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Engenharia

econômica
Engenharia econômica

Leuter Duarte Cardoso Júnior


Renato Silva
Cleverson Neves
© 2018 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Cardoso Júnior, Leuter Duarte


C268e Engenharia econômica / Leuter Duarte Cardoso Júnior,
Renato Silva, Cleverson Neves. – Londrina : Editora e
Distribuidora Educacional S.A., 2018.
176 p.

ISBN 978-85-522-0292-9

1. Engenharia econômica. 2. Investimento. I. Silva,


Renato. II. Claverson Neves. III. Título.
CDD 332.6

2018
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário

Unidade 1 | Introdução à engenharia econômica 9

Seção 1 - Introdução à matemática financeira 12


1.1 | Conceitos fundamentais de matemática financeira 12
1.2 | Conceitos de capital 14
1.3 | Conceitos de operação financeira 14
1.4 | Conceitos de juro(s) 15
1.5 | Conceito de montante 15
1.6 | Conceitos de valor presente 15
1.7 | Conceitos de valor futuro 16
1.8 | Conceitos de valor nominal 16
1.9 | Conceitos de fluxo de caixa 16
1.10 | Conceitos de taxa de juros 18
1.11 | Definição de taxas de juros 19

Seção 2 - Juros simples (capitalização simples) 23


2.1 | Conceitos e fórmulas básicas 23
2.2 | Juros simples (J) 23
2.3.1 | Taxas proporcionais 28
2.3.2 | Taxas equivalentes 29

Seção 3 - Juros compostos (capitalização composta) 31


3.1 | Regime de juros compostos 31
3.2 | Fórmulas básicas 32
3.2.1 | Montante 32
3.2.2 | Capital ou valor presente 33
3.3 | Taxas de juros compostos 34
3.4 | Taxa de juros efetiva 35
3.5 | Taxa de juros nominal 36
3.6 | Taxas de juros equivalentes 36

Seção 4 - Métodos de amortização 39


4.1 | Sistemas de amortização de dívidas 39
4.2 | Sistema de Prestação Constante (SPC) 40
4.3 | Sistemas de Amortização Constante (SAC) 43

Unidade 2 | Análise econômica dos custos industriais 53

Seção 1 - Contabilidade de custos 56


1.1 | Terminologias contábeis de custos 56
1.2 | Classificações de custos 58
1.2.1 | Quanto ao produto (diretos e indiretos) 59
1.2.2 | Quanto ao volume de produção (fixos e variáveis) 60
1.2.3 | Classificação das despesas 60
1.3 | Diferenciação entre custos e despesas 61
1.4 | Análise dos custos, despesas, preço e lucros 62
1.5 | Equações de custo, receita e lucro 63
1.5.1 | Equação dos custos 63
1.5.2 | Casos práticos 63
1.5.3 | Equações da receita e lucro 68

Seção 2 - Sistemas de custeio 70


2.1 | Custeio por absorção integral 70
2.2 | Custeio variável 71
2.3 | Custeio por absorção ideal 71
2.4 | Custo-padrão 74
2.5 | Custeio por centros de custos 75
2.5.1 | Etapas do método 75
2.5.2 | Caso prático 76
2.6 | Custeio baseado em atividades (ABC) 79
2.6.1 | Caso prático 80

Unidade 3 | Métodos para avaliação de investimentos em projetos


industriais 87

Seção 1 - Etapas para elaboração de projetos industriais 90


1.1 | Definição de projetos 90
1.2 | Etapas para elaboração de projetos de investimentos industriais 91
1.2.1 | Pré-análise de viabilidade 91
1.2.2 | Determinação dos objetivos estratégicos e dos objetivos do projeto 92
1.2.3 | Diagnóstico da empresa 93
1.2.4 | Análise mercadológica 95
1.2.5 | Tamanho e localização 97
1.2.6 | Engenharia do projeto 99
1.2.7 | Investimentos e custos do projeto 101
1.2.7.1 | Investimentos do projeto 101
1.2.8 | Relatório de viabilidade 105
1.2.9 | Implementação do projeto 105

Seção 2 - Elaboração do fluxo de caixa do projeto e influência da


depreciação e do imposto de renda 107
2.1 | A decisão de Investimento 107
2.2 | Elaboração do fluxo de caixa líquido 108
2.3 | O efeito da depreciação e do imposto de renda no fluxo de caixa 111

Seção 3 - Métodos e critérios de avaliação e análise de investimentos 116


3.1 | Custo de oportunidade do capital 116
3.2 | Valor Presente Líquido (VPL) 117
3.2.1 | Valor Presente (VP) 117
3.3 | Índice Benefício/Custo (IBC) 119
3.4 | Retorno Adicional Sobre Investimento (ROIA) 120
3.5 | Retorno Sobre Investimento (ROI) 120
3.6 | TIR (Taxa Interna de Retorno) 120
3.7 | Payback (Período de Retorno do Investimento – PRI) 122

Seção 4 - Exemplo prático de análise de viabilidade econômico-financeira


de projetos 124
4.1 | Informações do projeto 124
4.2 | Análise de viabilidade dos projetos 126

Seção 5 - Substituição de equipamentos 133


5.1 | Motivos para substituir equipamentos Modalidades para a tomada de
decisão de troca de equipamentos 133
5.2 | Modalidades para a tomada de decisão de troca de equipamentos 134
5.2.1 | Baixa sem reposição 134
5.2.2 | Substituição por vida econômica 136

Unidade 4 | Análise das fontes de financiamento para projetos industriais 145

Seção 1 - Fundamentos do custo de capital 148


1.1 | Custo do capital 148
1.2 | Teoria do custo de capital 149
1.3 | Custo do capital de terceiros (Kt) 150
1.4 | Custo do capital das debêntures 152
1.5 | Custo de capital próprio 154
1.5.1 | O Modelo CAPM (Capital Asset Pricing Model) 155
1.6 | Estrutura de capital 158

Seção 2 - Fontes de financiamento 161


2.1 | Fontes de financiamento de curto prazo 161
2.1.1 | Capitais próprios 161
2.1.2 | Captais de terceiros 161
2.1.3 | Capital de terceiros: crédito comercial 162
2.1.4 | Capitais de terceiros de curto prazo: crédito bancário 164
2.2 | Fontes de financiamento de longo prazo 166
Apresentação
No meio coorporativo, diariamente, podemos observar mudanças
e algumas delas têm cunho estratégico para as organizações. Por esse
motivo é fundamental que se tenha conhecimento dos elementos que
servem de base para a tomada de decisões estratégicas nas empresas.
O estudo da Engenharia da Econômica pode ser entendido como
um dos elementos da base estratégica das organizações, visto que por
meio do seu estudo é possível verificar a viabilidade econômica de
investimentos e financiamentos.
Assim, diante de um mercado dinâmico, as empresas se apropriam
dos elementos fundamentais da Engenharia Econômica para
tomar suas decisões estratégicas no campo financeiro, contábil e
econômico. É nesse sentido que se desenvolve o estudo dessa área de
conhecimento (Engenharia Econômica).
A Engenharia Econômica oferece técnicas, métodos e ferramentas
para que uma organização possa avaliar a aquisição de um bem de
capital, estudar a viabilidade econômica dos projetos de investimentos,
analisar as melhores fontes de financiamentos, compreender o custo
do capital próprio e de terceiros, contabilizar os custos industriais, entre
outros assuntos.
Assim, o nosso livro didático irá desenvolver as seguintes temáticas:
“Análise econômica dos custos industriais; Métodos para avaliação
de investimentos em projetos industriais e Análise das fontes de
financiamento para projetos industriais”. Com esses conteúdos,
você se apropriará dos conhecimentos fundamentais da Engenharia
Econômica.
Unidade 1

Introdução à engenharia
econômica
Cleverson Neves

Objetivos de aprendizagem
Esta unidade do livro de Introdução à Engenharia Econômica
irá ajudá-lo no desenvolvimento de técnicas de gestão financeira,
para que seja utilizado em sua empresa ou negócios com
máxima racionalidade. Serão estudados, na primeira seção, alguns
conceitos básicos de matemática financeira, taxa de juros e fluxo
de caixa.

Os estudos sobre engenharia econômica iniciaram nos


Estados Unidos em 1887, quando Arthur Wellington publicou
seu livro The economic theory of railway location, texto que
sintetizava análise de viabilidade econômica para ferrovias.
Engenharia econômica é importante para todos que precisam
decidir sobre propostas tecnicamente corretas, e seus
fundamentos podem ser utilizados tanto para empresas privadas
como estatais (PAMPLONA; CAVALCANTI FILHO, 1987).

Em relação aos conteúdos abordados neste livro, eles são


bastante utilizados nos mercados financeiros, visto que suas
técnicas analíticas são amplamente utilizadas em operações de
financiamento, bem como: (CDC) para pessoas físicas e jurídicas,
financiamento para habitação, entre outras. Essas técnicas
financeiras são úteis quando você tem de se decidir entre
investimentos diversos. Nessas circunstâncias, a utilização de
recursos técnico-científicos, que permitem mensurar os custos e
os esporádicos ganhos inerentes dessas operações, possibilitam
que as escolhas sejam tomadas com muito mais razão e eficiência.
Pode-se inferir que na gestão de negócios comerciais, o
conhecimento técnico traz no seu bojo boas decisões de
investimento dado aos custos financeiros pagos e ganhos, que
por ora são fundamentais no sucesso da gestão,

Segue uma breve descrição das seções que compõem a


unidade.

Seção 1 | Introdução à matemática financeira


Na introdução à matemática financeira serão apresentadas as principais
terminologias e alguns conceitos básicos de finanças, que são utilizados na gestão
financeira de negócios e empresas.

Seção 2 | Juros simples (capitalização simples)


Juros simples (capitalização simples) – serão abordados os principais conceitos
básicos do regime de juros simples, bem como, conteúdos de proporcionalidade
e equivalência de taxas.

Seção 3 | Juros compostos (capitalização composta)


Juros compostos (capitalização composta) – serão abordados os principais
conceitos básicos do regime de juros compostos, bem como, conteúdos de
proporcionalidade e equivalência de taxas.

Seção 4 | Métodos de amortização


Métodos de amortização – serão abordados os principais regimes de
amortização de débitos (SAC e PRICE) utilizados pelos mercados comerciais
(privado e público).
Introdução à unidade
Ao começar a estudar conteúdos de Introdução à Engenharia
Econômica, surgem diversas indagações, que sem dúvida não deixamos
de raciocinar, bem como, qual é o campo de atuação e utilização
deste conteúdo? Existem utilidades práticas? Qual é a diferença ter este
conhecimento?
Seção 1
Introdução à matemática financeira
Introdução à seção

Na primeira seção deste livro será apresentada a terminologia, e


alguns conceitos básicos de Engenharia Econômica, porém centrais no
desenvolvimento e entendimento das atividades de gestão econômica,
enfatizando: equação elementar da matemática financeira, taxa de
juros e fluxo de caixa. Entretanto, em gestão de negócios comerciais,
tais conhecimentos são absolutamente imprescindíveis e fundamentais
para o êxito da gestão.
Para esta seção segue uma breve descrição dos conteúdos a serem
abordados:
• Conceitos fundamentais de matemática financeira.
• Nomenclaturas matemáticas.
• Equação elementar da matemática financeira.
• Fluxo de caixa em operações finanças.
• Conceitos de taxa de juros.

1.1 Conceitos fundamentais de matemática financeira


Os objetivos especiais de entendimento desse conteúdo nesta
seção são:
• Identificar as variantes compreendidas no entendimento da
matemática financeira.
• Conhecer as principais terminologias abordadas.
• Conhecer a equação fundamental da matemática financeira.
• Conceituar taxa de juros e efetuar a confecção de fluxos de
caixa em operações financeiras.
A matemática financeira é um campo teórico que busca explicar
a alteração de valor do dinheiro ao longo do tempo; para tal, geram-
-se modelos matemáticos que visam comparar e avaliar o custo ou
valor do dinheiro em diferentes períodos do tempo. Os materiais
elementares para entendimento dos conteúdos serão trabalhados e

12 U1 - Introdução à engenharia econômica


abordados via SITUAÇÃO PRÁTICA, que na sequência são explicados
(PUCCINI, 2011).
Para saber mais
Caso exista dificuldade no entendimento desses pontos abordados,
faça uma breve revisão. Disponível em: <http://www.somatematica.
com.br/>. Acesso em: 10 jul. 2017.

A matemática financeira adota que o dinheiro tem diferentes valores


ao longo do tempo. Visto que, é intuitivo o entendimento de que
R$1.000,00 em sua posse neste instante, seja efetivamente majorado,
ou que valha mais do que R$ 1.000,00 no longo prazo.

Para saber mais


Sobre os nexos da equivalência na matemática financeira.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?gl=BR&hl=pt&v=Ol
7pf3i31uE>. Acesso em: 10 jul. 2017.

Situação prática
Parta de um pressuposto que necessite de R$ 200.000,00 para
consecução de uma atividade necessária em seu negócio. O Banco
XCRED permite o empréstimo desse valor e imputa que o empréstimo
deve ser quitado após seis meses; o banco creditará R$ 200.000,00
em sua conta, contabilizando que a empresa deverá pagar a XCRED o
valor de R$ 260.000,00 no final do período acordado.
Tal situação permite ao aluno modelar os elementos cruciais a
serem analisados e abordados no arcabouço da matemática financeira.
Nessa situação, nota-se:
• A existência de um transacionamento financeiro entre a
XCRED (credor) e o demandante (devedor), apontada como uma
operação de financiamento.
• O valor inicial dessa transação de financiamento tem um valor
de $ 200.000,00, sendo este valor intitulado de capital e um valor final
a ser devolvido de $ 260.000,00 intitulado como montante, e que
possuía um tempo de seis meses para devolução.
• Há uma discrepância entre o valor do montante e o valor do
capital, que será apontado como os juros da operação, indicado como

U1 - Introdução à engenharia econômica 13


um custo futuro ao demandante e uma remuneração para a XCRED.
• A existência de um agente financeiro que empresta o recurso
financeiro, denominado credor e um agente tomador de empréstimo,
denominado devedor.
Para saber mais
Veja o vídeo sobre a demanda e oferta de moeda, disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=lwSmPhfFevs>. Acesso em: 10
jul. 2017.
Faça uma leitura do tópico Nomenclatura disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=TDFAbIZiR18>. Acesso em: 10 jul. 2017.

1.2 Conceitos de capital


Segundo Assaf Neto (2008), o termo Capital (C) é o valor de início
de uma operação de finanças explicado em unidades monetárias e
pode ser considerado:
• Numerário ou disponibilidade bancária.
• Custo de uma dívida ponderada no começo de um processo
financeiro; e
• Custo de ativos físicos (veículos, máquinas, prédios e outros)
no começo de um procedimento financeiro.

Nota-se que na Situação prática, o capital tem um valor de R$


200.000,00. O capital será entendido como um crédito que pode
ser emprestado por um agente financeiro a outro ponderado a
circunstâncias pré-estabelecidas.
1.3 Conceitos de operação financeira
Segundo Puccini (2011), operação financeira é conhecida
conceitualmente como uma ação econômica em que um agente
detentor de (C) capital, intitulado credor – repassa tal capital (C), para
um outro agente econômico, chamado de tomador, ponderado por
circunstâncias negociais pré-estabelecidas, e que geralmente abarcam:
• Os rendimentos pagos pelos tomadores de crédito ao credor
pelo uso do referido capital (C).
• O tempo e as circunstancias para a devolução do capital (C) e
dos rendimentos pré acordados.

14 U1 - Introdução à engenharia econômica


• As cauções dadas aos pagamentos a serem efetuados por
parte do tomador ao credor do empréstimo1.
Figura 1.1 | Operação financeira

Fonte: Puccini (2011, p. 16).

A operação sintetizada na Figura 1.1 pode ser ilustrada a partir de


uma transação financeira em que o Banco XCRED disponibiliza um
determinado capital (C) ao demandante de empréstimo, condicionado
a um determinado período de tempo (n), no qual ao fim deste período
pré-estabelecido para quitação, o tomador de recursos pagará ao
credor o valor da soma do total do capital (C), mais os rendimentos
pré-acordados.

1.4 Conceitos de juro(s)


Considerando uma situação de financiamento, o valor do
rendimento ou retorno do capital (C) combinado pelo financiador
e o financiado, é intitulado de juros, ou seja, o retorno do capital
emprestado com acréscimos (MATHIAS, 2009).

1.5 Conceito de montante


Montante (M) é a somatória do capital (C) mais os juros (J) a serem
pagos, ou seja, M = C + J, logo em relação aos juros a serem pagos,
considera-se a taxa pré-acordada entre as partes quando da efetivação
do empréstimo. Essa definição possibilita chegar à equação elementar
da matemática financeira (MATHIAS, 2009).

1.6 Conceitos de valor presente


Segundo Puccini (2011), o termo valor presente (PV) é considerado
o recurso inicial ou atual de uma transação ou operação de

A transação do financiamento é formalizada via um documento registrado em cartório,


1

e que, generalizadamente, é chamado de título de crédito.

U1 - Introdução à engenharia econômica 15


financiamento. Também se pode considerar que este (PV) é um valor
compreendido entre o capital (C) e o montante (M), como se pode
observar na Figura 1.2.
Figura 1.2 | Conceitos e definições básicas

Fonte: Puccini (2011, p. 17).

Nota-se que, dada uma operação financeira na data atual, o capital


(C) e o valor presente (PV) são os mesmos; contudo, o valor presente
(PV) é, normalmente, usado como capital (C), entretanto é válido
considerar a diferença conceitual existente.

1.7 Conceitos de valor futuro


Segundo Assaf Neto (2008), o termo Valor futuro (FV), é considerado
a importância (valor) de uma operação de financiamento em uma data
corrente que se compreende entre a data de hoje (atual) e o tempo
final (vencimento) de uma operação ver (Figura 1.2). O valor futuro (FV)
é normalmente considerado sinônimo de montante (M).

1.8 Conceitos de valor nominal


É o valor total de uma operação de financiamento apresentado
pelo documento chamado de título de crédito. Considera-se ser o
valor do capital ou inicial, como também o Montante (M) ou valor final
da transação. Alguns autores consideram a terminologia “valor de face”
ao invés de “valor nominal”. Normalmente, valor de futuro (FV), valor
nominal (VN) e montante (M) são considerados sinônimos, mesmo
com a existência de disparidades conceituais (ASSAF NETO, 2008).

1.9 Conceitos de fluxo de caixa


É considerado uma sucessão de entradas e de saídas de recursos
financeiros temporalmente no fluxo de caixa de uma empresa. Você
poderá ver na Figura 1.3 e também na situação prática descrita a seguir,
o que facilitará seu entendimento dessa definição teórica (FARIA, 2007).

16 U1 - Introdução à engenharia econômica


Situação prática
O cliente Positivo, ao adentrar a loja MM´s para adquirir uma televisão,
foi abordado pelo funcionário de vendas que, após indagado sobre o
valor da TV, repassou a seguinte informação: o valor à vista da televisão
é R$ 1.500,00. Logo, em relação à forma de pagamento, o vendedor
retrata que este valor pode ser financiado em até quatro prestações
mensais de R$ 400,00. Então, o cliente adquire o produto optando
pela linha de financiamento explicitada, desembolsando mensalmente
quatro parcelas sucessivas de R$ 400,00. Segue a operação de “fluxo
de caixa” concretizada na negociação.
A MM´s receberá 4 entradas de R$ 400,00 mensais, tendo esta
realidade de fluxo de caixa. Logo, considera-se que para o cliente e loja
tal fluxo de caixa é proporcional a R$ 1.500,00 do início 0.
Figura 1.3 | Entradas e saídas de dinheiro no tempo

Fonte: Puccini (2011, p. 20).

As absorções de caixa são indicadas por flechas com orientação


(para cima) positiva e as com orientação negativa, que são as saídas
de caixa representadas por flechas com indicação (para baixo). Tal
situação pode ser representada através de um diagrama, chamado
fluxo de caixa, vide na Figura 1.3.
Para saber mais
Veja o item que retrata a representação de fluxos de caixa em forma
de tabelas e classificação de fluxos de caixa, disponível em: <https://
www.algosobre.com.br/matematica-financeira/diagramas-de-fluxo-
de-caixa.html>. Acesso em: 14 jul. 2017.

Segundo Puccini (2008), os acordos ponderados para a confecção


de gráficos de fluxos de caixa, são:
• Na linha vertical (ordenada) apontam os valores das saídas e

U1 - Introdução à engenharia econômica 17


entradas de recursos com flechas indicativas dos valores a considerar:
Entradas: flechas com indicação positiva (para cima).
Saídas: flechas com indicação negativa (para baixo).
• Na linha horizontal (abscissa) demonstram os momentos no
tempo; e
Na Figura 1.3, tem-se que:
• VOCÊ: 4 saídas de caixa contínuas de R$ 400,00 nos
momentos n=1, n=2, n=3 e n=4 (seu ganho como equivalência foi a
compra da televisão); e
• LOJA: 4 recebimentos de R$ 400,00 pela efetivação da venda
da televisão que equivale ao valor R$ 1.500,00 à vista.
Os pagamentos nominais mensais e iguais na quantia de R$
400,00, contudo, são financeiramente distintos, pois ocorrem em
momentos distintos e não são, portanto, confrontáveis.

Para saber mais


Veja o item Valor do dinheiro no tempo, disponível em: <http://
fazaconta.com/matematica-financeira-tvm.htm>. Acesso em: 14 jul.
2017.

Em uma operação financeira que envolve dois agentes (o credor e o


tomador), não se pode deixar de considerar que os fluxos de caixa são
simétricos. O que é considerado entrada de caixa para um dos agentes,
é a saída de caixa para o outro e vice-versa. Observe tal simetria no
fluxo de caixa (VOCÊ) e no fluxo de caixa da loja, vide Figura 1.3.

1.10 Conceitos de taxa de juros


Segundo Puccini (2008), juros é apontado como o custo financeiro
do dinheiro no tempo. Segue uma SITUAÇÃO PRÁTICA absoluta para
que seja observada a importância da comparação entre situações
parecida, porém diferentes.

Situação prática
Determinada empresa está buscando no mercado financeiro,
capital para expandir seu negócio e para tal foram repassadas duas
propostas por dois bancos:

18 U1 - Introdução à engenharia econômica


• O primeiro propôs liberar R$ 150.000,00 no ato, e devolver R$
170.000,00 após 4 meses.
• A segunda proposta liberaria R$ 145.000,00 no ato e devolveria
R$ 163.000,00 no prazo de 4 meses.
A empresa, ao analisar as propostas, percebeu que ambas satisfariam
as necessidades do negócio. A dúvida dúvida de momento foi: qual é
a proposta mais atraente?
Analisa-se que R$ 20.000,00 são os juros da primeira proposta,
logo os juros da segunda proposta são R$ 18.000,00. Ambos números
apresentam o total dos juros a serem pagos para cada proposta que é
diferente, e, portanto, não podem ser diretamente comparáveis dado
que suas bases iniciais são distintas (R$ 150.000,00 e R$ 145.000,00);
dificultando a verificação sobre qual é a melhor proposta.

1.11 Definição de taxas de juros


Segundo Puccini (2011), é a taxa de juros (i) que pondera o custo de
captação de dinheiro nos mercados financeiros, e que este também
demonstra o custo de cada unidade de capital (C) por unidade de
tempo. Contudo, a taxa de juros (i), apresentada unitariamente, mostra
a conexão entre o juro (J) criado em uma operação de financiamento
e o capital (C) empregado na tal; nota que a taxa de juros se relaciona
diretamente com os períodos envolvidos na operação financeira.
Denote juro (J), como sendo o valor do juro criado por um capital
(C), dado um denominado momento unitário de tempo (1), conforme
apresentado na Figura 1.4;
Figura 1.4 | Significado de taxa de juros

Fonte: Puccini (2011, p. 17).

Expressa unitariamente, a taxa de juros para essa unidade no tempo,


é apontada como:

U1 - Introdução à engenharia econômica 19


J
i= * ap (1.1)
C
a.p. = ao período (unidade de tempo)

É importante ressaltar que a taxa de juros (i) apresentada em (1.1)


pode ser expressa percentualmente, conforme segue;
J
i= *100%ap (1.2)
C
Segue apresentado as expressões que apontam a temporalidade da
taxa. Tais expressões podem ser abreviadas conforme segue:
• a.d. – ao dia;
• a.m. – ao mês;
• a.b. – ao bimestre;
• a.t. – ao trimestre;
• a.q. – ao quadrimestre;
• a.s. – no semestre; e
• a.a. – ao ano.

Atividades de aprendizagem
1. Um empresário detém um Capital (C) de R$ 500,00, tendo um rendimento
de juros de R$ 10,00 em 2 meses de aplicação. Então determine qual é a taxa
de juros (i)?

Solução
C = R$ 500,00 J = R$ 10,00.
Adotando as fórmulas da taxa de juros (i) apresentadas nas equações (1.1 e
1.2), tem-se que;

J 10
i= = = 0,02 (ao bimestre) Forma Unitária
C 500

J  10 
i=
C
* 100 =   * 100 = 2%(ao bimestre) Forma Percentual
 500 

20 U1 - Introdução à engenharia econômica


2. Apresentado tais definições, voltemos à Situação prática anterior e
analise e verifique qual é o custo de cada proposta.
1. Primeira proposta: O juro (J) a ser pago é:
J = M – C = 170.000,00 – 150.000,00 = R$ 20.000,00

Solução
Calculando a taxa (i), tem-se que:
J 20.000
=i= = 0,1333 (ao quadrimestre) ou
C 150.000

20.000
i= * 100 = 13, 33%(ao quadrimestre)
150.000

2. Segunda proposta: O juro (J) a ser pago é:


J = M – C = 163.000,00 – 145.000,00 = R$ 18.000,00
alculando a taxa (i), tem-se que:

J 18.000
=i= = 0,1241 (ao quadrimestre) ou
C 145.000

18.000
i= * 100 = 12, 41%(ao quadrimestre)
145.000

Diante dos resultados apresentados na primeira oferta, nota-se um


custo para captação deste recurso financeiro, estão embutidos juros de
13,33% a.q., logo o valor observado de juros para absorção da segunda
proposta é de 12,41% aq., Portanto, pela análise comparativa direta
e imediata efetuada pelo empresário, ele será atraído pela segunda
proposta por ser menos custosa. Ressaltando a ponderação de tempo
analisada para esta negociação é dado em quadrimestre, ou 4 meses.

Considerações desta seção


Nesta seção apresentamos a terminologia básica da matemática,
possibilitando um aperfeiçoamento e um melhor domínio das
nomenclaturas básicas de comunicação que será usado no decorrer
das seções. Foi abordada a equação elementar da matemática
financeira, bem como conteúdos sobre a definição de taxa de juros (i),
fluxo de caixa e o seu formato representativo e classificatório.
No decorrer dos conteúdos apresentados temos a questão do Para
saber mais, onde o aluno busca fora do conteúdo proposto leituras do

U1 - Introdução à engenharia econômica 21


texto-base e dos textos complementares e e videoaulas. É importante
que o aluno, para complemento de conteúdo, faça atividades,
resolução dos exercícios para que tenha um melhor aproveitamento
dos pontos abordados.
Questão para reflexão

Qual é a importância do conteúdo abordado nesta seção para sua vida


pessoal, para seus negócios e seu crescimento profissional?

22 U1 - Introdução à engenharia econômica


Seção 2
Juros simples (capitalização simples)
Introdução à seção

Na segunda seção deste livro, o objetivo central versa na


apresentação do modelo de regime de juros simples, bem como a
teoria da proporção e equivalência de taxas de juros.

Para esta seção, segue uma breve descrição dos conteúdos a


serem abordados:
• Modelo matemático básico de capitalização simples.
• Proporcionalidade e equivalência de taxas de juros.

2.1 Conceitos e fórmulas básicas


Será utilizada para demonstrar definições e conceitos acerca deste
conteúdo, uma Situação prática 2.1, a seguir.
Em uma situação desconfortável financeiramente, João Kleber vai
até o Banco SOFISA, solicita um empréstimo de $ 1.000,00, logo o
Banco lhe propõe que a dívida deverá ser paga em uma única parcela
ao fim do quinto ano. Em meio à negociação, o gerente de contas
lhe repassa que a taxa de juros compactuada para este negócio é de
15% a.a. e que o custo desse empréstimo será capitalizado pelo regime
de juros simples. Diante dessas circunstâncias apresentadas qual será
o montante final, o valor a ser desembolsado no fim da operação de
crédito?

2.2 Juros simples (J)


O critério adotado pelo método de juros simples é apontado pela
base de cálculo do capital em conjunto com os juros total devido ao
financiador no final da transação.
Considerando o conceito apontado acima e se utilizando da equação
(1.1) ponderado na seção inicial desta unidade, para fins de cálculo de
juro, é possível chegar à resolução desta questão. Recordando que os

U1 - Introdução à engenharia econômica 23


juros incidem ao ano dado o financiamento efetuado a uma taxa de
15% a.a., considerando que ano a ano desde o início da operação o
banco cobrará os juros expressos dessa forma:
J J
i= * ap i= *100
C C
Recordando as informações apontadas pela SITUAÇÃO PRÁTICA
2.1, tem-se C = $ 1.000,00, i = 15% a.a., temos matematicamente que:
J = 1.000, 00 ∗ 0,15=$150, 00.
Como os juros estão denominados em anos, a constituição destes
será formado anualmente. O prazo do financiamento pode ser dividido
em 5 momentos de um ano, considerando a incidência individual de
juro a cada período. Os resultados dos cálculos podem ser visualizados
pelo Quadro 1.1.
Quadro 1.1 | Formação de juros simples

Período Base de
Juro
cálculo SDik SDfk = SDik + Jk
Ano Inicio Fim Jk = C*i
(C)
1 0 1 1.000 1.000 1.000*0,15=150 1.150
2 1 2 1.000 1.150 1.000*0,15=150 1.300
3 2 3 1.000 1.300 1.000*0,15=150 1.450
4 3 4 1.000 1.450 1.000*0,15=150 1.600
5 4 5 1.000 1.600 1.000*0,15=150 1.750
TOTAL DE JUROS (devidos ao final) J = J1 + J2 + J3 + J4 + J5 = 750

SDik – Valor no início do período. SDfk – valor no final do período k.


k – Índice que demonstra o período de incidência.
Fonte: Adaptado de Puccini (2011, p. 34).

O quadro acima aponta que o valor do juro anual é igual a $ 150,00


e o valor acumulado dos juros no período de 5 anos será de $ 750,00;
valor que é a somatória dos juros incidentes em cada momento.
Demonstrado como:
J = J1 + J2 + J3 + J4 + J5
Observe ainda que:
J = J1 + J2 + J3 + J4 + J5 = C * i Logo,
J=C*i+C*i+C*i+C*i+C*i

5 momentos (períodos)

24 U1 - Introdução à engenharia econômica


Fatorando a expressão chega-se a:
J = (C * i)*5
Inserindo os valores elencados no enunciado, temos que:
J=1.000,00*0, 150*5=$750,00
Nota-se que a multiplicação do fator C*i é o valor 5, correspondente
ao tempo dos períodos capitalizados à incidência dos juros; essa básica
observação possibilita a generalização (ponderando pelo método da
indução finita para n períodos de incidência, logo é possível substituir o
número 5 por n na equação anteriormente explicitada). Tem-se como
resultado a fórmula generalizada dos juros simples e as equações
derivadas a seguir.
Para saber mais

Indução finita é um modelo matemático que usa de regras observadas


em situações peculiares, autorizando o uso das mesmas regras em
situações mais generalizadas. Para saber mais sobre esse modelo,
acesse: <http://ecalculo.if.usp.br/ferramentas/pif/pif.htm>. Acesso em:
14 jul. 2017.

J J
J =C ∗i ∗n C= i= (2.1)
i ∗n C ∗n
Nas quais;
• J – Juro determinado no ciclo;
• C – Capital no começo da operacionalização financeira;
• i – É a taxa dos juros em cada momento n; e
• n – é o período temporal transcorrido (períodos).
Diante da equação básica, a resolução parcial da Situação prática
2.1 não necessitaria da confecção do Quadro 1, caso fosse adotado tal
equação, logo para encontrar o valor dos juros de R$ 750,00, segue a
aplicação da fórmula:
J = C*i*n = 1.000,00*0,150*5,0 = $750,000
Observa-se a simplicidade de fórmula acima explicitada, visto que,
podemos entender que, em cobrança de juros simples, o valor do
capital (juro) é inteiramente igual ao valor do capital e a duração de
tempo da operação.

