Aula 02 - Barroco e Arcadismo - ESA EsPCEx 2024 - SLIDES

BARROCO E
ARCADISMO
Professora Luana Signorelli
militares.estrategia.com
@profa.luana.signorelli
Luana Signorelli
/luana.signorelli
@luanasignorelli1
BARROCO E ARCADISMO
Contextualização Geral
ERA MEDIEVAL
1ª época 2ª época
(séculos XII a XIV) (séculos XV e XVI)
Trovadorismo na Europa Brasil → Quinhentismo
Europa Humanismo
Classicismo
Fonte: CEREJA; MAGALHÃES, 2004, p. 228 (adaptado).
ERA CLÁSSICA
Classicismo Barroco (Arcadismo
(século XVI) (século XVII) (século XVIII)
Barroco e Arcadismo – Profa. Luana Signorelli militares.estrategia.com

MOVIMENTO AUTORES E OBRAS CARACTERÍSTICAS
-Antropocentrismo
versus
Teocentrismo
Portugal: Padre Antônio Vieira - Dualidade:
(Sermão da sexagésima, sagrado versus
Barroco Sermão da quarta-feira de profano
PERÍODO cinzas); -Ornamentação
CLÁSSICO estilística
-Abuso de
paradoxos e de
inversões sintáticas
Portugal: Bocage (Sonetos); -Ideal bucólico:
Brasil: Cláudio Manuel da simplicidade e
Arcadismo Costa (Sonetos); Tomás imersão na
Antônio Gonzaga (Marília de natureza
Dirceu). - Ideais Iluministas

BARROCO E ARCADISMO
Barroco
Lutero prega as 95 Concílio de Trento:
teses na porta da
Contenção dos
Igreja de
Abusos
Winttenberg,
Reforma alemã Reafirmação dos
dogmas
1517 1534 1534- 1546
Descontentamento com os Calvino dá Início à A Inglaterra rompe Reativado o Tribunal do Cisão da Cristandade
abusos da Igreja Reforma na com o Vaticano; Santo Ofício
Guerras e
Renascimento: possibilidade
França
Henrique VIII cria a Livros proibidos (Index) perseguições
de duvidar Igreja Anglicana religiosas

Barroco
✓ Considera-se Barroco o movimento artístico
Fonte: Pixabay.
que se segue ao Classicismo ou à arte
Renascentista. O movimento não foi formado
de caso pensado. Os artistas, entusiasmados
com a qualidade alcançada nas gerações
anteriores, procuraram imitar os mestres
pesando a mão nas técnicas.
RELIGIOSIDADE E MORALISMO
✓ Posteriormente, críticos e autores
perceberam que os artistas dos séculos XVII e
XVIII eram exagerados e lhes dedicaram esse PESSIMISMO E FEÍSMO
nome que até hoje não se sabe o que
significa. Acredita-se que o termo “Barroco”
DUALISMOS
se aplique a uma pérola de forma irregular.

Latinismos barrocos
 Memento mori. O termo significa “lembra-te da morte” e se refere à morte como algo
natural e certo, que não deve ser temido, mas sim para o qual nos preparamos. Exemplo:
“ser ou não ser? Eis a questão.” (Shakespeare – Hamlet).
 Chiaroscuro. É uma expressão em italiano, na verdade. Significa luz e sombra ou, mais
literalmente, claro-escuro. A problematização da luz leva os artistas do Barroco a
considerar as implicações psicológicas.
 Vanitas. A palavra latina significa vacuidade, futilidade. Pode ser compreendida como
uma alusão à efemeridade da vida, da futilidade de agradar, e da certeza da morte.
 Locus horrendus. É o oposto de locus amoenus. Significa lugar horrível. Construção de

um cenário horrível para expressar sentimentos mais angustiantes.

