You are on page 1of 60

A

MÃO DO MACACO
The Monkey’s Paw

(em três traduções e no original)



W.W. Jacobs



1ª Tradução

Fonte: http://veja.abril.com.br/idade/estacao/veja_recomenda/040505/contos.html


Apresentação e tradução de Rubem Fonseca

"A mão do macaco", do inglês w. w. Jacobs, é o conto mais antologiado da
literatura de horror, em todos os tempos. Obteve grande sucesso logo que foi
editado, tendo sido teatralizado e adaptado para o cinema inúmeras vezes. Peças
e filmes não obtiveram êxito. Mas o conto mantém, até hoje, o mesmo poder de
atração alcançado em 1902, ocasião em que foi publicado.
Quando meus filhos eram pequenos, gostavam que eu lhes contasse histórias
de terror. Algumas eram inventadas por mim, outras eu havia lido, e entre estas a
que eles mais queriam ouvir era "A mão do macaco". Ficavam de olhos
arregalados, ouvindo minha interpretação da história, que sempre era contada à
noite, num lugar em penumbra, cenário e iluminação escolhidos por eles.
Cada vez que eu narrava, de memória, "A mão do macaco", introduzia uma
modificação. O visitante que chegava com a mão do macaco deixava de ser um
primeiro-sargento do Exército britânico na Índia para se tornar um peregrino que
pedia abrigo na casa da família White devido a um temporal de neve, um velho
sinistro, com barbas compridas e olhar esgazeado. E o sr. White, na minha
história, queria ficar rico, e não apenas pagar a hipoteca de sua casa, conforme
w. w. Jacobs. Ao sr. White não se aplica, como eu dava a entender, a fala de
Timóteo, no Novo Testamento, "o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males" -
nem merece ele a maldição dos deuses por ter tentado interferir no destino. E o
final da minha versão era ainda mais terrível, pois, enquanto contava a história,
eu emitia sons assustadores e andava de um lado para o outro, fazendo gestos e
caretas aterradores.
Mas o conto não é meu, melhor passar a palavra ao Jacobs.

A mão do macaco
W. W. Jacobs

I.

Fora da casa era uma noite fria e úmida, mas na pequena sala de visitas da
Vila Laburnam as cortinas estavam cerradas e o fogo ardia na lareira. Pai e filho
jogavam xadrez. O primeiro possuía ideias sobre o jogo que envolviam jogadas
radicais, expondo o rei a perigos desnecessários, o que provocava comentários
da velha senhora que calmamente fazia tricô perto do fogo.
"Ouça esse vento", disse o sr. White, que, notando um erro fatal cometido
quando já era tarde demais, queria evitar que o filho o percebesse.
"Estou ouvindo", disse o filho, observando atento o tabuleiro, enquanto
estendia a mão.
"Xeque."
"Não imaginei que ele viesse esta noite", disse o pai, a mão erguida sobre o
tabuleiro.
"Mate", respondeu o filho.
"Não há nada pior do que esta vida, tão afastada de tudo", exclamou o sr.
White, com inesperada irritação. "Dentre todos os lugares desagradáveis,
lamacentos e fora de mão para se viver, este é o pior. O caminho é um atoleiro e
a estrada uma torrente. Não sei o que as pessoas estão pensando. Suponho que,
como na estrada somente duas casas estão alugadas, acham que isso não tem
importância."
"Não se preocupe, querido", confortou-o a esposa. "Talvez você ganhe a
próxima partida."
O sr. White ergueu a vista subitamente, a tempo de interceptar um olhar de
entendimento entre mãe e filho. As palavras morreram em seus lábios e ele
escondeu na rala barba grisalha um sorriso constrangido.
"Lá vem ele", disse Herbert White, quando o portão bateu com estrondo e
passos pesados se dirigiram para a porta.
O velho se levantou com presteza hospitaleira e, ao abrir a porta, foi possível
ouvir como ele se lamentava com o visitante. Este também se queixou do tempo,
o que levou a sra. White a lançar, em voz baixa, uma interjeição de desdém.
Depois tossiu levemente assim que o marido entrou na sala, seguido por um
homem alto e robusto, com olhos grandes e rosto corado.
"Primeiro-sargento Morris", disse, apresentando-se.
O sargento trocou apertos de mão e, aceitando a cadeira que lhe foi oferecida
junto ao fogo, observou, satisfeito, o anfitrião trazer uísque e copos e colocar
uma pequena chaleira de cobre no fogo.
Ao terceiro copo seus olhos se tornaram mais brilhantes e ele começou a falar,
enquanto o pequeno grupo familiar olhava com grande interesse aquele visitante
de terras distantes, que, sentado com os largos ombros numa postura ereta,
discorria sobre acontecimentos estranhos e feitos valorosos, sobre guerras e
pestes e povos exóticos.
"Vinte e um anos disso", disse o sr. White, fazendo um gesto com a cabeça
para a esposa e o filho. "Quando ele partiu era um garoto magro de uma loja de
varejo. Agora, olhem só para ele."
"Não parece ter sofrido muito", disse a sra. White delicadamente.
"Eu gostaria de ir à Índia", disse o marido, "apenas para dar uma olhada,
entendem?"
"Melhor onde você está", disse o sargento, abanando a cabeça. Pousou o copo
vazio e, suspirando, meneou a cabeça outra vez.
"Gostaria de ver aqueles velhos templos e faquires e malabaristas", disse o
velho. "O que foi que você começou a me contar outro dia, sobre uma mão de
macaco ou coisa parecida, Morris?"
"Nada", respondeu o soldado depressa. "Pelo menos nada que valha a pena
ouvir."
"Mão de macaco?", perguntou a sra. White, curiosa.
"Bem, apenas o que se poderia chamar de magia, talvez", respondeu o
sargento de maneira vaga.
Seus três ouvintes curvaram-se para a frente, ansiosos. O visitante levou aos
lábios o copo vazio, distraído, e depois tornou a baixá-lo. O anfitrião encheu-o
novamente.
"Olhando para ela, não passa de uma mão comum, seca e mumificada", disse
o sargento, mexendo no bolso. Tirou algo e mostrou. A sra. White recuou com
uma careta, mas o filho pegou aquilo e examinou com curiosidade.
"E o que há de especial nela?", perguntou o sr. White, tomando o objeto das
mãos do filho e colocando-o sobre a mesa, após examiná-lo.
"Possui um encantamento que lhe foi conferido por um velho faquir", disse o
sargento, "um homem muito santo. Ele queria mostrar que o destino rege a vida
das pessoas e que aqueles que interferem nele correm o risco de se arrepender
amargamente. De acordo com o encantamento, três pessoas diferentes podem ter,
cada uma, três desejos atendidos."
Seu modo de falar era tão impressionante que os ouvintes tiveram consciência
de que seus risinhos divertidos haviam sido, de alguma forma, inoportunos.
"Bem, por que não faz os seus três pedidos?", perguntou Herbert White,
espertamente.
O soldado olhou-o da maneira que uma pessoa de meia-idade olha para uma
criança presunçosa.
"Já fiz", disse em voz baixa, e seu rosto corado empalideceu.
"E conseguiu que os três desejos fossem concedidos?"
"Consegui", disse o soldado, e ouviu-se o barulho de seu copo indo de
encontro a seus dentes fortes.
"E alguém mais já teve seus três desejos atendidos?", perguntou a velha
senhora.
"A primeira pessoa teve os três desejos atendidos, sim. Não sei quais eram os
dois primeiros, mas o terceiro era a morte. Foi desse modo que consegui a mão
do macaco."
Sua voz era tão grave que um silêncio caiu sobre o grupo.
"Se já obteve seus três desejos, Morris, de que ela lhe serve agora?",
perguntou o velho. "Por que ainda está com ela?"
O soldado balançou a cabeça:
"Um capricho, suponho", disse lentamente.
"Se pudesse obter três pedidos mais", perguntou o velho, olhando-o de
maneira sagaz, "você os faria?"
"Não sei, não sei." O sargento pegou a mão do macaco e balançou-a entre o
dedo indicador e o polegar. Subitamente, jogou-a às chamas que crepitavam na
lareira.
White, com um leve grito, curvou-se e arrancou-a do fogo.
"Melhor deixá-la queimar", disse o soldado em tom solene.
"Se não a quer, Morris, dê para mim", disse o velho.
"Não", respondeu o amigo com firmeza. "Eu a atirei no fogo. Se ficar com ela,
não me culpe pelo que acontecer. Jogue-a novamente no fogo, como um homem
sensato."
O outro sacudiu a cabeça e examinou detidamente a nova aquisição.
"Como se faz isso?"
"Segure-a levantada com a mão direita e faça o pedido em voz alta", disse o
soldado. "Mas saiba que haverá consequências."
"Parece as Mil e uma noites", disse a sra. White, levantando-se e começando a
preparar a ceia. "Você não poderia desejar quatro pares de mãos para mim?"
O marido tirou o talismã do bolso, e os três estavam rindo quando o sargento,
com uma expressão de advertência no rosto, agarrou-o pelo braço.
"Se quer formular um pedido", disse asperamente, "peça algo que faça
sentido."
O sr. White recolocou o talismã no bolso e, dispondo as cadeiras em volta da
mesa, convidou todos a sentar-se. Durante a ceia, a mão do macaco foi
parcialmente esquecida. Depois, os três ficaram ouvindo, enlevados, uma
segunda parte das aventuras do soldado na Índia.
"Se a história da mão do macaco for tão verdadeira quanto aquelas que ele nos
contou", disse Herbert, assim que o soldado se retirou, em cima da hora para
pegar o trem, "não conseguiremos grande coisa com ela."
"Você deu a ele algo em troca?", perguntou a sra. White, olhando firme para o
marido.
"Uma ninharia", ele disse, ruborizando um pouco. "Não queria aceitar, mas eu
o obriguei. E mais uma vez insistiu para que eu a jogasse fora."
"Como se isso fosse possível", disse Herbert, com fingida indignação. "Ora
essa, vamos ser ricos, famosos, felizes. Deseje ser um imperador, papai, só para
começar. Então não será mais dominado por nenhuma esposa."
Herbert correu em volta da mesa, perseguido pela injuriada sra. White, armada
de uma vassoura.
O sr. White retirou a mão de macaco do bolso e olhou-a, indeciso. "Não sei o
que desejar, isso é um fato", disse devagar. "Creio que tenho tudo o que quero."
"Se você apenas liquidasse a hipoteca da casa, já seria muito feliz, não seria?",
disse Herbert, pousando a mão no ombro do pai. "Deseje duzentas libras, então.
É só o que falta."
O pai, sorrindo, envergonhado da própria credulidade, ergueu o talismã
enquanto o filho, com um olhar solene de certa forma adulterado por um piscar
de olhos para a mãe, sentou-se ao piano e tocou alguns acordes solenes.
"Eu desejo duzentas libras", disse o velho em voz alta e clara.
Um agradável acorde de piano saudou as palavras, interrompido por um grito
assustador do velho. A esposa e o filho correram para junto dele.
"Ela se moveu", exclamou, olhando com asco para o objeto que deixara cair
no chão. "Quando fiz o pedido, ela se contorceu na minha mão como uma
cobra."
"Bem, não estou vendo dinheiro nenhum e creio que nunca vou ver", disse o
filho, enquanto pegava a mão de macaco e a colocava em cima da mesa.
"Deve ter sido imaginação sua", disse a mãe, olhando ansiosa para o velho.
"Não importa", disse ele sacudindo a cabeça. "Nada de grave aconteceu, mas
mesmo assim levei um susto."
Sentaram-se novamente junto ao fogo enquanto os dois homens terminavam
de fumar seus cachimbos. Lá fora, o vento estava mais forte do que nunca, e o
velho sobressaltou-se ao ouvir uma porta bater no andar de cima. Um silêncio
incomum e opressivo envolveu os três, e durou até que o velho casal se retirou
para dormir.
"Espero que encontre o dinheiro em um pacote bem no meio da cama", disse
Herbert, ao desejar boa-noite aos dois, "e que alguma coisa horrível agachada em
cima do guarda-roupa observe você embolsar os ganhos obtidos dessa maneira
maligna."
Herbert permaneceu sentado no escuro, contemplando o fogo se extinguir,
vendo rostos nas chamas. A última face era tão horrenda e simiesca que ele a
contemplou assombrado. Surgiu tão expressiva que, com um riso nervoso,
procurou na mesa um copo com água para jogar sobre ela. Agarrou a mão do
macaco e, com um leve calafrio, limpou a mão no casaco e foi para a cama.