U1 - Introdução à engenharia econômica 25


Figura 1.5 | Comportamento dos juros

Fonte: adaptada de Puccini (2011, p. 36).

O exemplo apontado acima permite algumas ponderações


conclusivas a partir da Figura 1.5 em que: os períodos 1, 2, 3, 4, 5
representam o fim em cada um dos períodos vide por esta figura.
• Existe uma linearidade crescente do capital ao longo do
tempo;
• O crescimento do capital cresce em progressões aritmética,
em que a razão é J = C*(i). Nota-se que:
• Somente no fim da operação financeira, é que os juros estarão
disponibilizados ao credor;
• As equações foram entendidas pela taxa de juros unitária.
Entretanto, caso a taxa de juros for explicitada percentualmente,
ela deve ser minimizada pelo seu formato unitário (divisão por 100)
momentos antes de se aplicar as equações; e
• Devem-se explicitar na mesma unidade de tempo as taxas
de juros (i) e o período (n) (em compatibilidade). Logo, caso a taxa
de juros for expressa em anos (a.a.), o horizonte temporal dos juros
deverá estar expresso em anos; analogamente, caso a taxa de juros for
denominada em meses (a.m.), o tempo para formação do juro deverá
ter tal compatibilização.

Exemplo
Um empresário necessitou de um empréstimo de $ 1.000,00, a
ser saldado no fim de 5 anos. Verifique qual o juro incidido por esta
operação, considerando as taxas de juros para (a) e (b):
a) 10% aa; e b) 30% para o quinquênio.

26 U1 - Introdução à engenharia econômica


Figura 1.6 | Juro de empréstimo

Fonte: adaptada de Puccini (2011, p. 37).

Solução
a) Pela Figura 1.6 é possível notar as duas situações do exercício
proposto de forma geométrica para melhor visualização. Para a
primeira situação, não se conhece o valor de J. Para encontrá-lo:
• Efetue um resumo dos dados conforme segue:
Dados substanciais: C = $ 1.000,00, n = 5 anos, i =10% a.a., J=?
• Observe a equação ou as equações a serem utilizadas; neste
caso, a equação 2.1. Antes da aplicação, minimize a taxa de juros na
forma unitária:
i %aa 10
=
i aa = = 0,1
100 100
Aplicando os valores à equação básica, tem-se que:
J=C*i*n=1.000,00*0,10*5=$ 500,00
O que mudou em b? O fato de que agora existe apenas um período
de cinco anos de incidência de juros:
C = $ 1.000,00 n = 1 (quinquênio) i = 30% a.q.
Aplicando a fórmula, você tem:

i%aquinq
iaquinq = = 30 = 0, 3
100 100

J=C*i*n=1.000,00*0,30*1=$300,00

Observe atentamente na Figura 1.6 a questão temporal em ambas


circunstâncias.

U1 - Introdução à engenharia econômica 27


Figura 2.3 | Taxas de juros proporcionais e equivalentes

A noção de proporcionalidade e
equivalência de taxas de juros é muito
importante em Matemática Financeira.
Por isso, você deve entender bem a
definição e os exemplos a seguir.

Fonte: Microsoft Word (2017).

2.3.1 Taxas proporcionais


De acordo com Puccini (2011), a definição de duas taxas de juros i1 e
i2 relativas aos períodos n1 e n2 serão proporcionais quando observarem
a relação de proporcionalidade mostrada em (2.2) e os tempos n1 e n2
estiverem expressos na mesma unidade:
i1 n1
= (2.2)
i 2 n2
Logo, segundo o autor, há uma maneira mais imediata para você
tratar taxas proporcionais: tome um tempo (n) para o qual está definida
uma taxa de juros (in) e subdivida-o em períodos (k); qual é a taxa de
juros proporcional à in para esse período (k)?
A taxa de juros proporcional do período (k) pode ser determinada
dividindo-se a in pelo número de períodos (k) contidos em n:
1
ik = in ∗ (2.3)
k
Exemplo:
Converta a taxa de juros de 18% aa em taxa de juros mensal por
proporcionalidade.
Solução:
Aplique a condição de proporcionalidade observando que o tempo
deve estar expresso nas mesmas unidades (no caso, um mês e 12
meses).

Situação 1 i1 = x% a.m. n1 = 1 mês


Situação 2 i2 = 18% a.a. n2 = 1 ano = 12 meses

28 U1 - Introdução à engenharia econômica


Aplicando a fórmula 2.2, você tem:

x 1
= ou X= i1= 1, 5% a.m.
18 12

Ou seja: 1,5% a.m. é a taxa mensal proporcional a 18% a.a.


Para a segunda situação: lembre-se de que o ano tem 12 meses,
portanto, k = 12, e
1 1 1
ik = in ∗ im = ia ∗ = 18% ∗ = 1, 5%a.m.
k 12 12

2.3.2 Taxas equivalentes
Segundo Rocha (2017), a definição de duas taxas i1 e i2 são ditas
equivalentes quando, ao serem aplicadas ao mesmo capital, pelo
mesmo tempo, gerarem o mesmo montante, vide exemplo.

Exemplo
Verifique se 1,5% a.m. e 18% a.a. são taxas equivalentes. Tome como
referência um capital de $ 1.000,00.

Solução
Aplicando a fórmula do montante (M1 = C*(1+i*n)) você tem:
a) O montante gerado por um capital de $ 1.000,00 em 12 meses
a 1,5% a.m. será:
C = $ 1.000,00 i1 = 1,5 n1 = 12 meses
M1 = C*(1+i*n) = 1.000,00*(1 + 0,015*12) = $ 1.180,00

b) O montante gerado por um capital de $ 1.000,00 em um ano a


18% aa será:
C = $ 1.000,00 i2 = 18% a.a. n2 = 1 ano
M2 = C*(1+i*n) = 1.000,00*(1 + 0,18*1) = $ 1.180,00

Os montantes M1 e M2 gerados nas duas situações propostas são


iguais, o que mostra que as taxas de juros de 1,5% a.m. e de 18% a.a. são
taxas equivalentes em regime de juros simples.

U1 - Introdução à engenharia econômica 29


Combinando os resultados dos exemplos apresentados nas taxas
proporcionais e equivalentes, podemos concluir que em regime de
juros simples, as taxas de juros proporcionais são também taxas de
juros equivalentes.
Para saber mais
Há uma distinção importante entre juro exato e juro comercial que você
deve conhecer; para tal, faça a leitura do texto complementar Juro
exato e juro comercial disponível em: <https://mathfinanceira.com.
br/2011/07/03/juro-exato-e-juro-comercial/>. Acesso em: 27 jul. 2017.

Atividades de aprendizagem
1. Calcule as taxas mensais, bimensais e trimestrais proporcionais à taxa de
30% as.

2. Qual montante teremos em 4 meses se aplicarmos um capital inicial de


R$5.000,00 a um juro simples de 5% ao mês?

Considerações desta seção


Até aqui, se estudou a modelagem básica do regime de juros ou
de capitalização simples e suas fórmulas básicas que relacionam:
capital, montante, tempo e taxa de juros e conceitos de taxas de juros
proporcionais e equivalentes, concluindo que ambas são iguais nesse
regime de juros.
Questão para reflexão

Qual é a importância elementar de se entender a diferença de


pagamentos efetuados com juros proporcionais ou equivalentes para
a modelagem de juros simples em relação as suas finanças pessoas e
para o seu negócio?

30 U1 - Introdução à engenharia econômica


Seção 3
Juros compostos (capitalização composta)
Introdução à seção

Esta seção apresentará a modelagem do regime de juros


compostos, os conceitos de proporcionalidade e equivalência de taxas
de juros nesse regime de juros. Para facilitar o aprendizado desta seção,
você deve ter o domínio sobre os conteúdos já vistos nas seções 1 e 2.
Para esta seção segue uma breve descrição dos conteúdos a serem
abordados:
• Modelagem matemática do regime de capitalização composta.
• Taxas de juros nominais e efetivas.

3.1. Regime de juros compostos


Apresenta-se o conceito de capitalização composta por meio da
SITUAÇÃO PRÁTICA proposta a seguir.

SITUAÇÃO PRÁTICA 3.1


Em 01/03/2000 a prefeitura do município de Londrina faz um
empréstimo com valor inicial de $ 100,00 e taxa de juros de 10% a.a. (ao
ano) para ser pago em sua totalidade, de uma única vez, em cinco anos
(X5), ao final da operação, em regime de juros compostos. Quais são
os valores de juros e de saldos devedores envolvidos nessa operação?
Segundo Puccini (2011), em regime de juros compostos, o juro
embutido ao final de cada período de incidência é somado ao saldo
devedor do início do período para gerar o saldo devedor do início do
período subsequente, que é uma nova base de cálculo para o juro; a
esse processo de agregação do juro devido em cada período ao saldo
devedor para constituir nova base de cálculo do juro, tem-se então o
nome de capitalização de juros. Observe que a base de cálculo do juro
altera-se sucessivamente pela agregação do juro do período anterior.
A fórmula para cálculo do juro é modificada e se transforma em:
Jk
i= ou J k = sd ik ∗ i (3)
SDik

U1 - Introdução à engenharia econômica 31


Logo, em cada período (k), a base de cálculo será SDik – saldo
inicial de período (k) – que coincide apenas com o capital (C) primeiro
período conforme podemos ver no Quadro 1.2.
Quadro 1.2 | Regime de juros compostos
Período Base de
Capital Juro
Data (Ano) Cálculo SDfk = SDik + Jk
Ordem Início/Fim (C) Jk = SDIk *i
(SDik)
01/03/2001 0 2000 - 2001 100,00 100,00*0,10 = 10,00 110,00
01/03/2002 1 2001 - 2002 110,00 110,00*0,10 = 11,00 121,00
01/03/2003 2 2002 - 2003 100 121,00 120,00*0,10 = 12,10 133,10
01/03/2004 3 2003 - 2004 133,10 133,10*0,10 = 13,31 146,41
01/03/2005 4 2004 - 2005 146,41 146,41*0,10 = 14,64 161,06

SDik – saldo no início do período SDfk – saldo no final do período k


Observe que o saldo inicial de um período é igual ao saldo final do período anterior.
Fonte: Adaptado de Puccini (2011, p. 72).

Em regime de juros compostos, a base de cálculo do juro (SDik) se


altera período a período pela capitalização do juro do período anterior.
A capitalização (agregação dos juros intermediários ao capital) dos
juros intermediários é a responsável pela diferença de valores que se
têm nos resultados finais obtidos em sistemas de juros simples e de
juros compostos.
Para saber mais
Capitalização – é a agregação do juro (Jk) gerado em um período (k) ao
saldo inicial desse período (SDik) gerando um novo saldo inicial para o
período seguinte (SDfk = SDik+1) que será a base para o cálculo do juro
no período (k+1).

3.2 Fórmulas básicas


Nesta seção, você analisará os problemas de:
• Capitalização dos valores financeiros em regime de juros
compostos, isto é, do crescimento desses valores com o tempo.

3.2.1 Montante
Primeiramente, você vai se apropriar da fórmula relativa à
capitalização de valores financeiros no tempo pela generalização
da SITUAÇÃO PRÁTICA 3.1 mostrada. Suponha um valor financeiro
presente (C) aplicado durante n períodos a uma taxa de juros periódica
(ip). Essa aplicação gera um montante (M), ao final da aplicação, cujo

32 U1 - Introdução à engenharia econômica


valor se deseja conhecer.
Essa fórmula, mostrada a seguir, deduzida por indução finita, resulta
em:
M = C ∗ (1 + i p )
n
(3.1)

Para saber mais


Leia o texto Dedução da fórmula do montante – recorrência algébrica.
Disponível em: <http://www2.unemat.br/eugenio/juros_compostos.
html>. Acesso em: 27 jul.2017.

3.2.2 Capital ou valor presente


Segundo Puccini (2011), o problema contrário ao da capitalização
(determinação do montante) é o desconto, ou seja, dado um
determinado montante (M) conhecido, qual seria o valor do capital (C)
a ele equivalente para uma taxa de juros (i) e para o tempo a decorrer (n)
até o final da operação, expresso em períodos? A resposta é imediata
e decorre de (3.1):
M
C= (3.2)
(1 + i )n

A dificuldade de cálculo inerente a essas fórmulas é a operação de


potenciação (1+i)n que pode exigir o uso de calculadoras. Entretanto,
a expressão entre parênteses depende apenas do par [i%;n] – taxa de
juros e número de períodos de capitalização – e pode ser tabulada
para vários desses pares, simplificando assim as operações de cálculo
(PUCCINI, 2011).
Logo, Puccini (2011) enfatiza que as expressões [1 + i]n e [1 + i]-n, pela
frequência com que são utilizadas, recebem denominações específicas,
diferentes de autor para autor. Neste livro adotaremos as denominações:

[1 + i ] : Fator de Valor Futuro : FVF[ i %;n ]


n

[1 + i ] : Fator de Valor Presente : FVP[ i %;n ]


−n

Ainda segundo o autor, a expressão [i%; n] indica a taxa de juros


e o período a que se refere o fator. Assim, você pode escrever as
expressões (3.1) e (3.2) da seguinte maneira:
M = C*FVF[i%;n] (3.3)

U1 - Introdução à engenharia econômica 33


C = M ∗ FVP[ i %;n ] (3.4)
Figura 1.7 | Fatores de cálculo

Fonte: adaptada de Puccini (2011, p. 74).

Os valores de FVF e FVP podem ser vistos em tabelas financeiras


para vários pares [i%; n]. A solução desses problemas pode ser
visualizada na Figura 1.7, na qual consideramos n como variável
contínua (PUCCINI, 2011).

3.3 Taxas de juros compostos


Recorda-se que na Seção 2, quando foi abordado o tópico do
regime de juros simples, e que as taxas de juros proporcionais são
equivalentes?
Isto não é uma condição aceitável se observado pela ótica dos juros
compostos; veja o exemplo a seguir:
Para saber mais

Geram-se montantes iguais quando duas taxas de juros são equivalentes


ao serem aplicadas a um capital igual, considerando o mesmo prazo em
ambas.

Exemplo:
Qual é o montante criado a partir de um capital de $ 1.000,00, com
aplicação em 12 meses, considerando uma taxa de juros de 12% anual?
PV = $ 1.000,00, n = 12m, i = 12% a.a., FV = ?

Solução
Diante de uma reflexão dos dados, observa-se a existência de duas
condições interpretativas para a taxa de juros:
a) Capitalizações anuais, assim como a taxa de juros.

34 U1 - Introdução à engenharia econômica


b) Capitalizações e taxa de juros mensal proporcionais à taxa anual
determinada.
Interpretações diferentes geram valores dispares para o FV.

Condição 1
Aceitando que a capitalização dos juros é anual e que a taxa de
juros de entrada é 12% a.a. Esses dados, com o auxílio da fórmula (3.1),
conduzem ao seguinte montante segundo o cálculo algébrico:
FV1=PV ∗ (1+i)n = 1.000 ∗ (1+0,12)1 = $1.120,00

Condição 2
Aceitando que a capitalização dos juros é mensal e que a taxa
de juros mensal (im) é a taxa proporcional à taxa anual de juros dada,
portanto:
im = taxa mensal proporcional = 12 / 12 = 1% a.m.
Nesse caso, utilizando a fórmula (3.1) algebricamente, você
chegará a:
FV2=PV ∗ (1+i)n = 1.000 ∗ (1+0,01)1 2 = $1.126,82
Pode-se constatar agora que os montantes gerados pelas duas
alternativas de cálculo FV1 e FV2 são diferentes. Isso significa que as
taxas de juros de 1% a.m. com capitalização mensal e de 12% a.a.
com capitalização anual, apesar de serem proporcionais, não são
equivalentes, pois geram montantes diferentes em tempos iguais.

Então, você se pergunta: o que ocorreu? Acompanhe!

O exemplo da Subseção 3.3 formulou de forma equivocada a


taxa de juros e possibilitou duplo entendimento. Em regime de juros
composto,s a taxa de juros necessita estar definida de forma clara e
precisa.
As taxas de juros proporcionais não são equivalentes em regime de
juros compostos.

3.4. Taxa de juros efetiva


Uma determinada taxa de juros é compreendida como uma taxa de
juros efetiva quando expressa em unidades temporais iguais à unidade

U1 - Introdução à engenharia econômica 35


de tempo dos períodos capitalizados. Logo, são taxas efetivas de juros:
1% a.m. com capitalização mensal, 3% a.t. com capitalização trimestral,
6% a.s. com capitalização semestral e 12% a.a. com capitalização anual.

3.5 Taxa de juros nominal


Uma taxa de juros é definida ou entendida como uma taxa de juros
nominal quando o período de capitalização dos juros for menor do
que a unidade da expressão temporal da taxa de juros (PUCCINI, 2011).
Assim, são taxas nominais de juros: 36% a.a. com capitalização
trimestral, 10% a.t. com capitalização mensal e as 10% com capitalização
bimensal.
Em regime de juros compostos, as taxas de juros constantes das
fórmulas são taxas efetivas, isto é, essas taxas devem estar expressas
em unidade de tempo coincidente com a unidade de tempo do
período de capitalização. Portanto, em regime de juros compostos, é
necessário o conhecimento das taxas de juros efetivas, o que exige a
explicitação do período de capitalização (PUCCINI, 2011).

3.6 Taxas de juros equivalentes


Conforme foi observado em regime de juros simples, duas taxas
de juros são ditas equivalentes quando, ao serem aplicadas ao mesmo
capital e pelo mesmo prazo, geram o mesmo montante. Para relacionar
de modo sistemático essas equivalências, considere as seguintes
nomenclaturas:
• Ia– taxa de juros anual;
• is– taxa de juros semestral;
• it– taxa de juros trimestral;
• im– taxa de juros mensal;
• id– taxa de juros diária.
Se determinar os montantes gerados por um capital unitário (PV =
1) no período de um ano, considerando cada uma das taxas anteriores
como efetivas, chegará às seguintes relações de equivalência:

(1+ia )1 = (1+is )2 = (1+it )4 = (1+im )12 = (1+id )360 (3.5)

36 U1 - Introdução à engenharia econômica


Para saber mais
Leia Relações de equivalência entre taxas de juros. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=BcAVmmtFejs>. Acesso em: 27
jul. 2017.

Exemplo:
Calcule id e im equivalentes a 45% a.a.

Solução
A partir da fórmula apresentada em (3.5), resolva as proposições (a)
e (b):
a) Para taxa diária equivalente (tomando a parte da fórmula que
interessa): 360
(1+ia )1 =(1+id )
1/360
id = (1+ ia ) -1

id = (1+0,45)1/360 -1
i d = 0, 00103 a.d . ou 0,103% a.d .

b) Para taxa mensal equivalente:


(1+ia )1 =(1+id )360

im = (1+ ia )1/12 -1

im = (1+0,45)1/12 -1

i m = 0, 0314 a.m. ou 3,14% a.m.

O mercado financeiro costuma divulgar suas taxas de juros em


bases anuais nominais; nesses casos, a taxa efetiva de juros é a taxa
i
proporcional calculada pela proporcionalidade, a , sendo k o número
k
de capitalizações de juros que irão ocorrer no ano.

Considerações desta seção


Até este momento foi estudada a modelagem básica do regime
de capitalização composta. Você tomou contato contato com suas

U1 - Introdução à engenharia econômica 37


fórmulas básicas e, sobretudo, estudou a diferença existente entre taxas
de juros proporcionais e equivalentes. Antes de avançar nos estudos,
resolva os exercícios propostos a seguir para apoiá-lo na sedimentação
do conhecimento adquirido.
Questão para reflexão

Qual é a importância elementar de se entender a diferença de


pagamentos efetuados com juros proporcionais ou equivalentes para a
modelagem de juros compostos, e o que isso refletiria em suas finanças
pessoais e para o seu negócio?

Atividades de aprendizagem
1. Encontre as taxas diária, mensal, trimestral e semestral proporcionais e
equivalentes a 36% a.a. Analise os valores obtidos, comparando-os.

2. [ACJ Escola Preparatória para Concursos] Uma pessoa faz uma aplicação
no valor de 10.000 durante 11 meses, a uma taxa de juros de 5% a.m.
capitalizados mensalmente. Calcule o montante no final do prazo.

38 U1 - Introdução à engenharia econômica


Seção 4
Métodos de amortização
Introdução à seção

Nesta quarta seção, será discutido os principais sistemas de


amortização de dívidas utilizados pelos mercados financeiros. Neste
contexto serão abordados os Sistemas de Prestações Constantes
(com um caso particular denominado Sistema Price) e o Sistema
de Amortizações Constantes-SAC. Para estudar os conceitos e as
atividades desta seção, serão necessários os conteúdos abordados nas
seções 1, 2 e 3, ponderando pela: taxas de juros, efetiva e nominal;
modelos de anuidades.
Segue para esta seção os conteúdos a serem abordados:
• Modelos básicos de sistemas de amortização de dívidas;
• Quadros de amortização de dívidas desses modelos.

4.1 – Sistemas de amortização de dívidas


De acordo com Puccini (2011), pode-se notar partir do senso
comum que um sistema de amortização nada mais é do que um
plano de pagamento de uma dívida contraída. Esses planos de
pagamento podem assumir diversas formas, porém são baseados
fundamentalmente nos modelos de rendas estudados nas seções
anteriores.
Segundo o autor, são exemplos de aplicação dos sistemas de
amortização:
• Compra da casa própria financiada pelo sistema financeiro de
habitação,
• Dívidas tributárias, empréstimos em bancos para pagamento
em parcelas periódicas e outros.
E que também nos diferentes sistemas de pagamento possíveis,
cada pagamento (PMT) costuma incluir:
• Juro do período (J), calculado sobre o saldo da dívida no início
do período; e/ou

U1 - Introdução à engenharia econômica 39


• Amortização do principal (A), correspondente ao pagamento
parcial ou integral do principal da dívida.
Segundo Puccini (2011), denominaremos o saldo devedor no início
de cada período (k) pela notação SDik e o saldo devedor do final de cada
período de SDfk; assim, SDi1 é o saldo devedor no início do período 1, e
SDf1 é o saldo devedor no final do período 1; SDf4 é o saldo devedor no
início do período 4, e SDf4 é o saldo devedor no final do período 4. Por
questão de adaptação à linguagem das calculadoras financeiras, o SDi1
será sempre denominado PV nas calculadoras HP 12C.
Com essas considerações, os pagamentos (PMT), nesses sistemas
de amortização, obedecem, de modo geral, a seguinte relação:
PMTk =Jk +A k
Tal que:
• K indica períodos de tempo (1 ≤ k ≤ n) e ordem de pagamentos.
Um plano de amortização, em que o pagamento inicial se dá
na origem da dívida, é associado a um modelo de renda imediato e
antecipado; nessas situações, o primeiro pagamento é destinado
totalmente à amortização da dívida, dado que não há decurso de
tempo e, por consequência, não há juro (PMT1= A), sem esquecer
que os modelos de sistemas de amortização podem assumir as mais
variadas formas, esta seção será dedicada ao estudo dos modelos mais
usuais e praticados (PUCCINI, 2011).

4.2 Sistema de Prestação Constante (SPC)


De acordo com Puccini (2011), o Sistema de Prestação Constante
(SPC), muito utilizado em operações de Crédito Direto ao Consumidor
(CDC) e em financiamentos habitacionais, consiste no pagamento
da dívida por meio de prestações (PMT) constantes, sucessivas e
periódicas.
Cada prestação, ou renda, é composta de duas partes:
• Juro do período (J), calculado sobre o saldo devedor do início
do período; e
• Amortização do principal (A), correspondente à diferença entre
o valor da prestação e o juro do período.
Nota-se, na Figura 1.8, o modelo geral desse tipo de renda para um
conjunto de n pagamentos.

40 U1 - Introdução à engenharia econômica


Figura 1.8 | Sistema de prestação constante (Sistema Price)

Fonte: adaptada de Puccini, (2011, p. 133).

Em sistemas postecipados, o pagamento de ordem k (PMTk) ocorre


no ponto temporal (k) – final do período (k) que se inicia no ponto
temporal (k – 1). Portanto, o pagamento do primeiro período se dá no
ponto temporal 1 (PMT1 em 1).
Nessa renda:
• PV (SDi1) – é o valor presente que corresponde à dívida
contraída;
• PMTk= PMT – é o valor do pagamento no período (k); e
• n – é o número de termos da renda que coincide com o
número de períodos nos quais os pagamentos são feitos.
Cada pagamento periódico (PMTk) inclui parcelas de juros e de
amortização do principal, verificando-se a relação fundamental:
PMTk=Ak + Jk (4.1)
Em que:
• k indica o período no qual o pagamento se dá (1 ≤ k ≤ n).

Exemplo
Considere o parcelamento de uma dívida tributária no valor de $
1.000,00 a ser pago em 4 prestações anuais sucessivas postecipadas,
para o qual se acordou uma taxa de juros efetiva de 10% a.a. Qual é
o valor da prestação anual? Apresente um quadro demonstrativo da
operação.
Sumário: PV = SDi1 = $ 1.000,00, n = 4, i = 10% a.a., PMT = ?

U1 - Introdução à engenharia econômica 41


Solução
O cálculo da prestação é feito a partir da fórmula:
i ∗ (1 + i )n
PMT = PV ∗ = PV ∗ a[−i 1%;n ]
(1 + i )n − 1

(1 + 0,10)4
PMT = 1.000 ∗ = 1.000 ∗ 0, 3154708 = 315, 47
0,1∗ (1 + 0,10)4 − 1

Observe que a tabela de fatores financeiros para i = 10%, fornece o


valor a([( −101)%;4 ]) = 0, 3154708.
O quadro geral da operação, também denominado quadro geral de
amortização, é o seguinte:
Quadro 1.3 | Amortização de dívida (SPC)
Quadro Geral de Amortização – SPC
Período PMTk SDik Jk = SDik * i Ak = PMTk - Jk SDfk = SDik + Jk
0-1 315,47 1.000 100,00 215,47 784,53
1–2 315,47 784,53 78,45 237,02 547,51
2–3 315,47 547,51 54.75 260,72 286,79
3–4 315,47 286,79 28,68 286,79 0,00
SDik – saldo devedor de início do período k.
SDfk – saldo devedor de final do período k.
Fonte: Adaptado de Puccini (2011, p. 136).

Em análise do Quadro 1.3, nota-se que ele é ilustrativo do modo de


operação do sistema: o juro devido ao fim de cada período é calculado
diretamente do saldo devedor do começo desses períodos (Jk = SDik
*i), e as amortizações pelas diferenças entre o pagamento (PMT) e o
juro de cada período (Jk). Ao fim de cada um dos períodos, sobra um
saldo devedor SDfk que é o saldo devedor do começo do período
subsequente.
Observe ainda que a parcela de juros diminui ao passo que a parcela
de amortização aumenta em cada prestação por um fator constante,
verificando-se sempre a relação:
PMTk = Ak + Jk

Conforme pode-se observar na Figura 1.9.

42 U1 - Introdução à engenharia econômica


Figura 1.9 | Comportamento de juros e amortização

Fonte: adaptada de Puccini (2011, p. 137).

Para Puccini (2011), a Tabela Price é um caso particular do modelo


de prestação constante, no qual o processo de cálculo é exatamente
o mesmo.
Que segundo o autor, dois fatores caracterizam o Sistema Price:
• A prestação é obrigatoriamente mensal; e
• A taxa de juros dada é uma taxa anual nominal, sendo a taxa
efetiva mensal “calculada por proporcionalidade”.
Em outras palavras: n é expresso em meses e a taxa efetiva de juros
ia
é im = .
12
Para saber mais

Leia mais sobre sistema Price de amortização. Disponível em: <https://


www.youtube.com/watch?v=oi1KWFrOTxE>. Acesso em: 27 jul.2017.

4.3. Sistemas de Amortização Constante (SAC)


É possível perceber que nos modelos anteriormente apresentados
os pagamentos eram constantes?
Segundo Puccini (2011), no Sistema de Amortização Constante
(SAC) o que é constante é a parcela de amortização. O juro é
decrescente, levando, portanto, a prestações decrescentes no
tempo. Os pagamentos são compostos, de modo análogo aos casos
anteriores, de dois elementos:
• Amortização (A): é constante ao longo de todo o plano de
pagamentos; e
• Juro (J): são calculados sobre os saldos devedores dos
períodos imediatamente anteriores.
O pagamento, ou renda, devido em cada período é:

U1 - Introdução à engenharia econômica 43


PMTk = Ak + Jk = A + Jk (4.2)
(1 ≤ k ≤ n)
É notável para Puccini (2011), que no SAC o que permanece
constante é a parcela de amortização, enquanto que no SPC o que
permanece constante é o valor da prestação. O SAC também pode
operar nos modos postecipados, antecipado e diferido. As fórmulas
gerais para um SAC imediato e postecipado são evidenciados e
mostradas a seguir na Figura 1.10.
Figura 1.10 | SAC imediato e postecipado

Fonte: adaptada de Puccini (2011, p. 149).

A nomenclatura envolvida nas fórmulas do SAC é:


• PV – Principal ou saldo devedor inicial;
• i – Taxa de juros periódica efetiva; e
• n – Prazo em períodos.
O valor de cada prestação, ou renda, está dado pela expressão
(4.2.1):
PMTk = A + Jk 1≤k≤n
Em que,
• PMTk– é a k-ésima prestação ou renda (que ocorre no ponto k+1
para o modelo postecipado);
• A – é a amortização, que é constante em todos os pagamentos; e
• Jk – é o juro referente a k-ésima prestação.
Nota-se que:
• Jk e PMTk são uniformemente decrescentes em k;
• A taxa de juros e os períodos de pagamento das prestações são
expressos em unidades compatíveis; e
• A primeira prestação, ou renda, é devida ao final do primeiro
período (modelo postecipado).

44 U1 - Introdução à engenharia econômica


Para saber mais

Faça a leitura do texto sobre o modelo básico de SAC. Disponível em:


<http://www.clubedospoupadores.com/financiamentos/tabela-sac-
sistema-de-amortizacao-constante.html>. Acesso em: 27 jul. 2017.

Exemplo:
Considere um empréstimo de $ 1.000,00 a ser pago, por meio
do modelo SAC em quatro prestações anuais sucessivas, imediatas e
postecipadas, para o qual se convencionou uma taxa de juros de 10%
a.a. Qual é o valor da prestação anual? Monte um quadro demonstrativo
da operação.
Sumário de dados: PV=$ 1.000,00, n=4, (k=1, 2, 3 e 4), i = 10% aa,
mod. SAC postecipado.

Solução:
a) O cálculo da amortização contida em cada pagamento é feito a
partir da expressão:
PV 1.000
=
A = = 250, 00
N 4

(Constantes nos 4 pagamentos)

b) O juro, o valor de cada pagamento e o saldo devedor


remanescente são calculados a partir das fórmulas:
 n − k + 1
J k = PV ∗ i ∗  
 n 

 4 − 1 + 1
J k = 1.000 ∗ 0,10 ∗   = 100, 00 (k=1)
 4 

PMT1=A+J1 =250,00+100=350,00

n − k 
SDfk = PV ∗  
 n 

 4 − 1
SDf1 = 1.000 ∗   = 750, 00
 4  (k=1)

U1 - Introdução à engenharia econômica 45


O quadro geral de amortização está demostrado a seguir:

Quadro 1.4 | SAC postecipado e imediato


Quadro Geral de Amortização – SPC
Período PMTk SDik Jk = SDik * i Ak = PMTk - Jk SDfk = SDik + Jk
0-1 350,00 1.000,00 100,00 250,00 750,00
1–2 325,00 750,00 75,00 250,00 500,00
2–3 300,00 500,00 50,00 250,00 250,00
3–4 275,00 250,00 25,00 250,00 0,00
SDik– saldo devedor de início do período k.
SDfk– saldo devedor de final do período k.
Fonte: adaptado de Puccini (2011, p. 152).

Nota-se que o valor das prestações é decrescente; as prestações


iniciais do SAC são maiores do que as do SPC, ou seja, o inverso
ocorrendo para as últimas.