Cultismo e conceptismo
CULTISMO CONCEPTISMO
- Sinônimo de gongorismo. - Sinônimo de quevedismo.
- Predominante na poesia. - Predominante na prosa.
FUNÇÃO FUNÇÃO
- Envolve o leitor pelos sentidos. - Envolve o leitor por meio da argumentação e da
- Elaboração da linguagem: rebuscada e trabalhada. construção de raciocínio lógico.
- Uso da norma culta da língua de maneira poética. - Apelo à retórica, ou seja, à eloquência.
- Organização sintática visando ser didático, educativo.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
- Jogos de palavras (ex.: trocadilhos) PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
- Jogos de imagem (ex.: figuras de linguagem) - Jogos de ideias (ex.: paradoxos)
- Jogos de construção (ex.: inversão da ordem) - Jogos de conceitos (ex.: analogias)
EXEMPLO EXEMPLO
O todo sem a parte não é todo; Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
A parte sem o todo não é parte; Da vossa alta clemência me despido;
Mas se a parte o faz todo, sendo parte, Porque quanto mais tenho delinquido,
Não se diga que é parte, sendo o todo. Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Cultismo e conceptismo
• Cultismo: gosto pelo rebuscamento
formal, caracterizado por jogos de
palavras, grande número de figuras de
linguagem e vocabulário sofisticado, e
pela exploração de efeitos sensoriais,
tais como cor, som, forma, volume,
sonoridade, imagens violentas e
fantasiosas.
• Conceptismo: (do espanhol, concepto,
“ideia”) jogo de ideias, constituído
pelas sutilezas do raciocínio e do
pensamento lógico, por analogias,
histórias ilustrativas etc.

BARROCO E ARCADISMO
Barroco no Brasil
O Barroco Literário no Brasil
A primeira obra barroca escrita em terra pátria data de 1601,
Prosopopeia, de Bento Teixeira. O período barroco em literatura
termina com a publicação de Obras Poéticas de Cláudio Manuel
da Costa em 1768.
Nesse período, Salvador e Olinda tornaram-se as cidades
mais importantes do Brasil. Entre 1580 e 1640, predomina o
negócio do açúcar.
A Literatura barroca irá refletir essas condições históricas.
Percebem-se, portanto, três grandes vertentes temáticas no
Brasil: a descrição muitas vezes crítica das condições nativas,
reverberação dos temas ligados à tradição literária portuguesa e a
Bento Teixeira
expressão da religiosidade própria desse período de luta religiosa.

Padre Antonio Vieira
✓ Padre Antônio Vieira (1608-1697) foi o maior expoente do Barroco na prosa. Nasceu em Lisboa,
veio para o Brasil com apenas 7 anos.
✓ Quando houve a invasão holandesa, primeiro destacou o custo da reação contra a Holanda, depois
incentivou a reação contra os protestantes; defendia judeus; ingressou na carreira diplomática
(1641) e consegue apoio do Rei João IV. Entre 1653 e 1661, esteve no Brasil, comandando missões
no Maranhão e Pará, onde defendeu a liberdade dos índios. Isso lhe valeu a oposição dos senhores
de escravos da região e teve que voltar a Portugal.
✓ Entrou em choque com a Inquisição portuguesa por defender o sebastianismo (crença na volta do
rei D. Sebastião que desapareceu em batalha em 1578). Foi condenado e teve que permanecer
recluso em um colégio jesuíta.
✓ Em 1668, recebeu o perdão das penas e um ano depois partiu para Roma. Criticou a Inquisição
portuguesa diante do papa e conseguiu a façanha de parar o Santo Ofício em Portugal por sete
anos e de conseguir sua absolvição diante do Santo Tribunal.
✓ Em 1675, voltou para Portugal e, em 1681, parte definitivamente para o Brasil, onde morre, não
sem antes organizar sua obra. Vieira deixou por escrito cerca de 200 sermões e 700 cartas.

Padre Antonio Vieira
❖ Sermão da Sexagésima (1655). Pe. Antonio Vieira esclarece
como deve ser a arte de pregar. Condena aqueles que pregam
só para provocar espanto no público, mas não produzem
qualquer efeito purificador no ouvinte. Critica o estilo cultista
dos pregadores. Contudo, a crítica reconhece que Vieira utiliza
de recursos similares.
❖ Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de
Holanda (1640). Nesse sermão, Vieira incentiva seus ouvintes
a reagir contra a Holanda, contra os protestantes.
❖ Sermão de Santo Antônio aos peixes (1654). O orador faz
uma alegoria entre a comunidade de peixes e a comunidade
dos homens, destacando que os peixes comem uns aos
outros. Criticava os colonos que escravizam os índios.

