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GUIA EMIGRANE PORPUCUED. PARA 0 ESTADO DE MINAS GERAES y Antonio Gomes da Silva Sanches niemos Typ. da Companhia Nacional Editora 5O - Dergs Ac Conde Bazic- 50 1804 AOS LEITORES A precipitagao com que tivemos de elaborar estes esclare- cimentos, para servirem de, orientacdo aos portuguezes, que desejarem ir para o Estado de Minas Geraes — Brazil — nao permitte dar, de suas grandiosas e variadas fontes de riquesa por explorar, noticia desenvolvida, 0 que faremos na 2.* edi- ¢30, proxima a publicar-se, logo que cheguem as informagoes precisas. No entretanto, para satisfazer a natural curiosidade de qaew procura terras estraphas e louginquas, julgamos valiosissinias as informagdes que vamos prestar, baseadas no que vimos e admiramos. Somos os primeiros a elucidar nossos patricios sobre 0 ca- minho seguro a andar, a fim de que nao aconteca entrarem, como nds, as cegas, n’aquella enorme Republica, onde 0 tra- balho sério e util é retribuido, como em parte alguma do muu- do; onde a honradez e a persistencia sao elementos seguros de riquesa; ao contrario dos que se entregam 4 vadiagao, por todos despresados e encarados com desconfianga. Aos que seguirem, 4 risca, as prescripgdes das informa- codes que seguem, nunca faltara trabalho remunerador e pro- tecgao valiosa. onde quer que a sorte os conduza, quer da parte dos brazileiros, quer de portuguezes ou outros estran- geiros. Julgamos, assim, prestar um bom seryico a Portugal e a0 Brazil. Siva SANCHES. - A Republica dos Estados Unidos do Brazil occupa uma decima quinta parte da superficie do globo terrestre, uma quinta parte de toda a America ou quasi metade da parte meridional, ficando situada entre 5 10’ N. ¢ 33° 45'S., abstraindo as ilhas de Fernando Noronha e da Trindade. Avalia-se a sua area em 8.308:633 kilometros quadrados, com- rehendendo os terrenos, que confrontam com as Guyanas, Colombia é Confederacdo Argentina. © Brazil foi descoberto pelos portuguezes em 1300; de 1380 a 1640 esteve com a mie-patria sob o poder dos hespanhoes, cujos vestigios ainda se encontram em muitos dos usos e costumes dos brazileiros; entre 1630 © 1634, uma parte do paiz, na regiao do norte, esteye lambem em poder dos hollandezes, cujo governo se concentrou principalmente em Pernambuco. Entregue, porém, inteiramente aos portuguezes a partir de 1654, foi dividido em capitanias, sob administracao de governadores, depois sob 0 governo geral de vice-reis até 1808, em que a familia reinante, fugindo de Portugal, dia da invasao franceza, no regimen de Na- poleao, se fixou no Brazil, instituindo a sua cérte na cidade do Rio de Janeiro até 1821, em que, regressando D. Joao VI, deixou como, lugar-tenente o filho D. Pedro; este, collocando-se a frente do movi- mento separatista em 1822, foi acclamado imperador apoz a inde- pendencia, proclamada a 7 de setembro do mesmo anno. Abdicando em 7 de abril na pessoa do seu filho D. Pedro Il, go- yernou este até 15 de novembro de 1889, em que foi deposta a sua dynastia e substitaido o regimen monarehico pelo republicano fede- rativo, formando cada uma das provincias um Estado — 20 —, alem da Capital Federal, — Rio de Janeiro — antiga corte. 0 governo do Brazil ¢ republicano federativo. O poder executivo. é exercido por um presidente, eleito por suffragio directo, de quatro em quatro annos, sendo substituido: em primeiro lugar pelo vice- presidente, que é eleito quatriennalmente com o presidente ; em se- gunns lugar pelo vice-presidente do senado ; em terceiro, pelo presi- jente da camara dos deputados, e em quarto, pelo presidente do Su- 6 premo Tribunal Federal. O vice-presidente da republica ¢ 0 presiden te nato do senado. °O poder legislative é exercido pelo Congresso Nacional, com a sanccao do presidente da republica. O Congresso compde-se de dous ramos: a Camara dos deputados e 0 Senado. Este congresso reune- se, independente de convocacao e trabalha quatro mezes; se no fim desse tempo precisa prorogar, as mesas das duas casas entendem-se a respeito © marcam a prorogacao; pode tambem ser conyocado ex- traordinariamente. Cada legislatura dura tres annos, e com ella finda 0 mandato do deputado; 0 do senador dura nove annos, renovando-se o senado por um terco, de tres em tres annos. 0 projecto de lei, depois de passar em uma das casas do Congres- s0, ¢ enviado 4 outra; se esta 0 approva igualmente, vai ao Presiden- te da Republica; se este nega sanccao, volta ao Congresso, onde ¢ de novo submettido a discussado; no caso de ser approvado em ambas as casas por dous tercos e nominalmente, ¢ de novo enviado ao poder executivo para promulgal-o immediatamente. O Presidente da Republica € auxiliado por secretarios de Estado, agentes de sua confianca, a quem pode admittir ¢ demittir livremen- te; presentemente ha seis ministerios, sendo: 1.°, 0 do Interior e Jus- tiga; 2.°, o da Viacao e Industria; 3.°, 0 das Relacdes exteriores; 4.° oda Guerra; 3.°, 0 da Marinha; 6.°, 0 da Fazenda. 0 deputado ou se- nador que aceitar o cargo de secretario de Estado perde 0 mandato, e nao poderd ser reeleito emquanto for ministro. © poder judiciario da Uniao tem por orgaos um Supremo Tribu- nal com séde na Capital Federal, e tantos juizes e tribunaes federaes distribuidos pelo paiz, quantos crear 0 Congresso Nacional. 0 Supremo Tribunal compde-se.de quinze ministros nomeados pe- Jo Presidente da Republica, mas dependentes da approvacdo do Sena- do, que para isso vota € discute secretamente : sao vitalicios € 86 per- dem 0 cargo por sentenca judicial. é Cada um dos Estados rege-se pela constituicao que adopta, com- tanto que esta, em seus fundamenios, respeite os principios da federal. Tem tambem suas leis, tribunaes e€ juizes particulares, chamados es- tadoaes.. O Estado nao tem religiao, todos os cultos sao permittidos, os cemi- terios sao seculares e 0 casamento civil é 0 unico que as leis reconbe- cem. A instruccdo publica é gratuita e ¢ mantida pelos Estados em seus territorios e pela municipalidade na Capital Federal. A todos ¢ licito associarem-se, reunirem:se, contanto que estejam peruse nao podendo intervir a policia senao para manter a or- lem. E’ permittido a quem quer que seja representar mediante peticao aos poderes publicos, denunciar abusos das autoridades e promover a responsabilidade dos culpades. a Em tempo de paz ¢ livre a entrada ou sahida dos nacionaes € es- trangeiros, com 0 que possuirem, sem passaporte ou licenca. Y domicilio do habitante ¢ inyiolavel ; ninguem nelle pode pene- trar sem licenca do morador, senao para acudir a algum desastre, ou em caso de inundacao ou incendio. & livre a manifestacao do pensamento por escripto ou Bee pala- ra, respondendo cada um pelos abusos que commetter ; pela impren- $a nao é permittido o anonymato. 