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ROTEIRO DE ESTUDOS – LITERATURA: GERAÇÃO DE 45

1. As narrativas de Clarice Lispector quase sempre focalizam um momento de revelação, um momento especial em que a
personagem se defronta subitamente com a verdade. Esse momento especial é o que se chama:
(A) Iluminare
(B) Fluxo de consciência
(C) Epifania
(D) Metafísica
(E) Introspecção psicológica

2. Leia o que disse João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano, sobre a função de seus textos:
"Falo somente com o que falo: a linguagem enxuta, contato denso; Falo somente do que falo: a vida seca, áspera e clara do
sertão; Falo somente por quem falo: o homem sertanejo sobrevivendo na adversidade e na míngua. Falo somente para quem
falo: para os que precisam ser alertados para a situação da miséria no Nordeste."

Para João Cabral de Melo Neto, no texto literário,

(A) A linguagem do texto não deve ter relação com o tema, e o autor deve ser imparcial para que seu texto seja lido.
(B) A linguagem pode ser separada do tema, e o escritor deve ser o delator do fato social para todos os leitores.
(C) A linguagem está além do tema, e o fato social deve ser a proposta do escritor para convencer o leitor.
(D) A linguagem do texto deve refletir o tema, e a fala do autor deve denunciar o fato social para determinados leitores.

Leia os excertos a seguir, extraídos dos contos de João Guimarães Rosa, do livro Primeiras estórias:
Texto 1 – Famigerado

(...) Só tinha de desentalar-me. O homem queria estrito o caroço: o verivérbio.


- Famigerado é inóxio, é “célebre”, “notório”, “notável”...
- “Vosmecê mal não veja em minha grossaria no não entender. Mas me diga: é desaforado? É caçoável? É de arrenegar? Farsância?
Nome de ofensa? (...)

Texto 2 - A menina de lá

(...) Menos pela estranhez das palavras, pois só em raro ela perguntava, por exemplo:
- “Ele xurugou?” _ e, vai ver, quem e o que, jamais se saberia. Mas, pelo esquisito do juízo ou enfeitado do sentido. (...)

3. Considerando os trechos lidos, EXPLIQUE: Como se caracteriza a linguagem ficcional de Guimarães Rosa? Justifique sua resposta
a partir de elementos retirados de cada texto.
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Leia atentamente os textos para resolução da questão 4.


“Os poetas brasileiros da geração de 1945 querem marcar sua identidade poética, distanciando-se da imagem de irreverência e
engajamento que nasceu com os participantes da Semana de Arte Moderna. Para isso investem no trabalho com a forma. Esse
investimento tomará rumos inesperados ao desdobrar-se em uma opção mais radical: o Concretismo, tendência que explora
poeticamente o espaço.”
Abaurre, Maria Luisa M.Literatura Brasileira: tempos, leitores e leituras, Vol.Único – São Paulo: Moderna, 2005.

“No fim da década de 1940, a prosa de ficção brasileira passam por uma transformação radical. A exploração da linguagem,
matéria prima do texto, favorece novas experiências que rompem com a estrutura tradicional da narrativa ao mesmo tempo em
que permite um mergulho na mais funda intimidade do ser humano.”
Pontara, Marcela N. Literatura Brasileira: tempos, leitores e leituras, Vol.Único – São Paulo: Moderna, 2005.

De acordo com os textos, seja na prosa ou na poesia, o projeto literário da chamada literatura contemporânea propõe mudanças
significativas em vários procedimentos do trabalho artístico, baseado principalmente no trabalho com:
(A) o subjetivismo
(B) a forma
(C) a imagem
(D) a linguagem
Leia para resolver a questão 5.
Guimarães Rosa – numa linguagem em que a palavra é valorizada não só pelo seu significado, como também pelos seus sons e
formas – tomou um tipo humano tradicional em nossa ficção, o jagunço, e transportou-o, além do documento, até a esfera onde
os tipos literários passam a representar os problemas comuns da nossa humanidade.
http://www.nilc.icmc.usp.br/nilc/literatura.htm

5. O fragmento que exemplifica a capacidade de transpor os limites do espaço regional para alcançar uma dimensão universal é:

(A) "O chefe disse: me traga esse homem vivo, seu Getúlio. Quero o bicho vivão aqui e, pulando. O homem era valente, quis
combate, mas a subaqueira dele anganchou a arma, de sorte que foi o fim dele. Uma parabelada no focinho, passarinhou aqui e
ali e parou."

(B) " Durante muitos anos, ouvindo suas mães ou suas aias cantarem as trovas comemorativas da vida e morte desse como Cid,
ou Robin Hood pernambucano, os meninos tomados de pavor adormeceram mais depressa do que se lhes contassem as proezas
do lobisomem ou a história do negro do surrão muito em voga entre o povo naqueles tempos."