Sermão da Sexagésima
Será porventura o não fazer fruto hoje a palavra de Deus, pela
circunstância da pessoa? Será por que antigamente os
pregadores eram santos, eram varões apostólicos e exemplares, e
Exórdio
hoje os pregadores são eu, e outros como eu? – Boa razão é esta.
A definição do pregador é a vida e o exemplo. Por isso Cristo no
Evangelho não o comparou ao semeador, senão ao que semeia.
Invocação
Reparai. Não diz Cristo: saiu a semear o semeador, senão, saiu a
semear o que semeia. (...) Entre o semeador e o que semeia há
muita diferença: uma coisa é o soldado e outra coisa o que peleja;
Confirmação
uma coisa é o governador e outra o que governa. Da mesma
maneira, uma coisa é o semeador, e outra o que semeia; uma
coisa é o pregador e outra o que prega. O semeador e o pregador
Peroração
é nome; o que semeia e o que prega é ação; e as ações são as que
dão o ser ao pregador. Ter nome de pregador, ou ser pregador de
nome, não importa nada; as ações, a vida, o exemplo, as obras,
são as que convertem o Mundo.
Carta a D. Afonso VI em 1657
Com grande dor, e com grande receio de a renovar no ânimo de V.

Majestade, digo o que agora direi, mas quer Deus que eu o diga. A el-rei
Faraó, porque consentiu no seu reino o injusto cativeiro do povo hebreu, deu-
lhe Deus grandes castigos, e um deles foi tirar-lhe os primogênitos. No ano de
1654, por informação dos procuradores deste Estado, se passou uma lei, com
tantas larguezas na matéria do cativeiro dos índios, que depois, sendo Sua
Majestade melhor informado, houve por bem mandá-la revogar; e advertiu-se
que neste mesmo ano tirou Deus a Sua Majestade o primogênito dos filhos e
a primogênita das filhas. Senhor, se alguém pedir ou aconselhar a V.
Majestade maiores larguezas que as que hoje há nesta matéria, tenha-o V.
Majestade por inimigo da vida, e da conservação, e da coroa de V. Majestade.
Disponível em: https://tinyurl.com/3dfdn7w2. .Acesso em: 03 out. 2022.

Gregório de Matos
Mais importante poeta barroco do Brasil. Nasceu em Salvador,
filho de uma família abastada. Foi para Portugal em 1651, onde
estudou em Lisboa e Coimbra. Exerceu os cargos de juiz,
representante da Bahia e procurador.
Voltou ao Brasil em 1679, com 43 anos. Foi nomeado
desembargador eclesiástico e, posteriormente tesoureiro-mor da Sé
(1682). Como não quisesse usar a batina, foi destituído das funções.
Começa a satirizar os costumes do povo e de algumas autoridades.
Ficou conhecido como Boca do Inferno.
Em 1685 foi denunciado à Inquisição. Em 1694, tendo acumulado
várias inimizades, é deportado para Angola. Volta para o Brasil, mais
especificamente para Recife, já que em Salvador é considerado
persona non grata e foi proibido de desembarcar. Morre em
Pernambuco da febre contraída em Angola.
Existencial:
Religiosidade:
Passagem
Pecado x perdão
do tempo,
Morte
Lírica: Satírica:
Amor cruel; Crítica
Sensualidade moralizante

Gregório de Matos: tipos de poesia
Poesia Religiosa
Considera-se esse gênero como o típico do Barroco. O eu lírico,

expressando profunda reverência pela Igreja ou por Jesus, destaca
sua submissão, procurando alcançar o perdão divino de forma, às
vezes, desesperada. São poemas poemas bem elaborados, com forte
apelo sensorial e retórico e de alto grau de elaboração.
O poeta na última hora da sua vida

Meu Deus, que estais pendente em um madeiro*,
Em cuja lei protesto de viver,
Em cuja santa lei hei de morrer
Animoso**, constante, firme e inteiro. (...)

Poesia Satírica
Esse é o gênero pelo qual Gregório se tornou mais conhecido.

Criticava os padres, as freiras, algumas autoridades da cidade da
Bahia, os mulatos e indígenas. Suas críticas costumavam moralistas.
Gregório de Matos desenvolve ainda uma outra subcategoria da
satírica, a fescenina (obscena). Nesse tipo, ele usa palavras de baixo
calão para desqualificar seus inimigos.
A certa personagem desvanecida

Um soneto começo em vosso gabo:
Contemos esta regra por primeira,
Já lá vão duas, e esta é a terceira,
Já este quartetinho está no cabo. (...)

