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Apostila Finalizada - Rorschach
Apostila Finalizada - Rorschach
TÉCNICAS DE MANCHAS
DE TINTA
Índice
I. Introdução e Histórico 4
II. Histórico do teste de Psicodiagnóstico de Rorschach 5
III. Medidas Psicológicas 6
V. Especificidade dos Estudos de Validade e Precisão em Rorschach 10
V.1. Estudo de Validade. 11
V.2. Validade de Critério. 15
V.3. Estudos de Precisão. 16
V.4. Tipos de normas utilizadas. 17
VI. Localizações 18
VII. Determinantes 18
VIII. Conteúdos 19
X. A Técnica de Administração 22
X.1. Material Utilizado 22
X.2. Local 22
X.3. Posição do Examinador/Examinando. 23
3.1. Composição 23
3.2. Aplicação 23
X.4. Contato Inicial 24
X.5. Instruções 25
X.6. Anotações 25
X.7. Fases do Exame. 25
7.1. Fase de Associação Livre 26
7.2. Fase do Inquérito 26
7.3. Pesquisas Complementares 29
X.8. Listas de Respostas Populares – P. 30
X.9. Simbologia Adotada 30
X.10. Porcentagens Médias 32
X.11. Folha de Cálculo 33
X.12. Categoria de Classificação e Significações 34
12.1. Localização 35
12.1.a Respostas G(globais) 35
12.1.a.1. G Primárias 35
12.1.a.2. G Combinatórias 35
12.1.a.3. G Confabuladas 36
12.1.a.4 G Contaminadas 36
12.1.b. Global Cortada. 36
12.1.c. Resposta de Detalhe – Dom. 36
12.1.D. Resposta de Pormenor Inibitório – Pi 37
12.1.e. Resposta de Detalhinho – Dd 37
12.1.f. Resposta de Detalhinho Externo – Dde 37
12.1.g. Resposta com Espaço – Gs, Ds, Dds 37
12.1.h.Tipo de Apercepção – Ap 38
12.1.i. Tipo de Sucessão – Ts 39
12.2. Determinantes 40
12.2.a. Resposta de Forma - F+, F-, F 40
12.2.b. Movimento Humano – M 42
12.2.c. Movimento Animal – FM 44
12.2.d. Movimento Inanimado – Fm, mF, m 46
12.2.e. A relação M>FM>m 47
12.2.f. A relação G:M 47
3
RORSCHACH
I. Introdução e histórico
do braço estendido. Rorschach propunha um protocolo para o exame dos resultados dos
seus testes seguindo os quatro conjuntos de perguntas abaixo:
2) A resposta foi determinada apenas pela forma das imagens fortuitas ou, também, por
uma sensação de movimento ou, ainda, pela cor das figuras?
método, contudo, continuou a ser estudado por seus colegas Emil Oberholzer e Eugene
Bleuler. Todavia, foi com o impulso de Margarida Loosli-Usteri que o Rorschach
ultrapassou da língua alemã. Em 1936 surge nos Estados Unidos a Revista Rorschach
Research Exchange. No ano de 1943 houve o primeiro Congresso de Rorschach em
Munsterlingen. Em 1952 foi fundada a Sociedade Internacional de Rorschach.
Esse mesmo autor conseguiu uma correlação de 0.833 + 0.0315 entre diagnósticos
feitos por aplicadores de Rorschach e de terapeutas que tratavam o indivíduo.
PASCAL e col.(1950) pediu para que 237 participantes para apontar quais as partes
das manchas que podiam ser órgãos genitais masculinos ou femininos. Esse estudo
forneceu indicações para quais os pontos que tinham significação sexual.
VERMON (1933) aplicou o teste das duas metades e encontrou uma correlação 0.91
para a categoria número de respostas, mas as outras categorias ficaram com correlações
muito baixas.
VI. Localizações:
VII. Determinantes:
VIII. Conteúdos:
O conteúdo é aquilo que foi verbalizado, o que foi percebido, como algo
específico e que será registrado de acordo com sua categoria. O conteúdo responde à
pergunta: “o que viu o examinando na resposta dada?”.
2. A personalidade é um todo estrutural, dinâmico e funcional e como tal, não pode ser
medida com aquela precisão estatística. Os elementos quantitativos, utilizados no
trabalho com o Rorschach, são grande suporte nesse processo de diagnóstico, mas devem
ser bem relacionados entre si e integrados aos aspectos qualitativos apresentados no
próprio método.
média, que oscilem entre 10 e 15 respostas quando forem de boa qualidade e bem
comentadas podem ser consideradas ainda dentro do padrão normal. Respostas entre 9 e
10 podem significar, especialmente em situações de seleção, defesas do tipo paranóide,
resistência à técnica ou ao examinador. O número inferior a 9 respostas é comum em
deficientes mentais.
O tempo de reação é outra variável medida. Ele é contado do momento em que o
sujeito recebe o Cartão até o momento em que ele emite a primeira resposta. Rorschach
em seus estudos considerou normal o tempo médio de reação entre 20 a 30 segundos.
Contudo, com o passar tendeu-se a observar uma maior rapidez nas respostas. Segundo
vários autores, isso se deve as condições modernas de vida. Vaz aponta (1997, p. 83) que
para a realidade gaúcha o tempo de reação normal oscila entre 10 e 25 segundos. Este
mesmo autor chama a atenção para o fato de se poder observar uma diferença no tempo
de reação entre os Cartões cromáticos e acromáticos.
Considera-se que pessoas com uma reação média muito acelerada apresentam
uma ansiedade elevada, enquanto que pessoas com um tempo de reação muito longo
apresentam uma depressão situacional. Nos casos em que a média do tempo de reação
entre os Cartões cromáticos e acromáticos exceder 10 segundos pode se considerar que:
se a diferença pender para os acromáticos, um indicativo de ordem depressiva, e se a
diferença pender para os cromáticos, tratar-se-á de um indício de dificuldades no
relacionamento do examinando com o mundo, pautadas por tensões.
O tempo de duração médio foi considerado entre 20 e 30 segundos. Pessoas
ansiosas tendem a um tempo médio inferior a 20 segundos, enquanto pessoas depressivas
ou bloqueadas apresentam um tempo elevado, chegando a superar os 60 segundos.
maioria feitos nas décadas de trinta, quarenta e cinqüenta. Os relatos que conseguimos
obter deles, oram indiretos, e por isso não podemos avaliar seus critérios como tamanho
da amostra, a sua heterogeneidade, etc. Mas a partir desses relatos verificou-se que
muitos estudos mostram engenho e perspicácia, um exemplo é o de Keley que usou
pacientes em tratamento de choque elétrico para verificar a precisão do Rorschach.
Os estudos mais comuns na atualidade sobre o Rorschach são os de padronização.
Cícero Vaz compendia esses estudos em sua obra. Devido ao fato desses estudos serem
numerosos, e na maioria das vezes restritos a uma faixa etária e/ou a uma região
geográfica não apresentamos seus resultados aqui. Em vez disso optamos por apresentar a
padronização oferecida por Vaz que é bastante recente e significativa.
X. A Técnica de Administração
- Jogo de 10 Lâminas;
- Folha de Localização;
- Folha de Respostas (ou 2 fls de papel pautado);
- Cronômetro ou relógio que marque os segundos;
- Lápis coloridos;
- Mesa, cadeiras, mesa auxiliar.
X.2. Local
3.1. Composição
O material do teste compreende dez Lâminas com Manchas de Tinta, de 18,5 por
25cm, cinco das quais são acromáticas e cinco cromáticas (duas, em vermelho e preto e
três policromáticas). As manchas são, em geral, escassamente estruturadas, embora
possam ser consideradas simétricas em termos do eixo vertical. São apresentadas, uma a
uma, ao examinando, em ordem. Protocolo de localização das respostas, onde serão
assinaladas as áreas em que o examinando situou as respostas dadas; Folhas de
Aplicação. Como manual pode ser usado o livro do Prof. Dr. Cícero E. Vaz, “O
Rorschach – Teoria e Desempenho”.
1 - Aplicação
2 - Psicograma
3 - Interpretação
3.2.Aplicação
Instrução:
Nestas Lâminas as pessoas enxergam toda classe de coisas; agora me diga o que é que o
Senhor vê ou o que lhe lembra.
Inquérito:
Perguntas "onde" e "como" viu?
Por favor, onde viu...? Solicitando a seguir que fizesse o contorno com o lápis na folha de
localização, após registramos no contorno o que viu.
25
Pergunta-se, para clarear dúvidas quanto ao conteúdo: Como viu...? Ou o que o levou a
ver...?
O clima de aplicação não deve ser nem muito tenso, nem muito descontraído; uma
conversa inicial, em tom informal e social é importante para se obter este clima. Durante
o "rapport" são observadas as condições físicas do examinando, verificando-se se não
estaria cansado, muito tenso, alcoolizado, faminto. Em caso afirmativo, deve-se adiar a
prova. Em qualquer caso deve-se perguntar se o sujeito está tomando alguma medicação,
e em caso afirmativo, perguntar para quê.
Apresenta-se ao sujeito o objetivo da prova dizendo que se trata de um teste "de
imaginação" para pessoas menos escolarizadas, ou "de personalidade" para pessoas mais
instruídas.
X.5. Instruções
"Vou lhe mostrar dez figuras (não falar borrão nem mancha) e gostaria que você
falasse o que vê nelas. Não se preocupe em dar respostas certas ou erradas. Qualquer
resposta é válida, porque as pessoas vêem coisas diferentes nelas. Irei anotar o que você
for falando e também vou estar marcando o tempo (indicar a folha/caneta e o
cronômetro); não se preocupe com isso, é para meu controle. Quando você não estiver
vendo mais nada, coloque a figura invertida neste canto da mesa. Certo? Podemos
começar?".
Mostra-se a primeira lâmina acionando-se o cronômetro e dizendo: "Esta é a
primeira figura".
X.6. Anotações
26
Além das respostas do sujeito, devemos anotar os tempos iniciais e finais (TR e
TT) lâmina após lâmina. A posição da figura em que as respostas são dadas é indicada do
seguinte modo:
- posição de entrega da lâmina;
- virada para a direita do examinando;
- virada para a esquerda do examinando;
- de cabeça para baixo;
- girar ansioso para a direita;
- girar ansioso para a esquerda.
que é preciso ver o que o sujeito viu), avaliando o grau de adaptabilidade do conceito à
área da mancha.
Depois que o sujeito passou, respondendo, pelas 10 figuras, tendo o examinador
registrado as percepções do sujeito, é indispensável que seja realizado o inquérito.
Recolhendo a décima figura, dizemos ao sujeito:
“Agora que você já respondeu a todas as figuras, vamos repassar as suas respostas
juntas porque eu quero estar seguro de que estou entendendo exatamente o que você
viu”.
Um comentário assim destaca o caráter cooperativo do inquérito.
Não há consenso entre os autores do Rorschach quanto ao uso das lâminas durante
o inquérito. Alguns sugerem que as lâminas fiquem todas à disposição do sujeito;
preferimos o uso eventual e seletivo das mesmas, recolhendo todas após a performance e
providenciando apenas a figura específica nos casos em que o sujeito encontra
dificuldades em localizar uma ou outra de suas respostas com base nas reproduções
reduzidas, em branco-e-preto, da folha de localização. Também nos casos em que a
produção foi escassa, ou lâminas que foram rejeitadas pelo sujeito, podemos dizer-lhe
que agora tem nova oportunidade de comunicar se vêem algo mais nelas.
Sugerimos que a atividade do inquérito, em exames de jovens e adultos
"normais", possa ser partilhada, por exemplo, entregando ao sujeito a Folha de
Localização, anotando a localização da primeira resposta, e encarregando-o, a seguir, de
continuar circulando seus perceptos; enquanto o sujeito trabalha sobre a Folha de
Localização, o examinador trabalha com a Folha de Respostas.
Para o caso de várias respostas num mesmo borrão, deve-se registrar em
diferentes cores para facilitar a visualização das localizações. Respostas Adicionais:
pode ocorrer do sujeito oferecer novas respostas durante a fase do inquérito, havendo
mesmo casos de pessoas inibidas ou cautelosas na primeira etapa que só se soltam aos
poucos. Estas respostas devem ser registradas pelo examinador indicando-se Adicional
para que sejam posteriormente somadas à parte.
Além de localizar, outra parte do inquérito refere-se àquilo que determinou a
visualização das respostas. Precisamos ser esclarecidos se o indivíduo viu o que viu pela
forma, cor, movimento, claro-escuro, etc. Entretanto, não podemos perguntar diretamente
29
pelo que tenha levado o sujeito a ver as coisas que viu; não devemos perguntar,
obviamente, foi pela cor quer você viu isso? Foi pela forma?..., Pois estaríamos
sugerindo completamente. A habilidade na condução de um inquérito é a mesma do
método de investigação clínico, exige preparo, experiência. Piaget, comentando as
dificuldades do exame clínico, afirmou certa vez:
"O bom experimentador deve, efetivamente, reunir duas qualidades muitas vezes
incompatíveis: saber observar, ou seja, deixar o sujeito falar, não desviar nada, não
esgotar nada, e ao mesmo tempo saber buscar algo de preciso, ter a cada instante
uma hipótese de trabalho, uma teoria, verdadeira ou falsa, para controlar. É preciso
ter-se ensinado o método clínico para compreender a verdadeira dificuldade. Ou os
alunos que se iniciam sugerem ao sujeito tudo aquilo que desejam descobrir, ou não
sugerem nada, pois não buscam nada, e, portanto também não encontram nada".
- pois o sujeito poderá oferecer indícios sugestivos que irão permitir a discriminação mais
precisa de (H) ou (A).
São populares (P) respostas que surgem com muita freqüência no Rorschach, e
são originais (O) aquelas que ocorrem muito raramente. As respostas populares dizem
respeito à participação do pensamento do sujeito no do grupo a que pertence.
L.I. Morcego, borboleta, pássaro (sempre com corpo central e asas laterais); D. central:
mulher;
L.II. Dois animais quadrúpedes (ursos, coelhos, touros, etc), figuras humanas, dois
palhaços;
L.III. Duas figuras humanas; D central: borboleta ou gravata;
L.IV. Pele de animal, monstro ou gorila;
L.V. Qualquer criatura alada com corpo central e asas laterais, borboleta ou pássaro.
L.VI. Pele de animal;
L.VII. Figuras femininas; 2/3 superiores: dois animais;
L.VIII. D. lateral: animais quadrúpedes;
L.IX. Não há;
L.X. D.azul lateral: caranguejo, polvo, aranha; D. verde central inferior: cavalos
marinhos;
R = 20 – 60 T/R = 15-50"
G = 30% D = 60% DG+Dd+Ds+Dds = 10%
F = 50-70% F+ = 80-90%
M:C:Ch = 2,3 ou 4 de cada tipo num universo de R=30
H = 10-20% A = 30-40% P = 20-30%
VIII+IX+X = 33% G:M = 2:1 (ideal 6:3)
M>FM H>Hd A>Ad
C=1 CF = 1-2 FC = 3
G = G : M
G = G = %
Gs = VIII + IX + X = %
D = D = %
Dd = Dd = % (FM + m) : ( c + C")
Ds = :
F+ = = % (H + A) : (Ad + Hd)
F. = :
F- =
F = = % M : C : Ch
M =
FM =
(x0,5)Fm = FC = Fc = FK = Fk = FC'= F(C)=
(x1,0)mF = CF = cF = KF = kF = C'F=
(x1,5) m = C = c = K = k = C' =
m = C= c= K= k= C' =
H= = % Hd = (H) = Anat = Rad = Boneco =
A= = % Ad = Vest = Sg = Sexo = Fogo =
Explo = Obj = Alimen = Pl = Nat = Pais = Nuvem =
Geo = Ciên = Simb = Abst = Arte = Arq = Cena =
P= O=
35
12.1. Localização
depois, não é exclusivo. O símbolo "Pi", que adotamos de A. Silveira, parece mais
apropriado para a respectiva significação: inibição, idéias prevalentes, acentuação da
preocupação com seus próprios problemas.
