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GESTÃO ESCOLAR

Dra. Marcia do Vale

GUIA DA
DISCIPLINA
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância

GESTÃO EDUCACIONAL E ESCOLAR

Para Freire, saber pensar e não ter certeza de suas próprias certezas,
é criticar, analisar e, junto ao educando, desenvolver onde querem
chegar objetivando melhor domínio. Nisto cria-se um ambiente de
diálogo, liberdade de expressão e troca de experiência, com isso inicia
o desejo do saber necessário.

Introdução:

Ao ver que uma das principais mensagens desta obra é o amor ao ensinar; podemos
assim dizer que é um dom e não cabe a todos os homem e mulheres, é algo simplesmente
particular que reunido com a vontade de aprender entre professor e aluno gera uma
autonomia genuína e real no campo da educação.

Ao formar indivíduos com capacidade para transformar fazemos assim a diferença


num sistema sócio – econômico – político tendo a certeza que o sistema opressor não
influenciará na informação obtida. Não tem espaço para a marginalização ou exclusão,
desta ou daquela criança, família, comunidade. Conforme Saviani (2005):

Nesse quadro, a causa da marginalidade é identificada com a


ignorância. É marginalizado da nova sociedade quem não é
esclarecido. A escola surge como um antídoto à ignorância, logo, um
instrumento para equacionar o problema da marginalidade. Seu papel
é difundir a instrução, transmitir os conhecimentos acumulados pela
humanidade e sistematizados logicamente.

A escola então surge na sociedade organizada como um local em primeiro momento


somente para crianças: vamos ao poema que dá concepção à escola.

Escola é... Indiferente, frio, só.


O lugar onde se faz amigos Importante na escola não é só estudar, não é só
Não se trata só de prédios, salas, quadros, trabalhar,
Programas, horários, conceitos... É também criar laços de amizade,
Escola é, sobretudo, gente, É criar ambiente de camaradagem,
Gente que trabalha, que estuda, É conviver, é se “amarrar nela”!
Que se alegra, se conhece, se estima. Ora, é lógico...
O diretor é gente, Nunca escola assim vai ser fácil
O coordenador é gente, o professor é gente, Estudar, trabalhar, crescer,
O aluno é gente, Fazer amigos, educar-se,
Cada funcionário é gente. Ser feliz.
E a escola será cada vez melhor Paulo Freire
Na medida em que cada um
Se comporte como colega, amigo, irmão.
Nada de “ilha cercada por todos os lados”.
Nada de conviver com as pessoas e depois
descobrir
Que não tem amizade a ninguém
Nada de ser como o tijolo que forma a parede,

Gestão Escolar 1
Quando pensamos em escola, pensamos em gestão da educação e ou gestão
escolar e vamos continuar com algumas definições que citadas nos reportem aos conceitos
já estudados. Rodrigues (1987) reforça o raciocínio ao afirmar que a instituição escolar não
é uma empresa e sim um local por onde passam prioritariamente relações humanas,
sociais, culturais e políticas. E, por isso, dirigi-la não é tarefa que se esgota no
desenvolvimento de exigências técnicas, mas, no apelo, nos desejos, as diferenças sociais,
às emoções e ao comprometimento com a política de transformação social por parte
daqueles que participam do processo educativo.
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1. COMUNIDADE ESCOLAR

COMUNIDADE – esse é o nosso início...

O livro - Comunidade: a busca por segurança no mundo atual promete prazeres, não
alcançáveis, que todos gostariam de experimentar. Como diz Zygmunt Bauman
(2007): Para começar, a comunidade é um lugar "cálido", um lugar confortável e
aconchegante (...) Lá fora, na rua, toda sorte de perigo está à espreita; temos que estar
alertas quando saímos, prestar atenção com quem falamos e a quem nos fala, estar de
prontidão a cada minuto. Esta é uma definição do sociólogo Bauman em um estudo sobre
a sociedade pós-moderna em que vivemos.

Agora considerando que comunidade é um grupo maior ou menor de indivíduos


agrupados unicamente por habitarem o mesmo lugar, como é o caso de um condomínio de
casas ou de apartamentos, e por estarem associados com vistas às mesmas finalidades.
Por Mario Guerreiro.

Portanto a comunidade escolar é:

Como a própria definição diz, Comunidade Escolar é o corpo social da escola.


Assim, escola não é somente formada por alunos, professores e diretores.

Nos tempos atuais a escola precisa ser formada por um grupo, que trabalhando
coletivamente atendam as necessidades dos alunos e da sociedade. São eles: alunos,
professores, diretor, coordenador, serventes, merendeiras, inspetores, pais, enfim todos
aqueles que direta ou indiretamente estão envolvidos com o ensino-aprendizagem.

Muita gente não sabe, mas escola de qualidade é aquela que possui espaços para
discussões e decisões coletivas. É isso aí. Acabou o tempo em que o diretor ditava as
regras. Agora todos podem apontar o que está errado e dar sugestões para melhorar. Mas
não é só isso. Também temos que colocar a mão na massa. Muita coisa os órgãos públicos
devem fazer pela escola, mas muitas outras podem ser feitas por nós.

Então pense e responda para si mesmo: O que você fez hoje para melhorar...

https://sites.google.com/site/emefdelcelia/comunidade-escolar

Gestão Escolar 1
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Os nossos conceitos, definições, moral e ética, se revelam em nossas ações dentro


e fora da escola. Você enquanto ser humano tem seus acertos e erros e assim será
enquanto gestor de uma unidade escolar. Não pode ter medo de errar e existem três ações
indispensáveis que são “tempo, presença, lembrança”.

Um gestor escolar precisa gostar e querer trabalhar dentro de uma unidade tão
complexa que é a escola neste século; é na escola que a sociedade se mostra; é dentro da
escola que todos os problemas sociais, familiares, economicos e afetivos se revelam.

O gestor é o grande articulador dessa família chamada escola e com certeza seu
mentor; dizem que a escola é a cara do seu diretor e de como ele entende a mesma. Os
conflitos dentro de uma escola são muito mais de ordem pessoal do que de ordem
administrativa.

Neste século um gestor ou gestora não gerencia a escola sozinha e precisa ter em
mente que as decisões nem sempre são as melhores ou as mais corretas, mas sim aquelas
tomadas em comunhão. Os diretores de escola chegam as unidades de diferentes maneiras
e o bom andamento se deve ao envolvimento com a comunidade escolar; seja ela onde for
e como for.

A comunidade escolar são os tentáculos do gestor e pode ajudá-lo nos rumos e


ordenamentos de prioridades e o mais importante, influenciar no pedagógico e no gosto
pela escola e pelos estudos. O gestor hoje em pleno século XXI é um mediador de conflitos
da escola.

