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Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

Marcas do Pan-Africanismo no texto “Voz do sangue” de Agostinho Neto

Nome Completo: Palmira Celeste Mutolo


Código:31210077

Xai-Xai, Março de 2023

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Departamento de Ciências de Educação

Licenciatura em Ensino de Português

Marcas do Pan-Africanismo no texto “Voz do sangue” de Agostinho Neto

Trabalho do campo a ser submetido na


coordenação, do curso de Licenciatura em
ensino de Português da disciplina de :
Literaturas africanas de língua portuguesa

Nome Completo: Palmira Celeste Mutolo

Maxixe, março de 2023


Código:31210077

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Índice
1.0 Introdução..........................................................................................................................4

Objectivos específicos..................................................................................................................4

1.2 Metodologia............................................................................................................................4

2.0 Fundamentação teórica......................................................................................................5

2.1. O Pan-Africanismo- origem e evolução................................................................................5

2.2 Pan -africanismo africano.......................................................................................................6

3.0 Análise literária do Pan-Africanismo no texto “Voz do sangue” de Agostinho Neto.......7

4.0 Conclusão...........................................................................................................................9

4.0 Bibliografia...........................................................................................................................10

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1.0 Introdução
Embora a denominação Pan-africanismo remonte necessariamente a uma relação estreita com o
continente africano, essa corrente teórica tem sua origem nos países de colonização inglesa,
particularmente nos Estados Unidos e nas Antilhas Britânicas. Este movimento político pode
ser entendido sobre duas perspectivas: a primeira enquanto projeto de libertação da estrutura
eurocêntrica, e a outra enquanto projeto de integração da população negra nas organizações
ocidentais. Portanto, o presente estudo foca-se na análise do Pan-africanismo, extraindo as suas
marcas no poema do Agostino –Neto com o titulo Voz do sangue.

Objectivos específicos
 Caracterizar o Pan-Africanismo.
 Extrair marcas do Pan-Africanismo no texto “Voz do sangue” de Agostinho Neto.

1.2 Metodologia
A pesquisa realizada neste trabalho foi classificada como descritiva, pois, se buscou para a
construção do referencial teórico explorar o tema a partir de uma pesquisa bibliográfica,
ferramenta que permitiu a exploração mais profunda sobre o tema, como também, buscou-se
realizar uma pesquisa de campo com a finalidade de recolher e registar os dados que
embaçassem mais precisamente o assunto.

O presente trabalho para uma fácil compreensão se encontra dividido em capítulos, títulos e
subtítulos e estão postos em negrito ou itálico as partes necessárias para uma boa percepção.

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2.0 Fundamentação teórica
Neste capítulo apresentam-se diversas literaturas que trazem uma abordagem teórica
relacionada a este trabalho e que foram objectos de análise crítica, trazendo desta forma
algumas ideias que foram construídas por outros autores em relação ao mesmo tema.

2.1. O Pan-Africanismo- origem e evolução


O Pan-africanismo origina-se da oposição aos tráficos escravistas nas Américas, Ásia e Europa,
onde foram materializados os experimentos psicológicos e sociais que fizeram surgir
movimentos de protesto e revoltas de cunho internacional que reivindicaram a libertação dos
africanos escravizados, bem como a liberdade e a igualdade das populações africanas no
estrangeiro.
No seu início, o Pan-africanismo era apenas uma reduzida manifestação de solidariedade,
restrita às populações de ascendência africana das Antilhas Britânicas e dos Estados
Unidos.

Sua marca original é a construção de visões positivas e internacionalistas acerca desta


identidade, entendida como comunidade negra: africana e afro descendente. Entre seus
representantes, destacam-se intelectuais como E. Blyden, W. E. Du Bois, M. Garvey, Frantz
Fanon e K. N’Krumah. Na segunda metade do século XX, esta tradição sofreu severas críticas
no plano teórico e político. Sobretudo, por estar supostamente criando uma visão essencialista
desta colectividade negra. Este ensaio visa expor, de forma resumida, a disputa em torno do
ideário pan-africano. Por fim, irá destacar como alguns princípios norteadores desta tradição
podem ser úteis como aspectos teóricos da nova agência negro-africana.