12.2. Determinantes
41
poucos amigos, porém bons, que são antigos. Quanto maior o número num protocolo,
mais estável seriam as relações afetivas do sujeito.
As respostas M constituem expressão de experiências vivenciadas; revelam que o
sujeito foi capaz de aprender com suas experiências significativas. Revelam assimilação
do mundo percebido e tendências dinamicamente importantes na estrutura da
personalidade. A atribuição de movimento ao borrão estático é sinal de função
imaginativa desenvolvida, adaptação refletida, criatividade, autodomínio. As respostas M
crescem com a produtividade da inteligência, com a riqueza das associações, com a
capacidade de formar novos padrões associativos.
O traço característico do introversivo é a tendência a se preocupar com as próprias
idéias e o interesse relativo pelos acontecimentos do mundo ambiente. As M são
indicativas de vida mental rica e variada, boa capacidade de reflexão, tendência crítica e
não conformista; os introversivos são mais dificilmente educáveis e menos
sugestionáveis.
É muito variável a atividade que o sujeito projeta nas figuras humanas que vê nos
borrões. As M podem ser subdivididas em movimentos extensores (...levantando algo,
...pulando, ...correndo) e movimentos flexores (...encolhidos, ...inclinados, ...abaixados).
a) Os movimentos extensores denotam a fantasia, consciente ou inconsciente, de
dominação, de interesse na descoberta e clara percepção dos problemas. Indicam maior
capacidade de auto-afirmação, assertividade, autodeterminismo; aparecem em protocolos
de pessoas que lutam por suas idéias e por aquilo em que acreditam. Constituem um bom
prognóstico para psicoterapia.
b) Os movimentos flexores, quando não aparecem compensados por cinestesias de
extensão, sugerem desejo de subordinar-se (sem confundir com tornar-se passivo),
denotando dependência intelectual, resignação, retraimento, condescendência; aparecem
em pessoas que necessitam que outras lutem por ela. Apareceriam em protocolos de
pessoas que apresentam dificuldades em concluir suas tarefas.
Quando muito numerosas, no adulto, M seria um índice da "sobrevivência de
uma atitude fantasiosa infantil, um jardim secreto onde o sujeito gosta de se refugiar,
contando histórias para si mesmo, uma imaginação particularmente viva" (Anzieu,1979)
45
tenra idade. O abismo que separa o homem do animal não foi ainda reconhecido,
muito menos acentuado, como mais tarde o será. O homem adulto, admirado e ao
mesmo tempo temido, ainda é visto no mesmo plano que o animal corpulento, o
qual se inveja por múltiplos motivos, mas contra o qual se foi repetidamente
prevenido porque pode tornar-se perigoso. Por este canal pode-se compreender o
significado da resposta animal".
A identidade entre crianças e animais também pode ser relacionada com o fato
dos animais, como as crianças, comunicarem-se de modo fundamentalmente analógico
(mímica, gestos, encenações, gritos). A civilidade e a educação formal, entretanto,
evoluem no sentido da comunicação digital - somos ensinados a usar cada vez mais e de
modo correto os signos, obedecendo ao código lingüístico e perdendo, parcialmente, o
modo primitivo de comunicação - no sentido filo e ontogenético.
As FM, pelo conteúdo animal, sugerem primitivismo; quando bem vistas, em
número e proporção adequadas, indicam vivacidade, energia flutuante a ser canalizada
em alguma direção; sugerem forma lúdica de lidar com os problemas e são
características de adultos que amam e entendem as crianças (e os bichos)
Quando numerosas, em maior quantidade do que M, temos um indicativo de
imaturidade afetiva, de tendência à ação ou fantasias menos integradas à realidade social
objetiva, egocentrismo, narcisismo.
O raciocínio aplicado aos movimentos flexores e extensores que discutimos para o
caso de M também se aplica ao FM.
experimenta seus impulsos internos como forças incontroláveis e hostis; são também,
entretanto, representativas de energia latente. (...) Tanto FM como m significariam
recursos introversivos, tendências apontando na direção introversiva, quer dizer,
potencialidades que existem latentes e que podem vir a transformar-se em M, desde
que as circunstâncias internas e externas sejam favoráveis a essa transformação. Em
resumo. FM e m podem vir a ser M".
C: é baseada unicamente na cor; não há formas nessas respostas. Ex. L.III: manchas de
sangue.
A hipótese interpretativa para as respostas cromáticas refere-se à ligação destas
com a afetividade. Esta ligação é empiricamente observada e culturalmente reconhecida.
Durante o desenvolvimento, o bebê primeiro visualiza a mistura de cores, luzes e
contrastes, sendo passivamente estimulado até que vá ocorrendo à passagem entre o olhar
vago e difuso para a capacidade de fixar os olhos nos objetos, focá-los, prendê-los
visualmente. A percepção de formas requer maturação e aprendizado, comparativamente
às cores, podendo-se concluir que a percepção de cor não exige vontade ou esforço: a cor
é um estímulo do ambiente que invade o psiquismo, que exerce energicamente influência
sobre o aparelho perceptivo.
De modo semelhante aos afetos - o que afeta, o que nos tira de - as cores supõem
atividade do meio e passividade do indivíduo: como os afetos, as cores invadem e fim.
As cores existem desde que a luz se fez. A cor não é uma propriedade intrínseca
aos objetos como o peso ou volume, pois é determinada pela luz refletida, variando-se
conforme a intensidade e a freqüência desta.
A cromaterapia, p.ex., explora justamente estes potenciais energético-ativos das
cores. O efeito estimulante das cores sobre o psiquismo pode ser visto por toda parte. Não
será preciso dizer de experimentos com seres humanos, animais e plantas, que mostram
correlações diversas entre a estimulação cromática e seu efeito sobre o comportamento:
basta ver o carnaval da Bahia - as cores são fundamentais para a animação e extroversão
geral.
Cada cor admite algumas significações a elas associadas, embora não sejam
rígidas, variando-se de cultura para cultura. Algumas linhas gerais desta significação
podem ser consideradas. Diz Gusmão, professor da Faculdade de Medicina da UFBA:
"O branco, síntese de todas as cores, carrega em seu espectro a imagem da sabedoria
e da graça. Distinguida em muitas seitas religiosas, é tida como a cor da revelação, da
transfiguração divina, teofania, manifestação de Deus. Simboliza a pureza do
espírito, as forças diurnas positivas em contraposição às forças noturnas e negativas
da cor negra, no eterno dualismo intrínseco do ser. (...)
50
doors; o fermento guerreiro dos desejos, da ação e dos impulsos humanos". (in
Suplemento Cultural de A Tarde - 20.05.95).
Vermelho: sinal de perigo, fogo, sangue, guerra, agitação (efeito estimulante forte)
Salmão ou rosa: amizade, amor físico (estimulante branco)
Escarlate: perigo, raiva, sexualidade (estimulante animal)
Laranja: robustez (tônico e laxativo)
Amarelo: relaxação (nervino laxativo)
Limão: orgulho (anti-séptico tônico)
Verde: ciúme (anti-séptico adstrigente)
Púrpura escura: realeza e orgulho (emocional, eliminador da depressão).
Azul: devocão, lealdade, verdade (sedativo curador).
Índigo: benevolência, frieza e calma (narcótico e hipnótico).
Violeta: espiritualidade, sublimação, amor angélico (germicida purificador).
No Rorschach, as hipotéticas correlações das cores com a personalidade são
aproveitadas para se obter indicações acerca da vida emocional dos sujeitos. As respostas
cromáticas dão a medida da extratensividade, orientação psíquica que permite ao sujeito
sair de si mesmo e entrar em relação com os demais. A reação do sujeito às cores das
figuras diz da ressonância e do impacto emocional sofrido, indicando sintonia com o
meio externo, reatividade à solicitação externa, facilidade de vibração com os elementos
do meio.
As FC, exatamente pela presença do elemento formal, revelam boa adaptação à
realidade, modo adequado de revelar a afetividade, sinal de que o indivíduo leva em
consideração o ambiente, as condições em que ele próprio se encontra e o outro em suas
relações afetivas, subordinando-se ao meio. As FC são indícios de ajustamento emocional
à realidade exterior.
As CF indicam reações afetivas mais lábeis e instáveis, e devem aparecem em
menor número que FC. Algumas CF em protocolos equilibrados revelam capacidade de
52
Cor nomeada - Cn: ocorre quando o sujeito nomeia as cores que identifica na prancha,
dando-as como respostas; nesse caso não há interpretação da figura. Ex. L.IX: são três
cores, laranja, verde e rosa.
Trata-se de um modo de perceber a cor ainda mais imperfeita que as respostas de
C puras, pois não há associação apropriada à cor. Este tipo de respostas é característico
em crianças pequenas, que designam as cores sem integração no pensamento - este é azul,
este é vermelho.... Em adolescentes ou adultos constituem sintomas patológicos.
Cor simbólica - Csim: são respostas que envolvem um uso sofisticado das cores, e
aparecem em protocolos de pessoas normais ou não. Ex: Esta representa a primavera; O
cor-de-rosa e o azul lembram a infância; O vermelho representa o ódio. Neste caso, não é
a forma levada em consideração, mas a cor que, percebida violentamente, recebe a
atribuição de um valor simbólico como uma solução racional mais ou menos aceitável.
Cor forçada - F-C: São somadas como FC, mas diferem destas pela integração forçada,
ou arbitrária, da cor. Ex: boizinhos verdes; Homem de barro (de barro por causa da
cor)
Cor arbitrária - F/C: quando a cor é usada simplesmente para marcar subdivisões em um
objeto de forma definida. A cor particularmente não importa; qualquer cor serve nestes
53
casos. Há dois conceitos principais nos quais entra o uso arbitrário da cor: mapas
coloridos e representações anatômicas (como nos livros de Medicina).
Coartado ou coartativo: 0M : 0C ou 1M : OC ou 0M : 1C
Introversivo: M > C
Extratensivo: M < C
Ambigual: M : C
solta, busca de objetos para uma ligação, disponibilidade frente a sugestões exteriores,
vida sentimental ativa e insatisfatória.
"Os raios-X e o mapa topográfico são os conceitos mais utilizados para este
determinante. Aqui, predomina a mesma ansiedade e a tentativa de controle
introspectivo do FK. No entanto, há um fracasso desta forma de defesa, pois o
indivíduo não consegue elaborar a evidência das frustrações afetivas. Mantém-se
distanciado destas, utilizando um falso conhecimento intelectual de seus problemas,
sem conseguir sua compreensão e assimilação. Sob a aparência de controle, persiste
a angústia, com prováveis momentos de crises, com repercussões físicas aliadas a
sentimentos de insuficiência, impotência e desamparo". (M.Debieux, 1987)
Quando aparecem várias respostas C' ou C'F num protocolo (R=30) temos
indícios de indolência, apatia, natureza passivo-resignada, bloqueios afetivos,
experiências de perda ou abandono (neste caso, especialmente quando na resposta é
destacado o branco).
Respostas acromáticas aparecem em indivíduos que aprenderam a temer seus
próprios afetos em virtude de desapontamentos anteriores muito intensos.
razão de M:C, este cociente serve para reforçar e confirmar a impressão produzida
pelo cociente de M e a soma de C. Mas se está em desacordo com M:C, isto parece
indicar que o tipo vivencial do sujeito se encontra em transição, o indivíduo pode
estar atravessando algum período de mudança em seu desenvolvimento. O cociente
(FM+m):(Fc+c+C') aponta a orientação na qual o sujeito se dirige neste particular
momento de sua vida: se para uma expansão mais extraversiva e se para uma
concentração mais introversiva". (Klopfer e Kelly, 1974)
Alcock compara M:C, por ela chamada equilíbrio da experiência, com a fórmula
de Klopfer, chamada equilíbrio interior, dizendo:
12.3. Conteúdo
deste tipo. Crianças produzem maior número de respostas animais, subindo esta média
para cerca de 50-80%.
Arte: As estátuas, assim como desenhos de..., caricaturas de..., etc., podem ser
consideradas "desvitalizações", com o sujeito petrificando os seres vivos: revelam atração
pela vida e atitude recalcitrante (resistente, teimosa) para vivê-la. São respostas que
expressam o medo de entrar em contato vivo com os demais. Indicam também disposição
cultural do sujeito.
12.5.f. Descrições
Por descrições devemos entender as observações intercaladas e as "não-
respostas". O sujeito passa a descrever a mancha: aqui temos o vermelho, mais forte
embaixo, alaranjado na parte de cima... ou esta parte é mais escura no sentido do eixo
da mancha, mais clara nas beiradas..., etc. Nas lâminas coloridas as descrições são sinais
de pessoas que intelectualizam seus sentimentos reprimidos - presenciam, em lugar de
viver. A descrição do claro-escuro tende a ser considerada uma repressão da
agressividade. No geral indicam cautela, não comprometimento com as situações,
racionalismo.
12.5.h. Perseveração
Entende-se por perseveração a inércia dos conteúdos das representações, ou seja,
a tendência a imporem-se por si mesmas novamente à consciência. Há vários tipos de
perseveração.
- perseveração ordinária: o mesmo conteúdo aparece em duas ou mais respostas ou
lâminas consecutivas. Em casos mais graves pode aparecer a mesma resposta nas dez
lâminas.
- perseveração com aderência ao tema: o conteúdo das respostas é de tipo
aproximadamente igual, ex: cabeça de gato, cabeça de galo, cabeça de...
- perseveração ruminante: repete-se a mesma resposta, mas entre elas aparecem outras
interpretações. Não se aplica aos casos em que o sujeito disse morcego nas Ls I e V, mas
nos casos em que o conteúdo repetido é pouco habitual, p.ex., ponte sobre um rio,
palhaço sorrindo, etc
- perseveração de forma: o sujeito elege partes semelhantes na forma do borrão (quase
sempre D ou Dd), interpretando-o de diferentes maneiras, p.ex., elegendo todas as formas
arredondadas, ou as semi-isoladas, ou pontiagudas, etc.
- perseveração da parte interpretada: o sujeito oferece várias respostas à mesma parte do
borrão.
As perseverações indicam prevalência de certos conteúdos; quando muito
freqüentes, denotam prováveis distúrbios orgânicos como por exemplo a epilepsia.
12.5.i. Pedantismo
Consiste num tipo de verbalização especial, prolixa, algo rígida e estereotipada,
afetada, com cuidadosa descrição de todos os detalhes possíveis.
12.5.j. Respostas ou
69
12.5.l. Auto-referências
O sujeito recorre a fatos pessoais para justificar suas respostas. Podem ser mais
diretas, do tipo "este sou eu diante do espelho", ou mais brandas, relacionadas com as
vivências próprias, como "lembra um cachorrinho que tive na infância". Indicam
insegurança para afirmar-se frente ao meio, sugerem também busca de contato, de
vínculo, de uma situação-continente onde o sujeito possa depositar seus conteúdos
mentais.
12.5.m. Valorações
São observações marginais que contém um juízo de valor, p.ex., esta figura é
mais bonita que a anterior, esta está bem feita. Valorações estéticas sugerem aptidões
artísticas, ou a depender de como são dirigidas, sugerem agressividade, pessoas que
gostam de criticar.
12.5.n. Confabulações
O sujeito conta "estórias" ou coloca detalhes muito além do estímulo, p.ex., dois
homens que estão lutando por ciúmes de uma mulher.
70
não sei o que é isto, não me parece com nada, aqui também tem algo que eu não sei o
que é, e isto? o que poderia ser? (e não produz resposta alguma), etc.