A função social da escola é uma discussão de âmbito nacional e que prevalece em


todos os encontros, congressos e pesquisas deste século com vários grupos de estudiosos
onde o foco é o fracasso escolar, pois afirmam que a escola tal como está instituida não
gera um cidadão de sucesso.

Poderiamos aqui entrar no mérito dos órgãos públicos e do fracasso nos meios de
avaliação como Prova Brasil, Saresp, Enem, etc... que apenas querem medir o grau de
aprendizagem por mecanismos erroneos ao perfil do Brasil.

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Pensar em educação esquenta nossa mente e nunca sabemos se estamos


certos. Mas, assim mesmo, defendo escola pública para todos em igualdade.
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0245.html
Situação da escola pública.

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2. CONSELHO ESCOLAR ENTRE OUTROS

Agora nossa temática segue para CONSELHOS ESCOLARES.


Os conselhos escolares são um programa do governo federal intitulado “Programa
Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares” e se desenvolveu a princípio
capacitando as secretarias de educação, depois professores e depois a comunidade
escolar; isto é: funcionários, pais e pessoas ligadas a escola.

Hoje os conselhos fazem parte das políticas municipais, estaduais e federais, como
o CME- Conselho Municipal de Educação; CMDCA – Conselho Municipal dos Direitos da
Criança e do Adolescente; CT – Conselho Tutelar, etc...onde o governo estadual e federal
determinam a criação dos mesmo de acordo com o número de habitantes de cada cidade.

Os conselhos são formados para uma integração entre a comunidade fora da escola
e os membros da escola e para que esta tenha condições para responder aos anseios da
sociedade, no que diz respeito à formação do indivíduo para o trabalho e para a vida.
Devemos começar a desenvolver instâncias de vivência democrática e o conselho escolar
contribui para isso.

O conselho de escola é responsável pelo estudo e planejamento, debate e


deliberação; acompanhamento, controle e avaliação das ações do dia-a-dia da escola tanto
no campo pedagógico como no financeiro e no administrativo. Ele é articulado às ações,
acompanha os alunos que estão nos Programas desenvolvidos no ambiente interno da
escola, como programas de recuperação paralela, e também quanto às resoluções de
âmbito administrativo e financeiro. Contribuir para o direcionamento dos gastos das verbas
federais, estaduais e municipais de modo à garantir a melhor aplicação dos recursos.

O Conselho Escolar transforma a realidade da democracia na gestão da escola e do


sistema de ensino, enfoca que não se faz democracia sem o empenho de todos que fazem
parte da comunidade escolar e do sistema de ensino. É importante que o Conselho Escolar
exerça constantemente a tarefa de avaliar a escola como um todo e faça da autoavaliação
um dos momentos mais importantes em sua atuação, que deve ser transparente e mais
próxima da comunidade possível.

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O Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares tem como


objetivos:

• Ampliar a participação das comunidades escolar e local na


gestão administrativa, financeira e pedagógica das escolas
públicas;
• Apoiar a implantação e o fortalecimento de conselhos
escolares;
• Instituir, em regime de colaboração com os sistemas de ensino, políticas de
implantação e fortalecimento de conselhos escolares;
• Promover em parceria com os sistemas de ensino a capacitação de conselheiros
escolares;
• Estimular a integração entre os conselhos escolares;
• Apoiar os conselhos escolares na construção coletiva de um projeto educacional
no âmbito da escola, em consonância com o processo de democratização da
sociedade;
• Promover a cultura do monitoramento e avaliação no âmbito das escolas, para
a garantia da qualidade da educação.

Você poderá ler e ter acesso aos livros de formação dos conselhos escolares neste
site:

http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=279#:~:t
ext=O%20Conselho%20Escolar%20%C3%A9%20o,pedagogos%2C%20diretores%20e%20co
munidade%20externa.

Outro conselho importante ligado à escola pública é o conselho municipal de


educação. A criação do Conselho Municipal de Educação – CME tem como base legal a
Constituição Federal de 1988 no seu artigo 211 e o artigo 11 da Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional. Com a concepção de Conselho de Estado, o CME é um órgão que
integra o Sistema Municipal de Ensino. O CME só possui função quando o Município possui
Sistema de Ensino. Para proceder com a criação do CME é preciso alterar a Lei Orgânica
do Município, a Câmara de vereadores aprova a Lei de Criação do Sistema e a Lei de
Criação do CME.

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O Ministério da Educação mantém o Programa Nacional de Capacitação de


Conselheiros Municipais de Educação (Pró-Conselho), ação do governo federal que
estimula a criação de novos planos por meio de conselheiros e qualifica os gestores da
Educação das cidades brasileiras.

Os conselhos municipais de Educação estão presentes em 85% das cidades


brasileiras. Com funções diversificadas, eles ajudam a estabelecer um maior controle da
gestão municipal de ensino e, se bem conduzidos, podem ser um importante pilar de uma
gestão democrática, com a participação da sociedade civil nas decisões políticas
relacionadas à Educação.

https://www.anped.org.br/news/gafcerj-carta-aberta-para-conselheirosas-
escolares-carta-aberta-para-conselheirosas-escolares;

Ainda temos o Conselho Tutelar que auxilia o gestor na proteção das crianças e
adolescentes. O Conselho Tutelar zela por crianças e adolescentes que foram ameaçados
ou que tiveram seus direitos violados. Mas zela fazendo não o que quer, mas o que
determina o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente - lei 8069- 90) em seu artigo 136,
nem mais (o que seria abuso) nem menos (o que seria omissão).

Entre as diversas funções dos conselheiros está a apuração de denúncias de casos


de abusos, maus tratos, abandono dos pais ou responsáveis, não frequência na escola,
problemas de saúde, entre outros. Após receber a denúncia, cabe aos conselheiros agirem
para garantir e promover os direitos das crianças e adolescentes afetados.
As soluções podem envolver apenas uma medida ou diversas em conjunto, como:

• Orientações para os pais ou responsáveis;


• Orientações, apoio e acompanhamento temporário das vítimas;
• Inclusão em programas de auxílio ou comunitários;
• Afastamento do convívio familiar;
• Abrigo em entidades;
• Requerimento de tratamento médico;
• Informar o caso ao Ministério Público da cidade, em situações de crimes ou
infrações contra a criança ou adolescente;

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• Informar outros órgãos necessários, como Coordenadorias Regionais de


Educação (CRE) e Centros de Atenção Psicossocial (CAPS);

Os casos em vermelho são decisões do juiz da vara da infância e da juventude e não


do conselho tutelar que pode solicitar; porém quem decreta é o juiz. A escola em seu papel
de gestor tem a obrigação de denunciar oa casos acima citados, principalmente as faltas
constantes ou excessivas das crianças em que os pais ou responsáveis não deram
satisfação à escola.