Questão para reflexão


Qual é a diferença elementar entre o sistema de amortização SAC e
PRICE, e em que isso refletiria em suas finanças pessoais e para o seu
negócio?

Atividades de aprendizagem
1. (AFRE – MG 2005 ESAF) Um empréstimo contraído no início de abril, no
valor de R$ 15.000,00, deve ser pago em dezoito prestações mensais iguais,
a uma taxa de juros compostos de 2% ao mês, vencendo a primeira prestação
no fim de abril, a segunda no fim de maio e assim sucessivamente. Calcule
quanto é pago de juros na décima prestação, desprezando os centavos.
Dados: P = 15.000, n=18 meses, i= 2% a.m., J10=?

2. (IFECT – RN 2005) Construa a planilha de um empréstimo no valor de


R$ 50.000,00 pelo sistema de quitação (SAC) Sistemas de Amortização
Constante, à taxa de juros de 2% ao mês. Considere o prazo do empréstimo
de 8 meses.

46 U1 - Introdução à engenharia econômica


Planilha no Sistema de Amortização Constante

Mês Saldo devedor Amortização Juros Prestação

0 50.000,00 - - -

1 43.750,00 6.250,00 1.000,00 7.250,00

2 37.500,00 6.250,00 875,00 7.125,00

3 31.250,00 6.250,00 750,00 7.000,00

4 25.000,00 6.250,00 625,00 6.875,00

5 18.750,00 6.250,00 500,00 6.750,00

6 12.500,00 6.250,00 375,00 6.625,00

7 6.250,00 6.250,00 205,00 6.500,00

8 0,00 6.250,00 125,00 6.375,00

Total - 50.000,00 4.500,00 54.500,00

Fonte: <https://docente.ifrn.edu.br/nonatocamelo/disciplinas/matematica- financeira/resolucao-do-trabalho-sobre-


sistema-de-amortizacao>. Acesso em: 27 jul. 2017.

Fique ligado
Na primeira seção foi apresentado a introdução à matemática
financeira suas principais terminologias e alguns conceitos básicos
de finanças, que são utilizados na gestão financeira de negócios e
empresas, na segunda seção abordou-se os conceitos de Juros simples
(capitalização simples), bem como, seus conceitos básicos do regime
de juros simples, e conteúdo de proporcionalidade e equivalência de
taxas. Na terceira apresentou-se a os juros compostos (capitalização
composta) onde abordou-se os principais conceitos básicos do regime
de juros compostos, bem como, conteúdos de proporcionalidade e
equivalência de taxas. Na última seção apresenta-se os principais
regimes de amortização de débitos (SAC e PRICE) utilizados pelos
mercados financeiros comerciais (privado e público).

Para concluir o estudo da unidade


Caro aluno, chegamos ao fim desta unidade. Para aprofundar seus
estudos, você pode continuar pesquisando o assunto em materiais e
artigos da internet. O campo de aplicação das seções desta unidade
é bastante amplo, pois suas técnicas são necessárias em operações
de financiamento de quaisquer naturezas: crédito a pessoas físicas e a
empresas, financiamentos habitacionais, crédito direto ao consumidor
e outras. Essas técnicas financeiras são também úteis quando você tem
de se decidir entre investimentos alternativos. Nessas situações, é o
uso dessas técnicas que permite conhecer os custos e os eventuais
benefícios dessas operações, possibilitando tomadas de decisão
mais racionais. Em gestão de negócios públicos ou privados, seu
conhecimento é absolutamente imprescindível, uma vez que os

U1 - Introdução à engenharia econômica 47


custos dos financiamentos dados e recebidos e boas decisões de
investimento são peças centrais do sucesso da gestão. Esta unidade
do livro pretende ajudá-lo a desvendar essas técnicas para que você
possa gerir os seus interesses financeiros e os da sua organização com
racionalidade e eficiência.

Atividades de aprendizagem da unidade


1. Um indivíduo tomou emprestada a quantia de R$ 2.000,00 no mês de
janeiro no “Banco Thai”. Este empréstimo será pago no fim do mês de junho,
visto que este é o prazo máximo determinado pelo banco para pagamento
deste empréstimo. O pagamento será em única parcela no vencimento do
período do período. Considerando que a taxa de juros deste empréstimo é
2% a.m. e o regime de capitalização é simples, qual será o montante a ser
pago por este individuou?
a) R$ 2.240,00 c) R$ 2.320,00
b) R$ 2.120,00 d) R$ 2.410,00

2. No regime de capitalização simples os juros são calculados sempre com


base no capital inicial e, por isso, o seu crescimento de forma linear. Dessa
forma, os juros crescem de forma constante e em proporção ao tempo.
No fim do período da capitalização temos um montante. Logo, o valor do
montante em capitalização simples poder calculado da seguinte forma:
a) somatório dos juros do período e do capital inicial
b) produto entre a taxa de juros e período (n)
c) pela subtração entre o capital os juros acumulados no período (n)
d) pela divisão entre os juros e o capital inicial

3. Um investidor aplicou a quantia de R$ 25.000,00 em títulos de renda


fixa no Banco TOP à taxa de 3,5% a.m. O objetivo do investidor é obter
uma remuneração adequada aos riscos que este tipo de título apresenta
bem como proteger seu capital dos efeitos da inflação. Deste modo, qual
é o juro recebido nesta aplicação, considerando o regime de capitalização
composto?
a) R$ 7.250,60 c) R$ 6.130,34
b) R$ 6.806,98 d) R$ 8.231,25

4. Um investidor aplicou em títulos públicos pelo período de nove meses


à uma taxa de juros de 1,86% a.m. No final do período da aplicação o
investidor resgatou o montante de R$ 95.000,00. Considerando o período
da aplicação, a taxa de juros e que o regime de capitalização foi o composto,

48 U1 - Introdução à engenharia econômica


qual o capital inicial aplicado?
a) R$ 91.405,56 c) R$ 80.480,48
b) R$ 89.870,45 d) R$ 85.340,68

5. [Prova BB 2013 – Fundação Carlos Chagas]Um empréstimo de R$


800.000,00 deve ser devolvido em 5 prestações semestrais pelo Sistema
de Amortizações Constantes (SAC) à taxa de 4% ao semestre. O quadro
demonstrativo abaixo contém, em cada instante do tempo (semestre),
informações sobre o saldo devedor (SD), a amortização (A), o juro (J) e a
prestação (P) referentes a esse empréstimo. Observe que o quadro apresenta
dois valores ilegíveis.
Semestre SD (em R$) A (em R$) J (em R$) P (em R$)

0 800.000,00 - - -

1 640.000,00 160.000,00 32.000,00 192.000,00

2 480.000,00 160.000,00 25.000,00 185.600,00

3 320.000,00 160.000,00 19.200,00 179.200,00

4 160.000,00 160.000,00 12.800,00 172.800,00

5 - 160.000,00 ######## ########

Se o quadro estivesse com todos os valores legíveis, o valor correto da


prestação P, no último campo à direita, na linha correspondente ao semestre
5, da tabela, seria de;
a) 170.300,00. c) 166.400,00.
b) 167.500,00. d) 162.600,00.

6. Uma geladeira é vendida, pelo pagamento à vista, por R$ 1 200,00. Caso


o consumidor queira parcelar o eletrodoméstico, será cobrada uma taxa de
juros no valor de 2% ao mês. Considerando que uma pessoa comprou a
geladeira em 12 prestações iguais, calcule o valor das parcelas utilizando o
sistema Price;
a) 113,47. c) 110, 47.
b) 167,00. d) 162, 47.

U1 - Introdução à engenharia econômica 49


Para concluir o estudo da unidade
Até este momento foram estudados modelos básicos de
sistemas de amortização utilizados em financiamentos de diversas
naturezas. Todos os exemplos foram resolvidos para o mesmo valor
de empréstimo, mesmo prazo e mesma taxa de juros, no entanto, é
notável que os valores despendidos para pagamento foram diferentes
nos diversos modelos. Esperamos que se tenha atentado para o fato de
que todos eles são totalmente equivalentes porque foram resolvidos
com a utilização da mesma taxa efetiva de juros. O SPC tem larga
aplicação no crédito direto ao consumidor e no sistema financeiro da
habitação; o SAC é mais largamente utilizado no sistema financeiro da
habitação e nos demais sistemas em aplicações comerciais diversas.

50 U1 - Introdução à engenharia econômica


Referências
ASSAF NETO, Alexandre. Matemática financeira e suas aplicações. São Paulo: Atlas, 2008.
ASSAF NETO, Alexandre; LIMA, Fabiano Guasti. Curso de administração financeira. São
Paulo, Atlas, 2008.
FARIA, Rogério Gomes. Matemática comercial e financeira. São Paulo: Ática, 2007.
LACOMBE, Francisco José Masset. Dicionário de negócios. São Paulo: Saraiva, 2009.
ROCHA, Marcos A. Matemática Financeira. Disponível em: <https://www.passeidireto.
com/arquivo/20476514/apostila-matematica-financeira-cap-1-e-2-prof-marcos-alves).
Acesso em: 28 ago. 2017.
MATHIAS, Washington Franco; GOMES, José Maria. Matemática financeira. São Paulo:
Atlas, 2009.
PAMPLONA, E.O., Cavalcanti filho, A. Engenharia Econômica. Apostila, 1987.
PUCCINI, Aberlado Lima. Matemática financeira objetiva e aplicada. São Paulo: Saraiva,
2008.
PUCCINI, E. C. Matemática financeira e analise de investimentos. Florianópolis:
Departamento de Ciências da administração / UFSC; [Brasília] CAPES; UAB, 2011. 204 p.

U1 - Introdução à engenharia econômica 51


Unidade 2

Análise econômica dos custos


industriais
Leuter D. Cardoso Jr.

Objetivos de aprendizagem
A proposta do nosso estudo é compreender a contabilidade
de custos por meio das suas definições teóricas e dos sistemas
de custeio que permitem determinar o custo de um produto ou
serviço.

Seção 1 | Contabilidade de custos


Na seção inicial, o estudo estará focado na compreensão das terminologias
essenciais para contabilidade de custos, bem como nas suas aplicações para
determinar o custo de um produto ou serviço.

Seção 2 | Sistemas de custeio


Essa é uma seção para verificar os sistemas para contabilidade de custos
no meio empresarial. Assim serão estudados os sistemas convencionais que se
têm na contabilidade de custos.
Introdução à unidade
O conhecimento gerencial e estratégico sobre os custos de
produção é fundamental para que uma organização possa ser
competitiva ao longo do tempo. Por essa razão um dos objetivos desta
unidade de estudos é compreender os fundamentos e técnicas para a
gestão de custos dentro das organizações.
O princípio do nosso estudo está pautado nos conceitos e
fundamentos da contabilidade de custos. Por conseguinte, serão
estudados aspectos ligados às formas de custeio para determinar o
custo total de um produto ou serviço.
Seção 1
Contabilidade de custos
Introdução à seção

Para contabilizar um gasto produtivo é necessário ter a noção exata


das terminologias contábeis, com isso, o gestor terá a capacidade de
apurar os custos e despesas da melhor forma adequada.
Apurar os gastos produtivos da forma correta é fundamental para
que a organização tenha condições de verificar a eficiência dos seus
processos produtivos e, assim, compreender quais são os produtos ou
serviços que geram as maiores taxas de lucratividade ou prejuízo.

1.1 Terminologias contábeis de custos


Conforme Pinto et al. (2008), há diversas terminologias empregadas
na contabilidade de custos. Assim podemos destacar as seguintes
terminologias para nosso estudo:
Gastos.
Investimentos.
Custo.
Despesa.
Perda.

Desse modo, iremos abordar cada uma dessas terminologias a fim


de compreendê-las no contexto da contabilidade de custos.
a) Gastos: é entendido como o valor pago ou assumido para
adquirir a propriedade de um bem ou serviço. São exemplos:
• Gastos com mão de obra.
• Gastos com aquisição de mercadorias para revenda.
• Gastos com aquisição de matérias primas para industrialização.
• Gastos com energia elétrica.
• Gastos com aluguéis.

56 U2 - Análise econômica dos custos industriais


b) Investimentos: são os recursos comprados pela organização
e que serão utilizados na sua estrutura empresarial, bem como no
processo de manufatura ou prestação de serviços. São exemplos:
• Aquisição de móveis e utensílios.
• Aquisição de imóveis.
• Aquisição de marcas e patentes.
• Estoques (matéria-prima).
• Contas a receber.
c) Custos: são os recursos consumidos ao longo do processo de
produção ou prestação de serviço de forma parcial ou total. Logo,
esses recursos servem de base para formação do produto ou para
prestar um serviço. São exemplos:
• Salário do pessoal da produção.
• Matéria-prima utilizada no processo produtivo.
• Mercadorias para venda.
• Combustíveis e lubrificantes usados em máquinas e equipamento
da fábrica.
• Aluguéis e seguros de prédio e fábrica.
• Depreciação de equipamentos.
• Gastos com manutenção de máquinas.
d) Despesas: ao contrário dos custos, as despesas, não estão ligadas
ao processo de produção ou prestação de serviço. Assim, são gastos
que advêm das atividades secundárias ao processo de produção ou
serviço. São exemplos:
• Salários do pessoal de venda.
• Salários do pessoal administrativo.
• Despesas com a sede administrativa (água, luz...).
• Gastos com combustíveis e alimentação do pessoal de vendas.
• Aluguéis e seguros da sede administrativa.
e) Perda: esses são tipos de gastos que decorrem de forma
involuntária, isto é, é um evento adverso que ocorre na organização.
Assim, as perdas podem ocorrer em função:
• Incêndio.
• Obsoletismo de estoques.

U2 - Análise econômica dos custos industriais 57


• Período de greve.
• Enchente.
• Furto ou roubo.
Além dos exemplos apresentados é possível que as perdas ocorram
em função da atividade produtiva normal, e, assim, podemos citar
aquelas perdas com matérias-primas na produção industrial. Por
exemplo:
• Uma indústria de sapatos que aproveita apenas 80% dos rolos de
couro e considera 20% como perda técnica.
• A costureira que considera como custo o preço do pano total sem
se importar com os retalhos.
Em resumo podemos definir que os gastos compreendem os
investimentos, custos, despesas e perdas no meio empresarial. Assim,
os gastos são entendidos como desembolsos financeiros que podem
gerar um retorno ou não para a empresa.
Figura 2.1 | Gastos empresariais

Fonte: elaborada pelo autor.

1.2 Classificações de custos


Nessa seção iremos apresentar as classificações dos custos e,
assim, compreendê-los a partir do volume de produção ou do produto
que está em manufatura. Os custos podem ser classificados em:
• Diretos.
• Indiretos.
• Fixos.
• Variáveis.

58 U2 - Análise econômica dos custos industriais


Dessa forma, será estudado cada tipo de custo para que seja
possível, posteriormente, compreender as formas para contabilizar os
custos de produção ou de um serviço.

1.2.1 Quanto ao produto (diretos e indiretos)


I. Custos diretos
Os custos diretos podem ser alocados de forma direta aos produtos
ou serviços e, além disso, oscilam com o volume de produção. Podem
ser considerados exemplos:
• Matéria-prima.
• Mão de obra direta.
• Material de embalagem.
• Depreciação de equipamento quando é utilizado para produzir
apenas um produto.
Assim, os custos diretos podem ser apropriados sem um
direcionador e/ou rateio aos produtos ou serviços, desde que se possa
ter uma medida específica.

II. Custos indiretos


No estudo da contabilidade de custos entendemos que o custo
indireto é todo aquele gasto que não pode ser identificado a uma
unidade de produto ou serviço, visto que, esse tipo de custo é utilizado
na produção conjunta de uma série de produtos ou serviços.
Por esse motivo, há necessidade da utilização de um sistema de
rateio para alocá-los. Assim, sempre que houver a necessidade de
utilizar qualquer sistema de rateio para apropriação de custos, ou
estimativas para sua apropriação e não de medição direta, o custo é
indireto. São exemplos:
• Depreciação de equipamentos que são utilizados na fabricação de
mais de um produto.
• Salários de chefes de supervisão de equipes de produção.
• Aluguel da fábrica.
• Gastos com limpeza e manutenção da fábrica.

U2 - Análise econômica dos custos industriais 59


1.2.2 Quanto ao volume de produção (fixos e variáveis)
Em nosso estudo já compreendemos o que são custos direitos e
indiretos e, assim, podemos entender que a classificação desses custos
está em função da sua forma de alocação (apropriação) ao produto.
Para prosseguir em nossa análise sobre a classificação dos
custos iremos abordar os custos fixos e variáveis. Esses custos serão
classificados em função do volume de produção.

a) Custos fixos
Os custos fixos são entendidos como aqueles que não oscilam
por um determinado período de tempo em função do volume de
produção. Assim, esses custos têm seus valores fixos. Dessa forma,
mesmo que o volume de produção aumente ou diminua, os custos
fixos permanecerão inalterados. São exemplos:
• Aluguéis.
• Depreciação dos equipamentos.
• Salários de vigias e porteiros da fábrica.
• Prêmios de seguro.

b) Custos variáveis
Os custos variáveis estão em função do volume de produção
das empresas, assim, esses custos têm uma correlação diretamente
proporcional com cada unidade produzida. Logo para determinar
a classificação do custo é necessário observar como ele reage às
alterações no volume de produção.

São exemplos de custos variáveis:


• Materiais diretos consumidos (matéria-prima).
• Embalagens.

1.2.3 Classificação das despesas


Conforme Bruni e Famá (2003), da mesma forma que é possível
classificar os custos em função do volume de produção é possível
também classificar as despesas de uma organização da seguinte forma:
a) Despesas fixas: essas não oscilam em função das atividades que

60 U2 - Análise econômica dos custos industriais


a empresa desenvolve ao longo do seu ciclo produtivo ou comercial.
Assim podemos citar como exemplo: o aluguel e seguro da loja.
b) Despesas variáveis: esse tipo de gasto oscila conforme o ritmo
das atividades empresariais. Como exemplo é possível citar: a comissão
de vendedores, gastos com fretes.

1.3 Diferenciação entre custos e despesas


Para aspectos gerenciais e de contabilidade é preciso diferenciar
como os custos e despesas são classificados e apurados dentro de
uma organização. Assim é possível verificar esta diferenciação por
meio da Figura 2.2.

Figura 2.2 | Diferenciação de custos e despesas

Fonte: Bruni e Famá (2003).

A diferença entre custos e despesas está no seu envolvimento


com a produção do produto ou serviço, visto que todo o dispêndio
incorrido para produzir um produto ou serviço é considerado custo.
Por exemplo:
Custos para produção de cadeiras:
• Matéria-prima (madeira, parafusos, tinta etc).
• Salário do funcionário que da linha de produção.
• Energia consumida para produção da cadeira.
Por outro lado, as despesas não estão envolvidas diretamente com
o processo de produção, ou seja, são atividades de suporte à produção
da cadeira. Por exemplo: o salário do pessoal administrativo, comissão
de vendedores, energia e limpeza do prédio da administração e outros.

U2 - Análise econômica dos custos industriais 61


1.4 Análise dos custos, despesas, preço e lucros
Os custos são apropriados aos produtos conforme sua natureza
de classificação e contabilidade. Os produtos finais são destinados
aos estoques até o momento da sua comercialização. Logo após
esse momento, ou seja, o comércio, do produto, os custos estarão
integrados ao Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE), uma
vez que é preciso apurar os resultados financeiros das atividades
comerciais da empresa.
Os custos estarão apresentados na DRE com a seguinte
denominação custo do produto vendido (CPV, para produção de um
bem qualquer), custo das mercadorias vendidas (CVM, para operações
de comercialização) ou custo dos serviços prestados ou vendidos (CSP
ou CSV, para operações de serviços).
As despesas são contabilizadas na DRE, porém não estão
computadas nos estoques, visto que não são parte integrante do
processo de produção do bem ou serviço. Em linhas gerais, as
despesas, são apuradas para contabilizar o resultado do exercício
e, com isso, verificar se houve lucro ou prejuízo com a produção
e comercialização. Na Figura 2.3 é possível analisar a apuração dos
custos e despesas da empresa.
Figura 2.3 | Custos e despesas no resultado do exercício
Balanço patrimonial
Demonstração do
resultado do exercício
Custos diretos e indiretos
(+) Receitas

(+) Custos do DRE


CMV
Estoques CSP

Materiais diretos
Produção em elaboração
(-) Despesas
Produtos acabados

(=) Resultados

Fonte: Bruni e Famá (2003).

Questão para reflexão


Como os custos diretos têm a capacidade de aumentar o valor dos
estoques no Balanço Patrimonial?

62 U2 - Análise econômica dos custos industriais


1.5 Equações de custo, receita e lucro
Com o estudo das terminologias e as classificações para os custos,
o próximo passo será analisar as equações para os custos. As equações
que iremos estudar são:
• Custo direto
• Custo de transformação
• Custo total
• Custo integral
Assim, iremos apresentar cada uma das respectivas equações para
contabilidade de custos. Além disso, serão abordadas as equações de
receita e lucro.

1.5.1 Equação dos custos


As principais equações para os custos de produção são:
a) Custo direto = Materiais Diretos (MD) + Mão de Obra Direta
(MOD)
b) Custo de Transformação = MOD + Custos Indiretos de Fabricação
c) Custo Total = MD + Custo de Transformação
d) Gasto Total do Produto. (Custo Integral) = Custo Total + Despesas

1.5.2 Casos práticos


I. Caso da Empresa Altus
Suponha que a empresa Altus tenha a seguinte estrutura de custos
para seu processo produtivo como um todo.

Descrição do subgrupo e conta Valor ($)


Materiais requisitados: diretos 8.200
Salários dos operários 9.400
Depreciação do parque industrial 1.700
Aluguel da fabrica 5.200
Materiais requisitados: indiretos 950
Seguro da área industrial 2.600
Aluguel do escritório administrativo 7.400
Depreciação de computadores da diretoria 720

U2 - Análise econômica dos custos industriais 63


Considerando a estrutura da empresa Altus, qual será o custo direito,
transformação e total? Para encontrar a solução para nossa questão-
problema iremos inicialmente classificar os custos.

Descrição do subgrupo e conta Valor ($)


Materiais Diretos (MD)
Materiais requisitados: diretos 8.200
Mão de Obra Direta (MOD)
Salário dos operadores 9.400
Custos Indiretos de Fabricação (CIF)
Depreciação do parque industrial 1.700
Aluguel da fábrica 5.200
Materiais requisitados: indiretos 950
Seguro da área industrial 2.600
Despesas
Aluguel do escritório administrativo 7.400
Depreciação de computadores da diretoria 720

Com os custos classificados podemos avançar em nossa solução


e, com isso calcular os custos diretos, transformação e integral. Dessa
forma, temos que:
A. Custos diretos = 8.200 + 9.400 = $ 17.600
B. Custo de transformação = 9.400 + 10.450 = $19.850
C. Custo integral = 8.200 + 9400 + 10.450 + 8.120 = $ 36.170

II. Caso da Empresa Deore


A empresa “Deore” Ltda. produz apenas dois produtos: SLX e o XT.
Para a produção destes produtos a empresa tem a seguinte estrutura
de custos.

Itens R$
Supervisão da fábrica 230.000
Mão de obra do produto SLX 220.000
Mão de obra do produto XT 95.000
Material indireto 12.000
Matéria-prima do produto SLX 160.000
Matéria-prima do produto XT 190.000

64 U2 - Análise econômica dos custos industriais


Manutenção de máquinas 5.600
Energia elétrica da fábrica 8.900

Referente à produção desta empresa temos as seguintes


informações:
Produto Nº requisições Consumo Nº de Nº horas produção
de material de energia funcionários máquinas (unidades)
elétrica
(Kwh)
Produto 350 4.500 22 5.500 15.000
SLX
Produto 250 4.100 19 4.500 10.000
XT

Os custos indiretos deverão ser distribuídos por seus direcionadores


correspondentes:
Custos indiretos: Direcionador
Supervisão da fábrica Nº de funcionários
Material indireto Nº requisições de material
Manutenção de máquinas Nº horas máquinas
Energia elétrica da fábrica Consumo de energia elétrica (Kwh)

Considerando os dados da produção para SLX e XT, vamos realizar


os seguintes cálculos:
a) Custo direto por produto.
b) Custo indireto por produto.
c) Custo unitário por produto.
Para que possamos iniciar nossos cálculos, vamos classificar os
itens de custos em diretos e indiretos.

Itens R$ Classificação
Supervisão da fábrica 230.000 Custo indireto
Mão de obra do produto SLX 220.000 Custo direto
Mão de obra do produto XT 95.000 Custo direto
Material indireto 12.000 Custo indireto
Matéria-prima do produto SLX 160.000 Custo direto
Matéria-prima do produto XT 190.000 Custo direto
Manutenção de máquinas 5.600 Custo indireto
Energia elétrica da fábrica 8.900 Custo indireto

U2 - Análise econômica dos custos industriais 65


Com os itens de custos classificados podemos encontrar os custos
diretos por produto:

Custos diretos: Produto SLX Total Unitário


Mão de obra do produto SLX 220.000 14,67
Matéria-prima do produto SXL 160.000 10,67
Total 25,34

O custo direto para o produto XT será:

Custo direto: Produto XT Total Unitário


Mão de obra do produto XT 95.000 9,5
Matéria-prima do produto XT 190.000 19
Total 28,5

Como já encontramos o resultado para os custos diretos podemos


neste momento distribuir os custos indiretos a cada produto. O
primeiro passo será distribuir os custos da supervisão da fábrica (valor
R$ 230.000,00) para cada produto por meio do seu direcionador.

Supervisão da fábrica
Nº de % / Distribuição por
custo unitário
funcionários Total produção
Produto SLX 22 53,6585 R$ 123.414,63 8,23
Produto XT 19 46,3415 R$ 106.585,37 10,66
Total 41 100,00 R$ 230.000,00

O próximo passo é a distribuição dos custos do material indireto


(valor R$ 12.000,00) para cada produto conforme seu direcionador.

Material indireto
Nº requisições % / Distribuição por
custo unitário
de material Total produção
Produto SLX 350 58,3333 R$ 7.000,00 0,47
Produto XT 250 41,6667 R$ 5.000,00 0,50
Total 600 100,00 R$ 12.000,00

Agora serão distribuídos os custos de manutenção de máquinas


(Valor R$ 5.600,00) para cada produto conforme seu direcionador.

66 U2 - Análise econômica dos custos industriais


Manutenção de máquinas
Nº horas % / Distribuição por
custo unitário
máquinas Total produção
Produto SLX 5.500 55,00 R$ 3.080,00 0,21
Produto XT 4.500 45,00 R$ 2.520,00 0,25
Total 10.000 100,00 R$ 5.600,00

Na sequência iremos distribuir os custos da Energia elétrica da fábrica


(valor R$ 8.900,00) para cada produto conforme seu direcionador.

Energia elétrica da fábrica


consumo de
% / Distribuição por
energia custo unitário
Total produção
elétrica (Kwh)
Produto SLX 4.500 52,33 R$ 4.656,98 0,31
Produto XT 4.100 47,67 R$ 4.243,02 0,42
Total 8.600 100,00 R$ 8.900,00

Com os cálculos realizados conseguimos encontrar os custos


diretos e indiretos por produto, sendo eles:

Custo direto unitário Produto SLX Produto XT


Mão de obra do produto 14,67 9,50
Matéria-prima do produto 10,67 19,00
Total 25,34 28,50

Custo indireto unitário Produto SLX Produto XT


Supervisão da fábrica 8,23 10,66
Material indireto 0,47 0,50
Manutenção de máquinas 0,21 0,25
Energia elétrica da fábrica 0,31 0,42
Total 9,22 11,83

Conseguimos encontrar o custo direto e indireto para cada um dos


produtos da empresa Deore. Assim para finalizar o nosso caso iremos
apresentar o custo unitário de ambos os produtos.

U2 - Análise econômica dos custos industriais 67


Custos unitários Produto SLX Produto XT
Supervisão da fábrica 8,23 10,66
Mão de obra do produto 14,67 9,5
Material indireto 0,47 0,50
Matéria-prima do produto 10,67 19
Manutenção de máquinas 0,21 0,25
Energia elétrica da fábrica 0,31 0,42
Total 34,56 40,33

1.5.3 Equações da receita e lucro


Com o entendimento sobre as definições e as equações para
custos, podemos avançar nessa seção de estudos apresentando as
equações para receita e lucro:
a) Equação receita: R = Q X P
Onde:
R = receita
Q = Quantidade produzida ou serviço prestador
P = Preço
b) Equação Lucro: L = R – C – D
Onde:
L = lucro
C = Custo
D = Despesa
c) Margem percentual de Lucro: L (%) = L/R
Suponha que a fábrica de Refrigerantes “Refrescos Bom” vende
seus produtos por um preço unitário de $ 3,00. Os custos unitários da
empresa são iguais a $ 1,80, as despesas unitárias são iguais a $ 0,60.
Pede-se para calcular a margem de lucro da empresa em unidades
monetárias e em percentual.
Resposta: L (%) = 0,60/3,00 = 0,2 ou 20%.

Para saber mais

É possível notar com nosso estudo que o custo é entendido como


gasto envolvido diretamente com o processo de produção de um

68 U2 - Análise econômica dos custos industriais


produto. Por outro lado, as despesas não estão ligadas a este processo,
pois normalmente são atividades secundárias à produção. Por exemplo,
setor administrativo das empresas.

Atividades de aprendizagem
1. A empresa BB1 Ltda. atua no setor de bebidas lácteas na região sul do país.
O gerente financeiro da BB1 está preocupado com a estrutura de custos
da empresa, uma vez que a economia está passando por um processo
inflacionário. Assim, considere os seguintes gastos para calcular os custos
diretos:
• Insumos de produção = R$ 6.000.000,00
• Salário e encargos dos operários industriais = R$ 2.300.000,00
• Salário do pessoal da manutenção industrial = R$ 920.000,00
• Energia elétrica na área industrial = R$ 650.000,00
• Aluguel do prédio industrial = R$ 3.200.000,00
• Seguro do prédio administrativo = R$ 320.000,00
Considerando os custos e despesas operacionais, qual é o custo direto?
a) 8.300.000,00.
b) 8.870.000,00.
c) 5.870.000,00.
d) 6.390.000,00.
e) 4.310.000,00.

2. Suponha que a Companhia Beta opera na Região Norte do país


produzindo móveis domésticos. Assim, esta organização opera com a
seguinte estrutura de custos e despesas:
• Matérias-primas (chapas de MDF e outros) = R$ 5.000.000,00
• Salários e encargos dos marceneiros = R$ 2.300.000,00
• Salários dos auxiliares de marcenaria = R$ 920.000,00
• Energia elétrica na área industrial = R$ 650.000,00
• Salário do pessoal administrativo = R$ 3.200.000,00
• Aluguel do prédio administrativo = R$ 320.000,00
Considerando os custos e despesas operacionais da Companhia Beta, qual
é o custo direto?
a) 7.300.000,00.
b) 8.220.000,00.
c) 8.870.000,00.
d) 12.390.000,00.
e) 5.870.000,00.

U2 - Análise econômica dos custos industriais 69


Seção 2
Princípios de custeio
Introdução à seção

Nesta seção de estudos iremos tratar dos princípios de custeios


e, assim, o objetivo está em contabilizar o custo de um produto ou
serviço por meio dos sistemas de custeio existentes. Os sistemas de
custeios são:
• Custeio por absorção integral.
• Custeio variável.
• Custeio padrão.
• Custeio por absorção ideal.
• Custeio por departamento.
• Custeio por atividades.

