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Como fazer rir um parandico? (ou 0 riso: instantaneo alivio do insuportavel) Franguis Roustong “rad Ivan Cupetinn Supervise: Pr Lis Panes Dste \oods rita so escutar 0 enunciado desta questo. Entretanto, eu asseguro a voeés que ela, de forma siguma, me faz rit. Pois, enim, eis-me com um assunto nas mos sem saber absolutamente 0 que dizer sobre ele. E 0 convite de vocds a eausa de meu embarago. Se 0 sonho de vir & Seattle no me tivesse sido apresentado come realizével, eu ndo teria perdido a eabeca a ponto de aecitar um assunto sobre o qual eu jamais havia refletidoe lide bem menos ainda, Se palo menos eu tivesse escolhido falar para voeés do riso em algum autor ber conbecid, ria bastado lec resumir. Eu poderia falar da ironia ‘em Kierkegaard, ou da gaia cigncia em Nietzsche, ou do chiste em Freud, ou aié mesmo do riso em Bergson, umn autor que eu apreciei na minha juventude e que nd deve ser tGo desprezivel. Por que, entdo, eu escolhi traiae dessa questo que nfo esté repertoriads nas eseolus, nem mesmo e sobretudo nas escolas de psicanalistas? Eu asseguro a vorés que cu no escolhi essa questo, Ela me veio numa manb, num momento de dentificagies duvidosss, na angdstia de precisar encontrar, pelo menos, um tiulo para este ensaio. Duvidando de tudo, como 0 outro na sua mortalha, eu devo me perguntar o que € que ew considera certo, e que me permitiria encontrar um apoio, Por um lado, eu fiz esta pergunta, logo, ela ‘existe; que ela seja boa 08 m4, pouco importa. Por outro lado, quando eu enunciei esss questio. aqueles que a ouviram riram, ou pelo menos, me deram a impressio de ter rido, pois é necessirio prudéncia quando ousamos afiemar que fomos capszes de fazer rt, Entretanto, mesmo correndo © risco de eair no sério mais denso, eu devo reconhecer que esta (questo niio me ocorreu por 2caso. Acontece-me de receber pessoas cujas tendéncias parandicas S30 ‘muito evidentes, Quando, apés alguns anos de tratamento, ev as ovo rir ou, 0 que & mais excepeional. ‘quando eu consigo fazer com que els riam delas préprias ou de sua loucuta'de perseguides, eu tenho & Jmpressio de tocar 0 principio do fim de nossa empreitada comum, Mas existe uma outra razio pars testa questo me ter vindo a mente, Hi uma vinlena de anos que freqlcnto 0 meio psicanalitico ¢ ev me {eoloco todos os dias a questo que Groddeck dirigia a Ferenczi : "Eles desaprenderam 0 riso?” Eles possuem o ar de nadar em tais eertezas com relugio a seu trabalho, i sua prtiea, 3 teoriafreudians ou Tacaniana, que nio se vé por qual fresia poder-se-iaintroduzir 0 riso sobre eles prOprios: riso que € & porta 8 ser uirapassada para se ver que as questdes clementares foram levantadss. ‘Mas esta aproximagio entre 0 rso ¢ a paranéia poderia tornar-se inquietante. Se paranico esti curado quando ele se pe a rir, é porque 2 parandia & uma interdiedo do riso. Mas entio, se 0s pPsicanalistas no podem ri, ou se profbem, por eles proprios evidentemente, 0 riso, nfo seriam eles parandicos? A questio é tanto mais perturbedora quando se percebe que ela faz eco frase de Preud : eu tive sucesso ali onde a parandia fracassou” ou 8 palzvre de Lacan retomando a parandia critica de Salvador Dali e propondo a parandia dirigida, para definr a sua empreitada. A psicandlise seria uma pparandia que teve socesso porque ela pretenderia tr a Glia palavra erm toda discussio, a explicagto ‘Secisiva em toda imerpretagio, a chave universal para abrir e fechar todos os problemas? Ou ento seu sucesso e sua impossibilidade de rr dela mesma nfo seriam, antes, o resuliado de sua necessidade de % invadie toda a existéncia durante toda a sua duragio? 