TCC Projeto Modelo Sala Do Cinema Brasileiro

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE COMUNICAÇÃO

ILAN IGLESIAS
LARISSA MARTINA MATEUS PINTO

PROJETO MODELO “SALA DO CINEMA BRASILEIRO”

Salvador – Bahia
2008

1
Ilan Iglesias
Larissa Martina Mateus Pinto

PROJETO MODELO “SALA DO CINEMA BRASILEIRO”

Memórias apresentadas à Faculdade de Comunicação da


Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em Comunicação com
Habilitação em Produção em Comunicação e Cultura.

Orientador: Prof. Dr. Umbelino Brasil

Salvador – Bahia
2008

2
Agradecimentos

Queremos agradecer ao Professor Doutor e Diretor de Cinema Umbelino Brasil

pelo acompanhamento teórico, de uma forma ou de outra, durante os três últimos

semestres nos quais construímos este TCC; a Edyala Yglesias pela ajuda prática; a

Aline Sodré pela eficiência e rapidez na criação da planta arquitetônica; a Fernanda

Sampaio pela pronta colaboração; aos nossos colegas pelas sugestões iniciais e finais; e,

por último, queremos agradecer um ao outro pela paciência e determinação com as

quais realizamos este trabalho.

3
Resumo

O presente trabalho descreve todas as etapas realizadas para elaboração do

projeto cultural modelo “Sala do Cinema Brasileiro”, que prevê a criação de salas de

cinema digital cujas exibições sejam voltadas exclusivamente para a apresentação de

obras cinematográficas e videofonográficas atestadas como brasileiras.

Palavras-chave: cinema brasileiro; exibição; cinema digital; projeto cultural.

4
Índice

Memória – Ilan Iglesias 06


Apresentação 07
Embasamento Teórico 08
Cinema digital – vantagens para a sala de exibição 16
Projeto cultural – importância de sua criação 19
Conclusão 24
Referências 24
Memória – Larissa Martina 27
Apresentação 28
A idéia 30
O projeto 31
Conclusão 45
Referências 46
Projeto Modelo “Sala do Cinema Brasileiro” 48
Apresentação 49
Justificativa 50
Objetivos 54
Público-alvo 54
Metas a atingir / Resultados previstos 55
Base metodológica e operacional 55
Equipamentos 57
Projeto arquitetônico 59
Retorno de interesse público 59
Avaliação dos resultados 61
Financiamento 61
Orçamento 62
Anexo I 64
Anexo II 65
Anexo III 68
Anexo IV 70
Anexo V 77
Anexo VI 78
Anexo VII 79
Anexo VIII 80
Anexo IX 82
Anexo X 83
Anexo XI 86
Anexo XII 89
Anexo XIII 104
Anexo XIV 106
Anexo XV 117
Anexo XVI 119

5
Memória
Ilan Iglesias

6
APRESENTAÇÃO

O presente trabalho pretende reunir estudos como aluno do curso de Produção

em Comunicação e Cultura pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da

Bahia e tem como objetivo principal a graduação neste. Sobre esta base, o projeto aqui

apresentado busca o exercício do aprendizado nestes quatro anos como aluno de

Produção Cultural e tem como foco a criação de um produto, um projeto modelo para

uma sala de cinema voltada exclusivamente para filmas nacionais, como proposta do

trabalho de conclusão de curso (TCC).

A escolha por fazer um projeto voltado para a área cinematográfica se deu por

dois motivos. Primeiro, a necessidade de aprimoramento sobra a técnica de criar e

escrever projetos culturais, pondo em pratica aquilo que foi aprendido no curso, e

buscando um melhor conhecimento sobre a profissão de Produtor Cultural. O segundo

motivo é a minha proximidade com a área do cinema.

Sobrinho da cineasta baiana Edyala Yglesias, ainda adolescente fui ao cinema

assistir um de seus filmes “O diário do convento”. Um curta-metragem que junto com

outros dois formavam o “Três Histórias da Bahia”. Senti orgulho de ver toda a euforia

do lançamento no Multiplex do Iguatemi, embora ainda não compreendesse que ali era

um caso isolado e que momentos como aqueles são raros na cena cultural do cinema no

estado da Bahia.

A idéia de se criar um projeto que beneficiasse obras audiovisuais brasileiras

surgiu de uma inquietação própria dos jovens sonhadores que não conseguem

compreender o estado do mundo e da política atual. Invadido por um sentimento quase

ufanista, queria ver mais e mais filmes de amigos, parentes, vizinhos, colegas chegando

ao cinema, então expus a idéia a minha parceira de tantos trabalhos Larissa Martina, que

o achou interessante e aceitou a labuta.

7
EMBASAMENTO TEÓRICO

Como forma de justificar a necessidade da criação de uma sala de cinema

voltada exclusivamente para filmes nacionais – não somente para a formulação do

presente trabalho, mas para nosso próprio convencimento do projeto – buscamos

embasamento teórico sobre o mercado exibidor brasileiro e o histórico de incentivos e

tentativas governamentais para regulação do setor.

Partindo do pressuposto que as salas de cinema nacionais estão infestadas por

filmes estrangeiros, principalmente por blockbusters norte-americanos, realizamos um

levantamento histórico dos incentivos para o mercado exibidor nacional e das leis de

proteção para os filmes nacionais (reservas de mercado).

Historicamente, foi em 1897 que se criou a primeira sala de exibição fixa no

Brasil. Ela era chamada de “Salão de Paris no Rio”, uma vez que trazia ao Rio de

Janeiro a novidade mais “quente” de Paris, o cinema, ou como se chamava na época, as

“vistas animadas”. Mas foi somente a partir de 1907 que se pôde ver uma articulação

entre produção, exibição e público. A quantidade de salas começou a aumentar, o que

fomentou a produção regional de filmes e pode oferecer ao público ingressos mais

baratos, atraindo pessoas de classes mais baixas ao cinema.

Já entre 1912 e 1922 o que se viu foi o crescimento de salas itinerantes que

percorriam regiões do interior em busca de público. A má qualidade e baixa

rentabilidade dos filmes produzidos no Brasil na época fizeram com que a sua

distribuição fosse feita por agentes isolados, à base de comissão, em regiões pobres e

distantes, longe das grandes agencias de distribuição e dos olhos da fiscalização. O que

se viu, portanto, foi uma exagerada falsificação de números, roubo de cópias e bilhetes

adulterados, em uma prática corrente que ficou conhecida como “cavação”.

8
Por outro lado, após a primeira guerra, o sistema exibidor no Brasil ganha

impulso e sofisticação, e as salas que precisavam de uma reforma desde 1910, ganham

novos equipamentos e ares mais luxuosos. Os filmes estrangeiros dominam as salas,

enquanto que o movimento cinematográfico nacional ainda não consegue ver o filme

como um produto realizado para um mercado, e perde cada vez mais espaço a partir da

invenção do filme falado por conta da falta generalizada de verbas para adquirir os

equipamentos necessários para a nova produção.

No período seguinte que compreende de 1930 a 1955, alguns cinemas de menor

porte foram forçados a fechar suas portas por conta do alto custo de equipamento e

manutenção que os filmes falados tinham trazido, mas ao mesmo tempo foi percebida

uma sensível diminuição do número de filmes estrangeiros no mercado brasileiro,

devido à dificuldade de entendimento das línguas estrangeiras, e das mal sucedidas

experiências com legendas.

Enquanto isso se percebia no país as primeiras tentativas de uma possível

industrialização cinematográfica, como, por exemplo, a criação da famosa Cinédia,

assim como a intervenção do Estado, através da figura do Getúlio Vargas e de sua

defesa da indústria nacional. É dessa época a primeira política de quota de telas, que

estabelecia que as salas exibidoras deveriam apresentar pelo menos um filme

genuinamente brasileiro por ano (sete dias de exibição 1); a criação do “complemento

nacional”, um curta metragem brasileiro que deveria acompanhar cada filme

estrangeiro; e também a implementação do DIP, Departamento de Imprensa e

Propaganda, que servia como uma espécie de censura e que chegou a proibir, por

exemplo, que “O Grande Ditador” de Chaplin fosse exibido ou divulgado.

1
AMÂNCIO (2000, pp. 57).

9
Ainda nesse setor, mas em 1946, com o presidente Dutra, a lei de quotas é

modificada e passa a exigir que durante o ano três filmes brasileiros de longa-metragem

fossem exibidos pelos cinemas, sendo que esses filmes teriam de ser declarados como

de boa qualidade pelo Serviço de Censura e Diversões Públicas (SCPD) do

Departamento Federal de Segurança Pública.

Durante o período foram realizados dois congressos sobre o Cinema brasileiro

em 1952 e 53 que trouxeram a público a grande preocupação de diretores e produtores

quanto a invasão do cinema norte-americano no mercado nacional. Eles finalmente

perceberam que não bastaria que o cinema brasileiro fosse economicamente viável, com

equipamentos modernos e técnicos especializados, mas era imprescindível que se

limitasse de alguma forma a entrada de produtos estrangeiros no país. Atrelado a isso a

Chanchada fazia grande sucesso, e chegou a representar 6% da bilheteria do mercado

exibidor, conseguindo atrair camadas mais populares e fiéis aos cinemas.

O período que se segue ficou conhecido como Cinema Novo e trouxe grandes

mudanças ao cenário cinematográfico. Além das inovações estéticas e de linguagem

propostas pelos cinemanovistas, o grupo criou a Difilm que permitia que seus filmes

fossem postos no mercado exibidor de forma menos onerosa. Eles haviam percebido

que um esquema industrial era vital para a manutenção de uma produção regular e de

sua apresentação ao público, uma vez que estava clara a preocupação do grupo em

atingir a audiência.

Outro acontecimento importante da época, ocorrido mais precisamente em 1969

foi a criação da Embrafilme, uma tentativa do Estado em centralizar as produções

cinematográficas de modo a exercer mais influencia no setor, e uma possibilidade de

promover uma maior presença do filme nacional em seu próprio mercado. Após a sua

criação, a quota de telas, já mencionada anteriormente, subiu de 56 para 140 dias no

10
ano, ao longo de uma década, e foi criada a “lei da dobra” um mecanismo que permitia

a manutenção do filme brasileiro na segunda semana, caso ele superasse ou igualasse o

índice de freqüência semanal do mesmo cinema, no semestre anterior. Durante seu

período de existência a Embrafilme possibilitou a realização de 107 co-produções e a

distribuição 104 títulos, além de financiar pesquisas sobre o Cinema brasileiro.

Em paralelo a isso surge uma indústria cinematográfica apelidada de “Boca do

Lixo” que se ocupou em realizar produções artesanais, de poucos recursos e idéias

interessantes, que à margem da industrialização iniciante e dos ditames do governo

serviu como centro aglutinador de produtores, diretores, roteiristas, técnicos,

distribuidores, atores, atrizes e aspirantes em geral. Dali saíram faroestes, cangaços,

kung-fus, melodramas e aventuras de segunda linha, alem das pornochanchadas, gênero

de maior sucesso na época, e que trouxe ao mundo do Cinema investidores incomuns

como os pequenos comerciantes cariocas e paulistas. Foi a “Boca do Lixo” a

responsável por grande parte da produção brasileira nos anos 60 e 70, e na década

seguinte chegou a 40% do total de filmes nacionais.

A partir dos anos 80, no entanto, a produção nacional começa a decair. As

pornochanchadas evoluem para filmes de sexo explícito que, além de não levarem

grande público aos cinemas causaram desorganização de todo o esquema industrial do

cinema brasileiro, e estigmatização das salas exibidoras. Alguns filmes de grande

pretensão apareceram em São Paulo enquanto que no Rio o que se percebeu foi uma

estética mais jovem e mercadológica nos filmes, com aparecimento de produções

voltadas para o público infanto-juvenil.

Já na década de 90, com o presidente Fernando Collor no poder, o que se viu foi

uma estagnação na área cultural com a extinção do Ministério da Cultura, e

especificamente no audiovisual, o fechamento de órgãos como o Concine, fiscalizador

11
das leis de incentivo ao cinema, e da Embrafilme, empresa produtora e distribuidora de

filmes. Collor criou então uma Secretária da Cultura, atrelada diretamente à presidência

que, na contramão das outras medidas, promulgou a Lei n° 8.401/92 que buscava em

seu primeiro artigo “assegurar as condições de equilíbrio e de competitividade para a

obra audiovisual brasileira, estimular sua produção, distribuição, exibição e divulgação

no Brasil e no exterior, colaborar para a preservação de sua memória e da documentação

a ela relativa, bem como estabelecer as condições necessárias a um sistema de

informações sobre sua comercialização”.

É ainda no governo Collor que se cria a Lei n° 8.313, de 23 de dezembro de

1991, também chamada de Lei Rouanet. Foi através dessa lei que o PRONAC foi

instituído com a finalidade de captar e distribuir recursos para o setor cultural brasileiro,

regulamentando os incentivos fiscais para a área. Foram instituídos também o Fundo

Nacional de Cultura, e os Fundos de Investimento Cultural e Artístico, que procuram

democratizar o acesso do público aos produtos culturais, e fomentar a sua criação.

Mas a lei de mais importância para o setor cinematográfico e que também foi

criada na década de 90 é a Lei do Audiovisual (Lei n° 8.685, de 23 de julho de 1993),

cujos resultados mais expressivos começam a ser constatados a partir de 1995, como

afirmam Caldas e Montoro (2006):

“(...) o orçamento em 95 chega a 16 milhões, ultrapassando a média anual da

Embrafilme de 14 milhões, em 96 pula para 51 milhões, em 97 para 74 milhões, e foi

desde esse ano que surgiu o concurso para curtas-metragens, premiando 40 projetos.

Com a inclusão do imposto de produtos audiovisuais estrangeiros os valores sobem para

217 milhões de reais em três anos, permitindo que o cinema saísse do estado de letargia

moribundo para uma vigorosa revitalização. A produção alcançou de 20 a 30 títulos por

ano, entre 1995 e 2000 mais de 200 longas foram realizados e lançados, os expectadores

saltaram de 400 mil para 25 milhões.” (CALDAS e MONTORO, 2006, pp.157)

12
Outra medida interessante tomada nos anos 90, mais precisamente em 1992, foi

a criação da RioFilme, uma empresa de distribuição de filmes nacionais. Desde sua

criação a distribuidora comercializou até o ano de 2007, 164 títulos inéditos, sendo que

no período entre 1992 e 2000 seu desempenho correspondeu a um índice superior a

50% do total de filmes nacionais distribuídos. A RioFilme ocupa uma posição singular

na gestão dos negócios do cinema, embora seu patamar de filmes comercializados, que

se encontra em torno de 11 filmes por ano, comprove que a empresa já se encontra em

seu limite operacional, além de demonstrar que a produção nacional contemporânea

precisa encontrar novas distribuidoras e soluções para colocar seus filmes no mercado.

Foi ainda nessa década que se viu a chamada retomada do cinema nacional.

Através da reconstituição de uma identidade cinematográfica nacional, compreendida

como urgente, a retomada buscou o resgate da representação da história brasileira como

eixo principal em sua produção. Vemos também uma reformulação estética que vai

beber em diversas fontes, dentre as quais se encontram a própria produção nacional, o

cinema clássico europeu, o cinema independente americano e até mesmo a publicidade.

São aparentes, portanto, os esforços do governo brasileiro, que ao longo da

recente historia do cinema nacional têm fomentado a criação de produtos audiovisuais

de qualidade. Entretanto esses esforços não se fazem sentir no setor de exibição, que em

pouco tempo foi tomado pelo capital estrangeiro, com a entrada dos multiplex, as

grandes redes exibidoras internacionais no país.

De fato o setor de exibição, foi o que menos recebeu incentivos governamentais

na seara do audiovisual nacional, deixando que ficasse sobre o poder do capital privado

estrangeiro, o que culminou na extinção dos cinemas de bairro e populares. Além disso,

com o surgimento das salas multiplex, grande parte da população, sobretudo grupos de

13
baixa renda, deixou de freqüentar os cinemas por não possuírem renda suficiente para

pagar até R$ 17,00 por um ingresso.

A lógica dessas grandes salas privilegia filmes norte-americanos que se

beneficiam de publicidades a altos custos e conseguem, consequentemente, atrair uma

maior parte dos espectadores. Aos filmes brasileiros restou buscar espaço nas salas

alternativas e de arte, além de festivais do gênero, que vão a lugares onde não há salas

de cinema, aumentando a articulação local pela cultura e exibem a produção

contemporânea de ciclos regionais. Entretanto essas exibições mostram-se por vezes

efêmeras e insuficientes no que se trata de abarcar com eficácia a produção de películas

nacionais

Entretanto, afirmar que as causas dos problemas enfrentados pelo audiovisual

brasileiro se devem somente a entrada do capital estrangeiro, sobretudo hollywoodiano,

é isentar o estado da responsabilidade frente ao setor cinematográfico e a cultura como

um todo.

