"Não."

"Então, qual é o problema?"

Ela lambe os lábios, olha para o bar e volta para mim. "Onde está sua

namorada?"

"Minha o quê?"

"Namorada." Um vinco formado entre as sobrancelhas. "Quando nos

conhecemos, você disse que estava vendo alguém.”

"Oh. Não. Isso terminou. Na verdade, nunca começou."

"Oh." Ou é minha imaginação, ou aquela notícia parece agradá-la.

Provavelmente minha imaginação.

"Então-"

"De qualquer maneira, não preciso de sua ajuda." Sua voz ainda é gentil.

Bem, gentil para Shelly Sullivan.

E não tenho certeza do que fazer com a sua gentileza, ou as suas palavras.

Olho para ela, tentando ler sua mente. Conseguir uma leitura sobre esta mulher

é o último esforço na futilidade. Ela está presa, ainda olhando para mim por

trás de uma folha de gelo.

Talvez não seja tão hostil quanto antes, mas ainda guardada.

"Tudo bem." Eu concordo uma vez, tentando não me irritar.

Ela inspeciona meu rosto. "Você está zangado?"


"Não," respondo imediatamente. Sua pergunta me surpreende; quando

ela se importou se eu estou zangado?

Hank vem ao nosso lado. "Aqui está sua cerveja, Beau. Vou levar as

bebidas de Duane e Jess de volta à mesa. Vocês vêm?"

"Em um minuto." Aceito a cerveja e indico que ele deve continuar sem

mim.

Hank vira um sorriso apertado para Shelly. Ela olha para ele, uma das

sobrancelhas levantando um pouco mais alto do que a outra.

"Bem, ok então," ele diz, virando e partindo.

Assim que Hank está fora do alcance do ouvido, Shelly aperta os dentes, o

olhar escorregando. "Não sou boa com as pessoas.”

"Não? Eu nunca teria adivinhado." Eu tento manter o sarcasmo da minha

voz, tentado provocar.

Eu falho.

Seu olhar volta para o meu e afiado. "Você está sendo sarcástico.”

"O que me denunciou?" Eu cubro meu desconforto com um gole da minha

cerveja. Ela está me espetando com os olhos, me cortando.

"O tom da sua voz," ela respondeu em um tom monótono. "E suas

palavras.”

"Essa é uma questão retórica.”

"Certo." Ela concorda com a cabeça, seus olhos caindo de volta ao topo do

bar e fico aliviado por estar fora de sua armadilha. Pergunto-me se eu alguma

vez me acostumei com o peso de sua atenção. A faixa de borracha em volta do

meu peito retornou em pleno vigor, assim como a inquietação.

Esta mulher me agita como ninguém. Falar com ela é como montar uma

montanha-russa com os olhos vendados. Eu preciso sair.


Dando-lhe um aceno rápido, me viro para partir. "Bem, muito bom te

ver.”

"Espere." Sua mão estende e agarrou meu antebraço.

E então ela congela, olhando sua mão em mim como se ela esperasse que

algo acontecesse. Da minha parte, também fico atordoado. Não me mexo. Eu a

assisto. Uma mistura estranha de medo e determinação em seu rosto.

Shelly lança uma respiração instável, seu aperto afrouxando, mas não me

solta. "Podemos conversar?"

"Você quer falar? Comigo?"

"Sim." Seu olhar levanta - mais medo, mais determinação - e seguro. "Por

favor."

Meus olhos se arregalam. Esta noite está cheia de surpresas.

No entanto, concordo com a cabeça, encostando no bar. "OK."

Seus dedos deslizam de uma maneira que parecia relutante, e ela torce o

porta copo ao lado de sua bebida até que seu lado esteja perfeitamente paralelo

com a borda do bar, sem dizer nada.

Então espero. Espero um bom tempo. Eu pego Kimmy Jones soltando as

adagas na parte de trás da cabeça de Shelly, curvando-se e sussurrando algo a

Kelly Gavin e fazendo uma cara azeda. Isso me surpreende. Kimmy sempre

pareceu uma pessoa legal. Até onde eu sei, ela não conhece Shelly.

As mulheres são estranhas, e isso é um fato.

Assim quando tomo um gole da minha cerveja, Shelly diz: "Eu gostaria de

fazer sexo com você.”

Eu engasgo.
Cerveja ameaça a sair pelo meu nariz, levo minha mão à minha boca e

tusso, olhando essa mulher e com certeza - muita, muita certeza - eu a entendi

mal.

Ela me observa, sem expressão. Exceto que mesmo enquanto meus olhos

se embaçam com as lágrimas em uma boa tosse, eu detenho uma mudança nela,

uma porção de vulnerabilidade - incerteza - enquanto ela olha para mim.

Tossi tanto e tão forte que o barman finalmente me traz um copo de água.

Eu bebo, olhando para Shelly.

E quando abaixo, eu arranho, "Desculpa?"

"Você está se desculpando."

"Não, eu não estou -" Eu balanço minha cabeça rapidamente e aperto a

ponte do nariz com meu polegar e indicador. "O que você acabou de dizer?"

"Eu disse, eu gostaria de fazer sexo com você.”

Continuo olhando para ela, deixando minha mão cair enquanto eu olho

para essa mulher, o significado de suas palavras e a falta de emoção com que

ela falou.

As próprias palavras não são incomuns. Eu já ouvi essas palavras antes -

ou algo assim - de muitas, muitas mulheres. Normalmente sussurradas no meu

ouvido enquanto elas estão no meu carro, ou em um canto escondido do centro

comunitário na noite do concerto, ou atrás desse prédio.

Mas eu nunca tinha ouvido assim, com a mesma paixão que alguém pode

usar para sugerir que eu tente usar amaciante de tecido.

Shelly Sullivan deixa cair o olhar no topo do bar.

"Você está brincando,” eu digo e penso ao mesmo tempo.

Ela balança a cabeça.

Eu me encolho porque ela não está brincando.


"Você está falando sério." As palavras saem estranguladas.

A cor mancha suas bochechas. Seus olhos estão me evitando, mas sóbrios,

e seus lábios generosos estão pressionados em uma determinada linha. "Sim."

Um som involuntário me escapa quando eu dei outro olhar a mulher,

novamente dizendo e pensando ao mesmo tempo: "Você é louca.”

Eu estremeço logo que as palavras saíram. Imediatamente, lamento,

desejando tê-las de volta e amaldiçoo com a respiração. Eu não queria dizer

isso, porque - claramente – ela sofreu em algum momento de sua vida.

Ela também se encolhe - apenas um pouco - como se eu tivesse cutucado

uma ferida que ainda esmagava.

Está na ponta da minha língua pedir desculpas, mas antes que eu possa,

ela diz: "Sim. Isso também é verdade. Mas estou tomando medicamentos, acho

que estou menos louca do que antes.”

Não sei o que dizer, então não digo nada. Ela me faz virar de cabeça para

baixo e de cabeça para cima, incerto com o que fazer ou pensar ou dizer.

Girando o porta copo no topo da barra, ela enche o silêncio. "Minha

terapeuta sugeriu que eu deveria te convidar para sair. Mas o que eu realmente

quero é fazer sexo com você. Então, é isso que eu estou pedindo. Mas eu não

sou contra namoro.”

"Terapeuta?" Pergunto sem rodeios, tentando continuar. "Você está em

terapia?"

O músculo em sua mandíbula pula e ela concorda.

Olhando em volta do bar, me perguntando se isto é uma brincadeira

elaborada, procuro em minha cabeça pela resposta correta ao pedido dela.

Uh, sim.

Sim.
Inferno. Sim.

Que tal agora?

Espere um minuto... cabeça errada.

Fechando os olhos, eu inalo. Eu expiro. Abro os olhos e pego Duane no

outro lado da sala, e suas palavras muitas vezes repetidas flutuam na minha

mente. O que Darrell Winston faria? Faça o contrário.

E também, Cletus.

"Eu..." Eu começo, meu interior apertando, os olhos permanecendo no

meu irmão por um momento mais, depois se mudando para a mulher na minha

frente. Eu não me preparei - eu não estou pensando - então seu olhar me acerta

no peito. Dois batimentos do meu coração depois, termino a frase: "Não acho

apropriado, para nós... veja como eu sou tecnicamente seu chefe". E meu irmão

Cletus acha que vocês dois são adequados.

Shelly está balançando a cabeça antes de eu terminar minha sentença,

alcançando seu bolso traseiro e retirando uma nota de vinte dólares.

"Isso faz sentido." Ela coloca o dinheiro no bar. Ela vira. Ela se vai.

Olho para o local que acabou de desocupar por menos de um segundo, e

meus pés estão se movendo. Coloco minha cerveja no bar. Sigo pela multidão e

pela porta. Ela tem pernas longas, e está caminhando rápido, então eu tenho

que tropeçar para recuperar o atraso. No momento em que eu faço, ela está

parada ao lado de seu Buick GSX 1971 marrom e está brigando com suas

chaves.

"Espere um minuto. Espere.” Sem pensar, pego seu braço, deslizando

minha mão ao longo dele até que ela está de frente para mim e tenho seus

dedos embrulhados nos meus.

Ela estremece e abaixou o olhar, mas não se move de outra forma.


"Shelly."

"Sim?"

Por algum motivo, eu estou sem fôlego. "Você está..."

Ela me dá um olhar. "Sim?" A questão é um sussurro e parece

esperançosa.

Maldição.

Soltando a mão, dou um passo atrás. "Você está trabalhando segunda-

feira?"

Ela olha para mim. Ela concorda. Eu também concordo.

Então Shelly destranca seu carro, desliza no banco do motorista, liga o

motor, e se afasta.
CAPÍTULO 11

"Ele é como uma música que ela não pode tirar da sua cabeça. Mesmo que ela

tente, a melodia de seu encontro passa por sua mente em um loop infinito, cada vez mais

surpreendentemente doce do que a última, como uma canção de ninar, como um hino, e

ela acha que algum dia vai se cansar de ouvi-la"

- Jennifer E. Smith, A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista.

* Beau *

Eu sempre me considerei um homem honrado. Dito isto, meus sonhos

nem sempre foram honrados. E eu definitivamente estou bem com isso.

Pegue a noite de sábado, por exemplo. Eu estava na cama, Shelly e seu

pedido na minha cabeça, perguntando o que aconteceria se eu dissesse sim.

Quase imediatamente, afasto os deliciosos flashes de possibilidade. Nenhum

bem poderia vir de desejar uma mulher tão inteiramente fora do meu alcance.

Não só Cletus tinha intenções com ela, mas estava em terapia. Com

medicamentos.

A última coisa que Shelly precisa é estrelar as fantasias sexy de seu colega

de trabalho. Então, é claro, meus sonhos entram em causa.

Estávamos na loja e era durante o dia. Ela estava falando comigo sobre

alguma coisa. Meus sonhos são estranhos por aquela pessoa que falava, mas

geralmente é uma impressão pelas palavras em vez de detalhes.

Discutimos. Ela me segue ao andar de cima. Nós discutimos um pouco

mais. Eu estou me trocando, ela está se trocando. Ela tira a roupa...


E então, de repente, fazia semanas, desde que ela entrou comigo no

vestiário. Exceto que ainda estou com raiva da discussão. Mas ela não está

brava, porque não estávamos discutindo.

Ela tira o vestido como tinha feito naquele dia. Desta vez, não desvio o

olhar. Avanço - ainda furioso – e a apoio contra a parede. Ela olha para mim,

surpresa, mas não com medo.

Eu puxo bruscamente sua trança, sua boca se abre e eu a beijo. Ela é macia

e quente. Mais importante ainda, ela me beija de volta. Ela geme, ou eu faço,

enquanto eu deslizo as tiras de seu sutiã, curvando-me para pegar seu peito na

minha boca. Sua mão está nas minhas boxers. Ela me rodeia com os dedos,

acaricia. Eu estou tão duro, tão duro.

Mas eu não estou com raiva. Fico frustrado. Eu quero. E o desejo é a

frustração encarnada. O escritório do andar de cima não serve, não para o que

eu quero. Então o cenário mudou.

Estávamos em uma sala que nunca tinha visto, com um grande sofá de

couro. Shelly ainda está com a roupa íntima de renda, de pé na minha frente. Eu

quero que ela tire o sutiã. Ela faz. Eu quero que ela se sente no meu colo, virada

de costas para mim, montada em minhas pernas. Ela faz.

Coloco minhas mãos sobre ela, preenchendo com uma palma o peso de

seu peito perfeito, rolando e puxando seu mamilo, depois deslizando os dedos

da minha outra mão na frente de sua calcinha. Ela arqueia, dando-me um

vislumbre de seus peixinhos sobre o ombro dela, esfregando o traseiro contra

meu pau. Mordo seu pescoço e as costas.

Pressionando-a para frente até que ela está de mãos e joelhos no tapete, eu

me ajoelho atrás dela, segurando suas costas.

Mas isso não está certo.


Ela diz meu nome, soa como uma pergunta.

Não, quero que ela esteja de frente. Eu quero vê-la. Eu quero beijá-la.

Quero vê-la gozar.

Nós estamos na cama, uma cama grande e eu estou abaixando meu corpo

até o joelho entre suas coxas. Minha boca fica molhada. Eu quase posso provar

ela.

Ela diz meu nome, mais alto desta vez. Parece uma pergunta. Eu olho

para cima. Ela está olhando para mim. Ela confia em mim.

"Acorde, Beau."

Uma vibração brusca do meu ombro me faz piscar acordado, esfregando

os olhos. Eu me encontro cara a cara com um Cletus pairando.

"Bom. Você não está morto. Isso seria um funeral embaraçoso."

"Cletus!"

"Bom Deus." Ele sacode a cabeça para mim, estala sua língua. "Nós não

temos muito tempo antes da igreja, mas se você se apressar, você pode terminar

no banheiro."

"O que?"

"Atualmente está disponível e aguarda seu depósito."

"Droga, Cletus, do que você está falando?" Eu grunho, irritado por várias

razões e ainda nas garras do nevoeiro dos meus sonhos.

As sobrancelhas de Cletus erguem na testa dele, ele me olha de forma

significativa, depois vira em seu calcanhar e saiu do meu quarto.

Me movo para sentar e estremeço, dor e rigidez na minha virilha me

parando. Eu olho para baixo, encontrando os lençóis e minhas boxers com a

maior e mais óbvia barraca armada do mundo.


EU ESTIVE TODO o domingo tentando descobrir o que fazer - sobre Shelly,

sobre Cletus - e me encontro em círculos em vez disso.

Finalmente, no início da manhã de segunda-feira depois de não dormir

muito, eu classifico os fatos.

O que eu sei?

Primeiro, Cletus é meu irmão e ele já me informou sobre suas intenções

com Shelly. Isso significa que ela está em uma caixa que eu não tenho

permissão para abrir.

Em segundo lugar, Shelly quer fazer sexo comigo. E esses são os fatos.

Eu quero fazer sexo com Shelly? Inferno sim. Claro que sim. Teoricamente.

Então, novamente, não em tudo. Eu posso me ver com alguém como ela à

longo prazo? Alguém temperamental imprevisível? Mas não adianta fazer a

pergunta. Nunca poderia acontecer por causa de Cletus.

Aí está. É isso.

Não é grande, encolho os ombros, muitos peixes no mar.

.. Certo.

Dirijo-me ao trabalho na manhã de segunda-feira, chegando antes do sol e

debatendo os meus próximos passos. A estranha verdade é, apesar de sua

estranheza - e mau humor e grosseria imprevisível - eu gosto da mulher.

Eu gosto de quão inteligente ela é, como ela se perde ao consertar carros,

como ela fabrica suas próprias peças, como não é um grande negócio. Admiro

isso sobre ela. Eu também gosto que ela seja contemplativa antes de falar, e

nunca fala apenas para se ouvir falar. Não há nada flutuante ou trivial sobre ela,

e ela me lembra Duane dessa maneira.

Quero conhecê-la melhor.


Duane está saindo, e se eu não quiser que todos os dias no trabalho para o

resto da minha vida sejam uma merda, então Shelly e eu teremos que encontrar

um terreno comum. Infelizmente, também não pode ser uma discussão comum.

Colegas de trabalho não discutem, não fazem sexo, não tem sonhos

molhados nem fantasias uns sobre os outros.

Eu fico na frente da garagem por duas horas, querendo pegá-la quando

ela entrasse. Trabalho com todas as mudanças de óleo agendadas para o dia.

Em seguida, mudo para a substituição de um silenciador. Eu estou acabando

quando ouço pneus no cascalho.

São 7:27 da manhã. Shelly sai de seu carro estacionado e meu coração salta

como um traidor. Cruzando os braços e afastando os pés, espero que ela entre

os dez metros até a loja, observando-a como eu estou.

Ela já está usando macacão e botas. Sua habitual trança longa parecia estar

longe. Ao aproximar-se, noto que ela fixou a trança no topo da cabeça como um

grande rolo de canela. Eu gosto. Ela parece fofa.

Fofa?

Sim. Fofa. Lide com isso.

Eu sei o momento preciso que ela me avista. Seus passos diminuíram e ela

se inclinou para a direita, como se a minha visão tivesse peso.

Impaciente, deixo cair o pano sujo que estou agarrando e vou para

interceptá-la, ignorando o nervoso fervendo em meu interior.

"Oi." Eu dou a ela um pequeno sorriso quando me aproximo e faço o meu

melhor para não pensar nela, ou me perguntar se ela estava usando roupas de

renda.

Ela para, esticada como se estivesse se preparando para algo, uma

discussão talvez. "Você está aqui cedo."


"Sim." Eu arranho meu pescoço, meu sorriso forçado. "Eu quero conversar

com você." Shelly me inspeciona, estranha, como de costume. "Converse."

"Você quer um café?" Eu jogo meu polegar sobre meu ombro. "Eu acabei

de fazer."

"Eu não bebo."

"Café?"

"Não." Eu pensei que era tudo o que ela diria voluntariamente, mas então

ela passa o peso para um pé e enfia as mãos nos bolsos, dizendo: "Isso me deixa

mais ansiosa."

"Huh." Inclino a cabeça para o lado, a estudando. "Descafeinado?"

"Não. Chá. Ervas".

"Oh. Como você toma o seu chá?”

“Puro."

"Sem açúcar? Sem leite?"

Ela olha para mim, como se estivesse procurando em minhas palavras por

um significado oculto, depois repete: "Puro."

"Eu me certificarei de que temos alguns a mão aqui, se você tiver sede."

"Eu bebo água".

"É bom ter algo além da água, de vez em quando."

Shelly aperta os lábios juntos enquanto a mandíbula trabalha.

Abruptamente, ela passa por mim.

"O que você quer, Beau?"

Eu a sigo.

"Eu gostaria de discutir sobre sábado, o que aconteceu na Genie's."

Nenhuma utilidade em fazer rodeios.


Ela para na entrada da garagem, colocando sua bolsa debaixo de uma

mesa e reorganizando as ferramentas que eu estava usando anteriormente para

as mudanças de óleo. "O quê sobre isso?"

"Eu acho que você está lidando com algumas coisas?"

Ela não responde, mas o músculo em sua mandíbula pulsa, sua atenção

ainda nas ferramentas.

"Eu não quero me intrometer..."

"Então, não pergunte."

" Mas você está sozinha aqui, tanto quanto eu posso dizer. Não há motivo

para não ser amigável."

Ela dá uma pequena risada, mas não sorri. “Amigável."

"Sim. Amigável." Eu estudo seu perfil; uma mecha de cabelo se

depreendeu do rolo e da trança, e enrolou preguiçosamente por suas costas. Eu

quero puxá-lo, envolvê-lo ao redor do meu dedo e morder e lamber a pele onde

seu ombro encontrava seu pescoço.

Em vez disso, cruzo meus braços sobre meu peito. "A coisa é, Cletus - meu

irmão - ele tem um grande respeito por você."

Shelly ergue os olhos para os meus e olha para mim por trás da sua

parede de gelo, não me dando nada.

Então eu continuo. "É verdade, sou tecnicamente seu chefe. Mesmo assim,

eu gostaria muito de conhecê-la melhor."

Ela volta a andar, suas sobrancelhas se juntam como se minhas palavras a

confundiram. Shelly abre a boca para falar.

"Mas Cletus é meu irmão." Eu a corto, precisando terminar de dizer minha

opinião.

"O que Cletus ou o seu respeito por mim tem a ver com qualquer coisa"
Agora, aqui está a parte do meu plano que está um pouco confusa. Eu

espero que Shelly entenda a sutileza de minhas palavras até agora. Essa é uma

esperança tola. Claramente, Shelly Sullivan não trabalha com sutilezas.

Eu tenho que tomar uma decisão. Seria errado eu compartilhar as

intenções de Cletus?

Talvez.

Provavelmente.

No entanto, naquele momento, não me importa. Eu estou muito mais

interessado em sua reação às suas intenções do que facilitar a vida a Cletus.

Não é como se eu fosse manchar o caráter dele, eu raciocino. Eu apenas vou

contar tudo.

E então eu digo: "Isso significa que ele gosta de você. Muito. E ele

pretende.... Cortejar você."

Eu a observo esperando uma reação, como um falcão.

Ela levanta o queixo, os olhos nublados de compreensão enquanto

absorve minhas palavras, mas tudo o que ela diz é: "Oh".

Minha boca puxa para baixo e eu procuro seus olhos, procurando algo,

qualquer coisa que me dê uma pista sobre o que ela estava pensando. Esta é uma

boa notícia? Ou ruim? Ela é contrária à ideia? Ou o que?

Shelly não revela nada, olhando para mim por trás da sua fortaleza

glacial. Meu interior afunda, depois cai, e eu esfrego uma mão sobre o meu

rosto.

Forçando um sorriso determinado, sigo em frente. "Então, você e eu

começamos de novo?"

"O que isso significa, exatamente?"


"Nós vamos trabalhar juntos, por quem sabe quanto tempo, então talvez

possamos fazer um esforço para ser civilizados.”

"Civilizados?"

"Sim."

"Seja mais específico."

"Tudo bem. Amigos."

Ela estremece e seu olhar fica afiado. "É isso que você quer?"

Não. Na verdade, não. "Sim. Claro."

Uma tempestade se reúne em seus olhos e sua expressão torna-se severa.

"Eu não quero ser sua amiga.”

"Desculpe?"

"Você não está desculpando."

"Não," balanço minha cabeça. "O que quer dizer isso? Por que você não

quer ser amiga?"

"Não é o que eu quero." Sua voz sobe para próxima a um grito. Shelly está

me encarando, olhando para mim agora, e tenho a sensação de que minha

sugestão de sermos amigos a incomodou em um nível fundamental.

"Então, o que você quer?" Pergunto gentilmente, o que só pareceu

enfurecê-la.

Para registro, essa não é minha intenção. Eu estou tentando fazer as pazes,

e ao fazer isso, me dar alguma paz de espírito. De alguma forma, a Srta. Shelly

Sullivan e sua roupa de baixo de renda preta, e o seu decote sem nenhum sutiã,

e olhos que olham para minha alma, invadiram meus pensamentos,

preencheram minha mente e sequestraram meus sonhos com possibilidades

impossíveis.
É preciso parar, e não só por causa das intenções do meu irmão. Está

sozinha aqui. Ela está em terapia pelo amor de Deus. Todos os sinais apontam

para fora dos limites.

Então, quando ela gritou: "Eu quero..." ela levanta as mãos como se

estivesse agarrando meus braços, e eu me preparo para o seu toque.

Em vez disso, ela fecha em punhos e cospe: "Eu quero que você me deixe

em paz."

Eu balanço os meus calcanhares, sem encobrir minha surpresa no veneno

em seu tom. Ela está com raiva, o que é óbvio. Quanto ao porquê, eu não tenho

ideia.

"Tudo bem, ok." Eu aceno com a cabeça uma vez, esmagando meus

dentes.

"Eu quero que você reajuste o elevador de carros quando terminar de usá-

lo. Estou cansada de limpar suas bagunças."

Bem. Está bem então.

"Tudo bem." Eu dou um passo para trás.

"E, o jeito que você canta junto com a música enquanto você usa fones de

ouvido? Pare de fazer isso."

"Mais alguma coisa?" Eu fico rabugento. "Mais exigências, oh sua

Majestade Real?" Esta mulher traz o pior de mim.

Seu olhar fica furioso e ela empurra o rosto para o meu. "Você costuma

falar em frases com palavras duplas." A afirmação salta da boca e ela fez

parecer o mais vil insulto imaginável.

No entanto, isso não faz absolutamente nenhum sentido.

Olho para ela, erguendo uma sobrancelha enquanto espero ela explicar.

Quando ela não faz, pergunto: "O que diabos isso significa?"
"Isso significa," ela engole em seco e então balança a cabeça rapidamente,”

que estou muito frustrada."

"Sim?" Eu zombo. "Bem, junte-se ao clube."

"Eu não gosto de você nesse momento."

"Eu também não gosto de você. Mas o que isso tem a ver com a

quantidade de palavras nas minhas frases?"

"Nada." Ela se vira para longe de mim, pega sua mochila de onde ela

colocou, e caminha mais para dentro da garagem.

Eu comecei a seguir. "Shelly-"

"Eu não quero falar sobre isso. Me deixe em paz."

Engolindo uma maldição, deixo-a ir, agradecido por ter completado tanto

trabalho antes de chegar. Se a nossa interação agora fosse qualquer indicação, o

resto do dia ia ser uma merda.

TUDO É UMA PORCARIA.

Shelly não falou comigo, ela não olhou para mim. Você pensaria que eu

assassinei seu papagaio abominável em vez de sugerir ser legal. Não foi até a

quinta-feira que ela se dirigiu a mim, e então foi a conversa mais estranha que já

tive.

Eu estou trabalhando na carroceria inferior do Buick de Jacob Templeton.

Ele conduziu por algumas pedras, como um idiota. Quando eu saio do carro,

encontro Shelly pairando, esperando por mim.

Eu pisco para ela. "Posso ajudá-la?"

"Você. . . gosta de comer?"

"Comer?"
"Alimentos."

"Alimentos?"

Droga.

Aqui estou eu, soando como seu papagaio de novo.

"Sim. Comida." Ela cruza os braços, olhando para mim.

Isso pareceu como uma pergunta capciosa, especialmente depois de

vários dias de seu tratamento frio. Como tal, tomei o meu tempo pensando

sobre possíveis significados ocultos e cenários do pior caso.

Uma vez, quando eu era criança, meu pai derrubou minhas luzes depois

que eu reclamei sobre estar com fome.

Você está com fome? Bem, aqui está um sanduíche de juntas.

Desencaixando minhas pernas, coloco meus cotovelos em meus joelhos e

olho para ela. Ela tem mãos fortes, um corpo forte. Ela levanta pneus e toda

maquinaria sem queixa, nenhuma vez pediu ajuda. Seu gancho esquerdo

provavelmente causaria um impacto considerável.

Shelly desloca seu peso de um pé para o outro, o que é o mais próximo de

movimento que já a vi fazer. Se não a conhecesse melhor, acharia que ela está

nervosa.

Não vendo nenhum motivo para atrasar ainda mais, respondo - mas,

apenas no caso, me preparo para levar um soco. "Sim. Gosto de comer comida."

"Bom." Ela concorda, inala, morde o lábio inferior e continua acenando

com a cabeça. Espero por alguns segundos.

Quando ela não fala, fico de pé, passando minhas mãos na minha roupa.

"Você está se referindo a algum tipo de alimento em particular?"

"Eu gosto de pão." Shelly apoia enquanto eu endireito, sua atenção no

carro atrás de mim. Ela enfia as mãos nos bolsos, parecendo que quer dizer
mais. Suas bochechas estão vermelhas, mas eu levo isso como consequência do

calor na garagem.

Outra longa pausa. Eu bufo minha impaciência.

Nós estamos entupidos. Houve um acidente da Parkway na segunda-feira

e outro na quarta-feira. Temos uma tonelada de trabalho braçal para fazer, uma

nova transmissão para instalar, um número incomum de não agendados e uma

onda pós-verão de problemas de manutenção de AC4. Ninguém tem tido uma

pausa para o almoço, estamos muito ocupados, e aqui está ela falando sobre

comida.

Olho para o meu relógio. "Você gosta?"

"Sim. E você? " Ela perguntou, e depois aperta os dentes, franzindo o

cenho.

"Eu estou bem com pão."

"Bom." Shelly esfrega a testa, agora parecendo completamente frustrada.

Eu não tenho ideia do que está acontecendo na cabeça dela, e não há

tempo para refinar uma resposta fora dela, então eu pergunto claramente:

"Shelly, por que você está me perguntando sobre comida?"

"Porque é importante comer. Eu quero ter certeza de que você está

comendo."

" Você quer ter certeza de que estou comendo?"

"Isso é certo." Ela passa de frustrada para inconfundivelmente oprimida.

Eu procuro em minha mente, e então eu olho seu rosto, seus olhos, sua

linguagem corporal, procurando algum sinal sobre o que diabos isso é.

Em um pressentimento, estou prestes a perguntar-lhe se ela quer ir pegar

algo para comer depois do trabalho quando ela se vira e se afasta,

4
Ar condicionado
murmurando: "Não importa, esqueça que eu disse alguma coisa," ou algo

assim.

Depois disso, as coisas pioram. Ela começou a falar comigo novamente,

mas apenas para criticar e reclamar.

"Você vai limpar isso."

"Quando você vai terminar?"

"Não está terminado?"

"Você precisa que eu faça isso?"

A mulher testa seriamente minha paciência. Mas a única coisa que a irrita

mais do que a minha presença é quando eu sou inflexivelmente educado, então

fico certo de ser exatamente isso.

"Sim, vou limpar isso. Desculpe por ter incomodado você. "

"Eu vou terminar em breve, Shelly. Mas se você estiver com pressa, pegue isso. "

"Quase terminei, mas estou feliz em esperar se você precisa disso primeiro.”

"Não exijo sua assistência, mas estou sempre interessado nas opiniões dos meus

amigos especialistas."

Homem, oh cara, esse último realmente a irritou. Eu pensei que ela iria

perder a paciência. Ela não fez. Em vez disso, ela saiu da garagem e

desapareceu ao virar a esquina.

Ela também passou a semana reduzida as suas proezas mecânicas,

criando e fazendo uma nova peça para o Piemonte Touring de Judge Payton em

1923, que basicamente salvou o motor e trabalhou horas extras para salvar

nossas bundas. Entre nós quatro, conseguimos recuperar o atraso no final da

sexta-feira.

Uma nota, aqueles sonhos sujos também não pararam.


Todos os dias ela me impressiona, me ignora ou me critica. Todas as

noites eu colapso, esgotado, e usamos o corpo um do outro nos meus sonhos. E

todas as manhãs eu acordo frustrado.

Adicionando combustível à frustração da queima de pneus, Drill para na

quarta-feira. Ele repete mais freneticamente que Christine quer uma reunião.

Lembro-lhe que ele me deu um mês e o mês ainda não terminou. Ele, por sua

vez, me lembra que eu só tinha uma semana.

Eu estou mais do que pronto para terminar com o trabalho quando a noite

de sexta-feira chega. Duane e Jess me convidam para ir com eles para o concerto

na Jam Session. Eu penso sobre isso. Uma noite ouvindo música e comendo

salada de repolho e frango frito parecem um bom remédio para uma semana de

merda. Mas a ideia de ser Beau Winston - brincando, sorrindo toda a noite

depois de forçar a cortesia e o desinteresse em Shelly Sullivan durante toda a

semana - é insuportável.

Hank me pediu para preencher a vaga de barman no Pink Pony, mas

recusei. Eu não seria boa companhia para ninguém, especialmente não para os

caras no clube de strip. Meu mau humor é ruim para o negócio dele.

Pela primeira vez em um longo tempo, eu estou sozinho na grande casa,

lendo na biblioteca de Momma e bebendo Scotch. Eu escolho um livro ao acaso

e me instalo em uma das quatro grandes cadeiras agrupadas no centro da sala.

Acabou sendo um livro sobre a história da arte, um assunto que nunca pensei

muito. O conteúdo conseguiu manter minha atenção surpreendentemente bem.

"Você encontrou um livro de imagens?"

Olho para cima da página que estou lendo para ver Billy de pé na entrada.

Ele ainda está vestido com suas roupas de trabalho, embora sua gravata e

jaqueta haviam desaparecido.


"Sim. E também tem mulheres nuas.”

Billy sorri, depois ri tardiamente, balançando a cabeça para mim. A

atenção dele vai para o copo na minha mão.

"O que você está bebendo?"

"Aberfeldy5." Levanto meu queixo para o balcão lateral.

"Se importa se eu beber." Meu irmão mais velho entra na sala.

O balcão costumava estar vazia. Mamãe não permitia licor na casa. Mas

desde que ela morreu, começamos lentamente a preenchê-lo com os itens

essenciais para encontros: um vodka decente, uma tequila melhor, um rum

secundário. Eu adicionei o Scotch no início da noite, tendo feito uma viagem

especial para Knoxville para buscá-lo.

Depois de derramar dois dedos, Billy reivindica a cadeira diagonal da

minha. Ele me estuda sobre a borda do copo, como se estivesse esperando que

eu fale.

Quando não faço, ele pergunta: "O que está preocupando você, Beau?"

"Nada."

"Alguma coisa."

"O que faz você dizer isso?"

"Você está aqui. Em casa. Na sexta-feira à noite. "

"Então?”

"Normalmente, você está fora em uma noite de sexta-feira, entretendo seu

rebanho de admiradoras."

Eu considero meu irmão, olhando enquanto ele gira sua bebida.

5
Marca de Whisky
Agora, gosto muito de Billy, e eu o respeito mais do que eu gosto dele. Ele

interviu, cuidou de mamãe, cuidou de nós quando Jethro - que é o mais velho e

deveria ter puxado o fogo de nosso pai - estava sendo um idiota.

No entanto, ele e eu nunca fomos particularmente próximos,

especialmente depois do primeiro ano do ensino médio, quando ele perdeu

todas as chances de uma bolsa de futebol. Meu pai e seus irmãos do clube de

motocicletas tinham batido até tirar o couro de Billy. Quebraram a perna dele.

Meu irmão voltou do hospital mal-humorado e retraído, e é perpetuamente

ríspido desde então.

Até recentemente, Billy odiava Jethro.

Cletus e Billy sempre foram próximos.

Ashley viveu sua vida em Chicago até a primavera passada. Mas, depois

de voltar para casa, eu sei que Ash e Billy almoçavam uma vez por semana em

seu escritório.

Billy e Duane faziam coisas juntos, mas sempre ficaram realmente em

silêncio sobre isso.

Todos fazemos coisas com Roscoe, porque ele é o mais novo e nos

revezamos.

Mas às vezes, raramente, como esta noite, Billy me procura e nós

conversamos. Normalmente, eu passo o tempo fazendo ele rir e contando

piadas e histórias de bêbado. Ele parece gostar disso em relação a mim. Às

vezes, ele parece precisar disso de mim.

Talvez seja por isso que ele me perguntou sobre meus problemas agora,

porque eu não fiz uma piada.

"Você já ouviu falar sobre o pescador e sua vara?”


Billy balança a cabeça, seus olhos brilhantes, um pequeno sorriso

curvando sua boca. "Você me lembra muito da sua irmã."

Inclino a cabeça para o lado, sua frase me parece bizarra. "Como assim?"

Billy pisca como se eu o assustasse. Ele fecha os olhos e acena com a mão

no ar. "Você sabe. Engraçado."

"Ashley? Sim, acho que ela pode ser, se ela quiser isso.” Ashley é

engraçada, mas seu humor é mais como o de minha mãe, mais como Cletus -

afiado, espirituoso, seco, enquanto eu prefiro piadas de paus e histórias

exageradas.

Billy abre os olhos uma vez mais e estuda sua bebida. "Diga o que se

passa."

Não tendo motivos para evitar a conversa, eu digo: "Estou tendo

problemas no trabalho."

"Com o que?"

"Nossa nova funcionária."

Billy me inspeciona por um momento, então sua atenção se move para um

ponto acima da minha cabeça enquanto ele concorda lentamente. "Entendo."

Eu não entendo como ele pode ver qualquer coisa do tipo. O homem

trabalha o tempo todo. É quase meia-noite numa sexta-feira e ele está apenas

voltando para casa do escritório.

"De qualquer forma, isso vai se resolver." Eu procuro em minha mente

para uma mudança de assunto.

"Você está se referindo à moça mecânica?"

"Sim. Shelly."

"A irmã de Quinn?"

"É ela."
"Quinn é um bom cara."

Doude ombros. "Eu não o conheço."

"Qual é o problema? Talvez eu possa ajudar." Billy estica as longas pernas

na frente dele.

Exalo uma risada. "Não. Eu não penso assim."

" Por que não? Eu tenho muitos funcionários."

Moendo meus dentes, eu considero o que dizer antes de definir, "Não é

esse tipo de problema."

A testa de Billy enruga e ele forma a palavra Oh. E então ele sorri.

Eu reviro meus olhos.

Ele ri. "Você e Cletus ambos."

Um nó frio torce no meu estômago e eu deixo meus olhos no livro no meu

colo. "O que tem eu e Cletus?"

"Ele também tem problemas com uma mulher."

"Sim, bem. Eu sei quem é a mulher."

"Sério?"

"Sim. Ele me contou há uma semana que ele tem intenções para Shelly."

"Shelly"? Billy me inspeciona.

"Sim."

"Não."

"Billy, vamos lá." Fecho o livro, colocando-o sobre a mesa ao meu lado.

"Ele estava vestido, banhado antes do meio dia, naquela nova camisa que

Sienna comprou para o aniversário dele ..."

"Para ver Jennifer Sylvester." Um pequeno e consciente sorriso puxa um

lado de sua boca.

"O que?"
"Jennifer Sylvester. É quem tem Cletus destruído. "

Jennifer Sylvester?

A Rainha do Bolo de Banana?

A pequena e escorregadia mulher?

E como diabos Billy sabe?

"Não." Eu balanço minha cabeça.

"Sim." Ele acena com a cabeça.

"Em primeiro lugar, Cletus nunca será destruído por uma mulher," e

definitivamente não como Billy queira dizer, "porque ele não foi construído

desse jeito. E, além disso, ele me disse ..."

"Ele está delirante." Billy balança o pulso, arruinando meu argumento. "E

você está errado. É assim que fomos todos construídos. Dê-lhe tempo. Ele é

inteligente, isso vai aparecer eventualmente."

Fico atordoado, continuo trabalhando com essa informação enquanto

Billy fica de pé, levando o copo com ele. Mas penso que o peguei murmurando

enquanto saia da biblioteca, "E você também."


CAPÍTULO 12

"Se todos se importassem com seus próprios problemas, o mundo superaria os

grandes problemas mais rápido do que o faz".

- Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas.

* Beau *

Aquele palerma, mal-humorado, se intrometendo como um usurpador.

É o que ele é.

Os olhos de Cletus cortam para os meus e dou um sorriso pequeno,

mascarando os punhais que eu estava jogando apenas um segundo antes. Ele

olha para mim do outro lado da garagem, seu olhar estreitando como se ele

estivesse suspeitando.

Ele sempre foi assim. Sempre. Fazendo merda maliciosa, mentindo por

omissão, pensando que sabia o que era melhor para todos. Na verdade, ele está

apenas agitando as coisas e sendo uma dor na bunda.

Mas desta vez. . . desta vez, ele me irritou com toda força.

Segunda e terça-feira trouxe mais do mesmo, especificamente, a atitude

perspicaz de Shelly. Mas agora eu estou distraído. Assim, quando ela me

criticou ou reclamou, eu deixei que ela fizesse sem uma palavra.

Minha visão está fixa em Cletus. Eu não iria perguntar o que diabos ele

está jogando. Ele nunca dá uma resposta direta a uma pergunta direta. Eu teria

que enganá-lo de alguma forma, forçá-lo a mostrar sua mão.


E então, quando ele fizer, Shelly e eu iremos.... Bem, eu considero que eu

atravessarei essa ponte quando eu chegar a ela.

Ele sabe que eu não ia fazer um movimento com Shelly se ele declarasse

seu interesse primeiro. Ele sabe disso. Então, qual é o jogo dele? Por que dizer

que ele tinha intenções com Shelly se ele realmente tem intenções com Jennifer

Sylvester? Essa é a parte que eu não entendo o porque - embora seja sorrateiro -

esse tipo de comportamento não é típico dele. Só se ele está tentando empurrar

meus botões ou ele está mentindo para Billy por algum outro propósito nefasto.

Eu não acredito por um minuto que ele está apaixonado por Jenn

Sylvester, pelo menos não da maneira que Billy disse. Cletus não é o tipo de

cabeça-nas-nuvens, não como Ashley, ou Duane, ou Jethro.

Eu ainda não descobri como lidar com o problema, mas eu estou

pensando em dirigir minha bunda para o Donner Bakery - que é onde Jennifer

trabalha - e convida-la para um encontro.

Acontece que não preciso.

De pé na pia do canto, esfregando a gordura das minhas unhas, olho pela

frente da garagem e vejo a BMW de Jennifer Sylvester entrando na oficina. Uma

risada descrente brota do meu peito e eu desligo a água, mantendo os olhos no

carro enquanto ela estaciona.

Abrindo meu macacão, ando em direção ao carro e amarro as mangas em

volta da minha cintura. Paro em seu para-choque, esperando que ela saia, e não

consigo me lembrar de um momento em que fiquei tão feliz em ver outra

pessoa. Para todos os efeitos, nesse momento, Jennifer Sylvester é minha pessoa

preferida na Terra. Ela abre um grande sorriso.

"Ei Jenn. Alguma coisa errada com o seu carro?” Eu noto várias coisas

sobre ela de uma só vez: ela está vestida de maneira diferente do habitual, mais
relaxada; ela está segurando um prato na frente dela, como se ele a protegesse; e

ela parece nervosa.

"Olá, Beau." Ela faz uma pausa para limpar a garganta. "Não. Nada de

errado com o carro. Eu estava apenas dirigindo e pensei em parar e trazer esses

muffins."

"O que você trouxe?"

"Hum, algo novo que estou tentando. São muffins de panqueca com

mirtilo."

Claro. Claro que sim.

Eu rio, balançando a cabeça. "Eles são para Cletus, certo?"

Qualquer coisa de mirtilo é o favorito de Cletus. Ele quase teve um ataque

cardíaco no ano passado, quando houve uma falta de mirtilo no Piggly Wiggly,

ficando a nossa espera – com nossas compras de supermercado.

"Não não. Eles são para todos vocês.”

Sua resposta é inesperada, então eu a examino de perto enquanto digo,

"Panquecas de Mirtillo são suas favoritas."

"São?" Ela parecia genuinamente surpresa, e talvez um pouco feliz.

"Você não sabia disso?"

"Não. Eu não fazia ideia."

"Hã. Bem." Inspecionando-a novamente, não sei o que pensar desse

desenvolvimento. Mas não há motivo para mantê-la refém no estacionamento.

Eu viro e aceno para ela. "Entre. Estou acabando. Posso fazer um café e

sairemos um pouco."

"Oh, isso parece legal." Novamente, ela parece agradavelmente surpresa e

isso me dá uma pausa.


Eu não sei muito sobre Jennifer Sylvester. Ela é alguns anos mais nova

que eu, próxima da idade de Roscoe, e nunca parecia fazer nada além de assar.

Sua mãe e seu pai são extremamente rigorosos, e ela sempre parece um pouco

envergonhada e um pouco confusa em público.

Além de tudo isso, ela parece uma pessoa bastante boa. Quando ela

apareceu inesperadamente em nossa casa algumas semanas atrás no aniversário

da morte de nossa mãe com presentes em forma de comida, eu não pensei

muito sobre isso. Mamãe fazia amizade com muitas pessoas ao longo de sua

vida. Acabei por pensar que Jennifer era uma delas.

Eu não ia chamar ela para um encontro. Nem eu a induzirei, a isso. No

entanto, uma vez que estivermos na frente de Cletus, eu vou desencadear toda

munição de flerte do meu arsenal para tirar uma reação do meu irmão. Então eu

teria minha resposta.

"Espere até provar o meu café. Eu duvido que faça justiça aos seus

muffins." Sentindo uma pontada de culpa, olho por cima do meu ombro e

abrando meus passos para que pudéssemos entrar juntos na garagem.

"Não tenha esperanças. Pode ter gosto de chulé – ela diz solenemente.

Eu rugi em uma risada surpresa e a estudo de novo, perguntando-me

quantas surpresas mais eu poderia esperar da tímida Jenn Sylvester. "Eu

duvido que qualquer coisa que você faz tenha.”

"Qual é o status do Ford Expedition? Você terminou com o radiador?” Eu

endureço, rangendo meus dentes quando Shelly aparece. Ela está olhando para

a minha companheira, o que não é incomum. Mas não posso suportar sua

rudeza no momento. O destino deixou cair a mulher padeira na minha porta e

eu não estou prestes a perder minha chance de enfrentar Cletus.


Adicionando um pouco de aço ao meu tom, eu espero que o aviso no meu

olhar seja suficiente para impedir Shelly de se lançar em uma de suas explosões

insultantes. "Shelly. Esta é Jennifer Sylvester. Você provavelmente já ouviu falar

de seu bolo de banana. Jennifer..." Eu faço um gesto rígido para a mulher

mecânica "Esta é Shelly Sullivan. Ela é nova na cidade e trabalha aqui."

Jenn levanta a mão para um cumprimento. "Prazer em conhecê-la."

Sem surpresa, Shelly não aceita o aperto de mão de Jenn. Ela cruza os

braços e fala com os dentes cerrados. "Prazer em conhece-la também."

Jennifer abaixa a mão lentamente quando o desprezo de Shelly torna-se

óbvio. Assim como com o Sr. McClure, não posso deixar de me sentir frustrado

e zangado com ela. Por que ela está determinada a tratar mal as pessoas gentis?

Eu não entendo.

"Não leve isso para o pessoal." Eu toco o braço de Jenn, esperando que o

sorriso que dou consiga compensar a falta de maneiras de Shelly. Mas então eu

tenho que me preparar, levantando a guarda quando volto meus olhos para a

minha colega de trabalho. "Ela não toca a mão de ninguém."

A pontada da culpa volta, mas desta vez, Shelly baixa o olhar para o chão

da garagem. Eu percebo que um rubor rosa se espalha pelo pescoço e sobre suas

bochechas. Eu a envergonhei, ou ela está chateada, e isso não cai bem em mim.

Uma atração para tocá-la, pedir desculpas, me prende. Mas então ela volta

o olhar para o meu e seus olhos são fogo e gelo.

Droga.

Esta mulher seria a minha morte. Como é possível desprezar e admirar

uma pessoa assim? Desejar- não querer- tanto estar em sua companhia como se

livrar dela ao mesmo tempo?


Eu não sei quanto tempo ficamos lá, olhando um para o outro, mas,

eventualmente, a voz de Jenn interrompe a disputa.

"Como você está se instalando, Sullivan?"

Shelly olhou para Jenn. "O que você quer dizer?"

"Quero dizer, uh, como estão as coisas? Como é a sua casa? Precisa de

alguma coisa? Os seus vizinhos são bons?”

O fogo e o gelo são substituídos pela curiosidade e, depois, pela

contemplação. Suas feições suavizam.

Mesmo que ela não estivesse olhando para mim, meu coração gagueja

dois batimentos, forçando-me a prender a respiração. Fico tão hipnotizado com

a mudança nela que não percebo que estamos em silêncio durante um bom

momento até que Jenn limpe a garganta novamente e seus olhos se dirigirem a

mim para pedir ajuda.

Finalmente, Shelly responde: "Minha casa é adequada. Eu preciso de

pegadores de panela. Eu continuo usando toalhas e eu queimei minha mão três

vezes. Eu não conheço meus vizinhos, então eu não sei se eles são bons."

Jenn sorri, respirando profundamente como se estivesse aliviada, e talvez

um pouco satisfeita, pela resposta de Shelly.

Por razões que eu não posso explicar imediatamente, suas palavras

encantam e batem em mim.

Não fazia ideia de que ela precisava de pegadores. Se ela tinha

necessidade de pegadores, ela deveria ter dito alguma coisa. Eu não quero que

ela queime as mãos. A mulher tem lindas mãos, mãos inteligentes, mãos fortes,

mãos trabalhadoras. Nada deve acontecer com as mãos dela. Faço uma nota

mental para lhe trazer pegadores.


E outra coisa, aqui estávamos trabalhando juntos por semanas, e ela

ofereceu mais para Jennifer Sylvester em cinco minutos do que compartilhou

comigo em um mês.

E outra coisa, onde diabos ela vive?

E perceber o pouco de si mesma que ela está disposta a compartilhar

comigo queima minha veia. A mulher recusou-se firmemente a ser outra coisa

senão ser ranzinza.

Exceto na vez ela queria fazer sexo com você.

E outra coisa, eu faço um esforço, não faço? Gostaria de conhecê-la

melhor, de ser amigável. E o que ela fez? Me sufocou o dia todo e invadiu meus

sonhos a noite toda, conversando sobre gostar de pão.

Pão.

Isso mesmo, ela literalmente não me deu nada além de migalhas de pão.

E uma última coisa, por que todos estão à vontade para me irritar estes

dias? Nesta onda de descontentamento, eu volto, "Talvez você devesse fazer

mais esforço," antes que eu possa pegar o impulso indecoroso.

Shelly começa a olhar para mim com o que parece surpresa. Na minha

visão periférica, não perdi a boca de Jenn abrir.

Mas eu estou muito irritado para sentir remorso. Nós -Shelly e eu –

estamos bem além disso. Ou deveríamos estar. Uma vez que este negócio com

Cletus for resolvido, ela e eu teríamos uma discussão.

Mantendo meus olhos em Shelly, dirijo-me a Jenn, "vou fazer esse café."

Não esperando por uma resposta, viro para o escritório da garagem no

primeiro andar, afastando-me da porta no último minuto, para que eu possa

dar uma volta pelo prédio. Eu preciso esfriar.


Eu preciso estar calmo e recolhido. Eu preciso de todo o meu juízo se eu

for usar essa oportunidade para superar meu irmão. Então fazer uma minha

caminhada ao redor do prédio, e também é uma boa ideia. Quando chego na

esquina alguns minutos depois, completando minha segunda volta, vejo

Jennifer Sylvester acelerando em direção ao carro, visivelmente chateada.

Preocupado, eu corro para pegá-la, alcançando seu braço.

Devo tê-la assustado porque ela ofegou, suas mãos levantando-se para

agarrar seu peito.

Eu a deixo ir. "Desculpe, desculpe. Não queria assustá-la.”

"Não." Ela respira uma risada fraca. "Não, está bem. Eu simplesmente não

te vi.”

Droga. Eu não deveria ter deixado ela com Shelly.

"Shelly disse alguma coisa? Para fazer você sair?”

“O quê? Não! De modo nenhum. Ela é ótima."

Mesmo? "Mesmo?"

Esta é oficialmente a terça-feira das surpresas.

Jenn abre a boca para responder, mas depois fecha, os olhos arregalados

em algo sobre meu ombro. Eu torço na cintura e tenho que fazer de novo.

Cletus está segurando o prato de muffins de Jenn e caminhando poderosamente

em nossa direção.

Ele não parece me notar. Não, seus olhos se concentram na pequena

mulher do meu lado. Jenn dá um passo atrás, como se ela planejasse fugir.

"Apenas pare bem aí," Cletus grita, sua expressão poderosa.

Olhando com um fascínio extasiado, fico assustado enquanto ele move

seus olhos entrecerrados sobre Jenn, depois eu, então Jenn novamente.
Empurrando o prato de assados no meu peito, ele continua olhando para

Jenn, dizendo: "Beau, leve estes para a frente e feche. Nós nos juntaremos a você

em um momento."

Não me movi, permitindo-me um momento para estudar a ele, a situação,

a linguagem corporal e as faíscas de orgulho terríveis que estes dois estão

atirando um para o outro.

E eu não posso acreditar nos meus olhos.

Billy tinha razão.

Eu nunca vi Cletus olhar para uma mulher como ele olha para Jennifer

Sylvester. Ela é a única pessoa em seu mundo. Ele não sabe se deve beijá-la, ou

jogá-la sobre seu ombro, jogá-la no banco de trás e beijá-la.

Cletus está apaixonando. Realmente e verdadeiramente apaixonado.

Torcido em nós, saindo de sua mente, muito apaixonado, sobre a lua, louco,

perdido por essa mulher. Além disso, e tão óbvio, Cletus não tem ideia de que

Jennifer Sylvester o fisgou.

"Claro," murmuro, minha mente um caos enquanto caminho para o

escritório.

O que diabos devo fazer agora? Cletus está apaixonado por Jenn, mas não

faz ideia de que se sente assim por Jenn. O que significa que ele não estava

mentindo para mim ou empurrando meus botões; Ele ainda planejava cortejar

Shelly.

O idiota.

De todas as bagunças estúpidas.

Colocando os muffins na bancada, faço o café e considero o melhor curso

de ação. Falar com Cletus sobre suas intenções não me levaria a lugar nenhum.

Ele é teimoso e nunca admite quando está errado.


A única coisa que eu posso fazer é manter o plano original. Eu flertaria

com Jenn, descaradamente, esperando que um pequeno ciúme percorra um

longo caminho e o forço a ver o que está na sua cara.

Chegou a hora de me intrometer na vida de Cletus Winston.

"PRECISA APRENDER A COMPARTILHAR," Jenn diz, referindo-se a seus

muffins.

"O compartilhamento é superestimado," Cletus brinca, olhando-a como se

ela fosse um prato de panquecas de mirtilo.

O grande idiota burro.

"Eu concordo," eu falo alegremente, escondendo meu sorriso. "Quem quer

café?"

Tudo está indo mais ou menos como eu pretendia. Jenn e Cletus voltaram

e nós estávamos nos preparando para comer os muffins no escritório do andar

de baixo.

"É descafeinado?" Cletus cheira, passando o nariz perto do meu café. "Eu

não quero ficar acordado a noite toda".

"É," confirmo quando pego o copo do meu irmão.

"Jenn?" Cletus volta-se para Jenn. "Você quer um pouco?"

"Sim, por favor." Ela sorri para ele, ainda parecendo um pouco nervosa, e

quem pode culpá-la? Cletus claramente não conhece sua própria mente, e isso o

torna ainda mais imprevisível do que o habitual.

"Como você toma o seu café?" Eu pego o pote de açúcar, planejando fazer

um comentário coquete sobre ela ser doce.

Mas então ela diz: "Puro está bom."


Olho para o meu irmão, vendo que ele também está surpreso.

"Você não coloca nada no seu café?" Cletus pergunta.

"Não. Estou cercada por doces o dia inteiro. Eu gosto do meu café preto."

"Hã..." Eu inspeciono Jenn, repensando minha estratégia. A hora é agora.

Eu preciso dizer algo para despertar meu irmão de sua cegueira. Então começo

com o óbvio. "Jennifer Sylvester, você tem os olhos mais bonitos que já vi."

Isso é quase verdade. A mulher tem olhos violetas muito bonitos; eu

nunca vi esta cor em mais ninguém. As filhas de Daisy Payton também têm

belos olhos - marrom colorido e pareciam ouro à luz do sol. Eu me surpreendi

admirando os olhos de Daniella - a filha mais velha - nos piqueniques da igreja

enquanto crescíamos. Mas as três filhas de Payton foram agora, morando em

Nova York e Washington, DC, da última vez que ouvi.

E então há os olhos de Shelly...

Jenn olha para mim, sua expressão paciente e sem mudar. Pergunto

brevemente se o meu elogio a ofendeu. Mas sua reação não é o que eu estou

procurando.

Olho para Cletus, vendo que ele está nervoso. Meu irmão apressadamente

limpa sua expressão, ainda imóvel. Mas eu posso dizer que ele está agitado.

Bem, é um começo.

"Oh, obrigado, Beau." Jenn concorda educadamente.

"Não, agradeça." Eu alargo meu sorriso, dando-lhe meu olhar de flerte,

uma nova ideia fazendo-me dizer, "Você deveria vir conosco no sábado. Eu vou

buscar você."

"Onde você vai?"


"Cletus e Claire chegaram às semifinais em um grande show de talentos."

Levanto meu queixo em direção ao meu irmão. "Sábado é a última rodada.

Haverá gravadoras, o pacote completo."

Jenn estuda Cletus e eu também faço, procurando uma reação. O

escorregadio escondeu sua expressão por trás de um gole de café.

Um pouco nervosa, Jenn volta sua atenção para mim. "Agradeço o

convite, mas não gostaria de me impor."

Antes que eu possa insistir, Cletus entra: "Você não estaria se impondo. Se

você quiser vir, você deve vir.”

Eu pisco para o meu irmão, com seu tom de voz suave, com o sorriso

atordoado que ele está dando a ela.

Oh, bom Deus, que idiota.

"Ótimo." Eu aceno com a cabeça, sorrindo para Jenn e agarro minha

xícara. "É um encontro."

"Não é um encontro", meu irmão responde, agora franzindo o cenho para

mim.

"Não para você, idiota. Eu. Jenn e eu.” Eu tenho que pegar um muffin e

dar uma mordida para não rir da expressão do meu irmão.

"Jenn e você?" Cletus olha e parece perplexo.

"Com certeza." Eu falo em torno de uma mordida de muffin, depois gemo

para efeito, virando meus olhos para Jenn. "O que diabos você colocou nessas

coisas?" Eu pego outro muffin, sabendo que isso irritaria Cletus, e lanço outra

isca. "Quando nos casarmos, você deve fazer isso todos os dias."

Jenn sorri para mim, como se ela não acreditasse em uma palavra da

minha boca, mas pensa que é fofo, independentemente disso. E isso só me fez

gostar mais dela.


Enquanto isso, Cletus parece que ele está prestes a ter um AVC.

"Mantenha seu controle, Beauford." Ele puxa os muffins fora do meu alcance, e

sua voz aumenta. "Não coma o prato inteiro, guloso."

"Há pelo menos vinte muffins aqui, Cletus. Diminua o ritmo.” Isso é

muito divertido, e posso ver por que Cletus se intromete tanto.

"Eu quero que eles durem," ele rosna.

"Ou, ela pode apenas fazer mais." Metodicamente, viro o meu olhar para a

linda loira e abaixo minha voz com insinuações. "Porque, eu tenho que lhe

dizer, Jenn, nunca tive um muffin tão bom antes."

“Ei ei. Desligue os faróis, Beauford Winston." Meu irmão estala os dedos

na minha linha de visão. "Jennifer não é um dos seus prospectos de senhora."

Eu o encaro com uma de minhas sobrancelhas levantadas, sabendo que

isso iria irritá-lo, e pisco para Jenn. "Eu estou apenas elogiando seu muffin."

"É isso." Meu irmão tira o prato do balcão, que me apoio e me afasta. Ele

puxa Jenn para a porta do escritório.

"Ei! Onde você está indo? "Eu chamo atrás deles.

"Você perdeu o direito a esses muffins."

"Cletus," grito em suas costas, permitindo que minha frustração sangre

em minha voz, "você não pode ter todos os muffins."

"Eu posso e eu vou," ele grita sobre seu ombro obstinadamente, fazendo-

me ver vermelho.

Uh, não.

Não, não, não.

Ele precisava escolher.

Meu irmão suaviza a voz para perguntar: "Jenn, abra isso por mim, por

favor?"
Seus dedos não estão firmes, então demora um pouco para virar o

bloqueio.

O atraso me dá uma chance de desafiar: "Quando chegar em casa, você e

eu vamos ter uma conversa."

Uma quietude se instala sobre Cletus e eu reconheço o que é. Ele está

furioso.

Bem, eu também.

Ele precisa escolher um muffin e ficar com aquele muffin. Ele não

conseguirá reivindicar todos os muffins, porque não é assim que a vida

funciona.

Levantando apenas os olhos para os meus, ele olha para mim e eu olho

para trás. "Beauford Fitzgerald Winston." Sua voz é um rumor profundo. "Eu

não sei o que acontece ultimamente. Mas você precisa resolver isso. Eu estou

lhe dando um mês."

Empurrando a porta entreaberta, Cletus leva Jenn e os muffins direto para

seu carro. Eu assisto do interior do escritório, através da janela quando ele abre

a porta do passageiro para ela, entrega o prato para ela cuidar e vai para o lado

do motorista. Dez segundos depois, eles se foram.

E, tanto quanto eu estou preocupado, assim é como qualquer afirmação

que ele fez de Shelly Sullivan. Ele escolheu seu muffin, agora ele tem que viver

com essa escolha. Isso se ele não quer que sua salsicha tenha um problema.

O barulho de metal contra metal corta meus pensamentos, lembrando-me

de que eu não tenho o lugar só para mim.

Mas, mais importante, lembrou-me que Shelly e eu estamos sozinhos.

Eu estou me movendo, pela porta lateral do escritório para a garagem. O

sol da tarde da tarde enche o espaço, brilhando nas ligas de aço e ferramentas
niqueladas. Eu a vejo imediatamente em meio aos fragmentos de luz. Ela está

na frente de uma caixa de ferramentas, seus olhos inteligentes singularmente

focados em alguma tarefa.

Eu ainda estou caminhando em sua direção, meus pés sabendo o que

fazer antes do meu cérebro tomar uma decisão. Em transe, eles sabem o que eu

quero antes de eu reconhecer isso.

Ela olha para cima, fazendo uma dupla verificação. A leve contração de

suas sobrancelhas, a sutil separação de seus lábios me diz que ela achou algo

surpreendente sobre mim... talvez a velocidade da minha caminhada, talvez o

olhar nos meus olhos.

Antes que eu possa alcançá-la, noto desapontadamente que ela recuou,

mas então parece parar, recuperando o passo que ela deu e erguendo o queixo.

Cara, eu realmente adoro quando ela faz isso, quando ela fica firme,

imprudente em sua bravura.

Invadindo seu espaço, levanto minhas mãos e pego sua mandíbula, minha

atenção focada sua boca.

Essa boca. Aqueles lábios. Sua língua. Depois de me torturar com sonhos,

o momento não parece real.

Espero, respirando o ar. Ela estremece, sem dizer uma palavra. Os dedos

dela chegam aos meus pulsos, envolvendo em torno deles, segurando. E ela está

respirando com dificuldade, como se estivesse lutando uma batalha que eu não

consigo ver.

Levanto os olhos para os dela.

Mas desta vez, em vez de me forçar com o impacto de seu olhar, aprecio

as batidas do meu coração, cobrindo sua boca com a minha na segunda batida.
CAPÍTULO 13

"O amor não se vê com os olhos, mas com a mente, e, portanto, é Cupido alado

pintado em persiana."

- William Shakespeare, Sonho de Uma Noite de Verão

* Beau *

Esta mulher é indispensável, beijá-la é essencial. Os sons que ela faz, a

maneira como seu corpo se move - empurrando-se para o meu - do jeito que

suas mãos deslizaram dos meus pulsos até a cintura, me puxando mais perto

pela camisa.... Tudo é essencial.

Mas o sabor dela, a forma gananciosa de seus lábios, o golpe quente e

faminto de sua língua - isso é uma loucura.

Não sei o que eu estou pensando. Eu não estou. Quando o essencial

encontra a loucura, é aí que eu estou.

De alguma forma, eu a apoio e a pressiono firmemente contra a parede,

enquanto seguro a parte de trás da sua cabeça, inclinando-a como eu quero,

como eu preciso. Ela ofega contra minha boca, seus dedos levantando minha

camisa, abrasando minha pele e cavando nos músculos dos meus lados. Suas

mãos são quentes e tão vorazes quanto seus lábios.

Nós nos beijamos por um longo tempo. Nós nos beijamos por tanto

tempo, que passou de urgente e insaciável, para saboreando e doce. Segui com

mordidas de amor do canto da boca para sua mandíbula. Eu escutei a falha de

sua respiração e depois subi. Ela lutou para se aproximar, e uma vez satisfeita,

ela derreteu em meus braços.


Uma Shelly flexível é uma evolução inesperada, e isso alimenta meu

primeiro pensamento: Preciso vê-la.

Deixando um caminho de beijos macios de seu pescoço até a bochecha,

depois roubando mais alguns dos seus lábios exigentes, inclino minha cabeça

para trás, abrindo meus olhos.

Os dela ainda estão fechados. Seu queixo estica-se para cima, procurando

minha boca. Em algum momento, nos tornamos emaranhados um no outro,

nossos corpos reunidos: uma das pernas dela está enrolada em minha coxa;

seus braços ao redor do meu pescoço; uma das minhas mãos agarra seu quadril,

a outra na parte de trás da cabeça.

Eu solto um suspiro maravilhado, porque estou vendo agora a

verdadeira, essa criatura faminta que ela mantém presa. Seu corpo quase vibra

com saudade e, no entanto, é como se ela tivesse empurrado e empurrado até

que um raio de explosão tivesse se formado em torno dela.

Por que ela faz isso?

Seus cílios vibram, levantam, revelando seus olhos impressionantes. Sua

tranquila paixão me prende, faz com que meus pulmões falhem por um

segundo.

"Oi." A saudação soou tão aturdida quanto ela parecia.

Permitiu-me um momento para apreciar seus traços relaxados, seus olhos

abrindo, enquanto ela olha para mim como se eu pudesse ser imaginário - mas

de uma maneira boa, da melhor maneira.

"Oi," eu sussurro de volta, colocando um leve beijo em seu nariz e depois

lhe dando um sorriso suave.


O olhar de Shelly cai em meus lábios. Ela fica olhando por dois ou três

segundos, e depois se encolhe abruptamente. A sobriedade parece alcança-la de

uma só vez, e com ela, se eu estou lendo corretamente - o medo.

Seus braços caem, ela desembaraça a perna, e eu sinto onde nossos peitos

pressionam juntos que seu coração está correndo.

"Deixe-me ir", ela exige, sua voz instável.

Confuso e relutante, mas ainda quente do nosso encontro, afasto-me.

Shelly balança para a frente, e então parece ajustar-se. Firmemente enraizada

em seu palácio glacial, ela se endireita, cruza os braços e desloca seu peso de pé

a pé.

Seu comportamento me decepciona, mas não é de todo surpreendente.

Acabo de andar até aqui e a beijei sem um prelúdio ou um convite.

Por que eu fiz isso?

Porque eu queria fazer.

Desde quando eu faço coisas apenas porque eu quero?

Desde cinco minutos atrás.

Claramente, ela precisa de um momento para reunir seus pensamentos.

Eu não a tocarei novamente, embora o impulso seja quase insuportável. Em vez

disso, coloco minhas mãos nos meus quadris. Esperando ela falar,

inconscientemente, coloco meu lábio inferior na minha boca, saboreando-a.

Nós ficamos assim por talvez dez segundos antes que ela se aproxime e

fuja para fora da garagem. Eu registrei muito tarde que sua expressão é

selvagem com angústia crescente. O movimento dela criou um impulso de

resposta no meu corpo; eu me viro enquanto balanço em direção a ela recuando

pela forma como ela saiu.


A lucidez finalmente chega, me batendo como um balde de água gelada.

Meu peito está apertado com isso.

"Foda." Eu seguro meus dentes, a maldição passando antes que eu possa

segurar.

Realmente, o que diabos eu estava pensando?

Eu quero persegui-la, trazê-la de volta. Mas o instinto me diz para não

empurrar. As cicatrizes em seu braço não estão longe da minha mente,

lembrando - o que quer que fosse que aconteceu com ela - o controle seria um

problema. Para ela, era necessário. Vital.

Lentamente, como uma forma de autopunição talvez, eu caminho na

frente da garagem para que eu possa vê-la fugir. Ela ainda está estacionada na

guia. Ela vira, seu para-brisa de frente para a frente da garagem. Eu não posso

ver claramente sua expressão no banco do motorista, apenas sua forma.

Seu Buick puxa para fora do espaço, virando e indo para a estrada

principal.

Mas então ela para no meio dela. Eu arranho meu maxilar enquanto a

observo vagar por um bom meio minuto. Para meu espanto, ela coloca o carro

em ré e volta para a loja de automóveis. Ela não se incomoda em estacionar seu

carro corretamente, simplesmente deixa no meio do cascalho.

Seu carro em marcha lenta, ela salta da porta do lado do motorista,

marchando para mim até cerca de três metros nos separar e para.

"O que acabou de acontecer?"

Ela está respirando com dificuldade. Ela não parece zangada. Mais como,

caótica. O instinto me diz para falar suavemente.

"Eu te beijei."

"Por que você me beijou?"


"Eu queria."

Ela olha, sem dizer nada.

Não pensei na minha resposta antes de dar. É simplesmente a verdade e,

do que eu conheço de Shelly Sullivan, ela prefere a conversa direta. Mesmo

assim, ela parece estar dando a minha resposta uma grande deliberação, como

se a minha admissão fosse um enigma.

Mais uma vez, estamos de pé na garagem, de frente um para o outro, sem

tocar, apenas olhando. Sua respiração cansada diminui após um minuto ou

mais, como se ela estivesse procurando e descobrisse o controle necessário para

se acalmar. Ela recua para si mesma. Observar isso aconteceu é frustrante e

fascinante, como um daqueles vídeos decorrendo o tempo das estações - a

primavera se torna verão, o verão torna outono e Shelly torna-se inverno.

A necessidade de tocá-la, descongelar esse gelo, trazer de volta a mulher

que eu beijei, me faz engolir um aperto intenso na garganta.

"E quanto a Cletus?" Seu tom está nivelado agora, mais típico.

"Ele é um idiota." Mais uma vez, conversação direta.

Seus olhos se movem para os meus. "Cletus é legal."

Levanto uma sobrancelha. "Você quer que Cletus a beije?" Uma onda de

ressentimento endurece minhas palavras.

"Não." Ela balança a cabeça e seu olhar cai na minha boca. "Não, eu não

quero."

Bem, agora, com ela olhando para mim assim, o desejo de tocá-la foi de

quase insuportável para completamente intolerável. Minha atenção fica presa

aos fios de seus cabelos que haviam surgido ao longo do dia, ondulando em

torno de suas têmporas e ouvidos. Dando três passos extremamente lentos em


direção a ela, ajeito os cachos atrás de suas orelhas. Além de um leve tremor

emparelhado com uma cintilação dos seus cílios, ela não se move.

"Ele é seu irmão," ela sussurra, protestando fracamente. "Eu não... não

posso ... não quero ser.…"

"Cletus está apaixonado e preso pelos tornozelos por Jennifer Sylvester."

As pontas dos meus dedos percorrem a curva de seu pescoço, varrendo meus

polegares ao longo da linha de sua mandíbula. Um zumbido em mim acalma,

apazigua agora que alguma parte minha está tocando alguma parte dela e ela

não está fugindo.

"Ele está?"

"Sim." Subo meus lábios de um lado e decido esclarecer minha afirmação.

"Ele ainda não sabe disso."

"Eu entendo o porquê, ela é maravilhosa. Eu gostaria de ser sua amiga.”

Enquanto ela fala, sua atenção permanece presa na minha boca, seu olhar

nebuloso. Compreendo vagamente que ela disse algo positivo sobre Jennifer

Sylvester, mas os lábios de Shelly são muito gostosos para processar outras

coisas.

Mais tarde. Pensarei nisso mais tarde.

Eu não tenho certeza se as coisas vão ser melhores ou piores agora que eu

a beijei. Suponho que seria ambos: melhor porque agora eu tenho a memória;

pior porque não tenho ideia se ela me deixará fazer isso de novo.

De qualquer forma, não tenho arrependimentos.

Confusão? Sim.

Arrependimentos? Não.

Agora eu só preciso fazê-la falar.

"Então... Você já ouviu falar sobre o pescador e o poste?”


Seus olhos se nublam de confusão. "Você vai me contar uma piada?"

"Não. Eu só quero saber se você ouviu isso."

"Eu não ouvi."

"Você deve. É boa." Eu confirmo minha afirmação com a cabeça.

Shelly ergue os olhos para os meus. "Você vai contar a piada?"

"Depende. Você vai ser legal comigo?"

Ela procura o meu olhar, derrubando o dela no cimento da garagem

depois de um momento prolongado. "Porque nós nos beijamos?"

"Não." Eu aperto meus dentes, perguntando o que está acontecendo em

sua cabeça. "Porque eu não quero brigar com você."

Sua cabeça abaixa, ela toma várias respirações visíveis, e então começa a

acalmar: "Eu não sei. Eu tenho"- ela balança a cabeça, e eu tenho a sensação de

estar guerreando consigo mesma -"Eu não quero ser grossa com você, Beau.

Mas eu também não quero que você se machuque.”

"Por que eu me machucaria? Você está planejando me machucar?"

"Não, não, nunca."

Eu estudo seu rosto virado para baixo, ou o que eu posso ver, e deixo

minhas mãos caírem. "O que está acontecendo com você? Por que você está em

terapia? Alguma coisa aconteceu com você?”

Ela continua balançando a cabeça. "Eu nasci assim."

"Assim como?"

Shelly ergue o queixo, colocando os olhos no céu e dizendo com pressa:

"Tenho transtorno obsessivo compulsivo."

Transtorno obsessivo compulsivo.

Eu tinha ouvido falar disso.

"Você quer dizer TOC?"


"Sim." Ela fecha os olhos e dá uma grande inspiração. Então abre

novamente e segura os meus, esperando.

Suponho que aqui é onde ela espera que eu enlouqueço. Eu não vou fazer

isso, principalmente porque - embora eu ouvi falar do TOC - eu não sei nada de

concreto sobre isso.

Darlene disse uma ou duas vezes, que tenho TOC sobre minha roupa, ou

organizando suas prateleiras, ou algo assim. Eu ouvi outras pessoas usar o

termo TOC para exemplificar ser peculiar num tipo de contexto.

Shelly é definitivamente peculiar. Mas o que acontece parece ser mais

grave do que ser exigente sobre a forma de dobrar roupa ou organizar a estante

de livros.

Então, em vez disso, eu digo: "Hmm", e com uma lentidão deliberada,

coloco minha mão na dela. "Vamos."

"Onde?" Sua atenção fica presa aos nossos dedos emaranhados e ela dá

um aperto a minha mão.

"Daisy's. Estou com fome de algo bom." E o Daisy's é quieto no meio da

semana. E ela tem torta de maçã. "Se importa se eu dirigir?"

"Claro." Ela está me olhando engraçado, dividida, e sua resposta não

parece tão certa.

Eu ignoro sua inspeção, em vez disso, aproveitando o peso, o calor e a

textura de sua mão na minha. Tenho a sensação de que ganhei algum tipo de

batalha.

Agora, tudo o que resta é a guerra.


FECHO A PORTA DE ENROLAR E TRANCO, segurando sua mão o tempo

todo. Cada ocasião em que eu poderia soltar - para ir através da porta de trás ou

para virar a chave mais facilmente – aumento seu aperto e ela se aproxima.

Ela é forçada a deixar-me ir quando chegamos ao carro, ainda em marcha

lenta no meio do estacionamento. Espero em frente ao meu carro enquanto ela

estaciona o dela, então abro a porta do passageiro. Antes que ela entre Shelly

me surpreende roubando um beijo suave e quase experimental. Sim. Isso faz

coisas estranhas para o meu interior, coisas boas, coisas que significam que eu

provavelmente estarei sonhando acordado - ou sonhando a noite - sobre esse

momento nas próximas semanas.

Infelizmente, não tenho a chance de aprofundar o beijo. Eu a observo

através de olhos estreitados enquanto ela se instala no meu GTO, prometendo a

mim mesmo que eu estarei pronto para ela na próxima vez.

Se houvesse uma próxima vez.

O pensamento um pouco mais sóbrio porque, o que estávamos fazendo?

Dando a volta para o lado do motorista, decido: estamos prestes a resolver

as coisas entre nós. É o que estamos fazendo.

Quando entro na estrada, o seu polegar ao longo de seu pulso capta

minha atenção. Ela está fazendo aquela coisa novamente, marcando a pele de

seu pulso com seu polegar.

"Porque você faz isso?"

Shelly puxa a manga, cobrindo as marcas. "É difícil de explicar."

"É um hábito nervoso?"

Ela sorri, inclinando o cotovelo no peitoril da janela e olhando para fora

dela.

"Algo parecido."
Segurando levemente no volante, considero a melhor maneira de

prosseguir. Devo ser agressivo? Eu não queria faze-la correr, mas algo tem que

ser feito.

"O TOC é, uh, muito comum, certo?"

"Não é incomum."

OK...

"Eu ouço as pessoas dizerem coisas como, eu tenho um pouco de TOC sobre

o que querem ter certeza de que é certo - como organizar e fazer a limpeza e

tal."

Olho para o lado, a tempo de ver o peito de Shelly se expandir com uma

grande respiração. "Isso não é TOC. Nem mesmo perto. Essa desordem não é

fofa e não é admirável. Não é algo para se orgulhar, ou algo que as pessoas que

realmente anunciam." Ela está mexendo em seu assento enquanto diz isso,

como se ela não soubesse ficar quieta e falar sobre isso ao mesmo tempo.

"Está bem então. Conte-me sobre o TOC." Talvez descrever sua

experiência com a desordem me dá uma visão sobre por que ela age tão

friamente na maioria das vezes. Estou convencido de que não é uma pessoa fria.

Ninguém que beija como ela pode ser descrita como fria. A mulher tem fogo

dentro dela, e estou supondo que o TOC é a razão pela qual ela se mantém

escondida.

"É uma desordem crônica em que uma pessoa tem obsessões - o que

significa, pensamentos recorrentes incontroláveis. A pessoa então faz coisas,

compulsivamente, para evitar ou escapar do estresse das obsessões." Ela parece

estar recitando um dicionário médico.

"Então, a obsessão é o pensamento, e a compulsão é o que você faz para

evitar o pensamento?" Isso não parece tão ruim.


"Sim. No meu caso, às vezes não consigo parar de pensar em algo tão

simples quanto desligar a torradeira. Então eu vou verificar se eu desconectei a

torradeira, embora eu saiba que ela não está conectada. Não sei se isso faz

sentido."

"Mas todos não fazem isso?" Eu olho para ela; ela está mordendo seu

lábio, olhando ansiosamente para fora do para-brisa. "Eu sempre estou

checando as coisas, apenas para me certificar."

"Não. Eu não confiro duplamente. Eu verifico dezenove, trinta e um, ou

trinta e sete vezes."

Meus olhos se arregalam. "Oh, céus."

"Sim."

Ficamos sentados em silêncio enquanto eu derivo depois de algumas

considerações, algo sobre os números que ela listou parecia significativo.

"Espere um minuto... Será que tem que ser um número primo?"

