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Nos últimos vs. do cap.

11, lemos o Senhor Jesus fazendo um convite maravilhoso a


todos os que se sentem cansados e sobrecarregados para que venham a ele, a fim de que
encontrem descanso para suas almas. Jesus, nosso manso e humilde Salvador, promete a
todos os que o seguem que encontrarão alívio para seus corações aflitos. Promete que
seu fardo é leve, que seu jugo é suave, que não impõe sobre nós cargas difíceis de serem
levadas.
E aqui, nos versículos 1-14 deste capítulo temos dois acontecimentos que ilustram como
Jesus cumpre a sua palavra, como de fato o seu fardo é leve. Mateus nos conta que eles
estavam passando por uma plantação, num dia de sábado. Enquanto caminhavam, os
discípulos de Jesus tiveram fome, e como era o costume em Israel, eles passaram a
colher algumas espigas (provavelmente de trigo, ou de cevada) e se alimentavam delas.
Os fariseus estavam sempre prestando muita atenção ao que Jesus falava e fazia; não
com o propósito de aprender a ser como ele – isto eles não queriam; a mansidão e
humildade de Jesus não lhes despertava admiração –, mas de encontrar algum motivo
para acusá-lo. E quando viram o que os discípulos estavam fazendo naquele dia,
encontraram o que desejavam.
É que de acordo como os fariseus, para que as pessoas guardassem o mandamento de
santificar o dia do descanso (que sempre é transliterado sábado), havia trinta e nove
coisas que eles não podiam fazer, e entre elas, pelo menos três que os discípulos
estavam violando: eles estavam colhendo, esfregando as espigas com as mãos[1] e
assim, preparando a sua refeição. De acordo com os fariseus, tudo isto significava
trabalho, o que a lei do Antigo Testamento proibia.
Trinta e nove pequenos detalhes a respeito do sábado que, segundo os fariseus,
deveriam ser rigorosamente observados para não cair no desagrado de Deus. Conforme
já dissemos em outras ocasiões, para os fariseus havia um total de 613 mandamentos
que deveriam ser guardados, sendo 248 positivos e 365 negativos. Se você os guardasse
seria uma pessoa “perfeita”.
Mas no entendimento de Jesus, quando Deus ordenou o descanso do sétimo dia, não
estava pensando nestes acréscimos todos colocados pelos intérpretes da lei. Não é à toa
que em Mateus 23:4 Jesus censura os fariseus por colocarem fardos pesados sobre as
pessoas, que nem mesmo eles estavam dispostos a carregar. E estes fardos farisaicos,
Jesus não carregava, e também não permitiria que fossem colocados sobre os seus
discípulos. Assim, quando os fariseus se aproximam para colocar culpas em seus
discípulos, ele cumpre o que dissera, e não permitiu que impusessem sobre eles coisas
que Deus não desejava.
Como foi que Jesus lidou com aqueles fariseus? O que nós devemos aprender de Jesus,
para que não sejamos escravizados a legalismos farisaicos? Há três princípios sobre os
quais devemos nos firmar, que eu desejo destacar.
1º. PRECISAMOS NOS FIRMAR NA AUTORIDADE DE JESUS
No v. 8 Jesus nos diz algo de suprema importância: “Porque o Filho do Homem é
senhor do sábado.”
Aqui ele nos diz que o Filho do Homem é o Senhor do sábado, isto é, o que tem
autoridade sobre o sábado. Ele é a pessoa que determina e sabe como o sábado deve ser
vivenciado. Ele é a pessoa que determina e sabe como toda a lei dada por Deus deve ser
guardada.
Isto quer dizer, meus irmãos, que além de Jesus, nenhuma outra pessoa tem autoridade,
ou direito de estabelecer para nós as normas pelas quais devemos conduzir nossa vida
particular, de serviço a Deus ou em qualquer outro sentido.
Ora, assim como no farisaísmo, em todas as religiões existem pessoas que, a partir dos
seus próprios pensamentos, de suas devoções e de suas experiências, chegam à
conclusão de que certas práticas é que são agradáveis a Deus, e que para se agradar a
Deus estas práticas devem ser seguidas à risca.
Por exemplo, leiamos Cl 2:16-23:
16 Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou
lua nova, ou sábados, 17 porque tudo isso tem sido sombra das coisas que
haviam de vir; porém o corpo é de Cristo. 18 Ninguém se faça árbitro contra
vós outros, pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões,
enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal,19 e não retendo a cabeça,
da qual todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos,
cresce o crescimento que procede de Deus. 20 Se morrestes com Cristo para os
rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a
ordenanças: 21 não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro,
22 segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas estas coisas,
com o uso, se destroem. 23 Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria,
como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não
têm valor algum contra a sensualidade.
