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PROJUDI - Recurso: 0030422-94.2020.8.16.0014 - Ref. mov. 99.

1 - Assinado digitalmente por Claudio Smirne Diniz:21083


19/10/2022: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Claudio Smirne Diniz - 6ª Câmara Cível)

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ
6ª CÂMARA CÍVEL

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Recurso: 0030422-94.2020.8.16.0014
Classe Processual: Apelação Cível
Assunto Principal: Direito Autoral
Apelante(s): H C SILVA & CIA Ltda
ELAINE RIBEIRO DA ROCHA SILVA
LUCIA APARECIDA CANELLI
ANTONIO RIBEIRO ROCHA
HELIO CELESTINO DA SILVA
ESCRITORIO CENTRAL DE ARRECADACAO E DISTRIBUICAO ECAD
TEREZINHA DINIZ ROCHA
Apelado(s): ESCRITORIO CENTRAL DE ARRECADACAO E DISTRIBUICAO ECAD
TEREZINHA DINIZ ROCHA
LUCIA APARECIDA CANELLI
HELIO CELESTINO DA SILVA
ELAINE RIBEIRO DA ROCHA SILVA
H C SILVA & CIA Ltda
ANTONIO RIBEIRO ROCHA

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO AUTORAL. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA


PARCIAL, CONDENANDO AO PAGAMENTO DA QUANTIA DEVIDA À TÍTULO
DE DIREITOS AUTORAIS, REFERENTES AO PERÍODO COMPREENDIDO
ENTRE MAIO/2017 E NOVEMBRO/2019, ENTRETANTO, SEM APLICAÇÃO DE
MULTA DE 10%.

APELO (1). PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA, PELO


CERCEAMENTO DE DEFESA, ANTE O JULGAMENTO ANTECIPADO DA
LIDE E A IMPOSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO DE PROVA. IMPERTINÊNCIA.
POSSIBILIDADE DE JULGAMENTO ANTECIPADO. CERCEAMENTO DE
DEFESA NÃO CONFIGURADO. LEGITIMIDADE PASSIVA DOS SÓCIOS.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. ART. 110, LDA. NO MÉRITO, APELO
BUSCANDO O RECONHECIMENTO DA ILEGALIDADE DOS VALORES
COBRADOS. INVIABILIDADE. VALIDADE DA TABELA DO ECAD.
PRECEDENTES DO STJ. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE CONSTITUIÇÃO EM
MORA. COBRANÇA QUE DECORRE DE LEI. PRESCINDÍVEL NOTIFICAÇÃO
PRÉVIA. ECAD QUE É ÓRGÃO COM PODERES PARA ARRECADAR,
DISTRIBUIR E FISCALIZAR OS DIREITOS AUTORAIS DE EXECUÇÃO
PÚBLICA MUSICAL. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO, COM
FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS RECURSAIS.

APELO (2). PLEITO BUSCANDO A CONDENAÇÃO DA EMPRESA NAS


PARCELAS VINCENDAS. IMPOSSIBILIDADE, NO CASO CONCRETO, EM
RAZÃO DAS PECULIARIDADES DO PERÍODO PANDÊMICO. ÔNUS DE

SUCUMBÊNCIA MANTIDO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO, APENAS


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SUCUMBÊNCIA MANTIDO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO, APENAS
PARA CORRIGIR A BASE DE CÁLCULO DOS HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS DEVIDOS PELO AUTOR.

1. Tema nº 1.066 sob o rito dos recursos repetitivos: “a) A disponibilização de

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equipamentos em quarto de hotel, motel ou afins para a transmissão de obras
musicais, literomusicais e audiovisuais permite a cobrança de direitos autorais
pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição - ECAD. b) A contratação
por empreendimento hoteleiro de serviços de TV por assinatura não impede a
cobrança de direitos autorais pelo Escritório Central de Arrecadação e
Distribuição - ECAD, inexistindo bis in idem" (REsp 1870771/SP, Rel. Ministro
ANTONIO CARLOS FERREIRA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 24/03/2021,
DJe 30/03/2021).

2. Ainda que não possua poder de polícia ou fé pública, cabe ao ECAD, com
base nos critérios fixados e definidos no regulamento de arrecadação, fixar
valores para cobrança dos direitos autorais. Precedentes do Superior Tribunal de
Justiça.