4 intedigdo de acabar com o tiso, de colocar, em algum lugar, um termo, um limite, uma fronteir, quer dizer, uma interdigdo de sair para veralhures se © cév esié ainda no seu lugar, sem o coneurso desse arsenal e desses preocupagdes globalizantes. Vocés pensar que eu estou delirando, Por que no? Uma vez que sou paranico- desculpem, psicanalista © que eu sou alérgico ao riso de mim mesmo. Entretanto, esse delirio me condu a um {questo importante: de supor que a psicanalise possui, mais ou menos escondidos. os ragos essencisis. dda parandia e que os psicanalistas, por exemplo, acreditam, sem riso, como os paransicos, na Uuniversalidade explicativa de sua doutrina e na eficécia universal de sua pritica. Nio existria, logo, rnenhuma chance para que a psicandlise pudesse querer fazer ric um parancico. Bis uma dificuldade sobre a quo sera necessério voltar, pois ela poderia arrvinaratarefa supesta por minha primeira quest. Eu poderia abrir um paréntese?A questo que Groddeck colocava a propésito dos psicanlisias nid interessaria, por caso, a outras categorias de individuos? Por exemplo, seo riso tem algo aver com. ‘© pensamento,o da gala citncia, poder-se-ia perguntar se 0s fildsofos no desaprenderam 0 ico. Ese 0 riso tem algo a ver com o prazer de le, porque cada frase de um grande autor & um desafio langado & Uificeldade de viver, que nao teriam, 0s eitices literérios, por acaso, desaprendido 0 rise? ‘Mas, come nio devo intrometes-meem dominios que nfo soda minha conta, fecho ra paréntese e chegoa’ segunda certeza sobre a qual quero apoiar-me: voeés riram ao eseutars formulag30 de minkia primeira questdo, O riso de voces esti, provavelmente, ligado ao absurdo que ela contém. E sibsurdo, com efeito, pensar que um parandico possa ri, mais absurdo ainda 0 projeto de fazer rir om Parandico, que ndo poderé interpreta esiatentativa sno sob os tacos de uma perseguigio suplementi. Contudo, 0 que é absurdo, e logo impossivel, no € menos necessério. Por um lado, © purundico no Pade rir de sua loueura, pois ela constitue o sistema de defesa que ele fabricou para vencer as angtstias ‘eas incertezas que o paralisam. Por outro lado, & preciso faz8-1o rit, essa é, pelo menos, 2 ambigao do ‘erapeuta, para curi-lo de sua loucura. A questo que fazia voe8srirem é,entso, séia para o terapeula fe. ¢ vocés riem dela, & porque vocés nio compreendem este terapeuta. Ele ler razio em pensar que vvocés querem persegui-lo. Logo, vocés nao riem mais, uma vez que vocés temem tomnar-me parundico, (4 porque vorés constatam que eu 0 sou, pois eu fafjei um sonho de poder absolute fazendo com que ‘vooés sereditassem, apenas por minha primeira questo, que eu poderia fazer rir um parundico, filo sirdele mesimo e sobre ele mesmo. Esta ume proposigao ubsurda, uma vez que parandico estépleno de centeza no que concerne s0 verdadeiro da verdade de suas certezas. Quererintroduairo rio, quer dizer um cone, na espessura dessa des si, evidencia insensatez. Logo, pretender fazer rir um parandico & querer colocar gum vaio ali onde do hi, Sendo, plenitude. Se 2 operago fosse impossivel, 0 parandieo a transformaria iimediatamente em seu contrario € 0 vazio invadiria tudo. Nao haveria Sendo vazio, de tal forma que © corte dorso se estenderia ao infinito € que todo mundo devera rir todo 0 ermpo. O que € perfeitamente