Características do pan africanismo

O Pan-africanismo acarreta da oposição aos tráficos escravistas nas Américas, Ásia e Europa,
onde foram materializados os experimentos psicológicos e sociais que fizeram surgir
movimentos de protesto e revoltas de cunho internacional reivindicando a libertação dos
africanos escravizados, bem como a liberdade e a igualdade das populações africanas no
estrangeiro. Em suma, era apenas uma reduzida manifestação de solidariedade entre os povos
de ascendência africana nas terras inglesas.

Enquanto discurso e movimento de auto afirmação o Pan-africanismo tornou-se central e


motivador político na luta contra o colonialismo e imperialismo, um movimento racial e
político que enriqueceu a luta pela libertação do continente africano.

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A epistemologia pan-africana é compreendida através de diversas vertentes, entre elas um dos
mais importantes movimentos de intelectuais negros da década de 1950: a negritude
francófona. Originada em Paris, nas redes de interacção entre os intelectuais negros vindos de
diversas partes do mundo (África Ocidental, Antilhas, Caribe e EUA), a negritude se tornou, ao
longo da década de 1950 e 1960, um movimento cultural de renome internacional. Embora de
forma heterogênea, os intelectuais da negritude, na essência, buscaram demonstrar uma ideia
central fundamental: a contribuição cultural do negro à civilização universal.

2.2 Pan -africanismo africano


O Pan-africanismo é o nome dado a uma ideologia que acredita que a união dos povos de
todos os países do continente africano na luta contra o preconceito racial e os problemas sociais
é uma alternativa para tentar resolvê-los.

A partir dessa ideologia foi criada a Organização de Unidade Africana (1963), que tem sido
divulgado e apoiado, maioritariamente, por afro descendentes que vivem fora da África.

Dentre as propostas da ideologia está a estruturação social do continente por meio de um


remanejamento étnico na África, unindo grupos separados e separando grupos rivais, por
exemplo, tendo em vista que isso aconteceu durante a divisão continental imposta pelos
colonizadores europeus. Além do resgate de práticas religiosas, como culto aos ancestrais e
incentivo ao uso de línguas nativas, anteriormente proibidos pelos colonizadores.

Na realidade, o pan-africanismo é um movimento de carácter social, filosófico e político, que


visa promover a defesa dos direitos do povo africano, constituindo um único Estado soberano
para africanos que vivem ou não na África.

A euforia apoderou-se dos intelectuais africanos que fizeram do pan africanismo um


movimento de vanguarda: Sékou Touré (Guiné); Jomo Kenyatta (Kennya); Modibo Keita
(Mali) e; Gamel Abd El Nasser (Egipto) impulsionaram o movimento e reivindicaram a
independência de todos os territórios africanos, perspectivando uma unidade federal do
continente. Neste sentido, foi realizada a conferência de Accra de 15 a 22 de Abril e de 6 a 13
de Dezembro de 1958, onde se preconizou uma federação multinacional dos Povos com base
na igualdade e nas solidariedades pan -africanista.

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3.0 Análise literária do Pan-Africanismo no texto “Voz do sangue” de Agostinho Neto

O poema do agostinho neto voz do sangue é um poema que caracteriza o verdadeiro pan –
africanismo africano, pois nele invoca elementos culturais das populações africanas a luta por
igualdade e sua independência.

Palpitam-me

os sons do batuque

e os ritmos melancólicos do blue

Evocando “negros de todo o mundo”, o eu-lírico se coloca modestamente à disposição para


compor o coro à ancestralidade. Ao citar o blues, forma musical originária da música afro-
americana, o “negro esfarrapado/do Harlem”, bairro também afro-americano, o “dançarino de
Chicago” e “o negro servidor do South”, há a potencialização da presença e importância
africana fora do continente, na cultura e na construção de outras sociedades.

As escritas do poeta revelam uma gama de elementos como melancolia, a ironia, a consciência
política e a consciência intelectual, indicando as vozes a quem pertencem. Tais características
são ensejos para que o eu-lírico seja percebido como diverso, porque indicam vestígios do
poeta, do povo e, consequentemente, toda a bagagem histórica de ambos. Note-se, por
exemplo, que em “Voz do sangue ”, poema de Agostinho Neto, há a proximidade entre o eu
lírico e o povo a partir de um discurso que aclama o homem negro comum pertencente à
massa:
Ó negro esfarrapado do Harlem...