5 Com excepcao de flagrante delicto, a”prisdo s6 pode ser executa- da depois da pronuncia do indiciado, ow nos casos previstos pela lei. Ninguem pode sersentenciado senao por auctoridade competente e em virtude de lei anterior. Os aceusados tém a garantia de plena defesa, sendo-lhe dada a nota da culpa dentro das vinte e quatro horas decorridas depois da Tish. c O direito de propriedade ¢ mantido em sua plenitude, salva a des- apropriacao por utilidade publica, que é regulada por lei. As minas pertencem ao proprietario do respectivo solo, com as li- mitacdes que a lei, ainda pendente do Congresso, estabelecer a hem desse ramo de industria. E’ inviolavel 0 sigilo da correspondencia ; 0 servico postal é regu- lado pelo tratado que vigora entre as nacées civilisadas Acha-se abolida a pena de morte, excepto nos casos que deter- mina, em contrario, a legislacao militar: nao ha pena de gales nem de banimento judicial. Nenhuma pena se estende além do delinquente. E’ pernittido 0 livre exercicio de qualquer profissio moral, intel- lectual e industrial. As invencdes e descobertas sao garantidas por pease Os escriptores e artistas que trabalham no paiz tém tam- em a garantia da propriedade, bem como as industrias as suas marcas de fabrica. Nenhum cidadao brazileiro pode ser privado de seus direitas civis € politicos por motive de crenca religiosa, nem esta lhe servira de pretexto para eximir-se a qualquer dever civico. O systema de pesos e medidas em todo 0 paiz é 0 metrico deci- mal, adoptado desde 1862. A base do systema monetario é a oitava, 3,559 grammas de ouro do toque de’ 0,917, isto ¢ 37 de ouro e = de liga, com valor de 45000. A relagao que existe entre a moe- da de ouro e de prata, livre de senhoriagem, é de 15 °/, de prata pura para 1 de ouro do mesmo toque. A moeda de prata carregada com a senhoriagem de 9,863 °/, é considerada como auxiliar. A moeda de troco é de nickel, de 25 partes d’este metal e 78 de cobre; e de cobre, composta d’este metal, estanho e zinco. MOEDA METALLICA ‘Ouro Prata (auxiliar) De 205000 De 2 » 103000 » £8000 » 38000 (desmonetisada, » 8300 Nickel (subsidiaria) Cobre (subsidiaria) De 200 réis De 40 is » 100 » 2 » 20» » BO > » 10» As moedas de ouro e prata sao raras na circulacdo; todas as ope- rages se fazem em papel do Thesouro ou do Banco da Republica do Brazil, que ¢ hoje 0 unico emissor de toda a Unido. O valor d'estas notas sio de 300 réis, 15000, 23000, 33000, 105000, 203000, 305000, 305000, 1005000, 2003000 e 5005000 Estando 0 cambio ao par, isto é, 27 dinheiros por 15000, equi- yale a unidade monetaria a dos seguintes paizes, em relacio a do Brazil, n’esta proporeao: Allemanha Mareo 3436 Hespanba Peseta 3333. Austria Florim 3872 Inglaterra Libra es 35888 Belgi Franco Italia Lira 3353 Estados-Unidos Dollar Portugal Mil réis fo 23000 Franca Franco © estado de Minas Geraes, cuja area ¢ a do mapa junto, é mui- tas yezes maior, em superficie, a Portugal. Seus habitantes, nos costumes, bondade e hospitalidade, se pa- recem, em tudo, com os das nossas Beiras. Exemplares nos cumpri- mentos de seus contractos, respeitadores de Deus e das leis, orgu- jham-se de ser Mineiros, e com rasdo, como a experiencia vos _mos- trara. Governam-se por leis suas. A sua constituicdo politica, de 15 de junho de 1891, ¢ uma das mais perfeitas e liberaes da Grande Repu- ica. Sempre em paz interna e com os visinhos, o trabalho e 0 pro- gresso sio a aspiracdo constante de todos os seus despretenciosos desejos. ‘Ali, 0 estrangeiro que trabalha e é honesto, & um irmao que se estima e respeita. Para todos e para todas as profissdes, ha larguissimos e rendosos elementos de riquesa. A sua capital ¢ Ouro Preto. Esta, porém, em construccdo, a fu- tura, no Bello Horisonte, entre as estagdes de Sabara e Santa Luzia, na estrada de ferro central. Para sua construceao votou 0 congresso mineiro, no anno passado, a importante verba de dezeseis mil contos. Re segundo 0 projecto feito, com as principaes capitaes da uropa. Dads estes rapidos esclarecimentos, é occasiao de entrarmos em informacGes especialisadas, para melhor comprehensao dos inte- ressados. = Clima E abencoado. Melhor que o de Lisboa, nunca o cobertor deixa de andar na cama. Tem annos e altitudes de geadas fortes ; mas nao tem nortadas, como, ds vezes, acoitam Portugal. Temperatura amena, quasi fria, como na serra da Mantiqueira, para esle Estado que, nas epocas de calor, yao os habitantes da ci- dade do Rio de Janeiro, passar os mezes quentes, em que a febre amarela faz mais victimas. Nunca.esta peste ali entrou. Os proprios habitantes de Minas, quando descem a Capital Federal, sao victimas, como 0s recem-chegados de Portugal; tal ea egualdade do clima. Terrenos Sao fertilissimos, dando tudo 0 que produz a Europa, e por tanto duplamente ricos. Ao lado do cafeeiro esta o batatal; ao lado da man- gueira vive o pecegueiro, a tigueira, a maceira e a videira. O milho, 6 trigo € o feijao produzem abundantemente. O porco, o cavallo, os bois € as vaccas pastam nos montes, sem pastor sem curraes. Dor- mem ao ar livre. Quando, no comboio, se attravessam aquellas enor- mes campinas, como ¢ encantador vér, a todo o instante, numerosas manadas, pasiando nas encostas ¢ planicies! e nem uma casa, nem um pastor se veem! roprios para todas as producgdes de la e de ca, a actividade de cada um, segundo a sua especialidade ou gosto, tera, em todos os pontos do Estado, ainda os mais afastados, terreno de sobra para suas grands e pequenas cultura: O governo e os particulares sio prodigos ou arrendamento. Compram-se lego com quantias que aqui ndo chegavam para a produceao d'um alquei- re de milho! e a agricultura, foi e ha-de ser sempre a maior e mais segura fonte de riquesa de todas as nagdes na facilidade da venda e legoas de optimos terrenos, 10 Estradas As estradas de ferro, construidas, em construccao e em estudos, attravessando 0 Estado de Minas, em diversas direecdes, em breve o tornario o primeiro da Republica em exportacdo, se o desenvolvi- mento da agricultura e das industrias for correlativo, como tudo pa- rece indicar. Depo Estrada de Ferro Central do Brazil, qu cidade do Rio de Janeiro, vae ja até onde se anda construindo a nova capital — Bello Horisonte — e que € a mais rica de todas as vias fer- reas do Brazil — tao cobicada dos inglezes — pa ser a arteria d’oi de partem todas as outras, temos a Veste de Minas, para cujas 0 cinas e continuacdo de construccdo, estamos encarregados de contra~ ctar crescido numero de artistas e trabalhadores. Seja-nos, pois, per- mittido dar informacdes especiaes sobre ella. A Estrada de Ferro Oeste de Minas entronea na Estrada de Fer ro Central do Brazil, na estado do Sitio, d’onde comeca o- seu per- curso e ramilicacao. Em virtude de contractos celebrad Estadoal de Minas, pertence-Ihes a linha, da estacdo do Sitioa S. Joao d’El-Rey; daqui a Oliveira e Ribeirdo"Vermelho; de Oliveira ao Rio S. Fran- cisco € ramaes para ltapecerica e Pintanguy. n virlude, tambem de contracto, com o Governo Geral do Bra- zil, tem a construccao d’uma linha a partir da Estrada de Ferro Gen- tral do Brazil entre as estacdes da Barra Mansa ¢ Commercio até Ca- talao, no Estado de Goyaz, e ramaes do ponto mais conveniente por um lado até entroncar no prolongamento da Mogvana, e por outro até ds aguas navegaveis do Rio Paracat, no Estado de Minas. Pertence-Ihe, egualmente, por. contracto com o_referido Go- verno Geral, a navegacio a vapor do Rio Grande, no Estado de’ Mi- nas Tem, do mesmo modo, a construceao d’uma linha, a partir da sua estacao. entre Barra Mansa e Commercio a Angra dos Reis, porto maritimo. Sera, por esta via ferrea, que o Estado de Minas communi- card com 0 mar, emquanto se nao construir a que foi contractada com o sr. visconde de Guahy, a qual partindo da Sabara, ira até Victoria, capital do Estado do Espirito Santo, ficando assim o Estado de Minas com dois portos maritimos, o que sera de incalculaveis vantagens para sua rapida prosperidade. No mapa junto, fornecido pela direccao da Companhia, se vero os tracades respectivos, distinguindo-se as partes construidas, em construgdo e em estudo 11 A sua administracdo, composta na sua maioria, de cavalheiros nascidos e educados em Portugal, ¢ tao prospera, que, ainda nao ha muilos mezes, obteve, na canta Londres, 0 emprestimo de trinta e tres mil contos de réis, moeda brazileira, capitaes destinados 4 continuacao da construccao de suas vias e augmento do material para trafico e officinas. Em S. Joao d’El-Rey tem esta prospera companhia as suas gran- des officinas; como nao chegassem, edificaram outras em Lavras, en- troncamento e centro de suas vidS. E para ali que se destinam os profissionaesa contractar. Alem das officinas, quasi concluidas, existem }@ casas proprias para os artistas, em bairro proximo e unicamente destinado ao pessoal das mesmas. Sio elegantes, solidas e de rigor hygienico, com quintaes e outras larguezas, que muito devem apreciar seus futuros habitantes ‘As familias