Como existe o PNE – Plano Nacional de Educação, existe o PEE – Plano Estadual
de Educação e o PME – Plano Municipal de Educação e participar da elaboração e
condução deste implica em críticas e sugestões e confere uma das atribuições do CME –
Conselho Municipal de Educação, que são colegiados que reúnem representantes da
comunidade escolar e da sociedade civil para decidir os rumos da educação do município.
Os CMEs são fundamentais para a autonomia dos sistemas municipais. "A cidade que tem
conselho de educação consegue dirigir os rumos do ensino em suas escolas", ilustra Cleide
Bauab Bochixio (2016), gerente de desenvolvimento de projetos do Instituto Protagonistés,
organização não governamental de São Paulo que presta consultoria.

Hoje em 2016 temos 1293 cidades (23% dos municípios brasileiros) têm CME
estruturado. Poucos, contudo, trabalham em todas as frentes possíveis. "Ainda não temos
tradição de atuar nessas instâncias de decisão", afirma Arlindo Cavalcanti de Queiroz,
coordenador de Articulação Institucional dos Sistemas de Ensino do Ministério da Educação
(MEC). "Primeiro, é preciso vontade política do Executivo para estimular a criação desses
órgãos e a participação da comunidade. Depois, é necessário que seus membros se
disponham a estudar os problemas, a ouvir seus pares e a representá-los", explica.

O CMDCA é um conselho ligado ao CME e ao CT e caso tenham a curiosidade,


o site acima tem um CMDCA bem ativo e funcional.
http://www.cmdcasorocaba.org.br/

www.falandodegestao.com.br/dicionario

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3. GESTÃO X GESTÃO ESCOLAR

Tomamos por base alguns significados do termo Gestão ligados a compreensão de


educação.

O Dicionário Aurélio a define como o ato de gerir ou gerência e aponta a palavra


administração como sinônimo. Alguns autores, no entanto, entendem que administração
possui uma conotação diferente do vocábulo gestão já que esta, mais recentemente,
passou a significar a interferência direta e ampla dos gestores nos sistemas e
procedimentos empresariais. Neste sentido, gestão poderia ser definida como o
gerenciamento do conjunto de ações e estratégias nas organizações, de maneira holística,
visando atingir seus objetivos. Há uma linha de pensamento que afirma que a administração
está para os gerentes assim como a gestão está para os líderes.

Gestão de Pessoas é um departamento que substitui o departamento pessoal ou o


de recursos humanos e hoje está inserida na educação e no seu gerenciamento. A Gestão
de Pessoas ocorre através da participação, capacitação, envolvimento e desenvolvimento
de funcionários de uma empresa, e a área tem a função de humanizar as empresas
(Idalberto Chiavenato).

Para nós educadores já temos o termo embebido em nosso dia a dia com alunos;
acrescento a Gestão do Conhecimento que significa o processo sistemático, articulado e
intencional, apoiado na geração, codificação, disseminação e apropriação de
conhecimentos que são estratégicos o alcance dos objetivos da organização, alavancando,
multiplicando e gerando riquezas a partir do capital intelectual e do saber organizacional.

Segundo Souza (2012) a gestão do trabalho educativo assume diferentes


conotações de acordo com a concepção de educação, ensino-aprendizagem, formação
humana e pedagógica de cada dirigente ou equipe gestora. Quando o autor se refere as
concepções de educação implica na formação humana e trazemos em nós a ética da moral
e a vivência da família, do local onde nos formamos, de como chegamos a profissão; se foi
por imposição ou escolha pessoal.

Agora usando de Heloisa Luck (2008) o conceito de autonomia da gestão nos revela
a necessidade de autogestão, descentralização do poder e democracia no ensino de
Educação Básica. São tantos os conceitos, mas na prática muito ainda temos que
caminhar.

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Ao tentar definir a autogestão me remeto a avaliação diária de nossas atitudes, e


não ultrapassar os limites que a própria posição nos dá; já na descentralização do poder é
saber delegar ou dividir suas tarefas, acreditar que todos ao seu redor são capazes.

A democracia no ensino de Educação Básica pode em alguns momentos parecer de


uma abrangência muito grande; sendo que a democracia seria a decisão da maioria, pois
cada um vê as necessidades da unidade escolar por um ângulo e nos permite algumas
atitudes e outras acabam engessadas como por exemplo decidir a formação e constituição
das salas e anos de escolaridade.

HELOÍSA LÜCK. "A escola deve ser uma comunidade de aprendizagem


também em liderança, tendo em vista a natureza do trabalho educacional."

http://gestaoescolar.org.br/formacao/toda-forca-lider-448526.shtml

O foco da gestão escolar é a relação que é desenvolvida dentro dos limites da escola
e do seu entorno comunitário. Lück (2002) comenta seis motivos para se optar pela
participação na gestão escolar: melhorar a qualidade pedagógica; currículos concretos,
atuais e dentro da realidade; aumentar o profissionalismo docente; evitar o isolamento dos
diretores e professores; motivar o apoio comunitário às escolas; e, desenvolver objetivos
comuns na comunidade escolar.

O relacionamento humano é parte primordial da participação na gestão escolar e é


nele que reside o bom andamento da escola; o restante é mostrar a cada um seu papel
dentro do processo e todos são importantes, cada qual na sua função. O diretor é o maior
incentivador de sua equipe, dos docentes, dos funcionários, da equipe gestora, dos alunos,
dos pais e da comunidade em si.

Segundo texto publicado no programa Progestão de Minas Gerais, são princípios da


Gestão Democrática :

• Descentralização: A administração, as decisões, as ações devem ser elaboradas e


executadas de forma não hierarquizada;
• Participação: devem participar todos os envolvidos no cotidiano escolar
(professores, estudantes, funcionários, pais ou responsáveis, pessoas que
participam de projetos na escola, e toda a comunidade ao redor da escola).

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• Transparência: Qualquer decisão e ação tomada ou implantada na escola tem que


ser de conhecimento de todos.

Se a sua equipe gestora não tem nada de errado, porque esconder os dados da
escola? Se a intenção é boa, porque não divulgar? Se existem dúvidas porque não
perguntar?

O TEMPO disponível para o trabalho do gestor não se esgota em hora nenhuma do


dia; sua presença já diz e representa muita coisa, suas orientações e observações são a
todos os momentos, avaliadas. Alguns gestores não participam dos Conselhos de Classe
e Ano, delegando sua função ao Vice-diretor; trata-se de momentos marcantes onde
conseguimos avaliar o conjunto da sua escola e como os docentes interpretam a educação
e as crianças. Termino o texto com o poeta de Augusto Cury.