3. O regulamento de arrecadação do ECAD prevê que será usada a média da


taxa de ocupação elaborada pelo IBOPE.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº 0030422-94.2020.8.16.0014,


da 10ª Vara Cível de Londrina, em que são apelantes H.C. SILVA & CIA. LTDA. e outros e
Escritório Central de Arrecadação e Distribuição – ECAD e apelados os mesmos.

1. RELATÓRIO

Tratam-se de recursos de Apelação Cível, interpostos pelas partes (1) H.C. SILVA & CIA
LTDA. e outros e (2) ESCRITÓRIO CENTRAL DE ARRECADAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO –
ECAD, contra a sentença de mov. 64.1, que julgou procedente em parte a “Ação Ordinária”
proposta em desfavor do H. C. SILVA & CIA LTDA. e outros, nos seguintes termos:

“[...] JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES OS PEDIDOS INICIAISe extingo


o feito COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, nos termos do artigo 487, inciso I do
Código de Processo Civil e, via de consequência, CONDENOos réus,
solidariamente, ao pagamento da quantia devida a título de direitos autorais
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durante o período de 05/2017 a 11/2019, com base na tabela juntada pelo ECAD
na petição inicial, acrescido de correção monetária pela média dos índices INPC
/IGP-DI e acrescido de juros de mora de 1% (um por cento) ao mês desde cada
vencimento, afastando tão somente a incidência de multa moratória de 10% (dez
por cento) sobre os valores, a ser apurado em liquidação de sentença.

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Considerando a parcial sucumbência, CONDENOa parte autora ao pagamento
das custas e despesas processuais na ordem de 30% (trinta por cento) e
honorários advocatícios na ordem de 10% (dez por cento) sobre o valor
atualizado da causa, o que faço com fulcro no art. 85, §2º do Código de Processo
Civil, considerando o grau de zelo do advogado, a natureza e a importância da
causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

Por sua vez, CONDENOa parte ré ao pagamento das custas e despesas


processuais na ordem de 70% (setenta por cento) e honorários advocatícios na
ordem de 10% (dez por cento) sobre o valor atualizado da condenação, o que
faço com fulcro no art. 85, §2º do Código de Processo Civil, considerando o grau
de zelo do advogado, a natureza e a importância.”

Inconformada, H.C. SILVA & CIA. LTDA. e outros interpuseram recurso de apelação (mov.
75.1), pugnando, preliminarmente, pela nulidade da sentença, para que os autos retornem à
origem e seja reaberta a fase instrutória para produção de provas. Argumenta, em síntese, o
cerceamento da defesa com o julgamento antecipado da lide; o indeferimento da produção de
provas; assim como reafirma a tese da ilegitimidade passiva dos sócios. No mérito, pretende o
reconhecimento da ilegalidade dos métodos de cobrança do ECAD e da inconsistência dos
valores; a ausência de constituição em mora; e, ainda, que o ECAD é entidade particular, não
tendo fé pública e poder de polícia, bem como não tem competência para cobrança de valores.

O Escritório Central de Arrecadação e Distribuição - ECAD também interpôs recurso de


apelação (mov. 97.1), pugnando pela reforma da sentença para condenar a parte ré nas
parcelas vincendas (art. 323, CPC). E, também, pretende a redistribuição do ônus
sucumbencial.

As partes apresentaram contrarrazões (mov. 90.1 e 106.1), pugnando pelo desprovimento dos
recursos. Ainda, a parte requerida pretende a majoração dos honorários sucumbenciais.

É, em síntese, o relatório.

2. VOTO E SEUS FUNDAMENTOS


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Encontram-se presentes os pressupostos de admissibilidade: objetivos (tempestividade,
regularidade formal, inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer e preparo)
e subjetivos (cabimento, legitimação e interesse em recorrer). Merecem, portanto, ser

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conhecidos os presentes recursos de apelação, nos termos do art. 1.011/CPC.

O Escritório Central de Arrecadação e Distribuição ajuizou “Ação de Cumprimento de Preceito


Legal c/c Perdas e Danos” em face da H.C. Silva Ltda. e outros, argumentando que os
requeridos teriam violado a lei de direito autoral, pedindo a condenação em perdas e danos,
das parcelas mensais devidas a título de direitos autorais, referentes ao período compreendido
entre maio/2017 e novembro/2019.