contraditério, pois 0 vuzio em todos os lugares e para todos nfo seria seno uma outra forma de plenitude. Somos entdo, levados 2 seguinte afltmacdo: se & impossfvel fuzer rir um parandico, & Simplesmente porque 0 riso nfo pode durar e nfo pode estender-se 20 Infinit. Dai uma primeira questo: por que o iso nlo pode durar? Vocés acabam de fazer, neste instante, a experiéncia de que o riso no pode durer: vocés me escutaram dizer um certo ndenero de besteiras, _mas, como eu nao soube parar a tempo, 0 riso ou 0 sorriso desapareceu do rosto de vocés. Para falara verdade, eu no possuo, enlretanto, os recursos de um grande cBmico. De onde, também, a segunda questo: quais slo 0s limites do riso, uma ver que voc8s esto de acordo sobre @ impossbilidade de fazer 0 porancico rir dele préprio e sobre o fato que querer fazé-Io ri leva a malraté-o, Eu gostaria de colocar uma terceira questo: qual arelagSo que oriso mantém com a incerteza, visto que xeerteza com felugdo a si € a seriedade que profbe 0 iso? Quando nés tivermos tentado responder a essas quest6es, ‘nbs poderemos volar, sem isos, & possibilidade de fazer rr nao um parandico, mas alguém que o teria a Sido e que teria comtinuado a sé-o se ndo se tivesse conseguido fazer com que ele rise. Por que orso no pode durar? Porque ele € ums explosto,responde a Ifogua, Uma exp B50 poderia prolongar-se, a menos que, de tanto rit, cheguemios a morre de rit. Eeotremon o rnee ae ve essa monte nos guarde durante algum tempo. Mas por que risondo € send urna explonie? Outka, trina ae, cxplode como uma bombs que explode, como um vdeo que se quebra, como unl soe brid, como ua vor que rempe o silencio au odiscuso, Ele no pode dura porque cle una onions era ebtors que comes, uma raptra em seu eomego um comeso que nfo pode ter selene, pores Sete: fcr a maior proximidade possivel com a propia coisa com a qua ele rompe. Eis orgoe SeosS existe noinstane, no préprio momento em que adstncia primeira aparece. Desde que aenplovio Aacomteceu, a realidade retorna ao peso de sua histéria Mas trata-se de qual ruptura? De que se supe que 0 riso nos afasta durante um instante? 2entamente, aquilo que existe de mais continuoe de iseparivel, dent fragmentivelntode ofrincns como sentimento passageiro, mas do sofrimento que se identifica ao peso do destino do sofeimon oo ua émpossivel abstirse,o sorimento que os nevrosados consieram como sai tea queen ponive Si é 2 manera propria delesestarem no mundo e porque ele define sprimeitaapropragio. aps en inrnsecamente igada a0 fardo da iberdade, aque dino poder mesa poténci pore el J vencen a morte, E €iso, que é mais espesso que a nite, mas denso que o ferro, mais undo que a pedra, mois Perdadeiro que a necessidade que o riso deve fazer explodit de onde ele deve tiat suaeaplonte, Ore € a menor unidade pensivel do desapego, da diferenga, do recuo; ele & 0 quantum da dertnels [Nés temos outros meios de mantero sofrmiento i distancia. Em primetto lugar, pelo amor. Faz, Cle, Pelo menos durante um tempo, o sofrimento est suicientemente presente pars yoo nos postamos acrediiar gue nds the somos figis © que nds, no entanto,o vencernos, Em segue male Kreqentemente, pelo trabalho, cujo sofrimento torna-seo combustivelseereto, jamais reconhecan, a se esquecido, Tonto em um quanto no outro caso, distineia que se instaurae Que se wensformns eng Ssiria 80s inclinaia facilmente a pensar que nés encontramos a solugdo. A disténcia, pensamon, Poder ser manta eo fardo deposto. Com rso, 20 centério,e sua distanciagdo