dos artistas contractados, mulheres, rapazes, rapari- gas, ali terdo salario remunerador, segundo suas edades ¢ aptiddes, em servicos proprios. © salario dos profissionaes sera de 35000 a 105000 réis, moeda prazileira, conforme seu merecimento e zelo; 0 dos que. fazendo parte da familia, mas nao sao artis sera de 25000 a 45000 réis. Tudo isto, alem de luguer modico e adiantamento de mantimentos nos primeiros mezes, emquanto nao conhecem o meio, 0 local € os precos das coisas essenciaes a vida. Em parte alguma se propocionam vantagens como as annunciadas; pois que tudo se en- contra ao chegar a terra estranha. A falta d’estas vanlagens, a0 che- garem ao Brazil, se deve 0 terem muitos portuguezes baqueado ou regressado. Aos trabalhadores, alem dos salarios de 25000 a 45000 réis, fa- culta a Companbia terrenos, a beira da estrada, para casas e horta, para si e suas familias, alem dos materiaes de construccao. A estas sera dado trabalho remunerador, segundo suas edades e aptiddes. Ali, ninguem que tenha saude e vontade de trabalhar. deixara um s0 dia de ter oceupagao; 0 que nao acontece aqui, em muitos e repe- tidos mezes do anno! Aos que se contratarem para esta Companhia e outras, garante o Estado de Minas a passagem até ao local dos trabalhos, por mar € caminhos de ferro, alem de outras vantagens, que adiante se enu- meram. Alem das vias ferreas mencionadas, tem o Estado de Minas as scguintes Subvencionadas Porto Novo a Cataguazes e ramal de Leopoldina. Recreio a Tombos. Volta Grande a Pirapetinga. Sitio a S. Joao d’El-Rey (Oeste de Minas). apt Lis 12 Naio subvecionadas Cataguazes a S. Geraldo. Furtado Campos a Rio Novo. Sub-ramal de S. Paulo do Muriahe. ysneiro a Parookena. Caxambi a entronear na Estrada de ferro Jaculinga a Lavras. PARA CONSTRUIR Piranga ao Rio Doce. Pocos das Caldas a Campanha. Forquilho a Araxa. Curvello a Araras. Sapucahy-mirim a Piumhy. Santa Rita da Extrema ‘ao Toledo, nas divisas de S. Paulo em direceao a Buqueira. Sant’Anna dos Ferros a Itabira Passanha a Aymorés, nas div Montes Claros a S. Joao Baptista. Montes Claros a Salto Grande, com um ramal a margem direita do Rio S. Francisco. Da Margem esquerda do Rio S. Francisco as divisas de Goyaz. Da cidade do Kio Pardo as divisas da Bahia, com um ramal para Grao Mogol e outro para Montes Claros. Das divisas de $. Paulo a Campanha. Congonhas @ Bello Horisonte Da Fazenda de 1. Constanca ou ponto conveniente 4 Madre de Deus, no municipio do Turvo. do Espirito Santo. Nas construidas, vimos portuguezes no servico de cantoneiros, 0 que facilmente era de conhecer, pelas bonitas vivendas construidas 4 beira da estrada, com hortas, batataes, ervilhaes, cebolaes, videiras, figueiras, pecegueiros, larangeiras etc., e numerosos rebanhos de & 13 bois, cavallos, porcos, cabras, galinhas etc., pastando nas encostas. Conversamos com alguns, e n outras partes com asmulheres ou filhas, occupadas em lavar roupa, € nos informaram, que as casas € terrenos annexos ¢ os gados, tudo era d’elles. Os terrenos hes foram dados pelo Governo ou pelas companhias constructoras: que os maridos € pais ganhavam cinco e seis mil réis diarios, como cantoneiros, em que nao era preciso mecher, porque as hortas, gado e outros servicos, davam para vestir. calear e comer. Contentes, diziam, que, aqui, voltariam. mas de passeio. Alguns chegaram a contar-nos que tinham pago o que haviam ficado a dever, que ja tinham comprado bens e estavam man- dando mesadas aos pais e até a alguns parentes que seguiam 0s es- tudos, alem do que estava a render em parte segura. Perguntando-lhes, porque nao mandavam yir os parentes; res- ponderam que iam tratar de obter do Governo as passagens, pois era melhor ier ali tudo, do que passar privacdes na sua terra, embo- ra tivessem saudades, as yuaes, em havendo dinheiro, era facil matar! Instruecao Publica Na Capital — Ouro Preto —tem a Escola de Minas, conhecida ~ em todo 0 mundo, pelos seus engenheiros, Escola de Pharmacia, Instituto Vaccinario, Faculdade livre de Direito, Gymnasio Mineiro, Lyceu, Escolas Normaes nas principaes cidades, cursos livres de en- sino legalmente auctorisados, collegios em toda a parte, escolas de instruccao primaria em todas as cidades, villas e povoacdes impor- tantes. O Congresso votou a creacao d’uma laculdade de Medicina. As cidades e villas do Estado de Minas, em illustragao, estao supe- riores a muitas das nossas, embhora menos variada; mas Id irao, tal é a forca de vontade dos seus govcrnantes. © mesmo se pode dizer a respeito de m ratura, obras publi- eas, administracdo municipal, policia, etc. Em financas, ¢ 0 Estado de Minas, um dos mais prosperos da Republica, gosando de funda- dos creditos de respeitador de seus contractos, de economico e de patriotico. Desde 0 advento da Republica, apesar do encargo de toda a administracao e vida propria, os rendimentos quadruplicaram. Tem tidd 0 bom senso de saber escolher presidentes illustrados € enthusiastas pelo progresso de seu Estado. E’ considerado e apon- fado como um modelo a seguir, em todos os ramos de administracao ublica, estando o seu actual presidente — sr. Conselheiro Affonso ena — indigitado para substituir, opportunamente, o presidente, da Republica, chegando a ser nimiamente votado na ultima eleicao, apesar da sua pessoal e publica recusa. 14 Industrias e Agricultura Minas d’ourg, Sao muitas as minds d'ouro, em exploracao. Men- cionaremos as principaes, que visitamos. A do Morro Velho, no Municipio de Villa Nova de Lima, segundo os ultimos relatorios da gerencia, tem produzido desde 0 seu comeco, 57 toneladas, 8 quintaes e 2 graos de ouro fundido, valendo cinco mi- Thoes e duzentas e cincoenta mil libras esterlinas! Presentemente 0 seu rendimento annual é de 80:000 libras! A da Passagem, proxima de Ouro Preto, produz, actualmente, por mez, trinta a quarenta kilos d’ouro. Ha as do Morro de Sant'Anna, do Faria e muitas outras, a con- ta de diversas companhias, como Mineragdo de Forquim, Mineragao do Municipio de Tiradentes, Minas de Ouro Falla, Aurifera de Minas Geraes, Mineraloyica Brazileira, Mineragdo de Gaethé, etc Na sua maioria, pertencem a estrangeiros. Occupam milhares de pessoas de ambos os sexos e de todas as edades. Onde existe uma mina, funda-se logo uma cidade ou villa. Enormes fortunas se fazem na extraccio do ouro, que, ha muitos annos, se apanhava na areia das margens das correntes. Ferro. D’este util metal ha muitas minas em exploragao. Appare; ce a fldr da terra, em muitas part Marmores. Vimos, proximo a Ouro Preto, 0 leito da estrada de ferro, com brita de marmore de cores lindissimas e variadissimas. Causa espanto a vista da formosa collecao da Escola de Minas! e to- das estas riquesas estao por aproveitar. Como esta, muitas outras industrias mineiras se acham ao de- anger por falta de bracos e de gente competente para as explorar. proprio nome — Minas — esta indicandoo quanto é rico aquelle immenso Estado, que tem brilhantes, diamantes, saphiras, tudo o que ha de mais caro e apreciado em joias. Ali vimos formo- sos brilhantes pretos, encontrados 4 flor da terra, e outros engasta- dos em pequenos bocados de pedra ! Fabricas de Tecidos. Existem muitas em todo o Estado. principal- mente no termo, onde se edifica a futura capital. Em Itabira esta construindo uma grandiosa fabrica o sr. Affonso Baeta, do Conce- tho de Goes, Districto de Coimbra. Fabricas de Tetha, de Tijolo e Cal. Sao muitas e quasi todas a beira das estradas de ferro. Muitos portuguezes teem ali encontrado abundantes meios de fazer, fortuna rapida. ELugenhos de Assucar. E uma das mais rendosas industrias do Es- do a plantacao da canna, que se ulilisa para o fabrico da aguardente 16 e do assucar. A plantacdo e cultivo sao facilimos. Um palmo de can- na, quetenha, pelo menos, um no, é enterrado, em buraco feito por sacho de jardim ou bico de sacho usual. Meses depois corta-se-the © capim — herva — que o cerea. Cresce e multiplica-se d’uma ma- neira prodigiosa. Em 12 meses esta prompta para entrar nos enge- nhos: da calda se faz o assucar e aguardente. Nao é regada nem estrumada. Apenas tem uma cava — arrenda — para cortar 0 campim em roda. Café. E’ 0 mais rico producto brasileiro. E’ ouro nos mercados da Europa. A sua planta, quando crescida, lembra a nossa romanzeira. © terreno em que se planta, nado se cava, nem se rega nem se estruma. Planta-se, quando es nossas coves, a0 tirarem- sé dos alfobres para as hortas, fazendo com um machim— roga- doura com a ponta voltada — ou com sacho de jardim e até com pao agucado, uma pequena eseavacdo na terra, a maneira de quem anda a dispér alfaces ou coves nas hortas. Regula-se o espaco — dois me- tros —d’um a outro. Um homem deligente, pode plantar alguns mi- lheiros por dia. Todos os annos é capinado — isto é— arrendado. Nos interyallos, semea-se milho, feijao, aboboras e outros cereaes, emquanto nao altinge certas proporcoes, Ao 4.