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4. GESTÃO DEMOCRÁTICA X GESTÃO COMPARTILHADA:


DIFERENTES CONCEITOS

As duas formas de gestão parecem se aproximar, mas são na verdade


representações de administração públicas com concepções bem diferenciadas. A gestão
democrática pertence a uma vertente que defende a escola pública e a igualdade para
todas as crianças, são os chamados educadores populares e tem com eles um leque de
autores brasileiros como Paulo Freire, Mario Sérgio Cortella, José Padilha, Ilma Passos,
Julio Groppa Aquino, José Carlos Libâneo, Sonia Krammer entre muitos outros.

A gestão compartilhada minimiza a responsabilidade do órgão público e transfere


aos pais e a comunidade por intermédio de análises quantitativas referendadas pelo Banco
Mundial sobre as análises dos sistemas avaliativos da educação. Vamos ver algumas
concepções:

A participação é uma característica indispensável numa gestão democrática, pois


através dela busca-se alcançar os objetivos com uma colaboração mais ampla e com
maiores possibilidades de obter sucesso naquilo que se almeja. É insdispensável que o
professor tenha consciência da importância desse tipo de gestão, pois o docente é uma
peça chave para um ensino de qualidade, logo sua colaboração e participação são
essenciais em meio a uma administração escolar democrática.

(...) administrar uma escola pública não se reduz à aplicação de uns tantos métodos
e técnicas, importados, muitas vezes, de empresas que nada têm a ver com objetivos
educacionais. A administração escolar é portadora de especificidade que a diferencia da
administração especificamente capitalista, cujo objetivo é o lucro, mesmo em prejuízo da
realização humana implícita no ato educativo.

https://www.sinprodf.org.br/gestao-compartilhada-nao-e-democratica/

Se administrar é usar racionalmente os recursos para a realização de fins


determinados, administrar a escola exige a permanente impregnação de seus fins
pedagógicos na forma de alcançá-los. (PARO, 2000)

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A participação, portanto, demanda preparação, que envolve a capacidade de tomar


decisões de forma compartilhada e comprometimento com a implementação das decisões
tomadas (Lück, 2007a). Em vista disso, cabe, pois, ao diretor, promover na escola o
ambiente propício para a orientação dessa participação.

A ambigüidade dos termos gestão compartilhada e gestão democrática, expressa na


apropriação dos mesmos por parte do Estado, que tem sido um meio de transferir a
manutenção financeira das escolas para a comunidade, e que assim passa a se
responsabilizar por ela. Essa estratégia de envolvimento da comunidade pode ser
considerada como um passo no processo de privatização do espaço público que vem sendo
implementado pelo Estado do Paraná [...] por exemplo.

Há uma progressiva desresponsabilização do Estado em relação ao financiamento


da educação e são incentivadas parcerias com setores da sociedade civil para gerir a escola
sem, no entanto, descentralizar o controle sobre a educação, (ZANARDINI. 2001).

O discurso do Estado é de que: a participação da comunidade é um meio de tornar


a escola mais democrática, no entanto, esta participação acaba por contribuir para que
implemente as propostas do mesmo sem que se tenha clareza do seu real significado. Esta
“partilha” com a comunidade, ou seja, esta divisão do espaço escolar se insere numa
perspectiva, onde para o Estado à parte que lhe cabe é o controle administrativo, enquanto
que para a comunidade caberia a manutenção financeira e a autonomia de resolver seus
próprios problemas.

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Tomar decisões é a essência da atividade administrativa. É o que provoca o


movimento da estrutura organizacional em busca dos seus objetivos. Em virtude disso,
muitas vezes tende-se a centrar na figura do líder (presidente da empresa, diretor de
escola...) o sucesso ou fracasso da organização. O líder é quem decide. Uma administração
ou gestão desse tipo, centralizada em uma pessoa, é chamada de GERIR, Salvador, v.7,
n.21, p.19-50, outubro 2001 21 diretiva.

Nela, o líder estabelece os objetivos de toda a organização, define o que vai ser
realizado, por quem, quando e com que recursos. Ele dirige as pessoas para que cumpram
o que foi estabelecido e verifica se o que foi determinado efetivamente foi realizado. Existe
uma clara divisão entre quem manda e quem obedece.

Na sua escola a administração é participativa ou diretiva? O líder é responsável


por tudo? O que você acha que acontece quando a equipe participa da
administração da escola? Fica a dica! Pergunte-se sempre.

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5. GESTÃO ESCOLAR E SUAS DIVERSAS VERTENTES.

A educação democrática considera a proteção dos direitos humanos na escola uma


condição básica e necessária para se começar a trabalhar por uma educação em prol da
dignidade humana. (Iaacov Hecht, 2016). Tais intenções educacionais se passam em três
esferas:

a) a primeira – os meus e os nossos direitos humanos;


b) a segunda – os direitos dos outros e dos diferentes;
c) a terceira – os direitos do todo da humanidade.

A escola democrática na concepção do autor, em um futuro próximo, as pessoas


viverão em comunidades de aprendizado democrático acreditando em uma conexão
profunda entre o indivíduo, sua família, seu local de trabalho e sua comunidade, cujo
objetivo é possibilitar que todos alcancem seu potencial criativo e produtivo – uma ligação
dessas anulará a necessidade de destruição. Todo membro da comunidade é responsável
por si e por todos os outros.

Segundo Libâneo (2004), as concepções de gestão escolar refletem posições


políticas e concepções de homem e sociedade. O modo como uma escola se organiza e
se estrutura tem um caráter pedagógico, ou seja, depende de objetivos mais amplos sobre
a relação da escola com a conservação ou a transformação social.

Os seis pilares da Gestão Escolar:

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O gestor escolar tem na sequencia descrita acima os diferentes tipos de gestão


contemplam o trabalho de seu mentor e sua equipe que necessita estar bem alinhada
sempre.

5.1. Na gestão pedagógica


O acompanhamento das ações do processo ensino-aprendizagem precisam estar em
sintonia com a coordenação pedagógica e seus HTPCs.- horas de trabalho pedagógico
coletivo e culmina nos conselhos de classe e ano que dão direção ao corpo docente e as
atividades que podem ser proporcionadas na escola como a recuperação paralela em
contraturno, etc.

Aqui neste item a proximidade com pais e professores é essencial ao bom


andamento da escola e o foco é sempre a criança, seja ela qual for. Muitas vezes nossos
professores não sabem como agir e recorrem a coordenação e a direção para resolver
problemas de âmbito comportamental que reflete no pedagógico.