Durante décadas tentou-se criar formas de proteção ao cinema brasileiro.

Atualmente o Governo financia diversos filmes através das leis de incentivo, contudo,

esse investimento é feito a fundo perdido, não obrigando que os produtores e diretores

mostrem um retorno de público ou financeiro do projeto. Alem disso, essa forma de

incentivo ajudou no não estabelecimento de uma indústria cinematográfica, sendo que

para cada diretor se cria uma produtora nova, reforçando a falta de núcleos produtores

que possam transformar o cinema nacional em uma industria competitiva.

É possível afirmar que hoje o cinema brasileiro vive uma euforia

produtiva, visto que grande parte dos filmes não chega sequer a ser exibido em uma sala

de cinema. Isso se deve ao fato da baixa rentabilidade dos filmes brasileiros, como

afirmam os empresários das grandes redes exibidoras, que reclamam das cotas de telas

14
para filmes nacionais, que hoje é de 28 dias para salas individuais e 63 dias para

multiplex, alegando que são obrigados a manter salas vazias com os filmes brasileiros2.

Por outro lado essa falta de interesse do público pode ser reflexo

exatamente da ausência histórica do filme nacional nos cinemas. Acostumados com a

estética dos filmes hollywoodianos de divertimento, a maior parte dos expectadores não

se lembra da importância do filme nacional por que o nosso passado não é de fácil

acesso e muitos fatos da nossa história cinematográfica foram apagados ou perdidos.

Todavia, o impacto que o filme nacional causa no espectador é muito maior que o

estrangeiro, como observa Jean-Claude Bernardet (1967):

“(...) Um cinema nacional é para o público, uma experiência única, pois é visto

com olhos bem diferentes daqueles com que é visto o cinema estrangeiro. A produção

estrangeira de rotina não passa, para a platéia, de divertimento. Filmes mais ambiciosos

oferecem-se aos amadores da arte como objetos que solicitam um bom funcionamento

de sua sensibilidade e de seu gosto. Raros são o casos em que o filme estrangeiro

mobiliza grandes setores público de vários grupos sociais, e atinge o espectador no

conjunto de sua pessoa. O filme nacional tem outro efeito. Ele é oriundo da própria

realidade social, humana, geográfica, etc., em que vive o espectador;é um reflexo, uma

interpretação dessa realidade (Boa ou má, consciente ou não, isso é outro problema).

Em decorrência, o filme nacional tem sobre o público um impacto que o estrangeiro não

costuma ter. há quase sempre num filme nacional, independente de sua qualidade, uma

provocação que não pode deixar de exigir uma reação do público. Tal reação não resulta

somente de uma provocação estética (pode sê-lo também), por que o filme nacional

implica o conjunto do espectador, porque aquilo que está acontecendo na tela é ele ou

aspectos dele, suas esperanças, inquietações, pensamentos, modos de vida, deformados

ou não. Essa interpretação, consciente ou inconsciente, ele não pode deixar de aceitar ou

rejeitar. Esse compromisso diante de um filme nacional, do espectador para com sua

2
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u356493.shtml . Acesso em 12/11/2008

15
própria realidade, é uma situação à qual não se pode furtar. (...)” (BERNADET, 1967,

pp.15-16)

Acreditamos, finalmente, que iniciativas que promovam uma reserva de espaço a

exibição do audiovisual nacional precisam ser postas em prática. Um bom exemplo

disso é o “Projeta Brasil” realizado pela rede Cinemark, que todo ano, no dia 5 de

novembro, dia do cinema nacional, dedica sua programação inteiramente a filmes

brasileiros, com uma política de preços populares. No ano de 2007, Salvador participou

pela primeira vez do projeto, e o que se pode perceber foram salas cheias, mesmo as

segundas-feira.

Só com a assimilação e participação do espectador é que o filme consegue existir

como obra, não só como valor comercial, mas acima de tudo como um fenômeno

cultural. Portanto, a criação de salas de cinema voltadas exclusivamente para produções

audiovisuais brasileiras, pode se configurar como a solução há tanto tempo esperada

para a exibição nacional. Fomenta-se a exibição dos filmes nacionais, diminuindo a

concorrência nociva do cinema industrial estrangeiro, e se permite que filmes menos

comerciais, como curtas, medias-metragens e filmes independentes, possam chegar ao

destinatário final, o público, empregando assim, o gosto por um cinema brasileiro que a

tempos foi esquecido e deletado da memória do povo, e reconstituindo a identidade

cinematográfica nacional.

CINEMA DIGITAL – Vantagens para a sala de exibição

A indústria cinematográfica tem experimentado trocas continuas ao longo de sua

historia. Essas trocas são frutos, principalmente, dos avanços tecnológicos e das

necessidades mercadológicas.

16
Desde suas origens, a técnica empregada para a construção das imagens em

movimento tem evoluído até o presente momento. Durante os anos, o cinema

experimentou três grandes mudanças fundamentais ao que se refere à tecnologia. A

primeira foi a introdução do cinema falado, com a incorporação do som registrado na

própria película. A segunda grande mudança foi a transição do filme em preto e branco

para o filme a cores e a terceira, e última, que está em pleno acontecimento é a

digitalização de todos os setores que configuram a indústria do cinema.

A digitalização consiste na transformação da tecnologia empregada nos três

principais setores da cadeia industrial cinematográfica, portanto, produção, distribuição

e exibição, ou seja, na substituição das tecnologias analógicas até hoje empregadas por

sistemas digitais de ultima geração.

A conversão tecnológica é distinta em cada um dos processos cinematográficos,

por tanto, cada setor apresenta vantagens e desvantagens específicas no que se refere a

sua transição.

Embora o cinema digital ainda não tenha uma qualidade superior ao cinema

tradicional em película na sua fase de produção, na pós-produção, distribuição e

exibição ele tem se mostrado amplamente vantajoso, técnica e esteticamente e, além

disso, pelo seu caráter de baixo custo de manutenção, armazenamento e manuseio.

Mesmo o processo de digitalização do cinema não estando ainda consolidado,

optamos por utilizar equipamentos digitais na Sala do Cinema Brasileiro pela sua

versatilidade, podendo transmitir um filme de longa metragem e um curta, por exemplo,

sem a necessidade de uma longa operação na troca dos filmes, tornado a programação

da sala mais dinâmica.

Outros fatores preponderantes para escolha do cinema digital foram a facilidade

operacional. Com a projeção digital a figura do projetista é reformulada, não sendo mais

17
necessário a permanência dele na cabina, podendo as seções ser administradas de

ambientes fora da sala de projeção. A Diminuição do custo com a armazenagem das

películas, sendo que os filmes agora são informações codificadas em linguagem

informática, possíveis de ser armazenas em um disco rígido de computador ou em um

dvd. O aumento da qualidade da imagem projetada com uma maior gama de cores,

contraste e brilho mais fortes. E por fim, a maior resistência do suporte que mesmo após

100 exibições o filme apresenta a mesma qualidade da primeira sem demonstrar as

falhas decorridas com o atrito das engrenagens no projetor de película.

A escolha dos equipamentos

A escolha dos equipamentos a serem utilizados na Sala do Cinema Brasileiro foi

baseada em dois modelos existentes. Um para os equipamentos de sonorização e outro

para os de projeção.

Os equipamentos de projeção foram escolhidos com base no Casablanca Digital

System, um sistema desenvolvido no Brasil e que utiliza o que há de mais moderno na

tecnologia para exibição cinematográfica. Esse sistema é utilizado em diversas salas de

cinema no país, incluído as salas do grupo Severiano Ribeiro.

Já os equipamentos de sonorização foram baseados no sistema de certificado

THX, desenvolvido por George Lucas em 1982, com o intuito de promover uma

experiência única no cinema. Com uma combinação entre os alto-falantes integrados e a

acústica de sala de cinema específica, o THX proporciona resposta regular em toda

gama de freqüências e cobertura uniforme do auditório.

18
PROJETO CULTURAL

Características

Um projeto cultural pode assumir diversas formulações de acordo com o

objetivo ou destino a qual se propõe. Ele pode variar a sua apresentação a depender do

modo de sua organização, objetivo ao que se propõe e patrocínio que busca.

De acordo com o que discutimos na disciplina Oficina de Planejamento e

Elaboração de Projetos Culturais, ministradas pelo Professor e Cineasta Doutor

Umbelino Brasil, um projeto cultural deve ser entendido como um plano prospectivo de

uma unidade de ação capaz de materializar algum aspecto do desenvolvimento

econômico, social e cultural de uma sociedade e resume-se num empreendimento

planificado e consistente de um conjunto de atividades inter-relacionadas e coordenadas

com fim de alcançar um determinado objetivo.

Importância

A importância do aprendizado da formulação do projeto perpassa sua

formatação escrita. Ela está presente desde a criação das idéias e propostas que fazem

de seus proponentes verdadeiros produtores culturais. Incentivar a cultura é obrigação

deste profissional, que através de sugestões e ações efetivas promova produtos que

imbriquem em frutos duradouros para a sociedade e meio em que vive.

Formulação da idéia do projeto modelo “Sala do Cinema Brasileiro”

Para a formulação do presente projeto, partimos do pressuposto que os filmes

nacionais necessitam de um maior espaço de exibição, entretanto não queríamos cair na

mesmice das produções de festivais ou mostras. O que Larissa Martina e eu queríamos

era propor um projeto que fosse importante e não fosse sazonal.

Partimos para a formulação das idéias que norteariam a criação de uma sala

voltada exclusivamente para filmes nacionais. A principio queríamos montar a sala

19
fisicamente aqui na cidade do Salvador e em seguida depois de muita discussão interna

decidimos que seria mais interessante neste momento propor um projeto cultural

modelo, que pudesse ser implantado em qualquer região do país, principalmente nas

cidades do interior que são carentes de salas de cinema.

Uma das primeiras problemáticas que nos defrontamos foi em relação ao

conceito do filme brasileiro. De fato não encontramos nenhuma bibliografia que

definisse a “brasilidade” dos filmes, então neste momento recorremos a Ancine e nos

deparamos com o inciso V da Medida Provisória de nº 2.228-1, de 6 de setembro de

2001 (ver anexo I) decidindo seguir essas diretrizes.

Um fator importante que decidimos estabelecer para o projeto foi seu caráter de

democratização do acesso e políticas de formação de platéia, como forma de trabalhar o

incentivo de grande parte da população a freqüentar cinemas e consumir cultura.

A idéia de democratização do acesso, com baixo valor dos ingressos, foi

inspirada em um modelo já existente na cidade do Salvador. O teatro XVIII mantém

preços compatíveis com o salário mínimo vigente (quatro reais o preço do ingresso)

como forma de acesso a camadas de baixa renda da população baiana. Esse tipo de

iniciativa permite que pessoas que não tem condições e não costumam freqüentar

espaços culturais possam usufruir da cultura e entretenimento. Pudemos observar esse

fato quando cursamos a disciplina Análise de mercados culturais, ministrada pela

professora Gisele Nusbaumer, na qual realizamos pesquisa de público neste teatro, e

percebemos a presença de moradores de regiões periféricas e até mesmo pessoas que

estavam indo ao teatro pela primeira vez.

Munidos desta idéia, decidimos que o projeto modelo “Sala do Cinema

Brasileiro” teria essa iniciativa como uma das suas características principais, com o

intuito de resgatar parte da população que hoje é exclusa dos cinemas devido aos altos

20
preços do ingresso. O preço do ingresso a ser cobrado será de o equivalente a 1% do

salário mínimo vigente.

As políticas de formação de platéia foram desenvolvidas com base na

programação, e seu objetivo é criar o gosto no espectador, tanto adultos quanto jovens,

pelo cinema nacional.

Para esse programa foram criadas três sessões que são:

• A sessão clássica, com preço promocional, que busca

resgatar a memória do cinema nacional através de obras importantes de

sua historia.

• A sessão infantil, exibindo ao público infanto-juvenil

obras de temática infantil. O objetivo nesta sessão é apresentar e

acostumar as crianças com a estética do filme nacional, para que quando

adulto eles freqüentem os filmes nacionais com regularidade.

• A sessão escola, com entrada gratuita essa seção busca o

apoio das escolas e instituições de ensino no incentivo a cinematografia

nacional.

Outro ponto fundamental na criação da programação da sala modelo foi a

inclusão de filmes de curta e media-metragens. Se os filmes nacionais de longa

metragem encontram dificuldade na exibição, os curtas e medias só são exibidos em

mostras ou festivais, tornam-se raras as vezes que esse tipo de filme consegue ser

exibido em grandes circuitos.

Decidimos por vez que a programação básica deveria passar tanto filmes de

longa, como curtas e médias-metragens. A sessão pode ser dividida de acordo com a

duração dos filmes, podendo ser um curta e um longa, três curtas, um curta e um média-

metragem, etc.

21
Projeto Cultural - Metodologia

Como forma de aplicar a formatação das idéias do projeto modelo “Sala do

Cinema Brasileiro” usamos como instrumentos norteadores os conhecimentos

adquiridos nas disciplinas cursadas durante o curso de Produção Cultural (oficina de

produção cultural, analise de mercados culturais, oficina de elaboração de projetos

culturais e oficina de gestão cultural) e o manual de projeto cultural da FUNCEB3,

criado para auxiliar possíveis proponentes na formatação do projeto através de dicas e

orientações básicas.

Segundo o manual de projetos da FUNCEB um projeto cultural deve ter os

seguintes tópicos: Apresentação, justificativa, objetivos, publico alvo, resultados

previstos, estratégias de ação, cronograma, orçamento, plano de contrapartida, plano de

comunicação, plano de cotas (patrocinador), avaliação dos resultados, ficha técnica, etc.

A apresentação é a Síntese do projeto. Deve descrever, de modo sucinto, qual a

atividade e ação que será desenvolvida, quando e onde acontecerá, como surgiu a idéia,

aspectos e características gerais, público a que se destina, importância, resultados

esperados. O texto tem que ser claro e objetivo.

A justificativa Deve explicar porque o projeto deve ser aprovado, financiado ou

realizado. Quais as razões para desenvolvê-lo, o que o diferencia dos demais, quais seus

principais atributos positivos, qual a contribuição que ele traz para a comunidade. Deve

responder a pergunta: por que e para que executar o projeto?

Os objetivos são os resultados que se pretende atingir, os produtos finais a serem

elaborados, benefícios da ação ou atividade cultural proposta.

O público alvo é para quem se destina o projeto. Podem auxiliar na definição do

público informações como local onde o projeto vai acontecer, ação ou atividade cultural

3
Disponível para download em www.funceb.ba.gov.br

22
desenvolvida, proposta cultural do projeto. É importante também que se faça uma

estimativa de público.

Os Resultados previstos ou metas a atingir são os Benefícios estimados com a

realização do projeto. Os resultados devem ser mensuráveis: público estimado, número

de oficinas realizadas, número de apresentações planejadas, novos autores lançados,

cidades beneficiadas etc. Devem traduzir, em resultados práticos e produtos, os

objetivos listados.

Orçamento é o Planejamento financeiro do projeto. Deve indicar quais os

recursos materiais, humanos e financeiros necessários para a execução do projeto. Ele

precisa detalhar o valor unitário de cada item, a quantidade necessária e o valor total

referente a este item, além do valor total do projeto.

Retorno de interesse público. No caso de editais públicos e leis de

financiamento, referem-se à contrapartida social oferecida pelo projeto. Justifica porquê

este deve ser financiado com recursos públicos. Deve conter ações ou atividades que

estimulem a participação do público no projeto, sessões públicas, gratuitas ou com

preços promocionais, planos de democratização de acesso à atividade etc.

Avaliação dos resultados é o planejamento de mecanismos de avaliação dos

impactos e resultados da ação cultural. Essa avaliação pode ser feita segundo diferentes

fatores como o envolvimento do público, a divulgação, o número de beneficiados e seu

grau de satisfação, a qualidade dos resultados, a viabilidade econômica do projeto, entre

outros.

Os outros tópicos como cronograma, plano de comunicação, plano de cotas

(patrocinador), etc., não foram utilizados por se tratar de um projeto modelo. Estes

deveram ser elaborados de acordo com a implementação da(s) sala(s).

23
CONCLUSÃO

Durantes estas três semestres que passamos maturando o produto aqui

apresentado, eu pude perceber que ara a realização de um projeto cultural é necessário

muito mais do que uma boa idéia. É preciso uma grande habilidade de gestor para

programar de forma satisfatória e factível as diferentes etapas do processo de realização

do objetivo do projeto.