Eu sinto seus olhos em mim, mas mais do que isso, sinto sua energia; ela

está uma bola de nervos. "Sim. A maioria das coisas que faço em relação às

minhas compulsões é baseada em números primos. Ou números ímpares. E

para esclarecer, não me esqueço de ter desconectado, nem esqueço que já

chequei. É como se o pensamento fizesse a torradeira se conectar novamente ou

que estou sonhando quando desconecto, a menos que eu cheque um número de

vezes maior. E eu sei que é ridículo, mas não consigo me impedir de verificar."

"Se eu não verificar, então não consigo pensar em mais nada até eu fazer."

"Você não pode pensar em mais nada?"

Seu joelho começou a saltar. "A analogia que a minha terapeuta usa é,

imagine alguém em pé no seu rosto, batendo uma panela e gritando, enquanto


você está coberto de aranhas. Isso é o que o meu cérebro faz comigo se eu não

ceder às minhas compulsões."

"Isso parece intolerável. Você está tentando aprender a equilibrá-los?"

"Sim."

Nada disso parece terrível, não é ótimo, mas não é o fim do mundo.

"Há quanto tempo você está em terapia?"

Ela hesita, ajustando o cinto de segurança pelo pescoço e depois torcendo-

o com os dedos. "Alguns meses."

"Alguns meses? Eu pensei que você disse que nasceu assim."

"Eu nasci."

"E esta é a primeira vez que você está em terapia?"

"Sim."

"Eu não entendo. Por que você não fez alguma coisa antes? "

"Eu pensei que poderia lidar com as coisas sozinha." Shelly esfrega sua

testa e solta um suspiro que parece frustrado. "Eu não sou idiota-"

"Não, você não é idiota." Eu olho para ela, certificando-me de que ela

entendeu como não estúpida eu penso que ela é.

Isso me valeu um quase sorriso enquanto continuo. "Enquanto eu podia

fazer os pensamentos pararem, a terapia não parecia necessária."

"Então, você pode parar as compulsões? Ou os pensamentos?"

"Às vezes, os pensamentos param por conta própria. Assim quando, eu

costumava ter pensamentos que iria esquecer como ler se eu lesse um livro

onde a capa não é azul. Isso durou alguns meses e de repente parou."

"Então, eles acabam se afastando?"

"Não, nem todos eles. Alguns vem e vão, alguns eu tenho desde que me

lembro."
"Qual é a sua mais nova obsessão?" Olho para Shelly.

Ela está mastigando o lábio inferior. "Uh. Bem..."

Espero, mordendo o desejo de quere livrá-la disso ou pedir desculpas por

perguntar. Tudo o que ela havia confessado até agora começa a esclarecer e eu

estava faminto para mais. Eu quero saber tudo.

Finalmente, depois de gaguejar e murmurar, ela diz: "Tenho problemas

para me concentrar no que as pessoas estão dizendo se suas frases

consistentemente contêm um número par de palavras. Se as frases de uma

pessoa contiverem um número par de palavras, o pensamento é que a pessoa

está prestes a ser violenta, machucar alguém."

Pisco uma vez com sua confissão. "Devo contar minhas palavras... antes

de falar?"

"Não." Ela balança a cabeça sem parar. "Eu não quero que você faça isso.

Normalmente, estou bem. Estatisticamente, o número de frases com um

número par de palavras deve ser o mesmo que um número ímpar. Apenas

enquanto a maioria de suas frases nem sequer são redigidas…” Ela se detém,

seu rosto caindo nas mãos dele. "Eu sinto muito."

O aumento de algo protetor e caloroso me fez alcançar seu pulso,

deslizando minha palma contra a dela e entrelaçando nossos dedos; ela

endurece com o contato, mas não se afasta.

"Não se desculpe." Certifico-me que minha frase contenha um número

ímpar de palavras.

Ela balança a cabeça, lançando os olhos pela janela. "Isso não vai

funcionar."

"O quê?" Meus dedos apertam-se automaticamente, embora ela não fez

nenhum movimento para se retirar.


"Minha loucura é demais. Muito grande para outra pessoa. Eu não

deveria ter.…”

"Fico feliz que você fez, fico feliz que você me contou." Eu tenho vontade

de parar o carro, para que eu possa abraçá-la bem e apropriadamente.

"Não consigo pensar."

"Por quê?"

"Porque estamos nos tocando, e tocamos quatro vezes hoje."

“…E?"

"Eu não consigo pensar." Ela engole em seco, balançando a cabeça. "Eu

preciso chamar o Dra. West, preciso falar com ela."

Olho para as nossas mãos; os nódulos de Shelly estão brancos. "O que está

acontecendo? Está sendo tocada - essa é uma das suas obsessões? Ou melhor,

compulsões? Não ser tocada?"

Ela concorda, como se tudo o que pudesse fazer fosse assentir.

Olho para o para-brisa quando mais e mais de seu comportamento

passado se aproximam, lembrando as vezes que ela recusou apertar a mão de

alguém. Eu me sinto como um idiota por julgá-la.

"O que acontece se alguém a toca?"

"É só se eu tocar alguém primeiro."

"Ok, o que acontece?"

"Eu penso que algo horrível vai acontecer com a pessoa." Sua voz quebra e

sua mão aperta a minha.

Puta merda.

Eu deixo esse fato assentar, agora preciso parar o carro, puxá-la para o

meu colo e abraçá-la. Talvez eu nunca a deixe ir.


Mas a suspeita, que rapidamente se tornou um medo frio, me faz sentar

mais reto no meu assento e faz meu pescoço coçar.

"Qual é a compulsão? O que você faz para escapar desse pensamento?"

Na minha visão periférica, eu vejo Shelly balançar a cabeça. Então eu

realmente paro o carro, minha atenção se divide entre a pele do antebraço, seu

rosto e a estrada. Quando paramos, vejo uma lágrima escapando de seus olhos

fechados, deixando uma trilha molhada em sua bochecha perfeita.

"O que você faz, Shelly?" Eu estou errado. Não diga isso.

"Eu não quero dizer. Então você saberá.”

" Diga-me." Merda. Merda. Merda.

"Eu..." Ela engasga. Funga. Agita sua cabeça. "Eu tenho que..."

Por favor, não diga isso, Shelly. Eu não quero estar certo.

"...tenho que me cortar."

Paro de respirar, uma ladainha de recriminações percorre minha mente

sublinhada pelo medo.

Ela me tocou primeiro? Isso já aconteceu?

Duas vezes, talvez três. A primeira vez foi no bar, há mais de uma

semana, quando ela agarrou meu braço. A segunda vez foi apenas momentos

atrás, quando ela me beijou antes de entrar no banco do passageiro.

De jeito nenhum, eu poderia me concentrar em conduzir - mesmo numa

estrada que eu conhecia tão bem - com os pensamentos atualmente correndo

em um círculo através da minha mente. Pelo menos, é o que sinto enquanto o

meu coração está batendo. Tão feliz por ter parado o carro antes dela me contar.

Incapaz de parar o impulso, puxo sua mão ao meu controle e observo seu

braço por qualquer sinal de novos cortes. Quando não descubro nada, pego o

outro braço. Ela puxa para longe antes que eu possa ver. Virando o rosto para a
janela, ela coloca o braço entre o corpo e a porta enquanto me dá a parte de trás

da cabeça.

"Shelly?”

Ela balança a cabeça.

"Você precisa ligar para a sua médica." Eu falo para o cabelo dela, o medo

agarrando cada músculo, meu corpo apertado com isso. E o medo é superado

apenas pelo meu senso de completo desamparo.

"Sim."

"Você tem um telefone?" Eu não consigo me lembrar de vê-la com um

celular, mas então eu não estou pensando claramente.

Talvez fosse egoísta, provavelmente é, mas a ideai desta mulher se ferir

por minha causa, me faz querer vomitar. E depois prender seus pulsos e trancá-la

para que ela não possa fazer isso novamente.

"Não."

"Você sabe o número?" Com uma mão, busco meu telefone no meu bolso

traseiro.

"Sim."

Desbloqueando minha tela, abro a palma da mão e coloco meu celular

nela. "Ligue. Chame agora.” Mesmo quando eu digo as palavras, estou

procurando em meu carro para objetos afiados. Ela faria isso agora? Ou ela iria

chegar em casa? Ela carrega navalhas?

Fico estático, enrolado em outro ressarcimento de desamparo. O que

diabos devo fazer? Prender ela no carro enquanto chama sua terapeuta? Isso

não parecia certo.

Dê a ela a privacidade.

Não me mexo.
Shelly desliza a mão na minha, pegando sem complicações o telefone

desbloqueado ao colo e navegando até o bloco numérico. Lentamente, tão

devagar, ela disca um número que conhece de cor, espera até que a tela indique

que a chamada foi aceita e traz meu celular para seu ouvido.

"Olá? Dra. West? Sim. Oi, sou eu. Shelly."

É hora de eu sair do carro, mas não consigo me afastar. Se ela se cortar...

"Lamento ligar, mas estou me sentindo sobrecarregada."

Olho para o perfil dela, minha boca cai uma meia polegada. Ela parece

precisa e tão calma. Muito calma.

Eu posso apenas ouvir uma voz na outra extremidade perguntar algo

como "Onde você está? Que número de telefone é esse?"

Shelly vira os olhos para mim e volta para o painel; eles estão largos,

cheios de pânico; O único sinal externo de que algo não muito tranquilo está

acontecendo dentro dela.

"Eu não estou sozinha." Uma pausa, então, "o telefone de Beau Winston."

Outra pausa. Shelly está ouvindo e não consigo pegar o que a médica está

dizendo do outro lado. Minha atenção cai em sua mão longe da minha. Sua

manga está abaixada. Eu não tenho poderes de raio X, então eu não posso ver

sob o tecido de sua camisa.

"Eu acredito que uma vez." O joelho de Shelly ainda está saltando; ela

coloca uma palma na coxa e parece pressionar a perna para baixo, tentando

parar seu movimento. Ela fica quieta por um momento, então parece responder

a uma pergunta: "Antes disso, ele me beijou."

A terapeuta diz algo que soa como: "Isso é ótimo", e eu luto com uma

risada descrente.
É ótimo? Como diabos eu beijar Shelly é ótimo? Bem... além das óbvias

razões pelas quais beijar é ótimo.

Toda a grandeza não foi desfeita pelo desejo de Shelly de cortar-se depois

de me tocar?

Não.

Por que não?

Porque beijar ela é ótimo. E o que veio depois foi ótimo. E estar junto foi ótimo.

Não é possível reescrever o histórico devido as novas informações.

Mas as novas informações não alteram o histórico?

Pare de ser estúpido.

Shelly afunda mais em seu assento. "Ele está bem aqui."

Eu não ouço o que a médica diz em seguida, mas o que quer que seja

parecia estar ajudando. Shelly parou de pressionar a perna e seu joelho parou

de se mover. Ela respirou fundo, fechou os olhos e empurrou a parte de trás da

cabeça contra o apoio do banco. Suas características relaxaram.

"OK. Isso faz sentido. Eu posso fazer isso." Ela concorda sutilmente,

pegando um fio em suas calças. "Sim, ele ainda está aqui."

Ela olha para mim, olha para mim como se eu fosse uma foto de uma

pessoa em vez de alguém realmente sentado ao lado dela. "Não. Ele parece...

preocupado."

"É porque estou preocupado." Falo sem pensar, mas consigo manter

minha voz baixa e calma.

Enrubescendo, seus olhos caem e ela esfrega a testa como se tivesse uma

dor de cabeça. Eu me lembro do que ela disse como eram suas obsessões, como

elas gritavam para ela e a distraíam até que cedesse as compulsões resultantes.
"O que? Não. Estamos perfeitamente bem." Seu tom é afiado, como se

Shelly não pudesse ouvir a outra mulher, mas a paciência dela estava acabando.

Sua atenção volta para mim novamente. "Eu não sei."

Muito claramente, ouço a sua terapeuta instruir: "Pergunte-lhe agora."

Shelly olha para mim, uma mistura de emoções tocando suas

características. Agora, essa é uma visão a contemplar. Até recentemente, eu

nunca tinha visto muito de Shelly Sullivan no sentido emocional, apenas

vislumbres raros seguidos por precaução taciturna.

Então, vendo o espectro sentimental agora - preocupação, desejo,

esperança, desespero - me fez prender a respiração e querer... alguma coisa.

Algo que não consigo nomear direito, mas está lá.

Permitindo que o desejo me guie, seguro seu olhar e pego o telefone,

deslizando meus dedos sobre os dela e tirando o celular da mão dela. Ela deixa,

seu olhar agora cauteloso e preocupado.

"Beau," ela diz, e soa como um pedido.

Levanto minhas sobrancelhas, dando-lhe um segundo para negar.

Quando ela não faz, eu levanto o celular para o meu ouvido. "Olá?"

"Olá? Sr. Winston?"

"Sim, mas você pode me chamar de Beau."

A mulher, do outro lado, suspirou, como se estivesse aliviada. "Beau,

obrigado por concordar em falar comigo. Você está no viva voz?"

"Não Senhora."

"Se isso torná-la mais confortável, você pode me colocar no viva voz."

"Deixe-me perguntar," coloco minha palma sobre o receptor e pergunto a

Shelly. "Você quer que eu a coloque no viva voz?"


Ela balança a cabeça, alcançando a porta. "Não. Eu - eu não quero ouvir.

Vou esperar lá fora."

"Você não quer ouvir?" Eu quase engasgo com a ironia. Eu aqui sem

conseguir lhe dar privacidade, e agora ela consegue fugir da minha conversa

iminente com rapidez suficiente.

"Não."

"Ela é sua terapeuta."

"Sim, mas ela vai pedir que você faça alguma coisa, e eu sei o que é. Eu

não quero estar aqui para afetar sua resposta." Ela já está na metade da porta

enquanto dizia isso.

"Shelly…"

"Beau, você não me conhece..."

"Eu quero."

"Mesmo? Ainda? Você tem certeza? Porque não fica melhor do que isso."

Seu tom é rígido e profundamente triste - de rendição desolada – o que vejo em

seus olhos quase me faz sentir falta do gelo e da arrogância. Quase.

Mas também me faz querer tirar a tristeza dela, e provar que está errada.

Antes que eu possa dizer qualquer outra coisa, ela está fora do carro e fecha a

porta, indo para a parte de trás do meu GTO e encostando no porta-malas.

"Beau? Você ainda está aí?"

"Sim, senhora. Estou aqui."

"Estou falando com você e Shelly?"

"Não. Ela decidiu nos dar privacidade."

"Ah. Ok.” Parece que a mulher está caminhando, eu posso ouvir o clique

de sapatos contra um piso duro. "Isso deve ficar bem, mas isso complica o que

posso dizer e compartilhar."


"Eu tenho muitas perguntas," olho para o espelho retrovisor, onde as

costas rígidas e retas de Shelly são visíveis, “mas eu prefiro perguntar a ela."

Eu não quero que Shelly sinta que nós conversamos sobre ela, que tenho

recebido informações que ela não está disposta a compartilhar. Eu quero que

Shelly tenha... algum controle.

"Bom, você deve."

"Ela disse que você tinha que me perguntar algo? Como é que você sabe

quem eu sou?"

"Shelly o mencionou em muitas ocasiões.”

"Ela fez?"

"Sim."

"Por que trabalhamos juntos?"

"Não." Havia um humor inconfundível na resposta de uma única palavra

e também definitivo, comunicando de uma forma muito eficaz que não está

livre para discutir o contexto de como e quando meu nome surgiu. "Mas posso

dizer-lhe que ela fala muito de você."

Ela fala muito de você. Apesar de tudo, isso me fez sorrir, o que pode

significar que eu sou louco.

"Beau, eu também posso lhe dizer que Shelly fez grandes progressos nos

últimos meses, especialmente desde que se mudou para o Tennessee, e acho

que você - e sua posição na Winston Brothers Auto Shop - são fatores que

contribuem. Eu acho, e eu discuti minha teoria com Shelly, que você, em

particular, pode ser fundamental para ajudar a terapia de Shelly a avançar."

"Como assim?"

"Primeiro, deixe-me perguntar-lhe, você considera Shelly uma amiga?"

Não.
"Sim." Mesmo para mim, minha resposta pareceu hesitante.

Claramente, a mulher sentiu minha insinceridade, porque ela perguntou:

"Realmente?"

"Bem", meu olhar pisca para a rígida postura de Shelly, "eu fiz tentativas,

que ela rejeitou."

“Na semana passada, correto?"

"Ela contou sobre isso?"

A Dra. West ignorou minha pergunta, perguntando: "Mas você gostaria

de ajudá-la? Se você pudesse?"

"Absolutamente. Eu não quero que ela se corte, porque ela tocou a mim

ou qualquer outra pessoa."

A médica fica em silêncio por um longo tempo, levando-me a perguntar:

"Você ainda está aí?"

"Sim." Sua voz altera, agora cautelosa e severa. "Ela contou sobre o corte?"

"Sim."

"Quando?"

"Pouco antes de ligar para você."

"Isso é muito surpreendente."

"O quê?"

"Ela confia em você." A mulher de repente pareceu feroz, com raiva, como

se ela estivesse me avisando para não brincar com as coisas.

E seu tom fez me defender automaticamente. "Eu sou muito confiável."

"Bom. Espero que você também seja um motorista muito responsável e

não coloque você mesmo no caminho do dano."


"Eu não sou," eu estalo. Eu não sou o imprudente da nossa família; esse

título pertence a Duane. Além disso, por que ela está trazendo minhas

habilidades de condução?

"Levando em conta este desenvolvimento, precisarei falar com Shelly para

determinar os próximos passos."

"Que desenvolvimento? Eu ser um motorista seguro?"

"Não. Shelly confiando em você.”

"Sim? O que há de errado com ela confiar em mim? Confio nela."

“Você não a conhece... "

"Estou tentando mudar isso."

"Ela não conhece você muito bem..."

"Eu também estou tentando mudar isso."

"Este não é um assunto simples, Sr. Winston," a médica continua como se

eu não tivesse falado.

"Eu disse para você me chamar de Beau."

"Esta não é uma questão simples, Beau. Eu não sou capaz de aprofundar

especificações por razões óbvias, mas ela confiar em você - depois de tão pouco

tempo - muda tudo."

"O que isso muda? E o que você ia me perguntar?"

A médica prepara e fala de modo hesitante, não dizendo nada durante

uns bons dez segundos. "Isso não é mais uma ação viável, Beau. Mas agradeço a

sua vontade de falar comigo.”

Percebo que a mulher está fechando a porta na minha cara, e isso não faz

nada pelo meu humor. Essa mulher gostando ou não, Shelly é meu problema.

E, mais uma coisa, eu simplesmente beijei uma mulher que estou

fantasiando por semanas. Eu deveria estar planejando minha próxima jogada,


não preso em meu carro falando com sua terapeuta enquanto a mulher literal

de meus sonhos anda de um lado para o outro.

Como eu cheguei aqui? Esta foi a conversa mais estranha que já tive.

Todos esses fatores me fazem falar sem debater a sabedoria das minhas

palavras. "Escute, madame, eu entendo que Shelly tem essa desordem e você

está ajudando ela a trabalhar com as coisas, e isso é ótimo. Mas eu me importo

com essa mulher. Ela é um fodido fantasma automotivo. Você sabia que ela

pode projetar, moldar e soldar peças de carros?"

"Uh…"

"E diagnosticar problemas apenas ouvindo um motor? Nunca conheci

ninguém que possa fazer isso. E ela adota papagaios malditos. Ela pode não ser

tão calorosa e amigável, mas a mulher tem um grande coração, e esconde isso

não está fazendo bem a ninguém, especialmente não a ela. Ela está faminta,

doutora. Eu não sei se você pode ver isso, mas eu posso. Ela precisa de carinho

mais do que um diagnóstico, se quiser minha opinião e não que você tenha

pedido. Mas aí está."

A Dra. West faz um som que pode ter sido tosse - ou pode ter sido um

engasgo, não sei. "Você sente pena dela, Beau? É por isso que você quer

ajudar?”

"Inferno, sim, sinto muito por ela."

"Essa não é uma boa base para..."

"Mas principalmente, sinto muito por todos os outros. Por causa do que

eu vi, os vislumbres de si mesma que ela compartilhou comigo, é uma pena que

ninguém mais consegue ver isso. Isso me leva a suspeitar que o que vemos dela

por fora não tem comparação com a beleza de dentro."


Encontro o silêncio com esta última afirmação. A médica de Shelly fica

quieta por um tempo.

Eu olho para a tela, vendo que ainda estávamos conectados, depois trago

de volta ao meu ouvido, apenas a tempo de ouvi-la perguntar: "Beau, você

estaria disposto a acompanhar Shelly nesta sexta-feira à tarde? Quando ela se

encontra comigo? "

"Se ela me quiser lá, eu estarei lá". Mais uma vez, olho para Shelly do meu

espelho retrovisor. Ela ainda está andando em um ritmo, mordendo a unha de

seu polegar. A visão de sua ansiedade me deixa ansioso. Suas costas estão retas

e tensas, o que é um milagre dado o peso que ela equilibra em seus ombros.

"Obrigada." O tom da Dra. West foi amigável novamente, excitado

mesmo. "Obrigado, Beau."

"Pelo quê? Eu não fiz nada."

"Não tenha tanta certeza sobre isso. Vejo você na sexta-feira.” Dra. West

termina a ligação, e se eu estou julgando seu tom corretamente, ela terminou

sorrindo.

Eu jogo o telefone no meu painel, sem sorrir. Tomo um minuto,

entendendo os eventos do dia. Mas não consigo ir além do nosso beijo na

garagem, principalmente porque não quero. Foi o destaque não apenas do dia,

mas do mês. Talvez meu ano inteiro.

Uma batida suave na minha janela me puxa das minhas reflexões. Shelly

está pairando ao lado da minha porta, seus braços cruzados, me dando um

olhar interrogatório.

Dou-lhe um pequeno sorriso e abro a porta do lado do motorista,

forçando-a a voltar alguns passos.

"Você falou com a Dra. West."


Eu aceno com a cabeça, fechando a porta, inspecionando a mulher notável

na minha frente. Ela parece estar lutando para erguer suas paredes. Seu olhar se

move sobre mim, como se eu estivesse prestes a desaparecer e ela está tentando

guardar minha imagem na memória.

"Eu falei."

"Ela perguntou sobre a terapia de toque?"

Isso me faz ampliar meus olhos com um interesse agudo. "Terapia de

toque? Me diga mais."

"Ela não perguntou?"

"Ela me pediu para ir com você na sexta-feira, para sua seção.”

Shelly piscou para mim, três vezes, muito rapidamente. "O que?"

"Ela quer que eu vá com você."

"Oh." A palavra é mais uma respiração do que um som real e seu olhar

finalmente se instala no meu, fazendo meu coração ignorar os dois batimentos

necessários.

"Se estiver tudo bem para você."

Shelly concorda rapidamente. "Sim. Está tudo bem para mim. Mais do que

bem."

"Bom. Não posso fazer isso nesta sexta-feira. Tenho que fechar porque

Cletus tem algo em Nashville no sábado, mas vou com você na semana que

vem."

Finalmente, ela me estuda atentamente antes de dizer: "Você precisa me

levar de volta à loja."

"O que? Agora?"

"Eu preciso voltar para a loja e pegar meu carro agora. Eu acho que

preciso ir para casa."


"Tudo bem." Eu concordo, deixando meu desapontamento mostrar, mas

não querendo empurrar; muito aconteceu e ela claramente precisa de tempo

para processar coisas, mas um pensamento irritante me deixa hesitante. "Shelly,

posso te perguntar uma coisa?"

"Sim."

"Você - você se machucou por minha causa?" Eu não posso dizer que a

palavra cortou, prendeu minha garganta e queimou, então eu olho para sua

manga.

Ela balança a cabeça, sua atenção se mudando para algum lugar atrás de

mim. "Não, eu não fiz."

O meu alívio foi profundo, mas ainda havia apreensão. "Mas você

queria?"

Ela assentiu sem falar, com os recursos em branco, os olhos ainda afixados

em outro lugar.

"Hoje à noite, quando você for para casa, devo ficar preocupado..."

"Não se preocupe comigo".

"Impossível."

Seu olhar volta para o meu, afiado, espalhando minha inteligência como

de costume.

"Eu não falei sobre o meu - sobre mim, para você se preocupar." Seu tom

duro desmente a frustração.

"Shelly," dou um passo à frente, "eu estava preocupado com você antes de

me contar."

Ela estremece. "Por que você pensa que eu sou louca?"

"Porque eu me preocupo com as pessoas com quem me importo."


Minha admissão pareceu furar a parede de gelo e, ao mesmo tempo, suas

características derreteram. "Eu também me importo com você."

"Eu deveria ficar com você esta noite? Você precisa da minha ajuda?” Você

precisa de mim?

"Não." Seu tom agora gentil, seu olhar crescendo, e eu acredito que ela se

importa comigo. "Você não precisa se preocupar. Eu não me corto em mais de

um ano e não tenho nenhuma faca. A Dra. West realmente ajudou. ”

Graças a Deus.

"Bom. Isso é realmente bom." Eu tento não deixar a extensão do meu

alívio estampar meu rosto, mas permito um pequeno sorriso. "Que tal uma

Reincheck6 do tempo então?"

"Raincheck?"

"Sim. Amanhã para o jantar, você e eu vamos para o Daisy's. Num

encontro."

Shelly pisca, como se minha sugestão a surpreendeu. Suas sobrancelhas se

juntam, claramente confusas. "Você ainda quer ir comigo?"

"Sim claro."

Ela balança a cabeça, protesto escrito em todo o rosto. "Mas-"

"Deixe-me perguntar uma coisa." Eu arrasto um passo mais perto. "Sua

preocupação, ou obsessão, é tocar pessoas?"

"Sim."

"Mas se eu tocar em você? Tudo bem? Isso não faz você querer fazer

coisas"

6
Este termo vem do baseball, dando direito de assistir a uma partida futura que fora adiada prematuramente. Em
português seria como “deixa para a próxima”, deixar para outra hora” ou algo semelhante.
Ela cruza os braços. “É diferente. Não consigo tocar outras pessoas,

iniciar o contato, mas ser tocada não desencadeia pensamentos ou compulsões

obsessivas. Eu só..."

"O que?"

"Eu geralmente não gosto, quando as pessoas me tocam. Não posso tocá-

los de volta."

“Devo parar?"

"Não!" Ela diz isso de uma maneira que meu pequeno sorriso se amplia.

"Eu gosto quando você faz isso."

"É bom saber", digo. "Eu vou ter certeza de continuar fazendo isso, então."

Sim. Esse sou eu flertando.

"Eu gosto muito quando você me toca." Ela se apressa em acrescentar:

"Você pode me tocar sempre que quiser." A última frase foi falada como se

estivesse sem fôlego.

Bom Deus, realmente gosto da sua brutal honestidade às vezes. Isso

remove as provações da equação e simplifica tudo.

Shelly não devolve meu sorriso, em vez disso seu olhar se nubla com a

mesma rendição triste desde o início, e sua melancolia óbvia apaga o sorriso do

meu rosto.

Dando mais um passo em seu espaço, seguro seu olhar. Ela ergue o

queixo para manter contato com os olhos, seu corpo balançando em direção ao

meu, sua respiração ficando curta. Pegando suas bochechas, sinto a tensão com

seu congelamento e depois derretimento sob minhas palmas. Seus olhos

fechados, como se ela estivesse aliviada e grata, e ver sua gratidão fez meu peito

doer.

Droga. Sinto muito por ela.


Como deve ser? Ser um prisioneiro em sua própria mente? Ter suas ações

e desejos sendo reféns de um medo irracional?

Eu também sinto um pouco por mim mesmo. Suas mãos em mim ficam

ótimas. Mas sabendo o que sei agora, não quero que ela me toque. Eu

provavelmente me afastaria de seu toque, porque sei o que pode custar.

Com este pensamento em minha mente, escovo meus lábios contra os

dela, curtindo a maneira quente e com fome que ela reage, como seu corpo

treme, como ela se move inquieta.

Mas não gosto de como ela claramente quer me puxar, mas não consegue

fazer nada sobre isso.

Ao aprofundar o beijo, deslizo as palmas das mãos pelos braços, pegando

seus dedos e guiando as mãos em volta da minha cintura.

Imediatamente, ela me abraça.

Ela agarra apertado.

Como se ela nunca quisesse me deixar ir.


CAPÍTULO 14

"É preciso ser uma mente educada para poder entreter um pensamento sem

aceitá-lo."

- Aristóteles, Metafísico

* Beau *

ESSA NOITE, eu não uso o Google para entender mais sobre TOC. Eu

quero esperar até a consulta com sua terapeuta. Procurar sobre os cortes quase

me enviou ao pânico.

Mas eu sonho com Shelly, como de costume. Exceto, que não estamos

ocupados. Estamos deitados juntos. Eu a seguro e.… é isso. Se é possível que

um sonho seja esperançoso, é isso que esse sonho é. Eu acordo cedo, bem

descansado com uma única pergunta na minha cabeça: onde eu posso comprar

pegadores de panela para Shelly antes do trabalho?

Quando me movimento, me preparando para o dia, a preocupação se

instala. Ela cedeu as compulsões ontem à noite? Ela disse que não possuía facas,

mas não eram difíceis de encontrar. Ela depilava as pernas, não é? Então ela

tinha lâminas de barbear.

Eu queria que ela tivesse um telefone celular, e eu queria ter alguma

maneira de verificá-la.

Toco o corte que fiz acidentalmente no meu pescoço, uma penitência por

me distrair. Limpo no local com um Kleenex, jogo no vazo. Mas então o vazo
não esvazia. Eu faço uma nota mental para pegar o desentupidor do porão e

desço para o andar de baixo onde o cheiro do café acena.

Meus pensamentos ainda estão em Shelly quando entro na cozinha, - se

eu devo levá-la para algum lugar além do Daisy's para jantar, se eu devo

comprar-lhe flores, qual é o resto de seus pensamentos obsessivos e as

compulsões resultantes - então eu não estou prestando muita atenção ao meu

entorno. Minha excitação para nosso encontro é irritantemente temperada pela

minha preocupação pelo seu bem-estar.

Sempre seria assim com ela? Pensar sobre ela sempre seria metade

antecipação, metade tensão?

"O que há de errado?" A pergunta de Billy me faz olhar para cima. Meu

segundo irmão mais velho já estava vestido para trabalhar em seu terno e

gravata. "Você não deveria pescar com Hank?"

"Eu cancelei. Tenho um trabalho." Agarrando um copo de café do

armário, jogo um polegar sobre meu ombro. "O banheiro está se comportando

de forma engraçada."

"De que jeito? Você quer dizer fazendo piadas?” Esta pergunta veio de

Cletus, sem se preocupar em tirar os olhos do que ele está lendo na mesa. Ele

ainda está de pijama, com os cabelos cacheados uma bagunça. No entanto, fico

surpreso ao vê-lo tão cedo.

"Não, quero dizer-"

"Espero que seja humor sujo," acrescenta, ainda não retirando a atenção

do jornal.

"Cletus. Isso é nojento.” Sentado em frente a Cletus, o tom de Duane está

repreendendo.

Finalmente, Cletus tira os olhos do papel. "O que?"


"Humor sujo?" Meu gêmeo ergue as sobrancelhas. "Significando cocô?"

"Não, Duane." Cletus diz isso com um suspiro de sofrimento.

"Isso faz com que fosse uma comédia de merda," eu entrego, adicionando

combustível ao fogo da conversa como estou propenso a fazer, me sentindo

mais eu mesmo enquanto sorrio.

"Todos vocês são um monte de privadas," Billy murmura em voz baixa.

Todos voltamos nossa atenção para o nosso irmão mais velho, com Cletus

falando por nós, "Deixe-me adivinhar, porque as privadas nesta casa são

engraçadas?"

Billy inclina o copo para Cletus. "Exatamente."

Eu sorrio, algo cru se instalou em mim. Estar ao redor de meus irmãos é

um balsamo e um bom lembrete. Nós vivemos todos os tempos escuros - às

vezes juntos, às vezes separadamente -, mas aqui estamos, fazendo piadas de

privada na quarta-feira antes das 7:00 da manhã.

Quando nosso pai estava na foto, vivíamos nossas vidas em um estado de

constante agitação. Esperávamos a tragédia chegar, um sapato voar, um soco p

pousar.

Viver dessa maneira não é uma opção, não mais. A terapeuta de Shelly

disse que ela está fazendo progressos notáveis. Antecipar o fracasso não é justo

para ela, e não é justo para mim. Ninguém está isento de problemas e conflitos.

Sua bagagem tem o rótulo do TOC, a minha é rotulada de Darrell Winston.

Enquanto Shelly e eu pudermos ter momentos como este, enquanto a

discórdia for diluída por momentos frequentes e cotidianos de saber e curtir

uns aos outros, então eu posso lidar.

Eu não me enganaria fora da possibilidade dela, de nós, de esperança e

felicidade.
Eu me recuso a esperar ou antecipar o pior.

O PIGGLY WIGGLY TINHA PEGADORES. Peguei quatro, passando pela

banca de flores na saída. Algo me diz que Shelly não apreciaria flores como a

maioria das pessoas faz. Na verdade, eu estou bastante certo do que ela as

odeia.

O meu desvio para a mercearia significa que não chego à loja de

automóveis até às 8h30, fazendo-me ser o terceiro a chegar. O carro de Cletus

ainda está desaparecido. Eu estou animado, agora no aperto da antecipação. Eu

não posso esperar para vê-la.

Duane está estacionado na frente da loja e paro ao lado dele. Pairando,

dou um momento para meus olhos se ajustarem à escuridão da garagem e

observo o espaço expansivo.

"Onde está Shelly? Eu vi seu carro no estacionamento.”

"Sob o Volvo de Daisy na parte de trás." Ele olha para o Ford no qual ele

está trabalhando, usando uma carranca de concentração.

"Obrigado." Não precisando ser informado duas vezes, eu vou naquela

direção, mas sou parado pela mão do meu gêmeo no meu braço.

"Espere um minuto."

Olho seus dedos e depois para ele. "Tudo bem?"

Ele deixa sua mão cair, mas ainda usava uma careta. "Você quer ir

almoçar depois?"

"Perdão?" Eu não posso ter ouvido direito; ele sempre almoça com Jess.

"Você quer ir almoçar depois?"

"Jess está fora da cidade?"


"Não."

Eu examino sua carranca, o conjunto de sua mandíbula. Ele não está com

raiva, mas ele está diferente.

"tem alguma coisa errada?"

"Não."

O barulho de metal contra o concreto na parte de trás da garagem me

chama a atenção. "Vamos ver como vai o dia," falo distraidamente, afastando-

me do meu irmão e indo para o Volvo azul escuro.

Imediatamente, eu vejo as pernas e as botas de Shelly saindo do carro. Eu

sorrio, porque suas pernas estão nuas, o que significava que ela estava usando

suas calças cortadas.

Eu cutuco sua bota com a minha. "Bom Dia."

"Dia". A palavra soa forte, então ela grunhiu, então ela amaldiçoou.

"Você está bem aí embaixo?"

Shelly sai de debaixo do carro; volto para dar o seu espaço. Agachado ao

lado dela enquanto ela se senta, com os cotovelos apoiados nos joelhos

levantados, ativo meu desejo de devorá-la. Ela trançou os cabelos em um

círculo, por isso parece uma coroa e me lembra uma leiteira ou uma dama

holandesa de sapato de madeira. Sua expressão não está perturbada, mas sua

boca a entrega. Seus dentes estão apertados, seus lábios curvados para baixo, o

que faz seu lábio inferior sobressair um milímetro mais do que o superior.

Shelly enxuga a testa com a parte de trás da mão, deixando uma linha de

graxa sobre uma sobrancelha. "Alguém afrouxou esses parafusos. Eu vou ter

que usar o elevador de carro." Seu olhar se move sobre mim, como se não

quisesse sair de seu lugar.

"Você quer ajudar?"


"Não, obrigada." Sua atenção fixada na chave em suas mãos, ela ainda não

me encarou nos olhos.

Abaixo minha voz, embora Duane não estivesse com vontade de nos

ouvir. "Você ainda quer jantar no Daisy's? Ou nós poderíamos ir para outro

lugar."

Ela encolhe os ombros, mexendo com a chave inglesa. "Vou aonde você

quiser."

"Sete? Vamos sair juntos?"

"OK."

Eu a estudo, incapaz de ler seu humor além de evasivo. "Shelly."

"Sim?"

"Olhe para mim."

"Por quê?"

"Eu amo quando você me olha."

Seus olhos se elevam de repente. Aí está. Congratulei-me com a gagueira

dupla em meu peito.

Como se não fosse capaz de parar a si mesma, ela pergunta: "Como é que

eu olho?"

Segurando seu olhar, deixo um sorriso lento se espalhar por minhas

características e assisto qualquer sinal de resposta nas palpitações cardíacas

dela. Eu não fico desapontado.

"Beau," ela sussurra, seu olhar ficando gratificantemente nebuloso. "Eu

gosto quando você sorri."

"O que mais você gosta?" Eu pego seu lábio inferior proeminente para um

beijo rápido e mordaz; passando as pontas dos meus dedos ao longo da parte

inferior da sua bunda até a pele sedosa na parte de trás do joelho.


Um pequeno gemido passa por seus lábios separados. O som é uma

mistura potente de prazer e frustração, e isso me faz sorrir. Quando me inclino,

uma de suas mãos levanta-se como se ela fosse me agarrar pela camisa para me

impedir de me afastar. No final, ela não faz, em vez de fazer isso deixa o punho

vazio e aperta os dentes novamente.

Fico de pé, encontrando seu olhar ardente, sem esconder o fato de que sua

reação me agradou.

Seu olhar quente se move sobre mim, como se eu a confundisse. "Eu gosto

de como você olha para mim."

"Como eu olho para você?"

Ela me dá um quase sorriso, dando uma batida sutil à sua cabeça. "Pare de

perder tempo. Vá trabalhar."

"Com medo que o chefe veja?" Eu balanço minhas sobrancelhas.

Rolando os lábios entre os dentes, ela vira a cabeça apenas, apertando os

olhos para mim e sem dizer nada.

Então eu inclino a cabeça uma vez e digo: "Madame." Então, viro para a

escada que leva ao escritório do segundo andar, sabendo que seus olhos me

seguem o tempo todo.

Eu preciso mudar para roupas de trabalho. Eu também preciso de um

minuto.

Muito ruim, não tomarmos banho nas instalações, porque eu poderia ter

usado um bem frio.

FOI UM BOM DIA. Na verdade, foi o melhor dia na memória recente.


Roubando toques e troca de olhares - as sensações furtivas e picantes que

se infiltram na pele quando a pego olhando para mim ou quando ela me pega a

observando - definitivamente contribuíram para a grandeza do dia, sem

dúvida.

Mas mais do que isso, muito mais, discutir soluções como dois colegas,

com respeito mútuo e estima, é ainda melhor.

Ela perguntou minha opinião sobre uma eixo de comando que está

enferrujado no exterior. Pedi a ela que consultasse em um pêndulo entortado.

Ela é brilhante. Eu me diverti. Falar com ela, solucionar problemas com ela, estar

com ela é divertido.

As horas escapam de nós. Duane partiu com Jessica por volta das 17:00 da

tarde. Antes que eu perceba, eu fico sem tempo para dirigir para casa para um

banho rápido. Forçado a resolver isso com lavagem na pia de bacia grande na

parte de trás da garagem, não consigo me irritar o inconveniente.

A pia tem três torneiras, é de aço inoxidável e ligeiramente maior do que

uma banheira de tamanho padrão. Tanto quanto eu sei, ninguém jamais tentou

subir e tomar um banho real, nem eles querem. É onde lavamos ferramentas,

trapos e graxa de nossas mãos ao longo do dia.

Quando surge a necessidade de um limpeza rápida, a minha prática geral

era amarrar as mangas da minha roupa na minha cintura, tirar minha camiseta

e me limpar usando uma toalha e uma barra de sabão.

Eu apenas tinha ensopado meu pescoço quando Shelly apareceu. Ela

parou, claramente, não esperando me ver meio nu e coberto de água com sabão.

Seus olhos se movem sobre meu corpo com apreciação de uma maneira que

lembra o dia em que ela me pegou me trocando no escritório do andar de cima.


Eu sorrio, mesmo quando o calor espinhoso se materializa sob minha

pele, fazendo meu coração galopar.

"Olá, Shelly." Eu tento parecer suave, não afetado, e na maior parte

consigo.

Não tirando os olhos, ela engasga, "Olá", continuando a olhar como se

estivesse em transe.

Meu sorriso aumenta.

De repente, ela afasta o olhar e anda para a frente onde a porta de enrolar

já está fechada. Sorrindo em sua volta para trás antes de desaparecer no armário

de abastecimento, olho para o relógio, observando que é apenas depois das

18h30.

Eu estou prestes a ligar para ela, para provocá-la, quando ela reaparece,

segurando uma toalha em cada mão.

O sorriso auto satisfeito que eu estou desaparece e meu olhar largo salta

entre ela e a toalhinha. "O que você está fazendo?"

"Lavando." Shelly liga a torneira ao lado da minha, arrumou as toalhas na

extremidade da pia e tira a camiseta.

Como antes, pego um fascinante lampejo de renda e pele antes de virar

meus olhos para a parede na nossa frente.

"Shelly..."

"Sim?"

Eu engulo grossamente, incapaz de bloquear a visão de sua pele nua na

minha visão periférica. Atualmente, ela está tirando seus shorts. Fecho os olhos,

limpando-os das imagens traidoras - alguns dos meus sonhos, algumas

fantasias novas - assaltam minha visão interior. Ela está me torturando.


"Por favor, passe o sabão quando terminar." Sua voz mantem o humor.

Não muito, apenas um rastro, apenas o suficiente para me fazer notar.

Eu aperto meus dentes, segurando o sabão para que ela pegue. "Estou

tentando ser cavalheiro aqui e você está fazendo isso muito difícil."

Ela arranca a barra da minha mão. "Mesmo? Não parece difícil."

Tossindo uma risada incrédula, meus olhos se abrem e então rapidamente

os aperto novamente, agarrando a borda da pia com as duas mãos, que vagam

em sua direção. "Qual é o seu nome do meio?"

"Catherine."

"Shelly Catherine Sullivan, você acabou de flertar comigo?"

Ela não responde imediatamente, deixando-me esperar na escuridão atrás

de minhas pálpebras com minha imaginação lustrosa e o som da água corrente.

Mas então ela respondeu, e sua voz está dolorosamente próxima, e posso

sentir o calor de seu corpo. "Você é sempre um cavalheiro?" Ela sussurra, a

pergunta parecendo honestamente curiosa.

"Eu serei com você."

"Mas você sempre é?"

Eu penso nisso, de volta para minha última namorada, e antes dela, e a

anterior. "Sim. Eu sempre fui um cavalheiro."

Sinto que ela recua. "Você deve fazer uma exceção para mim."

"Você não quer que eu te trate como uma dama?"

"Eu não sou uma dama."

"Você é minha dama." Eu sorrio, aproveitando esta troca inesperada.

"Sim." Ela parece pensativa, séria; eu sinto seus olhos em mim enquanto

continua com um sussurro: "Eu gostaria de ser sua."


Essa admissão, mais do que qualquer coisa, mais do que os beijos ontem,

mais do que os olhares quentes hoje, faz minha respiração prender, meu

coração pular e minha garganta queimar. É uma promessa do que estava por

vir, e o que o futuro pode ser, e eu estou dolorido.

Então seja minha, e eu serei seu, eu quero dizer, mas não faço. Eu não seria

capaz de manter a aspereza ou a esperança fora da minha voz, e eu não quero

assustá-la, chegando muito forte muito rápido.

Ouço sua torneira desligar e sinto sua saída. "Eu vou subir para me

trocar."

"Posso abrir os olhos?"

Shelly parece mais longe quando responde: "Você não precisa fechá-los."

Abro os olhos, apanhando a visão dela enquanto ela caminha para a

escada. Ela está envolta em uma toalha e seus ombros estão nus. Eu olho para

baixo e vejo suas roupas - toda sua roupa - em uma pilha no canto da pia, e

solto uma respiração falha.

Ou ela está tentando me deixar louco de vontade, ou a mulher não tem

senso de modéstia. Em ambos os casos, não importa, o resultado final é o

mesmo.

De pé, com sabão, sem camisa, pingando e parecendo como um tolo com

a evidência de sua nudez recente, lembro de repente que Cletus está no andar

de cima do escritório trabalhando nos livros. Um choque de algo primordial e

possessivo me fez me apressar a enxaguar e a pegar a toalha, fechando

rapidamente a torneira e me vestir para pegar Shelly.

Não é minha decisão, mas o inferno. Eu não quero que ela se troque na

frente do meu irmão. Eu estou tão concentrado em me apressar, que quase

colidi com Cletus enquanto abro a porta na base da escada.


"Whoa ei, Beauford." Cletus levanta as mãos. "Shelly me pediu para lhe

dar um momento, ela está se trocando."

Eu paro antes de rir do meu alívio, em vez disso, engulo o impulso e

aceno com a cabeça enquanto caminho para o lado, permitindo que Cletus

passe.

"Claro, claro. Espero até que ela saia.”

Cletus encolhe os ombros, olhando para a garagem. "Você provavelmente

pode subir agora. Eu acho que ela tem as partes importantes cobertas agora."

Olho para o meu irmão, levantando uma sobrancelha incrédula em seu

comentário casual da privacidade de Shelly. "As partes importantes?"

Ele pressiona os lábios em uma linha rígida, estudando a porta do

escritório fechada com um ar de distração; tive a sensação de que ele não me

ouviu. "Diga, você ainda está bem fechando a loja na tarde de sexta-feira

sozinho?"

"Tudo bem." Agora que eu não preciso me apressar, tomo um momento

para me secar devidamente.

"E você se importa de pegar carona com Billy no sábado de manhã para

Nashville por falar nisso? Ele também trabalha até tarde na sexta-feira."

"Ele vai ao seu show com Claire? "Eu estudo seu perfil. Ele parece

engraçado, ansioso. "Você está nervoso?"

"Não." Ele responde muito rápido, seu olhar se instalando na caixa de

ferramentas Master Lock mais próxima de nós. "Meus nervos são de aço, você

sabe disso."

"Claro, Cletus." Por algum milagre, não rolo os olhos.

"Você estará, uh, pegando a Sra. Sylvester no seu caminho sábado de

manhã. Espero que você se comporte como um cavalheiro. Ela não está
preparada para conversar com um flerte da sua magnitude." A atenção do meu

irmão volta para a caixa de ferramentas e ele limpa a garganta.

"Você quer dizer Jenn?"

Seus olhos cortam para mim, afiados e desconfiados. "Você não conhece a

senhora bem o suficiente para chamá-la de Jenn".

Isso fez minha boca cair com surpresa, mesmo enquanto sorrio. "Oh,

realmente?"

"Não." Ele cruz os braços e ergueu o queixo, um desafio gravado em suas

características.

"Bem, então, talvez use o caminho para Nashville para conhecê-la

melhor."

Mesmo que meu irmão estivesse agora apertando os olhos, o fogo atrás

dos olhos é claro como o sol e duas vezes mais quente.

Eu continuo sorrindo.

"Você está de bom humor. Por que você está de bom humor? Hoje não é

terça-feira."

Batendo minha mão no ombro de Cletus, eu dou uma pequena sacudida.

“Apensas aguardando pelo passeio de carro no sábado, é tudo. Você sabe o

quanto eu amo fazer novos amigos."

Antes que ele possa responder ou ver rir do seu desconforto, eu passo

pelo meu irmão e subo as escadas dois degraus de cada vez.

"Beauford Fitzgerald Winston-"

"Boa noite, Cletus." Eu aceno para ele sem me virar. "Não há necessidade

de ficar por perto. Vou fechar.”


A intensidade de sua ira é tão forte, que sinto o calor do aborrecimento

dele na parte de trás da minha cabeça quando três pensamentos ocupam minha

mente:

Um: a parte não ingênua de mim espera que Shelly não tenha terminado

de cobrir todas as "partes importantes."

Dois: não que exista nenhuma dúvida antes, mas Cletus se apaixonou pela

Rainha do Bolo de Banana (Jennifer Sylvester) e ele claramente não faz ideia.

Três: Brincar com Cletus ocupa o segundo lugar para o mais divertido que

tive durante todo o dia. O primeiro lugar pertence a Shelly, e cada momento

que passamos juntos.


CAPÍTULO 15

"Para entender o coração e a mente de uma pessoa, não olhe para o que ele já

alcançou, mas para o que ele aspira".

- Kahlil Gibran

* Beau *

Desafortunadamente, SHELLY já tinha terminado de se vestir quando eu

entro no escritório. Ela se vira e olha para mim, fazendo uma dupla verificação

e me dando outro quase sorriso.

"Você se importa?" Eu brinco, meu sorriso me entregando enquanto vou

até meu armário. Agora vestida com um longo vestido de verão azul que

termina nos tornozelos e combina com a cor dos olhos dela, Shelly fecha a porta

do armário e apoia um ombro contra ele.

"Eu não me importo em absoluto." Seu olhar se move sobre mim em uma

leitura evidente. Ela está ficando mais ousada, mais confortável ao meu redor.

Eu gosto.

"Eu quis dizer, que eu gostaria de alguma privacidade."

"Oh, então eu me importo."

Isso me faz rir, e eu balanço minha cabeça para ela, lançando a mulher um

olhar de reprovação enquanto desamarro as mangas do meu macacão da minha

cintura.
Mas quando eu os empurro pelos meus quadris, Shelly desvia o olhar. Ela

se vira, e eu assisto seus ombros se levantarem e caírem com o que parece uma

respiração profunda.

Meu olhar pega a visão de suas costas e braços; as finas tiras de seu

vestido mostrando uma extensão de pele deliciosa.

Eu tenho que engolir uma vez antes de dizer: "Esse é um vestido legal."

"Obrigado", ela diz, sua voz suave.

Meu coração bate violentamente enquanto eu me troco. Roubo olhares de

sua forma longa, a curva do quadril, o pescoço, os fios de cachos que se

afastaram da trança coroando sua cabeça e agora caem em cascata pelas costas.

Gosto muito quando me toca.

Você pode me tocar sempre que quiser.

Eu gostaria de fazer sexo com você.

Eu suspeito que poderíamos pular o jantar, prosseguir direto para a parte

física da noite e ela não se queixaria.

Mas, honestamente, eu faria.

Eu gosto dessa mulher. Eu gosto muito dela. Eu gosto dela talvez até

demais, e talvez eu esteja colocando o carrinho de nabos antes do cavalo.

Acalme-se, Beau. Ela não vai a lugar nenhum. Não tenha pressa.

Acabo de puxar minha camisa quando uma batida soa na porta do

escritório. A cabeça de Shelly vira para ela, então para mim em questionamento.

Eu encolho os ombros, porque não é como se Cletus batesse antes de

entrar em uma sala. Ele acaba entrando, sem se importar com a privacidade ou a

vontade das pessoas. Pelo menos quando ele se sente em casa.

Minha camisa meio abotoada, chamo, "Entre, Cletus."


A porta se abre e eu me endureço, meus dedos parados no próximo botão.

O homem que está na entrada não é Cletus, mas o reconheço imediatamente.

Ele é Quinn, o irmão de Shelly, e está fazendo uma varredura do

escritório como se estivesse procurando ameaças.

"Ei, Quinn." Me recuperando rapidamente, eu dou um passo, entendendo

uma mão para o grande homem. Eu lembro dele ser alto, mas não tão alto.

Seus olhos descansam sobre mim e eles são exatamente da mesma forma e

cor que os de Shelly's, que eu me acostumei a chamar de água desconcertante.

"Beau," ele diz, baixo e rouco, pegando minha mão com facilidade e

dando uma forte agitação. "A porta no andar de baixo estava trancada.

Caminhei pelos fundos e entrei.”

"Tudo bem", eu digo com facilidade, apesar de ter a sensação de que ele

não pediu permissão tanto quanto me repreendia gentilmente por ter uma

segurança relaxada.

E como ele sabe que eu sou Beau e não Duane?

"Você é bem-vindo a qualquer hora. Como está Janie?

Ele dá outra rápida verificação no escritório - eu incluído - até seus olhos

chegarem a descansar em sua irmã. Retrocedendo, olho entre os dois, vendo

mais do que uma semelhança familiar. Eles compartilham os mesmos ângulos

afiados, maçãs do rosto altas, características simétricas e cor do cabelo.

Shelly olha fixamente para seu irmão, mas não faz nenhum movimento

para abraçá-lo. Ou cumprimentá-lo. Ou de outra forma, dar boas-vindas ao

homem grande.

Enquanto ela olha, Quinn a estuda da cabeça aos pés, como se fosse um

estoque de bens e não uma pessoa.

"Janie e Des estão excelentes," ele finalmente responde.


"Des?"

Sua atenção volta para mim. "Nosso filho."

"Vocês tiveram um bebê?" Meu sorriso é automático. Os bebês são

definitivamente dignos de sorrisos.

Ele concorda uma vez com os olhos cintilando para Shelly e depois volta

para mim. "Há poucos meses atrás."

"Isso é tão bom. Parabéns. Jethro e Sienna estão esperando um para a

primavera.” Depois que eu ofereço esse último dado, eu me encolho na minha

língua solta. "Desculpe, eu não deveria dizer nada. Eles estão tentando manter

isso em segredo até depois do casamento."

Jethro e Sienna estão mantendo suas boas notícias em top secret. Meu

irmão recentemente nos havia dito, mas ninguém deveria saber.

"Não se preocupe com isso. Eu já sabia. Parabéns à sua família.” Ele diz

isso de forma uniforme e autêntica, mas seu tom traz uma ponta de reserva,

distância.

"Por que você está aqui?" Shelly finalmente fala, embora ela não tenha se

movido. Se fosse antes das revelações de ontem à noite, eu teria presumido que

ela não estava feliz em ver seu irmão. Mas agora vejo sua quietude como algo

bem diferente.

Ela está feliz em vê-lo, eu percebo como seus olhos não deixaram seu

rosto desde que ele entrou. Ela está feliz com sua presença, reparando nele,

enquanto ela se segura.

Mas ela também está frustrada e ansiosa, e por causa de sua confissão de

ontem, agora entendo o porquê.

Quinn inspeciona sua irmã por um longo momento, e depois respira

profundamente. "Nós precisamos conversar. Pessoalmente."


"Tudo bem." Ela assenti, concordando imediatamente e agarrando a bolsa

de onde ela estava ao lado de seus pés. "Nós podemos ir."

Meus olhos se arregalam e um protesto está na ponta da minha língua,

mas então o bom senso me faz morder as palavras.

O que eu faria? Contestar a mulher? Lembrá-la de que tínhamos planos?

Exigir que ela veja seu irmão mais tarde?

Não. Desta forma, é bobagem, e eu conheço mais do que isso. Ele voou de

Chicago, precisando falar com ela em particular. Não havia chance para me

inserir.

Dito isto, o bom senso pode ter prevalecido, mas o bom senso não

significa seu desprezo aparente por nossos planos - e eu - sem pensar ou hesitar,

não arrepio minhas penas. Sem desculpas, palavras suaves ou promessas, uma

sugestão de um Reincheck, nem mesmo um olhar. É como se eu tivesse deixado

de existir.

Sua indiferença que machucava.

Shelly corre para a porta enquanto eu recuo, meus ombros se

aproximando dos armários enquanto eu espero eles saírem.

Uma boa quantidade de decepção surda deve ter sido visível em minhas

características porque Quinn franze a testa para minha expressão, seus olhos

estreitando em suspeita e deslizando de mim para sua irmã, e depois

novamente.

"Eu... interrompi algo?"

Shelly para, seu olhar vindo para o meu, seus lábios se despedindo como

se estivesse prestes falar que foi pega de surpresa pela minha presença. É como

se tivesse esquecido que eu estava lá. Ou talvez ela não tivesse esquecido, mas
tinha ficado muito distraída e absorvida pelo choque de ver seu irmão que eu

desvaneci completamente ao fundo.

"Não." Eu balanço minha cabeça, dando a Quinn um sorriso calmo e

acenando para eles. "Nada." Então, para Shelly, eu faço um único aceno de

cabeça. "Vejo você no trabalho."

Shelly torce os dedos, brincando com a alça da bolsa, com um brilho

intenso. Ela respira fundo como se quisesse falar, mas em vez disso fecha a

boca. De repente, ela se vira e desaparece pelas escadas.

Meus olhos mudam-se para Quinn. Ele me observa.

"Tenha uma boa noite," ofereço facilmente, engolindo a amargura que

tinha gosto de desilusão.

"Você também." Seu tom é distraído, conflituoso, como se ele não

soubesse se ficava e me questionava, ou seguia sua irmã.

Com um estímulo de avaliação final, ele vira, sai e fecha a porta

silenciosamente atrás dele.


CAPÍTULO 16

"Nenhuma grande mente já existiu sem um toque de loucura."

- Aristóteles

*Shelly*

A primeira coisa que eu disse a Dra. West na sexta-feira foi: "Quinn me

visitou.” Mesmo assim, o que eu realmente queria falar é como eu fui terrível

com o Beau.

"O que? Quando?"

"Quarta-feira. Ele apareceu após o trabalho." Peguei o assento em frente a

ela, observando que o purificador de ar estava desligado.

"Como ele está?"

"Eu não sei." Quinn é melhor escondendo seus pensamentos e

sentimentos do que eu. "Ele parece feliz quando falou sobre Janie e o bebê. ”

"Você o abraçou?"

"Não. Tentei algumas vezes, mas não consegui. Toda vez que cheguei

perto, engasguei." Exalto uma risada.

"É algo engraçado?"

"Uma das vezes que eu tentei abraçar meu irmão, eu literalmente

engasguei. Numa batata."

"Oh, não." A Dra. West também riu e me deu uma aparência simpática.

"O que aconteceu com a batata?"


"Deixe-me começar no início. Depois do trabalho, ele me seguiu até minha

casa. Ele ainda pensa - ou estou assumindo que ele ainda pensa - que tenho

problemas em lugares públicos.”

"Por que você não o corrigiu?"

"Não me ocorreu. Eu estava... perturbada e chateada com o que fiz com

Beau.” Merda. Merda. Merda. Aí está. Eu sou uma pessoa terrível.

Meu peito está muito apertado e meus molares doem.

Por que meus molares doem?

A Dra. West me dá um sorriso compassivo, escrevendo algo em suas

anotações. "Vamos chegar a Beau em um momento. Uma coisa de cada vez.

Diga-me o que aconteceu com Quinn. Você engasgou em uma batata?"

Fico grata pelo indulto. "Chegamos à minha casa e eu coloquei tortilhas e

salsa.”

"Bom!"

"Sim" concordei, sentindo-me um pouco orgulhosa apesar de tudo.

Antes da terapia, nunca pude pensar além das preocupações em minha

mente quando alguém vinha à minha casa. Passar das grandes ansiedades para

as suavidades normais parecia impossível.

Eu me concentrava em coisas que, em última instância, não eram

importantes durante uma visita. Se eles escovaram os dentes naquela manhã?

Quando ele ou ela teve seu último exame dental? Seus pais ainda estão vivos?

E, se não, como estão lidando com a perda? Se uma mulher estava em minha

casa, eu me preocupava com o estado da sua vacina contra o HPV.

Mas a Dra. West forneceu uma lista de coisas em que eu deveria focar,

como pegar uma bolsa ou um casaco e colocá-la em algum lugar acessível.

Colocar comida, oferecer algo para beber, perguntar sobre o dia da pessoa.
Quando ela escreveu isso para mim, fez sentido. Conduzindo meu

constrangimento - por não descobrir isso por conta própria - levou mais tempo.

"Então eu ofereci a ele algo para beber. Ele disse que poderia conseguir

isso sozinho. Eu tinha acabado de dar uma mordida em uma batata enquanto

ele se afastava e decidi tentar. Eu poderia abraçá-lo. Eu senti uma sensação de

clareza, realmente e verdadeiramente vi o quão ridículo meus temores e

evasões anteriores eram. Naquele momento, eu acreditei." E eu queria fazer isso

antes que a clareza passasse, antes que a voz de dúvida na minha cabeça

aumentasse de volume.

"Então, o que aconteceu?" A Dra. West estava no limite de seu assento.

"Eu me aproximei, planejando abraçar suas costas, e respirei fundo, e eu...

inalei a batata. ”

"Oh não." Ela coloca o queixo na palma da mão, balançando a cabeça.

"Não se culpe demais sobre isso.”

"Não. A batata já fez isso,” murmuro.

A Dra. West sentou-se mais reta, como se eu a tivesse surpreendido e

depois deu uma risada. Eu também ri, permitindo-me ver o humor na situação.

Mas então eu parei, porque, em última análise, foi um momento decepcionante.

E eu passei os últimos dois dias de luto por oportunidades perdidas - não

apenas com Quinn, mas também com Beau.

Quando ela viu meu movimento de humor, sua risada diminuiu. Os olhos

dela, quentes e astutos, me examinaram.

"Eu considero isso como uma vitória, Shelly. Veja o quadro geral. Você

conseguiu se mover antes de ficar nervosa, concentrou-se na lista de verificação

e teve um momento de clareza. Três passos para frente, um passo para trás."
Eu aceno com a cabeça, vendo o ponto dela, mas ainda muito crua sobre

os acontecimentos dos últimos dias para aceitar isso.

"O que mais aconteceu? Com seu irmão? Qual foi o motivo dele para

chegar?"

Deixo os olhos cair nas minhas mãos. "Ele quer que eu volte para Chicago.

Ele quer que eu seja uma tia para Desmond."

"Isso é ótimo. Viu?"

"O que?"

"Todas as suas preocupações sobre Quinn, sobre ele escrevendo para

você, sobre o fato de ser tarde demais para ser parte de sua família. Não é tão

tarde. Seu irmão a ama e quer você em sua vida.”

"Sim. Sim, ele faz.” Eu deveria estar feliz.

Seja feliz. Seja feliz. Seja feliz.

Sinto seus olhos em mim, ainda examinando. "Por que você não parece

feliz com isso?"

"Estou feliz." Eu aceno com a cabeça, fechando meus olhos.

Ouvi a Dra. West virar seus papéis. "Quando você veio para mim

originalmente, seu objetivo principal - e estas são palavras suas – era: ‘Interação

frequente, normal e afetuosa com minha família’.”

"Esse ainda é meu objetivo." E eu preciso me concentrar nisso. Eu devo a

minha família, e tenho que colocá-los em primeiro.

Ela fica em silêncio por um momento antes de perguntar: "O que está

acontecendo?"

Abro os olhos e tento encontrar as palavras certas. "Você está aqui, no

Tennessee. Eu vejo uma diferença em mim mesma, e não quero perder isso.

Estou ficando melhor."


E então há meu espaço de arte, minha casinha e a loja de automóveis e.… e Beau.

Ela me considera por um momento, ainda calorosamente, ainda

perspicaz. "Você mostrou ao Quinn no que você está trabalhando?"

"Sim. Ele gostou deles." Eu considero a precisão das minhas palavras,

então decido mudar minha declaração. "Na verdade, ele amou os anjos. Ele

disse que está orgulhoso de mim, disse que é a melhor coisa que fiz. ”

Meu rosto cora, aquecido na memória, mas de boa maneira. Depois de

não ver meu irmão em dois anos, fiquei feliz por termos terminado a visita com

os anjos. Meu irmão não sorri com frequência, ele é mais propenso a observar

do que se juntar. Seus sorrisos e elogios foram uma surpresa bem-vinda.

"Você acha que ele veio verificar seu progresso?"

"Não" respondo honestamente. " Quinn não é assim. Ele sabe, apesar de

tudo que se eu disser que vou terminar um projeto para um cliente que está

alinhado, eu vou fazer isso. Ele não perguntou sobre o meu progresso. Eu fui a

única que me ofereci para mostrar." É o mínimo que eu podia fazer.

"Mais alguma coisa que você quer me contar sobre a visita com seu

irmão?"

"Duas outras coisas sobre aconteceram ou que você dever saber.” Uma

respiração profunda é necessária antes de continuar. "Ele está enviando seu

avião em novembro para eu ir a Chicago e visitá-los. Para conhecer Desmond.”

A preocupação pisca atrás de seus olhos antes que ela possa consiga

mascarar completamente. "Como você se sente sobre isso?"

"Esperançosa, mas preocupada.”

"Você acha que está pronta?"

"Eu não sei."


A Dra. West me considera por alguns segundos, sua expressão em branco.

"Eu sugiro que você seja honesta com o seu irmão sobre o fato de que você não

pode segurar seu sobrinho - ou tocá-lo - enquanto você está lá”

"Eu acho que ele sabe disso. ”

"Posso sugerir que você explique isso. Talvez seja hora de sentar e explicar

o que o seu diagnóstico significa, o que você tem feito ao longo dos últimos

meses, bem como os seus objetivos estão avançando.”

"Eu vou pensar sobre isso."

O sorriso respondente é mais quente, menos esperto. "Boa. Qual é a

segunda coisa?"

Isso é menos fácil para mim discutir. "Quando chegamos à minha casa, a

primeira coisa que ele fez foi verificar meus braços e pernas. ”

Sua expressão fica sóbria. "Mas você entende por que ele fez isso.”

"Sim." Eu entendo, mas não torna isso menos humilhante. Foi humilhante

quando Beau puxou meu braço para ele no carro na terça-feira, e foi humilhante

quando Quinn insistiu em verificar novas cicatrizes na quarta-feira.

O olhar da Dra. West torna a me procurar e ela repete algo que ela me

contou em uma sessão anterior. "É muito difícil para as pessoas que não vivem

isso entender por que os outros se automutilam. É fácil assumir que todas as

tentativas de danos estão enraizadas em pensamentos suicidas.”

Não quero falar sobre isso.

Deslizo os dentes para o lado, obrigando-me a responder. "Eu sei." Mas

não é menos humilhante.

Ela deve ter sentido meu humor, porque mudou de assunto. "Você disse

anteriormente que algo aconteceu com Beau?"


"Sim." Eu não pressiono minha unha na pele do meu pulso, mas eu

realmente quero mesmo.

"Alguma coisa" ela verifica suas anotações, "você disse que está chateada e

nervosa sobre isso?"

"Sim. Fui muito errada e preciso me desculpar.”

"Foi depois que eu falei com ele no telefone? Na terça-feira?"

Reviro meus lábios entre meus dentes. Inútil, a lembrança de nosso beijo

inundar minha consciência, me sufocar com a vontade de vê-lo, fazer isso

novamente, fazer as coisas corretas e pedir desculpas.

"Aconteceu quarta-feira quando deveríamos ir ao jantar. Mas então, logo

antes de sairmos, Quinn apareceu e eu... "Procuro o caminho certo para explicar

o que aconteceu. Fiquei tão surpresa ao ver meu irmão, surpresa, excitada e

nervosa. E preocupada. "Minha mente ficou muito alta. Não esqueci que Beau

estava lá, esqueci que eu estava lá. Isso faz algum sentido?"

"Diga-me o que aconteceu depois.”

"Quinn disse que precisava falar comigo em particular. Ouvi essas

palavras, respondi a essas palavras e disse que sim, então me movi para sair

com ele.”

"E onde estava Beau neste momento?"

"Ele estava na sala." Eu gemo essa confissão, cobrindo o rosto com as

mãos e espiando minha terapeuta através dos meus dedos.

O Dr. West recosta-se na cadeira e seus olhos se movem sobre meu

ombro. "Entendo. Você e Beau deveriam sair e Quinn apareceu

inesperadamente. Concentrando-se em Quinn, você não pensou em seus planos

com o Beau.”
"Correto." Eu esfrego minha testa. "Eu fui tão horrível, isso foi horrível.

Quando percebi o que fiz, não sabia o que dizer. E ele parecia tão ferido."

"Você falou com ele? Desde quarta-feira?"

"Não. Trabalho na quinta-feira. Ele teve quinta-feira de folga e estava

programado para entrar hoje depois que eu sai. Ele provavelmente está na loja

agora."

"O que você vai fazer?"

"Eu estou esperando que você me diga isso. ”

Isso provoca uma pequena risada dela. "Você sabe que não funciona dessa

maneira, não quando o que você está pensando e sentindo é completamente

natural.”

"O que é que estou sentindo?"

"Me diz você."

"Remorso. Frustração comigo mesmo, que não sou normal.” Balanço a

cabeça, estudando meus dedos. "Talvez ele mereça mais do que sou capaz de

dar." Não. Eu sei que ele merece mais do que sou capaz de dar.

"Você e eu discutimos merecimento muito tempo. E você concordou que

deixaria de decidir o que as pessoas merecem. O que Beau merece é a escolha

dele. O que o seu irmão e os pais merecem é a escolha deles. Você só pode ser

você mesma. Você deve deixá-los decidir por eles."

"Você está certa." Eu concordo com fúria. "Eu decido o que eu mereço; eles

decidem o que eles merecem.” É um bom mantra, então por que isso parece

como uma desculpa? Por que parece como uma desculpa para o mau

comportamento?

"O que você fará sobre o Beau?"

"...Pedir desculpas?"
A Dra. West sorri, balançando a cabeça para mim. "Se é isso que você quer

fazer, peça desculpas.”

"Eu quero me desculpar. Ele merece."

"E o que você espera que aconteça depois de se desculpar?"

Ele me beijará de novo. E nunca mais cometerei um erro com ele. Eu serei

perfeita. E ele vai me querer.

Eu torço os meus lábios para o lado. "Espero que ele me dê mais uma

chance.”

"Uma chance de amizade?"

"Não," respondo sem pensar.

A Dra. West vira a cabeça ligeiramente, como se tivesse me ouvido

errado. "Não é amizade?"

"Eu realmente quero estar com ele.”

Ahhhh merda. Merda. Merda. Merda.

A Dra. West olha para mim com os olhos arregalados por um momento

prolongado, e então seus traços são inundados de preocupação.

"Sim eu sei. Eu sei que isso não faz parte do plano." Solto um suspiro

torturado, estremecendo os pensamentos concorrentes e contraditórios na

minha cabeça, cada um lutando por dominar.

Pense em sua família. Você está fazendo isso para sua família.

Mas Beau-

Você deve a eles, você precisa fazer as coisas certas, você precisa ser a filha e a

irmã e a tia que merecem.

Mas Beau é incrível. Estar com ele é tão... sem esforço. Nada antes me fez sentir

assim, sem esforço. E ele quer estar comigo.

Talvez não mais, não depois do que aconteceu quarta-feira.


"Shelly... estou preocupada que isso seja muito rápido.”

"Eu o conheço por mais de um mês." Eu não sei por que eu estou me

defendendo. Ela está certa. Eu sei que ela está certa.

"Sim. E o mês trouxe muitas mudanças. Você conseguiu o seu primeiro

ERP7. Você está trabalhando com e em torno das pessoas. Você fez um grande

progresso na terapia. Beau é a primeira pessoa que você se permitiu tocar em

um longo tempo. É muito natural que você tenha sentimentos por ele."

"Mas?"

"Mas..."Ela olha para mim, segurando meu olhar, obviamente

considerando suas próximas palavras com muito cuidado, "ainda é o plano

você voltar para Chicago? Quando você estiver pronta?"

"Estou sendo egoísta." Olho minhas mãos e percebo que eu estou

pressionando meu polegar no meu pulso e depois esfregando meu dedo sobre

as marcas. Os cumes me acalmam, me ajudam a respirar mais facilmente.

"Eu não diria isso. Tennessee não é tão longe de Chicago. Não vou

desanimar você de viver uma vida plena e não acho que você deva escolher um

ou outro. Não é uma escolha estar com alguém ou sua família. Mas vou adverti-

la a levar as coisas lentamente. Deixe Beau conhecê-la primeiro, deixe-o ver

quem você é antes de investir demais.”

"Você acha que o que ele vê vai assustá-lo?"

"De modo nenhum. Seu TOC é uma grande parte de sua vida, e sempre

será em graus variados, mas não é a soma total de quem você é. Você é uma

artista de classe mundial, eu li artigos descrevendo você como um gênio. Você

também é uma mecânica talentosa. Você doa seu tempo e dinheiro para causas

7
Exposição e prevenção de resposta
dignas. Você fomentou inúmeros animais. Você tem muita empatia e muito

para oferecer para uma pessoa.”

Eu não sei o porquê, mas eu sinto vontade de chorar. Eu não consigo nada

além de um áspero, "Obrigada. ”

Inesperadamente, a Dra. West inclina-se para a frente e captura minha

mão, forçando meu olhar para o dela. "Deixe-o ver essas partes de você, dê-lhe

tempo para descobrir o quão grande você é. Então - quando ou se os

pensamentos obsessivos começarem - você terá uma base sólida. Você será

capaz de argumentar o seu caminho através dele. Você terá um nível de

confiança nele, ele saberá quem você é e por isso que está com você. Se você se

apressar as coisas, será fácil duvidar, nele e em você mesmo.”

"OK. Isso faz sentido." Eu gosto de como ela explica as coisas, como ela

sempre tem boas razões, lógicas e defensáveis. Faz acreditar que é muito mais

fácil.

"Você acha que ele ainda vai querer ajudar?"

"Com a minha terapia?"

"Sim." Sua expressão é paciente e encorajadora.

"Eu não sei.” Respiro fundo, me sentindo tensa sobre o que tinha

planejado.

Você está pronta para isso?

Não sei a resposta. Nós elaboramos um plano de ERP para minha aversão

ao toque semanas atrás, mas sem alguém para eu tocar, alguém que eu confio,

não conseguirei iniciá-lo.

Como sentindo minha relutância, ela pergunta: "O que é?"

"Especificamente, o que pedirei para Beau fazer? Quero dizer, qual é o

plano para quando ele vier na próxima semana?"


"Oh, sim, eu tenho um papel para você dar a ele." A Dra. West puxa uma

pasta azul do colo e me entrega. "Certifique-se que ele leia e que me chame esta

semana.”

"O que é isso?"

"Perguntas frequentes relacionadas à prevenção de exposição e resposta.

O documento lhe dará uma visão geral e quando ele e eu falamos no telefone,

eu examinarei os detalhes."

"OK."

"Shelly, este é o primeiro passo. Você entende, isso significa que você

estará iniciando seu plano ERP para superar a aversão ao toque. Dependendo

de como as coisas acontecerem na próxima sexta-feira - e eu sou muito otimista

com base em quanto de progresso autodirigido que você fez - você deverá

seguir o plano entre as sessões.”

"Eu entendi isso."

Ela me estuda. "As outras duas opções que já discutimos - você está

entrando no escritório cinco vezes por semana para seus exercícios para que

você possa ser monitorada, ou se matricular em uma instalação para que você

possa ser monitorada - ainda estão na mesa.”

"Não, eu posso fazer isso. Estou pronta para fazer isso.”

"Por favor, também entenda que as únicas razões pelas quais eu estou

considerando este método ao invés de insistir em um dos outros é porque faz

muito tempo desde que você se envolveu e porque você demonstrou uma

capacidade notável de seguir a si mesmo - ERPs guiados. Você resistiu à

compulsão de se auto ferir inteiramente por conta própria, mesmo quando a

hesitação do toque não é possível. E você sempre estende a mão, me chama

quando se sente sobrecarregada."


"Entendo." Meu joelho começa a saltar.

É onde eu vivo minha vida, tendo medo das coisas que eu mais quero.

Eu posso fazer isso. Eu posso fazer isso. Eu farei isso.

"O que você está pensando, Shelly?" Ela pergunta conversando, como se

ela tivesse há pouco me falado sobre a chance de precipitação na previsão.

"É apenas... Eu não quero usá-lo."

"Usá-lo como?"

"Eu não quero que ele sinta que o estou usando, para o meu tratamento.”

Ela me dá um olhar vazio, como se eu a confundi. "Mas nós vamos usá-lo

para o seu tratamento.”

"Eu sei, mas não quero que ele pense que estou apenas o usando. Eu nunca

faria isso. Se ele não quiser ajudar, eu ainda gostaria de estar com ele."

A Dra. West ergue o queixo, como se estivesse absorvendo o meu ponto.

"Pelo que você disse sobre Beau, e da minha breve conversa com ele nesta

semana, ele parece disposto a pensar apenas no melhor de vocês, Shelly. ”

"É assim que ele é. Eu não quero me aproveitar disso."

“Mas se ele quer ajudar,” ela argumenta, como se estivesse tentando me

levar a uma conclusão compartilhada, “então não está aproveitando. Certo?"

Certo.

Eu olho para ela.

Diga isso!

Abro a boca, depois a fecho, engolindo.

Apenas diga isso.

"Shelly?"

"Certo."

Ela está certa, é claro. Não é se aproveitar.


Mas se ele me ajudar a superar isso, a mais temível das minhas obsessões,

como eu posso pagá-lo? O que eu possivelmente posso oferecer em troca?


CAPÍTULO 17

"Sonhei na minha vida, sonhos que ficaram comigo sempre e mudaram minhas

ideias. Eles passaram por mim, como o vinho através da água, e alteraram a cor da

minha mente."

- Emily Brontë, Wuthering Heights

*Beau*

Depois que Shelly me deixou na quarta-feira, fui para casa e amuei.

Tentei consertar o banheiro do andar de cima, mas a maldita coisa não

quer ser consertada. Então, naturalmente, eu bebi Bourbon em vez disso. Então

eu desmaiei. E porque todos os meus sonhos são fantasias bêbadas sobre a

mulher que estou tentando esquecer, acordo com ressaca e um pouco mais

enfurecido.

Procurando assuntos, havia uma nova mensagem de Drill no meu

telefone na manhã de quinta-feira - uma chamada perdida e um texto. Não

escuto o correio de voz, mas olho brevemente para o texto:

Drill: Última chance bundão. Escolha um lugar ou ela irá.

Resmungando comigo mesmo, desligo a tela e empurro o celular no meu

bolso traseiro. Eu não preciso me encontrar com essa psicopata louca Christine

St. Claire se eu não quiser, e nenhuma quantidade de bullying enigmática de

Drill me convencerá de outra forma.


Mal humorado não é como eu sou e não gosto muito de fazer isso. No

meio da manhã de quinta-feira, resolvo parar de ser uma bunda tão irritada e

chamo Hank para ver sobre ir pescar. Nós fomos, e isso ajudou um pouco.

Então eu fui ajudar como bartender no Pink Pony. Isso não ajudou nada.