5.2. Gestão administrativa


Gerencia as matrículas, funcionamento dos recursos materiais que dispõe a unidade;
material de limpeza, utensílios de cozinha, material de secretária, disposição de salas,
locais, quadras entre outros.

Em todos os horários o gestor deve ter a exata noção de quem, onde e como estão
dispostos os funcionários e materiais, inclusive as salas de lousa digital, brinquedoteca, etc.
além degarantir o cumprimento da lei com dias e horas letivas, bem como aos seus
professores, funcionários e ao corpo discente.

5.3. Gestão financeira


Trata o ponto crucial da gestão, pois trás ao gestor a responsabilidade de gerir as
verbas públicas que a ele chegam como o PDDE – Programa Dinheiro Direto na Escola
que vem direto em uma conta no nome da escola, onde o gestor precisa provar quem é
para movimentar e necessita de três orçamentos para todo gasto e previamente

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determinado para custeio (bens não duráveis) e capital (bens duráveis), com prazo para
prestação de contas.

Outra verba que pode ser disponibilizada é o Programa Mais Educação que o MEC
encaminha as escolas com índices do IDEB abaixo da média e com isso promove atividades
diferenciadas que motivam as crianças a estudarem. O maior cuidado é com a folha de
pagamento de funcionários e docentes, seus direitos precisam ser garantidos.

5.4. Gestão de recursos humanos


Que o gestor precisa ser habilidoso para ter um equilibrio de funcionários em
merenda e cozinha; limpeza, manutenção, vigia, caseiro se houver, secretária com suas
documentações e formas de histórico, tranferência e vida escolar dos alunos.

Perceber se os horários dos funcionários para abertura, fechamento, limpeza e


manutenção são contemplados e caso não sejam, conhecer as formas adequadas de
contratação para suprir as necessidades da escola e dos órgãos de fiscalização.

5.5. Gestão da comunicação


A equipe gestora precisa falar a mesma linguagem e abranger essa interação ao
restante da escola por meio de reuniões ou de comunicados que atendam a todos e seja
viável ao seu cumprimento.

O gestor precisa ter sempre em mente um passo à frente em organização e


calendários que devem ser seguidos para o início e término doano letivo de forma a garantir
o direito das crianças e adolescentes sem prejuízo de qualquer outro ser humano da escola.

A forma como o gestor administra estas coisas irão revelar o domínio profissional e
o conhecimento que ele tem sobre sua função de aglutinador da instituição escola. A gestão
da comunicação e a dos recursos humanos precisa ser motivada diariamente.

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5.6. Gestão de tempo e eficiência dos processos


Tudo que requer relação com outros órgão e documentação para o bom andamento
da unidade é necessário que seja previamente verificado pelo gestor e ou sua equipe
administrativa; o vice-diretor ou assistente de direção.

Os horários para com as aulas, os professores, abertura e fechamento dos períodos,


bem como deslocamento aos órgãos necessários precisam ser planejados e direcionados
por orientação do gestor sempre que necessário.

Segue algumas bibliografias que podem ajudá-lo caso seja necessário como
Gestor Escolar:
http://moodle3.mec.gov.br/ufac/file.php/1/gestores/politica/pdf/referencias
.pdf

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6. O PME – PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E A CARREIRA


DOCENTE ATÉ GESTOR.

Os Planos de Educação são documentos, com força de lei, que estabelecem metas
para que a garantia do direito à educação de qualidade avance em um município, estado
ou país, no período de dez anos. Abordam o conjunto do atendimento educacional existente
em um território, envolvendo redes municipais, estaduais, federais e as instituições privadas
que atuam em diferentes níveis e modalidades da educação: das creches às universidades.
Trata-se, pois, do principal instrumento da política pública educacional.

http://www.deolhonosplanos.org.br/planos-de-educacao/

Sendo assim, os Planos de Educação são, também, um importante instrumento


contra a descontinuidade das políticas, pois orientam a gestão educacional e referenciam
o controle social e a participação cidadã.

A proposta de elaboração dos planos federais, estaduais e municipais na educação


brasileira são poucos até 1932. A partir de 2014 o atual PNE – Plano Nacional de Educação
entra em vigor e embora o curto espaço de tempo existente e podemos tirar várias lições
disso como a da participação popular, compromisso com a educação, compromete os
governos pois ele independe de partidos politicos.

O PME implica em estabelecer os rumos da educação do município para mobilizar a


sociedade cível e dar fundamentação aos rumos que o ensino pode ter. Os objetivos e as
estratégias e as metas são de responsabilidade de todos. Cabe a Secretaria de Educação
do Municipio e fazem cumprir esse plano com seus docentes e gestores.

Outro ponto são as disponibilidades financeiras ou os recursos de verbas estaduais


em federais que chegam para o desenvolvimento da educação em âmbitos pedagógicos,
pois é necessário ter um mapa detalhado de cada bairro com suas escolas e ofertas de
ensino. Depois um levantamento dos profissionais e da demanda escolar para saber se o
espaço físico e a oferta pedagógica são compatíveis com o plano.

Faz-se necessário um Fórum permanente para discussão e acompanhamento e


avaliação do Plano.

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A carreira docente é bastante complexa e necessita de muita atenção quanto as


questões educacionais e uma vez que entramos e nos apaixonamos, porém, as mudanças
sociais são vistas com maior intensidade na escola, isso pode nos causa grandes
transtornos.

Veja o caso dos gestores que exige de você profissional muita responsabilidade e
da interação do seu eu com sua carreira, isso forma suas concepções em educação naquilo
que é certo ou errado, melhor ou pior, etc.

Em outubro de 2008, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização


das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em pronunciamento
conjunto por ocasião do Dia Internacional do Professor, revelaram preocupação com a
pouca valorização do Magistério e com a falta de interesse dos jovens por essa profissão.

Divulga-se não só a queda na demanda pelas licenciaturas e no número de


formandos, mas também a mudança de perfil do público que busca a docência. Esse
conjunto de pesquisas e artigos discute a necessidade de tornar a carreira de professor
mais atrativa (Gatti et al., 2008; Gatti & Barretto, 2009).

A escola pública passa a ser necessária como lugar adequado para transmissão do
saber e a formação do cidadão. As funções da escola pública seriam, então, determinadas
por meio do modelo de homens e de mulheres necessário à sociedade capitalista. Portanto,
coube às escolas, entre outras instituições, selecionar, hierarquizar e classificar aqueles
que tinham aptidão para o comando. Outros, considerados incapazes de aprender,
deveriam ser encaminhados às tarefas manuais e inferiores (SILVA, 2005).