II.
Na manhã seguinte, enquanto a claridade do sol de inverno iluminava a mesa
do café, Herbert riu dos próprios receios. Havia na sala um ar sadio de
normalidade, ausente na noite anterior; a pequena, suja e enrugada mão do
macaco estava jogada no aparador de maneira descuidada, indicando falta de
crença em suas virtudes.
"Suponho que todos os soldados sejam iguais", disse a sra. White. "Que idéia
a nossa, dar ouvidos a essa bobagem! Como seria possível, nos dias de hoje, que
tais desejos fossem concedidos? E, se fosse possível, como duzentas libras
poderiam trazer algum mal?"
"Podem cair do céu sobre a cabeça dele", gracejou Herbert.
"Morris disse que as coisas acontecem tão naturalmente", disse o pai, "que, se
quisermos, podemos atribuí-las à coincidência."
"Não vá gastar todo o dinheiro antes de eu voltar", disse Herbert, levantando-
se da mesa. "Fico com medo que se transforme em um avarento mesquinho e
tenhamos que repudiá-lo."
A mãe riu e acompanhou o filho até a porta. Olhou-o afastar-se pela estrada e
voltou para a mesa do café, feliz às custas da credulidade do marido. Tudo isso
não a impediu de correr para a porta ao ouvir o carteiro chegar nem de se referir,
rapidamente, aos sargentos de hábitos etílicos quando notou que o carteiro
trouxera uma conta do alfaiate.
"Herbert vai fazer mais um dos seus comentários jocosos, creio, ao chegar em
casa", ela disse, quando sentaram para o jantar.
"Certamente", concordou o sr. White. "Seja como for, a coisa se mexeu na
minha mão, posso jurar."
"Você pensou que se mexeu", disse a velha senhora, suavemente.
"Ela se mexeu", replicou o outro. "Não foi imaginação, eu... O que foi?"
A esposa não respondeu. Ela observava a misteriosa movimentação de um
homem que espreitava a casa, parecendo indeciso se devia ou não entrar. Pensou
nas duzentas libras, e notou que o estranho estava bem vestido e usava uma
cartola de seda nova e brilhante. Por três vezes ele parou diante do portão e se
afastou. Na quarta vez, depois de uma pausa, abriu resolutamente o portão e
caminhou em direção à casa. A sra. White, no mesmo instante, desamarrou
depressa os cordões do avental que usava, escondendo-o sob a almofada da
cadeira.
Ela conduziu o estranho até a sala. Ele parecia pouco à vontade, olhando-a
furtivamente e ouvindo, apreensivo, a velha senhora se desculpar pela aparência
da sala e pelo casaco do marido largado ali, o qual costumava usar quando
cuidava do jardim. Então, com a paciência que seu sexo permitia, aguardou que
o homem explicasse o motivo da visita. Mas, durante algum tempo, ele
permaneceu em silêncio.
"Pediram-me... que eu viesse aqui", ele disse, afinal. E parou para tirar um
fiapo de linha da calça. "Venho da parte da Maw and Meggins."
A velha senhora assustou-se.
"Qual é o assunto?", perguntou, aflita. "Aconteceu alguma coisa com o
Herbert?"
O marido interveio.
"Calma, calma", disse. "Sente-se e não tire conclusões apressadas. O senhor
não trouxe más notícias, tenho certeza", disse, olhando ansioso para o outro.
"Sinto muito...", disse o visitante.
"Ele está ferido?", perguntou a mãe.
O visitante assentiu com um movimento de cabeça.
"Muito ferido", disse delicadamente, "mas já não sofre mais."
"Ah, graças a Deus", exclamou a velha senhora, apertando as mãos. "Graças a
Deus. Obrigada..."
Calou-se de súbito, ao perceber o significado funesto do que ouvira e ver seus
receios confirmados no rosto do visitante. Ofegante, voltou-se para o marido,
que nada entendera ainda, e colocou as mãos trêmulas sobre a dele. Houve um
longo silêncio.
"Ele ficou preso na maquinaria", disse o visitante, em voz baixa.
"Preso em uma máquina", repetiu o sr. White, aturdido.
Sentou-se, olhando absorto pela janela e apertando a mão da esposa entre as
suas, como costumava fazer no tempo em que a cortejava, quase quarenta anos
antes.
"Era o único que nos restava", disse ele, voltando-se gentilmente para o
visitante. "É difícil."
O outro tossiu, levantou-se e caminhou devagar até a janela. "A empresa
encarregou-me de transmitir nossas condolências pela grande perda que
sofreram", disse, sem olhar à sua volta. "Espero que entendam que sou apenas
um empregado cumprindo ordens."
Não houve resposta. A face da velha senhora estava lívida, o olhar atônito, a
respiração quase inaudível. No rosto do marido, uma expressão decerto parecida
com a de seu amigo sargento ao entrar em ação pela primeira vez.
"Devo dizer que a Maw and Meggins se exime de qualquer responsabilidade",
continuou o outro. "Não admite nenhuma obrigação pecuniária, mas, em
agradecimento aos serviços prestados por seu filho, deseja oferecer-lhes uma
certa soma em dinheiro como compensação."
O sr. White soltou as mãos da mulher e, levantando-se, olhou com horror para
o visitante. Seus lábios secos conseguiram articular a palavra: "Quanto?".
"Duzentas libras", foi a resposta.
Sem notar o grito de sua mulher, o velho sorriu de leve, estendeu as mãos
como um cego e abruptamente caiu ao chão, desfalecido.


III.

No vasto cemitério novo, distante cerca de três quilômetros, os velhos


enterraram seu morto e voltaram para casa, mergulhada em sombras e silêncio.
Tudo acontecera tão depressa que, a princípio, mal podiam entender o que se
passara, e permaneceram em estado de expectativa, como se algo mais fosse
acontecer, algo que aliviasse o sofrimento que seus velhos corações já não
podiam suportar.
Mas os dias passaram e a expectativa deu lugar à resignação - a resignação
sem esperança dos velhos, algumas vezes chamada erroneamente de apatia. Às
vezes eles mal trocavam palavras, porque agora nada tinham para conversar, e
seus dias eram longos e entediantes.
Cerca de uma semana depois, o velho acordou no meio da noite, estendeu a
mão e notou que estava sozinho. O quarto estava escuro e da janela vinha o som
de soluços abafados. Sentou-se na cama e ficou ouvindo.
"Volte para a cama", disse carinhosamente. "Você vai ficar com frio."
"Mais frio está sentindo o meu filho", disse a velha, soluçando.
O som dos soluços foi morrendo aos poucos nos ouvidos dele. A cama estava
quente e seus olhos pesados de sono. Ele cochilou e logo dormiu, até que um
grito exaltado da mulher o fez acordar-se sobressaltado.
"A mão do macaco!", ela gritou freneticamente. "A mão do macaco!"
"Onde? Onde? O que está acontecendo?", perguntou ele, alarmado.
Ela veio cambaleando pelo quarto, na direção dele. "Eu quero a mão", ela
disse em voz baixa. "Você não a destruiu, não é?"
"Está na sala, na prateleira", ele respondeu, admirado. "Por quê?"
Ela chorava e ria ao mesmo tempo e, curvando-se, beijou o rosto dele.
"Só pensei nisso agora", ela disse histericamente. "Por que você não se
lembrou?"
"Lembrar do quê?", ele perguntou.
"Dos outros dois desejos", ela respondeu. "Só fizemos um pedido."
"E não foi o bastante?", ele respondeu, com veemência.
"Não", ela gritou, exultante. "Nós faremos mais um. Vá lá embaixo, pegue a
mão do macaco e manifeste o desejo de que nosso filho esteja vivo de novo."
O homem sentou-se na cama, afastando bruscamente os lençóis de cima das
pernas trêmulas.
"Meu Deus, você está louca", exclamou, horrorizado.
"Vá buscá-la, rápido", ela disse, ofegante, "e faça o pedido. Ah, meu filho,
meu filho."
O marido riscou um fósforo e acendeu a vela.
"Volte para a cama", falou, vacilante. "Você não sabe o que está dizendo."
"Nosso primeiro desejo foi satisfeito. Por que não fazer o segundo?", disse, a
mulher, exaltada.
"Uma coincidência", gaguejou o velho.
"Vá buscá-la e peça", gritou a velha, tremendo de excitação.
O velho olho para ela.
"Ele está morto há dez dias", falou, hesitante. "Além disso... não sei como
dizer... mas eu só conseguiria reconhecê-lo pelas roupas. Se antes ele já estava
horrível de se ver, imagine agora."
"Traga-o de volta", gritou a velha, empurrando o marido na direção da porta.
"Acha que posso temer o filho que criei?"
Ele desceu, tateando na escuridão, procurando o caminho para a sala e, em
seguida, foi até o aparador. O talismã estava no mesmo lugar e o velho foi
dominado por um medo horrível de que o pedido talvez trouxesse o filho
mutilado de volta antes que pudesse fugir do aposento. Prendeu a respiração,
quando viu que havia perdido a direção da porta. Com a fronte coberta por um
suor frio, achou o caminho e, tateando pela parede, alcançou o estreito corredor
com a mórbida coisa na mão.
O rosto de sua mulher lhe pareceu mudado quando entrou no quarto. Estava
pálida e sôfrega, e, para aumentar sua inquietação, tinha um aspecto
sobrenatural. Sentiu medo dela.
"Ande, faça o pedido", ela ordenou, com voz forte.
Ele hesitou.
"É loucura, uma crueldade."
"Peça", a mulher repetiu.
Ele ergueu a mão do macaco.
"Eu peço que o meu filho viva novamente."
O talismã caiu ao chão e o velho olhou para ele assustado. Em seguida,
sentou-se trêmulo em uma cadeira enquanto a esposa, os olhos como brasas, ia
até a janela e abria as cortinas.
Ficou sentado até sentir muito frio, espiando, de vez em quando, a figura da
velha mulher olhando atenta pela janela. A vela, que ardera até embaixo da
borda do castiçal de porcelana, lançava sombras bruxuleantes no teto e nas
paredes; depois, com uma cintilação mais forte, se apagou. O velho, com uma
inexprimível sensação de alívio pelo insucesso do talismã, voltou para a cama.
Um minuto ou dois mais tarde, a mulher foi para perto dele, silenciosa e apática.
Nenhum dos dois falou; ficaram ambos deitados em silêncio, ouvindo a batida
cadenciada do relógio. Um degrau da escada rangeu e um rato correu ao longo
da parede, emitindo um guincho agudo. A escuridão era opressiva e, depois de
permanecer algum tempo deitado, o marido, enchendo-se de coragem, pegou a
caixa de fósforos, riscou um e desceu a escada em busca de outra vela.
No fim da escada o fósforo apagou. Ele parou para riscar outro e, nesse
momento, uma batida, tão leve e furtiva que mal se ouvia, soou na porta da rua.
Os fósforos caíram de suas mãos. Ele permaneceu imóvel, a respiração presa,
até que a batida se repetiu. Então correu de volta para o quarto, fechando a porta
atrás de si. Uma terceira batida ressoou pela casa.
"O que foi isso?", exclamou a velha senhora, sobressaltada.
"Um rato", disse o velho com voz trêmula. "Um rato. Ele passou por mim na
escada."
Sua esposa sentou-se na cama, escutando. Uma batida mais forte tornou a
ressoar pela casa.
"É o Herbert!", ela gritou. "É o Herbert!"
Correu para a porta, mas o marido agarrou-a pelo braço e a segurou com
força.
"O que você vai fazer?", sussurrou em tom rouco.
"É o meu menino, é o Herbert!", ela gritou, lutando para se livrar. "Esqueci
que eram três quilômetros de distância. Por que está me agarrando? Me largue,
tenho que abrir a porta."
"Pelo amor de Deus, não o deixe entrar", disse o velho, atemorizado.
"Você está com medo do seu próprio filho", ela gritou, debatendo-se. "Me
largue. Já vou, Herbert, já estou indo."
Ouviu-se outra batida, e mais outra. A velha, num arranco súbito, soltou-se e
saiu do quarto. O marido seguiu-a até o patamar da escada, chamando-a,
suplicante, enquanto ela descia correndo. Ele ouviu a corrente da porta ser
retirada e a chave girando com dificuldade na fechadura. Depois a voz da velha,
tensa e arquejante.
"O ferrolho", ela gritou. "Desça, não consigo alcançá-lo."
Mas o marido estava de joelhos, as mãos apoiadas no chão, procurando,
desesperado, a mão do macaco. Se ao menos pudesse achá-la antes de aquela
coisa lá fora entrar. Uma saraivada de batidas ecoou pela casa e ele ouviu a
cadeira ser arrastada; era a mulher aproximando-a da porta. Ouviu o ferrolho
correndo devagar, e nesse instante achou a mão do macaco. Freneticamente
expressou seu terceiro e último desejo.
As batidas cessaram de súbito, embora o eco ainda ressoasse pela casa. Ouviu
a cadeira ser afastada e a porta abrir-se. Um vento frio subiu pela escada, e o
longo e alto gemido de desapontamento e angústia da mulher deu-lhe coragem
para descer correndo até a porta. Depois, foi até o portão e olhou. A luz do
lampião em frente brilhava numa estrada calma e deserta.