Em primeiro lugar, Tina Patterson está trabalhando - a ex-namorada de

Duane - e ela e eu não nos gostamos muito. Quando ela não está no palco me

dando olhares sujos, ela percorre o bar, tentando tirar bebidas gratuitas e me

dar uma aparência suja.

Em segundo lugar, não posso deixar de comparar o corpo longo, forte e

bonito de Shelly com todas as strippers. O que significa que eu passei toda a

noite pensando em Shelly nua.

Desesperado por uma distração, marco com Drew na manhã de sexta-

feira para uma de suas pistas. Manter-me ocupado e me desgastar parece

ajudar. Quando eu chego para trabalhar na tarde de sexta-feira, Shelly já foi a

consulta. Eu não consegui descobrir se eu estou aliviado - porque estou tão

cansado - ou desapontado - porque perdi a chance de vê-la.

Decepcionado. Definitivamente decepcionado.

Bônus, observando Cletus se torturar por Jennifer Sylvester durante todo

o dia, ajudou mais do que qualquer outra coisa. Todos nós, Jennifer Sylvester

incluída, fomos a Nashville para assistir Cletus e Claire McClure participar de

um concurso de música. Normalmente, eu teria usado a oportunidade de flertar

com Jenn para irritar Cletus um pouco.

Acontece que irritá-lo não foi necessário. Ele já havia se irritado. Os

olhares que Cletus enviava a Jennifer no jantar eram patéticos. Não tendo um

desejo de morte, mantive minha boca fechada.


Infelizmente, um Cletus torturado no sábado levou a um Cletus furioso

no domingo. A maioria de todos atribuiu seu mal humor aos nervos residuais

do concurso, mas conheço a história real. E agora eu também tenho a

experiência em primeira mão de como uma mulher pode destruir um cara sem

ele consentir em se destruir.

Eu não estou destruído, não por um longo tempo. Mas eu estou

precariamente perto de ficar na beira desse penhasco e pensando nisso, eu me

pergunto o que está lá?

Sim, não. Não, obrigado. Eu não gosto. Nada disso é para mim.

Duane e eu fomos trabalhar juntos na segunda-feira de manhã. Ele

precisava do meu carro emprestado, e sair cedo com meu gêmeo é muito

preferível do que sofrer com o atual humor de Cletus. Entro na loja de

automóveis logo após as 6:30 da manhã e ambos, Duane e eu ficamos surpresos

ao ver o carro de Shelly no estacionamento.

"Ela está aqui cedo, certo?" Duane desabotoa seu cinto de segurança.

"Sim, muito cedo. Normalmente ela está aqui às sete e trinta." A faixa de

borracha ao redor do meu peito reapareceu e eu acabo com isso, ameaçando

outra trilha com Drew Runous. Deus sabe, nada funciona para entorpecer a

mente e o corpo como uma trilha de vinte quilômetros com Drew. É como

entrar em uma briga consigo mesmo. E talvez um urso.

Percebo os olhos do meu gêmeo sobre mim, de modo que eu dou um

olhar para ele. "O que?"

"Jess perguntou se Shelly queria sair junto em algum momento.”

"Por que você está me perguntando?"

"Jess diz que todos são amigos.”

"Por que ela diria isso?"


"Eu acho que pelo jeito que você esteve com ela no Genie's daquela vez,

como você a seguiu do bar.”

"Eu não a persegui." Eu meio que a persegui. "Nós não somos amigos."

"Foi o que eu disse."

"Bom" grunhi, olhando para o Buick GSX de Shelly. Isso me lembra que

eu ainda tenho suas luvas de forno no meu carro, atrás do banco do motorista,

então eu alcanço atrás de mim para a bolsa. "Como eu disse, não somos

amigos.”

"Então você disse." Duane ergue o queixo em direção ao saco em minhas

mãos.

"O que é isso?"

"Luvas de forno. ”

"Para que?"

"Para Shelly. Ela não tem nenhum, ela está usando uma toalha por

semanas. ”

Duane pisca para mim, apenas uma vez, sua expressão imutável.

Eu me retorço no meu assento. "Eu não quero que ela queime suas mãos.”

Ele pisca de novo, mais lento desta vez.

"Ela mencionou isso para Jenn Sylvester na semana passada e eu ouvi,

então eu as peguei quando estava na loja. Nada demais."

Agora Duane está balançando a cabeça, muito devagar.

"Você tem algo a dizer, apenas diga isso.”

"Eu não tenho nada a dizer sobre você e Shelly Sullivan no começo do

amanhecer, às seis e meia da manhã. Apenas saia deste carro para que eu possa

chegar a Knoxville.”

"Tudo bem. Vá." Não dou a minha irmã a oportunidade de responder.


Seguro a bolsa Piggly Wiggly8 em meu peito enquanto Duane e eu saímos

ao mesmo tempo, ele caminhando para frente enquanto caminho para a

garagem.

"Ei" ele chama, obrigando-me a parar e voltar para ele.

"O que?"

"Você sabe..." Ele hesita, respira fundo e começa de novo. "Se algo está

acontecendo, se você precisa de algo, você pode me dizer." Ele parece

preocupado, mas também parece frustrado. Tenho a sensação de que ele está

tentando comunicar algo sem sair e dizer isso.

Eu o estudo, incapaz de ler seu significado. E o fato de que eu não consigo

ler a mente do meu gêmeo - como fiz inúmeras vezes no passado - é

deprimente.

Estamos indo em duas direções diferentes, ele e eu. Ele tem seu caminho,

eu tenho o meu.

"Claro." Eu aceno com a cabeça, limpando minha expressão.

Duane parece desapontado, mas não disse nada. Ele me dá um aceno e

depois desliza sem palavras para o GTO.

Antes de fechar a porta, o chamo "você cuide bem dela."

Significa meu carro, é claro.

"Você sabe que eu vou." Duane mudou para dirigir e parte, nem mesmo

dando ao motor uma revolução supérflua.

Duane é, de longe, o melhor motorista da nossa família. Ele corta os

dentes nas corridas de terra no cânion e ele sempre ganha. Bem, exceto uma vez

8
Bolsa com um porquinho estampando a frente
que ele destruiu seu Road Runner porque ele estava em um ataque com Jessica

James.

Vê? É disso que estou falando. Desperdiçando por uma mulher. Que tipo

de louco deve ser um homem para entrar em tal estado?

Primeiro Duane, então Jethro, agora Cletus. Mais imprudente do que um

porco em um churrasco, é o que são.

"Beau. ”

Meus passos diminuem ao som do meu nome, minha coluna vertebral

endurece, e eu me preparo para vê-la. Mas então eu decido que não preciso vê-

la. Eu posso manter meus olhos baixados. Eu não preciso do desgraçado duplo

salto do coração.

Eu fiz isso dentro da garagem e a meio caminho do armário de provisão

antes dela me chamar. Não tendo motivos para parar, continuo.

"Bom dia, Shelly," eu digo calmamente na direção de sua voz, enfiando a

bolsa Piggly Wiggly debaixo de um braço.

Quando chego ao armário e o desbloqueio, ela paira atrás de mim.

"Aqui." Eu empurro a bolsa para ela, o que ela aceita automaticamente e

abro a porta do armário. "Estes são para você.”

Não aguardando uma resposta, entro no armário e examino a prateleira

mais distante pela peça de carro que pedi e recebi na semana passada para

Joyce Muller Pinto.


A mulher ficou louca por aquele Pinto9, gostou mais do que seu marido,

apesar de quebrar dez vezes por ano. Eu reconstruí a maldita coisa dezessete vezes

já -

"Beau. ” Sua voz está atrás de mim, mas não viro. Não posso.

Ou melhor, não giro até ouvir a porta fechada. Então viro, apontando

minha careta para a porta.

"Você quer algo?"

"Sinto muito pela última quarta-feira.”

Eu encolho os ombros, sem lhe dar o meu olhar. "Não se preocupe com

isso.”

Eu ainda estou irritado?

Sim.

Sim, eu estou. Eu sou o que minha irmã Ashley chama de ferido.

Mas eu superarei isso. Eu disse a mim mesmo que estava me movendo

muito rápido e eu estava. Shelly me provou na semana passada. Agora eu sei.

Eu não cometerei o mesmo erro novamente, mergulhando quando eu devo

estar testando a água com um dedo do pé.

Alguma coisa sobre essa mulher me fez querer saltar. Saltar primeiro e

olhar mais tarde, ou talvez não olhar para nada. Não é como sou. Eu preciso me

proteger contra o impulso e contra ela.

"Beau."

"Sim?"

"Olhe para mim."

9
MARCA DE CARRO DA FORD DOS ANOS 70.
Fecho os olhos e solto um suspiro pelo nariz. "Tudo bem, Shelly.

Compreendo."

"O que você entende, Beau?"

Viro minha cabeça, abro meus olhos e olho para a direita dela, além dela,

para as prateleiras das peças da máquina. "Família vem primeiro."

"Eu não esperava que Quinn aparecesse" ela fala, tentando entrar na

minha linha de visão. "Ele não me disse que ele estava vindo.”

"OK."

"Eu estava surpresa."

"Percebi."

Eu passo por ela e ela pisa para o lado, bloqueando meu caminho. "Beau,

quarta-feira passada foi a primeira vez que vi meu irmão em muito tempo.”

A vantagem do desespero em sua voz atraiu meus olhos para a pessoa.

Ela estava torcendo os dedos, passando o peso de um pé para o outro.

"Quanto tempo?"

Nossos olhos se encontram, minha cabeça espalha e eu dou uma

respiração profunda. O ar provava irritação e futilidade. Eu odeio o quão

indefeso eu sou com essa mulher.

Shelly hesita, seu olhar procurando o meu. "Mais de dois anos.”

"Dois anos?" Eu tenho certeza que pareço chocado, porque eu estou. "Eu

pensei que todos viviam próximos uns dos outros? Em Chicago.”

"Nós fazemos, algumas horas. Minha casa em Illinois é em uma antiga

fazenda, cercada por vários hectares. Eu costumo ir na cidade aos sábados e

tomamos café da manhã juntos. Mas parei, logo que Quinn e Janie se casaram.”

"Por quê? Janie parece legal.”

"Ela é legal. Ela é maravilhosa. Eu sou o problema."


Isso me fez franzir a testa, mas eu não digo nada, esperando que ela

explique.

Percebendo claramente a minha reticência, ela faz um pequeno som na

parte de trás da garganta, como um gemido dolorido. "Por favor não fique

bravo comigo."

"Eu não estou bravo."

"Você está bravo," ela diz com pressa.

"Eu não estou bravo, estou apenas..." Eu balanço minha cabeça, olhando

além dela mais uma vez, esperando que o interior do armário tenha as palavras

que eu procuro.

"Nós tínhamos planos, e fui descuidada."

"Nós tínhamos e você foi." Falo claramente, levando minhas mãos aos

meus quadris.

"Você tem planos esta noite?" Sua voz é muito baixa.

Olho para ela. Ela se aproxima.

"Sim." Eu tenho planos. Duane e eu prometemos ajudar Jethro e Sienna na

garagem, montando móveis e abrindo caixas.

Shelly estremece e depois faz uma careta. "Oh. Ok." Seus olhos caem

enquanto ela recua e concorda repetidamente, lutando para engolir. Para meu

espanto, ela parece perto de lágrimas. "Sinto muito. Vou deixar você em paz.

Sinto muito."

Agindo por impulso, pego seus braços e a puxo para perto. Espero até

levantar o olhar para o meu antes de falar, também por impulso. "Mas amanhã,

meus planos são com você e um hambúrguer no Daisy's, assumindo que mais

alguém de sua família não vai aparecer.”


O alívio imediato se espalha por seus traços e ela se lança para frente, me

beijando. Solto seus braços e eles vem ao redor do meu pescoço, segurando-me

com força enquanto ela planta seus lábios sobre meu rosto.

Maldita seja, essa mulher. Maldita seja por me deixar fraco. Maldita seja por

poder me destruir.

"Sinto muito," ela diz. "Eu vou te compensar."

A exuberância de suas desculpas e fervor de seu alívio faz maravilhas

para resolver minha urtigaria. Além disso, a sensação de seu corpo sob minhas

mãos também ajuda muito.

Porque eu sou um cara.

E o corpo de uma mulher disposta é o antídoto universal por ser

machucado.

"Você não precisa fazer isso comigo. Não estamos em um quarto e

podemos dizer que estamos quites. ”

"Eu definitivamente não vou. Nunca esquecerei. Eu sinto muito."

"Pare de pedir desculpas, Shell." Pego sua boca quando ela escova a

minha, virando e aliviando contra a porta para que eu possa beijá-la bem e

apropriadamente.

Mas bom e apropriado logo torna-se impertinente e sujo, e fico tonto com

a sensação dela.

Um minuto ela estava cobrindo freneticamente o meu rosto com beijos, e

no próximo ela estava arqueando contra mim, seus dedos trabalhando para

tirar minhas malhas enquanto eu já tinha desabotoado as dela.

Loucura essencial, é o que é.


Minhas mãos se movem para suas costas, depois baixam, pegando e suas

costas. Meu Deus, ela tem uma grande bunda. Só... ótima. Eu quero dizer a ela o

quão boa, mas, em vez disso, tudo o que eu consigo é um rosnado.

Confio que o rosnado comunique meu ponto.

Suas mãos deslizam sob minha camiseta, levantando e depois a puxando

sobre minha cabeça.

Ela estremece enquanto seus dedos dançam pelo meu estômago e costelas,

sua boca voraz sob a minha. Shelly morde o lábio, sugando-o na boca e gemi,

disparando nas minhas veias, precisando tocá-la em todos os lugares.

Agarrando um dos meus pulsos, ela redireciona minha mão para seu

peito, pressionando-se na minha mão. Sua respiração engasga enquanto eu

dobro, dando seu mamilo o mesmo tratamento que ela deu ao meu lábio, suas

unhas cavando na parte de trás da minha cabeça, ancorando-me para ela.

"Oh Deus, Beau..."

Curioso e ligado, desvio meus dedos pelo seu longo tronco, curtindo a

seda de sua pele, e dentro de sua calcinha - o que eu noto também é de renda.

Eu a separo. Puxando as tiras de seu sutiã, recupero a ponta do seu peito,

girando minha língua ao redor do pico enquanto invado seu corpo com meu

dedo.

Eu posso dizer a ela como ela está molhada, quão quente, lisa e

embriagadora parece. Em vez disso, resmungo novamente. E, novamente, é tão

eficaz quanto as palavras.

Ela me dá um gemido de resposta, inclinando seus quadris, suas unhas

agora em minhas costas e lados.

"Por favor, Beau," ela ofega. "Por favor. Por favor."


Sempre fui um idiota para um bom pedido de uma mulher, e seu pedido é

tão doce, maduro com vulnerabilidade crua. Eu quero provar isso, mas eu

também quero provocar, então coloco beijos molhados do peito para o pescoço,

deslizando meus lábios e dentes ao longo da sua mandíbula. Eu belisco seu

lábio inferior enquanto eu a acaricio mais quente.

Shelly persegue minha boca. Levanto o queixo, não lhe dando o que quer

enquanto lhe dou exatamente o que precisa. Adiciono um segundo dedo à

minha invasão e a habilidade do meu polegar. Ela choraminga, sua cabeça

caindo, suas unhas marcando minha pele onde seus dedos cavam nos meus

lados, seus olhos a meio mastro.

"Beije-me." As mãos de Shelly deslizam para baixo em minhas boxers,

movendo-se com propósito.

Suas mãos não são macias e pequenas, tentativas e provocativas. Elas são

fortes e exigentes. Eu estou completamente despreparado para a necessidade de

suas mãos na minha pele. Como seu toque, tão exclusivo, me deixa selvagem.

Uma fuga de calor abrasador, uma pressa e uma força de necessidade dolorosa

tanto me embriaga quanto me engasga, lembrando-me que ainda estamos nos

movendo muito rápido, muito cedo.

Embora eu acredite nela quando se desculpou, não posso contar com ela.

Ainda não. Eu quero essa mulher. Eu quero seu corpo - desesperadamente -

mas não até que eu tenha sua confiança e respeito primeiro.

"Shelly, querida..." Eu viro os quadris, afastando-me do alcance.

"Deixe-me tocar você, por favor." Seus olhos estão nebulosos e sua

respiração curta. Mesmo assim, ela rola sua pelve, afundando meus dedos e

parece tão bonita e sexy que tenho que reter minha respiração contra os

fragmentos de anseio doloroso que ameaça eclipsar meu autocontrole.


"Ainda não.” Minha voz emerge grosseira, enquanto meu olhar memoriza

e guarda avidamente todos os detalhes: o alto rubor de suas bochechas, os

lábios entreabertos, o tom rápido de seu pulso, o suave domínio de seus seios

lustrosos, o brilho de transpiração cobrindo sua pele perfeita.

Por um momento, tudo o que posso ouvir é o som de sua respiração

esfarrapada e o golpe de meu coração entre meus ouvidos. Seu olhar fixo no

meu, parecendo um pouco perdido, um pouco surpreso e muito descuidado.

Bom - eu não posso deixar de pensar, algumas das minhas próprias

extintas por sua submissão - espero que isso a distraia por muito tempo, muito tempo.

Espero que seja tudo o que ela possa pensar. Espero que os pensamentos disso, de mim, a

assombrem.

"Beau" ela geme, o som impotente, entrando em pânico. "Eu acho que

estou gozando. Porra. Estou gozando."

Ela fica tensa, seus dedos escorrendo em meus ombros, seus olhos se

afundando e fechando, seu corpo rígido como um arco enquanto sons selvagens

de rendição roubam seus lábios exuberantes. Sua perda de controle é

incrivelmente erótica, todos os pensamentos de restrição fogem da minha

mente, deixando apenas uma feroz necessidade e determinação de estar

enterrado dentro dela na próxima vez.

E definitivamente haveria uma próxima vez.

Talvez amanhã.

Talvez agora.

Fogo nos meus pulmões, afasto-a da porta e a seguro, cercando-a,

embrulhando-a em um firme abraço. Ela ainda está tremendo com réplicas e se

aconchega perto, e então ainda mais perto, como se quisesse fundir nossos

corpos juntos ou juntá-los em um.


Nós ficamos assim por muito tempo, mas não o suficiente para a

necessidade de me controlar.

Eu tenho um preservativo?

Ela provavelmente está no controle de natalidade.

Uh, doença?

...ela parece limpa.

Contra a porta? Na sala de abastecimento?

Inferno. Sim. E então talvez no banco traseiro de seu carro depois.

Por enquanto, eu a provo em meus dedos encharcados de excitação, e foi

quase minha destruição. Eu quase não seguro outro grunhido enquanto luto

com vontade de me desmoronar e devorá-la.

Por que não? Preciso devorá-la tão mal. Apenas mais um gosto.

Exalo uma pequena risada, empurrando esses pensamentos loucos e

flashes acompanham a parte carnal da minha mente, mesmo quando os desejos

mais baixos começam a negociar e implorar, desesperados para usar seu corpo.

Fico louco pelo desejo e a promessa de tanta gratificação hedonista.

Precisando silenciar imediatamente a dissidência, pergunto-me

bruscamente: o que Darrell Winston faria?

Engolindo com força, aperto meu maxilar e soltando uma respiração

sóbria, tenho minha resposta.

Enquanto isso, Shelly se agita. E ela está me tocando. Arrastando as

almofadas de seus dedos ao longo do meu estômago, costelas, peito e ombros,

como se fosse uma expedição para aprender cada centímetro de mim.

"Sua mãe te nomeou bem,” ela diz, sua voz ficou rouca de seus gritos

abandonados. "Você é toda linda.”


Coloco um beijo contra a sua testa, desejando poder segurá-la

corretamente, em uma cama, em um sofá, numa grande e confortável cadeira.

Em qualquer lugar suficientemente suave para estabelecer e ficar quieto.

Ela se move, sua palma cobrindo meu coração. "Você..."

"O que?"

"Você acha que eu sou bonita?"

Eu bufo uma risada atordoada, segurando-a pelos ombros e separando-

nos o suficiente para eu ver seu rosto. Ela ergue o queixo, seus olhos se aterram

no meu, olhando dura e tensa. Como se ela estivesse lutando para erguer essa

camada de gelo entre nós. Como se ela se arrependesse de fazer a pergunta,

porque não tinha certeza de como eu responderia.

"Shelly." Eu acaricio sua bochecha, agarrando sua mandíbula para poder

pressionar meus lábios contra os dela e então sussurro contra sua boca: "Você

deve saber como as pessoas te acham bonitas. Todos pensam que você é

incrivelmente deslumbrante.”

"Não é o que eu estou perguntando. Eu não me importo com as pessoas.

Eu estou perguntando o que você pensa, sobre mim." Seus dedos se enrolam na

pele do meu peito, como se ela quisesse entrar e pegar um pedaço do meu

coração. "Você acha que eu sou bonita? Ou que eu poderia ser?" Ela sussurra

desta vez.

Eu poderia ter respondido de muitas maneiras, todos elas dolorosamente

verdadeiras.

Você é tão linda, quando olho para você que machuca.

Eu sonho com você todas as noites.

Você é tudo sobre o que penso.

Você dá um significado novo e glorioso à palavra requintada.


Eu não posso esperar para conhecer cada parte de você de cor.

Mas, em vez disso, o cuidado e o bom senso me fazem responder com as

respostas mais mornas.

"Sim." Eu beijo seu nariz. "Eu acho que você é linda." E eu acho bonito é uma

subavaliação grosseira.

Um sorriso hesitante puxa sua boca para um lado.

"Estou tentando, estou realmente tentando," ela diz, como se fosse uma

confissão, acrescentando antes de me beijar, "E com você torna mais fácil.”
CAPÍTULO 18

"O pêndulo da mente oscila entre sentido e absurdo, não entre o certo e o errado."

- CG. Jung

*Beau*

Olho atentamente Shelly pelo resto do dia e no próxima. Se o nosso

encontro no armário de suprimentos a dominou, não vi nenhum sinal disso. Ela

é como sempre foi, legal, focada, distante.

Exceto quando nossos olhos se encontram.

Ela corre e eu lhe dou um pequeno sorriso. Então ela desvia o olhar,

parecendo que está lutando com um sorriso.

No entanto, durante toda a terça-feira, fico distraído e tenso, esperando

que o cardaço do sapato derrube, para uma emergência inesperada, para que

algo entre em nosso caminho e estrague nossos planos. Novamente.

Surpreendentemente, nada acontece.

Nós deixamos a loja às 7:00 da noite e chegamos à Daisy’s Nut House logo

após as 7:15.

Agora que finalmente conseguimos, eu relaxo.

Desejando sua pele contra a minha, eu pego sua mão quando entramos no

restaurante. Eu estou ansiando a sensação dela, mas não agi no impulso

durante o horário de trabalho. Nosso interlúdio inesperado dentro do armário

da despensa na manhã de segunda-feira, apesar de manter uma distância

profissional no trabalho parece uma boa ideia.


E se as coisas não funcionarem entre nós? O pensamento é inquietante,

mas não consigo descontar a possibilidade. Shelly se sentir desconfortável por

minha causa no seu local de trabalho é simplesmente inaceitável.

Mas agora, longe do trabalho, agora que eu tenho tudo para mim, eu

quero saber tudo sobre ela. E quero saber se ela confia em mim o suficiente para

me contar. Esse é o meu plano para esta noite.

Na próxima semana, assumindo que as coisas continuarão indo bem, eu

toco o futuro, a exclusividade e o que for que eu quero.

Mas não esta noite.

Não fique à frente de si mesmo, Beau. Esta é o primeiro encontro e ela não vai a

lugar nenhum.

"Eles servem panquecas aqui?"

Eu a puxo mais perto, envolvendo meu braço em torno de seus ombros.

"Sim. Eles têm vários tipos de panquecas.”

"Eu vou pedir panquecas." Ela parece determinada, como se eu pudesse

tentar convencê-la de não pedir panquecas.

"Você deve." Guiando-a através da porta, faço uma pausa por um

segundo para procurar por Daisy.

Sem pressa, ela não está em nenhum lugar a vista. Daisy Payton era uma

das melhores amigas da minha mãe e o pai de Daisy é dono do moinho onde

Billy trabalha. O sobrenome Payton tem influência no Tennessee, o marido de

Daisy, Trevor, tomou isso quando se casaram.

Mas Daisy é uma mulher de negócios impressionante por direito próprio,

tendo a franquia da Daisy'sNutHouse alguns anos atrás.

Achando Beverly, uma das garçonetes da equipe, eu aponto para um

estande atrás e ela acena com a cabeça em compreensão. É menor do que as


outras mesas, significa que é para dois e isolada. Sua colocação nos permite

conversar sem ser ouvidos ou facilmente detectados.

Todos nesta cidade me conhecem e sou amigável com quase todos eles.

Embora a multidão dentro do restaurante estivesse esparsa, guio Shelly

para um lado do estande, soltando sua mão e depois levo para o assento para

longe da entrada e do resto do restaurante. Eu não quero que nosso encontro

seja interrompido pelos vizinhos.

Pego o menu, olhando o seu conteúdo, mesmo que eu saiba de cor.

"Provavelmente vou pegar o hambúrguer, mas não posso decidir se quero

batatas fritas ou tats10.”

"Tater tots com um hambúrguer?"

"Sim. Você já tentou? "

"Sim. Adoro eles."

Claro que sim, porque ela é incrível.

"Você deseja alguns para compartilhar?"

"Não, obrigado.”

"Você tem certeza?"

"Eles não vão com panquecas.”

"Quem disse?"

Shelly pisca uma vez e muito devagar. "Você está falando sério?"

"Sério como um motor a gás cheio de diesel.”

Seu nariz enruga, seus olhos se estreitam, e mais uma vez eu me deparo

com um quase sorriso. São quase sete sorrisos em um dia. Mas quem está

contando?

"Ei, posso anotar os pedidos?"

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Tater Tots são um tipo de mini bolinhos de batata, feitos com batata ralada e fritos em forma de um cilindro
Relutantemente, olho para longe de Shelly para a nossa garçonete. Tenho

um pequeno choque porque, em vez de Beverly, é a filha de Daisy Simone.

"Simone?"

"Ei, Beauford. Como vão as coisas?" Ela sorri para mim, colocando a mão

na parte de trás do estande.

"O que você está fazendo aqui?" Mesmo sem pensar nisso, esqueço do

estande e abraço a menina.

Ela ri, apertando-me de volta, depois quebra o abraço e balança a cabeça

para mim. "Você parece exatamente o mesmo”

Eu noto que seu sotaque está diluído, ela quase soa como um ianque. Mas

isso fazia sentido com base em onde ela foi para a faculdade - Washington, DC

eu lembro de ouvir. Enquanto eu me inclino, noto que Simone não parece

exatamente a mesma.

Por um lado, seu cabelo está diferente. Comprido, sua mãe o mantinha em

longos fios de tranças apertadas. Mas agora ela não o tem comprido, com um

halo curvilíneo ao redor de seu rosto bonito.

Além disso, ela não parece mais com uma garota. Parece uma mulher. E

esse pensamento me fez pensar se Roscoe sabe que ela está na cidade.

"Simone, esta é Shelly Sullivan, ela trabalha conosco na loja. Shelly, esta é

a Simone. A filha de Daisy e uma verdadeira dor na bunda." Eu me viro para

Shelly, encontrando-a nos observando com interesse.

Simone bate no meu estômago com o dorso de sua mão, chamando minha

atenção a tempo de eu detectar seu olhar simulado.

"Prazer em conhecê-la, Shelly." Simone dá a Shelly uma pequena onda e

um sorriso cheio.
"O que Beauford fez para enganá-la para sair com ele? Escondeu suas

chaves?"

"Ele me beijou."

Aperto meus lábios juntos, me dando um momento para inspecionar a

mesa antes de olhar para Simone.

Sua boca caiu aberta, provavelmente na franqueza de Shelly, mas então

ela ri.

"Eu gosto dela."

Eu sorrio para Simone e depois para Shelly, que ainda está nos

inspecionando com curiosidade. "Eu também."

Com isso, o quase sorriso de Shelly torna-se verdadeiro e meu coração

pula cinco batidas, talvez mais. A verdade é que eu perdi a contagem. Fiquei

momentaneamente atordoado com a visão de que ela está crescendo comigo e

perdi metade do que Simone disse em seguida.

"... com o menu? Ou você sabe o que deseja?"

"Perdão?" Pergunto, afastando minha atenção do sorriso de Shelly com

grande relutância. Simone está me dando uma olhar de lado.

"Eu disse, você precisa de um momento com o menu ou sabe o que

deseja?"

"Ele quer um hambúrguer com queijo cheddar, tomate, alface, picles,

cebolas, mas sem maionese, e um lado de tatertots. Eu quero panquecas de

manteiga, banana no lado - não cortada, manteiga ao lado, sem açúcar em pó"

Shelly responde por nós dois, girando o sorriso suave para Simone.

"Claro." Simone apanhou um bloco de notas e anotou nosso pedido.

"Algo para beber?"


"Água para mim, sem gelo, sem limão. Shake de morangos sem espuma,

Beau?"

Shelly olha para mim.

Examino-a, essa mulher que pediu para mim com um conhecimento tão

profundo das minhas preferências. "Sim, shake de morango.”

"Parece bom, voltarei com as suas bebidas." Simone assente uma vez, vira

e nos deixa.

Olhando para Shelly, sento no estande e espero com expectativa. "Bem?"

"O que?"

"Como você sabia como eu gosto dos meus hambúrgueres?"

"É o que você sempre encomenda daqui.”

"É isso?"

"Sim."

Eu olho para ela com uma suspeita simulada. "Você está planejando pedir

para mim sempre que saímos?"

Ela encolhe os ombros, e é a primeira vez que a vejo fazer um gesto tão

descuidado. "Somente se eu souber o que você quer.”

"Você gosta de pedir para as pessoas?"

"Não."

"Então, só para mim?"

"Sim.” Seu sorriso volta menor do que antes, mas tão genuíno e

impressionante.

Ocorre naquele momento, paralisado por seu sorriso requintado, que

Shelly provavelmente não sabe como ser falsa. Ela pode ter se escondido atrás

de suas defesas, mas sempre que eu faço uma pergunta, ela sempre responde

com honestidade às vezes brutal, mas sempre real.


O pensamento me traz conforto, me faz a querer ainda mais. Eu nunca

preciso adivinhar com essa mulher, não se eu tiver a coragem de perguntar.

Honestidade, que é uma ideia moderna.

Shelly encontra meu olhar, mas eu devo estar olhando por um tempo

porque, eventualmente, ela se move em seu assento e limpa a garganta,

levantando o queixo em direção ao balcão da cozinha. "Ela parece legal. ”

"Quem? Simone?"

Shelly concorda, reorganizando os condimentos, de modo que o sal está à

esquerda da pimenta e a mostarda e o ketchup estão perfeitamente alinhados.

Eu sorrio, esperando que ela o devolvesse. "Como eu disse, ela é uma dor

na bunda.”

"O que faz você dizer isso?"

"Crescendo, Simone e Roscoe - meu irmão mais novo, eu não acho que

você o conheceu ainda - eram melhores amigos. Ela sempre estave em nossa

casa, e é assim que eu sei. ”

Mas algo aconteceu no segundo ano ou no segundo ano do ensino médio

e eles deixaram de se falar. Eu sentia falta de ter Simone depois de sua saída.

Ela assava bons biscoitos, com nozes de macadâmia e chocolate branco. Além

disso, ela era inteligente, sabia coisas e não era rude em compartilhar

conhecimento - ao contrário do meu irmão Cletus.

"Por que ela sofreu?"

"Oh Deus, deixe-me ver." Eu olho para o teto, procurando minhas

memórias. "Ela e Roscoe tinham um jogo de monopólio durante anos; eles

tinham que inventar nova moeda que subia para milhões de dólares e em vez

de hotéis, eles tinham complexos industriais. Eu acho que Roscoe aprendeu isso

com Ashley, porque ela tinha um jogo com Jackson James por anos. Assim,
nenhum de nós podia jogar Monopoly ou tocar o tabuleiro, ou Simone nos

pegava. ”

"Pegava você como?"

"Ela substituía nossa pasta de dente com massa. ”

Os lábios de Shelly se separam e seus olhos se arregalam. "Isso parece

nojento. ”

"Era." Eu rio, coçando minha bochecha. "Uma vez, ela e Roscoe encheram

nossos sapatos - Duane e meu - com vaselina. ”

"Por quê?"

"Porque tocamos em seu jogo de Monopoly. Ela era uma grande

brincalhona."

O olhar de Shelly cai para a mesa e um lado de sua boca, seus olhos

perdendo foco. Tenho a sensação de que ela está lembrando algo de sua própria

infância.

"Ei." Toco sua canela com o pé, voltando sua atenção para mim. "O que

você está pensando?"

O sorriso dela ainda no lugar, ela se inclina para frente como se ela

estivesse prestes a confessar algo grande. "Uma vez, eu soldei a porta do lado

do motorista do meu irmão mais velho. ”

Fico surpreso, mas sorrio para a suavidade. "O que Quinn fez?"

Ela olhou para mim por vários segundos, e a maior parte de seu bom

humor pareceu se dissolver. "Não Quinn, ele é mais novo. Meu irmão mais

velho era Desmond. Quinn e Janie nomearam seu filho com o nome dele. É

também o nome do meu pai.”


Eu pisco que o uso da palavra era, como em tempo passado, e procuro seu

olhar. Ela não é nenhuma massa de gelo Shelly novamente, mas algo sobre sua

postura e o olhar frágil em seus olhos me fazem querer chegar até ela.

"Meu irmão morreu." Ela confirma minha pergunta não solicitada, seu

tom liso enquanto a fragilidade se torna difícil.

"Eu sinto muito."

Ela encolhe os ombros, sua atenção se movendo para algum lugar sobre

meu ombro. "Aconteceu há muito tempo.”

Decidindo aliviar minha curiosidade, pergunto: "O que seu irmão queria?

Quarta-feira, quando ele veio.”

Shelly puxa um guardanapo do dispensador de metal e coloca na mesa na

frente dela. "Garantias. ”

"Gostou?"

"Gostou, ele queria ter certeza de que eu estou bem, morando aqui.” Ele se

preocupa mais do que deveria comigo.

Seu tom e a frustração em sua expressão implicam um significado

diferente para suas palavras, algo como se ele se preocupasse mais do que ela

merece.

"Ele é seu irmão, é claro que ele vai se preocupar.”

"Ele deve se concentrar em sua família. ”

"Você é sua família.”

Ela dobra o guardanapo pela metade. "Você sabe o que eu quero dizer."

"Até Quinn disse alguma coisa na semana passada que não sabia que você

tinha um sobrinho. Parabéns."

"Não o conheço. ”

"Ainda."
Os olhos de Shelly voltam para os meus, mantendo. "Ainda" ela concorda,

parecendo determinada.

"Seu irmão sabe por que você não toca as pessoas?"

Ela engole em seco, considerando-me por um segundo antes de balançar a

cabeça. "Ele sabe que eu estou em terapia aqui, no Tennessee. Nós

correspondemos via correio e ele ainda administra minhas comissões, então

escrevi uma carta e disse-lhe que estava em terapia. Mas Quinn não conhece

meu diagnóstico, não discutimos isso."

Comissões?

"Comissões?"

"Sim. Ele sempre lidou com meus contratos.” Shelly parece que vai

explicar mais, mas é interrompido por Beverly deixando cair uma banana

inteira e um prato de manteiga.

Shelly pega sua banana, corta o topo e o fundo com a faca de manteiga,

depois abre com cuidado, um pedaço de cada vez. Ela coloca as cascas para o

lado, uma em cima da outra, depois corta a banana, cortando-a em intervalos

precisos e arrumando os círculos em um desenho em espiral na lateral do prato.

Fico tão hipnotizado pelo seu meticuloso ritual para descascar e cortar a

banana que eu esqueci do que estamos falando.

Ela considerou o fruto descascado de uma forma específica, dizendo: "Ele

sabe que eu me corto. Ele foi o primeiro a descobrir. Eu acho que é por isso que

ele se preocupa."

Eu pisco do desenho intrincado de suas fatias de banana e a trago de volta

ao foco. "Cortar os pulsos é uma boa razão para um irmão se preocupar. ”

"Eu não quero morrer. Cortar não é sobre isso. Tem um estigma, uma

associação com o suicídio que nem sempre é válida, e confunde as pessoas." A


testa dela enruga com clara consternação. "Eu quero viver, eu sempre quis

viver. É por isso que estou aqui. ”

"Eu acredito em você."

Se ela dizia isso, então eu acredito nela.

E para o registro, graças a Deus.

"Bom." Ela parece respirar mais fácil depois que as palavras deixam

minha boca, sua atenção voltando para o guardanapo. "Ele verificou meus

braços e minhas pernas na semana passada. ”

"Suas pernas?" Eu me sento mais reto. "Você costumava...”

"Não. Mas ele queria ter certeza. É por isso que ele me deixou ficar,

porque eu não me cortei."

Levanto uma sobrancelha para isso, incapaz de imaginar um mundo onde

alguém deixasse Shelly Sullivan fazer qualquer coisa.

Ela arranha a parte de trás de seu pescoço, seus olhos se dirigem para

mim e depois se afastam.

"Esta é uma conversa horrível para o primeiro encontro. Desculpe, eu sou

tão deprimente.”

"Não é deprimente e não me importo. Eu quero saber sobre você."

"Mas tudo da minha boca é sobre automutilação, irmãos super protetores,

relações fraturadas e morte. ”

A maneira como ela disse isso me fez sorrir. E então reviro os olhos para

ela e meu sorriso estica em um sorriso.

"Eu prometo, não sou mórbida. Tenho passatempos. ”

Dando-lhe um sorriso desarmante, decido que uma mudança de assunto

está na ordem. "Então, sobre esses hobbies..."


"Eu não tricoto, se é o que você vai perguntar. Minha cunhada faz crochê.

Gostaria de aprender como fazer isso. ”

"Eu não, mas bom saber. Eu ia perguntar se você gosta de se vestir, sair e

fazer coisas. ”

"Você quer dizer além de fazer panquecas?"

"Eu estou pensando mais em ir a um casamento. ”

Ela me inspeciona, como se eu a deixei confusa. "Ir para casamentos não é

um hobby meu.”

Ela parece tão séria que tenho que reprimir uma risada. "Não, querida.

Desculpa. Essa foi a minha péssima maneira de convidá-la a ir comigo para o

casamento de Jethro e Sienna. ”

"Oh." Ela senta mais reta enquanto seus olhos se movem para cima e para

o lado. "Eu... eu não os conheço. Quero dizer, não fico bem nas multidões. ”

"Eu vou protegê-la." Eu tento parecer provocador.

"Eu não sou a única que precisa proteger." Seu olhar volta para o meu.

"Você não será um padrinho?"

"Ah, sim." Eu não tinha pensado nisso. Ela ficaria sozinha, numa multidão,

tentando não tocar acidentalmente as pessoas.

"Talvez eu possa ir à recepção?" Ela oferece.

"Oh sim. Certo. Pense nisso. Não há necessidade de decidir agora. Não há

pressão. ”

Shelly concorda com a cabeça e, como sua testa franziu, me deixa

desconfortável. Ela parece estar frustrada com ela mesma, ou talvez ficando

frustrada com a virada do nosso encontro.

Esta mulher tem tantas camadas, e eu quero conhecer todas. Eu posso ser

paciente. Eu não quero empurrá-la, indo forte demais.


E, no entanto, ela é tão aberta comigo. Talvez ela precise saber que eu

posso ser igualmente aberto com ela, então mudo de direção um pouco. Com

um grande suspiro, estudo a incerteza e o constrangimento que assola seus

traços e decido algo.

"Minha mãe morreu no ano passado.”

Ela recua uma fração de polegada, mas grande parte de sua frustração

desaparece. "Como?"

"Câncer. Ela tinha quarenta e sete anos”... eu acho.

"Isso é muito jovem." A vergonha e a insegurança derretem de seus traços,

deixando apenas preocupação.

"É, era." Mudo meu olhar para a mesa, pensando em seu último

aniversário e percebendo que não consigo lembrar se ela tinha quarenta e sete

ou quarenta e seis anos.

"Você sente sua falta.”

"Sim eu sinto."

Ficamos calados por um tempo e Shelly coloca a mão sobre a mesa, seus

dedos a pouca distância da minha mão. Olhando para ela, sua expressão é de

frustração enquanto ela olha minha mão. Agora que eu a conheço melhor, eu

posso ver o desejo - de me consolar, me tocar - está escrito por todo o rosto.

Cubro a mão dela e observo como ela vira a palma da mão, entrelaçando

os dedos e dando a minha um aperto. Ela também solta um suspiro.

"Você sente falta de Desmond?"

Ela concorda com a cabeça, a atenção ainda nas mãos. "Ele era a melhor

pessoa. ”

"Ele é o melhor? E quanto a Quinn? ”


Shelly visivelmente hesita e parece estar debatendo sobre como

responder. "Ele era e também é a melhor pessoa, mas muito diferente de

Desmond.”

"Como assim?"

"Como você e seu gêmeo.”

"Você quer dizer que Desmond era bonito e encantador, e Quinn é chato e

grosseiro?"

Shelly pressiona os lábios juntos, como se estivesse lutando contra outro

sorriso e levanta o olhar para o meu. "Algo parecido."

"Como são os seus pais?"

Seus olhos caem. "Eles também são os melhores.”

"Vocês são próximos?"

"Não."

"Não?"

"É culpa minha." Sua testa enruga em e ela retira a mão.

"Eu nunca consegui ser o que eles merecem. ”

Agora, essa é uma declaração dolorosa.

"Eles disseram isso?"

Ela balança a cabeça. "Eu não sou idiota. Eu sei o que sou.”

"E o que é isso?"

"Cansativo". Ela esfrega a testa. "Eu me esgoto. Ou eu costumava fazer.

Sinto que estou muito melhor agora, menos..."

Eu a estudo. "Por causa de sua desordem?"

"Eu sou a única pessoa responsável por minhas ações e decisões." Ela

ergue o queixo, mas ainda não levanta os olhos. Do modo que ela disse as
palavras, é como se ela estivesse repetindo um mantra, e esse mantra é

importante para ela.

Por um lado, eu concordo com ela - por razões óbvias. A responsabilidade

pessoal é um grande problema para mim, dado o fato de ter crescido com um

pai abusivo que culpava todos e todos os demais, exceto ele próprio por suas

ações.

Se você tivesse ouvido a primeira vez, eu não teria batido em você.

Se você tivesse ficado fora da minha cadeira, eu não o trancaria no galpão por dois

dias.

Se você tivesse preparado o meu jantar no horário, você não teria esse olho negro.

As pessoas que achavam que iniciar a violência é sempre justificado não

são pessoas que eu quero conhecer.

Por outro lado, a desordem de Shelly significa que ela é uma vítima de

sua própria mente.

Ela não quer ser rude, ficar fria, cansar-se.

Mas talvez, mais do que isso, ela não quer ser uma vítima.

Eu decido que é melhor não concordar nem discordar. Caminhar

cuidadosamente, falar com pessoas sem humor é uma das minhas

especialidades. Eu aperfeiçoei isso nos últimos vinte e quatro anos, sendo o

gêmeo calmo de Duane Winston. Eu passei minha vida traduzindo para o meu

irmão em um esforço para nos manter sem problemas.

Então eu digo: "E recentemente, você está tomando algumas ótimas

decisões.”

Isso traz seus olhos para mim. Desde que tenho sua atenção, aproveito a

oportunidade, desencadeando tanto charme quanto consigo com um sorriso

sugestivo.
Agora ela sorri. Eu tenho que piscar contra o brilho do seu sorriso. Fico

paralisado, sabendo que posso facilmente me tornar viciado em ver esta mulher

sorrir.

"Um exemplo, é?"

Abaixo meu olhar sugestivamente. "Seguindo-me no armário da

despensa. ”

Quando eu trago meus olhos de volta para Shelly, ela está me observando

com aquela expressão nebulosa. "Você é uma excelente distração, Beau. ”

"Como assim?"

"Às vezes, quando eu olho para você, todos os meus pensamentos, todos

os pratos que estou girando na minha cabeça, eles param. E por alguns

segundos, está calmo. Você me deixa boba. ”

Eu dou de ombros, torcendo meus lábios para o lado, então eu não rio da

ironia de sua declaração. "Eu tenho esse efeito nas pessoas."

"Sim, você faz."

Isso me faz rir. "Eu estou brincando."

"Então foi uma piada ruim." Ela se inclina para frente, colocando os

cotovelos na mesa, me dando a impressão de que quer que eu entenda algo

importante. "Eu não quero assustá-lo, mas eu tenho observado você há mais de

um mês. Todo mundo gosta de você."

"Não, nem todos. ”

"Nomeie uma pessoa."

"Meu pai."

Maldição.

A admissão entra em erupção antes que eu possa pegar. O silêncio cai

entre nós, grosso e pesado, enquanto me inspeciona.


"Conte-me sobre seu pai.”

Eu balanço minha cabeça. "Você não quer ouvir sobre ele.”

"Por favor, diga."

"Por quê?"

"Porque você é perfeito. Quero saber por quê. Quero saber o que o

formou. ”

"Eu não sou perfeito." Olho por trás da minha cabine distraidamente,

procurando por Simone. Ela deveria ter retornado com nossas bebidas até

agora.

"Por favor."

Olho para Shelly, que está me observando com um eco de "por favor" e eu

pisco, assustado com o desejo lá. Isso é vontade de me conhecer? Não consigo

me lembrar de um momento em que alguém me perguntou sobre meu pai. Por

essa questão, não me lembro de um momento em que alguém perguntou sobre

mim, minha infância, e muito menos o que me formou.

Meus irmãos sabem. Não há necessidade de discutir isso.

As pessoas da cidade sabem. Ou, se não soubessem com certeza, o rumor

os manteve bem alimentados.

Ninguém me perguntou sobre quem eu sou, o que me fez.

Desconectado, limpo minha garganta e desloco minha atenção para a

janela atrás dela. O sol está em sua última agonias, acendendo o céu com rosas

macios e roxos. Daisy está construído em uma colina, onde a estrada do Vale

liga-se ao Parkway e a vista das montanhas é espetacular. Picos enevoados,

geralmente azuis, agora pontilhados com vermelhos, amarelos e laranjas de

outono, e envoltos no brilho quente do pôr do sol.


Adoro esse lugar, esse Vale e essas montanhas, mas nunca conheci mais

nada. Shelly falou de seus pais como sendo os melhores, e minha mãe se encaixa

nessa descrição. Como teria sido ter um pai para o qual eu parecia? Em vez de

suas ações serem um roteiro de como não ser, cujo comportamento é o oposto

do que eu quero para mim e para aqueles que me rodeiam, e cuja presença

desprezo.

"Beau."

"Eu não sou tão interessante." Eu arranho meu maxilar.

"Você é completamente fascinante.”

"Não. Pare. Por favor, não. Não me lisonjeie. Eu odeio quando as pessoas

me lisonjeiam. Qualquer coisa, exceto isso." Eu mantenho o meu tom

inexpressivo, sabendo que ela tem dificuldade em decifrar o sarcasmo e quero

tornar o trabalho fácil para ela.

Ela estreita os olhos em uma repreensão, mas sua boca puxa para o lado

com diversão apenas suprimida. "Você é fascinante. Nada o irrita.”

Eu dou um sorriso malicioso. "Você me irritou, mas..."

"Eu irrito a todos.”

"Você não me deixou terminar. Você não me irrita agora.”

"Mais cedo ou mais tarde vou.”

"Como você pode estar tão certa?"

"Eu me irrito.”

"Isso não faz você especial. Todos - bem, todos com autoconsciência -

ficam irritados consigo mesmos. ”

"Quando você ficou irritado com você?"

Eu me retorço no meu assento. "Todas estas perguntas.”

"O que há de errado com minhas perguntas?"


"Nada está errado com elas, é só..."

"Aqui está você." Simone aparece abruptamente no meu cotovelo,

arrancando os pratos com rapidez de uma bandeja e arrumando-os ao acaso na

mesa. Meu hambúrguer, panquecas de Shelly, tots e duas águas.

"Onde está meu shake?"

"Nós não temos sorvete, acabou. Você terá uma antiga torta de maçã. Eu

vou trazer isso em um minuto." Simone dispensou minha irritação com um

movimento de seu pulso, virando um sorriso para Shelly. "Você precisa de mais

alguma coisa?"

"Não, obrigada.”

"Ok, apenas me chame se vocês precisarem." E com isso, ela virou e saiu.

Eu olho meu desapontamento carrancudo por meio segundo.

Sem shake?

Mas torta de maçã.

OK. Isso é legal.

Encolho os ombros em meu descontentamento - e antecipando a torta de

maçã para a sobremesa - alcanço o ketchup.

"Você não está chateado?"

Olho para Shelly, puxando o prato de tater tots em minha direção.

"Perdão?"

"Sobre o shake?"

"Não. Eu gosto de torta de maçã. Na verdade, é a minha favorita, então

tudo funciona. ”

"Você é ridiculamente descontraído.”


Envio um olhar de suspeita a ela. "É este o seu jeito de me dizer que você

mudou de ideia sobre o tater tots? Porque é muito tarde. Eles são meus e você

não pode ter nenhum.”

"Você não fala sobre você mesmo. Você não está acostumado." Ela diz

essas palavras como se tivesse resolvido apenas um dos quebra-cabeças mais

importantes da vida. "Você se concentra nos outros, você os desenha, e você

está sempre acomodando. É por isso que todo mundo gosta de você.”

"E eu aqui pensando que era a magnificência da minha barba.”

Ela me ignora. "Pessoas gostam de você por causa de como você as faz

sentir. É por isso que as pessoas não gostam de mim, ou é uma das principais

razões. Não sei como fazer isso.”

"Eu posso te ensinar como. ”

Shelly me examina pelo espaço de um batimento cardíaco antes de dizer:

"Posso praticar em você. Vamos começar agora. Conte-me sobre o seu pai. ”

Eu rio de sua inteligência. "Uau. Estou impressionado. Maneira de trazer

o círculo completo da conversa.”

"Você se parece com ele?"

"Você é implacável.”

"Ele ainda está vivo?"

"Sim. Infelizmente." Eu mordo um bocado de meu hambúrguer; não

consigo falar com um bocado de comida.

Enquanto ela corta suas panquecas, ela me cutuca com perguntas. "Ele

está aqui? Em Green Valley? Você fala com ele? Quando foi a última vez que o

viu? O que faz você pensar que ele não gosta de você? Porque-"

"Refrigere seu motor, mulher" falo em torno do bocado de comida.

"Bem. Onde ele está?"


Eu a olho entre um gole de água e decido que ela é corajosa. Talvez a

pessoa mais corajosa que eu conheço. Ela respondeu todas as perguntas que eu

fiz, mesmo quando as respostas não pintavam uma imagem bonita dela. Ela

não se esquivou das partes feias de seu passado, ou de seu presente.

O mínimo que posso fazer é devolver o favor.

"Na prisão," respondo finalmente, colocando meu hambúrguer para

baixo. "Por tentativa de sequestro e assalto.”

Ela nem sequer piscou. "Quem ele tentou sequestrar?"

"Ashley."

"Ashley?"

"Minha irmã."

Seus olhos ficam impossivelmente largos. "Uau."

"Sim."

Trocamos olhares por um momento, então ela pergunta: "Ela está bem?"

"Ashley?"

"Sim. Ela está ferida?"

Eu hesito por um momento e, finalmente, digo: "Não. Ele não teve

chance." Naquele momento.

Shelly concorda com a cabeça, como se esta notícia fosse um alívio e

escondo meu desconforto comendo um bocado de meu hambúrguer.

Darrell prejudicou Ashley - e eu, minha mãe e todos os meus irmãos - em

mais de uma ocasião. Apesar da bravura de Shelly, esse fato prende na minha

garganta e não consigo falar. Eu não estou acostumado a falar sobre o meu pai,

ou o que ele fez para nós, e eu reconheço neste momento que não é provável

que compartilhe de bom grado.

E nunca mais me sentirei bravo com isso.


"O que aconteceu? Por que ele fez isso? Quantos anos ela tinha?"

Depois de engolir meu bocado de comida, respondo suas perguntas. "Foi

apenas no ano passado, no dia do funeral de nossa mãe. Ele fez isso porque

estava esperando sequestrar a minha irmã por dinheiro. Nossa mãe vem de

uma antiga família nessas partes chamada Olivers. Esse era o nome de solteira

dela. Nossa casa da família era dela, e ele não possuía nada disso. A casa

costumava ser chamada The Oliver House. E, junto com a propriedade, a mãe

tinha dinheiro. Não muito, mas o suficiente para que Darrell - esse é o meu

papai - estar planejando há anos conseguir ter suas mãos sobre ele. Quanto ao

que aconteceu...”

Movo meu olhar além de Shelly mais uma vez. Agora está escuro e eu

posso ver meu reflexo na janela. Quando falo em seguida, falo com essa

reflexão.

"Ele e dois de seus irmãos motociclistas - meu pai é capitão em um clube

de motos local chamado Iron Wraiths – saltaram em Ashley e Billy no

estacionamento da biblioteca, onde foi a recepção. O resto de nós estava dentro.

Foi logo após o funeral no cemitério e parecia que toda a cidade foi despedir-se

da minha mãe. Darrell aproveitou, pegando-os de forma inesperada,

nocauteando Billy primeiro. Mas minha irmã, ela é feroz. Ela fugiu, denunciou

ao ajudante do xerife e Darrell foi pego. ”

"Uau."

"Sim. Eles estavam enchendo Billy de porrada na parte de trás de um

carro, ele estava frio." Eu tremo um pouco na memória, trazendo meus olhos de

volta para Shelly.

Ela está me observando com uma expressão aberta, aberta e curiosa, como

se eu estivesse lendo um conto em vez de relacionar uma história verdadeira.


"Seu irmão Billy está bem?"

"Ele não sofreu nenhum dano de longo prazo por ser nocauteado,

pudemos revivê-lo imediatamente. ”

"Bom. Isso é bom.” Shelly inclina a cabeça para o lado, me estudando e

depois suas panquecas. "Estou feliz que seu pai não goste de você. ”

"Perdão?" Eu estou no processo de levantar meu hambúrguer quando ela

fala.

Agora eu o seguro, até a metade da minha boca, certo de que eu a escutei

mal.

Ela morde um bocado de panqueca, mastiga, engole um gole de água e

repete: "Estou feliz que seu pai não goste de você.”

"E por que isto?"

"Ele parece um tolo. Se ele gostasse de você, eu pensaria que havia algo de

errado com você.”

Eu dou a ela um olhar de lado. "Isso.… não faz sentido." Eu inclino minha

cabeça para frente e para trás, considerando e finalmente vendo seu ponto. "Ele

gosta de Ashley, mas acho que é porque ele acha que ela é fraca, ele acha que

pode manipulá-la como fazia com a nossa mãe, porque ela é uma mulher. E

Ashley parece muito com ele. O resto de nós, ele poderia pegar ou sair."

"Ele acha que ela é fraca porque é uma mulher?" Shelly faz uma careta, o

nariz esfregando, a frente franzida. O nível de expressão parecia estranho em

seu rosto. Mesmo assim, gosto da sua expressividade. Parece que é raramente

concedido e consequentemente mais valioso.

"Sim."

"Tolo."

"Sim." Eu rio, mordendo outro bocado de hambúrguer.


"Meu pai sempre me disse o quão forte eu sou. Capaz. Ele é quieto, como

Quinn, mas quando fala é sempre algo que vale a pena ouvir.”

"Como você?"

Shelly considera a questão, respirando de forma ampla antes de

responder: "Não. Não sou quieta, não no estado natural. Quando estou em casa,

falo com meus cachorros o dia todo.”

"E Oliver?"

"Sim, Oliver também.”

"Simplesmente não humanos?" Solto.

O lado de sua boca ameaça um sorriso novamente. É o oitavo. "Eu falo com

você, certo?"

"Sim, você faz. Então, por que você não fala com outras pessoas?"

"Eu acho..." Ela faz uma pausa, como se estivesse pensando a verdade "eu

não quero incomodar ninguém.”

"Você acha que é um problema?"

"Eu percebo coisas. Não posso ajudar. E quando percebo coisas, digo.

Pode ser incômodo. ”

"O que você quer dizer? Observa o que?"

"Padrões.”

"Mesmo?"

Ela concorda uma vez.

"Você nunca disse nada sobre isso.”

"Eu acho que é porque quando estou com você, eu percebo apenas você."

Novamente, ela fala essas palavras pensativamente, como se ela estivesse

trabalhando com um problema em voz alta.


Então, quando percebo o que ela disse, eu já estou com um sorriso gigante

só para ela. "É assim mesmo?"

Shelly aperta os lábios, estreitando os olhos em fendas. "Vamos falar sobre

outra coisa.”

"Certo, tudo bem. Vamos falar sobre todas as coisas que você percebe em

mim."

Isso a faz rir, o que me faz rir. Sua risada também me dá a distinta

sensação de estar leve e distraída do tempo ou preocupações.

Em outras palavras, ela tem uma grande risada.

O movimento na janela atrás dela - no reflexo - chama minha atenção,

assim como novas vozes. Meu sorriso escorrega gradualmente quando meus

olhos se concentraram na cena lá, na imagem de vários imensos motociclistas

vestidos de couro que entram no restaurante.

E a mulher ruiva com eles.

Eu estremeço. "Oh... merda."

"O que?"

"Não olhe para cima.”

"Tudo bem." Ela não olha para cima, em vez disso, fica estranhamente

silenciosa.

Aperto a janela e escorrego mais na cabine, de modo que minha cabeça

não está visível. Mas eu posso ver bem o resto do restaurante.

"Atrás de mim, alguns gêmeos e uma mulher acabam de entrar.”

"Ok." Ela não olha para confirmar, em vez disso, mantém a atenção fixa

em mim.

"Eles são membros dos Iron Wraiths.” Eu conto o número deles - seis no

total - e tento adicionar nomes aos rostos. Drill estava lá, sua cabeça calva
brilhante e sua robusta o denunciavam. "A mulher é Christine St. Claire, a old

lady do presidente.”

Maldição. Eu me repreendo por minha tolice. Eu deveria ter ligado de

volta para Drill. Em vez de evitar suas chamadas, eu deveria ter dito que não

estou interessado.

"Old lady? Ela é sua mãe?

"Não." Eu sorrio para Shelly apesar da situação. "Sua mulher. ”

"Namorada?"

Eu estremeço, porque vejo que três deles - pelo menos - estão carregando

armas. Eles não estão segurando as armas, apenas levando-as fora ao ar livre

sobre suas camisetas, mas sob suas jaquetas, sendo realmente óbvio sobre isso.

"Algo parecido."

Ela me dá uma careta, como se achou minha resposta irritante. "Essas

pessoas fazem parte do clube de motos do seu pai?"

"Sim."

"Aqueles que tentaram sequestrar seu irmão e sua irmã?"

"Sim, mas aqueles dois caras - os que ajudaram Darrell - estão na prisão.”

Ainda seguindo o progresso do grupo no reflexo da janela, eu assisto

enquanto Drill se aproxima do balcão, um cara mais jovem com uma barba

atrás dele. Se não estou enganado, o jovem é Isaac Sylvester, o irmão de Jennifer

Sylvester. Ele é um recruta, não um membro de pleno direito. Mas ele também é

grande e alto, musculoso e aposentado do exército.

"Eles devem ter visto meu carro na frente," eu murmuro para mim

mesmo.

"Então, esses caras, esses Wraiths, eles não gostam de você?"


"Algo assim.” Minha resposta é distraída, porque eu preciso tirar Shelly

desta situação o mais rápido possível.

Não tenho ilusões. Isso é exatamente o que Drill colocou em seu texto.

Christine está aqui para me ver, é provável que me leve a algum lugar da

sua escolha se eu quiser ir ou não.

Se eles vissem Shelly e eu juntos, eles nos levariam os dois, porque assim

funcionam. Eles iriam usá-la como alavanca para obter o que eles queriam e não

havia nenhuma maneira no inferno que eu deixaria isso acontecer.

"Pare de dizer ‘algo assim’. Conflitos vagos me confundem. Sim ou não,

eles gostam de você ou não."

"É complicado. Precisamos tirá-la daqui. Eu vou distraí-los e você saiu por

trás."

Drill está movendo a cabeça de um lado para o outro, olhando o

restaurante enquanto o resto tenta parecer indiferente, alinhando-se contra o

balcão do jantar. Eles se misturam tanto quanto um barril em uma festa do chá.

Eu avisto o movimento na entrada para a cozinha - Simone puxa a cabeça

para fora - e eu a ouço dizer algo como, "Eu estarei aí em um minuto.”

"Merda." Eu pego minha carteira, puxando algumas notas de vinte e

deixando na mesa. "Shelly, você precisa ir."

"Por quê?"

"Porque eles estão aqui por mim. E se eles te virem, eles também te

levarão.”

"Eu não estou deixando você."

Meus olhos cortam para os dela e eu olho para o obstinado conjunto de

seu rosto. "Shelly.”

"Não. Nós estamos juntos." Sua expressão e tom são ferozes.


"Você não os conhece, como eles são. Eles são pessoas ruins."

"Pare de perder o tempo. Como podemos sair daqui juntos?"

Mastigando o interior do meu lábio inferior, eu considero essa mulher

teimosa e a probabilidade de poder conversar com ela para sair antes que a

merda atinja o fã. Eu decido que a probabilidade de sucesso é zero.

"Eu queria que Duane estivesse aqui." Eu penso em enviar-lhe

rapidamente um texto, mas decido contra isso. Meu irmão é tão bom quanto

desaparecido. Eu preciso descobrir como sair dessas bagunças sem ele.

O olhar de Shelly tremula em um ponto atrás de mim, depois volta para o

meu. "Por quê?"

Eu lhe dou um olhar de desculpas. "Nós temos que desaparecer.”

"Obviamente. Mas o que termos que desaparecer tem a ver com Duane?"

Sua voz baixa para um sussurro.

"Porque nós poderíamos precisar de um motorista de fuga e ele é o

melhor." Não há necessidade de dar voltas, especialmente porque eu estou

prestes a dizer-lhe para correr para a porta dos fundos. "Desculpe por isto."

Shelly abre os olhos e senta-se um pouco mais reta no assento, inclinando

o queixo. "Eu vou fazer isso."

"O quê?" Eu estou dividindo minha atenção entre ela e o reflexo dos

Wraiths na janela.

"Eu vou fazer isso. Eu serei o nosso motorista de fuga.”

"Shelly." Eu tenho certeza que minha consternação e confusão são

evidentes, porque seus olhos se estreitam em mim no desafio.

"Eu sou uma ótima motorista. Eu passo meu tempo livre dirigindo as

estradas. Eu gosto de dirigir rápido em torno de curvas e cantos. E você tem um

carro rápido. Me dê suas chaves."


Inseguro com o que fazer, lambo meus lábios, meus dedos cavando no

bolso da frente para as chaves.

Ela deve ter sentido a minha hesitação, porque ela me dá um pequeno

sorriso. "Confie em mim, Beau.”

Shelly coloca a mão sobre a mesa, a palma da mão estendida para mim.

Sua mão está firme e sua expressão é tão calma e firme como sempre a vi.

Mas... é o meu GTO.

Oh, bom senhor. Apenas dê à mulher suas chaves.

Bem. Mas se ela o destruir, eu estou comprando aquele Pury Fury da loja.

Coração galopando, retiro minhas chaves e coloco em sua mão, fechando

seus dedos em volta delas. "Isto é o que vamos fazer. Você se levanta e faz como

se estivesse indo ao banheiro. A porta dos fundos é na mesma direção, vá para

lá. Vá ao redor do lado norte do prédio, atrás das cozinhas, então eles não te

veem pelas janelas. Vá para o meu carro, cuidado e prepare-se."

"O que você vai fazer?"

"Não há nenhuma maneira de me esgueirar. Eles verão meu cabelo a uma

milha de distância." Eu examino a cena na janela. "Eu vou ter que falar com eles

e sair pela porta da frente, agir como se eu vou com eles sem reclamar. Então eu

direi que preciso pegar algo do meu carro, mas vou entrar no lado do

passageiro. E então você sai, entendeu?"

"Sim." Ela concorda, o sorriso ainda pairando em torno de seus lábios.

Levanto uma sobrancelha para a expressão dela. "Você parece que está

ansiosa para isso. ”

"Eu estive esperando que você me deixasse dirigir seu carro." Seus lábios

se curvam, me dando um brilhante sorriso.


Eu balanço minha cabeça com essa louca - mas da melhor maneira -

mulher enquanto ela desliza do estande e caminha para a direção do banheiro,

fria como um gelo.

Assim que ela está fora de vista, envio uma oração silenciosa que ela

emergiu dessa situação ilesa e que Drill não a viu.

Se alguma coisa lhe acontecer, eu juro por Deus -

Whoa aí, briguento.

- eles não encontrarão os corpos.

OK. Estabeleça-se. Não é necessário puxar o cartão Rambo.

Respiro fundo, contando até cinco antes de deslizar no meu assento para

garantir que ela tenha tempo suficiente para ir ao redor do prédio.

E então, porque eu realmente amo o GTO, eu digo uma rápida oração

pelo meu carro.


CAPÍTULO 19

"As pessoas na mente certa nunca se orgulham de seus talentos"

― Harper Lee, To Kill a Mockingbird

*Beau*

Assim quando eu vi Simone sair da cozinha, fiquei parado no estande. Eu

suspeito que sua mãe não goste que os Wraiths estejam no restaurante, e eu sei

sem dúvida que Daisy não quer sua filha interagindo com seu tipo.

Então, antes que Simone os alcance, falo: "Posso ajudá-los com alguma

coisa?"

Sete conjuntos de olhos - os Wraiths mais Simone - viram na minha

direção, mas tenho o cuidado de manter meu olhar em Christine St. Claire. Ela é

a que chama os tiros, o que significa que ela espera ser a única destinatária do

meu foco.

Crescendo, fui para piqueniques com os outros membros do clube e suas

famílias, visitei o clube com meu pai, pesquei com Isaac, Drill e Catfish, não tive

nenhum problema em navegar na sua subcultura e nas normas. É uma coisa de

respeito com essas pessoas. O negócio do clube tem uma ordem rigorosa,

mesmo que eles espalha em o caos em outro lugar.

Mas só porque eu podia navegar em seu mundo não quer dizer que eu

quero fazer parte dele.

"Beau." Drill dá um passo à frente, usando um sorriso como uma careta, e

estende a mão para cumprimentar.


Aceito o aperto de mão, estudando sua expressão e lendo algo parecido

com tentei avisá-la.

"Você conhece meus amigos," ela fez um gesto para os outros membros de

seu grupo, nenhum dos quais me dá mesmo que um aceno de cabeça.

"Certo."

"E a old lady de Razor, Christine.”

Minha atenção volta para a mulher. Ela está me observando de perto,

como se estivesse esperando que eu reagisse de uma certa maneira.

"Sra." Eu inclino minha cabeça, mas não faço nenhum movimento para

estender a mão. Os membros do clube são particulares sobre suas old ladys. Um

cara pode ter um nariz quebrado por olhar a mulher de outro homem sem pedir

permissão primeiro. No entanto, às vezes esses namorados emprestavam a sua

mulher como uma bicicleta.

Independentemente disso, Razor é um psicopata. Esse fogo volátil não

exige nenhum combustível adicional.

"Você está vindo conosco." A voz de Christine é mais suave do que eu

esperava, e a maneira como ela procura meus olhos me pareceu peculiar.

"Precisamos conversar."

Eu encolho os ombros, enfiando as mãos nos meus bolsos. "Com certeza.

Mostre o caminho."

Se minha vontade a surpreendeu, ela não mostrou isso.

Mas Drill estava me dando um olhar sujo. Meu palpite, ele está irritado.

Eu causei um monte de problemas no último mês apenas para concordar tão

facilmente agora. Os outros amigos parecem relaxar, assumindo claramente que

seu trabalho estava essencialmente feito.

Verdade seja dita, fico tentado a sair com eles.


Shelly está segura no meu carro. Eu duvido que seus planos incluam me

manter indefinidamente. Minha ausência seria notada. Se eles me manter por

algum tempo, Billy lançaria um ataque furioso, como é seu hábito quando as

situações envolvem o clube de motos. E Billy é amigo de pessoas em lugares

altos.

Sim, estou bastante convencido de ir com eles, acabaria com isso. A velha

quer ter uma palavra, e claramente ela não vai me deixar em paz até que ela

fale. Espero que seja uma conversa rápida.

Claro, Shelly ficaria chateada.

Ela também ficaria a salvo.

Mas então, assim que saímos da porta, Drill levanta o queixo em direção a

uma motocicleta que eu reconheço como de Razor e diz: "Você vai andar com

Christine."

Além de um ligeiro alargamento dos meus olhos, pude manter minha

expressão clara, apesar do sentimento desmoronar no meu interior.

Andar com Christine? Na moto de Razor? Uh, isso será uma passagem difícil.

Meus planos fazem uma curva U muito forte. Não há como chegar na

moto da Razor com a old lady de Razor. Vendo como as coisas iriam ser, eu

estou extremamente grato a Shelly que ela insistiu em saímos juntos.

"Ah, caramba. Deixei a minha carteira no porta luva. Deixe pegar." Eu

ando para trás longe deles.

Isaac e outro dos motociclistas endurecem, mas depois relaxam enquanto

me movo no capô do meu carro em direção ao lado do passageiro. Mantenho

meus olhos treinados sobre eles quando chego à porta, abrindo-o e dobrando-

me no carro.
Somente Christine está me observando, o resto está montando suas

motocicletas e devem ter decidido que não consigo escapar sem sentar no banco

do motorista.

Então Shelly liga o motor.

O som do meu GTO ganhando vida corta a noite e os Wraiths olham para

cima, visivelmente estupefatos. Eu simplesmente fecho minha porta enquanto

Shelly se afasta do espaço, torcendo a roda e decolando rapidamente como um

raio.

"Cinto de segurança," ela diz, não parando na borda do estacionamento

antes de puxar para a estrada principal e acelerar como um demônio fora do

inferno.

Ela se moveu rápido, muito mais rápido do que eu nunca consegui. Em

vez de usar os freios, ela baixa a marcha assim que nos aproximamos da

primeira curva. O motor ruge enquanto voamos pela curva, mas a marcha mais

baixa dá-lhe o controle que precisa.

Eu conheço essa situação, revirar ou fazer qualquer movimento além de

segurar. Eu estive em situações semelhantes várias vezes com Duane.

Minha atenção diminui entre Shelly e o espelho lateral, e continuo

esperando por qualquer sinal de busca. Até agora, não havia faróis, nem sons

de motocicletas.

Shelly, no entanto, mantém os olhos atentos, nem uma vez olhando para

trás, suas características uma máscara de concentração impassível.

Nós corremos pela estrada da montanha por um bom tempo. Ou, pelo

menos, pareceu um bom tempo. De repente, ela baixa e trava logo antes de uma

mudança e eu olho para ela com alarme. Nossa velocidade reduz a uma parada

próxima, Shelly vira a roda, desligando as luzes e nos levando para uma
estrada de terra. Eu entendi imediatamente por que ela desacelerou, chutar a

sujeira seria como chamar a atenção para a nossa localização.

Mas eu também estou preocupado, porque conheço a estrada. Essa leva a

locações de férias - realmente, uma cabana de pesca - de propriedade do Sr.

Tanner. O passeio de pedregulho é longo e torto sem ramos. Se nos seguiram,

ficamos presos. E se o Sr. Tanner tiver inquilinos, eles podem não receber muito

gentilmente se parar em sua unidade. O tipo de gente que aluga do Sr. Tanner

geralmente não se importa muito com o conforto, e geralmente não fica muito

tempo.

Shelly parece conhecer a estrada de cor; sem faróis e a escuridão da

floresta circundante, seria fácil nos guiar em uma vala ou uma árvore.

Ela não faz.

Meus irmãos e eu podemos ver melhor no escuro do que a maioria das

pessoas. Cletus atribui isso à nossa ascendência Yuchi do lado do nosso pai,

uma tribo nativa americana que morava no Vale do Leste do Tennessee até o

século XVII. Mas até eu estou tendo problemas para seguir a linha da estrada.

Não mais que vinte segundos depois, nós ouvimos os sons reveladores

das motocicletas se aproximando. Eu seguro a respiração, esforçando-me para

ouvir, engolindo. Mas então eles correm atrás do carro, ronco dos motores

cortando a noite, perto o suficiente para me dar calafrios. E então, os sons

desaparecem na distância.

Eu sopro a respiração, dizendo ao meu coração para parar de bater nas

minhas costelas. Shelly ainda está correndo, avançando sobre o impulso, e

quando chegamos a um certo ponto, ela puxa a roda ligeiramente para a direita.

"Vou colocar na garagem. Se eles descerem por este caminho, estaremos

escondido."
A compreensão é lenta para chegar. "Você está alugando este lugar?"

"Sim."

"Do Sr. Tanner?"

"Sim."

Eu não gosto desse fato um pouco. Claro, são vários hectares, com uma

inclinação privada no Bandit Lake. O lançamento da doca é possível mesmo

que estivesse em condições ruins. A localização é ideal, mas se a memória

estiver bem, o lugar é pouco mais do que uma inclinação.

Rodeamos a estrutura principal; chamar de cabana seria muito generoso.

Shelly acende as luzes de estacionamento, iluminando uma cabana

Quonset semelhante à da nossa propriedade.

"Não me lembro de estar aqui. ”

"Eu adicionei.”

Isso me fez olhar para ela. "Sr. Tanner permitiu que você adicionasse

isso?"

"Não lhe dei muita escolha.”

"Como assim?"

Seus olhos se dirigem para o meu, e depois voltam para a estrutura

ondulada. "Eu não perguntei."

Eu rio. "Bem, essa é uma maneira de fazer isso. ”

"É pré-fabricada. Quando eu for, eu vou remover se ele quiser."

Quando eu for...

Eu fico tenso com isso, e por um momento fico tocado com as palavras.

Antes que eu pudesse perguntar o que ela quis dizer com ‘quando’... Eu me

mudei para outro lugar no Green Valley, isso não é uma barraca, ou ‘quando’ eu voltar
para Chicago, ela colocou o carro em ponto morto, engatou a pausa de

emergência e saltou.

Demorou apenas dois segundos antes de desabotoar meu cinto de

segurança e sair do carro para segui-la. Ouvi seus cachorros latindo na direção

da casa; claramente nosso sigilo não é suficientemente secreto para os animais

gigantes.

Quando chego a ela, ela se inclinou para destravar o cadeado de calibre

grosso; o bloqueio ancora uma porta de rolo no chão.

Agora, não é hora de questioná-la sobre sair, vendo como os Wraiths

ainda podem voltar e procurar ligações de automóveis particulares. Mas algo

sobre como ela disse, como se sair fosse inevitável, esfrega como lixa na minha

axila.

Limpando minha garganta, ajudo a levantar a porta de metal, observo a

conversa: "Você sabe que ele é o homem de ferro-velho, e ele provavelmente

usará isso para armazenamento... quando você for."

Ela fez um som não comprometido, e então vira-se, troteando de volta

para o carro e escorregando para dentro. Chutando um pedaço de sujeira, tento

reduzir o impulso de mencionar o problema novamente.

Eu posso esperar.

Eu devo esperar.

Temos muito tempo. Eu espero.

Distraído por esse trem de pensamentos, me viro de lado, olhando para o

interior da estrutura semicircular e começo a me surpreender com o que

encontro lá.

Parece uma oficina, o que não é surpreendente. Todos sabem que Shelly

faz um trabalho de metal, engenharia das peças de carros e as cria por conta
própria. Mas a fonte do meu espanto são as esculturas enormes ao longo da

parede de trás. Trabalho de metal, pela aparência disso. As três figuras estão

alinhadas, e cada uma deve ter doze ou quinze pés de altura. Elas pareciam

pássaros.

Shelly puxa para a frente, lançando mais luz sobre as formas e vejo que

não são pássaros, são anjos. Minha respiração pega. Cada um tinha asas de

penas feitas do que parecia ser de prata. Corpos masculinos fortes,

completamente nus.

Caminhando para eles, entro na cabana sem pensar, navegando pelas

máquinas que eu posso admirar, se não fosse as esculturas. Quando me

aproximo, percebi que as asas são feitas de utensílios recuperados. Uma tinha

garfos, uma colher e as últimas facas.

Mal ciente de que Shelly tinha desligado o motor, mas deixou as luzes, eu

alcanço a frente e toco a asa, achei que é móvel. O tecido metálico criado pelos

talheres recuperados se curva e se move como tela de arame, além de toda a asa

parecer estar em uma dobradiça.

"Puta merda. ”

"Eles são para uma praça, em Berlim. Ao longo do tempo, as asas vão

suavizar."

Olho para ela, assustado, para encontrá-la atrás de mim. "Você fez isso?"

"Sim."

"Puta merda". Desta vez, eu digo as palavras para ela. "Você é uma artista.

Ela encolhe os ombros. "Minha graduação é a escultura.”

"Na Faculdade?"

"Sim."
"Onde você foi?"

"O Instituto de Arte em Chicago.”

Uau. Impressionante.

Volto minha atenção para os anjos e olho para o rosto do mais próximo;

ele parece feroz, mas não irritado. "Quanto tempo você levou para isso?"

"Três meses."

"São as asas?"

"Feita de prata, sim. ”

"Eles devem ser-"

"Valem muito."

Eu bufo uma risada sobre a capacidade de terminar meus pensamentos.

"Do que os corpos são feitos?"

"Cobre. A estrutura óssea das asas também é cobre."

Penso nisso, corpos de cobre e asas de prata. Eventualmente, ambos irão

se oxidar, mas não enferrujariam. O cobre ficaria verde e o prateado preto.

Maravilhado, eu digo: "A menos que sejam polidas, suas cores

desaparecerão. ”

"Como uma pessoa."

"Perdão?" Eu volto meu olhar para o perfil dela.

"As pessoas precisam ser polidas, acariciadas, tocadas," seu tom é abstrato

“e quando não são polidas, suas cores desaparecem. Elas desaparecem, elas

mudam, deformam-se, tornam-se algo diferente. ”

Ela me sobrecarrega nesse momento, suas palavras, a enormidade de seu

talento.

Aqui penso que estou cortejando uma mecânica de automóveis com

algumas peculiaridades.
Em vez disso, essa mulher é um gênio artístico. As peças da foto juntam-

se e Shelly Sullivan aproxima-se ainda mais.

"Incrível.” Você é incrível.