minima, esethinene (do qual se sai apenas na espessura do instante) aparece em toda a sua erueza. Oriso ee tevelader do sofrimento. Eno hd outro. banal eonstaar que, na eiture de a comédia de Shakespeare ou de una pera de Molitre, uando se vé um filme de Charlie Chaplin ou de Buster Keaton, nio se sabe se vamos rt ou chords oc vamos expla de i ou explodirem solugos, se respiramos um ar fresco eleve ou se estamos oprimidos Pelt angsta de um sofrimento aumentado pela distinc minima que tomamos em religa0 so solrimento, Em sua relasfo com 0 tempo, oriso€ 0 cortelativo da angéstia, Enguanto que a angtstia, se acompanharmos Kierkegaard, éaliberdade que se impSe como possibiligade incontomnvel, rise « possiblidade para aliberdade de escapar dela mesma. Como seo riso nos deizasseentrever urn instente & nfomnecessidade da liberdade, Ou ainds, na anglstia, n6s estimos submissos, sem escupaloran a necessidade de ter que romper com 0 determinismo da {facasso da possibilidade, consola de antemio aliberdade que nio pode surgi«. Com a angst Gexetfamos sir ds repetico como riso, a repetiglo que se toma leve. que reccbe simpatia que nto ‘obriga mais “a se pegar pelo topete para saltar fora de sua sombra", 32 £4 igo que oso € 0 reveladr do sofrimento, vocts obetariam que ete softimentoqucé vio se descolar dele, a necessidade que ele tem de contar esse sicanalista esta nostalgia do mérbido que se A tragédia revelaa que ponto-ese sofrimento 3 toon capacidade de destigurar ede alterar; em resumo, de fazer ver que, ent 0s animals, ohomein é incontestavelmente,o mas inumane, O iso a0 inves, ¢orevelador do sotimento enquantohumano: nee, alojase a possibile 4a respeito, Orso nto resolve nada, implesment ele nfoesquece, ele mantém present nsupotivel sb 08 tag0s do alivo, eed ugar &abertura no fatal, Nos, jstamente por causa desea dtineia minima, osofrimento sabe asi mesmoe resonhece-e ssi mcsmo, de al forma que ele nfo precisa nan iningir aos outtoso eco de seu berutho ede sou furor Eu fli do rexpeito, do qual ois seria uma forma Exist, defato, na ate de fate ume clegincia que evita fazer pear nos outros a nossa prépria drags. No lugar de enatar as quetcas coe poderiam ser jusiicads m determinados momentos david nos as distanciamos do llr dos oatcs pelo so. € necessirio, anda, que este riso sje voltad para nds mesmnas ou que, pele menos, cle implique um “nds” no qual estejamos ineludos. Logo, pode-se esperar, também, que os ules not respite. quer dizer, que ees respetemo mérbido que no deixa de asusti-lose detent los Posse Per Sea80 0 Figo sabre ns mesmos ou com of obtros mudssse em iso Bs custas dos gute, so tornarse-iasarcasmo e expresso de desprezo, O sso uma ial rptora no sofrimenio que ele no é possivel nem sempre, nem para todos, ema propssito de do, Eu chego, eno, minha segunda questo, para sublinharos limites do iso, ‘a impassibilidade de rc Exisem, por exemple eircunstancas dgicas que profbem sis, ainda «ues extremidade da testo prodvzda pel visio dotrdgico poss provocar ois louie, Se, po acsoo, sansportando um eudiver, 0s papa-defuntosfazem algum gesto que evidente falta de desteta, cose 880 pode sacudr os mats ites da asistencia no ris mais incre Mas ndo € do rso aavés do ifpio ds sivaydes que eu quero falar, € do limite qu ess Saal ao iso naquilo que concere © pep iso, Existeem cada pessoa um pono de slreato que the €préprio, uma falta de seu ser que € para cle onascimenta de sue subjtividade. um local do qu cle pode aproximar-se sem correr iso do