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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

Disciplina: Fundamentos da Economia

Unidade 5

CONCEITO E CÁLCULO DOS


AGREGADOS
MACROECONÔMICOS
Capítulo 11

Professor Me. Fernando Nunes Filho


1. INTRODUÇÃO

AGREGADOS MACROECONÔMICOS – expressão


empregada para designar, genericamente, os resultados
da mensuração da atividade econômica considerada
como um todo.

À metodologia sistematizada de levantamentos e de


contabilização do todo, dá-se o nome de CONTABILIDADE
SOCIAL – conjunto de grandes contas em que se
contabilizam todas as transações que compõem a vida
econômica de uma nação. E ainda as transações entre
nações.

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2. A CONTABILIDADE SOCIAL: OBJETIVO E
DESENVOLVIMENTO
Somente na década de 40 é que se definiram processos
sistematizados para o cálculo dos grandes agregados do
produto, da renda e do dispêndio nacionais.

Os motivos que levaram aos governos nacionais e instituições


multilaterais a se interessarem por levantamentos
macroeconômicos foram:
• O planejamento de políticas antidepressão;
• O conhecimento da estrutura e do potencial dos sistemas
econômicos nacionais; e
• O suprimento de dados agregados, internacionalmente
comparáveis, para uso de entidades multilaterais que se
originaram no pós-guerra.
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2. A CONTABILIDADE SOCIAL: OBJETIVO E
DESENVOLVIMENTO
Em 1952 a ONU publicou uma primeira metodologia
padronizada, System of National Accounts and
Supporting Tables. Conhecida pela sigla SNA-52, a mesma
forneceu uma estrutura consistente e padronizada para
apresentação dos agregados econômicos. O SNA foi
atualizado em 1968, 1993 e sua última versão é de 2008.

Um dos trabalhos de base da Contabilidade Social é


tipificar os agentes, as suas atividades e transações, o
fluxo pelos quais interagem e os resultados finais de suas
ações.

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3. CONCEITOS BÁSICOS: VALOR ADICIONADO,
RENDA E DISPÊNDIO
3.1. O Conceito de Valor Adicionado: O Produto
Nacional

O valor adicionado é um ponto de partida para a descrição e


compreensão dos sistemas de cálculo agregativo. Ele tem a
ver com uma diferenciação essencial entre os fluxos de
produção e o conceito macroeconômico de produto. É
fundamental para contornar um dos problemas cruciais do
cálculo macroeconômico, o da dupla contagem dos bens e
serviços intermediários, que são utilizados no
processamento de outros bens e serviços, que por sua vez
podem não ter, ainda, a destinação do consumo e da
acumulação.
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FIGURA 11.1. O processo de produção e o conceito de valor adicionado. A produção é expressa
por fluxos de suprimentos, processamento e saídas (a) e (b). O valor adicionado (c) é expresso
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pela diferença entre saídas e suprimentos.
3. CONCEITOS BÁSICOS: VALOR ADICIONADO,
RENDA E DISPÊNDIO
3.1. O Conceito de Valor Adicionado: O Produto
Nacional

Assim, em síntese:

• A produção é um fluxo de suprimentos-processamento-


saídas.
• O valor adicionado é a diferença entre o valor das saídas
e o dos suprimentos. Ele corresponde aos custos
internos de processamento em que as empresas
incorrem, remunerando os fatores de produção por ela
mobilizados.
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3. CONCEITOS BÁSICOS: VALOR ADICIONADO,
RENDA E DISPÊNDIO
3.1. O Conceito de Valor Adicionado: O Produto
Nacional

• Valor adicionado e produto, sob ótica macroeconômica,


são expressões equivalentes.
• O Produto Nacional resulta da soma dos valores
adicionados (ou dos produtos) de todas as empresas que
compõem o aparelho de produção da economia
nacional.

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3. CONCEITOS BÁSICOS: VALOR ADICIONADO,
RENDA E DISPÊNDIO
3.2. A Composição do Valor Adicionado: O conceito
de Renda Nacional

O valor adicionado (ou de produto) está diretamente


relacionado ao segundo conceito macroeconômico básico:
o de Renda Nacional (ou de remunerações pagas aos
fatores de produção mobilizados pelas empresas).