Poesia Amorosa
Gregório de Matos acrescenta alguns traços de

sensualidade que tornam a tensão entre amor espiritual e físico
mais acentuada, aliás traço típico do Barroco. A mulher
frequentemente tem anjo no nome (Angélica), mas o tempo
todo o poeta destaca sua aparência física.
SONETO A DONA ÂNGELA DE SOUSA PAREDES
Não vira em minha formosura,
Ouvia falar dela todo dia,
E ouvida me incitava, e me movia
A querer ver tão bela arquitetura (...)
Olhos meus, disse então por defender-me,
Se a beleza heis de ver para matar-me,
Antes olhos cegueis, do que eu perder-me.
BARROCO E ARCADISMO
Barroco em Portugal
Barroco em Portugal
Para se ter uma ideia do caráter doutrinário da literatura barroca portuguesa, tomemos dois
autores do período: D. Francisco Manuel de Melo (1608-1666) e sóror Mariana do Alcoforado
(1640-1723). As obras, escritas em prosa, deixam transparecer uma literatura de circunstância.

BARROCO E ARCADISMO
A Arte Barroca
A arte barroca no Brasil
O Barroco artístico chegou ao Brasil quase 100 anos depois de ter
dado frutos na Europa e também perdurou por mais tempo, vai até o
início do século XIX. Na época em que começa o Arcadismo no Brasil
(1768), os grandes nomes no barroco nacional, Aleijadinho e Mestre
Ataíde, estavam começando sua produção.
O movimento chega com os padres e atende às necessidades da
Igreja Católica no país. Prosperou no contexto da luta de conquista do
território, seja em relação aos índios, seja em relação ao invasor
europeu. As marcas do barroco arquitetônico são irregulares, as Fonte: Pixabay
primeiras igrejas são simples e continuam assim nos lugares afastados
dos ciclos econômicos.
O açúcar permitiu a construção de Igrejas cheias de ouro em Salvador. O ciclo do ouro teve o
mesmo efeito em Minas Gerais e Rio de Janeiro. Nesses lugares, observa-se uma arte mais sofisticada,
mas, mesmo assim, sem as grandes elaborações da europeia. Aqui, o Barroco foi adaptado
apresentando uma cor local.

A arte barroca no Brasil
Nos projetos arquitetônicos mais ousados,
há uma mistura de curvas e retas em igrejas de
porte médio e, ao mesmo tempo, portentosas.
Comportam algum tipo de frontaria, e portas
esculpidas. Observam-se pilastras, colunas e
frontão.
Na pintura e escultura, predomina o tema
sacro e narrativo, com representações
sobretudo da paixão e do sofrimento de Cristo.
As imagens muitas vezes expressam traços
físicos que lembram o de mulatos ou índios. O
gosto pelo desmedido pode ser observado pelas
Cenas da paixão de Cristo “Aleijadinho”, Antônio cores fortes e pela dramatização das cenas que
Francisco Lisboa (1730-1824). Congonhas do Campo muitas vezes comprometem até mesmo a
proporção das figuras humanas.

BARROCO E ARCADISMO
Arcadismo
Arcadismo
Assim ocorreu com a cultura e a arte do século XVIII. Depois da onda de religiosidade e fé que se
seguiu à Contrarreforma – cuja expressão artística foi o Barroco –, houve um reflorescimento das
tendências artístico-científicas que haviam marcado o Renascimento. E dele resultaram o Iluminismo,
na filosofia, o Empirismo, na ciência, e o Neoclassicismo ou Arcadismo, na Literatura.
No século XVIII, as transformações que ocorriam no plano político e social
– o fortalecimento político da burguesia, o aparecimento dos filósofos
iluministas, o combate à Contrarreforma, entre outras – exigiam dos artistas
uma arte que atendesse às necessidades de expressão do ser humano
naquele momento. O Neoclassicismo, também conhecido como Arcadismo,
foi a resposta artística que a burguesia pôde dar a essa necessidade.
O século XVIII ficou conhecido como o Século das Luzes. O banho de
sangue que se abateu sobre a Europa por motivos religiosos durante os
séculos XVI e XVII, afinal resultaria em alguma reação. Pensadores,
intelectuais e cientistas perceberam que a religião como guia social poderia se
tornar extremamente perigosa, pois apoiava-se na fé, na crença e na tradição.
O antídoto? O pensamento racional.
Terremoto Revolução Declaração Revolução
em Lisboa Industrial Independência
Francesa
E EUA
1755 1760 1776 1789
(1751-1775) Projeto da Encyclopédia Ilu Iluminismo & Ciência

Pensadores: Rousseau, Voltaire, D’ lembert,
Rousseau, Lavoisier, Isaac Newton, Hobbes, Locke ,
Valorização
da razão

