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AD-NEER: ARQUIVO DIGITAL DO NÚCLEO DE ESTUDOS ÉTNICO RACIAIS -

BANCO DE DADOS

Área Temática: Cultura; Comunicação.

Autores: Bárbara Luiza Cruz, blcrz@outlook.com (PIBIS – Fundação Araucária)

Danilo Ferreira da Fonseca (daniloffonseca@gmail.com – DEHIS).

RESUMO: O trabalho em questão se refere a proposta de elaboração de um Arquivo Digital


dos materiais produzidos pelo NEER – Núcleo de Estudos Étnico-Raciais, e também dos
materiais que através de levantamentos possam ser arquivados e posteriormente utilizados
como fontes para novas pesquisas. A elaboração do arquivo digital se baseia em métodos de
catalogação que permitam a qualquer pesquisador a localização do documento que procura, e
além disso, possibilite a busca por novas fontes. A concentração de materiais específicos em
um arquivo de maneira organizada, visa ampliar o número de pesquisas sobre os temas aos
quais o NEER se dedica, assim como, facilitar aos pesquisadores o acesso à uma nova
possibilidade de fontes, sendo estas os documentos digitais.

PALAVRAS-CHAVE: Arquivo Digital; NEER; Documento digital.

1. INTRODUÇÃO/CONTEXTO DA AÇÃO

A História, por certo tempo, seguiu um paradigma dito como tradicional, o qual
limitava suas fontes a documentos oficiais, construindo assim narrativas factuais sobre
“grandes homens” e “grandes feitos”. A partir do século XX, sobretudo com as discussões
propostas pela Escola dos Annales, na França, a ciência histórica passa por modificações que
ampliam as suas abordagens, suas fontes e também os seus objetos.
Pensar as modificações metodológicas e a ampliação de fontes na historiografia se
faz importante para a reflexão sobre as novas problemáticas colocadas à História pelo advento
da Internet como meio de produção e reprodução de diversos conteúdos.
Sobre tudo a partir da década de 1990, a Internet se populariza como ferramenta de
comunicação, além disso, para os historiadores, esta apresenta novas fontes de pesquisa,
principalmente para aqueles pesquisadores que se dedicam à História do Tempo Presente.
(ALMEIDA, 2011) “os historiadores do tempo presente são confrontados, mais do que outros,
com a necessidade de uma prática consciente de si própria, o que impede qualquer ingenuidade
frente à operação historiográfica que sabemos ser complexa.” (DOSSE, 2012, p.15) Dessa
maneira as fontes digitais são uma ferramenta de grande relevância para esses historiadores, mas
ao mesmo tempo, lhes obrigam a ser ainda mais criteriosos na seleção de documentos e
verificação de procedência destes.
As inquietações ocasionadas pela necessidade de uma metodologia que possibilitasse
a utilização de fontes digitais por historiadores, gerou uma série de trabalhos científicos que
discutem tal questão, gerando assim uma nova área de pesquisa historiográfica, a História

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Digital. O historiador, ao utilizar dos meios digitais como ferramenta, pode ter inúmeras
possibilidades, de pesquisa, interação, ampliação de fontes, materiais bibliográficos, etc. Isso
faz com que se expanda também o seu campo de atuação e a sua interação com a sociedade, o
que, muitas vezes, fica restrito à academia ou à sala de aula.
Esse debate dialoga diretamente com nossa proposta que consiste na criação de um
arquivo digital que comporte as produções cientificas do NEER – Núcleo de Estudos Étnico-
Raciais da Unicentro, campus Irati – e fontes que possam ser utilizadas para novas pesquisas
que envolvam as temáticas abordadas por tal núcleo.
O NEER se caracteriza como um núcleo e laboratório de pesquisa vinculado ao
Departamento de História da Unicentro, campus Irati. Teve origem em no ano de 2011, desde
então as pesquisas com temáticas étnico-raciais têm aumentado significativamente na
instituição, outro ponto que a cada ano se amplia, são os eventos propostos pelo grupo que
compõe o núcleo. O principal intuito é fomentar as discussões sobre temáticas étnico-raciais
tanto no ambiente universitário, nas escolas e em demais ambientes, se estendendo a
comunidade em geral.
Pensar um arquivo digital vinculado a este núcleo de pesquisa, se faz de extrema
importância, isso se dá uma vez que os conteúdos produzidos possam ser organizados e
disponibilizados de maneira mais acessível tanto aos pesquisadores como às demais pessoas
que tenham interesse nas temáticas abrangidas, como por exemplo, alunos e professores da
rede básica de ensino, etc.

2. DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES E/OU DA METODOLOGIA

Considerando que este é um projeto em andamento, até o momento foram realizados


estudos sobre História Digital, sobre Arquivos e centros de documentação e sobre a
elaboração de bancos de dados. A partir destas leituras, nos é possível organizar da melhor
maneira um arquivo digital que seja de fácil acesso para qualquer pessoa que busque tanto
obras literárias, produções bibliográficas como imagens e vídeos sobre as temáticas
trabalhadas pelo núcleo.
A seleção de arquivos a serem armazenados no banco de dados se dá pela demanda
das discussões colocadas pelo atual grupo de discentes que realiza pesquisas junto ao NEER.
Assim, a partir de discussões, são levantadas possíveis fontes e materiais para a utilização nas
ações do grupo e o material encontrado é arquivado de maneira digital. Além, ainda é feito um
levantamento de bibliografias que discutam os assuntos abordados e as metodologias que
podem ser utilizadas.
Os arquivos são catalogados e arquivados em hd externo o que facilita o
armazenamento e compartilhamento dos documentos. De acordo com Luyse Moraes Moura e
Dilton Cândido Santos Maynard, o uso da internet pelo historiador possui uma série de
vantagens, a primeira é destacada como “a capacidade de armazenamento. Mídias digitais
podem condensar quantidades sem precedentes de dados em pequenos espaços.” (MOURA,
MAYNARD, 2015, p.181) Se modifica assim, a concepção de arquivo, não se caracterizando
apenas como lugares que comportam documentos físicos, mas também como dispositivos
capazes de guardar grandes quantidades de informações de maneira digital.

3. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS, ANÁLISE E DISCUSSÃO


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A noção de documento, que por muito tempo foi associada às produções oficiais e em
maioria, materializada em papel, aqui se estende a um caráter de registro de informação
(PAES, 2004), independente do material ou suporte pelo qual esteja ou tenha sido gerado.
O conceito de documento tem se ampliado conforme as novas demandas colocadas
pelos historiadores. Nas discussões historiográficas recentes, com a utilização dos meios
digitais em pesquisas, o documento digital passa a fazer parte da nova gama de fontes com as
quais os pesquisadores devem lidar. O historiador Fábio Chang de Almeida, define como
documento digital “aquele documento – de conteúdo tão variável quanto os registros da
atividade humana possam permitir – codificado em sistema de dígitos binários”. (ALMEIDA,
2011, p. 10) O documento digital, assim, também possui caráter histórico na medida em que o
pesquisador o utilize com base metodológica, o que se é essencial no trabalho com qualquer
fonte historiográfica, até mesmo as mais tradicionais, não sendo exigência restrita ao
documento digital.
O arquivo digital facilita o contato entre o pesquisador e a fonte, ocorrendo assim de
maneira mais acessível e interativa. Os arquivos digitais podem ser considerados como
armazéns da memória e instrumentos do saber, se caracterizando como estruturas vivas e não
arquivos mortos. (FLEISCHMANN, STRAUSS, 2014)
Pensando o NEER como um núcleo de estudos que propõe ações além do meio
acadêmico, solicitamos junto ao Portal da Unicentro a criação de um site, através do qual
poderemos disponibilizar a um maior público o arquivo digital e também as ações realizadas
pelo grupo. Visando assim, promover o núcleo e também aproximar a produção e o saber
acadêmico de demais públicos, aproximando teoria e prática e possibilitando o acesso a
diferentes temáticas sociais e culturais.

4. CONSIDERAÇÕES

A criação de um arquivo digital demanda dedicação às leituras metodológicas que


propõe discussões sobre como selecionar, tratar e arquivar fontes digitais, assunto esse ainda
pouco difundido no Brasil. Os problemas colocados aos documentos digitais não são
diferentes dos que devem ser colocados a qualquer outra fonte, pois independente do material
no qual a fonte historiográfica foi produzida ou está armazenada, ela deve ser submetida a
procedimentos de análise pelo historiador.
Em princípio, o projeto já iniciou com alguns materiais a serem catalogados e outros
a serem buscados com intuito de incentivar o desenvolvimento de novas pesquisas e de
contribuir para pesquisas já em andamento.
Considerando os atuais debates sobre questões étnico-raciais e as lutas dos povos
tradicionais, acreditamos que com um arquivo digital poderemos contribuir de maneira
significativa, reunindo bibliografias e documentos a serem utilizados que ampliem as
pesquisas sobre assuntos que emergem e se apresentam como discussões fundamentais na
sociedade atual.

AGRADECIMENTOS

Fundação Araucária – órgão financiador.


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REFERÊNCIAS

ALMEIDA. Fábio Chang de. O historiador e as fontes digitais: uma visão acerca da internet
como fonte primária para pesquisas históricas. Revista do corpo discente do PPG-História
da UFRGS. Num.8, vol. 3, 2011. p. 9-30

DOSSE, François. História do tempo presente e historiografia. Revista Tempo e Argumento.


Num. 1, vol. 4. Florianópolis, 2012. p. 5-22

FLEISCHMANN, Monika; STRAUSS, Wolfgang. Encontrar em vez de procurar: o arquivo


digital como máquina de localização. In: MAGALHÃES, Ana Gonçalves; BEIGUELMAN,
Giselle. Futuros Possíveis: arte, museus e arquivos digitais. Editora Peirópolis LTDA: São
Paulo, 2014.

MOURA, Luyse Moraes Moura; MAYNARD, Dilton Cândido Santos. Apontamentos sobre
história digital: A internet nos livros didáticos do PNLD 2015. Revista Labirinto. Ano 16,
num.1, vol. 24, 2016. p. 175-194

PAES, Marilena Leite. Arquivo: teoria e prática. 3. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio
Vargas, 2004.

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