A escolha de diretores através de indicação vincula o trabalho do diretor com quem o


indicou, quase sempre um político ou técnico das Secretarias de Educação. Seu
compromisso, portanto, é com quem o colocou naquele cargo e não com a comunidade
escolar. Nesse caso o papel do diretor, ao prescindir do respaldo da comunidade escolar
caracteriza-se como instrumentalizador de práticas autoritárias, evidenciando forte
ingerência do Estado na gestão escolar (DOURADO, 2001, p. 83).

De acordo com Souza (2007) indicar política ou tecnicamente o dirigente escolar


pressupõe compreender a direção da escola pública não como uma função a ser

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desempenhada por um especialista da carreira do magistério, mas como um cargo político


de confiança do governante municipal ou estadual ou como instrumento de compensação
no jogo político-eleitoral. Esse jogo político resiste historicamente à implantação de
mecanismos mais democráticos de escolha de diretores como por exemplo, a eleição.

Outra forma de acesso ao cargo são os concursos para a escolha de diretores que
está vinculado também a uma concepção da direção de escola como carreira e, por meio
dele, a ocupação da função tem caráter permanente (MENDONÇA, 2000, p. 191).

Diante desta ótica, o diretor de escola é visto como um administrador. Isso esvazia a
face política da função dirigente, especialmente porque a capacidade de liderança não
parece ser um elemento passível de ser avaliado por concurso de provas e título (SOUZA,
2007). Ainda, a atuação do diretor fica concentrada em aspectos administrativos,
tecnocráticos, em detrimento da face pedagógica da gestão escolar.

O concurso para a escolha de diretores está vinculado também “a uma concepção


da direção de escola como carreira e, por meio dele, a ocupação da função tem
caráter permanente” (MENDONÇA, 2000, p. 191). Nesta ótica, o diretor de escola é
visto “como um burocrata no sentido Weberiano. Isso esvazia a face política da
função dirigente, especialmente porque a capacidade de liderança não parece ser
um elemento passível de ser avaliado por concurso de provas e título” (SOUZA,
2007, p. 167). Ainda, a atuação do diretor fica concentrada em aspectos
administrativos, tecnocráticos, em detrimento da face pedagógica da gestão
escolar.

Para Souza (2007), sendo o papel do diretor escolar de natureza político-pedagógica


e operando na coordenação política da escola, a sua eleição para a função implica
reconhecer que o seu trabalho é mais do que o de um burocrata, preocupado apenas com
a dimensão técnica da função, mas de alguém comprometido com a comunidade escolar
que pauta as suas decisões a partir dos interesses coletivos. Assim, a eleição do diretor é
um mecanismo através do qual a comunidade pode se manifestar e é uma forma de controle
sobre a burocratização da política escolar (SOUZA, 2007).

Sejam quais forem as formas de acesso ao cargo, penso que, este gestor deva
priorizar o processo de ensino-aprendizagem e as formas necessárias para isso. A boa

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gestão tem seus tentáculos de liderança em todos os membros da unidade escolar e


configura sua disponibilidade de realização de um trabalho em prol da sala de aula.

No dia 12 de novembro comemoramos o Dia do Gestor e com ele nossa


verdadeira esperança na educação do Brasil.

Neste sentido cabe ao gestor escolar assegurar que a escola realize sua missão: ser
um local de educação, entendida como elaboração do conhecimento, aquisição de
habilidades e formação de valores. O gestor dever animar e articular a comunidade
educativa na execução do projeto educacional, incrementando a gestão participativa da
ação pedagógico-administrativa, conduzindo a gestão da escola em seus aspectos
administrativos, econômicos, jurídicos e sociais.

O gestor é o articulador e mediador entre escola e comunidade. Ele deve incentivar


a participação, respeitando as pessoas e suas opiniões, no que chamamos de gestão
democrática. Para nós da carreira deveria ser experimentada por todo docente, pois estar
do outro lado e olhar a unidade com todos os seus desafios é uma experiência que deveria
ser vivida por todo e qualquer cidadão.

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7. PROJETO POLITICO PEDAGÓGICO

Esta última semana vamos nos dedicar ao PPP – Projeto Político Pedagógico da
escola ou Plano de Gestão como alguns órgãos chamam, mas este assunto é extenso e
requer várias etapas que muitas vezes caminham no ano letivo inteiro. A engrenagem da
escola é constituída de seres humanos e precisa funcionar sempre pensando nas crianças
e adolescentes.

Usando as palavras de Gadotti (1994), todo projeto pressupõe rupturas com o


presente e promessas para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado confortavél
para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e buscar uma nova estabilidade
em função da promessa que cada projeto. Vamos desenvolver algumas teorias de grandes
estudiosos brasileiros sobre o tema.

Para a construção do PPP em uma escola, a equipe gestora precisa ter isso muito
claro e conhecer sua comunidade para compreender suas ansiedades. Ilma Passos (2004),
é uma dessas autoras e de acordo com ela para a construção do projeto politico-pedagógico
é preciso ter claro o que se quer fazer e porque vamos fazer. Assim, o projeto não se
constitui na simples produção de um documento, mas na consolidação de um processo de
ação-reflexão-ação que exige um esforço conjunto e a vontade política do coletivo escolar.

Desde o começo de nossa disciplina tenho pontuado a vocês que a escola é na


verdade, um ser vivo e uma engrenagem que funciona, basta que tenhamos
posicionamento e disposição para estar presente, com tempo e lembrança de todos. Com

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base na Constituição de 1988 e na LDB 9394-96 que apregoa a construção de uma


proposta pedagógica coletiva.

Todo PPP deve ser e ter a intenção de ter a qualidade do ensino, a gestão
democrática, a liberdade, igualdade de condições para acesso e permanência na escola
bem como a valorização do magistério, dos funcionários. Ainda temos as seguintes funções
atribuidas ao PPP: deliberativa, consultiva, fiscal, mediadora e mobilizadora de recursos.

É no PPP que temos a oportunidade de mostrar toda nossa consciência e com uma
análise da realidade, uma reflexão das metodologias utilizadas, dos projetos desenvolvidos
e dos anseios da comunidade.

A construção de um trabalho educativo de formação política dos educadores


docentes e não docentes e dos educandos exige uma prática dialógica entre todos os
sujeitos da comunidade escolar, no sentido de superar as relações autoritárias, hierarquicas
e verticalizadas. Na prática dialogada, todos os sujeitos do processo escolar podem falar e
serem ouvidos de fato. (Padilha, 2004).

