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Gestao de Politicas de Seguranca Publica
Gestao de Politicas de Seguranca Publica
problemas, impasses
e desafios
Gestão de políticas de segurança pública no Brasil:
problemas, impasses e desafios
Paula Rodriguez Ballesteros
Resumo
O artigo propõe-se a discutir as políticas de segurança pública pela perspectiva da gestão pública, destacando, para tanto, dois
importantes aspectos: o das relações intergovernamentais e o da intersetorialidade. O histórico institucional brasileiro exposto
no texto demonstra que a estrutura político-administrativa estatal e a dinâmica interorganizacional da segurança pública têm
importantes implicações para o sucesso das políticas do setor. As mudanças ocorridas neste cenário, apesar de não conso-
lidadas, apresentam grande potencial de transformação, mas dependem, sobretudo, de capacidade e vontade dos atores
envolvidos na área para serem fortalecidas e incorporadas de forma permanente à gestão da segurança pública no Brasil.
Palavras-Chave
Segurança pública; gestão pública; relações intergovernamentais; intersetorialidade
talizado. Nesse contexto, os governos es- gurança pública ainda mais complexo. A dis-
taduais teriam tido seu poder fortalecido tribuição de poder entre os níveis de governo
diante do esgotamento do domínio federal, e o tipo de relação estabelecida entre eles são
estabelecendo, naquele momento pós-cons- decisivos para a definição das ações que serão
titucional, relações intergovernamentais adotadas na área de segurança pública, deter-
predatórias e não cooperativas. minando desde seus conteúdos até a maneira e
momento oportunos de executá-las.
Tradicionalmente, as implicações da estru-
tura federalista para a caracterização das polí- O federalismo como forma de organização
ticas públicas nacionais foram analisadas ape- político-territorial, segundo corrente majoritária
nas para as políticas sociais e fiscais. Em raras da doutrina, tem forte impacto na estrutura ad-
oportunidades as análises desta natureza foram ministrativa e no desenho e implementação das
estendidas às políticas de segurança pública. políticas públicas, e a interação que se dá entre
Isso porque, no entender de alguns analistas, o governo central e os governos subnacionais em
os vazios eram tão mais expressivos do que as uma federação é essencial para definir o modo e
ações empreendidas, que não haveria elemen- a qualidade com que o Estado proverá direitos
tos sobre os quais fazer considerações teóricas. fundamentais dos cidadãos (STEPAN, 1999).
Em diferentes medidas, áreas como, por Alguns autores (ADORNO, 1999; 2003;
exemplo, educação, saúde e assistência social 2008; SOARES, 2007; MESQUITA NETO,
já passaram por reformas que exigiram a su- 2008) identificam como um dos principais en-
peração ou relativização dos obstáculos legais traves ao desenvolvimento de reformas consis-
e político-administrativos e a reformulação do tentes no sistema de segurança pública o jogo
papel dos entes federativos a fim de constituir político estabelecido desde a época da consti-
políticas públicas nacionais integradas. Respei- tuinte, a partir do qual lobbies corporativistas
tada a autonomia política das entidades sub- e lideranças locais têm se mostrado poderosos
nacionais, a adesão às políticas federais deu-se nas negociações político-partidárias e nos ar-
primordialmente em razão dos incentivos ofe- ranjos federativos sobre área da segurança, re-
recidos pelo governo central, combinados ao tardando um deslocamento contundente no
consenso sobre o conteúdo das reformas, de- sentido da democratização.