° anno ja da fruct No 4° e 5.° sdo duas s colheitas, como sempre. No fim do 5.” anno esta perfeito; pode produzir, nas duas colheitas, uma arroba ow 185000 réis; ha os trabalhos dos terreiros, onde sofre as mesmas ope- racdes que os nossos milhos, sendo preciso descascal-o, para 0 que ha engenhos, secal-o, ensacal-o e mandal-o para 0 mercado, onde é di- nheiro 4 vista. patricios que esse producto tao rico custa to julgavam o contrario. Mas 0 espanto vai dobrar com a explicacdo da cultura do mi- lho. Milho. © terreno nao se cava, nao se estrama nem se rega. Em cada buraco, que se na terra, com sacho de jardim ou machim, deitam-se tres graos de milho; cobre-se com a terra deslocada, e assim, | e legoas. O unico preparo a fazer no terreno, é lancar 0 fogo 4 erva e arbustros. Um mez depois de semeado, capina-se — isto é— arrenda-se. Na epoca propria, tiram-se as espigas — duas e tres —de cada um dos tres milheiros, que nasceram juntos, e juntos se crearam. A palha nao se aproveita. Isto faz-se duas vezes por anno. Comparem agora 0 trabalho que da aqui o seu cultivo! O alqueire vende-se de 25000 a 35000 réis Feijao. Usam-se as mesmas especies. Tem extraccao e consumo especiaes 0 [eijao preto, por-ser essencial no prato favorito dos bra- zileiros — carne secea com feijao—. Lembramos aos nossos patricios 4 conveniencia de levarem as melhores sementes. 16 Nao conseguimos saborear feijao verde sem fio. Devem, por isso, levar sementes dos de seis semanas ou carrapatos. © processo da sua cultura é 0 do milbo. Os trepadores so em hortas. 0 consumo ¢ enorme. Quem se dedicar 4 cultura de qualquer das suas especialidades, em poucos annos faz grande fortuna. O Leite de Vacca de Minas é considerado 0 melhor do Brasil, por causa dos bons pastos. Na cidade do Rio de Janeiro ha estabeleci- mentos proprios para o vender. O queijo que d’elle se faz em Mi- nas € 0 melhor, tendo consumo geral, que importa em milhdes de réis. As yaccas sao baratas, a sua guarda nada custa, porque pastam em liberdade nos montes, onde ficam dia e noite, bem como os bois ia cayallos, mulas, cabras, ovelhas etc., ¢ ai do que ousa rou- air uma so cabeca! Muitos pratricios nossos devem suas enormes fortunas a esta in- dusiria, embora fossem para ali quasi descalcos. Porcos. 0 lombo e toucinho de Minas é um artigo de constantes. transaccdes mercantis, so excedidas em numero, pelas dos queijos. Nao precisam de curraes nem de cosinhar-se-Ihes 0 comer. Alimen- tam-se e vivem no campo. Bois. Alem de grande exportacao para os acougues das grandes cidades, utilisam-se no transporte de cargas, andando a cada carro de 6 juntas. O carneiro e a cabra sao, em geral, destinados ao acougue. Ven- de-se a sua carne mais cara que a do boi. As Galinhas. Tem um consumo extraordinario, vendendo-sea2:000 e 3:000 reis cada uma. Os ovos chegam a custar 200 réis cada um, vivendo muita gente exclusivamente de sua ereagao. E’ eseusado repetir que, fallando de moeda, nos referimos sem- pre 4 brasileira. Batata. E. wm dos artigos de maior consumo no Brazil. Quasi to- da yai de Portugal, da Franca e da Italia. Uma caixa— 15 kilos — custa 205000 reis. Nem em todos os Estados se da. Obedece a accao do climae do terreno. No Estado de Minas, da-se em toda a parte, gragas a sua al- titude ¢ bom terreno. Conheci ali alguns portuguezes, com boa fortuna, ganba unicamente na cultura. da batata. Como os terrenos sao virgens, nao levam extrume, nao carecem de regas € apenas se capina a terra. E dinheiro em toda a oe A batata dece, producto proprio dos climas quentes, egualmente se ered prodigiosamente. D'uma batata, podem tirar-se cem ou mais hastes, de palmo, que, plantadas, como quem alfobra couves, se multiplicam admiravelmente. Mandioca. 4 farinha de mandioca, que aqui € conhecida por fa- rinha de pao, @ de consumo geral e constante. Substitue o pao. Quasi todas as eguarias de molho se comem com ella. Ww Dos tuberculos,— batatas — que estao debaixo da terra, se faz a farinha, depois de esbolados devidamenle. Das hastes, que tomam as proporcdes das nossas romanzeiras, se cortam bocados ese plantam em terreno solto. No fim de 12 mezes, esta completo o fructo. Nao earece de mais cuidados, alem da capina ou arrendadella. Arroz. De- consumo geral. da-se prodigiosamente nos terrenos baixos e as margens dos rios e lagéas. E semeal-o e colhel-o. Tem legoas ¢ legoas de terrenos proprios ra sua cultura. Algodao. E um dos productos mais ricos ¢ baratos, que 0 Brazil exporta, em grande quantidade. A sua cultura € como a do milho ou _feijao. Cresce rapidamente. Resta capinal-o uma ou duas vezes por anno; visto que di duas colheitas. No tim d’um anno ou anno e meio, fica 0 arbusto completo, e entao pode dar, nas duas colheitas, um kilo, que se vende a 13000 réis. Pode 0 agricultor semear, por dia, cinco ou seis mil pes. E facil a sua colheita ; pois que basta extra- hil-o da arvore, separal-o da semente eda casca do casulo, que abre, para deixar vél-o. Da semente extrae-se oleo com variadissimas applicacdes. Quem tiver cem mil pés, pode ter, em bons annos, quando perféitos os arbustos, cem contos de reis. Linko. E por emquanto pouco conhecida ali esta industria. De- vem, porisso, levar boa quantidade de sementes, tanto do gallego como do mourisco. Os terrenos optimos, e bastantes as fabricas, para comprarem 0s seus productos. Quem se dedicar a esta cultu- ra, tem nio s6 a proteccdo do governo e premios, mas importantes interess : Ha ainda o anil, a alfafa, especie de palha de cevada ou trevo com que se alimentam os animaes nas cavallarigas, e outras plantas de utilidade, compensando generosamente 0 pouco trabalho, que, com ellas, se dispende. Quando la chegarem, terao occasiao de co- nhecer e adoptar. Vinko. Cultiva-se e propaga com rapidez om todo 0 Estado. Vie mos florescentes vinhas. A philowera e 0 oidium ja se vém ali. 0 Go- verno, porém, fez estudar 0 assumpto e procura debellar o mal. Fructas. No estado de Minas dao-se, alem das proprias do paiz, todas as nossas. Por vezes pagamos uma maca por 500 réis, e um ca- 000 réis, nas estacdes dos caminhos de ferro. Mas que figos ! aqui so se deitam aos porcos. Devem, pois, levar boas qualidades, como-moscatel ¢ beberas. Quem fizer pomares de fructa, de boa qualidade, fara fortuna rapida. No Brazil nio espanta o comprador de lhe pedirem caro por fructa boa. Em caixotes com terra podem levar figueiras, enxertos de cere- i de macieiras, de pecegueiros, de ameixoeiras, de damasco, de jitias. enfim das nossas melhores fructas. Para nao embaragar as bagagens a bordo, devem entender-se uns com outros afim de le- varem de tudo no- mesmo caixote. Se as.companhias de transporte 2 bazinho de 12 figos, na sua maioria verdes, por 18 fizeram observacdes, 0 que nao é de esperar, nao teremos duvida em intervir, e 0 faremos com prazer; devendo todos estar seguros jue faremos particulares recommendacdes