➢ Considerado inconstitucional pelo STF – RE 878694, julgado em maio de 2017 ➢ Tema de Repercussão Geral 809: “É inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros prevista no art. 1790 do CC/2002 devendo ser aplicado, tanto nas hipóteses de casamento quanto nas de união estável, o regime do art. 1829 do CC/2002” ➢ A decisão se aplica apenas às sucessões abertas a partir da vigência do Código Civil de 2002 (11/01/2003) o A decisão não se aplica aos inventários judiciais já transitados em julgado, ou aos inventários extrajudiciais já realizados através de escritura pública
2. Críticas ao art. 1790
➢ A sucessão do companheiro ocorria apenas sobre os bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável. o Contudo, o art. 1790 não especifica se os bens adquiridos são comuns ou de titularidade exclusiva do de cujus ➢ Inciso I: na concorrência com filhos comuns, o companheiro receberia o equivalente ao que for atribuído ao filho – contudo, o filho receberia uma cota na herança, e não sobre os bens adquiridos onerosamente na vigência da união o Neste ponto, entendia-se que a divisão entre filhos e companheiro se dará por igual. Consequentemente, o 1 companheiro não herdaria apenas sobre o patrimônio particular do de cujus, mas sobre tudo o que um filho comum também herdaria – o que significa que estava em melhor posição do que se fosse casado com o autor da herança (pois o cônjuge herda sobre o patrimônio particular) o Contudo, poderia estar em situação pior caso fossem mais que três filhos, pois não era garantida a quota mínima de um quarto ➢ Não há previsão para concorrência com filhos comuns e exclusivos do autor da herança ➢ Inciso III: concorrendo com outros parentes sucessíveis (mesmo um primo distante, desconhecido), o companheiro teria direito apenas a um terço da herança
3. O companheiro é herdeiro necessário?
➢ Há intensos debates doutrinários sobre ser ou não o companheiro herdeiro necessário, notadamente após a decisão do STF pela inconstitucionalidade do art. 1790 o De um lado, boa parte da doutrina entende que a equiparação entre os regimes jurídicos do casamento e da união estável implicam nos mesmos direitos sucessórios entre cônjuge e companheiro, em todos os aspectos o Por outro lado, há quem defenda que a equiparação não possa ser total ▪ Isso ocorre porque, de um lado, a norma que protege a legítima dos herdeiros necessários é restritiva aos direitos do testador – e não seria cabível uma interpretação extensiva com a finalidade de restringir direitos 2 ▪ De outro lado, a equiparação total entre casamento e união estável, quanto aos seus efeitos, restringe demasiadamente a autonomia das partes • Há, segundo autores como Mário Delgado, a transformação da união estável em uma espécie de “casamento forçado” • Além disso, não faz sentido manter dois institutos jurídicos que seriam materialmente idênticos o A questão tornou-se ainda mais tormentosa após o relator do RE 878694, Min. Barroso, indeferir embargos declaratórios apresentados pelo IBDFAM sob o argumento de que o reconhecimento ou não do companheiro como herdeiro necessário não foi objeto do recurso extraordinário. Sendo assim, jurisprudencialmente a questão permanece em aberto