Artigos
Como se sabe, embora o governo federal de- repressão (ADORNO, 1999). Em um segun-
sempenhe uma posição estratégica na formu- do momento, o crescimento da criminalidade
lação e implementação de políticas de segu- e da violência ganhou visibilidade e entrou
rança e justiça criminal, a execução dessas po- para a agenda nacional. Diante disso, aquele
líticas está sob encargo dos governos estaduais primeiro movimento no sentido estadual, em
que, por sua vez, enfrentam problemas locais, decorrência do clamor popular, abriu espaço
reconhece-se no PNSP a virtude de ter coloca- os efeitos práticos de uma reorganização ins-
do o tema da segurança na agenda nacional, titucional só se fariam sentir a longo prazo
sistematizando várias das contribuições sobre (SOARES, 2007, p. 88).
o tema, enfatizando seu caráter social e desta-
cando o governo federal como protagonista da O segundo mandato de Lula manteve a
coordenação federativa no setor (ADORNO, continuidade dos dois planos anteriores com
Gestão de políticas de segurança pública no Brasil:
problemas, impasses e desafios
Paula Rodriguez Ballesteros
2003; SOARES, 2007; SENTO-SÉ, 2011). relação ao tema da segurança pública, consti-
tuindo uma importante série histórica para o
No governo de Luiz Inácio Lula da Silva, tema no país (SOARES, 2007). Por meio do
reforçou-se o caráter articulador do governo Programa Nacional de Segurança com Cida-
federal, associando-o à ênfase dada às políti- dania4 (Pronasci), o governo Lula objetivou
cas preventivas e à valorização profissional dos estabelecer um “novo paradigma” para a se-
trabalhadores da área de segurança. A rearticu- gurança pública, ao promover a inclusão dos
lação federativa, entre outros temas, foi objeto municípios e da sociedade civil como atores
do Comitê de Articulação Federativa (CAF) fundamentais da ação estatal para o setor, rela-
do governo, que se propunha a “promover a ar- cionados principalmente às políticas preventi-
ticulação na formulação de estratégias e imple- vas destacadas no Programa.
mentação de ações coordenadas e cooperativas
entre esfera federal e municipal de governo, O Pronasci foi criado por Medida Provi-
para atendimento das demandas da socieda- sória e depois instituído por lei5 debatida no
de e aprimoramento das relações federativas” Congresso Nacional, e tinha previsão orça-
(BRASIL, 2007 apud GONÇALVES, 2009). mentária de médio prazo (seis anos, incluindo
metade do mandato do sucessor na Presidên-
No Projeto Segurança Pública para o Bra- cia), cujo gasto foi definido de acordo com os
sil , de 2002, elaborado com participação de
3
projetos que constituíam o Programa em cada
alguns setores da sociedade, propuseram-se um dos Estados e municípios que a ele ade-
reformas estruturais abrangentes, inclusive no riram, características gerenciais que os planos
que toca às normas constitucionais. Entretan- anteriores não tinham.
to, segundo Soares,
O presidente reviu sua adesão ao Plano e Além destes projetos nacionais, em três ou-
desistiu de prosseguir no caminho previsto, tras oportunidades o governo federal se propôs
porque percebeu – na interlocução com a ins- a discutir a reforma do sistema de segurança
tância que, à época, se denominava “núcleo de forma integral e considerando os aspectos
duro do governo” – que fazê-lo significaria federativos da política de segurança, sem, con-
assumir o protagonismo maior da reforma tudo, lograr êxito. A primeira, em 1997, sob
institucional da segurança pública no país, coordenação da Secretaria de Direitos Huma-
Artigos
por outro projeto apresentado pelo Ministro dos governos subnacionais e o Ministério da
de Justiça do mesmo governo, às vésperas de Justiça, via Secretaria Nacional de Segurança
eleições, que relegaram à segunda ordem tanto Pública (Senasp), cujo resultado implicaria a
uma proposta quanto a outra6. Já em 2001, o criação de um plano de segurança e um comitê
Ministério da Justiça, logo depois de lançado de gestão integrada para cada uma das entida-
o primeiro Plano Nacional de Segurança Pú- des governamentais.