“Projeto Político Pedagógico: ação intencional. Compromisso sócio-político no


sentido de compromisso com a formação do cidadão, para um tipo de
sociedade e pedagógico: no sentido de definir as ações educativas e as
características necessárias às escolas para que essas cumpram seus propósitos
e sua intencionalidade” (Portal Educação)

Para Veiga “o projeto político-pedagógico da escola, ao se identificar com a


comunidade local, busca alternativas que imprimam dimensão política e social à ação
pedagógica.” (2001, p.62). Para Veiga (2004), enquanto instituição autônoma, a escola
deve optar fundamentalmente por um referencial teórico-metodológico que permita o
exercício de seu direito à diferença, à singularidade, à transparência, à solidariedade e à
participação na construção de sua identidade.

É importante ressaltar que o projeto é um instrumento para a construção de uma


educação de qualidade democrática, um ponto de apoio para todos aqueles que se

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comprometem com esta causa. (VASCONCELLOS, 2008). Ainda usando Vasconcellos


(2002), o PPP é o plano global da instituição, este sistematizado, porém, nunca finalizado,
pois é entendido como um processo de Planejamento Participativo, que define as ações
que se pretende realizar na instituição escolar. Como instrumento teórico-metodológico
deve interfere diretamente na realidade provocando mudanças que possibilitem a
organização e integração do planejamento com as atividades práticas num processo de
transformação.

Por este prisma, Veiga (2004) ressalta que a autonomia da escola é uma questão
importante para delinear sua identidade nos campos administrativos, jurídicos, financeiros
e pedagógicos, onde se desenvolvem a gerência de atos pedagógicos, organização,
escolha dos dirigentes e a forma de gestão, a oportunidade de criar regras e as formas de
organização, a gerência com eficiência dos recursos financeiros e a liberdade de ensino e
pesquisa.

Vasconcellos (2002), diz que, antes de tudo: A gestão envolve estratégias, onde a
comunicação exerce papel fundamental, como ponto de partida para que todos se
entendam. Assim é importante ao gestor discutir soluções possíveis e promover
negociações, assumir responsabilidades e deixar que os outros também assumam; ser
ouvido, mas também ouvir, valorizar os aspectos positivos do grupo, deixando claras as
suas intenções para com a escola e zelar pela total transparência de todas as ações.
Portanto o diretor deve entender-se como educador no processo educacional como também
agente participativo comprometido com os princípios éticos e democráticos que regem a
educação pública.

O que ressalta Libâneo (2001), é que o projeto pedagógico deve ser compreendido
como instrumento e processo de organização da escola, tendo em conta as características
do instituído e da instituição. Segundo Vasconcellos (1995), o projeto pedagógico:

“É um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do


cotidiano da escola, só que de uma forma refletida, consciente, sistematizada,
orgânica e, o que é essencial, participativa. É uma metodologia de trabalho que
possibilita resignificar a ação de todos os agentes da instituição” (1995).

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Celso Vasconcellos, Ilma Passos Veiga e José Carlos Libâneo são alguns dos
estudiosos sobre o papel representativo que o PPP pode ter na escola. Existem muitos
livros desses autores que podem contribuir nas dúvidas para essa construção coletiva e
trabalhosa.

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8. CONSTRUÇÃO DO PPP- Projeto Político Pedagógico.

Nossa aula começa com alguns itens que podem colaborar com a construção dos
PPP na sua escola, independente de ser o gestor, professor, pai ou comunidade.

Roteiro de observação:

Registro do que foi O que o registro revela


Situações a serem observadas
observado sobre o PPP
Onde e como os alunos se
alimentam na escola?
Como os alunos se relacionam
entre si em sala de aula e no
intervalo?
Como os alunos são chamados
pelos professores e funcionários?
Pelo nome? Pelo apelido?

O mobiliário, sua organização e sua


distribuição espacial são
adequados aos alunos (faixa etária,
gênero, deficiência etc.)?
Como os alunos acessam os
materiais escolares (livros literários,
equipamentos, lápis etc.)?
lTêm autonomia ou precisam
sempre de um adulto?
Como é a organização do pátio
escolar para uso dos alunos no
intervalo?
Qual o envolvimento dos alunos
com a aprendizagem?

Os alunos se sentem estimulados a


buscar novas informações e
conhecimentos?
Os alunos estão aprendendo sobre
temas significativos para a
realidade vivida?
Como os familiares são atendidos
na escola?
Em quais situações são chamados
na escola?

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O PPP requer que tenham conhecimento de algumas etapas a serem pensadas,


existem com isso várias formas de se construir um projeto político pedagógico na escola,
vamos conhecer um deles.

8.1. Contextualização histórica da comunidade e da escola


Muitos PPPs descrevem inicialmente a história da cidade e/ou do bairro onde a
escola está inserida. É o que chamamos de ambiente social, cultural e físico – são
informações que fortalecem a identidade da instituição. É importante verificar a população
e seus costumes, os tipos de residências, se há saneamento no bairro, como é o comércio,
as igrejas, os meios de transportes, praças, postos de saúde entre outros.

http://ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/default_censo_2000.shtm e
http://censo2010.ibge.gov.br. Outros sites bem importantes. Para esse
levantamento, pode--se consultar o site http://portal.inep.gov.br/basica-
censo.

8.2. Caracterização da comunidade escolar


Aqui precisamos conhecer a criança e a família e assim podemos elaborar uma ficha
de matrícula com alguns dados relevantes para a unidade e ainda dependerá do nível de
escolaridade que possui. Por exemplo, ao identificar no questionário de matrícula que
mostra a porcentagem grande de pais e mães dos alunos não completaram o Ensino
Fundamental, você pode adequar o tipo de projeto em relação a seu envolvimento na vida
escolar dos filhos e apurar as expectativas que eles têm quanto à escola. Uma sugestão: o
projeto Comunidade de Leitores permite instaurar na unidade, na sala de aula e nos lares
um ambiente leitor. Na edição eletrônica do livro O que revela o espaço escolar? Um livro
para diretores de escola (Comunidade Educativa CEDAC e Editora Moderna, 2013) há um
projeto sobre leitura que pode servir de referência:
(http://www.moderna.com.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A8A8A833E8BA005
013E9E000E650B9C).

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8.3. Diagnóstico com base nos indicadores educacionais da escola - Indicadores


de fluxo e aprendizagem
Quando falamos em fluxo e aprendizagem são todos os indícios que a escola possui
para descobrir por exemplo a evasão, reprovação, aprovação e distorção idade-ano. Outra
forma é saber quantos alunos a escola está aprovando ou retendo? Em que ano de
escolaridade a escola aprova ou reprova mais e em qual área? As respostas podem dar
pistas sobre as ações que precisam ser elencadas e priorizadas no PPP para melhorar
esses indicadores.

Temos outros índices disponíveis para essa análise que são as Prova Brasil, Saresp,
Enem, etc. e outras muitas vezes produzidas pelos professores da própria escola chamadas
de Provas diagnósticas.