"Obrigado." Ela aceita o louvor com facilidade, assumindo que eu quis

dizer das estátuas, a atenção dela colocada no anjo. "Eu não terminei, mas

quase.”

"Eles parecem perfeitos para mim. ”

Meus olhos são atraídos para o anjo com facas de prata para asas, um nó

de desconforto no meu estômago à vista das lâminas. Ela disse que não possuía

facas. Eu suponho que talvez Shelly não considerou esculpir suprimentos de

facas reais.

Além disso, vejo que não são da variedade afiada. Mais como

espalhadores de manteiga.

O nó alivia, deixando-me com uma sensação de... indignidade.

Sim. É o que é. Eu não gosto disso. Afasto isso, limpando o pensamento

da minha mente.

Ela foi salva de responder pelo zumbido de um motor solitário na

distância.

Pelo som, o veículo ainda está na estrada principal, e eu não posso dizer

se pertence a uma motocicleta ou a um carro.

Ambos entramos em ação. Shelly vai para o GTO, desligando as luzes e

retirando as chaves. Corro para a porta de rolo, puxando-o para baixo até o fim,

depois fechando e travando.

"Venha comigo." Shelly estende a mão e eu pego. Ela nos conduz até a

porta lateral da cabana. Uma vez lá, ela destranca e me atraiu.


A sala está escura, mas eu posso ver contornos de móveis, o espaço muito

maior do que eu lembro. Logo, o som de patas galopantes e cascas excitadas nos

cumprimentam seguidos de contornos escuros das próprias bestas.

"Prepare-se para o impacto," ela diz, um pouco de diversão em sua voz.

Ela não precisa me dizer duas vezes. Eu me viro para o lado, separando

meus pés e abro meus braços para qualquer um dos dois mamutes que me

derrubaram primeiro.

Um girou em torno das pernas de Shelly, abanando sua cauda

excitadamente. O outro saltou sobre mim e lambeu minha barba e meu pescoço.

"Down, Laika." Shelly alcança o cão ao redor do peito e eu tento ajudar, o

que permite que Laika lamba meu rosto mais completamente.

"Este cão chegou até a primeira base." Eu rio, virando das ardentes

atenções do cachorro.

Shelly também ri, lutando com o cão. Mas assim que Laika está dentro de

seu controle, o outro cão agarra seu nariz na minha virilha.

"E este chegou a terceira." Me esforço para empurrar a cabeça - que é tão

grande como um cavalo - longe.

Shelly esta rindo tão forte que ela bufa. E então ela ri novamente,

presumivelmente encontrando o primeiro riso histérico.

Claro que também estou rindo e quase me esqueci do som do motor que

nos incitou a entrar até que os cães de repente ficam rígidos e alertas. Na calma,

nossos olhos se trancam e eu estou certo de que ambos ouvimos o mesmo.

Um motor, subindo a estrada. Merda.

Laika e o outro cachorro estão latindo novamente com seriedade,

adicionando um grunhido ou dois, e correndo pela porta da frente.


Shelly começa depois deles, mas então há um baque como parte de sua

conexão com um móvel. "Merda!"

"Ei, ei" eu sussurro, vindo ao seu lado. "Você está bem?"

"Sim. Acabei de bater meu dedo. ”

"Onde estão as luzes?"

"Devemos ligar as luzes?" Seu rosto está diretamente na minha frente,

nossas bocas a dois ou três centímetros de distância. Apesar da situação, meu

corpo toma nota de sua proximidade. E o escuro.

O som do motor desliga - ou pelo menos eu penso que sim. É difícil dizer

com os cachorros causando um barulho alucinante e minha mente voltando

para assuntos mais agradáveis.

"Você está certa. Eu não quero que você atenda a porta." Eu deslizo meu

braço em volta de sua cintura, levando-a mais contra mim... por sua segurança.

Sim. É por isso que eu faço isso.

"Por que eu não deveria?"

Laika e seu amigo continuam latindo e grunhindo. Eu duvido que alguém

lá fora possa nos ouvir.

"Eles podem ter visto você ao volante quando nós saímos." Melhor nós

ignorarmos e fazer a diferença. "Deixe os cães lidar com isso. ”

Esses cachorros parecem terríveis. Ninguém possuindo sentido ousariam

entrar com essas duas bestas fazendo tal barganha.

Eu posso apenas decifrar as linhas do rosto de Shelly, o movimento de

seus olhos. Ela procura a escuridão, sua testa franzida.

"Você parece diferente. ”

Abaixo uma mão em seu braço, sobre o ombro para acariciar sua

mandíbula.
Seus cílios vibram. "Pode haver um homem com uma arma lá fora, e você

quer me beijar?"

"Eu sempre quero te beijar.”

Shelly estremece e ela se vira mais completamente contra mim. "Beau-"

"Você dirigindo meu carro foi o mais sexy que eu já vi." Abaixo minha

cabeça, apertando minha língua contra a junção de seu ombro e pescoço, e

arrasto contra sua pele, dando-lhe uma pequena mordida.

Ela estremece novamente, apertando os braços em volta do meu pescoço.

Shelly inclina o queixo, oferecendo mais acesso, mesmo que seu ombro se

levante em um reflexo automático.

"Isso é bom." Sua voz está sem fôlego. "Não pare de fazer isso.”

Deslizo as pontas dos dedos pelo outro lado do pescoço, no peito,

segurando seu peito sobre o vestido. "Posso fazer outras coisas?"

"Sim. Todas as coisas. Faça todas as coisas." Ela está se pressionando

contra mim.

Os cães latindo, o potencial perigo fora agora esquecido.

Ela cheira divinamente, como lavanda e gardênias e açúcar. Pego outra

mordida suave do pescoço, amando o jeito que suas unhas cavam na parte de

trás da minha cabeça, amando como ela se arqueia e esfrega contra mim, como

se ela não pudesse se ajudar.

Ela geme, sua respiração engata enquanto eu puxo o centro de seu peito

através do tecido.

"Beauford Winston! Eu sei que você está aí."

Eu endureço, meus olhos voando abertos, porque eu conheço essa voz em

qualquer lugar.

"Duane," Shelly sussurra, embora ela não se mova.


"Venha, Beau. Eu vi seu carro na garagem. Abra a porta e ligue para

Cerberus. "

"Eu também estou aqui," Jessica grita. "E eu tenho torta.”

O MEU GÊMEO FICOU FURIOSO COMIGO. Estou acostumado a seus

humores ranzinzas. Seu olhar não me afeta. Além disso, verdade seja dita, eu

também não estou muito feliz com ele. Esse intrometido tinha acabado de

interromper um momento. E agora, em vez de sair com Shelly - ou mais do que

fazer com Shelly - eu recebendo uma carranca do meu gêmeo extremamente

nervoso.

Quando ele terminou de me olhar furioso, ele tornou suas características

mais suaves para Shelly. “Nós podemos entrar?"

"Sim. Por favor, entre.” Shelly acena para frente, ainda parecendo um

pouco nebulosa do nosso encontro anterior.

Antes de abrir a porta, coloca os dois cachorros no quarto. Eles ainda

estavam latindo, mas já não estão grunhindo.

"Quantos cachorros você tem?" Ao entrar, Duane envia um olhar

cauteloso para a porta do quarto. "Vinte?"

Jess sorri para Duane e depois vira o sorriso para Shelly. "Eu sou Jessica."

Shelly endurece, e eu testemunho sua guerra de pânico com frustração.

Mas antes que Shelly possa dizer alguma coisa, Jessica continua: "Duane

me disse para não tentar dar minha mão, então não se preocupe com isso.

Honestamente, eu odeio apertar as mãos. Eu nunca sei quanto tempo aguentar

um aperto de mão. E então, quem faz a agitação? E se ninguém tremer? Então,

só estou de pé, segurando a mão de algum estranho. Isto é o pior."


Um dos quase sorrisos de Shelly aparece quando seu olhar se aproxima

de Jessica.

Finalmente, ela diz: "Eu sou Shelly. ”

"Sim. Eu sei.” Jessica sorri para ela, então levantou a torta. "Eu trouxe uma

torta. ”

"Você já disse isso." Eu olho para a namorada do meu irmão.

Ela está agindo engraçada. Claro, ela sempre foi um pouco engraçada,

mas isso é diferente. Jess parece ansiosa e nervosa; isso me lembra de como ela

costumava agir ao meu redor quando éramos crianças, quando ela tinha uma

paixão por mim e lutava para amarrar três palavras juntas.

"Eu?" Jess continua a sorrir, sua atenção nunca deixando o rosto de Shelly.

"Entre na cozinha, eu tenho pratos." Shelly acena a meu irmão e Jess para

entrar, lançando uma luz pela porta.

Eu não sigo. Eu mal posso acreditar nos meus olhos. O interior da cabana

do Sr. Tanner havia sido transformada. Ainda é pequena, mas não está mais em

ruínas.

A sala onde ficamos, porque a porta da frente se abre para uma sala, está

alinhada com prateleiras. Ela colocou um sofá de couro marrom e uma mesa no

centro da sala junto com uma lâmpada. O mobiliário é esparso, mas é um bom

mobiliário. Parece confortável, definitivamente de alta qualidade.

Uma mesa de console está diretamente à porta da frente com uma grande

bandeja de latão. Eu verifico parafusos e outras ferramentas variados e diversos

espalhados em sua superfície, juntamente com uma grossa carteira marrom.

O local costumava ter tubos visíveis e fiação elétrica; isso não é mais o caso.

As paredes não alinhadas com prateleiras foram cobertas com placa de gesso e

tinta branca fresca. A instalação parece nova. Sobre as paredes pendurada uma
coleção de pinturas cativantes, desenhos e estampas - todas emolduradas e

alinhadas com precisão.

"Em um minuto" Duane chama Shelly. "Eu preciso falar com meu irmão.”

"Tome seu tempo" Jess chama de volta, parecendo tonta.

Enquanto isso, fico estupefato com a transformação do lugar. Não é real

quanto diferente - melhor - parece.

"Parece legal." Duane agora está de pé no atrás de mim e fecha a porta

enquanto eu fico boquiaberto como um idiota na casa de Shelly.

"Está completamente diferente. ”

"Ela deve ter tido muito trabalho com isso. ”

Isso puxa meus olhos para o meu irmão. "Você acha que Shelly fez isso?"

"Bem, o velho Tanner não fez isso, e ele também não contratou ninguém. ”

Eu aceno com a cabeça, lentamente no início, depois mais rápido quando

decido que Duane estava certo. Ela deve ter feito tudo sozinha. Neste ponto, eu

não ficaria surpreso se ela também puder realizar cirurgia no cérebro.

"Ei, por que Jess está agindo assim?"

Duane limpa a mão no rosto. "Oh, bom Deus. ”

"O que?"

"Ela descobriu quem é Shelly. ”

"O que você quer dizer?"

"Eu acho que Shelly é uma artista famosa ou algo assim? Eu realmente

não sei.”

"Jess sabe quem ela é?"

"Sim, é por isso que ela está me incomodando sobre nós nos

encontrarmos. Depois de vê-la no bar, ela lembrou ela. ”

"Huh." Eu deixo isso entrar.


Depois de ver suas esculturas na cabana, e conhecendo aquela que estava

indo para Berlim, não é demais entender que sua arte é famosa.

O que me surpreende é que Shelly não criou o fato de que ela é uma

artista e mundialmente famosa.

Se não tivéssemos tropeçado em suas estátuas anteriormente, ela teria me

contado?

"Ouça." Duane entra mais na sala, suas mãos viram em seus quadris

enquanto ele olha para mim. "Recebi uma chamada de Simone Payton. Ela está

na cidade, mas suponho que você já sabe disso. ”

"Sim. Nós a vimos no Daisy's. Como você sabia onde Shelly mora?"

"Cletus mencionou que ela estava hospedada aqui algumas semanas atrás,

estava na documentação da entrevista. Quando Simone ligou, me dizendo o

que aconteceu, pensei que todos poderiam vir aqui.”

"O que Simone disse?"

A boca de Duane pressiona uma linha dura. "Simone entrou em pânico,

dizendo que você estava no restaurante. Em seguida, os cabeça de merda do

MC caíram em você, tentaram levá-lo a sair com eles. Então ela disse que você e

Shelly fugiram e os Wraiths partiram em perseguição. ”

"Está certo."

O olhar de Duane se intensifica e eu tive a sensação de que ele está

tentando controlar seu temperamento. "Por que você não me ligou?"

"Por que eu iria?" Eu pergunto honestamente, então imediatamente

estremeço.

Droga. Droga, Maldição, droga.


Duane se levantou de volta, e seu controle sobre o seu temperamento

escorrega. "Por que? Você está falando sério com essa merda? Os Wraiths vêm

atrás de você, eles vêm atrás de todos nós."

Suspiro, balançando a cabeça. "O que eu quero dizer é-"

"Ficar por conta própria vai comprar você nada além de problemas.”

"Certo, tudo bem. Se você...”

"Lembra-se do ano passado? Você foi a primeira pessoa que contei

quando eles vieram atrás de mim.”

"Eu sei disso." Eu aperto meus dentes, minha frustração aumentando.

"Você deveria ter me ligado ou enviado mensagens de texto se você

precisava de um motorista. ”

"Shelly nos levou embora, e ela também faz um ótimo trabalho. ”

Duane empurra os lábios, o olhar deslumbrante sobre mim. "Shelly

dirigiu?"

"Sim."

"Ela dirigiu o GTO?"

Eu concordo. Eu ainda estou me recuperando de quão incrível ela foi.

Com a competência e a habilidade, sabendo quando girar, quando mudar a

marcha. Como em outros aspectos da vida, ela é uma motorista tática,

inteligente e controlada.

"Ela é tão rápida quanto eu?"

"Talvez mais rápida." E muito mais sexy.

Duane concorda com a cabeça, algumas das tensões diminuindo de seus

ombros. "Bem, isso é bom. Fico feliz que ela estava lá. ”

"Eu também."
"Agora você quer me dizer por que você conseguiu os Wraiths atrás de

você?"

"Não," eu digo com os dentes cerrados, cansando-me de seus

questionamentos.

O monte de tensão anterior retornaram e seus olhos brilharam.

"O que isso deve significar?"

"Eu quero dizer o que eu disse. Não. Eu não quero te contar. ”

Duane parecia realmente chocado, e seus olhos perderam o foco por um

momento, como se ele estivesse tentando descobrir meu motivo para manter a

informação para mim.

De repente, seu olhar voltou para o meu. "Você está em apuros?"

“Na verdade, não."

Ele levanta as mãos. "O que diabos está acontecendo?"

"Nada-"

"Isso é uma besteira, e você sabe disso." Ele respira profundamente,

claramente tentando controlar seu temperamento e baixa a voz. "Por semanas,

você me deu o tratamento do silencio.”

"Eu dando a você o tratamento do silêncio? Isso é hilário."

Nossa vida inteira foi um episódio gigante de Duane dando a todos o

tratamento do silencio interrompido pela conversa em curtas explosões,

principalmente iniciadas por mim.

"Não é nada engraçado isso, Beau. Você está agindo como eu, sair no

próximo mês, significa que eu deixarei de existir.”

"Bem, você não vai?"

"Não. De jeito nenhum."


Eu rio, exasperado. Por que diabos ele está me dando um momento tão difícil?

Ele é quem está saindo.

"Sim. Claro que sim. Você está indo no meio do mundo, e quem sabe

quando vamos te ver novamente. Não tão cedo. Por que qualquer coisa

acontecendo comigo seria o seu negócio?"

Os olhos de Duane se arregalam até o diâmetro máximo e seu rosto fica

vermelho como eu nunca vi. Ele me ataca, mantendo seu volume baixo mesmo

quando seu tom é enfurecido. "Porque eu sou seu irmão gêmeo, seu idiota!"

Sua súbita veemência me faz fechar a boca. Quando ele está assim –

perdido em um ataque de raiva - a melhor e a única coisa a fazer é deixá-lo se

livrar.

Cruzando os braços, afasto os pés e me preparo para esperar.

"Não foda isso." Ele fala com os dentes cerrados.

"Fazendo o que?"

"Você sabe o que. Como se eu estivesse jogando um jogo.”

"Você não está?"

"Não. Não, Beau. Eu não estou. Estou tentando te dizer algo, e você não

quer ouvir."

"Apenas diga isso.”

"Minha partida não tem nada a ver com você.”

Eu estremeço apesar de tudo, apesar de anos de prática, resistindo ao

humor ranzinza de Duane.

"Eu fui muito claro nisso.”

"Droga, não quis dizer isso assim.”

Eu encolho os ombros, dando-lhe um olhar vazio. "Não importa."


Duane faz um movimento de frustração com suas mãos – como se ele

quisesse torcer meu pescoço - então caminha para longe. "O que você quer que

eu faça? Hmm? Rompa com Jess? Diga-lhe para ir sem mim? Você está agindo

como se eu fosse um traidor por ser feliz e está me irritando. Eu nunca passei

mais de alguns dias longe de você, babaca. No entanto, você pensa que deixar

tudo vai ser fácil para mim?"

Nós nos encaramos, e eu vejo seu tormento. Não me ocorreu que sair,

deixando sua irmã e seus irmãos, também pudesse ser duro com ele.

Duane é mais do que meu irmão.

Ele é literalmente a outra metade de mim.

"Não." Eu limpo a garganta porque eu preciso. "Não, claro que não."

"Então pare.” Sua ira se difundiu, tornando-se desesperada. "Pare de me

dizer que a loja não é meu negócio, e deixe de me cortar das coisas que

importam.”

Olho para a esquerda, onde Shelly colocou várias estantes de livros. Eles

estão sobrecarregados, e a maioria das colunas são azuis, mas eu realmente não

as vejo.

O que vejo são flash do meu passado. Eu vejo alguém, o alguém para

quem eu nunca tive que explicar uma merda, minha pessoa que sabe. Ele sabe

tudo. E eu também vejo alguém que precisava de mim, alguém que eu me

preocupava e cuidava, desde o nascimento até agora.

"Ele é sua responsabilidade," minha mãe dizia. "Estou contando com você."

E então eu vejo o futuro, e ele foi embora, e nada mais é o mesmo.

"Isso é uma merda" eu digo aos livros azuis de Shelly.


"Isso é." A resposta de Duane é áspera, sua voz como lixa. Ele também

limpa a garganta, acrescentando numa voz mais estável: "Então não faça mais

difícil por ser um idiota.”


CAPÍTULO 20

"Nós não temos que visitar um manicômio para encontrar mentes desordenadas;

nosso planeta é a instituição mental do universo.”

― Johann Wolfgang von Goethe

*Beau*

Duane e Jess sabiamente decidiram pegar emprestada a caminhonete de

Billy. Os Wraiths não pensariam duas vezes antes de parar e assediar qualquer

um de nós exceto Billy.

Alguns verões atrás, eu devia ter dezessete ou dezoito anos, dois recrutas

haviam assediado Billy em uma das estradas traseiras. A maneira como Drill

conta a história, Billy acelerou em torno de um cavalo de pau até que estava

fora da vista, depois virou a roda, bloqueando a estrada.

Não o vendo por um tempo, os recrutas armaram direito no Chevy

Silverado, de Billy, em 1985. Billy chamou uma ambulância e ambos os recrutas

acabaram no hospital, mas não antes que ele quebrou o nariz deles, ameaçou

matá-los se isso acontecesse novamente, e assustou a merda fora afastando-se e

os deixando no meio da estrada.

A história que Billy disse à polícia foi completamente diferente. Não é de

surpreender que a polícia acreditou no meu irmão.

Drill tinha uma dúzia de histórias de natureza semelhante sobre Billy.

Todas começavam com alguns idiotas no clube pensando que poderiam

assediar meu irmão e terminavam no hospital. Seu ódio pelo clube de motos

não é nenhum segredo e nenhuma brincadeira.


A caminhonete de Billy foi absolutamente a escolha certa para me pegar

na Shelly e me levar para casa com eles.

Mas, antes de todos nós sairmos, torta.

"Assim... Você e Shelly, hein? " O sorriso torto de Jess está enorme. Eu

posso ver por que meu irmão gosta tanto dela.

Duane, Jess e eu estávamos na pequena cozinha de Shelly, comendo torta.

Shelly acabou de sair para verificar seus cachorros. Eles continuam a latir, mas

também começaram a reclamar.

Eu encolho os ombros, tentando parecer blasé sobre isso e falhando. Sem

dúvida, meu sorriso me traiu.

"Ahh! Isso é tão emocionante." Jess faz uma pequena dança vacilante em

seu assento, sacudindo os punhos de um lado para o outro na frente dela.

"Eu não consigo acreditar em quão diferente está este lugar. A cozinha é

nova.”

Duane, entretanto, estava abrindo e fechando as portas do armário. Ele

terminou sua torta antes do resto de nós. "Você viu o que ela fez aqui? Como

esses armários estão com dobradiças?"

"Quando aconteceu?" Jess inclina os cotovelos na mesa, sua voz caindo

para um sussurro conspiratório. "Duane não vai me dizer nada.”

"Olhe o quão fácil é encontrar coisas aqui. Isso é genial." Meu irmão se

muda para a despensa.

"Não é nada oficial ainda." Olho na direção em que Shelly havia

desaparecido. "Esta noite foi nosso primeiro encontro.”

"Bem, acho que é ótimo.”

"Obrigado, Jess." Eu tenho que concordar com ela, eu também penso que é

incrível.
Meu gêmeo caminha até a mesa. "O que eu quero saber-"

"Bom Deus, Duane. Há muito tempo para admirar os elementos de design

mais finos desta fantástica cozinha. Mas agora estou mexendo com o Beau sobre

a torta. Descanse" Jess sorri para o meu irmão.

Eu tenho que cobrir minha boca para não rir de nada, mas não posso

impedir meus ombros de agitar.

Duane planta um beijo na testa de Jessica e reclama o assento ao lado dela.

"Tudo o que eu diria é, eu quero saber o que aconteceu no jantar, com

aqueles idiotas. Por que eles estão atrás de você?"

Esfregando minha barba, decido que é hora de levar Duane para verdade.

"Drill veio à loja algumas semanas atrás, disse-me que Christine St. Claire

queria uma reunião.”

Duane fica surpreso com esta notícia. "Por que ela quer uma reunião?"

"Eu não sei. Perguntei Drill o tempo que tinha. Eles me encurralaram esta

noite na Daisy's."

"O que aconteceu?" Agora, Jess parece preocupada.

Eu disse a eles a essência disso, como os Wraiths haviam aparecido, como

Shelly e eu os enganamos, como nós conseguimos. Duane fica impressionado -

principalmente pela condução de Shelly - e Jess também. E nesse assunto, eu

também.

"E você não tem ideia de por que a old lady de Razor quer falar com

você." Duane olha para mim, o músculo em sua testa saltando enquanto ele

aperta a mandíbula. Este é sua coisa de pensamento sobre o rosto.

"Não. Drill disse que não poderia dizer.”

"Você acha que é uma armadilha? Eles podem estar querendo envolvê-lo

novamente no seu desmanche." Jess dividi sua atenção entre nós dois.
"Acho que não. Cletus tem aquela coisa que ele está segurando em suas

cabeças, então eu não acho que seja sobre a loja de desmanche." Eu me inclino

para o lado enquanto o som de uma porta que fecha o corredor é seguido por

um latido triste.

"Eu me pergunto o que pode ser." Duane move o olhar para a mesa.

Jess senta-se mais reto quando Shelly aparece, seu rosto se iluminando.

"Como estão os cachorros?"

"Eles se sentem negligenciados." Shelly caminha até a pia e lava as mãos.

"Você não precisa mantê-los em seu quarto por nossa conta." Jess se torce

em seu assento para enfrentar Shelly. "Nós amamos cães.”

"Eu não sei" Duane rouba um bocado da torta de Jess enquanto ela está

distraída, "essas coisas pareciam perigosas.”

"Eles são apenas perigosos se você é rude." Eu afasto a cadeira de Shelly

quando ela se aproxima.

Shelly recupera o assento ao lado do meu. "Eles sentem minha falta. Vou

levá-los para uma corrida amanhã e eles vão ficar bem."

"Falando em falta" olho ao redor da cozinha, "onde está Oliver?"

"Quem é Oliver?" Duane posiciona seu garfo para tomar outro bocado da

torta de Jess.

"Oliver é o seu papagaio.”

"Você tem um papagaio?" Jess bate na mão de Duane mesmo enquanto ela

sorri para Shelly, seus olhos se enchem de admiração.

Com o jeito que ela está olhando para Shelly, e se eu não soubesse que

Jess está apaixonada da cabeça aos pés por meu irmão, eu poderia ter ciúmes.

"Sim. Tenho um papagaio.” Os ombros de Shelly ficam tensos e ela olha

para mim, como se desejasse não ter mencionado isso.


"O que há de errado?" Um sulco de preocupação aparece entre as

sobrancelhas de Jess. "Há algo de errado com seu papagaio?"

Shelly suspira, hesitando, então eu decido responder por ela. "Não há

absolutamente nada de errado com Oliver. Mas tenho certeza de que ele

costumava ser um marinheiro.”

Os olhos de Shelly cortam para os meus e diminuem. "Ele não era

marinheiro.”

"Um pirata?"

"Não." Seus lábios se contraem, mas ela continua apertando os olhos.

"Oh, entendi. Ele conhece palavras sujas." Duane, desistindo de roubar a

torta de Jess, corta um novo pedaço.

"Ele é um resgate." Shelly segura o prato da torta enquanto Duane pega

sua fatia. "Seu dono anterior era um produtor de filmes."

"Corte-me um pedaço também." Eu seguro meu prato. "E que tipo de

filmes esse homem fazia?"

"O dono de Oliver era uma mulher e ela fazia, uh" Shelly coça a parte de

trás da orelha, e depois diz com pressa, "filmes dominatrix.”

"Não brinca?" Duane fala em torno de sua mordida de torta, parecendo

tentar não engasgar.

"Ela era uma sádica.”

"Oh não." O rosto de Jess se contorce de angústia. "Ela não machucou

Oliver, não é?"

"Não. Eu não penso assim." A face de Shelly suaviza a óbvia preocupação

de Jess. "Mas ela ensinou-lhe algumas frases coloridas e deixou-o muito

sozinho. Eu tentei ensinar-lhe um novo vocabulário, mas acho que ele sempre

volta a seu treinamento anterior.”


"Posso conhecê-lo?" Jess pergunta, esperançosamente. "Eu tenho um gato-

"

"Sir Edmund Hilary. Ele continua tentando matá-la," Duane explica,

depois empurra outro bocado de torta na boca.

"- mas eu sempre quis um periquito. A mãe de Natalie Mason tinha dois e

eles se sentavam em nossos dedos. Eles eram tão bonitos.”

"Claro." Shelly concorda com a cabeça, sem parecer certa e empurra para

trás da mesa. "Eu o coloquei na varanda quando eu saí pela manhã, então ele

tem mais espaço. Ele esta por aqui."

"Este lugar tem uma varanda?" Duane olha de Shelly para mim. "Quando

isso aconteceu?"

"Eu fiz melhorias.”

Ela é maravilhosa. Havia algo que ela não possa fazer?

Jess seguiu Shelly enquanto meu irmão e eu comemos nosso segundo

pedaço de torta.

Uma vez que elas estão fora do alcance do ouvido, Duane bate na mesa.

"Ei, você deveria perguntar a Claire."

"Pergunte-lhe o quê?"

"Pergunte-lhe sobre o que Christine pode querer. Claire pode ter algumas

ideias sobre o que a mãe dela quer contigo.”

Coço meu queixo, debatendo os méritos dessa ideia.

Mas antes que eu posso responder, somos interrompidos por um grito

apavorado que fez com que Duane e eu compartilhássemos um olhar de

alarme.
Saltando para a ação, nós dois nos dirigimos para a parte de trás da

cabana, seguindo os passos que Shelly e Jess foram momentos antes. Nós

abrimos a porta enquanto um outro grito enche o ar.

Duane passa por mim e encarrega-se de Jess, virando-a para ele e

segurando-a. "Você está bem?"

"Estou bem. Está bem-"

"É assim que ele diz oi." O rosto de Shelly está amassado em uma careta.

"Ele grita quando eu o apresento a pessoas novas.”

Oliver solta outro grito horripilante.

"Santo Inferno." Duane afasta-se do papagaio, agora empoleirado em uma

luva de couro cobrindo o braço de Shelly.

"Inferno. Inferno. Inferno." O pássaro cantou.

"Eu tento não falar em torno dele porque ele imediatamente irá repetir."

Shelly olha tristemente para Oliver. "Você é um bom pássaro.”

"Bom pássaro. Darin é um bom pássaro," ele ecoa obedientemente.

"Quem é Darin?" O rosto de Duane fica nervoso.

"Viu?" Shelly vira olhando esperançosamente para mim. "Ele pode

mudar.”

Mas então, Oliver diz: "Curve-se cara de bunda."

E o sorriso de Shelly cai.

"Oh, meu." Jess e Duane trocam um olhar.

"Ele tem uma linha sobre galos também" aviso.

"Galos?" Jess olha para mim interrogativamente.

"Eu acho que ele quer dizer p-a-u-s" Duane tenta sussurrar, mas todos nós

ouvimos isso.
E, aparentemente, Oliver pode soletrar, porque ele anuncia: "Paus são

para os íntimos!"

No silêncio que se estica após o pronunciamento de Oliver, compartilho

um olhar rápido com Duane e sei que ambos estávamos pensando no mesmo,

na mesma noite há mais de um ano, e brincávamos sobre paus. Mas eu não

consigo segurar seu olhar sem rir, então nós dois olhamos para o teto, rolando

nossos lábios entre nossos dentes.

"Não é engraçado," Shelly diz, como se ela estivesse repreendendo a si

mesma. Sua declaração chama minha atenção para ela. Ela também está

pressionando seus lábios juntos e parece perto de se perder também. Mas ela

também parece culpada, como se estivesse se culpando pela vontade de rir.

"É engraçado." Duane dá-lhe um sorriso raro, então estende a mão e a

acaricia no braço.

Eu piso e esfrego suas costas, precisando explicar por que a frase de

Oliver tinha atingido um osso engraçado com a gente. "Na semana anterior à

morte de nossa mãe, todos contamos piadas de galo e galinha, apenas para

ouvir sua risada.”

Duane dá um aperto ao braço de Shelly antes de deixar sua mão cair. "Às

vezes, as coisas são tristes e infelizes. Mas encontrar o engraçado em uma

situação pode tornar o triste e infeliz mais suportável.”

EU NÃO CANCELO como o Hank, mas eu queria.

Em vez disso, acordo na mesma hora que os criminosos vão para a cama,

pegando o café e arrastando minha bunda para a sua casa no Lago Bandit para

a pesca da quarta-feira.
"Você parece uma merda." Ele sorri, e então ergue o queixo em direção ao

meu carro.

"Onde está o GTO?"

"Você não quer saber." Pego meu equipamento de pesca do banco de trás

do carro velho de Cletus e passo por Hank, ignorando seu McMansion e

fazendo uma linha de segurança para a doca.

Ele cai no passo ao meu lado. "Noite longa?"

"Sim."

Percebi Hank hesitar antes de perguntar: "Você e Patty?"

Parando brevemente, eu olho para o meu amigo. "O que há de errado com

você? Eu sei que você tem uma coisa por ela desde a primavera. Que tipo de

amigo eu seria se...

"Recolha suas penas." Ele levanta as mãos. "Eu só estou perguntando."

"Bem, não faça perguntas estúpidas." Continuei minha marcha em direção

ao barco, vê-lo vermelho e cuspidas unhas.

Aqui estou eu, fazendo questão de sair pescando depois de cancelar com

Hank na semana passada, querendo ser um bom amigo. E o que ele faz? Acusa-

me de ir atrás da mulher em quem ele está interessado. Que diabos?

"Eu-uh-eu tenho algo que eu preciso te contar." Hank inclinando-se para

perto enquanto caminhamos, sua voz baixa.

"Sobre o quê?"

"Não fique zangado. Desacelere."

Eu não diminuo a velocidade; eu estou pronto para pescar.

Olhei para ele de novo. "O que você fez?"

Ele fez uma careta. "Não é grande coisa."

"Então por que você está fazendo essa cara?"


"Porque-merda." Hank puxa meu braço, me fazendo parar, sua atenção se

fixa em algum ponto em nossa frente.

Confuso, eu sigo sua linha de visão e meu interior caiu. A mais de seis

metros de distância está Christine St. Claire e Drill.

Para seu crédito, a expressão da mulher não é presunçosa. Ela não está

sorrindo. Ela está apenas olhando para mim com expectativa, como Vamos

acabar com essa merda, vamos?

Soltando um suspiro gigante, fecho meus olhos e abano minha cabeça. Eu

teria rido se não estivesse tão chateado com Hank.

"Nós vamos dar-lhe uma certa privacidade." A voz rude de Drill me faz

abrir os olhos em uma fenda e olhar para Hank.

Meu amigo tem o bom senso de se sentir culpado. Ele também tem o bom

senso de abster-se de oferecer desculpas por seu comportamento de merda. Ele

agarra meu equipamento de pesca, me dá um sorriso apertado e com remorso e

sai com a vara em direção ao barco.

Eu os assisto sair, fazendo todos os tipos de planos para retribuir. Talvez

eu consulte Cletus sobre o assunto. Ele é o rei da retribuição depois de tudo.

A old lady de Razor limpa a garganta, voltando minha atenção para ela.

"Vou dizer o que preciso dizer e depois deixá-lo em paz." Seu olhar escancarado

sobre mim, então ela acrescenta: "Se é isso que você quer.”

"Seja o que for, a resposta é não." Canalizando meu Duane interior, cruzo

meus braços.

"Não estou aqui para fazer perguntas ou favores.”

Sim, vamos ver. Não confio nessa mulher. Mesmo que minha mãe não

tivesse me avisado de que ela era uma senhora ruim, eu vejo como ela trata sua

filha - como Claire é propriedade de Razor Dennings, como se o homem


pudesse fazer o que quer porque ela é o sangue dele - e até onde estou

preocupado, Christine St. Claire é irremediável.

Christine enfia as mãos nos bolsos traseiros. Ela está vestindo um jeans

ajustado, uma camisa azul e uma jaqueta de couro preto. Nunca a vi sem a

jaqueta de couro; isso a marca como propriedade de Razor.

"Você não está fazendo isso muito fácil." Ela olha para o lago, um sorriso

de aspecto amargo em suas características.

"Senhora, estou cansado. Caso esqueça, eu estive fora na noite passada."

"Sobre isso," seu olhar pisca para o meu e depois se afasta, "Eu vejo agora

que eu estava errada, perseguindo você assim. Eu deveria saber mais. É por isso

que somos apenas Drill e eu esta manhã. Eu não queria assustá-lo."

"Eu não tive medo. Eu estava irritado."

"Eu não quero lhe fazer mal. Eu disse a eles que os garotos não o

perseguissem.”

"OK."

"Você tinha Duane no carro? Ele sempre foi um ótimo motorista." Ela me

dá um sorriso pequeno, como ela conhecesse Duane, como se ela conhecesse

meu irmão.

E foi o pequeno sorriso que colocou os cabelos finos na parte de trás do

meu pescoço em alerta.

Isso não está certo.

Eu fico tenso, dando um pequeno passo para trás.

Eu preciso ir. Eu preciso sair daqui.

Meu coração dispara, alertando-me de um perigo iminente.

Instintivamente, olho ao redor da floresta que alinha o lago, procurando uma


ameaça e não encontrando nada, apenas a quietude do início da manhã, árvores

silenciosas e grama serena.

Isso não está certo. Algo não está certo.

"Beau-"

"Eu não tenho nada para dizer a você." Eu balanço a cabeça, sabendo

intuitivamente que não vou gostar do que ela planejaria dizer.

Eu tinha me virado meio caminho, com a intenção de deixar minha vara

de pesca com Hank e sair daqui quando ela deixou escapar "Eu sou sua mãe,

Beau.”

Eu paro.

Parei porque meu coração parou.

Minha respiração parou.

O tempo parou.

Na vida, há três períodos de tempo: antes, depois e agora. Isso acontece

muito raramente, mas houve alguns casos em que eu já experimentei o limbo do

agora com alguma clareza: quando nosso pai colocou Billy no hospital e todos

pensamos que ele iria morrer. Quando Duane caiu de uma árvore e ficou

inconsciente. Quando Ashley partiu para a faculdade e eu sabia, eu sabia que ela

nunca mais voltaria. Quando minha mãe morreu.

Este momento é o agora. Não havia escapatória. Não havia volta para

antes e não tinha vontade de viver no pós.

"Você me ouviu?"

Tecnicamente, eu estou ciente de que ela se aproxima. Eu a vi na minha

visão periférica, com as mãos ainda enfiadas em seus bolsos traseiros, seus

olhos em mim, sua jaqueta de couro ainda no lugar, marcando-a como a

propriedade da Razor Dennings.


Eu respiro.

Meu coração começa.

E o tempo começou de novo.


CAPÍTULO 21

“Nada é tão doloroso para a mente humana como uma mudança ótima e

repentina.”

- Mary Wollstonecraft Shelley, Frankenstein

*Beau*

Eu dirijo para casa. Estaciono o carro de Cletus onde achei. Entro,

andando até a biblioteca e tiro os álbuns familiares do ano anterior a que Duane

e eu nascemos.

Não havia muitas fotos de Mamãe - de Bethany - ela costumava ser quem

tirava as fotografias. Então eu folheio e folheio, procurando.

Agosto, setembro, novembro, dezembro...

Quatro fotos. Ela não estava grávida em nenhuma delas.

“Merda.” Eu afasto o livro, minhas mãos tremendo e tropeço em uma das

cadeiras.

Meus pensamentos estão muito altos, circulares, consumindo, e

completamente involuntários. Eu não posso ver e não consigo ouvir e não

consigo pensar.

Pressiono a base das minhas palmas nas órbitas dos olhos e respiro

incapaz de fazer qualquer coisa além de sentar lá, preso em um rescaldo de caos

e miséria.

“Beau?”

Alguém está chacoalhando meu ombro. Olho para cima. É Billy.


“Ei.” Seus olhos se movem sobre meu rosto. “O que está errado?”

Eu balanço a cabeça, sem saber o que dizer. Como eu poderia dizer isso?

Como eu poderia mesmo pensar?

Billy olha para mim, sua testa enruga, à medida que sua preocupação

aumenta visivelmente. Rasgando os olhos dos meus, ele olha em volta da

biblioteca até encontrar os álbuns de fotos onde eu os deixei cair no chão ao

acaso.

Deixando-me, pega o álbum, folheia algumas páginas e depois se acalma.

Eu o ouço exalar.

“Como você descobriu?”

Eu engasgo.

Com nada.

Na verdade, engasgo com choque.

“O quê?” Minha voz quebra.

Ele se vira para mim, com os olhos sóbrios, conhecedores. “Como você

descobriu?”

“Christine me disse” eu digo automaticamente, porque não tenho certeza

de que estamos falando sobre o mesmo assunto. Como nós podemos? Como ele

poderia saber?

Mas ele sabe.

Billy o bravo. Billy o destemido. Billy o forte. Billy, nosso grande protetor.

Ele parece envergonhado. “Ela não deveria ter feito isso.”

Tantas perguntas. Não consigo descobrir o que perguntar primeiro, mas

minha boca está formando palavras, embora eu não tenha decidido o que dizer.

“Quem mais sabe?”


“Na família, só eu. A avó Oliver sabia. Daisy, juiz Payton e Sra. Cooper....

Eu acho. Eles ajudaram a passar pela papelada.”

Um pensamento ocorreu-me e virou meu interior. “Os Pooles sabiam?”

Leva um momento, mas então vejo que ele percebeu de quem eu estou

falando. “Não. Não acho que os Pooles saibam.”

“Mas você não tem certeza?”

“Beau” o músculo na testa de Billy salta, “essa garota te fez um favor.

Toda a família virou o nariz para todos nós.”

“Sim, mas ela não quis se casar comigo,” aponto para o meu peito,

“embora pensasse que ela estava carregando o meu bebê.”

“Ela não estava grávida. Foi um alarme falso. Você não a ama.”

“Mas ela não sabia disso na época.”

“Beau, deixe de ficar louco. Andrea Poole é jovem e estúpida não tem

nada a ver com você, e tudo a ver com ela ser jovem e estúpida. Muitas pessoas

de dezesseis anos não querem...” Ele pausa, fechando os olhos e esfregando o

maxilar antes de terminar, “casar com os namorados da escola secundária. Não

é porque você era adotado.”

“Adotado.” Repito a palavra. É uma palavra que eu teria que me

acostumar. Eu sou adotado.

“Algumas pessoas da cidade - pessoas que já estiveram por perto - sabem

que você e Duane não são da Mãe. Não dos Pooles também” ele ressalta,

“porque eles se mudaram para cá muito mais tarde. Mas ninguém que se

lembra da adoção sabe quem são seus pais biológicos.”

“E ninguém nunca disse nada.”

“Por que eles diriam?”


Eu não sei como responder isso porque parece tão óbvio para mim. Você

não esconde o fato de que uma pessoa é adotada. A menos que... a menos que...

“Quem é o pai?” Eu me sinto muito longe da conversa, como se

estivéssemos falando sobre outras pessoas.

Billy parece surpreso com a minha pergunta, como se isso o confundiu.

“Ela não lhe disse?”

“Não. Isso é…”

Não consigo falar as palavras. Eu não posso perguntar. Crescendo, me

reconciliei com o fato de que Darrell Winston era meu pai. Ele era um lixo, mas

Razor Dennings...

“Darrell.” Billy fecha o álbum e cruza comigo, colocando-o na mesa

lateral. “Darrell e Christine. Eles são seus pais biológicos.”

Eu expiro, fechando os olhos e recostando-me na cadeira. Nunca pensei

que veria o dia em que eu estaria realmente aliviado de que Darrell Winston

fosse meu pai. E agora eu sei que o idiota não só batia na minha mãe, mas

também a enganava... E manteve o dano colateral sob seu telhado.

Tal. Um. Bastardo.

Mas, novamente, eu sempre pensei que o bem em mim veio da minha

mãe, de Bethany.

“Não importa Beau.” A urgência na voz de Billy me faz abrir meus olhos.

Meu irmão, meu meio irmão, está sentado na cadeira em frente a minha, os

cotovelos nos joelhos, inclinando-se para mim. “Você era da mãe. Duane era da

mamãe. Ela não lhe disse por que não queria que você pensasse de maneira

diferente.”

“Por que ela lhe contou?”


Os olhos de Billy baixaram para as mãos. “Ela não fez. Eu encontrei a

documentação de adoção e eu a confrontei sobre isso.”

“Você não lembra? Ela não estar grávida? Vindo para casa com dois

bebês?”

Ele balança sua cabeça. “Não. Eu tinha apenas seis anos. Jethro tinha

apenas sete anos. Ela vinha nos contando por um tempo que ela teria outro

bebê. Então ela saiu uma tarde, disse para cuidar bem de Ashley enquanto ela

ia embora. Ela voltou no dia seguinte e ela tinha dois bebês. Ela disse que foi

duplamente abençoada.

Fecho os olhos novamente. Eu não suporto isso. Minha garganta funciona.

Não consigo engolir.

“Não ocorreu comigo,” Billy continuou, seu tom distante. “E se não

aconteceu comigo, então você sabe que não ocorreu com Jethro também.”

Não me mexo. Parte de mim espera que isto fosse um sonho, um pesadelo

e eu me agarro a essa esperança. Eu mentalmente me sacudo e digo para eu

acordar. Eu não faço.

“Beau…”

“Pare de falar. Por favor.”

O que eu faria agora? Este não é o fim do mundo, mas sinto como o meu

fim. Eu queria me sentir traído por mamãe - Bethany - mas eu não faço. Eu me

sinto grato. Eu nunca quis saber a verdade, e eu ainda não quero.

“Ela é uma pessoa terrível.” Novamente, minha boca está formando

palavras sem que eu decida o que dizer.

“Mamãe?”

“Não. Christine. Levanto minhas pálpebras e olho para o meu irmão. “No

ano passado, ela ia deixar Razor cortar Duane.”


“O quê?” Billy endurece. “Quando foi isso?”

Deixo passar sua pergunta. Eu não tenho energia para responder suas

perguntas.

“Ela ia deixá-lo esculpir seu nome em Duane. Ela deixaria. Ela não fez

nada para detê-lo.”

Billy continua a olhar para mim, e eu posso ver que ele está se segurando

para pedir mais detalhes.

“Eu não quero que essa mulher seja minha mãe.” Eu balanço minha

cabeça. “Eu não quero que ela seja a mãe de Duane.”

“Não diga a ele.” As sobrancelhas de Billy passam sobre a testa, sua

expressão bem viva, como se ele estivesse me dando uma ordem. “Você o salva

do que está sentindo. Não diga a ele. Ele não precisa saber.”

Ele é sua responsabilidade, eu estou contando com você. Você o mantém seguro.

“De onde vem o bom?” Pergunto. “Como podemos ser bons se esses são

nossos pais?”

As características de Billy suavizam consideravelmente. Não com

piedade, mas com compreensão.

“Não. Não pense nisso. Você e Duane, e... Claire nesse assunto, você é a

melhor pessoa que conheço. Vocês três têm isso em comum.”

Claire.

Comecei sentando-me diretamente para cima. “Claire.”

Billy aperta os lábios juntos como se estivesse molhando os dentes.

“Claire é minha irmã.”

Ele concorda, apenas uma vez. Percebo uma mudança para ele, como se

ele estivesse se retirando, afastando-se, mesmo que ele esteja perfeitamente

imóvel.
“Ela sabe?”

“Eu não sei. Eu não penso assim.” Billy sacode a cabeça, sua voz áspera e

esfarrapada.

Eu penso nisso. Eu conheço Claire toda a minha vida, principalmente na

periferia. Ela é a amiga de Jethro e Cletus. Eu não a conheço tão bem quanto

qualquer um deles.

Ela gostaria de me conhecer?

E como eu poderia dizer a verdade a ela sem contar a Duane também?

“OLHE QUEM FINALMENTE decidiu aparecer.” Cletus cumprimentou-me

com as duas mãos seus quadris, de pé, fora da garagem. “Eu estava prestes a

enviar uma festa de busca, mas nenhuma das dançarinas exóticas de Hank está

acordada a essa hora do dia.” Cletus faz uma pausa pensativa e depois

acrescenta: “Exceto Hannah.”

Passo pelo meu irmão e entro na garagem, indo direto para as escadas que

levam ao segundo andar. Billy levou-me a Daisy para tomar uma xícara de café

e uma rosquinha, depois me deixou na loja. Não tínhamos falado muito, e não

estava com fome, mas sentar com alguém que conhecia a verdade e entender a

profundidade e amplitude do meu dilema fez um monte de diferença.

É como ser apanhado em uma tempestade, cego pela chuva, vento e

escuridão da minha própria criação, dos meus próprios desejos e anseios.

Minha mãe está viva.

Mas ela não é Bethany.

Eu tenho outra irmã.

Mas ela nunca pode saber.


Minha mente ainda está uma bagunça, mas havia merda que precisava

fazer. O óleo precisava ser trocado. Os pneus precisavam ser arrumados. Achei

que poderia trabalhar nos carros e trabalhar com as revelações da manhã ao

mesmo tempo.

Felizmente, Cletus não me seguiu pelas escadas. Eu consigo me trocar em

relativa paz até o som de alguém fechando a porta me fazer olhar por cima do

meu ombro.

É Shelly. Eu pisco assustado, porque eu me esqueci completamente dela.

Eu estava tão embrulhado na minha própria bagunça, que é como se ela tivesse

desbotado no fundo dos meus pensamentos.

Oh. Então é assim que é. E agora eu me sinto como um idiota.

“Oi.” Ela está me dando seu quase sorriso. “Eu estava preocupada com

você.”

“Eu sinto muito. Eu,” eu hesito, lambendo meus lábios. Eu não quero

mentir. Mas eu também não posso dizer a ela a verdade. Ninguém mais pode

saber, não até eu decidir o que fazer.

Ela se aproxima até que está de pé diretamente na minha frente, seu lindo

olhar movendo-se sobre meu rosto. “Eu tenho algo que deveria te dar, mas

esqueci.”

“Oh?”

Shelly passa para mim um pedaço de papel dobrado, e então coloca as

mãos para trás.

“Para sexta-feira, para a nossa consulta. Trata-se de terapia de exposição,

também às vezes chamada de terapia de inundação.”

Abrindo e depois digitalizando o papel, não consigo ter a menor ideia.


“E eu menti” ela acrescenta com pressa. “Não me esqueci de lhe dar o

papel. Eu queria, mas eu me preocupava com isso, depois da semana passada e

como eu me comportei com meu irmão. Eu não quero que você se sinta

pressionado a ajudar.”

Eu levanto meu olhar para o dela, tendo consolo no duplo salto do meu

coração.

“Eu vou tocar em você. De propósito. Para interromper minhas

compulsões para... “

Ela está torcendo os dedos, trocando o peso de um lado para o outro.

“Você não precisa ir. Posso dizer a Dra. West que surgiu algo.”

“Não. Eu quero. Eu estarei lá. Eu quero ajudá-la.” Minha voz soou áspera,

provavelmente devido à culpa.

Como eu pude esquecer dela? Como ela pode estar em outro lugar além da

primeira linha dos meus pensamentos?

“Você está bem?” Seus olhos se estreitam ligeiramente e ela inclina o

queixo. “Fiz algo de errado?”

“Não,” respondo imediatamente, minhas mãos se aproximando de seus

braços. “Não. Você é incrível. Obrigado pela noite passada. Obrigado por ser

uma excelente motorista.”

Algumas preocupações diminuem de sua testa, mas seu tom é solene.

“Ontem você disse que sou um motorista sexy.”

“E você é.” Eu concordo, com entusiasmo, puxando-a para um abraço

apertado. Depois de um momento de hesitação, seus braços me rodeiam e

apertam.

Ela parece bem. Suave e forte, sólida e real. Ela parece como uma âncora

nesta nova tempestade. Segurança.


“Você dá os melhores abraços.” Sinto sua curva com um sorriso.

Abaixo meus lábios contra seu ombro e a beijo no local que eu sei que ela

gosta.

“Então devemos nos abraçar para sempre.”

“Então, como vamos trabalhar?”

“Nós podemos trabalhar e abraçar ao mesmo tempo.” Eu forço a

provocação na minha voz, bom humor que eu não sinto.

Eu precisava disso. Eu precisava de um marco. Eu precisava do normal. E

de alguma forma, tão rapidamente, Shelly tornou-se o que eu precisava.

Ela sorri. “Tenho certeza de que seus irmãos não se importarão. E não

seria nem um pouco difícil trabalhar enquanto a gente se abraça.”

Eu me inclino, sorrindo para ela. “Esse sarcasmo é uma variedade

lúdica?”

Shelly morde o lábio inferior para disfarçar um sorriso, seus olhos

brilhantes enquanto ela olha para mim.

Puxando-a novamente, dou-lhe um beijo. E depois outro, e outro. E esse é

o meu erro.

Ela pega minha mão no caminho para o peito dela. “Beau-”

“Você parece tão bem. Eu amo o que você parece.” Eu coloco meus dedos

em suas costas.

“Espere.” Ela ergue o queixo, virando o rosto para o meu. “Beau, espere,

pare.”

Eu faço. Eu paro. Abaixei minha testa para o ombro dela. Respirando com

força, minha cabeça nadando com a sensação de seu corpo, o cheiro dela, o

calor de sua boca.

Apenas me deixe afogar em você, eu quero implorar.


Suas unhas penteiam os cabelos na parte de trás da minha cabeça e depois

atravessam minha barba. Ela espera, me acariciando, dando beijos na minha

testa.

“O que está acontecendo?”

“Não sei por onde começar.”

Suas mãos param, provavelmente devido à desolação do meu tom. “Nós

não fizemos novos planos ontem à noite.”

“Não, nós não fizemos.”

“O que você fará esta noite?”

Apertando os olhos, suspiro, hesito, discutindo os impulsos escuros.

Seria tão fácil, tão fácil, perder-me nesta mulher bonita, complexa,

atraente e notável. Ela não merece isso. Ela não merece ser isso para mim. Ela

não é minha fuga. Eu preciso classificar minha própria merda, não me

aproveitar dela com os meus problemas.

Eu deveria estar ajudando a ela. Ela é alguém com diagnóstico.

Endireitando, solto, dando uma volta, esfrego minha testa. “Vamos ver...”

Volto ao meu armário, tentando analisar minha mente desordenada o suficiente

para inventar uma desculpa incrível. “Eu acordei cedo esta manhã, para pescar

com Hank, e acho que não serei boa companhia esta noite.” Tecnicamente

verdadeiro. “Que tal amanhã? Ou sexta-feira após a consulta?”

Senti o peso de seus olhos no meu perfil. “Sexta-feira está bem,” ela diz,

parecendo distante, distraída.

Eu aceno com a cabeça uma vez, sabendo que fiz a escolha correta mesmo

quando meu peito se estreita, tornando quase impossível respirar.

Por algum milagre, consigo um pequeno sorriso. Mas eu não posso olhar

para ela quando eu digo: “Ótimo. Vamos ao trabalho.”


Eu cometi erros, sem pensar, todo dia na quarta-feira.

Como usar o óleo do motor SAE 5W-30 para uma mudança quando eu

deveria ter usado SAE 10W-30. Ou quando tiro um parafuso durante uma

mudança de pneu de rotina e tenho que usar um kit para removê-lo. Então eu

ignoro a especificação de torque, não presto atenção à direção do interruptor, e

o pneu cai.

Cada vez que eu abusava, Shelly estava lá, entrando, me ajudando a

resolver o problema.

“Desculpe,” eu murmuro, “e obrigado.”

“Você é bem-vindo,” ela dizia. Mas isso logo se torna: “Eu vou fazer isso

por você.”

Quando ela não está endireitando minhas bagunças, sinto seus olhos em

mim. Cada vez que eu olho, a encontro olhando, seu brilho se intensifica, como

se ela estivesse tentando ler meus pensamentos e comunicar os dela ao mesmo

tempo.

Eu não posso ver claramente, não consigo ler Shelly porque não consigo

me ler. Eu estou distraído.

Assuntos complicando, não consigo fazer contato visual com Duane -

então o evito - e Hank está me chamando sem parar. Ele deixa sempre uma

mensagem de voz. Eventualmente, desliguei meu telefone completamente. Eu

não estou pronto para lidar com ele. Não consigo nem pensar nele com muita

coisa acontecendo. Ele me enganou, mas não é o caminho na lista das minhas

preocupações agora.

De onde vem a bondade? Transformou-se em, talvez haja mais em Christine do

que penso. Talvez tenha algo de bom nela, o que me pergunto como foi à infância
dela? Talvez haja uma explicação para suas escolhas. Talvez eu deva dar-lhe o benefício

da dúvida.

Mas toda vez que chego a essa conclusão, lembro-me de como ela estava

parada enquanto Razor Dennings ameaçava cortar Duane no outono passado.

Não havia desculpa para isso. Não havia explicação para deixar alguém

fazer isso com seu filho.

Desde que estou correndo atrás o dia todo, eu termino o trabalho muito

mais tarde do que o esperado. Cletus está programado para fechar e Shelly

ainda não saiu, mas não estou com vontade de falar com ninguém.

Quando finalmente termino com o meu último trabalho, subo as escadas

para pegar minhas coisas.

Assim que eu abro meu armário, vejo o papel que Shelly me deu no início

do dia.

Eu pego. Eu abro. Está intitulado Terapia de Prevenção de Resposta à

Exposição para TOC. Eu também vi que a Dra. West escreveu seu nome e número

no papel com instruções para chamá-la antes da consulta na sexta-feira.

Curioso e feliz pela distração, eu leio todo o papel na minha curta

caminhada para um dos carros emprestados da loja. O GTO ainda está na

Shelly e eu não quero esperar Cletus terminar, então um empréstimo é bom

para mim.

“Beau!”

Olho para cima do papel, virando meu ombro para encontrar Shelly

correndo para mim.

“Ei.”

Seu olhar pisca entre mim e o papel. “Você está saindo? Você quer que eu

o leve até minha casa para que você possa pegar seu carro?”
“Não, obrigado. Vou pegar um dos carros emprestados.”

“Tudo bem.” Ela assenti, olhando o carro do POS atrás de mim. “Você

tem certeza? Não me importo. Eu vou sair um minuto.”

“Está bem.”

“Você está bem?”

Nós trocamos olhares, e no momento quase lhe digo. Eu quase conto a ela

sobre o míssil que detonou na minha vida no início do dia.

Não a sobrecarregue com isso.

“Eu sempre estou bem.” Eu dou um sorriso e fui ao velho carro. “Vejo

você na sexta.”

Ela me observa através do pára-brisa durante alguns segundos, como se

quisesse dizer mais, e depois se vira e volta para a loja. Eu a vejo ir, uma

sensação se afundando no meu peito. Quando ela voltou para a loja, tiro minha

celular e ligo.

Ignorando as vinte e duas mensagens de Hank, deixo a loja e dirijo alguns

minutos até eu chegar a uma saída. Sentado ocioso, mas principalmente

escondido no lado da estrada, navego pela internet do meu telefone e passo os

próximos dez minutos lendo sobre terapia de exposição.

E então eu dirijo para casa, certo de que o melhor uso do meu tempo na

quinta-feira - o que é o meu dia de folga - seria pesquisando e aprendendo tudo

o que pudesse sobre o assunto. E então eu chamaria a Dra. West.

Eu quero estar preparado para ajudar Shelly.

EU PEDI AJUDA A DRA. WEST na manhã de quinta-feira e ela me ligou de

volta naquela tarde.


“Desculpe pelo atraso na chamada.” Eu não quis dizer que a relutância de

Shelly em me dar o documento informativo - e o número de telefone da Dra.

West - foram o motivo do meu atraso.

Foi, mas não ia jogar Shelly sob o ônibus.

“Está perfeitamente bem. E saiba que você não tem obrigação de vir

amanhã se preferir não.”

“Não. Eu definitivamente quero ir.”

“Posso sugerir que você rejeite seu compromisso até depois que

falarmos?” Eu ouço a médica respirar fundo. “Você pode mudar de ideia.”

Eu balanço a cabeça, embora ela não possa me ver. “Tenho pesquisado

terapia de prevenção de exposição por toda a manhã. Eu sei que pode ser difícil

de assistir. Por outro lado, também parece ter provado ajudar muitas pessoas.

Eu tenho preocupações, mas primeiro eu quero lhe perguntar sobre o medo de

Shelly de tocar.”

“Continue. Vou responder o que posso.”

“Não parece consistente. Às vezes, se eu já estou tocando nela, é como se

ela não tivesse medo de me tocar em qualquer lugar. E às vezes, mesmo que eu

já a toquei, é como se ela não pudesse me alcançar.”

“A única resposta que posso dar é que os padrões e as regras para

algumas obsessões têm mais sentido lógico do que outros. Às vezes, eles não

parecem fazer nenhum sentido. Eles não precisam, é tudo irracional. A

experiência de uma pessoa com TOC pode ser noturna e diferente de outra

pessoa. As regras para o que desencadeia a ansiedade podem mudar

diariamente, ou talvez nunca mude ao longo da vida de uma pessoa. Os

detalhes e os padrões mais finos que envolvem a aversão de Shelly ao toque


pode ser aplicado de forma um tanto desigual - com base se você já a está

tocando - não me surpreende.”

“Hmm...”

Eu não aprofundei demais nos diferentes tipos de TOC, mas eu li tudo o

que pude encontrar na Terapia de Prevenção de Resposta à Exposição como um

tratamento para o transtorno. A essência do procedimento é expor o paciente -

Shelly - ao que ela temia e, em seguida, impedi-la de ritualizar sua resposta, como os

documentos acadêmicos descrevem.

Um dos exemplos que encontrei foi sobre uma mulher que tinha medo de

germes.

Ela foi forçada a enfiar as mãos em um banheiro e depois mantê-las ali

por horas.

Ela gritou e implorou. E então, depois de um tempo, ela se acalmou. E

então ela teve que seguir um plano por meses onde ela estava exposta ao seu

medo e tinha que trabalhar com isso. Quando acabou, e em suas entrevistas nos

próximos meses, ela falou sobre como mudou sua vida para melhor. Que isso

salvou sua vida.

Os sites que eu li descrevem a terapia como uma forma de uma pessoa

enfrentar seu medo em um ambiente seguro, perceber que o medo é irracional e

impedir que a pessoa se envolva na compulsão como forma de evitar o medo.

Isso fazia sentido. Mas também me preocupava com Shelly. Ela

claramente está lutando com o toque inicial por anos, e agora nós poderíamos

consertar isso? Não parece provável.

Mas essa não é minha maior preocupação.

“Como você vai ter certeza de que ela não se auto prejudica mais tarde?

Em casa quando ela está sozinha?”


“Esse não é o padrão de Shelly. Quando ela estava se cortando, ela tinha

que fazer isso imediatamente depois de tocar uma pessoa. Ela se desculpava no

banheiro. Ela carregava pacotes de navalhas com ela. Ela tinha que fazer

imediatamente.”

“Mas você não disse que a compulsão pode mudar?”

“Não, eu disse a aversão - o medo, o pensamento obsessivo - que

geralmente é a parte mais irracional da equação, isso pode mudar e é difícil se

esconder. Mas a compulsão, a parte que fornece alívio, a maior parte do tempo

precisa ser seguida com precisão. Mas, novamente, cada caso de TOC é

diferente. Nunca falarei em absoluto sobre esta desordem.”

“OK. Eu acho que entendi.”

“Bom. Vamos ver, a sessão de amanhã será de várias horas e ela não terá

oportunidade de se auto prejudicar. Eu vou ter um enfermeiro masculino

presente.”

O que é isso?

“O quê?” Eu pergunto bruscamente, incapaz de manter o pico de alarme

da minha voz.

“Não, não, não. Ela não gosta quando as pessoas a tocam, mas ela confia

em mim.”

A médica não responde imediatamente e tenho a sensação de que ela vai

discutir então eu acrescento: “Você decide. Eu não vou se você trouxer um

estranho.”

Apenas a ideia das mãos de outra pessoa contra ela, isso me fez querer

quebrar algo. Muitas coisas.

“E se ele esperar lá fora? E se você não conseguir - por qualquer motivo -

evitar que ela se machuque, pediremos que ele entre.”


“OK. Isso é justo.” Mas eu vou mantê-la segura.

“Vamos chegar aos detalhes. Existem cinco condições que devem ser

cumpridas.”

A Dra. West passou pelos próximos minutos explicando as condições

obrigatórias da terapia: graduada, prolongada, repetida, sem distração e sem

compulsão. Então ela explica o significado de cada uma, como serão aplicados

na tentativa inicial, e diretrizes sobre como deveriam ser seguidas na próxima

semana.

“De sua perspectiva amanhã, seu papel nisso será sentar-se calmamente

enquanto ela o toca. Ela pode não ter sucesso desta vez, e isso significa que

teremos várias semanas de sessões à nossa frente. E se ela fizer um avanço

inesperado, então precisará ser constantemente reforçado. Ela tem um plano,

que ela e eu elaboramos juntas há mais de um mês, especificamente por sua

aversão ao toque. Ela já fez um plano antes, para uma obsessão diferente, e isso

funcionou bem para ela. Ela tem confiança, mas preciso que você entenda que

este é apenas o primeiro passo.”

“Sim.” Fecho os olhos, esfregando minha testa. “Compreendo.”

“Além disso, Shelly ficará extremamente agitada. Ela pode gritar ou

chorar, ou tentar correr. Será muito difícil de assistir.”

“Compreendo. Eu tenho... tenho experiência em ver alguém com quem

me preocupo com dor, tomar decisões por alguém quando não consegue fazer

isso sozinha. Eu posso fazer isso.”

“Bom. Bom.” Ela para e depois solta outro suspiro. “Eu vi essa terapia

pode fazer maravilhas. Em vez de evitar seus medos, ela será forçada a olhar

para situações de maneira realista. Aqueles com TOC devem aprender a avaliar

racionalmente os riscos de suas ações. Tocando uma pessoa, colocando as mãos


sobre elas, segurando seu sobrinho, abraçando seu irmão - essas coisas não

causam nenhum dano. Até que Shelly realmente aceite que seu medo de tocar

as pessoas é absurdo, ela nunca poderá lutar pela vida que quer, porque ela

sempre ficará com medo das consequências.”

A Dra. West faz uma pausa, como se me desse um momento para pensar

sobre suas afirmações, e depois acrescentou: “Quando visto de fora, essa

abordagem pode parecer cruel. Mas isso não funciona, não todas às vezes, mas

a maior parte do tempo quando é feito corretamente. E pode ser a única

esperança de Shelly.”

SHELLY E EU DEIXAMOS o trabalho cerca de duas da tarde na sexta-feira,

com a intenção de pegar um almoço rápido antes de entrar na cidade.

Eu estou nervoso. Mas eu também estou determinado.

Ela estava me observando como um falcão no início do dia, mas uma vez

que eu provei que eu podia mudar um filtro de óleo e substituir um radiador

sem precisar de ajuda, ela pareceu relaxar. Duane não chegou até de tarde - ele

estava programado para fechar a loja - o que significa que eu não tive que evitar

o exame investigativo, perpetuamente insatisfeito e suspeito por muito tempo.

Eu posso entender sua frustração comigo; está claro que eu o estou

evitando.

Especialmente após a nossa conversa no início da semana, minha

caminhada na direção oposta toda vez que ele aparece realmente irrita. Eu

estou sendo o idiota que ele disse para mim não ser.

Mas eu não sei o que fazer sobre isso. Eu não posso falar sobre Christine,

não até descobrir o que é melhor para ele. Em vez de descobrir, decidi me
concentrar em Shelly e ajudá-la primeiro. Isso é algo que eu sei que eu posso

fazer.

Mais uma vez, estamos no Daisy's, sentados na cabine de trás. E mais uma

vez, Shelly pediu panquecas de manteiga, uma banana sem casca, com

manteiga ao lado.

“A que horas você acha que iremos voltar da sua consulta?” Eu pergunto,

dando uma mordida no meu sanduíche e tentando ignorar a maneira como ela

está olhando para minha comida.

Eu percebi meu erro muito tarde, depois que eu pedi o lanche. Shelly

parece perturbada quando não peço a minha refeição habitual. E, uma vez que

chegou, ela continua a dar ao sanduíche um olhar que parece sujo, como se não

fosse confiável.

Eu devia saber melhor, especialmente com base no meu telefonema com a

Dra. West e toda a leitura que fizemos ontem.

“Eu costumo chegar em casa por volta das sete.” Shelly ainda está

olhando de lado meu sanduíche. “Depois de me encontrar com a Dra. West, eu

vou ao shopping e ando. É uma boa prática.”

“Prática para o quê?”

“Estar ao redor das pessoas.”

Isso me fez arquejar as sobrancelhas para ela. “O que você disse?”

Ela dá de ombro, de um jeito auto-depreciativo. “Depois de sair da escola

de arte, vivi sozinha em uma fazenda isolada, visitando o meu irmão Quinn,

uma vez por semana, no máximo. Ele contratou um motorista para me levar de

um lado para o outro.”

“Minha Nossa. Você está falando sério?”

Shelly sorri para mim. “Você acabou de dizer, Minha Nossa?”


“Eu fiz, e eu quis dizer todas as palavras.”

“Eu amo como você fala.”

“Como eu falo?”

“Adorável. Engraçado. Divertido.”

“Apenas espere até que eu diga sua piada sobre a caça à pesca”. Eu sorrio

para ela e ela me dá um sorriso mal em troca. “Mas de volta a Chicago, você

nunca saia em público? Além de ver seu irmão uma vez por semana?”

“Não, na verdade.”

“Como você comprava mantimentos?”

“Quinn mandava entregar, ou ele os levava.”

“Como você ganhou dinheiro?”

“Vendo principalmente peças encomendadas. Eu também reparei carros

antigos, mas doei para abrigos de animais para arrecadar fundos.”

“E sua arte paga sua hipoteca?”

“Eu não sei.” Shelly mexe desconfortavelmente. “Quinn trata das contas.

Ou ele fazia, até me mudar para cá.”

Estudo seus olhos abatidos, a linha da boca. “Desculpe, não estou sendo

cortês? Podemos falar sobre outra coisa.”

“Não, está bem. Quinn estava tentando ajudar. Ele ajudou. Mas...”

“O que?”

“Eu acho que isso me permitiu...” Ela termina de cortar a banana e agora

está arrumando as fatias em espiral.

“Evitar pessoas?”

“Sim. E induzir obsessões. Dra. West diz que eu preciso interromper o

padrão, todos os dias. Preciso de pessoas, distrações, surpresas, estresse

“normal.
”As rotinas estão bem, desde que reforcem os bons hábitos, como correr

de manhã, caminhar com os cães à noite ou chegar ao trabalho na hora. Elas

mantêm minha ansiedade baixa porque fazem parte de tomar decisões

responsáveis e me manter saudável. Mas outras rotinas, aquelas que eu uso

para evitar a ansiedade, podem se tornar como uma prisão.”

Eu concordo com a cabeça, olhando fixamente para fora da janela atrás

dela. “Faz todo o sentido para mim.” Voltando minha atenção para ela, eu

acrescento: “E isso é verdade com todos, não apenas com pessoas com TOC!

Entrar em uma rotina ruim, é o mesmo que desenvolver e aderir a maus

hábitos. Há uma razão pela qual eles dizem que os maus hábitos são difíceis de

quebrar.”

“Ou pessoas que são hábitos” ela murmura.

“Perdão?”

Shelly termina de arrumar sua banana e levanta o olhar para o meu. “As

pessoas podem se tornar maus hábitos.”

“Eu suponho que isso seja verdade.” Eu inclino minha cabeça,

considerando isso. “Como o meu - minha mãe e Darrell.” Tropeço para chamar

Bethany, minha mãe. Não parece certo, sabendo o que eu sei agora.

Mas não tenho tempo para me debruçar sobre o assunto. Eu preciso me

concentrar em Shelly, então eu afasto isso.

“Você acha que seu pai era um mau hábito para sua mãe?”

“Bem, ele não era um bom hábito. Até que ele perseguiu Billy na frente

dela, Bethany continuou deixando-o voltar para as nossas vidas. E quando ele a

tratava bem, quando ele a elogiava, ou a fazia se sentir especial, ficava tão feliz

que seus pés não tocavam o chão. Ele andava sobre a água. Era como se ela

fosse dependente dele.”


Shelly assenti pensativamente, seus traços mais sérios do que eram apenas

momentos anteriores. “Você merece o melhor, Beau.”

“Obrigado. Então faz-”

“Quero dizer. Não deixe ninguém em sua vida que não seja o melhor e

não hesite em se afastar de uma pessoa que não pode dar o que você precisa.”

“S-s-s-s-im.” Alguma coisa sobre o tom dela levanta os cabelos na parte de

trás do meu pescoço, me fez sentar mais reto e olhar para ela. “Você se refere a

alguém especificamente?”

Shelly usa seu garfo para pegar um pedaço de banana, depois um pedaço

de panqueca, dizendo rapidamente antes de empurrar a mordida na boca,

“Ninguém especificamente, apenas pessoas loucas em geral.”


CAPÍTULO 22

“A mente é o seu próprio lugar, e em si pode fazer um céu do inferno, um inferno

do céu.”

- John Milton, Paradise Lost

*Shelly*

“Isto é muito mais difícil do que pensei que seria.”

Beau alcança minha mão e enrosca os dedos. Deus, isso é bom. Tão legal.

“Eu posso, aguardo aqui fora até que termine de falar. Sem pressão.” Ele

aperta minha mão de uma maneira que me faz pensar que ele pode retirar a

dele, então eu aperto meu controle.

Estamos sentados em um sofá. O sofá é novo. Eu nunca vi o sofá antes. O

sofá está me distraindo.

“De onde veio o sofá?”

O tom da Dra. West é tão paciente como sempre. “Eu trago isso quando

necessário.”

“Você trouxe isso para Beau e eu nos sentarmos?” Não quis que a questão

parecesse uma acusação, mas fiz.

“Sim.” Ela dirige um sorriso caloroso para Beau. “Eu queria que Beau

estivesse confortável e queria que ambos estivessem no mesmo móvel, para que

possamos praticar...”

“Toque,” eu exclamo. “Você quer que eu pratique o toque dele.”

Minha terapeuta concorda. “Sim. É por isso que ele está aqui, Shelly.”
“Podemos fazer as outras coisas primeiro?” Eu olho nossos dedos

entrelaçados, na mancha de graxa sob as unhas de Beau que combinavam com

as manchas debaixo da minha. Gosto de como nossas mãos estão juntas. Elas

pareciam úteis, como se pudessem contar histórias, e algumas das histórias que

contarem poderiam ser iguais.

“Nós podemos...”

Percebo a hesitação, o que me fez procurar novamente o olhar dela. “O

que?”

“Podemos falar sobre sua semana, sobre o que está acontecendo com

você. Mas você quer o Sr. Winston...”

“Me chame de Beau. O Sr. Winston é meu irmão Billy.”

A Dra. West vira um sorriso encantado para Beau - porque ele é

encantador - e continua: “Você quer que Beau esteja aqui para essa conversa?

Eu vou perguntar-lhe sobre novas obsessões e estaremos trabalhando como

superá-las. E também tenho perguntas sobre o seu relacionamento.”

“Bem. Vamos fazer isso” concordo rapidamente, respirando fundo e

segurando o ar.

Qualquer coisa para descartar isso, qualquer coisa para adiar isso.

Ela me estuda, avaliando, como se ela tentasse se decidir.

Eventualmente, ela concede. “Que tal conversarmos por um tempo, então

praticar, depois falar novamente depois disso? Deixei toda a tarde livre. Então

temos muito tempo.”

“OK.”

“Ok então.” Ela me dá um sorriso encorajador. “Esta situação com o Beau

causou novos pensamentos obsessivos?”


Percebo sua mão na minha enquanto tento me concentrar em sua

pergunta.

“O que você quer dizer?”

“Seu relacionamento com Beau, você está tendo algum pensamento em

particular sobre ele que você acredita que pode estar levando a novas

compulsões?”

Eu mordo o meu lábio inferior, não conseguindo encontrar seus olhos, o

calor arrasta em meu pescoço.

Mas eu respondo honestamente. “Sim.”

Beau não fica tenso desta vez. Ele fica imóvel.

“Diga-me, por favor.” Minha terapeuta parece calma e razoável, e isso me

lembra que fazemos isso o tempo todo. Tínhamos essas conversas todas as

sextas e, às vezes, durante a semana, sem que eu me sentisse sobrecarregada.

E Beau precisa saber. Ele precisa ver com o que ele está lidando...

Levanto a cabeça e depois relaxo meu queixo, encontrando o olhar da Dra.

West de forma uniforme. “Não consigo parar de limpar as ferramentas.”

“Por favor, descreva isso.”

“No trabalho, não consigo parar de limpar e organizar as ferramentas ou a

garagem. Eu me preocupo que ele vai pegar algo, uma doença. Então ele vai

ficar doente, porque as ferramentas não estão limpas.”

A Dra. West concorda, escrevendo algo em suas anotações. “E quanto

tempo isso vem acontecendo?”

“Cerca de três semanas.”

“Tudo bem.” Ela não parece julgadora ou decepcionada comigo, mas

nunca faz quando eu revelo novas compulsões.


Não deixo o silêncio ou a quietude de Beau me incomodar. Eu me afasto

disto, dele. Mas não consigo completamente, porque ele continua segurando

minha mão.

E então sinto Beau encostar o polegar nos meus dedos. Suavemente. Então

gentilmente. Meu interior dá uma vibração de resposta.

Ele ainda está aqui.

E meu coração dispara, porque o que eu acabo de revelar sobre mim não

ele sair correndo. “Mas, a boa notícia é que às vezes eu consigo falar em frases

com um número par de palavras, aumentando a frequência ao longo do tempo.

Beau faz isso, frequentemente. E ele é a pessoa menos violenta que conheço. Eu

disse a mim mesmo que se ele faz isso, então não pode ser terrível.”

“Bom.” Ela sorri aprovando, seu olhar cintilando para Beau e depois

voltando para mim. “Bom trabalho de raciocínio através disso. Esta é uma

vitória, lembre-se desta vitória.”

Ela está certa, mas não pareceria como uma vitória nos tempos em que eu

tinha que me dizer repetidamente que esperar violência por causa do número

de palavras nas minhas frases era irracional. Foi uma luta por semanas, até que

de repente não era mais.

Gostaria de saber se ela me perguntaria sobre isso. Talvez ela não tenha

percebido como eu não estava obsessiva, talvez outras questões tivessem

simplesmente precedido e ela deixou escapar.

Mas é um alívio não contar todas as sentenças. Eu não sabia como

desgastante era até eu parar. Encontrar o controle e a determinação para

finalmente parar de contar, me faz sentir menos exausta, e essa é uma

verdadeira vitória para mim.


“Muito obrigada.” Eu faço uma pausa, me certificando de que a minha

última frase consistisse apenas de duas palavras.

Ela sorri, inclinando a cabeça em reconhecimento. “Seja bem-vinda.”

Eu me retorço. “Não fiquemos loucas com as frases com palavras pares.”

Ela ri, eu também, e Beau também, tirando os dedos dos meus. Ele desliza

o braço ao longo dos ombros e me puxa contra ele para um aperto rápido, como

se ele não pudesse deixar de fazer.

Quando nos separamos, olho para ele. Tão bonito.

Adoro sua barba vermelha e seus cabelos ruivos grossos e indisciplinados.

Adoro os ângulos de sua mandíbula e maçãs do rosto e nariz forte. Adoro seus

grandes olhos que cintilam e brilham com sentido e maldade, nem sempre

consigo decifrar. Mas não me importo se eu tenho dificuldade em lê-lo o tempo

todo, porque ele é bom o tempo todo. E é o que mais amo.

Mas a maneira como ele está olhando para mim agora coloca meu coração

disparando de novo. De repente, eu não posso esperar para tocá-lo.

“Vamos falar sobre sua necessidade de limpar as ferramentas.” Dra. West

continua: “Como podemos interromper essas compulsões? Devemos

desenvolver um plano?”

Eu a ouço, mas sou pega num momento de bravura, uma dessas

singularidades onde eu sei que posso ter sucesso. Eu terei sucesso.

Não tenho nada a temer sobre isso. Ele está aqui. Ele está seguro. Ele ficará bem.

Você não tem o poder de machucar os outros os tocando. Dê isso a si mesmo isso. Dê isso

a ele. Seja forte por ele.