Se durante esta graduação tivemos inúmeros aprendizados teóricos, foi somente

com a realização deste projeto que conseguimos por em prática atividades essenciais

para o trabalho de um produtor cultural.

Além disso, tivemos a oportunidade de reunir um grande conhecimento na área

de cinema, realizando inúmeras pesquisas sobre o mercado de exibição, técnicas de

projeção, e mesmo sobre a história da produção cinematográfica brasileira, também

elemento teórico fundamental para as bases da criação da “Sala do Cinema Brasileiro”.

Com tudo isso, devo ressaltar que a construção deste TCC foi bastante

recompensante mesmo apresentando alguns obstáculos pelo caminho, e que este será o

embrião do projeto que desejamos enviar para a ANCINE e apostar na estruturação real

de salas voltadas exclusivamente para exibição de obras cinematográficas e ate

videofonográficas verdadeiramente brasileiras.

REFERÊNCIAS

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época de ouro (1977-1981). Niterói: EdUFF, 2000.

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24
<http://www.ancine.gov.br/media/Relatorio_de_Acompanhamento_Financeiro_2006-
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ANCINE. Relatório de gestão 2004. Rio de Janeiro, 2005. Disponível em:


<http://www.ancine.gov.br/media/rel_gestao_2004.pdf>. Acesso em: 8 maio 2007.

BERNDET, Jean-Claude. Brasil em tempo de cinema. Rio de Janeiro: Civilização


Brasileira, 1967.

BRASIL. Instrução Normativa nº 61, de 07 de maio de 2007. Regulamenta a


elaboração, a apresentação e o acompanhamento de projetos de infra-estrutura técnica
para o segmento de mercado de salas de exibição. Rio de Janeiro, 2007. Disponível em:
< http://www.ancine.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=6483&sid=71>. Acesso
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BRASIL. Medida Provisória nº 2.228-1 de 6 de setembro de 2001. Estabelece princípios


gerais da Política Nacional do Cinema, cria o Conselho Superior do Cinema e a Agência
Nacional do Cinema - ANCINE, institui o Programa de Apoio ao Desenvolvimento do
Cinema Nacional - PRODECINE, autoriza a criação de Fundos de Financiamento da
Indústria Cinematográfica Nacional - FUNCINES, altera a legislação sobre a
Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional e dá
outras providências. Brasília, DF, 2001. Disponível em:
<http://www.ancine.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=5631&sid=67>. Acesso
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CALDAS, Ricardo Wahrendorff; MONTORO, Tânia. A Evolução do Cinema


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Agencia Nacional de Cinema; Tribunal de contas da União. Ata nº 39/2004-Plenário.
Data da secção: 20/10/2004. Disponível em:
http://www.ancine.gov.br/media/TCU_005628.pdf. Acesso em: 10 dez. 2007.

FABRIS, Maria rosaria; Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema; encontro anual


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III. Porto Alegre: Sulina, 2003.

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MATTA, João Paulo Rodrigues. Novos Horizontes para o Mercado de Salas de


Cinema de Salvador: considerações a partir do caso do Grupo Sala de Arte. Salvador,
2002. Disponível em:
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SETARO, André. Saco de gatos. 2000. Disponível em


<http://www.coisadecinema.com.br/matArtigos.asp?mat=1783>. Acesso em: 6 dez.
2007.

26
Memória
Larissa Martina Mateus Pinto

27
Apresentação

Este trabalho de conclusão de curso é fruto dos conhecimentos adquiridos

durante os quatro anos que estive na Faculdade de Comunicação da Universidade

Federal da Bahia, buscado a graduação em Produção em Comunicação e Cultura.

Desde o começo de meus estudos nessa faculdade prestei maior atenção a

matérias que pudessem me oferecer uma formação profissional e quase técnica, as

oficinas, acreditando que sendo a produtor cultural parte de um mercado no qual a

prática se apresenta como elemento principal, eu pudesse assim me preparar melhor

para o momento que agora se aproxima: a graduação e entrada no mercado de trabalho.

Dessa forma, a Oficina de Produção Cultural, parte integrante do terceiro

semestre da grade curricular desta graduação, despertou em mim a certeza de que a

elaboração de projetos culturais se configura como parte essencial do trabalho de um

produtor, que deve saber como adequar sua criatividade a interesses públicos, no caso

de projetos que buscam incentivos governamentais, ou de interesses privados, para

aqueles projetos apresentados a empresas particulares, por exemplo, exercitando,

primordialmente, seu poder de argumentação e persuasão.

Mais tarde, na Oficina de Gestão Cultural, pude analisar outra faceta importante

de um produtor cultural: a sua capacidade de gestão. Naquela oportunidade, entendi

melhor qual o papel de um produtor dentro de um contexto organizacional, e percebi o

quão importante é para um profissional da área de cultura um conhecimento abrangente

nas áreas de administração e até economia, ao mesmo tempo em que um conhecimento

específico sobre seu núcleo de trabalho, seja ele do mundo das artes ou não.

O tema no qual o projeto se insere também é fruto de experiências acadêmicas

proporcionadas por essa instituição. Ao escolher algumas matérias optativas na área de

Cinema descobri para além de um interesse na área, uma grande curiosidade quanto aos

28
filmes que eram produzidos em nosso país. Embora nenhuma dessas matérias tenha me

dado informações específicas sobre o cinema que era e é feito no Brasil, foram elas que

me muniram de conhecimentos que me permitem agora traçar paralelos interessantes

entre os mercados cinematográficos brasileiro e estrangeiro, possibilitando que a

construção deste TCC seja permeado por análises desse tipo. Estagiei, inclusive, na

produção de um longa-metragem filmado em Salvador, no qual tive contato com

profissionais da área e obviamente seus desejos e insatisfações, agregando mais

informações ao meu repertório sobre o assunto.

Embora a experiência profissional que agora acumulo não seja na área de

cinema, e sim na ceara da produção de exposições de artes visuais, tenho conseguido,

nos últimos seis meses, extrair ensinamentos que também me guiam no momento de

construir esse TCC. Meu trabalho tem me dado grandes demonstrações de como

escrever projetos auxiliam na posterior realização da atividade nele descrita e mais do

que isso, tenho notado que projetos culturais que promovem a implantação de bases

sólidas para o consumo cultural são de enorme importância para qualquer setor da

Cultura, seja através de formação de platéia, criação de centros culturais, ou projetos de

formação profissional, afinal são eles que estabelecem decisivamente as bases para a

apreciação e fruição de atividades culturais que serão vistas no futuro.

Assim, quando fui convidada pelo meu colega e sócio Ilan Iglesias para escrever

o projeto da “Sala do Cinema Brasileiro” aceitei o convite, com a intenção de aglutinar

em tal trabalho todo o conhecimento que conseguimos reunir durante quatro anos,

dentro da faculdade e fora dela, podendo por a prova não só nossas habilidades de

produtores, mas também de gestores culturais.

29
A Idéia

De acordo com a pesquisa teórica realizada sobre o cinema brasileiro no século

XX, e que foi utilizada como ponto de partida deste TCC, é fato que o governo

brasileiro tem, ao longo de mais de sete décadas, tentado desenvolver estratégias de

promoção da cinematografia produzida no país, embora ainda não tenha conseguido

estabelecer bases sólidas para um mercado exibidor forte para os filmes aqui

produzidos.

A iniciativa estatal de maior durabilidade, por exemplo, é também a que está

passível ao maior número de críticas. A lei de quotas, elaborada inicialmente na década

de 30 e ainda em vigor (mesmo sem contar com fiscalização alguma), estabelece o

número mínimo de dias que devem ser reservados à exibição de títulos nacionais dentro

do circuito comercial brasileiro, mas apresenta dois grandes problemas: a falta de

fiscalização, e de incentivos para sua aplicação. A lei ainda demonstra uma velha rusga

entre produtores e exibidores, na qual os primeiros reivindicam o aumento do número

de quotas, devido ao crescimento do número de filmes finalizados por ano; e os

segundos exigem uma diminuição do número de dias dedicados às obras nacionais por

conta dos prejuízos que vêm sofrendo em conseqüência da pouca audiência que tais

filmes despertam.

Uma nova iniciativa, no entanto, traz alguma esperança para o setor. Com a

instrução normativa número 61, realizada através da 224ª Reunião Extraordinária da

diretoria colegiada da Agência Nacional do Cinema – ANCINE, em 07 de maio de

2007, ficam estabelecidos incentivos governamentais para a ampliação do mercado

exibidor nacional através do financiamento de projetos de infra-estrutura técnica para o

segmento de salas de exibição, sendo estes baseados na conversão ou adaptação de

imóvel pré-existente, incluindo se for o caso a realização de obras prediais e aquisição

30
de bens e serviços necessários para abrigar uma ou mais salas de exibição destinadas à

fruição coletiva, de obras audiovisuais.

No entanto, dados de 2007, da própria Ancine, apontam que somente duas

empresas até o ano citado pleitearam investimentos para a área de infra-estrutura: a

Embracine Entretenimento S/A e a Reserva Cultural de Cinema LTDA - a primeira com

foco no cinema americano, e a segunda na apresentação de filmes de arte, embora

ambas baseadas em um circuito exibidor de multiplex e, portanto, nenhuma delas com

interesse específico no cinema brasileiro, apresentando um ponto crítico da IN

elaborada.

Assim, ficou claro que a criação das bases para um mercado exibidor sólido para

os filmes nacionais deva traçar outros rumos. É justamente a partir desta constatação

que surge a idéia de elaborar o projeto “Sala do Cinema Brasileiro” aqui apresentado,

tomando como base as leis já existentes no país que possam beneficiar o setor

cinematográfico, além de exemplos reais e dados numéricos sobre algumas redes de

exibição já implantadas em território brasileiro.

O Projeto

O trabalho aqui desenvolvido foi formatado, primordialmente, de acordo com a

instrução normativa número 61, e seguiu as orientações para a elaboração de projetos

culturais divulgadas pela Fundação Cultural do Estado da Bahia, FUNCEB, que através

de um manual tem como objetivo capacitar possíveis proponentes, informar sobre as

opções existentes de financiamento da cultura e aumentar o número de projetos

propostos, e consequentemente, realizados.

31
Orientações para Elaboração de Projetos Culturais – FUNCEB:

De acordo com esse documento, um projeto cultural deve apresentar dez tópicos

explicativos: apresentação, justificativa, objetivos (geral e específico), público alvo,

resultados previstos, base metodológica e operacional, retorno de interesse público,

avaliação dos resultados, cronograma e orçamento.

O primeiro deles, a apresentação, deve descrever os objetivos do projeto,

deixando claro ao leitor do que ele se trata, onde e quando ele será realizado, quem são

os envolvidos e qual o seu público alvo. Para a elaboração desse primeiro tópico, foi

usada toda a pesquisa realizada ao longo dos três semestres que tivemos para

desenvolver o projeto, ou seja, desde a vasta bibliografia utilizada como base teórica

desse trabalho e que conta com informações sobre o mercado de vídeo e cinema em

nosso país, até informações de caráter prático coletadas a partir de relatórios sobre

projetos ou empresas em consonância com os pontos propostos no projeto “Sala do

Cinema Brasileiro”.

O segundo tópico, a justificativa, deve apresentar as razões para a realização do

projeto. Deve ser mostrado aqui, por exemplo, o seu diferencial e o que o torna

importante no contexto em que ele se insere. Para fundamentação desse tópico foram

utilizados, portanto: dados recolhidos em relatórios da Ancine sobre o mercado de

cinema brasileiro; um estudo de caso, cujo tema central foi a cidade de Salvador,

levantando sucessos e fracassos de experiências de salas de cinema alternativas,

avaliando o seu impacto na sociedade local, bem como identificando as tendências do

referido mercado na cidade; pesquisa de público realizada em Salvador no ano de 2007

apresentando a relação da audiência da cidade e sua freqüência ao cinema; uma

pesquisa ampla sobre as vantagens e desvantagens da utilização de equipamento de

32
projeção digital; e estudos sobre a importância do cinema nacional para a formação

cultural do povo brasileiro.

Os três próximos tópicos, mais sucintos, são explicações mais pormenorizadas,

ao mesmo tempo em que mais diretas dos objetivos, do público alvo do projeto e dos

resultados previstos, já citados nos dois tópicos anteriores, e que, portanto, demandaram

aprofundamento teórico para serem elaborados.

Os objetivos então expuseram não só o resultado geral ao qual se pretende

chegar, a implantação da “Sala do Cinema Brasileiro”, mas também algumas outras

metas interessantes que poderão ser atingidas ao longo do processo. O público alvo

tomou como base a mesma pesquisa de público utilizada na realização da Justificativa,

assim como alguns dados quantitativos sobre o público geral de cinema no Brasil e sua

freqüência. Já os resultados previstos, foram formatados de maneira a apresentar de

forma clara e objetiva os resultados numéricos que se pretende atingir. Para auxiliar a

elaboração desse tópico foi tomado como exemplo o perfil de público do Grupo Sala de

Arte traçado pela própria empresa, e que revela parâmetros com os quais se pode traçar

expectativas factíveis sobre o primeiro ano de funcionamento de uma sala de cinema de

proporções reduzidas e fora de shopping center.

O tópico a seguir se chama base metodológica e operacional, e em seu corpo,

dividido em duas etapas, foi demonstrado o organograma que será utilizado e a função

de cada funcionário, e especificadas as quatro sessões que formam a grande fixa de

programação da “Sala do Cinema Brasileiro” informando os horários e dias que tais

exibições estarão disponíveis, o preço do ingresso a ser cobrado, e o objetivo de sua

realização. O tópico seguinte, a lista de equipamentos, não consta como necessário no

manual para elaboração de projetos culturais da Funceb, mas é fundamental para que o

projeto em questão se torne mais completo, e mais explicativo. Assim, para sua

33
confecção foram pesquisados sistemas já utilizados no Brasil e que possam garantir

excelente qualidade de exibição proporcionando ao espectador uma experiência

cinematográfica completa. Assim depoimentos da rede “Severiano Ribeiro”, uma das

detentoras de salas de cinema digital no país, foram utilizados como exemplo na

construção desse tópico. Os equipamentos de sonorização presente no projeto também

foram escolhidos por estar presente nas melhores salas de exibição ao redor do mundo.

O ponto posterior, também incluído à formatação indicada pela Funceb, chama-

se projeto arquitetônico e traz sugestões sobre a parte física da instalação das

dependências da sala de cinema. Para confecção deste tópico, foi necessária a ajuda de

duas alunas do curso de Arquitetura da UFBA. Tomamos o TFG “Centro Audiovisual

Trapiche Barnabé” de Fernanda Sampaio como modelo para estruturação arquitetônica

do projeto, mas a planta e as demonstrações em 3D anexadas foram desenvolvidas por

Aline Sodré.

A seguir aparece o ponto “retorno de interesse público”, que deve apontar com

precisão ações e atividades culturais a serem realizadas a título de contrapartida social.

O que foi realizado, portanto, neste tópico, foi um detalhamento sobre dois dos

principais interesses do projeto: a formação de platéia para o Cinema nacional, e a

democratização de acesso de grupos de baixa renda a atividades culturais como o

cinema, que atendem não só a “Sala do Cinema Brasileiro” mas podem beneficiar todo

o circuito comercial de exibição, assim como colaborar para a formação cultural dos

espectadores.

O próximo ponto, a avaliação dos resultados, apresenta quais os mecanismos que

serão utilizados como balizas para a verificação das metas atingidas ou não pelo projeto,

uma vez que esteja em andamento. Nesse caso a sua formatação também foi baseada no

34
que dizem sobre o assunto, as leis de incentivo em que o projeto terá suas duas etapas,

implantação e manutenção, inscritas.

Optou-se então por não formatar o que seria a parte seguinte, o cronograma. Isso

porque, sendo o produto deste TCC um projeto modelo, em cada situação de sua real

execução terá de ser elaborado um cronograma diferente e específico, que deverá levar

em consideração inúmeras particularidades do cenário no qual sua montagem ocorrerá.

Assim a parte que se segue, o financiamento, foi aqui criada como complemento

ao próximo item, o orçamento, e indica quais incentivos governamentais serão

pleiteados pelo projeto, e explica de que forma esse incentivo pode ocorrer. O último

tópico apresentado é, então, o orçamento, elaborado através de pesquisa de mercado, e

que apresenta uma estimativa de gastos com a aquisição de todos os equipamentos a

serem utilizados, assim como de outros custos básicos provenientes do funcionamento

administrativo da “Sala do Cinema Brasileiro”. Para ajudar na montagem deste tópico

foi formulado, inclusive, um questionário, a ser aplicado na Sala de Arte - UFBA, com

o intuito de recuperar dados sobre seu funcionamento técnico e administrativo, mas,

mesmo depois de inúmeros contatos, o questionário não foi respondido pela instituição

citada, fazendo com que uma pesquisa teórica sobre o assunto tivesse de ser realizada.