Segurança Pública, Chefe da Polícia Civil, Co- cas – que, em plenária, validaram o Termo de
mandante Geral da Polícia Militar, e demais di- Referência base para a atuação dos Gabinetes.
rigentes dos órgãos subordinados à secretaria de Em sua introdução, o documento define:
segurança pública estadual. Ademais, deveriam
ser convidados integrantes das Secretarias Mu- Sem gestão não há política de segurança e políti-
nicipais relacionadas à pasta da segurança, bem ca de segurança implica articulação sistêmica das
como representantes das Guardas Municipais, instituições. Sendo assim, uma política de segu-
do Ministério Público e do Poder Judiciário. rança pública eficiente tem como pressupostos:
Observatório da
Segurança Pública
Gestão do
Conhecimento
Deliberação e
Coordenação
Pleno GGI-M
I - Prefeito;
Disque II - Autoridades Municipais responsáveis pelas
Segurança Pública
PRONASCI
Gestão das Ações
Formação e da
Sala de
Mobilização
Vídeo Situação e +
Monitoramento no município: Polícia Civil, Polícia Militar e KIT DE Comunicação
Operações Cortpo de Bombeiros;
Disque
Denúncia V - Representantes do Ministério da Justiça:
Coordenador Estadual do PRONASCI, Polícia
Federal e Polícia Rodoviária Federal;
VI - Secretário Executivo GGI-M
Legenda
Integração do jovem Estrutura
e da família
Processo
Artigos
nismo de gestão – dados qualificados, diag-
nósticos rigorosos, planejamento sistêmico, Costa e Grossi (2007) caracterizam o
avaliação regular e monitoramento corretivo FNSP como importante ferramenta de indu-
(MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2009, p. 35). ção das políticas locais de segurança pública e
de cooperação intergovernamental, restringi-
Em 2004, o Conselho Gestor do Fundo do, porém, pela falta de maior empenho do
e comandada pelo governo federal para uma meros atores e tipos de intervenção, de forma
política unificada de segurança pública. Na a assegurar uma abordagem democrática e efi-
formalização dos convênios com os Estados e ciente para os problemas causados pelo crime e
municípios, pode-se ter perdido uma oportu- pela insegurança no seio da população.
nidade única nesta relação “conflituosa” entre
os governos locais com o governo federal. Isto Um sistema com muitas peças e pouca
se deve basicamente às exigências ou condi- engrenagem
cionantes que a União poderia ter colocado Algumas iniciativas governamentais têm re-
àqueles que desejassem utilizar os recursos do presentado mudanças na forma – e, mormen-
Fundo (GROSSI, 2004, p. 51-52). te, no discurso – de como a segurança pública
vem sendo administrada nos últimos 25 anos
Apesar de não contar com recursos vincula- no Brasil. Ainda que o governo federal não te-
dos decorrentes de determinação constitucio- nha a competência legal para lidar com o tema,
nal, como são o caso da saúde e da educação, sua postura política apoiada em habilidades
os montantes dos gastos do Fundo Nacional que superam as restrições da normatividade
de Segurança Pública, bem como as demais tem servido para movimentar um ambiente
despesas da União com a função segurança pú- pautado pela inércia e ao mesmo tempo pela
blica, nunca foram desprezíveis e, ao contrário, reatividade. Mesmo não consolidadas, estas
na maior parte do período aqui analisado, ob- mudanças devem ser consideradas importantes
servaram tendência crescente. marcas na governança da segurança pública.
Contudo, assim como nos planos nacio- Todavia, é nos níveis estaduais e municipais
nais, tanto na experiência dos GGI como no desta política pública onde as modificações são
caso do FNSP, em que pesem suas potenciali- mais cogentes, o espaço onde elas mais cus-
dades, inclusive na integração entre essas duas tam a ocorrer. Em outras palavras, os maiores
últimas estratégias político-administrativas, gargalos da política de segurança pública bra-
é possível verificar que as relações intergover- sileira na atualidade surgem sob o pretexto de
namentais na área de segurança pública não que congregar ações de vários órgãos e de di-
constituíram a organicidade e densidade ne- ferentes naturezas, ainda que na mesma esfera
cessárias para consolidar o pacto federativo que de governo, teria, além de um custo político
Artigos
governos não conseguiria superar11. ocorre de forma seletiva e segmentada, a de-
pender dessas burocracias insuladas que fazem
Assim como em outras áreas sociais, o de- parte do sistema de segurança e, porque não
bate de ideologias e procedimentos está longe dizer, impulsionada pelos casos de violência de
de ser um passo imediato na direção das trans- grande repercussão nacional.