A geração do Produto Nacional ocorre simultaneamente


com os pagamentos que totalizam a Renda Nacional. Isto
porque produto e custo dos fatores, são, também,
expressões equivalentes. A figura a seguir ajuda a
compreender esta nova identidade.
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FIGURA 11.2. Pagamentos por suprimentos procedentes de outras empresas e custo dos recursos
pertencentes a unidades familiares: uma diferenciação básica para compreensão do conceito
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de
renda.
3.2. A Composição do Valor Adicionado: O conceito
de Renda Nacional

Assim, em síntese:

• Valor adicionado e remunerações pagas aos fatores de


produção são expressões equivalentes.
• As remunerações pagas aos fatores de produção são fluxos de
renda que saem das empresas e se destinam a unidades
familiares.
• Renda Nacional é a soma das remunerações pagas aos fatores
de produção. É a grande totalização dos custos dos fatores.
• Como o valor adicionado é igual ao produto, que também é
igual ao custo dos fatores, que por sua vez é igual à renda,
podemos então dizer que o Produto Nacional e a Renda
Nacional são, em termos líquidos, expressões que se equivalem.
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3.3. A Destinação da Renda: O conceito de Dispêndio
Nacional

As nações produzem bens e serviços que se destinam a duas


grandes categorias de dispêndio final – o consumo e a
acumulação.

• O consumo, do ponto de vista da Contabilidade Social, é


representado pelo ato de aquisição de bens e serviços pelo
consumidor final, no atendimento de suas necessidades e de
seus dependentes. É também conceituado como consumo o
usufruto de bens e serviços públicos, que atendem a
necessidades coletivas e que são supridos pelo governo.
• A acumulação, do ponto de vista da Contabilidade Social, está
ligada ao processo de formação de capital, à acepção
macroeconômica de investimento e, genericamente, aos
acréscimos líquidos na capacidade nacional de produção. 12
3.3. A Destinação da Renda: O conceito de Dispêndio
Nacional

Assim, em síntese:

• Os bens e serviços produzidos destinam-se a duas grandes


categorias de dispêndio: o consumo e a acumulação.
• A soma do consumo e da acumulação, está representada
pelos investimentos em bens de capital, é igual ao Dispêndio
Nacional.
• A Renda, o Produto e o Dispêndio Nacional são expressões
contabilmente equivalentes. São três abordagens diferentes,
ou caminhos diferentes de avaliação, que conduzem a
mensurações iguais. Para que esta tríplice igualdade se
realize, o total dos investimentos em acumulação deve
igualar-se ao total da renda poupada, não consumida.
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FIGURA 11.3. Categorias básicas de fluxos macroeconômicos. A interdependência dos
conceitos de Produto, Renda e Dispêndio Nacional. 14
4. UMA APROXIMAÇÃO SIMPLIFICADA: APENAS
DOIS AGENTES ECONÔMICOS
Empregando os conceitos macroeconômicos básicos de
valor adicionado, produto, renda e dispêndio, vamos
considerar uma hipótese simplificada de economia
nacional, constituída apenas por duas categorias de
agentes econômicos – empresas e unidades familiares.
Nesta primeira aproximação simplificada, não há governo
e não ocorrem, também, transações econômicas com
outras nações. Esta hipótese é usualmente definida pela
expressão economia fechada sem governo.

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4. UMA APROXIMAÇÃO SIMPLIFICADA: APENAS
DOIS AGENTES ECONÔMICOS
4.1. Os Fluxos do Produto

TABELA 11.1. Uma hipótese de valor da produção (total das saídas) de todas as empresas
da economia, classificadas segundo as três categorias básicas de atividades produtivas. 16
4.1. Os Fluxos do Produto

TABELA 11.2. Uma hipótese de valor agregado pelas atividades produtivas: valor total da produção
menos suprimentos intermediários. 17
4. UMA APROXIMAÇÃO SIMPLIFICADA: APENAS
DOIS AGENTES ECONÔMICOS
4.2. Os Fluxos da Renda

TABELA 11.4. Uma hipótese de composição do valor adicionado: o custo dos recursos por atividade
produtiva.. 18
4. UMA APROXIMAÇÃO SIMPLIFICADA: APENAS
DOIS AGENTES ECONÔMICOS
4.3. Os Fluxos do Dispêndio

TABELA 11.5. Uma hipótese de destinação da renda agregada: o consumo e a acumulação de bens e
serviços finais. 19
4.3. Os Fluxos do Dispêndio

FIGURA 11.5. Do produto ao dispêndio nacional: a origem dos recursos para o consumo e a
acumulação. 20
5. UMA SEGUNDA APROXIMAÇÃO: A
INTRODUÇÃO DO GOVERNO
Mantendo a economia ainda fechada, sem transações
econômicas com outras nações, consideraremos agora
uma hipótese mais ampla, admitindo também a
existência do governo como agente econômico. A
introdução desse terceiro agente implicará mudanças nos
fluxos de produção, de apropriação e de destinação da
renda e de composição dos dispêndios.