Eu me afasto de Beau até que seu braço já não está em volta dos meus

ombros. Ele o reinstala ao longo da parte de trás do sofá. Segurando meu olhar,

seu olhar tornando-se questionador.


Eu estendo a mão.

Ele está seguro.

Ele está bem.

E então um sussurro... mas e se...

Com pressa, eu o toco.

Eu coloco a mão no seu rosto, antes que o pequeno e se vire em um

monstro.

E assim que minha pele se relaciona com a dele, a ansiedade me atinge.

Um soco no estômago.

Uma mão em volta da minha garganta.

Uma faca no meu peito.

Meu coração bate entre meus ouvidos, cada vez mais alto, mais alto, mais

alto.

Oh Deus, o que eu fiz?

Beau cobre minha mão com a dele, pressionando-a na bochecha, olhando-

me com orgulho e felicidade.

Como ele pode estar feliz com isso?

O que eu fiz?

“Shelly.” A Dra. West está falando, mas não consigo me concentrar em

ouvi-la.

Eu o toquei antes e nada de ruim aconteceu - no bar, na loja - ele ficou bem.

Não dessa vez. Não dessa vez.

Você fez isso. É sua culpa. Quando isso acontece, é culpa sua.

Eu precisei... Eu preciso...
“Beau, deixe Shelly soltar a mão dela.” A Dra. West está mais perto agora,

sentada no sofá com a gente. Assim que Beau me liberta, ela tira minha mão do

rosto.

“Shelly, olhe para mim.”

Eu olho para ela, em seus lábios, porque ela está falando novamente.

“Toque Beau novamente.”

Eu balanço minha cabeça.

“Por favor.”

Eu balanço minha cabeça.

Não consegui engolir. Meu interior rola. Meus ouvidos tocam.

“Eu não posso.”

“Você deve ser a única a fazer isso, Shelly. Você deve ser a única a fazer a

escolha, para superar o medo.”

“Eu não posso.”

“O tempo é agora, Shelly.”

A hora é agora, Shelly.

Então eu faço.

Eu toco seu rosto novamente. Seu rosto doce e bonito.

Será sua culpa. Será sua culpa.

Cabelo áspero e macio em suas bochechas incríveis.

A hora é agora, Shelly.

Ele estará em perigo por sua causa. Sua família a odiará por machucá-lo. Você

está machucando ele!

Pele macia sob a ponta dos meus dedos.

A hora é agora, Shelly.

Não posso fazer isso. Não posso. Não posso. Não posso.
E então eu ouço o lamento mais alto, muito estranho, e meu coração dói.

Rasga meu peito.

O que é esse som?

Meu braço parece como se estivesse em chamas.

Faça parar.

Meus ouvidos tocam.

Solte. Solte. Não o machuque.

Sinto as lágrimas molharem minhas bochechas.

Minha garganta.

E então eu sei de quem são os sons angustiados.

Eles são meus.


CAPÍTULO 23

“A mente, uma vez iluminada, não pode se tornar novamente escura.”

- Thomas Paine, uma carta endereçada a Abbe Raynal sobre os assuntos

da América do Norte

*Beau*

Intenso.

É o que é.

Incrivelmente intenso.

Olho para Shelly onde ela está cabisbaixa no banco do passageiro. Ela

olha pela janela, o cotovelo apoiado no peitoril, a mão cobrindo a boca.

Parece exausta.

Mas ela fez isso.

Depois de várias horas, tocando-me repetidamente - meu rosto, minhas

mãos, meus braços, meu pescoço e mais, até que ela não lutou, não se abalou e

não chorou.

Meu interior cai, lembrando do choro.

No começo, ela parecia completamente perdida, temendo. Seus olhos

estavam selvagens com pânico. E sua médica, aquela mulher tinha peito de aço.

Ou algo assim.

Quando entramos no escritório e conheci a Dra. West, ela pareceu tão

gentil e complacente. Mas a maneira implacável que ela encorajou Shelly a


enfrentar seus medos, uma e outra vez, sem desânimo, quase me fez questionar

sua sanidade.

Mas então ficou mais fácil. Pouco a pouco. Toque a toque. Até que Shelly

me tocou, e junto com o medo a firmeza e determinação.

A Dra. West disse que não está curada, que não há cura para o TOC. Mas

Shelly deu um passo gigante. Agora, ela seguirá o plano prescrito na semana

que vem, e espero que nenhum dos exercícios seja tão difícil quanto o primeiro.

É quase o pôr do sol, e estamos a poucos quilômetros de sua casa quando

meu estômago resmunga.

“Você deveria ter comido o hambúrguer.” Shelly diz isso para a janela,

sua voz monótona e ligeiramente afetada de seu choro anterior.

Pela primeira vez em horas, sorrio. “Você está certa, eu deveria ter comido

o hambúrguer.”

Por um capricho, coloco minha mão entre nós, a palma para cima. Eu vejo

seu olhar para mim e depois na minha mão oferecida.

Ela se erguem seu assento, afastando-se da minha oferta. “Eu não estou

pronta ainda.”

“Ok, então.” Eu a pego, juntando os dedos e levando os nó para os meus

lábios. “Está com fome?”

“Não.” Ela puxa nossas mãos juntas em seu colo, começando a traçar as

linhas dos meus ossos com a ponta do dedo. “Sedenta, não com fome.”

“Vamos levá-la para casa então.”

“Eu tenho comida.”

Eu lhe dou um olhar de provocação. “Pão?”

Um sussurro de quase um sorriso desliza em seu rosto. “Sim. Pão.” Mas

então ele vai embora.


Ela está tão absorvida nas linhas que está desenhando na parte de trás da

minha mão que ela não percebe que já chegamos a sua cabana até eu desligar o

motor e dizer: “Estamos aqui.”

Shelly agita-se. “Já?”

Abro a porta do motorista e saio rapidamente para abrir a dela. Shelly

pega minha mão quando ela sai, e noto que ela parece estar se movendo com

cautela, como se estivesse rígida.

“Você quer que eu a leve?”

Isso me fez ganhar um olhar irritado. E o olhar me faz sorrir.

“O que? Talvez eu só esteja procurando uma razão para colocar as mãos

em você.”

“Ou você acha que sou uma inválida.”

Antes que eu consiga pegar meu impulso, eu provoco: “Ou acho que você

é inválida.”

E imediatamente me preocupo que minha inclinação para ser brincalhão

foi insensível.

Shelly tenta jogar a cabeça e caminhar ao meu redor, mas pego o início de

seu sorriso e a leve sacudida de sua cabeça enquanto ela caminha para a porta.

Eu a sigo.

Seus cachorros já estão latidos enquanto nos aproximamos da cabana. Ela

abriu a porta da frente e eles se afastaram, envolvendo seus grandes corpos ao

redor de suas pernas e das minhas, saltando para lamber meu rosto e me dando

boas vindas. Eu não posso deixar de sorrir pelo entusiasmo, perguntando-me

por que nunca substituímos o cachorro da nossa família.

Então me lembro do porque. Afasto o pensamento inconveniente.


“Precisamos tirá-los. Deixe-me verificar o Oliver. Suas coleiras estão perto

da porta, você se importa?”

“Claro.” Eu a sigo para dentro, os cachorros felizmente seguindo atrás de

nós.

Quando eu encontro suas coleiras, esquivo de seus ataques de beijo, e os

tenho pronto para ir, Shelly tinha retornado. Ela trocou para aquelas calças de

exercício pretas usadas quando não se exercitavam - a versão mais moderna das

calças de lycra, apenas muito mais sexy - e uma camiseta.

“Você se importaria de andar com os cães? Preciso me deitar.”

“Claro” concordo prontamente, deslizando minha mão em seus cabelos e

pressionando meus lábios em sua testa. “Nós estaremos de volta em uma hora

ou mais.”

“Obrigada.”

“Você é bem-vinda.”

Isso me dá outra sombra de sorriso. Não é muito, mas eu aceito isso.

SHELLY AINDA ESTÁ DORMINDO quando volto com os cachorros e não a

acordo, já é meia-noite. Deixo uma nota com uma promessa de voltar pela

manhã, pego emprestada sua chave de garagem para libertar meu GTO e dirijo

para casa.

Não dormi bem.

As imagens do rosto amedrontado de Shelly transposto com os dolorosos

últimos dias da minha mãe me atingem. E então, tem Christine, uma ameaça ou

um anjo no fundo. Eu não consigo dizer.


Como o sono é evasivo, eu saio cedo e volto para a casa da Shelly. Mas

quando bato na porta, ninguém responde. Nem os latidos dos cachorros.

Passo pela cabana, vejo Oliver no alpendre e aceno para o pássaro.

Ele respondeu com um robusto, “Incline-se, idiota.”

Quando estou chegando ao outro lado da casa, eu vejo Shelly correndo

pelo caminho, os dois cachorros com ela nas coleiras. Ela viu meu carro

primeiro, então parece procurar na frente da cabana, seus passos se

desaceleram quando ela me vê.

Encontrando-a no meio do caminho, coloco um beijo na bochecha e fico ao

seu lado.

“Você quer ir tomar café da manhã?”

“Não, obrigado. Tenho trabalho a fazer.”

“Trabalhos?”

“Os anjos.”

“Ah, sim.” Eu aceno com a cabeça distraída, uma sensação de pânico que

cava no meu tórax.

Procurando um motivo para ficar e não lidar com o atual furacão dos

excrementos na minha vida, pergunto: “Como você está? Depois de ontem?”

“OK.”

“OK?”

“Sim.” Seu tom é firme. “Estou bem.”

“Posso fazer qualquer coisa por você?”

Sinto seus olhos no lado do meu rosto quando nos aproximamos de sua

porta da frente e ela abre. “Como o que, Beau?”


Eu encolho os ombros, seguindo para dentro e estou prestes a sugerir que

eu instale algumas calhas para a cabana, quando ela ri. “Eu não preciso de uma

babá.”

Não, mas eu faço.

“Eu sei.” Eu aceno com a cabeça rapidamente, seguindo atrás dela - junto

com seus cachorros - quando todos nós nos mudamos para a cozinha.

Ela enche as vasilhas com água enquanto enche seus pratos de ração e

sinto sua testa franzir do outro lado da sala.

“A menos que...”

Olho para cima, encontrando ela me olhando com um olhar severo. “O

que?”

“Você quer fazer sexo?” Shelly pergunta, carregando as tigelas de água

onde eu estou ao lado da comida para cães.

Eu levanto uma polegada. “Perdão?”

Ela coloca a água no chão. “Devemos ter relações sexuais.”

“É assim?” Eu pego a mão dela, levando-a aos meus lábios, tentando

atrair até mesmo quando minha mente está trabalhando horas extras para

descobrir como chegamos aqui.

“Sim.” Shelly soa tão importante, que a outra mão que alcança a fivela do

meu cinto me pega de guarda baixa.

“Shelly-”

Ela rouba um beijo, e com isso minha respiração, então, diz: “Me beija.”

Mudo meu aperto em seus ombros, desfrutando muito da sensação de sua

pele.

“Você passou por muito. Não acho que seja uma ótima ideia.”
“Nada demais. É só sexo. Vai ser divertido.” Ela faz um rápido trabalho

de destravar meu cinto e já havia se movido para o botão da minha calça antes

de eu pegar suas mãos.

Segurando-a até que ela me olhe nos olhos, meu interior cai sobre meus

pés. O que diabos deu nela?

“É um grande problema para mim.”

Seu olhar procura o meu, o músculo em sua mandíbula pulando. “É um

grande negócio porque o sexo é um grande negócio? Ou porque sou eu?”

Eu hesito, porque essa questão parece uma armadilha.

Uma armadilha de mulher.

A mais perigosa de todas as armadilhas.

Eu poderia responder honestamente, e dizer os dois. O sexo é um grande

negócio para mim e eu não estive com ninguém desde o ensino médio, porque

quero saber. Eu quero ter certeza. Eu quero garantias e promessas.

E o sexo com ela, com Shelly, também é um grande problema. Porque isso

importa. Ela é um grande problema para mim.

Minha vida está transbordando de incerteza no momento. Quase duas

semanas atrás, eu fiquei à beira deste penhasco e me perguntei o que estava

embaixo. Agora eu pulei, e eu estou caindo, e preciso saber se ela estará lá

quando eu atingir o fundo.

No final, demoro muito para responder. E ela toma meu silêncio como

uma resposta própria.

Shelly arranca as mãos e se vira, afastando-se de mim.

“Podemos - podemos tirar o dia de folga?” Pergunto, dando um passo

sobre as tigelas de cachorro e seguindo-a. “Você pode dar-se algum tempo para

assimilar o que aconteceu ontem?”


Ela balança a cabeça e cruza os braços. “Não. Preciso saber por que você

está aqui.”

Eu quebro minha cabeça, tentando descobrir o que isso poderia significar,

e adivinho: “Estou bem. Não estou ferido.”

“Isso não foi o que eu quis dizer. Eu sei que você não está machucado. Eu

posso ver você.”

“Então, o que você quer dizer?”

Ela murmura algo que soa como, “Você não precisa de nada de mim.”

“O que?”

“Eu não sou um refrigerador.” Ela vira a meio caminho, me dando seu

perfil, mas não olhando para mim.

“Do que você está falando?”

“Aqueles refrigeradores, aqueles que você consertou e doou, na primeira

semana que trabalhei na loja.”

Eu balanço minha cabeça, incapaz de seguir seu trem de pensamento. “Eu

não penso em você como uma geladeira.”

“Então pare de me fazer sentir como uma.”

“Eu não entendo, o que...”

“Eu não quero uma babá. Eu quero...” Ela se vira abruptamente, cortando

o que ela está falando e saindo para longe de mim, em direção ao quarto dela.

Instinto me fez pegar no seu braço, trazendo-a para o meu abraço antes

que ela possa chegar longe demais. Ela me deixa segurá-la, mas ela não faz

nenhum movimento para me reter.

“Shelly. Eu não quero ser sua babá. Mas não vou deixar você. Não até que

eu saiba que você está bem.”


“Então você vai me deixar,” ela diz contra meu peito, seu tom neutro.

“Como uma geladeira.”

“Querida-”

“Por favor.” Ela sai do meu abraço, virando as costas para mim e

entrando no quarto dela, olhando por cima do ombro logo antes de fechar a

porta do quarto, “Deixe-me em paz.”

Eu olho sua porta fechada por um longo tempo, debatendo o que fazer.

Então me sento no seu sofá e abro um de seus livros azul. É um que nossa mãe

Bethany - nos fazia ler, Great Expectations do Charles Dickens. Eu seleciono

porque é um dos únicos que eu reconheci e lembrei de gostar das partes da

aventura.

Mas a preocupação me incomoda.

A Dra. West disse que Shelly não se auto-prejudicaria após a terapia, mas

e se ela fizesse? E se ela já tivesse feito?

Outros pensamentos, mais egoístas, também me atormentam. E se ela

estiver curada?

Não. Não curada.

Compreendi que as pessoas nunca ficam curadas do TOC. Mas e se ela

estiver em remissão?

E se ela puder tocar as pessoas agora? Onde isso nos deixa? Ela voltaria

para Chicago? Ela é uma artista mundialmente famosa. Por que, na Terra, ela

ficaria no Tennessee?

Ela não faria. Ela não vai.

Pensei em ver suas esculturas de anjo no primeiro tempo, quando ela

falou que o Sr. Tanner poderia fazer com a cabana Quonset.

“Quando eu for...” Não se. Quando.


Nada a estava mantendo aqui.

A preocupação tornou-se muito alta para eu me concentrar no livro, então

eu o deixo de lado e caminho até a porta de Shelly, batendo suavemente.

“O que?”

“Posso entrar?”

“Para fazer sexo?”

Eu reviro os olhos, balançando a cabeça para aquela mulher irritante.

“Não. Para verificar você.”

Ela não responde, e no começo eu penso que não vai. Mas então eu ouço

seus passos se aproximarem rapidamente antes da abertura da porta. Eu dou

um passo atrás com a visão dela, pensamentos desonrosos me assaltam como

ladrões. Ela está com uma camiseta branca e nada mais.

Shelly está tão certa. Eu a quero.

Essencial. Loucura. Necessidade. Tudo que consome.

O fogo queima nos meus pulmões enquanto meu sangue corre para o sul.

Eu não termino de procurar minha parte – nem de longe - mas meu

cérebro me dá um golpe rápido, enviando meu olhar para o dela. Duas batidas,

pensamentos espalhados, sem inteligência.

Ela olha para mim. Então ela ergue os braços, os pulsos, continuando a

olhar.

“Viu? Sem cortes. Você pode sair.”

No próximo momento, ela fecha a porta na minha cara.

Merda.

Qual de nós é a geladeira agora?


“VOCÊ ESTÁ BÊBADO.”

Olhei para cima ou tentei. Não consigo levantar os dois olhos, então olho

para o meu irmão mais novo através de um olho. Um olho é melhor que

nenhum olho.

“Olá, Roscoe.” Eu dou-lhe uma onda e acabo derramando Bourbon por

toda a perna da minha calça.

Ele coloca algo nos meus ombros, pode ser um cobertor, e senta ao meu

lado nas escadas da varanda. “Está frio aqui fora.”

“Está?”

“Está.”

Concordo com a cabeça, mas uma vez que começo não posso parar.

Concordando.

Então meu irmão pergunta: “Por que você está bêbado?”

“Eu acho que falei com a mulher mais bonita do mundo.”

Roscoe ergue uma sobrancelha para mim, sorri e abre a mão. “Passe a

garrafa.”

Eu rio e entrego. Meu irmão mais novo toma um gole, sibilando pela boca

com a queimadura inicial.

Sábado à noite. Em casa. Bêbado. Em vez de ter um sexo selvagem

incrível com Shelly Sullivan.

Beau Winston, pessoal!

“Então o que aconteceu?”

“Ela queria fazer sexo comigo e eu recusei.”

“Isso foi estúpido.”

“Sim.” Eu raspo meu peito, rindo. É bom rir.


Suspirando, dou outro gole e olho para os campos de flores silvestres

secas. Eu estava com frio quando a deixei, mas não tinha muito a ver com a

temperatura externa.

“Espere um momento, pensei que você era celibatário?” A pergunta de

Roscoe corta minhas contemplações.

Deslizo os olhos para o meu irmão, surpreso que ele conheça essa

informação, mas muito bêbado para cuidar. “Eu sou. Ou, eu estava desde

aquela coisa no ensino médio com Andrea Poole.”

“O que no ensino médio?”

“Andrea pensou que estava grávida.”

“Uau. Eu não sabia disso.” Roscoe parece precisar de um momento para

se recuperar dessa notícia, alcançando a garrafa na minha mão e tomando um

gole. “Ela estava?”

Eu balanço minha cabeça. “Não.”

“Você decidiu se tornar celibatário? Por causa de um susto de gravidez?”

“Não foi por causa do susto da gravidez.”

“Então, o que foi?”

“Pedi-lhe que se casasse comigo quando pensei que ela estava tendo meu

bebê, e ela...”

“Ela o que?”

Eu bufo uma risada. “Ela agiu como se fosse a pior coisa que poderia

acontecer com ela no mundo. Como se casar comigo fosse o fim de sua vida. Ela

disse que daria o bebê para adoção, ou que ela teria ele sozinha, em vez de se

casar comigo. Ela queria que eu assinasse meus direitos.” Eu tento colocar meus

dedos para dar ênfase, “mas não conseguiu, e não quis nada comigo.”
“Parece justo, casar aos dezesseis anos não é um piquenique. E ter um

bebê aos dezesseis ainda menos.”

“Não. Não, eu concordo com isso. Mas eu pensei... veja, não é que ela não

quisesse se casar, o que ela não quis é que fosse comigo.” Eu esfrego meu peito.

“Sou bom o suficiente para brincar, mas nunca fui bom o suficiente para

qualquer outra coisa.”

Eu estou bêbado, muito, muito bêbado. Por isso, não percebo que falei

esses últimos pensamentos em voz alta até que o silêncio que nos rodeia se

torne ensurdecedor.

Eu sei que Roscoe está olhando para mim, então eu consigo um pequeno

sorriso e encolho os ombros.

“Andrea se casou com um cara na Marinha um ano depois, após a

formatura. Eles moram em Galveston agora e têm quatro filhos.”

“Você... a amou?”

“Eu pensei que sim, na época. Mas agora eu acho que o sexo confundiu as

coisas, você sabe? Isso me fez ver coisas que não estavam lá, atribuir coisas a ela

que faltava, inclusive como ela se sentia por mim.”

Ocorre-me no estado-gênio para a intoxicação que as coisas que eu

admirava em Andrea Poole eram as mesmas coisas que eu admirava em

Darlene. Parecia ser focada, inteligente, capaz. E parecia gostar demais de mim.

Até que ela não amava.

Eu continuo, pronunciando inaticurladamente minhas palavras: “Ela

tinha a aparência de ser boa, qualificada, ter lealdade, mas talvez nenhuma das

coisas reais.” Eu não sei se eu estou falando sobre Andrea ou Darlene. Talvez

ambas.

“Como você sabe?”


“O quê?” Eu pisco desajeitadamente, tendo dificuldade em mover minhas

pálpebras juntas.

“Como você sabe se uma mulher tem substância? Se seus sentimentos por

você são tão profundos quanto seus sentimentos por ela?”

Eu não consigo distinguir muito bem sua expressão, tudo está ficando

distorcido, então não meço minha resposta com base no que ele está esperando

ouvir. Breve lampejo do que o amor verdadeiro parece passa por minha mente,

de Ashley e como seu coração gira em torno de Drew. De Sienna como quando

Jethro está na sala, ela sempre está ciente dele, e ele dela. Ela é uma estrela de

Hollywood, costuma ser o centro das atenções, mas nunca vi isso quando ele

está perto dela.

Ou de como Duane suaviza no momento em que o nome de Jessica é

mencionado e como ele colocou seus sonhos primeiro mostrando o quanto ele a

ama.

E então eu sei como saber se o sentimento de uma pessoa se torna

profundo.

Então eu sou sincero. "Ela faz de você uma prioridade."

Na alegria e na tristeza, eu nunca fui a prioridade de uma mulher.

Roscoe fica quieto, imutável por um longo tempo. Olho para o meu irmão,

ele está claramente perdido para seus próprios pensamentos. Ou memórias.

Eu balanço a cabeça, sentindo-me quase pesado demais para levantar. "Eu

devo estar muito bêbado."

"Por quê?"

"Porque eu estou falando sobre essa merda."

Ele sorri. "Sim. Você não está muito bonito agora mesmo."

"Fodido Beau. Ele é patético."


Roscoe me cutuca no ombro, o que, na minha situação, me fez cair no lado

da varanda. "Não fale sobre o meu irmão favorito desse jeito."

Isso me faz rir. E então continuo rindo, incapaz de parar. "Estou tão

fodido."

"O que?"

"Eu acho que estou apaixonado por ela." Eu estou falando enquanto rio

histérico, ofegante.

"O que você disse?" Ele me cutuca levemente com o dedo. "Eu mal posso

entender as palavras que saem da sua boca."

"Não importa." Limpo as lágrimas dos cantos dos meus olhos e continuo

rindo.

Sinto-me bem.

Para não me preocupar.

Para ser honesto.

Estar entorpecido.
CAPÍTULO 24

“Se uma mesa desordenada é um sinal de uma mente desordenada, de que, então,

uma mesa vazia é um sinal?”

- Albert Einstein

*Beau*

Levou um período desconhecido de tempo para descobrir onde eu estou e

depois disso, um período de tempo desconhecido para descobrir que estou com

ressaca. De alguma forma estou na minha cama. Eu não sei como ocorreu, mas

aqui estou eu.

Eu também vou morrer desta ressaca. Ou ter um dia realmente de merda.

Um ou outro.

“Beau.”

Eu gemo, afinal que outra escolha eu tenho?

“Beau.”

“Eu não quero nada.”

Um dos meus irmãos, eu não sei qual deles, ri. Ou pode ter sido Satanás.

“Beau, acorde.”

“Você não tem piedade?”

“Eu estive pensando.”

É Roscoe, eu tenho certeza disso. Eu não sei por que ele está no meu

quarto, falando comigo, fingindo que ele é capaz de pensar, mas eu tenho

certeza de que é ele.


“Sobre o quê?” Gerenciando para abrir minhas pálpebras, eu descubro

sua localização. Ele está de pé no final da minha cama.

“Sobre o seu problema.”

“Shh!”

Ele não está falando alto, mas ele está falando muito alto.

“Desculpe,” ele continua com um sussurro, “eu tenho uma solução para o

seu problema.”

“Qual é?”

“A bela mulher.”

“Desculpe-me?” Pressiono a base das minhas palmas nas minhas

sobrancelhas para manter meus olhos nas órbitas.

“Você está ouvindo?”

Eu olho para ele. “Eu tenho uma escolha?”

“Isso é o que você deve fazer.” Roscoe começa a andar de um lado para o

outro, e seu ritmo machuca minha cabeça. Fecho os olhos enquanto continuo:

“A próxima vez que você a ver, fique distante. Imagine que você não a vê em

absoluto. Isso as deixa loucas. Então, quando ela vier para você - caso ela não

tenha querido antes, ela ainda faz - nem menciona a última vez que a viu.

Elogie algo que ela está vestindo, como seus brincos, e a...”

“Sobre o que você está falando?” Abro um olho para olhar para ele, e até

mesmo isso me fez sentir como pequenas facas apunhalando minha retina.

“A dama. A bela mulher por quem você está apaixonado.” Suas

sobrancelhas pairam, empoleiradas em seu olhar alargado. “Aquela que queria

fazer sexo com você, mas você...”

“Oh, pelo amor da porra!” Eu balanço meu braço para fora, segurando

uma mão entre nós enquanto minha testa cai na outra.


Ele vira.

Tudo vem inundando o redor, uma onda de frustração, raiva, remorso e

miséria. Minha cabeça lateja com isso. E com a pior ressaca da minha vida.

“Beau?”

“Eu te amo, Roscoe, mas você é um idiota quando se trata de mulheres.”

NO FINAL DO TÚNEL: uma ressaca me deu algo para fazer - dormir - e uma

razão para evitar minha família. No entanto, desde que dormi todo o dia no

domingo, durmo naquela noite interruptamente.

Sim. É por isso que eu dormi interruptamente. Não por mais nada.

Meu plano para a manhã, é beber um pouco de café e ler o jornal. Mas a

visão de Cletus andando com suas roupas de yoga é o suficiente para me

expulsar da casa. Cletus antes de sua ioga é como a maioria das pessoas antes

do seu café.

“Feliz Halloween, bonito.” Ashley me impede de sair; ela está segurando

uma caixa da pastelaria. “Viu o que eu fiz lá? Com a aliteração?”

“O que você tem aí?”

Ela segura a caixa. “Oh não, cabeça de abóbora. Estas são para Sienna.

Jennifer Sylvester fez isso apenas para ela. E vou trazer isso como um favor a

Jethro.”

“Ashley” coloco minha mão sobre meu coração, “eu tenho certeza de que

Sienna não se importaria de poupar apenas uma.”

“Você está de brincadeira? Você quer que eu dê a comida de uma mulher

grávida?” Ela tira a mão. “Você pensa que eu tenho um desejo de morte?”
Rápida como um raio, ela dá um beijo na minha bochecha e depois corre antes

que eu possa apertar a caixa.

“Talvez se você for muito legal, vou trazer algumas cenouras e queijo

azul.”

Faço uma careta nas suas costas e então vou ao GTO, me confortando na

consistência do meu carro.

Talvez eu não seja para estar com uma mulher.

Talvez o relacionamento mais saudável e duradouro da minha vida seja

com meu carro.

Podia ser pior.

Então penso em Shelly, de pé em sua porta, usando apenas uma blusa

olhando para mim com aqueles olhos devastadores.

Droga.

Passo o trajeto para o trabalho para tentar descobrir o que eu posso fazer

para recuperar suas boas graças. Não faça piadas de geladeira. Eu também

adiciono à lista, ignoro o conselho de merda de Roscoe enquanto reivindico o local

de estacionamento ao lado dela.

Com meu coração na garganta, deixo a segurança do meu GTO, desejando

ter trazido suas flores. Mas não fiz, lembrando-me que provavelmente ela odeia

flores. Eu poderia ter trazido para ela mais luvas de forno, mas isso não é

original.

Quando entro na garagem, eu a vejo em direção à parte de trás, lavando

algo na pia. Fazendo um caminho reto para ela, está na ponta da minha língua

para lembrar a ela o que a Dra. West disse sobre lavar as ferramentas, mas então

vejo que ela está enxaguando um carburador engordurado e mordo o

comentário.
“Dia,” ela diz, fria como gelo.

Suspiro, apertando meus dentes, estudando suas costas. “Você ainda está

brava.”

“Eu não sou louca.”

“Ouça”

“Estou trabalhando e estou ocupada.”

Desligue.

“OK. Bem. Falo com você mais tarde.” Uma onda de calor se junta ao meu

pescoço, correndo sobre minhas bochechas até o topo da minha cabeça.

No entanto, eu viro e me afasto. Eu não me inscrevi na escola de

pensamento de jogos de Roscoe Winston. Eu bato e flerto, mas eu não sou um

jogador. E Shelly tampouco. Então isso significa que ela está chateada.

Se ela precisa de tempo, eu darei seu tempo.

Se ela precisa de espaço, eu lhe darei espaço.

E é quando eu tenho certeza de que não quero acabar com meu carro. Eu a

quero. Eu lhe darei tudo e qualquer coisa que ela precisa. Ela nem precisa

perguntar.

Então, isso é o que parece ser destruído.

Eu quase senti pena de Cletus.

A BOA NOTÍCIA É que eu não usei o óleo do motor errado ou esqueci de

verificar as especificações de torque. O meu dia de trabalho foi livre de erros.

A má notícia é que a parede de gelo de Shelly retornou, e está tão

impenetrável quanto eu me lembro.


Abaixo a chave inglesa que estou usando e faz um barulho alto contra o

chão de cimento, me surpreendendo. Olho para cima, meus olhos se conectando

com Shelly. Nós somos os únicos na loja.

Eu estou atrasado no meu trabalho, muito atrasado. Dolly Payton entrou

com um enorme vazamento de óleo e a maior parte da minha tarde foi gasto

ligando para as lojas de peças de automóveis antes de fecharem a noite,

procurando um tanque para a substituição. Não havia nenhum remendo no

dela. Como é minha noite para fechar, eu ainda tenho o restante do meu

trabalho regular para terminar também.

Eu não sei por que Shelly ainda está lá, mas eu tenho minhas suspeitas.

Estou bastante seguro que ela terminou seu trabalho há mais de uma hora.

Agora, ela está em uma das caixas de ferramentas do Master Lock. Parece que

ela está limpando as ferramentas, reorganizando-as e colocando-as.

Eu quero chamá-la por isso, dizer-lhe para parar. Porque diabos ela está

limpando elas quando ainda está chateada comigo?

Ela olha de mim para a chave inglesa, e depois de volta, mas não faz

comentários.

Balançando a cabeça, eu dou um sorriso tenso e me curvo para recuperá-

la, odiando o jeito que dói quando penso nela.

É quando ouço o zumbido de motocicletas se aproximando.

Fico de pé rapidamente e corro na frente da garagem logo a tempo de ver

duas motos virando a curva da estrada principal. Amaldiçoando sob minha

respiração, eu passo meus dedos pelo meu cabelo, sem saber o que fazer a

seguir.

Eu não estava preparado para isso.


Após a declaração de Christine, eu deixei a casa de Hank no Bandit Lake

na quarta-feira passada da manhã sem dizer outra palavra à mulher. Eu queria

chamá-la de mentirosa. Mas olhando para ela - o vermelho de seus cabelos, o

azul de seus olhos, a forma da boca - a palavra mentirosa prendeu na minha

garganta.

Então eu fui embora.

“Devemos levar o meu Buick?” Shelly está ao meu lado e ela passa sua

mão na minha. “Não é tão rápido quanto o seu GTO, mas é marrom, para que

eu possa esconder melhor.”

Olho para ela, ao jogo duro em sua boca, a tensão nos ombros, e tenho um

momento de absoluta clareza.

Estou me apaixonando por essa mulher.

Mas a clareza é engolfada em uma nuvem de poeira e cascalho, chutada

por pneus de motocicleta.

Meu interior balança enquanto eu recuo, puxando Shelly atrás de mim.

“Você deve ir.”

“Venha comigo.”

Eu me viro para ela. “Eles sabem que estou aqui.”

“Por favor, venha comigo.” Ela agarra meus braços, como se ela fosse me

forçar violentamente para o carro dela. “Não fique aqui. Eu posso expulsá-los.

Deixe-me cuidar de você. Deixe-me fazer algo por você.”

“Não estou em perigo com eles. Eu já falei com eles na última quarta-feira

de manhã. Eles estavam me esperando no Hank.”

“Eles estavam esperando por você na última quarta-feira? Depois que nós

corremos na noite anterior?” Os traços de Shelly contorcem de confusão.

“Então, por que eles estão aqui?”


“Para terminar a conversa, eu suponho.”

“Sobre?”

Eu balanço minha cabeça. “Não posso te dizer isso.”

Ela estremece, com as minhas palavras - minha aparente falta de

confiança - é um golpe.

Não tenho a chance de explicar ou suavizar minha afirmação porque os

motores desligam atrás de mim, atraindo os olhos de Shelly sobre meu ombro.

“É aquela mulher. E o bobo, Drill.”

Eu sorrio com o veneno em seu tom, bem como o olhar calculado em seus

olhos.

“Você vai? Por favor?”

Seu olhar volta para o meu, preso por uma batida, então ela se vira e

caminha para a garagem sem dizer uma palavra. Eu a assisto ir até a caixa de

ferramentas Master Lock que ela estava trabalhando na classificação, e depois

junto um suspiro e enfrento os recém-chegados.

“Nós não terminamos de falar na semana passada.” Christine tira as

luvas, inclinando a cabeça para o lado, o cabelo comprido e vermelho caindo

sobre seu ombro.

“Não tenho certeza do que há para dizer.” Eu cruzo meus braços porque

eu preciso.

Melhor ainda teria sido os braços de Shelly em volta de mim, abraçando-

me por trás.

Mas isso nunca acontecerá.

Drill desmonta, mas vaga por sua motocicleta, como se ele quisesse nos

dar privacidade.
“Você não tem perguntas para sua mãe?” Christine pergunta suavemente,

vindo ficar diretamente na minha frente.

Sua pergunta me faz vacilar, mas eu sei que ela viu isso.

Um pequeno sorriso curvou sua boca, um que parece estranho em seus

traços. “Estou tão orgulhosa de você.”

Não sei o que dizer, o que quer de mim. Pior, eu não sei o que eu quero

dela, ou porque ela se orgulhar de mim, faz alguma diferença. Mas faz. E isso

parece uma traição com Bethany, com minha família.

Eu não estou preparado para isso. Eu não pensei nisso. Eu ignorei isso.

Não sei o que fazer.

Essa mulher é minha mãe. E uma estranha. E uma inimiga. Quero conhecê-

la? Se você tivesse me perguntado ontem, a resposta teria sido um ressonante

não.

Mas hoje...

“Você precisava de tempo para chegar a um acordo, eu entendo isso. Eu

faço.” Ela dá um passo mais perto. “Mas o que eu quero dizer é, eu amo você.

Eu amo você muito, Beau.”

Eu estou tão cansado que meu peito dói. Tentar regular minha respiração

através do nariz. Mas cada palavra de sua boca só serve para me confundir

mais. Eu posso ter uma mãe novamente. Se eu tiver filhos, eles terão uma avó.

Nesta tempestade, Christine é uma voz na qual eu não posso confiar, mas

a única que eu posso ouvir. Porque agora? Por que me dizer isso agora? E por que

não para Duane?

“Eu sempre te amei. É por isso que desisti de você. É por isso que eu

deixei aquela mulher te levantar. Mas me rasgou dentro, todos os dias, que eu
fiquei sem você. Eu não aguento mais você não saber mais. Isso detona. Foi uma

luta tão difícil para sua mãe.”

Eu não podia lê-la, o que é sincero, o que é uma besteira. Eu estou muito

perto. Ela está muito perto. E ela parece comigo, parece com Duane. Agora que

eu estou prestando atenção, sua maneira me lembram meu gêmeo e confio nele

mais do que ninguém.

“O que você quer de mim?” Eu não queria fazer a pergunta, mas lá estava.

Ela estende a mão e agarra meu rosto. Eu me esquivo e me inclino do

contato.

“Eu quero meu filho perto de mim. Está na hora. É hora de você aprender

sobre sua família real. Eu sou sua verdadeira mãe.”

Eu mal havia registrado o que ela disse, o caloroso sorriso em seu rosto,

quando a voz de Shelly - fria como o gelo corta o momento.

“Você precisa sair.”

Uma fração de segundo depois, Shelly está lá. Ela entra entre nós - entre

Christine e eu - e pressiona suas costas na minha frente, agarrando atrás dela

por um punhado de minha roupa.

“E quem diabos é você?” Christine olha de Shelly para mim.

“Saia.” Shelly dá um passo ameaçador para frente, liberando o tecido da

minha manga. “Vá, vá agora.”

Os olhos de Christine se estreitam em fendas enquanto se movem sobre

ela. “Estou aqui para falar com meu filho...”

“Beau não é seu filho.”

“Quer ver um dos testes de DNA?” Christine cuspe, então para mim, seus

olhos implorando, ela diz: “Somos família, não somos?”

Não consigo continuar.


Shelly estava lá.

Shelly sabe.

Eu olho entre as duas mulheres, não sabendo como agir ou o que dizer.

Enquanto isso, Shelly insere-se na linha de visão de Christine, sua voz

escorrendo de desprezo. “Você pode ter fornecido a câmara de maturação na

qual ele sobreviveu antes de tirar oxigênio da atmosfera da Terra, e você pode

ter doado o material genético original de onde suas células se multiplicaram,

mas você não é sua família. Você é uma intrusa, uma impostora e uma

invasora.”

Os olhos de Christine brilham e ela empurra o rosto para frente enquanto

empurra o peito de Shelly. “Escute aqui, cadela...”

Oh inferno não.

Agindo por instinto, eu piso. “Ei agora”, bloqueio Shelly com meu corpo e

coloco uma mão no ombro de Christine para empurrá-la para trás. “Não fale

com ela desse jeito.”

De repente, Drill está lá, parando ao lado de Christine, olhando de mim

para Shelly, como se estivesse avaliando quem representava mais uma ameaça.

“Mas você a deixará falar assim com sua mãe assim?”

“Sim.” Eu não penso antes de falar.

Christine parece estar lutando contra seu choque, e também lutando para

esconder outra coisa, talvez raiva, talvez decepção. “Beau…”

“Saia.” Eu aponto para a motocicleta dela. “Não te pedi para vir aqui.”

Toda a suavidade, como uma máscara mal desenhada, uma pretensiosa

lamentação, cai de seus traços, deixando-os torcidos e duros.

E com raiva.
“Nós não terminamos aqui,” ela promete, “não por um longo tempo. Você

me deve, garoto!”

Shelly dá um passo à minha volta e se move como se fosse carregar a

mulher mais velha. Pego pelos seus ombros no último momento, segurando-a

de volta.

Não se deixando intimidar, ela grita para Christine: “Se você alguma vez

se aproximar dele, eu vou remover seus músculos com longos alicates de alça!”

“Eu gostaria de ver você tentar,” Christine provoca mesmo enquanto ela

recuou.

Shelly rosna, lutando contra o meu aperto, então eu a puxo contra meu

peito e envolvo meus braços ao redor de seu corpo.

“Ela não vale a pena, Shell,” murmuro sem pensar, e as palavras parecem

corretas.

Incapaz de sair do meu aperto, Shelly grita coma partida de Christine:

“Vou soldar suas pálpebras com um soldador TIG e será MUITO DOLOROSO.”

“Você precisa controlar sua mulher.” Christine joga seus cabelos quando

ela empurra sua motocicleta, enviando a Shelly um olhar cheio de repugnância

e pesar, e talvez um pouco de medo. “Homem. Seu pai não hesitaria. Ele saberia

o que fazer.”
CAPÍTULO 25

“A única maneira de se livrar de uma tentação é ceder a ela.”

- Oscar Wilde, a imagem de Dorian Gray

*Beau*

“Eu gostaria de salientar, cada uma das frases da mulher continha um

número par de palavras.” As mãos de Shelly se abrem e fecham no volante,

como se ela estivesse tentando obter uma melhor aderência.

Este é o primeiro pensamento completo que ela fala desde que ameaçou

as pálpebras de Christine St. Claire com um soldador TIG, e ela faz isso soar

como se a mulher não pudesse ter cometido uma ofensa mais ultrajante do que

falar exclusivamente em frases de palavras pares.

Eu limpo minha garganta e concordo com a cabeça. “Anotado.”

Não importa que as palavras de despedida de Christine preconizavam

que eu batesse em Shelly.

Isso não importa. Porque se eu pensar sobre isso, então a raiva incharia

dentro de mim novamente.

Assim que saíram, Shelly trancou a loja em um frenesi, me puxou para o

carro dela e nós saímos. Eu também estou em um frenesi, querendo rasgar algo,

arruinar, estragar e destruir. Eu não consigo acreditar que eu tentei me

convencer em dar a essa mulher o benefício da dúvida. O que diabos está

errado comigo?
As palavras de Duane de semanas atrás ecoam entre meus ouvidos: Não se

incendeie tentando manter os outros aquecidos.

É uma lição difícil de aprender, mas eu sei com uma convicção

impressionante que eu acabei de aprender.

Shelly passou pelo desvio de sua estrada, levando-nos de uma maneira

longa e indireta até o lugar dela. Eu percebo tardiamente que ela está se

certificando de que não estamos sendo seguidos.

O som de seus cachorros nos acolhe logo que saímos do carro, e eles

explodem, como de costume, assim que ela abre a porta.

A nomeada Laika começa a lamber minha mão com seriedade e a maior

parte da minha ira desaparece. Eu me agacho, esquivando de seus beijos de

cachorrinho e esfrego as costas das mãos em seus ouvidos. Ela olha para mim

como se fosse humana, e isso é sinceramente tudo o que precisava.

“Estou apaixonado por esse cachorro.”

Shelly está acariciando e batendo levemente na cabeça de Ivan,

observando-me com Laika. “Você pode pegar as coleiras?”

“Sim, com certeza.”

“Eu volto já.”

Shelly desaparece um pouco e minha mente se concentra no processo

banal de arrastar os cães, concentrando-me exclusivamente nessa atividade

singular. E depois que eu termino, minha mente apagou. Olho para o tronco de

um carvalho branco e não penso em nada.

Quando ela volta, ela estende a mão para as coleiras. Em vez disso, pego

seus dedos nos meus e partimos.

O sol tinha acabado de se pôr. Tenho um momento para admirar os

vermelhos, as laranjas, os amarelos e os púrpura da floresta circundante na luz


desvanecida. A hora das bruxas, onde a Terra está iluminada com o resplendor

do pôr do sol. A canção das cigarras de verão desaparece, sua sinfonia

substituída pelos sons dos grilos ao anoitecer, comemorando a noite que vem.

Quando o outono chegou tão completamente? E onde eu estava?

Adormecido? Quando me tornei vacinado com a beleza do meu entorno?

Quando eu comecei a dar minhas bênçãos como garantidas?

“Na semana passada, Bethany Winston era minha mãe.”

A mão de Shelly aperta a minha. “Ela ainda é sua mãe.”

Concordo com a cabeça, decidindo que era exatamente o certo para ela

dizer, e continuamos caminhando.

ACORDEI NA ESCURIDÃO e não sei onde estou.

Levei vários segundos para perceber que eu ainda estou na Shelly e eu

adormeci na cama. Avançando e piscando contra a noite, vejo que seu lado está

vazio.

Nós tínhamos levado os cachorros em uma longa caminhada, nenhum de

nós se sentindo inclinado a preencher o silêncio, o que foi perfeito para meu

humor. De volta a sua cabana - eu oficialmente atualizei o lugar de barraca para

a cabana - coloquei a mesa e alimentei os cachorros enquanto ela dava os

retoques finais no jantar.

Enquanto nós comemos, ela falou sobre a escola de arte. Eu falei sobre o

primeiro carro que eu havia reparado - um Lincoln Continental de 1978 - e

então nós preparamos os pratos juntos. Ela colocou um registro antigo dos

maiores sucessos de Johnny Mercer como música de fundo.


Quando as primeiras notas de “Skylark” vieram, eu passei minhas mãos,

puxei-a para longe do armário e para os meus braços.

Ela inclinou a cabeça para trás, me dando um olhar de consternação. “Eu

não sei dançar.”

“Não importa, eu sei.” Eu beijei seu nariz e assumi a liderança. “Imagine

que você é um macarrão.”

Shelly arqueou uma sobrancelha. “Um macarrão?”

“Espaguete, o tipo já cozido.” Eu deslizei minha bochecha contra a dela e

nós deslizamos pelo pequeno espaço. Tive o cuidado de dar passos curtos e

balanços até relaxar. Então eu a puxei para fora, empurrei suas costas e a

mergulhei.

E isso a fez rir.

Algo no meu corpo redefiniu ao som de sua risada, algo fundamental.

Talvez a noção de que a alegria ainda era possível, e que eu poderia

providenciar isso apesar de quem eram meus pais. Apesar disso eu vinha do

mal.

Depois de “Skylark”, dançamos lentamente para “Fools Rush In” e “Come

Rain or Come Shine”. Mas quando “Jeepers Creepers” surgiu, Shelly fez uma

careta. Olhando para mim, ela enrugou o nariz com aversão, e isso me fez rir.

“Eu acho que eu deveria ir.” Eu usei meu indicador e dedo do meio para

empurrar suavemente várias faixas de seu longo cabelo longe de sua testa.

“Por quê?”

Eu procurei seu rosto. Ela estava honestamente curiosa. Acabei de abrir a

boca para dizer algo sobre estar cansado, e estar ficando tarde e precisava

trabalhar amanhã, quando ela me cortou com um beijo rápido.


“Fique.” Ela me beijou de novo, tão rapidamente. “Não tentarei seduzi-lo.

Esta noite.”

Minha boca se abriu e eu pisquei uma vez. “Desculpa?”

“Você está desculpado, mas não para sair.”

Eu cruzei meus braços. “Você está pensando em me seduzir?”

“Não esta noite,” ela confirmou, e depois acrescentou, “talvez na próxima

semana.”

Rindo incrédulo, balancei minha cabeça para ela. “Este assunto vem

muito com você.”

“Porque eu gasto muito tempo pensando nisso. E você também. Além

disso, estou limpa e tenho um DIU para prevenir a gravidez. Você está limpo?”

Gravidez?

“Limpo?”

“Você está?”

“Limpo? Sim. Sim eu estou. Estou limpo.” Continuei balançando a cabeça,

agora completamente desconcertado. “É inacreditável.”

“Não, não sou, sou honesta. Isso me deixa muito incrível.”

“Eu não sei o que fazer com você.”

“Leia-me um livro, mas escove os dentes primeiro. Tenho escovas de

dentes extras sob a pia. Quando foi a última vez que você realizou um exame

dental?” Não esperando minha resposta, Shelly virou-se e correu para fora da

sala de estar.

Tive a impressão de que esperava que eu a seguisse. Eu também tive a

impressão de que ela estava nervosa, que foi o que a impulsionou a correr.

Isso é basicamente como eu terminei em sua cama, dentes escovados e

adormecido. Eu estava lendo Great Expectations em voz alta enquanto ela se


aconchegava contra mim. Quando ela assumiu o controle, eu adormeci com a

suave cadência de sua voz.

E agora eu estou sozinho em sua cama. Não consigo encontrar um relógio

- nem sei o que fiz com o meu telefone - então não tenho ideia que horas são.

Esticando-me enquanto levanto, navego no banheiro e, porque eu já estou lá e

talvez estivesse mais perto da manhã do que a noite, escovo os dentes de novo.

Saindo do banheiro, encontro Shelly enrolada no sofá debaixo de um

cobertor. Andando calmamente para ela, vejo um dos travesseiros da cama

debaixo da sua bochecha.

Ela pegou o sofá, em sua própria casa, e me deu a cama. Isso não faz o

menor sentido.

Eu me agacho ao lado dela, enfiando os dedos no cabelo sedoso de suas

têmporas.

“Querida.”

“Mmm”.

Eu me inclino sussurrando, “Shelly.”

“Hmm?”

“Eu vou levá-la para sua cama. Vou pegar o sofá.”

“Mmm”.

Eu sorrio para seus ruídos suaves, com a expressão calma em seu rosto, e

como sua testa, mesmo no sono, ainda parece real e severa.

Deslizando meus braços sob suas pernas e ombros, eu a pego. E,

infelizmente, isso a desperta.

Ela empurra em meus braços. “O que você está fazendo?”

“Eu estou levando você para a cama.”

“Não faça isso.”


“Não me importo, vou pegar o sofá.” Nossas bocas estão a poucos

centímetros de distância, e a dela está me distraindo.

Ela se contorce. “Me larga.”

Suspirando infelizmente, eu faço. Coloco ela de pé ao lado do sofá. O

cobertor se juntou a seus pés e eu recuo para dar-lhe algum espaço. Está escuro,

mas eu posso vê-la bem, e isso significa que eu tenho que forçar meus olhos a

permanecer acima do pescoço dela. A mulher está usando dois pedaços

patéticos de tecido como pijama. Uma pequena camiseta e shorts finos. É isso.

Aperto minha mandíbula e volto para o lado, esperando que ela passe.

“Onde você está?”

Olho para ela e percebo que não podia ver. Ela não estendeu a mão, mas a

maneira como seus olhos estavam se movendo pelo quarto mostram sua

cegueira.

“Estou aqui.” Eu não a toco, porque se eu fizer, não gostaria de parar.

Shelly vira a cabeça na minha direção e respira fundo. Ainda assim, ela

não me alcança. Eu não conheço as especificidades do que esperar depois da

sessão de sexta-feira, mas lembro-me da Dra. West dizendo algo sobre Shelly

fazendo exercícios de ERP auto-guiados durante esta semana.

“Você pode ver?” Ela lambe os lábios, a voz arranhando. “Porque eu não

consigo ver nada. Está tão escuro.”

“Posso ver.” Sem ajuda, meus olhos caem em seu corpo, para a ondulação

de seus seios, o seu estômago nu, a curva de seus quadris. Arrepios de calor

levantam sobre minha pele e eu aperto minhas mãos em punhos.

Ela se arrasta para frente e eu a pego antes que ela encoste em mim,

colocando minhas mãos suavemente em sua cintura.

“Deixe-me levá-la ao seu quarto.” Minha voz é áspera, por razões óbvias.
Não dizendo nada, ela traz a mão para o meu antebraço, seu corpo

colidindo suavemente com o meu. E então a mão no meu braço desliza em meu

biceps para o meu ombro.

“Shelly.” Eu estou sem fôlego.

“Eu gosto disso.”

“O que?”

“Tocar você.”

Oh merda.

Eu seguro e suporto suas mãos se movendo sobre meu corpo, na frente da

minha camisa, parando na bainha e empurrando-a.

“Tire isso.”

Eu faço. Eu puxo a camiseta sobre minha cabeça e deixo cair no chão.

Nós ficamos de pé, de frente um para o outro no escuro, não tocando.

Apesar da sessão na sexta-feira e do progresso que foi feito, percebi que ela

ainda não está bem. A Dra. West está certa, a sexta-feira foi apenas um passo, o

primeiro passo. Shelly não pode iniciar contato. Ainda não.

Suas mãos se fecham em punhos e ela balança para frente, sua respiração

lutando em pequenas lufadas de ar.

Se alguma coisa acontecer esta noite, terei que iniciar. Eu tenho que ser o

primeiro a tocar.

Deus, como eu a quero. Como eu quero que ela estivesse acima de mim,

embaixo de mim, me cercando. Mas como eu posso?

“Eu sei por que hesito,” sua voz está sem fôlego, “mas por que você

hesita?”

“Muitas razões.”

“Me dê uma.”
“Eu não quero usar você.”

“Eu desejo que você faça...”

Isso tira uma risada de mim, apenas um pequeno alívio da tensão

crescente. Meus olhos se movem sobre seu corpo, um impulso inegável para

devorá-la, as pernas, o estômago, o peito, depois o pescoço e os lábios.

“Você me perguntou no sábado se o sexo era um grande negócio para

mim, ou se era você. A resposta é ambos.”

Ela fica parada demais, e tenho a sensação de que ela está segurando a

respiração, esforçando-se para escutar.

“Você é um grande problema para mim. Eu não quero uma aventura. Eu

não quero um flerte. Eu quero promessas.”

“O que posso te prometer?”

Que você vai me amar. Que eu serei sua prioridade.

Ela passa o peso de pé para pé. Um pico de ansiedade que ela poderia me

deixar me faz agir sem previsão. Levanto as mãos para sua cintura novamente,

e imediatamente, as pontas dos dedos escorrem sobre a pele do meu estômago

em resposta, fazendo meus músculos antecipadamente tensos. Ela fica mais

assertiva quando acaricia meus lados, abdômen, costelas, peito, ombros e

depois recua.

Shelly se aproxima, um toque emocionante entre seus seios e meu peito, e

todas as palavras e preocupações derretem da minha mente, morrem na minha

língua, sufocadas pela sensação de seu corpo e a possibilidade desse momento.

Seu dedo engancha na cintura do meu jeans. “Tire isso.” Sua mão gira,

seus dedos e palma agarrando no meu zíper.

Instintivamente, eu me pressiono em seu contato mesmo quando pego seu

pulso.
“Beau, eu prometo...”

Ela não consegue falar, porque eu a beijo e é duro e selvagem,

desabotoando e abrindo meu zíper com uma mão e trazendo a palma da sua

mão dentro da minha boxer com a outra.

Ela avança, acariciando-me ardentemente. Solto seu pulso e empurro

meus dedos na parte de trás de seu shorts, agarrando dois punhados da bunda

perfeita. Permitindo-me um momento auto-indulgente para amassar e acariciar

sua bunda, eu então empurro seu shorts pelas pernas.

“O que você está fazendo?” Ela ofega, arrancando os lábios dos meus,

mesmo quando sua mão trabalha mim. Ela não precisa, eu já estou duro. Eu

estava duro no momento em que ela tocou meu braço no escuro.

Pego e encontro minha carteira, e - adorável Billy - encontro três

preservativos lá. Meu irmão é fanático de ter certeza de que todos nós

possuímos preservativo, o tempo todo. Até eu.

Não desejando soltá-la completamente, rasgo uma aberta com os dentes.

“Beau?” Sua voz é alta e incerta enquanto ela se agarra a mim.

Bateando suas mãos para longe do meu pau, enrolo nele enquanto eu

dobro, lambendo seu peito na minha boca através do tecido fino do seu top.

Isso é ridículo, mais como uma gaze do que tecido.

Eu amo isso.

Ela arqueia, sua respiração se engata quando eu dou seu pequeno mamilo

um pouco nos meus dentes. Eu não terminei com seus seios. Eu quero que eles

estejam perto para que eu possa lamber e provar, saltando na minha cara

enquanto eu a preencho.

Pensando apenas na conveniência, eu a apoio na parede, minhas mãos

deslizando em torno de suas coxas e erguendo seus pés do chão.


“Oh, Deus, estamos realmente fazendo isso,” ela diz, como se estivesse

surpresa de termos chegado aqui, como se ela estivesse se preparando.

“Caramba,” ela disse entre meus assaltos de beijo, o deslizar quente e

exigente da minha boca e língua contra a dela.

Ajudando-se segurando meus ombros, e rolando os quadris em busca dos

meus, ela diz: “Eu só quero te dar um boquete.”

Concordo, respirando pesado contra seu queixo. “Você está me dizendo

para parar?”

“Deus, não! Vá. Vá. Vá. Não pare.” Ela balança impaciente, ofegante. “Eu

pediria que você me foda, mas não acho que você apreciaria esse tipo de

linguagem.”

Elevando-a mais alto, uma das pernas enroladas em torno dos meus

quadris quando eu me posiciono, esfregando a cabeça do meu pau sobre seu

centro liso. “Então, peça-me para fazer amor com você em vez disso.”

Ela não hesita. “Faça amor comigo,” ela suspira, sua voz implorando.

“Faça amor comigo, Beau.”

Então eu faço. Entro nela, enchendo-a e fico cercado. Ela respira fundo, e

depois geme, suas pequenas unhas cavando nos meus ombros.

Enquanto isso, eu estremeço, a sensação intensa demais, seu corpo, sua

respiração e seu toque esmagador.

“Você parece...”

“Como eu me pareço?” Pergunto, apertando meus dentes contra a

urgência feroz para concluir. Nós acabamos de começar, mas não há como eu

durar. Já demorou tanto tempo. E isso significa que nosso tempo é curto.

Então eu paro, lutando pelo controle, perguntando novamente: “Como eu

me pareço?”
Seu tronco é tão longo, seus seios estão bem onde eu queria, na minha

cara, me dando acesso fácil para lamber, morder e saborear. Mas eu não posso,

não, se eu quiser estar dentro dela por mais de meros segundos.

Mas então Shelly inclina a cabeça, seus dedos vêm até minhas bochechas

levantando meu queixo. “Mova-se, Beau.”

“Eu preciso de um minuto.”

“Goze por mim” ela sussurra. “Goze até mim. E faremos amor

novamente, em qualquer lugar que você quiser. No sofá, na minha cama, no seu

carro.”

Eu gemo com as imagens. “Você primeiro.”

Fico tentado a começar a pensar pensamentos não sexy apenas para durar

mais tempo.

Ela inclina os quadris, esfregando seu corpo contra o meu, encorajando-

me a me mover.

“Não tenha medo. Nós temos para sempre.”

Nós temos o para sempre.

Confiando nela, me movo. Movo uma vez e uma facada de prazer

vigoroso acende na base da minha coluna vertebral. Meus esforços não são

elegantes, são ásperos, carentes e ela responde dando beijos macios e gemidos

suaves.

“Oh Deus. Shelly.”

“Venha para dentro de mim.”

Controle perdido, eu faço. Todos os meus músculos ficam tensos

enquanto eu bato nela, precisando disso. Preciso dela, preciso dela agora. Eu não

posso pensar além do agora, além das estrelas nas bordas da minha visão e do

prazer quente que atravessa meu corpo.


CAPÍTULO 26

"A mente não é um vaso a ser preenchido, mas um incêndio para ser aceso."

- Plutarc

* Beau *

EU NÃO TENHO NEM MESMO dez segundos para pegar meu rumo,

ou me afundar no desapontamento de gozar muito rápido, antes de Shelly

começar a me beijar com seriedade novamente, suas mãos se movendo sobre

meu corpo.

Ajudando-a a descer, volto em uma espécie de desespero para sua boca,

deixando uma trilha de beijos e mordidas sobre sua mandíbula e pescoço, até

aquele lugar que eu sei que ela ama. Girando minha língua, ela inclina a cabeça

para o ombro, arqueando contra mim.

"Conte até vinte," ela diz, suas palavras sem fôlego.

"O que?"

Colocando as mãos contra meu peito, ela me afasta suavemente. "Conte

até vinte depois que eu for, e me encontre no meu quarto."

Pego sua mão. "Shell…"

"E sem preservativo desta vez, por favor. Eu não gosto de como eles

parecem." Ela passa por mim, tocando ao longo da parede enquanto ela vai e

parando apenas brevemente para tocar em um interruptor. O brilho suave da

luz ilumina seu corpo extraordinário, a longa linha de suas pernas lisas, a
extensão de seus lindos ombros e costas, a parte traseira perfeita, a curva da

cintura.

Olhando por cima do ombro, seus olhos se movem para baixo e depois

por meu corpo. Tenho a sensação fugaz de que ela também me admira.

A boca de Shelly, agora inchada de nossos beijos, curva-se em um

pequeno sorriso quando seu olhar se encontra com o meu. "Você é lindo, Beau

Winston."

Então ela vira e vai.

Reunindo minha mente, ou o que sobrou dela, saio do jeans e entro no

banheiro. O piloto automático ligou, o tipo sexy, onde tudo que eu posso ver

são flashes de fantasias, de como já tínhamos estado juntos, de como eu quero a

próxima e de como eu vou levá-la logo depois disso.

Termino, ando até o quarto e paro na porta.

A luz de cima está ligada e ela tirou todos os cobertores soltos da cama,

deixando apenas a colcha adequada. Não havia nenhum travesseiro. Shelly está

parada ao lado de seu armário, como se ela tivesse acabado de fechar a porta.

E ela está nua.

"Eles me distraem," ela diz, como se fosse uma desculpa.

Eu apenas a ouço tangencialmente, e levo alguns segundos para entender

o significado disso, porque - como um homem morrendo de sede - eu estou

muito ocupado bebendo-a.

"Não me importo se o quarto está nu," eu digo sem pensar, mexendo,

precisando tocá-la, "enquanto você estiver dentro dele.”

Ela se vira para mim quando me aproximo, suspirando um pouco

enquanto eu coloco minha mão em volta da sua cintura e junto nossos corpos.
Mais uma vez, eu estou apoiando-a. Mas desta vez, quando meus joelhos tocam

o colchão, pouso ela em uma cama.

Tiro uma fração de segundo para admirar a visão dela deitada ali, com os

cabelos selvagens, seus lindos seios já marcados pela minha boca, as pernas

abertas, o corpo disposto, nu e meu. Num propósito de ser meu novamente,

assim como eu sou agora dela.

E noto, com mais do que um pouco de diversão e satisfação, que seus

grandes olhos estão no meu pau. Eu não penso que sua reação é porque eu sou

grande - eu sou grande - mas mais porque eu já estou pronto para ir.

"Deus abençoe as pessoas de vinte e quatro anos." Suas palavras estão sem

fôlego.

Eu subo sobre ela, deslizando minha pele contra a dela, curtindo o calor

da fricção entre nós.

"Eu tenho quase vinte e cinco anos." Eu balanço minhas sobrancelhas.

Ela ri e eu capturo a risada em seus lábios até que ela se torna um gemido.

Eu a beijo, acariciando seu peito, depois deslizando minha mão pelo corpo,

entre as pernas abertas. Abro mais, abro até ela se separar. Circulando seu

clitóris com toques leves de provocação, tiro um gemido quebrado dela, que me

queima e acende fogo nas minhas veias.

Então eu deslizo pelo seu corpo, beijando-a enquanto eu vou saboreando

o calor e o sal de sua pele. Minha boca molhada em antecipação.

Mas quando chego ao quadril, ela fica tensa, como se estivesse

percebendo minha intenção. "Espera, espera-"

Eu olho para ela, com a intenção selvagem em seus olhos. Ela balança a

cabeça. "Não faça isso."


Eu lambo meus lábios, minha testa enrugando em confusão. "O que? Por

quê?"

"Você não gosta disso.”

"Eu não gosto?"

"Não. Os homens não gostam disso. Eles apenas fingem que sim.”

"Uh, não." Eu balanço a cabeça, tentando meu curso, acariciando seu sexo.

Ela pega um punhado de cabelo e puxa freneticamente. Isso machuca.

"Beau, não."

"Mulher, eu tenho fantasiado sobre isso por semanas. Por favor, solte meu

cabelo.”

Ela não faz. Ela apenas olha para mim, cheia de ansiedade.

Cada parte de mim ânsia por aquele ponto tão doce. Eu estou morrendo

de fome por ela, e ela está preocupada que eu não quero.

Eu tento uma abordagem diferente. "Você gosta?"

"Não. Porque você não gosta disso.”

"Não me diga o que eu gosto." Eu digo isso com dentes cerrados, porque -

foda-se porra - eu posso sentir o cheiro de sua excitação, seu calor, seu corpo.

"Beau…"

"E se eu não gostar, então eu prometo que vou parar, ok?"

Shelly parece rasgada, mas também parece tentada. Então gentilmente

desenrola o punho do meu cabelo e levanta sua mão para minha boca. Sua

palma virada para mim, lambo a carne macia logo abaixo das articulações de

seu polegar e dedos do meio com o traço da minha língua enquanto eu seguro

seu olhar.

Os olhos dela viram em sua cabeça e seu corpo inteiro estremece.

Eu tomo isso como um sim.


Eu decido que eu levarei meu tempo. Eu quero isso por tanto tempo e,

com base em sua reação, talvez essa seja minha única chance. Eu quero saborear

cada segundo.

Separando-a com meus polegares, lambo lentamente. O estalo de sabor na

minha língua arranca um gemido do meu peito. Passo meus braços e as mãos

em torno de suas pernas, segurando-a enquanto eu faço a festa, sugando

suavemente.

"Oh, merda, oh merda, oh merda", ela diz em uma súbita precipitação, seu

corpo se esticando em uma onda apavorada. "Estou gozando. Porra, Beau.

Estou gozando."

Eu estou surpreso. E desapontado. Mas também preparado.

Coloco dois dedos dentro dela para acompanhar seu gozo, e continuo a

pressão lenta e medida da minha boca. Claramente, funciona para ela.

Ela pulsa em torno de mim, e eu gemo de novo com os tremores afiados

ao redor de meus dedos quando eu os deslizo para dentro e para fora.

"Oh. Porra. Eu." Suas palavras estão estranguladas, e eu tenho certeza de

que ela não percebeu o que ela disse.

Olho para o rosto dela. Está contorcido de confusão e exaltação,

despertando em mim uma satisfação profunda e um orgulho primordial.

"Pare. Por favor, pare.” Sua voz é afiada e cansada, como se estivesse

presa entre dor e prazer.

Imediatamente me obrigo a sorrir.

"Amanhã? Mesma hora? Mesmo lugar" Sim. Eu estou presunçoso.

"Ahhhgraha," é sua resposta sem sentido.

Subindo de volta ao seu corpo, aproveito seu estado atordoado e deixo

beijos molhados em sua pele. Mais uma vez, levo o meu tempo enquanto tomo
nota do que a excita, o que a faz se contorcer, o que fazia cócegas e o que a fazia

se esticar, arquear, esforçando-se para se aproximar.

Quando chego à boca, pego a respiração e os olhos dela estão abertos.

Embora estejam nebulosos, cheios de orgasmo e sexo, eles ainda me acertam no

peito.

Eu preciso estar dentro dela novamente. Eu latejo por isso, dói com a

necessidade. Eu preciso estar dentro dela enquanto ela olha para mim com seu

olhar feroz.

Talvez ela leu a intenção atrás dos meus olhos, ou talvez ela esteja agindo

de acordo com seus próprios desejos, mas sua mão circunda meu pau e o

acaricia, seu corpo ficando preguiçosamente embaixo de mim.

"Beau."

"Shelly." Eu beijo o canto de sua boca, lambo seus lábios levemente

enquanto eu me pressiono na palma da sua mão.

Ela olha para mim, sóbria e sincera. "Faça amor comigo."

Aquela boia flutuante que me assopra por semanas estala, meu peito se

expandindo, balançando com calor, vontade e maravilha. Eu me estabeleço

entre as coxas dela, provoco sua carne ainda sensível com um deslizamento da

minha pele, e então entro nela.

Shelly suspira enquanto se move abaixo de mim. Soa cheia. Parece feliz.

Ela me observa.

Eu a assisto.

Beijando, tocando e estimando, fazemos amor.

E é essencial.
O AROMA DO CAFÉ VINDO da cozinha me desperta. Esfrego os olhos contra

o brilho do dia e olho para o meu entorno. O lado de Shelly na cama está vazio.

Eu não deveria dizer o lado de Shelly na cama. É a cama dela. Então, todos os

lados são dela. Mas o lado em que ela dormiu - apenas à esquerda do centro -

está vazio.

Enquanto isso, eu estou nu. Com exceção do meu sorriso.

Depois do que fizemos na noite anterior, penso que meu sorriso deve ser

suficiente. No entanto, fico de pé e procuro minhas roupas enquanto eu me

estico. Então lembro que elas estão na sala de estar, então eu vou para lá. Eu

faço um rápido trabalho de puxar meu jeans e minha camisa e, em seguida,

avisto minha carteira aberta no assento do sofá. Colocando-a no meu bolso

traseiro, entro na cozinha.

Shelly senta-se na mesa da cozinha em frente a um laptop, uma caneca de

algo em sua mão, uma chaleira na mesa, vestida, banhada e pronta para o

trabalho. Ela até está usando suas botas.

"Que horas são?" Olho em volta da cozinha procurando um relógio.

"Quase sete". Ela não se afasta do laptop. "Tome um café."

"Eu pensei que você não tomasse café."

"Eu não tomo café, estou tomando chá. Mas eu sei que você toma café."

O fato de ter feito café especialmente para mim não deveria ter me

agradado tanto, mas fez.

"Você dormiu?" Eu encontro uma caneca e vou para ela. No meu caminho

para a mesa, avisto Laika e Ivan desmaiados na sala de estar. "Seus cachorros

gostam de dormir."

"Eu os levei para correr. Voltamos há meia hora atrás."


"Você já foi correr?" Eu a beijo no ombro, sem saber se eu deveria olhar

para a tela do computador. Eu avisto os pegadores que eu dei a ela, um

dobrado sobre o punho da chaleira, o outro embaixo do fundo de cobre,

protegendo a superfície da mesa do calor.

"Bonitos pegadores."

"Obrigado, eles são meus pegadores favoritos."

"Eles são seus únicos pegadores."

"Por que eu precisaria de mais? Os meus são perfeitos."

Não posso parar o meu sorriso pateta e eu decido ceder à minha

curiosidade. "O que você está olhando?"

"Xícaras de chá."

"Xícaras de chá?" Eu estudo a tela. Com certeza, está com papel de parede

em fotos de xícaras.

"Sim."

"Por quê?"

"É relaxante."

"Hmm... então." Eu reivindico o assento ao lado do dela e deslizo a minha

perto, passando meu braço ao longo da cadeira, beijando seu pescoço antes de

voltar minha atenção para a tela do computador.

Nos sentamos assim, bebendo café e chá, e admirando canecas de chá por

um tempo. "Whoa, olhe para aquela." Eu aponto para uma xícara de chá preta e

branca, que eu acho uma raridade. Todas as outras xícaras de chá que vimos

são coloridas. Além disso, sua borda não é circular, mas em vez disso é

moldada em um hexágono, como o seu pires.

"Sim. É uma Shelley."

“Uma Shelly como você?"


"Espelhada é quase o mesmo, exceto com um 'e' entre o último 'l' e 'y.'"

"Ah. OK."

Ela percorre algumas mais, indo devagar como se tivesse certeza de que

eu tive tempo para estudar cada uma. Várias tinham flores intrincadas,

pintadas à mão no interior, onde o chá vai. Às vezes, em vez de flores, havia

cenas, paisagens ou rostos das pessoas. As possibilidades são infinitas, e

nenhuma delas parece a mesma. Eu não tinha ideia de que havia tantos tipos

diferentes de xícaras.

"Assim..." Eu olho entre o perfil de Shelly e a tela do laptop. "Você gosta

de xícaras de chá."

"Eu gosto de olhar para elas."

Eu noto que ela ainda não olhou para mim desde que eu entrei na

cozinha.

"Você tem muitas? Xícaras de chá?" Eu procuro na cozinha, por um desses

armários de porcelana.

"Não."

"Por que não?"

"Eu me preocuparia," seus olhos vão para o lado, em minha direção e

depois, “que elas quebrassem."

"Então, o quê?" Eu me recosto um pouco, então eu posso ver seu rosto.

"Então, e se alguma quebrar?"

Ela olha para a minha boca, sem franzir a testa, e não diz nada.

Passo as pontas dos dedos ao longo da linha atraente de sua mandíbula.

"Se algo quebrar, nós corrigimos isso. É o que fazemos."

"Mas não..." Shelly faz uma pausa, engole em seco, sua atenção volta para

a tela do computador; seus traços pintados com saudade inconfundível


enquanto estuda a imagem de um copo de chá azul e branco. "Não seria o

mesmo... se quebrar."

"Então? Por que tudo precisa permanecer o mesmo? A mudança pode ser

boa."

Seus olhos vêm para os meus finalmente, me atingindo como mísseis

duplos logo abaixo do meu peito. Entendo profundamente o poder através da

reação familiar do meu corpo ao peso de sua consideração.

Suavizando minha voz, inclino-me mais perto. "Você não pode se

preocupar em quebrar as coisas o tempo todo, Shelly. As coisas são frágeis se

você quiser ou não. E se você estiver na ponta dos pés, e não comprar xícaras de

chá por medo de que algum dia se quebre, então você nunca saberá a alegria

de...de... "

"De?"

Eu dou-lhe o meu olhar mais sério. "Você nunca saberá a alegria de beber

chá de uma xícara de chá real, de boa qualidade e de fantasia."

Agora ela está pressionando seus lábios juntos e - bom Deus - não perdi o

fato de que ela está tentando não rir. Um sorriso em resposta tem reclamando

minha boca antes que eu possa pegá-lo, antes mesmo de eu perceber que estou

fazendo isso.

Isso foi legal.

Não, isso foi ótimo.

Andar com seus cachorros, jantar juntos, dançar em torno de sua pequena

cabana e ler um para o outro até desmaiarmos. Fazer amor a noite toda -

especialmente o fazer amor toda a noite - acordar, vendo ela em primeiro lugar,

tomar café e olhar xícaras.


Momentos de calma, feitos extraordinários, compartilhando-os com a mulher que

amo.

É o que eu quero. Meu interior cai nesse pensamento - não com medo,

mas com apreensão. O momento de lucidez, que eu estou apaixonado por

Shelly, e que é muito cedo para me apaixonar por ela, não diminuiu desde

ontem. Na verdade, a certeza enraizou e cresceu, inundando uma convicção. E

com a convicção veio um veredicto.

Eu estou tão ferrado.

E então me escondo por trás de um gole de café e um comentário banal.

"Você não tem xícaras de chá?"

"Não, mas eu tenho canecas." Ela bate nossas canecas juntas, ainda

sorrindo para mim, roubando minha respiração e capturando meu coração.

Novamente.

Eu tenho que limpar minha garganta e desviar o olhar antes de comentar:

"Não é a mesma coisa, no entanto."

"Não," ela concorda calmamente. "Não é o mesmo."

EU TOMO UM BANHO e rapidamente me visto com a mesma roupa que eu

usei no dia anterior, decidindo me trocar na loja em vez de ir para casa.

Chegamos ao trabalho no mesmo momento. Ela dirigindo o seu Buick, eu

dirigindo meu GTO. Shelly já está vestida com macacão, então ela abre a loja

enquanto eu vou me trocar no segundo andar.

Quando desço as escadas, encontro-a na recepção, acabando de desligar o

telefone fixo. Ela desliga quando entro, e então rapidamente passa por mim e

me entrega um chaveiro.
"O que é isso?"

"Estas são as chaves da minha casa, no caso de você precisar ir enquanto

não estiver lá."

Gosto de ter dado por certo que estarei passando as próximas noites com

ela. E fico agradecido. Eu não estou pronto para ir para casa ainda. Estar com

ela, em sua pequena cabana, é absolutamente onde eu quero estar.

Nós trocamos sorrisos - o meu grande, o dela pequeno - e eu não posso

fazer nada. Entro no espaço dela, mantendo as mãos atrás das costas e

escovando meus lábios contra os dela.

Então eu mordo seu lábio.

Então cubro sua boca com um beijo persuasivo.

Então me inclino.

Ela segue minha retirada com seus olhos, seu olhar como um falcão

rastreando uma refeição.

"Você é um bom beijador." Isso soa como uma acusação.

Eu encolho os ombros, dando-lhe um sorriso satisfeito. "Eu pratico."

Seu olhar afia. "Oh?"

"Sim. Com o meu travesseiro. E uma melancia algumas vezes."

Os ombros de Shelly começam a tremer antes que ela se permitir rir para

mostrar com um sorriso e, ao mesmo tempo, ela sacode a cabeça para mim. "Eu

amo que você me faz rir."

"Bom. Porque eu amo fazer você rir." Incapaz de parar, passo as pontas

dos dedos ao longo de sua linha de cabelo, até a têmpora, depois atrás de sua

orelha. "Por sinal, não posso acreditar que nunca lhe perguntei isso."

"O quê?" Ela enrola a mão em cima da minha e leva aos lábios, beijando

meus dedos, suavemente, lentamente, um de cada vez.


É um gesto tão afetuoso, que só posso encará-la enquanto ela faz isso,

incapaz de completar meu pensamento.

"Beau?"

"Desculpe, sim." Limpo minha garganta, me sacudindo. "Uh, telefone."

"Telefone?"

"Você não tem um telefone celular?"

"Não. EU... Eu não posso." Ela segura minha mão entre as duas dela.

"OK. Não se preocupe. Você tem um telefone residencial?"

"Sim." Ela entrelaça os dedos da mão direita com a minha, depois pega a

caneta e o papel no balcão principal com a esquerda. "Eu vou escrever para

você."

O som do pneu no cascalho faz com que nós dois voltássemos em direção

ao estacionamento. Duane acabou de chegar e está estacionando seu Road

Runner ao lado do meu GTO.

Franzo o cenho ao vê-lo enquanto ele sai do carro, porque ele está

franzindo o cenho para meu carro. Então ele vira o olhar para a garagem, como

se estivesse procurando por algo.

Ou alguém.

Uma bola de culpa paira no topo do meu peito, e eu endireito minha

espinha para tentar aliviar isso.

"Você deve conversar com seu irmão." A declaração de Shelly me faz

olhar para ela.

Ela está me estudando com calor e preocupação. "Ele está bravo com você

e você o ama. Então, sua raiva deve incomodá-lo em algum nível."

"Você acha que eu devo dizer a ele? Sobre Christine?"


"Eu não faço ideia. Não entendo perfeitamente o que está acontecendo

com essa situação. Mas eu confio em você. Você deve confiar em si mesmo."

Eu lhe dou um sorriso grato e aperto sua mão antes de deixá-la ir.

Virando pela porta lateral, entro pela garagem e espero na entrada.

Sua carranca se intensifica assim que ele me vê, e quando ele está a três

metros de distância, ele para.

"Olá, Beauford."

"Duane."

Sua mandíbula marca. "Você precisa de algo?"

"Eu acho que preciso me desculpar, novamente, por te evitar. Eu tenho

lidado com alguma merda e estou tentando colocar isso em ordem. Então,

desculpe."

Ele pisca uma vez, devagar. "Algo errado?"

"Sim. Algo está errado."

"O que?"

"Eu não posso te dizer."