(C) " E desse modo ele se [...] e a fratura exposta criara bicheira. Mas os pretos cuidavam muito dele, não arrefecendo na
dedicação. – Se eu pudesse ao menos ter absolvição dos meus pecados!... Então eles trouxeram,[...] o padre que o confessou e
conversou com ele [...] – Mas, será que Deus vai ter pena de mim, com tanta ruindade que fiz, e tendo nas costas tanto pecado
mortal?

(D) "João Miguel sentiu na mão que empunhava a faca a sensação fofa de quem fura um embrulho. O homem, ferido no ventre,
caiu de borco, e de sob ele um sangue grosso começou a escorrer sem parar, num riacho vermelho e morno, formando poças
encarnadas nas anfractuosidades do ladrilho."

6. Clarice Lispector desenvolveu um estilo literário ímpar. Com livros marcados por singularidades e inovações linguísticas, a
escritora encabeça a lista dos que mais incorporaram traços inéditos à literatura nacional. Uma dessas singularidades consiste na
espontaneidade da representação do pensamento das personagens, ou seja, o pensamento simplesmente flui livremente, pois as
personagens não pensam de maneira ordenada, mas sim de maneira conturbada e desconexa e isso é representado na produção
da autora por uma técnica narrativa denominada:

(A) neologismo (C) epifania


(B) intimismo (D) fluxo de consciência

7. Além de ter inovado as técnicas narrativas, o escritor Guimarães Rosa foi um hábil inventor de palavras. Os neologismos
roseanos são fruto de uma extensa e intensa pesquisa linguística, que culminou em uma linguagem que aproveitou ao máximo a
coloquialidade da fala do homem sertanejo. DESTAQUE nos textos exemplos desses procedimentos do autor.

Texto 1 - O espelho
(...) Eu, porém, era um perquiridor imparcial, neutro absolutamente. O caçador do meu próprio aspecto formal, movido por
curiosidade, quando não impessoal, desinteressada; para não dizer o urgir científico. Levei meses. (...)

Texto 2 - A Benfajeza
(...) No que nem pensaram; e não se indagou, a muita coisa. Para quê? A mulher – malandraja, a malacafar, suja de si,
misericordiada, tão em velha e feia, feia tonta, no crime não arrependida – e guia de um cego. (...)

8.

A primeira frase do romance A hora da estrela, de Clarice Lispector é:


Tudo no mundo começou com um sim.
Na última frase do romance, lê-se apenas uma palavra: Sim.

Considerando as características da autora, as duas ocorrências da palavra “sim” nessas frases simbolizam:
(A) o exagero das ideias.
(B) o ciclo da vida.
(C) a sofisticação da escrita.
(D) a oposição das ideias.

9. Uma das principais características da obra de João Cabral de Melo Neto é a reflexão sobre a criação artística. Para o poeta, a
poesia é fruto de um trabalho árduo, racional, que implica fazer e desfazer o texto até que ele alcance a sua forma mais adequada.
Em qual dos poemas do autor apresentados a seguir essa característica está presente:
(A) fiquei sendo o da Maria
“(...) E as vinte palavras recolhidas do finado Zacarias.” (...)
Nas águas salgadas do poeta
E de que se servirá o poeta (C)
Na sua máquina útil. “A cana cortada é uma foice.
Vinte palavras sempre as mesmas Cortada num ângulo agudo,
De que conhece o funcionamento ganha o gume afiado da foice
A evaporação, a densidade que a corta em foice, um dar-se mútuo (...)”
Menor que a do ar.”
(D)
(B) “Tenho Sevilha em minha casa.
“— O meu nome é Severino, Não sou eu que está chez Sevilha.
como não tenho outro de pia. É Sevilha em mim, minha sala.
Como há muitos Severinos, Sevilha e tudo o que ela afia.
que é santo de romaria, Sevilha veio a Pernambuco
deram então de me chamar porque Aloísio lhe dizia
Severino de Maria; que o Capibaribe e o Guadalquivir
como há muitos Severinos são de uma só maçonaria.”
com mães chamadas Maria,

10. O fragmento a seguir, de Guimarães Rosa, ilustra sua tendência a procurar fixar a musicalidade da fala sertaneja,
revitalizando recursos da expressão poética como a rima embora esteja em um texto em prosa.

"Um grupo de cavaleiros. Isto é, vendo melhor: um cavaleiro rente, frente à minha porta, equiparado, exato; e,
embolados, de banda, três homens a cavalo. Tudo num relance, insolitíssimo. Tomei-me nos nervos. O cavaleiro esse
– o oh-homem-oh – com cara de nenhum amigo. Sei o que é influência de fisionomia. Saíra e viera, aquele homem,
para morrer em guerra. Saudou-me seco, curto, pesadamente. Seu cavalo era alto, um alazão; bem arreado, derreado,
suado. E concebi grande dúvida."

Transcreva trechos do texto em que a utilização de rimas é evidente.


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Bons estudos!

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