Ao que parece, na igreja de Colossos havia algumas pessoas que se julgavam mais
espirituais que a maioria. Estas pessoas espirituais tinham uma aparência de maior
humildade. Tinham visões, contato com anjos até. Eram pessoas tão santas que se
abstinham de muitas coisas lícitas, e diziam aos crentes: “não toqueis nisto, não toqueis
naquilo, não comais isto, não comais aquilo outro.”Coisas que aparentemente tornam
uma pessoa mais espiritual, religiosa, mais decente e ordeira, mas que não ajudam em
nada na luta contra o pecado. Coisas que tornam os praticantes orgulhosos de si
mesmos, maldizentes em relação aos irmãos, enfatuados, inchados de orgulho.
Ora, pessoas deste tipo têm a tendência de falar com autoridade, determinação, e
costumam impressionar aos demais. Pessoas assim gostam de determinar como você
deve viver. Como os fariseus.
Mas Jesus não deixou que os fariseus se impusessem sobre os seus discípulos. E Paulo
não deixou que os espirituais de Colossos se impusessem sobre os crentes em Jesus.
Para que não nos tornemos servos do farisaísmo, precisamos nos firmar na autoridade
de Jesus.
2º. PRECISAMOS NOS FIRMAR NA AUTORIDADE DAS ESCRITURAS
Veja, no v. 2, os fariseus dizem a Jesus: Eis que os teus discípulos fazem o que não é
lícito fazer em dia de sábado. Isto porque de acordo com as tradições dos fariseus, havia
aquelas trinta e nove ações que não podiam ser realizadas no dia de repouso.
Não penso, meus irmãos, que o comportamento dos fariseus quanto a isto fosse
deliberadamente mau. Ao contrário, creio que suas intenções eram boas. Eles tinham o
propósito de evitar o pecado contra Deus. Creio que cada grupo cristão precisa estudar
as Escrituras, sistematizar suas doutrinas, aplicá-las à sua vida contemporânea. Mas ao
mesmo tempo, cada grupo religioso, lutando contra a tendência humana de ir além das
Escrituras, precisa fazer estas coisas com muito temor, para não acrescentar qualquer
coisa fora da intenção de Deus.
Ora, os fariseus, como é a inclinação natural humana, tinham uma dificuldade enorme
com isto, e então, em sua busca de aplicar os mandamentos das Escrituras à sua própria
vida e do povo em geral, acabavam acrescentando, ainda que sem esta intenção, leis à
Palavra de Deus, e com isto, na prática, davam às suas próprias conclusões uma
autoridade maior do que às Escrituras. Se alguém deixasse de fazer alguma coisa
conforme compreendida pelos fariseus, na maneira deles entender, estava transgredindo
a própria lei do Senhor. E assim, nos lugar da Palavra de Deus, colocaram suas próprias
tradições.
Mas não era assim que Jesus entendia. Podemos dizer que para ele, o “Juiz Supremo
pelo qual todas as coisas da religião deveriam ser determinadas não poderia ser outro a
não ser o Espírito Santo falando por meio das Escrituras”.[3]
Então, quando os fariseus acusam os discípulos de fazer o que não era lícito em dia de
sábado, o Senhor não usa argumentos tirados da lógica humana; simplesmente recorre
às Escrituras.
Nos vs. 3-7 ele cita quatro passagens do Antigo Testamento, perguntando: “Mas vocês
não leram?...”, como quem diz: “Vocês se julgam tão sábios, tão doutores, tão
conhecedores dos preceitos de Deus..., e não conhecem nada...”
Primeiramente, nos vs. 3 e 4, ele cita um acontecimento da vida de Davi e seus homens,
no tempo em que ele, embora já ungido por Deus, ainda não era rei de Israel, e vivia
fugindo da perseguição de Saul.
Esta história está registrada em 1º Sm 21. Davi foi até o sacerdote Aimeleque e lhe
pediu alimento. E não havia outra coisa, a não ser os pães sagrados, que de acordo com
a lei somente os sacerdotes poderiam comer. Mas diante daquela situação o sacerdote
deu aqueles pães a Davi.
Jesus aprova o que aconteceu ali. De acordo com ele, o alimentar uma pessoa faminta
era mais importante do que ficar se preocupando com o cerimonialismo religioso.
Em segundo lugar, no v. 5, o Senhor, numa referência a Números 28,[4] cita a própria
lei, e mostra que de acordo com ela, os sacerdotes que trabalhavam no templo violavam
o sábado, e nem por isto eram tidos como culpados.
E em terceiro lugar, no v. 7, pela segunda vez aqui em Mateus Jesus recorre ao profeta
Oséias, onde Deus diz que o que ele deseja de nós não são sacrifícios e holocaustos, mas
que sejamos gente misericordiosa.
“Se vocês conhecessem o significado da Palavra de Deus, onde ela diz: ‘misericórdia
quero, e não holocaustos’, não teriam condenado a inocentes.”
Então nós temos aqui um mais princípio, uma doutrina de Cristo, da qual não podemos
esquecer, se desejamos viver livre de fardos impostos pelos homens: sobre nós, o que
deve ter autoridade suprema não são as interpretações dos antigos escritores, não são as
elucidações particulares de alguma pessoa piedosa, não são as tradições das igrejas.