2ª Tradução


Fonte: http://www.sobrenatural.org/conto/detalhar/10570/a_pata_do_macaco___ww_jacob/


Passei a virada do ano em uma chácara com a família e amigos no interior de
SP, e na madrugada do dia 01 para o dia 02 estava na varanda da chácara
conversando sobre casos sobrenaturais. Minha sogra então contou de um filme
que a deixou com medo por um bom tempo... "A pata do Macaco". Ela me
contou o filme conforme ela lembrava. Achei interessante e resolvi procurar.
Encontrei este belo conto de W.W. Jacob que deu origem ao tal filme*. Acredito
que como eu, muitos ainda não conhecem... e vale a pena ler!

Segue o conto:

A Pata do Macaco

W.W. Jacob



I

Lá fora, a noite estava fria e úmida, mas na pequena sala de visitas de
Labumum Villa os postigos estavam abaixados e o fogo queimava na lareira. Pai
e filho jogavam xadrez: o primeiro tinha ideias sobre o jogo que envolviam
mudanças radicais, colocando o rei em perigo tão desnecessário que até
provocava comentários da velha senhora de cabelos brancos, que tricotava
serenamente perto do fogo.
– Ouça o vento — disse o Sr. White, que, tendo visto tarde demais um erro
fatal, queria evitar que o filho o visse.
– Estou escutando — disse o último, estudando o tabuleiro ao esticar a mão.
– Xeque.
– Eu duvido que ele venha hoje à noite — disse o pai, com a mão parada em
cima do tabuleiro.
– Mate — replicou o filho.
– Essa é a desvantagem de se viver tão afastado — vociferou o Sr. White, com
um a violência súbita e inesperada. — De todos os lugares desertos e lamacentos
para se viver, este é o pior. O caminho é um atoleiro, e a estrada uma torrente.
Não sei o que as pessoas têm na cabeça. Acho que, como só sobraram duas casas
na estrada, elas acham que não faz mal.
– Não se preocupe, querido — disse a esposa em tom apaziguador. — Talvez
você ganhe a próxima partida.
O Sr. White levantou os olhos bruscamente a tempo de perceber uma troca de
olhares entre mãe e filho. As palavras morreram em seus lábios, e ele escondeu
um sorriso de culpa atrás da barba fina e grisalha.
– Aí vem ele — disse Herbert White, quando o portão bateu ruidosamente e
passos pesados se aproximaram da porta.
O velho levantou-se com uma pressa hospitaleira e, ao abrir a porta, foi
ouvido cumprimentando o recém chegado. Este também o cumprimentou, e a
Sra. White tossiu ligeiramente quando o marido entrou na sala, seguido por um
homem alto e corpulento, com olhos pequenos e nariz vermelho.
– Sargento Morris — disse ele, apresentando-o.
O sargento apertou as mãos e, sentando-se no lugar que lhe ofereceram perto
do fogo, observou satisfeito o anfitrião pegar uísque e copos, e colocar uma
pequena chaleira de cobre no fogo.
Depois do terceiro copo, seus olhos ficaram mais brilhantes, e ele começou a
falar, o pequeno círculo familiar olhando com interessante este visitante de
lugares distantes, quando ele empertigou os ombros largos na cadeira e falou de
cenários selvagens e feitos intrépidos: de guerras, pragas e povos estranhos.
– Vinte e um anos nessa vida — disse o Sr. White, olhando para a esposa e o
filho. — Quando ele foi embora era um rapazinho no armazém. Agora olhem só
para ele.
– Ele não parece ter sofrido muitos reveses — disse a Sra. White
amavelmente.
– Eu gostaria de ir à Índia — disse o velho — só para conhecer, compreende?
– Você está bem melhor aqui — disse o sargento, sacudindo a cabeça. Pôs o
copo vazio na mesa e, suspirando baixinho, sacudiu a cabeça novamente.
– Eu gostaria de ver aqueles velhos templos, os faquires e os nativos — disse
o velho. — O que foi que você começou a me contar outro dia sobre uma pata de
macaco ou algo assim Morris?
– Nada — disse o soldado rapidamente. — Não é nada de importante.
– Pata de macaco? — perguntou a Sra. White, curiosa.
– Bem, é só um pouco do que se poderia chamar de magia, talvez — disse o
sargento com falso ar distraído.
Os três ouvintes debruçaram-se nas cadeiras interessados. O visitante levou o
copo vazio à boca distraidamente e depois recolocou-o onde estava. O dono da
casa tornou a enche–lo.
– Aparentemente — disse o sargento, mexendo no bolso — é só uma patinha
comum dissecada.
Tirou uma coisa do bolso e mostrou-a. A Sra. White recuou com uma careta,
mas o filho, pegando-a, examinou-a com curiosidade.
– E o que há de especial nela? — perguntou o Sr. White ao pegá–la da mão do
filho e, depois de examiná–la, a colocar sobre a mesa.
– Foi encantada por um velho faquir — disse o sargento –, um homem muito
santo. Ele queria provar que o destino regia a vida das pessoas, e que aqueles
que interferissem nele seriam castigados. Fez um encantamento pelo qual três
homens distintos poderiam fazer, cada um, três pedidos a ela.
A maneira dele ao dizer isso foi tão solene que os ouvintes perceberam que
suas risadas estavam um pouco fora de propósito.
– Bem, por que não faz os seus três pedidos, senhor? — disse Herbert White
astutamente.
O soldado olhou para ele como olham as pessoas de meia–idade para um
jovem presunçoso.
– Eu fiz — disse ele calmamente, e seu rosto marcado empalideceu.
– E teve mesmo os três desejos satisfeitos? — perguntou a Sra. White.
– Tive — disse o sargento, e o copo bateu nos dentes fortes.
– E alguém mais fez os pedidos? — insistiu a senhora.
– O primeiro homem realizou os três desejos — foi a resposta. — Eu não sei
quais foram os dois primeiros, mas o terceiro foi para morrer. Por isso é que
consegui a pata.
Seu tom de voz era tão grave que o grupo ficou em silêncio.
– Se você conseguiu realizar os três desejos, ela não serve mais para você
Morris — disse o velho finalmente. — Para que você guarda essa pata?
O soldado meneou a cabeça.
– Por capricho, suponho — disse lentamente. — Cheguei a pensar em vendê–
la, mas acho que não o farei. Ela já causou muitas desgraças. Além disso, as
pessoas não vão comprar. Acham que é um conto de fadas, algumas delas; e as
que acreditam querem tentar primeiro para pagar depois.
– Se você pudesse fazer mais três pedidos — disse o velho, olhando para ele
atentamente –, você os faria?
– Eu não sei — disse o outro. — Eu não sei.
Pegou a pata e, balançando-a entre os dedos, de repente jogou-a no fogo.
White, com um ligeiro grito, abaixou-se e tirou-a de lá.
– É melhor deixar que ela se queime — disse o soldado solenemente.
– Se você não quer mais, Morris — disse o outro –, me dá.
– Não — disse o amigo obstinadamente. — Eu a joguei no fogo. Se você ficar
com ela, não me culpe pelo que acontecer. Jogue isso no fogo outra vez, como
um homem sensato.
O outro sacudiu a cabeça e examinou sua nova aquisição atentamente.
– Como você faz para pedir? — perguntou.
– Segure a pata na mão direita e faça o pedido em voz alta — disse o sargento
–, mas eu o advirto sobre as consequências.
– Parece um conto das Mil e uma noites — disse a Sra. White, ao se levantar e
começar a pôr o jantar na mesa. — Você não acha que deveria pedir quatro pares
de mão para mim?
– Se quer fazer um pedido — disse ele asperamente –, peça algo sensato. O Sr.
White colocou a pata no bolso novamente e, arrumando as cadeiras acenou para
que o amigo fosse para a mesa. Durante o jantar o talismã foi parcialmente
esquecido, e depois os três ficaram escutando, fascinados, um segundo capítulo
das aventuras do soldado na Índia.
– Se a história sobre a pata de macaco não for mais verdadeira do que as que
nos contou — disse Herbert, quando a porta se fechou atrás do convidado, que
partiu a tempo de pegar o último trem–, nós não devemos dar muito crédito a
ela.
– Você deu alguma coisa a ele por ela, papai? — perguntou a Sra. White,
olhando para o marido atentamente.
– Pouca coisa — disse ele, corando ligeiramente. — Ele não queria aceitar,
mas eu o fiz aceitar. E ele tornou a insistir que eu jogasse fora.
– É claro — disse Herbert, fingindo estar horrorizado. — Ora, nós vamos ser
ricos, famosos e felizes. Peça para ser um imperador, papai, para começar, então
você não vai ser mais dominado pela mulher.
Ele correu em volta da mesa, perseguido pela Sra. White armada com uma
capa de poltrona.
O Sr. White tirou a pata do bolso e olhou para ela dubiamente.
– Eu não sei o que pedir, é um fato — disse lentamente. — Eu acho que tenho
tudo o que quero.
– Se você acabasse de pagar a casa ficaria bem feliz, não ficaria? — disse
Herbert, com a mão no ombro dele. — Bem, peça 200 libras, então, isso dá.
O pai, sorrindo envergonhado pela própria ingenuidade, segurou o talismã,
quando o filho, com uma cara solene, um tanto franzida por uma piscadela de
olhos para a mãe, sentou-se no piano e tocou alguns acordes para fazer fundo.
– Eu desejo 200 libras — disse o velho distintamente.
Um rangido do piano seguiu-se às palavras, interrompido por um grito
estridente do velho. A mulher e o filho correram até ele.
– Ela se mexeu — gritou ele, com um olhar de nojo para o objeto caído no
chão. — Quando eu fiz o pedido, ela se contorceu na minha mão como uma
cobra.
– Bem, eu não vejo o dinheiro — disse o filho ao pegá–la e colocá–la em cima
da mesa — e aposto que nunca vou ver.
– Deve ter sido imaginação sua, papai — disse a esposa, olhando para ele
ansiosamente.
Ele sacudiu a cabeça.
– Não faz mal, não aconteceu nada, mas a coisa me deu um susto assim
mesmo.
Eles se sentaram perto do fogo novamente enquanto os dois homens
acabavam de fumar cachimbos. Lá fora, o vento zunia mais do que nunca, e o
velho teve um sobressalto com o barulho de uma porta batendo no andar de
cima. Um silêncio estranho e opressivo abateu-se sobre todos os três, e perdurou
até o velho casal se levantar e ir dormir.
– Eu espero que vocês encontrem o dinheiro dentro de um grande saco no
meio da cama — disse Herbert, ao lhes desejar boa noite — e algo terrível
agachado em cima do armário observando vocês guardarem seu dinheiro
maldito.
Ficou sentado sozinho na escuridão, olhando para o fogo baixo e vendo caras
nele. A última cara foi tão feia e tão simiesca que ele olhou para ela assombrado.
A cara ficou tão vivida que, com uma risada inquieta, ele procurou um copo na
mesa que tivesse um pouco de água para jogar no fogo. Sua mão pegou na pata
de macaco, e com um ligeiro estremecimento ele limpou a mão no casaco e foi
dormir.