formações institucionais. No caso da seguran-
prática. Para o autor, estas organizações operam têm pessoal capacitado em políticas públicas e
por meio de uma “informalidade instituciona- somente sete em gestão financeira e de recur-
lizada” fundada em diferentes lógicas, muitas sos humanos; além disso, cinco secretarias não
vezes criando conflito entre as instituições – possuem profissionais capacitados em nenhu-
que, em tese, teriam um mesmo objetivo a ser ma das áreas estratégicas apontadas13.
compartilhado –, e causando, assim, a inefici-
ência do conjunto do sistema. O alto grau de Outro dado interessante em termos de
desconfiança e a diferença de “prestígio” entre composição é o que demonstra a elevada
os órgãos, associados à demanda por eficiência, prevalência dos membros policiais, em detri-
levaria o sistema de justiça criminal a funcionar mento de profissionais de outras áreas. Assis-
com base em “padrões cartoriais” (RATTON; tentes sociais e pedagogos estão presentes em
TORRES; BASTOS, 2011), que configurariam apenas 3 secretarias; profissionais de saúde,
uma “justiça de linha de montagem” (SAPORI, em 5 secretarias; administradores e gestores
2006) muito distante de responder às demandas públicos, em 4 secretarias; e estatísticos, em
substantivas da população diante do crime e de apenas 2 das 22 secretarias pesquisadas. No
outras formas de violências. âmbito específico da articulação, a pesquisa
mostra, ainda, que o relacionamento estreito
Pesquisa realizada por Costa (2011), por com as polícias civil, militar e técnico-cientí-
sua vez, aponta que também a administração fica se dá em mais de 80% das secretarias de
da segurança pública levada a cabo pelas secre- segurança, e com o poder judiciário, o minis-
tarias estaduais designadas para o setor, além tério público e o sistema penitenciário se dá
de pouco conhecida, é muito mal estruturada em em torno de 75% destas instituições. Em
e quase sempre incoerente, no que tange aos contrapartida, as relações com outros órgãos
aspectos de governança, ou seja, à capacida- públicos estaduais, com outras secretarias es-
de de formular e coordenar políticas públicas taduais de segurança pública e com as secreta-
em rede, principalmente em razão de valores, rias municipais dedicadas ao setor são muito
racionalidades e prioridades próprios de cada mais frágeis (respectivamente, 54,5%, 27,3%
ator integrante da rede. e 36,4%), superando apenas a relação estabe-
lecida com as organizações da sociedade civil
No contexto brasileiro, o estudo mostra (27,3%) e com as universidades (27,3%).
Artigos
países da América Latina. Segundo a entidade, estudos e documentos oficiais já avançou nesse
El panorama de la seguridad pública en Bra- sentido, cumpre fazer algumas ponderações que
sil es muy complejo y a la vez problemático, se coadunam com a perspectiva de gestão da se-
pues todos los cuerpos policiales que funcio- gurança pública aqui proposta.
nan en el territorio llevan a cabo su misión de
manera separada, con organización y criterios O primeiro ponto relaciona-se ao fato de
Esses dados corroboram a ideia de que Isso ocorre muito mais por parte dos gover-
tanto as agências do poder Judiciário crimi- nos estaduais do que do governo federal, que
nal como também as estruturas do Executivo progressivamente, na linha de desenvolvimento
apresentam resistências e guardam relação com de uma reforma do Estado descentralizadora,
uma estrutura arcaica e pouco modificada, e conforme demonstrado anteriormente, impul-
padecem com obstáculos ideológicos e admi- sionou as esferas municipais a participarem desta
nistrativos que muitas vezes inviabilizam o seara, tanto por meio do resgate e reorganização
processo de governança democrática na área de suas guardas municipais, como do incentivo a
de segurança pública. projetos envolvendo jovens e comunidades terri-
torialmente identificadas como vulneráveis.