Arcadismo por quê?
Com o declínio da mentalidade religiosa e da visão
de mundo teocêntrica, o homem abandonou a sua
visão religiosa de mundo e se voltou para a razão.
Assim, a arte neoclássica procura resgatar o
racionalismo e o equilíbrio do Classicismo do século
XVI como meio de combater a influência do Barroco.
Compreender o alcance ideológico e estético do

Arcadismo implica conhecer suas relações com o
quadro de transformações por que passaram as
sociedades europeia e brasileira no século XVIII.
“Árcade” é o genitivo e significa literalmente “de
Arkás” (’Arkάς), filho de Calisto e de Júpiter que o
Thomas Gainsborough – “A porta do chalé"
transformou na Ursa Menor. (modificado) c. 1780

Latinismos árcades
➢ Fugere Urbem. A expressão latina significa “fugir da cidade”. O eu
lírico convida a amada para fugir da corte.
➢ Locus Amenus. A melhor tradução para o termo seria “lugar ameno ou
aprazível”. Já que o poeta recusa a cidade, resta a ele indicar o melhor
lugar para “os pombinhos” se encontrarem, nesse caso, o ambiente
rural.
➢ Carpe Diem. O termo significa “aproveitar o momento”. Isso poderia
ser feito de duas maneiras: contemplando a natureza ou de forma
sensual.
➢ Aurea mediocritas. Vida medíocre ou medida justa, materialmente,
mas rica em realizações espirituais) é a idealização de uma vida pobre
e feliz no campo, em oposição à vida luxuosa e triste na cidade.
➢ Inutilia truncat. Ou seja, cortar o que é inútil, cortar aquilo que é
rebuscado. O repúdio às técnicas barrocas é evidente.

BARROCO E ARCADISMO
Arcadismo no Brasil
Arcadismo no Brasil
O nascimento do Arcadismo no Brasil reflete a condição do
intelectual brasileiro no século XVIII: de um lado, recebia as
influências da literatura e das ideias iluministas vindas da Europa;
de outro, interessava-se pelas coisas da terra e alimentava sonhos
de liberdade política.
O Arcadismo brasileiro originou-se e teve expressão em Vila
Rica (hoje Ouro Preto), Minas Gerais, e seu aparecimento teve
relação direta com o grande crescimento urbano e a propagação
de novas ideias. O enorme crescimento dessas cidades favorecia
tanto a divulgação de ideias políticas quanto o florescimento da
literatura. Em Vila Rica, intelectuais e escritores foram levados a
pensar na independência do Brasil. Depois do movimento de
independência dos Estados Unidos (1776), os sonhos culminaram Pedro Américo – Tiradentes esquartejado,
na frustrada Inconfidência Mineira (1789). 1892. Fonte: Museu Mariano Procópio.

Arcadismo no Brasil
Os principais autores árcades brasileiros podem ser divididos a partir
do tipo de poesia a que se dedicaram majoritariamente:
 Poesia lírica: Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga;
 Poesia épica: Basílio da Gama e Santa Rita Durão.
DESCRIÇÃO DA NATUREZA BRASILEIRA
INDIANISMO
CONSTRUÇÃO DE UM HERÓISMO NACIONAL;

POESIA ÉPICA
Tiradentes CRÍTICA AOS PORTUGUESES

Cláudio Manoel da Costa
Nasceu em 1734 e faleceu em 1819. Foi um abastado minerador e
jurista. Aos vinte anos, foi para Portugal, onde estudou. Exerceu o
cargo de procurador da Coroa na colônia por duas vezes. Participou
na Inconfidência como uma das lideranças do movimento. Morreu na
cadeia, não se sabe se a causa foi natural, suicídio ou assassinato.
Ele escrevia suas poesias sob o pseudônimo Glauceste Satúrnio. A
sua obra lírica mais conhecida é “Obras Poéticas de Glauceste
Satúrnio”, posteriormente editada já com o nome do próprio Cláudio
Manoel da Costa. Na sua obra, encontram-se sonetos amorosos,
muitos deles denotando influência de Camões, e sonetos de louvor à
natureza. Mas é sobretudo pelo tom de nativismo relacionado com a
natureza brasileira que seu nome é lembrado na literatura.

