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Cidades..., Brasileiras Territorialidades, sustentabilidade e demandas sociais José Aldemir de Oliveira anizador ———— or eee RCC ek lia Retor HIDEMBERGUE ORDOZGOITH DA FROTA, Editor RENAN FRETTAS PINTO. Coordenador Editorial JAMES ARAUJO Perens eke aN = Petite ine U yn shO mst Ua LUCIANESALORTE ee EO erent Ere LELe eon ee warn AREA CENTRAL = PERMANENCIAS E MUDANGAS: UMA INTRODUGAO | Roberto Lobato Corréa A partir das tiltimas décadas do século XIX verificou lades, pi se uma profund, ticularmente daquel: 'a trang foram sub | mudaneas de formagiio nos antigos centros da ci las que metidas a uma grande expansi ondmica, demogrifica ¢ espacial ¢ ordem social, politica ¢ cultural, Essas tra antes, refler » efletin do ¢ condicionando o desenvolvimento capitalista. Mudangas na produca 0 ek nsformagdes fors m concomit , cir jumento da populagio em razio sobretudo de expres correntes migratorias, da hegemonia da burguesia, da formag gio e consumo, o ripido a 10 do proletatia da emergéncin da classe média, gerando novas contradigées ¢ embates, ¢ 08 nd significados atribuidos a vi ue di € a0 espago profundamente alterado, foram as fo ruturaram 0 c tro tradicional, pré-industrial, A@GHBMA © seus amplos espagos de embarque © desembarque de passageiros © cargas, de n nobras, manutengio ¢ de almoxarifado, o porto, onde fosse 0 cas, modernizado e com extenso retro-porto, os armazéns e depdsitos atacadistas ¢ as s fabris préximas aos terminais ferrovidrios e portuarios sio algumas das conseqiiéncias das transforn es ue Ocorreram No antigo centro e em suas pro ximidades, alterando-o profundamente Formase a area cdenominada de zona periférica do cent Vejase, entre outros, Pred (1964), Griffin e Preston (1966) e o chissico texto de Bn de 1844, sobre Manchester (ENGELS, 1975), Simultaneamente, parte do antigo ¢ aristocratico centro ve, substituindo a8 dé familias dle alto status, o aparecimento de intimeras lojas varejists, d& la a uma port clades sidéncia aguadouros da crescente ¢ diversificada produgio industrial, destinad lagfio majoritariamente assalariada, Surgem as lojas de departamento, cle varies vendendo produtos de consumo mais freqientes e baratos, as drugstores, vendem? produtos de conveniéncia, ¢ as lojas especializadas, inicialmente de conf seguir em uma crescente variedade de bens (VANCE JR., 1958). Escritdrios, CO” ci niimero crescente de tipos de servigos pessoais e para as empresas, ¢ sedes de oe $8 nascentes ¢ em expansio sio instalados em prédios verticalizados, (Ue oa a rea mais valorizada da cidade, ampliando o seu valor de mercado sith Ty ago ¢ a cletricidade viabilizaram inoyagdes como o elevador, 0 telefones * mia jes e# mun 44 HOMITOLONAIO CONNEA cujas link: ° ane e Al erica niicleo ou CBD = do setor ferroviitio, porturio, atacadista, industri rioradas da zona periférica do centro, Ambos formam a Area ( edelimitacao do nticleo central de negdcios deu origem a uma ja consagrada € tavel metodologia (MURPHY; VANCE JR., 1954). Por outro lado, tanto o ni central de negécios ea zona periférica do centro nao sio areas internamente ho neas, conforme apontado, respectivamente, por Murphy, Vance Jr. ¢ Epstein (1955) e Griffin e Preston (1966). 4 Esses slo os aspectos gerais que caracterizam as transformagées nos antigos cen- tros. Ha que se ressaltar, contudo, diferencas ao se considerar as cidades norteame- ricanas, européias e latino-americanas, entre outras. Essas diferengas nao serio aqui consideradas. Consultese, entre outros, Santos (1959), Duarte (1967), Miller (1958) Cordeiro (1979). Em relacio as cidades européias, vejase Beaujeu-Garnier (1972). O processo de centralizagao, que produziu a Area Central, gerando uma cid: predominantemente monocéntrica, foi, ja no primeiro quartel do século XX, con renciado pelo processo de descentralizacio, conforme apontado por Haig (1926 Colby (1933). Proudfoot (1937) descreve o resultado do processo em tela, indicand. existéncia de sub-centros comerciais e artérias de trafego dotadas de comércio € se cos. A Area Central, contudo, ainda se mantém, de longe, como o principal foco negécios da cidade. E apés a Segunda Guerra Mundial que a Area Central comeca, de forma mais efetiva, a perder importincia. Es processo de perda, e simultaneamente de emer