II

– Eu creio que todos os velhos soldados são iguais — disse a Sra. White. —
Essa ideia de dar ouvidos a tal tolice! Como é que se pode realizar desejos hoje
em dia? E se fosse possível, como é que iam aparecer 200 libras, papai? Na
claridade do sol de inverno, na manhã seguinte, quando este banhou a mesa do
café, ele riu de seus temores. Havia um ar de naturalidade na sala que não existia
na noite anterior, e a pequena pata suja estava jogada na mesa de canto com um
descuido que não atribuía grande crença a suas virtudes.
– Morris disse que as coisas aconteciam com tanta naturalidade — disse o pai
— que a gente podia até achar que era coincidência – caindo do céu, talvez —
disse Herbert, com ar brincalhão.
– Bem, não gaste o dinheiro antes de eu voltar — disse Herbert, ao se levantar
da mesa. — Estou com medo de que você se torne um homem mesquinho e
avarento, e vamos ter de renegá–lo.
A mãe riu e, acompanhando-o até a porta, viu-o descer a rua. Voltando à mesa
do café, divertiu-se à custa da credulidade do marido. O que não a impediu de
correr até a porta com a batida do carteiro, nem de se referir a sargentos da
reserva com vício de beber, quando descobriu que o correio trouxera uma conta
do alfaiate.
– Herbert vai dizer uma das suas gracinhas quando chegar em casa — disse
ela, quando se sentaram para jantar.
– Com certeza — disse o Sr. White, servindo-se de cerveja –, mas, apesar de
tudo, a coisa se mexeu na minha mão; eu posso jurar.
– Foi impressão — disse a senhora apaziguadoramente.
– Estou dizendo que se mexeu — replicou o outro. — Não há dúvida; eu tinha
acabado… O que houve?
A mulher não respondeu. Estava observando os movimentos misteriosos de
um homem do lado de fora, que, espiando com indecisão para a casa, parecia
estar tentando tomar a decisão de entrar. Lembrando-se das 200 libras, ela
reparou que o estranho estava bem–vestido e usava um chapéu de seda novo.
Por três vezes ele parou no portão, e depois caminhou novamente. Da quarta
vez ficou com a mão parada sobre ele, e depois com uma súbita resolução abriu-
o e entrou. A Sra. White no mesmo momento desamarrou o avental rapidamente,
colocando-o debaixo da almofada da cadeira. Convidou o estranho, que parecia
deslocado, a entrar. Ele olhou para ela furtivamente, e ouviu preocupado, a
senhora desculpar-se pela aparência da sala, e pelo casaco do marido, uma roupa
que ele geralmente reservava para o jardim. Então ela esperou, com paciência,
que ele falasse do que se tratava, mas, a princípio, ele ficou estranhamente
calado.
– Eu… pediram–me para vir aqui — disse ele finalmente, e abaixando-se tirou
um pedaço de algodão das calças. — Eu venho representando “Maw&Meggins”.
A senhora sobressaltou-se.
– Aconteceu alguma coisa? — perguntou ela, ofegante — Acontecem alguma
coisa a Herbert? O que é? O que é?
O marido interveio.
– Calma, calma, mamãe — disse ele rapidamente. — Sente-se e não tire
conclusões precipitadas. O senhor certamente não trouxe más notícias, não é,
senhor — e olhou para o outro ansiosamente.
– Eu lamento… — começou o visitante.
– Ele está ferido? — perguntou a mãe desesperada.
O visitante assentiu com a cabeça.
– Muito ferido — disse. — Mas não está sofrendo.
– Ah, graças a Deus! — disse a senhora, apertando as mãos. — Graças a
Deus! Graças…
Parou de falar de repente quando o significado sinistro da afirmativa se abateu
sobre ela, e ela viu a terrível confirmação de seus temores no rosto desviado do
outro. Prendeu a respiração e, virando-se para o marido, menos perspicaz, pôs a
mão trêmula sobre a dele. Seguiu-se um demorado silêncio.
– Ele foi apanhado pela máquina — repetiu o Sr. White, estonteado. — Ah!
sim.
Ficou sentado olhando para a janela e, tomando a mão da esposa entra as suas,
apertou-a como tinha vontade de fazer nos velhos tempos de namoro há quase 40
anos.
– Ele era o único que nos restava — disse ele, voltando-se amavelmente para
o visitante. — É difícil.
O outro tossiu e, levantando-se, caminhou lentamente até a janela.
– A firma me pediu para transmitir os nossos sinceros pêsames a vocês por sua
grande perda — disse ele, sem olhar para trás. — Eu peço que compreendam que
sou apenas um empregado da firma e estou apenas obedecendo ordens.
Não houve resposta; o rosto da senhora estava branco, os olhos parados e a
respiração inaudível; no rosto do marido havia um olhar que o amigo sargento
talvez tivesse na primeira batalha.
– Devo dizer que “Maw&Meggins” estão isentos de toda responsabilidade —
continuou o outro. — Eles não têm nenhuma dívida com a família, mas, em
consideração aos serviços de seu filho, desejam presenteá–los com uma certa
soma como compensação.
O Sr. White largou a mão da esposa e, pondo-se de pé, olhou para o visitante
horrorizado. Seus lábios secos pronunciaram as palavras:
– Quanto?
– Duzentas libras — foi a resposta.
Indiferente ao grito da esposa, o velho sorriu fracamente, estendeu as mãos
como um homem cego e caiu, desfalecido, no chão.

III

No enorme cemitério novo, a alguns quilômetros de distância, os velhos


enterraram seu morto e voltaram para casa mergulhada em sombras e silêncio.
Tudo terminara tão rápido que a princípio nem se davam conta do que
acontecera, e ficaram num estado de expectativa como se fosse acontecer mais
alguma coisa — algo mais que aliviasse esse fardo, pesado demais para corações
velhos.
Mas os dias se passaram, e a expectativa deu lugar à resignação — a
resignação desesperançada dos velhos, às vezes chamada erradamente de apatia.
Algumas vezes nem trocavam uma palavra, pois agora não tinham nada do que
falar e os dias eram compridos e desanimados.
Foi por volta de uma semana depois que o velho, acordando subitamente de
noite, estendeu o braço e viu-se sozinho. O quarto estava no escuro e o ruído de
soluços baixinhos vinha da janela. Ele se levantou na cama e ficou ouvindo.
– Volte para a cama — disse ele ternamente. — Você vai ficar gelada.
– Está mais frio para ele — disse a senhora, e chorou novamente.
O som de seus soluços apagou-se nos ouvidos dele. A cama estava quente, e
seus olhos pesados de sono. Ele cochilava a todo instante e acabou pegando no
sono, quando um súbito grito histérico da esposa o despertou com um
sobressalto.
– A pata! — gritou histericamente. — A pata de macaco!
Ele se levantou, alarmado.
– Onde? Onde está? O que houve?
Ela correu agitada até ele.
– Eu quero a pata — disse ela calmamente. — Você não a destruiu?
– Está na sala, em cima da prateleira — replicou ele atônito. — Por quê?
Ela chorou e riu ao mesmo tempo e, debruçando-se, beijou-o no rosto.
– Só tive essa ideia agora — disse ela histericamente. — Por que não pensei
nisso antes? Por que você não pensou nisso antes?
– Pensar em quê? — perguntou ele.
– Nos outros dois desejos — replicou ela rapidamente. — Nós só fizemos um
pedido.
– Não foi suficiente? — perguntou ele, irado.
– Não — gritou ela, triunfante; — ainda vamos fazer um.
Desça, apanhe a pata rapidamente, e deseje que o nosso filho viva novamente.
O homem sentou-se na cama e arrancou as cobertas de cima do corpo trêmulo.
– Meu bom Deus, você está louca! Gritou ele, horrorizado.
– Pegue aquela coisa — disse ela, ofegante –, pegue depressa, e faça o
pedido… Ah, meu filho, meu filho!
O Marido riscou um fósforo e acendeu a vela.
– Volte para a cama — disse ele, incerto. — Você não sabe o que está dizendo.
– Nós conseguimos satisfazer o primeiro pedido — disse a senhora,
febrilmente. — Por que não o segundo?
– Foi uma coincidência — gaguejou o velho.
– Vá buscar a pata e faça o pedido — gritou a esposa, tremendo de excitação.
O velho virou-se, olhou para ela, e sua voz tremeu.
– Ele já está morto há 10 dias e, além disso, ele… — eu não queria lhe dizer
isso, mas… só consegui reconhecê–lo pela roupa. Se já estava tão horrível para
você ver, imagine agora?
– Traga-o de volta — gritou a senhora, e o arrastou para a porta. — Você acha
que tenho medo do filho que criei?
Ele desceu na escuridão, foi tateando até a sala e depois até a lareira. O
talismã estava no lugar, e um medo horrível de que o desejo ainda não expresso
pudesse trazer o filho mutilado apossou-se dele, e ficou sem ar ao perceber que
perdera a direção da porta. Com a testa fria de suor, ele deu volta na mesa,
tateando, e foi-se amparando na parede até se achar no corredor com a coisa
nociva na mão.
Até o rosto da esposa parecia mudado quando ele entrou no quarto. Estava
branco e ansioso, e para seu temor parecia ter um olhar estranho. Ele sentiu
medo dela.
– Peça! — gritou ela, com voz forte.
– Isso é loucura — disse ele, com voz trêmula.
– Peça! — repetiu a esposa.
Ele levantou a mão.
– Eu desejo que meu filho viva novamente.
O talismã caiu no chão, e ele olhou para a coisa com medo.
Então afundou numa cadeira, trêmulo, quando a esposa, com os olhos
ardentes, foi até a janela e levantou a persiana.
Ficou sentado até ficar arrepiado de frio, olhando ocasionalmente para a figura
da velha senhora espiando pela janela.
O cotoco de vela, que queimara até a beirada do castiçal de porcelana, jogava
sombras sobre o teto e as paredes, até que, com um bruxulear maior do que os
outros, se apagou. O velho, com uma imensa sensação de alívio pelo fracasso do
talismã, voltou para a cama, e um ou dois minutos depois a senhora veio
silenciosamente para o seu lado.
Nenhum dos dois disse nada, mas permaneceram deitados em silêncio,
ouvindo o tique–taque do relógio. Um degrau rangeu, e um rato correu
guinchando através do muro. A escuridão era opressiva e, depois de ficar deitado
por algum tempo, criando coragem, ele pegou a caixa de fósforos e, acendendo
um, foi até embaixo para pegar uma vela.
Nos pés da escada o fósforo se apagou, e ele parou para riscar outro; no
mesmo momento ouviu-se uma batida na porta da frente, tão baixa e furtiva que
quase não se fazia ouvir.
Os fósforos caíram–lhe da mão e espalharam-se no corredor. Ele permaneceu
imóvel, com a respiração presa até a batida se repetir. Então virou-se e fugiu
rapidamente para o quarto, fechando a porta atrás de si.
Uma terceira batida ressoou pela casa.
– O que é isso? — gritou a senhora, levantando-se.
– Um rato — disse o velho com voz trêmula –, um rato. Ele passou por mim
na escada.
A esposa sentou-se na cama, escutando. Uma batida alta ressoou pela casa.
– É Herbert! — gritou. — É Herbert!
Ela correu até a porta, mas o marido ficou na frente dela e, pegando-a pelo
braço, segurou-a com força.
– O que você vai fazer? — sussurrou ele com voz rouca.
– É meu filho; é Herbert! — gritou ela, debatendo-se mecanicamente. — Eu
esqueci que ele estava a 10 quilômetros daqui. Por que está me segurando? Me
solte. Eu tenho de abrir a porta.
– Pelo amor de Deus não deixe entrar — gritou o velho tremendo.
– Você está com medo do próprio filho — gritou ela, debatendo-se. — Me
solte. Eu já vou, Herbert; eu já vou.
Ouviu-se mais uma batida, e mais outra. A senhora com um arrancão súbito
soltou-se e saiu correndo do quarto. O marido seguiu-a até a escada e chamou-a
enquanto ela corria para baixo. Ele ouviu a corrente chocalhar e a tranca do chão
ser puxada lenta e firmemente do lugar. Então a voz da senhora soou, nervosa e
ofegante.
– A tranca — gritou ela alto. — Desça que eu não consigo puxar a tranca.
Mas o marido estava de joelhos no chão, procurando a pata desesperadamente.
Se pelo menos conseguisse encontrá–la antes que a coisa entrasse. Uma série de
batidas reverberou pela casa, e ele ouviu o arrastar de uma cadeira quando a
esposa a colocou no corredor encostada na porta. Ouviu o ranger da tranca
quando esta se destravou lentamente, e no mesmo momento encontrou a pata de
macaco, e desesperadamente fez o terceiro e último pedido.
As batidas pararam subitamente, embora ainda ecoassem na casa. Ele ouviu a
cadeira ser arrastada de volta, e a porta se abrir. Um vento frio subiu pela escada,
e um gemido alto e demorado de decepção e tristeza da esposa lhe deu coragem
para correr até ela e depois até o portão. O lampião da rua que tremulava do
outro lado brilhava numa estrada silenciosa e deserta.