sobre o assumpto. E elle le valioso futuro para os que se expatriam; nao so pelo enorme rendimento que produzem; como porque matam parte das saudades da patria. Familia e fructas ¢ 0 que mais lembra a quem se expatria. Os que se apresentarem ali com enxertos, servirdo estes de re- commendacao para ser bem recebidos, mostrando assim que nao yao para se divertirem ou simplemente em passeio. Sementes. Egualmente recommendamos, com particular attengao, a grande conveniencia de levarem sementes de todas as hortalicas € arbustos, para evilar a sua compra la, onde sao carissimas, por que © yao da Europa. Nao esqueca levarem sementes de todas qualidades de couves, repolho, ervilhas, favas, alfaces, melao e melancia, tomates, imentos, aboboras, feijdes, linhaca mourisca e gallega, pepinos, ra- anetes, salsa etc., etc., ele. Fazem pouco volume e nada paga di- reitos la; nem o Fiscal do Governo do Estado de Minas, que tem de os receber no porto do Rio de Janeiro, deixara de louvar a previ- dencia. Quando la estiverem e conhecerem as cousas, de certo nos agradecerao estes esclarecimentos. Roupas. Os artigos — roupa do corpo, da cama e caleado — sao os mais caros no Brazil. si tudo val da Europa, embora se mul- tipliquem as fabricas nacionaes. ; Nos esquecam leyar roupas de cama, incluindo cobertores, roupas de corpo de verao e de inverno e caleado com abundancia, sem excluir 0s tamancos e chinelas. La tudo se usa. Os homens que tiverem botas de cano alto, nao as deixem ficar; sio lade optima van- tagem. Devem levar talheres. De louc folha , $0 as de ferro esmaltado ou de Premios Para mostrar quanto o Governo de Minas protege algumas eultu- Tas, transcrevemos 0 seguinte Decreto n.° 685 de 16 de fevereiro de 1894 Instruccdes para concessdo de premios de que trata a lei n.° 42 de 43 de maio de 4893 CAPITULO I DOS PREMIOS Art. 1° A concessio de premios de que trata a lei n,° 42 de 1893 sera feita, annualmente, nos termos deste regulamento: 19 1° Durante seis annos, aos cultivadores de linho, canhamo, algo- dao e outras plantas textis e aos cultores de bicho de seda, ate a quantia de vinte e cinco contos de réi 2° Durante quatro annos, aos viticultores e fabricantes de vi- nho, até a quantia de cincoenta contos. Art. 2.° Tém direito a estes premios n&o s6 as empresas ou companhias, como tambem os particulares, devendo os mfesmos premios ser calculados em vist# da superficie do terreno plantado e da quantidade do producto obtido pela empreza ou particular, que se propozer a acquisicfio do premio. Art. 3.0 Os premios destinados aos cultivadores de linho, canha- mo, algodao e outras materias primas textis, exceptuada a classe de que trata o artigo seguinte, sertio distribuidos de accdrdo com a tabella A, e os premios destinados aos viticultores e fabricantes de vinho, de accdrdo com a tabella B. Art. 4.° Aos cultores do bicho de seda seré conferido 0 premio de 500 réis por cada kilogramma de cazulos produzido,-e aos findores 0 de cem mil réis por cada dez kilogrammas de retroz on fio de se- da de dois fios elementares, duzentos mil réis por cada dez kilo- grammas da de mais de dcis fios, e quatrocentos mil réis por eada 20 kilogrammas da de cinco oa mais fios; tendo direito ao mesmo. premio de quatrocentos mil réis, por cada 10 kilogrammas, os fia- noes de retréz ou fio proveniente da cardagem e fiacdo de casulos duplos. Paragrapho unico. Estes premios serdo calculados sobre 0 tra- batho de cada anno, para os fiadores, em relagao 4 quantidade do producto manutacturado, e para os cultores do bombia mori, sobre as quantidades produzidas por novas e successivas culturas. CAPITULO IL DOS PRETENDENTES AOS PREMIOS E DAS CONDICOES PARA A SUA ACQUISIGAO Art. 5° Os pretendentes a qualquer dos premios de que trata este regulamento, deverao ter e provar residencia no Estado: Esta prova sera feita por attestagdes dos Agentes Executivos municipaes ou auctoridades judiciarias das comarcas, aonde se fi- zerem as plantagées, cultivo ou fabricagao e fiacdo de que trata o presente regulamento. Art. 6° Estas attestagdes deverao informar: 1. Qual a profissio habitual do pretendente e se cultiva terras proprias ou possuidas por titulo legitimo. 2.° Si as plantagdes sao arroteadas regulamente e conservadas em perfeito estado, e se a producg&o allegada representa rendi- mento extraordinario ou o normal e medio da cultura. 3.° 0 juizo ou parecer da auctoridade attestadora sobre a justi- ga da pretengio. Art. 7.° Para poderem passar as attestagdes, a que se refere o art. 5.°, as camaras municipaes por seus Agentes Executivos, no- 20 mearaéo commissdes compostas de membros da mesma camara ou de cidad&os da sua confianga, que, transportando-se ao logar dus culturas ou das ontras industrias, procedam ao exame das mesmas, verificando a quantidade do producto obtido é as mais condigies constantes do art. 6.° e seus paragraphos. ‘Art. 8° Os pretendentes aos pretmios deste regulamento deve- rio dirigir sous requerimentos ao Presidente do Estado por inter- medio do Secretario da Agricultura, Commercio e Obras Publicas, devidamente instruidos com as attestaqdes do art. 5.9, além de um relatorio indicando: @) A procedencia. b) A situacio e extensio do terreno em cultura effectiva ou a quantidade de grammas de dvos do bicho de seda que serviu 4 creacao. ¢) A situac&o, dimensdes e apparelhagem da fabrica. d) © numero de parreiras e amoreiras ei cultivo e suas idades. ¢) O pezo médio dos casulos calculados sobre unidades de um ki- lo, € o numero de kilos por cada 30 grammas de dvos ou semente f) A €pocha do plantio ou sementeira e das colheitas. g) © numero de plantacoes e colheitas que podem ser feitas annualmente. h) A quantidade de semente ou numero de plantas que deve comportar cada hectar-de terreno 4) A quantidade e qualidade dos fertilizantes empregados. j) A producg&o por hectar de terreno. &) Os instrumentos aratorios empregados e os processos de cul- tura, bem como os processos industriaes effectivamente emprega- dos comprehendidos nos primeiros os perservativos uzados contra as molestias e pragas a que estio as respectivas culturas su- jeitas. 2) A média do prego venal dos productos. e as respectivas des- pezas de produccio m) O pessoal effectivamente empregado nas culturas e fabrica- goes. Art. 9.° Este relatorio devera ser submettido 4 auctoridade de que talla o art. 5.° que sobre elle emittira juizo, de modo a garantir a verdade da exposi¢ao em todos os detalhes. Art. 10° Além dos documentos referidos, quando os concurren- tes a premio forem cultores do bicho de seda, fiadores de cazulos ou fabricantes de vinho, deverao fazer acompanhar seus requeri Mentos de amostras dos casulos, do retroz ou fio de seda, ou de amostras do vinho fabricado, devendo com estas vir tambem uma gartafa pelo menos do mosto, que Ihe deu origem, conveniente- mente conservado e lacrado. CAPITULO III DA DISTRIBUIGAO DOS PREMIOS Art. 11° Os premios seréo pagos uma-s6 vez antiualmente, nao tendo os pretendentes direito a mais de um premio por cada cul- 21 tura ou industria comprehendida nas disposigdes d'este regula mento, . Art. 12.0 Na distribuigio dos premios as industrias,'a que se re- fere 0 art. 1.°, n.° 1, serio observadas as seguintes regras: § 1° Em relacao a0 algodao, s6 poderao concorrer aos premios maximos os proprietarios ou lavradores, que arrotoarem, fazendo as respectivas colheitas e aproveitamento do producto, pelo menos 16 hectares de terreno em effectiya cultura; aos medios, os que do mesmo modo, arrotearem pelo menos 10 hectares, ¢ aos minimos, os que igualmente cultivarem nunca menos de 5 hectares. § 2° Em relacao as outras plantas textis, tambem sd poderdo concorrer aos premios maximos 08 cultivadores de 5 hactares de terreno ; aos medios, os de 4, e aos minimos, os de 3 hectares, con- siderados como areas minimas para os effeitos da distribuigaio. § 3° Nao poderdo concorrer aos premios respectivos os cultores do bicho de seda, cujas culturas n&o tiverem por base pelo menos 30 grammas de dvos ou sementes. a Art. 13.