Cláudio Manoel da Costa
A grande novidade nesse poema se traduz nessa Este é o rio, a montanha é esta,
descrição que não reflete a paisagem bucólica típica da Estes os troncos, estes os rochedos;
São estes inda os mesmos arvoredos;
Europa. O eu lírico deixa claro de que se trata de uma Esta é a mesma rústica floresta.
“rústica floresta”. A descrição das montanhas, rochedos
e árvores é apropriada à paisagem mineira, mas pouco Tudo cheio de horror se manifesta,
Rio, montanha, troncos, e penedos;
tem a ver com os campos pacíficos da Arcádia. Que de amor nos suavíssimos enredos
Na verdade, essa natureza serve como elemento Foi cena alegre, e urna é já funesta.
que o liga a um amor passado relacionado a sofrimento Oh quão lembrado estou de haver subido
amoroso (“lembrado estou de haver subido/ aquele Aquele monte, e as vezes, que baixando
monte.../deixei do pranto o vale umedecido)”. Os temas Deixei do pranto o vale umedecido!
da natureza, de um amor suave e que, supõe-se, Tudo me está a memória retratando;

provocou pranto, organizam-se no grande tópico da Que da mesma saudade o infame ruído
Vem as mortas espécies despertando.
“saudade” que aparece na última estrofe.

Tomás Antônio Gonzaga
O poeta nasceu em Portugal, mas logo veio para
Pernambuco e depois para a Bahia. Voltou a Portugal para se
formar em Direito em 1761. Voltou ao Brasil em 1782, para
Vila Rica, onde foi nomeado Ouvidor dos Defuntos e
Ausentes. Apaixonou-se pela adolescente Maria Doroteia. Em
1786, pediu a jovem em casamento.
Participa da Inconfidência Mineira e, por conta disso, é
preso antes de se casar. Fica três anos na Ilha das Cobras no
Rio de Janeiro, seus bens foram confiscados. Parte da sua
mais famosa obra Marília de Dirceu foi concluída na prisão.
Em 1792, a pena é comutada, e ele parte para o degredo em
Moçambique, onde se casa com Ana Mascarenhas, filha de
um comerciante de escravos. Escreveu também um poema
satírico, Cartas Chilenas.
Tomás Antônio Gonzaga
Marília de Dirceu: Parte 1 – Lira XIV Esse é escrito em ordem direta exemplifica muito
bem a diferença entre Barroco e Arcadismo. Há
Minha bela Marília, tudo passa;
antíteses (males/ventura; prazeres/desgraça), mas sem
A sorte deste mundo é mal segura;
Se vem depois dos males a ventura, exageros e dentro de um argumento bastante claro. O eu
Vem depois dos prazeres a desgraça lírico lembra a mulher amada que tudo é efêmero. Esse é
o tom do livro como um todo, algo um pouco monótono.
Ah! enquanto os Destinos impiedosos A crítica destaca uma alteração na segunda parte que
Não voltam contra nós a face irada,
Façamos, sim façamos, doce amada, teria sido escrita na prisão, na qual se observam traços
Os nossos breves dias mais ditosos. que lembram o sentimentalismo romântico.
 Poesia satírica: Cartas Chilenas é uma obra crítica aos desmandos do governador de Minas, Luís
Cunha de Meneses. Para escapar de qualquer tipo de represália, o poeta faz uma espécie de paródia.
Ele seria Critilo, que escreve cartas ao amigo Doroteu falando do despotismo do Fanfarrão Minésio
(governador de Minas). Usa o recurso típico do Arcadismo de criar uma ficção literária para falar da
realidade, na medida em que ambienta toda situação em Santiago do Chile (na verdade, Vila Rica).

Basílio da Gama
Nasceu em Lisboa, veio para o Brasil, onde teve uma educação jesuítica no
Rio de Janeiro. Por sua ligação com a ordem religiosa, na época da expulsão
da Companhia de Jesus, foi perseguido. Para evitar o exílio, produz uma obra
de apoio a Pombal, O Uraguai. Trata-se de um longo poema épico, no qual o
eu lírico conta a história da Batalha dos portugueses contra os jesuítas em
Sete Povos das Missões. Os feitos do general Gomes Freire de Andrade são
descritos heroicos, enquanto os jesuítas são representados como
exploradores dos índios.
Nesse poema, os portugueses são tratados como heróis guerreiros; os
índios também são retratados de maneira positiva. Em contrapartida, os
jesuítas são tratados como vilões, cujo interesse maior é enganar os
indígenas. O protagonismo indígena tem característica do bom selvagem,
termo que expressa a ideologia que conferia ao nativo americano bons
sentimentos pelo fato de estar em contato com a natureza e de não ser
corrompido pela civilização.