O manual da Funceb também aponta alguns anexos e outras informações que

podem ser adicionadas ao corpo escrito do projeto. São eles, por exemplo, plano de

comunicação e ficha técnica, mas que não serão aqui apresentados, por conta do caráter

de modelo deste projeto.

Instrução Normativa número 61 – ANCINE:

De acordo com este documento, que serve ao propósito de regulamentar a

elaboração, apresentação, análise, aprovação e acompanhamento da execução de

35
projetos de infra-estrutura técnica para segmento de salas de exibição, algumas

características devem ser incorporada ao corpo do projeto a ser apresentado. Para fins de

execução deste TCC, no entanto, foram levadas em consideração somente algumas das

indicações ali presentes.

Isso porque, em primeiro lugar, cada proposta deverá compreender um único

complexo de exibição, fazendo com que a cada “Sala do Cinema Brasileiro” que

pretenda ser implantada seja inscrito um projeto diferente. Em segundo lugar, também

por conta do caráter de modelo do projeto em questão, a cada nova “filial”, a série de

documentos que deverá ser apresentada se modificará de acordo com a realidade do

novo proponente responsável pela sala de exibição.

No entanto, foram seguidas algumas sugestões genéricas. O orçamento global

apresentado, por exemplo, restringe-se a apresentar custos relativos à aquisição de bens

móveis novos, tais como equipamentos técnicos e maquinários, equipamentos

complementares e serviços acessórios imprescindíveis ao pleno funcionamento da sala

de exibição e fruição de obras audiovisuais pelo público, não podendo apresentar, por

exemplo, despesas referentes à aquisição de direito real de propriedade e posse sobre

imóvel. Outra condição incorporada, só em nível de exemplo, é a necessidade do projeto

arquitetônico de contemplar acesso facilitado e privilegiado de pessoas com

necessidades especiais;

Fontes Complementares:

1. Conceito de filme nacional.

Um dos primeiros pressupostos com os quais trabalhamos diz respeito à noção

de filme nacional. Após muitas discussões internas sobre o que poderia ser classificado

como filme genuinamente brasileiro e da falta de conhecimento bibliográfico que acuse

36
tal rótulo, decidimos nos guiar seguindo as diretrizes da Agência Nacional de Cinema

(ANCINE).

Para a ANCINE4:

“obra cinematográfica brasileira ou obra videofonográfica brasileira é

aquela que atende a um dos seguintes requisitos:

a) ser produzida por empresa produtora brasileira, observado o

disposto no § 1o 5, registrada na ANCINE, ser dirigida por diretor brasileiro ou

estrangeiro residente no País há mais de 3 (três) anos, e utilizar para sua

produção, no mínimo, 2/3 (dois terços) de artistas e técnicos brasileiros ou

residentes no Brasil há mais de 5 (cinco) anos;

b) ser realizada por empresa produtora brasileira registrada na

ANCINE, em associação com empresas de outros países com os quais o Brasil

mantenha acordo de co-produção cinematográfica e em consonância com os

mesmos.

c) ser realizada, em regime de co-produção, por empresa produtora

brasileira registrada na ANCINE, em associação com empresas de outros

países com os quais o Brasil não mantenha acordo de co-produção, assegurada

a titularidade de, no mínimo, 40% (quarenta por cento) dos direitos

patrimoniais da obra à empresa produtora brasileira e utilizar para sua

produção, no mínimo, 2/3 (dois terços) de artistas e técnicos brasileiros ou

residentes no Brasil há mais de 3 (três) anos.”

4
Trecho extraído do inciso V da Medida provisória de nº 2.228-1, de 6 de setembro de 2001, disponível
no sítio da ANCINE (www.ancine.gov.br).

5
§ 1o Para os fins do inciso V deste artigo, entende-se por empresa brasileira aquela constituída sob as
leis brasileiras, com sede e administração no País, cuja maioria do capital total e votante seja de
titularidade direta ou indireta, de brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 (dez) anos, os quais
devem exercer de fato e de direito o poder decisório da empresa. Idem.

37
2. Leis de Incentivo.

Desde a primeira lei brasileira de incentivo à produção cultural (Decreto nº.

21.240/1932 – Governo Vargas) houve a preocupação de que os projetos contemplados

propiciassem uma diversificação de foco, de modo a englobar ao mesmo tempo grandes

e pequenas produções, além de que seu alcance atingisse a qualquer área da cultura,

compreendendo entre outros, segmentos como: teatro, dança, circo, ópera, mímica e

congêneres: produção cinematográfica, videográfica, fotográfica, discográfica e

congêneres; literatura, inclusive obras de referência; música; artes plásticas, artes

gráficas, gravuras, cartazes, filatelia e outras congêneres; folclore e artesanato;

patrimônio cultural, inclusive histórico, arquitetônico, arqueológico, bibliotecas,

museus, arquivos e demais acervos; humanidades; e rádio ou televisão, educativas e

culturais, de caráter não-comercial.

Como resultado de todo o esforço e inovação na criação de mecanismos legais

de fomento às produções cinematográficas nacionais, viabilizando marketing cultural a

custo zero aos patrocinadores, temos hoje, por exemplo, uma nova e dinâmica fase de

crescimento do cinema nacional, com excelentes resultados de público e crítica que

elevam a qualidade das produções nacionais no mercado internacional e trazem ótimos

resultados de investimento à imagem dos investidores no setor.

A possibilidade de o cinema brasileiro ser competitivo só será possível com uma

parceria entre Estado e empresas. Só no ano passado (em 1999), gastamos 650 milhões

de dólares importando filmes. Gastamos, por ano, menos de 1% disso para incentivas o

cinema no páis, no período de 1995-1999. (WEFFORT, s./d.)

Em relação ao projeto “Sala do Cinema Brasileiro” tivemos de realizar uma

pesquisa sobre as leis federais viáveis através das quais tanto a implantação da sala,

38
quanto sua manutenção pudessem ser beneficiadas. Segue aqui, portanto, um breve

resumo sobre as duas leis pesquisadas: Lei Rouanet e Lei do Audiovisual.

• Lei Rouanet

A Lei nº. 8.813, de 23 de dezembro de 1991, também apelidada de Lei Rouanet,

instituiu o Programa Nacional de Incentivo à Cultura (PRONAC), com a finalidade de

captar e canalizar recursos para o setor cultural brasileiro, e regulamentando incentivos

fiscais federais para projetos cultuais.

Essa lei é considerada um marco no fomento a atividade cultural e audiovisual

brasileira, tendo contribuído fortemente para o crescimento do setor através da criação

de mecanismos de isenção tributária parcial a pessoas físicas e jurídicas que investirem

em doações, patrocínios e contribuições a obras cinematográficas brasileiras,

oportunizando a esses investidores excelente retorno financeiro e de marketing.

Como mecanismos para implantação, desenvolvimento e fomento de projetos que

democratizem o acesso da população aos bens e valores artísticos e culturais, foi

também instituído o Fundo Nacional de Cultura (FNC) e os Fundos de Investimento

Cultural e Artístico (FICART), visando direcionar o maior volume possível de recursos

arrecadados às atividades de criação do produto cultural.

Fruto dessa lei, atualmente os patrocínios e doações oriundos de pessoas físicas e

jurídicas são direcionadas aos projetos aprovados pela Comissão Nacional de Incentivo

à Cultura (CNIC), permitindo aos contribuintes colaboradores o abatimento/redução

proporcional de tais contribuições do Imposto de Renda devido. Contudo, a Lei Rouanet

vinculou tais possibilidades de incentivos fiscais só aos projetos de caráter público

excluindo a possibilidade de extensão do beneficio a projetos exibidos em circuitos

culturais fechados e particulares.

39
A aplicação dos recursos captados por projetos beneficiados pelo PRONAC é

destinada a cinco grupos de atividades: incentivo a formação artística e cultural;

fomento a produção artística e cultural; conservação e divulgação do patrimônio

artístico, cultural e histórico; estimulo ao conhecimento dos bens e valores culturais; e

apoio a outras atividades culturais e artísticas – como, por exemplo, realização de

missões culturais no País e no exterior e contratação de serviços para elaboração de

projetos culturais.

• Lei do Audiovisual

A Lei nº 8.685, de 20 de julho de 1993, também conhecida como Lei do

Audiovisual, criou importantes mecanismos de fomento à atividade audiovisual, e

permite à pessoa física deduzir do Imposto de Renda 3% do imposto devido com gastos

(ou investimentos) em cultura, enquanto que o percentual cai para 1% no caso de

pessoas jurídicas, sendo que o limite máximo de aporte de recursos por projeto é de três

milhões de Reais.

Algumas novas e importantes formas de incentivo aos investimentos feitos em

produções cinematográficas foram criadas por meio dessa lei. Pelo menos uma delas é

essencial para a formulação deste TCC: os projetos específicos da área audiovisual,

cinematográfica de exibição, distribuição e infra-estrutura técnica apresentados por

empresa brasileira de capital nacional, poderão, pela primeira vez, ser credenciados

pelos Ministérios da Fazenda e da Cultura para fruição de incentivos fiscais.

A ação desta lei veio a somar-se aos mecanismos previstos na Lei Rouanet,

possibilitando que um projeto audiovisual possa se beneficiar dos dois mecanismos ao

mesmo tempo, como pleiteia o produto deste trabalho, desde que para financiar

despesas distintas.

40
3. Cinema Digital.

Um dos pontos que se tornaram fundamentais durante a realização do projeto da

“Sala do Cinema Brasileiro” foi a discussão sobre o cinema digital. A escolha por

equipamentos de projeção deste tipo se pautou no interesse de proporcionar ao

espectador a melhor experiência cinematográfica possível, aliada a equipamentos de

última geração, utilizados pelas melhores redes exibidoras ao redor do mundo,

apresentando funcionalidade de operação e, finalmente, respeitando a evolução natural

do mercado exibidor.

Isso porque, apesar das inegáveis vantagens que a permitiram sobreviver ao

longo de mais de um século, a película de 35 mm apresenta limitações técnicas

intrínsecas. Para começar, apesar dos progressos realizados pelos fabricantes de

película, o grão básico do suporte cromático não pode se reduzir abaixo de seu tamanho

atual, ou seja, a textura da imagem já está perto de seu nível máximo. Em segundo

lugar, a luminosidade dos projetores não pode aumentar indefinidamente, uma vez que a

capacidade das lâmpadas disponíveis atualmente já apresenta importantes problemas de

resfriamento, e se ela se tornar um pouco maior, o calor que produziriam as lâmpadas

acabaria derretendo a película. Finalmente, os rolos de 35 mm atraem a poeira e estão

propensos ao desgaste mecânico, que prejudica a qualidade da projeção.

Na projeção digital, no entanto, as imagens estão totalmente livres da poeira e

dos riscos. Os espectadores não podem perceber deterioração alguma, nem sequer

depois de centenas de projeções. Não existem variações de luminosidade e a imagem é

perfeitamente estável já que não entra em jogo nenhuma peça mecânica. Com a

tecnologia digital, é possível ainda projetar imagens em telas maiores que 15 metros de

largura, com resoluções e níveis de contraste equivalentes e até superiores a 35mm.

41
Mas além dos benefícios técnicos que ela traz, uma de suas maiores vantagens

reside na possibilidade de não somente exibir filmes com imagem digital, dispensando,

com ganho de qualidade, o uso da tradicional película, mas também de projetar

quaisquer produções realizadas digitalmente, como séries de TV, shows ou competições

esportivas, eventos corporativos, videoconferências etc.

Na verdade, a exibição cinematográfica será um dos últimos segmentos da

indústria a adotar a tecnologia digital, já amplamente utilizada na realização e

finalização de produtos audiovisuais, mas a transição digital é um fato. Sobre isso, é

importante, inclusive, dizer que somente nos EUA já existem 4,6 mil salas operando no

sistema digital, e a expectativa é de que até dezembro de 2009 sejam assinados

contratos que atinjam 22 mil salas, o que significa que até o fim do ano que vem cerca

de 70% do circuito exibidor americano poderá estar operando com projeção digital.

Além disso, os padrões de projeção digital adotados para exibição de filmes, foram

estabelecido através do Digital Cinema Initiative, um comitê criado pelos sete grandes

estúdios de Hollywood (Warner, Fox, Universal, Paramount, Disney, DreamWorks e

Sony) detentores de grande fatia do mercado mundial e que, portanto, influenciam nos

circuitos de exibição em todo o mundo.

Países como a França, o Reino Unido, a Austrália e até a Venezuela também já

encaminharam o processo de transição digital, com a criação de seus próprios padrões

de exibição, obviamente compatíveis com os do DCI, e a elaboração de projetos de

incentivo para a construção de salas digitais. Resta ao Brasil, portanto, acompanhar as

mudanças tecnológicas que determinam o mercado exibidor ao redor do mundo,

abocanhando a parcela de espectadores que lhe cabe.

42
4. Projetos e Políticas Culturais

De acordo com o que discutimos na disciplina Oficina de Planejamento e

Elaboração de Projetos Culturais, ministrada pelo Professor Doutor e Cineasta

Umbelino Brasil, um projeto cultural deve ser entendido como um plano prospectivo de

uma unidade de ação capaz de materializar algum aspecto do desenvolvimento

econômico, social e cultural de uma sociedade e consiste num empreendimento

planificado e consistente de um conjunto de atividades inter-relacionadas e coordenadas

com fim de alcançar um determinado objetivo.

Um projeto cultural pode ser elaborado adotando inúmeras dependendo do

objetivo ou intenção a qual se propõe. O fundamental, no entanto é que tentemos

compreende-lo também como uma ferramenta que junta informações, percepções e

intuições em prol da realização.

É através da elaboração de projetos que se dá o planejamento e apresentação de

idéias para a gestão da cultura atendendo tantos aos anseios por novos espaços, políticas

e atividades culturais, quanto à manutenção e promoção necessárias a continuidade de

funcionamento de tais itens. Montiel (2003:161), por exemplo, descreve a importância

de um projeto cultural para fomento e resgate da cultura:

(...) Colocar em prática circuitos de distribuição adequados e eficazes de oferta cultural

significa liberar os limites horizontais da cultura. Distribuir a oferta cultural mais

equivalentemente, com perspectiva de formação de novos participantes ativos na vida

cultural criativa. Isso implica criar e atrair novas audiências, aprofundar o conhecimento

naqueles que tem acedido a um consumo artístico cultural (...).

Mas o produto aqui apresentado segue para além da formulação de um projeto

cultural e adentra a ceara da implantação de políticas culturais, cujo conceito está

43
condicionado à articulação de várias ações que acompanham o trajeto de um bem

cultural e é orientada para melhorar a qualidade de vida da população através de

atividades artístico-culturais. Assim associamos o trabalho aqui apresentado a duas

políticas culturais: a democratização de acesso e a formação de platéia.

A democratização cultural aqui presente, não tenta induzir que 100% da

população freqüente determinadas atividades culturais, mas pretende colocar a

disposição os meios e oferecer as alternativas de gostar ou não de alguma atividade. Isso

exige uma mudança de foco fundamental, ou seja, não se trata de colocar a cultura ao

alcance de todos, mas de munir todos os possíveis grupos “consumidores” de repertório

para que se interessem ou não em determinada atividade.

Segundo Botelho em seu texto “Dimensões da Cultura e Políticas Públicas”

(2001)6:

“Em primeiro lugar, nenhuma política que tenha como lema a democratização do acesso

à cultura poderá produzir resultados sensíveis se for considerada isoladamente: as

pesquisas demonstram claramente que o sistema escolar, embora não sendo o único

determinante, é a ferramenta mais acessível de construção de um capital cultural,

abrindo também a porta de alimentação desse capital. No entanto, um segundo aspecto

fundamental deve ser trazido à reflexão: as pesquisas francesas indicam que uma

política de democratização do acesso à cultura, se conseguir ultrapassar as barreiras

impostas pela origem social, tem de ser pensada em longo prazo, no espaço de pelo

menos duas ou três gerações, pois a construção de um capital cultural requer tempo para

ser acumulado e também depende da bagagem cultural herdada dos pais.”

Aliado a uma política de democratização de acesso, propomos, com a “Sala do

Cinema Brasileiro” uma política de formação de platéia, nesse caso para o cinema

nacional, ou seja, a formação de um contingente de indivíduos críticos e com

6
Disponível em :
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010288392001000200011&script=sci_arttext&tlng=en>

44
capacidade de abstração mínima, conseguida através da exploração de um trabalho

dialético, da criação de condições para que o espectador dialogue com a obra, e não

simplesmente através do estabelecimento de condicionamentos e automatismos.

