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1. Introdução
O artigo se propõe a identificar e sistematizar os mecanismos atuais de gestão e
avaliação do trabalho docente utilizados pela Secretaria de Estado da Educação do
estado de São Paulo (SEE) e as implicações destes para o trabalho de professores dos
anos iniciais do ensino fundamental. Para tanto foi realizada uma pesquisa documental e
empírica de modo que se puderam observar medidas que apontam para um movimento
de sistematização de políticas que, apesar de organizadas em frentes distintas, articulam
a gestão dos professores aos processos pedagógicos. O estudo além de identificar um
conjunto de repercussões que interferem no trabalho das profissionais em diversos
aspectos demonstrou a estreita relação entre as medidas implementadas e as
perspectivas gerencial e performativa, eixos centrais na concepção das políticas de
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fazendo o professor da sala tomar ciência assinando o documento. Destaca-se que neste
roteiro há o registro se o professor da sala está seguindo, ou não, as Orientações
Curriculares da SEE (SÃO PAULO, 2008b).
Na perspectiva dos professores, tanto a avaliação pelos pais/alunos como pelo
próprio professor coordenador não apresentaram intensidade mais explícita. No entanto,
as duas medidas somando-se às demais acabam colaborando na construção de um
ambiente cuja vigilância é permanente de modo que o indivíduo sente-se avaliado em
cada ação que desenvolve.
A política gerencial e performativa faz uso de distribuição calculada de
mecanismos de modo que se elabora formas arquiteturais de poder, de motivação,
hierarquia, pretendendo-se a remodelação do indivíduo (BALL, 2002). Neste sentido, a
articulação entre IDESP e a BR possibilitam ao Estado formas de persuasão e controle
do trabalho docente já que o IDESP indica quem serão os premiados/punidos com o
recebimento/ou não da BR. Este processo parece simples, mas a pesquisa indicou que a
partir das diversas ações implementadas pela SEE, a escola, gradativamente, incorporou
determinados princípios gerenciais e performativos passando a utilizá-los como
parâmetros de análise e releitura para a condução de seus trabalhos. Consequentemente,
os dois principais mecanismos de controle produziram inúmeras repercussões para o
trabalho docente e o ambiente de trabalho. Entre as quais destacam-se:
Visibilidade positiva/negativa
Um dos objetivos das políticas performativas é a tentativa de “remodelar” os
indivíduos segundo padrões determinados. Para tanto, lançam mecanismos que se
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“Migração” docente
A instituição de índices de desempenho por escolas acaba classificando as unidades
segundo sua capacidade de atingir as metas propostas. Nessa perspectiva a boa escola
torna-se a organização eficiente que produz resultados. Essa constatação está gerando
uma situação preocupante do ponto de vista pedagógico. As professoras entrevistadas
revelaram um movimento de “migração” de professores, ou seja, diversos profissionais
estão buscando lecionar em escolas cuja possibilidade de receber a BR seja maior.
Desse modo, as escolas que supostamente apresentam menores condições para
atingir a meta acabam sendo colocadas em segundo plano pelos professores nos
processos de atribuição de aulas. As condições investigadas levam a crer que de médio a
longo prazo a seleção de escolas orientadas por critérios como a capacidade de
resultados da unidade, no mínimo, estimulará um movimento de reorganização do
deslocamento dos melhores profissionais, ou pelo menos, dos mais experientes, para
escolas que já apresentam condições positivas (nível básico ou adequado) se
comparadas a muitas outras unidades em condições inferiores (abaixo do básico).
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Considerações finais
Tentou-se demonstrar ao longo do artigo os principais mecanismos de controle
implementados pela SEE e as implicações que tais instrumentos propiciaram ao trabalho
dos professores dos anos iniciais do ciclo I do ensino fundamental. Inspirados nos
princípios gerenciais e performativos tais mecanismos buscam, reformar as instituições
e os servidores passando de uma lógica taylorista/fordista a uma lógica gerencial.
Para consecução de tais objetivos uma série de implementações foram colocadas
em prática na maior pasta do governo paulista. Tais mudanças constituem em
verdadeiros mecanismos de controle sobre o trabalho docente uma vez que tanto o
planejamento como a seleção dos conteúdos passam a ser centralizados através das
Orientações Curriculares da SEE. Observa-se uma tendência de valorização em grande
parte do Português e da Matemática em detrimento das outras disciplinas, numa clara
formatação a partir das exigências das avaliações externas, tal como o SARESP. Da
mesma forma, criaram-se instrumentos de monitoramento do trabalho do professor
através da Rotina Semanal e do acompanhamento da aula pelo professor coordenador.
A nova lógica de gestão da SEE emprega a competição e a meritocracia como
fios condutores de sua política. Foram criados os indicadores e as metas (IDESP) a
serem cumpridas premiando-se os melhores desempenhos (BR). Em nenhum momento
verificou-se as condições sociais e econômicas da comunidade escolar, muito menos as
condições físicas das escolas. Há uma clara intersecção de ações que relacionam ações
pedagógicas à política de desempenho de modo que os professores, considerados
executores ou técnicos em pedagogia, tivessem seu trabalho percorrido por uma
constante avaliação e mensuração, uma inconsequente comparação e publicização de
seus resultados e, por um profundo processo de responsabilização. Resiliência,
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Referências Bibliográficas
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