° Assim tambem nio poder&o concorrer aos premios de que trata o art. 1.° n/ § 1° Os viticulores que n&o arrotearem, aproveitando a res- pectiva colheita, pelo menos sete, cinco e tres hectares de terreno em cultura effectiva da vinha, contendo parreiras trabalhadas em cepa ou corda a razao de pelo menos 3.000 por hectar, sendo ad- mittidos aos premios maximos os cultivadores de sete; aos medios, os de cinco, e aos minimos, os de tres hectares. § 2° Os industriaes que nao fabriquem annualmente, subordi- nados 4 mesma regra ja estabelecida para a distribuigao dos pre- mios maximos, medios e minimos, cem, cincoenta e trinta hectoli- tros pelo menos de vinho de uva, de bella coloragao, marcando 10 °, de alcool produzido pela fermentagio. Art. 14° No concurso de varios proprietarios, lavradores ou in- dustriaes, respeitadas as proporgdes estabelecidas para a distri- buig&éo dos premios maximos, medios e minimos, serao preferidos 08 concurrentes que, 4 superior qualidade dos productos, reunirem maior extenstio de cultura ou maior quantidade de producto por egual area de cultura, ou os que 4 igualdade de cultura e produc- ao juntarem maior aperfeicoamento do producto. Do mesmo modo preferirao a todos os concurrentes que empre- garem habitualmente em seus trabalhos os methodos racionaes Mais perfeitos e os instrumentos aratorios. ¢ No concurso de igualdade de circumstancias, serio preferidos os concurrentes que provarem dedicar-se ds respectivas industrias ha maior espago de tempo, como profissio habitual. Art. 15.° Os concurrentes que obtiverem premios em qualquer dos concursos nao poderao concorrer novamente aos mesmos pre- mios senao dois annos depois, provado em todo caso que a sua cultura e producgao ou fabricagao augmentou real e effectivamente cincoenta por cento sobre as quantidades e area cultivada que Ihes sevirao de base no concurso anterior. , CAPITULO IV DA COMMISSAO JULGADORA Art. 16." Os premios serdo distribuidos de conformidade com o laudo de uma commissio julgadora para esse lim instituida. Art. 17° Esta commissio se compord de sete membros, dos quaes cinco ser’o de nomeag&o do governo e dois de nomeagao dos concorrentes, que em listas apresentardo a0 governo os nomes dos seus escolhidos. No caso de empate, ao governo pertence decidir qual o membro, que deva ser preferido. Art. 18’ A commissio julgadora, sempre que apparecam pre- tendentes aos premios, a que se refere o presente regulamento, se reuniré no mez de setembro, na Capital do Estado, e procedera em tudo de accordo com as instraccdes que para este fim serao pelo governo opportunamente dadas e que Ihe servirdo de regimento para seus trabalhos. Art. 19.9 Para os effeitos da escolha dos membros da commis- 840, cuja nomeacdo €¢ privativa dos concurrentes, o secretario de Estado dos negocios d’Agricultura, Commercio e Obras Publicas convocard para o dia 15 de setembro, ou o dia seguinte, quando aquelle fOr feriado, todos os concurrentes que até esta epocha te- nham requerido sua inclusio no concurso aos premios, designando- Thes 0 logar de sua reunido; a escolha devera ser feita neste mes- mo dia, e sé sera submettida 4 approvagaio do governo no unico caso de empate na escolha de uns ou de ambos os membros rete- ridos. Art. 20 A’ commiss§o julgadora imcumbe classificar os concur- Tentes aos premios de accérdo com as disposigdes deste regula- mento e mesmo excluir do concurso aquelles que, a sen juizo, nio tenham preenchido as condigdes exigidas para o mesmo. Paragrapho unico. Das decistes da commissao, que excluirem concurrentes, haverd recurso voluntario para o governo. CAPITULO V pIsposigdss GERAES Art. 2L° Independentemente das attestagies e informagdes, a que se refereo presente regulamento, o governo, se julgar neces- sario, podera commissionar uma ou mais pessoas de sta confianga para proceder 4s verificagSes e ministrar as informagtes, que en- tender precisas. Art. 22.” Aquelle que por meio de fraude obtiver premios, além 23 da punigdo a que fica sujeito de accérdo com a legislacdo penal, sera obrigado a restituir no dobro a quantia que tiver recolhido. Art. 23.° Ficam revogadas as disposigdes em contrario. Secretaria de Estado dos Negocios d’Agricultura, Commercio @ Obras Publicas do Estado de Minas Geraes, em Ouro Preto, 16 de fevereiro de 1894. David Moretzsohn Campista. TABELLA — A ALGODAO, LINHO, CANHAMO E OUTRAS PLANTAS TEXTIS 3 Premios de 4:000$000, 4 Ditos de. 3:00038000. 5 Ditos de. Ee 1.098000 TABELLA —B VITICULTORES 2 Premios de. . 6:0003000 1 Dito de. . 4:000$000 4 Ditos de. 2:25038000 PABRICAWTES DE -YETHO 2 Premios de 6:0008000 1 Dito de. 4:0008000 4 Ditos de... 2:250$000 INDUSTRIA SERICICULA Nos termos do art. 4 até. @........ sees veeee 10:000$000 David Moretzsohn Campista, Publicadas nesta secretaria de Estado dos Negocios d’Agricul- tura, Commercio e Obras Publicas, em Ouro Preto, aos 16 dias do mez de fevereiro de 1804—O director, Cypriano de Carvalho. Do exposto e do muito que, por brevidade, omittimos, verao os nossos patricios a variedade de meios de que podem lancar mao, sem necessidade de mais illustracdo do que a que teem. Nao esquecam 0 riféo portuguez — de vagar para chegar depressa. Devem todos co- me¢ar por se conctratarem com agricultores ou industriaes; serem ho- nestos, servicaes e cumpridores do contracto e de suas obrigacdes, pa- ra_obterem a consideracdo dos patrdes e dos estranhos. E preciso evitar 0 mais possivel andar a mudar de fazendas e de casas. Depois de bastantes mezes de residencia, de conhecerem 0s usos € costumes da terra, poderao entao tomar de renda as fazendas, a meias, por empreitada ou de mua wer modo, inclusive aforal-as. Podem mesmo comprar as fazendas do Estado, do Municipio ou da Parochia ou Confrarias. Em tudo encontrarao facilidade e barateza. Devem fugir das tabernas. Quem quizer alegrar-se, faca-o em casa. Quando forem grandes as fazendas, devem associar-se umas poucas de fami- lias. Podem, mesmo, ir d’aqui ja combinadas n’esse sentido. No principio, todos os contractos devem ser a salario; quando se- nhores dos processos agricolas, ¢ entao que -se resolverao, se quizerem, pelos contractos, de meias, de empreitadas, de aforamen- tos ou arrendamentos. Os rapazes que quizerem ir para o Brazil dedicar-se ao commer- cio, nao devem partir, sem ser a chamado de parentes; de contrario arriscam-se, como vimo: “oflrerem privacdes ou a regressar. O com mercio jd nao ¢ 0 que foi. Nao so sao muitos e fazem concorrencia uns aos outros, 0 que demora a fazer fortuna; mas a mocidade brazileira presentemente mais instruida e habilitada do que os que vao de ca. Comecam, ainda na Escola a trabalhar e a ganhar. Alem de que, sd a cidade do Rio de prestam, com van- tagem, @ carreira do commercio as, a febre amarela reduz, todos os annos, 4 quinta parte, os que v40; nao so por que sa0 novos na terra: mas tambem porque nao tém meios de se tractar conveniente- mente. Alem d’ endo, como sao, empregados a andar pela rua, a0 sol, raro é o que resiste na epoca da febre amarela. Presentemente, leva 20 ¢ mai: a fazer fortuna mediocre no commercio e € ainda quando se tem sorte ¢ protectores; emquanto em breve se faz for- tuna, sem necessidade de estudos, de proteceao, e nao correndo a con- tingencia de morrer da febre amarela, que sO respeita, quando res- peita, os filhos do paize os que ali residem a muitos annos. A agricultura em Minas é pouco trabalhosa e extraordinariamente rendosa. Pode-se andar ali, ao sol, desde manha até 4 tarde, sem perigo. 