Nos homens, o estupor ante os símbolos masculinos permite deduzir, em geral,
angústia da castração, e o estupor ante os símbolos femininos constituem um caso
especial do choque ao branco, indicando insatisfação amorosa, frieza afetiva, angústia
diante dos genitais femininos. Nas mulheres, o estupor ante os símbolos sexuais
masculinos é quase sempre um sintoma de angústia genital de tipo histérico, e o estupor
ante símbolos femininos, ou uma dificuldade de aceitação da feminilidade, ou uma
repressão da sexualidade, p.ex., como algo pecaminoso (consciente ou inconsciente).
A L.I provoca, naturalmente, o impacto inicial que qualquer situação nova causa.
Não é raro que o T.R. seja normalmente prolongado, especialmente se se trata de pessoa
cautelosa. Trata-se de um borrão integrado, que favorece respostas do tipo G puras ou G
combinatórias, após breve esforço por integrar o percepto. Respostas globais como
máscara, morcego, pássaro, cara de lobo, são bastante comuns. O detalhe central evoca
74
freqüentemente uma mulher (mais raramente duas), e os detalhes laterais lembram anjos,
ou animais, ou aves, entre outras. A inclinação dos espaços em branco na parte superior
evoca olhos maléficos, de máscara ou animal.
É um estímulo capaz de indicar se o examinando adaptou-se com facilidade ou
não à nova situação; pessoas cautelosas iniciam a verbalização produzindo geralmente
respostas simples, G puras do tipo máscara ou morcego, melhorando progressivamente a
qualidade de suas respostas. Pessoas que além de inteligentes, são seguras, assertivas,
desinibidas, produzem logo de início uma resposta G combinatória, considerando os
detalhes laterais como figuras humanas ou animais em movimento.
A L.I mobiliza, intensifica ou desperta sentimentos de insegurança, ansiedade e
frustração, devido, principalmente, ao claro-escuro amorfo. O mal-estar é também
provocado pelas disposições de olhos maléficos e a figura central feminina sem cabeça,
evocativa de fantasias da mulher castrada.
A maioria dos autores considera a L.I como estímulo especial para desencadear
sentimentos reprimidos em relação à figura materna, nos primeiros contatos mãe-filho,
assim como conflitos reprimidos e sentimentos de impotência (complexo de castração)
reprimidos.
Uma vez tendo o sujeito superado o primeiro desafio à adaptação (L.I), nesta
lâmina, devido a presença do vermelho em tonalidade forte e do branco em maiores
proporções, impõe-se nova desadaptação. Comparativamente, é mais difícil produzir uma
resposta G aqui, mas em contrapartida as formas tomam um delineamento mais adequado
a respostas de conteúdos familiares aos examinandos: animais, pessoas, objetos.
Respostas G de boa qualidade neste cartão, assim como FC bem definidas, são em
princípio dados positivos para diagnóstico; podem ser interpretadas como condições de
reagir emocionalmente de forma adequada, quanto às condições de percepção intelectual
e quanto à reações afetivo-emocionais.
Segundo observações realizadas, a cor é o principal foco de perturbação nesta
lâmina, que também representa ameaça. A cor vermelha, desta e da lâmina III,
relacionam-se com os afetos e as emoções em sua profundidade e autenticidade - é uma
cor evocativa de sentimentos passionais - enquanto que as cores das últimas lâminas do
Rorschach, mais brandas, estão relacionadas com as reações afetivo-emocionais lábeis,
com o relacionamento trabalhado e cultivado socialmente. A L.II é não raro impactante;
pessoas fóbicas encontram dificuldades com esta lâmina. Para Loosli-Usteri, na L.II é
onde se vê, sobretudo, a agressividade.
O S central, não apenas nesta figura, mas também nas figuras VII e IX, simboliza
aspectos ou sentimentos relacionados aos contatos filho-mãe na primeira infância, ou
ainda, sentimentos de perda relativamente à figura materna. Alguns sujeitos dizem destas
partes parece que está faltando um pedaço, ou respondem buraco vazio, evocando
fortemente esta significação. A figura feminina, imago ou objeto, está ancestralmente
associada à faltas, vazios e buracos - para além de qualquer associação simbólica baseada
simplesmente na morfologia. A mulher é a parte que todos perdemos num passado
remoto, seja por ocasião do nascimento individual, seja por ocasião da ruptura da espécie
humana com a mãe-natureza. O simbolismo feminino, desde a mitologia até as
interpretações psicanalíticas associa a mulher, a feminilidade e o corpo feminino com
conteúdos do tipo fechadura, baú, capela, urna, janela, gruta, que, aliás, são respostas
que encontramos ocasionalmente diante do Ds desta lâmina.
76
"O choque ao espaço em branco deve ser compreendido sempre, em ambos os sexos,
como uma luta contra o feminino, e atrás disso, a imagem da mãe castradora. Talvez
justifique nossa denominação de lâmina da culpabilidade o fato de que, de maneira
subconsciente, alguns sujeitos captem buraco ao centro, genital feminino (DCI),
pênis (DC-S), sangue (D.vermelhos), integrado com o percepto de pessoas ou
animais, sentindo-se como se algo sexual e terrível aconteceu, está ocorrendo ou
pode ocorrer".
A L.IV apresenta uma estrutura compacta, de cor preta muito densa, dando idéia
de algo pesado, formando uma base espalhada para os lados, como pés ou botas como
que obstaculizando a passagem. É comum o TR prolongar-se, sinal de que não se trata de
um estímulo fácil aos examinandos.
Minkowska é quem parece dar em poucas palavras as características desta lâmina
quando diz "é qualquer coisa de ameaçador, de terrível, de impenetrável, de misterioso...
grande, preta, sombria, maciça". Lembra noite, angústia, solidão, austeridade,
superioridade. Muito freqüentemente aqui são percebidos monstros, gorila, gigante,
geralmente vistos desde baixo. Esta lâmina está relacionada ao medo da autoridade
paterna, complexo de castração, sentimentos de impotência. Pessoas histéricas dão
choques de estupefação mesclados de comentários depreciativos diante desta lâmina.
"A configuração da mancha, que se extende para cima partindo de uma ampla base
na qual se destaca um eixo vertical e um eixo horizontal, ao mesmo tempo em que dá
a impressão de movimento pela inclinação para cima da zona da bota, reforça a
78
impressão da forma de um ser humano vivo. O corpo volumoso com grandes pés
amplamente separados e a aparência de velho que dá o claro-escuro se combina para
facilitar uma interpretação masculina baseada na realidade. Deste ponto de vista se
justifica o nome que freqüentemente é utilizado lâmina do pai. O pai na projeção,
carece de ternura, mais bem representando o terrível sujeito com atributos sexuais
masculinos das imagens edípicas, como o demonstram as respostas de caráter
sinistro".
"Juntamente com a L.III e L.VIII, esta lâmina pode ser útil para provar o sentido de
realidade em alguns casos em que não são vistos nela nenhuma forma usual. Há
autores que afirmam que uma aversão muito marcada contra esta lâmina (Que nôjo!,
Que horrível!) pode revelar trauma sexual. Outros afirmam que as mulheres grávidas
reagem sensivelmente ante ela, especialmente se a gravidez não é desejada".
"Com acentuada simetria, esta prancha parece evocar o próprio Ego do sujeito visto
de maneira ambivalente na resposta morcego ou borboleta. As dificuldades de auto-
aceitação aparecem quase sempre de maneira nítida nesta prancha"
79
"A rejeição desta lâmina, comentários depreciativos, críticas, colocar a mão sobre a
parte superior para verbalizar apenas sobre a parte inferior (ou vice-versa) são sinais
sugestivos de problemas relacionados à área sexual" (C.Vaz)
Quem melhor descreve o significado desta lâmina é Miriam Orr quando diz:
"A forma da L.VII evoca associações de se estar abraçado, sob os braços da mãe ter
assim uma sensação de segurança.
ocorram podem ser relacionadas com a figura materna ou com as pessoas do sexo
feminino.
"Desperta a sensação de ser abraçado, rodeado pelos braços da mãe e, por assim
dizer, sentir-se em segurança. Inversamente, o choque perante o espaço vazio do
centro parece significar o medo do abandono, da frustração afetiva, e, ligando-se a
traumatismos antigos, perturbações da relação com a mãe e distúrbios afetivos e
sexuais que delas provêm" (Monique Augras).
Até agora não havia sido apresentado um cartão com tantas variações cromáticas.
É por isso uma lâmina que propicia choque à cor. Mobiliza os sentimentos e emoções, já
que se apresenta com estímulos pluricromáticos, embora suaves. Alguém já comparou
esta lâmina com as ilustrações de livros infantis, contos de fadas, dada a suavidade das
cores e a leveza do sombreado. Os animais (resposta popular) reforçam a ligação com a
infância, bem como respostas também freqüentes como árvore de Natal, conteúdos de
natureza e planta, etc.
Esta lâmina pode representar, para o examinando, o mundo externo social e
afetivo e, enfim, pela presença dos animais, como ele (examinando) é capaz de funcionar
com seus instintos e seu senso de iniciativa.
Durante a aplicação, a passagem da seqüência de lâminas acromáticas (IV, V, VI,
VII) para a lâmina VIII quase sempre são feitos comentários, críticas, ou apresentados
81
choques. Em casos de sujeitos que não manifestam qualquer alteração nesta passagem,
temos algo a investigar acerca da intensidade da vida afetiva, pois pode estar sendo
sinalizada uma inibição.
Geralmente as três últimas lâminas cromáticas são selecionadas entre as mais
bonitas; quando ocorre o contrário, sendo escolhidas entre as mais feias (ficando pelo
menos duas dentre as lâminas VIII,IX,X entre as cinco que menos gostou), estão sendo
sugeridos, segundo Portuondo, "impulsos instintivos repudiados pelo sujeito".
A Lâmina VIII está entre as preferidas; a cor-pastel é tênue e contém formas
facilmente reconhecíveis, como os animais mamíferos laterais, talvez a segunda principal
resposta popular de toda seqüência (após a borboleta da L.V). Por isto também o tempo
de reação é comumente curto.
No DS (detalhe superior), incluindo ocasionalmente o DC (detalhe central) e até o
DI (detalhe inferior), é visto comumente árvore, pinheiro, árvore de Natal. O DI é
percebido às vezes como flor, ou dois cachorrinhos; o DC, como bandeiras; o DS como
telhado, montanha, iceberg.
"Nesta lâmina as formas são vagas, os grandes cortes dispersos, as cores vivas e
distintas, estando o esfumaçado presente e tornando-se os furos centrais por vezes
fascinantes. Para chegar a organizá-la como G, é preciso integrar a maior parte de tais
dados, supondo-se, portanto, inteligência superior à média e maturidade afetiva
suficiente (estágio genital, segundo a psicanálise)(...)Interpretando-se esta mancha
fica-se frente a frente consigo mesmo, na medida em que a personalidade seja mais
ou menos bem integrada" (D. Anzieu)
Alguns autores (Orr) relacionam com a figura materna, outros com a figura do
examinador (Schaffer), outros com a própria pessoa (Anzieu). Choques e rejeições nesta
lâmina podem expressar conflitos, tensões, angústias existenciais, que a pessoa não está
conseguindo elaborar ou com eles conviver.
"Prancha materna também, diz mais respeito ao inconsciente. Seria a nosso ver,
correspondente daquilo que Jung chama a Mãe de todos nós, o inconsciente,
representando, talvez, para os homens, a entidade Anima - enquanto a L.IV seria para
as mulheres, além da imagem paterna, o Animus"(M.Augras)
"R. Schafer mostrou que a relação transferencial do sujeito para como examinador
atinge o ápice na L.IX e que as recusas da mesma muitas vezes apresentam uma
reação à atitude interior hostil do examinador" (D.Anzieu)
O TR na L.X geralmente está entre os mais curtos de todo teste, devido, entre
outros fatores, contarmos com a presença de três respostas populares e várias respostas
comuns. O reconhecimento do que é culturalmente é sempre satisfatório, pois que implica
a concordância das pessoas que nos são próximas e, portanto, constitui uma mostra de
segurança social.
83
"Miriam Orr interpreta as respostas a essa mancha como reações perante o perigo do
despedaçamento, da desagregação, da imagem infernal da mãe que é a morte.
J.Dufour, analisando associações livres provocadas nos Pr. a partir das próprias
respostas da prancha X, chega a conclusões semelhantes" (M.Augras)
Para J.Portuondo, "as pessoas normais tendem a dar aqui não menos que 10% do
total das respostas"
Ultimamente deu de roubar carros, indo por duas vezes parar na Delegacia;
falsificou a assinatura do pai, retirando vultuosa quantia que gastou desordenadamente;
faltou diversas vezes à sua hora de análise. Sempre achou que os analistas e psiquiatras
que lhe deram assistência eram verdadeiros "malucos". Exime-se de qualquer
responsabilidade e sempre põe nos outros a culpa do que com ele acontece de errado.
O pai, pessoa equilibrada, de nível superior e exercendo um alto cargo no Estado,
deseja ter um diagnóstico "claro" sobre a personalidade do filho. O laudo foi solicitado
pelo psiquiatra responsável pelo tratamento atual. A mãe é a figura dominante no lar,
embora com um equilíbrio bastante instável de personalidade; com os filhos é
superprotetora e muito amorosa com o marido, constituindo um casal harmonioso.
Quando ao S., é um rapaz muito bem apessoado, alegre e exuberante,
completamente alienado dos seus problemas, que, inclusive, não considera como tais.
Relata que teve dificuldades unicamente na esfera sexual por volta dos 14 anos
em decorrência da falta de orientação. Masturbação intensiva, de tipo compulsivo e
ostensivo. Superada essa fase, acha que os pais cismaram com ele, pois gastam o dinheiro
à toa nos mais variados tratamentos. Gosta de todas as moças, "ou, para dizer melhor,
elas é que gostam de mim". Nesse sentido, conta uma série despropositada de vantagens,
inclusive com mulheres casadas. Acha-se "o maior" em matéria de sexo e amor, embora
não leve nada a sério.
Já fez psicoterapia e outros tratamentos que não sabe explicar, como também não
sabe explicar porque os fez, pois se sente calmo em extremo, talvez por causa dos
remédios, quando fez os testes tomava "Anatensol" e um calmante cujo nome não
conseguia lembrar.
O contato inicial, assim como os outros que se sucederam, foi excelente. Foi
submetido a uma bateria de testes de personalidade e o protocolo do Psicodiagnóstico do
Rorschach foi o seguinte:
Folha de Cálculo
T = 13'55" Tv: M 1 : 9 C
R = 30
T/R = 27" Tp: G
G = 18 G 18 : 1 M
G = G = 93 %
Gs = 10 VIII + IX + X = 30%
M =1 M 1 : C 9 : Ch 7,5
FM = 2
(x0,5)Fm = FC = 1 Fc = 3 FK = 1 Fk = FC'= 1 F(C)=
(x1,0)mF = CF = 7 cF = KF = 1 kF = 1 C'F=
(x1,5)m = 4 C =1 c = K =2 k = C' =
m = 6 C = 9 c= 1,5 K= 4,5 k = 1 C'= 0,5
Tempo
I II III IV V VI VII VIII IX X
10" 28" 4" 10" 10" 40" 55" 12" 1" 1"
1'10" 1'30" 1'25" 1'45" 1'35" 1'10" 1'15" 1'35" 1'31" 59"
Sucessão
I II III IV V VI VII VIII IX X
Gs Gs Gs G G G Gs Gs Gs G
G G Dds G G G G Gs Gs G
G G G G D Gs G G
G G
Dinâmica do Caso
Interpretação
Afastada desde os primeiros anos a possibilidade de qualquer alteração grave das
ondas cerebrais ou de lesão cerebral, mesmo mínima, as alterações de caráter
apresentadas pelo S sugerem psicopatia com alteração predominantemente excitável do
estado de ânimo. Com essa síndrome coexistem traços de histeria, controle da realidade
diminuído, baixa capacidade de crítica, extratensão egocêntrica, labilidade afetiva,
identificações femininas.
O prognóstico quanto à recuperação dos aspectos negativos de sua personalidade
e possível educabilidade do todo como pessoa é muito negativo.