2.1 Custeio por absorção integral


No custeio por absorção integral (Custeio integral) é considerada a
totalidade dos custos (custos fixos e variáveis) para determinar o custo
do produto ou serviço de uma organização. O método de custeio
por absorção integral é exigido oficialmente pela lei das sociedades
anônimas, conforme o modelo:
Demonstrativo de resultado:

(+) Vendas brutas


(-) Impostos, devoluções, abatimentos.
= Vendas líquidas
(-) Custos dos produtos vendidos – CPV
= Margem bruta
(-) Despesas operacionais
= Resultado operacional antes do resultado financeiro
(+/-) Resultado financeiro
= Resultado operacional líquido
(+/-) Perdas e ganhos não operacionais

70 U2 - Análise econômica dos custos industriais


= Lucro antes do imposto de renda
(-) Imposto de renda e contribuição social
= Lucro líquido

Para determinar o custo de um produto ou serviço, seguindo o


princípio custo por absorção integral, será admitida a seguinte equação:

Custo = (custos fixos + custos variáveis) / produção do período

Para compreender na prática o custeio por absorção integral iremos


apresentar um exemplo:
Suponha que a Empresa Beta, em um determinado mês, produziu
50.000 unidades. Os custos totais do período atingiram $ 1.400.000,00.
Qual é o custo do produto de acordo com o custeio por absorção
integral?
Resposta: Custo unitário seria $ 28,00 (1.400.000,00/ 50.000).

2.2 Custeio variável


Neste sistema de custeio serão considerados apenas os custos
variáveis para determinar o custo do produto ou serviço. Os custos
fixos são considerados como custos do período. Vamos compreender
este sistema com um exemplo prático:
A Empresa Alfa em um determinado mês, produziu 80.000
unidades. Os custos totais do período atingiram $ 1.400.000, sendo $
1.000.000 custos fixos e $ 400.000 de custos variáveis. Qual é o custo
do produto de acordo com o custeio variável?
Resposta: O custo variável considera apenas $ 5,00
(400.000/80.000) como sendo custos do produto. O restante ($
1.000.000) é custo do período.

2.3 Custeio por absorção ideal


No custeio por absorção ideal iremos considerar todos os custos
(fixos e variáveis) para apurar o custo total de um produto ou serviço,
porém, nesse sistema, aqueles custos relacionados aos insumos
utilizados de forma ineficiente são considerados desperdícios e, por
este motivo, não são apropriados aos produtos.

U2 - Análise econômica dos custos industriais 71


Vamos avançar na prática e, com isso, apresentar um exemplo para
analisar a aplicação do custeio por absorção ideal: a empresa Jeta
produz apenas um produto e possui capacidade para produzir 100.000
unidades desse produto e, em um determinado mês, produziu 80.000
unidades. Os custos fixos do período atingem $ 1.000.000,00 e os
custos variáveis ideais são R$ 5,00 por unidade, atingindo, portanto, $
400.000 (5X80.000) no período. Quais são os custos do produto de
acordo com o custeio ideal?

Compreender o volume dos desperdícios em um processo de


produção é de suma importância para que a organização tenha a
capacidade de mensurar os custos reais do produto e, assim, otimizar
seus processos produtivos.
Desse modo, para encontrar uma solução para a questão-problema
da empresa Jeta (quais são os custos dos produtos de acordo com
o custeio ideal?) iremos confrontar a metodologia dos custos por
absorção integral com metodologia do custeio ideal.
Considerando o caso da Empresa Jeta, imagine que o preço de
venda do produto é de $ 20,00/un., e ainda o custo de $ 17,50 para
o método de custeio integral. Assim, qual será o custo da produção
considerando o custeio ideal?
O primeiro passo para encontrar a solução para nossa situação-
problema é determinar o custo do produto considerando o custeio
integral. Assim temos que:
1º Passo: Custo integral
Total ($) Unitário ($/un.)
Preço 1.600,000 20,00
Custo 1.400.000 17,50
Lucro 200.000 2,50

O segundo passo é determinar o custo produto considerando


sistema de custeio por absorção ideal. Dessa forma, podemos realizar
o seguinte cálculo:
2º Passo: Custo ideal

Total ($) Unitário ($/un.)


Preço 1.600.000 20,00

72 U2 - Análise econômica dos custos industriais


Custo 1.200.000 15,00
Lucro potencial 400.000 5,00
Desperdício 200.000 2,50
Lucro 200.000 2,50

Diante dos resultados apresentados podemos verificar que o


desperdício compreende o valor de R$ 2,50 e o lucro igual a R$ 2,50 por
unidade. O desperdício nesse caso corresponde ao custo fixo. Assim
é muito importante ter uma dimensão dos custos fixos, pois eles não
podem ser alterados no curto prazo e, por isso, poderão comprometer
a competitividade da empresa.
Considerando ainda o caso da empresa Jeta, suponha que
aumentou o acirramento da concorrência e, isso fez com que os
preços diminuíssem para $ 17,00 por unidade no mercado em geral.
Qual será o resultado operacional da empresa?

Para analisar essa nova situação da empresa Jeta no mercado


iremos percorrer o mesmo caminho para encontrar uma resposta. Será
calculado inicialmente o custo integral e, logo depois, o custo ideal.

Total ($) Unitário ($/un.)


Preço 1.600,000 17,00
Custo 1.400.000 17,50
Lucro 200.000 (0,50)

2º Passo: Custo ideal

Total ($) Unitário ($/un.)


Preço 1.600.000 17,00
Custo 1.200.000 15,00
Lucro potencial 400.000 2,00
Desperdício 200.000 2,50
Lucro 200.000 (0,50)

Com a nova situação mercadológica a empresa Jeta passou a


incorrer em prejuízos, uma vez que o preço de mercado diminui e,
com isso, comprometeu o lucro das operações comerciais. A empresa
poderá melhorar sua condição financeira quando otimizar os seus
custos e, assim, reduzir os desperdícios.

U2 - Análise econômica dos custos industriais 73


Questão para reflexão
Como o sistema de custeio ideal poderá ser integrado ao planejamento
estratégico de uma organização?

2.4 Custo-padrão
As empresas utilizam o custo-padrão para determinar um padrão
de comportamento para os custos operacionais, ou seja, padronizar
o custo para um determinado lote de produção ou um produto
específico. O mesmo pode ser aplicado para a prestação de serviços.
Para analisar na prática o custo-padrão será apresentado um
exemplo: suponha que a Empresa Internacional S.A. determinou os
seguintes padrões para sua principal matéria-prima (MP) e para a mão
de obra direta (MOD):
MP: 2Kg por unidade ao custo de $ 4/kg
MOD: 3 horas por unidade ao custo de $ 2/h
A produção do período foi de 5.000 unidades. Para isso, foram
utilizados 12.000kg de MP e 15.500 horas de mão de obra direta. O
custo de MOD foi $ 29.450. Durante o período, foram comprados
50.000 kg de MP, ao custo total de $ 205.000. Considerando esses
dados, pede-se para determinar as variações de MP e MOD.
Para analisar o caso da empresa Internacional S.A. iremos contabilizar
inicialmente os custos matéria-prima.

Custo-padrão para compra de matéria-prima


• Preço = $4/ kg
• Quantidade = 2kg/un. X 5.000 un. = 10.000 kg

Custo real da compra de matéria-prima


• Preço = $ 205.000/ 50.000 = $ 4,10
• Quantidade = 12.000 kg

74 U2 - Análise econômica dos custos industriais


Custo-padrão 4 x 10.000 = $ 40.000
Custo real 4,10 x 12.000 = $ 49.200
Variação total 40.000 – 49.200 = ($9.200)
Variação devida ao preço 12.000 (4 – 4,1) = ($1.200)
Variação devida a quantidade 4 (10.000 – 12.000) = ($8.000)

Dessa forma, podemos notar que a empresa Internacional S.A. não


conseguiu seguir o padrão determinado para os custos com matéria-
prima, uma vez que, o padrão de custo-padrão deveria ser $ 40.000,00
e o custo real foi de $ 49.200.
O próximo passo é analisar o custo para mão de obra direta e,
assim, verificar se a empresa seguiu o padrão.

Custo-padrão para mão de obra direta


• Preço = $ 2/h
• Quantidade = 3h/un. X 5.000 um = 15.000h

Custo real para mão de obra direta


• Preço = $ 29.450/ 15.500 = $ 1,9/h
• Quantidade = 15.500h

Custo-padrão 2 X 15.000 = $ 30.000


Custo real $ 29.450
Variação total 30.000 – 29.450 = $ 550,00
Variação devida ao preço 15.500 (2-1,9) = $ 1.550,00
Variação devida a quantidade 2 (15.000 – 15.500) = ($1.000,00)

2.5 Custeio por centros de custos


Esse sistema aloca os custos aos produtos considerando que a
organização está dividida em centros (departamentos). Desse modo,
os custos, são alocados aos centros, por meio de bases de distribuição
(rateios) e, depois, repassados aos produtos por unidade de trabalho.

2.5.1 Etapas do método


O método de custeio segue algumas etapas para alocar todos os
custos aos produtos finais em uma linha de produção, por exemplo.

U2 - Análise econômica dos custos industriais 75


Assim, temos as seguintes etapas:
I. Separação dos custos em itens.
II. Divisão da empresa em centros de custos.
III. Identificação dos custos com os centros (distribuição primária).
IV. Distribuição dos custos centros indiretos até os diretos
(distribuição secundária).
V. Distribuição dos custos dos centros diretos aos produtos
(distribuição secundária).
Para compreender na prática o sistema de custeio por centros
iremos apresentar um exemplo didático que demonstra a metodologia
desse sistema.

2.5.2 Caso prático


A empresa Jota utiliza o método de custeio por centros para
administrar os custos das suas linhas de produção, bem como do
produto final que comercializa no mercado. A empresa está dividida
em centros de custos, assim, temos: administração geral, manutenção,
usinagem e montagem. Os custos são: salários, energia elétrica,
depreciação e materiais de consumo.

Custos contabilizados pela empresa


Itens R$
Salários 5.000,00
Materiais de consumo 2.000,00
Depreciação 1.000,00
Energia elétrica 500,00
Total 8.500,00

A Jota produz apenas dois produtos, sendo eles: P1 e P2, os quais


passam pela usinagem e pela montagem com os seguintes padrões.

Produto Tempo de usinagem Tempo de montagem (h/un.)


P1 0,9 0,1
P2 0,1 1,4

No mês de junho, a empresa apresentou os seguintes dados:

76 U2 - Análise econômica dos custos industriais


Dados Centros de custos
Adm. Manut. Usin. Mont.
Potência instalada (HP) 5 10 30 5
Valor dos equipamentos (R$) 800 7200 8000
Materiais requisitados (R$) 200 450 500 850
Salários 2.500 500 1500 500
Nº funcionários 5 5 15 30
Tempo de manutenção (h) 108 12
Produção P1 (unidades) 200 200
Produção P2 (unidades) 100 100

Considerando os dados sobre a produção e os centros de custos,


qual é o custo do P1 e P2? Para resolver essa questão iremos apresentar
as bases de distribuição para os custos e, logo depois, desenvolver uma
matriz com as distribuições dos custos e, assim encontrar o valor para
o custo de cada produto.
É preciso ressaltar que as bases de distribuição (rateios) são definidas
em função da proporcionalidade em relação ao todo. É importante
compreender as bases de rateio, uma vez que elas irão servir de base
para distribuição dos custos. Assim, vamos apresentar as bases de
rateio que foram utilizadas e sua proporção:
Centro Potência em HP %
Administrativo 5 10
Manutenção 10 20
Usinagem 30 60
Montagem 5 10
Total 50 100

Centro Valor equipamentos (R$) %


Administrativo 800 5
Manutenção 7200 45
Usinagem 8000 50
Montagem 0 0
Total 16000 100

Centro Número de funcionários (nº) %


Administrativo 5 9,1
Manutenção 5 9,1
Usinagem 15 27,3
Montagem 30 54,5
Total 55 100

U2 - Análise econômica dos custos industriais 77


Centro Tempo manutenção (hora) %
Administrativo 108 90,0
Manutenção 12 10,0
Usinagem 0 0,0
Montagem 0 0,0
Total 120 100

Os custos foram alocados conforme as respectivas bases de


distribuição e as devidas proporções para cada centro de custos,
porém, há casos em que não é necessária uma base de distribuição e,
com isso, a distribuição é “direta”.
Com as bases de distribuição definidas iremos avançar com o
desenvolvimento da matriz de distribuição primária e secundária. Assim,
será possível determinar o custo dos centros direitos de produção
(usinagem e montagem).
Matriz de custos pela distribuição primária e secundária

Item de custo R$ Base distribuição Admin. Manut. Usin. Mont.


Salários 5000 Direto 2500 500 1500 500
En. elétrica 500 Potencia 50 100 300 50
Deprec. 1000 Valor 50 450 500
Mat. Consumo 2000 Direto 200 450 500 850
2800 1500 2800 1400

Nº de funcionários → 280 840 1680


1780 3640 3080
1602 178
Tempo de manutenção →
5242 3258

Com as distribuições primárias e secundárias o próximo passo será


encontrar o custo unitário de cada produto. Os custos dos centros
diretos são conhecidos, por isso, podemos encontrar o valor unitário
para se produzir nesses centros.
Custos por produtos da empresa Jota em junho:

Centro Usinagem Montagem


Custo total ($) 5.242,00 3.258,00
Produção equivalente (h) 190 160
Custo unitário (R$/h) 27,59 20,36

78 U2 - Análise econômica dos custos industriais


O centro usinagem apresentou como custo total o valor de R$
5.242,00 e o centro montagem R$ 3.258,00. O custo unitário para P1 e
P2 no centro usinagem é $ 24,83 e $ 2,76 respectivamente. Por outro
lado, o custo unitário para P1 e P2 no centro montagem é $ 2,04 e
28,51 respectivamente.
Custos unitários dos produtos:

Produto Usinagem Montagem Custo unitário


P1 24,83 2,04 26,87
P2 2,76 28,51 31,27

O custo unitário para P1 e P2 é respectivamente $ 26,87 e $ 31,27,


visto que P1 tem o custo unitário de $ 24,83 no centro de usinagem e
$ 2,04 no centro montagem. O P2 tem o custo unitário de $ 2,76 no
centro usinagem e $ 28,51 no centro montagem.

Para saber mais


Determinar se o custo é direto ou indireto irá depender da forma de
alocação dos produtos, uma vez que os custos indiretos não podem
ser identificados por unidades produzidas e, por isso, necessitam de
critérios para rateio. Já os custos diretos são identificados por cada
unidade produzida.

2.6 Custeio baseado em atividades (ABC)


O método de custeio baseado em atividades (ABC – abreviatura
do inglês Activity Based Costing) tem sua origem na busca por uma
melhor informação contábil e, também para auxiliar nas tomadas das
decisões operacionais e estratégicas. Esse método visa eliminar as
limitações impostas pelos sistemas tradicionais de custeio.
O sistema de custeio ABC utiliza-se dos direcionadores de custos
(cost drivers) para determinar o custo unitário de uma atividade direta
à produção de um bem ou serviço. Os custos das atividades incorrem
de alguns geradores, tais como:
• Número de setups.
• Número de clientes.
• Quantidade de ordens de compras.
• Distância percorrida entre localidades.

U2 - Análise econômica dos custos industriais 79


2.6.1 Caso prático
A Empresa Produção Mega Ltda. tem apenas um departamento
produtivo em sua operação industrial. No processo produtivo são
utilizadas duas matérias-primas (M1 e M2) e fabricados três produtos
(P1, P2 e P3). Os produtos P1e P3 utilizam 1 (uma) unidade da matéria-
prima M1 e o produto P2 usa 1 unidade de M2.
As matérias-primas têm um custo de $10,00 por unidade e foram
compradas em lotes de 200 unidades para M1 e lotes de 20 unidades
para M2. A empresa comprou 51 lotes de M1 e 10 lotes de M2 para
manufatura dos seus produtos.
A produção de P1 ocorre em lotes de 200 unidades, enquanto P2
e P3 são fabricados em conjuntos de 20 unidades. A tabela a seguir
apresenta mais dados da produção.
P1 P2 P3 Total
Produção e vendas (unidades) 10.000 200 200 10.400
Custo de MP ($/un.) 10,00 10,00 10.000 104.000
Horas de MOD (h/un.) 0,6 0,6 0,6 6.240
Custo de MOD ($/un.) 6,00 6,00 6,00 62.400
Horas – máquinas (h/un.) 0,5 0,5 0,5 5.200
Custos indiretos de fabricação ($) 223.400

O sistema de custeio ABC exige um detalhamento dos custos


indiretos de fabricação (CIF) e o levantamento das melhores informações
possíveis sobre os direcionadores. A seguir serão apresentadas as
informações detalhadas sobre o processo de produção, bem como os
custos indiretos da empresa Produção Mega:
P1 P2 P3 TOTAL
Número de lotes produzidos 50 10 10 70
Número de ordens de produção 16 2 2 20
Lotes de MP recebidos 50 10 1 61

CIF: 223.400
Recebimento de materiais 54.900
Movimentação de materiais 17.500
Preparação de máquinas 7.000
PCP 40.000
Operações de equipamentos 104.000

80 U2 - Análise econômica dos custos industriais


Os custos das atividades da empresa serão distribuídos aos produtos
por meio dos respectivos direcionadores:
A. Número de lotes de MP recebido.
B. Movimentação de materiais no processo de produção.
C. Número de ordens de produção para PCP.
D. Horas-máquinas para operação do equipamento.

I. O custo por transação de cada uma das atividades é:


Recebimento = 54.900/61 = $ 900,00 por lote recebido.
Movimentação = 17.500/70 = $ 250,00 por lote processado.
Preparação Maq. = 7.000/70 = $ 100,00 por lote processado.
PCP = 40.000/20 = $ 2.000 por ordem de produção.
Operação = 104.000/5.200 = $ 20,00 por hora-máquina.

II. Os CIF alocados aos produtos são:


CPp1 = [(50 x 900 + 50 x 250 + 50 x 100 + 16 x 2.000) / 10.000] +
0,5 x 20 = $19,45

CPp2 = [(10 x 900 +10 x 250 + 10 x 100 + 2x 2000) / 200] + 0,5x20


= $92,50

CPp3 = [(1 x 900 + 10 x 250 + 10 x 100 + 2 x 2.000) /200] + 0,5 x
20 = $52,00

Os custos indiretos foram alocados considerando os direcionadores
para cada uma das atividades ao longo do processo produtivo da
empresa. O primeiro passo para alocação dos custos indiretos foi
determinar o gasto de cada atividade produtiva e, assim, apurar os
custos dos produtos por atividades.
O custo indireto do produto P1 é $ 19,45, P2 é $ 92,50 e P3 é $
52,00 considerando todas atividades necessárias para sua produção. O
custo direto de todos os produtos é $ 16,00, visto que há um gasto de
$ 10,00 com matéria-prima e $ 6,00 mão de obra direta. Dessa forma,
o custo unitário de cada produto será formado pelo respectivo custo
indireto e direito conforme está apresentado na tabela a seguir.

U2 - Análise econômica dos custos industriais 81


P1 P2 P3
Custo direto $ 16,00 $ 16,00 $ 16,00
Custo indireto $ 19,45 $ 92,50 $ 52,00

Com esse sistema de custeio foi possível alocar os custos indiretos


conforme o gasto necessário em cada atividade para fabricar os
respectivos produtos. Logo, esse sistema permite verificar os produtos
que têm um maior ou menor custo na estrutura produtiva da empresa.
Na tabela a seguir é possível realizar um comparativo entre o sistema
tradicional (custo integral) e o sistema ABC para contabilidade dos
custos.

P1 P2 P3
Sistema tradicional $37,48 $37,48 $37,48
ABC $ 35,45 $ 108,50 $ 68,00

Podemos notar que no sistema de custeio integral os produtos têm


custos de produção iguais, porém, ao utilizar o sistema de custeio ABC
há modificações nos custos, visto que são consideradas as atividades
necessárias para elaboração dos produtos. Dessa forma, verificou-se
que o produto P1 tem o menor custo de produção e o P2 tem o maior.

Atividades de aprendizagem
1. A contabilização dos custos de produção é de suma importância para
que uma organização tenha o conhecimento da sua eficiência produtiva em
aspectos financeiro, bem como padronizar os processos de produção em
função dos seus custos. O sistema de custeio por centros tem por princípio:
a) Distribuir os custos indiretos de forma igualitária a todos os produtos ou
serviços.
b) Alocar os custos dos centros diretos para posteriormente distribuí-los aos
produtos ou serviços.
c) Definir bases de rateios a partir das atividades de apoio da empresa para
que se possível contabilizar os custos.
d) Determinar padrões de custos para cada produto ou serviços para definir
quanto se deve gastar na manufatura.
e) Nesse sistema, os custos de produção são alocados conforme a
necessidade de atividades indiretas.

82 U2 - Análise econômica dos custos industriais


2. Um dos sistemas utilizados para alocação de custos para um produto ou
serviço é o denominado sistema de custeio ABC (Activity Based Costing).
Este sistema parte do princípio de que os custos serão distribuídos de acordo
com cada atividade aos produtos ou serviços. Assim entendemos que:
a) A empresa será dividida em centros de custos e, com isso, separa todos
os custos de produção.
b) Os custos indiretos serão distribuídos às principais atividades por meio de
um sistema de rateio.
c) Os custos diretos serão alocados de forma secundária aos produtos e
serviços.
d) No sistema ABC não se utiliza o sistema de rateio, visto que o custo é
alocado por centro.
e) Esse é um sistema que foca distribuir os custos diretos às atividades
primárias da empresa.

Fique ligado
Esta foi uma unidade de ensino para que você pudesse compreender
a contabilidade de custos e seus sistemas. Assim foram abordadas
incialmente as terminologias contábeis, bem como as classificações
dos custos. Ao avançar o estudo na Unidade 2, o estudo limitou-se a
compreensão dos sistemas de custeios e as suas devidas aplicações
para apuração e contabilidade dos custos.

Para concluir o estudo da unidade


O acirramento da competitividade em muitos mercados está cada
vez maior e, por esse motivo, as organizações necessitam ter uma
gestão eficiente de todos os seus recursos para que possa manter
bons níveis de lucratividade e rentabilidade empresarial. Por isso, ter
o controle e contabilidade dos custos é fundamental para garantir
processos eficientes e que tenham a capacidade de garantir resultados
positivos. Dessa forma, prossiga com seus estudos sobre as formas e
sistemas de custeio.

Atividades de aprendizagem da unidade


1. No estudo da contabilidade de custos podemos classificá-los em função
do volume ou do produto/serviço. Desta forma, podemos entender que
a classificação dos custos em diretos e indiretos é normalmente feita em

U2 - Análise econômica dos custos industriais 83


relação ao ___________________________.
Complete lacuna com a resposta CORRETA:
a) Volume produtivo.
b) Produto ou serviços.
c) Departamento industrial.
d) Valor da depreciação anual.
e) Volume de vendas físicas.

2. A classificação dos custos é uma tarefa essencial para se calcular o custo


total de um produto bem como para formar seu preço de venda para um
produto ou serviço. Deste modo, os custos com __________________
____________________________ representam o custo direto de uma
empresa.
Complete a lacuna com a resposta CORRETA:
a) Mão de obra direta e frete das mercadorias.
b) Matéria-prima, mão de obra direta e embalagens.
c) Depreciação das máquinas e limpeza do prédio fabril.
d) Manutenção dos equipamentos, salários de supervisão e matéria-prima.
e) Salários dos gerentes da fábrica, embalagens e aluguel da fábrica.

3. A empresa Renato’s tem uma produção automatizada e, por este motivo,


a mão de obra empregada no processo produtivo representa menos de 3%
do custo total da produção. Além disso, não é possível alocar esse custo
(mão de obra) com cada unidade produzida. Ao considerar as características
operacionais na indústria bem como dos seus custos operacionais, devemos
entender que o custo com mão de obra será classificado como:
a) Custo semivariável.
b) Custo fixo repetitivo.
c) Custo indireto.
d) Gastos indiretos operacionais.
e) Despesas operacionais indiretas.

3. Suponha que a Indústria Bom Bom Ltda. no ano de 2015, tenha


apresentado os seguintes resultados para seus gastos operacionais:
• Matéria – prima: R$ 450.000,00.
• Manutenção: R$ 230.000,00.
• Frete: R$ 380.000,00.
• Administrativo: R$ 180.000,00.
• Salários dos operários industrias: R$ 810.000,00.
Considerando os dados apresentados, qual é o valor para o custo direto?
a) R$ 1.260.000,00.
b) R$ 1.560.000,00.

84 U2 - Análise econômica dos custos industriais


c) R$ 1.980.000,00.
d) R$ 1.040.000,00.
e) R$ 1.490.000,00.

4. Suponha que a empresa Mega tenha um custo indireto de fabricação


no valor de R$ 560.000,00 (horas em manutenção é o direcionador para
distribuir os custos indiretos). Esta empresa produz três modelos de produtos,
sendo eles: BG, BH e BF por mês. As demais informações operacionais e
produtivas são:

Produto Horas em Custo hora máquina Custo da mão de


manutenção obra direta
BG 110 R$ 30.000,00 R$ 220.000,00
BH 190 R$ 19.500,00 R$ 250.000,00
BF 250 R$ 38.100,00 R$ 290.000,00

Considerando as informações contábeis e produtivas da empresa Mega


podemos entender que:
a) O custo indireto para produção de BH é de R$ 185.000,00 considerando
as horas de manutenção como direcionador para distribuição deste custo.
b) O custo indireto para produção de BF é de R$ 210.000,00 considerando
as horas de manutenção como direcionador para distribuição deste custo.
c) Considerando as horas de manutenção é possível concluir que maior
parte dos custos indiretos serão distribuídos para o produto BH.
d) Para o produto BG foi alocado 25% dos custos indiretos de produção,
considerando as horas de manutenção como direcionador de custo
e) O custo indireto para produção de BG é de R$ 110.000,00 considerando
as horas de manutenção como direcionador para distribuição deste custo.

5. Imagine que a Fábrica de Biscoitos Saborosos Ltda. no ano de 2012,


incorreu nos seguintes gastos de produção:
• Manutenção: R$ 430.000,00.
• Frete: R$ 380.000,00.
• Insumo de produção: R$ 550.000,00.
• Administrativo: R$ 180.000,00.
• Salários dos operários industrias: R$ 1.010.000,00.
Dessa forma, qual é o valor para o custo indireto de fabricação?
a) R$ 990.000,00.
b) R$ 760.000,00.
c) R$ 980.000,00.
d) R$ 670.000,00.
e) R$ 490.000,00.

U2 - Análise econômica dos custos industriais 85


Referências
BRUNI, Adriano Leal; FAMÁ, Rubens. Gestão de custos e formação de preços: com
aplicações na calculadora HP 12c e Excel. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
PINTO, Alfredo Augusto Gonçalves et al. Gestão de custos. Rio de Janeiro: FGV, 2008.

86 U2 - Análise econômica dos custos industriais


Unidade 3

Métodos para avaliação de


investimentos em projetos
industriais
Renato da Silva

Objetivos de aprendizagem
Nesta unidade, você será levado a compreender as etapas
para elaboração de projetos industriais, bem como os métodos
para avaliação da viabilidade econômico-financeira do projeto.

Seção 1 | Etapas para elaboração de projetos industriais


Nesta seção apresentaremos a estrutura e as etapas para a elaboração de
um projeto de investimento industrial de modo que obtenha o maior grau de
assertividade na estruturação e indicação da viabilidade do projeto.

Seção 2 | Elaboração do fluxo de caixa do projeto e influência da


depreciação e do imposto de renda
Nesta seção estudaremos a importância do fluxo de caixa para a análise de
viabilidade de projetos, bem como as etapas para a sua construção e os efeitos da
depreciação e do imposto de renda em sua elaboração.

Seção 3 | Métodos e critérios de avaliação e análise de investimentos


Nesta seção vamos compreender os métodos utilizados para verificar a
viabilidade econômica dos projetos de investimentos.

Seção 4 | Exemplo prático de análise de viabilidade econômico-financeira


de projetos
Nesta seção aplicaremos os métodos de análise de viabilidade econômico-
financeira estudados na Seção 3, para um caso prático.

Seção 5 | Substituição de equipamentos


Nesta seção será estudado o processo de substituição de equipamentos nas
organizações e as modalidades de cálculos para a tomada de decisão.
Introdução à unidade
Olá, caro aluno! Seja bem-vindo à terceira unidade do livro de
Engenharia Econômica.
A nova ordem econômica mundial, desde a década de 1990, tem
apontado para cenários de globalização da economia, exigindo novos
padrões de competitividade. Isto impõe às empresas readequações
estratégicas e consequentemente novos projetos.
O que de fato percebemos é que muitas das situações que nos
cercam são potenciais geradores de projetos. As transformações
frequentes no dia a dia são provocadoras de mudanças que precisam
ser implementados cada vez com menor volume de recursos, em
menores prazos e atendendo a especificações cada vez mais rígidas,
precisas, flexíveis e com ciclo de vida cada vez mais curto.
Atualmente, a elaboração e análise de viabilidade de projetos
é uma área fundamental para o sucesso de qualquer empresa. O
conhecimento dessa ferramenta, por parte de gestores e engenheiros,
é essencial para a aplicação de técnicas adequadas de análise e
verificação da viabilidade de projetos de investimentos, principalmente,
na área industrial.
As etapas para elaboração de projetos propostos nesta unidade,
bem como os métodos de análise de viabilidade econômica, serão
dadas para projetos de investimentos voltados para abertura de novos
empreendimentos industriais, expansão (filiais ou franquias), elaboração
de novos produtos, novas tecnologias, aprimoramento de processos
produtivos, ou qualquer outro projeto de expansão de negócios.
Nesta unidade, o objetivo é oferecer subsídios para que você possa
compreender o processo de elaboração de projetos de investimentos
industriais, os métodos utilizados para verificar a viabilidade econômica
do projeto e exemplos práticos de aplicação do conteúdo.
Seção 1
Etapas para elaboração de projetos industriais
Introdução à seção

Pode-se considerar que um projeto de investimento é composto


por um conjunto de informações, atividades e processos que simulam
uma dada alternativa de investimento e, por conseguinte, testar a sua
viabilidade econômico-financeira.
É importante ressaltar que os projetos de viabilidade econômico-
financeira possuem como objetivo auxiliar o empresário na tomada de
decisão de investimento. Nesta seção vamos listar as etapas que devem
constar em um documento de projeto de viabilidade de investimento.

Questão para reflexão


Se cada organização possui diferentes características, quais aspectos
podem influenciar as decisões de investir?

1.1 Definição de projetos


Entre as várias definições que temos para projetos, gostaríamos
de citar o conceito elaborado pelo Project Management Body of
Knowledge (PMBOK), elaborado pela Project Management Institute
(PMI). De acordo com o PMBOK (2013, p. 3), projeto pode ser definido
como:

Um esforço temporário empreendido para criar um


produto, serviço ou resultado único. A natureza temporária
dos projetos indica que eles têm um início e um término
definidos. O término é alcançado quando os objetivos do
projeto são atingidos ou quando as metas não serão ou
não podem ser alcançados, ou quando a necessidade do
projeto deixa de existir.

Primeiramente, o projeto é temporário, ou seja, possui início, meio


e fim. A definição de seu início aponta para os envolvidos, quais são
os recursos e os objetivos a serem alcançados. A sinalização de seu

90 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


“fim” serve como parâmetro de avaliação e eficiência dos esforços
empreendidos durante a execução do planejamento. O projeto é um
empreendimento, logo envolve uma série de movimentos e ações
para que possa vir à realidade.
Outro destaque é que o projeto sempre gera algo único, seja um
produto, serviços ou outro objetivo específico, isto é, não existem
projetos iguais. Por fim, não menos importante, para a condução de
projetos, é necessária a existência de recursos, tais como: recursos
humanos, físicos, financeiros, materiais, logísticos etc.

1.2 Etapas para elaboração de projetos de investimentos industriais


A partir de agora vamos estudar as etapas da elaboração de
projetos de investimentos industriais. Dentro da ênfase de projetos de
investimentos para abertura de novos empreendimentos, expansão
(filiais ou franquias), elaboração de novos produtos, tecnologias,
aprimoramento de processos produtivos, ou qualquer outro projeto
de expansão de negócios, o projeto pode ser composto das seguintes
etapas:
1. Pré-análise de viabilidade
2. Determinação dos objetivos do projeto
3. Diagnóstico da empresa
4. Análise mercadológica
5. Tamanho e localização
6. Engenharia do projeto
7. Investimentos e custos do projeto
8. Relatório de viabilidade
9. Implementação do projeto

A partir de agora, nesta seção, comentaremos cada uma dessas


etapas.