Meu gêmeo solta um suspiro lento e olha por cima do meu ombro,

balançando a cabeça. "Entendo."

"Não. Você não entende. Não é desse jeito. Eu tenho coisas acontecendo -

com Shelly, comigo mesmo - e não é que eu não quero te dizer, é que eu não

estou pronto para falar sobre isso. Faz sentido?"

Duane olha para mim, seu cenho franzindo em um olhar carrancudo.

Depois de um longo momento, ele concorda com a cabeça, com a voz baixa

quando ele disse: "Sim. Isso faz sentido."

"Bom."
Duane continua a olhar para mim, usando a merda de seus pensamentos

sobre seu rosto, e então abruptamente, ele bate no meu ombro levemente com

um punho fechado. "Você está crescendo, Beau."

Agora eu estou olhando para ele. "Cale a boca, bobo."

"Meu bebê está crescendo."

"Eu vou quebrar a sua cara."

"Você tem uma namorada quente, e..."

"que é uma mecânica melhor do que você."

"Não há argumentos aqui. Ela é melhor mecânica do que qualquer um de

nós."

"Ela pode ser uma motorista melhor do que você, também."

O olhar de Duane está de volta. "Agora não seja mal.”

Isso me faz rir. "Não estou sendo mal, estou sendo honesto."

"Às vezes é o mesmo." Duane cruza os braços.

"Bem, você saberia, bicha rabugenta."

Meu irmão luta com um sorriso, luta e falha. "Eu acho que estas são suas

calças."

Isso me faz rir mais, o que o faz rir, também. E nós rimos por um tempo.

Ele balança a cabeça para mim, mal sorrindo; e eu, completamente me

entregando.

Depois de um tempo, Duane cruza os braços e olha para o estacionamento

da loja. Ele arranha a parte de trás da cabeça, respirando profundamente.

"Prometa-me que você vai me ligar. Prometa-me que vou ouvir de você."

Eu não hesito. "Eu prometo."

Seus olhos ainda estão presos ao estacionamento, ele concorda uma vez.

Então ele se vira para a loja e entra.


CAPÍTULO 27

"Eu sou um cérebro, Watson. O resto de mim é um mero apêndice."

- Arthur Conan Doyle, The Adventure of the Mazarin Stone

* Shelly *

"DIGA-ME SOBRE SEU PROGRESSO." O tom da Dra. West é leve e

sociável. Suspeito que isso seja para esconder sua preocupação.

Eu desejo que ela não tentasse esconder isso. Agradeço a sua

preocupação. O plano ERP chuta o traseiro.

Claro, não devo dizer isso. Assim como ela não deve mostrar sua

preocupação.

"Está indo... bem eu acho. Estou fazendo as meditações todos os dias, mas

são muito difíceis."

"Você sabia que elas seriam."

"Sim eu sabia. Mas elas não estão ficando mais fáceis."

Ela escreve algo em suas anotações. "Qual é a sua porcentagem? Em

comparação a nossa sessão na semana passada."

"Nós mantivemos noventa por cento antes da semana passada. Agora eu

estou mais como sessenta ou setenta por cento."

"Isso é muito bom."

"Mas eu estive lá toda a semana."

"Isso ficará mais fácil. Você sabe disso."


"Eu sei." Eu suspiro cansada, esfregando minhas sobrancelhas porque elas

de repente parecem coçar. "Mas, por enquanto, é difícil. Eu pensei que ficaria

mais fácil depois."

"Devemos ter o Beau na próxima sexta-feira? Fazer outro exercício

prolongado com uma pessoa em vez de meditação?”

"Não. Ele esta muito ocupado por esses dias."

" Ele está bem?"

Olho para o purificador de ar. Está desligado. "Seu irmão vai se casar na

próxima semana. Mas talvez na semana seguinte. Vou perguntar a ele."

A Dra. West concorda, olhando suas notas e depois franze a testa. "Espere.

Você não estará em Chicago nessa semana?”

Meu joelho começa a saltar. Eu faço isso parar.

"Shelly?"

"Eu não estou preparada."

Eu já liguei para Quinn e deixei uma mensagem em seu correio de voz.

"Oh?" Ela não parece surpresa, apenas curiosa.

"Eu preciso de mais tempo."

"Posso perguntar por quê?"

"Eu quero estar melhor." Meu joelho começa a saltar novamente, e desta

vez eu deixo. "Eu não quero chegar lá e não poder segurar meu sobrinho. Isso

vai desapontá-los, decepcionará Janie. Não vou estar preparada em nove dias."

"Mas você disse que seu irmão iria entender."

"Ele vai, mas isso não significa que ele não ficará desapontado. Eu

apenas..." - bufo, e olho para a parede branca atrás dela - "Eu não quero vê-los

até que eu esteja melhor.”

"Você está melhor."


"Melhor do que isso."

Ela me olha por vários segundos antes de dizer: "Ok. Essa é sua escolha.

Mas vou fazer uma sugestão."

"Por favor." Minha perna para de saltar por conta própria, como se meu

tornozelo estivesse sem combustível para alimentar o movimento repetitivo.

"Escolha uma data e fique com ela, mesmo que não esteja pronta para

iniciar o toque. Se você esperar, você vai perder. Tenho certeza de que sua

família concordaria. Num certo ponto, é melhor ir como você está do que

esperar até você ser quem você quer ser.”

Concordo com a cabeça evasivamente incerta se eu concordo com ela. A

mãe biológica de Beau veio até ele como é - uma usuária, manipuladora, uma

decepção - e eu sei que Beau queria que ela tivesse ficado longe.

Minhas intenções são boas, mas o quanto importa se minhas limitações

atuais prejudiquem meu irmão?

"Como estão as coisas com Beau?"

Eu me endireito no meu assento com a mudança de assunto. Não era

indesejável e sorrio antes que eu possa me impedir. Claro que não consigo parar o

sorriso, é de Beau que estamos falando.

"Realmente, muito bem." Por algum motivo, eu não consigo segurar seu

olhar enquanto digo isso. Além disso, eu estou abruptamente quente.

Decidindo que minha descrição havia sido deficiente, corrijo-me: "Na verdade,

as coisas estão incríveis. Eu não acho que milagroso é um exagero."

Minha terapeuta também está sorrindo. Seus lábios estão pressionados

juntos, como se para evitar que o sorriso crescesse demais. Eu decido que ela

parece divertida, satisfeita e feliz.

"Estou muito feliz por você."


"Obrigada." Eu estudo minhas mãos enquanto o calor arrastava do meu

pescoço até minhas bochechas. Essas mãos o haviam tocado. Muito. Eu toquei

tanto seu corpo na semana passada, minha respiração não puxa mais as penas

do medo - não o tipo de medo ruim. A ansiedade que sinto quando nos tocamos

é antecipando o bem.

Ele é tão bom.

"Eu tenho que perguntar, vocês dois ficaram íntimos?"

As imagens de nós na cozinha, esta manhã, passam por minha mente. Ele

acordou cedo e limpou cada balcão, deixando todas as superfícies descobertas.

Livre de distração. Coloco-me em uma toalha sobre a mesa da cozinha,

espalhou minhas pernas e me levou ao orgasmo quatro vezes. O primeiro foi

com os dedos, o segundo com a boca e o terceiro e o quarto tinham sido com

seu pau.

Eu realmente aprecio seu pau. Às vezes, especialmente quando eu estou

gozando, é a minha segunda coisa favorita sobre ele.

"Nós ficamos íntimos nove vezes se a medida que você está usando é uma

relação sexual. Mas dezessete vezes se a medida é o número de vezes que eu

tive um orgasmo."

Seus lábios se separam e ela fica um tanto atônita. Mas então ela parece se

arrumar e fecha a boca, sua expressão ficando mais profissional. "Quando

começou a intimidade?"

"Tecnicamente, 24 de outubro. Esse foi um orgasmo sem relações sexuais.

Mas começamos a fazer sexo com seriedade nesta última terça-feira, pela

manhã."

"Você diria que as coisas entre você e Beau estão progredindo muito

rápido, muito devagar ou a um ritmo apropriado?"


"Coisas?"

"A intimidade emocional e física."

Eu tenho que tomar um momento e realmente pensar sobre a questão. "Eu

suponho..." Lambo meus lábios, meu estômago revirando. "Suponho que a

intimidade emocional superava a física até terça-feira.”

"O que te faz dizer isso?"

"Ele estava aqui na sexta-feira. Ele me viu no meu pior, sem defesas.

Quantas pessoas em um relacionamento veem seu parceiro nesse estado?"

"Este é um bom ponto."

"Não. Estou perguntando porque não sei. Isso é comum?"

"Não. Não é. Especialmente não tão cedo em um relacionamento. Você é

muito corajosa."

"Ou muito imprudente.”

Isso tira um pequeno sorriso dela. "O que aconteceu na segunda-feira?"

Eu endureço. "Por quê?"

"Você disse que sua intimidade física não começou com seriedade até o

início da manhã de terça-feira. Qual foi o catalisador?"

"Uh..." Qual foi o catalisador? "Beau estava na minha casa."

"Esse foi o catalisador?"

"Sim. Então, a oportunidade?"

Ela levanta uma sobrancelha para mim. "Vamos voltar. O que aconteceu

depois que você saiu? Na sexta-feira?"

"As coisas foram difíceis após a sessão de sexta-feira."

"Como foram difíceis?"

"Ele estava me tratando como... uma geladeira."

"Perdão?"
"Como se eu estivesse quebrada, e precisasse ser observada. Como se eu

não pudesse ser confiável e funcionar corretamente." Meu interior agita e

depois cai com a memória, o constrangimento. "Como se ele precisasse ser

minha babá."

"Ah. Entendo. E como isso fez você se sentir?"

"Eu odiei."

"Você entende por que ele se comportou dessa maneira?"

"Eu sei, mas odeio isso." Eu esfrego meu esterno. "Uma das razões pelas

quais eu confiei nele para começar era pelo jeito que ele me olhava."

"E como era isso?"

"Como se eu não estivesse quebrada, como se eu não fosse um objeto. Ele

olhou para mim como se ele me visse. Mas depois da sessão de sexta-feira, as

coisas foram diferentes."

"O que aconteceu depois da sexta-feira?"

"Ele parou no sábado para me verificar, mais conversa de geladeira. Então

eu lhe disse para sair."

Ela concorda, escrevendo algo. "E quando você limpou o ar?"

"Limpar o ar?"

"Quando você falou tudo, contou-lhe como você se sentia sobre ele

tratando você como uma geladeira?”

Eu a olho, sabendo que a resposta verdadeira para sua pergunta seria a

errada. "Eu não fiz."

"Você não fez?"

"Não."

Ela pisca, seus olhos estreitando ligeiramente de uma maneira que me

lembrou meu pai quando ele achava que eu estava sendo tola.
"Eu deveria fazer isso." Eu aceno com a cabeça rapidamente. "Eu farei

isso." Continuei acenando com a cabeça. "É apenas..."

Ela espera eu continuar, sem dizer nada, suas características desprovidas

de expressão.

"Beau está passando por um momento difícil."

"Ok."

"Ele acabou de descobrir que a mulher que o criou não é sua mãe e sua

mãe biológica é uma sociopata. Sua mãe adotiva nunca disse que ele era

adotado e agora - ele não disse muito -, mas ele não sabe se deve contar ao

irmão gêmeo, ou o que fazer."

"OK."

"E então tem outras questões também, problemas profundos e auto

reflexivos. Talvez ele nem saiba quem ele é. Talvez ele não...”

"Shelly."

"Sim?"

"Estou feliz que você estar cuidando muito bem de Beau. Mas estes são

seus problemas para resolver. Você está aí, sendo solidária, é a coisa certa a

fazer. Você tentando assumir suas preocupações e usá-las como casaco não vai

ajudá-lo.”

"Isso faz sentido."

"Este foi o catalisador para terça-feira? Você ficou íntima com ele porque

queria fazer com que ele se sentisse melhor?"

"Não." Eu balanço a cabeça com tanta força, mas então tenho que mudar,

"Quero dizer, eu o trouxe de volta para minha casa porque eu não queria que

ele estivesse sozinho, não depois daquela mulher tentar mexer com sua mente.

Ele ia para casa, mas eu disse a ele para ficar a noite - de novo, sem querer que
ele estivesse sozinho depois de lidar com essa psicopata. E então ele acordou, e

me encontrou no sofá e queria que eu dormisse na cama que ele ficaria no sofá.

Eu ia me oferecer para dar-lhe algum trabalho para fazê-lo sentir-se melhor - e

porque realmente queria muito... mas, assim que começamos a nos beijar, as

coisas progrediram muito rapidamente.”

Fico sem fôlego quando termino e mordo o lábio para me impedir de

continuar, olhando para ela esperando uma reação.

Ela ainda está usando sua cara de poker. "Deixe-me ver se eu entendi isso

direito. Beau descobriu que sua mãe o adotou. Sua mãe biológica, na sua

opinião, é uma ‘psicopata’.”

"Ela estava tentando manipulá-lo na segunda-feira, quando apareceu. Ele

não queria falar com ela, mas ela estava dizendo que era sua verdadeira mãe.

Isso me fez tão brava."

"Entendo. Então, você diria que Beau estava emocionalmente vulnerável

na noite de segunda-feira?"

Eu estremeço, gemendo,"Sim." E então cubro meu rosto com minhas

mãos.

"Shelly, não estou tentando fazer você se sentir culpada por isso. Tente

pensar sobre isso de forma racional. Beau parece bem? Ele falou sobre o que ele

está sentindo? Sobre essa mudança em sua vida?"

"Eu me aproveitei dele? Eu arruinei tudo?"

"Shelly, isso não é sobre você. Pense em Beau por um minuto."

"Ok." Eu expiro. "OK. Não. Ele não falou sobre como ele está se sentindo.

Não conversamos recentemente sobre coisas profundas. Falamos, mas não

sobre sentimentos. Apenas um monte de... desabafos. E temos relações sexuais.”

Relações sexuais muito boas. Tudo ótimo.


"Eu vou sugerir que você fale com Beau sobre como ele fez você se sentir

na semana passada após a sessão de sexta-feira. E então, sugiro que você pense

sobre se você está aberta para discutir como ele se sente sobre a agitação em sua

vida.”

"Ele já não deveria saber disso?"

"Qual parte?"

"Que estou aberta a falar sobre a agitação em sua vida?"

"Com que frequência ele citou seus sentimentos para você? Ele lhe contou

como ele se sente sobre você?"

"Não." Meu interior cai, meu peito doe. "Ele não gosta de falar sobre si

mesmo. Eu acho que isso o deixa desconfortável. Ele gosta de ajudar outras

pessoas.”

"Como ele gosta de concertar refrigeradores?"

Dra. West e eu olhamos uma para a outra. Embora seus traços estejam

teimosamente em branco, o olhar em seus olhos me pede para ver seu ponto.

"Se eu não quiser ser apenas uma geladeira para ele," eu luto para juntar

as peças, "então eu tenho que fazê-lo falar sobre si mesmo. Tenho que tentar

consertar sua geladeira?”

Sua expressão não muda. "Todas as pessoas estão quebradas, Shelly.

Ninguém é perfeito. Alguns procuram ajuda. Alguns não. Mas ninguém é

consertado por outra pessoa. Só podemos trabalhar com nós mesmos. Se nós

estamos usando sua analogia - nossos próprios refrigeradores, de ninguém

mais.”

A Dra. West faz uma pausa, como se ela estivesse me dando tempo para

absorver e considerar suas palavras. "Você pode apoiar o Beau, segurar as

ferramentas para ele enquanto ele trabalha em sua geladeira, lembrá-lo de fazer
uma pausa, mostrar interesse em suas lutas. Você pode fazer coisas, gestos de

bondade que mostram que ele é apreciado, que você se preocupa com ele. Mas

ninguém pode consertar a geladeira de Beau, exceto Beau.”


CAPÍTULO 28

"Sim, fiquei apaixonada por você: ainda estou. Ninguém nunca aumentou tanto a

capacidade de sensações físicas em mim. Eu cortei você porque eu não suportava ser uma

fantasia passageira. Antes de dar meu corpo, devo dar meus pensamentos, minha mente,

meus sonhos. E você não está tendo nenhum desses."

- Sylvia Plath, The Unabridged Journals of Sylvia Plath

* Beau *

HANK ESTÁ ME CHAMANDO sem parar, pelo menos vinte vezes por

dia, deixando mensagens a cada vez.

Ele também está enviando mensagens de texto com estúpidos memes de

merda, gatos de chapéus, me pedindo uma opinião sobre uma placa de saída

para o bar, me ligando para dar notícias nojentas sobre A Florida Man, e

ameaçando me comprar outro barco. Ele está fora de sua mente.

Esgotado pelo seu assédio, concordo em encontrá-lo sábado de manhã

para tomar café. Assim que faço, as mensagens param, Graças a Deus.

Eu preciso contar a Shelly sobre isso, explicar porque eu não estarei

olhando as xícaras de chá com ela quando acordarmos. Faço uma nota mental

para lhe dizer quando for mais tarde esta noite em sua casa, uma vez que ela

volte da sua consulta com a Dra. West.

Mas para minha surpresa, assim que estou terminando o dia, vejo seu

carro entrar no estacionamento da loja.


Limpando minhas mãos, espero por ela dentro da garagem, sorrindo para

mim mesmo enquanto ela sai do carro. Ela parece concentrada e determinada.

Não deveria ser fofo, especialmente quando seu aspecto normal é tão intenso,

mas é.

A última semana foi... tem sido incrível. Acordar ao lado dela todos os

dias, falando sobre coisas que não importam, mas são divertidas de conversar,

caminhando, correndo, observando seu trabalho em seus anjos e fazendo amor

com ela todas as noites. É como eu quero que minha vida seja. Eu estou

planejando montar essa onda por quanto tempo dure.

Shelly marcha direto para a garagem, seu olhar se concentra em mim e

meu sorriso se espalha.

"Ei, querida."

Ela abre a boca, depois fecha, olhando-me como se eu tivesse perdido a

cabeça. Então ela pisca, respira fundo e diz: "Beau, temos muitas coisas para

discutir."

"Certo. Como vai você?"

"Como eu estou indo?" Ela agora estava franzindo o cenho.

"Sim."

"Não. Como você está?"

Eu encolho os ombros. "Estou bem."

"Mesmo? Porque você acabou de descobrir na semana passada que a

mulher que você achou que lhe deu à luz não é sua mãe biológica. Sua mãe

biológica é um ser humano vil que quer usar e manipular você."

... Certo.

Ela não parece mais bonita. "Obrigado pelo resumo."


"À luz desta informação, deixe-me fazer a pergunta novamente: como

você está?"

"Eu não sei", eu cuspo, me surpreendendo porque não tinha a intenção de

aumentar minha voz.

Sua expressão imediatamente relaxa e seus olhos ficam simpáticos.

Deus. Às vezes é uma tortura olhar para essa mulher. Observar seu olhar,

passando de feroz a suave, e para pena é demais. Deixo cair meus olhos para o

pano em minhas mãos.

"Por favor, toque-me, Beau."

"Por quê?"

"Então eu posso te tocar."

Aperto meus dentes, engolindo um nódulo apertado. De onde tudo isso

veio? Passamos toda a semana sem falar sobre Christine. Por que ela estava

trazendo isso agora?

Dra. West. Saúde mental. É por isso.

Droga.

"Eu não quero sua pena."

"Você quer minha compaixão?"

Tento engolir novamente, mas não há saliva na minha boca.

Ela se aproxima do meu espaço. "Você quer meu apoio? Você quer me

dizer o que está em sua mente e em seu coração? Porque eu quero saber. Eu

quero estar lá para você.”

"Não." Eu bufo uma risada amarga, balançando a cabeça e olhando além

dela. "Eu garanto, você não quer saber o que está no meu coração."
"Você é tão bom, generoso, com todos. Especialmente comigo. Por favor,

deixe-me segurar as ferramentas para você enquanto trabalha na sua

geladeira.”

Eu não entendo bem o que ela diz, mas eu entendo o significado. "Essa

não é uma boa ideia."

"Por quê? Por que não?" Eu senti seus olhos em mim, procurando meu

rosto. "Você confia em mim?"

"Sim."

"Então, por que você se recusa a se apoiar em mim?"

"Porque..."

"É porque você não acha que sou confiável?"

"Não, claro que não."

"É meu TOC? Eu o irrito?”

"Não. De modo algum... "

"Você está preocupado comigo ... "

"Estou apaixonado por você. "

Eu mostro os meus olhos então e, em vez de uma mera dispersão de

inteligência, as batidas saltarem, me dão um soco diretamente no centro do meu

peito.

Seus lábios se separam, os olhos arregalados. Ela fica boquiaberta para

mim - visivelmente estupefata - por um longo tempo. Sua respiração muda, fica

mais rápida, mais alta, como se ela tivesse acabado de correr.

Ela não ia dizer isso de volta. É por isso que eu não disse nada. E dizer

agora foi um erro.


"Você precisa chamar a Dra. West?" Eu giro um passo, colocando o pano

engordurado que estou segurando no meu bolso traseiro e cruzando meus

braços. O calor está rastejando no meu pescoço, tornando-se uma comichão.

"Não." Seus olhos, arregalados com o que parece pânico, baixam para

minha boca. "Talvez."

Levanto meu queixo em direção ao escritório no primeiro andar. "O

telefone está lá."

"Beau..."

"Esqueça."

"Isso não é provável." Ela desloca seu peso de seu pé esquerdo para o

direito e depois de volta. "Eu me p-preocupo com você."

Filha da p-

Mais uma vez, minha risada é amarga quando olho para o teto, me viro e

me afasto.

"Beau." Ela está logo atrás de mim.

"Eu tenho que fechar."

"Você não acha que devemos falar sobre isso?"

"Não."

"Você não acha que eu vou precisar de algum tempo para processar o que

você acabou de dizer?"

"Tome seu tempo, você sabe onde me encontrar." Pressiono o botão para a

porta de trás da garagem. O som do aço na pista de rolagem enche o ar e eu

deixo ir, desta vez no perímetro interior da frente.

"Isso não é justo. Não consigo tocar em você e você continua se

afastando." Ela está bem atrás de mim.

"A vida não é justa."


"Você para?"

"Não."

Entrando no escritório, caminho rapidamente até a porta de frente para o

estacionamento. Coloco o parafuso, aperto o bloqueio do fundo, verifico e volto

para a garagem principal, tentando fechar a frente.

"Você é covarde." Agora ela parece irritada.

“Elogios não a levarão a lugar nenhum."

"Isso é tão incrivelmente frustrante." Ela diz isso em um grunhido alto.

Ela não tem ideia.

Chegando, puxo o punho para a grande porta de rolar e puxo para baixo;

É três vezes maior que a da parte de trás, e dez vezes mais cara para

automatizar. Por isso, ainda não a colocamos em um motor. Até onde eu sei,

Cletus ainda está economizando dinheiro para a atualização.

Shelly fica de pé ao lado, me observando fechar a loja.

"Vamos terminar essa conversa antes de termos sexo hoje a noite."

Eu sorrio para isso. "Querida, não estamos fazendo sexo esta noite."

"Por quê?"

Em pé, eu a encaro, absorvendo o eco de uma dor quando nossos olhos se

encontram. "Porque, para você, tem sido apenas sexo. Apenas foder.”

Shelly estremece. "Isso não é verdade."

Lentamente, caminho até ela, entrando no seu espaço, deixando apenas

alguns centímetros entre os nossos lábios. "Você me ama, Shelly?" Eu sussurro.

Ela não responde.

Ela não precisa também.


No entanto, experimento outro soco exatamente como o anterior. Desta

vez no meu estômago, me fazendo perder o apetite completamente. Mas foi o

que recebi por fazer perguntas quando eu já sabia a resposta.

"Tenha uma boa noite, madame," eu digo, dando-lhe um sorriso educado

enquanto me afasto.

Então eu me afasto e saio sem pressa com meu GTO.

"EU PEÇO UMA TORTA DE MAÇÃ". Hank empurra um prato para mim.

Está vazio. Ou melhor, tem migalhas nele onde uma torta de maçã deve ter

estado.

"Obrigado." Eu não sorrio. "Você também tomou meu café? E teve uma

boa conversa consigo mesmo? Preciso ficar, ou acabamos?" Eu faço como se eu

fosse sair.

"Sente sua bunda. Outras três bandejas estão a caminho”. Hank faz um

gesto para Beverly, que está de pé atrás do balcão, olhando para ele como se

estivesse esperando por um sinal.

Eu dormi em casa na noite passada, na minha cama, cercado por minhas

coisas. Eu nunca percebi quantas coisas eu possuía. O topo da minha cômoda

está coberto de coisas, nem sei de onde veio a metade.

A casa de Shelly é tão nua. Sem imagens na parede, sem bugigangas, nada

desnecessário, nada sentimental.

Assim como a mulher.

Nenhuma evidência minha também.

Eu balanço a cabeça, apertando meus dentes. É um pensamento injusto.

Ela queria me dar compaixão. E se ela me amasse, eu teria aceitado com alegria.
Mas ela não ama.

A verdade é que eu tenho muito orgulho. A piedade sem amor parece e

cheira como pena. Então, em vez disso, fui para casa, tomei um copo de

Aberfeldy e li poesia.

Isso mesmo. Poesia.

Eu puxei um livro de poesia de uma das prateleiras aleatoriamente e

voltei para uma página marcada. Era um poema intitulado "The More Loving

One."

Soltando uma risada com o título ironicamente apropriado, li o verso,

esperando muito pelos lotes de versos artísticos do tipo eu amo você. Mas

quando cheguei à segunda estrofe, pisquei, minha respiração prendeu e li

novamente,

Como gostaria que fôssemos estrelas

Para queimar com uma paixão por nós, não poderíamos retornar?

Se não houver carinho igual,

Deixe o mais amoroso ser eu.

Depois disso, li todo o livro. Eu nadei nisso. Não só porque minha mãe

escreveu notas nas margens, como pequenas migalhas de seus pensamentos e

sentimentos, mas porque descobri o desejo de fazer o mesmo.

Mas eu parei em um copo de Aberfeldy porque eu também estava tentado

a escrever poesia. Para Shelly. Sobre mim. Eu ia contar a ela todas as maneiras

que ela era incrível, épica e extraordinária. Deixá-la saber que me ensinara sobre

ter expectativas elevadas - por mim, pelos outros - onde antes eu me contentava
em me contentar com o simples. Porque ela é brilhante e corajosa. Ela é a pessoa

no pináculo do meu universo. A estrela do meu sistema solar.

E se ela não pudesse me amar como eu a amo, talvez esteja tudo bem.

Deixe o mais amoroso ser eu.

Exceto, que quando tentei encontrar uma palavra que rimava com Shelly,

a realidade do que eu estava conseguindo era:

Umbigo, fedorento... Gelatina.

Oh, bom senhor.

Colocando a caneta para baixo, fui para a cama. Acordei. Tomei banho. E

barbeei. Vesti. O que me levou até agora, sentado em frente a Hank em uma

manhã de sábado, tentando o meu melhor para não me concentrar na pressão

constante atrás dos meus olhos, nó na garganta e nas pontadas aleatórias de dor

no meu peito.

Talvez eu esteja tendo um ataque cardíaco.

"Três pedaços de torta?" Eu murmuro.

"Mais um para mim, dois para você."

"E meu café?"

"Também a caminho. Qualquer outra coisa que você gostaria? Uma

massagem talvez?"

Está na ponta da minha língua para dizer: meus pés doem. Mas eu me

seguro, resistindo o desejo de cair em nossos velhos hábitos. Eu não estou com

raiva do meu amigo, não mais. Com todo o resto acontecendo, agora eu estou

apenas irritado.

"O que você quer, Hank?"

"Explicar o que aconteceu e pedir desculpas."


Eu não esperava uma resposta tão grande, então demoro até que Beverly

traga nossa torta e meu café para encontrar minha voz.

"Bem. O que aconteceu?"

"Drill sabe que eu tenho uma coisa por Patty."

"Todo mundo sabe que você tem uma coisa pela Patty, exceto Patty."

"Sim, bem. Ele disse que viu vocês dois.”

Levanto as sobrancelhas com expectativa, esperando que ele continue.

Quando ele não faz, eu indago, "E?"

"E eu acreditei nele."

"Então você pensou que você me pegaria me emboscando?"

"Não. Estas são duas coisas separadas.”

Eu tomo um gole de café e pego meu garfo. "Eu não estou

acompanhando."

"Drill me contou sobre você e Patty..."

"Não aconteceu."

"Em uma segunda-feira. Então ele perguntou se ele poderia estar

pescando conosco na quarta-feira, disse que estava trazendo Isaac e talvez um

outro cara. Distraído, eu disse que sim. Então, ele apareceu com a old lady de

Razor. Eu ia enviar um texto para você, para lhe dar um aviso, então voltei para

a casa para ter uma recepção melhor e você já estava lá.”

"Oh." Eu concordo, pensando em seu lado da história. "Então, por que

você está se desculpando?"

"Porque acreditei nele sobre Patty."

"Ah."

"E quando você apareceu, eu perguntei sobre isso em vez de te contar

sobre Christine St. Claire estar lá."


Tenho certeza de que eu pareço confuso. "Por que ele inventou merdas

comigo e com Patty?"

"Eu não sei. Talvez ele tenha pensado que viu todos juntos.”

Mastigando isso com um bocado de torta, eu me pergunto em voz alta:

"Eu aposto que ele viu Jess e Duane. Desde que Patty tingiu os cabelos, elas se

parecem.”

Ele coça a parte de trás do pescoço dele. "Eu não sei. Ele é um idiota. O

ponto é que ele não vai mais pescar conosco. E também, desculpe."

"Desculpas aceitas." Eu como minha torta e depois a afasto, optando pelo

café em vez disso.

Hank olha entre mim e meu prato. "O que há de errado com a torta?"

"Está boa. Eu não estou com fome.” Eu não tenho fome desde que saí da

loja na noite anterior. Junto com meu bom senso, coração, bolas e cartão de

homem, Shelly Sullivan roubou meu apetite.

"O que está acontecendo com você? O que a old lady de Razor queria?”

Eu balanço a cabeça, olhando além de Hank para olhar sem ver o

restaurante adiante. "Não é mesmo digno de falar."

"Algo peçonhento?" Ele levanta as sobrancelhas.

"Algo inconveniente." Eu empurro o prato de torta mais longe e recosto na

estande, franzindo o cenho no meu café.

Duane partiria em pouco mais de uma semana. Se eu não lhe disser logo,

eu iria perder minha chance. Não consigo me ver dizendo quando voltasse

depois. Ele ficaria chateado por ter esperado tanto tempo. É agora ou nunca.

Mas me concentrar em Christine, qual é o objetivo dela, se contar a Duane

e onde eu me encaixo é quase impossível após minha troca com Shelly ontem à
noite. Eu não consigo me concentrar muito, exceto quanto senti falta de tudo

sobre ela, e tinha apenas quatorze horas.

"Eu acho que isso nos leva à última ordem de negócios." A declaração do

meu amigo me faz reorientar nele.

"Perdão?"

"Sabe o que sempre gostei mais em você, Beau?"

"Diga-me, Hank", respondi com indulgência.

"Você nunca me pediu nada."

"Do que você está falando?"

"Enquanto estava crescendo," ele se inclina para frente, empurrando o seu

segundo prato vazio para fora do caminho, "Eu era o herdeiro mais rico nesta

cidade, talvez em todo o Tennessee. Lembra-se da minha décima festa de

aniversário? Os irmãos Reis foram simpáticos comigo por três meses antes

disso, esperando que eles recebessem um convite."

"Esses caras são idiotas."

"Mas você não. Pessoas são agradáveis com você porque elas gostam de

você. Você é fácil de gostar. As pessoas são agradáveis comigo porque querem

algo. Exceto você. Você não quer nada."

"Obrigado."

"Isso não é um elogio, Beau."

"Oh, realmente?"

"Sim. Mesmo. Porque depois de um tempo, ser amigo de alguém que

nunca pede qualquer coisa faz você se sentir como uma merda."

Eu empurro atrás, franzindo a testa para o meu amigo e sua declaração.

"Eu faço você se sentir como uma merda?"


"Sim. Você não precisa de mim. Olhe para a quarta-feira passada, por

exemplo. Eu cometi um erro. Eu cometi um grande. E você se afastou, não me

dando nem dois minutos para explicar.”

"Oh, Deus, desculpe Hank. Você está certo. Eu deveria estar pensando

sobre seus sentimentos. Onde estava minha cabeça?"

"Pare de ser um idiota. Claro que não quis dizer o que aconteceu logo

depois disso. Mas quinta-feira, sexta-feira, um fim de semana passou. Nós

fomos melhores amigos desde os cinco anos de idade, e você não me deu a

chance de me explicar. Sabe por quê?"

"Claro que não. Eu não sei nada."

"Porque você não precisa de mim. Você tem sua grande família e a

admiração de cada pessoa nesta cidade. Inferno, você conseguiu um corpo

duplo, uma réplica exata de você mesmo."

Eu não conseguia lê-lo, se ele está me irritando ou se ele está falando

sério. Decido que o curso de ação mais seguro é esperar e ver, eu o observo

silenciosamente, tomando meu café em intervalos.

"Mas adivinhe o quê? É o dia do azar, porque não posso perder meus

amigos. Isso significa que você está preso comigo.”

"O que significa que você continuará me enviando fotos de gato até eu

parar de ignorá-lo?"

"Se é o que preciso, então sim. E Deus abençoe a Internet, porque se há

algo que tem em oferta infinita - além de opiniões malformadas - são imagens

de gato. E se isso não funcionar, então vou comprar uma segunda casa.”

"Odeio quebrar isso para você, mas não pode forçar uma pessoa a ser sua

amiga. Nem pode comprar amizade.”


"Então, o que posso fazer?" Seu tom endurece, torna-se sério, assim como

o olhar dele. "Porque me desculpe. Eu não deveria ter ouvido Drill. Eu deveria

ter te perguntado. Sinto muito, e juro pela cripta do meu pai, nunca vou deixar

você de novo.”

Inclino para a frente, abaixando a minha voz em uma tentativa de

desarmar seu humor. "Hank, você já se desculpou. Estamos bem. Tudo está

bem. Além disso, você odiava seu pai."

"Sim, mas eu realmente amo aquela cripta. Você a viu. Tem as gárgulas."

Ele faz uma garra com a mão e eu sorrio por sua estranheza. É muito parecido

com Hank. "Como eu disse, tudo está perdoado."

"Não é tão fácil. Eu vou precisar que você aceite algo como um sinal de

meu remorso e amizade."

Ah não.

"Eu não quero nada." Eu olho ao redor do restaurante, meio esperando

que Hank dê um sinal a Beverly e depois a garçonete tire o uniforme dela.

"Bem, que pena. Quero dar-lhe uma coisa, e eu quero que você pense

sobre o quão incrível eu sou toda vez que você olhar para ela. Eu quero que

você pense, ‘Esse Hank, ele com certeza é um bom amigo. O que eu faria sem

ele?’ Porque na próxima vez que eu foder tudo - e marque minhas palavras,

haverá uma próxima vez - eu preciso saber que você não vai ignorar minhas

chamadas por dez dias."

"Mesmo se você me der algo, eu ainda vou ignorar suas chamadas por dez

dias."

"Bem. Mas pegue o telefone no dia onze."

"Você é um idiota.”

"Assim.. estamos bem?"


"Sim," eu digo enfaticamente. "Como eu disse vinte vezes agora, estamos

bem. Tire isso de sua mente.”

Ele bate no topo da mesa com a palma da mão. "Excelente." Então ele abre

a mochila que está ao lado dele e tira um envelope. "Isto é para você."

Hank deslizou-o sobre a mesa e eu o pego, abro e digitalizo o conteúdo da

carta que encontrei dentro. Então eu olho para o meu amigo.

"Você está me dando sua casa no Bandit Lake?"

"Sim."

"Não." Eu deslizo o envelope e a carta de volta para ele. "Não, obrigado.

Eu não aceito. E não me compre mais um relógio de cinquenta mil dólares. Um

é suficiente."

"Muito tarde. Está tudo pronto."

"Você não pode me dar uma casa sem eu aceitar isso."

"Sim. Eu posso. Lembre-se, todas aquelas casas lá não podem ser

vendidas. Elas nem podem ser transferidas."

"Então você não pode me dar isso."

"Mas eu posso deixar para você por minha vontade."

Eu reviro os olhos. "Bem. Quando você morrer, falamos sobre isso então. "

"Você é o executor da minha propriedade, e agora você tem poder de

advogar a propriedade. Assinei isso irrevogavelmente com você, e você herdará

completamente no dia da minha morte - ou os seus filhos vão, ou quem quiser a

sua merda."

"Não estou aceitando."

"Bem. Não. Pode sentar-se lá e apodrecer. E então seus filhos herdarão um

bom pedaço da propriedade com uma casa caindo em pedaços. " Ele começa a
rir, como se ele não pudesse segurar "E eu sei, de fato que o mecânico de

automóveis em você não vai deixar isso acontecer."

Ele enfia a mão no bolso e puxa duas chaves, me dando uma merda de

sorriso enquanto as desliza pela mesa. "Eu tomei a liberdade de mudar todos os

bloqueios. Estas são as únicas duas chaves que funcionam, então não as perca."

"Hank," baixo a voz para um sussurro áspero, "eu não estou brincando. Eu

não estou pegando a casa."

"Está fora das minhas mãos." Ele dá de ombros.

"Você é um va-" Eu paro, mordendo as palavras.

"Oh, cuidado! O menino do coral quase tomou o nome do Senhor em

vão."

"Essa casa vale mais de um milhão de dólares," Este é um caso clássico de

Hank sendo Hank, de sua propensão por ser ridiculamente excessivo. Ele

precisava parar de fazer esse tipo de coisa. “Nós somos melhores amigos.

Merda acontece. Você apenas volta e enfrenta um novo dia. Talvez eu precise

de espaço por dez dias, mas me dar uma casa é uma reação exagerada."

"Tecnicamente, não vale a pena. Você não pode vender isso. Quero dizer,

eu acho que você pode alugar, como o Sr. Tanner faz com sua barraca de pesca

maldita. Se você quiser."

Eu enxugo a mão no meu rosto, apertando meus dentes. Esta é a última

coisa que eu preciso. Eu já tenho bastante merda para lidar com isso, e agora eu

tenho que convencer esse burro louco a pegar sua mansão de volta.

Uma de suas mansões, lembro-me. Ele tem duas outras casas em Tennessee

e uma série de lugares em todo o mundo.

"Eu te odeio muito agora."


"É uma linha fina entre amor e ódio, meu amigo." Hank aproxima-se do

fim do estande e fica de pé, trazendo a alça de sua mochila no ombro. "Eu

sugiro que você deixe o amor fluir através de você. Caso contrário, vou

continuar enviando seus memes de gato até que você faça, e você sabe que

vou."

"Você é um amigo de merda." Eu olho para ele.

"Eu sou." Ele concorda, colocando seus óculos de sol. "Falando sobre isso,

você não se importa de pagar pelo café da manhã, não é? Esqueci a minha

carteira."
CAPÍTULO 29

"O cérebro parece possuir uma área especial que podemos chamar de memória

poética e que registra tudo o que nos encanta ou nos toca, o que torna nossas vidas

lindas."

- Milão Kundera, A insensível leveza de ser.

* Beau *

MINHAS MÃOS PRECISAM DE LAVAGEM. Elas estão cobertas de

graxa e sujeira, e não tive um tempo para lavar o dia todo.

Eu estou com pressa.

Domingo após a igreja, o Reverendo Seymour mencionou que seu ônibus

não estava funcionando. Eles adquiriram um ônibus escolar antigo há alguns

meses, uma maneira fácil de transportar o pessoal o redor do estado para vários

eventos. Ele quebrou no estacionamento da igreja e não sai de lá.

Cletus e eu demos uma olhada e ele decidiu que eu estou mais qualificado

para trabalhar no motor do que ele. Eu suspeito que ele está apenas tentando

sair do compromisso necessário. É um grande trabalho e o ônibus não pode ser

movido facilmente.

No domingo à tarde, carregamos todas as ferramentas que eu posso

precisar e eu trabalho. Um bom progresso é feito até o sol desaparecer sobre as

montanhas. Iniciando cedo, na manhã seguinte, finalmente termino, fazendo

tanto quanto podia fazer no final da tarde de segunda-feira.


Agora eu tenho uma lista de peças que precisam ser encomendadas e

mãos sujas. Mas, pelo menos, voltarei à garagem antes de fechar.

Eu queria vê-la.

Eu estou preso sob um grande ônibus amarelo por quase vinte e quatro

horas e tenho pensado muito. Sobre Shelly, Hank, a natureza de das pessoas

carentes, compaixão e piedade, amizade, família, poesia que não é poesia,

chances perdidas e propriedade de casa.

Eu tive muitos pensamentos sobre muitas coisas. O que significa que eu

preciso ver Shelly e tentar colocar meus pensamentos em palavras.

A sorte está do meu lado. Seu carro ainda está no estacionamento quando

eu chego e a visão me fez estacionar ao acaso, ocupando dois espaços com

pressa para entrar e vê-la.

Inesperadamente, Jethro está saindo da garagem enquanto eu corro para

ele. Estou tão concentrado em ver Shelly, eu não notei sua caminhonete.

Meu irmão mais velho levanta o queixo em saudação assim que ele me vê.

"Ei, Ei. O que aconteceu?" Desacelero os passos, observando-o bem. Ele parece

preocupado.

Jethro passa os dedos pelos cabelos, me dando um sorriso cansado. "Este

casamento será a minha morte."

Eu dou um sorriso compassivo. "Bem, o que não mata você o torna mais

forte."

"Eu sempre odiei esse ditado."

"Eu também." Olho para as sombras da loja atrás dele. "Cletus ainda está

aqui?"
"Sim," Jethro grita, apertando os olhos contra o pôr do sol. "Você sabe

alguma coisa sobre essa stripper que Cletus planejou para a despedida de

solteiro?"

Segurando minhas mãos, eu balanço minha cabeça. "Eu juro, eu estou no

comando da caça ao tesouro e isso já foi feito há quase dois meses."

"Eu queria que alguém o convencesse."

"Eu posso tentar,” coloco minhas mãos nos meus bolsos traseiros, ansioso

para começar "se você quiser."

"Sim." Jethro revira os olhos para o céu e caminha ao meu redor. "Duane

disse que era uma stripper. Eu espero que ele queira dizer uma stripper, como

‘nós vamos tirar tinta da madeira’."

"Não tenha tantas esperanças, Jethro." Viro e caminho para trás em

direção à loja. "Conhecendo Cletus, esta é a sua vingança por toda a merda que

você fez ao longo de sua vida que exige vingança."

"Então Deus nos ajude a todos", ele grita para mim, não se virando

enquanto se arrasta cansadamente para a caminhonete.

Realmente.

Tropeçando algumas pedras nos meus pés, volto para a loja.

Nem Shelly nem eu estamos programados para fechar, o que significa que

poderíamos sair assim que ela terminasse o trabalho.

Supondo que ela quisesse me ver.

Ela quer vê-lo.

E se ela não quiser isso?

Dê-lhe algum crédito. Ela é a pessoa mais razoável e compassiva que você conhece.
Eu aceno com a cabeça nessa afirmação, achando que eu posso ajudar com

sua carga de trabalho - se ela me deixar - então teríamos o resto da tarde para

resolver as coisas.

Acabei de atravessar no limiar da garagem, quando a voz de Shelly me

alcança.

Ela diz: "Agora. Por quê?"

Seguido por Cletus dizendo: "Oh. Bom. Isso é bom."

Vislumbrando os dois na pia grande na parte de trás - Shelly esfregando

os dedos com um pincel e sabão, Cletus de pé ali olhando-a pensativamente -

hesito por uma fração de segundo, então continuo no meu curso.

Mas quando me aproximo, Shelly diz: "Além disso, vou faltar dois dias na

semana que vem."

Meus pés deixam de se mexer.

Dois dias?

"Isso deve ficar bem. Duane está saindo uma semana depois da quinta-

feira, então se você tiver alguma pergunta para ele antes de ir, certifique-se de

perguntar antes disso.”

Antes que eu possa me impedir, pergunto: "Por que você precisa dos dias

de folga?"

Tanto Cletus quanto Shelly olham para mim, mas eu só tenho olhos para

ela. Olho para ela de forma uniforme apesar da dor da resposta no meu peito.

Seus olhos não decidem se fica nos meus.

Em vez disso, ela me olha por um instante dessa vez, depois volta sua

atenção para a pia e continua esfregando os dedos, seu tom soando

cuidadosamente distante. "Meu irmão teve um bebê. Ele quer que eu o veja.”

Ela vai para Chicago?


Meu interior cai. Ela está indo para Chicago.

Você está se mudando de volta? Eu quero perguntar.

Em vez disso, pergunto: "Você não quer ver o bebê?"

Os ombros dela se endurecem, mas ela não responde, me dando de volta

o silêncio. Olho para ela, esperando... por algo. Qualquer coisa. Uma resposta.

Um sinal. Um olhar. Uma explicação.

Mas ainda assim ela não me dá nada.

Estamos de volta à parede do gelo. Ela apenas... me cortou fora. Acabou.

É como estar preso em toda a poesia que eu estive lendo durante o fim de

semana. Lord Tennyson é um idiota. Não é melhor ter amado e perdido do que

nunca ter amado. Eu não sabia o que ele estava fumando, mas deve ser forte.

Eventualmente, o som de Cletus dizendo: "Bem", me lembra que ele ainda

está aqui. "Tenho certeza de que vou te ver novamente entre agora e sua

viagem, mas se eu esquecer de dizer isso, boa viagem, Shelly."

Cletus vira-se para longe de nós e sai sem preâmbulo. Esperei até o som

de seus passos desaparecerem. Então eu atravesso para onde ela está, ainda

esfregando as mãos, examinando seu perfil.

"Shelly…"

"Precisamos falar, mas não pode ser aqui." Seus olhos permanecem

treinados na parede na frente dela.

"Por que não pode ser aqui?"

"Há uma grande probabilidade de que eu vá chorar e não quero chorar

aqui."

Meu coração bate alto em meus ouvidos, minha mente transbordando de

possibilidades de por que essa mulher com nervos de aço poderia chorar na

pior das hipóteses.


Ela está indo para sempre.

"OK. Onde?"

"Por que você está usando essa voz?" Ela olha para as mãos e eu também.

Um barulho de alarme surge da minha garganta. Seus dedos estão

vermelhos e crus. Ela esfregou-os muito tempo e muito forte. Sem pensar, cubro

sua mão com a minha.

"Por favor, pare. Você vai se machucar."

Ela para. Ela para de esfregar, ela para de se mover, ela para de respirar.

Tudo sobre ela para. E então ela vira o rosto para mim e descansa sua testa no

meu peito.

"Eu senti sua falta," ela diz. Parecia tão quebrada. "Senti tanta falta sua."

Meu coração salta para ela, sem querer nada além de aliviar sua dor.

Imediatamente a envolvo em meus braços, colocando minha bochecha no topo

da cabeça e exalo um mundo de preocupação.

A razão, a certeza, o alívio passam por mim. Eu deveria dizer a ela como

eu também senti falta dela, mas as únicas palavras na minha língua e correndo

pela minha mente são eu amo você e fique comigo.

Eu não digo nada. Isso não é sobre mim. Isso é sobre nós. E como vamos

seguir em frente a partir desse momento. Se ela não me amar de volta, então

que assim seja. Eu a amarei o suficiente para nós dois, eu serei o mais amoroso.

Apenas enquanto ela estiver comigo, não importa aonde nós vamos.

Shelly fica calada por um tempo, inalando profundamente, como se ela

estivesse me respirando. Segundos tornam-se minutos e ela vira a cabeça,

pressionando sua orelha na minha bochecha. "Encontre-me na minha casa?"

"Sim."

Ela concorda suavemente, aconchegando-se contra meu peito. "Promete?"


Eu não hesito. "Eu prometo."

Eu prometeria qualquer coisa.

SHELLY SAIU PRIMEIRO.

Minhas mãos ainda exigiam uma boa esfregada, então sai alguns minutos

depois. O início de novembro está fresco, apenas perto de ser frio. Mesmo

assim, eu tenho um dia de sujeira e suor em camadas na minha pele. Em

circunstâncias normais, eu iria para casa para tomar banho.

Mas não hoje.

Eu não tenho poesia para dar a ela. Mas não penso que ela repita palavras

de minha devoção. Eu suspeito que ela precisa de mais de ação.

Estaciono ao lado de seu carro e caminho até a porta dela, não hesitando

em entrar. Ela está andando de um lado para o outro no pequeno espaço da sala

de estar. Mas ela para quando eu entro, seu olhar imediatamente vindo para o

meu.

Laika e Ivan, que estavam sentados no chão, observando Shelly,

levantam-se com minha chegada e giram sobre minhas pernas, oferecendo

lambidas excitadas e abanos de rabos.

Apesar das batidas duplas do coração e os cachorros entusiasmados, corro

para ela, puxando para um abraço apertado e beijo seu pescoço.

Shelly derrete-se contra mim, seus braços ao redor do meu tronco estão

apertados. "Eu vou chorar. Eu não quero, mas vai acontecer. Não é porque

estou triste. Eu não estou triste. Eu estou sobrecarregada." Sua voz agita na

última palavra e sinto seu rosto esfregar contra meu peito.

"Você pode chorar o dia todo se precisar."


"Só deve ser dez minutos, no máximo. Talvez quinze." Ela já está

chorando. Mesmo assim, rio de seu pragmatismo. "OK. Devo dar um tempo

para você?"

Ela se inclina, me mostrando os olhos vermelhos. Eu observo como

lágrimas gordas rolam de suas bochechas, caindo no pescoço. Meu interior cai

com isso. Escorregando minhas mãos pela sua mandíbula, procuro limpar as

faixas de suas lindas bochechas.

"Eu sou defeituosa..."

"Não..."

"Sim, eu sou." Ela respira fundo. "Não estou dizendo isso porque sinto

pena de mim mesma. Eu não sinto pena de mim mesma. A fiação no meu

cérebro está errada, é defeituosa. Antes de procurar ajuda da Dra. West, tive

que aceitar que havia algo de errado comigo e parar de desculpar meu

comportamento. Um transtorno mental não é como um físico. Minha mente e

eu não somos o mesmo. Eu não confio em mim mesma o tempo todo, mas estou

trabalhando nisso. Estou trabalhando para consertar meu cérebro."

O desejo dizer-lhe quão errada ela está sobre ser defeituosa, quase me

estrangula.

"Odeio ter medo o tempo todo. Não há nada de valor sobre meu medo. É

irracional, é prejudicial para mim e para as pessoas que eu... as pessoas na

minha vida." Ela funga, seus dedos agarrando em punhos na minha camisa.

"Mas você nunca me olhou assim, como se eu estivesse com defeito. Nada sobre

mim o assustou. Você nunca sentiu pena de mim. Você pegou tudo em seu

caminho.”

Eu não digo nada. Claramente, ela tem palavras preparadas e precisava

falar. "Sexta-feira passada você me viu no meu pior," ela diz, uma nota de
acusação no seu tom, suas lágrimas vindo rápido. "O meu mais vulnerável e

exposto. Odeio que você tenha me visto assim. Eu também odeio que a maneira

como você olha para mim mudou.”

"Como isso mudou? Como eu olho para você?”

"Como se eu estivesse quebrada.”

Não. "Você não está quebrada."

Ela não está quebrada, mas suas palavras me fazem querer quebrar algo.

Seu medo não é bonito. Mas sua força, sua determinação, seu brilho e bondade

são. Ela não seria quem é agora sem suas lutas. A vida a moldou, seu medo a

formou e eu não a teria de forma diferente.

"Verificando-me, pairando, me tratando como fraca, isso me faz sentir

quebrada. É humilhante."

"Shelly, eu não checo você porque penso em você como quebrada. Eu faço

isso porque eu… eu estou preocupado com você depois de ter passado por uma

prova extremamente difícil," eu corro para explicar, tropeçando com minhas

palavras na minha pressa, "Inferno, eu preciso de alguém para me verificar

depois da sua sessão na sexta-feira passada.”

"Então, por que você não disse coisa alguma? Eu apoiei em você, eu pedi

que você me ajudasse. Por que não se apoiou em mim?”

Minhas mãos deslizam para seus ombros enquanto a dela ainda está na

minha camisa. "Porque eu não queria...”

Droga.

Ela está certa. Não sobre tudo, mas sobre a sexta-feira. Ela está certa.

"Você não pode dizer isso, mas você sabe que estou certa." Sua respiração

é desigual. "Você me viu como alguém que não estava inteira. Como uma

geladeira que precisa ser consertada, um problema para resolver."


"Espera, espera. Sexta-feira passada, eu fiz isso. Você está certa. Mas você

também está errada. Eu estava tentando esquecer meus próprios problemas,

sobre o que aconteceu com Christine St. Claire na quarta-feira passada. Eu

queria ajudar, eu queria cuidar de você, mas eu também usei você para me

distrair. Usei o que aconteceu como uma razão para ignorar minha própria

situação, e sinto muito.”

"Você está perdoado," ela mal diz, as palavras acima de um sussurro de

lágrimas.

Eu preciso segurá-la, então movo minhas mãos para seus braços,

planejando trazê-la de volta para mim. Mas ela coloca as palmas das mãos

contra meu peito, impedindo-me de puxá-la.

"Por isso. Você está perdoado por isso."

... Tem mais.

Olho para ela, esperando que ela continue. Seu olhar afia enquanto

respira várias vezes, como se ela estivesse trabalhando para se acalmar.

"Sua mãe biológica," ela diz, sua voz não mais instável. "Sua existência é

algo que você precisa trabalhar. Você precisa me pedir ajuda. Você precisa falar

comigo sobre isso. Eu não vou ser o projeto que você usa, o caso da cesta que

você lida, para que você possa se distrair de sua própria geladeira quebrada.

Estou trabalhando em meus problemas de circuitos. Você precisa trabalhar no

seu, e você precisa se apoiar em mim.”

Concordo com a cabeça, deslizando os dentes para o lado. Ela está certa,

mas o ponto que ela cutucou ainda está cru.

"Quero dizer, Beau. Não posso passar pela vida focada exclusivamente

em meus próprios fardos. Você se apoiar em mim, me deixa mais forte."


Meu pulso acelera e com isso minha esperança. Ela está falando como se

isso entre nós fosse para sempre, não apenas por enquanto.

"Ok." Eu quero perguntar, empurrar, saber - o que isso significa para nós? A

longo prazo?

E eu ainda estou discutindo como abordar o assunto quando ela exigi:

"Então?"

"Então?"

Shelly pressiona os lábios juntos, limpando rapidamente o nariz com a

parte de trás da mão, e segura meu olhar. "Comece a falar."

Eu bufo uma risada.

Seus braços se aproximam da cintura e ela olha para mim. "Quero dizer

isso.”

"Eu não sei por onde começar." Meu peito aperta desconfortavelmente,

lembrando-me das minhas preocupações.

"Você continua dizendo isso."

"Porque é verdade."

"Então, diga-me o que está em sua mente no momento, sobre o que você

está preocupado?"

"Honestamente?"

Ela concorda, me dando um aperto. "Sim."

"Bem. Pode não ter qualquer sentido, mas para o melhor ou o pior, a coisa

número um na minha mente agora não é Christine St. Claire, e não é o que fazer

com Duane. É se você ficará ou não comigo, ou se você vai voltar para Chicago."

Os olhos de Shelly se arregalam, e ela olha para mim como se eu tivesse

falando em grego. "O que?"

"Você pode não me amar, mas eu amo você..."


"Beau-"

"- e eu preciso saber se você está ficando ou indo. Se estamos juntos nisso,

por um longo prazo, ou se você está planejando voltar para o norte, mais perto

de sua família. E se for esse é o caso, eu quero ir com você. Não consigo pensar

em perder você. Não posso me concentrar em mais nada. Onde você está, é aí

que eu quero estar."

"Oh, Beau. Eu prometo a você, onde você estiver, é onde devo estar." Seus

olhos enevoados de novo, e quando ela fala, sua voz está instável. "Você é

absolutamente vital para mim. Quero ser tão vital para você. Eu quero cuidar

de você, deixe-me cuidar de você. Você é meu primeiro pensamento pela

manhã e meu último pensamento antes de eu ir dormir. E eu prometo..."

Paro seus lábios com os meus, esmagando-a contra mim, precisando selar

esse momento, essa promessa, com algo tangível. Eu fiz essa promessa a ela. Eu

pego sua promessa. Eu a seguraria para sempre. Eu sou a prioridade e não

preciso de mais nenhuma palavra.

Shelly levanta-se até a ponta dos pés, segurando-me tão apertado quanto

eu a seguro, e minha preocupação - os medos que eu guardava sobre sua

partida - diminuíram, aliviaram até que eu finalmente posso respirar fundo.

Com relutância, mergulho meu queixo, apertando nossas testas e fecho

meus olhos. "Obrigado."

"Pelo quê?"

"Querer ficar comigo."

"Sempre." Suas mãos vêm para meu rosto e ela segura minha mandíbula,

seu tom terno. Dedos delicados atravessam minha barba. Abro os olhos e

encontro os dela, tão agradecido por essa mulher. Por sua honestidade e força.

Deixe-me ser o mais amoroso.


Compreendi melhor o que essas palavras significavam. Eles são uma

ladainha, uma oração.

Deixe-a sempre precisar do meu amor, como faz agora, e deixe-me sempre ser

capaz de oferecer isso de forma livre, sem reservas e incondicionalmente.

Shelly me olha por alguns segundos, então levanta o queixo e me beija

mais uma vez suavemente, sussurrando: "Você me viu no meu pior e você me

ama de qualquer maneira. Me dê a mesma chance. Mostre-me quem você é, e

confie em mim para ficar mesmo se houver partes escuras. Mas também, confie

em mim para ficar por causa delas.”

MINHA HISTÓRIA FOI LONGA.

Eu consigo lembrar até a minha mãe me avisando para ficar longe de

Christine St. Claire em piqueniques do clube, quando Shelly me puxou para o

quarto dela e nos deitamos na cama.

Eu falei sobre o meu pai em detalhes - e sobre todas as maneiras que ele

nos machucou, literal e figurativamente. Como ele trancou Duane no galpão

por dois dias, apenas por sentar-se na cadeira do nosso pai. Quando o

encontrei, ele estava inconsolável e não me deixou fora de sua vista durante

semanas. Dormimos juntos por um ano depois disso.

"Não posso acreditar que sua mãe não o deixou."

"Ela fez, eventualmente. Tudo bem, precisou Darrell colocar Billy no

hospital para ela parar fazer isso."

"Ela deveria ter deixado ele mais cedo." Shelly parece irritada.

"Eu realmente não a culpo. Ela estava sozinha após a morte de sua mãe,

com todos esses filhos. Quando ela se casou com Darrell, grávida aos dezesseis
anos, ela foi abandonada por pessoas na cidade por um longo tempo, ela era

uma pária. Todos nós éramos. E o clube era algo que ambos temiam e

precisavam. Eles não são boas pessoas, mas eles cuidam dos seus. Ela precisava

de uma babá, ela ficava doente, seu carro quebrava - alguém vinha. Não estou

dizendo que ela estava certa, não estou dizendo que estava errada. Apenas

estou dizendo, que eu entendo.”

"Eu acho... que isso faz sentido."

"A coisa sobre Darrell é, ele é um mestre em levar as pessoas a pensar que

ele é um bom cara. Odeio ele, eu sei. Mas vejo o que é e entendo por que ela

ficou. Ele é basicamente como todos nós. Adorável como Jethro. Bonito como

Billy. Inteligente como Cletus. Sentimental - ou a aparência disso - como

Ashley. Reconciliador como Duane. Tudo com a pretensão de ser tão bom -

como Roscoe."

"E você?”

"Charmoso como eu." Eu olho para ela, dando-lhe um sorriso

autodepreciativo.

"Eu não conheço todos os seus irmãos, mas ele parece letal."

Puxo meu lábio inferior através dos meus dentes. "Ele é."

Eventualmente, enquanto a história continuou, eu tive que me separar das

palavras, fingir que estávamos discutindo sobre outras pessoas.

No entanto, enquanto contava a minha história, percebi algo. As partes

que feriram mais não foram as lembranças sobre o que Darrell fez comigo. O

que mais me afligiu foi lembrar todas as maneiras que ele machucava nossa

mãe, minha irmã e meus irmãos.

De vez em quando, eu perguntava: "Você tem certeza de que quer ouvir

sobre isso?"
Shelly acenava com a cabeça e dizia: "Continue."

Eu falei sobre o que aconteceu um ano atrás, como os Wraiths queriam

que tomássemos o controle da loja de desmanche. Como Duane, Cletus, Jethro e

eu entramos no clube dos Iron Wraith. Como Razor estava prestes a marcar

meu gêmeo e como Christine não fez nada para evitar isso.

Mas Claire McClure parou o pai, surpreendendo-o com uma arma. Ela foi

a razão pela qual fugimos intactos. E agora ela é minha irmã.

"Quão bem você a conhece?"

"Não tão bem." Eu esfrego minhas têmporas, elas estão doloridas. "No

entanto, ela e Jethro são bons amigos. Então, ela sempre está por aí, acho. De

fato, ela estará no casamento neste sábado."

"Eu gostaria de conhecê-la."

"Isso significa que você virá para o casamento?"

Sua mão desliza sob a bainha da minha camisa. "Sim. Eu decidi que irei à

recepção."

Aperto seus ombros. "Bom. Guarde uma dança para mim.”

"Todas as minhas danças são suas.”

Gostei da maneira como isso soou.

"Oh, eu não sei. Você deve dançar com Duane. Ele é melhor quando mais

depressa. Eu sou mais um dançarino lento."

A ponta de seus dedos segue de um lado para o outro pelo meu

estômago. "Você vai contar a Duane?"

Eu balanço a cabeça, olho para o teto e tomo um fôlego profundo. "Eu não

sei."

Shelly não diz nada, continua me tocando. Apesar do assunto que

estamos discutindo, suas mãos fortes e capazes estão me excitando porque eu


sei do que elas são capazes - então eu pego seu pulso e trago os nódulos para os

meus lábios.

Quando ela fica em silêncio, pergunto: "Você não vai me dar conselhos?"

"Não."

"Não?"

"Eu estou aqui para ouvir e segurar suas ferramentas."

Eu espero que o último seja uma insinuação.

"Não é essa ferramenta."

Droga.

"O que você quer dizer, então? Segurar minhas ferramentas?”

"Divida suas ideias comigo, passe por enredos. Qual é o pior cenário se

você disser a Duane a verdade?”

"Ele vai..."

Eu tenho que pensar sobre isso. Duane é calado e estável, mas eu sei que

descobrir que Bethany não é sua mãe biológica o atingira com força.

"Sobre o que você está preocupado?"

"Isso vai desmoroná-lo."

"Você acha que ele vai se recuperar das notícias? Eventualmente?”

“Sim. Mas meu trabalho é protegê-lo.”

"Seu trabalho é protegê-lo da verdade?"

"Quando a verdade não serve para nada além de causar a miséria, então,

sim."

"Como você sabe que não serve para nada? Se você lhe disser a verdade,

ele ganha uma irmã."

Ela me pega nisso.

"Qual é o pior caso, se você não lhe disser?"


"Ele vai descobrir de qualquer maneira e ficar irritado por não lhe dizer a

verdade. Ele vai fugir com Jess e nunca mais falará comigo novamente.” Assim

que eu digo as palavras, percebo que meus medos são extremamente

improváveis.

"Aguarde um minuto, por que Christine apenas disse a você? Por que não

dizer a vocês dois?"

“Sem ideia, além de querer algo e pensar que eu sou o único que pode

dar."

Shelly está quieta, mas quase posso ouvi-la pensar. De repente, ela

pergunta: "O pai de Jess não é um policial?"

"Ele é o xerife."

"Talvez ela não disse a Duane porque ela não quer que o xerife saiba?"

"Sobre o quê? Sobre Duane e eu sermos dela?”

"Não. Você disse que ela quer algo de você. Talvez ela só lhe tenha dito a

você, e não Duane, porque ela não quer que o xerife saiba o que é isso.”

"Hã."

A teoria de Shelly tem mérito.

Ambos ficamos quietos por muito tempo depois disso. Em algum

momento, Ivan e Laika aparecem e choram na beira da cama.

"Eles precisam sair.” Shelly levanta do meu peito, sua voz grave. "E eu

preciso ir ao banheiro."

Olho pela janela. O sol havia se posto horas atrás. Nosso costumeiro

manto das estrelas está um pouco diminuído pela lua cheia.

Como gostaríamos que fossem estrelas para queimar.

Com uma paixão por nós, não poderíamos retornar?

"O que é que foi isso?"


Pisco com a pergunta de Shelly. Ela está de pé ao lado da cama, puxando

um suéter.

"Perdão?"

"O que você acabou de dizer? Sobre as estrelas?"

"Oh," eu balanço a cabeça, "eu não tinha percebido que eu falei em voz

alta."

"O que é?"

"Apenas um poema que eu li."

"Você lê poesia?"

Eu tenho que rir de sua expressão, como se ela estivesse surpresa e

contente.

Em pé, estico os braços e as costas, dando-lhe um sorriso. "Não fique

esperançosa. Foi apenas neste fim de semana passado. Olhei para um dos livros

de minha mãe e encontrei uma página marcada."

"Qual era o poema?"

"Uh, algo como 'The More Loving One'."

"Eu tentei ler poesia. Mas nunca pareceu bem comigo. É como, não se

conseguisse processar isso sem ficar chateada.”

"Quando foi a última vez que você tentou?"

"Anos atrás, na faculdade."

Caminho pela cama, procurando meus sapatos. "Você quer que eu traga o

livro? Podemos tentar novamente."

Deslizando suas botas, seu olhar fica pensativo. "Sim eu quero. Eu

gostaria muito disso. Obrigada."

"Não, eu que agradeço."

"Por que?"
Colocando meus sapatos, eu me viro para encará-la. "Ouvir". Por me fazer

uma prioridade.

"A qualquer momento. Quero dizer, em qualquer momento." Ela

concorda sutilmente, seus olhos caindo no meu peito por uma batida, depois

voltando para os meus. "Fique."

"Eu vou." Eu sorrio, lentamente fazendo meu caminho para ela. "Mas eu

posso tomar banho primeiro?"

"Eu posso me juntar a você." Ela inclina a cabeça para trás quando me

aproximo.

"Oh, nesse caso," coloco minhas mãos em sua cintura, puxando-a para

mim e beijando seu pescoço, "definitivamente estou tomando banho primeiro."

SHELLY DESCOBRIU que gostava muito de sexo no banho. Então, depois

que nós ficamos quentes e vaporosos naquela noite, ela me acordou depois dela

correr na manhã seguinte para fazer tudo de novo.

Eu não sei se foi a sensação da água em sua pele, ou a sensação de nossos

corpos deslizando um ao lado outro, escorregadios e molhados. Eu

honestamente não me importo. Ela enfia uma perna sobre meu ombro enquanto

está de pé contra a parede e eu a como toda; olhando para cima vejo gotas

caindo das pontas de seus mamilos, rolando entre os seios, o estômago e os

quadris; os sons que ela faz antes e enquanto ela goza, como se sentisse mais

livre para fazê-los quando emparelhados com o barulho de água corrente -

Shelly ficou limpa enquanto estou sujo e muito divertido.

Mas ela também me deu um chupão.

Eu não notei até depois de sairmos do chuveiro e estar me secando. Meu

instinto inicial é de irritação - não por ela ter me dado, e sim que existia e talvez

eu precise explicar isso - mas então eu decido que eu gosto disso.


"Eu tenho que dormir na minha casa esta noite." Eu dou a notícia

enquanto ela toma seu chá e eu uma xícara de café. "Mas eu posso ficar um

pouco, logo após o trabalho. O resto desta semana vai ser louca. Nós temos a

despedida de solteiro de Jethro na quinta-feira, o ensaio na sexta-feira, e depois

o casamento no sábado.”

"Tudo bem." Ela concorda e depois acrescenta: "Eu vou sentir sua falta".

Isso lhe vale um beijo e um sorriso. "Eu irei sentir sua falta também. Você

sabe, você pode aparecer a qualquer hora desta semana."

A loja de automóveis ficaria fechada desde quarta-feira de manhã e não

reabriria até segunda-feira. Eu não estou preocupado com ela por si mesma,

mas eu quero que ela saiba que ela também é bem-vinda em minha casa.

"Estou usando os dias de folga para trabalhar nas estátuas e esboçar uma

nova encomenda." Seu olhar se move sobre meu rosto. "Você não conversou

com Cletus sobre nós ainda?"

Eu balanço a cabeça, suspirando. "Não. Mas eu deveria.”

"Você quer que eu esteja lá? Quando você disser a ele?"

"Não. Isso não é necessário. Como eu disse, ele está tropeçando nele

mesmo, tendo Jennifer dificultando a vida dele. Eu só vou resolver isso.”

Sim, chegou a hora de desafiar Cletus sobre sua cegueira. Além disso, eu

tenho uma suspeita de que forçar Cletus a enfrentar o erro de seus caminhos

será divertido.
CAPÍTULO 30

"Eu acho que... se é verdade

que há tantas mentes

quanto cabeças,

então há tantos tipos de amor quanto corações.”

- Leo Tolstoy, Anna Karenina

* Beau *

A CONVERSA SOBRE CLETUS E JENNIFER não foi nada divertida.

Resumindo, cheguei em casa no final da noite de terça-feira e Cletus

estava sentado na velha cadeira da vovó Oliver, vestindo sua jaqueta. Agora,

meu irmão não fuma, mas sempre que ele usa sua jaqueta, ele está irritante

como o inferno. Naturalmente, eu tentei evitá-lo.

Ele disse algo superior, como se ele soubesse o que está acontecendo

comigo e com Shelly nos últimos meses - o que ele não sabe - e então agiu como

se eu tivesse sua benção.

Então me virei para ele, preparado a dar para este imbecil um pedaço da

minha mente. Eu ia dizer-lhe como ele precisava se ocupar de seus próprios

negócios e se resolver para fazer as coisas direito entre ele e Jennifer Sylvester.

Foi quando a cortina se levantou e o show de merda começou.

Jennifer Sylvester chegou de repente, parecendo assustada. Billy se

envolveu. Cletus perdeu a cabeça. Foi um desastre.

No entanto, essa é uma história diferente para um dia diferente e

definitivamente parece como uma novela.


Felizmente, tudo se acalmou até os níveis normais de loucura quando

Roscoe apareceu quarta-feira à noite.

Mas então, Cletus convoca uma reunião familiar na quinta-feira. Para

minha surpresa, Drew não está lá. Ele não é relacionado a nós pelo sangue, mas

ele bem podia estar. Mas antes que eu possa questionar sua ausência, Roscoe

começa a reclamar sobre o café. Alto.

Isso lhe vale uma série de olhares irritados de todos os presentes. Adoro

meu irmão mais novo, mas ele é um moderninho do pior tipo, tendo muitas

opiniões sobre merda que não importa.

Como o vinho tinto. E café. E a pronuncia francesa das palavras francesas.

Não me interpretem mal, não tenho nada contra os franceses. Eu gosto muito

deles.

Mas a maneira como Roscoe às vezes fala, agindo como se a sua merda

não fedesse, mesmo que ele seja apenas um pobre menino do Tennessee, o filho

mais novo de um trapaceiro e uma bibliotecária.

Ele costuma ter o que ele quer o tempo todo. Talvez nós o tivéssemos mimado

demais.

Finalmente, Cletus ergue a voz sobre as queixas de Roscoe. "Agradeça

pelo meu café excelente apesar disso, tenho algo sério para discutir com todos

vocês."

"Vamos ouvir." Minha irmã toma um grande gole da caneca, dando a

Roscoe um olhar pontudo, depois lambe os lábios. "Meu, meu, esse é um ótimo

café."

Nosso irmão mais novo revira os olhos, mas não diz nada.

Enquanto isso, Cletus sai do sofá e caminha até a lareira, como se estivesse

de pé em um palco. "Eu tenho duas coisas para contar a todos vocês. A primeira
é uma... situação teórica, e preciso do conselho de vocês. Eu gostaria que todos

nós votássemos."

Duane, parado à minha esquerda, resmunga ao pedido de Cletus. "Você

quer que votemos em uma situação teórica?"

"Isso mesmo."

Meu gêmeo e eu trocamos um olhar enquanto Billy deixa o jornal e fala.

"OK. Qual é essa situação teórica?"

Cletus limpa a garganta, e eu tenho a sensação que está um pouco

nervoso. "Digamos, teoricamente, que eu tenho roubado provas do escritório do

xerife que implica membros de um certo clube de motos e colocado essa

evidência em locais estratégicos."

Merda.

Meu pulso pula e eu endureço, afastando-me da parede. Talvez seja isso.

Talvez seja o que Christine St. Claire está procurando.

"O que isso significa?" Eu pergunto, trabalhando para manter minha voz

uniforme. "Por que você faria isso?"

"Porque uma acusação de RICO11 requer pelo menos dois atos de

atividade de extorsão," Cletus responde como se perguntei sobre os hábitos de

acasalamento das mariposas.

Um comentário a parte, uma vez eu perguntei sobre os hábitos de

acasalamento das mariposas. Ele sabia tudo sobre isso.

Mas voltando para a verdadeira bomba que ele acaba de detonar na sala

cheia de Winstons.

"Oh, meu Deus!" Ashley cobre sua boca. "O que você fez?"

11
Lei de Combate a Organização Corrupta e Influenciada pelo Crime Organizado. A lei define que quase todos os crimes
graves com participação em empresa criminosa para haver condenação é preciso que dois ou mais desses crimes tenham
sido praticados em um intervalo de 15 anos.
"RICO? Você os está relevando para um caso RICO?" Billy fala em

seguida, como se ele não pudesse acreditar em seus ouvidos.

"Neste cenário teórico, as evidências roubadas serão encontradas na posse

de membros do clube de moto de baixa posição, juntamente com listas

excepcionalmente bem organizadas, detalhando nomes, lugares e eventos de

suas atividades de extorsão. Todas as informações contidas nestas listas são

inteiramente precisas. Apenas, você sabe, agora está bem organizado."

"Você configurou isso." Meu gêmeo pisa ao meu lado. "Você organizou

seu caos, não foi? Você os ajudou a parecer melhor para que cada membro

dependa de uma taxa de crime organizado."

"Isso acaba com eles. Isso aniquila completamente os Wraiths. Qualquer

um associado a eles vai para a prisão, todos na mesma acusação.” Roscoe ri,

como se não pudesse evitar, mas como se ainda estivesse atordoado.

Sorrio afetadamente, deixando Cletus ver o quão impressionado eu estou.

"Não são os Wraiths, é um clube teórico de motociclistas. Estou tão feliz que

você não me odeia.”

Eu tenho que dar isso a Cletus, ele certamente merece sua reputação em

nossa família como um intelectual maligno.

Cletus não diz nada por cerca de um minuto ou dois, como se ele quisesse

nos dar tempo para pensar todas as implicações de sua divulgação.

Então ele bate palmas uma vez, dando a todos um começo. "Então, vamos

votar."

"Votar em quê?" Duane olha para mim, franzindo a testa.

"Quero que votem se eu sigo esse plano. Tudo está no lugar. Tudo o que

preciso fazer é fazer uma chamada telefônica. Vocês decidem."


"Depende de nós?" Agora não consigo acreditar nos meus ouvidos.

"Desde quando? Desde quando depende de nós?"

"Desde que ele se apaixonou e percebeu que a intromissão vem com um

preço." Esta declaração vem de Jethro. Ele está sentado no sofá, tricotando algo

para minha sobrinha ou sobrinho (também conhecido como seu bebê).

Olho os dedos do meu irmão mais velho, o cuidado com o qual ele

trabalha no chapéu ou na meia ou o que seja para o futuro filho. Jethro nem

sempre foi como é agora. Em um ponto, ele foi um recruta comprometido com

os Wraiths. Fazendo merda, machucando as pessoas. Nossa mãe estava

devastada.

No entanto, tão clichê como possa parecer, ele se arrependeu. Durante os

últimos cinco anos, Jethro fez tentativas para consertar as cercas com todos nós,

compensar os erros cometidos no passado. Principalmente, ele conseguiu.

Penso que sua história de redenção significava que a redenção é possível

para todos os membros do Wraith? Penso se eles acabariam por ver o erro de

seus caminhos e também se arrependeriam?

Provavelmente não.

Também não creio, penso tristemente, que Christine St. Claire não queria

redenção.

Eu estou tão preocupado com essas contemplações que perco uma parte

da conversa. A sala volta ao foco quando percebo que Billy já havia votado. Ele

quer que Cletus os derrube.

"Eu também digo sim." Meu gêmeo compartilha um olhar compassivo

com Billy. "Espero que todos criem raízes no inferno."


Uma bola de desconforto se instala no meu estômago, porque Duane está

votando sem saber todos os fatos. Sua mãe biológica será afetada. Ela

definitivamente será uma das pessoas indo à prisão.

Talvez ela não mereça a preocupação de Duane, mas Duane merece saber.

Suspiro, porque tenho minha resposta. Ele precisa saber, e eu tenho que

dizer a ele.

Por isso, dou o próximo passo para votar. "Eu digo não. Eu digo para

deixar as coisas acontecerem naturalmente. Se a lei tiver provas contra eles,

deixe-os usar isso. Eu não quero que nenhum de nós seja implicado.” Eu olho

para Duane, encontrando seu olhar em mim, antes de terminar com pressa.

"Deixe-os fazer sua própria cama. Não tem nada a ver conosco."

E assim foi, cada um de nós lançando nosso voto - Billy, Duane e Cletus

prontos para liderar a acusação, Roscoe e Ashley comigo - até que Jethro é o

único que resta.

"Jethro?" Cletus pergunta. "Como você vota?"

Nosso irmão mais velho não olha para cima do trabalho de suas mãos.

"Eu me abstenho."

"O quê? O que você quer dizer com você se abstém?” Duane parece

chateado.

"Quero dizer, abstenho-me. Eu não estou votando."

Duane passa a mão pelos cabelos, obviamente exasperado com Jethro.

"Por que diabos não?"

"Porque eu sou o voto decisivo." A voz de Jethro toca a sala, afiada de

raiva. Ele olha para cima do seu tricô e olha para o meu gêmeo. Quando fala em

seguida, faz com os dentes cerrados. "E eu odeio aqueles filhos da puta mais do

que você. Mais do que qualquer um de vocês.” Jethro chama sua atenção para
Billy. "Mas eu não vou permitir que o ódio tome minhas decisões. Se votar, eu

votaria para destruir a todos. Então eu não posso votar. Porque eu não sou mais

essa pessoa."