De fato, os psicopatas são tanto menos passíveis de recuperação quanto mais
egocêntrico é o tipo de vivência: maior o CF em relação ao FC e menor o número de M,
respostas vulgares e conteúdos zoomórficos; mais desagregada a sucessão e mais
numerosas as respostas originais.
satisfatórias, e o matrimônio, feliz. Na época em que praticou a prova não tinha filhos,
mas porque deliberadamente haviam decidido não constituir prole até que as condições
econômicas o permitissem. Ademais, se se efetuasse a mudança de profissão proposta,
isto implicaria em uma perda considerável de poder aquisitivo.
Protocolo do Rorschach
G M H P
3. [inv] Em outra posição, dois tipos extremamente primitivos, dois africanos, eu diria.
Diga se quer que eu faça alguma digressão. (Parados, de costas um para o outro, da
cintura para cima, mais ou menos. Com os braços levantados, o crânio completamente
primitivo, poderia ser um australiano, Neanderthal ou algo assim. (?) Africano, tem o
cabelo preto)
G M, FC', Fc H
L.IV. 20" - 1'
1. [inv] A figura é como de um morcego, exatamente como de um vampiro, desses de
chupam sangue, as asas dobradas. (Todos os dedos da mão juntos; o polegar utilizado
para agarrar e depois os caninos para sugar... nada mais exato, tem anteninhas na
extremidade).
G F+ A
2. Alguma coisa de muito orgânico; se eu fosse médico veria muitas coisas [D superior]
(Uma parte aqui, simétrica. Estrutura como de ossos com tecidos (?) Não se vê de fora.
Sei muito pouco de anatomia) D cF Anat
3. Em geral uma impressão de uma pessoa grotesca sentada em uma cadeira. (Mal visto.
Uma caricatura com pés enormes, rolando de rir (?) É o que a mancha sugere, algo
grotesco e singular. Está sentada) G M H
L. V. 10" - 30"
1. Obrigado. Hum... Um albatroz, ou pássaro fragata. Mais bem um albatroz [joga a
lâmina] É difícil ver algo mais. (A impressão clara de um albatroz voando. Este grande
bico curvo, voando tipicamente; é uma ave de rapina. O albatroz persegue outros
pássaros mais frágeis e agarra sua presa antes de tocar a água. Outro nome do albatroz é
pássaro fragata, acho. Um grande ladrão) G FM A P
3. [inv] Nesta posição, um papagaio de ponta cabeça. Unhas, não sei se é isso,
exatamente (Me sugeriram as unhas, que são muito claras. Mais como um papagaio.
Exibido seguindo a linha média e de asas abertas na forma mais desagradável (?) Vejo
novamente, bem claramente; antes não parecia tanto).
G Fm, cF, A O-
L.VII 13" - 2' 30"
1. Evidentemente duas senhoras que compraram o mesmo chapéu.Acho que deveria ser
mais explícito...a impressão é que discutem sobre moda (Discutindo violentamente. Os
chapéus são desses tipos esquisitos que as mulheres gostam. As faces e o tipo de cabelo
correspondem também ao tipo de mulheres que se envolvem em tais discussões sobre
moda) G M, Fc H
3. No todo, uma explosão nuclear. Nuvem em forma de cogumelo, como fumaça subindo
(Para todos os lados. Uma bola de fogo, efeito secundário, uma explosão. Acima, um
cogumelo). G Fm, CF Explo
4. [lat] Aqui há uma representação aproximada de um cavalheiro da época vitoriana, sua
cabeça.[DLI] ...Não me satisfez, não tem nenhum sentido para mim. (Somente a cabeça,
com sombracelhas e um bigodinho tipo Hitler. Não gostei) D F+, Fc, Hd
5. [lat] Não sei o que é, mas é algo muito pouco inteligente. Um homem que olha para o
horizonte, perplexo. [DLverde] (Não sei exatamente o que é, impressão ao acaso. Talvez
com um rabo, de modo bastante primitivo) D M H
Folha de Cálculo
T = 26" Tv: M 7 : 6 C
R = 30
T/R = 52" Tp: G D Dd ordenada (?)
G = 8 G 15 : 7 M
G = 6 15 = 50%
Gs = 1 VIII + IX + X = 1+5+10 = 16 = 53%
F- = 24 : 3
F = 6 = 23%
M =7 M 7 : C 6 : Ch 9
FM = 8
(x0,5)Fm = 3 FC = 5 Fc = 3 FK = Fk = FC'= F(C)=
(x1,0)mF = 1 CF = 2 cF = 2 KF = 2 kF = C'F=
(x1,5)m = C =1 c = K = k = C' =
m = 2,5 C=6,0 c=3,5 K=2,0 k= C' =
H = 16 Hd = 1 (H) = 1 (22%)
A = 14 (A) = 2 (31%)
Anat = 2 Pl = 1 Obj = 1 Explo = 1 Nat = 2 Cena = 1
Geo = 1 Simb = 2
Tempo
I II III IV V VI VII VIII IX X
11" 18" 15" 20" 10" 14" 13" 15" 45" 37"
1'15" 1'45" 2' 1' 2' 2'30" 2'30" 2'30" 4'30" 6'
Sucessão
G Gs D G G G G G G D
G G D Dd Ds D
G G G G D
D D
D DDDDDG
98
Análise do Psicograma
O tempo de resposta não é muito curto nem mais prolongado que o devido. Os
tempos de reação são suficientemente largos como que para indicar uma atitude
cautelosa, especialmente em respostas a manchas de cor, com um notório retardo para as
lâminas IX e X. Entretanto, nestas duas lâminas é utilizada a cor como fator determinante
na resposta inicial
Vendo o psicograma de OV, encontramos uma estrutura equilibrada com um
elevado controle total no F+%. O número de respostas e seu tempo são adequados como
também os determinantes e o conteúdo. Não há nada de anormal com respeito à sua
atitude. A relação de G:M é excelente. O reconhecimento da realidade cultural, que é o
traço comum, é expresso por P=6 com uma adicional. Há suficientes respostas originais
(O) que indicam que pode pensar por si só. As curvas de M e de m e de FC a C não
deixam nada a desejar.
A primeira hipótese que podemos formular a partir do psicograma é que
corresponde a uma personalidade normal, de inteligência superior. Uma segunda hipótese
é que OV tem uma notável sensibilidade para as relações humanas, como se comprova
pelo seguinte:
As respostas antropomórficas mais as zoomórficas constituem 83%; Fc é alta em
relação à F, que é só 20%. Apareceram também várias respostas sin, relacionados em
quatro casos diretamente com imagens humanas. Isto coloca o problema da possibilidade
do sujeito enfrentar com êxito as ameaças implícitas.
Já na qualificação percebemos que não é capaz de utilizar o vermelho nas lâminas
II e III, pois que, segundo ele mesmo disse, implicam tensões. É, certamente, totalmente
consciente de sua incapacidade a este respeito. Uma carga excessiva sobre M e FM, com
muitas respostas sinistras, poderia indicar uma tendência paranoide, ainda que seja
apressado chegar a esta conclusão sem conhecer seus antecedentes. Por outra parte,
podemos obter um quadro diferente dos dados dos psicograma junto com a análise
detalhada da seqüência. Temos visto já que o psicograma demonstra liberdade para
pensar eficientemente. Ficam ainda outros aspectos da personalidade para serem
comprovados pela seqüência.
99
Análise da Seqüência
Lâmina I
A resposta inicial tem como conteúdo um feiticeiro, um ser humano do sexo
masculino, muito sinistro. (Um colega, lendo isto, disse imediatamente: É você. Pode ser,
mas não se deduz que o conteúdo represente um fenômeno de transferência). O que é
mais importante é que este homem consciente de uma imagem ameaçadora é capaz de
enfrentar a esta ameaça. Exterioriza o perigo em uma resposta perfeitamente organizada,
sem vislumbrar as massas amorfas, escuras, da lâmina, e defende seu ego contra uma
afetividade exagerada através de uma simbolização racional associada à sua experiência
da realidade. Seu controle intelectual é ótimo e permanece consciente e de modo cortez,
das necessidades do examinador. Até aqui é capaz de agir sem uma elevada proporção de
compulsão ou de inibição. O tempo de reação faz pensar que tem a suficiente cautela para
evitar precipitar-se quando há perigo.
Lâmina II
Sabemos que em geral esta lâmina é uma das que provocam mais perturbações de
toda série. Ao contestar, OV dá-se conta de suas limitações: descarta deliberadamente o
vermelho, ainda quando seu impacto se manifesta em sua associação com a batalha
sangrenta que poderia ter lugar se os ursos que atuam não tivessem sido treinados para
comportar-se socialmente. Exercita uma defesa consciente por meio da negativa, mas
reconhece o selvagerismo instintivo por detrás da civilização. Retrocede, mas não se
retira.
Voltando à primeira resposta, vemos de novo que pode fazer algo com relação à
ameaça dos impulsos instintivos que teme. Em lugar de ser arrastado por estes, enfrenta
ao perigo e o sublima apresentando uma criatura viva tranqüila e serena, símbolo da
graça, que controla as negras águas que a rodeiam. Seu nível formal permanece elevado e
sua organização intelectual excelente.
100
Lâmina III
As respostas representam várias relações. Talvez em um nível pré-consciente haja,
em um sujeito tão intelectual, um vínculo pouco comum entre à borboleta como resposta
popular e as figuras humanas. Ambas formas correspondem estreitamente a das manchas,
mas as associações a estas são muito pessoais e menos estritamente lógicas que antes,
ainda que expressadas em termos um pouco vagos, talvez para ocultar certa confusão. Na
realidade, é difícil que uma mariposa esteja cravada na parede, o que poderia ser mais
facilmente explicável se fosse aplicada a uma figura humana feminina. Como fez notar, a
mariposa se relaciona estreitamente com os homens que discutem acaloradamente sobre
ela. Esta discussão entre dois homens acerca de uma mulher é, naturalmente, a situação
básica do conflito edípico. É enfatizado novamente que o vermelho não tem nada a ver
com a imagem, se bem que a cor poderia ser adequada como símbolo de uma discussão
acalorada. Há também, certo afã em denegrir aos homens, que têm, ambos, cabeças de
pássaro e colarinhos duros como dos doutores de antigamente. Dado que os doutores se
associam com a idade, esta curiosa introdução de uma palavra deve referir-se, quando
menos inconscientemente, a uma figura paterna, ao que faz muito respeitável por sua
condição. A terceira resposta é oposta ao homem respeitável, que é substituído pelo
homem puramente aborígene ou primitivo, um tipo de selvagismo relativo,
tradicionalmente, uma criatura com impulsos libidinosos incontrolados. Pode ocorrer que
OV esteja apresentando uma vez mais as duas facetas de si mesmo como o fez, em um
nível animal, na lâmina II: uma faceta é a de homem civilizado e outra do libidinoso.
101
Parece também que os dois se fundem no conceito dos dois doutores que se acaloram em
relação com o símbolo da feminilidade, a Madame Butterfly.
Em suas observações finais parece como se OV estivesse buscando a aprovação
do examinador. Novamente poderia estar demonstrando uma necessidade de aprovação
maternal, experimentada pela primeira vez nos dias da etapa edípica normal.
Nesta lâmina, a principal defesa manifestada é intelectual, que, em termos gerais,
tem êxito ao enfrentar um alto grau de perturbação. É um bom sintoma é que o sujeito
pode usar as duas respostas populares, demonstrando desta forma que é capaz de
permanecer em contato com uma forma de pensamento comum, ainda quando esteja
perturbado.
Lâmina IV
Igual ao que ocorreu na lâmina II, na IV o tempo de reação é ligeiramente maior e
a lâmina foi invertida antes de ser utilizada. A primeira imagem é a de um objeto sinistro,
sinistro em um sentido oral. Este perigo oral é enfatizado durante o inquérito e, ao mesmo
tempo, há uma descrição demasiado dogmática. Isto o qualifica o sujeito dizendo: "Nada
mais exato". A resposta seguinte demonstra uma deficiência na percepção; pode ser
porque esta mancha ameaça o equilíbrio da personalidade de OV, como acorre com
outros sujeitos, mas que ele aproveita de modo muito positivo pelo fato de que, depois de
exteriorizar fontes de conflito, termina com o reconhecimento cabal de uma figura
masculina, brutalmente libidinosa, com a qual pode fazer um chiste. Não elude o
problema do macho vulgar e elementar, que se apresenta depois de seu nível formal haver
baixado em sua resposta anatômica, e pode recuperar-se perfeitamente depois de não
haver sido capaz, transitoriamente, de atuar corretamente. Há que recordar também que
para ele os ossos e os tecidos estão associados com as graves lesões que sofreu no
acidente que lhe ocorreu alguns anos antes.
Lâmina V
Uma resposta popular com um matiz pessoal. A idéia de uma agressão oral
persiste, mas é outra vez claramente exteriorizada, elaborada e controlada. Estava
preocupado com a idéia do albatroz, necessitando outros vinte segundos para indicar que
102
poderia tratar-se do pássaro fragata. Mostra um pouco de indecisão entre os dois, mas
está absolutamente seguro da ação de rapina que trata de projetar.
Lâmina VI
A resposta total inicial corresponde a uma organização hábil. Os termos um pouco
vago, impreciso, demonstra tanto sua associação com a película de Disney como com os
sentimentos que esta mancha desperta habitualmente. O deslocamento de sentimentos até
o símbolo usado aparece claramente. Segue uma resposta de tipo neutral, que lhe dá
tempo para apresentar algo mais perturbador. Há certa titubeação e gira a lâmina antes de
expressar a terceira imagem, do papagaio pendurado que mais tarde é qualificado na
forma de exibido do modo mais desagradável. É de se notar que o animal está em uma
situação embaraçosa e a isto se junta que são usados termos que seriam apropriados se
aplicados a um ato sexual como o exibicionismo. Conscientemente não teve nenhuma
associação com o acidente que quase acabou com sua vida, mas a posição do animal
pendurado pelos pés parece ter sido muito semelhante à de OV quando, por ocasião do
acidente, ficou pendurado pelos dedos no alto de um muro. A resposta contém uma
ênfase marcada - "vejo novamente" - que também está associada a uma possibilidade de
queda. Dado que sua própria queda produziu uma lesão genital grave, o quadro
apresentado parece estar associado com sua experiência real, demasiado traumatizante
para ser retida na consciência, nessa época. Sem embargo, há no Rorschach uma
liberdade de expressão em relação com a lâmina, combinada com um controle do ego,
que obviamente se encontra ameaçado, mas bem sustentado.
Lâmina VII
Esta apresenta mulheres discutindo em uma situação de rivalidade. Suas bocas
estão enojadas, e é assim como que a quarta vez que é projetado neste protocolo o
desgosto oral. Fica por ser melhor avaliado se este perigo atua adversamente sobre OV.
Se é assim, é difícil que possa viver a liberdade de utilizar satisfatoriamente as relações
humanas. Suas reações às cores das três últimas lâminas poderão dar-nos pistas sobre
isto.
103
Lâmina VIII
Há um notável emprego da cor aplicada à integração do todo. OV é também capaz
de usar um determinante FK. A combinação de determinantes FC, FM, FK é
satisfatoriamente normal. É também digno de nota que, ainda que haja uma afirmação
excessiva de bondade em relação ao quadro do animal de presas, o sujeito demonstra uma
habilidade muito grande no uso do simbolismo da cor, assim como em sua expressão da
ambivalência de sua qualidade agressiva. Nunca perde seu controle intelectual, e
demonstra um considerável valor ao colocar um problema que deve ser muito pessoal. Se
se deixa ir, será perigoso? Se se refreia, será um covarde?