1.2.1 Pré-análise de viabilidade


Inicialmente, a equipe envolvida na elaboração do projeto, deve
atentar-se para uma série de fatores que podem impactar de maneira
positiva ou negativa a implantação do projeto de investimento. Uma das

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 91


questões críticas para o sucesso e, portanto, da viabilidade do projeto
é o fato de que a ideia, que irá apoiar todas as decisões tomadas, seja
realmente uma oportunidade de negócio. Os gestores devem analisar
o mercado, e compreender os benefícios que o projeto pode gerar para
a organização, e os beneficiários de sua implementação, tais como os
clientes da empresa, proprietários, colaboradores, fornecedores, entre
outros.
Aspectos ligados à legislação são fundamentais, nesse momento,
pois impactam diretamente na condução dos projetos, tais como,
legislação ambiental, trabalhista, comercial, sanitária e tributária que
podem estar direta ou indiretamente envolvidos na execução do
projeto.
Também nessa análise preliminar, deve ser nomeada a equipe
de gestores envolvida nos aspectos multidisciplinares do projeto,
por exemplo, o gestor do projeto, administradores, contadores,
economistas, engenheiros, advogados, equipe de apoio, entre outros.
Lembrando que os projetos de investimento podem ser elaborados
por colaboradores internos da organização ou via contratação de
empresas de consultorias especializadas neste tipo de serviço.

1.2.2 Determinação dos objetivos estratégicos e dos objetivos do


projeto
Nesta etapa é fundamental definir os objetivos com a elaboração do
projeto (geral e específicos) e a justificativa de elaboração do projeto.
Pode-se considerar que o objetivo geral deve indicar a transformação
da realidade que o projeto visa contribuir, isto é, dar a resposta ao
problema apontado pela organização. Deve possuir uma perspectiva
de médio e longo prazo e deve responder às seguintes questões:
1) O que a empresa deseja alcançar com o projeto?
2) Qual dificuldade em especial se quer solucionar?
3) Quais mudanças se deseja alcançar?
4) Como o projeto pode contribuir para os ambientes micro e
macro da organização?

Os objetivos específicos são as ações estratégicas necessárias para


o alcance do objetivo geral. Via de regra, são frases curtas, mas com
propostas bem completas. O objetivo deve ser:

92 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


• Específico: a objetividade das ações a serem realizadas, sem
generalismo.
• Mensurável: deve ser quantificado.
• Atingível: ao término do projeto, são passíveis de serem alcançados.
• Relevante: importante para o alcance do objetivo geral.
• Temporal: dentro do prazo estabelecido no escopo do projeto.

1.2.3 Diagnóstico da empresa


O desenvolvimento do diagnóstico da organização é fundamental
para a elaboração do projeto, pois é por meio dele, que se observam,
de maneira objetiva, as forças e fraquezas da organização e as
oportunidades e ameaças do ambiente externo. Assim, oferecem-se
maiores fundamentos para formulação de estratégias, gerando maior
vantagem competitiva e melhorando seu desempenho organizacional.
O diagnóstico empresarial corresponde a um retrato atual da empresa,
antes de qualquer alteração a ser proporcionada pela implantação do
projeto. Caso o projeto for de um novo negócio, deve-se projetar esse
diagnóstico. Podemos dividir o diagnóstico nas seguintes fases:

I. Identificação da empresa:
• Ramo de atuação
• Diagnóstico financeiro e da capacidade de pagamentos e
recebimentos (exigido por alguns órgãos financiadores).
• Valores financeiros dos investimentos a serem realizados.

II. Aspectos jurídicos:


• Exigências legais e/ ou incentivos fornecidos pelos governos
federal, estadual e municipal.
• Alvarás, certidões negativas e limitações legais.
• Impostos, os incentivos fiscais (para exportação, para investimento
em áreas incentivadas e/ ou em setores predeterminados, para que
possa ser feita depreciação acelerada etc.).
• Incentivos estaduais e/ ou municipais para favorecer a instalação
de indústrias em determinado local e outros.

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 93


III. Capitais da empresa:
• Capital natural: corresponde aos recursos naturais de posse da
empresa
• Capital físico: construções, benfeitorias, máquinas, equipamentos
e ferramentas.
• Capital financeiro: Demonstrações Financeiras, como: Balanço
Patrimonial, Demonstrativo do Fluxo de Caixa (DFC), Demonstrativo
do Resultado do Exercício (DRE), Disponibilidade de Capital de Giro,
Recursos em Caixa e estoque de produção. Apuração dos custos
de produção, custos de comercialização, estoques e cálculo da
rentabilidade dos bens e serviços produzidos.
• Capital humano: trabalhadores envolvidos na organização,
qualificação, salários, produtividade, serviços terceirizados etc.

Após o diagnóstico dos capitais da empresa, deve-se avaliar a


disponibilidade de capitais próprios para realizar os investimentos,
quanto para avaliar a capacidade de pagamento da empresa. Também
avaliar a capacidade que a organização possui de mobilizar recursos
junto às instituições financeiras para a implantação do projeto e a
necessidade de captar recursos de terceiros.

Para saber mais


Analise SWOT – Ferramenta para o diagnóstico empresarial
A sigla SWOT, conhecida também como análise FOFA no Brasil,
significa strengths (forças), opportunities (oportunidades), weaknesses
(fraquezas), threats (ameaças), podendo-se dividir a análise em duas
partes principais. Primeiramente, o ambiente interno, que são as forças
e fraquezas e posteriormente o ambiente externo, que se referem
às oportunidades e às ameaças. A análise SWOT é uma técnica para
avaliação do posicionamento da organização e de sua capacidade de
competição em relação ao ambiente interno e externo. Cada mercado
possui características únicas que se exploradas de maneira correta pode
levar ao sucesso da organização.
Para mais conhecimentos sobre o assunto, acesse o artigo. Disponível
em: <http://www.portal-administracao.com/2014/01/analise-swot-
conceito-e-aplicacao.html>. Acesso em: 10 ago. 2017.

94 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


1.2.4 Análise mercadológica
O estudo e análise de mercado é essencial na elaboração de
projetos empresariais. É por meio desse estudo, que podemos definir
se de fato vale a pena ou não, continuar o projeto, logo que podemos
entender o mercado-alvo, o comportamento do consumidor e o
preço de venda. Também podemos analisar o mercado de fatores de
produção, a estrutura concorrencial e as principais empresas atuantes
no mercado. Nesse aspecto é importante caracterizar quais serão os
produtos ou serviços que procederão do projeto proposto, buscando
destacar as suas vantagens, funcionalidades, benefícios, e o preço de
comercialização.
Nesse contexto, algumas questões tornam-se fundamentais e
devem ser respondidas:
• Quem é o público alvo? A que preço comercializar?
• Quem são os fornecedores?
• Quem são os concorrentes?
• Quais leis que regularizam o produto ou serviço?
• Quem são os consumidores potenciais (limites geográficos,
nível de renda, sexo, faixa etária, setor produtivo, preferência dos
consumidores etc.).
• Qual área de atuação? Nacional, regional, internacional ou via on-
line?

Na fase de estudo de mercado que verificamos se há ou não a


possibilidade de produzir e vender determinado produto ou serviço
em determinado mercado, e é por meio dessa ferramenta que são
elaboradas as estimativas de vendas e projeções de faturamento, que
posteriormente vão ser utilizados na análise de viabilidade econômica
do projeto.
As empresas podem identificar seu público e mercado-alvo, por
meio da pesquisa de mercado, facilitando o processo de tomada de
decisão dos empresários, por exemplo, as inovações e novos produtos
a serem desenvolvidas, marcas e embalagens, canais de distribuição,
preços de mercado, marketing e propaganda do produto. O estudo de
mercado também se preocupa com a redução dos custos de produzir
e com a maximização da qualidade do produto.

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 95


Para a elaboração do estudo do mercado, as seguintes fases devem
ser respeitadas:

Fase 1: Caracterização do produto


• Apresentar as características e benefícios do produto ou serviço
ofertado pela empresa.
• Apresentar os diferenciais do produto frente ao mercado, tais como
preço, qualidade, inovação, localização, serviços complementares etc.
Também, se o produto possui substitutos ou similares.
• Descrever o patamar de desenvolvimento dos bens e serviços
ofertados e o seu ciclo de vida.

Fase 2: Caracterização do mercado


• Expansão ou retração do mercado consumidor nos últimos anos.
• Sazonalidade na demanda e nos preços dos produtos.
• Canais logístico disponíveis.
• Aspectos jurídicos e leais que regulamentam a comercialização.
• Características e perfil do público alvo.
• Padrão de qualidade requerida pelo mercado.
• Histórico de vendas e preços.

Fase 3: Caracterização do mercado de fatores de produção


• Disponibilidade e qualidade dos fatores de produção (capital físico,
capital financeiro, capital natural, capital humano e disponibilização de
insumos).
• Preços praticados no mercado de fatores de produção.
• Disponibilidade local.
• Linhas de créditos disponíveis para financiamentos dos fatores
• Canais de comercialização.
• Tempo de entrega pelos fornecedores.

Fase 4: Caracterização da concorrência


• Quem são as organizações líderes de mercado? Onde elas estão
e quais seus diferenciais?

96 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


• Tamanho do mercado em que a empresa está inserida. Existem
grandes ofertantes?
• Quais são os preços praticados?
• Qual é o patamar de qualidade dos bens e serviços entregue por
essas empresas?
• Quais são as empresas que ofertam produtos substitutos ou
complementares?
Para saber mais
Para aprofundar o conhecimento sobre análise de mercado e pesquisa
de mercado, acesse os seguintes artigos:
Análise de mercado. Disponível em: <http://www.josedornelas.com.
br/wp-content/uploads/2014/02/Artigos-de-PN-Como-Fazer-
An%C3%A1lise-de-Mercado.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2017.
Pesquisa de mercado: o que é e para que serve. Disponível em: <http://
www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/pesquisa-de-mercado-
o-que-e-e-para-que-serve,97589f857d545410VgnVCM1000003b740
10aRCRD>. Acesso em: 10 ago. 2017.

1.2.5 Tamanho e localização


Em um projeto de investimento de um novo empreendimento –
uma nova planta industrial, a inserção de novas tecnologias etc. – a
escolha da localização e do tamanho são muito importantes, logo que
estão diretamente relacionadas com as chances de sucesso do projeto.
A localização do empreendimento é a posição geográfica onde será
instalada a planta do novo empreendimento. O tamanho refere-se à
capacidade de produção a ser instalada no empreendimento.
Uma indústria de grande porte poderá auferir maiores lucros se
desenvolver economias de escala e se a demanda pelo produto
crescer constantemente. Também, fábrica de portes menores podem
ser projetadas caso a organização prevendo aumentos somente com
o crescimento do mercado. Isso nos mostra que a decisão do tamanho
do projeto, influencia diretamente a competitividade da empresa no
longo prazo. Fatores como o mercado, localização e os custos de
produção são relevantes nessa decisão.
A capacidade de produção que define o tamanho do processo
pode ser definida como:

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 97


• Aspecto técnico (engenharia): a capacidade produtiva que
determina o tamanho do projeto é a produção máxima que se
obtém com determinado sistema de produção (máquinas, pessoal e
processos) em dado período de tempo.
• Aspecto econômico: o nível de produção é o fator determinante
para o tamanho do projeto. Isso será correspondente ao custo unitário
médio de produção que seja mínimo.
Podemos considerar dois conjuntos de fatores que colaboram
nesse processo de definição do tamanho do projeto: viabilidade e
otimização.
• Fatores de viabilidade:
• Locacional: custos de transporte e insumos
• Engenharia: capacidade tecnológica
• Mercado: expansão mercadológica
• Financeira: aporte de capital próprio e/ou de terceiro
• Fatores de otimização:
• Custo: o que apresenta o menor custo médio.
• Equipamentos: maximização do rendimento na produção.
Cabe destacar que o tamanho do projeto também está limitado
pelos recursos financeiros disponíveis ao empreendimento, logo que
projetos maiores requerem maior aporte de capital.
O objetivo quanto ao estudo da localização é encontrar o local
mais viável e econômico para o processo produtivo da organização,
ofertando de maneira eficiente aos consumidores. Podemos dizer que
a localização ideal é aquela que apresente um resultado econômico
adequado para o projeto, considerando todas os fatores nele
envolvidos. Ressaltando que o estudo será realizado sempre que for
preciso o estabelecimento de uma nova unidade de negócio.
A melhor localização será aquela que permite o aumento das
vendas, ao passo que minimiza os custos de produção, maximizando
os benefícios líquidos do projeto. Segundo Woiler e Mathias (2008) a
melhor localização dependerá de vários fatores, tais como: escala de
produção, disponibilidade de fornecedores (fatores de produção),
mão de obra especializada, concorrentes, facilidades governamentais,
mercado consumidor, segurança, sistemas de comunicação, energia,
matérias-primas e elementos ambientais (terra, clima, solo, poluição etc.).

98 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


Outro fator importante a ser considerado no estudo locacional
são os custos de transporte associado ao fornecimento das matérias-
primas relacionadas aos setores produtivos. Dessa forma, aspectos
relacionados à logística da organização são essenciais e devem ser
considerados na escolha do local.

1.2.6. Engenharia do projeto


Esta é a fase de seleção do processo produtivo que inclui os
produtos, subprodutos, matérias-primas, insumos e a mão de obra,
visando definir a tecnologia e caracterizar o processo produtivo, ou
seja, como produzir. Em projetos de expansão industrial, criação de
novas empresas ou unidades, deve-se descrever o fluxograma de
produção, o balanço de materiais, o layout e as linhas de produção.
Para tanto, o projeto deve conter as listas discriminando quais os
equipamentos (com a capacidade, consumo de energia e a vida útil), a
lista das ferramentas utilizadas no processo, a mão de obra necessária
em cada departamento, os planos de produção e o arranjo físico (ou
layout) mais adequado aos fluxos de processos.
Para a elaboração da engenharia do projeto de investimento,
o estudo do sistema produtivo deve gerar informações para o
detalhamento dos investimentos e dos custos, possibilitando a
consolidação das definições de todos os parâmetros na análise
econômico-financeira. Basicamente, pode-se dizer que o estudo
do sistema produtivo se compõe de três grandes etapas: definições
de produção, opção tecnológica e fatores de produção e por fim,
a caracterização do sistema produtivo. A Figura 3.1 nos apresenta o
modelo sintético do estudo do sistema de produção.
Figura 3.1 | Relacionamentos do estudo do sistema produtivo como analise
estratégica, projeto e engenharia básica

Fonte: adaptado de Cassaroto Filho (2010).

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 99


De acordo com a Figura 3.1, a primeira etapa da estratégia
de produção e de tamanho tem como partida o planejamento
estratégico. Definir a estratégia produtiva significa definir os ciclos de
vida do produto e dos processos, definir inovações, integração vertical,
terceirização, organização e gerência da produção. A estratégia de uso
dos recursos vai indicar o volume de investimentos em tecnologia de
produtos e processos, além dos recursos para investimento na fábrica,
influenciando o tamanho da fábrica e o grau de terceirização.
Os resultados do estudo de mercado influenciarão a etapa da
estratégia de produção. As informações sobre o potencial do mercado
vão influenciar o estudo do tamanho da fábrica, e as estratégias de
comercialização, os preços, qualidade, inovação e flexibilidade. O
estudo da logística/localização também exercerá influência sobre a
estratégia de produção, bem como será por ela influenciada.
O segundo passo, de opção tecnológica e de fatores de produção,
vai compreender o processo de escolha da tecnologia e dos fatores
produtivos, tais como matérias-primas e mão de obra. Neste momento,
a relação com a logística é fundamental, principalmente pelas escolhas
dos fatores de produção versus localização da fábrica.
A terceira fase do estudo do sistema produtivo, especificamente a
sua caracterização, nos deve fornecer os aspectos técnicos necessários
a um levantamento mais detalhado dos investimentos, das receitas,
dos custos, consolidando as informações da engenharia do projeto.
Do ponto de vista técnico, deve-se determinar os equipamentos a
serem comprados, definindo marca,
fornecedor, origem, custo, formas Figura 3.2 | Símbolos básicos do
de pagamentos, manutenção e fluxograma
reposição. Início
Fronteira do Processo
Uma ferramenta muito utilizada
para melhor compreender todos
Etapa do Processo
esses pontos é o uso do fluxograma,
que apresenta de forma detalhada o
passo a passo das atividades de um Ponto
de Decisão
processo produto ou da execução
de um serviço. Aponta quais são
as operações, os responsáveis e Fim
Fronteiro do Processo
os setores envolvidos, conforme Fonte: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABf7MAG/
modelo na Figura 3.2. ferramentas-gestao-qualidade-fluxograma>. Acesso em:
ago. 2017.

100 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


Com o objetivo de obter a máxima eficiência no sistema produtivo,
pode-se utilizar uma técnica da administração cujo objetivo é otimizar a
relação homem, máquina e processo: o layout. O arranjo físico (layout)
é fundamental para a produtividade, logo que o fluxo dos processos
pode ser otimizado ou prejudicado em função da distribuição física
dos equipamentos.
Existem três formas básicas de organizar as estações de trabalho:
layout por produto, layout por processo e layout com posição fixa.
• Layout por produto: os equipamentos são dispostos de modo
que cada operação produtiva para a fabricação de um bem seja feita
em estações de trabalho organizadas em uma sequência fixa.
• Layout por processo: as máquinas e equipamentos não são
agrupados em uma sequência fixa. Cada ponto de trabalho é
relativamente independente e o produto vai para estações de trabalho
que seja necessária para realizar a operação seguinte para completar
o produto.
• Layout por posição fixa: o produto permanece em uma posição
fixa. Suas partes componentes são produzidas em estações de trabalho
remotas e levadas para a área de produção para a montagem final.

1.2.7 Investimentos e custos do projeto


Nesta etapa do projeto, devem ser elaboradas as estimativas de
investimentos, os custos e despesas de operação e receitas anuais,
delineados conforme a vida útil do projeto. Também, deve apontar
a parcela do investimento que será financiado com capital próprio
e a parcela financiada com o capital de terceiros. Lembrando que
deve indicar os itens do projeto que serão financiados e elaborar o
cronograma de pagamento das dívidas, bem como a apuração dos
resultados do projeto.

1.2.7.1 Investimentos do projeto


Avaliar o investimento total é uma das ações mais importantes
associadas ao projeto de investimento, logo que o montante final a
ser investido é relevante em termos de viabilidade. O objetivo desta
fase do projeto, é determinar as necessidades de recursos financeiros
para a implantação do projeto, colocá-lo em prática e garantir seu
funcionamento.

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 101


Os investimentos em projeto empresariais podem ser divididos em:
• Investimentos fixos: depende do nível de produção projetado.
• Investimentos circulantes: depende do nível efetivo de produção.
Os investimentos também podem ser denominados usos dos
recursos e podem ser classificados em:
• Inversões fixas: terrenos, edificações, construções, instalações,
máquinas e equipamentos, veículos e embarcações, móveis, utensílios,
patentes e marcas.
• Inversões em capital de trabalho: recursos utilizados para financiar
as operações da empresa, em decorrência das atividades operacionais:
comprar, produzir e vender.
Em projetos indústrias, o quadro de investimentos, contém, via de
regra, os itens listados na Quadro 3.1.
Figura 3.1 | Quadro de investimento total

Fonte: Woiler e Mathias (2008, p. 175).

Outro ponto importante de se analisar no montante a ser investido


é o capital de giro. Este pode ser definido como o montante de
recursos que a empresa necessita desembolsar antes de receber pelas
vendas, ou seja, os pagamentos efetuados para manter a organização
funcionando até o recebimento de seus clientes. O capital de giro
próprio faz parte do investimento do projeto, logo que sem essa
disponibilidade de recursos financeiros para o giro das operações, a
empresa não consegue operacionalizar. O investimento que a empresa
deverá fazer em capital de giro, começa pelas estimativas iniciais
em estoque e o caixa mínimo que deverá manter para iniciar suas

102 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


operações. Para a determinação do capital de giro próprio, podemos
usar o quadro esquemático na Quadro 3.2.
Quadro 3.2 | Projeções das necessidades de capital de giro (R$)

Fonte: Woiler e Mathias (2008, p. 174).

Como podemos observar na Figura 3.4, o capital de giro próprio


é determinado pela diferença entre as necessidades de caixa e os
recursos disponíveis. No projeto de investimento também deve constar
o quadro de investimento, ou seja, os valores totais de investimentos a
serem empregados no projeto antes de iniciar as operações.
Depois de estimar a totalidade de investimentos, é preciso analisar
quais são as fontes de financiamentos a que a empresa poderá recorrer
para captar os recursos necessários. Agora podemos elaborar o quadro
do cronograma de desembolsos. O cronograma de desembolso se
refere à sequência financeira da implantação do projeto. São elencadas
todas as saídas de recursos em cada período. Deve-se ressaltar que
o cronograma financeiro decorre em grande parte do cronograma
de implantação. No Quadro 3.3 podemos visualizar um modelo
simplificado do cronograma de desembolso.

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 103


Quadro 3.3 | Cronograma de desembolso (R$)

Fonte: adaptado de Woiler e Mathias (2008).

Com a distribuição dos gastos financeiros no tempo e as fontes


de financiamentos definidos, podemos agora, elaborar o quadro de
usos e fontes. No quadro de usos e fontes, os financiamentos vão se
ajustar aos investimentos, nas proporções definidas pelos programas
de crédito no qual são submetidos. No Quadro 3.4 podemos ver um
modelo simplificado do quadro.

Quadro 3.4 | Usos e fontes em (R$)

Fonte: adaptado de Woiler e Mathias (2008).

O capital próprio é a parcela não financiada do projeto, é como


podemos observar, é dada pela diferença entre as aplicações totais
e o capital de terceiros. O quadro de usos e fontes é componente

104 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


fundamental na elaboração de um projeto de investimento, pois, ele
demonstra onde os recursos serão aportados (USOS) e qual será a
origem dos recursos (FONTES).
Questão para reflexão
Por que analisar o aspecto econômico-financeiro de um projeto é
sobretudo definir os riscos inerentes ao empreendimento?

1.2.8 Relatório de viabilidade


Ao término de todos os passos descritos anteriormente, deve ser
realizado o estudo crítico do projeto, a fim de examinar se a proposta
final é capaz de atender às ideias e oportunidades identificadas
inicialmente. Para melhor elaborar o relatório, podemos seguir esses
passos:
I. Revisar os conceitos iniciais do projeto: ideias e oportunidades.
II. Revisar o diagnóstico, a fim de constatar as complexidades das
informações levantadas.
III. Avaliação de todas as etapas anteriores do projeto.
IV. Elaboração e análise dos indicadores de viabilidade econômico-
financeiros do projeto (Projeção do Fluxo de Caixa, VPL, TIR, PAIBACK,
entre outros.)
V. Elaborar o relatório final do projeto, em uma linguagem clara,
simples e objetiva, apresentando as informações, técnicas, econômicas
e financeiras, bem como os elementos para as tomadas de decisões e
execuções programadas.

1.2.9 Implementação do projeto


Terminado o relatório e aprovada a viabilidade do projeto, inicia-
se o seu início de implantação, composto por relatórios contínuos de
acompanhamento, respeitando os seguintes itens:
• Utilização dos recursos disponíveis de acordo com o programado.
• Supervisão do pessoal de trabalho.
• Acompanhamento e controle de atividades.
• Avaliação final dos resultados alcançados.

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 105


Para saber mais
Veja na prática os conceitos estudados nessa unidade!
Leia o artigo: A importância da disciplina de projetos de investimento:
um estudo teórico com uma análise prática. Este artigo descreve as
principais etapas necessárias para realizar um projeto de investimento
e a simulação de um projeto para uma fábrica de camarão enlatado no
estado do Rio Grande do Norte. Disponível em: <http://www.abenge.
org.br/CobengeAnteriores/2006/artigos/13_292_584.pdf>. Acesso em:
10 dez. 2016.

Atividades de aprendizagem
1. A decisão do tamanho do projeto influencia diretamente a competitividade
da empresa no longo prazo. Fatores como o mercado, localização e
os custos de produção são relevantes nessa decisão. A capacidade de
produção que define o tamanho do processo pode ser definida em dois
aspectos. Cite e explique quais são esses aspectos.

2. Avaliar o investimento total é uma das ações mais importantes associadas


ao projeto de investimento, logo que o montante final a ser investido
é relevante em termos de viabilidade. O objetivo desta fase do projeto é
determinar as necessidades de recursos financeiros para a implantação do
projeto, colocá-lo em prática e garantir seu funcionamento. Cite e explique
como são divididos os investimentos em projetos e como são classificados
os usos dos recursos:

106 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


Seção 2
Elaboração do fluxo de caixa do projeto
Introdução à seção

A decisão de investimento é uma das mais importantes da


organização, estando baseada na avaliação atraente das estimativas do
projeto. Investimentos são desembolsos nos quais se esperam retornos
futuros, ou seja, os empresários ao optarem por investir, esperam que
os resultados da empresa sejam melhores que o custo de oportunidade
do capital (outra alternativa de investimento), visando aumentar o valor
da empresa ou que o novo negócio seja lucrativo.
A decisão de investimento não pode ser tomada com base na
demanda do produto a ser vendido, logo que a tomada de decisão
deve ser baseada em métodos e técnicas que garantam o retorno
do investimento proposto. Existem várias técnicas de análise de
investimentos, porém, as mais utilizadas se baseiam na montagem dos
fluxos de caixa do projeto. Nesta seção, vamos estudar a importância
do fluxo de caixa no processo de análise da viabilidade econômica
do projeto. Posteriormente, vamos compreender a influência da
depreciação e do imposto de renda na construção do fluxo de caixa.

2.1 A decisão de Investimento


Um dos pontos referentes à análise de projetos de investimentos
é o entendimento sobre a importância da linha do tempo em relação
aos cálculos utilizados para análise (BERTOGLIO; BRASAGA, 2008). Os
critérios considerados são aqueles que se baseiam no fluxo de caixa e
no valor do dinheiro no tempo.
Para que o projeto de investimento seja viável, é importante que
a projeção do nível de lucratividade e a rentabilidade com o retorno
do projeto, seja maior e melhor do que aquela empresa poderia obter
com outros investimentos, como por exemplo em ativos de renda fixa
no mercado financeiro. Recomenda-se que, para iniciar o processo de
elaboração e análise de projetos de investimentos de capital, devem
ser seguidas as seguintes etapas:
• Construção do Fluxo de Caixa pela estimativa de entradas e

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 107


saídas de dinheiro na execução do projeto.
• Determinação do custo de oportunidade do capital (Taxa de
Desconto).
• Cálculo da viabilidade econômico-financeira, por meio de técnicas
de análise.
• Decisão de aceitação ou rejeição do projeto de investimento.

Para saber mais


Classificação de investimento
Abecassis e Cabral (2000) descrevem que existem quatro modos de
investimentos:
Investimento de substituição: é destinado a substituir bens antigos por
novos, está relacionado a fatores internos e externos, que ocasionam
insuficiências no processo.
Investimento de expansão: é a insuficiência de posição comercial ou
crescimento significativo do consumo dos bens/serviços produzidos ou
até diversificação de produtos.
Investimento de modernização ou inovação: tem como objetivo
reduzir os custos de produção e exige estudos comparativos, tais como:
avaliar a demanda ou consumo de determinado produto.
Investimento estratégico: não são exclusivamente motivados por
critérios de rentabilidade, apesar de considerar uma probabilidade
de rentabilidade global da empresa a prazo. Será distribuído em duas
categorias: investimento com o intuito de reduzir riscos, ou seja, para
obter melhor qualidade, melhor preço, um processo técnico superior,
para tentar neutralizar a concorrência; e investimento de caráter social,
tudo para deixar o trabalho mais favorável aos colaboradores.
Para mais conhecimentos sobre o assunto, acesse o trabalho de Silva
(2010). Disponível em: <http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_
publicadas/k212778.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2017.

2.2 Elaboração do fluxo de caixa líquido


A elaboração da projeção do fluxo de caixa é um fator importante
na elaboração de um projeto de investimento, logo que é a partir
do fluxo de caixa, que serão estimados os cálculos dos índices de
viabilidade do projeto, determinando sua aceitação ou rejeição. Como

108 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


os critérios de análise econômica são baseados no fluxo de caixa e no
valor do dinheiro no tempo, podemos utilizar os diagramas de capital
no tempo, conforme indicado na Figura 3.3:

Figura 3.3 | Diagrama de capital do tempo

Fonte: Woiler; Mathias (2008, p. 195).

No diagrama da Figura 3.3, a reta horizontal é uma escala de tempo,


com progressão da esquerda para a direita. A flecha indicativa para baixo
representa uma saída ou aplicação de capital (valor negativo). As saídas
de caixas correspondem as despesas necessárias para o funcionamento
do projeto de investimento, ou seja, são os investimentos iniciais do
projeto. A flecha para cima corresponde à entrada ou recebimento
de capital (valor positivo). As entradas dependem basicamente das
receitas provenientes das operações de vendas e cronograma de
entrada em operação. A precisão nas estimativas de entradas de caixa
é fundamental para avaliação econômica do projeto, pois este gera
mais impacto e incerteza no projeto.
É importante destacar que o conceito de fluxo de caixa usado na
análise de investimentos, é diferente daquele usado na contabilidade,
logo que na análise de investimento, deve-se utilizar o conceito de
FLUXO DE CAIXA PROJETADO e o FLUXO DE CAIXA LÍQUIDO. O
fluxo de caixa projetado constitui-se como uma projeção de entradas
e saídas futuras do projeto de investimento, ou seja, antes da nova
planta produtiva entrar em operação, deve estimar as entradas e saídas
do projeto em determinado período. Ao elaborar o fluxo de caixa
projetado, os analistas devem encontrar o FLUXO DE CAIXA LÍQUIDO.
A elaboração da projeção do fluxo de caixa líquido é um fator
importante na elaboração de um projeto investimento, logo que
é a partir do fluxo de caixa líquido, que serão estimados os cálculos
dos índices de viabilidade do projeto, determinado sua aceitação ou
rejeição. O fluxo de caixa líquido projetado pode ser calculado a partir
de uma série de outras projeções que compõem uma demonstração
de resultado estimado. No Quadro 3.5, pode-se visualizar uma projeção
de resultados, no qual em seu final, podemos constatar o FLUXO DE
CAIXA LÍQUIDO do projeto.

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 109


Quadro 3.5 | Projeção de resultados e determinação do fluxo de caixa líquido

Fonte: elaborado pelo autor.

Inicialmente, a projeção de receitas do projeto decorre do estudo


do mercado. É por meio da análise de mercado e das projeções de
vendas que serão determinadas as quantidades e o preço dos bens
e serviços vendidos. Para a projeção dos resultados, é importante a
determinação prévia do número de períodos de projeção, isto é, o
horizonte temporal do projeto. Com isso, pode-se estimar a projeção
de fluxo de caixa líquido do projeto.
Figura 3.4 | Fluxo de caixa líquido projetado no tempo

Fonte: elaborada pelo autor.

O objetivo será sempre encontrar as projeções de FLUXO DE CAIXA


LÍQUIDO.

Questão para reflexão


Uma projeção de receitas e custos que não estiverem coerentes, podem
influenciar a viabilidade final do projeto de investimento?

Considere o seguinte exemplo prático:


A Alpha Calçados pretende investir R$100.000,00 na expansão
de sua fábrica de calçados. Após estudos de mercado e uma série de
outras análises, realizaram-se as projeções de retorno anuais para os

110 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


quatro primeiros anos do projeto (os valores estão estimados ao final
de cada ano). A projeção da Alpha Calçados está no Quadro 3.6:
Quadro 3.6 | Projeção de resultados: Alpha Calçados

Fonte: elaborado pelo autor.

Em termos gráficos, a projeção de Fluxo de Caixa Líquido do Projeto


pode ser visualizado na Figura 3.5.

Figura 3.5 | Projeção de fluxo de caixa líquido: Alpha Calçados

Fonte: elaborada pelo autor.

Com base nessas informações do Fluxo de Caixa Líquido, a


empresa poderá elaborar os indicadores de viabilidade, tais como o
Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interno de Retorno (TIR), Payback,
entre outros.