A escolha de Sofia
A ação do sistema de justiça criminal e dos O segundo ponto é que, como aponta So-
Executivos estaduais são, com as políticas de ares (2006), as práticas preventivas não são
prevenção, dimensões que compõem a rede de apenas aquelas estruturais, “destinadas a agir
políticas do sistema de segurança pública, e que sobre as macroestruturas socioeconômicas do
entre si são complementares e reciprocamente país”, mas também aquelas tópicas, que, por
hoje têm sido usadas para a formulação de e da falta de oportunidades, adotam-se medi-
políticas públicas na área da segurança e que das humanitárias e de inclusão social (oportu-
acabam criando dissensos conceituais refleti- nidades de emprego, participação comunitária,
dos na elaboração dos projetos para o setor. valorização da educação, ressocialização do cri-
Para o autor, minoso), evitando que o crime aconteça e, para-
Parece que uma das razões do fracasso e da lelamente, atendendo aos preceitos basilares de
inexistência de políticas nessa área reside direitos humanos (SAPORI, 2007).
num plano puramente cognitivo. A pro-
posição de políticas públicas de segurança, A dicotomia entre políticas preventivas e
no Brasil, consiste num movimento pen- repressivas nas políticas de segurança pública é
dular, oscilando entre a reforma social e apresentada pelos governantes como “a escolha
a dissuasão individual. A ideia da reforma de Sofia”, figurando não só como uma ques-
decorre da crença de que o crime resul- tão ideológica, mas também sendo apresenta-
ta de fatores socioeconômicos que blo- da como uma decisão administrativa: seja pelo
queiam o acesso a meios legítimos de se argumento de que as verbas são limitadas e é
ganhar a vida. [...] preciso fazer opções nos dispêndios financeiros,
seja porque ainda não foram encontradas (ou
No outro extremo do movimento pendular não se propuseram a encontrar) estratégias que
estão aqueles que acreditam que o problema conciliem as duas vertentes de forma harmonio-
do crime é fundamentalmente uma questão sa e eficiente, optando-se, então, pela de maior
de polícia e de legislação mais repressivas. repercussão e familiaridade: o uso da força.
A dissuasão do comportamento crimino-
so, então, passaria necessariamente por uma Considerações finais
atuação mais intensiva do sistema de Justiça Na perspectiva da gestão de políticas de se-
Criminal (BEATO FILHO, 1999, p. 24-25). gurança pública, o que nos propusemos a dis-
cutir neste trabalho é a necessidade de analisar
Por um lado, entende-se que a punição é e administrar atores, estruturas, processos e re-
elemento fundamental para afirmação de valo- sultados, tanto do ponto de vista específico do
res socioculturais e que, sendo o criminoso um que cada um destes elementos representa para
ator racional, deve assumir a responsabilidade a segurança pública, como do ponto de vista
Artigos
Uma visão menos monolítica e compacta do senvolvimento (BID) apontou, tomando como
Estado e, ao mesmo tempo, questionamentos exemplo o Estado de São Paulo, que muitos
mais ampliados sobre processos decisórios por são os obstáculos e desafios para uma gestão
ele coordenados permitem análises mais condi- governamental efetiva no setor de segurança
zentes com a realidade sociopolítica brasileira e pública (TUDELA, 2006). No que se refere ao
com sua governabilidade, importantes para o marco regulatório, o trabalho indica a ausência
2. O episódio que ficou conhecido como “Ônibus 174”, em que um jovem sequestrou um ônibus na cidade do Rio de Janeiro e fez seus
Artigos
passageiros reféns. A história terminou com a morte de uma mulher e do próprio sequestrador.