A sentença julgou procedente em parte a ação, pois: “[...] Em relação a complexos hoteleiros,
hotéis em geral, como é o caso dos autos, há uma presunção de que as obras musicais, lítero-
musicais e fonogramas reproduzidas no ambiente hoteleiro, inclusive através de rádio ou TV
por assinatura, se dá como forma de angariação de clientela, inclusive aquelas reproduções
em quartos ocupados, escolhida de forma privada pelo ocupante, uma vez que integra o
conjunto ofertado e, por conseguinte, o propósito de lucro da atividade hoteleira, enquadrando-
se na normativa da Lei de Direitos Autorais”.

Passa-se à análise dos recursos.

Apelação (1) - H.C. SILVA & CIA. LTDA. e outros

Preliminares

Os apelantes pretendem a nulidade da sentença, com o retorno do processo à origem para


reabertura da fase instrutória. Argumentam ter sido cerceado o direito de defesa, ante a não
observância dos pedidos de produção de provas, bem como pelo julgamento antecipado da
lide. Ainda, pretendem a exclusão dos sócios, pois haveria ilegitimidade passiva.

Sem razão os apelantes.

Não há que se falar em cerceamento de defesa, em razão do julgamento antecipado da lide e,


tampouco, pela não produção de provas, uma vez que em decisão de mov. 35.1 o magistrado
abriu prazo para que as partes apontassem: “de maneira clara, objetiva e sucinta, as questões
de fato e de direito que entendem pertinentes ao julgamento da lide, bem como especifiquem
as provas que pretendam produzir, justificando, fundamentadamente, sua relevância e
pertinência, sob pena de indeferimento da prova pretendida. Alternativamente, digam as partes
a respeito da possibilidade de julgamento antecipado do feito”.
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Assim sendo, não ocorreu qualquer surpresa para os apelantes quanto ao julgamento
antecipado da lide.

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Ainda, quanto ao alegado cerceamento de defesa, o juiz tem o dever de indeferir as provas
inúteis ou protelatórias, sobretudo quando existirem nos autos elementos suficientes para
elucidar a questão, como no caso dos autos.

No caso em análise, é certo que a produção de provas pericial e testemunhal, conforme


requerido pela apelante no mov. 40.1, não teria o alcance de modificar o resultado processual.

Analisando detidamente cada um dos tópicos trazidos no mov. 40.1 e repetidos em sede de
apelo, tem-se que a prova pericial e/ou testemunhal em nada alteraria a conclusão a que se
chega através da prova documental produzida.

Veja-se, a alegação de haver valores discrepantes entre o “demonstrativo de débito analítico


(mov. 1.33) e o valor mencionado no mov. 1.28”, não seria dirimida através das provas
requeridas, mormente porque no mov. 1.28, no que interessa, não há qualquer indicação de
valores, sendo apenas um cadastro do usuário. Ademais, eventual divergência de cálculos
poderá ser solucionada em liquidação de sentença, o que afasta qualquer necessidade de
aquiescência prévia em relação aos cálculos trazidos.

Também não se verifica necessidade de, através de prova pericial ou testemunhal durante a
instrução processual, ser explicitada a taxa de juros e a correção monetária empregadas no
“Demonstrativo de Débito Analítico” (mov. 1.33). É certo que ao propor a demanda, a parte
autora trouxe cálculo dos valores que entende devidos, nada impedindo que ao ser julgado o
feito, fixe-se os juros e correção monetária de forma diferente do que foi trazido inicialmente
pela parte. Tanto é assim que o sentenciante fixou os juros e correção monetária, os quais
deverão ser observados nos cálculos a serem elaborados em liquidação de sentença.

A questão da multa foi solucionada pelo magistrado de origem sem qualquer necessidade de
prova pericial ou testemunhal e, ainda, foi afastada a aplicação da multa, de forma favorável à
apelante. Da mesma forma, os esclarecimentos requeridos nos itens ‘h’ e ‘i’ (mov. 40.1) em
nada poderiam ser solucionados com a realização das provas requeridas. Como já
mencionado, o demonstrativo de cálculo trazido pela parte autora não tem o condão de fixar o
valor devido, o qual será apurado, através das balizas do julgamento, em liquidação de
sentença.

Resta de fácil observação que a produção de provas requerida em nada contribuiria aos
anseios da apelante, refletindo na inocorrência de cerceamento de defesa.

No tocante à legitimidade passiva, a Lei nº 9.610/1998 (Direitos Autorais) prevê expressamente


a responsabilidade solidária dos proprietários, gerentes, empresários e arrendatários pelas
execuções de obras protegidas sem o respectivo recolhimento dos direitos autorais:
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Art. 110. Pela violação de direitos autorais nos espetáculos e audições públicas, realizados nos
locais ou estabelecimentos a que alude o art. 68, seus proprietários, diretores, gerentes,
empresários e arrendatários respondem solidariamente com os organizadores dos espetáculos.