Sobre nós, o que tem autoridade suprema é o Espírito Santo falando por meio das
Escrituras.
Mas vejamos o terceiro princípio sobre o qual devemos nos firmar:...
3º. NAS ESCRITURAS, DEVEMOS PROCURAR ENTENDER QUAL É O
PROPÓSITO DE DEUS
Jesus conhecia as Escrituras como um ser humano que amava a lei do Senhor, que
meditava nela, mas também como o Filho de Deus, o autor das Escrituras. Aquele que
sabia de maneira perfeita o propósito de Deus ao nos dar a sua lei. Um propósito que os
fariseus bem poderiam conhecer se realmente buscassem a vontade de Deus, pois a
própria Escritura o revela.
Por exemplo, leiamos Dt 10:12, 13
12 Agora, pois, ó Israel, que é que o SENHOR requer de ti? Não é que temas o
SENHOR, teu Deus, e andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao
SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma,13 para guardares os
mandamentos do SENHOR e os seus estatutos que hoje te ordeno, para o teu bem?
Conforme estes dois versículos, todos os mandamentos de Deus têm um duplo
propósito: o primeiro é que demos ao nosso Deus a glória que lhe é devida: que o
amemos, que o temamos, que andemos com ele; e o segundo, inseparável do primeiro, é
o nosso bem.
Nada do que Deus ordena tem a finalidade de nos prejudicar. Nada nos é dado por
“capricho” de Deus, sem o grande propósito de nos abençoar.
Bem, ainda que não haja uma referência direta a este texto nas palavras de Jesus no
episódio do sábado, o princípio aqui estabelecido aparece claramente.
Vamos ler Mc 2:27, 28
27 E acrescentou: O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por
causa do sábado;28 de sorte que o Filho do Homem é senhor também do sábado.
A intenção de Deus a nos dar o sábado é a mesma que teve ao nos dar toda a sua lei: que
tenhamos este dia para a glória do Senhor e que nele sejamos abençoados; nós
precisamos entender que Deus é honrado à medida em que praticamos o que é bom, em
que promovemos o bem estar do ser humano, criado à imagem de Deus e para a glória
de Deus.
Os fariseus não conseguiam entender nada disto. Também não conseguiam entender
que, o deixar pessoas passando fome só porque é sábado não honra a Deus. Não
conseguiam entender que colocar os cerimonialismos acima do amor e a misericórdia
não honra a Deus. Então entendiam que cada lei dada pelo Senhor deveria ser explicada
minuciosamente, desdobrada em muitos detalhes, e obedecida cegamente, mesmo que
isto implicasse danos para as pessoas, como por exemplo, ficar sem comer num dia de
sábado, se a comida não tivesse sido preparada antes.
Da mesma maneira eles pensavam em relação aos enfermos. Nos vs. 9-14 lemos esta
outra história contada por Mateus, mostrando como Jesus não impunha fardos pesados
sobre as pessoas.
Era sábado, e Jesus estava numa sinagoga. Ali havia um homem com uma das mãos
enferma. Ora, de acordo com os fariseus, curar uma pessoa num dia de sábado era
trabalho, e seria pecado, a não ser que a pessoa estivesse morrendo. E este homem não
estava morrendo. Logo, seria pecado Jesus curá-lo. Se Jesus quisesse curá-lo, que o
fizesse no dia seguinte.
Sabem, meus irmãos, há muitas coisas que são ilícitas aos olhos de pessoas legalistas,
impuras e duras de coração, mas que não são ilícitas aos olhos de Deus.[7]
Jesus entende que o sábado foi dado para o nosso bem. E que então, se você faz
qualquer coisa que promova o bem, não está pecando, ao contrário, está obedecendo a
lei do Senhor, que é perfeita, e que, longe de ser dada para o mal, restaura a alma.
Conclusão
Assim, nós temos três princípios estabelecidos por Jesus, nos quais devemos nos firmar,
para que o nosso fardo, tanto individual, como eclesiasticamente, seja leve:
O primeiro, é que a suprema autoridade da nossa vida é Jesus.
Não são as opiniões dos homens, não são as tradições denominacionais, e com isto eu
quero dizer que inclusive os pastores, por mais piedosos que sejam, não têm o direito de
impor aquilo que Jesus não impõe, sob a pena de se tornarem fariseus. É Jesus a nossa
autoridade.
O segundo, é o Espírito de Deus falando nas Escrituras.
O Espírito de Cristo. Pois toda a argumentação de Jesus se baseia no fato de que para
ele as Escrituras são a Palavra de Deus, e toda a nossa maneira de entender a vontade de
Deus deve ser baseada nelas.
O terceiro, é que devemos procurar nas Escrituras a intenção de Deus ao nos dar seus
mandamentos.
E cada Escritura foi dada para a honra de Deus e o nosso bem. Não devemos impor nada
ao que Deus nos deu, pois isto pode nos conduzir a uma obediência cega, não a Deus,
mas a homens; pode nos levar a carregar fardos que Deus não deseja que levemos.

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