Lâmina IX
Depois de um tempo de reação prolongado, há uma continuidade notável com o
tema da lâmina anterior. Agora o animal de presas se encontra reprimido. É um louva-
deus (Mantis religiosa), quer dizer, uma criatura que se reconhece como o que poderia
pensar-se que fosse o símbolo de uma religião falsa, que aparece como si orasse, mas que
na realidade espera para agarrar a presa. Isto é a classe de conceito típico capaz de
diminuir a agudeza perceptiva, mas neste caso tem que qualificar como FC, um dos
símbolos mais fidedignos de estabilidade e consciência social. A resposta é pouco
comum, difícil de classificar, mas a forma se demonstrou bem por meio de um esboço
que fez OV para ilustrá-la. A resposta seguinte corresponde a um bom neutralizador, uma
forma ostensiva de defender-se, antes da terceira resposta que contém uma explosão e
uma bola de fogo. Nela, ao mesmo tempo em que exterioriza estes objetos perigosos, OV
é capaz de descrever sua figura real, de tal maneira que a classificação é Fm, mas permite
também o símbolo de um afeto espontâneo, CF, na bola de fogo. Depois disto, passa ao
respeitável cavalheiro da época vitoriana que tem, sem embargo, algo de assassino, a
saber, o bigode tipo Hitler. Este é, seguramente, o problema que lhe concerne: o impulso
libidinoso dentro do homem civilizado, que é ele mesmo. Sintetiza seu problema na
resposta final, que é quase um símbolo perfeito do homem primitivo e perplexo, como o
que está relacionado ao símbolo fálico da cauda. A seqüência pode ser interpretada como
a colocação de um conflito entre o Id e o Superego; o Ego atua ainda de diretor
administrativo.
104
Lâmina X
Para uma pessoa com tendência marcada a integrar todas as manchas como um
todo, esta lâmina é um prato feito. OV demonstra mais flexibilidade do que poderíamos
esperar, já que é capaz de reconhecer e aceitar a frustração que implica para ele a
natureza da lâmina, ao mesmo tempo em que não permite que esta circunstância impeça
seu progresso perceptivo. De novo respostas excelentes aos distintos detalhes, reunindo-
as finalmente em uma atividade comum. Através de todas as respostas constatamos um
alto nível de reconhecimento da realidade, de habilidade para exteriorizar a tensão e para
utilizá-la tanto construtiva como socialmente. Como sucede muito freqüentemente com a
última lâmina, algumas das respostas parecem imagens do indivíduo mesmo. Dentre
delas se compreendem os cavalos marinhos perfeitos, as tartarugas tratando de ser
valentes, e o osso da sorte que não deve ser esquecido, que talvez simboliza a tenacidade
de propósitos. Demonstra valor ao reconhecer o desagradável, os caranguejos, sem
desviar-se daquilo que o perturba. A gazela fugindo é uma imagem criadora, sensitiva,
viva. O leão, que representa a agressão, está também controlado de forma realista, assim
como também as criaturas desagradáveis de H.G.Wells que fazem gestos como os
meninos pequenos. Termina com a nota alegre de um carnaval, que une as respostas
anteriores, satisfazendo desta forma sua necessidade de reunir coisas e talvez as pessoas.
Síntese
A seqüência demonstrou que OV pode pensar e atuar livremente dentro dos
limites marcados como normais, e que pode utilizar também os conflitos inconscientes de
modo construtivo. Terá também a liberdade de formar e manter relações com as pessoas,
prazerosamente? Projeta características desagradáveis sobre a maioria de seus objetos
humanos e animais, colocando desta forma o problema de se suas relações sociais podem
ser afetadas por uma tendência paranóide, o de se esta tendência aparente é só a
expressão de um conflito que está sob controle consciente.
Não há dúvida a respeito de sua habilidade para fazer relações. Seu protocolo
apresenta uma grande riqueza em objetos humanos, animais e inanimados, organizados
com uma certa relação entre si. Na simples localização ele relaciona um lado com o
105
Convenções:
Para a localização utilizamos abreviaturas dentro de colchetes;
Quando não houver especificação alguma, o modo de apercepção deve ser
considerado Global;
Os parêntesis indicam o que o sujeito disse na fase do inquérito;
Os colchetes e tudo que está dentro deles indicam anotações do examinador
(cuidado
para não classificá-las como respostas do sujeito);
As demais localizações são indicadas através de abreviaturas como as que seguem:
DL: Detalhe Lateral; DLS: Detalhe Central Superior;
DI: Detalhe Inferior; DC-L: Detalhe Centro-Lateral;
DdC: Detalhinho Central; DdsL: Detalhinho branco Lateral, etc
Lista 01
L.I:
1. Duas aves, pousadas num tronco.
2. Dois anjos, segurando uma pessoa.
3. [DC] Duas mulheres abraçadas
4. Radiografia
5. Radiografia da pélvis
6. Cara de lobo (os dentes, os olhos...)
107
Lista 02
L.I.
1. Anjos, dois, segurando um sino.
2. Imagem de morcego querendo voar
3. Borboleta, lagarta transfomando-se em borboleta.
4. Arte, por causa das manchas mais escuras.
5. Tres homens brigando
6. Mato, com idéia de selva, os espaços em branco são clareiras.
7. Montanha com lagos no fundo
8. Ave, um gavião pegando um pintinho.
9. Divisas, parece roupa de sargento.
10. Dois guardas pegando um ladrão
111
L.III.
1. Abelha, por causa dos olhos, asas e pernas.
2. Boneca e boneco se beijando
3. Burrinhos, de sapatos, mexendo na água.
4. Homem e mulher, iam se beijar e estão com a boca preparada.
5. Dois gênios saindo de uma lâmpada de Aladim
6. Duas sereias nadando
7. [inv] Monstro com os braços para cima e gravata borboleta
8. [G excetuando os D.L.S.] Vaso de cerâmica, pintado de preto
9. e vermelho
10. [D.L.S.] Dois caras fazendo ginástica.
11. [D.L.S.] Enfeites, móbiles de quarto de criança, pendurados.
12. [D.L.S.] Gente amarrada, pendurada numa corda.
13. [inv.D.L.S.] Ponto de interrogação
14. [D.L.S.] Líquido escorrendo pelo chão.
15. [D.C.I.] Luva de boxe, tem a forma e é macia.
16. [D.L.I.] Galhos quebrados.
17. [cinza claro do D.C.I.] Superfície, reflexo de um rio.
18. [D.L.] Professor Pardal, pelo bico.
L.IV.
1. Uma árvore enorme, por causa da folhagem, vista de baixo.
2. Escuridão, tudo preto.
3. Folha murcha, dobrada.
4. Homem gigante, visto de longe, a cabeça pequenininha.
5. Monstro, se agüentando no calcanhar.
6. Um homem montado numa motocicleta
7. [D.C.I.] Um toco de árvore podado, com galhos curtos
8. [D.C.I.] Bicho queima-queima (lagarta)
9. [D.C.I.] Caracol saindo da casca (é viscoso)
10. [D.L.I.] Cara do Pateta.
11. [D.L.I.] Dois sapatos muito velhos e esfarrapados.
113
XII.2. Questionário
1. Resumo Autobiográfico
"Tenho 28 anos de idade. Não tenho irmãos nem irmãs. Nosso lar foi muito feliz,
com vínculos estreitos entre pais e filho. O interesse pela ciência se desenvolveu no
colégio secundário. Mas passei a maior parte de meu tempo livre em atividades
desportivas em um parque próximo. Socialmente fui muito retraído até meu ingresso na
universidade.
Obtive minha licenciatura em engenharia elétrica em uma universidade grande.
Trabalhei como engenheiro ajudante em Washington, até fazer o serviço militar. Usufruí
de muita liberdade e independência ao viver longe de casa (em Washington). Logo fui
enviado a uma estação de treinamento em Fort Monmouth, Nova Jersey. Passei o ano
seguinte em Okinawa. Quase completamente separada do militar, nossa estação de
treinamento se situava dentro de um povoado de Okinawa. Realmente cheguei a me ligar
a este povo, e as atitudes orientais para com a vida causaram uma impressão duradoura
sobre mim. Depois de voltar para casa eu estava impregnado de Oriente e até pensava em
voltar ali. A vida da cidade, impessoal e de trabalho, em Nova Iorque, foi quase
insuportável depois de meu idílico ano do outro lado do mar. Este foi o ano mais feliz de
minha vida.
Retornando à minha rotina, fui trabalhar em um laboratório de eletrônica. Ajudei a
desenhar os modelos de instrumentos de radiação para um submarino atômico. No ano
seguinte voltei à universidade trabalhando como assistente. Depois de um ano de estudos,
pedi demissão e comecei a trabalhar em um laboratório instrumental em Long Island.
Neste mesmo ano casei-me com uma amiga de um colega do exército. Hoje temos dois
filhos, uma menina de 22 meses e um menino de 9 meses de idade. Precisando de mais
espaço, compramos recentemente uma casa em Long Island."
119
3. Observações de uma amiga que conhece a A.L. desde aproximadamente dez anos
É uma pessoa cálida, considerada sem vícios. É reservado, sensível, avesso à
vulgaridades, grosserias, etc. É atento com seus achegados, respeitado por seus amigos.
120
L.II - 3"
1. Isto parece dois cachorros pequenos, nariz contra nariz; as coisas vermelhas de fora,
não
sei o que são. [G cortada]
E: Fale um pouco mais sobre os cachorros...
S: Certo! São bustos de dois cachorrinhos - até o peito - a cabeça está muito claramente
assinalada, orelhas, o nariz está mais escuro que o resto do corpo; uma textura muito
similar à pelo no cinza. Na realidade é parecido com os cachorros até aqui. Os
apêndices que sobem não pertencem aos cachorros.
121
L.III - 4"
1. Parece com duas pessoas paradas assim, uma atitude meio cômica, talvez dois magos,
poderiam estar num cenário, carregando algo
E: Diga-me como vê estas pessoas
S: Me ocorreu que são homens pela vestimenta; estas parecem usar fraque, os sapatos
parecem abotoados e altos, pontudos. Um cowboy ou uma mulher poderiam usar
sapatos como estes.
E: O que estariam carregando?
S: Poderia ser um caldeirão com água, se fossem magos. A vestimenta escura sugere
etiqueta. Os sapatos não combinam com o traje de etiqueta. Os sapatos parecem botas.
O cinza debaixo do caldeirão poderia ser o fogo sobre o qual está sendo aquecido.
2. O detalhe vermelho no meio, completamente diferente do resto do quadro, é parecido
com um par de pulmões [DC]
E: Detalhe vermelho? Que quiz dizer?
S: Sim, o vermelho faz com que se pareçam pulmões em um livro de medicina
L.IV - 5"
- Céus!
1. Estas partes inferiores parecem botas
S: Quando vejo bota penso na Italia, aqui a biqueira e aqui o cano
E: Está pensando em um mapa ou em uma bota?
S: Poderia ser uma bota ou um mapa da Itália. Quando se vê um mapa da Italia é
parecido com uma bota. Também, quando vejo uma bota, penso na Italia. Nesta bota
122
aqui, a mudança de cor diminui a aparência de bota; não esperaria esta mudança de
tonalidade, tampouco esta projeção que sai do salto.
2. E esta parte é parecida com a cabeça de um dragão, olhos e sombracelhas hirsutas e
talvez estas partes sejam chifres
S: Esta coisa aqui embaixo, se parece ao que imagino deveriam parecer os dragões da
Idade Media. Olhos e chifres salientes, talvez bigodes e uma língua bifurcada ou uma
língua de fogo saindo por baixo. Visto meio de cima, meio de frente.
L.V - 3"
1. Quando você me passou, primeiro deu impressão de uma borboleta. Olhando mais de
perto, estas extremidades não parecem pertencer a uma borboleta, parecem pinças.
Pode girar?
2. [inv.] Os dedos dos pés de uma bailarina de balé aqui embaixo.
E: Diga-me como vê os dedos; também vê a bailarina?
S: Como se ela estivesse se equilibrando, só a perna.
L.VI - 3"
1. Desta parte para baixo parece com um capote de pele de urso [D principal]
E: Qual lado do capote você está vendo?
S: O lado peludo, aqui estão as patas dianteiras e traseiras.
E: Por que lhe parece peludo?
S: Penso que o contorno irregular é importante para fazer-me pensar assim, também a
qualidade peluda na parte de dentro.
2. [inv.] Olhando deste lado, é parecido com a cabeça e o pescoço de uma tartaruga
[pausa]
A região semelhante a asas ao redor do pescoço parece fora de propósito. Meio
tartaruga marinha, e meio animal com asas. Seria um ser bastante raro.
E: Diga-me mais exatamente como vê isto
S: A maneira como está ligada com a pele de urso, mais as asas, tem um jeito
horripilante. O pedaço superior acima da parte semelhante a bigodes, tem a forma da
cabeça de uma tartaruga do mar, só a cabeça. Olhando esta parte toda incluindo a asa,
123
fica parecido com um ser alado. Estes são bigodes, mas estão mal localizados, saindo
do pescoço, olhos e boca.
E: Fale um pouco sobre como estaria ligada.
S: A conexão está em função deste pedaço daqui, mas eu penso em cada um
separadamente, não nos dois juntos.
L. VII - 14"
Esta é a mais difícil que já vi
1. Isto parece com peças de um quebra-cabeças [parte do DCS]
S: Só a forma. Posso ver como os pedaços se parecem com um quebra-cabeças
2. Dois chifres, ou orelhas de coelhinho, parecem com orelhas de coelhinho, só as orelhas
[DS]
E: Diga-me como vÊ as orelhas do coelhinho.
S: As orelhas estão paradas muito retas. Não é um coelhinho vivo, mas um boneco
pequeno, com orelhas duras.
L.VIII - 4"
1 . [lat] Isto é parecido com um rato, também o do outro lado.[DL]
S: Está muito parecido
E: Onde estão as patas?
S: Uma, duas, tres e talvez a quarta pata esteja detrás da terceira.
2. Esta coloração inferior e a forma se parecem com uma célula humana sob o
microscópio, só que não tem núcleo.
S: Uma célula parcialmente em cima de outra. A cor é idêntica a de uma célula. Deve
ser porque estive trabalhando com mostras de células sob um microscópio.
E: Alguma outra coisa faz parecer com célula?
S: A delicadeza, o sombreado que dá este aspecto de película bem fina. Esta está em
cima desta. A firma onde trabalho é diversificada, estamos trabalhando em um artefato
elétrico para examinar diapositivos.
3. [inv] O cinza abaixo é um animal de aspecto desagradável, um morcego. [DS]
E: Fale mais sobre isto
124
S: Bom, parece com um morcego, visto de cima ou de frente, com as asas assim para
fora. As pequenas áreas brancas poderiam ser olhos.
L.IX - 5"
- Belas cores!
1. [inv] Estes detalhes vermelhos que têm linhas dentro parecem com mãos humanas,
como punhos meio cerrados. [v. folha de localização]
S: Os polegares e dedos se parecem muito com mãos, punhos semicerrados fazendo
algo.
2. Se estes são punhos, isto poderia ser um animal alado grande, uma águia com mãos
humanas agarrando a parte verde. [v. folha de localização]
S: É o que parece. O verde em si mesmo não me impressiona como nada em particular.
3. A cara de um alce. [Dd F(C) "clássico"]
S: A cara exata de um alce, a cor marrom parece os olhos do alce. Sua cabeça de
lado. Estas duas projeções marrons é a galhada. Na cara do alce o sombreado no
marrom tem uma textura parecida com pele.
L.X - 3"
1. Estes são dois animais pequenos, nenhum que eu conheça, mas como os que já vi em
caricaturas: patas curtas, cabeças grandes, estão discutindo entre si [DCS]
2. Olhando um inseto de frente poderíamos ver olhos grandes como em uma mosca. Estas
parecem orelhas mais do que antenas [Dd CI]
3. Duas folhas no outono, aspecto ocre-dourado. O amarelo ao redor da folha é a luz do
sol por meio da qual se vê a folha. [DC-LI]
S: O centro pequeno é a folha. O campo geral amarelo pálido ao redor poderia ser o sol
caindo sobre a folha. A côr e o sombreado na folha mesma se parece muito a uma folha
no outono, particularmente nesta área [direita] onde tem reflexos.