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Nesse sentido:

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL EM NOMINADA


“AÇÃO DE CUMPRIMENTO DE PRECEITO LEGAL C/C PEDIDO DE LIMINAR C
/C PERDAS E DANOS”. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. RECURSO DE
APELAÇÃO DA PARTE RÉ: (1) [...] (2.2) ILEGITIMIDADE PASSIVA DOS
SÓCIOS – DESCABIMENTO – ART. 110 DA LEI 9.610/98 QUE ESTABELECE A
RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS ADMINISTRADORES PELA VIOLAÇÃO
DE DIREITOS AUTORAIS PERPETRADAS EM SEUS CLUBES OU
ASSOCIAÇÕES. (2.3) [...] RECURSO DA PARTE RÉ CONHECIDO
PARCIALMENTE E, NA PARTE CONHECIDA, NÃO PROVIDO. RECURSO DA
PARTE AUTORA CONHECIDO PARCIALMENTE E, NA PARTE CONHECIDA,
NÃO PROVIDO. (TJPR - 6ª C. Cível - 0005894-38.2017.8.16.0131 - Pato Branco
- Rel.: DESEMBARGADOR RENATO LOPES DE PAIVA - J. 24.10.2018)

Portanto, tratando-se de recolhimento dos direitos autorais decorrentes da reprodução de


obras em hotel, a responsabilidade dos sócios é solidária.

Superadas as preliminares arguidas, passa-se ao mérito recursal.

Mérito

Alegam os apelantes haver ilegalidade nos métodos de cobrança e inconsistência de valores.


Ainda, ausência de constituição em mora e que o ECAD seria instituição particular que não
pode cobrar os valores.

Primeiramente, salienta-se que o Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Tema nº


1.066 sob o rito dos recursos repetitivos, fixou a seguinte tese:

“a) A disponibilização de equipamentos em quarto de hotel, motel ou afins para a


transmissão de obras musicais, literomusicais e audiovisuais permite a cobrança
de direitos autorais pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição - ECAD.

b) A contratação por empreendimento hoteleiro de serviços de TV por assinatura


não impede a cobrança de direitos autorais pelo Escritório Central de
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Arrecadação e Distribuição - ECAD, inexistindo bis in idem." (REsp 1870771/SP,
Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 24
/03/2021, DJe 30/03/2021)

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Dessa forma, basta a mera disponibilização dos equipamentos nos quartos do hotel ou áreas
comuns para que exista a necessidade do recolhimento dos respectivos valores ao ECAD.
Neste ponto, cabe destacar que a parte requerida não trouxe qualquer prova que afastasse
essa presunção, ônus que lhe incumbia. É, portanto, presumida a necessidade de
recolhimento.

Nesse sentido:

DIREITO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL EM NOMINADA “AÇÃO DE CUMPRIMENTO


DE PRECEITO LEGAL”. COBRANÇA PELO ESCRITÓRIO CENTRAL DE
ARRECADAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO (ECAD) DE DIREITOS AUTORAIS POR
UTILIZAÇÃO DE OBRAS MUSICAIS EM CINEMA – SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA – EXECUÇÃO DE OBRAS DE FORMA CONTÍNUA,
PERMANENTE E HABITUAL – ENQUADRAMENTO COMO “USUÁRIO
PERMANENTE” – PRESUNÇÃO DE OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR DA
OBRIGAÇÃO DE RECOLHIMENTO DOS DIREITOS AUTORAIS – REQUERIDOS
QUE NÃO SE DESINCUMBIRAM DO ÔNUS DE DEMONSTRAR EXISTÊNCIA DE
FATO IMPEDITIVO, MODIFICATIVO OU
EXTINTIVO DO DIREITO DO AUTOR. RETRIBUIÇÃO. JUROS DE MORA –
FLUÊNCIA DEVIDA DESDE O EVENTO DANOSO – RESPONSABILIDADE
EXTRACONTRATUAL – SÚMULA 54-STJ. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
(TJPR - 6ª C.Cível - 0003004-83.2018.8.16.0037 - Campina Grande do Sul - Rel.:
DESEMBARGADOR RENATO LOPES DE PAIVA - J. 04.03.2022). sem grifos no
original.