8.4. Missão, visão, princípios e valores da escola - Fundamentação teórica e bases


legais
Esta etapa é a mais difícil pois você irá mostrar todo o pensamento sobre educação,
família, comunidade, carreira docente, crianças, relacionamentos, religião, saúde, e todos
que influenciam na escola.

O olhar humano e pedagógico do gestor tem toda a influência na confecção deste


item e no seu encaminhamento.

8.5. Plano de Ação e/ou Atividades


Chegamos ao quase final e agora com todos esses dados e conhecimentos na mão
da equipe gestora, resta compilar e escrever tudo e mais do que isso, disponibilizar e
colocar em prática. Boa sorte a você quase gestor de sucesso!

Não há ventos favoráveis para os que não sabem para onde vão.
Sêneca (4 a.C.-65 d.C.).

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9. O PPP E A POLÍTICA LOCAL

Algumas das dificuldades em elaborar e executar o PPP


são as relações com a política local onde a escola fisicamente se
encontra. Veremos algumas dificuldades e alguns exemplos bem-
sucedidos.
http://www.educacaopublica.rj.gov
.br/biblioteca/educacao/0344.html

9.1. Ensaios e experiências para um PPP em defesa da igualdade e permanência


na escola
Maria de Salete Silva, coordenadora da área de Educação do Fundo das Nações
Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, em entrevista a revista Nova Escola publicada em
2011, apontou alguns aspectos em que o Brasil ainda precisa avançar para ofertar uma
educação de qualidade: incentivar o hábito leitor, fazer com que as famílias se aproximem
e interajam mais da vida escolar do filho, oferecer formação de qualidade ao professor e
valorizá-lo.

São várias as experiências bem-sucedidas por conta de um PPP elaborado e


executado de modo assertivo, coerente e bem conduzido, porque sua principal condição é
estabelecer ações que favoreçam a igualdade de condições para o acesso e a permanência
na escola da população que sempre esteve fora das diversas políticas públicas.

Há diferentes formas de a comunidade escolar, por seus componentes, contribuir


para a redução das desigualdades em que os educandos se encontram diante de seu
desenvolvimento e aprendizado. Podemos ser elas:

1. Estimular a aproximação escola-família;


2. Identificar e reformar o ambiente para melhorar a acessibilidade dos alunos com
mobilidade reduzida ou deficiência física;
3. Buscar acompanhamento profissional adequado aos alunos com deficiência,
distúrbios de aprendizagem ou altas habilidades/superdotação;
4. Manter sistema de monitoramento de frequência dos alunos com o objetivo de
alertar e até intervir (pelos órgãos públicos competentes), no caso de famílias
em que crianças e jovens encontram-se negligenciados e/ou em risco social

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grave, estando a escola atenta a sinais como desnutrição, falta de higiene


pessoal, baixa frequência, agressividade, relatos de problemas, apatia, marcas
no corpo, porte de armas e tantos outros sinais que podem indicar, por exemplo,
ausência familiar, envolvimento com gangues, exploração do trabalho infanto-
juvenil, abuso sexual e uso de entorpecentes;
5. Oportunizar, quando possível, ou pelo menos incentivar a todo momento o
acesso dos jovens a cursos técnicos, aulas de reforço, palestras preventivas etc.;
6. Oferecer um ambiente de acolhimento, responsabilidade e incentivo ao
crescimento pessoal de modo cooperativo, organizado e de aprendizagem a
todos os alunos.

Um dos princípios do PPP foi considerado e garatido pela Constituição de 1988 e,


foi referendado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica Nacional (LDB) de 1996,
diz respeito a garantia da gestão democrática no Ensino Público; nesse contexto, a LDB
em seus artigos 12 ao 15 trata de incumbir às participações dos segmentos da educação e
comunidade escolar, atribuindo um significativo numero de incumbências junto as escolas,
tais como:

• Elaborar e executar as suas propostas pedagógicas;


• Administrar os seus recursos materiais e financeiros;
• Assegurar o comprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas;
• Promover meios para recuperação de alunos, de menor rendimento,
• Articular-se com as famílias e comunidade, criando processos de integração da
sociedade com a escola;
• Informar a freqüência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução
de sua proposta pedagógica.

Leia mais em: http://www.webartigos.com/artigos/o-projeto-politico-


pedagogico-e-as-politicas-publicas/85201/#ixzz4Nk3V6y6P

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9.2. Dificuldades e limites na construção do Projeto Político Pedagógico


Quando estudamos, discutimos ou participamos de eventos nos quais o tema é a
escola e a construção do seu projeto, é comum sentirmos uma mistura ambígua de
entusiasmo e desalento. É usual ouvirmos e, muitas vezes, nós mesmos até comentamos
e na prática tudo é diferente, que é muito difícil realizarmos o proposto, que os pais não
sabem participar etc. Muitos desses argumentos parecem reafirmar o velho jargão que em
educação tudo é difícil, nada muda etc.

Moacir Gadotti (2000), ao discutir os obstáculos e limites que surgem quando se


procura implantar processos de gestão colegiada, argumenta que para a real efetivação
dos mesmos é preciso que escola desenvolva um ambiente informativo promovendo a
circulação de informações em todas as etapas do planejamento escolar e do fazer
pedagógico-organizacional, ou seja, no estabelecimento do calendário escolar, na
distribuição das aulas, no processo de elaboração ou de criação e novos cursos, ou de
novas disciplinas, na formação de grupos de trabalho etc.

Quais os obstáculos ou limites que encontramos com freqüência nestes processos?


De acordo com o autor, a maioria dos problemas deve-se:

• À pouca experiência democrática;


• À mentalidade que atribui aos técnicos (e apenas a estes) a capacidade governar
e que o povo é incapaz de exercer poder;
• À própria estrutura verticalizada de nossos sistemas educacionais;
• Ao autoritarismo que, historicamente, tem impregnado nosso ethos educacional;
• Ao tipo de liderança que tradicionalmente domina a atividade política no campo
educacional.

Para enfrentar essas dificuldades, qual seria o caminho? Ainda de acordo com
Gadotti (2000):

• O desenvolvimento de uma consciência crítica;


• O envolvimento das pessoas – comunidades interna e externa à escola;
• A participação e cooperação das várias esferas do governo;

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• A autonomia, responsabilidade e criatividade como processo e como produto do


projeto.

A minha experiência profissional, já comentada em vídeo-aula, se aproxima muito a


citada acima por Moacir Gadotti que foi um seguidor de Paulo Freire assim como eu.
Procurei deixar aqui um pouco de cada experiência favorável ou não e assim terem a
oportunidade de ter dados para uma futura elaboração de Projeto Político-Pedagógico.
Espero ser colega de vocês na profissão e no pessoal. Até breve!

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