Basílio da Gama
O Uraguai (1769): seu tema é a luta de portugueses e espanhóis contra índios e jesuítas
que, instalados nas missões jesuíticas do atual Rio Grande do Sul, não queriam aceitar as
decisões do Tratado de Madri. Primeiramente lírica; em seguida heroica, finalmente
didática. Solução ideal para o epos, além de lhe dar conteúdo ideológico moderno.
A assustada amantíssima Lindóia Que de abertos sepulcros recolhia
O sucesso infeliz. Quem a socorre! Nuas caveiras e esburgados ossos,
Que aborrecida de viver procura A uma medonha gruta, onde ardem sempre
Todos os meios de encontrar a morte. Verdes candeias, conduziu chorando
Nem quer que o esposo longamente a espere Lindóia, a quem amava como filha;
No reino escuro, aonde se não ama. E em ferrugento vaso licor puro
Mas a enrugada Tanajura, que era De viva fonte recolheu. Três vezes
Prudente e exprimentada (e que a seus peitos Girou em roda, e murmurou três vezes
Tinha criado em mais ditosa idade Co’a carcomida boca ímpias palavras,
A mãe da mãe da mísera Lindóia), E as águas assoprou: depois com o dedo
E lia pela história do futuro, Lhe impõe silêncio e faz que as águas note.
Visionária, supersticiosa GAMA, Basílio da. O Uraguai. Fonte: Domínio Público. Disponível em: https://tinyurl.com/3ebbuxjv. Acesso em: 29 jul. 2022.

Santa Rita Durão
Frei José de Santa Rita Durão (1722-1784) foi um dos primeiros escritores
a elevar o índio à condição de herói, manifestando em sua obra traços que
foram mais bem desenvolvidos no indianismo romântico.
O religioso também foi perseguido durante o expurgo do Marquês de
Pombal, só que, diferentemente de Basílio da Gama, não tentou conquistar
seus perseguidores através da literatura. Fez o contrário. Através da epopeia
O Caramuru, o poeta exalta a colonização como esforço religioso, destacando
a catequese como processo civilizatório.
A história gira em torno de Diogo Álvares Correia (chamado pelos índios de Caramuru) que teria
sofrido naufrágio passando a viver com os índios. Apaixona-se por Paraguaçu, índia que será batizada
no final do enredo. O texto inclui várias referências históricas e geográficas, expressando o caráter
descritivo e informativo da obra.
Também brilha uma heroína indígena que morre por amor. No momento em que o Caramuru volta
para a Europa junto com sua amada, a índia Paraguaçu, as mulheres apaixonadas pelo português se
atiram ao mar. Moema morre exausta, nadando para alcançar seu amado.

BARROCO E ARCADISMO
Arcadismo em Portugal
Um projeto de reformas políticas, econômicas, educacionais e
culturais, voltado tanto a satisfazer os interesses da burguesia
colonialista para equiparar Portugal novamente às grandes nações
europeias foi então posto em prática. Neste projeto, esteve à
frente, na condição de ministro o Marquês de Pombal, adepto das
ideias iluministas. O superministro moderniza Portugal em todos
os sentidos. Ele governa o Brasil com as seguintes medidas:
✓ Expulsão dos jesuítas;
✓ Laicização da educação;
✓ Reinterpretação da questão indígena → civilização.
Fonte: Pixabay
O movimento literário tem seu marco relacionado com a
fundação da primeira agremiação de poetas árcades, a Arcádia
Lusitana. Os agremiados tinham como lema a expressão latina
“inutilia truncat”. O repúdio às técnicas barrocas é evidente.
CARACTERÍSTICAS
• Poesia Satírica: dos cornos,
por causa de Gertrudes.
• Poesia Lírica: duas fases,
• Também foi • Formada a partir árcade e pré-romântica.
Arcádia Lusitana
Nova Arcádia
chamada de de 1790 ➢ Fase árcade: bucolismo,
Arcádia • Renascimento da
Olissiponense original fugere urbem, locus
• Durou de 1759 a • Membros: Bocage amenus.
1776 (Elmano Sadino);
• Fundadores: Cruz Francisco Bingre;
➢ Fase pré-romântica:
e Silva; Manuel Filinto Elísio e sentimentalismo (angústia,
Negrão e Teotônio marquesa de sofrimento, imagens da
Carvalho Alorna (Alcipe) morte), locus horrendus.
• Poesia confessional e de
arrependimento (últimos
poemas do autor).
Manuel Maria du Bocage
Chorosos versos meus desentoados,
Sem arte, sem beleza e sem brandura, Poesia de confissão
Urdidos pela mão da Desventura,
Pela baça Tristeza envenenados:
Solidão em face do mundo;
Vede a luz, não busqueis, desesperados,
No mudo esquecimento a sepultura; Sondagem da morte;
Se os ditosos vos lerem sem ternura,
Ler-vos-ão com ternura os desgraçados.
Fatalismo, o Fado, o Destino
Não vos inspire, ó versos, cobardia parece sempre como terrível
Da sátira mordaz o furor louco,
Da maldizente voz a tirania.
Sentimentos personificados:
Desculpa tendes, se valeis tão pouco; Amor, Discórdia, Traição,
Que não pode cantar com melodia Mordacidade
Um peito, de gemer cansado e rouco.