Não havendo qualquer demonstração em sentido contrário, diante do enquadramento do


estabelecimento como usuário permanente, as declarações do ECAD, dentro de seus limites
regimentais, trazem consigo a presunção de veracidade, qual seja, o estabelecimento
comercial continuará reproduzindo obras musicais, sendo seu ônus comprovar a alteração
desse quadro fático.

Nesse sentido:

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. [...]. (1) ESTABELECIMENTO


COMERCIAL GERIDO PELOS AGRAVADOS QUE EXECUTAVA DE FORMA
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CONTÍNUA, PERMANENTE E HABITUAL OBRAS MUSICAIS EM SUA
ATIVIDADE COMERCIAL – ENQUADRAMENTO COMO “USUÁRIO
PERMANENTE”, SEGUNDO O REGULAMENTO DE ARRECADAÇÃO DO
ESCRITÓRIO CENTRAL DE ARRECADAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO (ECAD) –
PRESUNÇÃO DE OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR DA OBRIGAÇÃO DE

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RECOLHIMENTO DOS DIREITOS AUTORAIS – EXECUTADOS QUE NÃO SE
DESINCUMBIRAM DO ÔNUS DE DEMONSTRAR EXISTÊNCIA DE FATO
IMPEDITIVO, MODIFICATIVO OU EXTINTIVO DO DIREITO DO AUTOR,
EXEQUENTE – EXCESSO DE EXECUÇÃO NÃO VERIFICADO.[...].AGRAVO DE
INSTRUMENTO CONHECIDO E PROVIDO. (TJPR - 6ª C. Cível - 0001561-
14.2018.8.16.0000 - Curitiba - Rel.: DESEMBARGADOR RENATO LOPES DE
PAIVA - J. 09.05.2018)

Cabe destacar que a ficha cadastral (mov. 1.28), ainda que elaborada unilateralmente (não
consta assinatura da parte apelante), não deslegitima o enquadramento como “usuário
permanente”. Note-se que essa ficha foi elaborada em 2012, o que de, de certa forma, foi
reconhecido pelo apelante, já que efetuou recolhimentos ao ECAD em período anterior ao
requerido na inicial.

Nesse sentido, transcreve-se trecho do acórdão proferido pela 5ª Câmara Cível este Tribunal:

“Sucede que não há qualquer invalidade nessa forma de cadastramento apta a


deslegitimar a cobrança perpetrada pela autora. A uma, porque o cadastro do
estabelecimento hoteleiro existe desde 28/02/2011 e, bem ou mal, foi
reconhecido pelos apelantes, já que efetuaram pagamentos para o ECAD até
outubro de 2015. Logo, não pode a parte encontrar favor em seu comportamento
contraditório.
A duas, porque o cadastro à revelia é uma medida adequada e razoável posta à
disposição do ECAD para viabilizar o recolhimento autoral, com vistas a que a
ausência de cadastro voluntário pelo estabelecimento usuário seja um fator de
impedimento ao correto respeito dos direitos autorais.
A três, porque os réus sequer comprovaram que não estariam aptos a serem
cadastrados junto ao ECAD. (TJPR - 5ª C. Cível - 0030812-74.2018.8.16.0001 -
Curitiba - Rel.: DESEMBARGADOR CARLOS MANSUR ARIDA - J. 30.05.2022)

Dando sequência, os apelantes argumentam que o ECAD é instituição particular, que não
possui fé pública, não tendo competência para cobrar os valores unilateralmente arbitrados.

Novamente, sem razão.

O ECAD é uma pessoa jurídica de direito privado constituída para o exercício das funções de
arrecadação e de distribuição dos direitos autorais relativos à execução pública de obras
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musicais e audiovisuais (art. 99 da Lei n° 9.610/98), com poderes expressos para defendê-los,
conforme os arts. 98 e 99, § 2º, ambos da Lei nº 9.610/1998:

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“Art. 98. Com o ato de filiação, as associações de que trata o art. 97 tornam-se mandatárias de
seus associados para a prática de todos os atos necessários à defesa judicial ou extrajudicial
de seus direitos autorais, bem como para o exercício da atividade de cobrança desses direitos.”