ó dançarino de Chicago

ó negro servidor do South

Nesta segunda estrofe do poema o Agostinho Neto descreve a colonização dos africanos pelo
ocidente, onde os mesmos são obrigados a abandonar as suas crenças e religiosas para seguir as
crenças europeias. Nota se também no mesmo verso um grande descontentamento do africano
por estar nas mãos do opressor onde de uma forcada é obrigado a lhe servir.

Ó negro de África

negros de todo o mundo

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eu junto ao vosso canto

a minha pobre voz

os meus humildes ritmos

Com versos que fogem de uma estrutura metrificada e rimada, o poeta vai reforçando a
intenção de aproximar o eu-lírico do povo comum, mostra a consciência do intelectual por trás
do poeta, que compreende o combate à colonização a partir da presença mais activa da situação
africana.
No verso acima evidencia claramente marcas do Pan-africanismo, quando ele defende a união
de negros de todo mundo na luta contra a sua libertação.

A voz poética de “Voz do Sangue”, reconhece ser parte de um todo, irmanando histórias e
sinalizando a necessidade de uma universalização na luta pela liberdade da opressão,
sintetizando no título e em singular (para enfatizar a unidade), o que os torna aliados: o sangue,
símbolo de vida e de família

No poema“Voz do Sangue” o sujeito poético reforça o sentimento de união (enfatizado pelo


uso do pronome possessivo “nosso”), de construção de uma identidade frente a uma nação
consumida por anos de opressão e de apagamento de suas tradições. Celebram-se as tradições
de seu povo, oprimidas pelo colonizador, destacando, assim, a redescoberta dos valores
culturais.

Eu vos sinto
negros de todo o
eu vivo a vossa Dor
meus irmãos.

Portanto em todos cinco os versos que compõem o poema nota-se marcas claras do pan-
africanismo pois ele retrata da unidade dos africanos, a dor que eles passam juntos devido a
colonização, a não valorização das suas culturas. Neste poema ve-se o pedido da unidade de
modo a vencer a opressão.

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4.0 Conclusão

Chegando ao fim do presente estudo, podemos concluir que Pan-africanismo é o nome dado a
uma ideologia que acredita que a união dos povos de todos os países do continente africano na
luta contra o preconceito racial e os problemas sociais é uma alternativa para tentar resolvê-los.

Portanto, para desprender-se do opressor, é preciso dominar seus artifícios e se colocar na


linha de frente. Agostinho Neto, articula a poesia em favor de um projecto anticolonial. A
perspicácia e lucidez do intelectual que há no poeta são delineadas pelos poemas,
fundamentando a presença da poesia como um sujeito actuante diante da História,
possivelmente, por originarem de contextos colonizados, mas, certamente, por estarem cientes
e atentas de suas capacidades.

Sobre o próprio trabalho é visto como ganho significativo na medida em que é possível aplicar
o conhecimento adquirido na prática, atendendo e considerando que o levantamento e a
descrição do próprio conteúdo teve maior enfoque no estudo do Pan africanismo e suas marcas
no poema do Agostinho Neto, como forma de adequar ao objectivo final da formação.

A partir deste trabalho é possível afirmar ainda que, trouxe um ganho muito significativo e que
surtira efeito positivo na carreira profissional, garantindo deste modo que trabalhos de género
são bem-vindos para nós como estudantes

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4.0 Bibliografia
Universidade Aberta Isced (2022). Manual de Metodologias da Investigação Cientifica .1º

Ano. Beira.

Decraene, P. (1962) O Pan-Africanismo. São Paulo: Difusão europeia do livro.

Kwame N.(1997) A áfrica deve unir-se. lisboa: ulmeiro.

Carilho, Maria, (1975). Sociologia da negritude: edições70.

Ervedosa, Carlos (1997). O roteiro da literatura angolana, 4º ed: união do escritores

angolanos,

Ferreira Manuel.(1989) O discurso no percurso. Africano i: plátano editor.

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