géncia de focos secundirios de comércio, é um processo complexo, influenciado por varios fatores, entre eles, o tamanho da cidade, a localizagio excéntrica ou no da Area Central, o sitio e o plano da cidade, as funcdes urbanas ¢ o nivel de renda da popula- cao. A complexidade traduzse em momentos iniciais distintos nos quais a cidade mo- nocéntrica comega a se transformar. A temporalidade do processo de descentralizacio éampla e ainda nao se esgotou plenamente; nem a forga da Area Central, cuja tempo- ralidade estendese, sob novas configuracGes, ao inicio do século XXI. Permanéncias e mudangas compéem 0 quadro econdmico, politico e cultural da Area Central. Os shopping centers, os distritos administrativos e os novos centros empresariais difundemse, alterando a organizagio espacial de grande parte da cidade, em partie cular a sua Area Central. Evidéncias apontam para a transformagio da Area Central em, progressivamente, foco de atividades associado as camadas populares. Permanéncias e mudaneas, a dialética do proceso e da forma, envolvendo o pas- sado € © presente em diregio ao futuro proximo, desafiam aqueles interessados em compreender a sociedade por intermédio de sua mais significativa criaglo, a cidade, AREA CENTRAL = PERMANENCIAS E MUDANGA: UMAINTRODUGAO 45 Ha mais questoes que respostas. Indiquemos apenas algumas quesey a) ha uma relacao entre o processo de mudanga e Permanéncia de... Area Central segundo o tamanho da cidade? ativida, b) que relagSes existem entre fungdes urbanas ¢ a dinamica da A, Considere, por exemplo, uma cidade fortemente marcada pela atividaje cap ‘outra, de mesmo tamanho populacional, caracterizada por ser um an industy:, ; rantemente de atividades tercidrias, com maior desenvolvimento da Arg, Pons 6) qual o papel do sitio urbano e do plano da cidade face as transfan Area Central? Quais medidas viabilizam ou nao essastransformacoes! Conn exemplo, a acessibilidade da periferia a Area Central e a forca de mudanes SP néncia das atividades na Area Central. $8 Peg, @que agentes sociais sio, segundo o tamanho da cidade e suas fungde, ponsiveis pela permanéncia e mudancas de atividades da Area Central? Que em verifiamse entre eles quando 0 processo de descentralizacio se pde em ct Particularmente importantes so os promotores imobilidrios, proprietitios aad Tos e as grandes empresas do setor varejista. Relevante € também o papel do Esty a especialmente nas capitais estaduais. 5 e) qual a estructura interna da Area Central apés um razojvel petiodo de dee centralizagao ou desdobramento? Hai setores especializados em seu interior? Qui, Permaneceram e quais foram descentralizados? Que setores novos foram ctiados! f) até que ponto a tendéncia do nuicleo central de negécios das cidades dew tornar 0 foco de atividades das camadas sociais de baixo status é verdadeira? g) como se estrutura a zona periférica do centro nas cidades cujos niicleos cen trais de negécios perderam atividades? Expandese, invadindo o niicleo central de negocios? Ou cristalizase cada vez mais? h) qual a eficacia das politicas de renovacao urbana e revitaliz: degradados da zona periférica do centro? @qual o sentido que tem a Area Central, mais especificamente o niicleo cent de negécios, para os diversos segmentos sociais da cidade? Isso inclui tanto segmentos de acordo com o status social como de acordo com 0 tempo de residancia na cidade deg, OS te ico de setores ea faixa etaria. @éinalmente, questionase se a Area Central é um produto histérico, fruto de processos econémicos e espaciais gestados no final do século XIX e meados do século XX, e progressivamente desnecessaria a partir da segunda metade do século XX. Set a Area Central, hoje, o resultado de uma inércia em desaceleragao? Se isso for ve deiro, vale a pena preservar o niicleo central de negécios? Essas € outras questdes estio a demandar pesquisas por parte dos Esta mesa-tedonda contribuiré com algumas delas, mas a tarefa é longa, envolve™ estudos empiricos sistematicos que ja foram iniciados e devem prosseguit- gederals 46 ROBERTO LOBATO CORREA REFERENCIAS BEAUJEU-GARNIER, J. Comparaison des Centres-Villes aux Etats Unis et en Euro- pe. Annales de Geographie, n. 448, 1972. COLBY, C. C. Centrifugal and Centripetal Forces in Urban Geography. 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