Há uma máxima no mundo esportivo que diz o seguinte: o esporte
não liga para quem você é. E verdade seja dita, essa é a grande máxima da vida. Quem me ensinou isso foi um velho pescador chamado Santiago, que vinha passando por uma maré de azar há meses. Evidentemente, Santiago não era o senhor popularidade, ao contrário, rejeitado, ridicularizado e menosprezado por não conseguir atender as expectativas dos outros, sempre os outros. Se eu e as minhas circunstâncias somos gêmeos siameses, Santiago me mostrou que é possível, sim, transcender essas circunstâncias. O velho tinha um olhar alegre e ao mesmo tempo indomável e não seria a sua idade, a sua condição física, o seu barco caindo aos pedaços, ou quiçá as críticas que iriam fazê-lo desistir do seu sonho Assistindo aos jogos da Copa do Mundo eu percebi que o velho Santiago daria um excelente técnico, e se eu pudesse descrevê-lo em uma única palavra seria: excelência. Ser campeão do mundo, vencer os melhores dos melhores não é para covardes, não é para jogadores que “pescam na costa”, não mesmo. É preciso se aventurar em um oceano desonhecido, ousar, improvisar, ter no olhar a alegria de um sambista e a fúria de um deus. Santiago fora forjado pelo mar, com as suas tempestades e condições adversas, mais ele sabia que não era pessoal, era apenas o mar sendo o mar, ou a vida sendo a vida: indiferente a todos. Não me venha com essa de favoritismo. Isso é só uma desculpa que perdedores e medíocres contam para justificarem o seu fracasso. Ulisses não seria uma lenda sem antes desafiar Poseidon. Toda grande conquista precisa de uma grande tempestade com seu ímpeto imprevisível, bela e magnífica. Um dia bradaremos a Poseidon, aos sete mares, aos críticos, aos medíocres, aos “haters” e tudo que desafie a nossa soberania de fazer a vida acontecer. Eu sou a tempestade!