4. Parece um cachorro pequeno [DLI]. As partes vermelhas foram a primeira coisa que
me chamou a atenção, mas não pude associá-las com nada.
S: Aqui está a cauda, a cabeça olhando de lado, a pata.
E: Descreva um pouco melhor...
125
S: Como estirados, pêlo lanudo porque as patas não estão claramente definidas e
também o borde irregular; a cor amarronzada me recordou um setter irlandês que têm
pelo comprido.
Seleção de lâminas
Gostou mais da lâmina X: Gosto muito da natureza e também dos animais, como os cães,
aqui. Menos gostou da lâmina IX: Uma figura que mais bem assusta
126
Protocolo do Rorschach
I. 1'40 - 2'25
1. Que poderia ser isto? ... Algo sinistro, fantasmagórico, misto de pessoa e animal (tem
um corpo de mulher e asas de morcego. Um desenho de gosto duvidoso. A idéia de
sinistro foi dada pela cor).
V. 1'50" - 1'58"
1. [Dd.L-S. saliência medial-superior da asa] Perfil de macaco
X. 55" - 3'25"
1. [D.L.S.] Um caranguejo (tem muitas patas, aqui a mesma coisa, apenas menor)
2. [D.L. rosa] Dois homens semidestruídos, fumando maconha ou algo assim
3. [Dds C-S.] Um Buda (tem toda a aparência de uma estátua de Buda)
129
Dos dados amnésicos conclui-se que o parto foi normal, mas vomitava muito
durante o primeiro ano; o sono também era bastante perturbado, e dos três aos oito ou dez
anos tinha pesadelos e acordava chorando apavorado. A motricidade foi normal; e o
controle dos esfíncteres regular. A mãe o considera inteligente, mas muito preguiçoso e
sonhador. Ordenado com as coisas, briga com os irmãos quando entram no seu quarto,
pois acha que mudam tudo de lugar; é extremamente asseado consigo próprio, há dias em
que toma três banhos, trocando sempre de roupa.
Protocolo do Rorschach
I. 1' - 1'10"
1. Um morcego, inseto ou coisa assim (pela forma das asas)
2. Um avião voando
V. 10" - 1'25"
1. Um morcego voando
2. [D.L.] A cabeça de um jacaré.
3. [D.C.I.] Umas pinças.
4. [D.C.S.] Um alicate.
5. [Dd L-S - saliência medial-superior da "asa" esquerda] Um golfinho [-]
X. 10" - 1'16"
1. [D.L. rosa] Parece o órgão genital masculino
2. [D.C-L.I.] Uma célula, duas
3. [Dd. S. verde] As formas de um touro
4. [Dd. L.I. marrons] Uma baleia [-]
5. [D.C-L.I.] Dois leões
133
Antes de fazer o teste, solicitou nova entrevista. Afirma estar preocupada. Acha
que está sendo influenciada pelo pensamento de um antigo namorado. Tem dificuldade
de enfrentar o aqui e agora, sente-se inferior, sempre sentiu-se assim além de rejeitada.
Muito indecisa e ambivalente, perante várias opções entra num clima de dúvidas e fica
atormentada sem conseguir decidir. Vive cheia de escrúpulos por causa da religião.
Queixa-se de ter muitos problemas de adaptação sexual, considera-se culpada de ficar
excitada unicamente quando apela para perversões. Outras vezes sente-se muito espiritual
e religiosa. Acha-se enfim, diferente das outras pessoas, do ponto de vista físico,
espiritual e intelectual. Não consegue ter paz, ser feliz.
Protocolo do Rorschach
3. [D.C.I.] Aqui vejo nitidamente uma cabeça, os olhos, a boca (é assustadora, transmite
ódio)
V. 3" - 1'39"
1. Parece uma borboleta (na mancha toda, pelo feitio das asas)
2. Assassinato (essas manchas me dão idéia de sangue, coisa ruim, sangue seco)
3. [D.C.] Satã (no centro, uma figura com cara diabólica)
4. [Dd. C.] Algo de misterioso que surge daqui do centro, tem relação com esta linha
central
X. 1" - 5'26"
1. [D.C-L - vermelhos] Duas pessoas se olhando, como se estivessem preparando-se para
agir
2. Carnaval (idéia de alegria, tudo parece em movimento)
3. Dança (parece uma festa onde tem muitas pessoas dançando)
4. [D.C-L.I. - células] Dois grandes olhos assustados parecem contemplar tudo
5. [D.L.S. - verdes] Animal pulando.
6. [D.S.] Uma esfinge.
137
XIV. Bibliografia
Arrumar depois
O Simbolismo das Figuras - Rorschach
Uma vez tendo o sujeito superado o primeiro desafio à adaptação (L.I), nesta
lâmina, devido a presença do vermelho em tonalidade forte e do branco em maiores
proporções, impõe-se nova desadaptação. Comparativamente, é mais difícil produzir uma
resposta G aqui, mas em contrapartida as formas tomam um delineamento mais adequado
a respostas de conteúdos familiares aos examinandos: animais, pessoas, objetos.
Respostas G de boa qualidade neste cartão, assim como FC bem definidas, são em
princípio dados positivos para diagnóstico; podem ser interpretadas como condições de
139
A L.IV apresenta uma estrutura compacta, de cor preta muito densa, dando idéia
de algo pesado, formando uma base espalhada para os lados, como pés ou botas como
que obstaculizando a passagem. É comum o TR prolongar-se, sinal de que não se trata de
um estímulo fácil aos examinandos. Minkowska é quem parece dar em poucas palavras
as características desta lâmina quando diz "é qualquer coisa de ameaçador, de terrível, de
impenetrável, de misterioso...grande, sombria, maciça". Lembra noite, angústia, solidão,
austeridade, superioridade. Muito frequentemente são percebidos monstros, gorila,
140
gigante, geralmente vistos desde baixo. Esta lâmina mostra-se relacionada às reações
quanto a autoridade, estima, sentimentos de inferioridade ou impotência. Pessoas que
apresentam comportamento histérico dão choques de estupefação mesclados de
comentários depreciativos diante desta lâmina. "A lâmina IV representa a figura paterna e
figuras que desempenham o papel de autoridade; provoca a impressão geral de disforia, o
que, em pessoas com dificuldades de relacionamento ou aceitação do que diga respeito a
autoridade paterna ou representada, facilmente se torna fator de perturbação"(Vaz, 1986).
Para Monique Augras (1987), "introduz a imagem paterna, geralmente vista como
onipotente. Os problemas de identificação encontram nela uma objetivação. A reação
disfórica, no homem, sugere conflitos em relação a auto-aceitação". Esta é a primeira de
uma série de quatro lâminas de esfumaçado, devendo-se observar a evolução das reações
frente a este material reativo à angústia.
Quem melhor descreve o significado desta lâmina é Miriam Orr (1985) quando
diz: "A forma da L.VII evoca associações de se estar abraçado, ter assim uma sensação
de segurança”. O espaço branco central simbolicamente representa a relação mais íntima
com a figura materna, no sentido dos vínculos primitivos. Aparecem frequentemente
conteúdos como crianças brincando, meninas rindo, duas indiazinhas, duas mulheres
dançando (invertida), bacia geográfica, baía, golfo, etc. Inversamente, o choque perante
o espaço vazio do centro parece significar o mêdo do abandono, da frustração afetiva, e,
ligando-se a traumatismos antigos, perturbações da relação com figuras maternas e
distúrbios afetivos e sexuais que delas provêm" (Monique Augras).A tonalidade do
borrão é a mais leve e sutil das acromáticas. São dados que justificam plenamente o
símbolo que se aceita para esta lâmina - a lâmina materna, por excelência. Dificuldades
que nesta lâmina ocorram podem ser relacionadas com a figura materna ou com as
pessoas do sexo feminino
Esta lâmina também estimula fortemente a produção de percepções táteis, como
chumaços de algodão, rochas, etc.
"Sua natureza e conteúdo podem ter um significado do ponto de vista diagnóstico,
como reflexo da atitude do sujeito em relação com os contatos, sinônimos estes de
relações. Uma superfície suave, lanosa, por exemplo, implica um contato agradável e
confortante; enquanto que rochas, cactos, etc., o contrário". (T.Alcock)
Até agora não havia sido apresentado um cartão com tantas variações cromáticas.
É por isso uma lâmina que propicia choque à cor. Mobiliza os sentimentos e emoções, já
que se apresenta com estímulos pluricromáticos, embora suaves. Alguém já comparou
esta lâmina com as ilustrações de livros infantis, contos de fadas, dada a suavidade das
cores e a leveza do sombreado. Os animais (resposta popular) reforçam a ligação com a
infância, bem como respostas também frequentes como árvore de Natal, conteúdos de
natureza e planta, etc. Esta lâmina pode representar, para o examinando, o mundo externo
social e afetivo e, enfim, pela presença dos animais, como ele (examinando) é capaz de
funcionar com seus instintos e seu senso de iniciativa. Durante a aplicação, a passagem
da sequência de lâminas acromáticas (IV, V, VI, VII) para a lâmina VIII quase sempre
são feitos comentários, críticas, ou apresentados choques. Em casos de sujeitos que não
manifestam qualquer alteração nesta passagem, temos algo a investigar acerca da
intensidade da vida afetiva, pois pode estar sendo sinalizada uma inibição. A Lâmina VIII
está entre as preferidas; a cor-pastel é tênue e contém formas facilmente reconhecíveis,
como os animais mamíferos laterais, talvez a segunda principal resposta popular de toda
sequência (após a borboleta da L.V). Por isto também o tempo de reação é comumente
curto. No DS (detalhe superior), incluindo ocasionalmente o DC (detalhe central) e até o
DI (detalhe inferior), é visto comumente árvore, pinheiro, árvore de Natal. O DI é
percebido às vezes como flor, ou dois cachorrinhos; o DC, como bandeiras; o DS como
telhado, montanha, iceberg. "Respostas anatômicas ou geográficas nesta lâmina sugerem
142
O TR na L.X geralmente está entre os mais curtos de todo teste, devido, entre
outros fatores, contarmos com a presença de tres respostas populares e várias respostas
comuns. O reconhecimento do que é culturalmente é sempre satisfatório, pois que implica
a concordância das pessoas que nos são próximas e portanto, constitui uma mostra de
segurança social. "É ao mesmo tempo a última e a mais dispersa. Constitui-se em ruptura
da transferência com o examinador; alívio por haver terminado a prova e alegria infantil,
manifesta em uma multiplicidade de respostas animais; ou então cansaço neurótico e
reação depressiva frente à perda do objeto"(Anzie, 1982). Trata-se de uma das lâminas
que menos perturbam os sujeitos considerados normais: os estímulos-manchas se acham
bem distribuídos no cartão, sem superposição ou embaralhamento das cores variadas. O
examinando se coloca diante de estímulos que facilmente poderão levá-lo a conteúdos
culturalmente conhecidos. "É a lâmina do relacionamento social em seu sentido mais
amplo. Geralmente é respondida de modo mais descontraído pelos sujeitos, por ser a
última. É a lâmina-síntese do teste; propriamente ela congrega, numa visão só, os
estímulos das demais, quer quanto à cor, quer quanto à própria estruturação das
manchas"(Vaz, 1986). Diferente das lâminas cromáticas anteriores, a décima apresenta
uma zona acromática ampla, sendo que uma primeira resposta neste branco representa a
manifestação de uma necessidade de encontrar descanso dos estímulos coloridos, detalhe
143
SILVA, Miriam D.V. Rorschach - uma abordagem psicanalítica. São Paulo: E.P.U-
EDUSP, 1985.
Este livro é o resultado de uma tese de mestrado orientada por Renato Mezan,
pela PUC-SP e é recomendado para profissionais que já tem algum conhecimento acerca
do método do Rorschach e dos conceitos psicanalíticos. Vale pela originalidade da leitura
que a autora faz do Rorschach, enriquecendo a compreensão teórica do mesmo.
das informações. O autor ficou devendo a análise completa de alguns protocolos, como
exemplos, e um Atlas de mais fácil manuseio.
A diagramação e formatação que faltam no manual de Adrados, apresentam-se melhor neste livro.
O livro é de muito fácil manejo, com as informações reunidas em blocos curtos, através de títulos e sub-
títulos. Porém, a forma excelente não é acompanhada por qualidade semelhante em termos de conteúdo,
pois a teorização é menos desenvolvida.
Um dos mais extensos trabalhos sobre o método, quase 600 páginas (sem Atlas), o livro de Bohm
vale pela minúcia conceitual, pela extensa terminologia apresentada, pelo detalhismo com que retrata o
método. Peca pela linguagem fortemente nosográfica, psiquiátrica clássica, e pela simbologia adotada,
alemã no caso. Livro para estudos de maior aprofundamento.
O clássico dos clássicos, o manual de Klopfer e Kelly faz tempo que merece uma
tradução brasileira. É a adaptação norte-americana do método, produzida com um rigor
exemplar, tanto na minuciosa definição dos conceitos, como pela precisão da
classificação. Os autores introduzem um modo original de valorar a forma dos perceptos.
Um livro para se estudar e tirar dúvidas.
TEST DE RORSCHACH
INTRODUCCION
1.B.1.1; D+; Utiliza un área D, pero son combinatorias, vale decir relaciona mas
de un concepto
1.B.1.2; D; Utiliza una área D, pero un solo concepto, es sencillo
150
1.B.2; Detalles pequeños (Dd), son subdivisiones no obvias ni tampoco dadas con
frecuencia por los sujetos
1.B.3 Detalles de espacio en blanco (S);el sujeto utiliza los espacios en blanco y puede
ser 1. relacionados con resp. globales, 2. relacionados con resp. de detalles grande, 3.
Relacionado con resp. de detalles pequeños, 4. Relacionados con si solo
1.B.4 Detalles Oligofrénicos (Do); se refiere a un detalle en donde el sujeto ve una parte,
en tanto la mayoría ve un todo (esto lo sabemos gracias a las respuestas populares). Se
tabulan en D, o en Dd, y su diferenciación se realiza en la columna de los contenidos
Para interpretar debemos conocer los valores normales dados por los sujetos, las
categorías de localización en su conjunto se van a denominar Tipo Aperceptivo; y se
relaciona con aquellos aspectos intelectuales de la personalidad. Por tanto describe el
modo de relación intelectual con el medio.
151
G D Dd S
1. Desde el punto de vista intelectual; el sujeto tiene una relación cognitiva con el total
de la lamina, por lo tanto se relaciona de un modo global con la realidad.
Implica capacidad de organizar las partes, además relacionar las distintas partes, y
asimismo abstraer (atribuirle conceptos). Implica además sintetizar en una totalidad, y
a la base se encuentra la capacidad de planificación.
Las G nos hablan de procesos intelectuales superiores; relativamente simples como la
generalización (G de mala calidad), o bien relativamente más complejos como análisis y
síntesis (G de buena calidad).
*G% Aumentado; el sujeto se mueve en un plano mas bien teórico, y por lo tanto sus
vínculos con la realidad concreta se encuentran disminuidos. Son sujetos con un
importante énfasis en la intelectualización con un énfasis en el control y con una
ambición neurótica de rendimiento. Cuando esto ocurre pero la G es de mala calidad,
podría ser indicador de pensamiento psicótico.
*G% disminuido; hay una disminución de la energía dispocicional, sujetos mas bien
pasivos tal vez abúlico, lo que podría traducirse en rasgos depresivos. Por otro lado son
sujetos con pensamiento concreto o detallista.
D; Debieran ser las mas nombradas al menos 2/3 del total de las respuestas de
localización. Su significado esta dado a partir de los dos criterios mencionados en la
tabulación;
*Lo normal o esperado de D es entre 60 – 68%; que nos habla de sujetos que se
interesan por los hechos concretos de la realidad, el sentido común va a tener un
153
*D% disminuido; sujetos con dificultad para captar los hechos de la realidad y de la
vida cotidiana (ej: científicos locos), con dificultad de interacción y contacto social.