Ninguém diz nada pelo que parece como alguns minutos, mas tenho

certeza que foi menos do que isso.

Eventualmente, Billy desvia o olhar de Jethro e recupera o assento. "Bem.

Você tem sua resposta, Cletus."

"Empate significa que ninguém ganha." Cletus torce a boca para o lado,

suas sobrancelhas se juntam como se estivesse se concentrando.

Eu preciso comprar algum tempo, então eu sugiro: "Apenas deixe isso

onde está. Deixe a prova onde está, se puder. Então, se você precisar, se você

precisar de um plano reserva, você vai ter."

Jethro ri, balançando a cabeça, "Você sabe, Beau. Você é muito mais como

Cletus do que você imagina.”

"Obrigado." Eu sorrio. "À luz dos acontecimentos recentes, vou aceitar

isso como um elogio."

"Qual é a segunda coisa?" Ashley olha para Cletus.

Cletus vira um olhar suave e confuso para nossa irmã e de repente fecha

os olhos. Seu rosto faz uma coisa estranha, como se ele tivesse dores de

estômago e se preparasse contra uma câimbra.

Ashley olha para cada um de nós, induzindo novamente, "Cletus?"

Ele abre os olhos, mas os mantém presos ao tapete. "Darrell Winston tem

uma terceira família."

Minha boca cai e um pico de adrenalina dispara através de minhas veias.

Somos a primeira família de Darrell. Todos já sabíamos que Darrell tinha se

casado - ilegalmente – com a irmã de Drew anos atrás, e ela é sua segunda
família. Mas eles não tiveram filhos e ela morreu tragicamente cerca de quinze

anos antes.

Mas uma terceira família? Cletus sabia? Sobre mim e Duane?

Eu mal posso ouvir, um toque afiado nos meus ouvidos abafa todo o som.

Olho para Billy e o encontro olhando para mim. Abro minha boca para

dizer algo, qualquer coisa, mas ele dá uma batida sutil na minha cabeça,

dizendo-me para ficar quieto.

Cletus limpa a garganta e depois acrescenta: "Darrell tinha outro filho.”

Minha irmã faz um som suave e involuntário de angústia, mas ninguém

diz uma palavra. Um milhão de pensamentos correm como um incêndio na

minha mente. Pode ser isso que Christine e Darrell tem outro filho?

E de repente, eu não posso esperar para dizer a Claire que ela é minha

irmã. Eu não posso esperar. Eu não posso esperar para descobrir sobre ela,

como ela é, o que temos em comum.

Shelly está certa. Ela não disse isso, ela não explicou isso para mim, mas

eu estou me concentrando na coisa errada. Eu não perdi uma mãe. Bethany

ainda é minha mãe, e ela sempre será.

Não perdemos nada, mas ganhamos uma irmã. Duane e eu temos uma

segunda irmã.

"Seu nome era Eric e ele morreu." A voz de Cletus é áspera, grossa, com

emoção pouco característica.

Minha excitação crescente cai em terra enquanto Cletus continua: "Ele

morreu de câncer. Eu descobri dois anos atrás, depois que ele se foi. Eu pensei

que todos deveriam saber."

Merda.

Merda, merda, merda, merda.


Tento engolir, mas não consigo. Meus olhos caem no tapete e eu olho,

absorvendo a perda de um irmão que eu nunca conheci.

Todos nós fazemos.

O silêncio nos pressiona, preenchendo as lacunas vazias na sala e

separando-nos na nossa dor.

Mas então, inesperadamente, Duane passa por mim. Ele caminha direto

para Cletus e o envolve em um forte abraço. Jethro é o próximo, deixando de

lado seu trabalho e trazendo seus braços ao redor de seus irmãos. Então Roscoe

se move, depois Ashley.

Billy e eu compartilhamos um olhar fugaz. Ele me dá um pequeno sorriso,

inclina a cabeça ligeiramente para a nossa família como se quisesse dizer, Entre

lá. É aí que você pertence.

Então eu faço.

Nós rolávamos aos socos - tanto literal como figurativamente -, mas nos

últimos doze meses, as coisas mudaram. Além da morte de Momma, as coisas

mudaram para melhor. Ashley retornou, e nossa família está crescendo. A

partir desta noite, mesmo que nossas vidas nos afaste fisicamente, estamos mais

próximos.

Eu me lembro de algo que minha mãe costumava dizer: "À medida que o

tempo passa, ele também se torna mais precioso."

Então eu abraço minha família. Coloco-os em meus braços e tomo um

momento para agradecer que eles são meus.

Usando o conjunto de chaves que ela me deu, desbloqueio a porta da

cabana de Shelly e tento ser o mais silencioso possível enquanto entro.

Infelizmente, meus planos são frustrados quando Laika e Ivan entram na

sala de estar, grunhindo e latindo como animais selvagens.


"Droga." Eu estremeço, lamentando minha decisão de vir.

Eu não queria acordá-la, mas senti sua falta. Eu não vi ou falei com Shelly

desde a noite de terça-feira. Agora é o início da manhã de sexta-feira e meu

corpo doem com o quanto eu preciso estar perto dela.

Vendo que sou eu, os cachorros param quase imediatamente. Mas eles

também dançam em torno das minhas pernas, exigindo coçadinhas de orelha e

pancadas de cabeça antes de me dar espaço suficiente para sair da porta da

frente.

"Beau?" A voz sonolenta de Shelly me chama. Parece que ela está no

quarto.

"Sim. Desculpe," eu sussurro fortemente. "Volte a dormir."

"Entre aqui."

"Eu vou. Só preciso tirar meus sapatos."

"Ok."

Travando a porta atrás de mim, atravesso o sofá e sento, grato por estar de

pé. É mais que meia-noite, e a despedida de solteiro de Jethro acabou.

Obrigado.

Oh.

Senhor.

Foi um longo dia.

Depois das revelações da manhã, levei meus irmãos mais Drew para uma

caça ao tesouro através das Smoky Mountains. Nós devemos ter coberto

quarenta quilômetros de deserto antes do pôr sol. Em vez de acampar depois -

que era minha ideia - Cletus insistiu em entretenimento.


Portanto, fomos todos para um armazém em Maryville (com uma

promessa solene de que poderíamos sair depois de meia hora), Cletus teve seu

show.

"Eu vou matar Cletus," Jethro disse, apenas momentos depois de sair do

armazém. Ele parece exausto. E desgastado. E irritado.

Levanto uma sobrancelha para o meu irmão mais velho e enrolo meus

lábios entre meus dentes, então eu não estouraria de rir.

"Eu estou logo atrás de você." Billy diz isso enquanto pegava serpentinas

de sua camisa e tirava o brilho das calças dele.

Drew também está puxando serpentina de sua camisa, mas sabiamente

decidiu ficar quieto.

"Eu o ajudarei a matar Cletus," Billy murmura, "se você conseguir

encontrá-lo."

Duane e eu compartilhamos um olhar. Nós dois tivemos que mirar os

olhos no chão para não rir.

"Eu não vejo qual é a grande coisa." Roscoe encolhe os ombros. "E daí? Era

um stripper masculino.”

"Eu não tenho nada contra um stripper masculino, Roscoe. Mas eu não

queria uma stripper para começar, e eu definitivamente não queria um stripper

de oitenta e cinco anos chamado George.”

"Você esquece que ele é um SEAL da marinha aposentado. E ele desceu

do teto como um fodão." Os olhos de Roscoe se iluminam com diversão, mas ele

manteve o rosto firme.

"Eu não esqueci nenhum desses fatos." A voz de Jethro está sem expressão

enquanto olha para Roscoe.


"Vamos lá, Jethro." Eu empurro seu ombro. "Você está apenas irritado

porque ele colocou você de cabeça pra baixo."

"Com as pernas dele," Drew acrescenta com bom humor.

Duane me olha de novo e depois põe os olhos no chão mais uma vez. Mas

seus ombros trêmulos o entregam.

"Eu vou embora." Jethro joga as mãos no ar e segue em direção ao carro

dele. "Eu preciso de quatro chuveiros e uma banheira."

Todos nós rimos então - Drew, Roscoe, Duane e eu. Mesmo Billy agita um

sorriso.

Apesar de estar esgotado, e apesar de ver o que meus testículos podem se

tornar em outros sessenta anos, eu decido que foi um bom dia.

No entanto, falta alguma coisa.

Foi por isso que, depois de deixar meus irmãos em casa, não consegui

dormir. Decidindo não lutar contra o impulso, visto-me rapidamente e me dirijo

para Shelly's.

E então estou aqui, tirando meus sapatos na sala de estar e ficando de

cueca. Eu não pensei em trazer pijamas e não quis mexer na bolsa que ainda

tenho no quarto dela.

Caminhando tão silenciosamente quanto posso, entro no quarto dela.

Algo em mim se estabelece com a visão dela - uma selvageria enigmática, uma

fome.

Apaziguado, subo na cama e passo minha mão de seu ombro pelo

comprimento de seu braço, emaranhando os dedos.

"Beau," ela sussurra, seus olhos ainda fechados.

"Shelly."

"Tire sua cueca."


Eu sorrio. "Como você sabe que eu estou usando cueca?"

"Você sempre usa roupas para a cama, e então eu sempre tenho que tirá-

las. Somente... durma nu.” Ela diz esta última parte em torno de um bocejo,

virando e pegando minha mão para ela.

"Eu preciso da minha mão para remover minha cueca."

"Tudo bem," ela geme. "Então você tem que devolver."

Balançando a cabeça para uma sonolenta Shelly, rapidamente saio da

minha cueca e deslizo de volta na cama, ficando detrás da pequena.

Embora eu adore segurá-la, eu desejo que ela esteja de frente para mim.

Ela é tão adorável quando ela dorme, está mulher é minha. Talvez tenha

perdido minha sanidade, mas quero uma foto dela dormindo.

Mas eu também quero uma foto com careta, sorrindo, rindo e jogando

punhais para mim. Eu quero uma imagem de todos os seus rostos, assim como

ela está agora, para que eu possa me lembrar de como me apaixonei pelo

espectro desse rosto e a mulher complexa por trás disso.

EU GEMI COM O LIGAR DAS LUZES - dedos movendo-se através de meus

cabelos e lábios se movendo sobre meu rosto - e eu sorrio.

"Bom dia, Beau."

Meu sorriso cresceu. "Bom dia, Shelly."

"Por que você tem brilho no seu cabelo?"

Eu faço uma careta, porque eu não sei. Mas então lembro e gemi. "Você

não quer saber."

"Eu quero saber. Eu não teria perguntado se eu não quisesse saber."


Abrindo um olho, eu a vejo acima de mim. Ela está vestindo pijama -

tristeza - e seus olhos estão abertos com curiosidade. "Cletus contratou um

SEAL da Marinha aposentado, que tinha noventa anos ou mais, para fazer um

strip para Jethro em sua despedida de solteiro."

Sua sobrancelha enruga. "Mas de onde veio o brilho?"

Eu rio, porque, claro, nada sobre um stripper de oitenta anos, ou o fato de

ser um Navy SEAL, iria eclipsar o fato de que eu respondi sua pergunta

original.

"Cletus deu a cada um de nós um envelope, disse que era uma surpresa,

mas eles acabaram sendo bombas brilhantes."

"Por que ele faria isso?"

Levanto a bainha da sua camisa, querendo a seda de sua pele. "Porque ele

é Cletus."

"Hmm..." Ela me dá um beijo rápido. "Como você está?"

Abro os dois olhos e suspiro, deslizando minha mão debaixo da camiseta

e para as suas costas. "Saudades de você. Muito aconteceu."

"O que?'

"Eu tomei uma decisão sobre Duane. Eu vou contar a ele."

Seu rosto fica preocupado. "O que fez você decidir?"

Eu conto a essência disso, sobre Cletus e Jenn e como essa situação se

resolveu. Então explico o máximo que posso sobre a reunião de Cletus sobre os

Wraiths sem lhe contar nada que possa incriminá-la se a verdade surgir. Então

eu falo sobre o nosso irmão que morreu.

Ela respira fundo, segurando seu peito. "Essa é uma notícia terrível."

"Isso me fez perceber que eu preciso contar a Duane. Ele merece saber.”
"Está bem, está bem. Deixe-me saber como posso apoiá-lo." Ela parece tão

séria, tão determinada.

"Eu vou, obrigado. O plano é dizer-lhe hoje.” No mais, contorno a curva

de sua cintura, puxando o fundo do pijama para revelar a pele lisa do quadril.

Parece surpresa com esta notícia. "Por que hoje? Por que não esperar até

depois do casamento?”

"Você acha que eu devo esperar?"

"Não, em tudo. Eu só quero saber por que você quer fazer isso tão cedo."

"Porque Claire estará lá no casamento. Não quero emboscá-la, mas..."

"Você também quer dizer a ela."

"Eu quero." Inclino-me para frente, colocando um beijo suave contra o

pescoço dela. "E Duane irá na próxima quinta-feira. Ele não sabe quando

voltará. Se eu não agir em breve, então nós três perdemos uma chance."

Ela concorda com a cabeça, seus dedos enfiados no meu cabelo. "Isso faz

sentido. Apenas me avise o que posso fazer."

"Você ainda está vindo?"

"Sim, eu disse que sim." Ela corre os dedos ao lado da minha barba. "Eu

gosto de como isso parece. É arrumado e suave."

Isso me fez sorrir. "Fico feliz que você venha ao casamento e fico feliz que

você goste da minha barba."

"É uma barba magnífica. Você sempre deve manter isso, então eu sempre

posso tocar isso." Ela se inclina e me inspeciona. "Você ainda parece cansado.

Você quer correr? Ou você quer dormir?”

A julgar pela luz do lado de fora, é muito mais tarde que a habitual 6:00

da manhã.

"Você ainda não fez sua corrida?"


Ela balança a cabeça e respira fundo. "Eu decidi dormir."

"Você dormiu?"

"Não. Eu me deitei ao seu lado enquanto você dormia para poder

continuar tocando você.”

"Ah. Eu vejo." Eu gosto do som disso.

"Correr?"

Desde que saí no meio da noite, fugindo de um idoso que se apresentava

como uma stripper, decido que ficar é meu melhor interesse. "Dormir."

"Está bem então... chuveiro?"

Meu sorriso aumenta. "Sim, por favor."

Ela concorda, dando-me um dos seus quase sorrisos, e então fica de pé e

se move para a sua cômoda.

Eu a assisto se vestir. Admiro suas longas pernas e torso quando ela tira

as roupas, virando ao redor do meu pescoço quando seus seios são revelados,

perdendo a respiração quando ela se curva. Fisicamente, a mulher é uma deusa,

e ela não parece se importar.

Claro que não se importa.

Seria tão fácil olhar para ela e só ver a casca, ser cegado pela sua forma.

Mas suas falhas, sua resiliência12 em face de suas lutas, sua força de caráter e

honra, é o que a fez ser quem ela é.

Ela é requintada para mim e a amo porque a conheço. E sinto pena de

todos os outros que não podem olhar além do seu exterior para a verdadeira

beleza interna.

Então, sim, eu admiro seu corpo enquanto troca para roupas de exercícios,

penso em todas as maneiras pelas quais eu irei fazê-la gozar quando ela voltar e

12
resiliência é a capacidade de uma pessoa lidar com seus próprios problemas, vencer obstáculos e não ceder à pressão, seja qual for a situação.
lamento a perda de sua pele enquanto ela a cobre. Eu a assisti até ela sair da

sala. Mas quando ela se foi, sinto sua falta.

Então pego o travesseiro de Shelly e rolo para o meu lado, me dando um

toque de mãos mental por ter vindo na noite passada.

Melhor decisão de sempre.

Rodeado por seu cheiro, eu apenas começo a voltar a dormir quando

Shelly volta a entrar no quarto.

"Beau!" Sua voz é um sussurro áspero. "Beau!"

"Sim, sim. Acordei." Forço meus olhos a abrir.

"Beau. Quinn está aqui."

Eu mexo, agora completamente acordado. "O que?"

"Meu irmão. Está aqui. Com Janie. E Desmond.” De repente, ela bate as

mãos sobre a boca, os olhos enormes e assustados, como se ela se lembrasse de

algo terrível.

"Ei, o que há de errado?" Eu me sento, meu coração na minha garganta.

"Você está bem?"

"Todas essas frases foram numeradas."


CAPÍTULO 31

“As pessoas mais corajosas são aquelas que não se importam de parecer covardes.”

- TH White, The Once and Future King

* Beau *

EU RESPIRO UM suspiro de alívio e a puxo para um abraço. O olhar

aterrorizado em seu rosto me fez pensar o pior.

Ela empurra contra mim. "Nós não temos tempo para um abraço. Quinn e

Janie e Desmond estão lá fora, e.…"

"Uma coisa de cada vez." Eu a seguro mais forte. "Como posso ajudá-la? O

que você diz ou faz quando precisa superar seus medos?"

Ela balança a cabeça, seu corpo rígido, mas então recita com pressa:

"Pensar que uma pessoa é propensa à violência por causa do número de

palavras em suas frases é irracional. Eu irei enfrentar esse medo irracional e

conquistar isso. Estou no controle de minhas ações. Eu não sou violenta."

Eu a seguro em meus braços e respiramos juntos, seu corpo relaxando

gradualmente.

Eventualmente, seus braços vêm ao meu redor e ela enterra o rosto no

meu pescoço.

"Obrigada, e me desculpe."

"Não há necessidade de se desculpar." Eu beijo sua têmpora. "Para ser

sincero, estou sentindo que entrei um pouco em pânico."

Ela se inclina, mantendo as mãos em mim, mas inclinando o queixo para

trás.
"O que? Por quê?"

"Não vou mentir, Quinn me assusta um pouco."

Shelly sorri, balançando a cabeça. Ela junta meu rosto entre suas mãos e

pressiona um beijo nos meus lábios. "Oh, meu Deus, eu amo você."

Agora eu endureço.

Ela me ama?

Pegando-a pelos braços, gentilmente a afasto para poder ver seus olhos.

"Você me ama?"

"Sim." Ela diz rapidamente, como se estivesse de repente lembrando que

ela me amava.

"Eu te amo!"

"Você esqueceu de me dizer?"

"Não. Não esqueci. Você estava dormindo."

"Você descobriu isso enquanto eu dormia?"

"Sim."

"Noite passada?"

"Não." Ela se afasta do meu aperto, olhando rapidamente sobre seu

ombro.

"Shelly."

"Segunda-feira à noite, ok?" Ela está se afastando, indo para a porta. "Você

precisa se vestir."

Agora eu olho para ela. "Você esqueceu de me dizer."

“Eu não esqueci de te dizer, eu não esqueci de te dizer."

"O que?"

Ela não faz sentido.


"Eu decidi que não ia te contar até mais tarde. Eu queria tornar especial,

ok?" Ela aponta para mim, acenando com o dedo. "Coloque roupas, saia, diga

oi."

E com isso, ela sai do quarto, me deixando nu na cama usando apenas um

sorriso.

Novamente.

"HELLO, BEAU."

"Quinn." Eu aceno com a cabeça uma vez e não faço uma careta, mesmo

que o aperto de mão de Quinn fosse mais como uma demonstração de uma

agressão pouco velada do que um olá simpático.

Fico especialmente impressionado porque, enquanto ele esmaga meus

ossos com sua mão direita, ele segura seu filho menor com a esquerda. Essa é

uma multitarefa séria.

"Oi, Beau." A esposa de Quinn, Janie, entra entre nós, forçando o marido a

soltar minha mão. Ela coloca uma mão no meu ombro e me puxa para um beijo

na bochecha. Sua saudação é muito mais amigável.

Por outro lado, eu não tinha acabado de sair do quarto de sua irmã.

Mas então ela diz: "A média das mulheres usa um batom a cada cinco

anos. Eu não estou usando nenhum batom porque fiquei sem tempo esta

manhã e não tenho nenhum na bolsa de fraldas, mas estou usando brilho

labial. Não tenha medo oficial de usar brilho labial, mas o medo de se beijar é

chamado philemaphobia. E a cherophobia é o medo da diversão."

Eu aceno educadamente, lembrando que Ashley disse que Janie Sullivan é

um pouco estranha. Não estranha como Shelly, um tipo diferente, onde ela
começa aleatoriamente a citar fatos pouco conhecidos. Eu acho que ela leu

muitos livros.

"Que brilho é esse?" Quinn ergue o queixo no meu cabelo, seu tom plano.

"Cletus. Ele nos bombardeou com glitter ontem à noite na despedida de

solteiro de Jethro."

Os traços de Quinn estão impassíveis, mas ele diz: "Eu gosto do seu irmão

Cletus."

"Ele certamente é fora do comum." Meu sorriso amigável não vacila, mas

por dentro eu estou franzindo a testa intensamente.

Eu vou ter que mover uma montanha para que esse cara goste de

mim. Que assim seja.

Depois que Shelly deixou o quarto mais cedo, eu passei por minhas

coisas, procurando algo decente para vestir. Tudo o que eu tinha eram jeans e

camisetas, então eu escolhi o menos usado de cada um e vesti. Então coloquei

meias. Minha mãe sempre disse que você deve encontrar um convidado com

sapatos, família em meias e amigos com os pés descalços.

Eu não sei por que ela dizia isso, mas ficou comigo.

Shelly corre para o quarto, a atenção no bebê nos braços de Quinn, depois

para a cunhada. "Eu fiz o seu café. Está na cozinha."

"Oh. Devo beber na cozinha?” Janie muda de peso, como se ela fosse

seguir Shelly.

"Eu posso trazê-lo aqui," Shelly oferece, torcendo as mãos. "Desculpe, eu

deveria ter trazido isso aqui."

"Eu posso ir buscá-lo," Janie oferece, dando um passo à frente.

"Não. Eu vou buscar. Você fica aqui." Ao me afastar, penso tê-la ouvido

murmurar: "Bolsas, casacos, bebidas, dia. Bolsas, casacos, bebidas, dia."


Voltando minha atenção para Quinn, encontro ele me olhando com um

brilho de suspeita. "Quantos anos você tem?"

Eu recuo um pouco, mas depois me recupero rapidamente, dando-lhe o

meu mais afável encolher de ombros e uma resposta significativamente

distraída. "Eu nasci durante a guerra."

"Qual guerra?"

Shelly volta a entrar na sala. "Aqui está o seu café."

"Obrigado." Janie aceita com um sorriso caloroso. "Eu me permito tomar

uma xícara por dia."

"Oh, então não beba isso." Shelly tira o copo das mãos de Janie, quando a

mulher está tomando seu primeiro gole. "Não é tão bom quanto o café de

Daisy. Nós devemos ir lá."

Shelly fugiu da sala antes que Janie pudesse protestar. A ruiva olhou para

seu marido, dando-lhe um olhar angustiado.

"Você foi a única que insistiu em virmos," ele disse, inclinando a cabeça

para o lado para evitar o braço de seu filho.

"Ela continua cancelando." Janie baixa a voz. "Você sabe quão importante

é para seus pais que ela venha para o Natal."

O sorriso de Quinn aparece para mim e depois some. "Ela nunca vai"

"Pode ser que ela vá." O olhar de Janie também se move para mim, então

estreita-se pensativa.

"Há quanto tempo vocês dois estão juntos?"

"Apenas algumas semanas." Eu dou-lhe um sorriso fácil.

"Você também trabalha na loja?"

"Eu sou um dos donos."


"Oh, está certo." O sorriso de Janie é cansado. "Eu pedi a Ashley que

arrumasse as coisas quando ela veio nos visitar em setembro, quando Desmond

nasceu. Eu acho que ela chamou seu irmão Jethro para ajudar Shelly."

"Você sabe por que Ashley chamou Jethro em vez de apenas pedir a

Duane ou a mim ou Cletus em vez disso?"

"No início, perguntei sobre Shelly ter um emprego com o serviço do

parque. Acho que foi por isso que sua irmã chamou Jethro. Mas então Jethro

percebeu que ela era mecânica e a trouxe para conhecer Cletus. Um movimento

do canto do meu olho atrai minha atenção. Desmond está agarrando o nariz de

Quinn e tentando puxá-lo de seu rosto. O grande homem então mergulha seu

filho de volta, beijou-o no pescoço e faz o bebê rir.

Shelly aparece de novo, atraindo os olhos de todos. Ela mudou de roupas,

vestiu um jeans e uma camiseta e está nos olhando com uma aparência

expectante.

"Devemos ir?"

"Onde?" Quinn pergunta levantando uma sobrancelha para sua irmã.

"Ao Daisy's Nut House para café e panquecas."

"Oh." Janie olha para o marido e volta para Shelly. "Nós trouxemos

comida. Nós não precisamos sair."

"Você trouxe comida?" O rosto de Shelly cai.

"Sim. Desde que viemos sem aviso prévio, pensei que era sensato. Nós

trouxemos carne italiana do Al e panquecas para você do Giavani.” Janie me dá

um sorriso justificando. "Tenho certeza de que podemos compartilhar alguns

dos nossos."

Quinn resmunga em voz baixa algo que não entendo, mas que ganha um

olhar afiado de sua esposa.


"Tudo bem." Eu tento aliviar. "Eu não posso ficar muito tempo. Temos

preparativos para o casamento de Jethro e preciso voltar para a casa."

"Eu poderia ter cozinhado. Eu posso cozinhar." Shelly parece fora de lugar

com esse comentário.

"Janie decidiu que deveríamos voar hoje e te surpreender." A voz de

Quinn é completamente plana, o que me diz que não concordava com a

abordagem de sua esposa.

"Eu sei que você não gosta de surpresas, mas sinto muito." Janie balança

sua cabeça, seus lábios pressionados em uma linha plana. "Eu queria ver

você. Eu não tenho dormido muito, e a amamentação é uma grande falta para

mim, então eu posso estar tomando decisões egoístas agora."

Pela primeira vez desde que chegaram, a fachada estoica de Quinn quebra

e o canto de sua boca levanta.

Janie virou-se para mim. "Não há consenso sobre se a privação de sono é

abrangida pela Convenção de Genebra como forma de tortura. Mas se isso

acontecer, nosso filho seria culpado disso."

ACABEI FICANDO MAIS TEMPO do que pretendia. Shelly está agindo

engraçado e eu me preocupo com ela. Nem Quinn nem Janie haviam se

oferecido para deixá-la segurar Desmond, mas eu a peguei olhando o bebê

algumas vezes com anseio despreocupado.

Está me dando azia.

No entanto, tenho uma ideia, e foi por isso que fiquei. Shelly me falou

semanas atrás que seu irmão não sabia sobre seu diagnóstico, nem ele entendia
a natureza de sua aversão ao toque. Ele provavelmente pensa que não gosta de

ser tocada.

Se eu puder ficar com Quinn sozinho por um minuto, penso que poderia

explicar como Shelly tem dificuldade em começar a tocar, mas se o bebê a tocar

primeiro, então ela poderia segurá-lo. Ou, se Quinn a tocar primeiro, ela pode

dar um abraço em seu irmão.

Eu continuo procurando uma oportunidade para agir sobre minha ideia,

mas nenhuma dessas oportunidades se apresenta. E isso ocorre porque cada

único segundo é cheio de tensão.

Tensão entre Quinn e Shelly, Quinn e eu, Quinn e Janie. O homem está

com raiva, é fácil de ver. Mas, mais do que isso, ele está frustrado.

Quando ele se aproxima de sua irmã, ela recua. Agora eu sei que Shelly

faz isso porque ela não quer tocá-lo acidentalmente. Ou tocar Desmond quando

Quinn o está segurando. Mas ela se encolhendo apenas aumenta sua

exasperação.

Por sua parte, Shelly parece estar observando o humor de Quinn e

percebo que ela pressiona seu polegar em seu pulso. E isso me deixa tenso. Além

disso, tenho a sensação de que ela está tentando construir sua coragem,

tentando se convencer a fazer alguma coisa importante.

Eu quero estar lá para ela, segurar suas ferramentas e outras coisas, mas

eu estou perdido sobre o que fazer. Então eu fico tentando aliviar o humor o

quanto posso.

"Tenho observado muitos documentários sobre avanços em medicina

desde que estou em casa com Desmond," Janie diz alegremente, sua voz mais

suave agora que Desmond está dormindo em seus braços. "Você sabia que Paul
Winchell, a voz do Tigrão em muitas aventuras de Winnie the Pooh, também

inventou um coração artificial?”

Estamos sentados na mesa da cozinha. Eu divido as panquecas de Shelly

com ela e Janie insistiu para tentar a carne italiana. Olhando em volta da mesa,

percebo que sou o único que comeu.

"E o ketchup foi vendido como medicamento no século XIX." Janie me dá

um pequeno sorriso. "O que, acho que se você pensar sobre isso, é mais seguro

do que sangrar."

"Eu tenho que te dizer uma coisa," Shelly deixa escapar, afastando o prato

e cobrindo o rosto com as mãos.

Quinn olha para a esposa e depois para a irmã. "O que?"

"Eu fiz algo terrível para você." Shelly endireita seu assento, dando um

olhar para o irmão. "E mãe e papai."

"Do que você está falando?" Quinn faz uma careta. "Isso é sobre o abraço?"

"Não. Depois que Des morreu, eu não fui ao funeral. Eu estava em

Chicago."

"Eu sei." Ele dá de ombros, estava tudo no passado e ele queria deixar isso

lá. "Eu estava no funeral."

"Sim. Você estava. E mamãe gritou com você, disse que você era

responsável pela morte de Des, lembra?"

Os olhos de Quinn se dirigiram para mim, depois de volta para a

irmã. "Precisamos discutir isso agora?"

"Sim. Nós precisamos. Porque estou tendo um momento de clareza, e não

sei quanto tempo durará." Seu queixo começa a balançar, mas ela para.

"Eu vou indo." Fico de pé para sair, para dar-lhes alguma privacidade.
Mas Shelly olha para mim e em seus olhos eu a vejo implorando-me para

ficar. "Você deve ouvir isso também, então você saberá como eu sou."

“Como você era,” Janie corrige suavemente. "Você mudou, Shelly. Você

está tão diferente. Você me ofereceu café e pegou minha mochila quando

entramos."

"Eu preciso dizer isso." Ela aperta os olhos e balança a cabeça

rapidamente. "Eu menti para você, Quinn. Após o funeral, algumas semanas

depois, mamãe me ligou e me pediu para entrar em contato com você. Ela me

pediu para ajudá-los; ela queria se desculpar. E eu disse a ela que você não

queria falar com ela e que não poderia perdoá-la."

Quinn pisca, como se ele estivesse assustado. Seu olhar de confusão

rapidamente se torna um de acusação, e quando ele fala, sua voz está áspera,

cheia de raiva.

"Porque você fez isso?"

Ela abre os olhos novamente e encontra o dele diretamente, com a voz

firme. "Porque eu fui uma covarde. Eu era egoísta e covarde. Você finalmente se

mudou para Chicago depois do funeral, depois do que aconteceu. E já não tinha

mais medo. Você era como uma ponte para mim, uma fuga, uma maneira de eu

sobreviver. Eu estava preocupada que se você conversasse com mamãe, você

voltaria para Boston, e eu ficaria sozinha."

"Então você mentiu para mim?"

"Sim."

"E você mentiu para a mãe? E o pai?"

"Sim." Seus olhos estão vidrados, mas ela não chora.

"Isso nos manteve separados por anos. Anos."

"Eu sei."
"Eu pensei que eles não queriam nada comigo. Eu pensei..." Ele se detém,

seu olhar fica sem foco, como se ele estivesse lembrando os anos de distância de

seus pais. Como se de repente percebesse algo, ele volta a olhar para sua

irmã. "Eles pensavam que eu os odiava?"

"Sim, foi minha culpa. E me desculpe."

"Você está arrependida." Ele diz essas palavras como se elas o

estrangulassem.

"Sinto muito." Ela mantém seus olhos nele, absorvendo sua raiva.

Ele levanta de repente, afastando-se de sua irmã e passa pelo

refrigerador. "Não posso acreditar nisso."

Fico perfeitamente imóvel, esperando que, se não me movesse,

esqueceriam que eu estava na sala, testemunhando este momento familiar

profundamente pessoal.

Ele caminha de volta para a mesa, seu tom calmo enquanto seus olhos

brilham. "Você foi tão egoísta. Tão egoísta."

"Eu sei." Ela concorda, rolando os lábios entre os dentes. Tomando isso.

Ver este desdobramento é difícil, talvez tão difícil como vê-la enfrentar

seus medos com a Dra. West. Quinn, não cruzando nenhuma linha. Sua ira é

justificada. Mas isso deixa claro que ele não entendia a natureza de sua

desordem.

E também está claro que ela não tinha planos de dizer a ele. Pelo menos

ainda não. É como se Shelly acreditasse que merece sua ira, seu... ódio e rejeição.

“Você me queria em Chicago, mas você não se preocupou em ficar na

cidade. Nós tomamos café da manhã apenas uma vez por semana durante anos,

e essa era a única vez que via você. Você nunca ficou. Você nunca veio quando
eu precisei de você, quando eu precisei da família. Eu estava sozinho. Mas você

me queria em Chicago, não Boston."

Ela baixa os olhos então, e eles caem na mesa. O desejo de ir até ela é

insuportável, de segurá-la, tirar essa dor dela. Mas não é meu para tomar.

Esta é a geladeira dela.

"Tínhamos panquecas durante vinte minutos, e então você tinha que

ir. Não posso me lembrar da última vez que nos abraçamos. Por que diabos

você me queria em Chicago?"

Sua voz é mansa, calma, quando ela dizia: "Eu te amava. Eu queria-

"Não. Não é uma boa razão. Você não trata alguém que você ama desse

jeito."

Ela fecha os olhos, balançando a cabeça novamente. "Não. Não trata. Eu

estava errada. Eu fui manipuladora e errada. E eu gostaria de poder voltar e ser

melhor - para você e para mamãe e papai - mas não posso." Levantando o

queixo, ela abre os olhos e encontra o olhar do irmão. "Eu entendo se você não

puder me perdoar, mas eu..."

"Ah não. Não não, não. Eu vou te perdoar." Ele diz isso como se fosse uma

ameaça.

"Você não vai se livrar tão facilmente."


CAPÍTULO 32

“Quando você pesca o amor, isca com seu coração, não seu cérebro."

- Mark Twain, Notebook

* Beau *

Sua testa enruga enquanto ela estuda seu irmão. "Você me perdoa?"

"Ainda não. Eu vou ficar com raiva por um tempo. Realmente, realmente

chateado."

Janie concorda com a cabeça, como se estivesse mentalmente se

preparando para o que significa quando Quinn está realmente, realmente

chateado. Além de exibições visíveis de preocupação tanto para os sentimentos

de Quinn quanto de Shelly, ela não parece muito preocupada com o fato de ele

estar irritado.

Ela não parece assustada ou alarmada, como se ele pudesse atirar sua

raiva sobre ela.

Se fosse meu pai, minha mãe teria escondido todos nós, crianças.

Mas não Quinn.

Não.

Quinn é um bom cara, é fácil ver isso agora, apesar de estar com raiva.

Na verdade, esse momento me faz perceber que eu posso contar muito

sobre a personalidade de uma pessoa quando está com raiva. A personalidade

de Quinn é sério como merda, reservado e honroso.


"E você vai fazer isso comigo." Ele aponta para a irmã, os olhos dele um

pouco selvagens. "Você vai vir para o Dia de Ação de Graças. E o Natal. E você

vai ficar conosco até o Ano Novo e trocaremos presentes, então isso significa

que você tem que fazer compras." Ele acrescenta rapidamente: "Não compras

on-line. Você tem que ir a uma loja."

Shelly faz um rosto que é algo entre uma careta, um balanço do queixo e

um sorriso. "Quinn-"

"Mamãe e papai estarão lá no Natal, então prepare-se para dizer o que

você acabou de me contar."

Agora, seu rosto é uma careta, mas ela concorda. "OK. Tudo bem, eu vou."

Meu coração dói por ela, pensando que teria que fazer isso de novo. Mas

no fim, valeria a pena. No final, ela seria mais forte e ela terá costurado sua

família de volta.

"E eu quero um retrato com Desmond," Janie coloca, olhando entre irmão

e irmã. Quando eles apenas olham para ela em silêncio, ela explica a Quinn: "Eu

só acho, enquanto estamos fazendo demandas, que devemos levá-la a pintar

um retrato. Certo?"

Quinn olha para Janie, como se não pudesse acreditar nas palavras de sua

boca.

Mas Janie aponta para Quinn e estala os dedos. "Não. Queremos um

retrato da família. Um bom. Nada desse lixo cubista."

Eu tenho que pressionar meus lábios em uma linha para não sorrir de sua

tangente.

Enquanto isso, os olhos de Shelly brilham de culpa enquanto observa seu

irmão. E ele continua a olhar para ela, como se estivesse tentando inventar

maneiras adicionais de torturar sua irmã.


Abruptamente, ele diz: "E queremos que você seja a madrinha de

Desmond."

Ela endurece, seus lábios se separando em choque. "Eu não-"

"Você vai fazer isso."

Shelly parece estar lutando para engolir e seus olhos, grandes com medo -

vêm para mim. Ajude-me, dizem. Ajude-me, por favor.

Eu limpo minha garganta, meu olhar mudando de Shelly para Quinn para

Janie, então de volta para Shelly.

"Então, eu tenho uma ideia," eu digo a Shelly, dando-lhe um sorriso

pequeno e encorajador.

Então eu viro para Janie. "Posso segurar Desmond, por favor?"

Janie franze o cenho para mim de repente, seus olhos se estreitando em

fendas perigosas. "Não acorde ele."

Não é o endossamento ressonante que eu esperava, mas eu aceito isso.

"Eu fico bem com bebês. Eles me amam." Eu coloco minha mão sob sua

cabeça, apoiando o corpo do bebê com meu antebraço. Então eu trago o

pequeno para o meu peito. Droga, ele é fofo.

Em pé, balanço-me suavemente enquanto caminho até onde Shelly está

sentada, observando-me com horror.

"Não. Não. Esta é uma má ideia. Por favor, Beau. Não." Ela recua de mim,

seu olhar fica selvagem.

"Shh," eu silencio ela e o bebê, que se agita com a tensão na voz de sua

tia. "Levante-se, Shelly."

"Eu não posso." Ela balança a cabeça, seu queixo balançando de

novo. "Você sabe que não posso."

Quinn dá um passo em nossa direção. "O que você está fazendo?"


Eu o ignoro e fico de olho nela, minha voz baixa e calmante. "Confie em

mim, apenas levante-se. Você me ama. Confie em mim."

Respirando profundamente, ela fica rígida, mordendo o lábio inferior e

observando-me como se esperasse a traição.

"Coloque a mão, por favor."

Ela hesita, olhando para mim para Desmond, mas então ela tira a mão.

Pego o punho minúsculo do bebê, insiro meu dedo indicador dentro dele,

depois o coloco no dedo de Shelly.

Ela respira fundo, seus olhos se dirigem para os meus e depois voltam

para o sobrinho, seu rosto suaviza com a compreensão.

"Oh meu Deus," ela respira, seus olhos enchem-se de lágrimas. Ela não

consegue contê-las antes que elas derramem sobre suas bochechas.

"Ele segurou meu dedo."

Ela faz, muito gentilmente. A totalidade do foco dela no pequeno homem

nos meus braços, segurando seu dedo.

Garantindo que a mão de Desmond nunca deixe a dela, eu deslizo seu

peso de volta ao meu antebraço e, finalmente, em seus braços. Ela respira

devagar, seus olhos transbordam de admiração enquanto ela se senta de volta

no assento.

"Olá, Desmond," ela sussurra através de suas lágrimas, sorrindo

amplamente para ele dormindo, depois beija seu nariz. "Olá, eu sou sua tia."

O bebê suspira, estica-se e depois enfia os punhos sob o queixo, trazendo

seu dedo com ele. E agora eu quero adicionar outra foto ao meu arquivo de

rostos de Shelly. Reverência.


Em algum momento, Quinn passa a ficar ao meu lado, o olhar em seu

rosto me diz que ele não sabe o que pensar; chocado e preocupado parece

guerrear com felicidade e espanto.

Eu sorrio, desfrutando completamente da confusão do grande cara. "Ei,

papai, urso. Parece que você tem uma madrinha."

Janie também ficou de pé e anda pela mesa até nós.

Deslizando a mão no cotovelo de Quinn, ela diz: "Na verdade, os ursos

são os piores pais. Eles comem seus filhotes. Ou, para ser mais precisa, eles

comem filhotes de urso que poderiam ser seus filhotes." Ela ergue o queixo,

olhando para o marido com um sorriso feliz no rosto, o olhar tão

completamente incompatível com as palavras que saíram de sua boca. "Alguns

biólogos pensam que fazem isso para regular o tamanho da população de

ursos. Outras hipóteses - uma vez que as fêmeas podem ter ninhadas

misturadas os machos matam os filhotes para que uma fêmea volte a ficar fértil

e ele possa engravidá-la novamente. Você sabe, para garantir melhor a

passagem de seus genes."

Quinn não parece ouvir sua esposa. Ou, se ele faz, seus fatos sobre ursos

não o perturbam.

"Os melhores pais no reino animal são raposas vermelhas." Janie traz os

olhos para os meus, me dando um sorriso.

"Raposas vermelhas, hein?" Eu tenho a sensação de que ela está tentando

comunicar mais do que apenas fatos sobre os hábitos de criação infantil de

mamíferos.

"Isso é certo." Seu sorriso aumenta e ela levanta uma sobrancelha

significativa. "Raposas vermelhas são os melhores pais. E os melhores

companheiros."
O ENSAIO ESTAVA DEFINIDO para ocorrer na Capela Oliver em Cades

Cove. É um edifício rústico, construído no século XVI, dentro do parque

nacional e nunca usado para eventos externos. Mas Sienna, sendo uma estrela

de cinema, e Jethro, sendo um guardião do parque e um descendente direto dos

Olivers, conseguiram puxar algumas cordas para que pudessem usá-la para o

casamento.

Cheguei cinco minutos antes do horário designado e ocupei meu lugar

como padrinho, juntamente com o resto dos meus irmãos. Toda a provação

demorou cerca de uma hora e meia, e na maior parte simplesmente ficamos de

pé. Seria uma missa católica completa, com um bispo ou um cardeal ou um

coroinha ou algo assim fazendo metade do trabalho pesado. O Reverendo

Seymour estaria fazendo a outra metade.

Parecia um bom compromisso, incluir ambas as religiões. Mas

logisticamente, aparar todas as arestas para que ambos obtivessem tempo de

exibição igual, demorou um tempo.

Quando concluímos a maior parte, e a mãe de Sienna estava falando sobre

os detalhes finais com os oficiantes, Jethro foi para onde Drew, Billy, Duane,

Roscoe e eu estávamos reunidos. Nós estávamos em um círculo do outro lado

da sala de Cletus, dando-lhe um olhar sujo.

"Ainda estamos bravos, certo?" Roscoe pergunta.

"Nós estamos," Jethro confirma. Então, para mim, ele levanta o

queixo. "Onde você esteve?"

"Do que você está falando? Eu estive aqui o tempo todo."

"Mas você esteve fora o dia todo."

Coloco as mãos nos meus quadris, olhando meu irmão. "Sim, desculpe

por isso. Surgiu uma coisa."


"Isso tem algo a ver com uma determinada mecânica?" Billy pergunta.

Sua boca não está sorrindo, mas sua voz está.

"Sim." Passo minha mão pelo meu cabelo, muito cansado para esconder o

fato de que estou cansado. "Seu irmão, e sua esposa e bebê vieram para a cidade

inesperadamente esta manhã. Eu estava lá."

Drew anima-se com esta notícia. "Quinn está na cidade?"

"Ele está." Olho para Drew, curioso sobre o quão bem ele conhece Quinn e

se ele pode ou não me ajudar a ganhar o grande cara.

Eu deixei Shelly com sua família e as coisas estavam boas antes de eu sair.

Janie estava no chão brincando com Desmond enquanto Shelly e Quinn

foram para a cabana de Quonset para olhar as estátuas. Mas eu acredito que o

bem é tênue.

Shelly não parecia estar pronta para explicar os detalhes de sua desordem

para o irmão.

Mas é a geladeira dela, então é isso.

"Eles estarão por aqui amanhã?" Jethro olha entre Drew e eu.

"Eles deveriam vir ao casamento."

"Eu posso perguntar."

"Vá em frente, ligue para eles agora." Jethro aponta na direção do meu

bolso traseiro.

"Eu sei que Ashley gostaria de ver Janie."

"Eu posso tentar chamar seu telefone fixo. Shelly não tem um celular e não

tenho o número de Quinn."

"Shelly não tem telefone celular?" Roscoe cruza os braços. "Como ela está

sobrevivendo?"
"Ar, comida e abrigo, eu suspeito." Billy envia ao nosso irmão mais novo

um olhar seco, fazendo com que Jethro ria.

"Eu tenho o número de telefone de Quinn. Posso perguntar." Drew pega o

celular e vira para longe de nosso semicírculo para fazer a ligação.

"Você sabe o que quero dizer," Roscoe resmunga, revirando os olhos.

Enquanto Jethro e Billy se revezam provocando Roscoe, Duane e eu

compartilhamos um olhar para o nosso irmão mais novo.

"Ele é um idiota." Duane mantém a voz baixa, então só eu podia ouvir.

"Lembra-se de uma vez, ele devia estar no segundo ano, quando o

fizemos pensar que conhecíamos as Tartarugas Ninja?"

Eu rio. "E então, Billy nos fez vestir como Donatello e Rafael."

"Sim." Meu gêmeo morde seu lábio inferior, seu olhar perde o foco, um

pequeno sorriso tocando seu rosto.

Olhando para o perfil dele, com o brilho nostálgico em seus olhos,

pergunto-me se eu realmente quero dizer a ele a verdade sobre Christine. Ele

olharia para a nossa infância e pensaria nela como contaminada? Essas

memórias perderiam significado para ele?

"Por que você está olhando assim para mim?" Seus olhos deslizam para o

lado, sua testa enrugada.

"Uh", balanço minha cabeça. "Eu preciso falar com você."

"Vá em frente, fale."

Olho ao redor da capela. Havia apenas alguns de nós. Billy puxando suas

chaves e Sienna veio para reivindicar Jethro. Drew terminou a ligação com

Quinn e me deu um aperto enquanto Ashley o alcançava. Ele colocou o seu

braço nos ombros da minha irmã e caminharam em direção à saída.

"Você trouxe Roscoe?" Eu pergunto a Duane.


"Sim."

"Ei Drew," chamo, fazendo com que o grande homem se vire.

"Quinn disse que sim. Eles estarão lá."

"Oh, bom. Diga, você se importa de levar Roscoe para casa?"

"Claro." Drew faz um gesto para Roscoe, e nosso irmão felizmente aceita,

tomando seu lugar no outro lado de Ashley e envolvendo seu braço em torno

de sua cintura.

Sentindo uma série de olhos em mim, viro e encontro Billy nos

observando. Ele sacode a sua cabeça firmemente, mas seu olhar é simpático.

"Eu preciso." Eu encolho os ombros, porque o que mais eu posso fazer?

Duane olha entre mim e Billy. "Precisa o quê?"

"Apenas um minuto." Eu espio meu gêmeo em direção à porta.

Jethro e Sienna, assim como Drew, Ash e Roscoe deixam a capela,

deixando só eu, Duane e Billy.

"O que está acontecendo?"

Viro para Duane, o calor tomando meu pescoço, estilhaçando meu peito e

luto por uma maneira de começar.

"Você está tentando me assustar? Porque está funcionando."

"Beau tem algo que você precisa saber e vai ser uma merda. Mas é

verdade." Billy vem para o meu lado.

Duane se move inquieto, cruzando os braços. "O que é isso? Você está

doente?"

"Não. Eu não estou doente."

"Então, apenas diga."


Eu sugo uma respiração tão grande quanto consigo, me

preparando. "Você sabe como os Wraiths perseguiram Shelly e eu algumas

semanas atrás?"

"Sim. Eles também estavam atrás de Cletus na última sexta-feira."

Billy e eu nos olhamos.

"Eles estavam?" O tom de Billy é nítido. "Pelo que?"

"Eu acho que ele bateu em Isaac Sylvester e quebrou seu nariz no Piggly

Wiggly."

"Oh." Billy franze a testa pensativamente. "Ele provavelmente mereceu

isso."

Não digo a Billy que penso que todos os membros do Wraiths merecem

narizes quebrados.

Fico tentado.

Mas não faço.

"Aqui está a coisa. O que aconteceu comigo há semanas não tem nada a

ver com Cletus e Isaac Sylvester. É porque Christine St. Claire queria uma

reunião."

Duane concorda. "Eu lembro."

“Ela me emboscou quarta-feira na casa de Hank.” Agora minha casa...

"Antes de todos vocês irem pescar?" Duane adivinha.

"Sim. E ela me contou..."

"Sim?" a testa de Duane enruga.

Billy dá um passo à frente. "Ela disse a ele que..."

"Não. Billy." Dou ao meu irmão mais velho uma carranca severa. "Esta é a

minha geladeira. Eu preciso fazer isso. Você não pode fazer tudo por todos
nós. Nos deixe suportar todos os encargos. Caso contrário, nunca aprenderemos

como fazer."

Billy vira uma polegada, olhando para mim como se eu o tivesse

surpreendido. Mas ele também fecha a boca.

Voltando meu olhar para Duane, eu decido que preciso dizer isso. Eu só

preciso arrancar o Band-Aid e dizer isso.

"Christine St. Claire é nossa mãe biológica. Ela e Darrell tiveram um caso.

Mamãe, nossa mãe real, nos adotou. Billy sabe onde a papelada está e ele sabe

disso por um tempo. E é isso."

Duane pisca para mim, mais como uma turva confusão de pálpebras, sua

boca abre. "O que?"

Não respondo. Ele ouviu cada palavra da minha boca, ele só precisa de

um minuto - ou de uma vida - para chegar a um acordo.

Meu gêmeo recua um passo, seus joelhos batendo no banco atrás dele. Ele

se senta, seus olhos desfocados, seu rosto caindo nas mãos.

Eu expiro uma respiração que parece como fogo disparando dos meus

pulmões. Espero. Assistindo Duane sofrer por essa merda. Eu tento

engolir. Não posso.

"Quem mais sabe?" Duane não olha para cima quando ele faz a pergunta.

Billy olha para mim, como se pedisse permissão, e concordo com a cabeça.

Ele toma assento ao lado de Duane e começa a responder à questão. Ouvir

e olhar meu gêmeo agora é como me ouvir e me ver semanas atrás. Eu sei o que

ele está passando. Eu estive onde ele estava.

Talvez eu não termine de lidar com as consequências. Talvez eu nunca

esteja pronto.
No entanto, não me sinto tão atingido. Tão cru e vazio. E isso é por causa

de Shelly. Eu tropecei pela parte mais escura, mas eu não estava sozinho. Meu

fardo foi compartilhado e, finalmente, iluminado pela mulher que eu amo.


CAPÍTULO 33

“Vou ficar com o coração. Pois os cérebros não fazem ninguém feliz, e a felicidade

é a melhor coisa do mundo.”

- L. Frank Baum, O Mágico de Oz

* Beau *

SEM SURPRESA, DUANE FICOU em transe.

Mas o único ponto que parece fazê-lo se sentir melhor - ou um pouco

melhor, permitindo a ele se concentrar é que Claire McClure é nossa meia-irmã.

Billy dirige seu caminhão de volta para a casa, deixando-nos apenas após

Duane garantir que ele não está indo para o fundo do poço. Então, na viagem

para casa, meu gêmeo e eu discutimos um plano para dar a notícia para Claire.

"Estou feliz que você me contou antes do casamento. Com Jess e eu saindo

quinta-feira, esta pode ser a nossa única chance de falar pessoalmente com

Claire, ambos." Ele está esfregando a testa como se doesse. "Mas eu queria que

você tivesse me dito antes."

Limpando a garganta, reajusto minhas mãos no volante. "Eu não sei por

que ela me contou."

"Quem?"

"Christine St. Claire."

"Oh." Duane olha pela janela. "Ela provavelmente quer alguma coisa."

"Ela não queria que eu dissesse a você."


Ele resmunga uma risada sem humor. "Então ela definitivamente quer

alguma coisa."

Eu concordo com isso.

"Isso é importante?" Duane pergunta. “Importa o que ela quer?”

"O que você quer dizer?"

“Estou saindo na quinta-feira. Você vai estar sozinho. Nós dois estamos

de acordo: ela lhe disse a verdade, porque ela quer algo de você. Assim, meu

ponto é, o que importa o que ela quer?”

“Você não está curioso?”

“Não.” A resposta de Duane é imediata. “E você não devia estar.”

Nós dirigimos em silêncio por um tempo. Ou melhor, o interior do carro

está em silêncio, mas eu tenho certeza que nós dois estamos lidando com o

barulho em nossas cabeças.

Duane pega seu telefone, abre e começa a digitar.

"O que você está fazendo?"

“Estou enviando uma mensagem de texto a Jess. Dizendo-lhe para me

encontrar.”

“Você quer que eu te deixe em algum lugar?”

“Em casa está bem.”

Eu entendo seu desejo de vê-la.

Eu entendo a necessidade de um lugar seguro para descansar a cabeça, e

suas preocupações.

E eu especialmente entendo como os braços suaves de uma mulher,

especialmente a mulher que você ama, faz tudo melhor.

Como se estivesse lendo meus pensamentos, Duane diz: “Eu gosto de

Shelly.”
"Eu também."

“Eu acho que ela é boa para você.”

Eu dou ao meu irmão um olhar de lado. "O que você quer dizer?"

“Ela é um tipo interessante. Ela é.… resistente. Mas ela não é.”

Deslocando no meu lugar, eu viro o GTO em nossa garagem. "Não há

nada simples sobre ela, isso é certo.”

Duane fica quieto até que nós estacionamos. Mas assim que desligo o

motor, ele vira para me encarar.

“Nós realmente não perdemos nada, não é? Mesmo que pareça que

fizemos, não perdemos nada.”

Eu sei o que ele quer dizer, e então eu lhe ofereço um pequeno

sorriso. “Ganhamos uma psicopata como mãe biológica. Penso que não

podemos ignorar isso."

Duane ri e, em seguida, fecha os olhos, seu rosto caindo em suas mãos

assim como ele fez na capela. "Você está certo."

"Sobre o que?"

“Precisamos descobrir o que ela quer,” ele levanta a cabeça, seus olhos se

tornando duros, “Antes de eu sair, você e eu precisamos confrontá-la.”

“Você não precisa-”

"Eu preciso. Você vai estar em Green Valley sem mim. Eu não vou estar

aqui, olhando por você, impedindo as pessoas de tirar proveito. Ela precisa ver

que ela não pode foder com você, mesmo que eu não esteja por perto."

Eu dou o meu irmão um sorriso irônico. “Você olha por mim?”

“Inferno sim, eu faço. E eu sempre olharei.”


Eu balanço a cabeça em sua teimosia. A afirmação fervorosa de Duane me

faz sorrir apesar da situação, mas eu não vou contradizê-lo. À sua maneira, eu

acho que ele olha por mim.

“Então o que vamos fazer?” Dou uma respiração profunda. “Devo chamar

Drill? Pedir um encontro?"

"Sim. Então vamos dizer a ela onde ela pode enfiar suas manipulações."

"Estou supondo que é um lugar sem luz solar?"

Duane sorri, mas depois diz: "Isso é tão fodido."

"Não é tão ruim." Eu encolho os ombros.

Eu quero dizer, Pelo menos Razor não é nosso pai. Mas eu não acho que

Duane apreciaria as palavras ou o sentimento.

"E agora temos Claire." Ele ergue a cabeça e olha para o para-brisa.

"Está certo." Espero até que ele me olhe para acrescentar: "E agora ela nos

tem."

SHELLY, QUINN, JANIE e Desmond chegam à recepção cerca de meia hora

depois de começar. Eu imediatamente os intercepto. Assim que eu a vi pairando

na entrada, percebo que eu estava sentindo falta da companhia de Shelly desde

que a deixei na tarde de sexta-feira.

Me pergunto se levarei esse desejo por ela em todos os lugares que eu for

para o resto de nossas vidas. Não seria tão ruim, eu reconheço, desde que ela

sempre esteja lá para aliviar isso.

Se algum dos meus irmãos, ou minha irmã, ficam surpresos ao nos ver

juntos, eles não deixam isso aparente.

Exceto Roscoe.
Ele me puxa para o lado e me diz que eu estou certo; Shelly Sullivan é

provavelmente a mulher mais bonita do mundo... com mais de trinta anos.

Eu levanto os olhos e digo uma oração silenciosa pela pobre alma que

acabar com esse burro estúpido. Ela vai precisar disso.

Durante o jantar, conto a Shelly o que aconteceu com Duane. Ela, por sua

vez, me atualiza sobre a forma como a visita do irmão está indo. Depois de sair

para o ensaio, ela foi a sua consulta de terapia com a Dra. West. Quando ela

chegou em casa, Quinn estava desmaiado no sofá com Desmond, deixando

Janie e Shelly conversar.

"Ela disse que estou ‘decididamente diferente’ do que era antes."

"Oh? Como você era antes?"

"Ela disse que eu era uma idiota."

Deixo escapar uma risada assustada. "Ela disse isso?"

"Sim. Ela é muito sincera. Ela sempre foi muito honesta. Sua honestidade

foi uma inspiração para mim."

"Você acha que você era uma idiota?"

"Sim. Mas não porque queria ser uma idiota. Tentei explicar-lhe como é,

ser uma marionete com os caprichos do medo irracional se espalhando por sua

mente."

"O que ela disse?"

"Ela disse que entende isso. Ela me disse que adivinhou que eu tenho

TOC, e está feliz por eu estar em terapia e melhorando. Mas que eu ainda era

uma idiota," Shelly me dá um sussurro de um sorriso, "e agora não sou."

Depois do jantar, Shelly manteve a palavra e dançou comigo. Nós

dançamos "Uptown Funk", "Don’t Stop Believing" e "Shut Up and Dance" sem
falar. Mas quando a banda tocou "My Girl", eu me inclinei perto de sua orelha e

disse: "Eu vou fazer uma pergunta, só porque tenho curiosidade."

"OK. Me pergunte qualquer coisa."

"Por que você não diz a seu irmão a verdade? Por que não fala sobre seu

diagnóstico? Por que não explica a logística do seu medo? Como você não pode

tocar os outros, mas que existe uma solução de fita adesiva."

"Solução de fita adesiva?"

"Você sabe, uma maneira de resolver e reparar algo até você ter tempo

para consertar, uma solução alternativa. Se ele souber que você precisa que ele

inicie o toque primeiro, então eu tenho certeza que ele irá estar dando abraços

em você o tempo todo."

"Eu não quero que ele faça isso." Ela sacode a cabeça, visivelmente

frustrada. "É meu problema. Já pedi demais à minha família. Você ouviu meu

irmão, eles se contorceram o suficiente em nós. Eu não posso tê-los mudando

seu comportamento saudável para acomodar o meu comportamento doentio.”

"Jogando o advogado do diabo aqui, mas você faz isso comigo, não

é? Estou sempre tocando em você primeiro, não estou?"

Ela me considera por um momento. "Você está chateado com isso?"

"Nem um pouco, especialmente desde que eu sei a sua situação. Eu

conheço seu diagnóstico, eu sei que sou uma prioridade para você, e eu sei que

você está trabalhando em sua geladeira."

Shelly me dá uma mini quase sorriso, seu olhar analisando. "Eu acho que,

para responder sua pergunta, as coisas são diferentes com a gente. Eu passei a

vida inteira mentindo para a minha família. Tentando evitar desapontá-los,

tentando explicar minhas ações com mentiras, ou pelo menos escondê-las. Mas

eu nunca menti para você. Eu tento realmente duro ser honesta desde o início."
"Às vezes brutalmente honesta."

"Sim. Mentir é errado. Eu parei de mentir. Eu não posso fazer isso mais,

porque é uma ladeira escorregadia para mim. Mentiras brancas tornam-se

grandes mentiras e eu não quero viver assim. Mas eu também sou honesta com

você, às vezes excessivamente, porque eu gosto muito de você. Você precisa

saber a verdade para que você possa decidir."

"Decidir se eu quero estar com você?"

"Mais especificamente, decidir se eu sou capaz de lhe dar o que você

precisa."

O sorriso de Shelly é pontuado com tristeza. "Eu vou lutar contra o meu

TOC o resto da minha vida. Eu não sei se eu vou ter filhos, mas- "

"Você quer ter filhos?"

"Sim. Absolutamente. Mas eu devo?"

Eu considero a questão enquanto ela me observa, uma nova intensidade

por trás de seus olhos. "Esta parece ser uma questão para nós discutirmos com a

Dra. West."

Seu triste sorriso volta. "Está tudo bem com você? Que se você ficar

comigo, estas perguntas sobre o nosso futuro sempre vão envolver minha

terapeuta?"

“Honestamente, sim.” Concordo com vontade. “Eu gosto da Dra. West. É

como ter um – um - um técnico de relacionamento. Ou um bom mecânico na

equipe, mantendo nossos motores frescos e bem lubrificados.”

O sorriso de Shelly torna-se menos triste. “Estou realmente feliz por você

se sentir assim, porque eu provavelmente estarei na terapia para sempre.”

“Eu estou orgulhoso de você tornar isso uma prioridade.” Eu beijo seus

lábios, um pouco, apenas uma provocação.


Quando eu me afasto, ela balança a cabeça para mim. “Vamos falar de

outra coisa. Ontem foi... intenso. Vamos falar sobre algo divertido.”

Eu sorrio. "Oh. Já sei, vamos falar sobre como você está apaixonada por

mim.”

Ela tropeça, pisando no meu pé, claramente não esperando a minha nova

escolha de tema.

“Assim você está pensando poupar a notícia? Fazer algo especial?”

Shelly respira pelo nariz e olha para além do meu ombro. "Sim."

"Me fale sobre isso."

"Eu já comecei a trabalhar nisso."

"Em que?"

Os olhos dela voltam para o meu. "Você não quer se surpreender?"

"Não, obrigado."

Ela desliza os dentes para o lado, me inspecionando. "Bem. Estou

lançando uma réplica do seu carro, conosco no interior, com um capô que se

abre, conectado a um autofalante, com um circuito que dispara quando você

abre o capô."

"Um autofalante?"

"Sim. Canta a versão de Whitney Houston de ‘I Will Always Love You’.

Mas começa na parte em que o tambor bate e depois cai no coro."

"Você quer dizer aquela música de Dolly Parton?"

Shelly parece quase ofendida. "Não. Não Dolly Parton, Whitney Houston.

Do guarda-costas? Você sabe, BAM, And I-I-e-e-I-I-e-e-I-I will a-a-al-l-llways

love y-o-o-o-o-o-o-o-u!"

Ouvir e observar enquanto ela canta me faz pressionar minha boca em

uma linha apertada, porque Shelly tem uma voz terrível. Realmente
terrível. Tipo, é uma coisa boa seus cães não estarem por perto, porque eles

pensariam que ela estava uivando.

Mas o sentimento causa um impacto, no entanto.

Ela recebe alguns olhares. Nós dois fazemos. Mas ela ignora como se ela

nem sequer visse as pessoas olhando para ela. E se isso não a incomoda, então

não me incomoda.

Quando ela para, olha para mim, desembaraçada e claramente interessada

em meus pensamentos. “Ainda devo fazer isso?”

"Sim. Definitivamente. Mas só se você cantar a música.”

"Você acha?”

"Sim. Ah sim. Eu quero a sua voz cantando para mim cada vez que eu

levantar a capota.”

Ela sorri, mas, em seguida, sua testa enruga, como se algo tivesse acabado

de ocorrer a ela. “Isso é uma insinuação.”

"Certamente."

Shelly sorri. “É uma boa.”

"Obrigado. Estou cheio delas.”

“Ou cheio de si.”

“Oh!” Quente.

“Veja o que eu fiz aqui?” Ela parece orgulhosa de si mesma, seu sorriso

crescendo.

Rindo, eu balanço a cabeça para ela. Ela não está rindo, mas está sorrindo

amplamente quando senti um toque no meu braço. Quinn esta á ao meu lado,

com as mãos nos bolsos. E pela primeira vez desde que o conheço, ele está

olhando para mim com um sorriso.


Tudo bem, é o menor sorriso do mundo. É provavelmente a menor curva

de boca possível do The Guinness Book of World Records. Mas está lá, atrás de

seus olhos em sua maioria, e isso me surpreende.

“Hey Beau.” Seu tom não é inexpressivo e distante, o que significa que

está malditamente perto de ser amigável.

“Hey Quinn.” Eu olho para ele com os olhos arregalados.

“Posso interromper?”

Eu balanço a cabeça instintivamente. “Claro.” E quase lamento minha

leviandade quando sinto Shelly endurecer. Mas o raciocínio rápido me faz

estender sua mão para a mão de Quinn e colocá-lo em sua irmã.

Ela pode não estar pronta para dizer-lhe a verdade sobre sua doença, mas

eu percebo que não há nada de errado se eu suavizar a estrada com pequenos

gestos.

“Eu vou estar de volta.” Afastando-me, eu dou a Shelly um sorriso

rápido, de encorajamento.

Ela parece ansiosa, mas não com medo. Ela também parece grata. Em

seguida, seu olhar muda para seu irmão e ela dá o segundo menor sorriso do

mundo.

Que só fez o dele crescer.

Eu não sei se eles vão ficar ali sorrindo um para o outro ou se vão dançar.

Não importa o que, contanto que eles estejam juntos.

Virando, eu caminho para fora da pista, bons sentimentos me levam

através da sala para o bar aberto. Assim que entro na fila para uma bebida,

Duane aparece no meu cotovelo, puxando a gravata em seu pescoço.

“É o Rolex que Hank lhe deu?” Ele bate em meu pulso, franzindo a testa

para ele.
Olho para o relógio, ouro maciço cravejado de diamantes. Eu não usei a

coisa desde que recebi no meu aniversário há dois anos. Eu pensei que se eu

não posso usar no casamento, então quando eu usarei? Para que possuir coisas

que você nunca usa?

Mas agora eu estou arrependido.

"Sim. Eu tenho que admitir, é mais pesado do que eu me lembrava. Eu

sinto que estou levantando pesos cada vez que dobro o cotovelo.” Eu gostaria

de ter substituído a tira por uma de couro.

Ele resmunga sem se comprometer. “Você deve derreter isso, a pulseira

quero dizer, e fazer algo para Shelly. Tem que ter 170 gramas ou mais. Com

tanto ouro você pode fazer um monte de coisas para ela.”

Olho para o meu irmão. Olho para ele por alguns segundos. Porque a sua

sugestão me dá uma ideia. E ele é um gênio.

Gênio.

“Duane.” Eu coloco minha mão em seu ombro. "Você é um gênio."

“É o que todo mundo diz,” ele resmunga distraidamente, procurando na

tenda de recepção.

"O que está errado?"

“Você enviou a mensagem a Drill?” Ele me lança um olhar severo.

"Eu fiz. Enviei mensagem para ele ontem à noite. Eu lhe disse que queria

um encontro com Christine na segunda-feira."

“Ele já respondeu?”

"Sim. Está tudo resolvido. Segunda-feira, Campo de Cooper.”

Eu não estou ansioso para ver Christine novamente, e eu odeio que Duane

vai gastar o pouco do seu tempo restante lidando com a mulher, mas será bom
para colocá-la em linha reta. O que quer que ela queira, ela está latindo para a

árvore errada.

“Bom.” Duane concorda uma vez, voltando sua atenção para a recepção.

“Onde ela está?” Ele não parece chateado. Ansioso e animado, mas não

chateado.

Ele não tem necessidade de me dizer que ele está se referindo a Claire.

“Eu a vi antes de falar com Sienna.” Eu levanto meu queixo para Jethro e

minha nova meia irmã. “Ela não pode ter ido muito longe.”

Ambos levamos um minuto para verificar a recepção, e quando eu

termino, deixo poucos segundos para assistir Shelly e Quinn. Eles não estão

mais sorrindo, mas eles estão falando, como se estivessem discutindo algo de

intenso fascínio para ambos, e isso me faz sorrir.

“Ela está ali.” Duane bate no meu ombro. “Ela está falando com Cletus.”

“Vamos até ela.” Eu esfrego minhas mãos juntas.

“Não seja bobo. Eu não quero assustá-la.”

Eu sorrio, batendo no ombro de Duane. “Assustá-la? Você está de

brincadeira? Isso fará o seu ano. Olhe para nós. Ela está ganhando dois irmãos

com este acordo, ambos demônios bonitos. Exceto...”. Eu finjo um cenho

pensativo, meus dedos indo para o meu nariz.

"O que? O que é isso? O que está errado?"

“Você acha que ela ainda vai me amar mesmo que meu rosto seja torto?”

Duane levanta uma sobrancelha, como se não estivesse se

divertindo. “Cale-se, bobo. Vamos, parece que ela está saindo.”

Meu irmão gêmeo se lança para frente, tecendo habilmente por entre a

multidão em direção a Claire enquanto ela se encaminha por entre a multidão

em direção à saída. Sigo a um ritmo igualmente apressado, um nó de


preocupação se formando em minha garganta por poder não a alcançar a

tempo. Eu não esperava que ela fosse sair tão cedo.

Mas, em seguida, Duane chama, “Claire! Espera!"

E ela se vira, seus olhos procurando na tenda como se não tivesse certeza

se tinha ouvido seu nome. Quando ela nos vê se aproximando, o lado de sua

boca se curva de uma forma que me fez lembrar de mim quando estou me

preparando para ligar o charme.

“Bem, olá meninos. O que está acontecendo?” Ela cruza os braços sobre o

peito.

“Nós precisamos falar com você.” O tom de Duane é grave, como de

costume.

Eu avanço e retorno seu meio sorriso, tentando suavizar a

mensagem. “Nós gostaríamos de alguns momentos de seu tempo, antes de ir.”

“Uh,” a atenção de Claire fica fixa num ponto sobre o meu ombro, e

depois volta para Duane. "Certo. Isso é bom.” Ela olha e parece estar forçando

alegria.

Olho para trás, procurando a fonte de sua distração, e vejo Billy a vários

passos de distância falando com a filha mais velha de Daisy Payton, Daniella.

Hã. Eu esqueci que eles se conheciam.

"Podemos conversar em particular?" A voz de Duane ainda está mais

áspera do que é necessário.

"Eu acho que podemos usar a casa, ninguém deve estar lá dentro. Ou

podemos usar a Carriage House?"

“Carriage House soa bem.” Ela parece se agitar, reiniciando o sorriso, esse

mais genuíno. "Isso é sobre Jessica?"


"Não." Duane pega sua mão e acho que isso a assusta um pouco, mas ela o

deixou levá-la em seu braço. "Isso é sobre nós. Todos nós."

"Oh?" Agora nós temos toda a sua atenção.

Seguindo a liderança de Duane, pego sua outra mão e a levanto para o

braço, nós três caminhando pela tenda. "Claire, temos boas notícias e algumas

más notícias."

"Bom Senhor, conte-me as más notícias primeiro."

"Eu também gosto das más notícias primeiro." Duane dá a ela um sorriso,

ou a versão dele de um.

"Nós temos isso em comum."

Claire enruga o nariz para Duane. "Por que você está agindo tão

engraçado? Você quer dinheiro emprestado? Não trouxe minha bolsa, mas eu

tenho alguns dólares no bolso."

Nós estamos a poucos metros da tenda, longe o suficiente para estar livres

da multidão, mas não tão longe que deixamos de ouvir a música

completamente. "The Way You Look Tonight", acaba de começar e eu percebo

isso. Eu também noto a cor do céu, e o ponto na bochecha de Claire que está

muito escuro para ser uma sarda.

Está é a minha irmã.

Eu engulo contra o aperto na minha garganta. "Não queremos qualquer

dinheiro emprestado."

Ela olha para mim, me dando um olhar atravessado. "Você não pode ter

meu carro."

Abro a boca para dizer a ela que não queremos seu carro, mas depois

pergunto em voz alta, "Eu pensei que você tivesse uma caminhonete?"
"Eu tinha, mas eu vendi. Eu precisava de um consumo melhor de

combustível."

Duane e eu compartilhamos um olhar.

"O que você dirige agora?"

Eu preciso conversar com Duane sobre sua técnica de questionamento. O

homem seriamente não pode fazer uma pergunta sem fazer parecer um

interrogatório.

"Um Hyundai."

"Qual é o ano?" Outra demanda.

"Acalme sua merda, Duane." Eu envio um olhar para o meu irmão.

Ela olha entre nós como se fossemos partes igualmente divertidas e

confusas. "É um 1999."

"Oh não," ambos dizemos em uníssono.

Mas eu corto meu irmão antes que ele possa se lançar em uma discussão

demorada sobre o modelo anterior da Hyundai. "Vamos cuidar disso. O que

você precisa é de uma Toyota."

"Uma Toyota?" Duane zomba. "Não. Ela pegará o Mustang."

Ele quis dizer o carro de Jessica, aquele que ele reconstruiu do nada e ama

quase tanto quanto seu Road Runner.

"Sobre o que vocês estão falando?" Ela nos separa, dividindo seu olhar

entre nós. "Eu não preciso de um carro novo, e certamente não preciso de um

Winston me dizendo o que fazer. Então, por que não dizem logo o que quer que

seja que vocês precisam dizer? Eu tenho uma longa viagem de volta para casa e

meus pés doem com esses sapatos."

Duane e eu compartilhamos um terceiro olhar sobre sua cabeça e nossa

conversa silenciosa é algo assim:


Duane: Você quer dizer a ela, ou eu devo?

Eu: Eu devo fazer isso.

Duane: Você provavelmente está certo, você é muito melhor com esse tipo de

coisa.

Eu: Obrigado, Duane.

Duane: Sem problema, Beau.

Volto minha atenção para Claire, dou-lhe um caloroso sorriso.

Seus olhos se estreitam. "Você está me assustando, Beau."

"Não fique com medo." Meu sorriso aumenta, e eu rio com a expressão

dela.

"Não é assustador," Duane confirma. "É bom."

"Ok." Seus lábios se torcem para o lado. "O que é?"

“Claire, aqui vai a má notícia em primeiro lugar. Perdemos isso por

anos. Não há nada que possa fazer sobre isso.”

“Uh... OK?"

“Agora aqui está a boa notícia.” Eu dou uma respiração profunda,

permitindo que o meu olhar se mova sobre seu rosto para que eu possa lembrar

deste momento. “Sua mãe, Christine, teve um caso com Darrell.”

“Essa é a boa notícia?” Ela está meio que olhando para mim de lado

agora, como se ela não soubesse o que fazer comigo.

Eu suavizo meu tom, mantendo a atenção em seus olhos. “É uma boa

notícia porque significa que você é nossa irmã.”

Ela se encolhe, e toda a cor desaparece de seu rosto. "O que?"

“Você é nossa irmã.”


Em vez de feliz, ela parece incrivelmente angustiada. "Isso é uma piada?"

Duane e eu compartilhamos um olhar de alarme sobre sua cabeça, em

seguida, Duane coloca uma mão em seu ombro. “É uma responsabilidade

muito grande.”

“Darrell é meu pai?” A pergunta soa estrangulada, aguda com dor intensa

e um tom de terror.

"Não. Não, não, não," eu corro para explicar. “Darrell

é nosso pai. Christine é a nossa mãe biológica. Seu pai é-uh-Razor.”

Seu amplo olhar se move entre nós, com a boca aberta, até que finalmente

ela fecha os olhos e diz em uma expiração, “Oh, graças a Deus.”

Ela parece perto de desmaiar, então eu coloco meu braço em volta da sua

cintura e a trago para um abraço. "Ei. Ei, está tudo bem. Esta é uma boa notícia,

certo?”

Claire balança a cabeça, os dedos segurando as mangas no meu

bíceps. “Apenas, apenas dê-me um minuto. Me desculpe, eu pensei que você

estava dizendo que Darrell era meu pai, que eu estou relacionado a todos vocês

e eu-” ela balança a cabeça, como se não fosse capaz de terminar o pensamento.

"Não. Só nós dois.” Duane enfia as mãos nos bolsos da calça, enviando-me

um olhar sombrio. “E esperamos que você vá ver isso como uma boa notícia

com o tempo.”

Ela se afasta de mim, mais uma vez seu olhar saltando entre nós. Mas em

vez de preocupação e tristeza, desta vez seus olhos estão cheios de

compreensão e maravilha.

“Oh, oh sim!” Seu sorriso está enorme e ela ri, me empurrando e puxando

Duane para um abraço. "Eu não posso acreditar nisso. Eu apenas, é muito para

absorver.”
A tensão que emanava de Duane derrete quando eles se abraçam, e

quando ela o afasta ele lhe dá um raro sorriso. “Queríamos dizer, antes de Jess e

eu viajarmos.”

Ela concorda com a cabeça, sua expressão ainda nebulosa, como se

estivesse tentando se conter. "Obrigada. Obrigada. Eu estou um pouco

sobrecarregada.”

“Ficamos também.” Pego sua mão dela novamente, trazendo-a de volta

para o meu braço, levando-a mais uma vez para a Carriage House. “Você pode

ficar um pouco? Você tem tempo para conversar?”

"Claro. Claro que sim.” Ela está olhando para a frente, permitindo-se ser

guiada, uma pequena carranca em suas feições. "Eu não posso acreditar

nisso. Vocês têm certeza?"

“Nós não fizemos o teste de DNA ainda, mas temos a papelada da adoção

listando sua mãe como nossa mãe biológica. Eu sei que é muito para pensar. Eu

só descobri ontem.” Duane retoma sua posição, trazendo a outra mão para seu

braço, então nós três estamos ligados novamente.

“Isso é louco. Eu não posso, quero dizer, como que você descobriu? E,

caramba, quem mais sabe?”

Bato em sua mão, trazendo sua atenção para mim. “Nós vamos chegar a

tudo isso, mas antes, podemos falar sobre a sua situação do seu carro novo?”

Olhando para Duane, ele me dá um aceno de concordância. “Que tipo de carro

você gostaria? Vamos começar por aí.”

Seu olhar afia. “Eu sei como vocês meninos operam. Vocês não estão me

dando um carro.”
"Não vamos ser tão precipitados," Duane adverte, seu tom pensativo e me

envia um sorriso furtivo. "Realmente, você estaria nos fazendo um favor,

tirando isso das nossas mãos."