Ainda que não possua poder de polícia ou fé pública, cabe ao ECAD com base nos critérios
fixados e definidos no regulamento de arrecadação, fixar valores para cobrança dos direitos
autorais, conforme já decidido pelo Superior Tribunal de Justiça:

“Está no âmbito de atuação do ECAD a fixação de critérios para a cobrança dos direitos
autorais, que serão definidos no regulamento de arrecadação elaborado e aprovado em
Assembleia Geral, composta pelos representantes das associações que o integram, e que
contém uma tabela especificada de preços. Inteligência do art. 98 da Lei nº 9.610/1998. [...]”
(REsp n. 1.559.264/RJ, relator Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Segunda Seção, DJe de 15
/2/2017.)

No caso, o ECAD instruiu a petição inicial com cópia do seu Regulamento de Arrecadação, no
qual constam os critérios adotados para cálculo do valor devido (mov. 1.13 a 1.23).

Cabe destacar que o regulamento, legitimamente elaborado, prevê o cálculo a ser feito para
hotéis, pousadas, motéis e similares:
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O que está em consonância com o critério de cobrança trazido pela parte autora:

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Quanto à média de utilização, o regulamento prevê que será usada a média elaborada pelo
IBOPE. Insta observar que essa média presumida, com base no estudo elaborado pelo
instituto de pesquisa, poderia ter sido refutada pelos requeridos, com base em provas
documentais, que atestassem a média efetiva de ocupação do hotel.

Entretanto, a média de utilização conforme cálculos do IBOPE não foi rebatida através de
provas concretas, ônus do qual a parte requerida não se desincumbiu.

Nesse sentido:

“AÇÃO DE CUMPRIMENTO DE PRECEITO LEGAL CUMULADA COM PERDAS E


DANOS. PROPRIEDADE INTELECTUAL. ECAD. HOTEL. SONORIZAÇÃO
AMBIENTE. MÚSICA AO VIVO. JUROS E MULTA MORATÓRIA. NÃO
INCIDÊNCIA. SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO DAS OBRAS MUSICAIS.
DESCABIMENTO. REDIMENSIONAMENTO DA SUCUMBÊNCIA. (...) III. No ponto
controvertido, a condenação relativa à sonorização ambiente deve observar... a
pesquisa IBOPE juntada aos autos, no que diz respeito à taxa de ocupação e
de audiência, especialmente levando em conta que a requerida não
apresentou, a teor do art. 373, II, do CPC, nenhum documento para contrapor
tais dados. Assim, não houve demonstração pela demandada, de forma
técnica, da imprecisão dos dados apontados pelo IBOPE, entidade não
relacionada a qualquer uma das partes. Logo, neste particular, o valor pode ser
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19/10/2022: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Claudio Smirne Diniz - 6ª Câmara Cível)

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resolvido através de simples cálculo aritmético, nos termos do art. 509, § 2º, do
CPC, sendo desnecessária a liquidação de sentença para apurar a taxa média de
utilização.(...)” (TJ-RS - AC: 70079246831 RS, Relator: Jorge André Pereira
Gailhard, Data de Julgamento: 18/12/2018, Quinta Câmara Cível, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 23/01/2019)

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Dessa forma, sendo inquestionável a legitimidade do ECAD para realizar a cobrança, sem
esquecer que o Tema nº 1.066 pacificou o fato de que a mera “disponibilização de
equipamentos em quarto de hotel, motel ou afins para a transmissão de obras musicais,
literomusicais e audiovisuais permite a cobrança de direitos autorais pelo Escritório Central de
Arrecadação e Distribuição – ECAD”, resta simples a conclusão de que a cobrança trazida na
exordial comporta procedência, tal como entendeu o sentenciante.

Como bem ponderado pelo magistrado a quo: “Por sua vez, o Superior Tribunal de Justiça
também entende que no quesito de fixação de preços para a utilização das obras, o ECAD fica
adstrito à decisão das associações de autores, editores e titulares de direitos conexos, que
representam efetivamente os titulares dos bens imateriais e fixam o preço do produto. É por
este motivo que o valor deverá ser apurado em sede de liquidação de sentença”.

Assim sendo, não há ilegalidade na forma de cobrança adotada pelo ECAD, que também
encontra respaldo na jurisprudência do STJ:

“[...] A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça reconhece a validade da


tabela de preços instituída pelo Ecad, mediante as deliberações das associações
que o integram, nos termos do art. 98, § 3º, da Lei n. 9.610/1998, não cabendo
nem ao legislador nem ao Poder Judiciário interferir nas decisões da instituição -
que administra interesses eminentemente privados - para definir qual o critério
mais adequado para a arrecadação e distribuição dos valores referentes aos
direitos autorais. Súmula 83/STJ. 8. Recurso especial conhecido e desprovido.
(REsp n. 1.959.267/RJ, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma,
DJe de 14/12/2021.)