Conclusão

A confecção deste produto de TCC foi repleta de desafios. O primeiro deles,

apareceu bem no início do processo e diz respeito a pouca confiança que alguns

professores desta faculdade e mesmo profissionais da área de produção cultural

depositaram na realização deste trabalho. Acredito que agora, mais do que nunca, tenho

plena certeza de que por mais simples que a construção de um projeto cultural pareça, é

uma tarefa exaustiva e complicada para ser realizada somente por uma pessoa,

principalmente em se tratando de um projeto deste porte, no qual existe uma sobrecarga

de informações extremamente diferentes a serem analisadas ao mesmo tempo.

O segundo desafio se apresentou por conta da dificuldade de formatação de tal

projeto de forma que ele pudesse atender a todas as exigências descritas na instrução

normativa nº. 61, como era nosso primeiro desejo. Inúmeros documentos não puderam

ser anexados a este TCC, e alguns dos planos técnicos solicitados demandariam mais

tempo para serem formulados, além de necessitarem de profissionais específicos para

tanto, o que nos leva ao terceiro desafio da realização deste TCC.

Tivemos imensa dificuldade em contatar profissionais experientes tanto da área

de exibição cinematográfica quanto das áreas de arquitetura e engenharia civil. Assim

tivemos de recorrer à ajuda de outros estudantes da UFBA, para que pudéssemos

garantir a apresentação de partes essenciais deste projeto cultural.

De qualquer forma, ao longo do processo pude perceber que a escolha pela

realização de um produto realmente completou a minha formação profissional dentro

45
desta instituição. Pudemos, meu parceiro e eu, realizar inúmeras pesquisas tanto de base

teórica quanto prática, compreendendo de forma muito mais aprofundada o

funcionamento administrativo e técnico que cerca uma sala de exibição no Brasil, e re-

visitando, enfim, todos os conceitos com os quais trabalhamos ao longo desta

graduação.

Estamos, finalmente, muito satisfeitos com o resultado aqui apresentado e

nutrimos a esperança de, em pouco tempo, conseguir formata-lo de forma completa para

que seja enviado a ANCINE e a “Sala do Cinema Brasileiro” possa sair do papel e se

tornar realidade.

Referências

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época de ouro (1977-1981). Niterói: EdUFF, 2000.

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em:
<http://www.ancine.gov.br/media/Relatorio_de_Acompanhamento_Financeiro_2006-
atualizado_em_10052007.pdf>. Acesso em: 8 maio 2007.

ANCINE. Relatório de gestão 2004. Rio de Janeiro, 2005. Disponível em:


<http://www.ancine.gov.br/media/rel_gestao_2004.pdf>. Acesso em: 8 maio 2007.

BOTELHO, Isaura. Dimensões da Cultura e Políticas Públicas. São Paulo, 2001.


Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010288392001000200011&script=sci_arttext&t
lng=en>

BRASIL. Instrução Normativa nº 61, de 07 de maio de 2007. Regulamenta a


elaboração, a apresentação e o acompanhamento de projetos de infra-estrutura técnica
para o segmento de mercado de salas de exibição. Rio de Janeiro, 2007. Disponível em:
< http://www.ancine.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=6483&sid=71>. Acesso
em: 4 dez. 2007.

BRASIL. Medida Provisória nº 2.228-1 de 6 de setembro de 2001. Estabelece princípios


gerais da Política Nacional do Cinema, cria o Conselho Superior do Cinema e a Agência
Nacional do Cinema - ANCINE, institui o Programa de Apoio ao Desenvolvimento do

46
Cinema Nacional - PRODECINE, autoriza a criação de Fundos de Financiamento da
Indústria Cinematográfica Nacional - FUNCINES, altera a legislação sobre a
Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional e dá
outras providências. Brasília, DF, 2001. Disponível em:
<http://www.ancine.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=5631&sid=67>. Acesso
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CAVALCANTI, Augusto Sherman (relator). Relatório de auditoria de conformidade.


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Data da secção: 20/10/2004. Disponível em:
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Cinema de Salvador: considerações a partir do caso do Grupo Sala de Arte. Salvador,
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MONTIEL, Edgard. “A comunicação no fomento de projetos culturais para o


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XAVIER, Ismail. Cinema Brasileiro Moderno. São Paulo: Terra e Paz, 2001.

47
Projeto Modelo “Sala do Cinema Brasileiro”

48
Apresentação
O projeto “Sala do Cinema Brasileiro”, aqui proposto, prevê a criação de uma
sala de cinema com tecnologia digital cujas exibições serão restritas a produtos
audiovisuais atestados como brasileiros, de acordo com o definido pelo inciso V da
Medida Provisória de nº 2.228-1, de 6 de setembro de 2001 (ver anexo I). A sala será
implantada em Salvador, Bahia, em caráter de primeira experiência, uma vez que o
projeto deve servir como modelo para outras cidades, principalmente do interior, e
outros estados.
Para tanto, o espaço físico necessário deve ser de aproximadamente 1200m² e
será ocupado por uma sala de exibição com capacidade para um total de 135 lugares,
sendo 131 deles fixos (1 para pessoas com mobilidade reduzida, 1 para pessoa obesa e
129 poltronas convencionais) e 4 para cadeirantes, um hall de entrada com bilheteria e
um café. Para o funcionamento dos espaços da sala serão necessários 10 funcionários,
além da equipe de trabalho do café.
Será criada uma grade de exibição baseada em uma programação básica e 3
sessões complementares que integram o projeto de formação de platéia: a sessão escola,
a sessão infantil e a sessão clássica. É de interesse do projeto, portanto, que a sala de
cinema aglutine tanto atividades de formação de platéia, voltadas para um público mais
jovem, quanto políticas de democratização de acesso à produtos culturais, através, por
exemplo, de preços baixos, com ingressos custando o equivalente a 1% do salário
mínimo ou apenas 1 (um) real e ate mesmo sessões gratuitas, política essa voltada para
um público mais amplo. Além disso, a programação deverá ser composta tanto por
filmes de grande apelo comercial, quanto por aqueles de menor apelo, e mesmo por
filmes antigos, apresentando ao grande público obras essenciais para a cinematografia
brasileira, alem de curtas e medias metragens
Para a projeção será utilizado o Casablanca Digital System, um sistema digital
original, desenvolvido no Brasil, que possibilita qualidade total de som e imagem, com
a projeção do filme sem o uso da película, o que permite maior flexibilidade de
distribuição e programação (conteúdos alternativos, programação on demand etc). Já os
equipamentos sonoros serão escolhidos conforme o estabelecido pelo certificado THX,
um moderno sistema criado nos EUA, que possibilita ao exibidor excelência de áudio
com fidelidade absoluta, além de disponibilizar profissionais para inspeção e
manutanção dos equipamentos.

49
E, por fim, a sala pretende utilizar para sua reforma e implantação incentivos
instituídos pela Lei nº. 8.685, de 20 de julho de 1993, conhecida como Lei do
Audiovisual (ver anexo II) e pela Lei nº. 10.179, de 06 de fevereiro de 2001 (ver anexo
III), e para seu funcionamento e manutenção serão pleiteados recursos através da Lei nº
8.313, de 23 de dezembro de 1991, conhecida como Lei Rouanet (ver anexo IV).

Justificativa
Apesar de não pairarem dúvidas acerca da força e originalidade da matriz
cultural do cinema brasileiro, existem, ainda hoje, grandes incertezas no que diz respeito
ao seu estabelecimento enquanto indústria. Além de certa heterogeneidade em termos de
qualidade e quantidade da produção cinematográfica nacional, e da falta de estruturação
de base tecnológica e operacional que se constata nas empresas do setor, o que de fato
tem atrapalhado o percurso dos filmes brasileiros tem sido seu pouco controle de
mercado e sua falta de competitividade internacional.
Segundo dados da Ancine, de 2002 para 2003 houve um aumento de salas de
1.635 para 1.817 em todo o Brasil, sendo que a produção nacional ficou estacionada em
30 filmes por ano. No entanto, constatou-se, na execução de auditoria realizada pelo
Tribunal de Contas de União, grande volume de obras concluídas, porém sem
veiculação (mais de 30% - cerca de R$ 12 milhões captados), demonstrando que a
expansão do circuito comercial não beneficia necessariamente um incremento no
número de filmes nacionais a serem exibidos. Em âmbito local a situação não é
diferente. Em rápida pesquisa realizada na semana entre os dias 07 a 13 de novembro de
2008, constatou-se que das 34 salas de cinema instaladas em Salvador, haviam somente
10 filmes nacionais em cartaz, enquanto que o total de filmes estrangeiros exibidos
somou 19 filmes, ou seja, 65% do total de obras apresentadas.
Não se pretende aqui, no entanto, considerar as dificuldades do cinema brasileiro
como simples reflexo do poderio econômico e outros países na área de cinema, mas, ao
mesmo tempo, não se pode minimizar o potencial de competição nem a importância e o
impacto de sua concorrência no mercado interno. Deve-se levar em consideração, além
disso, o advento da internet e o desenvolvimento cada vez maior das novas tecnologias
de produção e consumo de imagens, fazendo com que o aparato cinematográfico
brasileiro necessite repensar o seu papel nessa nova conjuntura, e favoreça a criação de
espaços de exibição que vão além das salas tradicionais de cinema, oferecendo uma
programação segmentada, por exemplo, acompanhada de reflexão teórica e crítica.

50
Existem, assim, dois pontos fundamentais que diferenciam essa sala modelo de
qualquer outra existente no país. Primeiro seu caráter de fomento à exibição
cinematográfica brasileira, estabelecendo eficazmente um canal de apresentação e
reflexão crítica sobre a produção cinematográfica brasileira, dando uma maior
visibilidade não somente aos longas, mas também aos curtas e medias metragens, e
permitindo também a circulação de produções regionais, restritas em grande parte aos
festivais de cinema, fazendo com que possam chegar ao seu destinatário final, o público,
sem que suas exibições tenham de ser sazonais e descontinuadas. Nesse sentido, o
critério do tratamento temático também poderá ser adotado na formulação da
programação, possibilitando que o espectador possa fazer um paralelo entre as visões
que as diferentes regiões do país possuem sobre determinado tema. O segundo ponto
abarca seu plano de formação de platéia e de democratização de acesso, que privilegiam
camadas C e D da população que, hoje, não possuem condições de freqüentar as salas
de cinema convencionais por conta, principalmente, do alto preço dos ingressos.
Em pesquisa de público7 realizada na cidade de Salvador entre 14 de setembro e
11 de outubro de 2007, tendo como referência os Cines Ponto Alto I e II, Cinema
Multiplex Iguatemi, Sala Walter da Silveira e Cinema do Museu, foi constatado que a
maior parte do público possui renda pessoal de até quatro salários mínimos, e que o
segundo maior impedimento para uma maior freqüência ao cinema é o preço do
ingresso, ficando atrás somente da opção falta de tempo, e revelando o caráter
abrangente da “Sala do Cinema Brasileiro”. Em nível nacional, segundo dados do
Ministério da Cultura, é possível afirmar que o intenso aumento no preço dos ingressos,
principalmente entre os anos 80, 90 e 2000, vem excluindo uma parcela significativa da
população de baixa renda (notadamente os grupos de renda D/E) de freqüentar o
cinema, fato ainda ressaltado com a elevação de status pelo qual o cinema passa,
instalando-se em grandes galerias e shopping centers.
Buscando, portanto, resgatar essa parcela da audiência e, conseqüentemente, um
incremento de público não só para suas exibições, mas para o mercado brasileiro como
um todo, a sala modelo deverá ser incentivada pelo governo, e configurar, juntamente
com outras medidas complementares - a exemplo da campanha “Mês do Filme

7
Pesquisa realizada pela disciplina obrigatória da Faculdade de comunicação da Universidade Federal da
Bahia: Oficina de Análise de Públicos e Mercados Culturais/COM 134 do curso de Produção Cultural,
apresentada em 05 de dezembro de 2007.

51
Nacional” 8, como meio de criação de bases sólidas para o desenvolvimento de uma
indústria cinematográfica brasileira. De fato, somente a criação de diversas “Salas do
Cinema Brasileiro” não daria conta de resolver os problemas do setor de exibição no
país, mas, sem dúvida, sua criação beneficiará o panorama atual, propondo uma fórmula
que não deixa os agentes econômicos que atuam na área do cinema brasileiro à mercê
de decisões políticas do momento e sim, que tenha a garantia de que haverá
durabilidade nas políticas existentes de forma a trazer segurança ao mercado, dando ao
público condições reais de consumo das linguagens estéticas e narrativas presentes na
produção nacional.
Além disso, uma sala de cinema que privilegia filmes e vídeos brasileiros reforça
a construção da identidade imagética do país. Afinal, um cinema nacional possui
indiscutível importância sob o aspecto cultural, e tem no público um poder de impacto,
que o estrangeiro não costuma ter. Isso porque o filme nacional apresenta ao espectador
aspectos dele mesmo, suas esperanças, inquietações, pensamentos e modos de vida,
mesmo que deformados, deparando-o com sua própria realidade, e exigindo dele uma
reação.
Outro ponto importante e que talvez não seja notado pelos governantes é que a
indústria de audiovisuais também tem tido papel fundamental na disseminação de
informações, consequentemente influenciando na arquitetura das decisões da economia
mundial. As inovações nos processos de produção, distribuição e consumo de
audiovisuais encontram-se, atualmente, no centro das revoluções tecnológicas da
eletrônica, informática e telecomunicações e, portanto, uma área em expansão e que
pode influenciar bastante na geração de emprego e renda, trazendo durante esse
processo transformações culturais profundas para as mais diversas sociedades.
Nesse contexto, uma tendência que existe, ainda que de forma incipiente, mas
que pode afetar a atividade cinematográfica no futuro é a expansão dos filmes e cinemas
digitais, restando ao cinema brasileiro, portanto, se antecipar e se preparar para disputar
o mercado doméstico e internacional com as novas tecnologias disponíveis. Assim
estabeleceu-se à opção por utilizar equipamento de projeção digital, e não analógico.
A “Sala do Cinema Brasileiro” será voltada exclusivamente para este tipo de
tecnologia por apresentar vantagens na dinamização da exibição, permitindo que obras

8
Campanha realizada pela Ancine durante todo o mês de novembro, em 20 Estados brasileiros, na qual de
segunda a quinta-feira as redes de cinema participantes disponibilizarão ingressos a partir de R$ 4,00 para
27 filmes brasileiros, entre longas de ficção e documentários. In: http://201.94.126.21/principal.aspx
acesso em 10 de novembro de 2008.

52
vídeofonograficas, por exemplo, possam também ter sua exibição assegurada, e também
por apresentar imagem natural, sem oscilação, com foco perfeito e alto contraste que
não apresenta falhas nem riscos. A imagem preenche toda a tela, tem brilho consistente
e alta qualidade. Desde a estréia de um filme até a sua milésima exibição, a imagem
continua perfeita, sem as deteriorações geradas pelo contato físico com partes móveis
ou engrenagens, ou por conta do calor, como acontece nos projetores analógiocos.
Além disso, embora o valor de aquisição de tal tecnologia seja um pouco mais
alto, os custos relativos a cada exibição, e os custos de manutenção dos equipamentos
digitais chegam a ser até três vezes mais baratos do que o montante gasto com
equipamentos de projeção analógica de 35mm, transporte e armazenamento dos rolos,
fazendo com que o orçamento anual desta sala de cinema seja mais baixo do que os que
se veem em algumas salas do circuito comercial. É ainda importante ressaltar que com a
tecnologia digital, a distribuição dos filmes se torna mais fácil e barata, permitindo aos
estudios a disponibilização de maior número de cópias a uma grande variedade de redes
exibidoras, contribuindo para que mais localidades possam ter acesso simultâneo aos
lançamentos cinematográficos.
Finalmente devem ser levados em conta argumentos sobre a localização9 dessa
primeira “Sala do Cinema Brasileiro”. A escolha de Salvador é baseada primeiramente
na tentativa de descentralizar os incentivos do Estado no setor cinematográfico, que
concentra mais de 80% de seus recursos na região Sudeste do país. Salvador apresenta
ainda um grande potencial de expansão para o mercado exibidor, além de bem-
sucedidos exemplos de pequenas salas fora de galerias ou shoppings, a exemplo do
Grupo Sala de Arte, que consegue acumular bom público mensal para sua programação,
em uma média de 1200 espectadores. Finalmente há ainda um aspecto histórico em tal
escolha, devido à importância do Estado da Bahia no cenário da produção brasileira,
sendo responsável pelo surgimento de importantes ciclos de produção como o Cinema
Novo.

