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CURSO ONLINE DE CINEMA - MATERIAL EXCLUSIVO

DESENVOLVIMENTO DE ROTEIRO - PARTE 2


DO ARGUMENTO AO ROTEIRO
Curso Online de Cinema - AULA 017

INTRODUÇÃO

Na primeira aula sobre esse tema, foram abordadas as fases iniciais do desenvolvimento de
roteiro. Fases que facilitam o desenvolvimento da história. Essas primeiras fases não têm
um formato exatamente definido.

Nas fases estudadas nesta aula - a escaleta e o roteiro propriamente dito - existe uma
formatação padrão chamada master scene. Esse formato abrange o cabeçalho da cena e a
descrição logo abaixo com as ações e possíveis diálogos.

ESCALETA

Depois de trabalhar no argumento (a história inteira do começo ao fim no formato de prosa),


e estiver satisfeito com o que tem em mãos, o roteirista deve transformar os acontecimentos
do roteiro em uma lista de cenas, na ordem em que elas acontecem no filme. Nessa lista,
denominada escaleta, as cenas são escritas com um cabeçalho e com uma descrição
objetiva do que acontece em tal cena.

No cabeçalho, define-se se a cena é externa ou interna (EXT. ou INT.), local da cena (RUA,
QUARTO, etc.), faz-se um traço, e escreve-se em qual momento do dia se passa (DIA ou
NOITE).

INT. QUARTO DE JOÃO - NOITE

Em todas as cenas, abaixo do cabeçalho, a cena é descrita brevemente, mas não


desenvolvida.

A escaleta é o esqueleto do roteiro. Nela, o roteirista define todas as cenas que entrarão no
roteiro, tendo como base o argumento. Caso o indivíduo queira alterar algo muito
significativo para a história, isso deve ser feito no argumento. Mas na escaleta podem e
devem surgir mudanças, como por exemplo a ordem das cenas ou mesmo a exclusão de
algumas cenas que estavam descritas no argumento, o que economiza o tempo na escrita
do roteiro propriamente.

Alguns roteiristas imprimem cartões com todas as cenas e os colocam em ordem em uma
mesa ou em uma parede para ter uma visão mais ampla da narrativa. Se tiver a intenção de
excluir alguma cena do roteiro, pode jogar fora o respectivo cartão para ver como a
estrutura da história reage a isso.
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Existem softwares criados para o desenvolvimento do roteiro, que já o formatam


corretamente (em master scene). O melhor e mais profissional é um programa pago, o Final
Draft. No entanto, os gratuitos também são eficientes. Os que eu mais indico são uma
versão antiga do Celtx e o StudioBinder.

ROTEIRO

O roteiro se desenvolve em cima da escaleta. Nesse ponto, tudo já deve estar bem
estruturado. Todas as cenas do filme já devem estar indicadas na escaleta. Você já deve ter
um esqueleto completo do seu filme.

Alguns roteiristas não fazem a escaleta e partem do argumento direto para o roteiro, mas é
recomendado, ainda mais nos primeiros roteiros, que se faça seguindo do argumento para a
escaleta.

Quando se utiliza um software para a escrita do roteiro, a escrita é automaticamente


colocada no format master scene. O correto é que faça uma nova cena quando o
personagem muda de ambiente ou quando o tempo passa.

Mesmo quando a cena continua no mesmo ambiente e o tempo passa, o ideal é fazer um
novo cabeçalho. Repete-se o mesmo cabeçalho para indicar que o tempo passou, e
descreve a nova cena. Ou ainda, altera-se o tempo para “momentos depois” ou “mais
tarde”. Para cada passagem de tempo e cada novo local, deve ser feito um novo cabeçalho
e uma nova cena.

Se o roteirista quer ser mais específico sobre aonde se passa a cena, coloca no cabeçalho
primeiramente o ambiente mais amplo (p. ex. CASA DO PERSONAGEM), e em seguida o
ambiente específico (p. ex. COZINHA).

Mesmo que uma cena seja filmada em um estúdio, com o uso do chroma key, deve-se usar
a correspondência do local e do momento referentes à narrativa. Se a cena se passa em
uma praia, mas será filmada em um estúdio, você não deve usar INT. ESTÚDIO, mas sim
EXT. PRAIA

Caso o roteirista também queira ser mais específico quanto ao momento do dia, ele pode
designar no cabeçalho, por exemplo, AMANHECER, ANOITECER, MADRUGADA, entre
outros.

Todas as ações e acontecimentos são escritos logo abaixo do cabeçalho, alinhados à


esquerda. A descrição deve ser direta, da forma mais concreta e visual possível.

Quando alguém aparece pela primeira vez no roteiro, seu nome é escrito em caixa alta e o
personagem é descrito brevemente.
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O roteirista não pode dar indicações de câmera na história. Isso só vai ser executado no
roteiro técnico pelo diretor. Apesar disso, ele pode sugerir uma decupagem pela forma
como descreve as cenas. Ainda assim, quem escolhe quais planos serão usados para filmar
a obra é o diretor.

As ações no roteiro devem ser escritas no presente do indicativo. Não use passado “Ele
pegou a caneta” e nem presente contínuo “Ele está pegando a caneta”. Mas sim presente
do indicativo “Ele pega a caneta”.

Caso o roteirista queira indicar uma música para determinada cena, o ideal é que se
escreva apenas o estilo musical, não a música em específico (p. ex. abrir uma cena com a
frase “música minimalista se inicia”).

Alguns roteiristas já pensam também no estilo visual da transição entre uma cena e outra.
Caso faça questão de indicar, escreva, por exemplo, “fusão para“, alinhado à direita,
quando deseja indicar uma fusão entre as cenas e não um corte seco. O diretor pode usar
essas indicações ou não.

Para escrever os diálogos, o nome do personagem deve ser centralizado em caixa alta.
Embaixo disso, vem a fala do personagem. Essa formatação é automática em programas
de roteiro.

Para indicar algo mais específico, como o modo como o personagem fala, coloca-se entre
parênteses essa indicação antes da fala do personagem.

Se em uma cena a fala é uma voz de narração, escreve-se V.O. (voice over) entre
parênteses.

CONCLUSÃO

Um roteiro é basicamente formado por duas partes: o cabeçalho (designado por onde e
quando a cena se passa), e pela descrição da cena (descrição das ações e diálogos).

Existem outros aspectos mais específicos, mas a melhor forma para aprender a escrever
um roteiro, tanto para entender seu formato como sua dinâmica, é de fato lendo roteiros.
Quanto mais roteiros você lê, melhor se percebem questões específicas desse formato.

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