Em relação à constituição da mora, não há que se falar em necessidade de constituição em


mora no caso concreto, uma vez que o pedido inicial está fundamentado na responsabilidade
civil extracontratual, decorrente de ato ilícito praticado pela recorrente (utilização de músicas
em estabelecimento comercial, sem a devida autorização prévia e contraprestação), de modo
que a mora resta constituída no momento da violação do direito, não havendo necessidade de
notificação a respeito para tornar válida a cobrança.
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Desta forma, a obrigação decorre de lei, sendo desnecessária interpelação prévia para
constituir o devedor em mora.

Nesse sentido:

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APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE CUMPRIMENTO DE PRECEITO LEGAL
CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS. REPRODUÇÃO DE
OBRAS MUSICAIS SEM A DEVIDA AUTORIZAÇÃO. SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA DA PARTE REQUERIDA. [...]. AUSÊNCIA DE
CONSTITUIÇÃO EM MORA. DESNECESSIDADE. PEDIDO DE COBRANÇA
QUE DECORRE DA UTILIZAÇÃO DE MÚSICAS EM ESTABELECIMENTO
COMERCIAL, SEM A DEVIDA AUTORIZAÇÃO PRÉVIA E
CONTRAPRESTAÇÃO, SENDO PRESCINDÍVEL A INTERPELAÇÃO JUDICIAL.
RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL. [...] SENTENÇA MANTIDA.
RECURSO parcialmente conhecido e, nesta parte, DESPROVIDO. [...] 3. Não há
que se falar em necessidade de constituição em mora no caso concreto, vez que
o pedido inicial indenizatório está fundamentado na responsabilidade civil
extracontratual, decorrente de ato ilícito praticado pela recorrente (utilização de
músicas em estabelecimento comercial, sem a devida autorização prévia e
contraprestação), de modo que a mora resta constituída no momento da violação
do direito, não havendo necessidade de notificação a respeito para tornar válida a
cobrança. [...] (TJPR - 18ª C. Cível - 0008542-25.2019.8.16.0194 - Curitiba - Rel.:
DESEMBARGADOR MARCELO GOBBO DALLA DEA - J. 02.02.2022)

Portanto, em que pesem as alegações do requerido, ora apelante, o ECAD está apto à
cobrança dos valores referentes aos direitos autorais, conforme a legislação e o regulamento
aplicável.

Assim, não socorre aos apelantes quaisquer dos argumentos trazidos em apelo, salientando
que eventual discrepância de cálculo entre os valores trazidos pela autora e o valor devido
(considerando os juros de mora e correção monetária fixados na sentença, bem como o valor
periódico da UDA) será solucionado na liquidação de sentença por simples cálculo.

Dos honorários recursais

Ainda, à luz do art. 85, § 11, do CPC – e do entendimento desta Câmara Cível de que os
honorários recursais serão devidos apenas no caso de não conhecimento ou não provimento
do recurso – cabível a majoração dos honorários advocatícios de sucumbência.
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Dessa forma, fixo os honorários recursais de sucumbência em mais 2% (dois por cento),
perfazendo o total de 12% (doze por cento) sobre a base de cálculo fixada.

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Apelação (2) - Central de Arrecadação e Distribuição – ECAD

O ECAD pretende a condenação dos recorridos nas parcelas vincendas no curso da demanda.

Observa-se, inicialmente, que o pedido foi realizado na exordial (mov. 1.1), entretanto a
sentença restou omissa quanto às parcelas vincendas na condenação dos requeridos (mov.
64.1), e mesmo opostos embargos de declaração a fim de sanar omissão (mov. 91.1), o Juízo
não se manifestou sobre essa possibilidade.

Dessa forma, passa-se à análise.

Analisando detidamente os autos, entende-se que, apesar de se tratar de “usuário


permanente”, no caso concreto, não se mostra viável incluir na condenação as parcelas
vincendas.

Verifica-se que a petição inicial contempla a cobrança de valores referentes ao período de 05


/2017 a 11/2019, em relação ao qual houve a instrução com os documentos pertinentes à
demonstração do crédito.

Em relação ao período subsequente, cujos valores, em tese, poderiam ser objeto de cobrança
nos mesmos autos, depara-se com situação significativamente diversa, porque estaria a
abranger período pandêmico, sendo certa a notoriedade do fato de que muitos
estabelecimentos permaneceram fechados ou com atividade reduzida.