2.3 O efeito da depreciação e do imposto de renda no fluxo de


caixa
A depreciação e o imposto de renda exercem efeitos diretos na
apuração na projeção do Fluxo de Caixa Líquido do projeto e devem
ser considerados em todos os períodos estimados. A depreciação é
uma despesa contábil, que reconhece a perda de valor de um ativo
ao longo do tempo. Portanto, depreciação corresponde ao custo ou
a despesa decorrente do desgaste ou da obsolescência dos ativos
imobilizados (máquinas, veículos, móveis, imóveis e instalações) da
empresa.

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 111


A depreciação pode ser considerada uma despesa não caixa, ou
seja, o valor da depreciação não sai do caixa da empresa, pois, é uma
perda de valor que o ativo está sujeito ao longo do tempo. A empresa
deve arcar, somente com o valor da compra do ativo. O cálculo da
depreciação é determinado pela Receita Federal, no artigo 305 do
RIR/99. A depreciação é assim calculada:
• Equipamentos de informática: 3 anos (33,3% a.a.)
• Veículos e caminhões: 5 anos (20% a.a.)
• Máquinas e equipamentos: 10 anos (10% a.a.)
• Prédios/instalações: 25 anos (4% a.a.)

Considere o seguinte exemplo prático:


A empresa Alpha Calçados comprou novos computadores para o
seu escritório, totalizando o valor de R$ 15.000,00. A depreciação do
equipamento, pode ser visualizado no Quadro 3.7:

Quadro 3.7 | Cálculo da depreciação de computadores

Fonte: elaborado pelo autor.

Como se pode visualizar na Figura 3.12, os computadores possuem


uma depreciação linear anual no valor de R$ 5.000. Em termos
contábeis, ao término do terceiro ano, os computadores não possuem
mais valor. Estes ainda podem ainda podem ser negociados e vendidos
por preços praticados no mercado, porém na análise de investimento,
o que se deve analisar é a depreciação contábil.
O Imposto de Renda (IR) é um tributo, de competência da União,
que possui como base de cálculo o lucro contábil de uma empresa.
O (IR) é um percentual que pode variar de 30 a 50%, aplicado sobre
o lucro apurado ao final de cada exercício. Complementarmente ao
Imposto de Renda, existe a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
(CSLL), a qual possui o mesmo fato gerador e incide sobre a mesma
base de cálculo do Imposto de Renda.
Deve-se destacar que o Imposto de Renda incide sobre empresas
enquadradas juridicamente nos regimes de:

112 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


Lucro Presumido: O (IR) e o (CSLL) usam como referência para base
de cálculo, a receita bruta da empresa.
Lucro Real: O (IR) e o (CSLL) incidem sobre o lucro da empresa,
permitindo que ela abata seus custos e despesas antes do pagamento
dos impostos (IR) e (CSLL).
Porém, deve-se destacar que:
“A mensuração da depreciação não é obrigatória para as
empresas, porém, as que auferem lucros, podem usar como redutor
“fictício” dos seus resultados e abater no Imposto de Renda (IR)”.
Portanto, a depreciação é uma despesa não caixa, tendo em
vista que a despesa não altera o fluxo de caixa da empresa, porém
ela pode ser considerada para efeito contábil, como uma despesa e,
consequentemente, abate a base de cálculo do Imposto de Renda
(IR). Isso pode ser visualizado na Figura 3.13, em que a depreciação é
lançada como uma despesa antes da apuração do Imposto de Renda.
Porém cabe salientar que após a apuração do imposto, a depreciação
poderá ser novamente somada ao resultado da empresa, afim de “zerar”
o valor do seu montante na apuração do Fluxo de Caixa Líquido. Isso
decorre do fato, da depreciação, ser lançada como uma despesa não
caixa, ou seja, não há desembolso do capital pela empresa. Somente
para reduzir o montante a ser pago do Imposto de Renda (IR).

Considere o seguinte exemplo prático:


A transportadora SEGUELOG está com um projeto de aquisição
de um novo caminhão. O valor do Investimento do veículo será de
R$ 70.000,00. O valor residual do investimento após 4 anos é de R$
14.000,00. A estimativa de geração de receita pelo uso do caminhão
nos dois primeiros anos é de R$ 90.000,00 e no terceiro e quarto ano
de R$ 110.000,00. Os custos para operação do caminhão, equivale
a 40% do total faturado e as despesas operacionais e financeiras são
projetadas em R$ 15.000,00 e R$ 5.000,00 ao ano respectivamente. A
depreciação é de 20% a.a. O Imposto de Renda sobre o lucro será de
30%. A amortização do investimento será de R$ 7.000,00 ao ano. O
Fluxo de Caixa desse Projeto, considerando a Depreciação e o Imposto
de Renda, pode ser visualizado no Quadro 3.8.

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 113


Quadro 3.8 | Projeção de resultados da SEGUELOG

Fonte: elaborado pelo autor.

Conforme podemos visualizar no Quadro 3.8, a depreciação


do caminhão é deduzida do Lucro Bruto da empresa. Após deduzir
despesas financeiras, o Imposto de Renda é aplicado sobre o Lucro
Antes do Imposto de Renda (LAIR). Após a apuração do Lucro Líquido,
a depreciação é novamente apurada, somando ao Lucro Líquido.
Dessa maneira, anula-se o seu valor na apuração final do Fluxo de
Caixa Líquido, logo que a depreciação é uma despesa não caixa.

Questão para reflexão


Caso a SEGUELOG não incluísse o valor da depreciação, quanto ela
pagaria de Imposto de Renda?

Considerando que no final do 5º ano haverá ainda um valor residual


(parcela ainda não depreciada) do caminhão de R$ 14.000,00, deve-
se somar ao no fluxo de caixa líquido do quarto ano. O fluxo de caixa
líquido do projeto de compra do caminhão, somado ao valor residual
no último, pode ser visualizado na Figura 3.6.
Figura 3.6 | Fluxo de caixa líquido do projeto

Fonte: elaborada pelo autor.

114 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


Para saber mais
Acesse o site do Portal de Contabilidade.
Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/>. Acesso
em: 11 ago. 2017.
Mediante acesso rápido e simples, você terá acesso gratuito a diferentes
guias, notícias, informações e artigos de diferentes temas, que o
auxiliarão na compreensão dos conteúdos abordados.

Atividades de aprendizagem
1. Explique o que é o fluxo de caixa e a sua importância para a análise de
viabilidade de projetos.

2. A depreciação e o imposto de renda podem exercer um efeito positivo


ou negativo sobre um investimento, dependendo das situações em análise.
De forma breve, conceitue depreciação e o imposto de renda. Como ambos
podem influenciar na apuração do fluxo de caixa?

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 115


Seção 3
Métodos e critérios de avaliação e análise de
investimentos
Introdução à seção

O projeto de investimento é apresentado como um conjunto de


estudos, com o objetivo de verificar a viabilidade econômico-financeira
de determinado investimento, auxiliando no processo de tomada de
decisão.
A partir de agora, vamos estudar as principais ferramentas para
análise da viabilidade técnica de um projeto de investimento. Lembrando
que os indicadores associados à rentabilidade do projeto são: Valor
Presente Líquido (VPL), o índice Benefício/Custo (IBC), o Retorno sobre
Investimento (ROI) o Retorno sobre Investimento Adicionado (ROIA).
Os indicadores associados ao risco do projeto são a Taxa Interna de
Retorno (TIR) e o Período de Recuperação do Investimento (Payback).

3.1 Custo de oportunidade do capital


O custo de oportunidade de capital pode ser entendido como
o retorno que a empresa deixa de obter por imobilizar o capital em
estrutura física, máquinas e equipamentos, veículos, e estoque, entre
outros recursos do projeto. O custo de oportunidade do capital
envolve a escolha da taxa de desconto a ser utilizada nos cálculos
realizados, que servirão de referência no processo de tomada de
decisão (BERTOGLIO; BRASAGA, 2008).
Em projetos de investimentos, a taxa de desconto utilizado é a
Taxa Mínima de Atratividade (TMA). A utilização de uma taxa mínima
de atratividade (TMA) é essencial para que se possa dimensionar a
rentabilidade para um projeto de investimentos.
A (TMA) pode ser definida como o custo de capital (próprio) da
empresa. É a taxa que representa o mínimo que um investidor se
propõe a ganhar quando faz um investimento. Assim, se o investimento
remunerar abaixo dessa taxa mínima, ele se torna inaceitável para o
investidor.

116 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


O valor da (TMA) é subjetivo, ou seja, cada investidor pode determinar
o mínimo que espera no investimento, ou seja, não há fórmulas para
se calcular a (TMA), porém, é preciso considerar os seguintes pontos:
• Retornos de ativos no mercado financeiro.
• Nível de risco do investimento.
• Liquidez dos ativos da empresa no mercado financeiro (se houver).
• Conjuntura econômica do país.
Em muitos estudos é possível verificar que a TMA deve ser igual
ou acima à taxa de juros livres de risco no mercado. Caso contrário a
decisão mais eficiente seria investir em ativos financeiros, por exemplo,
investimentos em títulos públicos do governo.

Questão para reflexão


Como as variações da Taxa Selic poderá influenciar a tomada de decisão
de investimentos?

3.2 Valor Presente Líquido (VPL)


O Valor Presente Líquido (VPL) é uma técnica de análise de
investimentos muito difundido no meio empresarial, logo que o
método considera o valor do dinheiro no tempo (VALOR PRESENTE), o
custo de oportunidade do Capital (TMA). Como já sabemos o conceito
de (TMA), vamos compreender o conceito de Valor Presente (VP).

3.2.1 Valor Presente (VP)


O Valor Presente (VP) é um montante que aplicado sob determinada
taxa de juros deve gerar um capital acrescido dos juros. Assim, pode-se
compreender o volume de capital inicial para gerar um montante no
futuro. A fórmula do VP é:
VF
VP =
(1 + i ) n
em que: VP = valor presente; VF = valor futuro; i = taxa de juros e n =
período de tempo.
Considere o exemplo prático:
João Pascoal aplicou uma determinada quantia pelo prazo de
36 meses sob uma taxa de juros de 1% a.m. O montante no final do

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 117


período foi de R$ 71.538,44. Qual foi o capital inicial aplicado?
VP = ?
VF = R$ 71.538,44
i = 1% a.m.
n = 36 meses
71.538, 44 71.538, 44
VP = = = 49.998, 91 ≅ 50.000, 00
(1 + 0, 01)36 1, 4308

Com um capital inicial de R$ 49.998,91 aplicado por prazo de 36


meses sob uma taxa de juros de 1% é possível obter um montante de
R$ 71.538,44. Com o valor presente conseguimos trazer para data
atual, o capital, que foi acumulado ao longo do tempo sob uma taxa
de juros. Com esse conceito, vamos ver o conceito de Valor Presente
Líquido (VPL).
O valor presente Líquido (VPL), também denominado método de
avaliação de fluxos de caixas descontados, consiste em concentrar,
na “data zero”, o (VP) de todos os fluxos de caixa do investimento
descontados pela TMA, evidenciando, assim o lucro econômico do
projeto.
Trata-se de trazer as entradas de caixa futuras ao valor presente,
para, então, confrontar esse montante com o custo de aquisição do
novo investimento. Assim, consideramos o VPL como a soma das
entradas e saídas, descapitalizadas, uma a uma, até o momento zero.
Podemos também visualizar na equação a seguir, o método de
cálculo do VPL:
FCL1 FCL2 FCL3 FCLn
VPL = − I 0 + + + +
(1 + TMA) (1 + TMA) 2 (1 + TMA)3 (1 + TMA) n

Em que:
I0 = Investimento a ser realizado (saída de caixa do projeto).
FCL = Fluxos de caixas líquidos, esperados como retornos do
investimento – ou seja, uma entrada de caixa com a operação do
projeto.
i= Taxa de desconto ou de atratividade (TMA), que permite trazer o
FCL a valor presente.

118 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


O resultado do VPL pode ser entendido como o ganho adicional se
o mesmo capital fosse aplicado à TMA. Assim, os projetos só podem ser
considerados viáveis quando seu resultado for positivo, caso contrário,
é preferível investir o capital sob a TMA, uma vez que o projeto não
consegue gerar uma taxa de retorno igual ou superior à TMA.
Para a tomada de decisão de investir em determinado projeto
utilizando o VPL, faz-se necessário compreender a regra de decisão
básica do método. Vamos a eles:
Se VPL > 0, aceita-se o projeto de investimento, pois os retornos
oferecidos cobrirão o capital investido, o retorno mínimo exigido e
ainda oferecerão um ganho líquido positivo ao investidor.
Se VPL = 0, o projeto de investimento apresenta-se indiferente,
pois seu retorno apenas cobrirá o capital investido e o retorno mínimo
exigido pelo investidor, não oferecendo qualquer vantagem ou ganho
além disso.
Se VPL < 0, rejeita-se o projeto de investimento, pois os retornos
oferecidos não cobrirão o capital investido, acrescido do retorno
mínimo exigido pelo investidor.
Questão para reflexão
Quais são as vantagens no uso do VPL na análise de viabilidade de
projetos?

3.3 Índice Benefício/Custo (IBC)


O IBC ou Índice Benefício/Custo é utilizado para mensurar a
expectativa de ganho para cada unidade de capital investido, ou seja,
mostra o retorno que a empresa obtém para cada R$ 1,00 investido
em um determinado projeto. O IBC é calculado por meio da razão
entre o Fluxo Esperado de Benefícios do projeto e o Fluxo Esperado
de Investimentos necessários para realizá-lo: a fórmula para cálculo é:

VPL + I
IBC =
I

Em que (VPL) é o Valor presente líquido e (I) é o investimento. Se o


IBC for maior que 1, o projeto deve continuar sendo analisado. Se IBC
for menor que 1, rejeita-se o projeto. Em síntese, temos que:
• IBC > 1; custo < benefício: (Projeto viável)

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 119


• IBC < 1; custo > benefício: (Projeto inviável)
• IBC = 1; custo = benefício: (Projeto indiferente)

3.4 Retorno Adicional Sobre Investimento (ROIA)


A (ROIA) ou retorno adicional sobre o investimento, apresenta a
rentabilidade adicional do projeto em relação a TMA. A fórmula para o
cálculo da ROIA é:
 1

ROIA = ( IBC ) n − 1 *100
 

Por meio da (ROIA), encontra-se o ganho real em percentual,


adicional à TMA, por isso é a melhor estimativa de rentabilidade de
investimentos, logo que da base para o patrocinador decidir se o ganho
adicional é suficiente ou não, como prêmio de risco que se pretende
assumir ao de decidir pelo investimento no projeto analisado.

3.5 Retorno Sobre Investimento (ROI)


O (ROI), ou retorno sobre investimento, mensura a relação entre o
investimento realizado e os ganhos de capital gerados pelo projeto ao
longo de sua duração. A (ROI) mede o retorno anual em taxa, ou seja,
se o fluxo de caixa ou de lucros líquidos fossem aplicados na empresa
com a remuneração da TMA, em relação ao custo do investimento.
Pode ser calculado mediante a fórmula a seguir:

ROI = [ (1 + ROIA) *(1 + TMA) − 1] *100

O resultado do (ROI) nos aponta quanto o projeto tem a capacidade


de gerar retorno ao ano, em relação ao total investido. Lembrando que
o valor da (ROIA) e da (TMA) na fórmula devem estar em decimal.

3.6 TIR (Taxa Interna de Retorno)


A taxa interna de retorno (TIR) representa a taxa média periódica de
retorno de um projeto suficiente para repor, de forma integral e exata,
o investimento realizado. A taxa média periódica de retorno representa
a medida de rentabilidade de um determinado projeto de investimento.
Portanto, a (TIR) pode ser entendida como a taxa de retorno do
projeto ao longo do tempo. Assim, por meio da TIR é possível ter uma

120 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


noção dos retornos periódicos de um projeto em termos percentuais.
Deste modo, o valor TIR representa o retorno (%) do projeto. Por
exemplo, se a TIR de um projeto for de 10% e os fluxos de caixa são
anuais, então significa que este projeto irá gerar um retorno anual de
10%, caso os fluxos de caixas fossem reinvestidos ao valor da TIR.
Uma das principais interpretações para TIR já foi apresentada, isto
é, ela representa a taxa de retorno do projeto, porém, podemos ainda
levantar a seguinte questão, qual é o valor ideal para TIR? Para uma
interpretação adequada da TIR é necessário compará-la à TMA (visto
que a TMA é retorno mínimo exigido pelos patrocinadores). Comparar
a TIR com a TMA é fundamental para verificar se o projeto consegue
gerar um retorno igual ou superior à TMA. Os projetos com uma TIR
inferior a TMA deverão ser rejeitados, uma vez que seria mais eficiente
aplicar o capital sob a TMA e, assim obter um retorno compatível com
a necessidade dos patrocinadores do projeto.
O cálculo da TIR independe de qualquer informação externa ao
próprio fluxo de caixa do projeto e investimento. Assim, a TIR iguala
as saídas e as entradas de um projeto de investimento, produzindo,
consequentemente, um VPL igual a zero. Temos que:
FCL1 FCL2 FCL3 FCLn
0 = −I0 + + + +
(1 + TIR) (1 + TIR) 2 (1 + TIR)3 (1 + TIR) n

A regra de decisão básica da TIR pode ser dada por:


• Se a TIR for maior que a taxa mínima de atratividade (TMA), aceita-
se o projeto de investimento.
• Se a TIR for menor que a taxa mínima de atratividade (TMA), rejeita-
se o projeto de investimento.
• Se a TIR for igual a taxa mínima de atratividade (TMA), o VPL será
zero (indiferente).
Operação matemática para o cálculo da TIR, está em encontrar
a raiz quadrada de uma equação de grau maior do que dois (2)
normalmente. Logo, o cálculo da TIR passa ser muito trabalhoso
quando a sua determinação ocorre de forma manual, porém é possível
utilizar a calculadora financeira como um meio para realizar seu cálculo.

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 121


3.7 Payback (Período de Retorno do Investimento – PRI)
Ao analisar o Payback o investidor busca respostas para a seguinte
pergunta: em quanto tempo o projeto de investimento se paga?
Resposta em períodos de tempo (anos, meses, dias etc.).
O Payback é o tempo necessário para que uma empresa recupere
o investimento inicial de um projeto, a partir das entradas de caixa. O
Payback pode ser calculado pelo método simples, ou seja, a soma dos
valores dos fluxos de caixa realizados, até que a somatória iguale ao
valor do investimento e pelo método descontado, no qual o cálculo é
realizado com valores de fluxo de caixa descontados a uma dada taxa
(Taxa Mínima de Atratividade – TMA), ou seja, traz a valor presente os
valores futuros do fluxo de caixa.

Para saber mais


Conheça mais sobre o assunto
Acesse o artigo no link a seguir e reveja os conceitos estudados nesta
seção, com aplicações práticas. Disponível em: <http://vigo.ime.
unicamp.br/Projeto/2009-2/MS777/ms777_ieda.pdf>. Acesso em: 11
ago. 2017.

Atividades de aprendizagem
1. O ______________________ consiste no período em que ocorre
a recuperação do investimento inicial, ou seja, é o tempo necessário
para que o fluxo de caixa fique positivo ou atinja o ponto de equilíbrio. O
______________________ e a______________________ baseiam-se no
conceito de fluxo de caixa descontado, ou seja, levam em consideração o
valor do dinheiro no tempo em que ocorrem as entradas e saídas de caixa.
A ______________________ representa o retorno mínimo exigido, em
porcentagem, para que o investidor se interesse pelo projeto.
Com base no texto e no material estudado, assinale a alternativa que
completa corretamente o texto acima:
a) Payback – TMA – TIR – VPL.
b) Payback – VPL – TIR – TMA.
c) VPL – Payback – TIR – TMA.
d) Payback – VPL – TMA – TIR.
e) VPL – Payback – TMA – TIR.

122 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


2. Sobre as técnicas de análise de investimentos, considere as afirmativas
a seguir:
I) O valor presente líquido representa a taxa necessária para igualar o valor
de um investimento (em valores atuais) com os seus respectivos retornos
futuros, ou seja, é a taxa de retorno do projeto de investimento.
II) A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) é a taxa que representa o mínimo
que um investidor se propõe a ganhar quando faz um investimento.
III) A Taxa Interna de Retorno (TIR) permite avaliar, em valor presente, todos
os fluxos de caixa pertinentes a um determinado projeto de investimento.
IV) O payback é a ferramenta usada para mensurar o tempo necessário para
que os desembolsos (investimentos) sejam integralmente recuperados.
Assinale a alternativa correta:
a) As afirmativas I e II estão corretas.
b) As afirmativas II e III estão corretas.
c) As afirmativas III e IV estão corretas.
d) As afirmativas I, II e IV estão corretas.
e) As afirmativas II e IV estão corretas.

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 123


Seção 4
Exemplo prático de análise de viabilidade de
econômico-financeira de projetos
Introdução à seção

Nesta seção vamos estudar um caso prático para que possamos


verificar a viabilidade econômica para um projeto considerando todos
indicadores de viabilidade estudados, tais como:
1. Valor Presente Líquido (VPL).
2. Índice Benefício Custo (IBC).
3. Retorno Adicional Sobre Investimento (ROIA).
4. Retorno Sobre Investimento (ROI).
5. Taxa Interna de Retorno (TIR).
6. Payback Simples e Descontado.
O caso a ser estudado é o projeto de expansão da indústria Beta
Ltda.

Questão para reflexão

Qual é a importância desses indicadores para a decisão de investimento?

4.1 Informações do projeto


A empresa Beta Ltda. deseja instalar nova linha de produção em sua
planta industrial. O setor de engenharia apresentou duas propostas de
projetos, com base no teor tecnológico de cada projeto, denominados
de Projeto (A) e Projeto (B). As linhas de produção propostas nos projetos
possuem vida útil de cinco anos, e não apresentam valor residual.
Para o Projeto (A) o montante a ser investido é de R$ 400.000,00
e a projeção de resultados, bem como o Fluxo de Caixa Líquido desse
projeto, encontra-se no Quadro 3.9.

124 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


Quadro 3.9 | Projeção de resultados e fluxo de caixa líquido do Projeto A

Fonte: elaborado pelo autor.

Para o Projeto (B) o montante a ser investido é de R$ 500.000,00


e a projeção de resultados, bem como o Fluxo de Caixa Líquido desse
projeto, encontra-se no Quadro 3.10.

Quadro 3.10 | Projeção de resultados e fluxo de caixa líquido do Projeto B

Fonte: elaborado pelo autor.

Os resumos dos dados do fluxo de Caixa do Projeto estão


apresentados no Quadro 3.11.
Quadro 3.11 | Fluxo de caixa líquido dos projetos

T Projeto A Projeto B
0 - 400.000,00 - 500.000,00
1 100.800,00 108.200,00
2 115.000,00 124.600,00
3 134.000,00 141.400,00
4 140.000,00 155.400,00
5 146.000,00 170.200,00

Fonte: elaborado pelo autor.

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 125


Considerando uma TMA de 10% ao ano, qual é a melhor proposta
de investimento?
A partir de agora, faremos a análise de viabilidade econômico-
financeira desses projetos e ajudar a Beta Ltda., a tomar a melhor
decisão de investimento.

4.2 Análise de viabilidade dos projetos


Cálculo do VPL
Para calcular o Valor Presente Líquido (VPL) devemos considerar o
valor fluxo de caixa do projeto para o período de 5 anos e com uma
TMA de 10% a.a. Deste modo, o cálculo do VPL será desenvolvido da
seguinte forma:
100.800 115.000 134.000 140.000 146.000
VPLA = −400.000 + + + + + = 73.630, 27
(1 + 0,10) (1 + 0,10) 2 (1 + 0,10)3 (1 + 0,10) 4 (1 + 0,10)5

108.200 124.600 141.400 155.400 170.200


VPLB = −500.000 + + + + + = 19.395, 86
(1 + 0,10) (1 + 0,10) 2 (1 + 0,10)3 (1 + 0,10) 4 (1 + 0,10)5

Calculando via calculadora HPC – 12 C

Todos os projetos possuem VPL > 0, ou seja, todos são viáveis,


porém, o projeto A apresentou o maior retorno. Verifica-se também
que os fluxos de caixa de ambos os projetos conseguem gerar uma
remuneração ao capital inicial investido.
Cálculo do IBC
Para o cálculo do IBC, vamos utilizar os valores encontrados no VPL
e o montante a ser investido para cada projeto. Então, temos para cada
um dos projetos:

126 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


73.630, 27 + 400.000
IBC A = = 1,18
400.000

19.395, 86 + 500.000
IBCB = = 1, 04
500.000

De acordo com os resultados, todos os projetos apresentam IBC


maior que 1, ou seja, o benefício dos projetos são maiores que seus
custos. Para o Projeto (A), para cada R$ 1,00 imobilizado no projeto,
espera-se retirar após o horizonte de planejamento do projeto (no
caso do exemplo são cinco anos), R$ 1,18. Para o Projeto (B), para cada
R$ 1,00 imobilizado no projeto, espera-se retirar após o horizonte de
planejamento do projeto (no caso do exemplo são cinco anos), R$ 1,04.
Destaca-se, então, que o Projeto (A) apresentou um custo benefício
melhor, para cada real investido.
Cálculo do ROIA
Para o cálculo do ROIA, temos para cada um dos projetos:
 1

ROIAA = (1,18) 5 − 1 *100 = 3, 37%
 

 1

ROIAB = (1, 04) 5 − 1 *100 = 0, 79%
 

Calculando via calculadora HPC – 12 C

O projeto (A) apresentou uma ROIA de 3,37% ao ano, além da TMA


de 10% ao ano. O projeto (B) apresentou uma ROIA de 0,79% ao ano,
além da TMA de 10% ao ano, portanto, o projeto (A) demonstra-se mais
capaz de gerar retornos além da TMA do que o projeto (B).
Cálculo do ROI
Para o cálculo do ROI, temos para cada um dos projetos:

ROI A = [ (1 + 0, 0337) *(1 + 0,10) − 1] *100 = 13, 70%a.a

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 127


ROI B = [ (1 + 0, 0079) *(1 + 0,10) − 1] *100 = 10, 87%a.a

O projeto (A) tem a capacidade de gerar um retorno sobre o


investimento de 13,7% ao ano. Assim, como o ROI > TMA, o projeto
é viável. O projeto (B) tem a capacidade de gerar um retorno sobre o
investimento de 10,87% ao ano. Assim, como o ROI > TMA, o projeto
também é viável, porém deve destacar que o projeto (A) apresenta uma
taxa de retorno anual sobre o investimento maior que o projeto (B).
Cálculo da Taxa Interna de Retorno (TIR)
Para o cálculo da TIR, vamos utilizar a calculado HP-12C.
Calculando via calculadora HPC – 12 C

Ambos os projetos estão acima da TMA, ou seja, tanto o projeto


(A) quanto o projeto (B) podem ser aceitos. No entanto, o projeto (A)
apresenta a maior taxa interna de retorno 16,50% a.a. É um investimento
que cobrirá o custo do capital de terceiros e o custo do capital próprio
e ainda deixará um excedente de retorno (cria valor para o investidor).
Cálculo do Payback Simples – Período de Recuperação do
Investimento (PRI)
A nossa proposta será compreender o período de tempo necessário
em anos para que se possa recuperar o investimento inicial de R$
400.000 para o projeto (A) e de R$ 500.000 para o projeto (B) com a
geração dos fluxos de caixa. Para calcular o payback simples devemos
considerar o fluxo de caixa do projeto de investimento. Logo, temos
para o projeto (A) e projeto (B):

128 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


Conforme podemos observar o período de recuperação do
investimento está entre o terceiro e quarto ano para ambos os projetos.
Desta forma, iremos calcular o payback por meio da sua fórmula
para que possamos definir o período aproximado de tempo para se
recuperar o investimento inicial. Para o projeto (A), temos:
−50.200
( PRI ) Payback A = 3 + = 3 + 0, 3585 = 3, 36
−50.200 − 89.800
encontrar em meses e dias, é só multiplicar (0,3585*360), pois, 360
são os dias comerciais em um ano, chegamos ao cálculo de 129 dias.
Temos, então, que a recuperação do investimento será em 3 anos, 4
meses e 9 dias. Para o projeto (B) temos:
−125.800
( PRI ) Payback B = 3 + = 3 + 0, 8095 = 3, 81
−125.800 − 29.600
para encontrar em meses e dias, é só multiplicar (0,8095*360), pois,
360 são os dias comerciais em um ano, chegamos ao cálculo de 291
dias. Temos, então, que a recuperação do investimento será em 3
anos, 9 meses e 21 dias.
Portanto, o prazo de recuperação do investimento pelo método do
payback simples, é mais rápido no projeto (A) em comparação com o
projeto (B).
Cálculo do Payback Descontado – Período de Recuperação do
Investimento (PRI)
O payback descontado segue o mesmo princípio do payback
simples, porém os fluxos de caixa são descontado por uma TMA e,

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 129


assim se considera o valor do dinheiro no tempo e, esta vem a ser
a maior vantagem do payback descontado quando comparado ao
payback simples.
Para o cálculo do Payback Descontado, temos para cada um dos
projetos:

É possível observar que o prazo para recuperação do investimento


(payback descontado) considerado o fluxo de caixa descontado é entre
o quarto e quinto ano para ambos os projetos. O cálculo do payback
descontado para o projeto (A) será: -90624
−17.024
( PRI ) Payback A = 4 + = 4 + 0,1878 = 4,19
−17.024 − 73.600

para encontrar em meses e dias, é só multiplicar (0,1878*360), pois,


360 são os dias comerciais em um ano, chegamos ao cálculo de 67
dias. Temos então, que a recuperação do investimento será em 4 anos,
2 meses e 7 dias. Para o projeto (B) temos: 105681

−86.285
( PRI ) Payback B = 4 + = 4 + 0, 8165 = 4, 82
−86.285 − 19.396
para encontrar em meses e dias, é só multiplicar (0,8165*360), pois,
360 são os dias comerciais em um ano, chegamos ao cálculo de 294
dias. Temos então, que a recuperação do investimento será em 4 anos,
9 meses e 24 dias.
Portanto, o prazo de recuperação do investimento pelo método
do payback descontado, é mais rápido no projeto (A) em comparação
com o projeto (B).

130 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


Conforme se pode visualizar no Quadro 3.12, ambos os projetos são
economicamente viáveis, logo que apresentam ganhos positivos em
todas as regras de decisões dos indicadores econômico-financeiros.
Entretanto, em níveis de comparação, o projeto A apresentou os
melhores indicadores, sendo, portanto, o projeto a ser escolhido.
Quadro 3.12 | Síntese dos indicadores de viabilidade
Índice Projeto A Projeto B Decisão
VPL 73.630,27 19.395,86 A
IBC 1,18 1,04 A
ROIA 3,37% 0,79% A
ROI 13,7% a.a 10,87% a.a A
Payback Simples 3,36 3,81 A
Payback
4,19 4,82 A
Descontado
TIR 16,5% 11,4% A
Fonte: elaborado pelo autor.

Questão para reflexão

Se a TMA considerada pelos investidores do projeto fosse de 14%, qual


seriam os resultados para esses indicadores? O projeto (A) ainda seria
viável?

Para saber mais


Calculando o VPL, TIR e Payback
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_JSqWuzRVAI>.
Acesso em: 11 ago. 2017.
Assista ao vídeo e reforce o conteúdo que você acabou de estudar!

Atividades de aprendizagem
1. Uma empresa deseja instalar uma linha de produção cujo investimento
inicial é de R$150.000,00. Essa linha tem vida útil de cinco anos e, ao
final deste prazo, tem valor residual de R$ 30.000,00. A manutenção dos
equipamentos exigirá desembolsos de R$ 20.000,00 ao final de cada ano e
as receitas geradas pela produção serão de R$ 68.000,00 ao ano. Sabendo-
se que o custo do capital da empresa é de 34,49% ao ano, verifique pelo
método do VPL, se o projeto é viável.

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 131


2. Considere os fluxos de caixa das seguintes propostas de investimento
(anos):
Alternativa I: ( -10.000; 4.100; 3.500; 3.500; 9.500; 9.500).
Alternativa II: ( -10.000; 5.200; 4.900; 6.000; 4.600; 2.300).
Considerando-se uma taxa de desconto (TMA) de 5% ao ano, calcule e
apresente a decisão de investimento segundo os métodos:
a) VPL.
b) Período de payback, para um limite de dois anos e meio.
c) TIR.