0 clima é benigno e melhor que o de Lisho: Aos que quizerem ir para os trabalhos da edificacao da grande capital, em Sabara, hasta communicarem 0 desejo ao Fiscal do Go- verno, que esta a bordo do navio, no Rio de Janeiro, para verificar o desembarque, para que elle dé logo providencias. Nao queiram demorar-se no Rio um instante. Se ali tiverem pa- rentes ou amigos, os verdo quando ja estiverem acclimatados. Qs que nao forem com destino certo, teem o recurso das hospe- darias' nos Municipios de Minas, com casa e mesa e onde se contractarao com os agricultores ou industriaes do logar. Basta que avisem d’este seu proposito 0 Fiscal, que estara a bordo para os re- ceber. Terao medico e remedios de graga. Janeiro ou a de Santos n que na agricultura e nas industrias, no interior. 25 Nao ¢ preciso Jevarem ferramentas, a nao ser as de alguma es- pecialidade. Como de ordinario os que se expatriam, ficam a dever e desejam mandar mesadas a seus pais ou paventes, aqui Ihe facilitamos o meio de satisfazerem seus comprommisso: Os que trabalharem nas estradas We ferro Oeste de Minas, pedem a0 director-constructor — sr. Antonio Francisco Rocha — para Ihes acceitar as quantias que querem enviar, na occasido dos pagamentos, com a nota das pessoas a quem aqui devem ser entregues. De certo ordenara a um empregado que tome as devidas notas, € por meio de saques sobre Londres, ca virdo ter as quantias respectivas, encarre- gando-nos de as fazer entregar a quem ordenarem. Os que forem empregar-se em outros trabalhos, encarregarao esse servico aos patrdes ou a quem julgarem conveniente, para egualmente sacarem sobre nos com as devidas jndicacdes. Q proprio correio se prestara a estas transferencias de dinheiro. Devemos ainda accrescentar, que, segundo recommendacao es- pecial do Governo de Minas, teem preferencia os que ali teem milia ou parentes. , quer isoladamente, quer nao constituindo familia, basta que sejam requisitados por parentes, amigos ou conhe- cidos, residentes n’aquelle Estado, para que thes seja immediata- mente dada passagem. Os embarques sero em Leixdes e Lisboa, emquanto se nao poder designar porto nos Acores e Cabo Verde Opportunamente se uublicara o dia de embarque em cada mez ¢ o nome dos vapores. iteeberde aviso dos agentes districtaes ou concelhios, com quem nos entendermios. Esperamos obter das companbias de ferro reduccdes nos precos das passagens para Lisboa ¢ Leixdes. Sero avisados. - So nos podemos enviar gente para 0 Estado de Minas, com passa- gem _paga pelo Governo do mesmo Estado. Tua aurea— 170 — 1.° andar, Lisboa, se dao quaesquer ou- tros esclarecimentos. Enfim: para mostrar a seriedade e cuidados; que, ao governo de Minas Geraes, merece este importante assumplo, vamos encerrar es~ te nosso ligeiro trabalho—deixando para a 2.*, edicdo, maior copia de esclarecimentos —, com a transcripeao da lei e d’alguns artigos do regulamento que tratam da immigracao. Lei n° 32 — de 18 de julho de 1892 Auctoriza o Presidente do Estado a promover immigrado de trabathadores, mediante concessio de diversos favores: O povo do Estado de Minas Geraes, por seus representantes? decretou e eu, em seu nome, sancciono a seguinte lei: Art. 1." Fica o Presidente do Estado auctorisado a promover di- recta ou indirectamente a immigragdo de trabalhadores destinados principalmente ao servigo da agricultura, concedendo os seguintes fayores: a) Indemnizagio de passagem aos immigrantes destinados ao Estado e estabelecidos determinadamente em seu territorio quatro mezes depois de chegados, 4 vista de provas completas, especifica- das em regulamento. b) Passagens livres nas estradas de ferro subvencionadas pelo Estado aos agentes das emprezas particulares, concessionarias de fayores para este servigo. Art. 2.° Fica igualmente o Presidente auctorizado a promover localizagao de colonos nacionaes ou estrangeiros, facilitando-lhes a acquisigao da terras, de modo que junto dos grandes proprietarios possam tornar-se pequenos proprietarios de lotes nunca inferiores de 25 hectares de terras de cultura e 50 de campo, para cada fa- milia. § 1° Para este fim os auxiliard na introducg&o de novas cultu- ras, desenvolvimento da industria pastoril, da vinicultura, da agri- cultura, da sericultura, no aproveitamento dos meios mechanicos de lavrar a terra e em outros emprehendimentos que favorecam a sua sorte e contribuam para o estabelecimento de seu domicilio definitivo. § 2.0 Do mesmo modo, pelos meios mais convenientes, devera o governo animar e favorecer as exposi¢des industriaes do Estado é a8 regionaes, concorrendo, sempre gue lhe for possivel, as nacionaes e estrangeiras. § 3.° Por meio de passagens fornecidas pelo governo da Unido. § 4.° Nesta ultima hypothese o governo do Estado, no caso que N&O seja possivel conseguir que 0 governo federal [he entregue a quota relativa 4 immigra¢ao, envidara os necessarios esfor¢os afim de obter que os immigrantes destinados a este Estado, quando se servirem das passagens facultadas pelo governo da Unido, venham em navios separados ou sejam logo entregues ao agente do Esta- do na hospedaria geral, no porto do Rio. Art. 3.° 0 servico da introdugaio dés colonos agricultores se fa- ra directamente pelo Estado, por meio de agentes seus, de imme- diata confianca, e de reparticdes apropriadas. Nw 1. Estes agentes poderdo ser nacionaes ou estrangeiros que tornem conhecidas as riquezas naturaes do paiz, amenidade de cli- ma, indole pacifica de seus habitantes e todas as vantagens que 0 e7 immigrante europeu possa obter, preferindo o territorio do Estado para seus estabelecimentos. N02. As repartigces serio encarregadas da recepgio do immi- grante e sua localizacdo, dando-lhe praticamente, como mais con. veniente fdr, algumas nogies sobre os systemas de agricultura mais usuaes e sobre os costumes do paiz. Ensaios de plantagado poderao ser feitos em terrenos contiguos ds hospedarias coloniaes. ‘ oe N.°3. As camaras municipaes serao intetmediarias dos pedidos de trabalhadores ou colonos de que necessitarem os fazendeiros ou emprezas agricolas. Estes pedidos deverao conter as especificagdes indisponsaveis sobre 0 genero de lavoura, modo de remuneracao, natureza de ter- reno e tudo mais cujo conhecimento possa interessar ao colono, conforme for determinado em regulamento. Art. 4.° Quando o servico fOr confiado a alguna empreza parti- cular, deverd esta tornar conhecido o territorio do Estado, por meio de doscripgao feita em diversas linguas e mapas chorographicos que mostrem ao immigrante as vantagens de preferil-o para seu estabelecimento. Art. 5.° U governo tera no estrangeiro um superintendente ¢ agentes emissarios que cuidem da propaganda do servico de immi- @racdo, com escriptorio de informagao, e que seja ao mesmo tem- po intermediario de relacdes commerciaes e industriaes com as na- Goes estrangeiras. Art. 6.° Para execugio da presente lei fica o Presidente aucto- risado a fazer as necessarias operacées de credito até 4 quantia de 5.000:000$000, e bem assim a desenvolver, em instruccdes ou regu- lamentos, as disposigdes nella contidas, adoptando, conforme as circumstancias de tempo'e logar, as medidas mais convenientes e apropriadas para a realizagao das referidas disposigces. Art. 7.° Revogam-se as disposigdes em contrario. Mando, portanto, a todas as auctoridades, a quem o conheci- mento e execugio da referida lei pertencerem, que a cumpram e facam cumprir tao inteiramente como nella se contém. 0 Secreta- rio do interior,a faga imprimir, publicar ¢ correr. Dada no palacio da presidencia do Estado de Minas Geraes, aos dezoito dias do mea de julho do anno de mil oitocentos e noventa e dois, quarto da Re- publica Arroxso Avausto Morera PENNA Sellada e publicada nesta secretaria, aos 23 de julho de 1892. Theophilo Ribeiro. Regulamento a que se refere o decreto ».° 612 ‘Transeripta's6 a parte que se refere aoe immigrantes Art. 5.° Somente terao diréito aos favores de que trata a art. 1 da lei n.