3ª Tradução


Fonte: http://melhordoconto.blogspot.co.il/2012/01/pata-do-macaco-ww-jacobs.html

A pata do macaco
W.W. Jacobs


I

Lá fora, a noite estava fria e úmida, mas na pequena sala de estar de
Laburnam Villa, as venezianas estavam fechadas e o fogo ardia vivamente. Pai e
filho jogavam xadrez, o primeiro, para quem o jogo envolvia mudanças bruscas,
arriscava o rei em lances súbitos e desnecessários que arrancavam até mesmo
comentários da senhora de cabelos brancos a tricotar placidamente ao lado da
lareira.
“Ouça o vento”, disse o sr. White, que, ao verificar tarde demais um lance
fatal, estava benevolamente desejoso de impedir que seu filho o visse.
“Estou ouvindo”, disse este último, examinando implacavelmente o tabuleiro
enquanto estendia a mão. “Xeque.”
“Acho difícil ele vir esta noite”, disse seu pai, com as mãos pousadas sobre o
tabuleiro.
“Mate”, retrucou o filho.
“Esse é o mal de viver em lugar tão remoto”, vociferou sr. White, com uma
veemência súbita e involuntária; “de todos os lugares abomináveis, lamacentos e
remotos para morar, este é o pior. A trilha é um lamaçal, e a estrada, uma
torrente. Não sei o que as pessoas estão pensando. Imagino que, porque apenas
duas casas no caminho estão alugadas, não há motivo para se importar”.
“Deixe estar, querido”, disse sua mulher, com brandura; “talvez na próxima
você ganhe.”
O sr. White levantou os olhos bruscamente, a tempo de interceptar um olhar
de entendimento entre mãe e filho. As palavras detiveram-se em seus lábios, e
ele escondeu um sorriso de culpa na barba rala e grisalha.
“Lá vem ele”, disse Herbert White, enquanto o portão bateu e pisadas sonoras
aproximavam-se da porta.
O velho senhor levantou-se pressuroso e, quando abriu a porta, ouviram-se
suas expressões de compaixão dirigidas ao recém-chegado. Também este
exprimiu suas queixas, e a sra. White disse: “Ora, vamos!” e tossiu
delicadamente quando seu marido entrou na sala, seguido por um homem
corpulento e alto, com olhos de botão e face rubicunda.
“Major Morris”, disse ele, apresentando-o.
O sargento-major cumprimentou-os e, sentando-se no lugar oferecido, ao lado
da lareira, observou satisfeito enquanto seu anfitrião pegou uísque e copos e pôs
uma pequena chaleira no fogo.
Ao terceiro copo, seus olhos tornaram-se mais brilhantes e ele começou a
falar, com o pequeno círculo familiar a olhar com vivo interesse o visitante de
lugares distantes, enquanto ele endireitava seus ombros largos na cadeira e
falava de estranhas paisagens e feitos audazes, de guerras, pestes e povos
estranhos.
“Vinte e um anos disso”, disse o sr. White, acenando para a mulher e o filho.
“Quando ele se foi, era um jovem franzino no armazém. E ei-lo agora.”
“Ele não parece ter se saído mal”, disse a sra. White educadamente.
“Eu também gostaria de ir à Índia”, disse o velho senhor, “somente para dar
uma olhada, entendam-me.”
“Você está melhor aqui”, disse o major, balançando a cabeça. Ele depôs o
copo vazio e, dando um suspiro leve, balançou-a novamente.
“Eu gostaria de ver aqueles templos antigos, os faquires e os malabaristas”,
disse o velho senhor. “Como foi aquilo que você começou a me contar no outro
dia, sobre a pata de um macaco ou algo assim, Morris?”
“Nada, não”, disse apressadamente o soldado. “Pelo menos nada de
importante.”
“Pata de macaco?” indagou a sra. White, curiosa.
“Bem, é apenas um pouco daquilo que vocês poderiam chamar de mágica,
talvez”, disse o major, bruscamente.
Seus três ouvintes inclinaram-se para frente, curiosos. O visitante, absorto,
colocou seu copo vazio na boca e então baixou-o novamente. Seu anfitrião
serviu-lhe mais uma dose.
“Olhando-a”, disse o major, procurando em seu bolso, “é apenas uma pata
pequena e comum, mumificada.”
Ele tirou algo do bolso e estendeu-o. A sra. White recuou com uma careta,
mas seu filho, pegando-a, examinou-a com interesse.
“E o que há de especial nela?”, indagou o sr. White ao tomá-la de seu filho e,
depois de examiná-la, colocou-a sobre a mesa.
“Um velho faquir lançou-lhe um feitiço”, disse o major, “um homem muito
santo. Ele queria mostrar que o destino governa a vida das pessoas e que aqueles
que se interpunham entre eles se arrependiam. Ele lançou sobre essa pata um
feitiço para que três diferentes homens pudessem lhe fazer três pedidos.”
Sua atitude era tão impressionante que os ouvintes perceberam as suas alegres
risadas soarem de forma um tanto estridente.
“Bem, e por que o senhor não pediu os três?”, disse sagazmente Herbert
White.
O soldado olhou para ele como costuma alguém de meia-idade olhar para a
juventude presunçosa. “Eu pedi”, disse ele calmamente, e seu rosto enodoado
ficou branco.
“E você obteve de verdade os três pedidos?”, perguntou a sra. White.
“Obtive”, disse o major, e seu copo bateu em seus dentes fortes.
“E ninguém mais fez pedidos?”, indagou a velha senhora.
“O primeiro homem obteve, sim, os três pedidos”, foi a resposta.
Seu tom de voz era tão solene que o silêncio caiu sobre o grupo.
“Se seus três pedidos foram concedidos, ela nada vale para você agora,
Morris”, disse por fim o velho senhor. “Por que a guarda?”
O soldado balançou a cabeça. “Capricho, acho eu”, disse ele vagarosamente.
“Eu pretendia vendê-la, mas acho que não o farei. Ela já causou muito mal.
Além disso, ninguém a comprará. Alguns pensam que é um conto de fadas, e
aqueles que acreditam nela querem experimentá-la primeiro e pagar depois.”
“Se você pudesse fazer outros três pedidos”, disse o velho senhor, fitando-o
com um olhar penetrante, “você os obteria?”
“Não sei”, disse o outro. “Não sei.”
Ele pegou a pata e, balançando-a entre o indicador e o polegar, subitamente
jogou-a no fogo. White, com um leve grito inclinou-se e conseguiu arrebatá-la
do fogo.
“É melhor deixá-la queimar”, disse o soldado solenemente.
“Se você não a quer, Morris”, disse o velho, “dê-a para mim.”
“Não”, disse seu amigo, teimosamente. “Eu a atirei ao fogo. Se você guardá-
la, não me culpe pelo que possa acontecer. Atire-a de novo no fogo, como um
homem sensato.”
O outro balançou a cabeça e examinou atentamente sua nova propriedade.
“Como você o faz?”, indagou.
“Segure-a na mão direita e faça seu pedido em voz alta”, disse o major, “mas
aviso-o das consequências.”
“Soa como as Mil e uma noites” , disse a sra. White, que se levantou e
começou a pôr a mesa para a ceia.
“Você não acha que poderia desejar quatro pares de mãos para mim?”
Seu marido tirou o talismã do bolso e então todos os três caíram na gargalhada
quando o major, com um olhar assustado no rosto pegou-o pelo braço.
“Se você for fazer um pedido”, disse ele rispidamente, “que seja alguma coisa
sensata.”
O sr. White colocou-a novamente no bolso e, posicionando as cadeiras,
conduziu o amigo à mesa.
Ocupados com a ceia, o talismã foi deixado de lado e depois os três sentaram-
se para ouvir, enfeitiçados, uma segunda parte das aventuras do soldado na Índia.
“Se a história sobre a pata do macaco não é mais verdadeira do que as que ele
acabou de nos contar”, disse Herbert, assim que a porta se fechou atrás de seu
convidado, a tempo dele tomar o último trem, “não deveremos lhe dar muito
crédito.”
“Você lhe deu algum dinheiro por ela, papai?”, indagou a sra. White, fitando
seu marido.
“Uns trocados”, disse ele, com um leve rubor. “Ele não queria, mas eu o fiz
aceitar. E ele insistiu novamente para que eu a jogue fora.”
“Com razão”, disse Herbert, fingindo medo. “Ora, vamos ficar ricos, famosos
e felizes. Quero ser imperador, papai, para começar; e o senhor não será mais
controlado pela mamãe.”
Ele correu em volta da mesa, perseguido pela difamada sra. White, armada
com uma daquelas peças que se usam para proteger o espaldar de poltronas. O sr.
White tirou do bolso a pata e fitou-a, indeciso. “Não sei o que pedir, essa é a
verdade”, disse ele lentamente. “Parece que tenho tudo que quero.”
“Se o senhor saldasse a casa, ficaria muito feliz, não é?”, disse Herbert, com a
mão em seu ombro. “Bem, peça duzentas libras e pronto.”
Seu pai, com um sorriso envergonhado por sua própria credulidade, levantou o
talismã enquanto seu filho, com uma expressão solene, um tanto contrariada por
uma piscadela para a mãe, sentou-se ao piano e tocou alguns acordes grandiosos.
“Desejo duzentas libras”, disse o velho senhor em voz clara.
Um belo acorde do piano acompanhou as palavras, interrompido por um grito
sobressaltado do velho senhor. Sua mulher e o filho correram até ele.
“Ela moveu-se”, exclamou, com um olhar de repugnância para o objeto, que
jazia no chão. “Enquanto eu fazia o pedido, ela torceu-se em minhas mãos como
uma cobra.”
“Bem, não vejo o dinheiro”, disse seu filho, enquanto a pegava e colocava
sobre a mesa, “e aposto que nunca verei.”
“Deve ter sido sua imaginação, pai”, disse sua mulher, fitando-o
ansiosamente.
Ele balançou a cabeça. “Mas não importa; não se fez nada de mau, mas ainda
assim fiquei chocado.”
Eles sentaram-se ao lado da lareira novamente, enquanto os dois homens
terminavam seus cachimbos. Lá fora, o vento soprava cada vez mais forte, e o
velho deu um pulo de susto quando uma porta bateu no andar superior. Um
silêncio incomum e opressivo envolveu os três, até que o velho casal levantou-se
para ir dormir.
“Acho que o senhor encontrará o dinheiro enrolado em um saco grande no
meio de sua cama”, disse Herbert, quando lhe deu boa noite, “e algo terrível
empoleirado no alto do guarda-roupa observando-o enquanto o senhor embolsa
seus lucros mal ganhos.”
O sr. White permaneceu sozinho no escuro, observou as brasas e viu faces
formarem-se nelas. A última era tão horrível e simiesca que a encarou espantado.
Parecia tão vivida que provocou nele um sorriso constrangido; pegou de sobre a
mesa uma vasilha com água e despejou-a no braseiro. Sem querer, tocou a pata
do macaco e sentiu um leve calafrio; esfregou as mãos nas vestes e foi para a
cama.