Portanto, seria necessária a demonstração dos valores pretendidos pelo ECAD, partindo-se da
taxa de ocupação específica do período, com a identificação do regulamento de arrecadação
vigente no referido período.

Nesse sentido, não havendo espaço processual neste momento para o exercício do
contraditório, não se mostra cabível a condenação em prestações vincendas.

Assim, quanto às parcelas vincendas, por ausência de documentos indispensáveis, com base
no art. 485, I do CPC, não se conhece desse tópico da petição inicial.

Do ônus de sucumbência
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O autor pretende a reforma dos ônus de sucumbência, para que seja determinado que pague
as custas processuais, tão somente, no percentual que restou sucumbente (10%); e que os
honorários de sucumbência devidos pelo autor incidam sobre o proveito econômico obtido,
qual seja, tão somente a exclusão da multa moratória.

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Retira-se da sentença que o ônus sucumbencial restou fixado nos seguintes parâmetros:

“Considerando a parcial sucumbência, CONDENOa parte autora ao pagamento das custas e


despesas processuais na ordem de 30% (trinta por cento) e honorários advocatícios na ordem
de 10% (dez por cento) sobre o valor atualizado da causa, o que faço com fulcro no art. 85, §2º
do Código de Processo Civil, considerando o grau de zelo do advogado, a natureza e a
importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

Por sua vez, CONDENOa parte ré ao pagamento das custas e despesas processuais na
ordem de 70% (setenta por cento) e honorários advocatícios na ordem de 10% (dez por cento)
sobre o valor atualizado da condenação, o que faço com fulcro no art. 85, §2º do Código de
Processo Civil, considerando o grau de zelo do advogado, a natureza e a importância.”

A sucumbência encontra-se adequadamente distribuída, diante do quanto cada uma das


partes restou sucumbente, notadamente porque em relação à multa moratória, a ação foi
julgada improcedente.

Entretanto, a base de cálculo dos honorários advocatícios devidos pelo autor, efetivamente,
merece ser modificada, devendo ser considerado o proveito econômico obtido pelo requerido,
consistente, apenas, no afastamento da multa moratória. Deve ser mantido o percentual a
incidir sobre referida base de cálculo, porquanto fixada em consonância com os critérios da
legislação processual, conforme fundamentação constante da sentença.

Encaminha-se, portanto, o voto no sentido de negar provimento ao recurso (1) interposto pela
parte ré, com fixação de honorários recursais; e dar parcial provimento ao apelo (2) interposto
pelo autor, apenas para corrigir a base de cálculo dos honorários advocatícios.

3. DISPOSITIVO

Ante o exposto, acordam os Desembargadores da 6ª Câmara Cível do TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DO PARANÁ, por unanimidade de votos, em julgar CONHECIDO O
RECURSO DE PARTE E PROVIDO EM PARTE o recurso de ESCRITORIO CENTRAL
DE ARRECADACAO E DISTRIBUICAO ECAD, por unanimidade de votos, em julgar
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19/10/2022: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Claudio Smirne Diniz - 6ª Câmara Cível)

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
CONHECIDO O RECURSO DE PARTE E NÃO-PROVIDO o recurso de ELAINE
RIBEIRO DA ROCHA SILVA, por unanimidade de votos, em julgar CONHECIDO O
RECURSO DE PARTE E NÃO-PROVIDO o recurso de H C SILVA & CIA Ltda, por
unanimidade de votos, em julgar CONHECIDO O RECURSO DE PARTE E NÃO-
PROVIDO o recurso de HELIO CELESTINO DA SILVA, por unanimidade de votos, em

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julgar CONHECIDO O RECURSO DE PARTE E NÃO-PROVIDO o recurso de LUCIA
APARECIDA CANELLI, por unanimidade de votos, em julgar CONHECIDO O
RECURSO DE PARTE E NÃO-PROVIDO o recurso de TEREZINHA DINIZ ROCHA, por
unanimidade de votos, em julgar CONHECIDO O RECURSO DE PARTE E NÃO-
PROVIDO o recurso de ANTONIO RIBEIRO ROCHA.
O julgamento foi presidido pelo (a) Desembargador Robson Marques Cury, com voto, e
dele participaram Desembargador Claudio Smirne Diniz (relator) e Juiz Subst. 2ºgrau
Horácio Ribas Teixeira.
18 de outubro de 2022

Desembargador Cláudio Smirne Diniz

Relator

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