A exclusao sinaliza o destino excludente de parcelas
majoritarias da populagado mundial, seja pelas
restrigdes impostas pelas transformagdes do mundo
do:trabalho seja por situagdes decorrentes de modelos
e estruturas econdmicas que geram desigualdades
absurdas de qualidade de vida.
Mendigos, pedintes, vagabundos, marginais povoaram
historicamente os espacos sociais, constituindo
universos estigmatizados que atravessaram séculos.
René Lenoir - 1974: concepgao de exclusdo nao como
umfendmeno de ordem individual, mas*social, cuja
origem deveria ser buscada nos principios mesmos do
funcionamento das sociedades modernas.
Dentre suas causas, destacava 0 rapido e desordenado
processo de urbanizagao, a inadaptacgao e
uniformizagao do sistema escolar, o desenraizamento
causado pela mobilidade*profissional, as desigualdades
de renda e de acesso aos servicos.
Nao se trata de um fendmeno marginal referido
unicamente a franja dos subproletarios, mas de um
processo em curso que atinge cada vez mais todas as
camadas sociais.
Muitas situagdes representam a exclusdo, sob esse
rotulo estado contidos inumeros processos e categorias,
uma série de manifestagdes que aparecem comofraturas e rupturas do vinculo social - pessoas idosas,
deficientes, desadaptados sociais, minorias étnicas ou
de cor, desempregados de longa duragao, jovens
impossibitados de aceder ao mercado de trabalho, etc.
acabam»porexcluimas pessoas» Excluidos nado sao
simplesmente rejeitados fisica, geografica ou
materialmente, nadowapenas:domercadore:de:suas
trocas, mas de todas as riquezas espirituais, seus
valores nao sAo reconhecidos, ou seja, ha também uma
exclusdo cultural.
Vivemos ao mesmo tempo 0 esgotamento de um
modelo e o fim de uma forma de inteligibilidade do
mundo. A chamada "invengao do social", que constituiu
a grande "virada" do século XIX, parecia ter se
consolidado, neste século, através da construgdo de
sistemas de protecao social.
Estes porém, se encontram abalados pela
internacionalizagado da economia e pela crise do estado-
providencia, representada pela crise:da:solidariedadee
— a a :
trabalho) e dos modos de constituigao das identidades
_———fe (acti jeito),
+ Observa-se uma espécie de impoténcia'do:Estado-
Nagao no controle das conjunturas nacionais. Os
«problemas:sociais:se-acumulam, justapondo, no seio
das sociedades, categorias sociais com renda elevada
ou relativamente elevada ao lado de categorias’sociais®
: :
- Nos anos 80, as transformag6es"em'curso"no"mundo®
do:trabalho - que estao na origem da crise da sociedade
salarial, com a emergénciaidodesempregore:da
precarizagao das relagées de trabalho -, como
problemas centrais dessas sociedades.
+ Surge, entao, um novorconceito'de"precariedadee'de
pobreza, o de ‘nova pobreza, para designar os
+ Qu seja, so camadas da populagao:consideradas
aptas.ao:trabalho e adaptadas a sociedade moderna,
porém, vitimas da conjuntura econémica e da crise de
emprego. Assim, os excluidos na terminologia dos anos
90, nao sao residuais nem temporarios, mas
contingentes populacionais crescentes que nado
encontram lugar no mercado."~ ; :
Brasil: necessario ressaltar que coexistem diferentes
causas de pobreza e de exclusao social. Amatriz»
escravistabrasileira, além de perpassar 0 passado, esta
presente no cotidiano da sociedade, em manifestagses
variadas.