9
De acordo com o instituído pela IN 61 de 07 de Maio de 2007, deverá ser resguardada uma distância
mínima, medida em linha reta, entre o local de implantação de complexo de exibição proposto no projeto
e o complexo de exibição mais próximo, de 3.200 (três mil e duzentos) metros em município com
população maior do que 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e menor ou igual a 3.000.000
(três milhões) de habitantes, como no caso de Salvador.

53
Objetivos
Geral:
Criação de uma “Sala do Cinema Brasileiro” modelo, sediada na cidade de
Salvador, que tenha como principio a exibição de obras videofonográficas e
cinematográficas atestadas enquanto produto brasileiro.
Específicos:
• Formação de platéia para o audiovisual nacional;
• Democratização de acesso à produtos culturais para grupos de baixa
renda;
• Fomentação da produção audiovisual regional;
• Concessão de maior espaço de exibição para filmes nacionais, através de
reserva de mercado.
• Favorecimento da construção de identidades regional e nacional.
• Elaboração de sessões de cinema para público segmentado como, por
exemplo: vestibulandos, professores, ecologistas, etc.
• Ampliação de discussões a cerca do cinema brasileiro através da criação
de mostras e sessões paralelas.
• Ampliação do acesso de curta e media-metragens a um circuito de
exibição regular.
• Favorecimento da ampliação do mercado brasileiro de Cinema Digital.

Público-alvo
O projeto “Sala de Cinema Brasileiro” pretende alcançar com sua Programação
Básica e Sessão Clássica um público muito amplo, de faixas-etárias diversas, sobretudo
pessoas com renda familiar de até três salários mínimos. Com a Sessão Infantil e
Escola, o público-alvo que pretende ser alcançado tem faixa-etária entre três e 16 anos e
renda familiar pouco definida, uma vez que mesmo escolas particulares podem
requisitar participação em alguma sessão escola.

54
Metas a atingir / Resultados previstos
(estimativa em ano de 52 semanas)
• Apresentação de até 200 novos filmes, entre curta, media e longa-
metragens, com público esperado de 98 mil espectadores (lotação de
aproximadamente 50%);
• Exibição de 12 filmes clássicos da cinematografia brasileira, divididos
em sessão mensal, com público estimado de 1200 espectadores (lotação
de aproximadamente 80%);
• Apresentação de até 12 filmes infantis, em sessões mensais diurnas, a
preços mais baixos, com estimativa de 1200 espectadores (lotação de
aproximadamente 80%);
• Realização de exibições fechadas e agendadas, semanalmente, para uma
média de 36 escolas e instituições de ensino, com público de 4850
alunos, aproximadamente (lotação de 100% durante os 9 meses letivos).
• Público total esperado: 105.250 espectadores.

Base metodológica e operacional.


Corpo de funcionários (ver anexo V)
A “Sala do Cinema Brasileiro” contará com 10 funcionários distribuídos nas
seguintes funções: 1 coordenador geral, 1 coordenador de programação, 1 secretária, 2
projetistas, 2 bilheteiros e 3 funcionários de serviços gerais.
Os coordenadores trabalharam em conjunto para a elaboração da grade básica de
programação, baseados nos lançamentos previstos a cada mês, na disponibilidade de
algumas obras para a exibição, e até mesmo na agenda cultural da cidade e do país.
Caberá ao coordenador geral também funções administrativas, auxiliado por uma
secretária, enquanto que ao coordenador de programação as funções ficarão restritas a
escolha, manejo e promoção dos filmes a serem exibidos.
Aos projetistas caberá a função de controle técnico de cada sessão. Os
bilheteiros trabalharão na venda de ingressos e no atendimento ao público. Os
funcionários de serviços gerais serão responsáveis pela limpeza do ambiente e apoio às
atividades realizadas na “Sala do Cinema Brasileiro”.
O espaço do café será terceirizado e, portanto, contará com sua própria equipe de
trabalho.

55
Grade de exibição (ver anexo VI)
A grade de exibição será composta pelas seguintes sessões abaixo
descriminadas: programação, sessão clássica, sessão infantil e sessão escola.
• Programação Básica:
A sala funcionará de segunda a segunda e será dividida em quatro
sessões diárias. Levando-se em consideração um tempo médio de duas
horas por sessão, se deverá ter filmes a partir das 14hs, e próximas
exibições as 16hs, 18hs e 20hs, podendo haver pequenas modificações
no horário caso haja necessidade de mais tempo por sessão. Cada
exibição será composta de até dois ou três filmes, dispostos nas
seguintes combinações: um curta e um longa; dois médias; ou três
curtas. O ingresso terá valor aproximado correspondente a 1% do salário
mínimo vigente, como iniciativa para democratização de acesso da
população a produtos culturais nacionais, principalmente para grupos de
baixa renda.
• Sessão Clássica:
Uma vez a cada mês, as quintas-feiras, será exibido um filme clássico da
cinematografia brasileira em sessão noturna das 20hs, ou horário
compatível de acordo com a programação normal. Serão obras de
diretores importantes, adaptações significativas da literatura nacional,
documentários representativos da identidade brasileira, ou simplesmente
filmes interessantes por seus aspectos técnicos ou sensibilidade narrativa.
A Sessão Clássica se encaixa como parte integrante do projeto de
formação de platéia, e terá ingresso promocional.
• Sessão Infantil:
Mensalmente, as 10hs dos domingos, ocorrerá uma sessão voltada para
crianças com apresentação de obras brasileiras de temática infantil, de
curta, média, ou longa-metragem, novas ou antigas. A Sessão Infantil
também é componente do projeto de formação de platéia a ser aplicado e,
portanto, terá ingresso promocional.
• Sessão Escola:
Esta sessão abrirá espaço para que escolas ou instituições de ensino
agendem exibições exclusivas para seus alunos. As exibições ocorrerão

56
semanalmente, às 9hs das terças-feiras, e terão como público prioritário
crianças e adolescentes de 3 a 16 anos (maternal a ensino médio). A
instituição poderá escolher o filme apresentado na sessão desde que este
faça parte da programação normal exibida naquela semana. A Sessão
Escola é mais um integrante do projeto de formação de platéia e será
gratuita.

Equipamentos
Sonorização
O sistema de áudio que será utilizado é o THX criado por George Lucas em
1983. Com uma combinação única de alto-falantes integrados e acústica de sala de
cinema específica, o THX proporciona resposta regular em toda gama de freqüências e
cobertura uniforme do auditório.
Seu conjunto de equipamentos é composto por formações surround nas laterais
esquerda e direita da platéia, bem como uma formação central no fundo da sala. Além
disso, é instalada, atrás da tela, uma parede baffle que controla o som, projetando uma
experiência acústica homogênea para a audiência, e na qual se dá a disposição dos alto-
falantes da direita, esquerda e centro, além dos subwoofer.
• Formações Surround (ver anexo VI):
Nove caixas JBL 8330A arranjadas em grupos de três e localizadas nas
laterais e no fundo da sala de projeção, e nove brackets JBL 2516 de fácil
montagem e ângulo ajustável para suporte das caixas surround.
• 3-way System (ver anexo VII):
Três unidades JBL 3631-T para localização atrás da tela de projeção.
• Subwoofer (ver anexo VIII):
Uma caixa JBL 4642A localizada no fundo da tela de projeção.
• Sistema Integrado (ver anexo X):
Quatro amplificadores Crown DSi 1000 com DSP integrado para
crossover e equalização dos alto-falantes.
• Sistema para Medida Acústica (ver anexo XI):
Um AcoustX D2 Acoustical Mesurement System para análise e
calibragem de som.

57
Projeção
Já o sistema de projeção a ser utilizado pela “Sala do Cinema Brasileiro” baseia-
se no Casablanca Digital System, que integra os diferentes componentes da projeção
digital de última geração, incluindo entre outros: servidores Cinestore da EVS (líder no
segmento de servidores para broadcasting), projetores da Christie Digital (líder mundial
em projeção de alta performance), os conversores da Teranex (responsáveis pelas
conversões entre vários sistemas de resolução, alta ou standard) e transmissão através de
satélite via Star One (empresa do grupo Embratel).
• Servidor Cinestore da EVS (ver anexo XII):
Sistema que permite a administração das exibições. É composto por três
partes: o Solo G3, um servidor digital hibrido que recebe e roda os
arquivos em JPEG 2000 e MPEG-2; o Audi, um conversor
digital/analógico para áudio; e o Plaza, uma combinação de hardware e
software que possibilita a automação das projeções e da biblioteca de
títulos.
• Projetor Christie Digital (ver anexo XIII):
Será utilizado o projetor CP2000-M, o mais compacto projetor para
cinema digital do mundo, que projeta com até 12.000 lumens de potência
e lente de zoom 1.3-1.75. Esse equipamento é ideal para pequenas salas
de exibição, apresentando maior durabilidade e menor custo com
eletricidade.
• Conversor Teranex (ver anexo XIV):
O modelo a ser usado é o VC100, um conversor universal HD/SD que
diminui ruídos de vídeo que possam existir, e que também proporciona
sincronia de frames capaz de diminuir o tamanho dos arquivos enquanto
maximiza o processamento das imagens.
• Transmissão via Star One:
A Embratel disponibiliza através da Star One um serviço de broadcasting
por satélite, que distribui o conteúdo a ser exibidos para salas de Cinema
Digital como a “Sala do Cinema Brasileiro” pretende ser.

58
Projeto Arquitetônico.
O projeto arquitetônico aqui apresentado em planta baixa (ver anexo XV) e com
demonstrações em 3D (ver anexo XVI), apresenta um total de quase 1200m², mas
poderá ser trabalhado de acordo com o terreno no qual será implantado, seja em
Salvador, ou em qualquer outra cidade do país. Todo o ambiente é climatizado e
adaptado para portadores de deficiência, respeitando as regras da ABNT no que dizem
respeito à: quantidade de espaços para pessoas em cadeiras de rodas e assentos para
pessoas com mobilidade reduzida e para obesos em locais de reunião; dimensões do
módulo de referência para pessoas em cadeira de rodas (0,80 x 1,20m); largura para
deslocamento em linha reta de pessoas em cadeira de rodas (1,50m); e área para
manobra de cadeira de rodas sem deslocamento (1,50m de diâmetro).
A sala de exibição foi projetada respeitando o ângulo de 36° entre a última
fileira e a tela, ideal para projeções até em Cinemascope. Os degraus construídos para
aumentar a visão do espectador têm altura de 16 cm e sua plataforma possui 1,20m de
largura, e disponibiliza 16 lugares como o recomendado. Para maior comodidade foi
respeitado também o ângulo mínimo de visão de 30º para espectadores sentados na
primeira fileira de assentos.
A distância entre a tela e o chão é de 1,20m, assim como seu afastamento em
relação à parede, permitindo a instalação das caixas de som integrantes do sistema de
áudio. A sala receberá tratamento acústico ideal para cinemas, de classificação “B”
auto-extingível, composto placas Sonique Classic 30C e portas de isolamento de 40db.
Além disso, completando o tratamento, parede de fechamento, atrás da última fileira de
espectadores, deverá receber tratamento superficial contra a formação de eco.
A sala de projeção obedece ao espaço mínimo recomendado (distância livre de
1m atrás da bancada para equipamentos, assim como das laterais e 2,80m de altura). O
projetor será instalado a uma distância de aproximadamente 12m em relação à tela,
sendo que o ponto médio do raio de projeção não deverá afastar-se, vertical ou
horizontalmente, mais do que 5º do meio da tela.

Retorno de interesse público


Projeto de formação de platéia:
Um dos objetivos centrais da “Sala de Cinema Brasileiro” é o desenvolvimento
de atividades que proporcionem um incremento de público assíduo para obras

59
cinematográficas nacionais. Dessa forma, a implementação de três das sessões citadas
anteriormente se encaixam em um projeto de formação de platéia.
A sessão clássica procura através da exibição de obras fundamentais da
cinematografia nacional, transmitir ao público um conhecimento mais global sobre os
modos de produção e ciclos estéticos desenvolvidos na história do cinema brasileiro,
aumentando o repertório da audiência, e contribuindo para fruição de novas obras
lançadas.
O interesse da sessão infantil é trabalhar as crianças como público potencial,
estimulando-as a irem ao cinema de forma regular, através da apresentação de obras
cujos temas lhes sejam direcionados. Ao se incentivar o gosto pelo cinema brasileiro em
indivíduos de pouca idade, aumentam-se as chances que essa criança se torne um adulto
freqüentador de exibições nacionais.
Ainda com o mesmo intuito, a sessão escola também tem como público-alvo as
crianças e adolescentes. No entanto, além do simples incentivo ao gosto por obras
nacionais, com essas sessões procurar-se-á mostrar o potencial de diálogo de tais filmes
com elementos simbólicos e traços do caráter nacional, permitindo que o público se
reconheça na tela do cinema.
Projeto de democratização de acesso:
A política de democratização de acesso a produtos culturais se baseia na
instituição de preços acessíveis a camadas da população de menor poder econômico.
Sendo o público principal deste projeto pessoas que possuem renda familiar de até três
salários mínimos, é possível afirmar que mediante sua implantação na cidade de
Salvador, segundo dados do Censo do ano 2000, cerca de 78% da população encontrar-
se-á privilegiada pela política de democratização de acesso da “Sala do Cinema
Brasileiro”.
Dessa forma, o preço a ser cobrado em sessões da programação básica será
compatível, aproximadamente, a 1% do salário mínimo vigente, que nesse momento,
outubro de 2008, representa cerca de R$ 4,00. Para duas das sessões inclusas no projeto
de formação de platéia, o ingresso terá valor promocional de R$ 1,00, representando,
portanto, cerca de 0,25% do salário mínimo atual. Para a sessão escola o acesso à
exibição será gratuito.

60
Avaliação dos resultados
Como medidas de avaliação serão realizadas: relatórios, mensais e anuais, com a
finalidade de esquematizar dados sobre o alcance das sessões de formação de platéia e
do desempenho dos filmes exibidos nas sessões de programação básica; pesquisa de
público, também mensal, com amostragens de 100 espectadores, com o intuito de
alinhar a programação da “Sala de Cinema Brasileiro” com as expectativas de sua
audiência; e, por fim, pesquisa com as instituições de ensino participantes da sessão
escola, com o intuito de avaliar a funcionalidade das exibições para estas entidades.
De acordo com a Lei Rounet, fonte de investimento pleiteada aqui para a
manutenção e funcionamento da “Sala do Cinema Brasileiro” deverá ainda, a cargo de
prestação de contas, ser realizada uma avaliação final da aplicação correta dos recursos
recebidos, no primeiro semestre de cada ano.

Financiamento
O projeto aqui apresentado almeja utilizar, para aquisição de equipamentos e sua
instalação, incentivos instituídos pela Lei nº. 8.685, de 20 de julho de 1993 e pela Lei nº.
10.179, de 06 de fevereiro de 2001. Fica estabelecido, portanto, através da Lei do
Audiovisual um mecanismo específico de incentivo fiscal para a atividade audiovisual,
permitindo à pessoa jurídica deduzir do imposto de renda até 3% do imposto devido
com gastos (ou investimentos) em cultura. Através da Lei nº. 10.179 fica o Poder
Executivo autorizado a emitir títulos da dívida pública para troca por títulos emitidos
em decorrência de acordos de reestruturação da dívida externa para utilização em
projetos voltados inclusive para exibição no Brasil de obra audiovisual brasileira.
Além disso, para seu funcionamento, serão pleiteados recursos disponíveis
através do Programa Nacional de Apoio à Cultura pela Lei nº 8.313, de 23 de dezembro
de 1991. Esse financiamento ocorre por meio do Programa Nacional de Apoio à Cultura
(PRONAC) que dispõe do FICART (Fundos de Investimento Cultural e Artístico), do
Mecenato e do FNC (Fundo Nacional de Cultura). O FNC destina recursos a projetos
culturais por meio de empréstimos reembolsáveis ou cessão a fundo perdido, e o
FICART possibilita a criação de fundos de investimentos culturais e artísticos. Já o
Mecenato disponibiliza benefícios fiscais para investidores que apóiam projetos
culturais sob forma de doação ou patrocínio. Empresas e pessoas físicas podem utilizar
a isenção de até 100% do valor no Imposto de Renda e investir em projetos culturais.

61
Orçamento

62
63
ANEXO I
Trecho extraído do inciso V da Medida provisória de nº 2.228-1,
de 6 de setembro de 2001.