4. Anunciado depois dos ataques da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), em São Paulo, em 2006.
5. Lei 1.530/2007.
6. À época, figurava como Secretário de Direitos Humanos José Gregori, e como Ministro de Justiça, Íris Rezende.
7. Durante os dois governos de Fernando Henrique Cardoso o Ministério da Justiça teve nove titulares.
8. Existe um projeto de lei, de 2007, do então Ministro da Justiça, Tarso Genro, e um de 2006, dos deputados federais Ricardo Santos
(PSDB-ES) e Carlos Humberto Manato (PDT-ES) Ver Ministério da Justiça (2006).
9. O fato gerador do funcionamento do GGI foi o episódio ocorrido no Espírito Santo, envolvendo a morte de um juiz, que estaria
Gestão de políticas de segurança pública no Brasil:
problemas, impasses e desafios
Paula Rodriguez Ballesteros
desvelando o crime organizado no estado, cuja participação de altas autoridades políticas parecia estar sendo provada (MJ, 2009).
10. Para informações estruturais e administrativas sobre os GGI existentes, ver pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2013).
11. Para contraposição a este argumento, ver Cerqueira, Lobão e Carvalho (2005).
12. Não responderam ao questionário de pesquisa, desenvolvido em conjunto pela Universidade de Brasília e a Secretaria Nacional de
Segurança Pública do Ministério da Justiça, os Estados de Alagoas, Espírito Santo, Maranhão, Paraíba e Roraima.
13. As áreas abordadas foram: segurança no trabalho, saúde ocupacional, Renaesp, direitos humanos, gestão financeira, gestão de
recursos humanos, políticas públicas e análise criminal.
ALVAREZ, Marcos Cesar; SALLA, Fernando; SOUZA, Luís CERQUEIRA, Daniel; LOBÃO, Waldir; CARVALHO, Alexan-
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Artigos
35, 2011, Caxambu. GT 38 – Violência, criminalidade e
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namentais e segurança pública: uma análise do Fundo ça Pública, n. 1, p. 32-47.
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um sistema frouxamente articulado. In: SLAKMON, C.;
FLACSO. Informe Nacional Brasil. Reporte Sector Se- MACHADO, M. R.; BOTTINI, P. C. (Orgs.). Novas direções
Resumen Abstract
Gestão de políticas de segurança pública no Brasil:
problemas, impasses e desafios
Paula Rodriguez Ballesteros
Gestión de políticas de seguridad pública en Brasil: Managing public safety policies in Brazil: problems,
problemas, impases y desafíos deadlocks and challenges
El artículo se propone discutir las políticas de seguridad This paper presents a discussion on public safety policies
pública desde la perspectiva de la gestión pública, from the standpoint of public management. Two important
destacando, para ello, dos importantes aspectos: el de las aspects were highlighted: intergovernmental relations
relaciones intergubernamentales y el de la intersectorialidad. and intersectorality. The survey on the history of Brazilian
El historial institucional brasileño expuesto en el texto institutions presented in this paper suggested that the
demuestra que la estructura político-administrativa estatal government’s political and administrative structure and the
y la dinámica interorganizacional de la seguridad pública public safety interorganizational dynamics are both crucial
tienen importantes implicaciones para el éxito de las políticas for successful policies in this sector. The changes that have
del sector. Los cambios acaecidos en este escenario, a pesar occurred in the realm of public safety remain unstable, but
de no haberse consolidado, presentan un gran potencial de they have a great transformative potential. This, however,
transformación, pero dependen, sobre todo, de la capacidad relies on the ability and will of all stakeholders to strengthen
y voluntad de los actores involucrados en el área para these changes and permanently integrate them into public
que estos se vean fortalecidos e incorporados de forma safety management in Brazil.
permanente a la gestión de la seguridad pública en Brasil.
Keywords: public safety; public management;
Palabras clave: seguridad pública; gestión pública; intergovernmental relations; intersectorality.
relaciones intergubernamentales; intersectorialidad.