° 32 de 18 de julho de 1892 (a'e b): 1 As familias de agricultores, limitados aos respectivos chefes ou aos seus ascendentes ou individuos maiores de 50 annos; II Os vardes solteiros maiores de 18 annose menores de 50 uma vez que sejam trabalhadores agricolas; Il Us operarios de artes mecanicas ou industriaes, os artezdes @ os individuos que se destinarem aos servicos domesticos ¢ cujas idades se acharem comprehendidas entre os limites dos numeros antecedentes. § 1.° Os individuos enfermos ou com defeitos, physicos somente terao direito 4 passagem gratuita se pertencerem a alguma familia que tenha pelo menos duas pessoas validas. § 2.° Todos os demais individuos comprehendidos nos numeros 1, Il e Ill deste artigo, deverao ser validos, aptos para o trabalho, (principalmente os que se destinarem ao servico da agricultura). nao se acharem sujeitos 4 acgao criminal do seu paiz e nem serem’ mendigos ou indigentes. Qs de edade menor, rapazes ou raparigas, fazendo parte de fa- milia, teem passagem gratuila e salario remunerador, segundo suas edades e aplidies. Art. 8° Todos os immigrantes que forem introduzidos em virtu- de de contractos deverio vir acompanhados de attestados do agen- te emissario do Estado residente nos pontos de procedencia e nos quaes sejam mencionados 0 nome, edade, profissao e destino e bem assim © grau de parentesco dos individuos que compuzerem a fa- milia. Art. 10.0 Nemhum immigrante tera direito aos favores concedi- dos pela lei n.* 32 de 18 de julho de 1892 sem que declare expres- samente qual o destino e occupacado que pretende tomar no Esta- do. Os que se destinarem ao servigo agricola reclamarao o trans- porte para 0 ponto de seu destino. Os operarios mecanicos indus- triaes, etc. assignarao declaragao de que nenhum favor solicitarao do governo, além da proteccao deste e das auctoridades, bem como 0 transporte para as localidades onde desejaram fixar-se. Art. 11° Os immigrantes que forem solicitados para os esta- belecimentos particulares nao gosardo dos favores concedidos pelo presente regulamento sem que preceda declaragao firmada pelos individuos que os chamarem ou solicitarem de que se obrigam a prestar-Ihes os auxilios precisos para sua manutencdo durante o tempo necessario, até que se habilitem a obtel-os pelo.seu tra- balho. Paragrapho unico. Esses documentos, que serao archivados na repartigao de Terras e Colonizagao, depois de remettidos e visados pes fiscaes, sujeitam seus auctores 4 effectiva responsabilidade na falta de cumprimento da promessa feita sem motivo justo. Art. 12° Os proprietarios ou emprezas agricolas que necessita- rem de trabalhadores ou colonos deverao apresentar pedido 4 res- pectiva camara municipal declarando o numero de individuos de que carecerem, genero de lavoura, modo de remunera¢ao, natureza do terreno e meios da collocag’o que offerecem aos immigrantes, de accdrdo com as prescripgdes deste regulamento. §1°A camara informara sobre a exactiddo das declaragdes em geral e principalmente sobre os meios de accommodagies em con- digdes hygienicas para os immigrantes, de que deve dispor o re- querente. § 2.° Uma copia deste pedido sera entregue ao fiscal do governo na zona respectiva e outra por intermedio da repartic&o de Terras € Colonizacao ao contractante do transporte se o houver ou agente emissario que 0 tara verter para o idioma do paiz a que pertence- rem os individuos solicitados indicando na competente moeda 0 ya- lor do salario ou vantagens offerecidas. Art. 13.° Nos pedidos. de immigrantes ou trabalhadores os in- teressados declarariio a hospedaria onde terao de recebel-os, corren- do por sua conta quaesquer despezas de transporte d’ahi até 4s suas residencias. Paragrapho unico. Quando os immigrantes nado tragam destino certo nem facam escolha do proprietario com quem queiram con- tratar seus servicos, serao encaminhados para os estabelecimentos que melhores vantagens offerecam, tendo preferencia aquelles que facilitem aos immigrantes a acquisic&o de lotes de terras. Art. 18.° Os immigrantes em geral vindos por contractos, e que forem rejeitados, serio repatriados por conta do introductor por conta de quem igualmente correrdo todas as despezas que fizerem até o embarque, salvo ocaso em que queiram ficar e 0 governo nao se oppuzer a isso. Art. 19.° Os immigrantes introduzidos deverdo constituir fa- milia do seguinte modo: 1.° Casal com ou sem filhos, enteados ou irmaos menores, bem como os seus ascendentes: 2.° yiuvo ou viuva com filhos ou enteados e com seus ascendentes; deyendo haver neste caso sempre um homem yalido, pelo menos: 3.° avO ou avé com os seus descendentes, devendo entre elles haver dous homens validos; 4.9 marido, muther, ousfilhos de familia, da qual pelo menos um membro ja_se ache localizado no Estado, e venha a chamado desse parente; 5.° os conjuges que vierem sds deverio ser inteira- mente validos e nao poderio ter mais de 45 annos, Art. 20.° Nao serdo attendidos os pedidos de agricultores que nio mostrem ter preparado casas em condicdes hygienicas para moradia dos immigrantes. Art. 21.° O proprietario que tiver sido accusado e convencido de haver maltratado os immigrantes ou deixado de satisfazer os com. promissos tomados para com elles, nado teré direito de receber ou egies nas hospedarias do Estado nova remessa de trabalha- ores. 30. Art. 22° Qs contractantes de transporte ficarao incursos nas. multas que serao estabelecidas nos respectivos contractos, além da obrigacao de repatriacao, quando, pelas averiguacdes 4 que se pro- ceder, ficar verificado que nao sao agricultores os immigrantes, so- bre que versarem as diligencias ordenadas, uma vez que como taes, tenham sido introduzidos. Paragrapho unico. Quando nos contractos n&o se faga mengao da muita sera esta igual 4 metade dos pregos das passagens. Art. 23.° Terao direito 4 repatriacao por conta do Estado: IAs viuvas e orphaos que tiverem perdido seus maridos ou pais apéz sua chegada ao territorio do Estado, nos primeiros 6 mezes. II Os que ficarem inutilisados em consequencia de desastre sof- frido no servigo a que se dedicarem, uma vez que nao tenham um anno de residencia no Estado, provadas essas cicumstancias a jui- 20 do governo. Art. 24° Nao se comprehendem nas disposicdes do artigo ante- cedente, senao os immigrantes introduzidos com ‘passagem paga pelo Estado. Art. 31.° No porto do Rio de Janeiro, mantera o governoum funecionario de. sua confianga incumbido da recepcao e destino dos immigrantes que houverem de serintroduzidos no Estado. Art. 32.0 A esse funccionario incumbe: I, Premover 0 desembarque dos immigrantes, suas bagagens, dar-lhes 0 indispensavel agasalho e encaminhal-os aos pontos a que se destinarem no Estado; IL, Solicitar, por conta do Estado, passagens nas estradas de fer- r0 para os immigrantes que houverem sido introduzidos por conta do governo; IL Receber e encaminhar sémente os immigrantes que apre- sentatem os documentos de que trata o n.° VI do artigo 27: IVe Fiscalizar severamente o cumprimento de contractos por parte de companhias ou emprezas encarregadas da introducc&o de immigrantes; V.° Communicar ao respectivo fiscal da zona e 4 reparticho de Terras e Colonizagdo a chegada dos immigrantes, logo apéz seu desembarque e 0s municipios a que se destinarem; VI, Ser intermidiario entre o governo do Estado e as repartigdes popes federaes ou locaes de que dependam providencias a bem la regularidade do servico; VIL. Executar e fazer executar fielmente todas as pnstra oats Borne, avisos e ordens do Presidente do Estado e Secretario d’Agri- cultura; . VIL. Enviar aos fiscaes das zonas as notas a que se refere on? 6 do art. 27; IX. Propér, emfim, ao governo todas. as: providencias conve- nientes a0 bom desempenho do servico a seu cargo. Art. 38° Para fiscalizagio do recebimento e collocagao sera 0 Estado dividido em zonas, até o numero de 6, conforme o reclamar © servico, tendo se em attencAo a facilidade de communicagdes ¢ a corrente immigratoria Art..34.0 Incumbe aos fiscaes:

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