“obra cinematográfica brasileira ou obra videofonográfica brasileira é aquela


que atende a um dos seguintes requisitos:

a) ser produzida por empresa produtora brasileira,


observado o disposto no § 1 o 10, registrada na ANCINE, ser
dirigida por diretor brasileiro ou estrangeiro residente no País há
mais de 3 (três) anos, e utilizar para sua produção, no mínimo, 2/3
(dois terços) de artistas e técnicos brasileiros ou residentes no
Brasil há mais de 5 (cinco) anos;

b) ser realizada por empresa produtora brasileira registrada


na ANCINE, em associação com empresas de outros países com
os quais o Brasil mantenha acordo de co-produção
cinematográfica e em consonância com os mesmos.

c) ser realizada, em regime de co-produção, por empresa


produtora brasileira registrada na ANCINE, em associação com
empresas de outros países com os quais o Brasil não mantenha
acordo de co-produção, assegurada a titularidade de, no mínimo,
40% (quarenta por cento) dos direitos patrimoniais da obra à
empresa produtora brasileira e utilizar para sua produção, no
mínimo, 2/3 (dois terços) de artistas e técnicos brasileiros ou
residentes no Brasil há mais de 3 (três) anos.”

10
§ 1o Para os fins do inciso V deste artigo, entende-se por empresa brasileira aquela constituída sob as
leis brasileiras, com sede e administração no País, cuja maioria do capital total e votante seja de
titularidade direta ou indireta, de brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 (dez) anos, os quais
devem exercer de fato e de direito o poder decisório da empresa. Idem.

64
ANEXO II
Lei do Audiovisual

LEI No 8.685, DE 20 DE JULHO DE 1993

Regulamento Cria mecanismos de fomento


à atividade audiovisual e dá outras
providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Até o exercício fiscal de 2003, inclusive, os contribuintes poderão deduzir do


imposto de renda devido as quantias referentes a investimentos feitos na produção de
obras audiovisuais cinematográficas brasileiras de produção independente, conforme
definido no art. 2º, incisos II e III, e no art. 3º, incisos I e II, da Lei nº 8.401, de 8 de
janeiro de 1992, mediante a aquisição de quotas representativas de direitos de
comercialização sobre as referidas obras, desde que estes investimentos sejam
realizados no mercado de capitais, em ativos previstos em lei e autorizados pela
Comissão de Valores Mobiliários, e os projetos de produção tenham sido previamente
aprovados pelo Ministério da Cultura. (Vide Medida Provisória nº 2.228, de 6.9.2001)

§ 1º A responsabilidade dos adquirentes é limitada à integralização das quotas


subscritas.

§ 2º A dedução prevista neste artigo está limitada a três por cento do imposto devido
pelas pessoas físicas e a um por cento do imposto devido pelas pessoas jurídicas.

§ 3º Os valores aplicados nos investimentos de que trata o artigo anterior serão:

a) deduzidos do imposto devido no mês a que se referirem os investimentos, para as


pessoas jurídicas que apuram o lucro mensal;

b) deduzidos do imposto devido na declaração de ajuste para:

1. as pessoas jurídicas que, tendo optado pelo recolhimento do imposto por estimativa,
apuram o lucro real anual;

2. as pessoas físicas.
................................................

§ 5º Os projetos específicos da área audiovisual, cinematográfica de exibição,


distribuição e infra-estrutura técnica apresentados por empresa brasileira de capital
nacional, poderão ser credenciados pelos Ministérios da Fazenda e da Cultura para
fruição dos incentivos fiscais de que trata o caput deste artigo.

65
Art. 2º O art. 13 do Decreto-Lei nº 1.089, de 2 de março de 1970, alterado pelo art. 1º
do Decreto-Lei nº 1.741, de 27 de dezembro de 1979, passa a vigorar com a seguinte
redação:
................................................

Art. 4º O contribuinte que optar pelo uso dos incentivos previstos nos arts. 1º e 3º
depositará, dentro do prazo legal fixado para o recolhimento do imposto, o valor
correspondente ao abatimento em conta de aplicação financeira especial, no Banco do
Brasil S.A., cuja movimentação sujeitar-se-á à prévia comprovação junto ao Ministério
da Cultura de que se destina a investimentos em projetos de produção de obras
audiovisuais cinematográficas brasileiras de produção independente.

§ 1º As contas de aplicação financeira a que se refere este artigo serão abertas:

a) em nome do produtor, para cada projeto, no caso do art. 1º;

b) em nome do contribuinte, no caso do art. 3º.

§ 2º Os projetos a que se refere este artigo deverão atender cumulativamente os


seguintes requisitos:

a) contrapartida de recursos próprios ou de terceiros correspondente a 40% do


orçamento global;

b) limite do aporte de recursos objeto dos incentivos de 1.700.000 Ufir por projeto;

c) viabilidade técnica e artística;

d) viabilidade comercial;

e) apresentação de orçamento circunstanciado e de cronograma físico das etapas de


realização e de desembolso;
f) prazo para conclusão.

§ 2o Os projetos a que se refere este artigo deverão atender cumulativamente aos


seguintes requisitos: (Redação dada pela Lei nº 10.454, de 13.5.2002)

I - contrapartida de recursos próprios ou de terceiros correspondente a 5% (cinco por


cento) do orçamento global aprovado, comprovados ao final de sua realização;
(Redação dada pela Lei nº 10.454, de 13.5.2002)

II - limite do aporte de recursos objeto dos incentivos de R$ 3.000.000,00 (três milhões


de reais) para cada incentivo previsto no art. 1o e art. 3o desta Lei, podendo os mesmos
ser utilizados concomitantemente; (Redação dada pela Lei nº 10.454, de 13.5.2002)

III - apresentação do projeto para aprovação da ANCINE, conforme regulamento.


(Redação dada pela Lei nº 10.454, de 13.5.2002)
................................................

66
Art. 5º Os valores não aplicados na forma do artigo anterior, no prazo de 180 dias
contados da data do depósito, serão aplicados em projetos de produção de filmes de
curta, média e longa metragem e programas de apoio à produção cinematográfica a
serem desenvolvidos através do Instituto Brasileiro de Arte e Cultura, mediante
convênio com a Secretaria para o Desenvolvimento do Audiovisual do Ministério da
Cultura, conforme dispuser o regulamento.

Art. 5o Os valores não aplicados na forma do art. 1o no prazo de 48 (quarenta e oito)


meses contado da data do início do primeiro depósito na conta de que trata a alínea a do
§ 1o do art. 4o, e no caso do art. 3o após 180 (cento e oitenta) dias de seu depósito na
conta de que trata a alínea b do § 1o do art. 4o, destinar-se-ão à ANCINE, para
aplicação em programas e projetos de fomento à produção, distribuição e exibição de
obras cinematográficas e videofonográficas de produção independente. (Redação dada
pela Lei nº 10.454, de 13.5.2002)

Art. 6º O não-cumprimento do projeto a que se referem os arts. 1º, 3º e 5º desta lei e a


não-efetivação do investimento ou a sua realização em desacordo com o estatuído
implicam a devolução dos benefícios concedidos, acrescidos de correção monetária,
juros e demais encargos previstos na legislação do imposto de renda.
................................................

Art. 13. O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de noventa dias.

Art. 14. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

................................................

Brasília, 20 de julho de 1993; 172º da Independência e 105º da República.

ITAMAR FRANCO

Fernando Henrique Cardoso


Antônio Houaiss

67
ANEXO III
Lei nº. 10.179

LEI Nº 10.179 DE 6 DE FEVEREIRO DE 2001

Dispõe sobre os títulos da dívida pública de responsabilidade do Tesouro Nacional,


consolidando a legislação em vigor sobre a matéria.

Faço saber que o Presidente da República


adotou a Medida Provisória nº 2.096-89, de
2001, que o Congresso Nacional aprovou, e
eu, Antonio Carlos Magalhães, Presidente,
para os efeitos do disposto no parágrafo
único do art. 62 da Constituição Federal,
promulgo a seguinte Lei:

Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a emitir títulos da dívida pública, de


responsabilidade do Tesouro Nacional, com a finalidade de:

................................................

V - troca, na forma disciplinada pelo Ministro de Estado da Fazenda, o qual


estabelecerá, inclusive, seu limite anual, por títulos emitidos em decorrência de acordos
de reestruturação da dívida externa para utilização em projetos voltados às atividades de
produção, distribuição, exibição e divulgação, no Brasil e no exterior, de obra
audiovisual brasileira, preservação de sua memória e da documentação a ela relativa,
aprovados pelo Ministério da Cultura, bem como mediante doações ao Fundo Nacional
da Cultura - FNC, nos termos do inciso XI do art. 5 o da Lei n o 8.313, de 23 de
dezembro de 1991;

................................................

Art. 2º Os títulos de que trata o caput do artigo anterior terão as seguintes


denominações:

I - Letras do Tesouro Nacional - LTN, emitidas preferencialmente para financiamento


de curto e médio prazos;

II - Letras Financeiras do Tesouro - LFT, emitidas preferencialmente para


financiamento de curto e médio prazos;

III - Notas do Tesouro Nacional - NTN, emitidas preferencialmente para financiamento


de médio e longo prazos.

68
Parágrafo único. Além dos títulos referidos neste artigo, poderão ser emitidos
certificados, qualificados no ato da emissão, preferencialmente para operações com
finalidades específicas definidas em lei.

................................................

Art. 5º A emissão dos títulos a que se refere esta Lei processar-se-á exclusivamente sob
a forma escritural, mediante registro dos respectivos direitos creditórios, bem assim das
cessões desses direitos, em sistema centralizado de liquidação e custódia, por
intermédio do qual serão também creditados os resgates do principal e os rendimentos.

................................................

Art. 7º O Poder Executivo fixará as características gerais e específicas dos títulos da


dívida pública, podendo, inclusive, criar séries específicas de cada título, bem como
celebrar convênios, ajustes ou contratos para emissão, colocação e resgate dos títulos.

................................................

Art. 9º Ficam convalidados os atos praticados com base na Medida Provisória n o


2.096-88, de 27 de dezembro de 2000.

Art. 10. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

................................................

Congresso Nacional, em 6 de fevereiro de 2001; 180 o da Independência e 113 o da


República

Senador Antonio Carlos Magalhães


Presidente

69
ANEXO IV
Lei Rouanet

LEI Nº 8.313, DE 23 DE DEZEMBRO DE 1991

Restabelece princípios da Lei nº 7.505, de 2


de julho de 1986, institui o Programa
Nacional de Apoio à Cultura - PRONAC e
dá outras providências

O Presidente da República,

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

Disposições Preliminares

Art. 1º Fica instituído o Programa Nacional de Apoio à Cultura - PRONAC, com a


finalidade de captar e canalizar recursos para o setor de modo a:

I - contribuir para facilitar, a todos, os meios para o livre acesso às fontes da cultura e o
pleno exercício dos direitos culturais;

II - promover e estimular a regionalização da produção cultural e artística brasileira,


com valorização de recursos humanos e conteúdos locais;

III - apoiar, valorizar e difundir o conjunto das manifestações culturais e seus


respectivos criadores;

IV - proteger as expressões culturais dos grupos formadores da sociedade brasileira e


responsáveis pelo pluralismo da cultura nacional;

V - salvaguardar a sobrevivência e o florescimento dos modos de criar, fazer e viver da


sociedade brasileira;

VI - preservar os bens materiais e imateriais do patrimônio cultural e histórico


brasileiro;

VII - desenvolver a consciência internacional e o respeito aos valores culturais de outros


povos ou nações;

VIII - estimular a produção e difusão de bens culturais de valor universal formadores e


informadores de conhecimento, cultura e memória;

IX - priorizar o produto cultural originário do País.

Art. 2º O PRONAC será implementado através dos seguintes mecanismos:

70
I - Fundo Nacional da Cultura - FNC;

II - Fundos de Investimento Cultural e Artístico - FICART;2

III - Incentivo a projetos culturais.3

................................................

Art. 3º Para cumprimento das finalidades expressas no artigo 1º desta Lei, os projetos
culturais em cujo favor serão captados e canalizados os recursos do PRONAC
atenderão, pelo menos, a um dos seguintes objetivos:

................................................

III - preservação e difusão do patrimônio artístico, cultural e histórico, mediante:

a) construção, formação, organização, manutenção, ampliação e equipamento de


museus, bibliotecas, arquivos e outras organizações culturais, bem como de suas
coleções e acervos;

b) conservação e restauração de prédios, monumentos, logradouros, sítios e demais


espaços, inclusive naturais, tombados pelos Poderes Públicos;

c) restauração de obras de arte e bens móveis e imóveis de reconhecido valor cultural;

d) proteção do folclore, do artesanato e das tradições populares nacionais.

IV - estímulo ao conhecimento dos bens e valores culturais, mediante:

a) distribuição gratuita e pública de ingressos para espetáculos culturais e artísticos;

b) levantamentos, estudos e pesquisas na área da cultura e da arte e de seus vários


segmentos;

c) fornecimento de recursos para o FNC e para as fundações culturais com fins


específicos ou para museus, bibliotecas, arquivos ou outras entidades de caráter cultural.

................................................

CAPÍTULO II

Do Fundo Nacional da Cultura - FNC

Art. 4º Fica ratificado o Fundo de Promoção Cultural, criado pela Lei nº 7.505 5, de 2 de
julho de 1986, que passará a denominar-se Fundo Nacional da Cultura - FNC, com o
objetivo de captar e destinar recursos para projetos culturais compatíveis com as
finalidades do PRONAC e de:

I - estimular a distribuição regional eqüitativa dos recursos a serem aplicados na


execução de projetos culturais e artísticos;

71
II - favorecer a visão interestadual, estimulando projetos que explorem propostas
culturais conjuntas, de enfoque regional;

III - apoiar projetos dotados de conteúdo cultural que enfatizem o aperfeiçoamento


profissional e artístico dos recursos humanos na área da cultura, a criatividade e a
diversidade cultural brasileira;

IV - contribuir para a preservação e proteção do patrimônio cultural e histórico


brasileiro;

V - favorecer projetos que atendam às necessidades da produção cultural e aos


interesses da coletividade, aí considerados os níveis qualitativos e quantitativos de
atendimentos às demandas culturais existentes, o caráter multiplicador dos projetos
através de seus aspectos sócio-culturais e a priorização de projetos em áreas artísticas e
culturais com menos possibilidade de desenvolvimento com recursos próprios.

................................................

Art. 5º O FNC é um fundo de natureza contábil, com prazo indeterminado de duração,


que funcionará sob as formas de apoio a fundo perdido ou de empréstimos
reembolsáveis, conforme estabelecer o regulamento, e constituído dos seguintes
recursos:

I - recursos do Tesouro Nacional;

II - doações, nos termos da legislação vigente;

III - legados;

IV - subvenções e auxílios de entidades de qualquer natureza, inclusive de organismos


internacionais;

V - saldos não utilizados na execução dos projetos a que se referem o Capítulo IV e o


presente Capítulo desta Lei;

VI - devolução de recursos de projetos previstos no Capítulo IV e no presente Capítulo


desta Lei, e não iniciados ou interrompidos, com ou sem justa causa;

VII - um por cento da arrecadação dos Fundos de Investimentos Regionais a que se


refere a Lei nº 8.1679, de 16 de janeiro de 1991, obedecida na aplicação a respectiva
origem geográfica regional;

VIII – três por cento da arrecadação bruta dos concursos de prognósticos e loterias
federais e similares cuja realização estiver sujeita a autorização federal, deduzindo-se
este valor do montante destinado aos prêmios10;

IX - reembolso das operações de empréstimos realizadas através do Fundo, a título de


financiamento reembolsável, observados critérios de remuneração que, no mínimo, lhes
preserve o valor real;

72
X - resultado das aplicações em títulos públicos federais, obedecida a legislação vigente
sobre a matéria;

XI - conversão da dívida externa com entidades e órgãos estrangeiros, unicamente


mediante doações, no limite a ser fixado pelo Ministério da Economia, Fazenda e
Planejamento11, observadas as normas e procedimentos do Banco Central do Brasil;

XII - saldo de exercícios anteriores;

XIII - recursos de outras fontes.

................................................

CAPÍTULO III

Dos Fundos de Investimento Cultural e Artístico - FICART12

Art. 8º Fica autorizada a constituição de Fundos de Investimento Cultural e Artístico -


FICART, sob a forma de condomínio, sem personalidade jurídica, caracterizando
comunhão de recursos destinados à aplicação em projetos culturais e artísticos.

Art. 9° São considerados projetos culturais e artísticos, para fins de aplicação de


recursos do FICART, além de outros que venham a ser declarados pelo Ministério da
Cultura13:

I - a produção comercial de instrumentos musicais, bem como de discos, fitas, vídeos,


filmes e outras formas de reprodução fonovideográficas;

II - a produção comercial de espetáculos teatrais, de dança, música, canto, circo e


demais atividades congêneres;

III - a edição comercial de obras relativas às ciências, às letras e às artes, bem como de
obras de referência e outras de cunho cultural;

IV - construção, restauração, reparação ou equipamento de salas e outros ambientes


destinados a atividades com objetivos culturais, de propriedade de entidades com fins
lucrativos;

V - outras atividades comerciais ou industriais, de interesse cultural, assim consideradas


pelo Ministério da Cultura14.