SHELLY E EU não chegamos em casa até muito tarde.

Nós três - Duane, Claire e eu - conversamos na Carriage House por cerca

de uma hora. Ela concordou em ficar até o fim do casamento, para que

pudéssemos passar algum tempo discutindo o que significa estarmos

relacionados um com o outro.

Conhecemos Claire, ela é uma presença em nossas vidas desde que nos

lembramos.

Então, não é como se precisássemos fazer 100 perguntas para saber quem

é, e quem nós somos. Mas nós nos certificamos de ter os números de celular um

do outro, então ela pode entrar em contato conosco sempre que precisar de

algo.

Ela sabe que temos Ashley, que gosta de ser uma mãe, mas é incrível

como facilmente entrou no mesmo papel de grande irmã. Em alguns aspectos,

surpreendeu o inferno fora de mim. Nos outros, tendo em conta o quão

próxima é de dois dos nossos irmãos, fazia todo o sentido.

Ela... ela se encaixa.

Uma vez que Jethro e Sienna partem e a multidão começou a diminuir,

Claire, Duane, Jess, Shelly, e eu partimos para o McMansion de Hank no Bandit

Lake. Eu não consigo pensar em nenhum outro lugar para ir que não seja nem

estranho nem muito pequeno.


Ninguém, nem mesmo Duane, parece surpreso que eu tenha as chaves. O

que fazia sentido.

Hank e eu somos melhores amigos, afinal. Eu decido manter as notícias

da imprudência de Hank - passando o lugar para mim - para mim mesmo por

enquanto.

A casa está totalmente equipada. Claire concorda em ficar a noite e gastar

o domingo com a gente. Jess e Duane pegam um dos quartos depois que eu

asseguro que Hank não se importaria, ele nem perceberia.

Mas eu decido levar Shelly para casa. Eu sei que ela gosta de seu próprio

espaço, livre de desordem, e seus livros com suas prateleiras azuis. E nós temos

Oliver, Laika e Ivan para considerar. Ela fica quieta durante a maior parte da

noite, mas não hesita em adicionar seus pensamentos para a discussão quando

Jess falou de instalações de arte em Chicago e Nova York.

Eu estou grato a Jess, por escolher tópicos que ela conhece e que Shelly

fica interessada. Realmente é muito ruim que Jess e Duane partam tão cedo.

Nós fazemos o caminho de Shelly bem depois da meia-noite. A curta

viagem para a casa foi tranquila, e eu sinto seus olhos de novo, como se

estivesse discutindo algo, ou tentando se forçar a me fazer uma pergunta.

Quando desligo o motor, e nossa única companhia é a noite tranquila e

um ao outro, eu me viro para ela e pergunto suavemente: "O que está

acontecendo?"

Ela balança a cabeça, me estudando. Eu não posso ser mais do que uma

sombra para ela, talvez uma silhueta, mas eu a vejo. Não a cor de seus olhos, ou

os lábios, ou seu vestido, mas eu vejo o que importava.

“O que é isso?” Eu estendo a mão, segurando seu rosto, traçando a ponta

do meu polegar ao longo de sua bochecha e lábios.


“Não se vá,” ela sussurra, desafivelando o cinto de segurança e virando-se

para mim.

Ela se inclina para frente, em busca de minha boca, seu objetivo um pouco

fora. Mantendo a minha mão em seu rosto, eu a guio e ela deixa, uma explosão

de calor irradia através do meu corpo quando nossos lábios se encontram e se

unem. Eles são suaves, tão suaves e quentes quando eles brincam com os meus.

Shelly arrasta seus dedos pela frente da minha camisa, desabotoando

enquanto ela vai para a minha calça. Enquanto nos beijávamos sinto suas mãos

desatarem o cinto, abrirem o zíper, minhas calças.

Coloco minha boca longe, procurando seu rosto em questão. "Você quer ir

para dentro?"

Ela balança a cabeça, retomando minha boca, empurrando a mão em

minhas boxers e me dando uma carícia confiante. Eu solto uma respiração

irregular contra seus lábios. Ela me acaricia novamente.

“Levante os quadris.”

Eu faço. Ela empurra minhas calças e boxers para baixo para minhas

coxas, me circulando novamente com os dedos.

“Shelly.” Eu estou fora do ar.

“Continue me tocando.” Ela vira a cabeça, chupando meu polegar em sua

boca e girando na ponta com a língua enquanto me bombeia lentamente.

Então ela solta e sinto a perda de seu toque em todos os lugares. No

entanto, ela não se retira. Ela troca seu peso, trazendo os joelhos para o assento

e puxando seu vestido. No momento seguinte, ela monta meu colo, esfrega seu

corpo contra o meu e me guia para dentro.

PUTAQUEPARIU. Isso nunca vai ficar velho.

Nós dois expiramos em uma corrida, sua testa vindo para a minha.
“Porra, Shelly. Tão bom."

“Mmm,” ela murmura em resposta, o que me fez sorrir.

Minha mão escorrega para o pescoço dela, enrolando em torno de seu

ombro. Eu preciso disso, algo para segurar. Então Shelly inclina seus quadris

assim, um tormento suave, uma indulgência cruel.

Não posso me mover, não como eu quero. Ela está no controle de nosso

ritmo e aparentemente, ela quer ir lento. Ela gira para trás... e para um tipo

especial de tortura. Eu preciso de mais, mais de sua pele. Arrastando a parte de

trás dos meus dedos para seu peito, eu escovo meus dedos contra o tecido sobre

seu mamilo apertado.

Seus dedos passam de meus ombros para os botões de seu vestido, seus

movimentos espasmódicos e urgentes, mesmo quando ela mantém seu ritmo

dolorosamente deliberado.

Pego suas mãos, trazendo-as para o encosto de cabeça atrás de

mim. Começando a trabalhar em seus botões, no mesmo ritmo lento que ela

usou.

“Rápido,” ela pede.

Minha mandíbula está apertada contra o esforço de me conter, de deixá-la

me montar.

O esforço de não assumir, rolando-a de costas e montar nela como eu

quero, como eu preciso, é semelhante a andar numa corda bamba entre o céu e

o inferno. Minhas pernas queimam. A base da minha espinha doe.

“Por favor.” Ela desce mais, seus quadris empurrando.

Eu acabei de desabotoar o botão na altura da sua barriga quando ela

agarra as bordas do tecido e puxa com força. Ela desabotoa o sutiã na frente,

abre, agarra minhas mãos, e as trás para os seios.


Sua respiração engata, seus olhos fecham, e seu rosto se contorce em uma

mistura de prazer e angústia.

“Eu te amo.” Ela confessa em uma respiração, “Eu…”

Eu capturo o resto de suas palavras com um beijo, incapaz de me

impedir. E depois, quando eu puxo seus mamilos, um som agudo de

gratificação é arrancado de sua garganta. Eu capturo isso também, querendo

tudo.

Ela está gozando. Duro. Seu corpo curvado, as unhas curtas cavando em

minhas mãos. Eu sinto cada espasmo, cada tremor e a parte de trás da minha

garganta queima com a necessidade de assumir.

“Beau”, ofegante, sua testa cai para o meu ombro, “Isso foi…”

Com um movimento frenético, eu a levanto do meu colo para o banco ao

meu lado, puxando suas pernas de modo que ela está deitada, e espalhada,

rasgando a lingerie de renda frágil de seu corpo no processo.

“Nós não terminamos.” Eu subo, um joelho no banco, minha outra perna

no chão. Eu enterro meu rosto em seus seios, lambendo e mordendo e

degustando cada polegada.

Seus dedos param na parte de trás da minha cabeça e ela arqueia as

costas.

Agora está quente no carro. Quente e abafado. As janelas estão

embaçadas. Eu bato minha cabeça no teto do carro, tentando me posicionar.

Shelly ri, então geme quando coloco meus dedos nela, deslizando minha

mão para baixo no interior de sua coxa para segurar seu joelho.

“Mova esta perna.”

"Onde?"

"Qualquer lugar."
Dando um olhar de concentração, ela dobra contra o peito. "Como isso?"

Eu escorrego para frente com cuidado, exalando meu alívio de estar

dentro dela. Ela me dá um doce som, um de prazer e inconsciência.

Finalmente, montando nela como eu quero, como eu preciso, eu digo,

“Porra fantástica."

Não há nada lento sobre o ritmo que eu defino, mas é deliberado. Ela é

empurrada para cima cada vez que eu empurro e tem que apoiar as mãos

contra a porta para impedir de bater a cabeça. E seus seios? Porra incrível como

eles saltam e me provocam. A maneira como Shelly morde o lábio inferior e os

gemidos e me dizem que ela não se importa.

E quando seu grito agudo perfura o carro, eu chupo seu lábio inferior em

minha boca, precisando do gosto dela em minha língua quando eu gozo junto

com ela, sem pensar, grunhindo enquanto curvo meu corpo ao longo e dentro

dela.

Eu gostaria de dizer que não entrei em colapso, esmagando-a debaixo de

mim. Mas eu fiz. Minha bochecha pressiona contra seu peito nu e eu luto para

respirar, para pensar, para me mover.

Não posso.

Pelo menos, não por enquanto.

Seus dedos no meu cabelo, acariciando minha têmpora e mandíbula,

eventualmente, me acordam para o momento. E, em seguida, suas palavras

fazem.

“Você nunca xinga, exceto quando fazemos sexo. Então você xinga

muito.”

Pisco. “Isso te incomoda?”


"Não. Você acha que eu deveria mudar para uma mistura de leite de

amêndoa e leite de coco?"

Eu sorrio, balançando a cabeça para sua aleatoriedade, tanto quanto sou

capaz e me movimento para sentar.

“Não,” ela me abraça forte, “ainda não.”

"Sua perna?"

“Ela vai se recuperar.”

Eu rio, forçando-a me deixar ir, e beijo seus seios no meu caminho.

Ajudei-a a se endireitar e mover a perna, dou a mão para que ela possa

sentar-se, e então recoloco minhas calças. Eu não me preocupo em abotoá-las,

no entanto.

Eu estou muito ocupado assistindo. O vestido ainda está escancarado,

como seu sutiã. A saia em torno de seus quadris exibe suas longas pernas e o

triângulo de cabelo tentador no ápice de suas coxas. No entanto, ela não presta

atenção.

Ela está procurando no carro por alguma coisa, aparentemente alheia ao

seu estado despido. “Você tem guardanapos aqui?”

“Você é tão fodidamente sexy, Shelly Sullivan.”

Seus olhos se movem para o meu rosto, e me lembro que ela não pode me

ver, não com os vidros embaçados e a lua minguante.

“Estou feliz que você pense assim, Beau Winston. Porque eu acho que

você é sexy pra caralho, também.”

Eu sorrio para isso.

Mas ela ainda não terminou. “Eu quero que você me ame sempre.” Seu

tom é contemplativo enquanto abre o porta-luvas, encontrando o

guardanapo. "Como eu posso garantir que isso aconteça?”


Alcançando uma das abas abertas de seu vestido, eu a puxo para frente,

beijo sua boca suavemente, então deslizo meu nariz ao longo dela, sussurrando:

“Você continua sendo você, isso é tudo que você precisa fazer.”
CAPÍTULO 34

“Pense em toda a beleza ainda deixada ao seu redor e seja feliz. ”

- Anne Frank, O Diário de Anne Frank

* Beau *

“LIGUE O AQUECEDOR.”

Duane me estuda. “Como você pode estar com frio?”

“Porque está literalmente congelando lá fora. Agora ligue o aquecedor.”

“Bem.” Duane liga o motor do seu Road Runner e gira o botão para ligar o

aquecedor.

Nós decidimos que seria melhor se ele dirigisse. Em primeiro lugar, o

carro é preto e o meu é vermelho. Rastrear seu carro durante a noite é quase

impossível. Se nós precisássemos fazer uma fuga rápida, o que é sempre uma

possibilidade quando se lida com o Wraiths, então ser difícil de se detectar é tão

importante quanto ser rápido.

Em segundo lugar, esta é uma das últimas vezes que Duane vai dirigir

seu carro no futuro previsível. E isso é apenas triste.

Está frio na nossa casa no vale, mas está dez a quinze graus mais frio nas

montanhas. O campo de Cooper fica no topo de uma montanha, sempre

pareceu mais frio do que a maioria dos pontos. Eu empacotei uma garrafa

térmica de café forte, mas nós terminamos há meia hora.

Com nada quente para segurar ou beber, meus dentes batem. Eu fiz o

meu irmão ligar seu carro novamente para que pudéssemos usar o aquecedor.
“Nós estamos jogando o bom policial, mau policial? Ou qual é o plano?”

Eu esfrego minhas mãos juntas, desejando ter usado luvas.

Christine e Drill devem chegar a qualquer momento e nós tínhamos

esquecido de combinar uma estratégia. Em vez disso, nós falamos sobre os

planos de Duane para a Itália e os planos da família para a Ação de Graças. Este

será seu primeiro ano ausente na Ação de Graças, então eu decido provocá-lo

com uma lista de tortas e bolos no menu.

Eu reconheço que pulei uma discussão de estratégia, porque nós sempre

fazemos isso, com Duane sendo o policial mal e eu sendo o bom policial.

Mas para minha surpresa, Duane sacode a cabeça. “Não,” ele olha para

fora da janela em direção à entrada para o campo, “Nós dois seremos o policial

ruim dessa vez.”

“Oh.” Eu sorrio. “Você vai ter que me dar algumas dicas.”

“Eu acho que você vai fazer bem.” Ele se vira para mim. "Somente

imagine o rosto de nossa mãe quando Christine apareceu grávida.”

Um nódulo azedo se instala na boca do estômago, fazendo-me desejar que

eu tivesse tomado menos café. “Ela era uma santa.”

"Quem?"

“Momma.”

Duane dá um aceno curto. “Eu não posso imaginar, o que deve ter sido

para ela, nos adotar. Olhar para a prova de infidelidade do seu marido durante

vinte e três anos. Por que ela fez isso?"

“Eu não sei.” Crescendo, tinha como certo que eu conhecia minha mãe,

que eu a entendia. Claramente, eu não tinha ideia.

“Eu gostaria que pudéssemos perguntar a ela.” Duane esfrega uma

mancha em seu volante.


“Ela provavelmente nos daria uma de suas citações, algo como, 'Se Deus

lhe dá gêmeos do inferno, sufoque-os com bacon e sorvete até que eles se

rendam.”

A carranca de Duane suaviza. “Eu tenho alguns favoritos dela.”

"Eu também."

Ficamos em silêncio por um tempo, provavelmente pensando sobre nossa

mãe e todas as vezes que ela foi paciente e sábia. Claro, não foram muitas vezes

que ela não foi paciente ou sábia, mas suponho que ela tinha direito a suas

frustrações. Deus sabe, nós merecemos cada surto de raiva que ela atirou em

nosso caminho.

Do nada, Duane pergunta: “Por que você pressionou o botão?”

"Perdão?"

Ele limpa a garganta. “Quando Momma estava morrendo, naquela noite

que ela não ia apertar o botão. Lembra-se disso? Ela estava com dor e ela não ia

dar a si mesma a morfina. Ficamos ali como bobos, Ashley e eu. Cletus e Jethro

entraram. Eles não fizeram isso também. Mas você fez. Você lhe deu os

remédios. Você tirou sua dor.”

Eu não conseguia segurar os olhos do meu irmão e recordar a memória,

ao mesmo tempo, então olho para as minhas mãos. “Foi difícil para todos nós,

vê-la assim.”

Nós todos a assistimos sofrer, por um tempo porque era sua vontade. Era

escolha dela. Nós a vimos sofrer até que a dor ameaçava engoli-la inteira. Ela

era tão teimosa. Ela não queria perder um momento único conosco. Ela temia

que a medicação fosse mudá-la, diminuir o restante do tempo que passamos

juntos.

E eu entendo isso.
Eu realmente entendo.

Mas ela precisava daqueles remédios.

"Então por que? Por que você acha que você pôde fazer isso quando o

resto de nós não pôde?”

"Eu acho... é o que você disse.” Eu pego um fio solto no joelho do meu

jeans.

"O que foi?"

“Ela estava se pondo no fogo para nos aquecer,” eu levanto meus olhos de

volta ao meu irmão, a compreensão eclipsando sua curiosidade anterior, “e eu

não podia deixá-la fazer mais isso.”

A testa de Duane limpa enquanto ele olha para mim, e ele abre a boca

como se fosse dizer alguma coisa, mas depois endurece, voltando sua atenção

de volta para fora de sua janela. Eu ouço o estrondo de motocicletas se

aproximando no mesmo momento.

“Eles estão aqui,” eu digo desnecessariamente, a bola no meu estômago

aumentando.

“Vejo apenas duas motos.”

“Sim, eu disse a Drill sem apoio.”

“Será que ele sabe que eu vou estar aqui?” Duane destranca a porta.

"Sim."

Os olhos de meu irmão cortam para os meus. “Você confia nele?”

“Ele parece ser um cara decente.” Dou de ombros.

“Ele é um deles.”

“Eu sei disso, Duane. Mas nem todos esses caras são bastardos maus como

Razor ou como o nosso pai, alguns deles são caras apenas regulares que estão

perdidos, procurando um lugar para ir."


Ele estava balançando a cabeça antes de eu terminar de falar, abrindo a

porta.

“Você pode não ser filho biológico de Bethany, mas com certeza você

herdou dela o coração mole."

Ele não diz isso como se fosse uma coisa ruim ou uma coisa boa, mas sim

algo mistificado; como se dar as pessoas o benefício da dúvida fosse contra sua

natureza.

“Vamos.” Duane indica com a cabeça na direção onde Drill e Christine

estão desmontando de suas motos a uns 20 pés além do capô de seu

carro. “Vamos acabar com isso.”

Respirando e me preparando, saio do Road Runner e dou a volta no capô.

Meu irmão gêmeo deixou seus faróis acesos e por isso o nosso quarteto

está iluminado na luz pálida. Eu encosto no capô do carro, enquanto Duane

para alguns pés afastado quando Drill e Christine se aproximam. Mas, em

seguida, Christine levanta a mão para Drill, dizendo algo que não posso ouvir,

e ele concorda. O grandalhão vai para trás e ela continua em frente sem ele.

Estudando-a agora, talvez pela primeira vez com algum interesse, eu vejo

que ela é uma mulher bonita. Ela não tem a dureza que eu via nos outros que

viviam e respiravam o seu estilo de vida. Sim, ela está vestida de couro da

cabeça aos pés, mas todas as linhas do seu rosto parecem linhas de riso.

Seu olhar se move entre nós e depois descansa no meu quando um suave

sorriso puxa um canto de sua boca. "Olá bebê."

Duane faz um barulho tranquilo na parte de trás de sua garganta como

um grunhido e um suspiro ao mesmo tempo, um sinal de que já está irritado.

Eu balanço a cabeça uma vez, mas não faço nenhum movimento para

tocá-la. “Christine.”
“Você não precisava trazer reforços.” Seu sorriso cresce, seu tom de

provocação.

“Tenho dúvidas,” Duane anuncia, em tom plano.

Christine enfia as mãos nos bolsos de trás da calça de couro, dando a

Duane um olhar sério, como se estivesse tirando sarro dele. “Tudo bem,

baby. Faça a tua pergunta."

Os olhos de Duane disparam para os meus, e depois se afastam. “Como

você sabe que não somos filhos de Razor?”

Suas sobrancelhas saltam alto na testa. “Direto ao ponto?"

"Sim."

“Tudo bem,” ela move seus olhos para algum ponto atrás de nós e eles

ficam fora de foco, “Meu velho estava em Memphis, quando eu engravidei de

vocês, rapazes, e por um ano depois disso.” Com Memphis, ela quer dizer A

Instituição Correcional Federal em Memphis. “Darrell estava no comando,

enquanto Razor estava fora, e isso significa que ele cuidava das minhas

necessidades até que meu homem fosse liberado.”

Normalmente, neste momento, eu estaria tentando disfarçar o desgosto

por trás de um sorriso educado. Mas não desta vez. Desta vez, ambos

somos policiais maus e eu posso deixar minha careta de repulsa aparecer.

“Você sabe, Razor divide tudo com o seu pai,” ela parece quase

lunática. “Ele o ama como um irmão. É uma coisa bonita.”

Piada.

“Ele compartilha tudo? Mesmo você?” Duane levanta uma sobrancelha.

"Sim. Mesmo eu.” Ela nos dá um sorriso malicioso que me faz querer

vomitar.
Infelizmente, ela não terminou. “Razor só me compartilha com um

homem, e isso é porque ele sabe o valor do seu pai. Vocês fariam bem em tratar

Darrell com o respeito que ele merece.”

Sim.... Eu provavelmente vou vomitar.

“Quem mais sabe?” Debruço contra o capô do Road Runner, cruzando

meus pés em meus tornozelos e esperando poder nos afastar da partilha desta

discussão.

“Sabe?” Ela volta sua atenção para mim, seus grandes olhos azuis

parecendo cinza pálido.

“Que você é nossa mãe biológica, quem sabe?”

“Drill aqui sabe,” ela joga um polegar por cima do ombro, “eu disse a ele

que ele tinha que entender porque eu precisava de sua ajuda. Repo sabe. Ele me

levou para o Texas, me manteve em uma casa segura enquanto eu estava

grávida, até que sua mãe, isto é, até Bethany vir buscar vocês meninos.”

“E quanto a Razor?” Duane coça o queixo.

Christine parece endurecer, mas sua expressão fácil não se move. “Ele não

precisa saber."

Olho para Duane, perguntando o que ele está pensando.

Meu irmão balança a cabeça lentamente. “Então, você teve filhos de

Darrell, mas Razor não sabe?”

Ela encolhe os ombros, alargando seu sorriso. “Ele é um homem ocupado,

com muitas coisas importantes em sua mente. Meu trabalho é mantê-lo feliz.”

“E você ter bebês com Darrell não iria fazê-lo feliz?”

Christine não responde, mas sua expressão calma agora está afiada com

irritação.
“Eu não entendo,” eu balanço a cabeça para ela, permitindo que a minha

confusão apareça. "Por quê nos ter se você ia apenas nos dar para sermos

adotados pela esposa de Darrell?”

“Seu pai sabia o que estava fazendo.” Ela disse isso com admiração. "Eu

confiei nele para cuidar das coisas.”

Duane e eu compartilhamos um olhar.

“O que isso significa?” Meu gêmeo cruza os braços, inclinando a cabeça

para o lado.

“Isso significa que ele estava olhando para seus melhores interesses.”

“Você vai ter que ser mais específica.” Duane suspira. “Ele não queria que

nós crescêssemos no clube?”

“Oh não, não foi isso. Vocês, todos vocês, rapazes, e Ashley também,

vocês todos deveriam ter crescido direito.”

Por 'crescido direito' acho que ela quis dizer que deveríamos ser criados

como futuros recrutas para os Iron Wraiths, e Ashley como uma... Old Lady?

“Ele não é estúpido. Darrell sabia quanto dinheiro que Bethany Oliver

valia.” Ela me deu um sorriso suave. “Ele queria que vocês tivessem o seu

quinhão.”

“Nosso quinhão?” A carranca de Duane é grave. “Quer dizer, ele queria

que nós tivéssemos uma parte de seu dinheiro?”

“Claro,” ela sorri, como se isso fosse óbvio.

Meu estômago doe.

Eu.... Eu não posso acreditar nisso. Definitivamente, ela estar brincando em

algum ponto.

Duane pigarreia. “Por que dizer a Beau? Por que não eu?” Sua voz agora

baixa, como se ele estivesse tentando contê-la.


“Você está indo embora.” Ela encolhe os ombros, e depois vira os olhos

para mim. “Nós não estávamos esperando gêmeos. Só devia haver um de

vocês.”

“Você não sabia que você estava tendo gêmeos?” Acho isso improvável.

"Não. Eu sabia. Mas dois bebês não era o plano original.”

Eu balanço a cabeça para ela. Darrell, Christine, Razor, todos são

desprezíveis. Eu não sei quanto mais disto eu posso tomar. Eu era feliz na

minha ignorância.

Duane está certo, descobrir suas razões para nos dizer a verdade não está

nos levando a qualquer lugar bom.

E agora eu estou perdendo a paciência.

Antes que eu possa dar um fim a este ridículo espetáculo, porque agora

eu realmente não tenho vontade de ouvir mais, Duane pergunta: “Então, por

que agora? Por que abordar Beau agora?”

Ela me dá um sorriso. "Já era tempo."

"Por quê? Por que era tempo?” Duane empurra.

“Eu sabia que ele iria querer ajudar seu pai.” Seu sorriso persiste, suave e

doce, como algodão doce.

Meu irmão gêmeo e eu trocamos um outro olhar, comunicando

silenciosamente algo do tipo,

Duane: Que diabos ela está falando?

Eu: Eu não tenho ideia, mas acho que ela bebeu o Kool-Aid.

Duane: Esqueça o Kool-Aid, ela foi direto para o anticongelante.


“Ele está em liberdade condicional,” ela oferece, agora falando

exclusivamente para mim.

Minha boca se abre com esta notícia, um medo súbito aumenta irradiando

para fora de meu peito até os meus dedos. "O que?"

“Ainda não, mas em breve.” Seu sorriso cresce.

Não, não, não. Isso não pode estar acontecendo.

“Darrell?” Eu não posso acreditar no que está dizendo. “Darrell vai para

liberdade condicional?"

“Ele está lá há apenas um ano.” Duane arrasta um passo em frente, com as

mãos vindo para os quadris.

Me arrumo no capô do Road Runner, me deslocando para mais perto de

Duane. Eu sei que ele está lidando com o mesmo nível de choque e fúria que eu.

“Sim, mas tentativa de sequestro não é grande coisa.” Christine acena. “É

um crime de classe C no Tennessee. Além disso, eram seus próprios

filhos. Nenhum dano foi feito."

Sinto Duane endurecer. “Nenhum dano foi…”

Eu piso na frente do meu irmão antes dele perder sua merda. “O que

Darrell imagina que eu posso fazer? O que ele disse?"

“Bem, primeiro de tudo, ele queria que você soubesse que eu sou

sua verdadeira mãe.” Ela fez uma pausa, dando-me um sorriso radiante.

“Ok.” Eu não sorrio. Fisicamente não posso. "E o que mais?"

“Veja agora, Beau. Seu pai é a razão que você tem que o dinheiro dos

Olivers.” Seu tom fica sério, sincero. “Deve-lhe isso, baby. Está na hora de você

pagar a sua dívida.”


Sinto meu gêmeo fervendo atrás de mim, posso sentir a onda de raiva. Eu

preciso tirá-lo daqui antes que ele faça algo estúpido, como gritar com a Old

Lady de Razor.

"Tudo certo. Eu vejo o que você está dizendo.” É fácil para mim voltar a

ser o bom policial; eu sempre fui o bom policial, é o meu papel. “Eu acho que

vou precisar de algum tempo para, uh”

“Não,” Duane dá um passo ao meu lado, mas em vez de falar com

Christine, ele está falando comigo. "Não. Não. Claro que não. Você não pode

evitar isso. Você pode fazer isso direito, Beau.”

Olho para o meu irmão, o olhar selvagem, irritado em seus olhos. Mas por

trás de sua fúria está outra coisa. Determinação.

“Você lhe diz como será.” Ele baixa a voz e determinação sangra através

de cada palavra. “Eu não estou dizendo que você precisa ser como eu, mas você

vai lhe dizer como isso vai ser. Caso contrário, ela vai apenas continuar

voltando.”

“Beau?” Seu tom é mais agudo, e eu a sinto nos observando. "Bebê?"

Respirando fundo, eu dou ao meu irmão um sorriso triste. “Não posso

simplesmente evitá-la?”

“Até que ela te leve de novo?”

“Shelly é um grande piloto, ela vai nos levar longe.”

Ele bufa uma risada. "Não."

Enquanto isso, Christine havia se aproximado. “Você quer dizer a cadela

da loja de vocês?”

... Hum, o que?

O que diabos ela acabou de dizer sobre a minha Shelly?


Duane e eu viramos a cabeça na direção da mulher, meu pulso

disparando.

“O que você disse?” Essa é a minha voz?

“Mantenha-se focado.” Duane cruza os braços novamente, situando-se em

meu ombro, mas apenas um pouco para trás, como se ele fosse meu

treinador. “Você não precisa trocar insultos. Ela não vale a pena.”

“Não vale a pena?” Sua voz ficou ainda mais aguda, com os olhos em

Duane. “Eu sou sua mãe, menino.”

“Você não é nada e ninguém.” Eu também cruzo os braços. “E se você

acha que eu vou ajudar aquele pedaço de lixo do Darrell Winston a sair da

cadeia, então você é mais burra do que de pensei.”

Duane respira afiado através de seus dentes. “Agora veja, eu disse que

não há a necessidade de xingamentos.”

Christine balança seu olhar surpreso para mim. “Quem você chamou de

burra?”

“Você,” respondo imediatamente, decidindo tomar emprestado um

insulto de Shelly, “Você é brilhante como um buraco negro e duas vezes mais

densa.”

Ela engasga, suas mãos chegando ao seu peito, e Duane engasga com uma

risada.

Drill de repente está lá, de pé em seu ombro, me dando um olhar aflito

enquanto ele fala com Christine. “Talvez seja a hora de ir?”

Mas ela não pareceu ouvi-lo, seus olhos, e sua ira se decidindo por mim.

“Seu pai está errado sobre você.”

“Bem ótimo, eu com certeza espero que sim.”


Ela me ignora, erguendo o queixo. “É aquela mulher desleal, ela entortou

seu cérebro. Aquela rica puta vadia.”

... Hum, o que?

O que diabos ela acabou de dizer sobre a minha mãe?

Dou um passo à frente, e Duane me pega pelos ombros, puxando-me de

volta. Ele não precisava, porque eu nunca iria bater nela. Nada do que ela diga

nunca poderia em provocar a cometer violência. Eu não sou meu pai. Eu

me recuso a ser meu pai.

Mas depois de passar meses com Shelly Sullivan, que tenho um arsenal

completo de insultos eu não me importo em atirar alguns em sua direção por

algumas horas.

“Isso é o suficiente.” Duane briga, me virando na direção do carro e

olhando para Drill.

“Leve-a daqui. E se você não quiser Billy quebrando narizes, mantenha o

inferno longe de nossa família.”

“Eu não tenho medo de Billy,” Christine insulta quando meu irmão me

acompanha até o lado do passageiro, levantando o volume para um grito. “Eu

não tenho medo de nenhum de vocês!”

Eu rio com isso, abrindo minha porta, e permitindo que cada gota de

desgosto que sinto por essa mulher apareça no meu rosto. “Então você

realmente é estúpida. Porque se há uma coisa que eu sei sobre Billy, é que seu

amor por todos nós é superado apenas pelo seu ódio por todos vocês.”

Talvez foi minha risada fria.

Ou talvez foi a cadência da minha voz.

Ou talvez foi a maneira que eu estou olhando para ela.

Ou talvez as minhas palavras atingiram um nervo.


Mas algo a faz vacilar.

Ela encolhe-se, aproximando-se de Drill, e me lança um olhar furioso.

“Esqueça,” ela cospe, visivelmente frustrada.

Eu escorrego no meu assento primeiro, então Duane toma o

seu. Mantendo meus olhos treinados sobre as motos quando meu irmão trás o

motor para a vida, eu murmuro algumas palavras de maldição. Eu não posso

acreditar, Darrell em liberdade condicional? Já? Como isso é possível?

Duane não perde tempo deixando o campo de Cooper, virando à direita

na via pública e tomando o caminho de volta para nossa casa. Nós dirigimos em

silêncio por um tempo, Duane verificando pelo espelho retrovisor a cada

poucos minutos. Eu não me incomodo em me manter atento para as suas

motos. Eu estou perdido em meus próprios pensamentos.

Eu não posso imaginar Christine St. Claire procurando novamente, não

depois de hoje à noite. Não depois da maneira que ela me olhou quando se

afastou. O que é um alívio.

Mas também estou curioso. Algo que disse, ou a forma como disse tocou

um acorde.

Razor não sabe sobre nós sermos de Christine, o que foi uma jogada

inteligente da parte de nosso pai. Eu posso ver isso agora, Darrell planejando

todos aqueles anos atrás, usar nossa existência como chantagem contra

Christine. Ele é um idiota, mas ele é um idiota inteligente.

Fomos seu jogo, enquanto ainda bebês. Ele estava atrás do dinheiro de

nossa mãe desde que ela tinha dezesseis anos. Infelizmente, com base nos

acontecimentos da noite, parece que ele ainda não terminou com suas intrigas.

"Você está bem?"

Olho para o meu irmão. “Uh, sim. Estou bem. E quanto a você?"
Ele encolhe os ombros. "Melhor que o esperado."

“Ah, é?” Eu sorrio para ele. "Por que isso?"

“Porque você faz um bom policial mau.”

Eu rio. “Bem, isso vindo do melhor policial mau. É um grande elogio.”

Duane coça o queixo. “Ela é uma boa atriz.”

"Você acha?"

"Sim. Não exagere. Eu quase acreditei nela. Não admira que ela e Razor

façam uma boa equipe.”

“Sim”, eu suspiro. “Ela é muito ruim.”

“Contente que acabou.”

"Eu também."

O silêncio cai entre nós mais uma vez e meu irmão gêmeo estuda o

espelho retrovisor. Eu reflito sobre quanto de um eufemismo minhas palavras

foram.

Ela é muito ruim.

Isso não é verdade. Ela é repreensível.

Eu estou tão grato por Bethany, neste momento, eu quase sufoco na

minha gratidão. Graças a Deus. Graças a Deus ela foi minha mãe. Imaginando

uma vida com Christine, criado no clube, criado para ser um deles. O

pensamento me deixa doente.

O que Claire passa? Qual foi a sua vida com essas pessoas?

“Temos que dizer a Cletus,” Duane anuncia de repente.

“Perdão?” Eu estou distraído, então não pego imediatamente o seu

significado.

“Temos de dizer a Cletus sobre Darrell. Sobre a liberdade condicional.”

Seus olhos brilham para mim e, em seguida, voltam para a estrada.


“Sim.” Eu balanço a cabeça, respirando fundo. “Nós vamos dizer-lhe

juntos.”

O lado da boca de Duane puxa para cima. “Ele vai ficar tão chateado.”

Meu irmão gêmeo e eu dividimos um pequeno sorriso conhecedor, e nada

mais precisa ser dito.

Porque nosso irmão Cletus fica mais divertido quando chateado.

EU ENCONTRO SHELLY na cabana Quonset.

Ela está inclinada sobre uma mesa de trabalho bem iluminada na parte de

trás da estrutura e parece estar completamente absorvida em algo que está

desenhando. Seu cabelo está em uma trança, ela usa um suéter de lã velho e

jeans, e ela tem um lápis em seus dentes.

A tensão entre meus ombros alivia na visão dela, na distraída ruga de

concentração entre suas sobrancelhas e os movimentos confiantes de sua mão.

Ela é assim... única. Singular. Tão ela mesma. Eu amo isso sobre ela.

Quase tanto quanto eu amo como genuinamente boa ela é.

Minha Shelly.

Eu mantenho meus passos leves no início, para que eu possa vê-la por

mais tempo. Ela pega o lápis de sua boca e o move em traços graciosos sobre o

papel, inclinando a cabeça para o lado. Vendo quão absorvida ela está, eu

decido arrastar meus pés enquanto me aproximo.

Eu não quero assustá-la.

Shelly olha para longe de seu trabalho, seus grandes olhos encontram os

meus e previsivelmente espalham meu juízo.


Eu sorrio, porque é a única coisa que eu posso fazer por duas batidas do

meu coração.

"Oi querida."

“Oi.” Sua boca se curva com um sorriso enigmático e ela corre para a

frente, encontrando-me antes que eu possa fechar a distância entre nós, e

inesperadamente agarra a frente da minha camisa.

Me mantendo perfeitamente imóvel, eu olho para ela.

Hum...

Ela me encara da mesma forma, seu olhar de intensa concentração

temperado com um alargamento rapidamente subjugado de pânico. “Eu estou

tocando em você.”

"Eu vejo isso."

Sua respiração acelera. “Eu tenho, uh, meditado. E eu acho que estou

pronta para..."

"Me tocar?"

Ela concorda com a cabeça, as sobrancelhas se juntando. “Ainda é difícil.”

“Ok.” Eu balanço a cabeça, decidindo que esperaria pacientemente por

um sinal dela. Na verdade, eu provavelmente posso ficar assim para sempre,

com ela tão perto.

“Fale comigo.” Sua voz está tensa. “Diga-me o que aconteceu esta

noite. Duane ainda está com você?”

"Não. Ele me deixou um minuto atrás.” Eu levanto minhas mãos e pairo

meus os dedos sobre os dela. "Posso te tocar?"

Ela concorda, e depois engole.

Seguro seus pulsos levemente, em seguida, aliso as palmas das mãos para

baixo em seus braços.


"Em que você está trabalhando?"

"Você primeiro, diga-me o que aconteceu."

Está claro que ela quer ser distraída, então eu digo a ela sobre a noite,

certificando-me de desviar com piadas sobre beber muito café. Eu digo a ela

sobre o que Christine quer e como ela disse que Darrell vai conseguir a

liberdade condicional. Quando chego à parte onde eu aproveitei seu insulto

sobre os buracos negros, a testa de Shelly alivia de suas rugas de ansiedade e

ela me dá um quase sorriso.

“Você gostou dessa?”

“É uma das minhas favoritas.” Eu roubo um rápido olhar para suas

mãos. Elas relaxaram, e estão atualmente descansando planas contra meu peito.

“Você tem favoritas?”

"Sim. Eu particularmente gostei quando você disse a Devron Stokes que

ele precisava guardar sua respiração, porque ele ia precisar dela para explodir

em seu encontro.”

Seus lábios se curvam para o lado, mesmo enquanto seus olhos se movem

sobre mim com preocupação óbvia. "Como você está? Você está bem?"

“Não é como se fosse minha opção para as noites de segunda-feira, mas

precisava ser feito. Estou feliz que Duane estava lá, me dando um chute e me

forçando a ser.…"

“Ser o quê?”

“Cruel.”

Seu quase sorriso torna-se um cheio. “Você quer dizer honesto.”

"Sim. Talvez,” eu encubro, apertando os olhos para ela.


“Mas você está bem?” Suas mãos deslizam para os meus ombros e depois

enrolam em torno do meu pescoço enquanto ela se aproxima, seu olhar sobre

minha boca.

"Sim. Eu estou. Quer dizer,” eu roubo um beijo, “ainda estou ponderando

sobre as coisas, e nós vamos ter que dizer a Cletus sobre Darrell. Eu estou

esperando que Christine esteja mal informada, mas eu acho que nós vamos

ver. Provavelmente terei que ser lembrado de 'segurar minhas ferramentas' de

vez em quando.”

"Bom. É para isso que eu estou aqui."

Eu gosto de como ela suavizou seu tom. Eu gosto de como ela está

olhando para mim, toda suave e aberta e focada. Eu gosto de como ela está

pressionando seu corpo ao meu. Isto me fez querer fazer coisas com ela, e eu

farei.

Mas, primeiro, eu deslizo meu nariz ao longo dela. Eu brinco com ela,

escovando meus lábios contra os dela, em seguida, recuando para que ela

persiga o beijo. E quando ela está perto de um frenesi, dou-lhe o que ela quer e

capturo sua boca, entregando-me ao doce sabor de sua língua.

Depois de um tempo, quando estamos ambos tontos e respirando com

dificuldade, ela mergulha o queixo em meu peito e sussurra: “Você é um

excelente beijador.”

"Obrigado. Você não é muito ruim também.”

Ela faz uma careta. “Eu não acho que eu sou tão boa.”

O que?

“Você subestima suas habilidades.”

"Não. Nunca subestimei minhas habilidades.”

“Claro que não.”


"O quer você quer dizer?"

“Você é muito pragmática.”

"Como?"

Eu sorrio, inclinando-me para a frente e sussurrando acaloradamente em

seu ouvido. “É muito sexy.”

Ela estremece contra mim, segurando minha camisa. “Você se importaria

de repetir isso? Eu não cheguei a ouvi-lo.”

Eu deslizo meus dedos sob a bainha de sua camiseta, roçando-os

levemente em volta, a partir de seu estômago para suas costas. “Você é muito,”

eu beijo sua pele abaixo da orelha, “muito,” eu paro meus lábios em seu

pescoço, “muito” eu dou uma mordida em seu ombro, acalmando

generosamente com a minha língua, “sexy.”

“Beau.” Meu nome é um gemido, um suspiro torturado, o fim dele preso

na garganta. “Como você é tão bom nisso? Será que teve aulas?”

"Não. Eu te disse, eu pratico com o meu travesseiro.”

Seus olhos brilham com diversão. “E uma vez com uma melancia.”

“Você é muito sensual.”

"Eu sou?"

"Você é. Seu corpo é.” Para ilustrar, eu deslizo minha mão sob sua camisa

e massageio seu peito, esfregando o polegar sobre o mamilo até que fique

duro. Então eu trago a mão para o outro seio. “Sinta isso.”

Inclino-me para longe quando ela espalma a si mesma e, em seguida, toca

o pico. "Hã."

“Você já se tocou aqui antes?”

“Eu faço exames de mama para o rastreio de câncer.”

"Doce."
“É difícil para mim, quando sou apenas eu, eu tento não pensar demais.”

Seguro seus olhos por um instante, depois baixo a boca para seu peito,

lambendo o centro duro.

Seu corpo resiste instintivamente, suas unhas cavando na parte de trás da

minha cabeça, e ela suspira, “Santa Mãe.”


CAPÍTULO 35

“Separação

Sua ausência que passou por mim

Como um fio através de uma agulha.

Tudo o que faço é costurado com a sua cor."

- WS Merwin

* Beau *

“VOCÊ VAI chorar?”

Duane dá a Roscoe um sorriso. "Não. Mas você vai quando eu socar sua

cara.”

Roscoe sorri. “Eu realmente vou sentir sua falta, Duane.”

Meu irmão gêmeo revira os olhos e suspira. “Pare de ser um

boboca. Venha aqui, vamos acabar com isto."

Roscoe obedece imediatamente e vai até Duane para um abraço.

Estamos todos no aeroporto, Jethro e Sienna, Billy, Cletus, Ashley e Drew,

Shelly e eu, Roscoe, e obviamente, Duane e Jessica. Os pais de Jessica também

estão presentes, como seu irmão irritante, Jackson James.

Toda a nossa multidão está reunida fora da linha de segurança, dizendo

nossas últimas despedidas. E é uma merda. Os olhos de Jessica tem aros

vermelhos, como se tivesse chorado.


Cletus está com um humor particularmente rude, apontando que as

etiquetas de bagagem de Duane são “insuficientes” e lembrando-lhe que se

atente com os batedores de carteira.

Sienna é um ponto brilhante, no entanto. Ela fez todos nós rir quando as

coisas ficam muito tensas. Ou, se isso não funcionava, ela fala sobre como é

terrível estar grávida e como é estranho fazer tudo quando se está com excesso

de peso, o que eventualmente nos faz rir.

Claire está lá também. Arranjou às pressas para tirar a tarde de folga e se

reunir conosco. No início, ela está com os pais de Jessica.

Mas, em seguida, Shelly faz sinal para ela vir. “Fique com a gente, com

Beau,” Shelly sussurra para Claire enquanto ela se aproxima. “Ele precisa de

você.”

Minha irmã, minha irmã, sorri agradecida para Shelly, então me dá uma

versão mais suave. “Você está bem aí?”

“Eu estou bem.” Eu dou de ombros.

Eu não estou bem.

Estou muito não bem.

Olho para Claire, deslizando meu braço em volta dos seus ombros. Então

eu olho para Shelly. Ela me dá um pequeno beijo e sorri.

Eu não estou bem, mas vou ficar bem.

Duane toma um grande fôlego, olhando para o relógio, e depois para

todos nós.

“Bem, é hora de nós irmos.” Seu olhar pousa em mim.

Meu peito dói. E isso é uma merda.

Jess se move em torno do círculo em que nos reunimos, abraçando cada

pessoa mais uma vez.


Duane vem depois, apertando as mãos do xerife James e Jackson, em

seguida, dando abraços rápidos para cada um de sua família, por sua vez.

Isso é uma porcaria, eu não paro de pensar, isso é o pior. Eu odeio isso.

Quando Jess chega a mim, eu dou a ela o maior sorriso que posso e aceito

seu abraço.

Ela me segura mais um momento, sussurrando em meu ouvido: “Eu vou

cuidar dele. Eu prometo."

Eu balanço a cabeça enquanto ela se afasta, querendo dizer obrigado, mas

não confiando em mim mesmo para falar.

Isso é péssimo. Fodida Itália, aeroportos fodidos, fodidos aviões.

Então vem Duane.

Ele não sorri. Ele me puxa para um abraço. Nos abraçamos, e eu lembro.

Lembro-me de todas as vezes que eu o consolei depois de uma queda,

todas as vezes que eu o mantive seguro, todas as vezes que ele precisou de

mim. Todas as vezes que eu precisei dele.

Eu não sei quem se afastou primeiro, mas um de nós fez.

Quando nos separamos, ele se vira para Shelly e diz, grave como merda,

“você toma conta dele. Ele é o melhor."

Sombriamente, ela balança a cabeça. “Eu vou e ele é.”

Duane muda-se para Claire e eu levo meu braço para trás no ombro de

Shelly, precisando me apoiar nela. Ela coloca seu rosto contra o meu peito e se

aconchega.

Eu não estou bem.

Todos nós assistimos Duane e Jess se moverem através da linha de

segurança. Isto é uma tortura, mas nós fazemos isso. E quando eles estão no

meio, eles se viram e acenam.


Jess joga beijos no ar, e então apenas assim eles vão embora.

Vão.

Eu não estou bem.

Olho para o local onde eles desapareceram, parte de mim esperando que

eles mudassem de ideia, outra parte de mim sabendo que não iriam.

Já é tempo.

Nossos caminhos se divergiram.

Ele se foi.

E eu fiquei.

Eu não estou bem.... Eu respiro fundo. Mas eu vou ficar bem.

“Onde você estacionou?” Shelly dirige esta pergunta a Claire, me

despertando de minhas contemplações. “Vamos levá-la para o seu carro.”

“Você quer dizer o carro de Jessica,” Claire desliza o braço em volta da

minha cintura e me dá um aperto.

A vida está se movendo, as pessoas estão falando. Obrigo-me a prestar

atenção.

Ashley chama minha atenção e ela cruza para nós, sacudindo a cabeça e

usando um sorriso provocador. “Eu vejo que eu fui substituída.”

Depois que Duane e eu dissemos a Claire sobre a nossa mãe, e explicamos

que dentro de nossa família só Billy sabe a verdade, ela nos deu o sinal verde

para contar a todos os outros. Sem surpresa, nenhum dos nossos irmãos, ou o

nosso cunhado, pareceu se importar por Christine St. Claire ser nossa mãe

biológica. Mas todos eles expressaram felicidade com a perspectiva de Claire

chegar ao rebanho Winston.


Bem, todos, exceto Billy. Ele permaneceu em silêncio sobre o assunto até

que Duane lhe perguntou à queima-roupa o que ele pensava sobre eu convidar

Claire para a Ação de Graças e Natal.

Ao que Billy respondeu: “Se ela vier para o Natal, eu vou ser o primeiro a

pendurar o visco.”

Nós tomamos isso como aprovação.

Mas uma coisa é certa: mesmo que a nossa mãe não tivesse sobre um

pedestal em nossas mentes antes, ela agora foi elevada à categoria de santa.

“Você não foi substituída,” Estendo a mão para Ashley quando Shelly e

Claire movem-se para um dos lados, dando-nos algum espaço. Eu puxo minha

irmã para um abraço, e brinco com ela. “Você foi completada.”

"Bem. Eu vejo.” Ela ri, inclinando-se para longe, sua mão deslizando para

a minha. "Eu te amo, Beau.”

“Eu também te amo, Ash.”

Ela me olha por um momento. "Você está bem?"

“Eu vou ficar.” Apenas ainda não.

A atenção de Ash muda-se para onde Shelly e Claire estão a uma curta

distância, suas cabeças juntas. “Eu estava pensando sobre nossa conversa, em

outubro, sobre como as coisas mudam. Parece-me que as coisas estão mudando

tão rápido, cada vez que eu pisco, algo crucial muda.”

“E algumas coisas nunca mudam.” Eu aperto seus dedos. “Como se você

não está feliz, então ninguém consegue ser feliz.” Mudo meus olhos

significativamente para Drew.

Minha irmã ri, o som alegre levantando meu espírito quando ela segue

minha linha de visão. “Oh, eu estou feliz. Provavelmente mais feliz do que eu

mereço ser.”
Eu discordo. Minha irmã, minhas irmãs, merecem toda a felicidade, e eu

vou me intrometer para me certificar de que isso aconteça.

Todos nós seguimos para o estacionamento depois disso. Nenhum de nós

parece estar com qualquer pressa em sair ou continuar com o negócio dos

nossos dias.

Claire, Shelly, e Ashley estão tentando encontrar uma data mutuamente

aceitável para fazer sabonete. Aparentemente, Jennifer Sylvester, que está

atualmente em Nova York, se ofereceu para ensinar Shelly. Sra. James entra na

conversa que ela gostaria de aprender também.

Sienna e Jethro então perguntam se eles podem ir juntos.

O Sheriff, Roscoe, e Billy falam de política local, não nacional, e eu os pego

dizendo algo sobre os Paytons. Em intervalos, eu também noto que os olhos de

Billy desviam em direção a Claire. Ela está caminhando ao meu lado, então no

começo eu penso que é para mim que ele está olhando.

Mas não. Não é para mim. É para minha irmã.

Hmm...

Drew e Cletus estão discutindo a recente viagem de caça ao javali de

Cletus. Ele acabou de retornar na noite anterior. Duane e eu usamos a pequena

janela de tempo para preenchê-lo com nosso encontro com Christine. Cletus nos

disse para deixá-lo lidar com Darrell e não nos preocuparmos com isso. Ele

também nos disse para manter a notícia para nós mesmos sobre Darrell estar

em liberdade condicional em breve.

Eu confio em Cletus, mas eu não posso deixar de me preocupar com isso.

Enquanto caminhamos passando pelos balcões de check-in, eu não estou

tão perdido nos meus pensamentos que o flash de um rosto familiar escapa de
minha atenção. Eu dou uma outra olhada, e então eu endureço, meus passos

vacilam quando o rosto entra plenamente em vista.

Repo, um dos mais altos do ranking de membros do Iron Wraiths, está

inclinado contra a parede apenas depois do check-in, os olhos baixos para o

chão.

Ele está visivelmente perto uma vez que o vejo, mas discretamente longe

até que eu manobro ao lado de Cletus e Drew, sussurro, “Hey. Por que Repo

está aqui?”

"O que? Onde?” Cletus lança um olhar sobre ele.

“Pare com isso. Não olhe. Ele está ali, à esquerda, perto da fila da Delta.”

Drew é muito melhor em agir naturalmente do que Cletus. O grandalhão

vira-se lentamente, como se estivesse verificando seu bolso para alguma coisa,

em seguida, olha para cima.

"Sim. É ele."

“Você acha que isso é sobre Christine?”

“Não” Cletus balança a cabeça, seguindo a linha de visão e baixando voz

para Drew. “Repo estar aqui tem a ver com Jess. Não é sobre você, ou Duane,

ou... qualquer outro assunto.”

“Jess?” Eu olho de Drew, que também parece confuso, para Cletus. "O que

Repo tem a ver com Jess?”

Cletus coloca a mão no meu ombro e começa com um ar de instrução:

“Veja você, meu caro rapaz, Duane e Jess têm muito em comum.”

"O que isso significa?"

“Eu suspeito que Repo seja o pai dela.”

“O quê?” Eu empurro de volta, mas consigo manter minha voz

calma. "Que diabos?"


Claramente há mais para entender sobre os Wraiths do que eu quero

saber.

Enquanto isso, Drew suspira. “Eu vou precisar de um gráfico para

acompanhar todos vocês. Eu não consigo me lembrar quem está relacionada

com a OMS nos dias de hoje.”

“MEIAS, CUECAS, CALÇAS DE BRIM, botas e um casaco extra.” Ela marca

os itens em uma lista impressa.

“Deixe-as lá.”

"O que?"

"Sua roupa de baixo."

"Onde?"

“Em Chicago.”

Shelly inclina a cabeça para o lado, seu olhar piscando em cima de

mim. "Por que eu devo deixar minha roupa de baixo em Chicago?”

Eu estou deitado na cama de lado, olhando para ela. Meu travesseiro está

dobrado atrás da minha cabeça, o dela está agarrado ao meu peito. “Tudo o que

fazem é ficar no caminho.”

Ela joga três pares de roupa íntima para mim.

Eu rio, puxando-as para longe do meu rosto. Ela tem boa pontaria.

Shelly está fazendo as malas para Chicago. Ela prometeu passar a Ação de

Graças com Janie, Quinn e Desmond, e assim ela está mantendo sua

palavra. Ela só ficaria ausente por cinco dias, mas eu vou sentir sua falta.

“Camiseta, camiseta extra, blusa, blusas extras. Fio dental, escova de

dentes, creme dental, protetor noturno.”


"Protetor noturno?"

“É a coisa que eu uso para evitar ranger os dentes.”

"Oh. Certo.” Eu giro um par de calcinha em torno de meu dedo

indicador. É azul e de renda. Apenas olhar para ela me liga. Paro de girá-la.

“Hidratante, bolas de algodão, cotonetes, shampoo, condicionador,

escova. Fios para Janie, whisky para Quinn, Thankful Journal, duas canetas,

lápis de grafite, bloco de desenho, livro para o voo.”

“O que é isso?” Sento inspecionando sua mala.

"O que?"

“Thankful Journal? O que é isso?"

Shelly enfia a mão no saco cinza no chão, tira uma composição de notas, e

joga para mim. "Isto."

“Você tem um diário?” Eu não abro.

"Não. Dra. West disse que um diário não é um uso produtivo do meu

tempo. Isso é apenas um livro de listas.”

“Oh.” Eu olho para a capa; ela escreveu Thankful Journal em caneta preta,

em letra maiúscula. “O que quer dizer, listas?”

“As coisas pelas quais eu sou grata.” Ela coça a testa distraidamente. "Vou

levar Luna Bars, no caso de eu ficar com fome no avião.”

“É o avião particular do seu irmão. Ele provavelmente vai ter comida para

você. E por listas, quer dizer uma lista de execução? Você mantém uma lista de

execução de coisas que você gosta?”

"Não. Todos os dias, uma lista, basta você olhar. Você verá o que quero

dizer.” Ela agarra a lista de verificação da cômoda e caminha para fora da sala.

Observo ela caminhar pelo corredor, e, em seguida, virar à direita, para a

cozinha. Ela está provavelmente pegando as Luna Bars.


Sorrindo para sua teimosia, eu abro o livro e leia a primeira

página. Começa na primavera do ano passado e é exatamente o que ela disse,

uma lista de três coisas em cada data.

06 de abril

1. pimenta

2. Furadores

3. Caneca de Louça

07 abril

1. luz do sol

2. Chuva

3. Lama

08 de abril

1. Ivan

2. Laika

3. Oliver

Avançando, eu passo pelas páginas até que algo chama minha atenção no

meio do livro.

22 de setembro

1. Elevadores de carros

2. Compressores de ar

3. Beau Winston

Olho para o corredor de novo, ouço um armário de cozinha abrindo e

fechando. Então eu olho de volta para o livro, virando outra página, depois

outra, automaticamente procurando o meu nome.

08 de outubro

1. Forquilhas de prata
2. Montanha russa

3. Beau Winston

18 de outubro

1. Carros clássicos

2. Beau Winston

3. Beijar

19 de outubro

1. Beau Winston

2. A pia da loja

3. Meu irmão

PS. Eu não sou grata por chips de milho

Um riso incrédulo breve explode de meus pulmões. Eu balanço a cabeça,

sentando-me completamente na cama enquanto leio página após página, vendo

meu nome mais e mais a cada dia.

28 de outubro

1. Beau

2. Dra. West

3. Pijama

29 de outubro

1. Beau

2. Longas caminhadas

3. Outono
30 de outubro

1. Beau

2. Lençóis de algodão

3. Chá quente

31 de outubro

1. Meu Soldador TIG

2. Beau

3. Livros

1 de novembro

1. Beau

2. Sexo, especialmente o sexo oral

3. Xícaras de chá

"Viu? Listas” Shelly diz, casualmente voltando para o quarto.

Olho para cima, encontrando-a carregando duas caixas de LUNA Bars e

empurrando-as em sua mala.

É demais.

A lista é demais.

Ela é demais.

Colocando o livro com reverência na mesa de cabeceira, pego seu braço

enquanto ela se endireitava e puxo para a cama, trazendo-a em cima de

mim. Seu cabelo cai como uma cortina em torno de nós, os olhos arregalados

enquanto se movem para os meus.


“O quê?” Ela perguntou, suave e curiosa.

"Eu te amo."

“Eu sei disso.” Ela sorri, macia e aberta.

“E eu sou grato por você.”

“Bom.” Seu sorriso cresce, seu lindo olhar caindo para a minha

boca. “Qual foi a última data que você leu?”

“1 de novembro. É o meu favorito. Eu posso ler isso novamente.”

Ela ri, descansando o cotovelo no meu peito e colocando o queixo na

palma da mão.

“Você parou apenas quando estava ficando bom.”

Segurando seu olhar, levanto minha cabeça. Eu a beijo.

E eu parei, quando estava ficando bom.

Paro minha mente.

Eu também peço que o tempo pare.

Porque eu estou errado.

Na vida, existem três períodos de tempo: antes, depois e agora. Eu sempre

pensei no agora como um limbo. Às vezes, raramente, era o limbo.

Mas no esquema das coisas, se eu levar um tempo para parar e abrir os

olhos; se eu prestar atenção, e contar minhas bênçãos, o agora não é o limbo.

O agora é o paraíso.
EPÍLOGO

“Sempre que você pensar ou você acreditar ou você souber, você é um monte de

outras pessoas: mas no momento em que você sentir, você não é ninguém, mas você

mesmo."

- EE Cummings

* Beau *

“CURVE-SE DARIN!”

Shelly faz uma careta, seu olhar se levantando para Ashley. “Desculpe, eu

não deveria ter trazido ele."

“Eu acho que ele é ótimo.” Ashley inclina seu cotovelo na mesa, sua

atenção fixa em Oliver. “Ele deve vir para a ceia de Natal a cada ano e deve

fazer suas declarações em um jogo de bebidas. Toda vez que ele disser a Darin

para se curvar, tomamos um copo da gemada alcoólica de Cletus.”

“Passagem difícil.” Jethro balança a cabeça com firmeza. “Não para o jogo

de beber, mas a gemada alcoólica de Cletus.”

Eu tenho que concordar com Jethro, é como beber solvente de tinta

misturado com ovos. Mas eu não estou prestes a dizer isso em voz alta, não

enquanto Cletus está sentado três cadeiras para baixo de mim e olhando para

Jethro com intenção maliciosa.

“Por que ele continua dizendo, Darin, curve-se?” Jennifer Sylvester

enruga seu nariz. Ela está sentada no colo de Cletus, um braço envolto ao longo
de seus ombros enquanto distraidamente torce um de seus cachos em torno de

um dedo.

Antes de Shelly poder explicar, Cletus sugere uniformemente, “Talvez o

seu último proprietário usasse supositórios.”

Ambos, Shelly e eu, olhamos para Cletus, então um para o outro. Meus

ombros sacodem com o riso silencioso e ela fecha os olhos, seus lábios cheios

pressionando juntos.

Apesar de Duane e Jess não estarem lá, foi uma grande noite até agora,

um grande Natal. Shelly nos ajudou a colocar uma árvore na sala da família há

algumas semanas e ajudou Jennifer, Ashley, e Sienna a decorarem o lugar.

Toda vez que Ashley dizia algo como: “Eu gostaria que tivéssemos

algumas daquelas lâmpadas de vidro fosco,” ou, “Eu gostaria que tivéssemos

sinos de prata reais”, ou, “Eu gostaria que tivéssemos um melhor suporte de

grinalda,” Shelly aparecia três dias depois com o item, personalizado pronto e

lindo e Ashley tropeçava nela com gratidão, admiração e reverência.

Eu acho que, além de mim, Ashley se tornou sua maior fã.

Então eu não estou surpreso que minha irmã não se importe com

Oliver. Enquanto Oliver pertencer a Shelly, o pássaro não pode fazer nada

errado.

“Vamos abrir os presentes em breve?” Sienna boceja. “Me desculpem, eu

estou tão sonolenta.”

“Você está grávida, você está autorizada a estar sonolenta.” Jethro esfrega

suas costas.

Roscoe envia-lhe um sorriso insolente. "Sim. Você está dormindo por dois,

agora.”
Escondo um bocejo atrás da minha mão, olhando para o meu relógio

Rolex, mas agora com uma pulseira de couro e vejo que está ficando tarde. Nós

falamos no Skype com Duane e Jess antes, tanto na casa de Shelly antes de

virmos para cá, e novamente com toda a família assim que chegamos. Eles

parecem felizes, como se estivessem tendo o momento de suas vidas, e Duane

tentou nos impressionar com o seu domínio da língua italiana.

Basicamente, ele sabe como perguntar, onde fica o banheiro? E, quanto

custa esse carro?

Foi bom vê-lo. Nós trocamos e-mails regularmente, mas é realmente bom

ver seu rosto.

Shelly levanta, levando Oliver com ela. “Vou colocá-lo de volta em sua

gaiola.”

O resto da minha família também fica de pé, a maioria de nós se

esticando.

“Deixe-me tirar o bolo do forno.” Jenn dá a Cletus um beijo na bochecha,

em seguida, move-se rapidamente para a cozinha; o olhar de meu irmão a

segue enquanto ela vai.

Eu sorriria para sua devoção óbvia pela mulher, zombando de sua

domesticação recente tanto como eu fiz para Duane no ano passado com

Jess. Mas eu não consigo gerir um sorriso. Eu estou muito nervoso.

Shelly e eu temos um voo de manhã cedo para Chicago. Eu não estou

saltitante sobre a viagem no dia de Natal, mas eu me sinto um pouco ridículo

sobre como vamos viajar. Quinn está enviando seu avião particular para nos

pegar.
O nervoso tem muito pouco a ver com o amanhã e tudo a ver com

hoje. Eu tenho algo especial preparado para Shelly e toda a minha família está

ciente do plano.

“Pare de se preocupar, ela vai adorar.” Ashley me pega pelo braço

quando nos movemos da sala de jantar para a árvore de Natal. “E vamos

esperar para lhe dar nossos presentes até que ela abra o livro.”

“Ok.” Minha atenção muda de Ashely para Drew; ele está de pé atrás

dela, com as mãos sobre seus braços. “E não faça um programa sobre isso. Basta

dar-lhe as caixas como se não fosse grande coisa. Ela não gosta de ser o centro

das atenções.”

"Não se preocupe. Nós não vamos,” Drew promete, me dando um aceno

solene.

“Mexa-se,” Cletus aparece de repente, põe as mãos nos meus ombros, e

me guia em direção à sala de estar, “vocês precisam começar a se mexer antes

que Sienna desmaie e todos nós tenhamos que assistir Jethro reanimá-la usando

boca-a-boca.”

Eu o deixo me empurrar para frente. Eu até o deixo me guiar para a

poltrona em frente da lareira. E quando Shelly aparece, ele insiste que ela tome

o lugar ao lado do meu.

Roscoe assume seu papel habitual de distribuir presentes debaixo da

árvore, e em breve a sala está uma bagunça de papel de embrulho e caixas

abertas. O barulho suave é pontuado de vez em quando por uma exclamação de

surpresa e gratidão. Uma canção natalina toca suavemente nos alto-falantes

enquanto o fogo morre na lareira crepitando e assobiando.

Eu seguro o primeiro presente de Shelly no meu colo, mas estou ficando

sem tempo. Logo meu adiamento se tornará óbvio.


Eu não quero fazer isso. Eu não quero parar. Eu quero ser valente. Eu

quero ser digno de sua bravura.

Assim, eu viro para ela e empurro o primeiro presente em suas mãos. “Ei,

isso é para você.”

Ela está falando com Billy sobre algo, e não nota minha interrupção

abrupta da conversa e eu empurrar um objeto em seu colo é consideravelmente

menos gracioso do que o que eu planejei. Ah bem. Bravura ainda é bravura, não

importa quão desajeitada seja a execução.

Shelly me dá um olhar assustado. “Oh, muito obrigada.”

Olho para Billy, prestes a oferecer um pedido de desculpas pela

interrupção, mas ele está olhando para mim como se meu desconforto o

divertisse. Decido não pedir desculpas.

Também o meu joelho está saltando, alimentado pelo nervoso. Eu me

contorço no meu lugar quando Shelly vira o presente e cuidadosamente remove

a fita. Então ela tira o papel com excessiva cautela. Eu suspeito que ela está

tendo pensamentos obsessivos acerca de rasgar papel de embrulho. Esta é a

primeira vez que eu lhe dou um presente embrulhado, então tenho que saber se

isto é uma nova compulsão ou uma velha.

Eu faço uma nota para perguntar-lhe mais tarde.

Shelly olha para o objeto revelado, suas sobrancelhas se juntando. "O que

é isto?"

Eu tenho que limpar minha garganta antes que eu possa falar. “É um livro

sobre como fazer kintsugi. É um método de reparar cerâmica japonesa

quebrada com laca polvilhada ou misturada com ouro em pó. Eu acho que

também pode usar prata ou platina, mas o ouro parece ser o mais popular.”
Seus olhos se movem sobre a capa, em seguida, se levantam para os meus,

seu olhar me dizendo que ela está confusa. “Você quer que eu aprenda a fazer

kintsugi?”

Eu chego à frente e abro uma página com orelhas, onde uma muito

danificada xícara de chá foi reparada usando o método. O branco elegante de

sua porcelana está interrompido por linhas elegantes de ouro-, onde a alça

rompeu, onde o copo rompeu em dois.

“É uma filosofia,” eu aponto para o copo, “o ponto do kintsugi é tratar

peças quebradas e sua reparação como parte da história de um objeto. Uma

pausa é algo para lembrar-se, algo de valor, uma maneira de fazer a peça mais

bonita, em vez de algo para disfarçar. Eles usam ouro, não supercola invisível,

porque os erros não devem ser considerados feios. Peças e sua reparação

meramente contribuem para a história de um objeto, não o arruínam.”

Shelly olha para a página, sem dizer nada. Ela olha por um longo tempo,

seu dedo traçando a linha de ouro atravessando a xícara.

"É lindo."

Decido ignorar a instabilidade de sua voz, dizendo em vez disso, “Muito

mais interessante do que uma xícara de chá perfeitamente velha e lisa. Se você

pensar sobre isso, não há duas xícaras de chá quebradas da mesma

forma. Então é claro que cada xícara de chá reparada se torna algo novo, e

completamente original.”

Ela fecha o livro e trás para seu peito, apertando-o com reverência. "Eu

amo isso."

"Bom."

Graças a Deus.
Seu olhar pousa no meu e ele brilha com o que parecem lágrimas não

derramadas, mas ela está com um sorriso. Calor se espalha para fora do meu

peito por meus membros. Esse é o tipo de sorriso que me faz feliz, e consciente

do agora.

Mas antes que qualquer um de nós posa falar, outro presente é

abandonado em seu colo.

“Isso é meu e Jenn.”

Nós dois olhamos para cima. Cletus está parado em frente a nós, os braços

cruzados. "Você deve abrir isso agora. Eu gosto muito, por isso, se você não

quiser, eu vou levar.”

“Cletus,” Jenn grita da cozinha, “deixe de ser um valentão!”

Reviro os lábios entre meus dentes e balanço a cabeça para meu

irmão. Shelly, no entanto, sorri largamente, sua atenção se movendo para além

de Cletus para a porta de entrada da cozinha, assim que Jenn aparece.

“E eu disse para esperar para dar a ela até que eu estivesse aqui.” Jenn

limpa as mãos em uma toalha presa ao seu avental e cruza para Cletus,

envolvendo seu braço em torno de sua cintura e sorrindo para Shelly. “Vá em

frente e abra.”

Shelly remove cuidadosamente a fita, assim como fez com o meu

presente, e coloca o papel de embrulho de lado. Quando ela fez isso, o resto da

minha família tira suas caixas embrulhadas, cada uma semelhante a que Cletus

acabou de depositar em seu colo.

Meu pulso salta, ganhando velocidade, porque eu sei o que vai acontecer

a seguir.
Na verdade, isso não é exatamente verdade. Eu sei o que minha família ia

fazer porque eu sei o que está nas caixas. Mas eu não sei o que vai acontecer

quando os abrir. Ou ela odiaria o gesto, ou ela adoraria.

Simples assim.

Eu me preparo, olhando entre ela e a caixa enquanto me inclino para o

lado e pego os outros dois itens que eu trouxe para ela. Um deles é uma caixa

como todas as outras, com cerca 20 centímetros de profundidade, com largura e

altura muito menor, pesando cerca de 170 gramas.

Assim que Shelly remove a tampa, um pequeno som de surpresa passa

por seus lábios e seus olhos correm para os meus. Eles estão arregalados com

um alarmante número de emoções conflitantes.

“É uma xícara de chá.”

“Tire-a da caixa para que você possa admirar a sua superioridade sobre

todos as outras xícaras de chá.” Cletus abraça Jenn.

Shelly respira pelo nariz, inspira, em seguida, pega a xícara e a puxa da

caixa. Assim que eu vejo, meus lábios se separam e meus olhos vão para meu

irmão.

“Realmente, Cletus? Onde você encontrou isso?”

“É boa, certo?” Ele sorri. “Eu descobri a existência de um site intitulado

Etsy. Você pode pedir qualquer coisa.”

“Então, você comprou uma xícara de chá com estampa de cachorros-

quentes?” Eu não tento esconder a minha irritação.

“Ela é pintada à mão, Beauford,” ele funga. “E tecnicamente, eles são

Bratwursts da Bavária.”

Shelly coloca a mão no meu joelho e dá um aperto, forçando minha

atenção de volta para ela.


“Eu te amo,” ela sussurra para mim, então inclina o queixo para olhar

para Cletus.

“Você não vai ficar com ela.”

O sorriso de meu irmão fica menor, mas mais genuíno do que antes, e ele

assente uma vez. “Eu imaginei isso, então eu pedi um conjunto para mim.”

A xícara de Ashely e Drew é a próxima, uma xícara vintage e pires com o

interior dourado e grandes flores cor de rosa e azuis pintadas no exterior.

Então Roscoe dá-lhe uma com pequenos cães que parecem felizes,

imortalizando um meio salto como se eles estivessem perseguindo os rabos uns

dos outros.

A de Billy é azul e branca com dourado desvanecendo na alça. Aves

solitárias forram a borda como se voassem em um círculo interminável.

A de Sienna e Jethro veio de um artista no México, um parente distante

dela, e é pintado em turbilhão de design com cores brilhantes contra um fundo

marrom.

Claire trouxe uma de sua ida para o McClure, um conjunto azul-claro com

uma borboleta delicada como alça.

Duane e Jess também enviaram uma da Itália, mas a deles é feito de vidro

veneziano vermelho rubi.

Cada vez que Shelly abre uma caixa, ela puxa uma pequena respiração,

segurando as xícaras de chá como se fossem tesouros inestimáveis. Seus olhos

ainda estão brilhando de lágrimas, não derramadas, mas o sorriso nunca deixa

seus lábios.

Ela diz: “Obrigada”, após as três primeiras, mas depois parou de falar

completamente depois de um tempo, dando-me a sensação de que ela não

confia em sua voz.


Então eu lhe entrego minha caixa.

Vejo quando ela respira fundo e diligentemente desembrulha o presente,

deslizando a parte de cima e olhando para a xícara dentro. Ela a levanta e seu

queixo treme.

“Isso é kintsugi.” Eu aponto para o veio de ouro que atravessa o lado da

antiga xícara japonesa onde foi reparada. “Veja como é bonita?”

Ela concorda com a cabeça e firma os lábios, seus olhos evitando os meus.

Envolvendo meu braço em volta da cintura dela e dando um aperto, eu

coloco o último presente no seu colo e olho ao redor da sala. Embora cada um

dos meus irmãos e suas companheiras tiveram tempo para entregar-lhe as

xícaras de chá, eles não ficaram esperando. Eles não a viram de boca aberta

enquanto abria as caixas ou a fizeram sentir como num espetáculo.

Eles deram a ela espaço para abrir cada uma.

Continuaram suas conversas e inspeção dos seus próprios presentes.

Eles pareciam aceitar e compreender que essa mulher precisava de

privacidade, mesmo em uma sala cheia de pessoas.

A reflexão e generosidade de minha família me surpreendeu. Foi outro

lembrete para parar e apreciar o celestial agora.

"O que é isso?"

Mudo meu olhar de volta para Shelly. Ela está segurando uma barra de

170 gramas de ouro 18k.

“São 170 gramas de ouro.”

Sua boca se abre. “Você me comprou 170 gramas de ouro?”

“Não.” Eu levanto meu pulso. “Tecnicamente, Hank comprou 170 gramas

de ouro. Eu derreti a pulseira do meu relógio.”

Uma ruga aparece entre suas sobrancelhas. "Por que você faria isso?"
“É para as suas xícaras de chá. Assim, você pode repará-las quando elas

quebrarem.”

Uma risada curta sai de seus lábios, parecendo espanto e descrença, e ela

cobre a boca quando uma lágrima escorre pelo seu rosto.

Eu a pego com meu polegar, afastando-a. “Eu te amo, Shelly. Eu vou te

amar quando você quebrar. E eu vou te amar quando você se reparar.”

Ela fecha os olhos, inclinando-se para frente até que sua testa descanse no

meu ombro, o rosto voltado para o meu pescoço.

Sinto-a respirar.

Eu a sinto relaxar contra mim, pouco a pouco e recuperar o seu controle.

E eu sinto o beijo que ela coloca no meu pescoço pouco antes dela

sussurrar, “Eu acabei de perceber uma coisa.”

"O que?"

“Eu não quero ser perfeita.”

Eu sorrio, alisando minha mão por suas costas e colocando um beijo em

sua têmpora.

"Bom. Porque o perfeito é chato.”

*FIM*
AGRADECIMENTOS E UMA NOTA DA AUTORA

Tenho de agradecer a minha editora em primeiro lugar. Marion sofreu

junto comigo quando eu escrevi este livro. Ela compartilhou minhas lutas e

meus fardos (assumindo o ônus de fazer o impossível em um prazo

impossível). Ela é uma supermulher.

Eu também quero agradecer a Heather, April e Shan por serem as vozes

da razão.

Uma nota sobre o TOC

Eu gostaria de agradecer a todos os seres humanos maravilhosos que me

permitiram incessantemente questioná-los sobre suas experiências com

Transtorno Obsessivo Compulsivo (Tratando-o e vivendo). Obrigado K., Ta., G.,

H., Para., E D. Eu tenho minhas próprias experiências com TOC e depressão,

mas eu senti que era importante falar sobre a experiências dos outros para

informar o caráter de Shelly Sullivan mais plenamente.

Além disso, é minha esperança que a perícia fornecida por essas

experiências compartilhadas tenha contribuído para um retrato fiel de como o

transtorno de Shelly teria sido tratado (uma vez que ela finalmente procurou

ajuda).

É interessante para mim como “TOC” é usado na conversação para

denotar “Exigente” ou “particular”. Se eu tivesse um níquel para cada vez que

alguém ofensivamente mencionou durante uma conversa que eles “estavam

com TOC sobre (preencha o espaço em branco), ” eu teria 876 moedas.

Suponho que fazemos isso com muitos distúrbios e doenças. Só que eu

nunca ouvi alguém dizer: “Eu estou sentindo um pouco canceroso hoje.”
Eu não pretendo instruir ou castigar com esta observação, mas sim

aumentar a consciência. Isso é tudo.

Uma nota sobre Shelly e Neuro cognitivo de diversos personagens.

Um dos meus leitores BETA me perguntou se eu achava que Shelly pode

ter muita bagagem para ser uma heroína de um romance. Minha resposta foi

um sonoro "DE JEITO NENHUM."

Todas as pessoas que sinceramente querem amar (amar e ser amadas)

merece ser um personagem principal de um romance. Acredito firmemente que

todos nós somos peças do quebra-cabeça, e não importa a nossa cor, forma,

tamanho ou nível de diversidade neurocognitiva, há uma outra peça do quebra-

cabeças lá fora, no mundo, esperando para encaixar com a nossa.

Como a Dra. West diz a Beau, “a experiência de uma pessoa com TOC

pode ser diferente de uma pessoa para outra.” Eu sei que isso é

verdade. Portanto, é muito importante que você, caro leitor, não longe deste

livro com o equívoco que, através de Shelly, eu me esforcei para escrever um

retrato fiel de todas as pessoas com TOC.

Eu não tenho.

Um personagem / pessoa nunca pode ser e nunca deve ser totalmente

representante por todo um grupo de pessoas (a menos que seja O Borg; e

mesmo assim, em episódios mais tarde, vemos alguma diversidade

surpreendente). Eu não sou o Lorax do TOC, eu não falo para o ansioso.

Em vez disso, o que me esforcei para fazer (e o que eu me esforço para

fazer com todos os meus personagens) é escrever uma pessoa que é crível

como ela mesma. Como todas pessoas * reais *, ela não é uma coisa. Ela é artista e

mecânica, forte e fraca, corajosa e covarde, racional e irracional.


Mas acima de tudo, ela é Shelly Sullivan. Ela é ela mesma. E ela é digna de

amor, tanto dá-lo e recebê-lo.

Uma nota sobre Beau:

Eu amei escrever Beau.

Eu amei escrever um personagem que foi considerado simples e direto,

mas através de suas interações com uma questão multifacetada, sua

complexidade é descoberta. Todos nós fazemos isso, ou temos a oportunidade

de fazer isso, ao longo de nossas vidas. Nós temos as nossas ideias de certo e

errado, mas depois confrontados com uma situação em que o certo e o errado

não se aplicam.

Podemos tanto escolher continuar na ignorância, ou escolher a estrada de

tijolos amarelos de simplicidade, ou educar-nos e desbloquear um espectro de

possibilidades.

Então aqui está a pessoa como Beau, e sendo receptivo ao espectro de

possibilidade.

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