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5. UMA SEGUNDA APROXIMAÇÃO: A
INTRODUÇÃO DO GOVERNO
5.1. Os fluxos de Receita do Governo

As atividades do governo são financiadas por duas categorias


de receitas, tributárias e não tributárias. As primeiras
resultam da exação fiscal, realizada através de dois tipos de
tributos:

• Diretos: englobam a arrecadação tributária que incide sobre


ativos e rendas das unidades familiares e das empresas.

• Indiretos: esses tributos oneram as transações


intermediárias e finais, tendo como principal fato gerador os
fluxos de entrada e de saída que, nas empresas, alimentam e
dão sustentação ao processamento da produção. Eles são
incorporados aos preços dos bens e serviços transacionados.
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5. UMA SEGUNDA APROXIMAÇÃO: A
INTRODUÇÃO DO GOVERNO
5.1. Os fluxos de Receita do Governo

A segunda categoria de receita consiste em Outras


receitas correntes. Esta é a denominação genérica de um
amplo conjunto de receitas não tributárias do governo,
como taxas, dividendos, laudêmios e vários fluxos de
recebimento originários de ativos públicos mobiliários e
imobiliários. Por convenção, admite-se que estas receitas
oneram o poder de compra das unidades familiares.
Consequentemente, na metodologia de Contabilidade
Social são lançadas a crédito do governo e a débito das
famílias.
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5. UMA SEGUNDA APROXIMAÇÃO: A
INTRODUÇÃO DO GOVERNO
5.2. Os fluxos de Dispêndio do Governo

O governo, como agente econômico, emprega as receitas em


quatro categorias distintas de dispêndios, que exercem
diferentes impactos sobre os grandes fluxos macroeconômicos
da produção, da renda e do dispêndio. As quatro categorias
são:

• Consumo: a manutenção da estrutura do setor público como


um todo. Estes dispêndios classificam-se usualmente,
também, como de custeio.

• Investimentos: os dispêndios de capital ou de investimento


realizados pelo governo são caracterizados por adições ao
estoque de capital da economia. 24
5. UMA SEGUNDA APROXIMAÇÃO: A
INTRODUÇÃO DO GOVERNO
5.2. Os fluxos de Dispêndio do Governo

• Transferências: são pagamentos unilaterais feitos pelo


governo, sem contrapartida corrente dos agente
beneficiados.

• Subsídios: trata-se de pagamentos que fluem do governo


para as empresas, constituindo uma espécie de tributos
indiretos com sinal negativo. O objetivo é permitir que a
sociedade tenha acesso a determinados bens e serviços
de alta essencialidade que, não subsidiados, teriam um
preço de mercado inacessível para grande parte da
população. 25
5.3. Impactos da Introdução do Governo

TABELA 11.6. Reconfiguração da hipótese do valor adicionado: o produto ao custo dos recursos e a
preços de mercado, por atividade produtiva. 26
5.3. Impactos da Introdução do Governo

TABELA 11.7. Impactos da ação do governo na renda agregada: o conceito de renda pessoal disponível.
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5.3. Impactos da Introdução do Governo

TABELA 11.8. Reconfiguração da hipótese de destinação da renda agregada.


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5.3. Impactos da Introdução do Governo

FIGURA 11.6. Impactos da presença do governo nos conceitos e nos fluxos de produto, renda e
dispêndio. 29
5.3. Impactos da Introdução do Governo

FIGURA 11.7. Fluxos agregados em uma economia fechada com governo. Sem “vazamentos”, igualam-
se os totais das saídas e das entradas de cada agente e, também, as fontes de financiamento e os
dispêndios do processo de acumulação. 30
6. UM MODELO COMPLETO DE ECONOMIA
ABERTA
A expressão economia aberta é utilizada para designar
sistemas nacionais que mantêm transações econômicas
com outras nações.

As nações praticam diferentes graus de padrões de


abertura, procurando complementar suas cadeias de
suprimentos, o escoamento de sua produção e a
absorção de fatores produtivos. Como regra, a abertura é
observada nos três momentos da cadeia produtiva:
entradas de insumos, processamento e saídas de
produtos.