Dd; es lo que menos debiera tener el sujeto ya que implica fijarse en detalles que otros no
lo hacen, implica capacidad de observación minuciosa de la realidad, preocupación por
los detalles y por cosas irrelevantes
Otro concepto importante además del Tipo Aperceptivo, es el de Sucesión del modo
perceptivo; G-D-Dd-s, seria el orden lógico que siguen los sujeto al dar sus respuestas, y
nos habla del modo en que nos enfrentamos a la realidad.
2.1 FORMA:
Es el más frecuentes de los determinantes, puede llegara ser hasta el 50%de los
determinantes
¿ Cómo sabemos si la forma que ve le sujeto es o no adecuada? F+ o F-
1. Criterio de Rorschach
Criterio estadístico, basado en la frecuencia de las respuesta, por lo tanto las F+ son
las respuestas frecuentes.
Hay respuestas no frecuentes, mejores que las frecuentes; F+
Hay respuestas no frecuentes peores que las frecuentes; F-
Por ultimo hay respuestas frecuentes que podrían ser inadecuadas
2. Criterio estadístico
Zulliger; señala que las respuestas F+, son las respuestas frecuentes, y por o tanto la
adecuada. Cuando la respuesta no es frecuente el examinador debe preguntar ¿veo yo
eso?, si no lo veo, le pregunto a mi colega, y si el lo ve vale la mitad de F+, y si no F-
Beck; realiza un vinculo entre las respuesta F+, y sujetos inteligentes. Una respuesta f+
aquella que aparece al menos 3 veces en 157 protocolos, por lo tanto relaciona
inteligencia con calidad formal, si bien este vinculo existe no es absoluto
F%; De todos los determinantes del sujeto, cuantos de ellos son "forma pura”
Formula F% =
Sumatoria de respuestas determinadas por la forma x 100
Total de determinantes
F+%; De todas las respuestas determinadas por la forma pura, cuantas de ellas tiene
algún grado de “adecuación”, se consideran: F+(superior), F+, Fo, Fv, F+-
157
Formula F+% =
F+, Fo, Fv, F+- x 100
Sumatoria de respuestas determinadas por la forma
No todas las F, tienen el mismo valor: su diferencia esta dada por la “calidad formal” de
ellas: F+ =1.0, Fo=1.0, Fv=0.66, F+-=0,5
Percibir una forma implica enfrentarse al mundo de modo realista, y objetivo; por lo
tanto implica dejar fuera afectos e impulsos
Esto se adquiere gracias al proceso de socialización, donde a través del desarrollo se
aprende la cualidad objetiva y real del objeto, dado por su estructura formal
La forma nos habla de la estructura que utiliza el sujeto para dar su respuestas, al
relacionar estructura con la forma; hablamos del juicio de realidad
1. Inteligencia;
Observación acuciosa de la realidad; requiere de atención y concentración.
Memoria; la imagen vista en la mancha se relaciona con huellas mnémicas de ciertos
conceptos.
Razonamiento lógico formal; permite discriminar y razonar lo visto
2. Examen de realidad;
Conocimiento de la realidad de modo objetivo, sin la distorsión que implican los
afectos y necesidades.
Separar el mundo vivencial propio (subjetivo) de los demás, a la base esta la
diferenciación yo – no yo
Capacidad de critica de las propias producciones
158
SIGNIFICACIÓN PSICOLÓGICA DE F%
( F%, esperado es – 25 y 50%)
F% representa la autonomía de los procesos intelectuales, respecto a sus emociones y
sentimientos.
Capacidad del sujeto para que su conducta y pensamiento estén determinados por
consideraciones lógico- formales
Capacidad para evitar la intrusión de los afectos e impulsos en el curso de los procesos
lógico formales
F% aumentado;
autonomía de los procesos intelectuales alejando elementos emocionales;
convencionalismo, formalismo, rigidez, pensamiento estereotipado, perdida de la
espontaneidad y de riqueza afectiva
Contrición; el sujeto no conoce ni responde a sus propias necesidades ni a estímulos
afectivos del medio
Contrición natural; F% , y F+%
Contrición neurótica; F% , y F+%
159
La lamina es esencialmente estática, pero hay algunos que le dan dinamismo, son
aquellas interpretaciones dadas por aspectos cinestecicos, además de las percepciones
formales
M; aquellas respuestas que involucran una actividad humana y esta puede ser activa o
pasiva, no importando quien la haga ( no necesariamente debe ser una persona)
Se evalúa en cuanto a su calidad formal, ya que la forma esta implícita en este
movimiento
Pueden ser;
Fm; objeto inanimado con forma definida, por lo tanto se evalúa su calidad formal
mF; objeto inanimado sin forma definida, tiene una forma vaga
m; objeto inanimado sin forma. Solo el movimiento ej: sensación de presión
Según Rorschach, estas respuestas se pueden clasificar en: primarias; donde la forma y
el movimiento se integran en una acto perceptivo, y secundarias, donde la forma y el
movimiento se integran de manera sucesiva
Además se debe evaluar su calidad formal, la cual esta implícita en ambos movimientos
+, +-, -+, -
Pitrowsky incluye a esta clasificación las siguientes categorías, que definen como se da
el movimiento
M flex; cuando el sujeto se contrae en el espacio y se deja llevar por la fuerza de
gravedad, por lo tanto es más pasivo
M ext, cuando el sujeto se expande en el espacio y vence la fuerza de gravedad, por
lo tanto es mas activo
161
M bloq; hay flex, y ext, pero estas se anulan, por lo tanto no hay desplazamiento en
el espacio
M cpl; con movimientos complejos que integran flex y ext
M post; se define como postura de movimiento, no hay desplazamiento en el espacio
ya que es una actitud preparatoria para empezar el movimiento la actitud que resulta
después del movimiento
M proy; posibilidad de movimiento es un movimiento potencial, pero alguien tiene
que realizarlos
Inteligencia; mientras más inteligente es el sujeto mas podrá integrar forma con
movimiento, por lo tanto respuestas de mejor calidad
Creatividad, es una creación del sujeto, ya que no esta en la lamina
Autoconcepto, detrás de la proyección hay una identificación del sujeto con una
acción humana, por lo tanto esta siendo capaz de identificarse como es
Empatía; en la medida en que soy capaz de identificarme con otro soy capaz de
sentir como él.
162
Impulsos internos; del sujeto están bien integrados a un sistema de valores (éticos),
por lo tanto son impulsos que el sujeto ha sido capaz de ordenar
Rol vital; relacionado con los tipos de actividad; aquellos sujetos con predominio de:
Ext; son activos, con iniciativa, asertivos, y confianza n si mismos. Flex; son mas
bien pasivos, sumisos, complacientes, dependientes. Cpl; se combinan las dos
anteriores, pero hay una que predomina. Bloq; sujetos indecisos, dudosos, y
evitativos. Post; sujetos cautelosos, inhibidos, limitados. Proy; representa un deseo
no realizado (demostrar que soy activo, pero no lo soy)
La identificación del sujeto es mas lejana que las respuestas de movimiento humano.
Los impulsos estarán fuera de control del sujeto y amenaza la integridad de la
organización de la personalidad. Es índice de conflicto y ansiedad
Fm, impulso amenzante al que el sujeto pone una barrera, evitando el conflicto
mF; el control existe pero es débil, por lo tanto puede que el control sea inoperante,
pudiendo haber conflicto
m; no existe control sobre los impulsos. Conflicto
4:1 Sujeto realizador, pero van a ser copias o reproducciones, tiene energía pero no es
productivo, no crea nada nuevo
1:4 Sujeto con enorme potencial creativo, pero no va a tener la energía suficiente para
concretar dicho potencial. Tiene muchas fantasías pero no las concreta
FM=M Indica que el sujeto tiene la misma cantidad de necesidades jerarquizadas que las
de gratificación inmediata, por lo tanto es riesgoso por que el control es igual al
descontrol. A pesar de que hay un control, también da rienda suelta a sus impulsos,
pudiendo caer en actitudes infantiles, dependiendo de otros elementos
2FM:M son sujetos con un manejo impulsivo, inmaduro ya que hay un predominio de la
satisfacción inmediata de sus impulsos, sin embargo se deben analizar otros elementos de
control
M<1.5 x ( Fm + m) necesidad de gratificación inmediata a impulsos que no controla.
Además el control sujeto a una tensión interna no le permite utilizar sus recursos para una
solución constructiva a sus problemas
M = ( Fm + m) ocurre un evento parecido a M = FM. Hay tensión y conflicto pero toda
esta esfera impulsiva esta controlada por M, lo que le da estabilidad y control.
Todos aquellos colores, menos blanco, negro y gris. Se dan en las laminas 2,3,8,9,10,
aunque podrían haber respuestas de color en todas las laminas
Las respuestas de color son 3:
FC; determinadas por la forma y luego por el color. Se evalúa su calidad formal (+,+-
,-+,-)
CF; determinadas por el color y luego por la forma
C; determinadas por el color sin elementos formales
Además están:
Cn; como respuesta, solo se numeran o nombran los colores
Cdes; descripciones de las cualidades artísticas y estéticas de los colores
Csym; el color sustenta una idea abstracta o un sentimiento, por lo tanto es simbólico
Cd; es la negación de que los colores estén determinando la respuesta, puede ser de
dos tipos: 1. Decir que el color es diferente de la forma , 2. Negar que fue
determinado por el color
Cp; se proyecta color en laminas que no lo tiene.
Por otro lado encontramos las respuestas de color arbitrario; donde se combinan la
forma y el color y el color se utiliza para delimitar áreas
F/C; determinadas primariamente por la forma y luego por el color, y este se utiliza para
delimitar áreas
165
C/F; determinadas primariamente por el color, y luego por la forma, y el color se utiliza
para determinar áreas
Son respuestas emocionales ante algo que se le impone al sujeto ( desde el punto de vista
perceptivo)corresponden a reacciones afectivas ante estimulaciones externas, es como se
maneja el sujeto ante el impacto afectivo del exterior
El color informa entre una capa intermedia entre mundo externo, y el mundo interno
FC; el sujeto pone un control sobre el impacto emocional sin perder la capacidad de
reacción, el sujeto responde con sentimientos apropiados al estimulo externo. Implica
además adaptación afectiva y empatía, por que hay un control sobre la
emocionabilidad, que permite a sujeto sentir con el otro
CF; hay un control insuficiente de la Reactividad emocional, impulsividad, labilidad
afectiva, y egocentrismo
SIGNIFICACION PSICOLOGICA DE F Cy C F
son emociones forzadas por parte del sujeto
F/C; el sujeto responde al impacto emocional sin relación esencial con los propios
sentimientos. Se responde en función de lo que se siente que demanda la situación
PROPORCIONES Y RELACIONES
FC:CF:C (Lo normal, es 3:1:0, o 2:1:0)
No hay afectos descontrolados y los no tan controlados no pueden ser mas de la mitad de
los afectos controlados, y estos permiten algún grado de espontaneidad
2.4 CLAROSCURO:
Rorschach las denomino respuestas de color atenuada, se dio cuenta que las personas
reaccionaban principalmente de dos modos: 1. Dando una respuesta claroscuro, 2.
Dando una respuesta de perspectiva.
1. Claroscuro; psicológicamente significa adaptación afectiva, autocontrol, y
disposición depresiva
2. Perspectiva; significa una búsqueda de seguridad por los sentimientos de
insuficiencia e inestabilidad, además de una tonalidad depresiva
c;
No se considera la forma y existe solo el efecto de textura, el cual es indiferenciado
2.
FK; intento de manejar la ansiedad a través de mecanismos de introspección
objetivando el problema ( tomando distancia de ellos)
KF y K; control ineficiente y no hay control
Ansiedad e inseguridad difusa y flotante, no vinculada a un objeto proveniente de
una frustración de necesidades básicas (ej: abandono), el sujeto no ha logrado establecer
defensas o estas son ineficientes. Pero esta consciente de su ansiedad
170
3.
Fk, KF, y k; varían en el grado de control respectivamente
Indican ansiedad igual que K, pero estas se esconden tras una fachada de control
acompañadas de sentimientos de insuficiencia intelectual. Es la misma ansiedad de K,
pero el manejo es menos eficiente.
4.
FC”W, C”WF, y C”W; hablamos de tonalidad eufórica
Cuando se dan C”, y C”W; 1.en sujetos normales hablamos de inestabilidad del
animo, y 2.en sujetos patológicos refleja trastornos bipolares
PROPORCIONES DE CLAROSCURO
Si las indeferenciadas > diferenciadas, las necesidades básicas no tienen una expresión
madura y no están integradas a la personalidad, lo que trae desajustes
2. F: FK y Fc
FK +Fc> ¾ de F;
171
FK + Fc< ¼ de F
Existe un excesivo desarrollo del control por lo tanto hay represión, negación o falta de
necesidades de afecto
(F+FK+Fc)% sobre 75%; contrición afectiva, el sujeto deja poco espacio para la
espontaneidad
Lo normal es 2:1;
El enfoque que considera el contenido como parte del análisis formal, lo agrupa de modo
conceptual. Las categorías conceptuales usadas son:
Animal; A y Ad
Humano; H, Hd, (H), (Hd) *(H), se refiere a humanos imaginarios
Anatómico; Anat *se diferencian del contenido humano, en cuanto
para
173
Hay contenidos que se ponen como tales y no en categorías, ejemplo; sangre y explosión.
1.CONTENIDO ANIMAL.
Sea A o Ad, es el contenido mas frecuente, su valor normal es de 25 – 50%. Son
contenidos fáciles de ver ya que poseen gran variedad de formas. Es lo que generalmente
todos ven.