II

Ao brilho do sol hibernai na manhã seguinte, que flutuava sobre a mesa de
desjejum, Herbert riu de seus temores. Na sala havia um ar de saúde prosaica de
que ela carecera na noite anterior, e a patinha suja e enrugada estava jogada no
aparador com desatenção e não indicava nenhuma grande crença em suas
virtudes.
“Acho que todos os velhos soldados são iguais”, disse a sra. White. “Que ideia
a nossa, de ouvir tais bobagens! Como poderiam os desejos ser atendidos hoje
em dia? E se pudesse, como duzentas libras poderiam trazer-lhe algum mal,
pai?”
“Poderiam cair do céu em sua cabeça”, disse o frívolo Herbert.
“Morris disse que as coisas aconteceram tão naturalmente”, disse seu pai,
“que se poderia, caso se quisesse, atribuí-las à coincidência.”
“Bem, não abra o pacote de dinheiro antes de minha volta”, disse Herbert
enquanto levantava-se da mesa.
“Receio que ele o transformará em um homem malvado, avarento, e teremos
de deserdá-lo.”
Sua mãe riu e, acompanhando-o até a porta, observou-o enquanto ele
caminhava pela estrada; ao retornar à mesa do café da manhã, ela parecia
divertir-se com a credulidade do marido. Mas isso não a impediu de correr para a
porta quando o carteiro bateu, nem de fazer uma breve referência ao major
aposentado beberrão, quando descobriu que o correio trouxera uma conta do
alfaiate.
“Herbert com certeza fará mais algumas de suas observações jocosas quando
chegar a casa”, disse ela, enquanto se sentavam para jantar.
“Também acho”, disse o sr. White, servindo-se de um pouco de cerveja, “mas
ainda assim a coisa moveu-se em minha mão; juro que sim”.
“Você pensou que ela se moveu”, disse a velha senhora, apaziguando-o.
“Digo que ela se moveu”, replicou o outro. “Não tenho dúvidas disso; eu tinha
apenas... O que foi?”
Sua mulher não respondeu. Estava observando os movimentos misteriosos de
um homem lá fora, que espiava a casa de um modo indeciso e parecia tentar se
decidir a entrar.
Em uma associação mental com as duzentas libras, ela notou que o estranho
estava bem-vestido e usava um chapéu de seda reluzentemente novo. Por três
vezes ele se deteve no portão e depois caminhou novamente. Na quarta vez, pôs
a mão sobre ele e então, com decisão súbita abriu-o e caminhou pela entrada. A
sra. White, no mesmo momento colocou as mãos atrás de si e, desatando
apressadamente as fitas de seu avental, pôs essa peça útil de vestuário embaixo
da almofada de sua cadeira.
Ela trouxe o estranho, que parecia pouco à vontade, para a sala. Ele olhou
furtivamente a sra. White e ouviu com expressão preocupada quando a velha
senhora se desculpou pela aparência da sala e o paletó de seu marido, uma
vestimenta que ele geralmente reservava para o jardim. Então ela esperou tão
pacientemente quanto lhe permitia seu sexo que ele declarasse a que vinha, mas
ele ficou a princípio estranhamente calado.
“Eu... pediram-me que viesse”, disse ele por fim e parou, pegando uma linha
de algodão de suas calças. “Venho a pedido de Maw e Meggins.”
A velha senhora assustou-se. “Aconteceu alguma coisa?” perguntou ofegante.
“Aconteceu alguma coisa com Herbert? O que foi? O que foi?”
Seu marido interrompeu-a. “Ora, ora, mãe”, disse ele acudindo-lhe. “Sente-se
e não tire conclusões apressadas. O senhor não trouxe más notícias, tenho
certeza, senhor”, e ele olhou para o outro ansiosamente.
“Sinto muito...”, começou o visitante.
“Ele está ferido?”, inquiriu a mãe.
O visitante fez que sim com a cabeça. “Gravemente ferido”, disse ele
calmamente, “mas não sente dor”.
“Graças a Deus!”, disse a velha senhora, juntando as mãos. “Graças a Deus!
Graças...”
Ela silenciou subitamente, quando o sinistro significado da afirmação se lhe
revelou e ela viu a terrível confirmação de seus temores no modo como o outro
lhe evitava o olhar. Ela prendeu a respiração e, virando-se para o seu lento
marido, pôs sua mão velha e tremente sobre a dele. Fez-se um longo silêncio.
“Ele ficou preso na máquina”, disse o visitante por fim, em voz baixa.
“Preso na máquina”, repetiu o sr. White como que atordoado, “sim”.
Ele sentou-se, fitou com olhos vazios a janela e, tomando entre a sua a mão de
sua mulher, apertou-a como costumava fazer em seus dias de namoro, quase
quarenta anos atrás.
“Ele era o último filho que nos restara”, disse, virando-se amavelmente para o
visitante. “É difícil.”
O outro tossiu e, levantando-se, caminhou silenciosamente até a janela. “A
firma pediu-me que lhes manifestasse suas sinceras condolências por sua grande
perda”, disse, sem olhar em volta. “Rogo-lhes que compreendam, sou apenas um
funcionário e apenas obedeço a ordens.”
Não houve resposta; o rosto da velha senhora estava branco, os olhos
arregalados e a respiração inaudível; no rosto de seu marido havia uma
expressão que poderia muito bem ter sido provocada pela primeira história do
major.
“Eu ia dizendo que Maw e Meggins se eximem de toda responsabilidade”,
continuou o outro. “Eles não pretendem absolutamente recuar quanto a isso,
mas, em consideração aos serviços de seu filho, desejam oferecer-lhes uma certa
quantia como compensação.”
O sr. White deixou cair a mão de sua mulher e, levantando-se, dirigiu a seu
visitante um olhar de terror. Seus lábios secos proferiram a palavra: “Quanto?”
“Duzentas libras”, foi a resposta.
Sem se dar conta do grito de sua mulher, o velho senhor sorriu levemente,
estendeu as mãos como um cego e caiu no chão como um fardo inerte.


III

No imenso cemitério novo, a algumas milhas de distância, os velhos
enterraram seu morto e voltaram para uma casa envolta em sombra e silêncio.
Tudo terminou tão rapidamente que de início eles mal conseguiram dar-se conta
e permaneceram em um estado de expectativa, como a aguardar mais um
acontecimento — um acontecimento que tornasse mais leve aquele fardo, pesado
demais para velhos corações.
Mas passaram-se os dias e a expectativa deu lugar à resignação — a
resignação desalentada da antiga, e, muitas vezes mal denominada apatia. Por
vezes eles mal trocavam alguma palavra, pois agora nada tinham sobre o que
conversar, e seus dias se arrastavam na monotonia.
Foi cerca de uma semana depois que o velho senhor, acordando subitamente à
noite, estendeu a mão e viu-se sozinho. O quarto estava escuro, e o som de choro
sufocado vinha da janela. Sentou-se na cama e pôs-se à escuta.
“Volte”, disse ele, com ternura. “Você vai ficar com frio.”
“Está mais frio para meu filho”, disse a velha senhora e pôs-se novamente a
chorar.
O som de seus soluços morreram nos ouvidos dele. A cama estava morna, e
seus olhos, pesados de sono. Ele cochilou intermitentemente e depois dormiu,
até que um grito desvairado de sua mulher acordou-o de súbito.
“A pata do macaco!”, gritou ela, descontrolada. “A pata do macaco!”
Ele pulou, assustado. “Onde? Onde ela está? O que aconteceu?”
Cambaleante, ela atravessou o quarto até ele. “Eu a quero”, disse ela,
calmamente. “Você a destruiu?”
“Ela está na sala de estar, na prateleira”, respondeu surpreso. “Por quê?”
Ela gritava e ria ao mesmo tempo e, inclinando-se, beijou seu rosto.
“Acabei de pensar nisso”, disse ela histericamente. “Por que não pensei nisso
antes? Por que você não pensou nisso?”
“Pensar no quê?”, indagou ele.
“Os outros dois pedidos”, respondeu ela rapidamente. “Fizemos apenas um.”
“E não foi o bastante?”, replicou ele com raiva.
“Não”, exclamou ela triunfantemente; “faremos mais um. Desça e pegue-a,
depressa; peça que nosso filho viva novamente”.
O homem sentou-se na cama e jogou os lençóis de suas pernas trêmulas.
“Deus do céu, você enlouqueceu!”, exclamou ele, estupefato.
“Pegue-a”, disse ela ofegante; “pegue-a, rápido, e faça o pedido... Oh!, meu
menino, meu menino!”
O marido riscou um fósforo e acendeu a vela. “Volte para a cama”, disse ele,
hesitante. “Você não sabe o que está dizendo.”
“Nosso primeiro pedido foi atendido”, disse a velha mulher, febrilmente; “por
que não o segundo?”
“Uma coincidência”, gaguejou o velho.
“Vá e peça”, gritou sua mulher, tremendo de excitação.
O velho homem agitou-se, e falou para ela, a voz comovida: “Ele já está
morto há dez dias e, ainda mais, há algo que não quis que você soubesse... só
consegui reconhecê-lo pelas roupas. Se a cena era, então, demasiadamente
horrível de se ver, o que não será agora?”
“Traga-o de volta”, gritou novamente a velha, e arrastou-o em direção à porta.
“Você acha que terei medo da criança que criei?”
Ele desceu no escuro e tateou até a sala de estar e depois ao console da lareira.
O talismã estava em seu lugar, pegou-o; um medo terrível de que o pedido
calado trouxesse seu filho mutilado antes que pudesse fugir da sala tomou conta
dele. Prendeu a respiração quando descobriu que havia perdido a direção da
porta. Com a fronte coberta de suor, caminhou às apalpadelas em volta da mesa e
tateou pela parede até encontrar-se no corredor estreito com aquela coisa
maligna na mão.
Até mesmo o rosto de sua mulher parecia mudado quando ele entrou no
quarto. Estava branco e ansioso e, como ele temia, com uma expressão anormal.
Ele ficou com medo dela.
“Faça o pedido!”, gritou ela, com voz forte.
“É uma tolice e uma perversidade”, balbuciou.
“Faça o pedido”, repetiu sua mulher.
Ele levantou a mão. “Desejo que meu filho viva novamente.”
O talismã caiu ao chão, e ele olhou-o, a tremer. Depois desabou tremendo em
uma poltrona, enquanto a velha, com olhos chamejantes, caminhou para a janela
e levantou a persiana.
Ele ficou sentado até sentir-se enregelado, relanceando de quando em quando
a figura da velha a espiar pela janela. A vela, que queimara até a borda do
candeeiro de louça, lançava sombras palpitantes sobre o teto e as paredes, até
que, com um lampejo maior, apagou-se. O velho, com uma sensação de indizível
alívio pelo fracasso do talismã, arrastou-se de volta para a cama, e, após um
minuto ou dois, a velha juntou-se a ele, silenciosa e apática.
Nenhum dos dois falou, mas puseram-se silenciosamente a ouvir o tique-taque
do relógio. Um degrau da escada estalou, e um camundongo correu
ruidosamente e a guinchar pela parede. A escuridão era opressiva, e após
permanecer deitado por algum tempo, a reunir coragem, o marido pegou a caixa
de fósforos e, acendendo um, desceu as escadas à procura de uma vela.
Ao pé da escada, o fósforo apagou-se, e ele parou para acender outro; no
mesmo instante, uma batida, tão surda e furtiva que mal pôde ser ouvida, soou à
porta da frente.
Os fósforos lhe caíram da mão. Ele ficou imóvel, a respiração suspensa até
que a batida repetiu-se. Então ele virou-se e disparou de volta ao quarto e fechou
a porta atrás de si. Uma terceira batida ressoou pela casa.
“O que foi isso?”, exclamou a velha, dando um pulo.
“Um rato”, disse o velho, com voz tremida — “um rato. Ele passou por mim
na escada.”
Sua mulher sentou-se na cama, à escuta. Uma batida forte ressoou pela casa.
“É Herbert!”, gritou ela. “É Herbert!”
“O que foi isso?”, repetiu a velha.
Ela correu para a porta, mas seu marido alcançou-a antes e, pegando-a pelo
braço, abraçou-a com força.
“O que você vai fazer?”, sussurrou ele asperamente.
“É meu menino; é Herbert!”, gritou ela, debatendo-se descontroladamente.
“Eu me esqueci que foi a duas milhas de distância. Por que você está me
segurando? Solte-me. Preciso abrir a porta.”
“Pelo amor de Deus, não o deixe entrar”, gritou o velho a tremer.
“Você está com medo de seu próprio filho”, tentou se desvencilhar. “Solte-me.
Estou indo, Herbert. Estou indo.”
Houve mais uma batida e mais outra. A velha, com um súbito repelão
libertou-se e correu para fora do quarto. Seu marido seguiu-a até o patamar e
chamou-a suplicante enquanto ela descia correndo a escada. Ele ouviu a corrente
chacoalhar com estrépito e o ferrolho soltar-se lenta e penosamente do encaixe.
Então a voz da velha senhora, tensa e ofegante:
“O ferrolho”, gritou alto. “Desça. Não consigo soltá-lo.”
Mas seu marido estava com as mãos e joelhos tateando loucamente à procura
da pata. Se ao menos ele conseguisse encontrá-la antes que a coisa de fora
entrasse... Uma completa bateria de batidas reverberou pela casa, e ele ouviu o
arrastar de uma cadeira quando sua mulher a colocou no corredor contra a porta.
Ele ouviu o ranger do ferrolho a deslizar e no mesmo instante encontrou a pata
do macaco e freneticamente soprou seu terceiro e último pedido.