................................................

CAPÍTULO IV

Do Incentivo a Projetos Culturais

Art. 18. Com o objetivo de incentivar as atividades culturais, a União facultará às


pessoas físicas ou jurídicas a opção pela aplicação de parcelas do Imposto sobre a
Renda, a título de doações ou patrocínios, tanto no apoio direto a projetos culturais

73
apresentados por pessoas físicas ou por pessoas jurídicas de natureza cultural, como
através de contribuições ao FNC, nos termos do artigo 5°, inciso II desta Lei, desde que
os projetos atendam aos critérios estabelecidos no artigo 1º desta Lei22.

§ 1° Os contribuintes poderão deduzir do imposto de renda devido as quantias


efetivamente despendidas nos projetos elencados no § 3°, previamente aprovados pelo
Ministério da Cultura, nos limites e condições estabelecidos na legislação do imposto de
renda vigente, na forma de:

a) doações; e,

b) patrocínios.

§ 2° As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real não poderão deduzir o valor
da doação e/ou do patrocínio como despesa operacional.

§ 3° As doações e os patrocínios na produção cultural, a que se refere o § 1°, atenderão


exclusivamente os seguintessegmentos23:

a) artes cênicas;

b) livros de valor artístico, literário ou humanístico;

c) música erudita ou instrumental;

d) circulação de exposições de artes visuais24;

e) doações de acervos para bibliotecas públicas, museus, arquivos


públicos e cinematecas, bem como treinamento de pessoal e aquisição de
equipamentos para a manutenção desses acervos25;

f) produção de obras cinematográficas e videofonográficas de curta e


média metragem e preservação e difusão do acervo audiovisual26;

g) preservação do patrimônio cultural material e imaterial27.

................................................

Art. 23. Para os fins desta Lei, considera-se:

................................................

II - patrocínio: a transferência de numerário, com finalidade promocional ou a cobertura


pelo contribuinte do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza, de
gastos ou a utilização de bem móvel ou imóvel do seu patrimônio, sem a transferência
de domínio, para a realização, por outra pessoa física ou jurídica de atividade cultural
com ou sem finalidade lucrativa prevista no artigo 3º desta Lei.

§ 1º Constitui infração a esta Lei o recebimento pelo patrocinador, de qualquer


vantagem financeira ou material em decorrência do patrocínio que efetuar.

74
§ 2º As transferências definidas neste artigo não estão sujeitas ao recolhimento do
Imposto sobre a Renda na Fonte.

Art. 24. Para os fins deste Capítulo, equiparam-se a doações, nos termos do
regulamento:

I - distribuições gratuitas de ingressos para eventos de caráter artístico-cultural por


pessoas jurídicas a seus empregados e dependentes legais;

II - despesas efetuadas por pessoas físicas ou jurídicas com o objetivo de conservar,


preservar ou restaurar bens de sua propriedade ou sob sua posse legítima, tombados
pelo Governo Federal, desde que atendidas as seguintes disposições:

a) preliminar definição, pelo Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural - IBPC35, das


normas e critérios técnicos que deverão reger os projetos e orçamentos de que trata este
inciso;

b) aprovação prévia, pelo IBPC, dos projetos e respectivos orçamentos de execução das
obras;

c) posterior certificação, pelo referido órgão, das despesas efetivamente realizadas e das
circunstâncias de terem sido as obras executadas de acordo com os projetos aprovados.

................................................

Art. 26. O doador ou patrocinador poderá deduzir do imposto devido na declaração do


Imposto sobre a Renda os valores efetivamente contribuídos em favor de projetos
culturais aprovados de acordo com os dispositivos desta Lei, tendo como base os
seguintes percentuais:

I - no caso das pessoas físicas, oitenta por cento das doações e sessenta por cento dos
patrocínios;

II - no caso das pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, quarenta por cento
das doações e trinta por cento dos patrocínios.

§ 1º A pessoa jurídica tributada com base no lucro real poderá abater as doações e
patrocínios como despesa operacional.

................................................

CAPÍTULO V

Das Disposições Gerais e Transitórias

Art. 31. Com a finalidade de garantir a participação comunitária, a representação de


artistas e criadores no trato oficial dos assuntos da cultura e a organização nacional
sistêmica da área, o Governo Federal estimulará a institucionalização de Conselhos de
Cultura no Distrito Federal, nos Estados e nos Municípios.

75
................................................

Art. 41. O Poder Executivo, no prazo de sessenta dias, regulamentará a presente Lei47.

Art. 42. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 43. Revogam-se as disposições em contrário.

FERNANDO COLLOR

Jarbas Passarinho

1
Esta Lei foi alterada origináriamente pela Medida Provisória n° 1.589, de 24 de setembro de 1997, que após sucessivas
reedições foi transformada na Lei nº 9.874, de 23 de novembro de 1999.
2
Ver Instrução Normativa CVM n° 186, de 17 de março de 1992.
3
Ver Instrução Normativa Conjunta nº 1, de 13 de junho de 1995, da Secretaria Executiva do Ministério da Cultura e
Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda.
5
Revogada. A Lei 8.034, de 12 de abril de 1990, revogou os incentivos às pessoas jurídicas previstos nessa lei. A Lei n°
8.313/91 restabeleceu seus princípios e incentivos a partir do exercício de 1991.
9
"Altera a legislação do Imposto sobre a Renda relativa a incentivos fiscais, estabelece novas condições operacionais dos
Fundos de Investimentos Regionais, e dá outras providências".
10
Com a redação dada pela Lei nº 9.999, de 30 de agosto de 2000. Vide também PORTARIA Nº 1.285, DE 19 DE
DEZEMBRO DE 1997, do Ministério da Justiça e Decreto n° 2.290, de 4 de agosto de 1997.
11
Leia-se: Ministério da Fazenda. O Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento, por transformação (art. 20 da Lei nº
8.490, de 19 de novembro de 1992, alterada pela Medida Provisória n° 1.549-34, de 11 de setembro de 1997) passou para
Ministério da Fazenda. Ver Portaria MF n° 202, de 19 de agosto de 1996, e Portaria MinC n° 184, de 25 de novembro de
1996.
12
Na área cinematográfica ver também o art. 6° do Decreto n° 575, de 23 de junho de 1992.
13
Com a redação dada pela Lei nº 9.874, de 1999.
14
Com a redação dada pela Lei nº 9.874, de 1999.
22
Com a redação dada pela Lei nº 9.874, de 1999.
23
O art. 25 da Lei n° 8.313/91 relaciona os segmentos culturais beneficiados pelo incentivo fiscal previsto no art. 26 da
mesma lei, não são excepcionados por este parágrafo, portanto, prevalecem na sua forma original.
24
Com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.228, de 6 de setembro de 2001.
25
Com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.228, de 6 de setembro de 2001.
26
Com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.228, de 6 de setembro de 2001.
27
Com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.228, de 6 de setembro de 2001.
35
A denominação Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural - IBPC foi alterada para Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional - IPHAN pela Medida Provisória nº 752, de 6 de dezembro de 1994, que é convalidada mensalmente,
sendo a última a Medida Provisória n° 1.549-34, de 11 de setembro de 1997.
47
Ver Decreto nº 1.494, de 17 de maio de 1995.

76
ANEXO V
Organograma

77
ANEXO VI
Programação Mensal Ilustrativa

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T Q Q S S D S T
9hs SE SE SE SE SE
10hs SI
14hs P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P
16hs P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P
18hs P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P
20hs P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P P SC P P P P P

LEGENDAS

78
ANEXO VII
Formações Surround

8330A
Three-Way Cinema
Surround System

The 8330A cinema surround speaker system offers high power handling, high
sensitivity, and extended bass response in a very compact enclosure.

Features : Specifications :
• Tight-cluster design of components for
uniform horizontal and vertical Low Frequency : 203 mm (8 in)
Driver
dispersion. High Frequency : Mid: 130 mm (5 in) High: 25
Driver mm (1 in)
• Convenient mounting design uses JBL High Frequency : N/A
QuickMount™, Omnimount® or APC Horn
Frequency Range : 40 Hz - 20 kHz (-10 dB)
Multimount brackets.
Power Capacity : 100 W
(Continuous Pink
• Special cabinet shape incorporates Noise)
Power Capacity : 200 W
20° angled front baffle. (Continuous
Program)
Sensitivity
: 91 dB SPL (1 W, 1 m, 3.3
• SMPTE / ISO2969 Curve X high
frequency de-emphasis. ft.)
Crossover : 650 Hz, 3.1 kHz
Frequencies
• Lightweight, rigid molded enclosure. Horizontal : 110° Nominal
Beamwidth
Nominal : 8 Ohms
• Input terminals located on top of Impedance
Dimensions (H x : 457 x 457 x 260 mm
cabinet for quick access. W x D) (18 x 18 x 10.25 in)
Net Weight : 8.6 kg (19 lb)
• Approved by Lucasfilm, Ltd. for THX®
installations.

79
ANEXO VIII
3-way System

3631
Three-Way
Bi-Amplified Screen Array
Loudspeaker System

3631 Three-Way Bi-Amplified ScreenArray® Cinema Loudspeaker System


3631-T Three-Way Bi-Amplified ScreenArray® Cinema Loudspeaker System

Features : Specifications :
• Three-way Screen Array® design for
maximum output, optimal coverage, Frequency Range : 30 Hz - 20 kHz
and minimum distortion Frequency : 40 Hz - 16 kHz
Response
System Sensitivity : 104 dB, 2.83V
• One 380 mm (15") Vented Gap Cooled @ 1m (3.3 ft)
(VGC™) LF Transducer Rated Maxium : 126 dB @ 1m (3.3 ft), 132
SPL dB peak
System Input : LF: 600 watts, M/HF: 150
• Available for Bi-amplified operation Power Rating watts [HF: 50 watts]
(Model 3631) or Tri-amplified Hor. Coverage : 90°
operation (Model 3631-T) Angle (-6 dB)
Vert. Coverage : 20° up, 30° down
Angle (-6 dB)
• Approved for THX® certified Directivity Factor : 10.0
applications (3631-T) (Q)
Directivity Index : 10 dB
(DI)
• M/HF ships fully assembled Crossover : 350 Hz [1.2 kHz]
Frequencies

80
• Second Generation Optimized (HxWxD) mm (63 in x 30 in x 17.75
Aperture Waveguide technology for in)
ultra-low distortion, and extremely Net Weight : 68.6 kg (151 lbs)
uniform frequency response Shipping Weight : 80.8 kg (178 lbs)

• SSCTM Screen Spreading


Compensation

• Focused Coverage TechnologyTM

• Flat-front waveguide design for easy


baffle wall installation

• Shallow depth for minimum behind


screen requirements

• Low profile design with 600W LF

81
ANEXO IX
Subwoofer

4642A
4642A Dual 460 mm (18 in.)
Subwoofer System

The JBL Model 4642A is a high quality subwoofer system, featuring an


advanced technology 460 mm (18 in), low frequency transducers mounted in
a direct radiator, bass-reflex enclosure for smooth response to the lowest
audible frequencies. The 4642A is ideal for low-frequency augmentation of
either analog or digital soundtracks in motion picture theaters and for
general sound reinforcement applications.

Features : Specifications :
• 1200 Watts Continuous Pink Noise,
2400 Watts Continuous Program Power Rated Impedance : 4 ohms
Handling Minimum : 3.2 ohms
Impedance
Power Handling : -
• Usable response to 22 Hz (-10 dB, no Capability
Continuous Pink : 1200 Watts
EQ), flat to 22 Hz (-3 dB) with External Noise
EQ Continuous : 2400 Watts
Program
Peak Power : 4800 Watts
• 2241H VGCTM Vented Gap Cooled Output Capability: -
Drivers – High Sensitivity – Low Power Axial Sensitivity
: 50 Hz to 500 Hz; 101 dB,
Compression – High Maximum-SPL
1W @ 1m
Capability – Low 2nd and 3rd Harmonic
40 Hz to 100 Hz; 100 dB,
– Distortion – Symmetrical Field
1W @ 1m
Geometry SFGTM – Magnet Structure – Net Weight : 98 kg (216 lbs.)
Long Excursion Capability Dimensions H x W : 762 mm x 1219 mm x 610
xD mm
• proved by Lucasfilm, Ltd. for THX® 30 in x 48 in x 24 in
installations

82
ANEXO X
Sistema Integrado

83
84
85
ANEXO XI
Sistema para Medida Acústica

86
87
88
ANEXO XII
Servidor CineStore EVS

89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
100
101
102
103
ANEXO XIII
Projetor Christie Digital

Most Compact Digital Cinema Projector!

The Christie CP2000-M is the most compact DLP Digital Cinema® projector in the world.

Purposebuilt for long term reliability, it delivers up to 12,000 lumens of output power, specifically designed
to maintain DCI luminance requirements on smaller screens up to 35 feet wide. At less than 100 pounds,
the projector can be transported and installed by only two people.

Based on .98” DLP Digital Cinema® technology, the CP2000-M uses new high efficiency CDXL-20SD
2000 watt Xenon lamps, while the competition requires larger, 3000 watt lamps for the same light output -
a clear Christie advantage on cost of ownership and lumens per watt.

A robust and reliable addition, the Christie CP2000-M features a new motorized lensing solution and a
selection of 8 new zoom lenses to guarantee the right lens solution for virtually any auditorium with
absolutely no need for resizing or scaling.

Features

2.0kW lamp CDXL-20SD producing up to 12,000 lumens for screens up to 35 feet


Utilizes the latest .98” DLP Digital Cinema® chipset
New set of 8 different motorized prime lenses offers full unattended changeover coverage
Intelligent Lens System designed for reliable and intuitive control over the motorized optics.
Designed exclusively for rugged theatrical applications and not just adapted from other products
Compact all-in-one design can be lifted and installed by only two people
Easily accessible input and output panel is located on the operator side of the projector for
alternate content interface support
A mid-life Lamp Rotation Reminder is included in software and easy lamp rotation procedure is
provided (Half-life alert)
Switching lamp ballast for lowest ripple, maximum performance and reliability
Projector can be self cooling or utilize external air extraction, depending on theatre configuration
or need
Uses

Cinema/exhibition
Post-production
Digital film mastering
Multi-media theatrical productions
Digital intermediate
Contrast Ratio 2000:1 full field on/off

Brightness 2.0kW lamp CDXL-20SD producing up to 12,000 lumens


for screens up to 35 feet

104
Brightness Uniformity 80% when displaying full white screen

TI DLP Cinima® CineBlack™ Contrast Management


Technology CineCanvas™ Image Management
CineLink™ Security Management
CinePalette™ Color Management

Digital Micromirror 0.98" 2K 3-chip DMD DLP Cinema®


Device™ 2048 x 1080 pixels

Input Line Voltage Single phase 200-240 VAC (nominal) power from the
theatre - with the option of running processing electronics
from a separate 120-240V line line for use with UPS
systems

Color Processing (bit 45 bit (3 x 15-bit resolution)


depth)

Number of Colors 35.2 trillion

Digital Video Input Two (2) SMPTE 292M; selectable dual or single

Graphics Input 2 x DVI interfaces

Power Supply 1kW - 2.1kW low-ripple switch mode lamp ballast

Zoom Lenses 1.05:1


1.30-1.75:1
1.39-1.9:1
1.5-2.2:1
1.75-2.40:1
1.9-3.0:1
2.40-3.90:1
3.90-6.52:1

Optional Anamorphic 1.25x Anamorphic Lens


Lenses 1.26x Wide Converter Lens
Use of the Anamorphic or Wide Converter Lens requires
the CP2000-M MALM

Reflector F/1.5 High Performance Compound Glass Reflector with


integrated cold mirror

Safety Interlocks Lamp Access Door and fire alarm interlocks for safe
operation

Douser Electronic douser - quick and quiet operation

3-Axis (X,Y,Z) Automatic Christie LampLOC®


Lamp Alignment

Ambient Temperature 10-35°C (50-95°F)

Dimensions Projection head & ballast (approx., L x W x H) 27" x 26" x


15"

Weight As installed: 95 lb max


As shipped with packaging: 145 lb max

105
ANEXO XIV
Conversor Teranex

106
107
108
109
110
111
112
113
114
115
116
ANEXO XV
Projeto Arquitetônico em Planta Baixa

117
118
ANEXO XVI
Demonstrações em 3D

3D Fachada

3D Circulação #1

119
3D Circulação #2

3D Circulação #3

120
3D Circulação #4

3D Circulação #5

121
3D Sala de Projeção

3D Sala de Cinema #1

122
3D Sala de Cinema #2

3D Sala de Cinema #3

123
124

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