Sposatti: a desigualdade:socialpeconémicare-politica na
sociedade brasileira chegou a tal grau que se torna
incompativel com a democratizagado da sociedade. Por
decorréncia, tem se falado na existéncia da apartagao
social. No Brasil a discriminagao é econémica, cultural
epoliticayalémede:étnica. Esse processo deve ser
entendido como exclusao, isto 6, uma impossibilidade»
de poder partilhar 0 que leva a vivéncia da privagao, da
recusa, do abandono e da expulsdao, inclusive com”
violéncia, de um conjunto significativo da populagao,
por isso, uma exclusao social e nao pessoal. Nao se
trata de um processo ‘ocesso individual, embora at embora atinja pessoas,
mas de uma légica:que:esta»presente:nas.varias:formas
de relagdes econdémicas, sociais, culturais e politicas da
sociedade:brasileira. Esta situacdo de privagao:coletiva,
é que se esta entendendo.por-exclusdo:social. Ela inclui
na ens mm aanCONE TOS, cemsseesssrsssenessenerrreerr
+ DesqualificagdoXintegragao: A integracao é a ideia de
inserir pessoas no meio de trabalho, o fracasso disso é
a Desqualificagao (desemprego). Integrado =
empregado. As condigdes do emprego contam (salario,
distancia...).
+ Desinsergdovinverso da integragado. Nao reconhecer um
trabalho como trabalho. Exemplo: faxineira. O inverso
também acontece, trafico = trabalho.
+ Desafiliagao: ruptura de pertencimento, de vinculo
societal. Trabalho auténomo, pode haver insuficiéncia
de recursos materiais. Exemplo: Uber.
- Apartagdo: um ser a parte - ndo semelhante.
+ A pobreza contemporanea tem sido percebida como
um fenédmeno-multidimensional atingindo tanto os
ae (indi af f
quanto outros segmentos da populacgao pauperizados:
pone i
(mi Sena
+ Nao éresultante apenas da auséncia de renda; inclui
outros fatores como 0 precario acesso aos servicos
publi , ae "
: . : :
O novo conceito de pobreza se associa ao de exclusao,
vinculando-se as desigualdadesvexistentesre
representagao e, nesse sentido, exclusdo social temque ser pensada também a partir da questao da
democracia.
+ Naperspectiva de que o vinculodominante:de:insergado
na*sociedademodernacontinua a ser a integragao:pelo»
trabalho; a transformagao produtiva adquire
preponderancia nas trajetorias de exclusao social. No
entanto, a exclusdao social, como ja temos afirmado, é
ee on : ~
- Aprecariedade e instabilidade dos vinculos do mundo
de trabalho formal produzem contingentes
populacionais desnecessarios. Nomundo'das relagées
a : ——
wa ‘| instituigdes) :
: : + -solidao.
+ Anaturalizagao do fendmeno da exclusao e 0 papel do
estigma servem para explicitar a natureza da incidéncia
dos mecanismos que promovem o ciclo da reprodug¢ao
da exclusdo, representado:pelasaceitagao:tanto:aomnivel»
social, como do proprio excluidos, expressa em
afirmagées como “isso € assim e nao ha nada para’
fazer".
-£ i cae an
denominado'ciclo'de’exclusao, no sentido de refor¢a-lo
eereproduzi-lo. "A estigmatizagao da pobreza funciona
através da logica que fazosidireitossserem=transformados em ajuda, em favores". —
No caso do Brasil, consideradas as particularidades
sdcio-econémicas, ideo-politicas e culturais, pode-se
dizer que estao sendo forjados, entre nds, personagens™
que*sdo:incémodospoliticamente - a eles sdo
atribuidos os males de nossa politica -, ameagadores
socialmente (sao perigosos, pois nao'sao
simplesmente pobres, mas bandidos potenciais - a
representagao do pobre esta se modificando entre nos:
a sua identidade esta cada vez mais relacionada a sé
bandido marginal) e desnecessarios economicamente
(uma massa crescente de pessoas que nado tem mais:
possibilidade de obter emprego, pois sao
despreparados).
Assim, pobreza.e.exclusao.no.Brasil.sao faces de uma
mesma moeda. Asvaltas*taxas*de:concentragadorde
renda e de desigualdade convivem com os efeitos
perversos do fendmeno do desemprego estrutural.