decomposigio. Ns podemos, com um poucode adel st de nossos desesperos ou de nosso ngtstis - eu Xo intencionalmenteo plural que prova que ns 0 tecamos, nto, eno as mips figuras que podem revestic ese sofrimento ou ese faa que nos Sia, que 6 nosso préprio seredo, Dito de outa forma, nas bords € nos amedores dessa ala nos posems sre suporar que os ours iam ou nos fagam ric Mas se. por asso, cm um gesto com qos «ue desembaragarse do peso que nésfazemos reir sobre ele, Ser mais amado, que nos contoce melhor que nds proprio, eomega arr de nosso sofimento mas escondido ao noscos propos olnos, seurisotoma-seimperdodvel, Eun desajeito da psicandlise acrediando queer o momentos fazer “gas de fat pare alivar minkaprépia angi, acomteceu-ne dizer apalava que nfo cranccesirn porque elt estva imprepnada desta verdade que acsasina, sob o pretext de leva alibentagto, O lime 4 fazer o out ri reside no limite que o ote coloea no seurso sobre si mesmo. A ate do fer rit supe 0 conkesimento exatodaguilo de que o outro no podera rr em nenhuma hipStse suber 4 infelieidade singular de sua existéncia singular. Isto no me impede de pensar que a possibilésde de rir de si pr6pro pois é snda disso que ew ex flando ~ marea 0 éxito de uma psicotrapa, Mas, de cet foxm sera messi dinar gue «ssa posiilidade india apossbilidde de uma terapa. E como se fosse ur ertéiowsado como ponte de pstids, pois a possiblidade de rir de si propio €o minim de distncia com rela asi que mn fequisitono principio ds cura, Aconeceu-me aceite alguns hisércos ou hiséicas em anise cde tor lumestado os ait les ox els poiam ric dos outros, mas se encontavam na imposibilidade ese evarem a sri, na mais absoluaseiedade, NEo Tes pogamos para ric ou soa nem mesmo sn insane de sus sinomas protiformes, les no possvem esse dom. Impossivel eomegur com eles ou ss um trabalho que no terminars sen em tm Odio Guredouro, O que eles elas querem ea ominagSo do our, pela rovocago de sua aémiragi ede Extase por eu Ser sem falas. elo contr, w nos casos faveriveis, 2 possibilidade de ri de si pode exprimir-se enquanto 6 sofiimento gas cwd Sempre proxim, sob a forma de uma doce tristeza divertida, a ‘repetiglo das mesmas inflicidades. Parccedhes que eu me distanciei do titulo que eu dei a este ensaio, Mas estamos, talver *6ximos do tfulo por esta ponta pela qual podemos nos separar de nds mesmos, quer dizer de nowea Softimento, que outros chamam de goz0. Todo individvo que gostaria de nos aingir por es ponts sera considerado camo inimigo e perseguidor. A tinica diferenga com 0 parandico € que nds sae soon inacessiveis aoriso em tudo e por tuo, mas apenas por essa ponta que eu evocava hi poco. Antesde ir mais longe, eu devo abordar a terceira questio, ada relagio que oriso mantémcom a incereza, relay que nos obriga 2 colocar aimpossbilidade que 0 parandico tem de ri de Rir de si mesno € tomar, em relagio a si prépri fazemos, penssmos e dizemos como 0 poderia fazer isis exata severidade c da mais liberal indulgéncia, impossivel que o que nds fagumos, pensamos e digamos no seja passado por um crivo ¢ consideraso om erueza, Mas, porque & a distincia tomada pelo riso,aupreciagio nao se faz na enucldade, Ela tan, ‘com sua clare sem concess20, 0 ungtientoe o ilsamo que alibertam do desespero, © tisode si mesmo que nso deixa nada passor, mas que tolera todas as misévias, supe uma super abundame vitalidade que nio tem necessidade de reter suis produces para dare 4 itunio de

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