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6. UM MODELO COMPLETO DE ECONOMIA
ABERTA
6.1. As Transações Externas: Principais Categorias

Para os propósitos da Contabilidade Social, as transações


com o exterior são agrupadas em quatro grandes categorias
de fluxos:

• Exportações de mercadorias e serviços, incluem:


 Vendas de mercadorias para o exterior;
 Receitas cambiais com serviços prestados a estrangeiros,
como as decorrentes de viagens, transportes, seguros e
telecomunicações; e
 Dispêndios das representações diplomáticas de outras
nações instaladas no país.
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6. UM MODELO COMPLETO DE ECONOMIA
ABERTA
6.1. As Transações Externas: Principais Categorias

• Importação de mercadorias e serviços, incluem:


 As compras de mercadorias;
 Despesas cambiais com serviços adquiridos de
estrangeiros; e
 Dispêndios das representações diplomáticas da nação no
exterior.
• Resultado líquido dos pagamentos-e-recebimentos pelo
emprego de fatores de produção, incluem: remunerações
remetidos ou recebidos do exterior, como contrapartida
pela utilização interna de recursos pertencentes a
estrangeiros.
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6.1. As Transações Externas: Principais Categorias

• Saldo das transações correntes: é o resíduo final dos


fluxos de exportação, importação e pagamentos-e-
recebimentos pelo emprego de fatores de produção. Este
saldo pode ser positivo ou negativo.

TABELA 11.9. A economia aberta: hipóteses de transações externas introduzidas no modelo. 34


6.2. Impactos nos Fluxos Agregados

TABELA 11.10. A oferta e a procura agregadas, em um modelo completo de economia aberta:


fluxos de produto e de dispêndio, internos e externos. 35
6.2. Impactos nos Fluxos Agregados

TABELA 11.11. Impactos da abertura da economia na renda agregada: a inclusão de recebimentos-e-


remessas de renda para o exterior. 36
6.2. Impactos nos Fluxos Agregados

FIGURA 11.8. Fluxos agregados em um modelo completo de economia aberta: a articulação das
transações em cinco contas, sem “vazamentos”. 37
7. UMA SÍNTESE: OS CONCEITOS AGREGADOS
CONVENCIONAIS
7.1. A Diferença entre “Interno” e “Nacional”

Trata-se de adjetivos que identificam o que pertence ou não


à nação e os fluxos de que ela efetivamente se apropria.

• Interno: associa-se à localização territorial dos agentes


econômicos. Este é constituído pelo território terrestre, o
espaço aéreo e as águas territoriais do país, os enclaves
extraterritoriais mantidos no exterior por força de acordos
internacionais e os equipamentos móveis (aeronaves,
embarcações, plataformas flutuantes e satélites) que fazem
parte dos estoques de capital mobilizados pelos agentes
econômicos sediados no país.
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7. UMA SÍNTESE: OS CONCEITOS AGREGADOS
CONVENCIONAIS
7.1. A Diferença entre “Interno” e “Nacional”

• Nacional: refere-se a nacionalidade dos agente


econômicos. São os produtos gerados pelos recursos de
propriedade de uma nação, os fluxos de renda por ela
apropriados e os dispêndios que ela realiza,
independentemente das bases territoriais onde
ocorram.

Há, portanto, diferenças conceituais entre Produto


Interno e Produto Nacional – ou entre Renda Interna e
Renda Nacional.
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7.2. Os Conceitos Convencionais
• PIB (Produto Interno Bruto) = Remunerações + Depreciações
+ Tributos Indiretos Líquidos (tributos indiretos – subsídios)

• PNB (Produto Nacional Bruto) = PIB – Rendas líquidas


enviadas para o exterior

• PNL (Produto Nacional Líquido) = PNB – Depreciação do


Capital Fixo

• RN (Renda Nacional) = PNL – Tributos indiretos + Subsídios

• RPD (Renda Pessoal Disponível) = RN – tributos diretos +


transferências
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8. A DESAGREGAÇÃO DOS FLUXOS
MACROECONÔMICOS
Se para determinadas finalidades e aplicações, é relevante
conhecer os valores agregados, para outras, exigem-se
desagregações dos dados. Estas são originalmente
destinadas a análises das condições estruturais em que
opera a economia e de seus resultados abertos por
setores e subsetores, regiões, categorias de transações e
de variáveis.

As formas de desagregação são geralmente apresentadas


através de relações matriciais.

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TABELA 11.12. Matriz de insumo-produto tipo Leontief: uma hipótese de desagregação dos fluxos
macroeconômicos. 42

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