Indica :
Capacidad de adaptación,
Reconocimiento intelectual de las normas ( aunque no necesariamente las lleve a
cabo)
Indice de estereotipia, ser reproductor y repetidor
2. CONTENIDOS HUMANOS
Valor normal es de 10 – 20%, las H en general nos hablan de interés por los asuntos
humanos, empatía, y autoimagen, ya que implica identificarse cono alguien semejante a
uno. Esto varia en calidad según el contenido humano
174
El interés y relación empática solo se demuestra en H, los otros Hd, (H), (Hd), implican
interés en contactarse con otros pero esta revestido de ansiedad y temor
(H), y (Hd); hay miedo y ansiedad en el contacto social. Tendencia al retraimiento
Hd y (Hd); contacto parcial con el otro, no se acepta en su totalidad
Hd; contacto parcial, (Hd); contacto parcial fantaseado
Asimismo si las Hd > H; hay una dificultad para mantener relaciones
interpersonales sin angustia
3.CONTENIDOS ANATOMICOS
valores normales entre 0 – 2%, excepto en sujetos con profesiones relacionadas con la
anatomía
% Aumentado; implica
excesiva preocupación por el cuerpo humano,
tendencias hipocondríacas,
frialdad emocional en las relaciones interpersonales, ya que el sujeto no se relaciona
con un ser integral
Complejo intelectual; son sujetos que exhiben conocimientos que no tienen ( se
acompañan generalmente de lenguaje y contenidos formales inadecuados)
Implican
Distancia mayor con uno mismo
Son expresión de inmadurez
5. CONTENIDO SEXUALES
Hay laminas que se prestan a este tipo de interpretaciones. Mientras los contenidos
sexuales no sean numerosos y tengan una forma adecuada, nos hablan de una sexualidad
madura y sana
Indican:
176
El F%, y el F+%, evaluaban como funciona el control dejando fuera afectos e impulsos.
lo que denominamos Control A priori
En cambio el F%Ext, y el F+%Ext, nos hablan del control a posteriori la intrusión de
los impulsos
F% Ext:
% esperado es entre 85 – 95%
Indica:
Control a posteriori. El control una vez que los afectos e impulsos ya han invadido
al sujeto
Indica la medida en que aun las expresiones mas espontaneas del sujeto se adaptan
a las consideraciones lógico – formales
177
F+% Extenso;
Proporción de las respuestas que tiene F como elemento principal, pero con una
adecuada calidad formal. Vale decir considera el signo +
Indica:
Eficiencia y calidad del control a posteriori
Calidad del examen de realidad cuando el sujeto esta invadido de elementos
afectivos e impulsos
Respecto a la tabulación:
178
2 ptos; toda respuesta de realidad dicha en 1er lugar, excepto en la lamina 5 que
puede estar precedido por una mariposa, pero igual posteriormente debe ser dicho le
murciélago
1 pto; cada respuesta de realidad dicha posteriormente
0 – 4 ptos;
5 – 7 Ptos;
8 ptos;
TIPO VIVENCIAL
M:C
Para establecer el Tipo Vivencial, debemos establecer una relación entre las respuestas
de movimiento humano (M), y las respuestas de color cromático (FC, CF, C)
180
1. Coartado; OM : OC
3. Coartativo 1M : 1C o 1M : 0C o OM : 1C
4. Introversivo M>C
5. Extroversivo M<C
6. Ambigual M=C
Coartativo;
Características similar al coartado pero atenuadas
Acentuación de la lógica
Controlados
Afectivamente pobres
Humor depresivo
182
Ambigual;
Buena productividad
Creación interior
Relaciones tanto extensivas como intensivas
Capacidad de empatía
Adaptación afectiva
Extratensivo Egocéntrico;
Déficit de las funciones lógicas
Afectividad no bien controladas
Impulsividad
Obstinación
Extratensivo Adaptativo;
Buen funcionamiento lógico
Adaptación afectiva
Empatía
Por lo anterior mencionado el tipo vivencial es un indicador que se relaciona con muchos
aspectos de la personalidad del sujeto
Klopfer agrega elementos a la formula del tipo vivencial y propone una segunda
formula del tipo vivencial
FORMULA SECUNDARIA DEL
TIPO VIVENCIAL DE KLOPFER
Si la formula 2° sigue la misma dirección del tipo vivencial; confirma la tendencia del
sujeto; por lo tanto indica: madurez, armonía, adaptación
Si existen diferencias entre ambas relaciones, puede ocurrir que:
El sujeto esta en una etapa de transición, y al formula 2°
indicaría la dirección del cambio
Existencia de una orientación secundaria que el sujeto no ha
llevado a la acción y que es fuente de conflicto. La tendencia
2° es aquella que el sujeto reprime por que le provoca conflicto
RLC%
5.1 SHOCK
Rorschach, lo define como una conducta estuporosa motivada por algunas
características del estimulo, la lamina. En algunos casos este estupor puede ser tan
intenso que puede llevar al sujeto al fracaso, que implica no dar ninguna respuesta, e
incluso el rechazo a mirar la lamina
Sin embargo son mucho mas frecuentes las formas atenuadas de Shock, que son
cualquier alteración del curso regular de asociación que lleva al sujeto hasta ese
momento. Pitrowsky habla de 4 shocks, estos son;
1. Cuando el sujeto fracasa, no da respuesta o da una respuesta que no es tabulable
185
2. Cuando ocurre le tiempo de reacción más largo de todo el protocolo, vale decir si
se demora mucho en responder
3. Cuando ocurre el tiempo de reacción aunque no sea el mas largo de todo el
protocolo, pero sea al mayor promedio de tiempo de reacción del sujeto y que la
primera respuesta vaya antecedida de un comentario que implique perturbación
(que difícil, que miedo)
4. Disminución de la calidad o cantidad de respuestas dadas por el sujeto
Shock larvado
No hay manifestaciones ni de rechazo ni de aprobación. Se expresa a través de que se
alarga el tiempo de reacción o disminuye la calidad o cantidad de respuestas dadas
por el sujeto
Shock retardado
Aparece sin que haya habido ninguna otra alteración en las laminas IX o X, debería
haber aparecido antes y aparece ahora. Es lo menos común
Shock sobrerecompensado
Después de algunos signos de perturbación el sujeto se sobrepone y logra dar una
respuesta adecuada
186
Lamina 1
Aparecen dos tipos de Shock:
Al gris; que es muy poco común
Shock de adaptación; hay que considerar que como se la primera lamina y es algo
inusual para el sujeto, la forma en como el sujeto reacciona, nos va a indicar como
este se enfrenta a situaciones nuevas. Por lo tanto eso se relaciona con la ansiedad
frente a las situaciones nuevas. Y representa la dificultad para adaptarse a situaciones
nuevas. ( indicador de rasgos de desconfianza y características paranoideas)
Lamina 2
Aparecen tres tipos de Shock;
Al gris, pero es poco frecuente
Al rojo, es mas frecuente. El sujeto debe decir explícitamente su dificultad para
interpretar el área roja. Por su significación simbólica, el rojo se interpreta como una
ambivalencia neurótica frente al manejo de los impulsos agresivos
Al blanco o al agujero, por las connotaciones que tiene el blanco tiene que ser
explícito. Señala una ambivalencia neurótica frente a los elementos sexuales
femeninos. En las mujeres representa una identificación masculina y un rechazo al
rol biológico femenino, que esta íntimamente ligado a la maternidad. En los hombres
implica miedo al contacto genital sexual con las mujeres y además una envidia al rol
biológico femenino
Lamina 3
Se produce con frecuencia Shock, gracias a las figuras humanas que son fáciles de ver
187
Lamina 4
Es la lamina del Shock
Al gris; que no es la mas oscura de todas, pero es la mas frecuente. Es un signo de
ansiedad, miedo al miedo. Esta es la lamina paterna, superyoica, la figura grande es
percibida como poderosa, omnipotente y amenazante, por lo tanto el Shock tiene que
ver con le conflicto básico frente a la figura paterna, conflicto frente a la autoridad
Lamina 5
Es la lamina mas oscura, raramente produce Shock, ya que es fácil dar respuestas
Lamina 6
Se refiere a la sexualidad masculina y heterosexualidad, en hombre implica
inadecuación sexual, y en mujeres miedo al contacto sexual con los hombres
Lamina 7
Conflicto frente a lo masculino. En los hombres indica sensación de inadecuación sexual
y a veces impotencia ya sea total o parcial. En las mujeres es un indicador de miedo al
contacto sexual con hombres. Si este Shock es en la lamina 7 se refiere a la sexualidad
femenina, si aparece en los hombres indica miedo al contacto sexual genital con las
mujeres. En las mujeres también indica ambivalencia respecto al acto sexual genital
Lamina 8
El Shock es raro por los animales de los lados, se puede tener Shock al color. Aquí se
presenta una Shock inespecífico al color y por lo tanto la ambivalencia es genérica
frente a los impulsos afectivos
Lamina 9
188
Aquí con frecuencia encontramos signos de Shock ya que es una lamina difícil de ver
como una totalidad, esta es una lamina con dificultad intrínseca. Presenta un Shock al
vacío, que se produce frente al espacio en blanco, abierto. Este tiene implicancias
femeninas por que sigue siendo simbólicamente blanco = pureza
Lamina 10
Muy raro encontrar Shock por que tiene tanto para ver, hay Shock de desorden hace que
algunos sujetos rechazen la lamina , en general es un síntoma de ansiedad propio de los
obsesivos por lo poco estructurada de la lamina
5.2 FRACASO
El sujeto no puede dar una respuesta. el grado mas extremo de fracaso son donde el
sujeto se niega a mirar la lamina. tanto el fracaso como rechazo son en la mayoría signos
de Shock, pero no siempre. También estos se pueden deber aun a pobreza ideacional
como puede ser una depresión, debilidad mental, etc. En cualquier caso es importante
ver en que lamina se produce y son importantes los esfuerzos que hace el sujeto para
sobrepasar este fracaso. También puede constituir un síntoma psicótico
5.4 CRITICAS
Del sujeto; el sujeto hace una critica de simismo, “ yo soy malo para esto”, “no tengo
imaginación”, se relaciona con la baja autoestima, inseguridad
Del objeto; se critica en que lo percibido no coincide con el objeto real, aparece en
sujetos inseguros, agresivo, y sujetos criticones
Del autor; “a un psicólogo no se le podría ocurrir esto”, la critica se dirige primero al
autor de la prueba, pero a su vez también al psicólogo. Implica agresividad y
elementos persecutorios
Del examinador; se dirige en contra el examinador directamente, se le critica el estar
haciendo algo mal (“por que me hace esto a mi”)
5.5 REFERENCIAS
Autoreferencias; el sujeto hace una referencia asimismo (“ esto es mi cabeza”), es
indicador psicótico, propio de EQZ
A vivencias, el sujeto hace referencia a una experiencia anterior propia (alfombra
como la que tenia en mi casa), indica egocentrismo, y por lo tanto es síntoma
neurótico
Aloreferencias; son referencias a vivencias que aluden a la participación de terceras
personas (mariposa de insectario pinchada por un coleccionista), indica evasión al
compromiso y a la responsabilidad
190
5.6 SIMETRIA
Se refiere a una inferencia explícita a que los dos lados de la lamina son iguales, lo cual
no es cierto, a pesar de que sus diferencias son mínimas
Ocasional; referencia explícita. Aparecen en 3 o menos laminas. Es un síntoma de
Shock
Búsqueda intensa de simetría; referencia explícita. Aparece en 4 o mas lamina, pero
no en todas, es un síntoma de inseguridad y ansiedad
Repetición estereotipada; se da en todas o en 9 laminas. Es un síntoma de rigidez,
pedantería y aveces epilepsia
Reclamar por falta de simetría; implica lo mismo que lo anterior
No percibir la simetría; darle contenidos diferentes áreas que son semejantes o
iguales, percibir una figura cuando hay 2, es un indicador de narcisismo y
egocentrismo
5.7 REFLEJOS
Utiliza la simetría, pero aquí esta tiene un contenido. Los reflejos implican narcisismo
pero especialmente cuando el reflejo es de arriba hacia abajo. El reflejo puede ser de una
lado para el otro o de arriba para abajo. ( es una niñita que se e reflejada en el espejo)
5.9 DESVITALIZACIONES
Dar una respuesta de humano o animal al que se les asignan características vitales y
después se le quitan. (parecen dos animales trepando, pero no son dos estatuas trepando),
son indicadores de depresión, inseguridad y ansiedad
191
5.10 DESCRIPCIONES
Son observaciones a veces muy detallista, meticulosas, que se intercalan entre las
respuestas, son índices de intelectualización, por que el sujeto describe la lamina y
aveces es una agresión reprimida (como mecanismo de defensa)
5.11 RESPUESTAS O
Se llaman también precisiones alternativas, el sujeto da 2, 3 o mas respuestas como
alternativas, lo que señala con un “o” intercalado ( es un pájaro o una mariposa o un
murciélago), indican inseguridad por que el sujeto no se compromete con ninguna
respuesta, miedo a la responsabilidad y a tomar decisiones
5.12 PEDANTERIA
Son formulaciones especialmente prolijas, detalladas, afectadas, la pedantería es propia
de los neuróticos del carácter, que tiene rasgos de intelectualización
5.13 VALORIZACIONES
Representan las criticas a la lamina, son observaciones marginales las que contienen un
juicio de valor (esta si que es mas bonita), estas valoraciones son síntomas de Shock, a
veces son una forma de intelectualización de la agresión
5.16 FABULACION
Se da cuando una persona agrega algo a la lamina que no existe en ella. De manera que
hay una sobre elaboración del contenido de la lamina . existen 3 tipos de fabulación
Fabulación por atribución de tono anímico
Fabulación por gran especificidad, donde se sobre elabora el contenido de la lamina
Fabulación por características fisionomicas, aquellas que no son esenciales al
concepto. El sujeto atribuye connotaciones que van mas allá
Tiene que ver con una sobre ideación que lleva al sujeto a una actitud fantasiosa y que
implica un debilitamiento del contacto con la realidad, que no necesariamente es
psicótico, ya que puede tener causas afectivas
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O Conceito de Projeção
Para Anzieu (1978), a Psicologia toma o termo projeção sob os três ângulos:
inicialmente, apenas com um sentido de descarga de impulsos e ações, como
externalizações de elementos internamente intoleráveis (sentido físico, de ação concreta).
Depois concebe-se a projeção como um simples desconhecimento (e não mais a
expulsão) de desejos e emoções não aceitos internamente pelo indivíduo, tendendo este a
atribuir a origem das vivências à realidade externa. Dessa noção básica, que se relaciona
com o sentido matemático da projeção, emerge a possibilidade teórica de estabelecimento
de correspondência estrutural entre a personalidade e suas manifestações individuais.
O Método Projetivo
Em 1939, L.K. Frank publicou um artigo no Journal of Psychology, intitulado
“Os métodos projetivos para o estudo da personalidade”. Inventara a expressão
“metodos projetivos” para explicar o parentesco entre três provas psicológicas: o teste de
associação de palavras de Jung (1904), o teste das manchas de tinta de Rorschach (1920)
e o Teste de Apercepção Temática de Murray (1935).
A Projeção em Freud
Freud falou em projeção em dois momentos distintos em sua obra e dentro de
duas perspectivas diferentes, embora complementares:
A primeira vez que Freud usa o termo projeção em uma publicação parece ocorrer
em 1896, ao explicar o funcionamento e características das psiconeuroses de defesa.
Antes mesmo de formular a teoria psicanálica, Freud em seus “Estudos sobre a Histeria”
(em colaboração com Breuer), explica a forma das psiconeuroses através do
deslocamento de uma atividade mental inconsciente: repressão do conflito e conversão no
fenômeno histérico; deslocamento da culpabilidade na obsessão; negação da realidade,
por ocasião de um sofrimento profundo, na alucinação.
De acordo com esta definição, a apreensão dos dados do mundo externo terá
sempre um componente subjetivo. E, o propósito da técnica projetiva é favorecer ao
máximo o aparecimento do mundo interno do testando.
Conceito de Projeção
Etimologia e História
Primeiro sentido: denota uma ação física, onde há transposição de lugar ou espaço. Ex: o
jato, o lançamento de um projétil.
Segundo sentido: de caráter matemático. Tem origem mais antiga (século XVII) ao se
organizar a geometria projetiva. A projeção estabelece a correspondência entre um ponto
(ou conjunto de pontos) do espaço e um ponto (ou conjunto de pontos) de uma reta ou
superfície. A noção de propriedade projetiva é aqui essencial: as propriedade geométricas
de uma figura são conservadas em qualquer projeção plana da mesma figura, originando
os diversas perspectivas arquitetônicas, mapeamentos, etc.
A neurologia usou essa noção de projeção para sinalizar a correspondência ponto por
ponto ou estrutural entre uma área do cérebro e um aparato sensorial ou motor. Ex: as
sensações olfativas são localizadas pelo sujeito, sentido-as ao nível do aparelho receptor;
em seguida são “projetadas” sobre o nariz.
Terceiro sentido: Tem origem na ótica, ao final do século XIX. Partindo de um foco, a
projeção luminosa envia raios ou radiações sobre uma superfície. Suas repercussões
práticas: o cinema, a radiografia, o teatro de sombras.
Frank mostrava que tais técnicas formam o protótipo de uma investigação dinâmica e
global da personalidade, isto é, abordando-se com uma estrutura em evolução, cujos
elementos constitutivos encontram-se em relação.
Essas duas características situam o método projetivo dentro das tendências respectivas da
Psicologia da Forma e da Psicanálise.
A diferença reside no fato da ambigüidade ser utilizada, no primeiro caso, como meio de
abordar as condições externas da percepção e, no segundo caso, como meio de
abordagem às condições internas.
Freud falou em projeção em dois momentos distintos em sua obra e dentro de duas
perspectivas diferentes, embora complementares:
Primeiro sentido: situa-se 1895. Antes mesmo de formular a teoria psicanalítica, Freud
em seus “Estudos sobre a Histeria” (em colaboração com Breuer), explica a forma das
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