132 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


Seção 5
A substituição de equipamentos
Introdução à seção

É muito comum que as organizações precisem substituir suas


máquinas, equipamentos, ferramentas e instalações, ou seja, seu
capital físico de maneira geral, porém, a decisão pela substituição de
equipamentos é fundamental para as empresas, logo que tendem a
ser irreversíveis, e comprometem um grande montante de recursos
financeiro, principalmente, em empresas do ramo industrial.
Nesta seção vamos compreender como podemos aplicar as
técnicas de análise de investimentos estudadas nas seções anteriores,
podem auxiliar o gestor na tomada de decisão de substituição de
equipamentos.
Questão para reflexão
Qual é o momento adequado para realizar a troca de equipamentos em
uma empresa?

5.1 Motivos para substituir equipamentos


Diversos motivos podem levar à substituição de equipamentos
por uma organização, não exclusivas entre si, mas que tornam viável
economicamente a substituição de equipamentos. Entre os principais
motivos, podem-se destacar:
• Deterioração: custos operacionais excessivos, manutenção
crescente, perdas de produtividade.
• Avanço tecnológico: obsolescência de equipamentos,
necessitando de métodos mais eficientes ou melhores máquinas.
Essas causas levam os empresários a questionarem se e quando
devem substituir os equipamentos, ou capital físico em geral. A resposta
é possível por meio da análise do VPL e da TIR, no qual a racionalidade
econômico-financeira é o critério de decisão.
A vida econômica de um equipamento é o período temporal (em
anos) em que o custo anual de manutenção e operação do bem é

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 133


mínimo. É fato, que capitais físicos se desgastam com o tempo de uso,
e isso leva a necessidade de maior manutenção, o que pode levar ao
longo do tempo, aumento dos seus custos operacionais. A vida útil
de um bem corresponde ao período de tempo em que o bem físico
exerce suas funcionalidades esperadas, sendo que a vida útil depende
de como o bem é utilizado e preservado.
Questão para reflexão
Quais são as modalidades de substituição de equipamentos existentes?

5.2 Modalidades para a tomada de decisão de troca de


equipamentos
Existem duas modalidades utilizadas para substituição de
equipamentos. A primeira modalidade é a baixa sem reposição e a
segunda é a substituição por vida econômica. A partir de agora, vamos
estudar cada uma delas, apresentando conceito e exemplo prático.

5.2.1 Baixa sem reposição


A baixa sem reposição ocorre quando o bem (máquinas,
equipamento etc.) é desativado sem a ocorrência de reposição. A
decisão do empresário é decidir o momento correto em desativar o
bem. O critério de decisão, deve levar em conta duas opções:
Opção 1: se o VPL de sua manutenção, nesse período, for positivo,
o ativo deve ser mantido por mais um período (normalmente um ano).
Opção 2: se o VPL de sua manutenção, nesse período, for negativo,
o ativo deve ser desativado.
Cabe ressaltar que, o Valor Presente Líquido deve ser avaliado
anualmente, até ser encontrado o seu valor negativo, isto é, quando
não é mais viável manter o equipamento.
Ao se detectar o VPL negativo, é determinado o período em
que o bem deve ser desativado, ou seja, o tempo de dar “baixa” no
equipamento sem a sua reposição.
Considere o seguinte exemplo prático:
Determinada empresa está avaliando a tomada de decisão de
desativação de parte de seus equipamentos, e para isso, está utilizando
o método da baixa sem reposição. A equipe financeira da organização

134 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


elaborou a projeção de valores de venda, receita, custo e lucro que os
equipamentos podem gerar parar a empresa. Os dados são visualizados
no Quadro 3.13.
Quadro 3.13 | Dados para análise de substituição de equipamento

Receita Lucro
Ano Valor da Venda Custo Operacional
Operacional Operacional
0 R$ 300.000,00 - - -
1 R$ 250.000,00 R$ 200.000,00 R$ 80.000,00 R$ 120.000,00
2 R$ 150.000,00 R$ 170.000,00 R$ 90.000,00 R$ 80.000,00
3 R$ 50.000,00 R$ 140.000,00 R$ 110.000,00 R$ 30.000,00

Fonte: adaptado de Kirchner (2014).

Nota-se que o valor de venda dos equipamentos tende a diminuir


ao longo do tempo, bem como o seu lucro operacional. Com a
depreciação, aumentam os custos de manutenção e acabam por
gerar menos receitas, porém, ainda é capaz de gerar lucro operacional.
Os gestores questionam até que ponto é viável manter o
equipamento funcionando, e perder o valor de venda no mercado?
Quando deve ser feita a baixa sem reposição?
Para o 1º ano, a manutenção do equipamento no segundo ano,
implica “investir” R$ 300.000,00 (deixar de receber a venda) no período
zero e receber R$ 250.000,00 no ano seguinte (venda) mais o lucro
operacional de R$ 120.000,00. Considerando a TMA de 10% ao ano,
o VPL será:
370.000
VPL1 = −300.000 + = 36.363, 64
(1 + 0,10)

Como o VPL foi positivo, os gestores devem manter o equipamento


no primeiro ano.
Para o 2º ano, a manutenção do equipamento no próximo ano,
implica “investir” R$ 250.000,00 (deixar de receber a venda) no ano
um, e receber R$ 150.000,00 no ano seguinte (venda) mais o lucro
operacional de R$ 80.000,00. Considerando a TMA de 10% ao ano, o
VPL será:
230.000
VPL2 = −250.000 + = −40.909, 09
(1 + 0,10)

Como o VPL foi negativo, os gestores devem vender o ativo no


segundo ano.

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 135


É interessante manter o ativo em funcionamento, visto que o lucro
operacional compensa (em relação ao VPL), a perda de valor de venda
do equipamento. O mesmo não ocorre para o segundo ano, no qual o
VPL mostrou-se negativo. Isto significa que: deve-se manter o ativo por
mais um ano em funcionamento e, ao final deste, deve-se desativá-lo,
ou seja, realizar a baixa sem reposição

5.2.2 Substituição por vida econômica


A substituição por vida econômica acontece quando o equipamento
tem a possibilidade de ser substituído por outro. Aparecem duas
questões que permitem dúvidas: a primeira, é se deve realizar a
substituição e a segunda é quando se deve realizá-la.
Para a tomada de decisão, a vida econômica do ativo deverá ser
considerada, no qual dois custos são respeitados:
- O custo do investimento inicial, que tende a tornar a vida do bem
a maior possível.
- Os custos de manutenção e operação, que tendem a encurtar a
vida do bem.
A decisão final será dada no ano que apresentar o maior retorno do
Valor Presente Líquido, isto é, período em que o bem vai gerar o maior
ganho para a organização.
Considere o seguinte exemplo prático:
Uma transportadora avalia a substituição de um caminhão por um
outro novo. A equipe financeira fez as seguintes projeções:

Quadro 3.14 | Dados para análise de aquisição de novo equipamento

Ano 0 1 2 3
Preço do Novo
R$ 100.000,00 R$ 100.000,00 R$ 100.000,00 -
Caminhão
Revenda Caminhão
R$ 50.000,00 R$ 40.000,00 R$ 30.000,00 -
velho
Investimento R$ 50.000,00 R$ 60.000,00 R$ 70.000,00 -
Lucro Operac.
- R$ 20.000,00 R$ 25.000,00 R$ 30.000,00
Caminhão Novo
Lucro Operac.
- R$ 15.000,00 R$ 15.000,00 R$ 15.000,00
Caminhão Velho
Fonte: adaptado de Kirchner (2014).

136 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


Na primeira linha da figura temos o valor do investimento a ser
realizado com a nova aquisição. O valor do investimento do novo
caminhão é de R$ 100.000,00 e, conforme os anos passam, o valor
de revenda do caminhão velho diminui, sabendo que este será dado
de entrada na compra do caminhão novo. As linhas quatro e cinco
da figura indicam o lucro operacional do caminhão novo e velho
respectivamente em cada ano. Obviamente, o lucro do novo veículo
é maior, logo que o custo de manutenção é menor e a possui maior
capacidade de transporte. Os gestores questionam, em que ano devem
trocar de caminhão? Para isso, deve-se usar a técnica do VPL.
Se substituir o caminhão de maneira imediata (data zero), a empresa
vai investir o valor de R$ 50.000,00 (diferença entre o preço dos dois
caminhões), e ao mesmo tempo, projetar os ganhos de operações dos
anos seguintes (R$ 20.000,00; R$ 25.000,00 e R$ 30.000,00). O fluxo
de caixa a ser considerado será o seguinte:

Considerando a TMA de 10% ao ano, o VPL para o período imediato


será:
20.000 25.000 30.000
VPL0 = −50.000 + + + = 11.382, 42
(1 + 0,10) (1 + 0,10) (1 + 0,10)3
2

Se a empresa substituir o caminhão no ano 01, o valor do


investimento será de R$ 60.000,00. O primeiro ano vai ter como lucro
operacional o resultado do caminhão velho, logo que, só ao término
do primeiro ano ele será substituído (R$ 15.000,00) e, nos anos 2 e 3,
tem-se o lucro com o novo veículo (R$ 25.000,00 e R$ 30.000,00). O
fluxo de caixa a ser considerado será o seguinte:

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 137


Considerando a TMA de 10% ao ano, o VPL para o ano um será:
(−60.000 + 15.000) 25.000 30.000
VPL1 = 0 + + + = 2.291, 51
(1 + 0,10) (1 + 0,10) (1 + 0,10)3
2

Se a empresa substituir o caminhão no ano 2, a depreciação do


caminhão velho chega a R$ 30.000,00 e o valor do investimento
sobre para R$ 70.000,00. Desse modo, a empresa vai trabalhar com
o caminhão antigo nos dois primeiros anos, com lucro operacional de
R$15.000,00 nos dois anos e o lucro do caminhão novo será somente
no ano 3, no valor de R$30.000,00. O fluxo de caixa a ser considerado
será o seguinte:

Considerando a TMA de 10% ao ano, o VPL para o ano dois será:


15.000 (−70.000 + 15.000) 30.000
VPL2 = 0 + + + = −9.278, 74
(1 + 0,10) (1 + 0,10) 2 (1 + 0,10)3
A data zero e data um deram VPLs positivos. Na data dois deu VPL
negativo, portanto, a substituição deve ser feita imediatamente (data
zero), a opção que apresentou o VPL positivo mais alto. A substituição
não seria interessante se todos os VPLs fossem negativos.

Para saber mais


Leia o texto intitulado Análise de viabilidade da substituição de
equipamentos sob incerteza: o caso da São Bento Mineração S.A., dos
autores Henrique Mendes Silva e Leonardo Pereira Santiago.
Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2006_
TR510344_7705.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2017.

Atividades de aprendizagem
1. Cite e explique quais são as modalidades de análise para a decisão de
troca de equipamentos industriais.

138 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


2. A transportadora TMG Logística estuda a viabilidade de substituir um
dos caminhões de sua frota. Após coletar algumas informações e fazer os
cálculos do Valor Presente Líquido (VPL) para 3 anos, o gerente chegou aos
seguintes resultados:
VPL (ANO 01): R$ 6.621,20; VPL (ANO 02): R$ 2.4876,82; VPL (ANO 03): - R$
1.924,31.
Com base nessas informações, assinale a alternativa que melhor expõe a
ação a ser tomada pelo gestor. Considere a modalidade de reposição por
vida econômica.
a) A substituição deve ocorrer no (ano 3), a opção que apresentou o VPL
negativo.
b) A substituição deve ser feita imediatamente (ano 1), a opção que
apresentou o VPL positivo mais alto.
c) A substituição do equipamento deve ocorrer independentemente do ano.
d) Como o VPL do (ano 3) é negativo, a substituição do caminhão não é
interessante.
e) A substituição do caminhão deve ocorrer no (ano 2), a opção que
apresentou o VPL positivo menor.

Fique ligado
Nesta unidade, você aprendeu:
• Etapas de elaboração de projetos de investimentos para novos
empreendimentos.
• Elementos que devem compor o projeto de investimento.
• Projeção de Fluxo de Caixa Líquido.
• Efeito da Depreciação e do Imposto de Renda no Fluxo de Caixa.
• Índices de análise de investimentos.
• Valor Presente Líquido (VPL).
• Índice Benefício Custo (IBC).
• Retorno Adicional Sobre Investimento (ROIA).
• Retorno Sobre Investimento (ROI).
• Taxa Interna de Retorno (TIR).
• Payback Simples e Descontado.
• Substituição de Equipamentos.

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 139


Para concluir o estudo da unidade
Olá, prezado aluno!
Você aprendeu, nesta unidade, os componentes básicos que
devem constar em um documento de projeto de viabilidade de
investimentos voltados para a abertura de novos empreendimentos,
expansão (filiais ou franquias), elaboração de novos produtos, novas
tecnologias, aprimoramento de processos produtivos, ou qualquer
outro projeto de expansão de negócios.
Você também estudou que as principais técnicas de análise
de investimentos devem basear-se no conceito de fluxo de
caixa. Descobrimos que existem diferentes técnicas de análise de
investimentos, sendo que as três principais são: período de retorno
(payback); valor presente líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR).
Nesta unidade, você aprendeu importantes “ferramentas” para analisar
o momento adequado para realização de substituição de máquinas e
equipamentos existentes por outros novos.
Para aprofundar seus estudos, você pode continuar pesquisando
em materiais, reportagens, livros e artigos da internet.

Atividades de aprendizagem da unidade


1. Na análise econômico-financeira do projeto são detalhados aspectos
associados aos quadros financeiros que compõem a sequência normalmente
seguida para elaborar um projeto de viabilidade.
Sobre a elaboração dos quadros financeiros em projetos de investimento,
marque V para Verdadeiro ou F para Falso:
( ) Por meio do quadro de usos e fontes, a organização poderá visualizar
onde serão alocados os investimentos e as fontes de financiamentos do
capital.
( ) No quadro de projeção de receitas, os financiamentos vão se ajustar
aos investimentos, nas proporções definidas pelos programas de crédito no
qual são submetidos.
( ) O capital de giro próprio faz parte do investimento do projeto, logo que
sem essa disponibilidade de recursos financeiros para o giro das operações,
a empresa não consegue operacionalizar.
( ) O quadro de produção do fluxo deve conter os valores totais de
investimentos a serem empregados no projeto antes de iniciar as operações.
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

140 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


a) F – V – F – V.
b) V – F – V – F.
c) V – V – F – V.
d) F – F – V – F.
e) V – F – F – V.

2. O _____________________ incide sobre o lucro tributável da empresa


que, por sua vez, é influenciado por procedimentos da contabilidade da
_____________________. Por essa razão, a legislação tributária permite
às empresas deduzirem de seu lucro anual a correspondente carga de
___________________ para fins de cálculo do imposto de renda.
Com base no texto e no material estudado, assinale a alternativa que
completa corretamente o texto acima:
a) imposto de renda – depreciação – contribuição social.
b) juros compostos – tributação – depreciação.
c) lucro real – juros – renda.
d) lucro líquido – depreciação – despesas.
e) imposto de renda – contribuição social – depreciação.

3. Sobre as técnicas de análise de investimentos, considere as afirmativas


a seguir:
I) A representação do fluxo de caixa de um projeto consiste em uma escala
horizontal, na qual são marcados os períodos de tempo. São representadas
com setas para cima as entradas e com setas para baixo as saídas de caixa.
II) Para que um investimento/projeto seja aceito, é necessário que seja
definida sua taxa mínima de retorno, sendo que a TMA é a taxa a partir da
qual o investidor considera que está obtendo ganhos financeiros.
III) As técnicas de análise de investimentos valem-se de alguns estratagemas
como a análise do valor presente líquido (VPL). Essa técnica permite avaliar,
em valor presente, todos os fluxos de caixa pertinentes a um determinado
projeto de investimento.
IV) Quando o VPL é igual a zero, o projeto foi capaz de recuperar o
investimento inicial (payback), de pagar a Taxa Mínima de Atratividade (TMA)
sobre esse investimento e de produzir um retorno de valor positivo em reais.
Assinale a alternativa correta:
a) As afirmativas I e II estão corretas.
b) As afirmativas I e III estão corretas.
c) As afirmativas III e IV estão corretas.
d) As afirmativas I, II e III estão corretas.
e) As afirmativas II e IV estão corretas.

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 141


4. Um investidor dispõe de um capital de R$ 350.000,00 e possui duas
alternativas de investimento, quais sejam:
1º) Aplicar no empreendimento (A) que lhe renderá R$ 150.000,00 anuais no
período de três anos.
2º) Aplicar no empreendimento (B) que lhe renderá R$ 120.000,00 anuais no
período de quatro anos.
Sabendo-se que a Taxa Mínima de Atratividade (TMA) estabelecida pelo
investidor é de 10% ao ano, assinale a alternativa que apresenta o cálculo
correto do VPL e com a melhor alternativa de investimento. Obs.: (Usar até
4 casas após a vírgula).
a) Empreendimento (A) VPL = R$ 17.169,31; Empreendimento (B) VPL = R$
21.238,74. A melhor alternativa é o empreendimento (B).
b) Empreendimento (A) VPL = R$ 13.015,16; Empreendimento (B) VPL = R$
11.925,17. A melhor alternativa é o empreendimento (A).
c) Empreendimento (A) VPL = R$ 23.027,79; Empreendimento (B) VPL = R$
30.383,85. A melhor alternativa é o empreendimento (B).
d) Empreendimento (A) VPL = R$ 7.270,20; Empreendimento (B) VPL = R$
8.745,82. A melhor alternativa é o empreendimento (B).
e) Empreendimento (A) VPL = R$ 31.428,04; Empreendimento (B) VPL = R$
30.070,65. A melhor alternativa é o empreendimento (A).

5. A transportadora JR Logística estuda a viabilidade de substituir um dos


caminhões de sua frota. Para essa análise o gerente administrativo decidiu
utilizar o método de reposição por vida econômica. Após coletar algumas
informações e fazer os cálculos do Valor Presente Líquido (VPL) para 3 anos,
o gerente chegou nos seguintes resultados:
VPL (ANO 01): - R$ 3.251,20; VPL (ANO 02): - R$ 4.497,82; VPL (ANO 03): -
R$ 5.924,31.
Com base nessas informações, assinale a alternativa que melhor expõe a
ação a ser tomada pelo gestor.
a) Como todos os (VPLs) são negativos, a substituição do caminhão deve
ocorrer no Ano 1.
b) A substituição do caminhão deve ocorrer no Ano 3, que apresenta o
menor (VPL).
c) A substituição do equipamento deve ocorrer, independentemente do ano.
d) Como todos os (VPLs) são negativos, a substituição do caminhão não é
interessante.
e) A substituição do caminhão deve ocorrer no Ano 2.

142 U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais


Referências
ABECASSIS, Fernando; CABRAL, Nuno José. Análise econômica e financeira de projetos.
4.ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2000.
BERTOGLIO, O.; BRASAGA, B. A. Projetos de investimentos, empreendedorismo e
aspectos de mercado: caracterização e importância para as organizações. RACI - Revista
de Administração e Ciências Contábeis, v. 3, n. 7, p. 1-16, fev. /jul. 2008.
BLANK, LELAND. Engenharia econômica. 6. ed. Porto Alegre: AMGH, 2011.
CASAROTTO FILHO, Nelson. Elaboração de projetos empresariais: análise estratégica,
estudo de viabilidade e plano de negócio. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
CASAROTTO FILHO, Nelson; KOPITTKE, H. Bruno. Análise de investimentos: matemática
financeira, engenharia econômica, tomada de decisão, estratégia empresarial. 9. ed. São
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CLEMENTE, A; SOUZA, A. Decisões financeiras e análise de investimentos – fundamentos,
técnicas e aplicações. São Paulo: Atlas, 2008.
ENDE, Marta von.; REISDORFER, Vitor Kochhann. Elaboração e análise de projetos. Santa
Maria, RS: Universidade Federal de Santa Maria, Colégio Politécnico, Rede e-Tec Brasil,
2015.
KIRCHNER, Juliana Leite. Análise de Investimentos: Substituição de Equipamentos.
Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014.
PMI. Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos. Guia PMBOK ®. 5. ed.
EUA: Project Management Institute, 2013.
WOILER, Samsão, MATHIAS, Washington Franco. Projetos: planejamento, elaboração e
análise. SP: Atlas, 2008.
RYBA, A; LENZI, E; LENZI M. Engenharia econômica. Curitiba: Intersaberes, 2012.

U3 - Métodos para avaliação de investimentos em projetos industriais 143


Unidade 4

Análise das fontes de


financiamento para projetos
industriais
Leuter D. Cardoso Jr.

Objetivos de aprendizagem
O objetivo central dessa unidade de ensino é compreender os
aspectos fundamentais das fontes de financiamento para financiar
projetos de investimento na indústria em geral.

Seção 1 | Fundamentos do custo de capital


Na seção inicial serão estudados os fundamentos do custo de capital, visto
que é preciso verificar o custo de cada modalidade de financiamento e, assim,
analisar a viabilidade econômica, bem como financiar investimentos em ativos.

Seção 2 | Fontes de financiamento


O estudo, nesta seção, estará concentrado na compreensão das fontes de
financiamento de curto e longo prazo. A empresa poderá tomar capital a curto
prazo para financiar seu ativo circulante ou captar recursos de longo prazo
para financiar seus investimentos em ativo permanente, por exemplo.
Introdução à unidade
No estudo das fontes de financiamento para projetos de
investimentos é possível observar que as organizações, em geral,
poderão utilizar recursos próprios ou captar recursos de terceiros para
financiar seus investimentos no curto ou longo prazo.
As empresas podem utilizar seus recursos para financiar seus
projetos de investimentos. O aporte de recursos próprios ocorre por
meio da injeção de capital por parte dos sócios da empresa, pela
reserva de lucros, subscrição de ações etc. Na análise do capital
próprio é preciso considerar que ele tem custo, isto é, uma taxa
mínima de retorno.
O capital de terceiros é uma importante fonte de recursos para as
empresas, visto que o uso desse capital possibilita a flexibilidade de
caixa, alavancagem financeira, expansões produtivas etc., todavia, esse
capital tem um custo e, assim, é preciso avaliar se o uso desse capital
gera retornos operacionais maiores do que seu custo.
Diante desse contexto iremos desenvolver o nosso estudo sobre
fontes de financiamentos para financiar os projetos de investimentos.
Esse é um assunto de suma relevância para as organizações, pois
estamos em um mercado financeiro em que as taxas de juros se
modificam periodicamente e, por esse motivo, é preciso avaliar
constantemente o uso eficiente do capital.
Seção 1
Fundamentos do custo de capital
Introdução à seção

O capital será entendido em nosso estudo como os recursos


próprios e de terceiros que têm a capacidade de financiar os projetos
de investimentos das empresas no longo e no curto prazo. As empresas
têm a possibilidade de financiar seus investimentos ao solicitar uma
linha de crédito (capital de terceiros) em um banco comercial ou
pela realização de aportes financeiros por parte dos acionistas (capital
próprio).
Cada uma das fontes de financiamento, ou seja, capital próprio ou
de terceiros tem um custo. Assim, há o chamado custo de capital (k),
que vem a ser a taxa mínima de retorno. Logo, o custo do capital será
um dos elementos fundamentais para avaliar projetos de investimentos
e fontes de financiamento.

1.1 Custo do capital


Em uma análise teórica o custo de capital é entendido também
como a remuneração que deve ser feita aos emprestadores e acionistas
(proprietários) por fornecerem recursos financeiros para a empresa.
Cada um desses credores buscará um retorno pelo capital fornecido.
Por exemplo, uma empresa que toma capital de terceiros poderá
pagar uma taxa de juros, correção monetária e outras remunerações
por tomá-lo em um determinado período de tempo. Por outro lado,
o acionista, exigirá uma taxa mínima de retorno por aplicar seu capital
nos projetos de investimentos da empresa.
A equação 01 demonstra como se pode encontrar em aspectos
gerais o custo do capital (K). No numerador da equação temos as
remunerações dos capitais e no denominador os capitais próprio e de
terceiros.
j d
k= + (01)
c c t p

148 U4 - Análise das fontes de financiamento para projetos industriais


Onde:
j = juros
d = dividendos
c = capital de terceiros
t

c = capital próprio
p

Conforme já discutido, as empresas podem financiar seus projetos


de investimentos por meio do capital de terceiros e o próprio. Da
composição percentual de cada um dos capitais e dos seus respectivos
custos, surge o denominado custo médio ponderados de capital kmp,
visto que as empresas podem combinar as fontes de recursos para
financiar seus projetos. Normalmente, uma empresa poderá captar
pelas seguintes modalidades:
I. Capital próprio dos proprietários
II. Subscrições
III. Intermediadores financeiros
IV. Fundos de pensões
Na análise sobre o uso das fontes de financiamentos para as
decisões para projetos de investimento, surge a seguinte questão: “Qual
custo de capital devemos considerar nas decisões de investimentos?”
O custo médio ponderando do capital é a resposta para essa questão,
visto que se for considerado apenas o capital próprio, a empresa estará
incorrendo em um custo de capital elevado, mas se considerar apenas,
ou em maior quantidade, o capital de terceiros, a empresa aumentará
de forma significativa seu nível de endividamento e, por isso, a sua
liquidez e solvência poderiam ficar comprometidas.
Assim, para prosseguir com nosso estudo abordaremos a teoria do
custo de capital, custo do capital de terceiros e próprio e a estrutura de
capital de uma empresa. Sob esse contexto focaremos nosso estudo
no custo do capital para tomar decisões de financiamento.

1.2 Teoria do custo de capital


Na análise dos fundamentos da teoria do custo de capital é possível
evidenciar que essa teoria tem sua base nos conceitos de “risco e
retorno”. Assim, separa-se o risco em duas categorias: risco financeiro
e risco do negócio.
Para compreender essas duas categorias específicas de riscos,

U4 - Análise das fontes de financiamento para projetos industriais 149


iremos abordá-las separadamente. Inicialmente, o risco do negócio
está correlacionado aos aspectos operacionais da empresa, tais como:
receitas, custos, despesas, investimentos e resultados financeiros. Esse
é um risco importante para análise do prêmio a ser exigido na forma
do custo de capital.
Por sua vez, o risco financeiro está ligado diretamente à decisão de
financiamento da empresa. Por exemplo, se o grau de endividamento
da empresa aumentar de forma contínua, o volume de juros a ser pago
ao longo do tempo também aumentará e, por isso, o lucro operacional
poderá reduzir ao longo do tempo.
Em relação ao risco financeiro, a empresa poderá assumir distintas
posições:
1. Conservadora: não aumentar o grau de endividamento
2. Agressiva: assumir elevado grau de endividamento
3. Intermediária: há uma posição de médio endividamento

1.3 Custo do capital de terceiros (Kt)


Em nosso estudo definiremos o custo do capital de terceiros
kt, como o custo para se tomar recursos emprestados juntos aos
intermediários financeiros, após o imposto de renda. A equação 02
representa o custo do capital de terceiros.
j
kt = (02)
c t

Onde:
k t = custo do capital de terceiros de longo prazo
j = juros
c t = capital de terceiros de longo prazo.
Com a equação 02 é possível calcular o custo do capital de terceiros,
porém, nessa equação não é considerada a alíquota do imposto de
renda (IR). Nesse caso, o custo do capital de terceiros é igual ao custo
de captação. Com o desconto do imposto de renda, haverá capacidade
para determinar o custo de capital da fonte específica. A equação 03
representa o custo do capital de terceiros após o IR.

k f
= (k lr + p m
+ p rf
) x(1 − IR) (03)

150 U4 - Análise das fontes de financiamento para projetos industriais


Onde:
k = custo de capital de terceiros
f

k = custo de um título livre de risco


lr

p = prêmio de risco do negócio


m

p rf = prêmio de risco financeiro


IR = imposto de renda
Para apresentar de forma prática o custo do capital de terceiros será
demonstrado um caso hipotético: “A empresa BORA contratou uma
linha de financiamento ao custo de 27% ao ano, no ano de 2015. A
taxa de juros livre de risco nesse ano foi de 20%; o prêmio de risco
do negócio 3% e o prêmio de risco financeiro 4%. Considerando que
a alíquota para o IR foi de 34%, qual foi o custo do financiamento da
BORA?
k f = custo de capital de terceiros = ?
k lr = custo de um título livre de risco = 20% ou 0,20
p m
= prêmio de risco do negócio = 3% ou 0,03
p = prêmio de risco financeiro = 4% ou 0,04
rf

IR = imposto de renda = 34% ou 0,34


k f = (0,20 + 0,03 + 0,04) x (1- 0,34) = 0,1782 ou 17,82%
O custo do financiamento após o IR no ano de 2015 para empresa
BORA foi de 17,82% ao ano. Assim, a empresa, deverá considerar esse
custo para avaliar os seus projetos de investimento. Agora imagine que
no de 2016, a taxa livre de risco passou a ser 18% e, por isso o prêmio
pelo risco do negócio caiu para 2% e o prêmio pelo risco financeiro
para 3%; a alíquota do IR permaneceu inalterada. Dessa forma, qual
será o custo do financiamento para empresa BORA nesse ano?
k = custo de capital de terceiros = ?
f

k = custo de um título livre de risco = 18% ou 0,18


lr

p = prêmio de risco do negócio = 2% ou 0,02


m

p = prêmio de risco financeiro = 3% ou 0,03


rf

IR = imposto de renda = 34% ou 0,34


k f = (0,18 + 0,02 + 0,03) x (1- 0,34) = 0,1518 ou 15,18%
No caso hipotético da empresa BORA observamos que o custo do
capital de terceiros reduziu-se no ano de 2016 com a queda na taxa
de juros livre de risco no mercado. Na economia brasileira podemos

U4 - Análise das fontes de financiamento para projetos industriais 151


considerar a taxa de SELIC como uma taxa de livre risco ou baixo risco,
por isso, alterações nela podem provocar modificações no custo de
capital.
Em uma análise teórica o custo de capital de terceiros, Kt, sempre
deverá ser menor do que o custo de capital próprio KP, em função de
dois motivos centrais:
1. O maior risco é do capital próprio
2. Só tem sentido utilizar o capital de terceiros se houver vantagem
financeira, isto é, quando a alavancagem financeira é favorável.

1.4 Custo do capital das debêntures


Em princípio é preciso definir o que é uma “debênture” e, com isso
estudar seu custo para empresa. A debênture é um título de crédito
que representa um empréstimo tomado junto a terceiros. O detentor
de uma debênture terá direitos garantidos pelas condições previstas na
escritura.
Ao captar recursos por meio de uma debênture, a empresa, deverá
realizar o lançamento desse recurso seu ativo circulante na conta caixa
e em contrapartida também deverá realizar um lançamento no seu
passivo (podendo ser no passivo circulante ou não circulante).
As empresas emitem as debêntures para que possam atender
às suas necessidades de financiamento com parcimônia e, assim,
evitando incorrer em custos financeiros maiores em operações de
curto e médio prazo no mercado financeiro, uma vez que se pode ter
altos custos nesse mercado.
O custo de capital das debêntures Kd será o custo de se captar
recursos de debenturistas da empresa. Esses poderão ser entendidos
também como credores de curto ou longo prazo para a empresa.
O cálculo para o custo de capital das debêntures irá seguir a mesma
metodologia estudada no item 1.2 (custo do capital próprio).
Para expor de forma prática o custo de capital das debêntures
Kd será apresentado um caso hipotético: “A empresa Katusha emitiu
debêntures com o vencimento em dois anos, o valor nominal das
debentures é R$ 1.000, com uma taxa de juros de 22% ao ano, os
juros são pagos anualmente e o principal devolvido no vencimento do
período. A alíquota do imposto de renda é 34%, assim, qual é o custo
de capital das debentures emitidas?