BARROCO E ARCADISMO
A Arte Neoclássica
Arte Neoclássica
Começa em meados do século XVIII e começo do século XIX.
A luta da burguesia pelo poder político no final do século

XVIII e começo do século XIX acaba por impactar a cultura em
geral. Os novos senhores da economia queriam se distinguir da
esbanjadora e decadente nobreza. Esse ímpeto leva a burguesia
a abraçar o Iluminismo e a financiar os salões onde se discutiam
os mais variados temas sob a perspectiva da razão.
Nesse contexto surge Napoleão. Esse plebeu chega ao
ápice do poder e o mantém atendendo os interesses da
burguesia. A expansão do poder francês exige uma arte que
A escultura “Eros e Psiquê” foi feita
expresse os novos valores, mas retornando à tradição. Os por Antonio Casanova (1757-1822).
artistas voltam-se para a Antiguidade Clássica, extraindo
daquele período o que há de mais racional.
Arte Neoclássica
Jacques-Louis David (1748-1825) era um entusiasta da Revolução Francesa.
Posteriormente, tornou-se amigo de Napoleão e pintor oficial do Império. No
quadro “Bonaparte atravessando os Alpes”, David retrata um Napoleão idealizado:
Napoleão levanta o braço direito, numa atitude de líder que comanda sua tropa. A
figura humana ocupa o lugar central no quadro, sendo representada de forma
sóbria, mas segundo padrões da perfeição e simetria da pintura renascentista. O
fundo serve simplesmente como enquadramento da figura principal.
Fonte: Shutterstock.
Neoclassicismo em Portugal: em 1755 um terremoto se
abateu sobre Lisboa. A reconstrução foi comandada pelo Marquês
de Pombal, então Secretário de Estado de Negócios Estrangeiros e
de Guerra. O ouro do Brasil financiou a reconstrução da cidade. A
Lisboa de ruas estreitas, medieval, cedeu espaço para uma cidade
atravessada por avenidas largas e retilíneas. Os prédios públicos
apresentam arcos ou cúpulas, mas sem exagero.
BARROCO E ARCADISMO
Resumo
Resumo –
Capítulo 3
Fonte: https://classic.wordclouds.com/

FINALIZAÇÃO
FALE CONOSCO
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Aula 02 - Barroco e Arcadismo - ESA EsPCEx 2024 - SLIDES

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BARROCO E

Professora Luana Signorelli

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1517 1534 1534- 1546

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 Locus horrendus. É o oposto de locus amoenus. Significa lugar horrível. Construção de

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Com grande dor, e com grande receio de a renovar no ânimo de V.

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Considera-se esse gênero como o típico do Barroco. O eu lírico,

O poeta na última hora da sua vida

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Esse é o gênero pelo qual Gregório se tornou mais conhecido.

A certa personagem desvanecida

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Gregório de Matos acrescenta alguns traços de

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1755 1760 1776 1789

(1751-1775) Projeto da Encyclopédia Ilu Iluminismo & Ciência

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Compreender o alcance ideológico e estético do

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DESCRIÇÃO DA NATUREZA BRASILEIRA

CONSTRUÇÃO DE UM HERÓISMO NACIONAL;

Tiradentes CRÍTICA AOS PORTUGUESES

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da natureza, de um amor suave e que, supõe-se, Tudo me está a memória retratando;

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A luta da burguesia pelo poder político no final do século

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