A batida cessou subitamente, embora seus ecos ainda se ouvissem pela casa.
Ele ouviu a cadeira ser retirada, e a porta, aberta. Um vento frio varreu a escada,
e um longo e alto gemido de desapontamento e desespero de sua mulher deu-lhe
coragem para correr em sua direção, e então para o portão. O bruxulear do
lampião no lado oposto da rua iluminou uma estrada calma e deserta.

Texto original em inglês


Fonte: http://gaslight.mtroyal.ca/mnkyspaw.htm


THE MONKEY'S PAW (1902)


from The lady of the barge (1906, 6th ed.)
London and New York
Harper & Brothers, Publishers
by W.W. Jacobs

I.

W , the night was cold and wet, but in the small parlour of
ITHOUT

Laburnam Villa the blinds were drawn and the fire burned brightly.
Father and son were at chess, the former, who possessed ideas about
the game involving radical changes, putting his king into such sharp
and unnecessary perils that it even provoked comment from the white-
haired old lady knitting placidly by the fire.
"Hark at the wind," said Mr. White, who, having seen a fatal
mistake after it was too late, was amiably desirous of preventing his
son from seeing it.
"I'm listening," said the latter, grimly surveying the board as he
stretched out his hand. "Check."
"I should hardly think that he'd come to-night," said his father,
with his hand poised over the board.
"Mate," replied the son.
"That's the worst of living so far out," bawled Mr. White, with
sudden and unlooked-for violence; "of all the beastly, slushy, out-of-
the-way places to live in, this is the worst. Pathway's a bog, and the
road's a torrent. I don't know what people are thinking about. I
suppose because only two houses on the road are let, they think it
doesn't matter."
"Never mind, dear," said his wife soothingly; "perhaps you'll
win the next one."
Mr. White looked up sharply, just in time to intercept a knowing
glance between mother and son. The words died away on his lips, and
he hid a guilty grin in his thin grey beard.
"There he is," said Herbert White, as the gate banged to loudly
and heavy footsteps came toward the door.
The old man rose with hospitable haste, and opening the door,
was heard condoling with the new arrival. The new arrival also
condoled with himself, so that Mrs. White said, "Tut, tut!" and
coughed gently as her husband entered the room, followed by a tall
burly man, beady of eye and rubicund of visage.
"Sergeant-Major Morris," he said, introducing him.
The sergeant-major shook hands, and taking the proffered seat
by the fire, watched contentedly while his host got out whisky and
tumblers and stood a small copper kettle on the fire.
At the third glass his eyes got brighter, and he began to talk, the
little family circle regarding with eager interest this visitor from
distant parts, as he squared his broad shoulders in the chair and spoke
of strange scenes and doughty deeds; of wars and plagues and strange
peoples.
"Twenty-one years of it," said Mr. White, nodding at his wife
and son. "When he went away he was a slip of a youth in the
warehouse. Now look at him."
"He don't look to have taken much harm," said Mrs. White,
politely.
"I'd like to go to India myself," said the old man, "just to look
round a bit, you know."
"Better where you are," said the sergeant-major, shaking his
head. He put down the empty glass, and sighing softly, shook it again.
"I should like to see those old temples and fakirs and jugglers,"
said the old man. "What was that you started telling me the other day
about a monkey's paw or something, Morris?"
"Nothing," said the soldier hastily. "Leastways, nothing worth
hearing."
"Monkey's paw?" said Mrs. White curiously.
"Well, it's just a bit of what you might call magic, perhaps," said
the sergeant-major off-handedly.
His three listeners leaned forward eagerly. The visitor
absentmindedly put his empty glass to his lips and then set it down
again. His host filled it for him.
"To look at," said the sergeant-major, fumbling in his pocket,
"it's just an ordinary little paw, dried to a mummy."
He took something out of his pocket and proffered it. Mrs.
White drew back with a grimace, but her son, taking it, examined it
curiously.
"And what is there special about it?" inquired Mr. White, as he
took it from his son and, having examined it, placed it upon the table.
"It had a spell put on it by an old fakir," said the sergeant-major,
"a very holy man. He wanted to show that fate ruled people's lives,
and that those who interfered with it did so to their sorrow. He put a
spell on it so that three separate men could each have three wishes
from it."
His manner was so impressive that his hearers were conscious
that their light laughter jarred somewhat.
"Well, why don't you have three, sir?" said Herbert White
cleverly.
The soldier regarded him in the way that middle age is wont to
regard presumptuous youth. "I have," he said quietly, and his blotchy
face whitened.
"And did you really have the three wishes granted?" asked Mrs.
White.
"I did," said the sergeant-major, and his glass tapped against his
strong teeth.
"And has anybody else wished?" inquired the old lady.
"The first man had his three wishes, yes," was the reply. "I don't
know what the first two were, but the third was for death. That's how I
got the paw."
His tones were so grave that a hush fell upon the group.
"If you've had your three wishes, it's no good to you now, then,
Morris," said the old man at last. "What do you keep it for?"
The soldier shook his head. "Fancy, I suppose," he said slowly.
"If you could have another three wishes," said the old man,
eyeing him keenly, "would you have them?"
"I don't know," said the other. "I don't know."
He took the paw, and dangling it between his front finger and
thumb, suddenly threw it upon the fire. White, with a slight cry,
stooped down and snatched it off.
"Better let it burn," said the soldier solemnly.
"If you don't want it, Morris," said the old man, "give it to me."
"I won't," said his friend doggedly. "I threw it on the fire. If you
keep it, don't blame me for what happens. Pitch it on the fire again,
like a sensible man."
The other shook his head and examined his new possession
closely. "How do you do it?" he inquired.
"Hold it up in your right hand and wish aloud,' said the sergeant-
major, "but I warn you of the consequences."
"Sounds like the Arabian Nights," said Mrs White, as she rose
and began to set the supper. "Don't you think you might wish for four
pairs of hands for me?"
Her husband drew the talisman from his pocket and then all
three burst into laughter as the sergeant-major, with a look of alarm on
his face, caught him by the arm.
"If you must wish," he said gruffly, "wish for something
sensible."
Mr. White dropped it back into his pocket, and placing chairs,
motioned his friend to the table. In the business of supper the talisman
was partly forgotten, and afterward the three sat listening in an
enthralled fashion to a second instalment of the soldier's adventures in
India.
"If the tale about the monkey paw is not more truthful than those
he has been telling us," said Herbert, as the door closed behind their
guest, just in time for him to catch the last train, "we shan't make
much out of it."
"Did you give him anything for it, father?" inquired Mrs. White,
regarding her husband closely.
"A trifle," said he, colouring slightly. "He didn't want it, but I
made him take it. And he pressed me again to throw it away."
"Likely," said Herbert, with pretended horror. "Why, we're going
to be rich, and famous, and happy. Wish to be an emperor, father, to
begin with; then you can't be henpecked."
He darted round the table, pursued by the maligned Mrs. White
armed with an antimacassar.
Mr. White took the paw from his pocket and eyed it dubiously.
"I don't know what to wish for, and that's a fact," he said slowly. "It
seems to me I've got all I want."
"If you only cleared the house, you'd be quite happy, wouldn't
you?" said Herbert, with his hand on his shoulder. "Well, wish for two
hundred pounds, then; that'll just do it."
His father, smiling shamefacedly at his own credulity, held up
the talisman, as his son, with a solemn face somewhat marred by a
wink at his mother, sat down at the piano and struck a few impressive
chords.
"I wish for two hundred pounds," said the old man distinctly.
A fine crash from the piano greeted the words, interrupted by a
shuddering cry from the old man. His wife and son ran toward him.
"It moved, he cried, with a glance of disgust at the object as it
lay on the floor. "As I wished it twisted in my hands like a snake."
"Well, I don't see the money," said his son, as he picked it up and
placed it on the table, "and I bet I never shall."
"It must have been your fancy, father," said his wife, regarding
him anxiously.
He shook his head. "Never mind, though; there's no harm done,
but it gave me a shock all the same."
They sat down by the fire again while the two men finished their
pipes. Outside, the wind was higher than ever, and the old man started
nervously at the sound of a door banging upstairs. A silence unusual
and depressing settled upon all three, which lasted until the old couple
rose to retire for the night.
"I expect you'll find the cash tied up in a big bag in the middle of
your bed," said Herbert, as he bade them good-night, "and something
horrible squatting up on top of the wardrobe watching you as you
pocket your ill-gotten gains."
He sat alone in the darkness, gazing at the dying fire, and seeing
faces in it. The last face was so horrible and so simian that he gazed at
it in amazement. It got so vivid that, with a little uneasy laugh, he felt
on the table for a glass containing a little water to throw over it. His
hand grasped the monkey's paw, and with a little shiver he wiped his
hand on his coat and went up to bed.

II.