152 U4 - Análise das fontes de financiamento para projetos industriais


k fd = custo de capital das debentures = ?
k lr = custo de um título livre de risco = 22% ou 0,22
IR = imposto de renda = 34% ou 0,34
k fd = (0,22) x (1- 0,34) = 0,1452 ou 14,52%
Assim, a taxa de juros, após imposto de renda, será de 14,52% ao
ano para emissão das debêntures. Podemos calcular o custo do capital
por meio do fluxo de caixa gerado com essa operação. Conforme
Lemes et al. (2005), o custo do capital pode ser determinado também
por meio da TIR (Taxa Interna de Retorno) do fluxo do caixa gerado.
Suponha ainda o caso hipotético da empresa Katusha, que emitiu
debêntures, com uma taxa de juros nominal de 22% a.a., sendo pagos
anualmente juros aos debenturistas. Desse modo, o custo do capital
após IR será calculado por meio da TIR do fluxo de caixa gerado.
R$ 145,20 R$ 1145,20

1 2

R$ 1000,00

Para realizar o cálculo da TIR será utilizada a calculadora financeira,


visto que em aspectos didáticos é mais apropriado o uso desse recurso,
além disso, o nosso foco de interesse está no resultado da TIR. Os
procedimentos para realizar o cálculo são:
F → CLx
1000 chs → g → CF0
145,20 → g → CFj
1.145,20 → g → CFj
f IRR = 14,52%
Considerar o fluxo é um método apropriado para encontrar o custo
do capital de terceiros, uma vez que em algumas situações não há
entrada do capital integral tomado junto ao credor, visto os custos
administrativos ou para abertura de uma linha de crédito. Por isso,
calcular o custo do capital de terceiros por meio da TIR do fluxo de
caixa gerado é mais adequado em alguns casos.

U4 - Análise das fontes de financiamento para projetos industriais 153


1.5 Custo de capital próprio
O custo do capital próprio Kp é entendido como o retorno mínimo
que os proprietários ou acionistas exigem sobre sua participação
no financiamento dos projetos de investimento da empresa ou em
investimentos permanentes. O cálculo do capital próprio poderá ser
expresso pela equação 04:
L
k = (04)
p
c p

Onde:
k p = custo do capital próprio
L = lucro líquido
c p = capital próprio
O capital próprio está na organização para financiamento dos
seus distintos projetos de investimentos por prazos determinados
ou indeterminados. Logo, serão os proprietários ou acionistas que
assumiram o risco do negócio e, por esse, motivo é exigido um prêmio
pelo risco assumido. Assim, entende-se que a TMA deverá ser maior
que a taxa livre de risco na economia.
Seguindo o mesmo princípio dos fatores de produção, o capital
próprio também tem uma remuneração. Diante desse princípio,
podemos determinar, em aspectos lógicos, que a necessidade da
remuneração do capital está na existência de um custo de oportunidade
do dinheiro, ou seja, se o capital do proprietário ou acionista não
estivesse empregado na empresa, ele poderia estar em uma aplicação
financeira e, sendo remunerado periodicamente.
Segundo a teoria financeira, o custo do capital (k) tem uma ligação
direta com a aplicação dos recursos. O custo do capital (k) irá depender
da rentabilidade e do risco do investimento. Esse conceito fica claro
quando se considera que para cada nível de risco deverá haver um
prêmio, logo, para se remunerar e premiar o risco é preciso conhecer
o destino do recurso financeiro (LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM,
2005).

Para saber mais


Ainda cabe dizer que em caso de insolvência da empresa, a legislação
prevê que os detentores do capital, isto é, proprietários ou acionistas,

154 U4 - Análise das fontes de financiamento para projetos industriais


serão os últimos a receberem seu capital, visto que eles estão em
situação residual, por isso somente receberão seu capital após quitação
das dívidas com os terceiros.

1.5.1 O Modelo CAPM (Capital Asset Pricing Model)


O modelo CAPM é empregado em diversos áreas no campo das
finanças para determinar o custo do capital ou um retorno ideal para
o investidor considerando os riscos, a que estarão expostos os seus
investimentos. É possível utilizar o CAPM também para determinar
o custo do capital das companhias de capital aberto (Sociedades
Anônimas).
O foco do nosso estudo passará a ser as empresas de capital aberto
nesse momento e, por isso, iremos utilizar o modelo CAPM para
determinar o custo do capital. Segundo Damodaran (1997), o modelo
CAPM é uma medida de retorno esperado diante da presença do risco
não diversificável (esse risco pode ser medido pelo beta).
O CAPM é utilizado em larga escala na tomada decisões financeiras
para o retorno dos investimentos financeiros em condições de riscos.
Assim pode-se estimar a taxa de retorno exigida por aqueles que
detêm o capital, bem como o coeficiente beta das companhias, que
representa um adicional em aspectos de retorno diante da presença
do risco sistemático (ASSAF NETO, 2005).
Para melhor compreender a estrutura do modelo CAPM será
preciso definir alguns elementos. Esses elementos serão apresentados
no Quadro 4.1.

Quadro 4.1 | Definições teóricas para o CAPM


Elemento Definição
É entendido como os eventos econômicos,
políticos, jurídicos etc., que ocorrem fora do
Risco sistemático ambiente da empresa, porém podem afetar atividade
empresarial. Uma crise econômica pode ser
considerada um exemplo de risco sistemático.

Esse risco está associado aos negócios das


empresas e seu setor de atividade. Assim, é um risco
Risco não sistemático
que está envolvido com as atividades operacionais
da empresa.

É o índice que mede a variação ou sensibilidade do


Beta retorno de um ativo em relação às flutuações do
retorno do mercado.

Fonte: elaborado pelo autor.

U4 - Análise das fontes de financiamento para projetos industriais 155


O coeficiente beta (β) é um importante elemento no modelo CAPM,
uma vez que, por meio dele, é possível notar a volatilidade do valor de
mercado (cotação da ação) da companhia no mercado em função
das oscilações do mercado. Esse coeficiente pode ser calculado pela
seguinte fórmula:
β=
σ M
i,

σ
2
M

Onde:
β = beta
σ M = covariância ente o retorno da ação e o retorno do mercado.
i,

σ
2
M = variância dos retornos do mercado
O coeficiente beta pode ser calculado também por meio do
software Microsoft Excel e, por isso, iremos calcular o beta por meio
desse software para um caso hipotético (Empresa Ultegra S.A.).
Suponha que a diretoria financeira da empresa Ultegra S.A. tenha
por objetivo encontrar o custo de capital, considerando a cotação
mensal da sua ação para o ano de 2016. No Quadro 4.2 há os dados
da ação da companhia e do mercado.

Quadro 4.2 | Retorno da ação e do mercado


Retorno do Mercado Variação na Cotação da Ação Ultegra S.A.
(Índice da Bolsa de Valores) (%)
Mês Retorno (x) Mês Retorno (y)
Jan./16 8,63 Jan/16 18,6
Fev./16 -19,55 Fev/16 -22,94
Mar./16 1,87 Mar/16 1,66
Abr./16 16,89 Abr/16 22,96
Maio/16 22,48 Mai/16 14
Jun./16 -21,4 Jun/16 -19,88
Jul./16 20,45 Jul/16 -0,73
Ago./16 9,04 Ago/16 18,46
Set./16 20,04 Set/16 52,51
Out./16 6,11 Out/16 12,23
Nov./16 -2,3 Nov/16 -50,84
Dez./16 -4,84 Dez/16 9,35
Jan./17 -40,19 Jan/17 -6,51
Fonte: elaborado pelo autor.

156 U4 - Análise das fontes de financiamento para projetos industriais


Para realizar o cálculo por meio do software Excel siga os
procedimentos:
Na barra de ferramentas “Formulas” clique em inserir função (fx);
1. Selecione a “categoria” estatística;
2. Selecione a categoria inclinação;
3. O “x” será o retorno do mercado;
4. O “y” será o retorno da ação.
β = 1,1766
No gráfico de dispersão 01 é possível notar o retorno da ação
Ultegra em conjunto com o retorno do mercado.

Gráfico 4.1 | Retorno da ação e mercado

Fonte: elaborado pelo autor.

Com o Gráfico 4.1 é possível observar a dispersão dos retornos da


ação Ultegra e do mercado, além disso, por meio de uma equação
linear (Y = 1,1766x – 1,0151) evidencia-se o beta (β) no valor de 1,1766.
Podemos entender que um aumento de 1% no retorno do mercado
poderá elevar 1,17% no retorno. Por outro lado, uma queda de 1% no
retorno do mercado gerará uma redução de 1,17% no retorno da ação
(essa é apenas uma estimativa de valor).
Para finalizar a compreensão do Beta (β) iremos apresentar as suas
interpretações em função do valor:
I. O coeficiente beta igual a 1: a ação (ativo) tem seus retornos
variando junto com os do mercado.
II. Coeficiente beta menor do que 1: os retornos do ativo oscilam
menos do que os do mercado.

U4 - Análise das fontes de financiamento para projetos industriais 157


III. Coeficiente beta maior do que 1: os retornos do ativo oscilam
mais do que os do mercado.
Para realizar o cálculo do CAPM utilizamos a equação 05:
CAPM = Rf + β ( Rm − Rf ) (05)
Onde:
Rm = Retorno Médio do Mercado.
Rf = Taxa de retorno livre de risco.
β = Coeficiente beta para a carteira analisada.

1.6 Estrutura de capital


No estudo das teorias financeiras podemos encontrar que
a estrutura de capital é a combinação de todas as fontes de
financiamento de longo prazo, dívida ou capital próprio que são
utilizadas pela empresa em sua estrutura produtiva e econômica.
Na análise das decisões de financiamento, investimento e da
remuneração dos proprietários ou acionistas da empresa, o objetivo
central está na maximização do valor da empresa no mercado. Assim,
é necessário determinar uma estrutura de capital que permita atingir
esse objetivo para empresa.
Diante desse contexto, uma empresa, ao avaliar os seus projetos,
negócios, desafios e novas demandas, irá concomitantemente
determinar a necessidade por fontes de financiamento, sejam elas
próprias ou de terceiros. Portanto, será necessário realizar uma avaliação
sobre as melhores fontes para captar seus recursos financeiros.
No processo de avaliação sobre a captação de recursos, a empresa,
avalia as condições econômicas do país, a situação do mercado
financeiro, as decisões operacionais e financeiras da empresa,
dimensão dos recursos a serem tomados e, assim, determinará as suas
fontes de financiamento, bem como, a sua estrutura de capital.
Segundo Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2005), existe uma
distinção entre estrutura financeira e estrutura de capital. A estrutura
financeira abrange todo passivo do balanço patrimonial, recursos
de curto e longo prazo. A estrutura de capital abrange apenas os
financiamentos de longo prazo, que são recursos estratégicos para
empresa. No Quadro 4.3 pode-se observar a estrutura financeira e a
estrutura de capital.

158 U4 - Análise das fontes de financiamento para projetos industriais


Quadro 4.3 | Estrutura de capital
Passivo circulante
Passivo não Capital de terceiros
Estrutura circulante de longo prazo
financeira Estrutura de
Patrimônio capital
Capital próprio
líquido
Fonte: Lemes Júnior; Rigo; Cherobim (2005).

No Quadro 4.3 pode-se observar que a estrutura financeira


corresponde ao passivo circulante e não circulante, mais o patrimônio
líquido da empresa. Por outro lado, a estrutura de capital é o passivo
não circulante (dívidas de longo prazo) e o patrimônio líquido (capital
próprio).
Questão para reflexão

Em quais situações é mais vantajoso utilizar o capital de terceiros do que


o capital próprio?

Compreender a divisão da estrutura de capital é fundamental,


visto as diferenças essenciais que estão entre as fontes de capital.
Entende-se que o capital próprio assume um risco maior em relação
ao recebimento de sua remuneração, isto é, o capital de terceiros tem
preferência legal no recebimento de sua remuneração, juros, e na
devolução do principal.
No Quadro 4.4 há os fatores determinantes na escolha da estrutura
de capital para uma empresa.
Quadro 4.4 | Fatores determinantes na escolha da estrutura de capital
A. Condições gerais da economia
1) Demanda e oferta na economia – crescimento do produto interno bruto, política fiscal,
política cambial, queda do desemprego, balança comercial.
2) Inflação – comportamento, tendências, metas do governo.
B. Condições do mercado
3) Agentes – uma série de restrições contratuais ou de políticas empresariais podem dificultar
que a empesa emita novas ações, assuma dívidas, retenha lucros, ou até dilua seu controle
acionário.
C. Condições operacionais e financeiras da empresa
4) Risco do negócio – o mercado avalia o comportamento das receitas e dos custos e despesas
da empresa, visando avaliar as tendências de lucros. Avalia também a capacidade da empresa
em gerar caixa suficiente para cumprir suas obrigações.
5) Risco financeiro – a obtenção de lucros operacionais para pagar juros e amortizar
empréstimos é fundamental para que a empresa não corra o risco de insolvência. Um baixo

U4 - Análise das fontes de financiamento para projetos industriais 159


risco financeiro propicia condições para tomada de novos financiamentos ou lançamentos
de ações.
6) Posições tributárias da empresa – uma das vantagens da utilização de capital de terceiros é
benefício da dedução do imposto de renda, se por qualquer motivo a empresa não puder se
beneficiar dessa vantagem, o endividamento deixa de ser interessante.
7) Informações – a empresa deve preocupar-se em prestar informações que possam permitir
ao mercado avaliar adequadamente sua posição de risco. Por outro lado, deve estar bem
informada sobre as condições dos mercados de capital financeiro, em termos de fontes de
financiamento disponíveis e a melhor oportunidade para utilizá-las.
8) Sincronia – deve haver equilíbrio entre o vencimento dos juros e do principal e a entrada
de recursos. Todo administrador financeiro deve cuidar para que os compromissos sejam
honrados nos prazos e condições contratados.
9) Vontade do acionista controlador – a preferência do acionista deve ser levada em
consideração na determinação da estrutura de capital. Em algumas ocasiões, controlador,
D. Volume de recursos a serem financiados
10) Demanda da Empresa – constantes tomada de recursos pela empresa podem sinalizar ao
mercado dificuldades financeiras explícitas ou implícitas, em vez de capacidade de a empresa
gerar e aproveitar oportunidades de negócios.
Fonte: Lemes Júnior; Rigo; Cherobim (2005).

Atividades de aprendizagem
1. O CAPM (Precificação de ativos financeiros) é um modelo que visa
determinar uma taxa de retorno ideal para um ativo financeiro ou portfólio
de investimento. Dessa forma, suponha que:
Taxa de retorno livre de risco (Rf) = 8%
Coeficiente beta para a carteira analisada (B) = 1,4
Retorno médio do mercado (Rm) = 16%
Considerando dados informados, qual é o valor do CAPM?
a) 19,2% d) 12,4%
b) 11,1% e) 19,6%
c) 16,3%

2. Com o CAPM (Precificação de Ativos Financeiros) um investidor poderá


encontrar uma taxa de retorno adequado ao risco de um determinado ativo
financeiro. O CAPM é obtido pela seguinte equação:
Taxa de retorno livre de risco (Rf) = 4,5%
Coeficiente beta para a carteira analisada (B) = 1,1
Retorno médio do mercado (Rm) = 19%
Considerando dados informados, qual é o valor do CAPM?
a) 19,20% d) 11,44%
b) 20,45% e) 19,65%
c) 15,32%

160 U4 - Análise das fontes de financiamento para projetos industriais


Seção 2
Fontes de financiamento
Introdução à seção

Com o estudo do custo de capital entendemos os aspectos


fundamentais que envolvem a utilização do capital próprio ou terceiro.
Agora a proposta para avançar em nosso estudo é compreender com
maiores detalhes as fontes de financiamento de curto e longo e prazo.

2.1 Fontes de financiamento de curto prazo


No curto prazo, as empresas captam recursos para financiar suas
atividades rotineiras e, assim, honrar todos os seus compromissos
financeiros. Nesse período, as empresas normalmente captam recursos
para o capital de giro.

2.1.1 Capitais próprios


Conforme já estudamos os capitais próprios são recursos que
estão disponíveis no patrimônio líquido da empresa. Logo, o capital
próprio advém da injeção de capital por parte dos proprietários, lucros
acumulados, subscrições e outros.
Segundo Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2005), o uso de capital
próprio por meio do aumento do capital social no patrimônio líquido
para financiar os ativos circulantes (ativos considerados de curto
prazo) não é uma rotina nas empresas. Normalmente são utilizados os
recursos que são gerados pela atividade operacional ou econômica da
empresa, ou seja, o lucro líquido acumulado.

2.1.2 Captais de terceiros


O capital de terceiros é entendido como o endividamento da
empresa (nesse caso são as dívidas que estão no passivo circulante).
Esses recursos são utilizados por um período de tempo definido e, por
isso, a empresa incorrerá em gasto financeiros para tê-lo durante esse
período de tempo.

U4 - Análise das fontes de financiamento para projetos industriais 161


As fontes de recursos de curto prazo que estão à disposição de
uma empresa podem ser elencadas da seguinte forma:
I. Crédito comercial.
II. Crédito bancário.

2.1.3 Capital de terceiros: crédito comercial


O crédito comercial ou mercantil decorre das operações de compra
e venda a prazo entre a empresa. Assim, quando uma empresa tem o
crédito comercial a sua disposição? A resposta para essa questão é
simples, pois quando uma empresa compra uma matéria-prima a prazo,
essa empresa, além de receber a matéria-prima, também receberá o
crédito comercial, uma vez que, não há desembolso financeiro à vista
nessa operação.
Diante desse contexto entendemos que o crédito comercial poderá
ter as seguintes fontes:
a) Crédito de fornecedores;
b) Crédito de impostos e obrigações sociais;
c) Outros créditos operacionais.
Para prosseguir em nosso estudo apresentaremos com maior
profundidade as diversas fontes de crédito comercial.
a) Crédito de fornecedores
Essa é uma das fontes mais utilizadas pelas empresas em geral, uma
vez que para ter flexibilidade no fluxo de caixa, bem como, garantir
a sua liquidez é mais apropriado realizar compras a prazo ao invés
de compras à vista. Todavia, é preciso analisar o custo financeiro das
compras a prazo e, também, os descontos que podem ser concedidos
nas compras à vista.
Podemos citar algumas vantagens do crédito comercial, isto é, das
compras a prazo. Assim, podemos elencar as seguintes vantagens:
• Adequação: o volume de crédito comercial poderá ser
determinado pelo nível de atividade da empresa ou do seu porte.
• Fonte de crédito: maior parte das empresas ofertam, visto que faz
parte da estratégia de vendas dos fornecedores.
• Agilidade: o procedimento para ter acesso a esse tipo é mais
simples e ágil quando comparado às instituições financeiras. Além

162 U4 - Análise das fontes de financiamento para projetos industriais


disso, o rigor e as penalidades são menores para situações de atraso
ao pagamento.
• Custo financeiro: em aspectos relativos o crédito comercial tem
um custo financeiro menor quando comparado ao crédito oferecido
pelas instituições financeiras.
Questão para reflexão

Como a empresa pode utilizar o capital de terceiros de forma estratégica


para atingir seus objetivos de longo prazo?

Será apresentado um caso prático para o crédito comercial e, com


isso, compreender a relação comercial que se dá entre um comprador
e seu fornecedor.
A companhia XTR S.A. realiza normalmente compras à vista para
os produtos que revende em suas lojas. Todavia, nos últimos meses,
a companhia está incorrendo em problemas no seu fluxo de caixa
e, por isso, a diretoria financeira está estudando a possibilidade junto
ao fornecedor para realizar compras a prazo. Assim, o fornecedor
apresentou as seguintes alternativas de prazo e preços de venda:
Preço à vista 34,00
Preço 30 dias 35,70
Preço 60 dias 38,20
A empresa tem três alternativas:
a) Comprar 6.000 unidades com prazo de 30 dias.
b) Comprar 6.000 unidades com prazo de 60 dias.
c) Comprar 2.000 unidades à vista, 2.000 com prazo de 30 dias e
2.000 com prazo de 60 dias.

Diante da proposta apresentada pelo fornecedor, qual é a melhor


alternativa de compra a prazo?

U4 - Análise das fontes de financiamento para projetos industriais 163


Quadro 4.5 | Alternativa de compra a prazo

Valor do Pagamento Pagamento Taxa


financiamento em 30 dias em 60 dias Juros
FC a vista $0
FC compra 30 dias (204.000,00) $ 214.200,00 5,00%
FC compra 60 dias (204.000,00) - $ 229.200,00 6,00%
FC parcelada (147.800,00) 71.400,00 76.400,00 5,67%
Fonte: elaborado pelo autor.

Pagamento em 30 dias, porque os juros mensais são menores,


por isso, as compras devem ser realizadas de forma parcelada. Dessa
forma, companhia teria uma flexibilidade caixa no curto prazo.

b) Crédito de impostos e obrigações sociais


Devido às atividades operacionais, as empresas devem recolher um
montante de tributos aos cofres públicos. Normalmente há um prazo
entre o fator gerador e o arrecadador (um período de tempo para que
as empresas possam recolher esses tributos aos cofres públicos).
O período de tempo entre o fato gerador e o arrecadador, isto é, o
prazo para pagamento do tributo, se constitui como um crédito sem
ônus para empresa e, com isso passa a ser uma importante fonte para
cobrir capital de giro em curtíssimo período de tempo.

Para saber mais

Existem outros créditos operacionais que podemos citar como fonte


do capital de terceiros no curto prazo. Por exemplo: (I) Legislação prevê
que se pode pagar os salários dos funcionários até o quinto dia útil do
próximo mês; (II) Vendas por encomendas e o recebimento antecipado
por elas.

2.1.4 Capitais de terceiros de curto prazo: crédito bancário


As operações para captação de recurso no curto prazo são realizadas
junto aos bancos comerciais, sociedades de crédito, financiamento e
investimento, as denominadas financeiras e os bancos de investimento.
As operações para esse tipo de crédito bancário têm algumas
condições gerais, tais como:
• Valor da operação
• Custos da operação

164 U4 - Análise das fontes de financiamento para projetos industriais


• Encargos tributários
• Prazo da operação
• Carência
• Garantias
As principais modalidades de crédito a curto prazo para as empresas
são as seguintes:
a) Contratos de capital de giro
Esse é um tipo de crédito para financiar as atividades operacionais
das organizações a curto prazo.
b) Desconto de recebíveis
Quando uma empresa antecipa o recebimento de um crédito futuro
em uma instituição financeira. Nessa situação, a empresa repassa à
instituição financeira o direito de receber o valor integral do crédito no
futuro. Em operações desse tipo, a empresa recebe o valor parcial do
seu crédito e a instituição financeira terá o direito de cobrar e receber
esse crédito no futuro.
c) Cédula de crédito bancário
A cédula de crédito bancário é um título de crédito e, assim vem
a ser uma linha de crédito para cobrir as necessidades de curto prazo
da empresa. Esse crédito é utilizado para adquirir recursos que são
necessários para as operações da organização.
d) Compror
É uma linha de crédito que a empresa toma na instituição financeira
para pagar seus fornecedores à vista. Assim, a empresa paga à vista
seu fornecedor e ao banco (instituição financeira) realiza pagamentos
a prazo para o crédito que tomou.
Figura 4.1 | Fluxograma do Compror

1. Cliente efetua pedido de compra ao fornecedor. 4. Banco envia boleto de cobrança ao cliente.
2. Fornecedor fatura à vista e entrega bem e/ou serviço ao cliente. 5. Cliente paga ao banco no vencimento.
3. Cliente envia planilha de financiamento negociado com o banco.
Fonte: Santos (2012).

U4 - Análise das fontes de financiamento para projetos industriais 165


e) Vendor
Essa é uma linha de crédito para que a empresa receba suas vendas
à vista e os seus compradores realizarem o pagamento a prazo, uma
vez que nessa situação a instituição financeira fornece o crédito à vista
das vendas. Cabe ressaltar que o banco será o credor desta operação,
visto que ele fornece o valor à vista das vendas para a empresa.
Figura 4.2 | Fluxograma do Vendor

1. Cliente efetua pedido de compra ao fornecedor.


2. Fornecedor fatura à vista e entrega bem e/ou serviço ao cliente.
3. Fornecedor envia planilha de financiamento negociado com o banco.
4. Banco envia boleto de cobrança ao cliente.
5. Cliente paga ao banco no vencimento.
Fonte: Santos (2012).

2.2 Fontes de financiamento de longo prazo


As empresas demandam capital de longo prazo para financiar seus
projetos de investimentos em novas unidades empresarias, aquisições
de bens de capital, implantação de novos padrões tecnológicos,
expansão da capacidade produtiva etc. O crédito de longo prazo tem
um custo financeiro menor em aspectos relativos.
As principais modalidades de financiamento de longo prazo são:
1) Recursos próprios gerados internamente por lucros retidos –
capital próprio.
2) Recursos externos sob a forma de endividamento – capital de
terceiros; e
3) Recursos externos sob a forma de emissão de ações – capital
próprio.
As empresas, em geral, poderão optar pelo capital próprio ou por
captar recursos de terceiros no mercado financeiro. No caso do crédito
de longo prazo, as empresas podem contratar linhas de financiamento
junto ao BNDES, Bancos Múltiplos, Bancos de Investimento, Fundos de
Investimentos e outros.

166 U4 - Análise das fontes de financiamento para projetos industriais


No caso do capital de terceiros haverá um contrato de crédito entre
a empresa e seu credor. Segundo Lemes Júnior, Rigo e Cherobim
(2005), as principais cláusulas que podem ser utilizadas nos contratos
de financiamento no longo prazo são:
• Manutenção de saldos de caixa mínimo.
• Proibições de operações de securitização.
• Proibição de venda de ativos permanentes.
• Limitação de níveis de endividamento.
• Proibição de fusão ou venda da empresa.
• Limitação de remuneração de diretores e executivos.
• Manutenção de auditorias internas e externas.
• Limitação de distribuição de dividendos.
• Proibição de venda do controle acionário.
• Exigência de conselho de administração.
No Quadro 4.6 apresentaremos as principais instituições financeiras
e os tipos de financiamentos que são oferecidas por elas. Assim será
possível observar as características dos tipos de financiamento por
meio das instituições credoras.
Quadro 4.6 | Tipos de financiamentos
Instituições Tipos de financiamentos
Bancos comerciais Raramente concedem financiamentos de
longo prazo. Fazem, no entanto, concessão
de crédito rotativo, que pode atender às
necessidades permanentes de capital de giro.
Bancos de desenvolvimento Empréstimos de longo prazo, a custos
menores que o de mercado.
Bancos de investimentos e bancos múltiplos Lideram ou participam de lançamentos de
debêntures e de ações. Fazem repasses do
BNDES, de recursos captados no exterior,
lease-back, financiamento com recursos
próprios.
Financeiras Empréstimos para compras de equipamentos
e máquinas. No Brasil, operam no
financiamento de bens duráveis para pessoa
física.
Arrendamento mercantil Operação de leasing de bens de capital,
novos, usados, nacionais ou importados.
Nessa operação, a empresa pagará um
aluguel por utilizar o bem da instituição
financeira por um determinado período de
tempo.

U4 - Análise das fontes de financiamento para projetos industriais 167


Factoring Operação de compras de contas a receber
das empresas. No Brasil, operam também
negociando cheques pré-datados.
Fundos de pensão e Fundos de investimento. Compra de debêntures e ações.
Fonte: Lemes Júnior; Rigo; Cherobim (2005).

Atividades de aprendizagem
1. No mercado monetário há inúmeras linhas de crédito para as pessoas
jurídicas. Estas linhas de crédito visam atender às necessidades operacionais
e financeiras destas pessoas jurídicas. Uma das linhas de crédito existentes
no mercado é a Vendor.
Em relação à operação Vendor, marque V para verdadeiro e F para falso:
( ) Com esta operação é possível realizar compras a prazo e pagar à vista
ao banco, porém na Vendor é possível receber a prazo receitas futuras.
( ) É uma operação de financiamento que permite às empresas fazerem
suas vendas a prazo e receber à vista de um banco as receitas das vendas.
( ) É uma operação que não permite ao comprador realizar o pagamento
a prazo e o fornecedor receber à vista, uma vez que o banco não tem
capacidade para esta operação.

Marque a alternativa com a sequência das respostas CORRETAS:


a) V – V – F. d) F – F – V.
b) F – V – F. e) F – F – F.
c) V – V – V.

2. Uma empresa tem à sua disposição diversas modalidades de crédito junto


às instituições financeiras. O leasing é uma operação de crédito, no qual as
empresas poderão obter recursos para compor seus ativos permanentes
por um período de tempo específico. Qual leasing pode ser entendido
como um(a):
a) Arrendamento mercantil.
b) Operação Compror.
c) Contrato de opções reais.
d) Financiamento flexível.
e) Crédito rotativo.

Fique ligado
Nessa unidade de ensino estudamos os elementos fundamentais
das estratégias de financiamento e, assim, refletimos sobre custo do
capital de terceiros e próprio. Com o intuito de analisar as razões para

168 U4 - Análise das fontes de financiamento para projetos industriais


se tomar capital próprio ou de terceiros, foram estudadas as fontes de
financiamento de curto e longo prazo, visto que no curto prazo utiliza-
se capital para financiar o ativo circulante.

Para concluir o estudo da unidade


Para avançar no seu estudo sobre as fontes de financiamento
para projeto de investimento, pesquise sobre captação de recursos
financeiros por meio dos valores mobiliários que uma empresa poderá
emitir na bolsa de valores.

Atividades de aprendizagem da unidade


1. O ____________________ diz respeito ao ambiente interno da
empresa, um grupo de empresas ou um setor da economia. Esse é um risco
que estará presente nos portfólios de investimentos.
Complete a lacuna com a resposta CORRETA:
a) risco sistemático d) risco operacional
b) risco não sistemático e) risco de Crédito
c) risco diversificável

2. É possível utilizar o modelo CAPM (precificação de ativos financeiros)


para encontrar a taxa de retorno teórica um ativo financeiro. Dessa forma,
suponha que:
Taxa de retorno livre de risco (Rf) = 8%
Coeficiente beta para a carteira analisada (B) = 1,2
Retorno médio do mercado (Rm) = 9%
Considerando dados informados, qual é o valor do CAPM?
a) 9,20%. d) 1,44%.
b) 8,45%. e) 2,65%.
c) 5,32%.

3. O coeficiente beta é um importante elemento do modelo CAPM (Modelo


de precificação de ativos), assim podemos considerar esse coeficiente
como _______________________________.
Complete a lacuna com a resposta CORRETA:
a) o índice que mede a variação ou sensibilidade do retorno de um ativo em
relação às flutuações do retorno do mercado.
b) uma medida adequada para determinar o risco dos ativos financeiros no
mercado de renda variável.
c) sendo único índice adequado para definir os retornos dos ativos de
financeiros de renda fixa.

U4 - Análise das fontes de financiamento para projetos industriais 169


d) um elemento para definir o valor adequado de um título público no curto
prazo no mercado financeiro.
d) uma medida estatística que refletirá o grau de confiança para realizar
investimentos no mercado acionário.
e) um meio para se interpretar o montante de recursos financeiros que são
destinados para negociação de um ativo financeiro.

4. Na operação ______________________ uma empresa poderá pagar


seus fornecedores à vista e pagar ao Banco a prazo. Assim sendo, nesta
operação, uma pessoa jurídica toma crédito em um Banco para pagar seus
fornecedores à vista, a fim de garantir um desconto ou diminuir os encargos
financeiros da compra.
Complete a lacuna com a resposta CORRETA:
a) Compror.
b) Vendor.
c) Leasing.
d) Ajustada.
e) Estruturada.

5. Na análise de risco e retorno para um ativo financeiro é possível utilizar o


modelo CAPM (precificação de ativos financeiros).
Em relação à análise realizada com esse modelo, marque V para verdadeiro
e F para falso:
( ) O coeficiente beta é entendido como uma medida de risco diversificável.
( ) O modelo CAPM relaciona o risco não diversificável com o retorno para
todos os ativos.
( ) O modelo CAPM une o risco não diversificável e o retorno para todos
os ativos.
Agora marque a sequência das repostas CORRETAS:
a) V – F – V.
b) F – V – F.
c) V – V – F.
d) F – F – F.
e) F – F – V.

170 U4 - Análise das fontes de financiamento para projetos industriais


Referências
ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
DAMODARAN, Aswath. Avaliação de investimentos: ferramentas e técnicas para a
determinação do valor de qualquer ativo. 1. ed., 8. reimp. Rio de Janeiro: Qualitymark Ed.,
1997.
LEMES JÚNIOR, Antônio; RIGO, Carlos; CHEROBIM, Ana Paula. Administração financeira:
princípio, fundamentos e práticas trabalhistas. Rio de Janeiro: Eselvier, 2005.
SANTOS, J. Análise de crédito: empresas, pessoas físicas, varejo, agronegócio e pecuária.
5. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

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Anotações
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