I the brightness of the wintry sun next morning as it streamed over


N

the breakfast table Herbert laughed at his fears. There was an air of
prosaic wholesomeness about the room which it had lacked on the
previous night, and the dirty, shrivelled little paw was pitched on the
sideboard with a carelessness which betokened no great belief in its
virtues.
"I suppose all old soldiers are the same," said Mrs White. "The
idea of our listening to such nonsense! How could wishes be granted
in these days? And if they could, how could two hundred pounds hurt
you, father?"
"Might drop on his head from the sky," said the frivolous
Herbert.
"Morris said the things happened so naturally," said his father,
"that you might if you so wished attribute it to coincidence."
"Well, don't break into the money before I come back," said
Herbert, as he rose from the table. "I'm afraid it'll turn you into a
mean, avaricious man, and we shall have to disown you."
His mother laughed, and following him to the door, watched him
down the road, and returning to the breakfast table, was very happy at
the expense of her husband's credulity. All of which did not prevent
her from scurrying to the door at the postman's knock, nor prevent her
from referring somewhat shortly to retired sergeant-majors of
bibulous habits when she found that the post brought a tailor's bill.
"Herbert will have some more of his funny remarks, I expect,
when he comes home," she said, as they sat at dinner.
"I dare say," said Mr. White, pouring himself out some beer;
"but for all that, the thing moved in my hand; that I'll swear to."
"You thought it did," said the old lady soothingly.
"I say it did," replied the other. "There was no thought about it; I
had just----What's the matter?"
His wife made no reply. She was watching the mysterious
movements of a man outside, who, peering in an undecided fashion at
the house, appeared to be trying to make up his mind to enter. In
mental connection with the two hundred pounds, she noticed that the
stranger was well dressed and wore a silk hat of glossy newness.
Three times he paused at the gate, and then walked on again. The
fourth time he stood with his hand upon it, and then with sudden
resolution flung it open and walked up the path. Mrs. White at the
same moment placed her hands behind her, and hurriedly unfastening
the strings of her apron, put that useful article of apparel beneath the
cushion of her chair.
She brought the stranger, who seemed ill at ease, into the room.
He gazed at her furtively, and listened in a preoccupied fashion as the
old lady apologized for the appearance of the room, and her husband's
coat, a garment which he usually reserved for the garden. She then
waited as patiently as her sex would permit, for him to broach his
business, but he was at first strangely silent.
"I--was asked to call," he said at last, and stooped and picked a
piece of cotton from his trousers. "I come from Maw and Meggins."
The old lady started. "Is anything the matter?" she asked
breathlessly. "Has anything happened to Herbert? What is it? What is
it?"
Her husband interposed. "There, there, mother," he said hastily.
"Sit down, and don't jump to conclusions. You've not brought bad
news, I'm sure, sir" and he eyed the other wistfully.
"I'm sorry----" began the visitor.
"Is he hurt?" demanded the mother.
The visitor bowed in assent. "Badly hurt," he said quietly, "but
he is not in any pain."
"Oh, thank God!" said the old woman, clasping her hands.
"Thank God for that! Thank----"
She broke off suddenly as the sinister meaning of the assurance
dawned upon her and she saw the awful confirmation of her fears in
the other's averted face. She caught her breath, and turning to her
slower-witted husband, laid her trembling old hand upon his. There
was a long silence.
"He was caught in the machinery," said the visitor at length, in a
low voice.
"Caught in the machinery," repeated Mr. White, in a dazed
fashion, "yes."
He sat staring blankly out at the window, and taking his wife's
hand between his own, pressed it as he had been wont to do in their
old courting days nearly forty years before.
"He was the only one left to us," he said, turning gently to the
visitor. "It is hard."
The other coughed, and rising, walked slowly to the window.
"The firm wished me to convey their sincere sympathy with you in
your great loss," he said, without looking round. "I beg that you will
understand I am only their servant and merely obeying orders."
There was no reply; the old woman's face was white, her eyes
staring, and her breath inaudible; on the husband's face was a look
such as his friend the sergeant might have carried into his first action.
"I was to say that Maw and Meggins disclaim all responsibility,"
continued the other. "They admit no liability at all, but in
consideration of your son's services they wish to present you with a
certain sum as compensation."
Mr. White dropped his wife's hand, and rising to his feet, gazed
with a look of horror at his visitor. His dry lips shaped the words,
"How much?"
"Two hundred pounds," was the answer.
Unconscious of his wife's shriek, the old man smiled faintly, put
out his hands like a sightless man, and dropped, a senseless heap, to
the floor.

III.

I the huge new cemetery, some two miles distant, the old people
N

buried their dead, and came back to a house steeped in shadow and
silence. It was all over so quickly that at first they could hardly realize
it, and remained in a state of expectation as though of something else
to happen--something else which was to lighten this load, too heavy
for old hearts to bear.
But the days passed, and expectation gave place to resignation--
the hopeless resignation of the old, sometimes miscalled, apathy.
Sometimes they hardly exchanged a word, for now they had nothing
to talk about, and their days were long to weariness.
It was about a week after that that the old man, waking suddenly
in the night, stretched out his hand and found himself alone. The room
was in darkness, and the sound of subdued weeping came from the
window. He raised himself in bed and listened.
"Come back," he said tenderly. "You will be cold."
"It is colder for my son," said the old woman, and wept afresh.
The sound of her sobs died away on his ears. The bed was warm,
and his eyes heavy with sleep. He dozed fitfully, and then slept until a
sudden wild cry from his wife awoke him with a start.
"The paw!" she cried wildly. "The monkey's paw!"
He started up in alarm. "Where? Where is it? What's the
matter?"
She came stumbling across the room toward him. "I want it," she
said quietly. "You've not destroyed it?"
"It's in the parlour, on the bracket," he replied, marvelling.
"Why?"
She cried and laughed together, and bending over, kissed his
cheek.
"I only just thought of it," she said hysterically. "Why didn't I
think of it before? Why didn't you think of it?"
"Think of what?" he questioned.
"The other two wishes," she replied rapidly. "We've only had
one."
"Was not that enough?" he demanded fiercely.
"No," she cried, triumphantly; "we'll have one more. Go down
and get it quickly, and wish our boy alive again."
The man sat up in bed and flung the bedclothes from his quaking
limbs. "Good God, you are mad!" he cried aghast.
"Get it," she panted; "get it quickly, and wish---- Oh, my boy,
my boy!"
Her husband struck a match and lit the candle. "Get back to
bed," he said, unsteadily. "You don't know what you are saying."
"We had the first wish granted," said the old woman, feverishly;
"why not the second."
"A coincidence," stammered the old man.
"Go and get it and wish," cried the old woman, quivering with
excitement.
The old man turned and regarded her, and his voice shook. "He
has been dead ten days, and besides he--I would not tell you else, but-
-I could only recognize him by his clothing. If he was too terrible for
you to see then, how now?"
"Bring him back," cried the old woman, and dragged him toward
the door. "Do you think I fear the child I have nursed?"
He went down in the darkness, and felt his way to the parlour,
and then to the mantelpiece. The talisman was in its place, and a
horrible fear that the unspoken wish might bring his mutilated son
before him ere he could escape from the room seized upon him, and
he caught his breath as he found that he had lost the direction of the
door. His brow cold with sweat, he felt his way round the table, and
groped along the wall until he found himself in the small passage with
the unwholesome thing in his hand.
Even his wife's face seemed changed as he entered the room. It
was white and expectant, and to his fears seemed to have an unnatural
look upon it. He was afraid of her.
"Wish!" she cried, in a strong voice.
"It is foolish and wicked," he faltered.
"Wish!" repeated his wife.
He raised his hand. "I wish my son alive again."
The talisman fell to the floor, and he regarded it fearfully. Then
he sank trembling into a chair as the old woman, with burning eyes,
walked to the window and raised the blind.
He sat until he was chilled with the cold, glancing occasionally
at the figure of the old woman peering through the window. The
candle end, which had burnt below the rim of the china candlestick,
was throwing pulsating shadows on the ceiling and walls, until, with a
flicker larger than the rest, it expired. The old man, with an
unspeakable sense of relief at the failure of the talisman, crept back to
his bed, and a minute or two afterward the old woman came silently
and apathetically beside him.
Neither spoke, but both lay silently listening to the ticking of the
clock. A stair creaked, and a squeaky mouse scurried noisily through
the wall. The darkness was oppressive, and after lying for some time
screwing up his courage, the husband took the box of matches, and
striking one, went downstairs for a candle.
At the foot of the stairs the match went out, and he paused to
strike another, and at the same moment a knock, so quiet and stealthy
as to be scarcely audible, sounded on the front door.
The matches fell from his hand. He stood motionless, his breath
suspended until the knock was repeated. Then he turned and fled
swiftly back to his room, and closed the door behind him. A third
knock sounded through the house.
"What's that?" cried the old woman, starting up.
"A rat," said the old man, in shaking tones--"a rat. It passed me
on the stairs."
His wife sat up in bed listening. A loud knock resounded
through the house.
"It's Herbert!" she screamed. "It's Herbert!"
She ran to the door, but her husband was before her, and
catching her by the arm, held her tightly.
"What are you going to do?" he whispered hoarsely.
"It's my boy; it's Herbert!" she cried, struggling mechanically. "I
forgot it was two miles away. What are you holding me for? Let go. I
must open the door."
"For God's sake, don't let it in," cried the old man trembling.
"You're afraid of your own son," she cried, struggling. "Let me
go. I'm coming, Herbert; I'm coming."
There was another knock, and another. The old woman with a
sudden wrench broke free and ran from the room. Her husband
followed to the landing, and called after her appealingly as she hurried
downstairs. He heard the chain rattle back and the bottom bolt drawn
slowly and stiffly from the socket. Then the old woman's voice,
strained and panting.
"The bolt," she cried loudly. "Come down. I can't reach it."
But her husband was on his hands and knees groping wildly on
the floor in search of the paw. If he could only find it before the thing
outside got in. A perfect fusillade of knocks reverberated through the
house, and he heard the scraping of a chair as his wife put it down in
the passage against the door. He heard the creaking of the bolt as it
came slowly back, and at the same moment he found the monkey's
paw, and frantically breathed his third and last wish.
The knocking ceased suddenly, although the echoes of it were
still in the house. He heard the chair drawn back and the door opened.
A cold wind rushed up the staircase, and a long loud wail of
disappointment and misery from his wife gave him courage to run
down to her side, and then to the gate beyond. The street lamp
flickering opposite shone on a quiet and deserted road.
Sobre o Autor



William Wymark Jacobs, ou melhor, W. W. Jacobs, foi um escritor inglês nascido na Londres de 1863, que se dedicou especialmente a contos e novelas humorísticas. Atualmente, porém, é muito
mais lembrado por narrativas curtas, que já se tornaram clássicos da literatura do medo, como “The Interruption”, “The Toll House”, “The Brown Man’s Servant” e, sobretudo, “The Monkey´s Paw”, um
dos contos mais famosos do gênero, tendo inclusive recebido inúmeras adaptações para o teatro, a TV e o cinema – a mais recente em 2003, pela Tribalfilm Entertainment, recebeu vários prêmios
internacionais.
Antes de iniciar sua carreira como escritor, Jacobs era funcionário do Post Office Saving Banks, até que conseguiu a publicação de um conto, em 1885. Embora o sucesso literário tenha demorado a
chegar, o autor conseguiu deixar seu emprego anterior para se dedicar somente à escrita, em 1898, tendo alcançado certa estabilidade econômica. Seus romances e contos geralmente recebiam ilustrações
de Will Owen, um desenhista que também ficou famoso pelos cartazes publicitários de inúmeros produtos.
Na época da Primeira Guerra Mundial, W. W. Jacobs se encontrava em dificuldades financeiras. Resolveu então, arriscar na dramaturgia, adaptando seus contos e narrativas curtas para o teatro.
Embora não tenha produzido contos de maneira abundante, o autor manteve-se como uma figura popular, conseguindo até hoje o devido reconhecimento.

Jacobs faleceu em 1943, em Londres. As razões de sua morte são desconhecidas.


Créditos


Traduções obtidas nas fontes informadas

Idealização e criação do ebook: RuriaK


Livre para compartilhamento, mas mantenha as fontes.

Jerusalém, outubro 2013
Table of Contents
Folha de Rosto
1ª Tradução
2ª Tradução
3ª Tradução
Texto original em inglês
Sobre o Autor
Créditos

You might also like